ANGELA MARIA PALMIERI POUBEL
ESTRESSE INFANTIL AFETANDO A APRENDIZAGEM
Monografia apresentada como requisito parcial a
conclusiio do Curso de EspeciaJiza<;ao em Educm;ao
Infantil e AlfabeHza<;ao, da Pr6-Reitoria de P6s-
Graduru;;iio,Pesquisa c Extcnsao da Universidade
Tuiuti do Parana.
Orientadora: Ms. Ana Maria M.Lopes
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AGRADECIMENTOS
Para a exccU(;ao desle trabalho foram necessarias muitas horas de dedica~ao. muitas
vezes roubadas da familia e do Iazer, c, 56 foi possivc\ gra<;as it colaboray3.o de muitas
pessoas.
Quero aqui agradecer aqueles que de uma fonna ou de outra contribuiram para a
realizayao deste trabalho, it minha familia, a minha orientadora, ao Olcu amigo e
incentivador, meu marido e principal mente ao pequeno Gabriel que por muitas vezes scntiu
a auscncia de sua mac.
RESUMO
Este trabalho consiste de uma pesquisa bibliognifica relacionada ao estresse infantil. Ondebuscou-sc atingir 0 objetivo de obter uma visao de como esse estresse esta afetando osprocessos de aprendizagem. Considerando que 0 estresse e uma rea'«1o natural doorganismo diante de urn estimulo, tensao au emo9ao, as crian9as estao muito vulneraveis aele do possamos imaginar. 0 estudo revelou que 0 Brasil csta comc9ando a dar aten9ao aeste assunto, alguns pesquisadores tem se voltado ao tema e batalham para conhccermelhor 0 problema enos mostram que cada vez mais cedo as crian9as assumcmresponsabilidades enos dizem que 0 essencial e que devemos ficar atentas as rea¢csdelas. Os resultados culminaram na comprecnsao de que 0 estressc e uma epidemia global,de natureza fisica, psico16gica ou social, que esta afetando nossas crianyas desde aeducayao infantil e mostra a importancia de se evitar 0 cxcesso de responsabilidades e deatividades impostas a elas pela vida modema.Palavras-cltave: ESlresse in/antil; Aprendizagem.
SUMARIO
I. INTRODU<;:AO 01
1.1 Justificativ3 02
1.2 Objctivos 03
1.3 H·ip6teses 03
2. REFERENCIAL TEORICO 04
2.1 Estrcsse: dcfini~ocs e caracteristicas 04
2.20 cstrcssc c a saude 10
2.30 cstressc c a infancia 15
2.4 0 cstrcssc interfcrindo na aprcndizagcm infantil.. 21
2.5 0 cstrcssc, seus sintonlas e a prcven~ao 23
3. SUGESTOES E IDEIAS PARA ENTENDER 0 ESTRESSE 26
4. CONCLUSAO 28
REFERENCIAS 30
J. INTRODU<;:AO
o estresse C lema de inumeras discussoes, mas na literatura pOlleas refcn:ncias e
puhlica¥ocs dctalhadas sabre 0 estresse infantil sao cncontradas, mas muite sc sabe que ele
esta cada vez mais presente na vida da criam;:a e que suas conseqiiencias podem seT fisicas,
psicol6gicas e sociais. A crian~a cstrcssada pode desenvo)vcr problemas de saude, de
relacionamcntos, dificuldade de concentrac;ao e problemas escolaTes.
Procurando 0 significado para a palavra em ingles, stress, Lipp (1986) nos diz que
cstur cSlrcssado signitica uma reaytlo natural do organismo diantc de uma situ3yao de
tensao, prcssao Oll emoyao, au ainda estar sob a 3yiIo de estimulos persistente c
amea<;adores. Scria impassive! e, ao mesmo tempo, extremamcntc indesejave\ eliminar
completamente todos os tipos de estrcssc.
o homem modemo se defronta com 0 paradoxo do estresse, por um lado, 0 estresse
e uma parte essencial de nossas vidas nos dando impeto, vitali dade, motivaryao e pro!:,'Tesso;
e por outro lade e a raiz dc uma infinidade de problemas. Fisiologicamente, a ausencia
total de estresse equivale a morte. 0 que devemos tentar fazcr e reduzir seus efeitos
danosos, dcvcmos buscar uma postura onde 0 estresse seja urn acontecimento positivo c
nao um empecilho ao desempenho pessoal, a saude c a felicidade. 0 ideal sena
adquirinnos habilidades para melhorar fisica e mcntalmcnte nossa resistencia ao estresse,
bern como eliminar somente 0 desnecessario.
Conhccer 0 estressc, suas causas, sinais e sintomas sao de fundamental importiincia
para aprcndermos a lidar com ele e fazer com que as crianryas nao sofram com as suas
consequcncias.
Considerando que a crianya estressada seni, provavelmente, urn adulto estressado, 0
ideal c trata-la ainda na infiincia, para preservar sua saude e seu bern estar, contribuindo
assim para que nao fracasse na escola, nao apresente dificuldades no aprendizado e que
consiga resistir as inumeras batalhas que a vida the trarei; assim, este estudo tern 0 seguinte
objcto de pesquisa:
o que a literatura traz sobre 0 estresse em crianyas ao longo da educa<;ao infantil,
que possa contribuir para a compreensao das dificuldades de aprendizagem?
Este projelo monogriifico foi rcalizado alravcs de uma pesquisa bibliognifica,
cnvolvendo a coleta c amilise sistematica de materiais narrativos da litcratura, atraves de
Iivros, revistas, jornais, consultas a internet e material das aulas proferidas no curso de
especiaJiza~ao. E espera-se que esta pesquisa contribuia para a identificac;ao das
dificuldades de aprendizagem das crianc;as estressadas da educac;ao infantil.
A pesquisa foi realizada com base ua literatura brasileira, mas com alguns dados e
exemplos sobre 0 assunto em proporc;oes mundiais.
1.1 Justificativa
Devido a minha inquietaC;3o sobre 0 estresse na educac;ao infantil e como ele afeta
na aprendizagem, escolhi este tema de grande interesse, para conhecer 0 que a literatura
apresenta e desenvolver urn trabalho como subsidio para 0 bem-estar das criauc;as e para
orienta~uo aos pais, escola e educadores.
Ao observar crianc;as com queda no rendimento escolar, alterac;:ao de conduta, dares
frequentes, medos e choras, cornecei a perceber que 0 estresse pode estar atingindo cada
vez rnais cedo nossas crianc;as.
Foi 0 desejo de contribuir para essa realidade que veio a preocupayao de detectar
uma situac;ao de estresse 0 mais cedo possivc1, a fim de tornar mais ficil sua superac;uo.
Em 1981 0 psic6logo David Elkind, ja relatava 0 que 0 conceito de mel/if/ice estava
ameayado de extinc;uo na sociedade, pois a crian~a tinha-se tornado vitima involuntaria de
urn estresse avassalador, proveniente de rapida e confusa mudanc;a social, tendo-se
transformado em urn ser apressado, portador de disturbios comportamentais e emocionais.
Bignotto (2004) escreve, se essa era a vis30 de estilo de vida de alguns aIlOS atnls, 0 que
pensar das crian9as de nossa sociedade atual?
Por esse motivo, a atua~ao dos pais Ila educac;ao dos filhos deve ser cada vez mais
refletida e vista como extrema importancia para assegurar uma inrancia livre das sequelas
do estresse.
E relevante considerar que, a dificuldade de aprendizagem deve de alguma maneira
estar ligada ao estresse, devido a sobrecarga de tarefas e a pratica de atividades
extracuniculares, fazendo com que a crian9a sinta-se cansada e consequentemente
desmotivada em rela~ao a escola.
Nao se pode deixar de dar atenC;30 aos danos que 0 estresse pode causar. Para urn
tratamento eficaz c prccisQ se trabalhar nu causa c nao apenas nos sintomas de estrcsse,
Este trabalho, aU:m de contribuir em urn tema de pesquisa recente e desafiador,
possibilita que se conheya mais profundamente 0 problema que as crianyas estao
enfrentando.
1.2 Objetivos
Apresentar 0 que a literatura traz a respeito:
- do estresse em geral.
- de como 0 estresse compromete a saude.
- do estresse em crianyas na idade da educayao infanti!, suas condiyoes de vida e
quais as fatores que as deixam cstrcssadas.
- de como 0 estresse esta afetando 0 aprendizado na cducayao infanti!.
- dos comportamentos e atitudes para se evitar ou prevenir a situayao de estresse ao
longo da educa<;ao infantil.
1.3 HipOteses
- As crianyas que cstao na idade da educayuo infantil estao estressadas pelo fato de
terem muitas ocupacoes, como: ballet, judo, ingles, natayao, piano e outras atividades
extra-classe.
- As responsabilidades e 0 mcio em que vive, estao gerando estresse na crianya,
prejudicando 0 seu desenvolvimento intelectual.
- A literatura sugere como aprender a conviver com 0 estresse e como preveni-lo.
2. REFERENCIAL TEOruCO
2.1 Estrcssc: dcfini~oes e caractcristicas
A nossa sociedade c pressionada e pressionadora, e orientada c regulada pelo
tempo. Estamos scmprc querendo fazer tuda mais dcpressa. Ternos alguns exemplos como:
o supennercado para aprcssar as compras, os lastfoods para apressar a aiiment3yao, os
viadutos para acelerar 0 tfMego, e assim vamos aprcssando nossa vida e a das nossas
crianr;:3s. E claro que csta pressa fez dos homcns a sociedade mais inovadora da terra; mas
a mais impacicnte e a mais estressada diz Elkind, (2004).
"A insegurany3, a duvida, 0 niilismo, a possibilidade de novas gucrras, a perda da
idcntidade social, a despersonaliza~o causada pela tecnoiogia, a violcncia e uma serie de
outr05 fatores, que caracterizam os tempos presentcs, trazcm 0 homem como que num
estado constante de tensao, enredando-o em conflitos e dando-lhe uma sensayao
pennanente de mal-estar e desesperalll;;a. E nesse contexto que se tornou comum falar-sc
em estresse" (TELES, 1999, p.9).
