UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU EM
EDUCAÇÃO FÍSICA
ESTRESSE PSICOFISIOLÓGICO EM JOVENS ATLETAS DE
FUTEBOL DURANTE JOGOS SUCESSIVOS
JULIO CESAR BARBOSA DE LIMA PINTO
NATAL - RN, 2017
ESTRESSE PSICOFISIOLÓGICO EM JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL
DURANTE JOGOS SUCESSIVOS
Julio Cesar Barbosa de Lima Pinto
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Educação Física da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como requisito
parcial para obtenção do grau de Mestre em
Educação Física.
Orientador: Prof. Dr. Arnaldo Luis Mortatti.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências
da Saúde - CCS
Pinto, Julio Cesar Barbosa de Lima.
Estresse psicofisiológico em jovens atletas de futebol durante jogos sucessivos / Julio
Cesar Barbosa de Lima Pinto. - Natal, 2017.
51f.: il.
Dissertação (Mestrado em Educação Física)-
Programa de Pós-Graduação em Educação Física.
Centro de Ciências da Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Orientador: Prof. Dr. Arnaldo Luis Mortatti.
1. Monitoramento - Dissertação. 2. Cortisol
salivar - Dissertação. 3. Carga interna -
Dissertação. I. Mortatti, Arnaldo Luis. II.
Título.
RN/UF/BSCCS
CDU 796.012.12
Julio Cesar Barbosa de Lima Pinto
ESTRESSE PSICOFISIOLÓGICO EM JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL
DURANTE JOGOS SUCESSIVOS
Data: ___/___/___
Comissão Examinadora:
________________________________________
Prof. Dr. Arnaldo Luis Mortatti
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
_______________________________________
Prof. Dr. Alexandre Moreira
Universidade de São Paulo
_______________________________________
Prof. Dr. Eduardo Caldas Costa
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus e aos meus pais por toda a contribuição
incomensurável. Agradeço ao professor orientador Dr. Arnaldo Luis Mortatti, pela grande
contribuição para ampliação da minha mente como pesquisador e pessoa. Desde já agradeço a
banca examinadora formada pelos professores Dr. Alexandre Moreira, Dr. Leonardo de Sousa
Fortes e Dr. Eduardo Caldas Costa pela disponibilidade para participação e pela contribuição
de excelência prestada ao trabalho.
Agradeço aos membros do grupo GEPEFIC, pelas contribuições e toda ajuda
necessária. Agradecido também aos demais membros dos outros grupos de pesquisar que tive
a satisfação de conhecer e que tiveram importante contribuição na minha formação social e
acadêmica. Marco aqui também, o agradecimento a todos os professores, assim como os
funcionários do Programa de Pós-Graduação em Educação Física da UFRN, que tiveram
participação a minha formação.
Abraço a todos.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 7
2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................. 10
3 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 11
3.1 Objetivo geral ..................................................................................................................... 11
3.2 Objetivo específico ............................................................................................................. 11
4 HIPÓTESES .......................................................................................................................... 12
5 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................................ 13
5.1 O adolescente atleta ........................................................................................................... 13
5.2 Controle e monitoramento da carga interna ................................................................... 14
5.2.1 Cortisol no monitoramento da carga interna ................................................................. 17
5.2.2 Percepção do esforço no monitoramento da carga interna ........................................... 20
6 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................ 22
6.1 Modelo do estudo ............................................................................................................... 22
6.2 Participantes da pesquisa .................................................................................................. 22
6.3 Critério de inclusão e exclusão ......................................................................................... 22
6.4 Local da pesquisa e delineamento experimental ............................................................. 23
6.5 Procedimentos da pesquisa ............................................................................................... 24
6.5.1 Coleta da carga interna competitiva ................................................................................ 24
6.5.2 Coleta salivar .................................................................................................................... 24
6.5.3 Determinação do cortisol ................................................................................................. 25
6.6 Análise estatística ............................................................................................................... 25
7 RESULTADOS ..................................................................................................................... 27
7.1 Caracterização dos atletas e dos jogos ............................................................................. 27
7.2 Cortisol salivar ................................................................................................................... 28
7.3 Correlações entre delta de variação de cortisol, PSE da sessão e carga interna .......... 31
8 DISCUSSÃO .......................................................................................................................... 32
9 CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 38
10 ASPECTOS PRÁTICOS .................................................................................................... 38
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 39
ANEXOS ................................................................................................................................... 49
RESUMO
ESTRESSE PSICOFISIOLÓGICO EM JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL DURANTE
JOGOS SUCESSIVOS
Autor: Julio Cesar Barbosa de Lima Pinto
Orientador: Arnaldo Luis Mortatti
Objetivo: Analisar o efeito da carga interna competitiva (IC)
sobre a atividade do eixo Hipotálamo Hipófise Adrenal (HHA) em atletas jovens durante os
jogos oficiais. Metodologia: Um total de 20 atletas de futebol (16,8 ± 0,5, 172,9 ± 7,7cm, 65,0
± 7,9kg, 8,3 ± 1,8% de gordura corporal, 53,1 ± 2,0 ml.kg.min-1) da categoria sub 17 que
realizaram dois jogos sucessivos (J1 e J2), com um intervalo de 24 horas entre eles. Para
determinar a carga interna competitiva, utilizou-se o método Percepção Subjetiva de Esforço
da sessão (PSE-sessão), o cortisol salivar foi utilizado para determinar a atividade do eixo
HHA e o tempo no campo (TEC) foi utilizado para a determinação de a carga interna e medir
o tempo que os atletas passaram em condição de jogo. O teste t pareado comparou os valores
de cortisol salivar (pré e pós) em ambos os jogos; também comparou a IC, o TEC, o delta do
cortisol salivar entre as partidas. Em um segundo, dividiu o grupo de jogadores de acordo com
a mediana da carga interna (Alta carga interna) [ACI], n = 7; Baixa carga interna [BCI], n = 7).
ANOVA mista de medidas repetidas, comparou os grupos no tempo e a interação dos grupos
nos tempos para a variável cortisol salivar. Utilizou-se um teste t independente para comparar
as variáveis carga interna, PSE-sessão, TEC e variação do cortisol salivar entre os diferentes
grupos. Resultados: As concentrações salivares de cortisol aumentaram após os dois jogos J1:
p <0,001 e J2: p <0,001). Não foram encontradas diferenças entre a carga interna (p = 0,55), a
PSE-sessão (p = 0,32) e o TEC (p = 0,37) entre os jogos. O valor do cortisol de acordo com a
divisão dos grupos foi observado que a exposição dos atletas a diferentes cargas internas
competitivas (ACI e BCI) acarretou respostas similares do eixo HHA (p> 0,05), embora os
grupos apresentara efeito de tempo. Além disso, nas demais variáveis de acordo com a divisão
dos grupos, os valores de IC, TEC e PSE-sessão foram maiores no grupo ACI. Conclusão:
Em suma, jogos competitivos realizados em um curto período de tempo acarretou um aumento
de forma aguda os valores de cortisol salivar em ambos os jogos; no entanto, este aumento não
parece ser dependente da exposição a diferentes magnitudes de carga interna competitiva em
atletas jovens.
Palavras-chave: Monitoramento; Resposta hormonal; Carga interna; Cortisol salivar.
ABSTRACT
PSYCHOPHYSIOLOGICAL STRESS IN YOUNG SOCCER PLAYER DURING
SUCCESSIVE MATCHES
Author: Julio Cesar Barbosa de Lima Pinto
Advisor: Arnaldo Luis Mortatti
Objective: To analyze the effect of competitive internal load (IL) on the activity of the
Hypothalamic Adrenal Hypophysis (HAH) axis in young athletes during official matches.
Methodology: A total of 20 soccer athletes (16.8 ± 0.5, 172.9 ± 7.7cm, 65.0 ± 7.9kg, 8.3 ±
1.8% body fat, 53.1 ± 2.0ml.kg.min-1) of the under 17 category performed two successive
matches (M1 and M2), with a 24-hour interval between them. In order to determine the
competitive internal load, the method subjective effort exertion (session-RPE) was used, the
salivary cortisol was used to determine the activity of the HHA axis and the time in the field
(TIF) was used for the determination of the internal load and to measure the time that the
athletes spent in game condition. Paired t test compared salivary cortisol values (pre and post)
in both matches; Also compared the IL, the TIF, the salivary cortisol variation delta between
the matches. In a second, divided the group of players according to the median of the internal
load (high internal load) [HIL], n = 7; Low internal load [LIL], n = 7). Mixed ANOVA of
repeated measures, compared the groups in time and the interaction of the groups in the times
for the variable salivary cortisol. An independent t-test was used to compare the variables
internal load, session-RPE, TIF and the salivary cortisol variation delta between the different
groups. Results: Salivary cortisol concentrations were increased after both sets M1: p <0.001
and M2: p <0.001). No differences were found between internal loading (p = 0.55), session
PSE (p = 0.32) and TIF (p = 0.37) between matches. The cortisol value according to the
division of the groups was observed that the exposure of the groups (HIL and LIL) to different
competitive internal loads has similar responses of salivary cortisol (p > 0.05), although the
groups had an effect of time. In addition, in the other variables according to the division of the
groups, the IL, TIF and session-RPE values were higher in the HIL group. Conclusion: In
conclusion, competitive matches performed in a short period resulted in an acute increase in
salivary cortisol values in both matches; however, this increase does not appear to be
dependent on exposure to different magnitudes of competitive internal load in young athletes.
