“ESTAMOS FAZENDO UM AQUECIMENTO!” ou “TRUQUES DE PROPAGANDA, NÃO UMA TENDÊNCIA.”
José Carlos Parente de Oliveira
Doutor em Física e Pós-doutorado em Física da Atmosfera
Professor do IFCE e da UFC (aposentado)
Na edição impressa do semanário de notícias suíço "Weltwoche", o jornalista de ciência
Markus Schär escreve que tem a desconfiança de que a tendência da temperatura global tem sido adulterada, assim como demonstram os conjuntos de dados do Serviço de Meteorologia
Suiço. Para ilustrar Markus Schär mostra em seu artigo os conjuntos de dados de temperatura
obtidos em dois locais diferentes na Suíça, entre 1864 e 2009.
O gráfico acima mostra as temperaturas médias anuais e as linhas de tendências para as
temperaturas nas cidades de Sion e Zurich antes (gráficos à esquerda) e depois do "ajuste" ou
“homogenização” dos dados (gráficos à direita). É fácil observar os "ajustes" resultaram, no
mínimo, na duplicação da tendência de aumento da temperatura.
Esse tipo de manipulação em que a temperatura de cidades pelo mundo é “rapidamente
aquecida por ajustes computacionais” é muito comum, e executada pelos departamentos
meteorológicos responsáveis pela coleta dos dados:
1. Em 2007, precisamente, no dia 08/08/2007, os jornais em vários países em “nota de
rodapé” noticiaram que o Instituto Goddard de Pesquisas Espaciais da NASA, GISS/NASA
(do inglês Goddard Institute for Space Studies) havia alterado os dados de temperatura global
com o intuito de colocar o ano de 1998 como o ano mais quente desde 1860.
Ou seja, até o dia 07/08/2007 constava no sítio do GISS os valores de temperatura média dos
dez anos mais quentes do século (1998 como o mais quente e 2001 como um deles); na
manhã do dia 08/08/2007 o sítio do GISS mostrava as dez maiores temperaturas como
mostrado na tabela à esquerda em que o ano mais quente foi 1934 e 2001 foi retirado da lista.
Contudo, essa manipulação grosseira e intencional não “despertou” a atenção da mídia
mundial;
2. No ano passado descobriu-se que os meteorologistas australianos “ajustaram” a série de temperaturas de 80 anos da Austrália para que um resfriamento de 1,0 °C por século se
transformasse em um aquecimento de 2,3 °C por século;
3. O jornalista de ciência britânico Christopher Booker denunciou a “manipulação” de dados de temperatura que colocou o ano de 2014 como o mais quente da história recente: esse
recorde foi obtido porque o GISS/NASA modificou as tendências dos dados de estações
meteorológicas de zonas rurais no Paraguai (talvez as do Brasil também!). (http://www.telegraph.co.uk/news/earth/environment/globalwarming/11395516/The-fiddling-
with-temperature-data- is-the-biggest-science-scandal-ever.html)
Foi informado pelo GISS/NASA que a temperatura de 2014 superou aquela de 2010 em 0,04 ºC! Ora, os termômetros bons em estações meteorológicas medem com precisão de 0,1 ºC e não poderiam “ver” esses 0,04 ºC – esse valor também resulta de uma manipulação
computacional. (http://www.climaeambiente.com.br/).
Somente a partir dos anos 1986 a leitura eletrônica de temperaturas de maior precisão passou a ser utilizada, mas essa tecnologia somente está presente nas estações meteorológicas modernas e mais caras. E mais, essas estações modernas estão mostrando que há uma
tendência de diminuição das temperaturas desde o ano de 1998 (http://notrickszone.com/2015/01/14/germanys-warming-happens-to-coincide-with- late-20th-
century-implementation-of-digital-measurement/#sthash.KTAhfhZW.QMJZh8mZ.dpbs). 4. As três principais instituições oficiais que monitoram as temperaturas da superfície da
Terra (Instituto Goddard de Estudos Espaciais, GISS/NASA; o Centro Nacional de Dados Climáticos, NCDC/NOAA e o HadCRUT que combina os dados de temperaturas marítimas
do Centro Hardley do Escritório Inglês de Meteorologia com as tempraturas em terra compiladas pela Unidade de Pesquisa Climática, da Universidade Anglia Leste) vêm demonstrando em centenas de cidades que os valores brutos de temperatura são “ajustados”
computacionalmente para mostrar uma tendência de alta das temperaturas na atualidade: os valores de temperatura de décadas anteriores são diminuidas e das duas últimas décadas são
aumentadas.
