Parte I
2
Ezequiel
Parte 1
Silvio Dutra
DEZ/2015
3
A474 Alves, Silvio Dutra Ezequiel./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2015. 311p.; 14,8x21cm 1. Teologia. 2. Comentário Bíblico. 3. Profecia. 4. Justificação. 5. Redenção. 6. Jesus. I. Título.
CDD 230.224
4
Sumário Ezequiel 1..................................................... 5 Ezequiel 2..................................................... 14 Ezequiel 3..................................................... 17 Ezequiel 4..................................................... 27 Ezequiel 5..................................................... 33 Ezequiel 6..................................................... 37 Ezequiel 7..................................................... 41 Ezequiel 8..................................................... 48 Ezequiel 9..................................................... 55 Ezequiel 10................................................... 59 Ezequiel 11................................................... 65 Ezequiel 12................................................... 72 Ezequiel 13................................................... 80 Ezequiel 14................................................... 86 Ezequiel 15................................................... 92 Ezequiel 16................................................... 95 Ezequiel 17................................................... 107 Ezequiel 18................................................... 114 Ezequiel 19................................................... 122 Ezequiel 20................................................... 125 Ezequiel 21................................................... 144
5
Ezequiel 1
O profeta Ezequiel foi juntamente com o
profeta Daniel para Babilônia, na primeira leva
de cativos que se deu em 605 a.C, quando o rei
Joaquim foi levado por Nabucodonosor para Babilônia.
Ele afirma que no quinto ano do cativeiro de
Joaquim, ou seja, 5 anos após terem sido levados
para Babilônia, ele começou a ter visões de
Deus.
As citações aos anos em que recebera visões e revelações da parte Deus, ao longo de todo o seu
livro, tem como referencial o início do seu
cativeiro em Babilônia juntamente com o rei Joaquim, Daniel, muitos príncipes, nobres e
outras pessoas do povo de Judá.
Assim, quando ele diz sexto ano, significa que se
encontrava no sexto ano do seu cativeiro, e dos
demais judeus que se encontravam com ele em Babilônia.
Ezequiel era filho do sacerdote Buzi, e portanto, também seria preparado para o sacerdócio,
porque este cargo era vitalício, que passava de
pai para filho, desde a descendência dos filhos de Arão.
Todavia, o Senhor o chamou para o ofício profético quando se encontrava já em Babilônia
há cinco anos, e a primeira visão e profecia que
lhe vieram, descritas neste e nos próximos capítulos, lhes foram dadas quando se
encontrava junto ao rio Quebar.
6
Neste primeiro capítulo ele descreve a visão que
tivera da glória celestial, e especialmente dos
quatro seres viventes, ou querubins, sobre os
quais estaremos falando mais especificamente neste nosso comentário, em conexão com os
capítulos nono e décimo, nos quais eles são
achados em ação, e vinculados ao propósito da visão que fora dada pelo Senhor a Ezequiel.
Todavia, cabe ressaltar que as visões e profecias
que tivera no quinto ano, encontram-se registradas do primeiro ao sétimo capítulo do
seu livro; e as que tivera no sexto ano, estão
contidas do oitavo ao décimo nono capítulo; as
do sétimo ano, do vigésimo ao vigésimo terceiro; as do nono ano, no vigésimo quarto e
vigésimo quinto capítulos; as do décimo
primeiro ano do vigésimo sexto ao vigésimo
oitavo, e trigésimo primeiro; as do décimo ano no vigésimo nono e trigésimo; as do décimo
segundo ano, do trigésimo segundo ao
trigésimo nono; as do décimo quarto ano, do
quadragésimo até o último capítulo (quadragésimo oitavo).
Assim, as visões que tivera dos querubins,
registradas nos capítulos nono e décimo lhes foram dadas um ano após da primeira que é
narrada por ele neste primeiro capítulo.
Os quatro seres viventes, ou querubins, são citados em Gên 3.24; Êx 25.18-22; 26.1,31; 36.8,35;
37.7-9; Nm 7.89; I Sm 4.4; II Sm 6.2; 22.11; I Rs 6.23-
35; 7.29,36; 8.6,7; II Rs 19.15; I Cr 13.6; 28.18; II Cr 3.7-14; 5.7,8; Sl 18.10; 80.1; 99.1; Is 37.16; Ez 1.5-26;
9.3; 10 (todo o capítulo); 11.22; 28.14-16; 41.18-
7
20,25; Is 37.16; Hb 9.5; Apo 4.6-9; 5.6,8,11,14;
6.1,3,5-7; 7.11; 14.3; 15.7; 19.4.
A palavra Querubim significa guardar, cobrir,
proteger o acesso etc (Êx 25.17-22). Os quatro querubins, que proclamam dia e
noite, sem descanso que Santo, Santo é o Senhor
Deus, o Todo-poderoso, aquele que era, que é e
que há de vir, são chamados também de seres viventes, pelo profeta Ezequiel e pelo apóstolo
João, em Apocalipse (Apo 4.8); quando derem
glória, honra e ações de graças a Deus (Apo 4.9)
os 24 anciãos se prostrarão diante do Senhor e o adorarão (Apo 4.10,11); os 4 querubins também
se prostram e adoram a Deus juntamente com
os 24 anciãos e todos os anjos (Apo 7.11;
19.14); são eles que chamam, respectivamente, os 4 cavaleiros quando os 4 primeiros selos do
livro são abertos (Apo 6.1,3,5,7); e são eles que
dão aos sete anjos, as sete taças cheias da ira de
Deus (Apo 15.7). Ezequiel os viu quando Deus manifestou ao
profeta a Sua glória, estando eles sob o
firmamento celestial (Ez 1.1,5-26), e
posteriormente os viu no templo em Jerusalém (Ez 10.1-22). A glória do Senhor estava sobre os
querubins e se dirigiu para a entrada do templo
(Ez 9.3; 10.4). Depois a glória do Senhor saiu da
entrada do templo e parou sobre os querubins, e estes levantaram suas asas e se elevaram da
terra (Ez 10.18-20).
Na visão de Ezequiel, os quatro seres viventes ou
querubins (Ez 10.20), tinham quatro rostos e quatro asas, cada um, e a semelhança de mãos
de homens debaixo das asas (Ez 1.6,8; 10.21),
8
sendo parecidos com os serafins da visão de Is
6.2,3 sendo que estes tinham seis asas cada um,
como os quatro seres viventes de Apo 4.8, tendo
também estes seis asas, cada um em vez de quatro.
A forma dos querubins é como de homem (Ez
1.5). A cabeça possui quatro faces, sendo rosto de
homem na frente, rosto de leão, à direita, rosto de boi, à esquerda, e rosto de águia na parte de
trás (Ez 1.10).
O apóstolo João teve a visão dos seres quanto à
forma do rosto, como tendo cada um,
respectivamente, rosto de homem, leão, boi e águia (Apo 4.7) e os viu cheios de olhos por
dentro e por fora, em todo o seu redor (Apo
4.6,8). Já quanto aos olhos, Ezequiel viu que além
dos olhos em todo o corpo dos querubins, inclusive nas asas e mãos (Ez 10.12) havia uma
roda ao lado de cada querubim e estas também
estavam cheias de olhos ao redor (Ez 1.15-18;
10.12) e estas seguiam os querubins aonde quer que fossem. Havia algo semelhante ao
firmamento sobre a cabeça dos querubins,
brilhante como cristal (Ez 1.22), e sobre o
firmamento que estava sobre as suas cabeças, havia algo semelhante a um trono, como uma
safira, e sentado no trono alguém semelhante a
um homem (Ez 1.26; 10.1); e o tatalar das asas dos
querubins fazia um estrondo semelhante ao tropel de um exército e como o som de muitas
águas (Ez 1.24). No meio destas visões o Espírito
de Deus entrou em Ezequiel e o Senhor lhe falou enviando-o como profeta à casa de Israel (Ez 2.1-
7).
9
O aspecto deles é como o de carvão em brasa,
semelhante a tochas, e ziguezagueavam como
relâmpagos, como também saiam relâmpagos
entre eles (Ez 1.13,14). Os querubins com as rodas formavam uma
carruagem sobrenatural para o trono de Deus,
que era carregado pelos seres viventes.
A aparição deles a Ezequiel tinha a ver com os juízos que seriam ainda despejados sobre Judá,
especialmente com a destruição do templo e da
cidade de Jerusalém pelos babilônios em 586
a.C., portanto cerca de sete anos depois da visão dada ao profeta. Este juízo está descrito no Novo
Comentário da Bíblia, da seguinte forma: “O
incêndio de Jerusalém (Ez 10.1-22): O trono (v 1)
estava vazio (cfr 9.3), os querubins aguardavam Jeová para alçar vôo e partir.
O destruidor da cidade era o homem vestido de
linho (v 2), que anteriormente havia feito uma
marca nos fiéis, separando-os para a preservação; todos os sete anjos. Dessa forma,
eram ministros vingativos, como em Apo 8.1-
11.15.
A santidade exige sempre o que é correto em
nosso comportamento. As pernas dos querubins eram direitas (Ez 1.7). Não se viravam
em seu movimento, sempre indo para a frente,
indo para onde o espírito havia de ir (Ez 1.9,12).
Quem lança mão do arado não deve olhar para trás. Não deve servir a Deus com o olhar voltado
para o mundo, para a vida que tinha antes da
conversão. E deve estar sob governo do seu espírito e não da sua alma, tal como os
querubins.
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A santidade é progresso contínuo.
É uma caminhada em busca da perfeição divina,
fazendo o que agrada a Deus. Se o crente pára em sua caminhada, ele começa a cair.
A carne o vencerá porque a antiga natureza
sobrepujará a nova, recebida na regeneração. As
rodas e os querubins sempre se movimentavam para a frente, nem para trás, nem para a direita,
nem para a esquerda. O caminho é Cristo. É
estreito e reto. É neste caminho que o crente
deve andar, e é nisto que consiste a sua santificação.