Keywords: Monitoring; Hormonal response; Internal load; Salivary cortisol.
7
1 INTRODUÇÃO
O cenário que envolve competições esportivas oficiais é repleto de situações que
sobrecarregam os atletas no contexto psicofisiológico (CASTO e EDWARDS, 2016). Tais
situações podem ser decorrentes da exigência advinda da comissão técnica para alcançar
melhores resultados, da importância do jogo ou da competição, assim como da exigência
pessoal. Esse cenário pode favorecer uma resposta imediata do eixo-hipotálamo-hipófise-
adrenal (HHA) resultando no aumento dos níveis de cortisol (SALVADOR et al., 2003;
MOREIRA et al., 2013; CASTO e EDWARDS, 2016), afim de ajustar o organismo para
responder melhor a condição que o organismo está sendo exposto. Esse quadro estressante de
jogos competitivos pode ser agravado pela exposição a competições esportivas realizadas com
alto volume de jogos em poucos dias, situação comumente vista no desporto juvenil, o que
pode favorecer a um maior sobrecarga psicobiológica (ARRUDA et al., 2015; MOREIRA et
al., 2016).
A atividade do eixo HHA de forma aguda em resposta ao exercício está bem evidente
na literatura, tendo como principais moduladores a intensidade e duração (DUCLOS e
TABARIN, 2016). Além disso, durante condições esportivas tal atividade pode ser em
decorrência do efeito antecipatório ao evento (SALVADOR et al., 2003), com o resultado da
competição (FERNANDEZ-FERNANDEZ et al., 2015; GONZALEZ-BONO et al., 1999) e
com as diferentes fases do treinamento (FREITAS et al. 2014). Adicionalmente, pode estar
relacionada à importância ou ao ambiente do jogo, haja vista que Haneishi et al. (2007)
observaram que a magnitude de variação do cortisol salivar foi determinada pelo nível de
importância do jogo, uma vez que jogos competitivos tiveram maiores concentrações em
relação a um jogo treino. Em relação ao ambiente do jogo, Arruda et al. (2016), observaram
que houve variações de cortisol maior em jogo realizado em “casa” em comparação com jogo
no ambiente adversário.
Em contrapartida, alguns estudos de carácter longitudinal, apresentam resultados
convincentes que, em condições de repouso, a resposta do cortisol salivar em jovens atletas
parece não ser afetada em resposta a uma condição competitiva (MORTATTI et al., 2012;
MOREIRA et al., 2016). Nessa perspectiva, devido à característica multifatorial da
competição esportiva, somada a pequenos intervalos de recuperação entre os jogos, torna-se
8
pertinente monitorar efetivamente os ajustes fisiológicos agudos de jovens atletas para
contemplar uma organização racional do processo de preparação como um todo.
Algumas metodologias associadas à resposta do cortisol salivar, como a Percepção
Subjetiva de Esforço da sessão (PSE da sessão) (FOSTER et al., 2001) está em evidência na
literatura científica sendo confirmada sua utilização para a organização das cargas de
treinamento ou carga competitiva em atletas adultos e jovens de várias modalidades. Tal
metodologia é sensível a modulação de microciclos com intensificação de carga de treino
(FREITAS et al., 2014) e contribui para orientação e monitoramento das cargas competitivas
ao longo da temporada (ARRUDA et al., 2013; KELLY e COUTTS, 2007). Além disso, a
PSE da sessão apresenta uma aceitável utilização em esportes coletivos, tanto para o
monitoramento direto, como para entender a demanda fisiológica da modalidade
(IMPELLIZZERI et al., 2004; ALEXIOU e COUTTS, 2008; MOREIRA et al., 2015).
Porém, em decorrência dessa exigência psicofisiológica, uma compreensão mais
robusta do estresse que os atletas são submetidos durante diferentes situações da prática
desportiva (treinamento, competição ou jogos sucessivos) deve ser considerada. Nas últimas
décadas o número de estudos utilizando marcadores bioquímicos como o cortisol salivar,
associado ou não com a percepção subjetiva de esforço e escalas de estresse percebido, no
intuito de monitorar e controlar rotinas de treinamento ou competições tem aumentado
(HALSON, 2014; PAPACOSTA e NASSIS, 2011; MORTATTI et al., 2012,
PAPADOPOULOS et al., 2014; FREITAS et al., 2014; MOREIRA et al., 2016). Atualmente,
a utilização de tais formas de monitoramento está sendo encorajada pelo Comitê Olímpico
Internacional, desde a formação do atleta até a idade adulta, sendo úteis no monitoramento das
cargas de treino e competição (BERGERON et al., 2015; SOLIGARD et al., 2016). Assim, a
identificação e o monitoramento da carga interna competitiva, demonstram-se fundamental na
preparação esportiva para entender e adequar as demandas físicas e mentais durante as
competições esportivas, a fim de potencializar o desempenho psicobiológico e,
consequentemente, o seu resultado (KIVLIGHAN et al., 2005; SOLIGARD et al., 2016).
Diante do pressuposto e tomando como base a existência de uma lacuna na literatura,
principalmente em um cenário composto por jogos com curto período de recuperação entre
eles e ainda, sabendo que jovens atletas são expostos a uma considerável sobrecarga
metabólica e física durante jogos (ALIX-SY, LE SCANFF e FILAIRE, 2008; ASLAN et al.,
2012; MORTATTI et al., 2012; MOREIRA et al., 2016), o monitoramento da carga interna
9
competitiva, seja por meio de escalas, questionários ou por variáveis bioquímicas é necessária
para dar suporte e fornece uma orientação do comportamento psicofisiológico do jovem atleta.
Portanto, o trabalho aqui apresentado abordará a resposta psicofisiológica de jovens atletas
durante jogos oficiais e a relação entre as diferentes formas de mensuração da carga interna.
10
2 JUSTIFICATIVA
O monitoramento dos componentes bioquímicos e perceptuais que elucidem o
comportamento psicofisiológico (observação de parâmetros hormonais, esforço percebido e
tempo sob exercício) de jovens atletas expostos a uma carga competitiva é de fundamental
importância para adequação dessas cargas, principalmente durante o período de
desenvolvimento esportivo, quer seja no treinamento ou na competição. Contudo, percebe-se
que há uma lacuna na literatura que aborda esse público específico durante a realização de
jogos oficiais com um curto período de recuperação e que esclareça aspectos psicofisiológico
agudos, que poderiam vir a comprometer esses indivíduos na prática esportiva precocemente
(CAPRANICA e MILLARD-STAFFORD, 2011). O Comitê Olímpico Internacional, em suas
diretrizes para elaboração de programas para o desenvolvimento de talentos esportivos já
reforça a necessidade de ampliar o número de evidências com a utilização de instrumentos
para monitorar o treinamento dos adolescentes atletas (BERGERON et al., 2015).
Dessa forma, espera-se que o entendimento desses parâmetros ajude a esclarecer a
respeito das exigências (fisiológicas e psicológicas) de sucessivos jogos na população juvenil,
que contribuirá como subsídio para controle, programação de rotinas de treino e condições de
saúde, além favorecer a sistematização do calendário competitivo do jovem atleta.
11
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
Analisar o efeito da carga interna competitiva na atividade do eixo HHA em jovens
atletas durante jogos oficiais.
3.2 Objetivos específicos
1) Comparar os valores de cortisol salivar pré e pós jogo.
2) Analisar as correlações entre o delta de variação do cortisol salivar com a carga interna e
PSE da sessão.
3) Analisar o efeito da exposição a maior carga interna na resposta do eixo HHA.
12
4 HIPÓTESE
Tendo em vista que o eixo HHA reponde ao estresse fisiológico e psicológico presente
em competições esportivas, espera-se que os valores de cortisol se elevem em função do
estresse desencadeado pelos jogos e que esse aumento possa ser influenciado pela exposição a
diferentes magnitudes de carga interna. Além disso, partindo do pressuposto que intensidade e
duração do estresse possam influenciar a magnitude da resposta do eixo HHA espera-se
associação entre as medidas de carga interna, PSE da sessão com a variação do cortisol.
13
5 REVISÃO DA LITERATURA
5.1 O adolescente atleta
O crescimento da população de jovens atletas está evidente no contexto mundial e essa
população recebe constantemente treinamento especializado e está exposto a competições
esportivas precocemente, o que de fato deve ser bem controlado, haja vista que a saúde desse
público é o que mais precisa de atenção (MOUNTJOY et al., 2008). Assim, o treinamento
esportivo adequado deve começar na infância para que o jovem possa progressivamente e
sistematicamente desenvolver o corpo como um todo, no intuito de conquistar a excelência em
longo prazo, sem maiores problemas (BOMPA, 2002). Entretanto, os programas para jovens
atletas, na maioria das vezes, copiam os programas de treinamento de adultos que foram bem-
sucedidos no esporte, e dessa forma, não respeita as potencialidades inerentes ao período da
adolescência (BOMPA, 2002). Para que isso não ocorra, os treinadores devem reconhecer a
necessidade de dotar o jovem atleta com um programa de treinamento variado e estimulante,
além de também demonstrar a progressão adequada (OLIVER, LLOYD e MEYERS, 2011).