"0 estresse e real? Voce acha que ele afeta sua vida? A resposta, scm duvida, deve
ser sim. Viver scm cslrcsse c urn mito" afinna Rossi (I 993, p.2S).
Hoje ja encontramos a palavra cstresse nos diciomirios, mas fbi somcnte em "1926
que 0 Dr. Hans Selye a usou para descrever urn estado de tcosao do organismo, estado esse
que causa uma ruptura no equilibrio interno do organismo" (LiPP. 2000, p.l2).
Se1ye transpos 0 conceito de estresse da fisica para a rnedicina e biologia e 0
dividiu didaticamente em tres fases interdependentes. Com este conceito ele deu uma nova
interpretat;ao aos disturbios psicossomaticos. 0 processo de estresse, segundo elc acontece
da seguinte fonna:
o individuo dcpara-se com urn estimulo estressor, como por exemplo: nova paixao,
emprego novo lao desejado. aprovat;ao, promoy3.o, beijo, falta de tempo para lazer, transito
caotico, contas a pagar, salario congelado, intensa competi~ao, ameat;a de urn predador,
mudam;:a subita, brusca e ameac;adora na posi~ao social e/ou nas relat;oes do individuo,
ameac;:a it seguran~a ou integridade fisica e emocional da propria pessoa ou de pessoa por
cJa amada, vida afctiva em desequilibrio, eonflito prolongado, guerra, acidente, assaito,
sequestro, cstupro, catastrofe natural, injec;:oes de proteinas estranhas ao organismo, frio
intenso, anestesia, cirurgia, entre muitos outros.
Diante de urn ou mais cstimulos citados, 0 individuo entra na 1~Fase, denominada
Fase de A/anne, onde 0 organismo entca em estado de alerta para se proteger do perigo
perecbido e da prioridade aos 6rgaos de defesa, ataque ou fuga.
As reac;oes corporais desenvolvidas nesta fase sao: dilata9ao das pupilas;
estimulac;ao do eorac;ao (paipitayao), a adrenalina produzida nas glandulas supra-renais
acc1craos batimentos cardiacos e provoca uma alta de pressao arterial, 0 que pennite urna
melhor circulayao do oxigenio; a respirayao se altern, tomando-sc ofegante e os br6nquios
se dilatam para poderem receber maior quantidade de oxigenio; aumcnto na possibilidade
de eoagulac;uodo sangue (para assim poder fcehar possiveis ferimentos); 0 figado libera 0
ayuear annazcnado para que este seja usado pc\os museulos; redistribuiyuo da reserva
sangiiinca da pe\e e das visceras para os musculos e eerebro; frieza nas maos e pes; tensao
nos museulos; inibiycloda digestiio (inibiyao da produ<;:aode fluidos digestivos. inibiyao
dos movimentos peristalticos do percurso gastrointestinal), inibic;:aoda produyao de saliva
(boca seea).
Caso 0 individuo consiga lidar com 0 estimulo estressor, eliminando-o ou
aprendendo a lidar com 0 mesmo, 0 organismo volta a sua situac;ao basica de equilibrio
interno (homeostase) e continua sua vida nonnal. Mas, se ao contrario, 0 estimulo pcrsistir
sendo entendido como estressor e 0 individuo nao tenha encontrado uma fonna de se
rcequilibrar, vai OCOITcruma evoiuyao para as outras duas fases do processo de estresse.
Na 2" Fasc, denominada Fase de Resistellcia, intennedifuia ou estresse continuo,
persiste 0 desgaste necessario a manuten9ao do estado de alerta. 0 organismo continua
sendo provido com fontes de energia rapidamente mobilizadas, aumentando a
poteneialidade para outras ayoes no caso de novos perigos imediatos serem acrescentados
ao seu quadro de estrcsse continuo. 0 organismo continua a buscar ajustar-sc a situayao em
que se encontra.
Toda essa 1110biliza9uode encrgia traz algumas conseqiiencias como: reduc;ao da
resistencia do organismo em relac;ilo a infecc;:oes;sensac;ao de desgaste, provocando
cansac;oe lapsos de memoria; supressao de vurias fun<;:oescorporais rclaeionadas com 0
comportamento sexual, reprodutor e com 0 crescimento.
Com a pcrsistcncia de estimulos estressores, 0 individuo entra na 3" Fase,
denominada Fase de Exaustiio Oll esgolamelllo, onde hc'iuma queda na imunidade e 0
surgimento da maioria das docnyas, como par exemplo: dores vagas, taquieardia, alergias,
caspa e seborreia, hipertensao, diabete, herpes, graves infecc;6es, problemas respiratorios
(asma, rinite, tuberculose pulmonar), disturbios gastrointestinais (ulcera, gastrite, diarreia,
nituseas), aJterac;:1iode peso, depressao, ansiedade, fobias, hiperatividade, alteraryoes no
sono (insonia, pesadelos, sono em excesso), sintomas cognitivos como dificuldade de
aprendizagcm, lapsos de memoria, dificuldade de conccntray3o, bruxismo, envelhccimento
precoce, disrurbios no comportamento sexual.
Apesar da delimitayao destas tres fases, e importante saber, que hit diferentes
manilestayoes do estressc, em algumas pessoas os sintomas psicol6gicos sao mais
acentuados, em outras, os fisicos sao mais evidentes. Precisamos lembrar, tambem, que os
sintomas podem nao ser necessaria e exclusivamente do estresse, mas sim manifesta90cs
de alguma doenrya.E por isso que diante de qualquer disturbio fisico ou emocional, 0
melhor c procurar urn medico ou urn terapeuta, ressalta Oliveira, (1996).
o cstressc pode ser dividido em dois tipos basicos: 0 estresse cr6nico e 0 agudo. 0
estresse cr6nico e aquele que afeta a maioria das pessoas, sendo constantc no dia a dia, mas
de uma fonna mais suave. 0 estresse agudo e mais intenso, onde 0 organisIno mostra-se
incapaz de lidar com os estimulos c tern rea<;:oesque geralmente 0 afastam da realidade.
Nonnalmente cstc quadro sc inicia aJgum tempo (horas ou minutos) ap6s a ocorrencia do
estimulo, dcsaparccendo dentro de horas au dias. 0 estresse agudo se caracteriza por:
atordoamento inicial, estreitarnento do campo de consciencia, diminuiyao da atenc;:ao,
incapacidade de compreender cstimulos, desorienta<;:ao, retraimcnto da situayao
circundante (estupor dissociativo), agita<;:aoe hiperatividade, sinais auton6micos de
ansicdade c de panico, amnesia parcial au cornpleta para 0 episodio (SELYE, 1965).
Ainda segundo 0 autor, 0 estresse e essencialmente urn grau de desgaste no corpo e
da mente, que pode atingir niveis degenerativos. lmprcssoes de estar nervoso, agitado,
neurastenico ou debilitado, podem ser percep~es de aspectos subjetivos de estresse.
COl1tudo,estresse nao irnplica necessariamente urna alterac;:aom6rbida; a vida nonnal
tamb6m acarrcta desgaste na maquina do corpo. 0 estresse pode ter at6 valor terapeutico,
como e 0 caso no esporte e no trabalho, exercidos modcradamente. Assim, urna partida de
tenis ou urn beijo apaixonado podem produzir considenlvel cstresse sem causar danos.
o estressc produz certas modific8c;:oesna estrutura e na composiyao quimica do
corpo, que podem ser avaliadas. Algumas dessas modificayoes sao manifestayoes das
reayoes de adaptayao do corpo, 0 mecanisme de defesa contra 0 estressor. No conjunto
dessas modificac:;oes0 estresse e dcnominado (SAG), sindrome de adapta9ao geral, termo
cunhado pelo Dr. Selye, que segundo Oliveira (1996) recebcu esta denominayao porque 0
nosso corpo, nossos 6rgaos e nosso sistema nervoso cstao sempre ajudando a nossa
(~UI.~lfiU~!;;f.~ 7
adaptac;oo diante das imimeras mudanc;as que ocorrem~b·!'"\ Ida, sejam elas extemas
Oll internas.
Vasconcellos (1998) acrcscenta que 0 estrcssc provoca uma extrapola<;ao dos
paramctros fisiol6gicos rCbruiares, fon;ando 0 organismo a atividadcs c reac;oes muito
maiores c complexas do que as homcostaticas, ou scja. a capacidade do organismo de
manter constantc seu meie interno apcsar dus variac;oes do ambiente extcrno.
"Setc scgundos ap6s perceber a causa do estrcsse, 0 individuo automaticarnente se
prepara para Tcagir fisicamente it situac;:ao: a pressao sobe, 0 corac;:ao pulsa mais nipido, a
respirac;ao sc toma mais pesada e nipida, os rnusculos se contraern e as maos e os pes se
tomam frios e suados", afinna Rossi (1993, p.2S).
A organizac;:ao mundial de Saude afimla que 0 estressc c uma epidemia global.
Vivemos urn tempo de enOmles exigencias de atualiza9aO. Somos constanternente
cham ados a lidar corn novas informac;oes. 0 Ser Humano cada vez rnais se VI! diante de
inumeras situac;oes as quais precisa adaptar-se. Como por exemplo diante de demandas e
pressoes extemas vindas da familia, do meio social, do trabalho, da escola ou do meio
ambiente. Outros fatores aos quais precisa adaptar-se sao, entre outras, as
responsabilidades, obrigac;oes, auto-critica, dificuldades fisio16gicas e psicol6gicas.
A vulnerabilidade individual c a capacidade de adapta~o sao muito importantes na
ocorrencia e Ila gravidade das reac;oes ao processo de estresse. 0 descnvolvimento do
processo de estrcsse depende tanto da personalidade do individuo quanta do estado de
saude em que este se en contra (equilibrio organico e mental), pode ocorrer com qualquer
pessoa, independente de idade, sexo, cor, religiao ou situac;ao economica, por isso nem
todos desenvolvem a mesmo tipo de resposta diante dos rnesmos estirnulos. Estilo de vida,
experiencias passadas, atitudes, crenc;as, valores, doenc;as e predisposic;ao genetica sao
fatores importantes no desenvolvimento do processo de estressc. 0 risco de urn estimulo
cstrcssor gerar urna doenc;a e aumentado se estiverem associadas it exaustaa fisica ou a
fatores organicos (L1PP, 2004).