“1 Ora aconteceu no trigésimo ano, no quarto mês, no dia quinto do mês, que estando eu no
meio dos cativos, junto ao rio Quebar, se
abriram os céus, e eu tive visões de Deus.
2 No quinto dia do mês, já no quinto ano do
cativeiro do rei Joaquim,
3 veio expressamente a palavra do Senhor a
Ezequiel, filho de Buzi, o sacerdote, na terra dos caldeus, junto ao rio Quebar; e ali esteve sobre
ele a mão do Senhor.
4 Olhei, e eis que um vento tempestuoso vinha do norte, uma grande nuvem, com um fogo que
emitia de contínuo labaredas, e um resplendor
ao redor dela; e do meio do fogo saía uma coisa
como o brilho de âmbar.
5 E do meio dela saía a semelhança de quatro
seres viventes. E esta era a sua aparência:
tinham a semelhança de homem;
6 cada um tinha quatro rostos, como também
cada um deles quatro asas.
11
7 E as suas pernas eram retas; e as plantas dos
seus pés como a planta do pé dum bezerro; e
luziam como o brilho de bronze polido.
8 E tinham mãos de homem debaixo das suas asas, aos quatro lados; e todos quatro tinham
seus rostos e suas asas assim:
9 Uniam-se as suas asas uma à outra; eles não se
viravam quando andavam; cada qual andava para adiante de si;
10 e a semelhança dos seus rostos era como o
rosto de homem; e à mão direita todos os quatro
tinham o rosto de leão, e à mão esquerda todos os quatro tinham o rosto de boi; e também
tinham todos os quatro o rosto de águia;
11 assim eram os seus rostos. As suas asas
estavam estendidas em cima; cada qual tinha duas asas que tocavam às de outro; e duas
cobriam os corpos deles.
12 E cada qual andava para adiante de si; para
onde o espírito havia de ir, iam; não se viravam quando andavam.
13 No meio dos seres viventes havia uma coisa
semelhante a ardentes brasas de fogo, ou a
tochas que se moviam por entre os seres viventes; e o fogo resplandecia, e do fogo saíam
relâmpagos.
14 E os seres viventes corriam, saindo e voltando
à semelhança dum raio. 15 Ora, eu olhei para os seres viventes, e vi rodas
sobre a terra junto aos seres viventes, uma para
cada um dos seus quatro rostos.
16 O aspecto das rodas, e a obra delas, era como o brilho de crisólita; e as quatro tinham uma
mesma semelhança; e era o seu aspecto, e a sua
12
obra, como se estivera uma roda no meio de
outra roda.
17 Andando elas, iam em qualquer das quatro
direções sem se virarem quando andavam. 18 Estas rodas eram altas e formidáveis; e as
quatro tinham as suas cambotas cheias de olhos
ao redor.
19 E quando andavam os seres viventes, andavam as rodas ao lado deles; e quando os
seres viventes se elevavam da terra, elevavam-
se também as rodas.
20 Para onde o espírito queria ir, iam eles, mesmo para onde o espírito tinha de ir; e as
rodas se elevavam ao lado deles; porque o
espírito do ser vivente estava nas rodas.
21 Quando aqueles andavam, andavam estas; e quando aqueles paravam, paravam estas; e
quando aqueles se elevavam da terra, elevavam-
se também as rodas ao lado deles; porque o
espírito do ser vivente estava nas rodas. 22 E por cima das cabeças dos seres viventes
havia uma semelhança de firmamento, como o
brilho de cristal terrível, estendido por cima,
sobre a sua cabeça. 23 E debaixo do firmamento estavam as suas
asas direitas, uma em direção à outra; cada um
tinha duas que lhe cobriam o corpo dum lado, e
cada um tinha outras duas que o cobriam doutro lado.
24 E quando eles andavam, eu ouvia o ruído das
suas asas, como o ruído de muitas águas, como
a voz do Onipotente, o ruído de tumulto como o ruído dum exército; e, parando eles, abaixavam
as suas asas.
13
25 E ouvia-se uma voz por cima do firmamento,
que estava por cima das suas cabeças; parando
eles, abaixavam as suas asas.
26 E sobre o firmamento, que estava por cima das suas cabeças, havia uma semelhança de
trono, como a aparência duma safira; e sobre a
semelhança do trono havia como que a
semelhança dum homem, no alto, sobre ele. 27 E vi como o brilho de âmbar, como o aspecto
do fogo pelo interior dele ao redor desde a
semelhança dos seus lombos, e daí para cima; e,
desde a semelhança dos seus lombos, e daí para baixo, vi como a semelhança de fogo, e havia um
resplendor ao redor dele.
28 Como o aspecto do arco que aparece na
nuvem no dia da chuva, assim era o aspecto do resplendor em redor. Este era o aspecto da
semelhança da glória do Senhor; e, vendo isso,
caí com o rosto em terra, e ouvi uma voz de quem falava.” (Ezequiel 1)
14
Ezequiel 2
Como Ezequiel ficou prostrado com a glória da
visão que tivera, o Senhor lhe ordenou que
ficasse de pé para que pudesse lhe falar, e ao ter
ouvido tal ordem, o Espírito Santo entrou nele e
o fortaleceu e o colocou de pé, e então pôde ouvir e entender o que Deus lhe falava.
O Senhor disse que lhe estava enviando aos filhos de Israel, às duas casas (Israel e Judá) que
Ele chamou de nações rebeldes, porque
estavam transgredindo contra Ele, tal como
haviam feito os seus antepassados.
Seria a um povo endurecido e obstinado de
coração que Ezequiel teria que profetizar, mas atendessem ou não às palavras que o Senhor lhe
daria para serem pregadas a eles, saberiam que
houve um profeta entre eles, porque o Senhor
mesmo seria com Ezequiel e falaria através dele, de modo que não deveria temê-los, ainda que
fossem para ele como espinhos e escorpiões,
por causa da sua rebeldia.
Ezequiel deveria ser diferente deles, porque
importava que fosse sensível e receptivo ao
Senhor, à Sua vontade e Palavra, para que pudesse se comunicar com Ele, e assim cumprir
o ministério para o qual estava sendo designado.
Então, o que deveria falar lhe foi mostrado como
um rolo escrito por dentro e por fora, o qual lhe
foi ordenado que o comesse, e o livro continha lamentações, suspiros e ais, porque consistia
em repreensões e visões de Deus relativas aos
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pecados de Israel, e o próprio profeta
lamentaria, suspiraria e se afligiria diante de
tais repreensões e visões, porque este era o
mesmo sentimento de Deus diante das transgressões do Seu povo.
“1 E disse-me: Filho do homem, põe-te em pé, e
falarei contigo. 2 Então, quando ele falava comigo entrou em
mim o Espírito, e me pôs em pé, e ouvi aquele
que me falava.
3 E disse-me ele: Filho do homem, eu te envio aos filhos de Israel, às nações rebeldes que se
rebelaram contra mim; eles e seus pais têm
transgredido contra mim até o dia de hoje.
4 E os filhos são de semblante duro e obstinados de coração. Eu te envio a eles, e lhes dirás: Assim
diz o Senhor Deus.
5 E eles, quer ouçam quer deixem de ouvir
(porque eles são casa rebelde), hão de saber que esteve no meio deles um profeta.
6 E tu, ó filho do homem, não os temas, nem
temas as suas palavras; ainda que estejam
contigo sarças e espinhos, e tu habites entre escorpiões; não temas as suas palavras, nem te
assustes com os seus semblantes, ainda que são
casa rebelde.
7 Mas tu lhes dirás as minhas palavras, quer ouçam quer deixem de ouvir, pois são rebeldes.
8 Mas tu, ó filho do homem, ouve o que te digo;
não sejas rebelde como a casa rebelde; abre a
tua boca, e come o que eu te dou. 9 E quando olhei, eis que tua mão se estendia
para mim, e eis que nela estava um rolo de livro.
16
10 E abriu-o diante de mim; e o rolo estava
escrito por dentro e por fora; e nele se achavam escritas lamentações, e suspiros e ais.” (Ezequiel
2)
17
Ezequiel 3
Talvez não haja capítulo que tenha servido à
formulação de uma falsa doutrina sobre justificação na própria Igreja de Cristo, do que
este, em conjunto com o que se afirma no
capítulo 18, por causa da sua incorreta
interpretação.
Antes de tudo, devemos ter em perspectiva
permanentemente no estudo destas passagens,
que Ezequiel fora enviado aos israelitas e a
nenhum outro povo, conforme o próprio Deus afirma neste texto (v. 5 e 6).
Tão endurecidos eles estavam no pecado,
especialmente de idolatria, que foram conduzidos ao cativeiro. Este endurecimento
aqui referido pelo Senhor no livro de Ezequiel,
pode ser visto em todos os seus detalhes e
nuances no livro do profeta Jeremias.
Então o próprio Ezequiel fora feito enrijecido
(não quanto ao pecado, mas quanto à coragem e
firmeza) pelo Senhor, para poder suportar a
dureza dos israelitas, a qual ele teria que enfrentar.
Assim, os ímpios que deveriam ser admoestados
pelo profeta, seriam os próprios israelitas, o
próprio povo de Deus na Antiga Aliança, que apesar de estarem aliançados com Ele, em
decorrência daquela aliança que foi feita com
todos os descendentes de Jacó, a grande maioria deles não tinha o Seu temor e não O conhecia,
apesar de ter se revelado a eles, e lhes escolhido,
18
dentre todas as nações da terra, para ser o Seu
povo particular.