Mo mês de abril passado essas três instituições apresentaram o mês de março de 2015 como o mais quente jamais visto! É bom que se diga que os pesquisadores e gestores dassas
instituições acreditam “piamente” que o homem é o responsável pelo suposto aquecimento da atmosfera da Terra.
Para justificar a afirmativa das instituições acima, o GISS apresentou, como exemplo, o gráfico de temperaturas a seguir – naturalmente, depois de ser “ajustado”.
Porém, o gráfico de temperaturas não “ajustadas” ou dados brutos, constante dos arquivos do GISS é mostrado abaixo.
Claramente pode-se ver as marcas de “manipulação” grosseira: os dados brutos apresentam
uma tendência inversa dos dados “ajustados”! Os dados de temperatura até a década de 1970 foram diminuidos e aqueles posteriores foram aumentados... fazendo com que exista uma “tendência” de subida que é de fato “fabricada” propositalmente. E isso está ocorrendo com
os dados de centenas de estações meteorológicas em redor do mundo, mas principalmente as baseadas nos Estados Unidos e Inglaterra, onde está a quase totalidade das estações meteorológicas consideradas.
É bom que se diga que os pesquisadores e gestores dessas instituições acreditam “piamente”
que o homem é o responsável pelo suposto aquecimento da Terra.
Outos “olhos” enxergam a Atmosfera da Terra
As temperaturas da atmosfera terrestre não são medidas apenas por termômetros na superfície, elas também são medidas por termômetros em balões meteorológicos, que sobem até cerca de 30 km, desde a década de 1930. E a partir de 1978 as temperaturas da atmosfera
também são medidas por “termômetros” em satélites meteorológicos.
Com a publicação das medidas da temperatura por satélites, e a sua comparação com os dados históricos da rede de termômetros em terra e mar referidos anteriormente, estabeleceu-se um “quebra cabeça”: os registros de temepraturas dos balões e satélites mostram algo bem
diferente do que dizem os dados “ajustados” da rede de termômetros na superfície.
Vamos olhar com detalhes os dados obtidos por satélite, que estão diuturnamente perscrutando nossa atmosfera, além de serem os mais modernos e acreditados instrumentos em uso. Os dois conjuntos de registros de temperatura por satélite também tem estatuto
oficial, estando um desses conjuntos de dados sob a responsabilidade da Universidade do Alabama, UAH. Vamos comparar as medidas obtidas por sistemas de sensoriamento remoto
em satélites com as medidas obtidas por termômetros em Terra. A comparação será feita
entre os anos de 1978 e 2015, e usaremos os dados da base do GISS/NASA (termômetros na superfície) e da base de dados RSS/UAH (termômetros em satélites).
O gráfico abaixo mostra os resultados da média da variação de Temperatura Global medida
na superfície. Os dados usados encontram-se no sítio do GISS: http://data.giss.nasa.gov/gistemp/tabledata_v3/GLB.Ts+dSST.txt.
Por outro lado, o gráfico a seguir mostra os resultados da média da variação de Temperatura Global medida por satélites. Os dados usados encontram-se no sítio da UAH
http://vortex.nsstc.uah.edu/data/msu/v6.0beta/tlt/uahncdc_lt_6.0beta2.txt.