Vale ressaltar que algum grau de especialização esportiva é necessário para ampliar o
desenvolvimento de habilidades de nível de elite, no entanto, treinamentos intensos
direcionados a um único esporte com a exclusão dos demais deve ser desencorajada até o final
da adolescência para otimizar o sucesso enquanto minimiza o surgimento de possíveis lesões,
estresse psicológico e burnout (JAYANTHI et al., 2013).
Atletas em formação têm necessidades sociais, emocionais e físicas distintas que
variam dependendo estágio maturacional, assim, o atleta jovem exige treinamentos e
competições que respeitem todo o processo de desenvolvimento, na tentativa de garantir uma
carreira segura, saudável e que promova o bem-estar do atleta no futuro (MOUNTJOY et al.,
2008). A identificação do estado maturacional e o acompanhamento a partir desses dados está
evidente no estudo de Ostojic et al. (2014), os autores acompanharam uma coorte de 55 jovens
atletas dos 14 aos 22 anos e analisou a prevalência dos diferentes grupos de maturação óssea
(precoce, normal e tardio) que se inseriam entre os clubes que disputavam as melhores
competições europeias. Os resultados demonstraram que 60% dos indivíduos com maturação
tardia estavam presentes em competições mais importantes, enquanto que 38% dos indivíduos
com maturação normal e apenas 11% com maturação precoce. Esses dados mostram que
14
devemos ter cautela na hora de pensar em desenvolvimento do jovem atleta, e que não
devemos ignorar aspectos fundamentais como a maturação biológica.
Nos últimos anos a prática de esportes na infância e adolescência teve um aumento
motivado pela possibilidade de prestígio social para atletas bem-sucedido, que na maioria das
vezes desfrutam de reconhecimento nacional e de alto poder financeiro. Dessa forma, muitas
crianças e adolescentes, que participam de atividades esportivas, aspiram a alcançar níveis de
elite (JAYANTHI et al., 2013). Por esses motivos, essa maior aderência a programas
esportivos para formação de atletas deve ser cuidadosamente acompanhada, pois de acordo
com Myer et al., (2015) o treinamento intenso durante grandes períodos de tempo em um
único esporte pode ser um fator de risco para aumento de lesões musculoesquelética (overuse
e taxa de lesões). Dessa forma, os pais e treinadores precisam ser cautelosos sobre incentivar
especialização esportiva na juventude, tendo em vista que, atletas jovens requerem mais tempo
de recuperação entre as sessões de treino consecutivas em comparação com os seus homólogos
adultos de elite (OLIVER, LLOYD e MEYERS, 2011). O Comitê Olímpico Internacional,
com o intuito de fazer treinadores e preparadores físicos repensar o trabalho para o
desenvolvimento do jovem atleta, lançou uma declaração abordando aspectos cruciais
relacionados ao acompanhamento dos jovens atleta no treinamento, tal documento esclarece a
importância do trabalho multidisciplinar na formação do atleta, perpassando por segmentos
fundamentais como, status maturacional e suas peculiaridades na performance física, no
treinamento e em campo; saúde, bem-estar e sua relação com a performance e o processo de
desenvolvimento dos jovens atletas (BERGERON et al., 2015).
Contudo, mesmo diante desse cenário apresentado sabe-se que o ambiente esportivo
potencializa o crescimento físico e desenvolvimento psicológico das crianças e jovens. No
entanto, devem-se diferenciar crianças e adolescentes do indivíduo adulto, considerando os
aspectos biológicos no contexto esportivo, devido à criança e o adolescente ainda se encontrar
em crescimento, o que culmina em inúmeras alterações e condições inerentes ao
desenvolvimento no segmento físico, psicológico e psicossocial (WEINECK, 2005),
necessitando assim de um maior monitoramento e controle das cargas de treinamento
aplicadas nesta população.
5.2 Controle e monitoramento da carga interna
15
O treinamento esportivo é regido por princípios que desempenham um papel
importante no planejamento da temporada, para que dessa forma, a equipe ou o atleta possa ter
seu melhor desempenho em determinado momento competitivo (BORRESEN e LAMBERT,
2009). Nessa perspectiva, a forma pela qual toda a temporada é monitorada será decisiva no
resultado almejado. Assim, o entendimento da carga interna (ex: resposta fisiológica ao
treinamento) e carga externa (ex: volume de treinamento aplicado, peso levantado ou
distâncias percorridas) que o atleta é submetido tem que estar bem evidente (IMPELLIZZERI
et al., 2004; BORRESEN e LAMBERT, 2009). Para tal entendimento, a ciência do esporte
vem aumento o número de achados para respaldar a aplicabilidade de métodos de
monitoramento carga de treinamento.
De forma geral, existem algumas metodologias para o controle e monitoramento do
treinamento. Algumas delas se sustentam basicamente em marcadores fisiológicos, como:
monitoramento de frequência cardíaca (FC), análise de biomarcadores metabólicos (lactato),
análise de dor muscular, análise de parâmetros hormonais (testosterona (T), cortisol (C) e a
relação T/C) assim como, controle de parâmetros imunológicos (imunoglobulina A – IgA)
(HALSON, 2014; BORRESEN e LAMBERT, 2009). Outros métodos, com um caráter mais
subjetivos, são caracterizados pela resposta do atleta por meio de questionários e escalas.
Embora tais instrumentos apresentem um caráter subjetivo eles estão dispostos na literatura
como métodos que podem ser utilizadas sem necessariamente estar associadas com
instrumentos fisiológicos de controle de treino (LAMBERT e BORRESEN, 2010; SAW,
MAIN e GASTIN, 2015).
Das medidas de monitoramento da carga interna a mais comumente utilizada é a FC,
utilizando medidas de percentual da FC máxima teórica (220-IDADE), medida ou percentual
da FC de reserva (HALSON, 2014). Existem outras formas de monitorar a carga interna
utilizando a FC, tais como o Training Impulse – TRIMP, que classicamente foi proposto por
Banister’s (1991). O TRIMP, utiliza a duração e frequência cardíaca da sessão, juntamente
com a FC máxima, de repouso e ainda uma variável “sexo” específica (BORRESEN e
LAMBERT, 2009). Por conseguinte, algumas modificações ao método TRIMP clássico foram
adicionadas para o monitoramento da carga interna, tais adaptações utilizam o tempo
acumulado em determinadas zonas de FC (EDWARDS, 1993 e LUCIA et al., 2003). Os
métodos de monitoramento baseados pela FC são bem fidedignos com a reposta da intensidade
do esforço realizado e são utilizáveis em rotinas de treino em vários esportes (HALSON,
16
2014). Contudo, como qualquer ferramenta de monitoramento, existem algumas limitações,
tais como a interferência dos sensores, as condições ambientais (temperatura e umidade) e o
estado de hidratação podem ser destacadas como viés da aferição da carga interna por meio da
FC (LAMBERT e BORRESEN, 2010).
Estudos prévios demonstram interessantes relações entre medidas diretas e indiretas de
carga de treino, podendo ser aplicada em diferentes fases de treinamento (ordinário,
intensificação de carga, tapering e competitivo) (MORTATTI et al., 2012; FREITAS et al.,
2014; FERNANDEZ-FERNANDEZ et al., 2015; NUNES et al., 2014). Ademais, cada
instrumento parece ser sensível à alteração na carga de treino, Mortatti et al., (2012),
identificaram que jovens atletas de futebol submetidos a um período competitivo de 21 dias
tiveram diminuição na imunidade da mucosa, acompanhado de um aumento da severidade das
fontes e sintomas de infecções no trato respiratório superior. Além disso, podemos encontrar
maiores valores de carga interna (PSE da sessão) e secreção de cortisol, durante fase de
treinamento com intensificação de carga, comparado com fase de menor sobrecarga
(FREITAS et al., 2014). Se tratando de um contexto mais competitivo, alguns estudos
destacam o efeito emocional da competição, Arruda e colaboradores, (2016) demonstram que
jogos realizados dentro e fora de “casa”, podem apresentar diferentes respostas hormonais,
com alta carga estressora naqueles jogos que possui maior exigência da torcida, além de
familiares presentes (ARRUDA et al., 2016). Adicionalmente, alguns resultados indicam que o
desfecho da competição pode desencadear diferentes respostas hormonais e flutuações do
estado de humor (GONZALEZ-BONO et al., 1999; SALVADOR et al., 2003).
Atualmente, instrumentos psicométricos estão sendo adicionados ao contexto
esportivo, no intuito de entender de forma mais ampla todos os componentes que permeiam o
contexto competitivo e de treinamento. Ferramentas com questionário de ansiedade
competitiva (Competitive State Anxiety Inventory – CSAI) de estado de humor (Profile of
Mood States – POMS e Brunel Mood Scale – BRUMS) demonstram que são sensíveis a
diferentes desfechos da competição esportiva (ARRUDA et al., 2014; GONZALEZ-BONO et
al., 1999; FERNANDEZ-FERNANDEZ et al., 2015). Além disso, instrumentos como
questionários de estresse e recuperação (RESTQ-Sport) e de sinais e sintomas de estresse
(DALDA) são bem coerentes com modulações de intensificação de diferentes períodos de
treinamento e apresentam associação demais ferramentas de monitoramento (DI FRONSO et
a., 2013; COUTTS, SLATTERY e WALLACE, 2007). Assim, Saw, Main e Gastin, (2015),
17
estimulam que preparadores usem medidas subjetivas para monitorar mudanças no bem-estar
do atleta em resposta ao treinamento, e ainda acrescentam que medidas subjetivas podem ser
isoladas, ou podem ser incorporadas aos demais instrumentos para o monitoramento dos
atletas, como é a prática atual em muitos cenários esportivos.