Justamente eles haviam se endurecido
totalmente contra Ele, aos quais se encontrava aliançado, tanto que o Senhor afirma que caso
tivesse enviado Ezequiel a qualquer outra nação
da terra, ele seria ouvido por eles, mas Israel se
recusaria a ouvi-lo (v. 6). Ezequiel não falaria por si mesmo, e nem
mecanicamente sendo um mero repetidor de
palavras que Deus lhe dissesse, mas o faria pelo
testemunho do Espírito Santo que o tomara (v. 12 e 14), tendo as suas entranhas cheias da Palavra
de Deus (v. 1 a 3), o efeito disso foi que ele pôde
experimentar, conduzido pelo Espírito, e cheio
da Palavra de Deus, a amargura e a indignação de Deus contra o pecado do Seu povo, em seu
próprio espírito. E Ezequiel se sentiu
inteiramente tomado pelo poder de Deus (v. 14). Logo, o que será dito por Deus adiante, depois de ter dado tal experiência ao profeta, não seriam
conceitos teológicos sobre o modo da salvação
da alma, especialmente do modo da justificação
dos ímpios, mas um toque de trombeta poderoso nos ouvidos rebeldes da própria nação
judaica que estava no cativeiro, para que
nenhum deles viesse a ser destruído pelo juízo
do Senhor, mesmo já se encontrando debaixo de um juízo que viera da Sua parte, de terem que
viver numa terra estranha por setenta anos.
Aqueles que dessem ouvidos a Ezequiel
preparariam um bom caminho diante do Senhor para o retorno de Babilônia, quando
fossem libertados por Ciro, mas os que se
19
endurecessem e permanecessem na prática da
idolatria, receberiam os juízos descritos neste
livro, em continuação a tudo que lhes havia sido
sucedido, e conforme fora profetizado especialmente por Jeremias, com morte pela
espada, pela peste e pela fome.
Assim, Ezequiel foi conduzido pelo Espírito a
viver no meio do povo que estava cativo, na região em que eles estavam morando junto ao
rio Quebar, e ainda se encontrava pasmado no
meio deles por causa das revelações que lhe
haviam sido feitas (v. 15) e pela dureza da missão que ele teria que cumprir junto a eles.
Passados os sete dias de pasmo, o Senhor tornou
a falar a Ezequiel dizendo que lhe havia
constituído por atalaia (vigia, sentinela) sobre os judeus, e como sentinela de Deus, seu dever
seria alertá-los sobre tudo o que lhe dissesse,
especialmente, quanto aos perigos que estavam
correndo, por permanecerem na prática da impiedade.
Então Ezequiel seria posto no ofício profético
para o próprio bem deles, assim como a
sentinela que guarda a cidade para avisá-la do perigo da destruição que se aproxima, de
maneira que seus habitantes possam se
defender a tempo.
Deus estava em guerra com os ímpios do Seu povo, mas lhes deu um sentinela para avisá-los,
antes de submetê-los a um juízo de destruição
(v. 17).
Então, para o cumprimento fiel da sua missão, Deus impôs a Ezequiel o jugo da
responsabilidade de não deixar de avisar a todos
20
os ímpios de Israel sobre a condição deles
perante Ele, sob pena, de o Senhor demandar
das próprias mãos do profeta, a destruição de
morte que traria sobre tais rebeldes que não fossem avisados por Ezequiel.
Eles deveriam morrer pelos juízos do Senhor,
mas era da vontade do Senhor que lhes fosse
dada antes a oportunidade para se arrependerem, de modo que desviaria tal juízo
daqueles que se arrependessem.
O mesmo sucede com o evangelho na
dispensação da graça, porque tem sido imposto aos cristãos o dever de serem os atalaias de Deus
em todo o mundo, de forma, que aqueles que
não têm desempenhado a sua função de
protestarem contra o pecado, e alertarem as pessoas sobre o juízo que lhes aguarda, caso não
se arrependam de seus pecados e creiam em
Cristo, elas serão condenadas, mas o Senhor
requererá dos cristãos negligentes o sangue delas, ou seja a condenação a um juízo de morte
eterna aos quais teve que submetê-las por não
conhecerem o terrível juízo que lhes aguardava
por causa do pecado não perdoado. Por isso o apóstolo Paulo se esforçava
sobremaneira para que não fosse achado
culpado de tal pecado de negligência.
“26 Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo do sangue de todos.
27 Porque não me esquivei de vos anunciar todo
o conselho de Deus.” (Atos 20.26,27)
Não se está falando portanto de condenação eterna do atalaia infiel, nem mesmo de salvação
pelas obras da lei.
21
Porque a grande ênfase do Senhor no
proferimento desta palavra dada a Ezequiel
recaía sobretudo no livramento da morte física,
em razão de aplicação de maldições previstas na Antiga Aliança, sobre o povo daquela aliança, a
saber, os judeus.
Então, não seria pelo simples fato de Ezequiel
proclamar a Palavra do Senhor aos judeus, que todos eles se converteriam a Ele, mas todos
seriam avisados sobre o que lhes sucederia caso
não se arrependessem.
É importante lembrar que o justo citado no verso 20, não é o justificado pela fé, mas o justo
da Antiga Aliança que guardava os
mandamentos de Deus.
Caso tal judeu deixasse de praticar a justiça e começasse a praticar a iniquidade, então o
Senhor colocaria diante dele um tropeço, que
era uma das maldições da Antiga Aliança, e
mataria o tal judeu que deixou de perseverar na obediência aos mandamentos da aliança,
especialmente por retornar à prática da
idolatria.
Mas mesmo este, deveria ser avisado por Ezequiel que a justiça que ele havia praticado
antes de voltar ao pecado, não seria levada em
consideração por Deus, para remover o juízo
que viria sobre ele, por causa da sua atual iniquidade.
Então, não se trata de possibilidade de perda de
salvação de justificados pela fé, mas de perda
dos benefícios das bênçãos prometidas da Antiga Aliança, por se colocar numa condição
que em vez de bênção, deveria receber a
22
promessa da maldição constante da lei,
especialmente a que diz que “Maldito é aquele
que não confirmar as palavras desta lei, para as
cumprir.” (Dt 27.26). Para o justificado pela fé, na Nova Aliança, Cristo
se fez maldição em seu lugar na cruz, de modo
que já não há nenhuma condenação para quem
está de fato em Cristo, unido a Ele pela fé. Porque em Cristo está morto para Lei, e
consequentemente para a maldição da Lei, que
Deus estaria aplicando aos judeus, e por isso
chamou Ezequiel para alertá-los, porque aqueles eram dias em que vigorava a Antiga
Aliança em toda a sua plenitude, e vigoraria
ainda, por cerca de seiscentos anos mais, até
que Jesus morresse na Cruz, e inaugurasse uma Nova Aliança no Seu sangue, que revogaria e
substituiria a Antiga.
Então, Deus havia descrito a Ezequiel qual seria
a sua missão, e depois disto fez com que ele visse a Sua glória, quando saiu ao vale, igual à que
tinha visto junto ao rio Quebar, e que ele
descreveu no primeiro capítulo, e isto fez com
que caísse com o rosto em terra em atitude de adoração e reverência para com Deus. Ele ficara portanto na condição necessária para
ser tomado pelo Espírito Santo, e foi quando o
Espírito entrou nele e lhe colocou em pé, e lhe
falou dizendo que deveria entrar no interior da sua casa (v. 24), e ser amarrado com cordas, e
não sair de casa, e o Espírito faria com que a
língua do profeta ficasse presa ao seu palato, de modo que não poderia falar palavra alguma,
como um sinal para os judeus de que não lhes
23
serviria receberem um repreendedor, porque
não o ouviriam por causa da rebeldia deles (v.
25,26).
Todavia, quando o Senhor votasse a falar ao profeta, Ele lhe abriria a boca, e então deveria
proclamar aos judeus o seguinte:
“Assim diz o Senhor Deus: Quem ouvir, ouça, e
quem deixar de ouvir, deixe; pois casa rebelde são eles.” (v. 27)
De tudo isto o que se aprende é que aqueles que
se mantiverem rebeldes contra Deus, não se
convertendo a Ele pela fé em Cristo, e comprovando tal conversão por um andar no
Espírito em santificação, podem estar certos,
alertados por esta palavra, que o que lhes
aguarda é um juízo de morte eterna.
“1 Depois me disse: Filho do homem, come o que
achares; come este rolo, e vai, fala à casa de
Israel. 2 Então abri a minha boca, e ele me deu a comer
o rolo.
3 E disse-me: Filho do homem, dá de comer ao
teu ventre, e enche as tuas entranhas deste rolo que eu te dou. Então o comi, e era na minha boca
doce como o mel.
4 Disse-me ainda: Filho do homem, vai, entra na
casa de Israel, e dize-lhe as minhas palavras. 5 Pois tu não és enviado a um povo de estranha
fala, nem de língua difícil, mas à casa de Israel;
6 nem a muitos povos de estranha fala, e de
língua difícil, cujas palavras não possas entender; se eu aos tais te enviara, certamente
te dariam ouvidos.
24
7 Mas a casa de Israel não te quererá ouvir; pois
eles não me querem escutar a mim; porque toda
a casa de Israel é de fronte obstinada e dura de
coração.
8 Eis que fiz duro o teu rosto contra os seus
rostos, e dura a tua fronte contra a sua fronte.
9 Fiz como esmeril a tua fronte, mais dura do
que a pederneira. Não os temas pois, nem te
assustes com os seus semblantes, ainda que são
casa rebelde.
10 Disse-me mais: Filho do homem, recebe no
teu coração todas as minhas palavras que te hei
de dizer; e ouve-as com os teus ouvidos.
11 E vai ter com os do cativeiro, com os filhos do
teu povo, e lhes falarás, e tu dirás: Assim diz o
Senhor Deus; quer ouçam quer deixem de ouvir.
12 Então o Espírito me levantou, e ouvi por
detrás de mim uma voz de grande estrondo, que
dizia: Bendita seja a glória do Senhor, desde o seu lugar.
