UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIADepartamento de Ciências Humanas e Tecnologias – DCHT XVI
Componente Curricular: História e Cultura Afrobrasileira e indígena.Profa. Marluse Arapiraca.
SÁVIO VASCONCELOS
Sinal de Leitura do Capitulo I do Texto: O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil – 1870-1930
Irecê
2012SÁVIO VASCONCELOS
Sinal de Leitura do Capitulo I do Texto: O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil – 1870-1930
Sinal de leitura solicitado pela Professora Marluse Arapiraca como requisito de avaliação para o Componente Curricular História e Cultura Afrobrasileira e Índigena da Universidade do Estado da Bahia, Campus DCHT XVI.
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SCHWARCZ, Lilian Moritz. Entre “homens de sciencia” in: SCHWARCZ, Lilian Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil – 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. P. 23-42.
As primeiras redes de ensino no Brasil são muito recentes e surgem com os
Jesuítas nos quais se limitavam às escolas primárias.
Fugido das tropas do General Francês Jean-Andoche Junot, o então d. João VI se
exila no Brasil em 1808 trazendo consigo parte de sua corte. Como forma de estabelecer
o domínio sobre a colônia, o monarca decide estabelecer instituições de ensino como
forma para centralizar e reproduzir as relações de poder do antigo regime.
Neste aspecto uma das vias importantes são os primeiros estabelecimentos de
caráter cultural que visavam reproduzir a memória da Corte Portuguesa com fim a
manter os colonizados na posição de subserviência.
Tendo que retornar a Portugal, por revoltas liberais ocorridas na colônia, d. João
VI passou para seu filho d. Pedro a responsabilidade da continuidade dos projetos até
então iniciados.
Logo após a independência do Brasil d. Pedro apoiou a iniciativa de criação de
instituições de ensino. As primeiras, escolas de direito cujo fator emergencial objetiva a
independência do Estado através da elaboração de um código (leis) que demarcava o
rompimento com Portugal e a possível independência.
Por outro lado, entendia que se fazia necessário instrumentalizar a elite
intelectual com o pretexto de criar a história da nação que libertasse o país das amarras
da antiga metrópole européia, responsabilidade esta atribuída ao Instituto Histórico e
Geográfico.
Até o final do século XIX os intelectuais brasileiros comungavam das mesmas
idéias em termos de formação e carreira. Como a produção cafeeira na década de 50
alterou o eixo econômico da Região Nordeste para a Sudeste, promovendo mudanças
nas instituições científicas, as particularidades regionais passam a se fazer presentes nas
discussões
Além das alterações no campo acadêmico, a elite intelectual promove um grande
impulso na criação de estabelecimentos e instituições de ensino e pesquisa científica
situando-as sobre os aspectos regionais.
É importante destacar que não se sabia a origem social de tais intelectuais
“Enquanto analistas destacam os estreitos liames entre tais grupos, a aristocracia agrária
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e o Estado monárquico (Prado Jr. 1945; Nogueira, 1977 in SCHWARCZ, 1993), outros
encontram nesses profissionais representantes de “novos segmentos urbanos bastante
opostos à burguesia tradicional proprietária de terra” (Costa, 1967 in SCHWARCZ,
1993)”
Far-se-á necessário discorrer sobre tal aspecto porque o que se pretende é deixar
claro que esses intelectuais procuravam legitimar cientificamente suas posições nas
instituições que participavam sem deixar claro o grupo social de origem.
Na verdade todo o contexto social da época marcado pela urbanização e por um
processo migratório inquestionável pela elite juntando-se as conseqüências dos conflitos
de regiões numa disputa de mercado e o fim da Guerra do Paraguai punha o Brasil numa
situação de desenvolvimento econômico favorável a partir da aceitação do café no
mercado mundial aguçando também as contradições deste sistema frente a campanha
republicana.
O que se acirrava não era apenas o novo regime político, como forma de manter
a hierarquia social, mas as questões de ordem social que apareciam. Com o eminente
fim da escravidão e a necessidade urgente de contratar mão de obra estrangeira para
suprir as necessidades da produção.
Por outro lado, as mudanças ocasionadas na estrutura social coincidiam “com a
emergência de uma nova elite profissional que já incorporara os princípios liberais à sua
retórica e passava a adotar um discurso científico evolucionista como modelo de análise
social” (SCHWARCZ, 1993).
O que interessava não recordar o debate original, restituir a lógica primeira dessas teorias, ou o contexto de sua produção, mas, antes, adaptar o que “combinava” – da justificação de uma espécie de hierarquia natural à comprovação da inferioridade de largos setores da população – e descartar o que de alguma maneira soava estranho, principalmente quando essas mesmas teorias tomavam como tema os “infortúnios da miscigenação”. (SCHWARCZ, 1993)
Na década de 70 o discurso científico evolucionista e determinista chega ao
Brasil na tentativa de explicar as diferenças internas buscando justificar as formas de
inferioridade social e naturalizar as relações de poder.