5.2.1 Cortisol no monitoramento da carga interna
Atualmente, devido a facilidade dos meios de coleta, a utilização de parâmetros
hormonais está mais constante desde as últimas décadas (HALSON, 2014; PAPACOSTA e
NASSIS, 2011), tanto para observar o potencial estressor de períodos de treinamento
(FREITAS et al., 2014) quanto a reposta durante uma competição (PEÑAILILLO et al., 2015).
Além disso, monitorar o balanço anabólico-catabólico (PAPADOPOULOS et al., 2014), perfil
imunológico (MORTATTI et al., 2012) e as alterações de desempenho associadas a variação
hormonal (LAUTENBACH et al., 2014; MOREIRA et al., 2016). A condição que um
indivíduo atleta está inserido, seja profissional ou categoria de base, requer que sua rotina de
treinamento seja direcionada ao desenvolvimento de níveis mais elevados de desempenho.
Visto isso, atletas estão constantemente submetidos a situações competitivas o que leva a estar
sob estresse considerável, tanto fisiológico quanto psicológico (CEVADA et al., 2014). Assim,
a resposta hormonal, principalmente, de cortisol parece ser importante na preparação esportiva
para esclarecer a demanda física e mental, e sua potencialidade de afetar o desempenho
(KIVLIGHAN et al., 2005).
O eixo HHA quando estimulado em circunstâncias específicas (exercício, estresse, luta
ou fuga) ocorre uma liberação de hormônio liberador de corticotrofina (CRH), pelo
hipotálamo, em função da ativação de vias adrenérgicas. Como consequência, ocorre um
rápido aumento na liberação de hormônio adrenocorticotrópico (ACTH), com subsequente
elevação dos níveis circulantes de glicocorticoides (AIRES, 2008; BORER, 2013). Os
glicocorticoides, em especial o cortisol, desempenham importante papel na mobilização de
substratos energéticos e na modulação de respostas cognitivas, imunitárias e cardiovasculares,
sendo esses mecanismos cruciais para o sucesso da resposta ao estresse (BORER, 2013; VIRU
e VIRU, 2004).
As formas de mensurar o cortisol são basicamente três: sérica, urina e salivar. Dentre
essas, o uso de saliva para o monitoramento de esteroides, peptídeo, e marcadores
18
imunológicos no desporto e exercício tornou-se muito atraente para vários estudiosos do
esporte, assim como comissões esportivas (PAPACOSTA e NASSIS, 2011; POWELL et al.,
2015). No entanto, deve-se destacar que o processo entre o início de uma resposta do eixo
HHA no sistema nervoso central e as variações de cortisol salivar é modulada por numerosos
eventos psicológicos e biológicos. Estudos utilizando cortisol salivar durante competições
esportivas apresentam diferenças metodológicas (momento de coleta pré e pós, controle do
ritmo circadiano) que parecem conflitar diante dos resultados apresentados na literatura
(CASANOVA et al., 2015). Tais resultados podem estar associados, com a expressão da
enzima 11β-Hydroxysteroid Dehydrogenase 2 (11β – HSD 2), conversora de cortisol à
cortisona, que está presente na saliva (DOVIO et al., 2010), ou também ao tempo de pico da
concentração de cortisol que ocorre imediatamente após o término da atividade (POWELL et
al., 2015). Embora existam algumas considerações do cortisol medido via saliva, ele continua
a ser um biomarcador útil em pesquisas relacionadas ao estresse. Entretanto, o pesquisador
deve estar ciente das possíveis fontes de variância, que podem afetar esta medida, assim
fatores moduladores devem ser considerados como fatores de confusão ou como parte
importante da questão de pesquisa (HELLHAMMER, WÜST e KUDIELKA, 2009).
A sensibilidade do eixo HHA durante eventos competitivos ocorre como resposta
antecipatória, em diferentes modalidades, em homens e mulheres, de acordo com o resultado
da competição e ainda é dependente do ambiente dos jogos, e ao que parece, essa resposta
também pode variar de acordo com o nível de treinamento do atleta (CASANOVA et al.,
2016; JORGE; SANTOS & STEFANELLO, 2010). Em modalidades coletivas como o
futebol, o incremento do cortisol pós jogo alcança valores 250% em relação ao repouso, em
um jogo competitivo comparado com o treino (HANEISHI et al., 2007). Esse caso em
particular, pode ser devido a alta demanda fisiológica inerente a modalidade e a duração de
uma partida de futebol ter 90 minutos (HANEISHI et al., 2007). Em contrapartida, existem
situações em que alterações das concentrações de cortisol em situações competitivas não são
observadas (PEÑAILILLO et al., 2015). Peñailillo et al. (2015) descrevem que embora os
atletas tenham desempenhado uma distância de aproximadamente dez quilômetros, tal carga
externa não foi suficiente para modular a resposta do cortisol. Os autores justificam que os
valores inalterados do cortisol salivar sejam devido a participação dos atletas em
ações/corridas de baixa intensidade durante a maior parte do tempo em jogo.
19
Tais achado também já foram reportados por Moreira et al. (2009). Nesse estudo, os
autores não observaram variações das concentrações de cortisol após uma sessão de jogo-
treino competitivo. O que é destacado pelos autores é que a familiarização dos atletas com
competições esportivas e experiência com grandes demandas físicas nas rotinas de treinamento
pode não acarretar estresse suficiente para aumentar os níveis de cortisol (MOREIRA et al.,
2009). Confirmando isso, Duclos, Gouarne e Bonnemaison (2003) comparando indivíduos
bem treinados em endurance com homens ativos, observaram que atletas apresentam uma
menor sensibilidade para os hormônios glicocorticoides, justificada pela alta carga de trabalho
durantes rotinas de treinamento, assim como a concorrência desses hormônios na recuperação
e no processo anabólico dos atletas.
Em contrapartida, parece que o nível de treinamento dos atletas parece ser
determinante na mobilização do cortisol em resposta a competição (HANEISHI et al., 2007).
Recentemente, Casto e Edwards (2016), observaram que em atletas universitárias o aumento
hormonal relacionado com a competição ocorreram em 91% dos casos, com um aumento
médio de 108%. Os autores adicionam ainda, que o percentual do aumento dos níveis de
cortisol não estava relacionado com a posição do jogador ou o número de minutos jogados
(CASTO e EDWARDS, 2016). Um achado interessante dos autores é que jogos realizados em
casa e fora apresentaram diferentes variações na concentração de cortisol. Dessa forma parece
que as respostas hormonais relacionadas ao cortisol parecem estar associadas com maior
demanda emocional, como ansiedade somática e cognitiva.
A demanda fisiológica e psicológica que pode culminar na resposta do cortisol em
virtude de uma competição, como supracitado anteriormente, advém de um conjunto de
informações sensoriais que pode ser percebida diferente de acordo com a experiência da
pessoa. O grau de ativação do eixo HHA, de acordo com Hellhammer, Wüst e Kudielka,
(2009), varia dependendo dos componentes psicológicos da situação, como a
imprevisibilidade, incontrolabilidade, novidade, antecipação, ego envolvimento, habituação,
entre outros. Como prova disso, Maya et al. (2016) investigando atletas profissionais de
futebol feminino durante dois jogos finais, observaram que as atletas apresentaram incremento
significativamente de 58% no primeiro jogo. Diferentemente, no segundo jogo as atletas
apresentaram um menor incremento (28%), sendo esse insuficiente para ser estatisticamente
diferente.
20
Assim, percebe-se que o entendimento da resposta hormonal a partir do eixo HHA em
resposta a uma condição competitiva, carece de mais investigações para tornar mais claro tal
resposta, pois a partir do enunciado acima, algumas condições relativas ao sexo, ou se o atleta
é profissional ou atleta em formação, parecem desempenhar respostas diferentes.