13 E ouvi o ruído das asas dos seres viventes, ao tocarem umas nas outras, e o barulho das rodas
ao lado deles, e o sonido dum grande estrondo.
14 Então o Espírito me levantou, e me levou; e eu me fui, amargurado, na excitação do meu
espírito; e a mão do Senhor era forte sobre mim.
15 E vim ter com os do cativeiro, a Tel-Abibe, que moravam junto ao rio Quebar, e eu morava onde
eles moravam; e por sete dias sentei-me ali,
pasmado no meio deles.
16 Ao fim de sete dias, veio a palavra do Senhor a
mim, dizendo:
25
17 Filho do homem, eu te dei por atalaia sobre a
casa de Israel; quando ouvires uma palavra da
minha boca, avisa-los-ás da minha parte.
18 Quando eu disser ao ímpio: Certamente
morrerás; se não o avisares, nem falares para
avisar o ímpio acerca do seu mau caminho, a fim de salvares a sua vida, aquele ímpio morrerá na
sua iniquidade; mas o seu sangue, da tua mão o
requererei:
19 Contudo se tu avisares o ímpio, e ele não se
converter da sua impiedade e do seu mau
caminho, ele morrerá na sua iniquidade; mas tu
livraste a tua alma.
20 Semelhantemente, quando o justo se desviar
da sua justiça, e praticar a iniquidade, e eu puser
diante dele um tropeço, ele morrerá; porque não o avisaste, no seu pecado morrerá e não
serão lembradas as suas ações de justiça que
tiver praticado; mas o seu sangue, da tua mão o
requererei.
21 Mas se tu avisares o justo, para que o justo não
peque, e ele não pecar, certamente viverá, porque recebeu o aviso; e tu livraste a tua alma.
22 E a mão do Senhor estava sobre mim ali, e ele
me disse: Levanta-te, e sai ao vale, e ali falarei contigo.
23 Então me levantei, e saí ao vale; e eis que a
glória do Senhor estava ali, como a glória que vi junto ao rio Quebar; e caí com o rosto em terra.
24 Então entrou em mim o Espírito, e me pôs em pé; e falou comigo, e me disse: Entra, encerra-te
dentro da tua casa.
26
25 E quanto a ti, ó filho do homem, eis que porão
cordas sobre ti, e te ligarão com elas, e tu não
sairás por entre eles.
26 E eu farei que a tua língua se pegue ao teu paladar, e ficarás mudo, e não lhes servirás de
repreendedor; pois casa rebelde são eles.
27 Mas quando eu falar contigo, abrirei a tua
boca, e lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus: Quem ouvir, ouça, e quem deixar de ouvir,
deixe; pois casa rebelde são eles.” (Ezequiel 3)
27
Ezequiel 4
Esta profecia foi dada a Ezequiel quando Jerusalém estava sendo sitiada pelos babilônios,
nos dias do rei Zedequias (sabemos pelo livro de
Jeremias que este cerco durou um ano e oito meses), de forma que durante o período do sítio,
Ezequiel deveria fazer uma pequena maquete
que representasse a cidade de Jerusalém sendo
cercada pelos babilônios, tal como já estava ocorrendo, e deveria deitar para dormir
somente sobre um dos lados do seu corpo por
um determinado período de dias, e depois de
cumpridos tais dias determinados pelo Senhor, deveria se deitar sobre o lado oposto.
Ezequiel estava entre os exilados de Babilônia,
que haviam sido levados para lá, antes do cerco de Jerusalém, nos dias do rei Joaquim.
Todavia, como o coração dos judeus que
estavam em Babilônia, se encontrava em Jerusalém, pensando em retornarem para lá, o
Senhor lhes mostrou o que sucederia àquela
cidade, e qual era o motivo de tais juízos,
conforme se verá nos capítulos seguintes, de maneira que não aspirassem mais retornar para
aquilo que seria inteiramente destruído pelo
Seu juízo, através do braço de Babilônia.
Ele ficaria deitado sobre o seu lado esquerdo por
390 dias, simbolizando que estava levando sobre
si a iniquidade da casa de Israel (Reino do Norte) que havia sido levado para o cativeiro pelos
assírios desde 722 a. C.
28
Depois, deveria ficar deitado 40 dias sobre o seu
lado direito, como que levando a iniquidade da
casa de Judá (Reino do Sul), que viria a ser levado
numa nova leva de cativos para Babilônia, e quando a cidade de Jerusalém e o templo,
seriam destruídos e queimados, pelo rei de
Babilônia, em 586.a.C.
Esta ordem de Deus ao profeta tinha
principalmente o propósito didático de revelar
que os israelitas estariam em aperto, e perderiam a liberdade para dormirem em paz
enquanto durassem as assolações da
dominação estrangeira que estava determinada
sobre eles, numa terra estranha.
No entanto, o tempo de opróbrio de Judá seria
menor do que o de Israel (Reino do Norte)
porque não se achou mais naquele reino constituído pelas dez tribos do norte, algo bom,
como ainda se achava em Judá. E seria portanto,
principalmente através de Judá, que o Senhor
daria prosseguimento ao Seu plano de salvar em todas as nações do mundo, pela revelação que
continuaria fazendo através deles, até que o
Messias se manifestasse.
Durante o sítio de Jerusalém haveria grande
escassez de alimentos na cidade, e isto está
descrito neste capítulo de Ezequiel,
especialmente no símile que lhe foi dado pelo Senhor, para servir de comparação ao que
sucederia aos judeus que estivessem no interior
daquela cidade, porque experimentariam a fome a ponto de comerem até mesmo seus
próprios filhos, para se alimentarem.
29
Então Ezequiel deveria profetizar que Jerusalém
não poderia se libertar do sítio que lhe fora
imposto pelo Senhor, até que se cumprissem os
dias determinados por Ele para o seu fim.
A comida do profeta seria um pão simples feito de trigo, cevada, favas, lentilhas e milho, e
durante os 390 dias em que estivesse deitado
sobre o seu lado esquerdo (v. 9,10).
Ele deveria também reduzir a medida de água
que beberia diariamente (v. 11), para servir de sinal aos judeus sob o cerco de Babilônia que
haveria escassez de água para eles.
Além disso, Ezequiel deveria assar o seu pão
sobre excremento humano, para representar
que o pão que os israelitas comeriam
espalhados entre as nações seria um pão imundo aos próprios olhos deles, tal como seria
aos olhos do profeta.
Como Ezequiel disse ao Senhor, que estava
constrangido pelo seu próprio amor à lei, que
proibia o comer coisas imundas, o Senhor lhe deu no lugar de excremento humano,
excremento seco de boi, para que pudesse usá-
lo como combustível para assar o seu pão (v. 18).
Tudo isto estava profetizado na Antiga Aliança
como maldições que viriam da parte de Deus sobre o Seu povo, quando eles insistissem em
transgredir os Seus mandamentos (veja Levítico
26).
Então eles teriam sobressalto e espanto de
espírito ao comerem e ao beberem, em face da grave escassez com que o Senhor faria que
viesse sobre eles, em cumprimento às ameaças
30
que lhes fizera desde os dias de Moisés, em caso
de descumprimento da Sua aliança.
Quando a Igreja não anda nos caminhos do Senhor, os seus ministros sofrem juntamente
com o povo, as correções que lhes vem da parte
de Deus, por mais consagrados que sejam a Ele
esses ministros, tal como vemos no exemplo do que Ezequiel teve que viver, e não somente Ele,
como todos os profetas de Deus que sofreram e
foram perseguidos pelo próprio povo ao qual serviam com fidelidade, para o bem deles.
“1 Tu pois, ó filho do homem, toma um tijolo, e pô-lo-ás diante de ti, e grava nele uma cidade, a
cidade de Jerusalém;
2 e põe contra ela um cerco, e edifica contra ela uma fortificação, e levanta contra ela uma
tranqueira; e coloca contra ela arraiais, e põe-
lhe aríetes em redor.
3 Toma também uma sertã de ferro, e põe-na
por muro de ferro entre ti e a cidade; e olha para
a cidade, e ela será cercada, e tu a cercarás; isso servirá de sinal para a casa de Israel.
4 Tu também deita-te sobre o teu lado esquerdo,
e põe sobre ele a iniquidade da casa de Israel; conforme o número dos dias em que te deitares
sobre ele, levarás a sua iniquidade.
5 Pois eu fixei os anos da sua iniquidade, para que eles te sejam contados em dias, trezentos e
noventa dias; assim levarás a iniquidade da casa
de Israel.
6 E quando tiveres cumprido estes dias, deitar-
te-ás sobre o teu lado direito, e levarás a
31
iniquidade da casa de Judá; quarenta dias te dei,
cada dia por um ano.
7 Dirigirás, pois, o teu rosto para o cerco de
Jerusalém, com o teu braço descoberto; e profetizarás contra ela.
8 E eis que porei sobre ti cordas; assim tu não te
voltarás dum lado para o outro, até que tenhas
cumprido os dias de teu cerco: 9 E tu toma trigo, e cevada, e favas, e lentilhas, e
milho miúdo, e espelta, e mete-os numa só
vasilha, e deles faze pão. Conforme o número
dos dias que te deitares sobre o teu lado, trezentos e noventa dias, comerás disso.
10 E a tua comida, que hás de comer, será por
peso, vinte siclos cada dia; de tempo em tempo a
comerás. 11 Também beberás a água por medida, a sexta
parte dum him; de tempo em tempo beberás.
12 Tu a comerás como bolos de cevada, e à vista
deles a assarás sobre o excremento humano. 13 E disse o Senhor: Assim comerão os filhos de
Israel o seu pão imundo, entre as nações, para
onde eu os lançarei.