Segundo Hindle (1999), ao ser submetido a pressao fisica ou psiquica, 0 corpo
humane aumcnta a produc;ao de harmonios, como a adrenalina e 0 cortisol. Tais
substancias produzem fortes aiterac;:oes no ritmo cardiaco, nos niveis da pressao sanguinea,
no metabolismo e na atividade fisica. E Lipp (2004) acrescenta ainda que se chama de
estressc um estado de tensao que causa uma ruptura no equilibrio interno do organismo, e epor isso que as vezes, em momentos de desafios nosso corayao bate mnis nlpido, 0
est6mago nao consegue digerir a refeic;ao e a insonia ocorre.
"Os individuos em situa9ao de estresse perdcm grandes quantidades de zinco,
cromo, calcio e magnesio, pois estes minerais participam das rea90es dc fonnac;ao de
adrenalina, glicocortic6ides, insulina, etc" (DELBONI, 1997 p.69).
Lipp (2000) cnfatiza que 0 estresse nao e uma doenc;a, mas quando prolongado,
pode cnfraqueccr 0 organismo, causar doenyas, comprometer a qualidadc de vida e a
felicidade das pessoas, ou seja, e a preparac;:ao do organismo para Jidar com as situar;ocs
que se apresentam, sendo entao uma resposta do mesmo a urn dctenninado estimulo. 0
proiongamento ou a exacerbayao de uma situa9uo especifica e que podem gcrar altera90es
indesejaveis.
Acrescentando, Tcles (1999) trata deste tema dizendo que a principio 0 estresse
seria sempre positivo, pois ele leva a a9uo, como por exemplo: a viloria do time preferido,
uma promoc;ao na cmpresa, ferius, natal, estur apaixonado por algucm, passar no
vestibular, ganhar nn loteria ou uma rclaC;ao sexual gostosa.
o estresse positivo acontece quando 0 organismo produz a adrenalina necessaria
para uma postura de alerta, de animo, vigor e energia, melhorando a adapta9ao,
produtividade, motivac;:ao e criatividade. No entanto, fisiologicamente nao e possive1 ficar
em alerta por tempo indcfinido, necessitando scm pre de periodos de repouso e
recupera9ao. Toma-se negativo toda vez que nos imobiliza ou provoca desordcm no
organismo e em nosso psiquismo, como: a decCP9aO, a tristeza, ° desemprego, urn assai to,
uma indecisao, a [alta do que tazer, uma briga, ter mais coisa para fazer do que 0 tempo
permite, uma divida, a solidao, a ins6nia, a reuniao na empresa, e muitas outras situac;ocs.
A natureza do estressor pode ser negativa ou positiva confomlc mencionado por Selye
(1965).
Tricoli c Bignotto (2000), ressaltam que 0 estresse vern de fontes intern as, da
personalidade, do nosso modo de ser, viver e agir; OU vern de fontes externas, de fora do
nosso organismo, como do trabalho, das perdas, de preocupacyoes, de medos e de tudo que
exige do organismo uma maior adaptac;ao. E que os niveis de tolcrftncia do estresse sao
difcrentes para cada individuo, todas as pessoas sofrcm de eslresse em algum momento da
vida. Denominado como 0 mal invisivel, todos vivemos cotidianamente situm;oes
estressantcs, e urn mito dos tempos modemos.
"Ninguem pode eliminar ou evitar 0 estresse completamente. E a maneira dc seu
corpo se preparar para proteger a si mesmo do perigo, lutando contra ele ou fugindo dele. E-
a interpretayuo da mente daquilo que csta acontecendo, seja tensao positiva ou negativa".
(WEISS,1991 p.71).
o aumento da earga de estresse sentida por toda a popula/yaoprovem do estilo de
vida da humanidade, da neeessidade de sobrevivencia, da exigencia imposta no local de
trabalho, da rapidez com que as coisas se modificam, da inseguran~a. competi~ao,
violencia e desamor que assaia os nossas dias. Urn dos maiores causadores de estresse e a
rotina diaria, 0 deslocamento para 0 local de trabalho, a preocupa/yaocom a pontualidade, a
transito das grandes cidades, as dificuldades em usar transporte publico (HINDLE, 1999).
"0 estresse pode ser provocado por um numero aparentemente infinito de
situa/yoes,coma por relacionamentos de trabalho insatisfat6rio, por excesso ou falta de
responsabilidade, pela frustra9aO ou falta de dinhciro, pelo tectio e medo do futuro,
mudan9as amea9adoras ou pela nova tecnologia. Somas criaturas falfveis e delicadas,
nossas mentes asseguram que sejamos vulneravcis ao merlo e a ansiedadc que sao
freqiientemente mais hipoteticos que praticos" (COLEMAN, 1992, p.60).
Tambcm e enfatizado por Fran9a e Rodrigues (1996, p.106) que, no trabalho os
fatores estressantes podem ser: lideran9a do tipo autoritaria, excesso de trabalho, execu~ao
de tarefas sob repressao, carcncia de autoridade e de orienta~ao, grau de interferencia na
vida particular, entre outros.
Teles (1999) cscreve que 0 estresse e uma condic;aoa qual 0 homem nao pode fugir,
dcsde a cpoca das cavernas, temendo 0 utaque das feras, de homens estranhos e de
fen6menos da natureza, ate hoje, ao atravessar correndo uma rua, 0 medo da violencia e do
desemprego, 0 estressc continua prescnte, mas 0 importante c saber viver com eJe, de
fonna que nao nos derrube nem nos fac;asofrer, porcm os individuos reagem das mais
diversas formas ao estresse, alguns se tornam agressivos, outros fa1am excessivamente,
outros ficam apaticos e muitos, nao extravasam, originando doenc;as.
A esse respeito a autora acrescenta, que se pcrcebc que 0 estrcsse esta se instalando
quando aumenta a irritabiJidade, a dificuldade de concentrac;ao, 0 colestcrol e os
trigiiceridcos, 0 consumo de tranqiiilizantes, cafe, aIeool e cigarros, tambern quando sente
dores de cabe9a freqUentes, queda de produtividade, prisao de ventre, cansac;o constante,
taquicardia, muscuJos tensos, maos mas e suadas, ins6nia, problemas digestivos, etc.
Rossi (1993) eserevc que pesquisas mcdicas realizadas nos Estados Unidos tern
provado que as mudanc;asbioquimicas assoeiadas com 0 estresse afetam os sistemas de
imunidade, nervoso, endocrinologico e cardiovascular.
Os constantes apelos da sociedade aos individuos, cobrando-ihes beleza, poder,
corpo ath~tico,juventude c vigor sexual. 0 capitalisrno por sua vez coloca as pessoas numa
10
corrida desenfreada atras de objetivos de ordem material, a compcti9ao e violenta e cruel,
cntao vern it frustra<;ao, 0 mal-estar, os mOOos, a ansiedade, 0 vaziD, a dcpressao e todo 0
processo de estresse (TELES, 1999).
Weiss (1991) enfatiza que grande parte do estrcsse no homem vern da ansiedade de
dar it sua familia 0 padrao de vida que e1a gostaria de ter, c na mulhcr porque sua vida
profissional e privada nao se encaixa bern. 0 autor sugere para ambos a pratica da auto-
administra<;ao, que para assumir 0 centrcle e preciso que se estabelc<;am alguns objetivos,
como: financeiro, pro fissional, hens matcriais, relacionarncnto familiar, valores pessoais,
rcJac;:oes sociais e comunitarias.
As mulhercs que ate a algum tempo estavam fora das estatisticas do estresse, hojc
sofrcm ainda mais, devido a dupla jomada que exercem c a medida que assumem mais
responsabilidadcs, cnfrentam prcssoes, conflitos e cobran~as iguais aos dos homens.
Pesquisando os livros publicados pela psie610ga Marilda Lipp, observei que muitas
sao as situa~oes que nos levam ao estresse, como: morte, div6rcio, separa<;ao, pnsao,
doen~as pessoais ou famiiiares, gravidez, casamento, afli~oes no trabalbo, reconcilia~oes
eonjugais, aposentadona, em tim, tudo 0 que envolve mudan~as para melb~r ou para pior.
E lodas essas situay5es levam aos sinlomas do cstresse, ansiedade, desanimo, disturbios do
sono, fadiga, baixa auto-estima, eansa~o fisieo e mental, irritabilidadc, sentimento de
solidao, dificuldade de eonccntra~ao, dares diversas, doen~as de pele, queda de cabelo,
depressao, mudan~as de humor, tristeza, culpa, impotencia, entre outras.
De uma fonna au de outra, n6s sabemos quando nos sentimos inseguros,
amcuyados, incapacitados, enfim, estrcssados, nos diz Oliveira (1996). Assim como
Carlson (1998), diz que nao devemos fazer tempestade em urn capo d'agua, pois em nossa
vida muilos copas d'agua surgirao e muitas vezes nos afobamos enos estressamos par
coisas que nao sao realrnente senas.
"Infeiizmente, quando uma pessoa esta cstressada, fica muito irritada, hipersensivei
e sem paciencia, alt~m de nao se sentir bern fisicamcnte, tomando difieil a convivencia com
as demais, principalmente com as crianyas" (LIPP, 2004, p.2S).
2.20 cstrcsse e a sande
A medicina ainda nao eonhece eompletamente 0 caminho pereonido pelo estresse
dentro do organismo. 0 fato e que se trata de urn estimulo sempre muito intenso, as vezes
II
insuportavcl para 0 psiquismo ou para 0 proprio corpo, que passa a apresentar sinais de
comprometimcnto, como paipita.;ao, medos irracionais, insonia e outros transtornos
afetivos (COSTA, 2003).