5.2.2 Percepção subjetiva de esforço no monitoramento da carga interna
Nas últimas décadas vem sendo utilizada a PSE da sessão, proposta por Foster et al.,
(2001; 1998) para o monitoramento da carga interna em vários contextos diferentes. Tal
ferramenta adquiriu destaque mediante sua associação com medidas diretas de carga interna
(IMPELLIZZERI, RAMPININI E MARCORA, 2005; FOSTER et al., 2001; BORRESEN e
LAMBERT, 2008) e ainda sua fácil aplicação diante do contexto esportivo. Tal método se
baseia em classificar o esforço da sessão de treino de acordo com a escala CR 0-10 de Borg,
adaptada por Foster (1998). A partir desse valor, multiplica-se o escore do esforço obtido, pelo
tempo da sessão, tais valores são atribuídos com a carga interna daquela sessão. Confirmando
isso Impellizzeri et al. (2004), esclarecem e demonstram a utilidade e a coerência do
monitoramento do treinamento pelo método PSE da sessão em jogadores de futebol. Os
autores evidenciam uma importante correlação entre os indicadores de carga interna, por meio
de zonas de FC, com os valores obtidos pelo método proposto por Foster (1998),
acrescentando que tal método é um bom indicador de carga interna no futebol. Ainda, algumas
estratégias complementares utilizam a PSE da sessão, como a monotonia de treino e o training
strain também são utilizadas para um melhor entendimento do estresse fisiológico
desencadeado por rotinas de treinamento, e são sensíveis ao desequilíbrio entre estresse e
recuperação minimizando assim, o risco de overtraining (NAKAMURA, MOREIRA e AOKI,
2010; MORTATTI, COELHO e COSTA, 2014).
Atualmente, a forma de pensar em organização/periodização de treinamento com o
auxílio da PSE da sessão tem sido mais frequente, principalmente, ao que se refere a períodos
competitivos. Kelly e Coutts (2007), afirmam que a forma de planejamento das sessões de
treinamento durante uma semana competitiva, que envolve viagens, pouco tempo de descanso
entre jogo/treino, assim como, mais de um jogo por semana, pode ser manipulada ou
organizada com a utilização da PSE da sessão. Confirmando isso Arruda e colaboradores
(2013), observaram que as dificuldades das partidas, previamente determinada no início da
21
temporada, podem ser reajustadas com a utilização da PSE da sessão, facilitando a
manipulação da carga interna do microciclo anterior ao jogo oficial, ou a intensificando da
carga de treino para obter estímulos fisiológicos em momentos adequados. Em outra
perspectiva, a PSE da sessão pode, também, contribuir para o entendimento do estresse
fisiológico ocasionado por modalidades complexas, as quais envolvem diferentes tipos de
sessões de treino (MOREIRA et al., 2015). No estudo de Moreira et al. (2015), os autores
investigaram uma temporada de treinamento em jogadores de Australian Football, e em seus
resultados os autores observaram que durante a pré-temporada as cargas de trabalho foram
mais intensas em relação a temporada propriamente dita, independentemente do tipo das
sessões de treino. E ainda, com relação as intensidades dos jogos os autores observaram que
durante a pré-temporadas os jogos foram menos intensos. Com esses achados, observamos que
o monitoramento com PSE da sessão contribui para um entendimento da carga interna em
diferentes tipos de sessões e temporadas, embora algumas peculiaridades como posição dos
jogadores e função em campo ainda precisam ser exploradas.
Fazendo um paralelo com a utilização da PSE da sessão para o monitoramento em
diferentes faixas etárias, Wrigley et al. (2012) monitoraram jovens atletas de diferentes idades
(Sub-14; Sub-16; Sub-18) e chegaram a interessantes conclusões. Os autores observaram que a
resposta das cargas de treinamento semanais era diferente entre as faixas etárias. Além disso,
eles verificaram que o treino em campo e o jogo tinham diferentes cargas internas, tanto
obtidas pela PSE da sessão, quanto observadas pelo tempo desempenhado nas zonas mais
elevadas de FC. Vale ressaltar, que os atletas mais velhos tinham maiores cargas internas de
treino, demonstrando que tal ferramenta pode ser útil tanto para o monitoramento do estresse
de treino como para diferenciar as cargas de treino nas diferentes faixas etárias, respeitando
assim, o processo de formação do atleta. Contudo, o monitoramento de jovens atletas com o
auxílio da PSE da sessão demonstra-se realmente útil, de fácil aplicabilidade, e prática para
fomentar a estruturação do treinamento.
Diante dos conteúdos supracitados na presente dissertação os próximos tópicos
abordarão os aspectos metodológicos que foram utilizados para o desenvolvimento da presente
pesquisa, seguindo dos resultados alcançados e discussão destes com os principais achados
presentes na literatura. Por fim serão apresentadas as conclusões e a aplicação prática extraída
desta investigação.
22
6 MATERIAIS E MÉTODOS
6.1 Modelo do estudo
Para o desenvolvimento desta pesquisa realizou-se um estudo não experimental
descritivo, transversal com duas análises, com uma abordagem quantitativa, com o objetivo de
analisar a resposta hormonal (cortisol salivar), a PSE da sessão e a tolerância ao estresse, bem
como a interação desses fatores em resposta a jogos sucessivos. Em conformidade com a
Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde – CNS, essa pesquisa foi aprovada pelo
Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, com a CAEE, n° 54284216.4.0000.5537.
6.2 Participantes da pesquisa
O número de participantes da pesquisa foi escolhido de forma não-probabilística sendo
um total de 20 atletas de futebol da categoria sub-17, que foram escalados para uma
competição regional. Os atletas estavam no período competitivo da preparação, treinavam
regularmente a mais de um ano e com frequência de cinco vezes por semana, as sessões
possuíam duração média de 120 minutos. As sessões de treinamento eram compostas por
treino físico (treinamento de força, pliometria e funcional) e tático (jogos reduzidos) (segunda,
quarta e sexta) e treino técnico e tático (jogos reduzidos) (terça e quinta). As cargas internas
(PSE da sessão) das sessões de treinamento variavam entre 400-500 unidades arbitrárias. Os
dados de caracterização dos participantes foram obtidos junto à comissão técnica do clube.
6.3 Critérios de inclusão e exclusão
Os adolescentes escolhidos para posterior análise seguiram os seguintes critérios:
a) Apresentação do Termo de Consentimento e Livre Esclarecido (TCLE) assinado pelos
pais e responsáveis, assim como, o termo de assentimento assinado pelos participantes;
b) Terem sido devidamente selecionados pela comissão técnica para a participação da
competição.
23
c) Terem participado de todos os dois jogos. E tivessem tempo de jogo igual ou superior a
15 minutos.
Foram excluídos:
a) Indivíduos que apresentaram alguma lesão osteomuscular que o impedisse de continuar
na pesquisa.
6.4 Local da pesquisa e delineamento experimental
Anteriormente a coleta os atletas foram instruídos sobre todos os procedimentos da
pesquisa. Todos os atletas concordaram participar voluntariamente assinando o temo de
assentimento (ANEXO I), e foram autorizados a participar pelos seus responsáveis com termo
de consentimento devidamente assinado (ANEXO II). A coleta dos dados foi feita no local
onde foram realizados os jogos com temperatura de 29°C e umidade de 56%, no jogo 1 e 23°C
e 90% no segundo jogo. Os procedimentos seguiram a seguinte sequência:
Anteriormente aos jogos (J1 e J2), no período da tarde (15:00h), os atletas foram
novamente esclarecidos dos procedimentos da pesquisa e realizaram a coleta para obtermos os
valores basais. Primeiramente antes de iniciar os jogos aplicou-se o questionário DALDA,
sendo devidamente monitorado para não haver interferência entre as respostas dos atletas.
Posteriormente, foi coletada a saliva (15 minutos antes do aquecimento). Em seguida, os
atletas foram acompanhados durante toda a competição jogo a jogo. Inicialmente aos jogos os
atletas realizaram um aquecimento de 10 minutos (geral e específico), junto com o preparador
físico. O jogo era composto por dois tempos de 30 minutos e 10 minutos de intervalo entre os
tempos. O tempo de jogo foi devidamente cronometrado, por dois auxiliares, para monitorar o
tempo em campo dos atletas. A saliva foi coletada 15 minutos após o jogo (17:00h) para todos
os atletas. A carga interna foi estimada aproximadamente 30 minutos após o término do jogo
ou a substituição (Figura 1). Durante os jogos houve um máximo de 10 substituições.
Figura 1 – Fluxograma da coleta dos dados.
24
6.5 Procedimentos da pesquisa
6.5.1 Coleta salivar
Para a coleta salivar em todos os momentos os procedimentos foram reproduzidos de
forma idêntica, seguindo os padrões de estudos anteriores (MORTATTI et al., 2012;
FREITAS et al., 2014). Todos os participantes realizaram a última refeição com duas horas de
antecedência. No momento da coleta os participantes foram solicitados a lavar a boca com
água, para diminuir a possível presença de partículas que possam estar nos dentes. A amostra
de saliva foi obtida de forma padronizada. Os participantes permaneceram sentados de
maneira confortável, com os cotovelos apoiados nos joelhos, com a cabeça abaixada e
projetada para frente. Dessa forma, durante cinco minutos permaneceram na posição deixando
a saliva escorrer em recipiente plástico adequado (tubo plástico para centrífuga, graduado,
estéril, com tampa e devidamente marcados para cada indivíduo). Em seguida, o tubo de
plástico foi colocado em gelo seco para depois ser devidamente analisado.
Todos os indivíduos coletaram as amostras salivares ao mesmo tempo,
independentemente de quando saíram do jogo. A média da variação do tempo de coleta salivar
foi entre 10 e 45 minutos. Esta variação de tempo está de acordo com outros estudos que
mostraram que o cortisol salivar é mantido alto após 45 minutos (POWELL et al., 2015) até 2
horas da recuperação (DUCLOS et al., 2003).