14 Então disse eu: Ah Senhor Deus! eis que a minha alma não foi contaminada: pois desde a
minha mocidade até agora jamais comi do
animal que morre de si mesmo, ou que é
dilacerado por feras; nem carne abominável entrou na minha boca.
15 Então me disse: Vê, eu te dou esterco de bois
em lugar de excremento de homem; e sobre ele
prepararás o teu pão, 16 Disse-me mais: Filho do homem, eis que
quebrarei o báculo de pão em Jerusalém; e
32
comerão o pão por peso, e com ansiedade; e
beberão a água por medida, e com espanto;
17 até que lhes falte o pão e a água, e se espantem
uns com os outros, e se definhem na sua iniquidade.” (Ezequiel 4)
33
Ezequiel 5
Este capítulo, por um outro símile que foi dado
por Deus aos judeus que se encontravam já cativos em Babilônia, por meio de Ezequiel,
deveria servir de completo desencorajamento a
eles quanto a abrigarem qualquer sonho no
sentido de retornarem a Jerusalém, para se unirem aos seus irmãos que se encontravam
sob o cerco, que lhes fora imposto por Babilônia.
O Senhor ordenou ao profeta que raspasse os
cabelos de sua cabeça e barba, e que os dividisse
em três partes iguais.
Estes cabelos assim repartidos simbolizariam o próprio povo de Deus estando debaixo dos juízos
específicos que Ele lhes traria. Afinal, todos eles
tinham um DNA comum, de um ancestral
comum (Jacó), e bem poderiam ser representados pelo DNA deles que havia no
cabelo de Ezequiel.
Assim, quando acabasse os dias de sítio,
Ezequiel deveria pegar uma terça parte
daqueles cabelos e queimá-la no fogo, no meio
da maquete que ele fizera da cidade de Jerusalém, para revelar aos judeus que ela seria
queimada pelo fogo; uma outra parte deveria ser
colocada ao redor da maquete da cidade e ser
ferida com uma espada, porque isto representaria os judeus que seriam mortos pela
espada dos babilônios, especialmente aqueles
que tentassem fugir quando Jerusalém fosse tomada por eles; e a última terça parte deveria
ser espalhada ao vento, para simbolizar aqueles
34
que em fuga seriam ainda assim perseguidos
pela espada (v. 2). Destes cabelos raspados de sua cabeça e barba,
Ezequiel deveria reservar uma pequena parte para ser guardada atada nas bordas da sua capa,
e ainda desta parte reservada deveria tomar um
tanto para ser queimado no fogo, simbolizando
que mesmo depois da queda da cidade, haveria um fogo de destruição que seria trazido sobre o
remanescente que nela ficasse (v. 3, 4).
Todavia, um resto ficaria preso à capa de
Ezequiel, simbolizando os judeus que escapariam do juízo de Deus, que seriam muito
poucos, comparativamente a todo o cabelo que
havia sido destruído ou lançado fora.
Do verso 5 ao 17 Deus descreve estas ações que dera em símile a Ezequiel, em detalhes relativos
ao que faria a Judá por causa da sua rebeldia aos
Seus mandamentos, que era ainda maior do que
as das nações ao seu redor. Então, não foram rejeitados por Ele, como as
demais nações, porque tinha uma aliança com
Israel, e permaneceria fiel à aliança, mesmo em
face da infidelidade deles, porque os Seus planos não podem ser frustrados.
“1 E tu, ó filho do homem, toma uma espada
afiada; como navalha de barbeiro a usarás, e a farás passar pela tua cabeça e pela tua barba.
Então tomarás uma balança e repartirás os
cabelos.
2 A terça parte, queimá-la-ás no fogo, no meio da cidade, quando se cumprirem os dias do cerco;
tomarás outra terça parte, e com uma espada
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feri-la-ás ao redor da cidade; e espalharás a
outra terça parte ao vento; e eu desembainharei
a espada atrás deles.
3 E tomarás deles um pequeno número, e atá-los-ás nas bordas da tua capa.
4 E ainda destes tomarás alguns e, lançando-os
no meio do fogo, os queimarás no fogo; e dali
sairá um fogo contra toda a casa de Israel. 5 Assim diz o Senhor Deus: Esta é Jerusalém;
coloquei-a no meio das nações, estando os
países ao seu redor;
6 ela, porém, se rebelou perversamente contra os meus juízos, mais do que as nações, e os meus
estatutos mais do que os países que estão ao
redor dela; porque rejeitaram as minhas
ordenanças, e não andaram nos meus preceitos. 7 Portanto assim diz o Senhor Deus: Porque sois
mais turbulentos do que as nações que estão ao
redor de vós, e não tendes andado nos meus
estatutos, nem guardado os meus juízos, e tendes procedido segundo as ordenanças das
nações que estão ao redor de vós;
8 por isso assim diz o Senhor Deus: Eis que eu,
sim, eu, estou contra ti; e executarei juízos no meio de ti aos olhos das nações.
9 E por causa de todas as tuas abominações farei
sem ti o que nunca fiz, e coisas às quais nunca
mais farei semelhantes. 10 portanto os pais comerão a seus filhos no
meio de ti, e os filhos comerão a seus pais; e
executarei em ti juízos, e todos os que restarem
de ti, espalha-los-ei a todos os ventos. 11 Portanto, tão certo como eu vivo, diz o Senhor
Deus, pois que profanaste o meu santuário com
36
todas as tuas coisas detestáveis, e com todas as
tuas abominações, também eu te diminuirei; e
não te perdoarei, nem terei piedade de ti.
12 uma terça parte de ti morrerá da peste, e se consumirá de fome no meio de ti; e outra terça
parte cairá à espada em redor de ti; e a outra
terça parte, espalha-la-ei a todos os ventos, e
desembainharei a espada atrás deles. 13 Assim se cumprirá a minha ira, e satisfarei
neles o meu furor, e me consolarei; e saberão
que sou eu, o Senhor, que tenho falado no meu
zelo, quando eu cumprir neles o meu furor. 14 Demais te farei uma desolação, e objeto de
opróbrio entre as nações que estão em redor de
ti, à vista de todos os que passarem.
15 E isso será objeto de opróbrio e ludíbrio, e escarmento e espanto, às nações que estão em
redor de ti, quando eu executar em ti juízos com
ira, e com furor, e com furiosos castigos. Eu, o
Senhor, o disse. 16 Quando eu enviar as malignas flechas da
fome contra eles, flechas para a destruição, as
quais eu mandarei para vos destruir; e
aumentarei a fome sobre vós, e tirar-vos-ei o sustento do pão.
17 E enviarei sobre vós a fome e feras, que te
desfilharão; e a peste e o sangue passarão por ti;
e trarei a espada sobre ti. Eu, o Senhor, o disse.” (Ezequiel 5)
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Ezequiel 6
O teor das ameaças dirigidas por Deus contra os
judeus neste capítulo de Ezequiel, é muito parecido ao que nós encontramos
especialmente nos vinte primeiros capítulos do
livro de Jeremias.
A palavra de destruição pela espada não é
dirigida propriamente contra os montes,
colinas e vales de Judá, mas aos judeus que costumavam oferecer neles seus sacrifícios e
oferendas a falsos deuses. Daí ter sido ordenado
a Ezequiel que profetizasse contra os montes,
colinas e vales.
Não somente os adoradores de falsos deuses
seriam destruídos pelo juízo do Senhor, como também os seus altares e os seus ídolos (v. 4). E
os cadáveres dos idólatras seriam colocados ao
redor dos seus altares e ídolos para que os que
estivessem vivos soubessem que o que se pode conseguir com a adoração de falsos deuses é
apenas a morte (v. 5, 13, 14).
Todavia, o Senhor deixaria que escapasse do
juízo da morte pela espada, um remanescente
que viveria espalhado pelas nações, e estes se
lembrariam dEle, quando lhes quebrantasse o coração corrompido, que havia se desviado
dEle, e que em consequência fez com que seus
olhos espirituais ficassem cegados a ponto de adorarem ídolos, e caindo em si, sentiriam nojo
pelo que haviam feito (v. 9).
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Então saberiam que todo aquele mal que lhes
sobreviera havia partido do próprio Senhor (v.
10).
Todavia, não morreriam apenas pela espada,
mas também pela fome e pela peste, conforme
estava previsto nas ameaças de maldições da Lei
(v. 11).
Os que fugissem da espada seriam alcançados
pela peste, e o que sobrasse deles, morreria de
fome, porque o Senhor derramaria o Seu furor
contra eles (v. 12).
“1 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Filho do homem, dirige o teu rosto para os
montes de Israel, e profetiza contra eles.
3 E dize: Montes de Israel, ouvi a palavra do
Senhor Deus. Assim diz o Senhor Deus aos montes, aos outeiros, às ravinas e aos vales: Eis
que eu, sim eu, trarei a espada sobre vós, e
destruirei os vossos altos.
4 E serão assolados os vossos altares, e
quebrados os vossos altares de incenso; e
arrojarei os vossos mortos diante dos vossos
ídolos.
5 E porei os cadáveres dos filhos de Israel diante
dos seus ídolos, e espalharei os vossos ossos em
redor dos vossos altares.
6 Em todos os vossos lugares habitáveis as cidades serão destruídas, e os altos assolados;
para que os vossos altares sejam destruídos e
assolados, e os vossos ídolos se quebrem e sejam destruídos, e os altares de incenso sejam
cortados, e desfeitas as vossas obras.
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7 E os traspassados cairão no meio de vós, e
sabereis que eu sou o Senhor.
8 Contudo deixarei com vida um restante, visto
que tereis alguns que escaparão da espada entre as nações, quando fordes espalhados pelos
países.
9 Então os que dentre vós escaparem se
lembrarão de mim entre as nações para onde forem levados em cativeiro, quando eu lhes
tiver quebrantado o coração corrompido, que se
desviou de mim, e cegado os seus olhos, que se
vão corrompendo após os seus ídolos; e terão nojo de si mesmos, por causa das maldades que
fizeram em todas as suas abominações.