Para Novais e Frata (2003), 0 fundamental na abordagcm medica e 0 correta
diagn6stico do cstressc, que deve ser distinguido das desordens de ansiedade propriamente
ditas, dos disturbios de personalidades exacerbados pelo cstrcssc e das docnc;as organicas
com manifestac;oes psiquicas.
Muito se tern discutido sebre a forma de tratamcnto ideal para 0 estresse. A terapia
comportamentai, 0 tralamento psicoJ6gico e 0 tratamento mcdicarnentoso dividem as
opiniocs cientificas. No entanto suas constata90es defincm que hi uma inter-re1a91io entre a
mente e 0 corpo na origem ou continua~ao de urn proeesso patol6gico, assim sugerem urn
tratamenlo que envolva urna abordagem rnultiprofissional; ou seja, 0 metoda de triplice
tratamento que inclui sirnultanearnente: tratarnento cornportarnental do estresse, suporte
psicol6gico pcssoal e familiar e 0 tratamento mcdicarncntoso.
"Do ponto de vista rnetodolog1co. para alcanc;ar urn enfoque de sucesso no estudo
integral do estresse, c necessaria a fonnayao de equipes interdisciplinares de trabalho que
accitem a endocrinologia clinica, psic610gos, bioquirnicos clinicos, irnunologos e outros
especialistas quebrando barreiras de ineomunieacrao entre cles para urn born funcionamento
da equipe" (GONZALES, 2004, p.140).
HE importante salientar que todas as alterayoes ocorrem a partir de um sinal do
nosso cerebro. Assirn que ele interpreta uma situac;ao como perigosa, arnea~adora ou como
algo que exige mudanya, varias reacroes organicas sao aulomaticamente disparadas",
ressalta Oliveira (1996, p. 38).
Segundo Lipp (1996), as doenyas relaeionadas it estimuJayaO excessiva de urn
orgao, ou ligadas a urn retardo em seu funeionamento, podem ser consideradas como
possuindo um componente de estresse na sua ontogencse (desenvolvimento humano). As
doencras e disfunc;oes que tern side mais estudadas sao: hipertensao arterial, ulceras
gastroduodenais, obcsidade, cancer, psoriase e tensao pre-menstrual. Outras patologias
como ccfalcia, herpes simples, vitiligo. lupus, colite ulcerativa, doen~as respirat6rias e
imunol6gicns, todns pareccm ter em sua etilogia 0 estrcsse como um fator psicopatogenico.
E sugcre que as doenyas relacionadas ao estresse sejam c1assificadas como
psicofisiol6gicas, termo cste que enfatiza a correlacrao entre os aspectos fisicos e
psicol6gicos que sc manifcstam de modo quasc que inseparavel durante a resposta do
estrcssc.
12
Coleman (1992) escrcve que 0 mundo mudou dramaticamentc nos ultimos secuios,
mas nosso cerpo ainda rcage de urn modo simples crude. Mudamos tanto 0 nosso mundo
que nao conseguimos rna is viver ncle. 0 resultado e que no final do dia a pressao
sanguinca chegou a um nivel perigosamentc alto, os musculos estao tenses, 0 cora~ao bate
rapido dcmais, 0 est6mago esta meio corroido pelo acido que foi produzido e dores de
cabcc;:a e nas costas ja comcc;:am a incornodaL Nada disso importaria muito se 0 dia
seguinle Fosse diferente, mas nao e. No dia seguinte havenl mais prcocupac;:ao.
A esse respeito, Oliveira (1996) acrescenta que, diante de urn perigo, hi urn
aumento dos batimentos cardiacos, assim 0 sangue e bombardeado e levado em maior
quanti dade para a coraC;ao, as pulmoes e os musculos; e nesse momenta que aumenta a
pressao sangi.iinea dentro das arterias (hipertcnsao arterial). Vma pessoa hipertensa,
subrnetida a situac;5cs de estresse constante, pode sofrer urn derrame cerebral, uma ruptura
de aneurism as au rncsmo urn ataque cardiaco.
"Sob estressc continuo, 0 pancreas comec;a a fomcccr insulina em excesso. Como a
funC;ao da insulina e dirninuir a quanti dade de ac;ucar na corrente sangi.iinea, a pessoa
estressada passa a precisar ingerir mais ac;ucar a fim de cornpensar esta perda e recuperar a
energia. Assim cia consornc cada vez mais alimentos com alto tear de ac;u.car, como uma
reaerao aD cstresse, e acaba transformando-se num circulo vicioso, que a predispoe a iniciar
all agravar 0 diabetes ou mesmo a ter hipogJicemia" (OLIVEIRA, 1996, p. 39).
Oeste modo a autora ressalta ainda que, se 0 estresse se mantt~m nlima base cronica,
o colesterol continua a ser liberado e parte de pode ser dcpositada nos vasos sangi.iineos e
nas arterias do coraerao, tendo como possivel conseqi.icncia 0 endurecimento das arterias. E6bvio que sob estrcsse, e altamente contra-indicada a ingesHio de alimentos ricos em
colesterol, mas nessas ocasi5es gerahnente a pessoa faz refeic;5es nlpidas e "pniticas",
como frituras e sanduiches.
Num momento estrcssante e importante que 0 sanh'Uc seja enviado as partes do
corpo que trabalharao mais, como muscu!os, coraerao e pulmoes. Esse sangue e retirado das
partes que nao sao solicitadas nesse momento, como 0 aparclho digestivo. Com pouca
circulaC;ao sangi.iinea, 0 trato digestivo se fecha, os intestinos e 0 est6mago praticamente
param de sc movimentar e excretar, 0 reto e a bexiga tendem a se esvaziar e a boca toma-
se seea. Nestc momenta se a pessoa comer com prcssa, as conscqi.iencias mais comuns sao:
mal-cstar, azia, enj60, miuseas e diarrcia, afirma Oliveira (1996).
A autora acrcscenta que tambem e preciso prevenir-se de rea.yoes alergicas, pois
quando as glfmdulas supra-renais produzcm muita cortisona destroem a resistencia as
(f~;~~?L\f;:'~13agressores ao organismo, como as infecl'ocs, urna vez que as gliindU~ , '.,"\ murcharn,
secam e cnfraquecem 0 sistema imunol6gico, que perde a capacidade de combatcr ate
rcsfriados scm importancia. A eleva~ao cronica do nlve! de cortisona tambem reduz
sensivelmente a resistencia do cst6mago aD seu proprio il.cido, provocando u1ceras gastricas
c duodenais.
Segundo Rossi (1993), estudos cientificos indicam que as pessoas adoccem com
mais frcquencia quando estao cstressadas, suas defesas baixam, afctando 0 sistema de
imunidadc c a secre<;ao de certas imuno-globinas. Nao e por coincidencia que voce contrai
facilmentc gripes e outros virus quando tern menos condic;oes emocionais de lidar com
cles.
Geralmcnte, os sintomas sao um sinal de alerta para que a pcssoa concentrc sua
energia nos seus processos internos, restabelecendo 0 equilibrio entre a mente e 0 corpo.
o corpo estressado precisa de uma energia adicional para continuar sua tarefa,
assim ocorre um aumento do honnonio da tire6ide na corrente sangiiinea. E se essa
cnergia adicional for constantemente produzida, pode causar tremores no corpo,
diminui~50 da tolerancia ao calor, perda de peso (se a quantidade de alimento ingerido
pennanecer constante), insonia e, final mente, exaust50 e esgotamento. Quando 0
organismo esta submetido 30 estresse eronieo, os estoques de endorfina podem se esgotar,
e enxaquecas e dores nas costas podem se agravar, assim como podem surgir disfun~oes
sexuais (Oliveira, 1996).
Estas s50 apenas algumas das alterar;5es mats importantes que 0 nosso corpo sofre
diante da possibilidade de precisar fugir ou lutar, ou seja, diante de um sinal de perigo ou
emo~50. Assim podcmos perccber quantas desvantagens podem nos trazer se nao forem
controladas.
Tratando dessc tema, Coleman (1992) diz que algumas doen~as estao mais
intimamente Iigadas ao cstressc do que outras, podom ainda ser causadas ou agravadas por
eJe. Oiz tam hem que h<'tmuitas coisas estranhas em rela~ao ao estresse, mas a mais curiosa
e 0 fato de que parece haver uma correla~ao simples e direta entre a existencia do estresse
eo desenvolvimento de doen9as provocadas por e1e.
E enfatizado por Lipp (2004, p.I?) que"o stress nao e 0 causador dessas doen9as:
cle enfraquece 0 organismo, deixando que problemas latentes apare9am .Alern disso, uma
vez que 0 sistema irnunol6gico e afetado, a pessoa cstressada torna-se mais vulncravel a
qualquer doeny3 de contagio".
14
A algumas pcssoas parecem sofrer muito quando sob quantidades bastante
madestas de estrcsse, parecem seT urn diciomirio ambulante de doen<;as,enquanto outras
conscguem lidar com quantidades cnonnes.
''Nao e tanto a cxistencia do estrcsse que causa 0 mal, c sim 0 modo como reagimos
a ele. Nao sao as mudanc;as Oll as prcssoes que produzem a ansiedade Oll a doenc;a cardiaca,
mas a incapacidade da pessoa para enfrentar as dificuldades e tensoes provocadas por essas
mudan~as" (COLEMAN, 1992, p.31).
Fran93 e RodribTUcs (1996, p. 29) acrescentam nessa perspectiva "0 porque surge
uma cnfennidade e n50 Dutra, que depende das diferenc;as individuais que sao
detenninadas peJa hist6ria de vida da pessoa e de suas vulnerabilidades condicionais pela
genclica e pela sua conslitui~ao". «0 estresse 56 e diagnosticado com urn conjunto de
sintomas", completa Hindle (1999, p.12). E pode ser tratado de diversas maneiras, como
por exemplo:
Tratamentos convcncionais:
Rern&lios - Somente wn profissional poden) indicar 0 mclhor remedio para cada
caso, pon!m os mais utilizados sao: calmantes e anti-depressivos.