6.5.2 Determinação do cortisol salivar
A quantificação da concentração de cortisol salivar foi realizada pelo método de
enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA) (Cortisol ELISA, IBL, International, GMBH),
com base no princípio da competição. Uma quantidade desconhecida de antígeno presente na
amostra e uma quantidade fixa de antígeno marcado com enzima de competir pelos sítios de
ligação dos anticorpos que revestem os poços. Após incubação, os poços foram lavados para
parar a reação de competição. Após a reação do substrato, a intensidade da cor desenvolvida é
inversamente proporcional à quantidade de antígeno na amostra, o teste utiliza 25 μl de saliva
por determinação, tem um limite de sensibilidade inferior de 0,001 μg/dL. Os resultados das
amostras forma determinados diretamente, utilizando a curva padrão, o intervalo de curva
25
padrão utilizado foi de 0,015 a 4,0 μg/dL. As amostras foram analisadas em duplicata e o
coeficiente de variação entre as medidas foi inferior a 8%.
6.5.3 Coleta da PSE da sessão
A determinação da carga interna foi aferida após cada jogo. A metodologia utilizada
foi a proposta por Foster et al. (2001), sendo uma técnica não invasiva e com válida
reprodutibilidade em natação (WALLACE, SLATTERY & COUTTS 2009), futebol
(IMPELLIZZERI et al., 2004) e esportes de combates (HADDAD et al., 2011). Para isso, a
partir da escala de CR-10 perguntamos ao atleta “Como foi o esforço no jogo?”. Para a
quantificação da carga interna competitiva calculou-se o produto da duração do jogo (o quanto
o jogador ficou em campo) pelo escore obtido na escala da percepção subjetiva do esforço. Os
valores encontrados estão expressos em unidades arbitrárias (UA). Todos os indivíduos já
eram familiarizados a mais de seis meses com a PSE da sessão.
6.6 Análise estatística
Os dados seguem apresentados em estatísticas descritivas para todas as variáveis. A
normalidade dos dados para as variáveis dependentes foi atestada pelo teste de Shapiro Wilk (p
> 0,05). Utilizou-se o teste t pareado para comparar os valores de cortisol pré e pós-jogos e o
“d” de Cohen foi utilizado para estimar a magnitude das diferenças entre as médias (TE:
tamanho do efeito), considerando “insignificante 0-0,19” “pequeno, 0,2-0,49”, “médio, 0,5-
0,79” e “grande, 0,8 em diante (COHEN, 1988). O coeficiente de correlação de Pearson foi
utilizado para analisar as correlações entre os valores de carga interna, PSE da sessão com o
delta de variação do cortisol e a variação em percentual.
Em um segundo momento dividiu-se o grupo de 14 atletas de acordo com a mediana da
carga interna (Mediana Split), assim dois grupos foram formados, um com alta carga interna
(ACI, n = 7) e outro com baixa carga interna (BCI, n = 7). Utilizou a ANOVA mista de
medidas repetidas para a observar o efeito do tempo em ambos os grupos e da interação entre
os grupos na resposta do cortisol salivar em cada jogo. A homogeneidade foi verificada pelo
teste de Box’s M respeitando valores de p > 0,001. Utilizou o teste de Mauchly para verificar a
esfericidade e quando necessário utilizou-se a correção de Greenhouse-Geiseer. Adotou nível
26
de significância de 5% (p < 0,05) para todos os testes. As análises foram realizadas no
software IBM SPSS 20.0 para Windows.
27
7 RESULTADOS
7.1 Caracterização dos atletas e dos jogos
Os dados descritivos para caracterização dos 14 atletas analisados estão apresentados
na tabela 1.
Tabela 1 – Dados de caracterização dos participantes.
Idade (anos)
Massa
corporal (kg) Estatura (cm)
%Gordura
corporal VO² (ml.kg.min-1)
Média
(DP) 16,8 (0,4) 64,9 (7,8) 172,8 (7,6) 8,3 (1,8) 53,1 (1,9)
DP: Desvio padrão.
Ambos os jogos culminaram em vitórias, o primeiro por 2 a 0 e o segundo por 4 a 0. As
medidas obtidas durante os jogos, como tempo médio em campo dos jogadores, PSE da sessão
e carga interna estão apresentadas na tabela 2, observou-se que todas as variáveis foram
semelhantes entre os jogos.
Tabela 2 – Variáveis de monitoramento dos jogos [média (Desvio-padrão)].
Tempo em campo
(min) PSE da sessão CI (UA)
Jogo 1 (n=14) 40,3 (13,9) 5,25 (2,0) 230,2 (147,7)
Jogo 2 (n=14) 37,29 (13,3) 5,68 (1,8) 222,18 (124,6)
P valor p = 0,36, TE: 0,1 p = 0,32, TE: -0,1 p = 0,55, TE: 0,0
Jogo 1 BCI (n=7) 30,5 (10,3) 3,8 (1,4) 122,1 (66,7)
ACI (n=7) 50,1 (9,4)* 6,6 (1,4)* 338,2 (111,5)*
P valor p = 0,001, TE: -2,4 p = 0,003, TE: -1,9 p = 0,004, TE: -1,9
Jogo 2 BCI (n=7) 29,5 (12,6) 4,5 (1,6) 132,5 (55,3)
ACI (n=7) 44,8 (4,3)* 6,7 (0,8)* 311,7 (54,3)*
P valor p <0,001, TE: -3,9 p = 0,002, TE: -2,2 p = 0,003, TE: -2,2
*Diferença significativa entre grupos; PSE: Percepção subjetiva de esforço; CI: Carga interna;
BCI: Baixa carga interna; ACI: Alta carga interna; TE: Tamanho do Efeito.
28
7.2 Cortisol salivar
A variação do cortisol salivar entre as medidas pré e pós-jogos apresentaram
incremento de 23,4 nmol/L e 31,1 nmol/L no jogo um e dois, respectivamente. Em termos
percentuais tais valores representam aumento de 70% no jogo um e de 109% no jogo dois,
demonstrando maior incremento percentual no jogo dois. Além disso, dos 14 participantes
analisados 71% apresentaram incremento das concentrações de cortisol no primeiro jogo,
enquanto que no segundo jogo 92% dos atletas apresentaram variação positiva (Ver tabela 3).
Tabela 3 – Valores de cortisol salivar em todas as condições [média (Desvio-padrão)].
Cortisol pré
(nmol/L)
Cortisol pós
(nmol/L)
∆
(nmol/L) % do Pré
Jogo 1 (n=14) 33,1 (13,6) 56,5 (21,8)* 23,4 (27,4) 70,6
Jogo 2 (n=14) 28,5 (13,7) 59,7 (20,2)* 31,15 (22,4) 109,1
Jogo 1 BCI (n=7) 31,06 (9,7) 56,60 (18.6)* 25,55 (23,4) 82,2
ACI (n=7) 35,22 (17,2) 56,49 (26,1) 21,26 (32,6) 60,4
Jogo 2 BCI (n=7) 26,13 (16,4) 61,13 (15,2)* 35,00 (24,8) 133,9
ACI (n=7) 30,99 (11,7) 58,29 (22,2)* 27,31 (17,6) 88,1
*Diferença significativa em relação ao pré; BCI: Baixa carga interna; ACI: Alta carga interna.
Na figura 2 estão apresentadas as respostas do cortisol salivar nas condições pré e pós
em ambos os jogos. Observou-se que os valores de cortisol salivar aumentaram em função dos
jogos, tanto no jogo 1, t (13) = -3.193, p = 0,007, TE: -2,7, power 100%, quanto no jogo 2, t
(13) = -5,265, p < 0,001, TE: -2,6, power 100%.
29
Figura 2 – Dinâmica do cortisol salivar em cada jogo oficial (“A” = Jogo 1; “B” = Jogo 2).
*Diferença significativa em relação ao pré.
Ao realizar a divisão dos grupos de acordo com a mediana da carga interna para
determinar a resposta do eixo HHA a diferentes sobrecargas psicofisiológicas, observou-se no
primeiro jogo que os atletas do grupo BCI tiveram um aumento médio de 25 nmol/L
representando um incremento de 82% em relação ao pré, enquanto que o grupo ACI teve
incremento médio de 21,3 nmol/L, representando um aumento percentual de 60%. No segundo
jogo, o grupo com BCI teve um aumento médio de 35 nmol/L que representa 133%, enquanto
que o grupo ACI obteve um incremento médio 27,3 nmol/L, representando um aumento de
88%.
30
Na figura 2 estão apresentados a dinâmica do cortisol salivar em função dos jogos de
acordo com a divisão dos grupos pela carga interna. No primeiro jogo, não observou efeito da
interação entre os grupos F (1,12) = 0,079, p = 0,78, ηp²: 0,007, power: 5%, sendo assim o
efeito a carga interna alta ou baixa na resposta do eixo HHA foi semelhante nos grupos.
Diferentemente, observou-se efeito do tempo F (1,12) = 9,475, p = 0,01, ηp²: 0,44, power:
80%, mais especificamente no grupo BCI (p = 0,03; TE: -1,7) e não no grupo ACI (p = 0,07;
TE: -0,9).
Figura 3 – Dinâmica do cortisol salivar de acordo com os grupos ao longo dos jogos (“A”=
Jogo 1; “B”= Jogo 2). BCI: Baixa carga interna; ACI: Alta carga interna.