10 E saberão que eu sou o Senhor; não disse
debalde que lhes faria este mal. 11 Assim diz o Senhor Deus: Bate com a mão, e
bate com o teu pé, e dize: Ah! por causa de todas
as péssimas abominações da casa de Israel; pois
eles cairão à espada, e de fome, e de peste. 12 O que estiver longe morrerá de peste; e, o que
está perto cairá à espada; e o que ficar de resto e
cercado morrerá de fome; assim cumprirei o
meu furor contra eles. 13 Então sabereis que eu sou o Senhor, quando
os seus mortos estiverem estendidos no meio
dos seus ídolos, em redor dos seus altares, em
todo outeiro alto, em todos os cumes dos montes, e debaixo de toda árvore verde, e
debaixo de todo carvalho frondoso, lugares
onde ofereciam suave cheiro a todos os seus
ídolos. 14 E estenderei a minha mão sobre eles, e farei a
terra desolada e erma, em todas as suas
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habitações; desde o deserto até Dibla; e saberão
que eu sou o Senhor.” (Ezequiel 6)
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Ezequiel 7
Ao tempo em que estas profecias eram dadas a
Ezequiel, relativas ao sítio e à queda de
Jerusalém, em Babilônia, Jeremias ainda
profetizava em Judá.
Certamente, chegou aos judeus, tanto de uma
quanto de outra parte, o teor destas profecias de ambos, que eram uma só revelação em essência,
e nem com isso eles se arrependeram de suas
más obras.
É possível pregar tudo que se refira à sã doutrina
sobre santificação e nem assim muitos cristãos virem a se santificar.
É possível pregar com exatidão sobre a
segurança da salvação por causa da justificação,
e ainda assim muitos cristãos viverem
angustiados pelo temor da perda da salvação.
Deste modo, não é nenhuma garantia de que
haverá obediência dos cristãos, caso a Palavra seja pregada e ensinada como convém, isto é,
estando a vida em acordo com a verdade pelos
que pregam e ensinam, e por uma exposição
correta da doutrina da graça e da verdade que estão em Cristo Jesus.
É necessário tomar uma posição em relação ao
que se ouve, e colocá-lo em prática. Daí a
ordenança bíblica de que não sejamos meros
ouvintes da Palavra, mas praticantes.
O fato de saber a doutrina correta não é uma garantia de que estamos salvos ou santificados.
Apesar de ser fundamental o conhecimento da
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verdade para que haja salvação e santificação.
Mas somente o conhecimento intelectual da
verdade não é por si só, uma garantia de
conversão, como podemos ver na atitude de Israel na recepção da Palavra que lhe foi enviada
da parte de Deus pelos Seus profetas.
O próprio Senhor Jesus disse que aquele que
ouve a Palavra e não a pratica é como um insensato que construiu sua casa sobre a areia.
Nenhum pastor deveria se iludir portanto,
pensando que tudo o que deve fazer é
simplesmente aprender e ensinar a doutrina correta, porque conduzir a si mesmo e o povo de
Deus à santificação é tarefa para quem é
diligente não apenas no aprendizado da
verdade, mas também na busca de Deus, no enchimento do Espírito e revestimento do Seu
poder, de uma vida de oração e de renúncias,
uma vez estabelecida a comunhão com nosso
Senhor, que nos trará o Seu governo sobre o nosso espírito.
Por isso Deus havia alertado a Ezequiel de
antemão que Ele não seria ouvido pelos judeus,
apesar de tudo o que lhes dissesse proviesse dEle, e fosse a pura verdade. Porque Deus sabe
que para haver arrependimento e conversão é
necessário muito mais do que simplesmente
ouvir a verdade, é necessário ter um coração contrito perante Ele, que odeie o pecado, e que
trema da Sua presença, pelo Seu temor e da Sua
Palavra, de maneira que Ele ache um caminho
para poder se revelar aos nossos corações. Como os judeus poderiam se converter ao
Senhor enquanto seus corações estavam
43
apegados às riquezas que eles haviam
acumulado? Estava apegado de tal forma, que
nem sequer no sítio que estavam sofrendo,
viram que ouro e prata não matam a fome, em tais circunstâncias, porque nada se pode
comprar com eles, e nem sequer servir para
pagar tributos a nações que pudessem lhes socorrer, porque estavam em aperto e
incomunicáveis, de maneira que toda a fortuna
que haviam juntado de nada lhes serviria, e não
somente isto, passaria para as mãos de outros.
Por causa dessa riqueza do mundo eles haviam desprezado a celestial, e afastando-se dos
caminhos retos do Senhor, vieram a viver na
iniquidade. Então o dinheiro se lhes tornou em
tentação e laço, que endureceu seus corações, preparando-lhes para a destruição (v. 19).
Até mesmo os adornos que usavam foi
convertido em soberba, lhes tornando
orgulhosos, e fizeram deles imagens de esculturas para adorá-las (v. 20).
Então o Senhor permitiria que caíssem nas
mãos de ímpios, e também que o Seu próprio
templo fosse profanado, porque eles haviam se tornado indignos de entrarem na Sua casa e
adorá-lO.
Nos dias da sua destruição eles buscariam a paz,
mas não a paz que o Senhor dá, e por isso não achariam nenhuma paz (v. 25).
O Senhor agrada-se em dar a Sua paz, porque é
um dos Seus atributos, é parte do fruto do Seu
Espírito, mas não pode dar tal paz a quem vive na iniquidade, e que se recusa a se arrepender de
seus pecados.
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Jesus é o Príncipe da paz, e nos dá a Sua paz não
conforme é dada pelo mundo, ou seja, pela
ausência de dificuldades e tribulações. Ele nos
dá paz em meio às aflições, quando O buscamos de todo o nosso coração, dispostos a tomar sobre
nós o jugo da obediência que Lhe é devida.
Fazendo assim, sendo Seus imitadores, por sermos mansos e humildes de coração tal como
Ele, acharemos por fim a Sua paz, porque
agrada-se em dá-la aos que procedem de tal
forma.
Buscar meramente alívio de aflições, tal como
os judeus fariam na hora da destruição que viria
sobre eles, não significa buscar a paz de Deus, nem mesmo ao próprio Deus, porque é possível
achar conforto e alívio que nos seja dado por Ele,
para logo endurecer de novo o coração, pela
falta de um verdadeiro arrependimento, tal como a Bíblia está cheia de exemplos nas
pessoas de Esaú, faraó, o rei Acabe, Judas e
tantos outros.
“1 Ainda veio a palavra do Senhor a mim,
dizendo:
2 E tu, ó filho do homem, assim diz o Senhor Deus à terra de Israel: Vem o fim, o fim vem
sobre os quatro cantos da terra.
3 Agora vem o fim sobre ti, e enviarei sobre ti a minha ira, e te julgarei conforme os teus
caminhos; e trarei sobre ti todas as tuas
abominações.
4 E não te pouparei, nem terei piedade de ti; mas
eu te punirei por todos os teus caminhos,
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enquanto as tuas abominações estiverem no
meio de ti; e sabereis que eu sou o Senhor.
5 Assim diz o Senhor Deus: Mal sobre mal! eis
que vem! 6 Vem o fim, o fim vem, despertou-se contra ti;
eis que vem.
7 Vem a tua ruína, ó habitante da terra! Vem o
tempo; está perto o dia, o dia de tumulto, e não de gritos alegres, sobre os montes.
8 Agora depressa derramarei o meu furor sobre
ti, e cumprirei a minha ira contra ti, e te julgarei
conforme os teus caminhos; e te punirei por todas as tuas abominações.
9 E não te pouparei, nem terei piedade;
conforme os teus caminhos, assim te punirei,
enquanto as tuas abominações estiverem no meio de ti; e sabereis que eu, o Senhor, castigo.
10 Eis o dia! Eis que vem! Veio a tua ruína; já
floresceu a vara, já brotou a soberba.
11 A violência se levantou em vara de iniquidade. Nada restará deles, nem da sua multidão, nem
dos seus bens. Não haverá eminência entre eles.
12 Vem o tempo, é chegado o dia; não se alegre o
comprador, e não se entristeça o vendedor; pois a ira está sobre toda a multidão deles.
13 Na verdade o vendedor não tornará a possuir
o que vendeu, ainda que esteja por longo tempo
entre os viventes; pois a visão, no tocante a toda a multidão deles, não voltará atrás; e ninguém
fortalece a sua vida com a sua própria
iniquidade.
14 Já tocaram a trombeta, e tudo prepararam, mas não há quem vá à batalha; pois sobre toda a
multidão deles está a minha ira.
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15 Fora está a espada, e dentro a peste e a fome;
o que estiver no campo morrerá à espada; e o
que estiver na cidade, a fome e a peste o
consumirão. 16 E se escaparem alguns sobreviventes, estarão
sobre os montes, como pombas dos vales, todos
gemendo, cada um por causa da sua iniquidade.
17 Todas as mãos se enfraquecerão, e todos os joelhos se tornarão fracos como água.
18 E se cingirão de sacos, e o terror os cobrirá; e
sobre todos os rostos haverá vergonha e sobre
todas as suas cabeças calva. 19 A sua prata, lança-la-ão pelas ruas, e o seu
ouro será como imundícia; nem a sua prata nem
o seu ouro os poderá livrar no dia do furor do
Senhor; esses metais não lhes poderão saciar a fome, nem lhes encher o estômago; pois
serviram de tropeço da sua iniquidade.
20 Converteram em soberba a formosura dos
seus adornos, e deles fizeram as imagens das suas abominações, e as suas coisas detestáveis;
por isso eu a fiz para eles como uma coisa
imunda.
21 E entrega-la-ei nas mãos dos estrangeiros por presa, e aos ímpios da terra por despojo; e a
profanarão.