Veem-se claramente as diferenças: os dados do GISS/NASA mostram valores menores para os anos frios (1979-1987) e valores maiores para os anos quentes (a partir de 1988),
permanecendo a tendência de diminuir as temperaturas das décadas passadas e aumentar as temperaturas das últimas décadas, com o intuíto de “amplificar” a sensação de que a Terra
está “queimando” crescentemente. Por outro lado as medidas de temperaturas por satélites indicam que em 8 desses 17 anos após 1998 a variação de temperatura foi negativa, enquanto que os dados de superfície indicam que a partir de 1988 a temperatura da Terra praticamente
aumentou em “ritmo crescente”.
Uma pergunta óbvia é: Quais dados merecem maior credibilidade: os dados obtidos por satélites ou os dados de termômetros em Terra?
Somente para ajudar na resposta eu mostrarei fotos de alguns dos termômetros da base de dados do GISS/NASA e os problemas que interferem na medida dos termômetros em
superfície. Os dados relativos às estações meteorológicas nos Estados Unidos (nome e número de identificação, latitude e longitude, endereço, elevação, posição, tipo de equipamento e gerenciamento) são disponibilizados pelo Dr. Anthony Watts
(www.surfacestations.org).
Pisos inadequados, proximidade de prédios, de aparelhos de ar condicionado, de árvores, pistas e estacionamentos são alguns dos problemas que, no geral, alteram as medidas dos termômetros em superfície para cima. As fotos a seguir são de Estações Meteorológicas nãos
Estados Unidos, cujas leituras dos termômetros são “ajustadas” e consideradas na base de dados do GISS/NASA. De particular importância é o fato das estações em Eureka e Tucson
encontrarem-se em frente a prédios do governo norte americano.
Comparações entre o que os Modelos Climáticos do IPCC “enxergam” com aquilo que
ocorre “realmente” na atmosfera da Terra
Também podem ser comparados outros resultados obtidos por satélites e radiossondas com os resultados de projeções baseadas nos 22 modelos climáticos globais utilizados pelos
pesquisadores ligados ao IPCC, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU. Neste ponto, deve-se atentar que as PROJEÇÕES dos modelos do IPCC não se
BASEIAM em DADOS REAIS, mas em CENÁRIOS previamente estabelecidos. Vamos da uma olhada na Variação da Temperatura Global com a altitude, conforme vista
pelos modelos numéricos e pelos satélites e radiossondas.
1. Vejamos o artigo “A comparison of tropical temperature trends with model
predictions”, Douglass, D.H., J.R. Christy, B.D. Pearson, and S.F. Singer, Intl J
Climatology (Royal Meteorol. Soc.), 2007.
As linhas contínuas em vermelho são os limites das Projeções da Temperatura com a
altitude resultantes das projeções dos 22 modelos e a linha vermelha com bolinhas é o valor médio dessas projeções. Essas projeções indicam que na altitude em torno de 10 km a temperatura da troposfera está aquecida em cerca de 0,3 ºC. Por outro lado, as
medidas observacionais – que são reais! – de radiossondas e satélites indicam claramente que não há esse aquecimento, que a temperatura em torno dessa altitude
variou de menos de 0,1 ºC.
2. O Programa Científico de Mudanças Climáticas, CCSP (do inglês Climate Change
Science Program) do governo norte americano foi o responsável, entre 2002 e 2009, em coordenar e integrar as pesquisas das agências federais sobre o Aquecimento Global.
Vamos dar uma olhada em seu relatório de 2006. A figura a seguir contem dois gráficos.
O primeiro deles mostra a as projeções da tendência da temperatura na atmosfera em função da latitude e altitude obtida com o uso dos modelos numéricos, ou seja, esses
resultados são originados de projeções de cenários preestabelecidos. Esses resultados mostram que entre 8 e 14 km de altitude, com o máximo em 10 km, e entre 30º N e 30º
S a temperatura da atmosfera está entre 1,0 e 1,2 ºC mais quente. O segundo gráfico também mostra os resultados de medidas observacionais – que são
reais! – obtidas por radiossondagem ao redor do mundo, exceto para o retângulo em branco na parte superior da atmosfera, entre o Equador e a latitude 15º S. Os resultados
observacionais não mostram o aquecimento “ditado” pelos modelos numéricos. Observe que na região assinalada por uma elipse a temperatura é em torno de 0 ºC.