Em relação ao segundo jogo, também não se observou efeito da interação entre os
grupos F (1,12) = 1,689, p = 0,218, ηp²: 0,12, power: 20%, igualmente ao jogo 1, o efeito a
carga interna na atividade do eixo HHA nos grupos foi semelhante. Entretanto observou-se
31
efeito do tempo (F (1,12) = 29,190, p < 0,001, ηp²: 0,77, power:99%) tanto no grupo BCI (p =
0,01, TE: -1,4) quanto no grupo ACI (p < 0,001, TE: -2,1).
7.3 Correlações entre delta de variação de cortisol, PSE da sessão e carga interna
Não foram encontradas correlações entre as medidas de delta de variação de cortisol,
PSE da sessão e carga interna (p > 0,05). No entanto, embora não sendo escopo da presente
pesquisa observou-se correlação entre o tempo em campo e a PSE da sessão de moderada
magnitude (r = 0,6, p =0,01) no primeiro jogo e forte magnitude (r = 0,8, p < 0,001) (ver figura
3).
Figura 4 – Correlações entre o tempo em campo e a PSE da sessão (“A” Jogo 1; “B” Jogo 2).
32
8 DISCUSSÃO
O principal objetivo do estudo foi analisar efeito da carga interna competitiva na
atividade do eixo HHA em jovens atletas durante jogos oficiais. Além disso, analisar a
associação entre as medidas de carga interna e PSE da sessão com a variação de cortisol
salivar. Os principais achados foram: (i) o estresse psicofisiológico causado pelo jogo
aumentou as concentrações de cortisol salivar acima de 50%, em comparação com o momento
antes do jogo; (ii) a variação aguda do cortisol parece não ser dependente da carga interna; (iii)
a PSE da sessão se correlacionou positivamente com o tempo em campo dos atletas em ambos
os jogos. Assim, as hipóteses deste estudo não foram totalmente corroboradas. Embora tenha
havido aumento dos valores de cortisol em função do estresse desencadeado pelos jogos, era
esperado que esse aumento pudesse ter sido influenciado pela carga interna acarretada pelo
jogo e da mesma forma para PSE sessão, entretanto esse último resultado não foi verificado.
Por fim, esperava-se ainda que houvesse correlação entre a carga interna e PSE da sessão com
a variação do cortisol, contudo, essa hipótese não foi corroborada.
Em relação ao aumento do cortisol pós-jogo, os achados corroboram com a maior parte
dos estudos que investigaram a resposta do eixo HHA durante jogos esportivos (ARRUDA et
al., 2016; AGUILAR et al., 2013; FERNANDEZ e FERNANDEZ et al., 2015; MOREIRA et
al., 2013). Era de se esperar um comportamento similar no futebol, pois essa modalidade tem
característica intermitente, com considerável exigência cardíaca e metabólica, somado ainda, a
exigência psicológica inerente a jogos competitivos (ALIX-SY, LE SCANFF, FILAIRE,
2008; ASLAN et al., 2012), uma vez que, tais aspectos são percebidos pelo hipotálamo
desencadeia-se uma cascata de reações, induzindo à liberação de cortisol (BORER, 2013).
Conforme observado nos resultados, houve um aumento da concentração de cortisol
salivar em 70% no primeiro jogo, e de 109% no segundo. Além disso, no primeiro jogo 71%
dos atletas apresentaram aumento na concentração de cortisol, enquanto que no segundo jogo
92% dos atletas demonstraram incremento. É importante salientar que, embora alguns
jogadores não tenham completado os dois tempos de trinta minutos a condição de estresse
permaneceu até a conclusão do jogo. Isso pode ser confirmado também nos estudos de Powell
et al. (2015) e Duclos et al. (2003), nos quais os autores encontraram valores de cortisol que
perduram por até duas horas após o exercício, confirmando ainda, o fato de que qualquer tipo
33
de estresse físico ou neurogênico promove um aumento na secreção adrenocortical de cortisol
(BORER, 2013).
Embora o incremento na concentração de cortisol possa apresentar uma fonte
multivariada, é possível inferir, que a situação de estresse causada por jogos competitivos com
duração 60 minutos provocou um aumento das concentrações de cortisol em jovens atletas de
futebol. Esta variação observada nos resultados desta pesquisa pode ser explicada pelo fato do
eixo HHA ser sensível à situações estressantes, o que é evidente durante jogos desportivos
devido a maior exigência fisiológica e principalmente psicológica do atleta (CASTO e
EDWARDS, 2016; NICHOLLS et al., 2009; VIRU et al., 2010). Todo esse processo inicia-se
quando estímulo estressor, seja interno ou externo, é percebido pelo hipotálamo e
consequentemente ocorre a secreção do hormônio liberador de corticotrofina (CRH), esse
hormônio é o principal estímulo para a secreção do hormônio adrenocorticotrópico (ACTH)
pela hipófise anterior, esse último por sua vez estimula a secreção de glicocorticoides a partir
do córtex adrenal o que resulta no aumento dos níveis de cortisol, a fim de ajustar o organismo
a condição de estresse experimentada (VIRU e VIRU, 2004; BORER, 2013; THOMAS et al.,
2009). Estudos prévios já observaram o comportamento do eixo HHA durante jogos
competições oficiais em atletas de futebol feminino que apresentaram variação de cortisol
salivar entre 50-110% (MAYA et al., 2016; CASTO e EDWARDS, 2016a) e em situações
competitivas de outras modalidades, onde atletas de basquetebol e futsal por volta de 60% e
300%, respectivamente (ARRUDA et al., 2014; ARRUDA et al., 2016).
Embora no contexto do futebol exista uma lacuna sobre a resposta aguda do eixo HHA
durante jogos competitivos oficiais, tanto em atletas profissionais quanto em categorias de
base, em outras modalidades esportivas a modulação do cortisol salivar parece ser mais
evidente (GONZALEZ-BONO et al., 1999; MOREIRA et al., 2013; ARRUDA et al., 2014;
FERNANDEZ-FERNANDEZ et al., 2015; ARRUDA et al., 2016). Fernandez-Fernandez et
al. (2015), evidenciaram que durante uma condição de treino e de jogo, em jovens atletas de
tênis, um incremento das concentrações de cortisol salivar acontece independentemente do
resultado do jogo, além disso, os autores ressaltam que tal incremento pode estar diretamente
relacionado com os níveis de ansiedade somática e cognitiva. Já no estudo de Aguilar, Jimenez
e Alvero-Cruz (2013) a resposta do cortisol, após jogos de hockey, só foi diferente da
condição pré-jogo quando os atletas se depararam com uma derrota. Os autores acrescentam
que embora os atletas tenham desempenhado grande intensidade de trabalho (4-7 mmol/L de
34
lactato; PSE 5-6) durante as partidas, a alteração da concentração de cortisol só foi evidente
com a condição psicológica “derrota”.
Deve-se levar em consideração alguns aspectos importantes relativos a resposta do
cortisol durante estresse físico e psicológico, o primeiro deles diz respeito a sensibilidade dos
tecidos ao hormônio, ou seja, em indivíduos bem treinados que experimentam constantemente
grande sobrecarga estressora, acabam desenvolvendo mecanismos de adaptação que diminuem
a sensibilidade dos receptores de cortisol (DUCLOS et al., 2003). Além disso, pode aumentar
o feedback negativo inibindo o eixo HHA, que resulta em menor secreção e/ou redução da
biossíntese de cortisol (CEVADA et al., 2014; Di CORRADO et al., 2014). Os atletas aqui
analisados tinham rotina semanal de cinco treinos por semana com diferentes tipos de
estímulos, entretanto, essa rotina de treino com um maior volume e intensidade era realizada
há dois anos. Assim, pode-se deduzir que tais indivíduos ainda estão sensíveis a demanda
psicofisiológica de jogos oficiais e que o cortisol salivar pode ser visto como uma medida
sensível durante sucessivos jogos, a fim de monitorar o estresse gerado por essa condição.
Adicionalmente, esse aumento observado pode estar também associado a uma condição
inerente aos esportes de base, que diz respeito a possibilidade de ascensão para a categoria
profissional, o que leva aos jovens atletas a explorarem suas máximas condições físicas,
partindo do pressuposto que quando motivados por situações de competições os indivíduos
tendem a desempenhar maiores distâncias percorrida e capacidade de oxigênio (VIRU et al.,
2010).
Em contraponto a uma situação de competição, alguns estudos encontraram que
quando atletas não estão sob condições competitivas o incremento do cortisol não é evidente
em jogadores de futebol profissional. Moreira et al. (2009), investigando uma situação de jogo
simulado, não observaram diferenças nas concentrações de cortisol em atletas profissionais de
futebol. Resultados similares também foram encontrados por Peñailillo et al. (2015), que
embora os atletas tenham percorrido grandes distâncias em campo durante um jogo amistoso,
isso não foi suficiente para aumentar as concentrações de cortisol salivar. E ainda, Di Luigi et
al. (2006) consideram que indivíduos entre 16 e 17 anos apresentam uma melhor capacidade
de lidar com situações de estresse físico em treinamento, estes não demonstram aumento nos
valores de cortisol pós 90 minutos de treinamento. Assim, confirma-se que durante uma
condição competitiva ou jogo competitivo existe um favorecimento ao aumento da sobrecarga
psicológica, tais como aspectos motivacionais, níveis de ansiedade e a importância do jogo,
35
que podem contribuir para a modulação da resposta do cortisol salivar (VIRU et al., 2010;
MOREIRA et al., 2013; FERNANDEZ-FERNANDEZ et al., 2015), como observado em
nossos resultados.