Alimentacao - Durante 0 processo de estresse, 0 organismo perde rnuitas vitaminas
e nutrientes, portanto para repor essa perda e recomendado comer muitas verduras e frutas,
pois sao ricas em vitaminas do complexo S, vitamina C, magnesio e manganes. Br6colis,
chic6ria, acelga e alfacc sao ricos nesses nutrientes. 0 calcio pode ser reposto com Icite e
seus derivados.
Atividade Fisica - Qualquer atividade fisica proporciona beneficios ao organismo,
mclhorando as func;oescardiovasculares e respirat6rias, qucimando caJorias, ajudando no
condicionamcnto fisico e induzindo a prodw;:ao de substancias com carMer relaxante eanalgesico, como a endorfina.
Tratamentos na~ convencionais:
Medicina allemativa - Consiste em tratamentos nao convencionais, ou seja, nao ha
uso de remedios ou cirurgia. Entre estes tratarncntos alternativos podem ser citados:
fitoterapia, acupuntura, cromoterapia, reike, entre outros. Alguns delcs nao sao aceitos na
cornunidade cientifica. Apesar disto, em algumas pessoas estes tratamentos podem ter urn
efeito placebo. Esse efeito consiste em uma modula~5.opsiquica do sistema irnunol6gico.
Fitoterapia - Este e urn tratamento feito corn plantas. Apesar de natural, dependendo
da dose podc causar intoxica~ao. Algumas plantas recomcndadas para 0 combate ao
estresse sao: melissa, rosa branca, vaieriana, maracuja.
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Acupuntura - Esta e uma tecnica chinesa que consiste em aplicuyoes de agulhas em
locais espccificos do corpo estimulando neuTonios que ativam varios sistemas, como
endocrino C 0 imunol6gico. Isto tern como resultado urna melhora geml do corpo.
Rcike - E uma tecnica japoncsa que consiste em reequilibrar a energia do corpo. As
trocas de encrgias sao feitos cntre as maos e pontos energeticos especificos.
Massagem - Ha varias tecnicas de massagcm, dcntre elas padem ser citadas shiatsu,
quick massage dentre aulTas. Todas as tecnicas de massagem tentam promover urn
equilibria fisico, mental c energetico.
Danca Bioenergetica - Atraves de movimentos de exprcssao corporal, eria-se urn
processo de hannonia com 0 corpo, mente e espirito.
Aromaterapia - E urn tratamento feito a base de odores. Alguns odores causam
prazer ajudando a rcstabelecer a saude.
Cromoterapia - E urn tratamento fcito com cores. As ondas eletromagneticas que as
cores emitem, ativam a imaginac;:ao, trazendo uma reac;:ao positiva ao organisrno. As cores
indicadas para 0 estresse sao: verde, violeta e azuL
Rossi (1993) cita que 0 professor de psicologia e psiquiatria da Universidade de
Yale, Gary Schuwartz, acredita que as pessoas possam rnelhorar sua qualidade de vida
desenvolvendo algumas caracteristicas, como uma auto-imagern positiva e 0 usa do born
humor para lidar com situac;:oes estressantes. Alterar 0 proprio comportamento pode mudar
a maneira como voce reage a situac;:ao sabre as quais nao tern controle, ou seja aprender a
controlar 0 estressc.
2.3 0 cstresse c a inffincia
Cury (2003) escrevc que a crenc;:a de que emoc;:oes, comportamentos, ambiente
fisico e social da mulher gravida possa exercer influencia sobre 0 desenvolvimento do feto,
e conhecida desde a antiguidade e em todas as culturas, contudo a grande diversidade de
resultados obstetricos estudados, ahados a falta de especificidade da associac;:ao com 0
eSlresse materna dificulta a interpretaC;:3o de resultados. Porem, apesar dcstas dificuldades
as possfveis evidencias em favor desta associa9ao padem ser explicados por meio de
alguns mccanismos fisiopatol6gicos, principalrnente pelo inadequado cornportamento da
mae, como habitos alimentares incorretos, nao realizac;:ao do pre-natal e usa de bebidas,
cigarros e drogas, rcsultariam em efeitos indiretos na gestayao.
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"Bebcs demonstram sua ten sao mediante distUrbios Jigados as func;:6es vitais, como
enurese, inapet6ncia e problemas do 50no. Urn poueo mais tarde, 0 estresse se manifesta oa
fonna de apalia, rClTaimento, choro, irritabilidade e regressoes para estagios de
descnvolvimento anteriores,ja ultrapassados" (UPP, 2004, p.22).
Embora se reconhec;:a a presenc;a do estrcsse oa inrancia e seus efeitos, ainda existe
uma carcncia de cstudos a cstc respeito; nesta ultima decada que sc dell enfase aD assunto e
atualmente pesquisas cstao sendo realizadas pela PUC de Campinas (SP), cujos resultados
comprovam que a presen1f3 do estrcsse faz parte da vida de inumcras crianc;:as brasileiras
assim como em muitos outros paises, e que embora scja urn problema ainda poueo
eonheeido, ja atinge propon;oes mundiais (FRANCA e LEAL, 2003).
o estresse era tide como exclusividade dos adultos, sendo as crianC;;8s imunes
porque "dus nao tinham problemas". Entretanto, Lipp (2004) pesquisadora da PUC
Campinas e dirctora do Centro Psicologico do Stress de Sao Paulo e do Laboratorio de
Estudos Psicofisio16gicos do Stress, esereve que hoje, elas passaram a merecer tam bern
atcnc;;ao quanta aos fatores estressantes. E par esse fato, que desde 1991 desenvolve
pesquisas sabre a assunto e eujos resultados revelam que toda crianc;;a inevitavelmente
cnfrentara situac;;oes de estresse ainda nos primeiros anos de vida e que 0 stress na crianc;;a
pode estar relacionado a fatores internos e extemos, do mesmo modo como ocorre com 0
adulto, cmbora as fontes sejam bern diferentes. Na crianya 0 que mais cria estrcsse sao as
perdas familiares, mudanc;;a de cidade ou escola, separac;;uo dos pais, brigas entre as pais,
violencia domestica, hospitalizac;;3es, acidentes, exigencia exagerada de descmpenho
escolar, social ou esportiva, nascimento de innaos, troea de baba, entre outros.
Dentre as provaveis causas que eontribuem para 0 aumento do estresse infantil, sao
citadas as scguintes: maturidade e indepcndencia precoce, permissividade sexual e excesso
de atividades extra-escolares. Uma fonte de estresse pode ser qualquer emoc;;iio que mude a
ratina de vida da crianya, seja fonte de alegria au tristeza, ressalta Vi lela (1996).
Franca e Leal (2003), afinnam que a proprio desenvolvirnento humano e uma fonte
de estresse, em cada elapa evolutiva que a crianC;;3 se encontra apresentam-se situac;;oes
novas e estressantes com as quais ainda precisa aprender a lidar. Durante seu
desenvolvimento intclectual, emocional e afetivo, a crianc;;a sc confronta com momentos
em que a tcnsao em sua vida alcanya niveis muito aitos, as vezes, ultrapassando sua
capacidade ainda imatura para lidar com situac;;oes conflitantes.
Com reflexao semelhante esta Telcs (1999, p.39), quando diz que: "as crianc;;as
cstao sofrcndo de estresse, isso porque nascem numa cultura altamente competitiva, e a
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sociedade, na figura dos pais e professores, cxige dcmais delas, numa fase em que 0
organismo ja asta muito ocupado consigo proprio (0 fator do desenvolvimento), seu
psiquismo esta se organizando e ainda se apresenta bastante fragil".
Teles (1999) ainda acrescenta que 0 cstresse c urn fato novo, que exige de urn ser
em desenvolvimento urn tipo de comportamcnto para 0 qual a natureza nao 0 prcparou, e a
conseqii€mcia e 0 que estamos venda: sinais de ansiedade, impacicncia, medo e chorD
exccssivos, agressividade, initabilidade, rebeldia, apatia, introversao subita, dcsobediencia,
depressao, fraqucza orgfmica, hipersensibilidade, dor de cabe~a e de barriga, gagucira,
pesadelos, falta de apetite, diarreia, xixi na carna, terror noturno, queda no rendirnento
escolar c falta de concentra9ao.
Tricoli (2004) escreve que vern aurnentando 0 numero de crian9as com sintomas de
estresse, muito provavelrncnte pelo acurnulo de exigencias, assim como a maturidade e a
independencia precoces. Destaca ainda que 0 ingresso cada vez rnais cedo na escota,
associado ao dcsejo de muitos pais de que seus fithos participem de virias atividades
di,irias, pode cstar intensificando 0 estresse infantil na atualidade.
o diagnostico de estresse em crianyas e urn tanto dificil porque alguns sintornas se
confundem com outras patologias e tambem porque a crianc;a em geral nao sabc descrever
o que a esta estressando. Ale'll disso, 0 estrcsse e urn fenomcno cornplexo, eornposto de
varios sintomas, que se confundem e dificultam 0 diagnostico preciso (LIPP, 2003).
E parecer de Upp (2004) que cada vez mais cedo, as crian9as assumem
responsabilidades, disputam a melhor posiyao em qualquer atividade e correm atras de
multi pi as competencias. Estao desprotegidas e recebern de forma dircta a influencia de
uma sociedade que exigc seres perfeitos. Como se isso nao Fosse suficiente, muitos
pequenos sentem 0 peso de exigencias e anl:,TJJstiasmaduras, como a falta de dinheiro ou 0
problema do descmprego oa familia. Esses "probleminhas" sempre tizeram parte do dia-a-
dia das crian93s, mas atualmente, des tern tornado propon;6es exageradas, transformando
em pequenos estrcssados, crianyas que deveriarn brincar mais, dormir mais e se preocupar
menos, completa a doulora.
Comeya-se a perceber 0 estresse infantil por mudanyas de comportamento e quando
suas agendas estao lotadas, muitas aulas, muitos compromissos, pouco tempo para 0 lazer,
para a recrea9ao e para 0 convivio familiar, enfim a criam;::a fica scm tempo para brincar e
descansar.