22 E desviarei deles o meu rosto, e profanarão o
meu recesso; porque entrarão nele saqueadores, e o profanarão.
23 Faze uma cadeia, porque a terra está cheia de
crimes de sangue, e a cidade está cheia de
violência. 24 Pelo que trarei dentre as nações os piores,
que possuirão as suas casas; e farei cessar a
47
soberba dos poderosos; e os seus lugares santos
serão profanados.
25 Quando vier a destruição eles buscarão a paz,
mas não haverá paz. 26 Miséria sobre miséria virá, e se levantará
rumor sobre rumor; e buscarão do profeta uma
visão; mas do sacerdote perecerá a lei, e dos
anciãos o conselho. 27 O rei pranteará, e o príncipe se vestirá de
desolação, e as mãos do povo da terra tremerão
de medo. Conforme o seu caminho lhes farei, e
conforme os seus merecimentos os julgarei; e saberão que eu sou o Senhor.” (Ezequiel 7)
48
Ezequiel 8
Aos que iam ao templo, parecia que tudo lá era
feito de acordo com as prescrições da Lei de
Moisés, que lhe fora dada pelo Senhor, pela qual
entrara em aliança com Israel.
Todavia, o Senhor sabe tudo o que os homens fazem às ocultas. Não somente exteriormente
como no interior de seus próprios corações.
Cristãos podem parecer em seu procedimento
exterior, especialmente quando se encontram
na igreja, como templos vivos aprovados por Deus, mas Ele conhece perfeitamente o que está
no interior destes templos vivos que são os
cristãos, porque discerne não somente os pensamentos como até mesmo as intenções dos
corações. Se amam e obedecem de fato a Ele e à
Sua Palavra, ou não.
Então o Senhor revelaria a Ezequiel, pela
instrução de um anjo, tudo o que se estava fazendo às ocultas nas câmaras do Seu próprio
templo em Jerusalém, pelos sacerdotes e
anciãos de Judá.
Havia decorrido um ano desde que Ezequiel
havia recebido as visões e profecias narradas nos capítulos anteriores, quando foi arrebatado
por uma das tranças dos seus cabelos por um
varão semelhante ao fogo, sendo transportado
desse modo pelo Espírito Santo, de Babilônia até ao templo de Jerusalém.
Nós vimos anteriormente que ele havia rapado a
sua cabeça, e então seus cabelos estavam de
49
novo crescidos porque um ano se passara desde
que tivera as visões e profecias narradas até o
capítulo sétimo.
A Jeremias não foram dadas tais revelações do que havia de escondido nas câmaras do templo,
mas Ezequiel as havia recebido da parte de Deus,
para que o povo soubesse que os juízos terríveis
que estava proclamando através de Jeremias contra Jerusalém e contra o próprio templo, não
poderiam ser suspendidos, porque haveria
necessidade de se purificar o santuário de toda
aquela grosseira idolatria, e de todas as contaminações que haviam sido colocadas nas
paredes da própria casa do Senhor.
Como poderia o Senhor e a Sua glória habitarem
num tal lugar? Então este capítulo é preparatório para as visões
que Ezequiel teve nos capítulos seguintes não
somente das medidas que estavam sendo
tomadas para purificar Jerusalém e o templo pelo fogo, como também para constatar que de
fato, isto foi feito, porque o Senhor e a Sua glória
havia abandonado o templo, conforme foi dado
a Ezequiel ver nos capítulos seguintes.
O povo, de um modo geral desconhecia a Lei de Deus, em todas as suas minúcias, especialmente
quanto às regras para o funcionamento do culto
no templo. Então foi muito fácil para os escribas
e sacerdotes infiéis introduzirem uma imagem de escultura à porta norte do templo, próximo
do altar dos holocaustos, sob a possível alegação
de que fazia parte da estrutura que fora ordenada pelo Senhor, quando na verdade se
tratava de um acréscimo abominável. Por isso é
50
chamada de imagem do ciúme, ou seja que
despertava e provocava a zelos ao Senhor, por
causa da Sua santidade.
Não é incomum que ministros acrescentem à forma de adoração já instituída por Deus para a
forma que deve ser adorado pela Igreja, que é
em espírito e em verdade, práticas de cunho
carnal e mundano, a pretexto de serem formas lícitas de se adorar a Deus, quando pessoas
esclarecidas na verdade, sabem muito bem que
se trata também de uma provocação ao zelo do
Senhor, por causa do amor à Sua própria santidade, e da glória do Seu grande nome que
deve ser santificado na terra, assim como é no
céu, ou seja, conforme a forma por Ele prescrita.
Por maiores que sejam as justificativas, a presença ou ausência da glória do Senhor nas
pessoas desses ministros e dos demais
adoradores, responderá se estão agindo de
modo correto ou não. Todavia, os ministros do templo não agiam por
ignorância, porque sabiam muito bem que
estavam cultuando a outros deuses e lhes dando
honra no lugar do Senhor. E pior de tudo, fazendo isto tudo descaradamente na Sua
própria casa.
Com isto, o povo se corrompeu, porque vemos
neste capítulo mulheres chorando em adoração em honra do falso deus Tamuz.
Se a consciência desses ministros não lhes
condenava, no entanto lhes acusava perante o
Senhor, porque o que havia de pior entre eles, faziam às ocultas, tanto que foi ordenado a
Ezequiel que fizesse um buraco numa das
51
paredes do templo que conduzia a uma câmara
onde setenta anciãos se reuniam para adorar
falsos deuses, que haviam sido estampados nas
paredes daquela câmara na forma de répteis, e de animais imundos, e todos os ídolos da casa de
Israel (v. 10).
Além disso foi mostrado a Ezequiel 25
adoradores no átrio interno do templo com seus rostos voltados para o nascente, adorando o
sol. Ora, eles fizeram tudo isto deliberadamente, e
por terem considerado que haviam sido abandonados pelo Deus de Moisés, de maneira
que escolheram deuses para serem adorados
segundo a própria conveniência deles,
esquecidos que tinham uma aliança com o Senhor, pela qual, estavam sujeitos a juízos de
bênçãos ou de maldições, segundo a obediência
ou desobediência deles, respectivamente.
A Lei nos ensina portanto em figura, que mesmo estando numa Nova Aliança com Cristo, e não
estando mais debaixo da Lei, isto não significa
que eles têm liberdade para adorar o que bem
entendam ou que não estão sujeitos a nenhum castigo da parte do Senhor caso venham a andar
de modo desordenado, contra a santificação que
Lhe é devida.
Ainda que não sejam mais amaldiçoados com as
mesmas maldições especificadas na Antiga Aliança, certamente serão sujeitados à Sua
disciplina e não serão tidos por aprovados ou
abençoados ou bem-aventurados, quando viverem deliberadamente na prática da
iniquidade, tal como viveram os judeus nos dias
52
de Ezequiel, e que por isso foram destruídos
pelos juízos do Senhor.
Que comunhão pode existir entre luz e trevas?
Entre Cristo e Belial?
Entre a glória do Senhor e os demônios?
Por isso, quando Ezequiel foi arrebatado ao templo de Jerusalém, ainda se via a glória do
Senhor naquele lugar, para que ele constatasse
quão incompatível é que tal glória permaneça
onde predominam as trevas do pecado nos corações.
Então a glória seria removida do templo, assim
como é removida dos corações dos cristãos que
entristecem o Espírito Santo, e que apagam o
fogo da Sua glória, até que eles venham a se arrepender, porque o corpo deles é templo do
Espírito, e Ele não pode estar se manifestando
em glória num templo que esteja sujo. “1 Sucedeu pois, no sexto ano, no mês sexto, no
quinto dia do mês, estando eu assentado na
minha casa, e os anciãos de Judá assentados diante de mim, que ali a mão do Senhor Deus
caiu sobre mim.
2 Então olhei, e eis uma semelhança como
aparência de fogo. Desde a aparência dos seus
lombos, e para baixo, era fogo; e dos seus lombos, e para cima, como aspecto de
resplendor, como e brilho de âmbar.
3 E estendeu a forma duma mão, e me tomou
por uma trança da minha cabeça; e o Espírito me
levantou entre a terra e o céu, e nas visões de Deus me trouxe a Jerusalém, até a entrada da
porta do pátio de dentro, que olha para o norte,
53
onde estava o assento da imagem do ciúme, que
provoca ciúme.
4 E eis que a glória do Deus de Israel estava ali,
conforme a semelhança que eu tinha visto no vale.
5 Então me disse: Filho do homem, levanta
agora os teus olhos para o caminho do norte.
Levantei, pois, os meus olhos para o caminho do norte, e eis que ao norte da porta do altar, estava
esta imagem do ciúme na entrada.
6 E ele me disse: Filho do homem, vês tu o que
eles estão fazendo? as grandes abominações que a casa de Israel faz aqui, para que me afaste
do meu santuário; Mas verás ainda outras
grandes abominações.
7 E levou-me à porta do átrio; então olhei, e eis que havia um buraco na parede.
8 Então ele me disse: Filho do homem, cava
agora na parede. E quando eu tinha cavado na
parede, eis que havia uma porta. 9 Disse-me ainda: Entra, e vê as ímpias
abominações que eles fazem aqui.
10 Entrei, pois, e olhei: E eis que toda a forma de
répteis, e de animais abomináveis, e todos os ídolos da casa de Israel, estavam pintados na
parede em todo o redor.
11 E setenta homens dos anciãos da casa de
Israel, com Jaazanias, filho de Safã, no meio deles, estavam em pé diante das pinturas, e cada
um tinha na mão o seu incensário; e subia o odor
de uma nuvem de incenso.
12 Então me disse: Viste, filho do homem, o que os anciãos da casa de Israel fazem nas trevas,
cada um nas suas câmaras pintadas de imagens?