Adentrando as perspectivas da formação esportiva, já está exposto na literatura que a
maioria das competições esportivas são formuladas com base na idade cronológica, o que já se
apresenta como uma falha, pois não leva em consideração aspectos maturacionais ou
comportamentais (CAPRANICA e MILLARD-STAFFORD, 2011). Adicionalmente,
corporações internacionais esportivas se preocupam em esclarecer o quanto a exposição de
jovens atletas a competições esportivas, no formato atual, e a rotinas de treinamento possa
representar de sobrecarga fisiológica para essa população em especial (BERGERON et al.,
2015). Considerando que estratégias como a redução do tempo em campo têm sido adotadas
para minimizar o potencial efeito estressor de jogos em jovens atletas (CAPRANICA e
MILLARD-STAFFORD, 2011), parece que a exposição a uma condição reduzida do tempo de
jogo, em relação ao profissional, não surtiu em efeito acumulado de estresse nos atletas
avaliados. Nesse aspecto, tomando como base o volume do jogo profissional, a redução de
44% do tempo de jogo pode ser uma estratégia considerável para ser adotada em jovens atletas
para minimizar sobrecarga fisiológica. Contudo, não se sabe o quanto essa diminuição possa
ser prejudicial ao desempenho esportivo futuro de jovens que têm seu tempo de exposição ao
ambiente competitivo reduzido, pois, segundo Jayanthi et al. (2013) algum grau de
especialização esportiva é necessário para atingir a habilidade esportivas ao nível de elite.
Partindo da premissa que o exercício é um estímulo em potencial para ativação do eixo
HHA e que a intensidade e duração do exercício podem ser responsáveis pela modulação
desse eixo (DUCLOS e TABARIN, 2016; BORER, 2013), especulou-se que atletas
experimentassem maior carga interna durante os jogos poderia acarretar diferentes modulações
de cortisol salivar. Dessa forma, dividiu-se os jogadores em dois grupos, de acordo com a
carga interna (PSE da sessão x tempo em campo), para identificar a relação entre a carga
interna na resposta hormonal. Assim, evidenciou-se que em ambos os jogos a variação do
cortisol salivar foi estatisticamente semelhante. Embora possamos ter como premissa que
intensidade e duração do estímulo possa ser determinante na resposta do cortisol (DUCLOS e
TABARIN, 2016; BORER, 2013; JACKS et al., 2002) essa condição parece ser bem fiel
quando os indivíduos estão sob condições experimentais sem condições competitivas. O que
pode ter sido afetado quando os indivíduos estão em exposição direta com um oponente, além
36
disso a resposta entre indivíduos é muito variada durante uma condição competitiva o que
pode favorecer a não encontrar o resultado esperado (KUDIELKA et al., 2009).
Com relação ao esforço percebido nos jogos, identificamos que ambos os jogos
apresentaram um PSE da sessão similares e que variaram entre 5 e 6 na escala CR-10 de Borg,
esses valores enquadram-se em valores de esforço de carácter “difícil” (FOSTER et al., 1995).
Tal resposta pode ser decorrente da demanda metabólica e física experimentada pelos jovens
atletas durante os jogos, haja vista que Aslan et al. (2012) demonstraram que os valores de
frequência cardíaca permanecem acima de 160 batimentos durante aproximadamente 70% do
tempo total de jogo, além disso, os jogadores alcançaram aproximadamente 85% de sua
frequência cardíaca máxima durante o jogo. Adicionalmente, durante jogos competitivos
jovens atletas desempenham uma distância total que variam de cinco a nove quilômetros,
dependendo dos tempos dos jogos e com sprints que ficam por volta de 27-28 km/h, tais
sobrecargas podem favorecer ao incremento do estresse fisiológico percebido (ARRUDA et
al., 2015; ASLAN et al., 2012). Além disso, 25% da distância total desempenhada durante um
jogo é em velocidades que excederam o limiar de 4 mmol de lactato, o que pode desencadear
uma resposta elevada de carga interna (ASLAN et al., 2012). Embora nossos resultados foram
similares aos encontrados em jogos finais de futebol feminino adulto (MAYA et al., 2016), em
jovens jogadores (sub-14; sub-16 e sub-18) os valores de PSE da sessão encontrados em jogos
foram mais elevados, chegando a valores entre 8 – 9, em contrapartida, valores similares aos
desta pesquisa, foram encontrados em sessões de treino específico realizados em campo
(WRIGLEY et al., 2012). Apesar de ter sido observado uma disparidade de resultados do
presente estudo confrontando com os resultados dispostos na literatura, a utilização da PSE
como instrumento para monitorar as intensidades experimentadas por atletas é válida e
fidedigna, sendo diferente entre diferentes intensidades de treino e jogos, além disso, pode ter
uma relação direta com o risco de lesão e doença, o que a torna importante para o
monitoramento da carga competitiva ou de treinamento (BRINK et al., 2010; MOREIRA et
al., 2013; FREITAS et al., 2014; WRIGLEY et al., 2012).
No que diz respeito às correlações entre as variáveis analisadas no presente estudo,
observou-se que o PSE da sessão se associou positivamente com o tempo em campo,
demonstrando o efeito da exposição a condição de jogo (tempo em campo), confirmando os
achados anteriores em que a PSE da sessão pode ser um indicador preciso da carga interna
geral (IMPELLIZZERI et al., 2004). Dos estudos anteriormente citados, a maior parte deles
37
também não identificaram relação entre a resposta do cortisol salivar com a tempo em campo
ou a posição do jogador (MOREIRA et al., 2009; PEÑAILILLO et al., 2015; CASTO e
EDWARDS, 2016a), outros não apresentam resultados conclusivos sobre a variação do
cortisol apresenta relação ao esforço realizado em jogos ou treinos (AGUILAR, JIMENEZ,
ALVERO-CRUZ, 2013; MAYA et al., 2016). Esse fato pode ser atribuído a diferentes
respostas individuais quando os atletas estão sob condições de competição. Alguns estudos
encontram associação positiva com os valores de carga interna pela PSE da sessão e o delta de
variação absoluto do cortisol salivar (MOREIRA et al., 2012) já outros achados demonstram
correlações entre os valores percentuais (MAYA et al., 2016). Assim, tais associações carecem
de mais investigações para maiores esclarecimentos entre as medidas de carga interna, cortisol
salivar e PSE da sessão.
Mesmo diante dos presentes achados é importante destacar algumas limitações desta
investigação. Primeiramente destaca-se a não utilização de outros instrumentos para aferição
da carga externa competitiva, como acelerômetros e GPS, tais instrumentos poderiam somar-
se aos achados aqui expostos e esclarecer melhor a resposta da carga interna. Além disso,
destaca-se a não utilização de instrumentos psicométricos para medição dos níveis de
ansiedade, estresse e/ou humor para associar aos achados aqui apresentados. Adicionalmente,
poderia ser acrescentado aqui medidas de dor muscular e bioquímicas, tais como
imunoglobulina A, testosterona e creatina quinase, para uma maior exploração da sobrecarga
fisiológica em jovens atletas. Assim, novos trabalhos explorando essas variáveis mensuradas
acima, adicionadas de algumas variáveis de desempenho (salto vertical, sprints de 35 metros,
envolvimento no jogo), são necessários para esclarecer os componentes fisiológicos,
psicológicos e de desempenho em jovens atletas durante jogos sucessivos.
38
9 CONCLUSÃO
Diante do exposto, conclui-se que jogos competitivos acarretam uma resposta aguda do
cortisol salivar, com incrementos que variam de 70 a 109%, em jovens atletas de futebol.
Além disso, a carga interna dos atletas não influenciou a resposta do eixo-hipotálamo-hipófise-
adrenal. Adicionalmente, a PSE da sessão e o tempo em campo demonstraram-se ter uma
correlação positiva. Dessa forma, demonstra-se aqui a aplicabilidade de instrumentos simples
e de fácil manejo dentro de uma condição competitiva real para o monitoramento de jovens
atletas durante jogos competitivos. Contudo, mais pesquisas devem ser delineadas para
confirmar ou refutar tais conclusões.
10 ASPECTOS PRÁTICOS
Como aspecto prático para a formação esportiva de jovens atletas, destaca-se que
indivíduos expostos a maior tempo sob condição de jogo podem apresentam um maior estresse
psicofisiológico durante competições sucessivas, assim o monitoramento da carga interna
(cortisol salivar, PSE da sessão) nos permite sistematizar microciclos anteriores e
subsequentes a jogos sucessivos no jovem atleta, favorecendo um ambiente fisiológico ótimo
para minimizar o surgimento de possíveis, infecções no trato respiratório superior, lesões,
overreaching não funcional.
39
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ANEXOS
ANEXO I – Termo de Assentimento Livre e Esclarecido
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ANEXO II – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
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