Upp (1991) relata que um dos principais mitos em tome do estresse infantil eo de
que crianyas nao possuem estresse. Esse modo de pensar pi ora 0 problema em muitas
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crianyas, pais, quando pais ou profissionais negam que a crianya possa ter cstresse, negam
tambcm 0 tratamento adequado. A primeira rCayaO de aib'Uns pais ao detcctar esses
sintomas e a de levar a crian9a a run pediatra. Muitos medicos nao solicitam avaliayao
psicol6gica e receitam urn calrnante para a ctianya, nessas circunsHincias, 0 remedio
mascara 0 estresse e a cnanya pennanece com 0 problema por urn longo periodo. Urn Dutro
mito, e 0 que apenas crianya rica safre estresse; no cntanto a situayao econ6mica da familia
tambem influencia e e urn agravante.
E nu classc social baixa ou earentc que pad om estar as crianyas com urn alto nlve!
de estressc, porguc del as sao exigidas muitas responsabilidades e sao elas que estao no
topo das cstatisticas de abusos e de violcncias.
Alsop (1999) chama atenc;ao para 0 abuso infantil, seja de por dana fisico,
negligencia, abuso sexual ou emocional. Que diariamente as crianyas do mundo inteiro
estao sofrendo e que h<ia necessidade de protegeMlas e de prevenir esta situa9ao.
Esta situac;ao de abuso pode ser observada na escola, a crianr;a evita contato fisico,
tem aparencia tensa, falta de concentra9ao, ansiedadc constante, mudanr;as dc humor,
chora sem motivo, tern comportamento reservado, fica deprimida e vive estressada.
Entre as varias causas do estresse infantil destacamMse as mudanr;as que
acompanham a vida da crianya em seu desenvolvimento como por exemplo: mudanyas de
residencia, de cscola, de professores e de amigos, morte, separay8.o dos pais, excesso de
responsabilidade, doenr;as, hospitalizac;oes, rejeiyao dos colegas, nascimento de innaos,
disciplina confusa por parte dos pais, exigencias ambibTUas da sociedade, alem de fatores
internos, como: personalidade, nivel de ansiedade e timidez, auto-estima rebaixada, desejo
de agradar a todos, medo de nao ser bern sucedida nas pro vas e competir;oes, entre outras
(FRANCA e LEAL).
De acordo com Elkind (1981), a energia exigida, para que a crianya se ajuste as
mudanr;as que ocorrem em sua vida, cria urn desgaste para 0 organismo, podendo
desencadear serias doenc;as. 0 autor acrescenta que, quanta maior 0 numero de mudanyas
que a crianr;a tiver que enfrentar num periodo de doze meses, maior a probabilidadc de
desgaste do organismo, em conseqiiencia do deficit de energia adaptativa, aumentando as
chances da ocorrencia de problemas de saude.
Griinspum (\980), relatando sobre os disturbios psicossomaticos, afimla que na
crianr,:a tambcm e possivel 0 estabelecimento de graus de respostas nos diferentes sistemas
do organismo ate atingir as disturbios psicossomMicos, consideranda as fases de estresse
deseritas par Selye (1965). Propoe 0 seguinte esquema:
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I· Sistema de Atenc;30: HipervigiHincia na Fase de Alanne, contrapondo-se nas
demais fases com incapacidade para manter a atcnc;ao e rendimento.
2- Sistema de CogniCao: Aparecimento de pesadelos, pensamentos rcpetitivos e
ruminal):ao de idcias na Fase de Alannc, com memoria prejudicada, perda de realidade,
fantasia c substituicao da rcatidade, nas fases subscquentes.
3- Sistema Emocional: Na Fase de Alanne com crises de medo, birra e reac;:oes de
ansiedade. Nas autTas fases, apatia.
4- Sistema Somatico: Disturbios psicossomftticos, na Fase de Alarme. Sintomas
corporais regrcssivos, nas demais fases.
Estas considerac;:oes feitas por Griinspum alcrtarn para a necessidade de observac;:ao
e de conhecimento do que aeontecc com a crianca, 0 que pode estar justificando mudanyas
comportamentais importantes para 0 seu desenvolvimento.
Lipp (2004), escrevc que as situa~oes de estrcsse sao ainda mais graves em crianc;as
que apresentam algum tipo de doenC;a, nas que necessitam de intemamento, que sao
portadoras de deficiencias ou que cstao ern fase teoninaL A rotina de ex ames e
procedimcntos apresenta predisposiyao ao estrcsse infantiL
Collucci, do jornal Folha de Sao Paulo, infonnou sobre urn estudo inedito no Brasil
que esta avaliando 0 nlvel de estresse da crianya durante a intemayao c verificando se essa
tensao pode ser reduzida com brincadeiras. A pesquisa esta sendo realizada no hospital
estadual infantil Candido Fontoura, na zona leste de Sao Paulo.
Por meio de exames de sangue - que ja seriam feitos independentemente da
pesquisa -, os pesquisadores estao analisando 0 nlvel de cortisol, honn6nio Iiberado em
situayao de cstressc. A proposta e checar, cientificamente, se 0 fato de a crian~a brinear a
deixa menos estrcssada ern re\ayao as crianQas nao-expostas as brincadeiras. JiI. que na
prfttica os pcsquisadorcs e os medicos pensam que sim, pais tanto os brinquedos, os
contadores de hist6ria c os tcatrinhos, quanta as paredes, os jalecos e estetosc6pios
coloridos, entram nas estrategias para fazer com que a ida ao medico ou ao hospital seja
uma experiencia menos traumatizante para a erianc;a.
Ainda segundo 0 jornal, estudos internacionais rnostram que 44% das crianyas
choram durante urn procedimento medico, 24% cntram em panico c 16% precisam ser
contidos em razuo do desespero, e consequentemente ficam estressadas. No Brasil nao hi
estatisticas oficiais sobre a dor ou 0 medo infantil, em rela~ao a hospitaiizaryoes e a
consultas medicas, mas propostas para diminuir esse medo, a ansiedade e para quebrar 0
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gelo, estilo fazcndo corn que a ctianya fique mais rc!axada, que 0 nivel de estresse seja
reduzido e na rnedida do possivel fazer com cia esteja mais feliz dentro do hospital.
Pesquisando na internet, encontrci 0 parecer da psic610ga Lucia Magano, que
enfatiza que criany3 e crianya e deve ser respeitada como tal, c que a unica possibilidade de
cvitar 0 cstresse infantil e leva-Ia para 0 seu mundo e principaimcnte levar a serio as
brincadeiras infantis. 0 brincar significa 0 rcencontro com 0 prazer, urna possihilidade da
crianya descarregar medos, culpas, ansiedades e emoyoes. 0 brincaT e a exprcssao mais
importantc da crianya.
Na visao de Lipp (2004), especiaiista em estrcsse, urna agenda correta e aquela que
privilcgia quatro itens: socializayao, afetividade, intelectualidade e condicionamento fisico.
"A crian~a precisa passear e hrincar com os colegas, tern de ter uma rela~ao carinhosa com
os adultos que a ccrca e nccessita de uma escola que complemente a atividade intelcctual
com a fisica".
o estresse geralmente aparece quando a crianc;a tern mais tarefas do que pode
realizar, quando sc sente sobrecarregada com tarefas a completar, quando tern dificuldades
para se concentrar numa atividade especifica, come fala ou anda rapidamente, se queixa de
cansa~o com muita freqiiencia (OLIVEIRA, 1996).
Nao podemos esquecer que 0 dia tern 24 horas e nada mais do que isso, mas
existem pessoas que vivem como se 0 dia tivesse mais horas. Marcam uma serie de
compromissos ou tarefas, como se tempo fosse elastico e querem que as crian~as
acompanhem esse ritmo.
"Realizar atividades com pressa significa realiza-las com ansiedade, e somar baixos
desempcnhos com ansiedade significa correr rapidamente em dire~ao ao excesso de
estresse" (OLIVEIRA, 1996, P.63).
Outro fator importante e a alimenta<;:ao e nao podcmos deixar de pensar ne\a. Avila
(2003) diz a esse respeito que a modemidade, a industriaiizac;iio e a urbaniza<;:ao trouxeram
confortos propiciados pel a tecnologia: a oferta de alimentos atraentes e muito pouco
nutritivos com excesso de gordura saturada, colesterol, sodio e a~ucares, estao gcrando
individuos cada vez mais inativos, obesos e cronicamcnte estressados. E acrescenta que
quando ha deficicncia qualitativa e quantitativa quanta aos alimentos que compoem a dieta
ocorrem carencias vitaminicas, minerais e 0 deficit proteico-cal6rico, que sao expressos cm
processos infecciosos (resfriados, gripes), imunosupressao, perda de massa muscular,
estresse fisiol6gico c alteray6es como desanimo, mau humor e irritabilidadc.
21
A alimenta9ao deve seT equilibrada, funcional, variada, forneccndo lodos as
nutrientes necessarios e rcspeitando os hilbitos alimentares da crianc;:a.
2.4 0 cstressc intcrferindo oa aprcndizagcm infantil
Hit mais de 10 anos 0 autor ja estava preocupado em afinnar que as cnancras, naD
menos que os adultos, cstavam sorrcndo de estresse. "Queria alertar pais, cducadores e
profissionais de saude para 0 fato c para lef 0 estresse encarado como uma dinamica basica
em todos os problemas de aprendizagem" (ELKIND, 2004, 1'.19).
Segundo Lipp (2004) hit algumas dccadas alras a crianc;:a iniciava sua escoiariz3c;:ao
pOT volta dos sele aoos, hoje ocorrc rnuito mais precocemcnte, por intennedio das creches e
pre-escolas, no entanto essa precocidade pode provocar, algumas vezes cobranc;as
excessivas, as quais podem se transfonnar em elementos geradores do estresse infantil.
o que mais preocupa alem dos problemas de saude, sono, alimentary30, estado
fisico, emocional e psicol6gico, e ° aprendizado. A crianya estressada inevitavehnente ted.
problemas escolares (LlPP, 2004). 0 estresse excessivo afeta 0 rendimcnto escolar, pois ira
dificultar a concentra9ao, afetani a mem6ria. nao vai prestar aten9ao ao que a professora
diz, tcni dificuldade de relacionamento, ficani nervosa e inquieta s6 ern pensar como vai ter
encrgia para cstudar c aprender, gerara comportamcnto hiperativo e descnvolveni urna
hipersensibilidade emotiva. Essa crian9a nao vai saber lidar com as tensoes da sociedade
modema (FRANCA c LEAL, 2003).