Em quem acreditar? Em modelos numéricos baseados em “cenários preestabelecidos” e que
facilmente manipuláveis por parametrizações ou em dados observacionais reais – medidos in loco?
Como pode ser depreendido dessa discussão, já em 2007 havia evidências experimentais racionais que demonstravam cabalmente as falhas da Hipótese do Aquecimento
Antropogênico, que é defendida obstinadamente a ferro e fogo pelos IPCC e associados e também pela força avassaladora do poder “verde e paralisante” que desejava (e ainda deseja!) impor à humanidade uma nova ordem “econômica”. Esses atores não permitiam, e
continuarão não permitindo, que se use o Método Científico para a Ciência Climática, conforme mostrado no diagrama a seguir.
Em verdade o que é usado na questão climática é o Método IPCC, também descrito no diagrama acima.
Diante de resultados computacionais parametrizados e não verificados na natureza o que justificaria a manipulação dos “ajustes” dos dados coletados? Como e por que esses “ajustes”
são tão “descaradamente” realizados? Dois artigos do jornal The Telegraph “Climategate the sequel: how we are still being tricked
by flawed data on global warming” e “The fiddling with temperature data is the biggest scientific scandal” (“Sequela do Escândalo do Clima: como ainda continuamos a ser
enganados por dados falhos sobre o aquecimento global” e “O manuseio dos dados de temperatura é o maior escândalo científico”, em tradução livre) provocaram o envio de 42.977 comentários para o sítio desse jornal: 11.242 comentários ao primeiro dos artigos e
31.735 comentários ao segundo!
Nos artigos referidos acima o colunista Christopher Booker denuncia a manipulação dos dados de temperatura superficiais pelas instituições responsáveis pela sua coleta e guarda: GISS/NASA, HadCRU e NCDC/NOAA. As manipulações são sempre no sentido de
exagerar o grau em que a Terra “hipoteticamente” estaria aquecendo. (anteriormente fiz referência ao segundo desses artigo).
Diante de tão fortes evidências de manipulação já era hora de se questionar e se estabelercer uma investigação cientificamente adequada. E a resposta veio pela Fundação de Política do
Aquecimento Global, GWPF, do ingês Global Warming Policy Foundation, que recrutou uma equipe internacional de cinco ilustres cientistas para realizar uma investigação completa
sobre o quão longe essas manipulações dos dados de temperaturas superficiais podem ter distorcido a realidade do que realmente está acontecendo com as temperaturas globais. (http://www.tempdatareview.org/). Ainda como reforço a essa iniciativa, é sabido que em
vários estudos baseados em dados dos EUA, Austrália, Nova Zelândia, Ártico e América do Sul ocorreram “manipulações” dos dados brutos com grande frequência.
Essa equipe científica é presidida pelo Dr. Terence Kealey, até recentemente Vice Reitor da Universidade de Buckingham, e os quatro outros membros são o Dr. Peter Chylek, um físico
do Laboratório Nacional de Los Alamos; o Dr. Richard McNider, professor emérito e fundador do Programa de Ciências Atmosféricas da Universidade de Alabama; o Professor
Roman Mureika do Canadá, um especialista em identificar erros na metodologia estatística; o
Professor Roger Pielke Sr, um climatologista notável da Universidade do Colorado e o Professor William van Wijngaarden, um físico com vasta experiência em climatologia, cujos
artigos incluíram estudos na utilização de “ajustes” em registros de dados.
Devemos esperar até que o quadro que será montado pelos 5 especialistas esteja pronto e nos forneça a real situação da temperatura global. Enquanto isso não chega, corremos o risco de se continuarmos sendo bombardeados por notícias alardeando o “fim dos tempos”, por
aqueles, aquecientista, políticos e “ongistas”, que desejam moldar a política energética da humanidade.