Tricoli (2004) escreve que por mais esfor9ada e inteligente que seja urna crian9a,
dificilmente ela ira bern oa escola durante urna crise de estresse, pois os sintomas de
estresse sao incompativeis com 0 born desempenho escolar. 0 estrcsse excessivo seja
causado por [ontes internas ou externas, dificulta a concentra93.0, afeta a memoria, deixa a
crian9a apatica ou hiperativa, com problemas ernocionais e comportamentais, como: deficit
de aten9ao e concentrac;ao, agressividade, agitaryao ou passividadc.
Para Elkind (2004), hoje em dia as cscolas estressam as crian9as de varias
maneiras, comec;ando por ambientes que impcdem uma aprendizagem efetiva, a ensinos
que obriga a crian9a a lidar desde muito cedo com problemas e incompetencias dos
adultos, que constituem pressoes estressantes para ela cresrya depressa e ainda por
rotularem as criam;as como portadores de deficiencias de aprendizagem Oll retardo mental,
quando podem ter uma deficiencia visual ou auditiva.
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Um3 referencia importante que Tricoli (2004) escreve, e que quando os sintomas de
estresse infantil nao sao diagnosticados, pais e professores menDS avisados irritam-se corn
a crianya que de repente, comec;:a a fazer manha, a seT agressiva ou tcr [raco desempenho
escoiar, levando 0 adulto a temar muitas vezcs atitudes de cobranc;a que tcnde a agravar
ainda mais a situayao, pois se lorna rnais uma fonte de estresse para uma criam;:a ja confusa
e estressada.
Inadequa<;iio pedag6gica e ambiente escolar impr6prio, podem seT rcsponsaveis
pelo alto indice de crianc;:as estressadas. Talvez os pais DaD saibam, mas sellS filhos podem
estar it beira de urn ataque de nervos por causa do colcgio onde estudam. Muitos colcgios
sao excelentes, mas 0 aluno nao consc!:,JUc se adaptar e, diantc das cobranyas POf causa dc
um mau dcscmpcnho, fica estrcssado. Muitas vezes, 0 estresse desaparece apenas na troca
de escola.
A cscola tambem pode provocar 0 estresse oa erianya por conta do proprio
ambiente fisico. Isso pode ser notado de diferentes maneiras: sala de aula pequena e
inadequada as atividades pedagogicas, pouca ilumina9ao, material pedagogico
inapropriado, banco ou carteiras desconfortaveis e excesso de ruidos (UPP, 1991). Delboni
(1997) acrcscenta que ambientes claros, vcntilados, bern iluminados, rnobiliario adequado
e limpos, favorecem a aprendizagem.
Lipp (1991) ressalta que 0 essencial para 0 tratamento das crianyas e uma conversa
com os professores, seodo que na maioria das vezes sao receptivos e ajudam no
tratamenlo. No entanlo, vez Oll outra se escuta frases do tipo: "Isso e frcscura desse
menino!" ou "E pura desobedicncia". Nao se pode deixar de relatar a existencia de muitos
casos em que 0 professor se toma fonte do estresse infantil, em muilas ocasioes, urn
professor eslressado transfere para a erian9a urna parte de seu estresse.
"Problemas escolares surgem com freqiiencia em dccorrencia da dificuldade de
concentrayao e de desenvolvcr 0 pensamento abstrato, alem da tendencia da crianya
estressada mostrar~sc agressiva, dcsobediente, apatica e desinteressada. Como 0 estresse
afeta de modo dramatico a habilidade dc organiza9ao, os cademos e materiais escolares em
geral tornam~se muito mais desorganizados, 0 que dificulta ainda mais 0 estudo" (LIPP,
2004, p.36). E acrescenta que, crianyas estressadas apresentam uma perda de 13% de suas
habilidades, 0 que impliea em piores resultados no processo de ensino-aprendizagern
escolar.
A posicao da familia e rnuito importante diante da dificuldade atual da criancra, 0
essencial e que pais, professores e profissionais da saude fiquem atentos as rea90es das
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crian9as. A crianyu precisa de limites e disciplina, mas nao de mausMtratas e gritos. Epreciso ter muita paciencia nas fuo<;oes de pai, mae au professor, pais fica bem dificillidar
com a crianya estressada. Depois, dcvcm rcduzir suas exigencias e respeitar 0 rftmo da
crian9a, deixando-a brincar c tendo prazer em estar com ela.
Alsop e McCaffrey (1999) classificarn alguns eventos estressores, como: amea9a
por Criany3S rnais vc1has, ser diferentc (sotaque, roupa, religiuo au deficiencia),
apresentar-se em publico, chegar atrasado na escola, unnar oa sala de aula, ser 0 ultimo do
time, levar boletim ruim para casa, restes e exames, mudar de c1asse au escola,
"0 estresse infantil tern tratamenta, deve ser realizado por urn psic61ogo
especializado em estresse em conjunto com a familia, em especial com os pais, com a
escola e com a crianya, podendo assim identificar quais sao as causas desse estresse"
(TRICOLI e BIGNOTTO, 2000, p.124).
2.5 0 estresse, seus sintomas e a preven~ao
o tema em questao nao tem merecido a atenyao devida, principalmente no que se
refere a preven<;ao. Se, atualmente, tem~se urn numero considenivel de adultos com
sintomas de estresse, e imprescindivel que se volte para 0 diah:rnostico precoce c a
preven<;3.o que pode e deve se dar na inrancia.
Existc, de fato, uma carencia de pesquisas com relac;ao ao estresse em crian<;as.
Sabe~se que 0 tema vern merecendo aten<;ao constante da midia, mas faltam dados
estatisticos, bern como encontrar medidas para soluciomi~lo ainda na infincia, com a
objetivo de impedir 0 seu agravamento na fase adulta (VILELA, 1996).
Tratando deste tema, Bignotto (2004) escreve que nao existe uma receita, mas a
prevenC;ao do estresse infantil come<;a com uma vida equilibrada dos pais, valorizando a
crian<;a como ser humane e respeitando seu dtmo, assim for1alecendo sua auto~estirna e the
ensinado os limites normais de suas for<;as e capacidades. 0 irnportante e descobrir 0 que
seria uma fonte de estresse para as erianyas.
Diz ainda que outro aspecto de prevenyao e sirnplificar 0 eotidiano e tambcm 0
tempo que a crian<;a passa ern atividades nao programadas, ou seja, em brincadeiras livres
au scm nada para fazer, pois 0 brincar e uma atividade fundamental para 0
desenvolvimento da crian<;a, onde eIa adquire coordenac;ao matara, espirita de equipe,
cooperac;ao, limites e ainda aprende a perder.
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Segundo Tricoli (2000) 0 estresse infantil pode ser prevenido em casa. Para que as
pais consigam resultados satisfat6rios precisam inicialrnente cui dar de seu proprio estresse,
depois 0 ideal e evitar envolver a criano;;a em contlitos conjugais, nao sobrecarrega-la corn
atividades, nao companl-Ia com Dutra crianya, nao substituir sua prescnya com presentes,
dar-Ihe bons excmplos e seguranya, trata-Ia com respeito, ouvir suas queixas e estar atentos
as mudanyas de comportamento.
o cstresse deve ser proporcional a idade e ao amadurecimento da crianya. Tente
identificar 0 que csta estrcssando a crianya e se passivel diminua a pressao que ela esta
sofrcnda. Naa a poupe em demasia, a crianya que e muito protcgida nao desenvolve
imunidade ao estresse. Quando na~ for possivel protege~la do estresse excessivo (como no
caso de uma morte na famflia, rnudanlYa de cidade, de escola, etc.) necessario se toma
fortalecer a crianlYa para lidar 0 melhor possive! com a situalYao (LIPP, 2000).
Para identificar uma crianya estressada 0 diagnostico sempre deve ser feito em
funyao de varios sintomas e nao de urn sintoma isolado. Deve haver urn quadro
sintomatologico que inc1ua a1b'Uns dos seguintes itens: pesadelos, ansiedade, afliyiio,
hiperatividade, desatenyao, apatia, dores musculares nas pemas, dor de barriga, de cabelYa,
inquietude, sensibilidade excessiva (que leva a crian9a a chorar por qualquer coisa),
desobediencia, medo, tobia, dificuldades na escola e com os amigos, entre outros. 0 mais
importante e observar se a crianlYa mudou seu comportamento, se nao e mais a mesma, se
parece in feliz (LlPP, 2004),
A perceplYao dos sinais de estresse na inrancia poden'!. auxiliar sobretudo os adultos
que con vi vern com crianyas a compreender os pedidos de ajuda, quando 0 nivel de tensilo
for insuportavel para a fTagilidade do organismo infantil (LUCARELLI, 2004).
Combater 0 estresse e antes de tudo reaprender a interagir com pessoas e reagir
saudavelmente diante das ocorrencias da vida. E para iniciar urn processo de resgate da
saude e do equilibrio, nada melhor do que fazer uma auto~ava1iayao consciente. So assim
seremos capazes de resolver as situayoes que nos fazem tanto mal (DELSONI, 1997).
A autora acrescenta que milab'TeS nao existem, 0 bern estar fisico e mental requer
trabalho, mas urn trabalho agradavel e descontraido que respeite 0 estilo e 0 limite de cada
urn, principalmente que seja fonte de grande prazer. Encontrar paz interior implica em
conhecer a si mesmo, seus gostos, suas vontades, seus pontos fracos e fortes, sua
fragilidade e 0 seu excesso de rigidez.
Pacicncia, prazer de estar com a crianlYa, alegria, aceitas:ao, calma nos problemas,
atitude realista, valorizayao das crianyas, brincadeiras e respeito ao ritmo das crianyas sao
25
algumas das atitudes que podem ajudar uma crian9a estrcssada. Alem disso, e importante
ficar alento aos sintomas do estresse e procurar identiticar suas causas, diminuindo as
prcssoes.
Cornbater 0 estrcsse nao tern uma formula pronta, para que 0 problema seja
soiucionado, a intervenc;:ao deve ocorrer sempre, com enfase tanto na cum como na
prevenc;:ao do problema. 0 primciro passo para reduzir 0 estresse e dar-se tempo para
cui dar da vida pessoa\ e familiar, como: fazer um csporte, aimoc;:ar com a familia, fazer
uma caminhada, curtir seu filho, tomar urn banho relaxante, ouvir uma musica, fazer
compras e melhorar a aiimentac;:ao, entre Qutras complcta Hindle (1999) e constata: nao h<i
formula que garanta uma vida scm estresse, mas hfl tccnicas capazes de reduzi-lo.
Teles (1999) escrcve algumas regrinhas simples e que funcionam para evitar 0
estresse: dc-se prazer, nao exija muito de voce, descanse, fa'f3 uma coisa de cada vez,
pratique esportes, faya algo por ai.bTUCm,dcsabafc com urn amigo, fac;:a novas amizadcs,
aceite-sc como voce c, aprenda tecnicas de relaxamento, tire ftrias, ria mais, caminhe, [.19a
uma coisa de cada vez.
Como diz Hindle (1999, p.9). ''Nao hi formula que garanta uma vida sem cstresse,
mas hoi. tccnicas capazcs de reduzi-lo".
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3. SUGESTOES E IDEIAS PARA ENTENDER 0 ESTRESSE
Na idadc da pe(ira, 0 hornem, diante de uma amear;a real, por exemplo; urn mamute,
lidava com uma questao de vida au marte: cnfrentava uma situa9ao de estrcsse intenso, em
que seu corpo e sua mente alteravam-se c preparavam-se para resolver a situaC;8o. Etc
precisava ser forte c agir com criatividadc c rapidez, estar pronto para supertar os
possiveis ferimcntos au mcsmo para fugir. Independentemente do desfecho, 0 homem
primitivo resolvia sua situ3r;ao de estrcssc. Eta acabava ali mesmo, a ameac;a tinha urn
tim.
Hoje, diantc de nossos tigres modernos, tcmos as mesmas aiterar;oes em nossa
corpo e mente que 0 homem das cavemas, mas oa maioria das vezes, nao conseguimos
cJirninar a amear;3 c, conseqiientemente, acabar com 0 estresse. Carregamos 0 perigo por
urn longo tempo, levamos 0 mamute para nossa cama, temos insonia, 0 alimentamos em
nossa mesa, sonhamos em nos livrar dele e estamos sempre preparados para eofrenti-lo.
Desta forma 0 estresse parece ctemo. Nada e rcsolvido de imediato: 0 perigo nao e
c1iminado, as mudan9as fisiol6gicas continuum e 0 estresse tambem. Pior, 0 mamute, ja tao
intima que acaba tomando conta de nossas vidas, constata Oliveira (1996).
E por issa que 0 estresse se tomou urn problema ao lango da historia e pussou a ser
lema canstante de estudos medicos e cicntificos, e que esta merecendo mais pesquisas,
principalmente no que diz respcito ao estrcsse infantil.
Podcmos considerar 0 estrcsse como urn grau dc desgastc do corpo, como urn todo.
Assim, a estreita rela9ao entre 0 envelhecimento e 0 estresse toma-se evidente. 0 estrcsse ea soma de todo 0 desgaste causado por qualquer tipo de rea9ao vital atraves do corpo, a
qualqucr mom en to. Por isso elc e uma cspecie de velocimetro da vida. A vitalidade If: como
um tipo especial de deposito bancario que voce pode usar para fazer retiradas, mas nao
para fazcr depositos. 0 unico controle sabre essa fortuna C 0 ritmo com que voce faz suas
retiradas.
Para que as crian9as nao sofram de estrcsse sao necessarios alguns cuidados, as
vezes muito simples para alguns, as vezes trabalhosos para outros, mas que valem a pena,
pois csses seres tao pequenos nao podem e nem devem passar por situa90cs que as fa9am
sofrer desse mal.
Basicamente esses cuidados sao:
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- Deixe a crianc;a ser crian<;a, deixe-a brincar, pular, se divertir; deixe-a livre, sem
prcocupac;oes. Nao a sobrecarregue de atividades, nao fw:;a da cnanC;3 urn adulto ern
miniatura.
- Ela precisa de arnOT, carinho e dedicac;ao. Precisa tambcm de alimentac;ao,
moradia e da presenCia afctuosa de seus pais Oll cuidadores; de professores atenciosos e
competentes.
- A criancya precisa ser ouvida e seus timites devem ser respeitados.
Quando 0 estrcsse ja csta presente oa vida da crian<;a, quando ja sc manifesta
atraves de irritabilidade, problemas corn 0 sono, com a alimentac;ao, com dificuldades na
aprendizagem, Oll com dores freqtientes, e preciso descobrir a causa desses problemas, 0
que a esta estressando e partir para muctanc;as. Mudanc;as que devem ser feitas
cuidadosamente, prestando aten9ao nos itens citados it cima.
Dalai-Lama deixou uma mensagem em prol da paz, que: s6 se pode mudar 0
exterior quando 0 interior muda. Portanto se voce esta bern eonsigo, nao vai pennitir que
seja agredido por press6es externas, porem se voce c inscguro, sensivel, ansioso,
perfeccionista, ambicioso, nao estabelece limites, voce e wna presa faeil do estresse.
"Antcs de esperar que os outros se modifiquem, precisamos comc9ar mudando a
n6s mesmos" (JUPP, 1998).
28
4. CONCLUSAO
o stress e 0 resultado do homem criar uma civilizulYao, que cle, 0 proprio homcm,
nao mais consc!:,'1lC suportar, diz Selye.
Devido a correria diaria, com muitas tarefas c compromissos, a socicdade esta
fonnando cidadaos estrcssados. E as crianc;as estao senda obrigadas a acompanhar 0 ritmo
dos adultos. Para a crianc;:a que 0 proprio desenvolvimento humane e uma fonte de estresse,
saber lidar com situayoes novas a cada instante, com honirios rigidos, muitas ocupac;:oes,
mudanc;as freqiientes, competi90es e tensoes, sao para elas dificuldades que nem scmpre
sao bern administradas.
o cstressc ocorre na crianc;:a quando cIa tern que lidar com alguma coisa irnportante,
boa au rna, que a amedronte, a confunda, que exija dela mais do que pode fazer, ou entao
alga que a fa.;:a muito feliz.
Toda crian.;:a passa por momentos em que se sente estressada, demonstra esse
estado atraves de birras, choramingos, irritabilidade, ansiedade, desobediencia, rebeldia,
hiperatividade, dores, dificuldades para donnir. e conseqiientemente dificuldades na
escoia, como falta de aten.;:ao, concentrayao, agressividade, apatia, desorganizayao e
desanimo para fazer as atividades. Em alguns casos 0 estresse pode ser pequeno e passar
logo, mas as vezes pode ser maior e demorar muito para passar.
Dentro da escola 0 professor tambem pode perceber 0 estresse, deve estar sempre
atcnto, scm pre obscrvando 0 seu aluno, procurando as causas das mudanyas ocorridas com
essa crianc;a, 0 porque dela estar com dificuldades, estar diferente. Procurar ajuda,
comunicar a dire980 da escola que deve tamar providencias, conversar com os pais,
investigar fatos para que possa contribuir para a reduyao do estresse, inclusive quando for
ele proprio a fonte de estresse na crianya.
Pais, professores e medicos, entre outros adultos podem contribuir para a reduyao
do estrcsse infaotil dcvem estar atentos a esse mal que afeta urn grande numero de crian9as
e que 0 diagnostico imediato e esscncial para a supera930 do problema (UPP, 2004).
Nao existe uma f6nnula pronta, mas se interessar pela crian<;:a, pelo 0 que ela esta
sentindo e cnfrentando oeste momenta e 0 primeiro passo para ajuda-la a recuperar a
tranquilidade e a alegria natural da inrancia. Uma fonna de ajuda-Ia nos momentos em que
se sente inquieta, nervosa, cansada e sem conseguir prestar aten.;:ao as coisas, e tentar fazer
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urn excrcicio de relaxamento ou chama-I a para uma brincadeira, distraindo-a e
conseqiientcmente levando-a para 0 seu mundo.
Como nos diz Elkind (2004), se os adultos se concentrassem no aqui e agora, sem
sc prcocupar com 0 ontcm ou com 0 amanha, seus filhes fariam 0 mesmo. As crian~as
vivem no prescnte, sabem quando os pais estao com elas fisicamente e nao mentalmente.
Cada momento compartilhado com as crian93s, sao momentos unicos, quanto mais
incorporarmos essas valvulas de escape do estrcsse as nossas retinas, mais as crian9as
podcrao aprcnder estrategias similares.
A artc de viver e a taTefa mais dificil que as crian9as tern de aprendcr e a
aprenderao sc sellS pais ou cuidadores tiverem uma maneira de enxergar a vida como um
todo. Pressionar as crianryas para serem adultas viola 0 encanto da vida, 0 ideal e valorizar
cada peri ado, cada estagio da vida. Devemos apreciar da inffi.ncia com suas proprias
alcgrias, tristezas e preocuparyoes; enxerga-Ia como urn periodo ao qual as crianryas tern
direito e valoriza-Ia como urn periodo feliz.
Mais do que remedios e carinhos, 0 tratamento do estresse infantil rcquer urna
pesquisa sobre as causas, sabre a que au qual fato esta afctando a crianrya, pais se ela
aprender a administrar 0 estresse desde pequena, sera um adulto fortalecido, com maior
poder de se socializar, de interagir afetivamente e de produzir com cornpetencia e
criatividadc; cvitando a probabilidade de ser tomar urn adulto fragilizado.
Teles (1999), concJui que quando nos tomanTIOS rohos, talvez nao tenhamos que
viver 0 pesadclo do estrcsse e da dar, mas tambem tercmos perdido, para sempre, a noryao
de felicidade, de alegria e de bcleza.
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