54
Pois dizem: O Senhor não nos vê; o Senhor
abandonou a terra.
13 Também me disse: Verás ainda maiores
abominações que eles fazem. 14 Depois me levou à entrada da porta da casa do
Senhor, que olha para o norte; e eis que estavam
ali mulheres assentadas chorando por Tamuz.
15 Então me disse: Viste, filho do homem? Verás ainda maiores abominações do que estas.
16 E levou-me para o átrio interior da casa do
Senhor; e eis que estavam à entrada do templo
do Senhor, entre o pórtico e o altar, cerca de vinte e cinco homens, de costas para o templo
do Senhor, e com os rostos para o oriente; e
assim, virados para o oriente, adoravam o sol.
17 Então me disse: Viste, filho do homem? Acaso é isto coisa leviana para a casa de Judá, o fazerem
eles as abominações que fazem aqui? pois,
havendo enchido a terra de violência, tornam a
provocar-me à ira; e ei-los a chegar o ramo ao seu nariz.
18 Pelo que também eu procederei com furor; o
meu olho não poupará, nem terei piedade.
Ainda que me gritem aos ouvidos com grande voz, contudo não os ouvirei.” (Ezequiel 8)
55
Ezequiel 9
Antes que os exércitos de Babilônia
destruíssem especialmente os idólatras que
haviam sido mostrados a Ezequiel no capítulo anterior, o Senhor mostrou ao profeta estas
destruições como sendo já consumadas por Ele,
pela mão de um anjo destruidor, assim como
fizera na terra do Egito nos dias de Moisés, quando o anjo destruidor matou todos os
primogênitos egípcios.
Tal como no passado em que havia mandado
marcar as casas dos israelitas com o sangue do cordeiro pascal, para que o destruidor passasse
(páscoa) sobre elas sem lhes fazer mal, de igual
modo, o Senhor ordenou antes que fossem
marcados com um sinal invisível em suas testas somente visto por Ele, todos aqueles que
estavam chorando por causa das abominações
que estavam sendo feitas em Jerusalém, para
que fossem poupados da destruição.
Ezequiel viu seis homens (anjos) com armas de destruição em suas mãos caminhando
juntamente com um varão vestido de linho
branco com um tinteiro de escrivão em seu
cinto, com o qual marcaria os que seriam poupados da destruição dos que traziam as
armas.
Na ocasião, a glória do Senhor estava sobre um
querubim, porque como já comentamos no primeiro capítulo, o Seu trono está acima dos
querubins, e Ele se assenta sobre eles, como
56
sendo suas carruagens vivas e móveis com as
quais se desloca em glória.
E saindo de sobre o querubim a glória do Senhor
veio para junto à entrada do templo, não para
abençoar, mas para ser glorificado nos Seus juízos, porque havia deixado o Seu trono de
graça, para castigar o pecado de Israel.
É importante sabermos que Deus é glorificado
nos Seus santos tanto quando os abençoa,
quanto quando os corrige. E quanto aos juízos que traz sobre os ímpios, Deus também é
glorificado nisto porque mostra o quão santo e
justo Ele é.
Uma vez marcados partiu a ordem de Deus que
começassem a matança a partir do próprio
templo, e que a ninguém poupassem dos que não tivessem a marca, independentemente de
sexo, idade ou posição social.
Tal foi a extensão da destruição que o profeta
Ezequiel viu, que ele caiu com o rosto em terra e
começou a clamar dizendo: “Ah Senhor Deus! destruirás todo o restante de Israel,
derramando a tua indignação sobre
Jerusalém?”.
Todavia a resposta que o Senhor lhe deu, era a
de que a culpa da casa de Israel e de Judá era grandíssima e a terra estava cheia de sangue por
causa da injustiça e da violência deles, e ainda
diziam que o Senhor estava indiferente ao que
eles faziam, porque já não era o Deus deles e nem sequer sabia o que eles estavam fazendo.
Então mostraria por aqueles juízos que é o Deus
vivo que tudo vê e julga, porque agiria de acordo
57
com a Palavra da aliança que havia feito com
eles.
“1 Então me gritou aos ouvidos com grande voz, dizendo: Chegai, vós, os intendentes da cidade,
cada um com as suas armas destruidoras na
mão.
2 E eis que vinham seis homens do caminho da porta superior, que olha para o norte, e cada um
com a sua arma de matança na mão; e entre eles
um homem vestido de linho, com um tinteiro de
escrivão à sua cintura. E entraram, e se puseram junto ao altar de bronze.
3 E a glória do Deus de Israel se levantou do
querubim sobre o qual estava, e passou para a
entrada da casa; e clamou ao homem vestido de linho, que trazia o tinteiro de escrivão à sua
cintura.
4 E disse-lhe o Senhor: Passa pelo meio da
cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal as testas dos homens que suspiram e
que gemem por causa de todas as abominações
que se cometem no meio dela.
5 E aos outros disse ele, ouvindo eu: Passai pela cidade após ele, e feri; não poupe o vosso olho,
nem vos compadeçais.
6 Matai velhos, mancebos e virgens,
criancinhas e mulheres, até exterminá-los; mas não vos chegueis a qualquer sobre quem estiver
o sinal; e começai pelo meu santuário. Então
começaram pelos anciãos que estavam diante
da casa. 7 E disse-lhes: Profanai a casa, e enchei os átrios
de mortos; saí. E saíram, e feriram na cidade.
58
8 Sucedeu pois que, enquanto eles estavam
ferindo, e ficando eu sozinho, caí com o rosto em
terra, e clamei, e disse: Ah Senhor Deus!
destruirás todo o restante de Israel, derramando a tua indignação sobre Jerusalém?
9 Então me disse: A culpa da casa de Israel e de
Judá é grandíssima, a terra está cheia de sangue,
e a cidade cheia de injustiça; pois eles dizem: O Senhor abandonou a terra; o Senhor não vê.
10 Também, quanto a mim, não pouparei nem
me compadecerei; sobre a cabeça deles farei
recair o seu caminho. 11 E eis que o homem que estava vestido de
linho, a cuja cintura estava o tinteiro, tornou
com a resposta, dizendo: Fiz como me ordenaste.” (Ezequiel 9)
59
Ezequiel 10
Quanto às características dos querubins, estas
já se encontram comentadas no primeiro
capítulo.
O que há agora para se comentar em relação a
este décimo capítulo, é o modo como os juízos
do Senhor foram disparados a partir deles, e executados pelo homem que estava vestido de
linho branco, citado também no capítulo
anterior.
Nós já dissemos no primeiro capítulo que são os
querubins que chamam os cavaleiros do Apocalipse a exercerem seus juízos sobre a
terra. E são também eles que chamam os anjos
para lançarem suas taças cheias com os juízos
de Deus sobre a terra, nos dias do Anticristo.
Eles têm participação nestes juízos, porque são guardiões da santidade de Deus, e por isso se
encontravam esculpidos no tabernáculo e no
templo, para que fosse ensinado em figura qual
é a função deles.
É dito então que eles fazem repousar a glória de
Deus nos lugares que estão debaixo da Sua aprovação, ou até mesmo da Sua condenação,
como era agora o caso do que se ocorria em Judá
nos dias de Ezequiel.
Eles estão em movimento porque Deus se
movimentou de Seu trono para exercer juízos sobre a terra.
Por isso Ezequiel viu o trono do Senhor em
forma de pedra de safira, acima da cabeça dos
60
querubins (v. 1), e partiu do trono uma voz ao
homem vestido de linho dizendo-lhe que
entrasse por entre as rodas giratórias dos
querubins e que enchesse as suas mãos de brasas acesas que estavam dentre os querubins,
que são o fogo do juízo do Senhor contra o
pecado; e que lançasse tais brasas espalhando-as sobre todas a cidade de Jerusalém (v. 2).
Neste momento os querubins estavam de pé ao
lado direito do templo, quando entrou o homem
vestido de linho, e nessa hora uma nuvem
encheu o átrio interior do templo (v. 3). Após a entrada do homem vestido de linho, a
glória do Senhor se levantou de sobre o
querubim e passou para a entrada do templo
enchendo-a de uma nuvem, e assim, o átrio interior se encheu do resplendor da glória do
Senhor (v. 4).
Ezequiel ouviu o ruído do bater das asas dos
querubins, estando no átrio exterior, como se fosse a voz do próprio Deus, e mais uma vez se
ordenou ao homem vestido de linho que
pegasse fogo entre as rodas dentre os
querubins, e ele se colocou junto a uma roda, e um dos querubins pegou o fogo que estava entre
eles, e o colocou na mão do homem vestido de
linho, o qual o tomou e saiu, para lançá-lo sobre
Jerusalém para que fosse queimada. Com isto estava selado o juízo de Deus sobre a
cidade que seria executado pelos babilônios.
A visão dada a Ezequiel tinha o propósito de lhe
revelar e aos judeus que estavam exilados em Babilônia que nada poderia impedir que
Jerusalém fosse destruída pelo fogo, coisa que
61
muitos deles não estavam acreditando, porque o
templo do Senhor se encontrava nela, e
pensavam que Deus estava obrigado a defender
a cidade, por causa do Seu templo. Nos versos 8 a 14 são descritas características
dos querubins que já comentamos no primeiro
capítulo.
Depois que o homem vestido de linho saiu, os querubins se elevaram ao alto, e as rodas que
acompanhavam os seus movimentos também
se elevaram com eles, porque a visão para
Ezequiel era a de uma carruagem de fogo, composta por seres viventes.
Logo após, a glória do Senhor saiu da entrada do
templo e repousou sobre os querubins, e então
estes bateram as suas asas e se elevaram ainda mais à vista de Ezequiel, tendo depois parado à
entrada da porta Leste do templo, e a glória de
Deus permanecia sobre eles.
Estes querubins eram os mesmos que Ezequiel havia visto em sua primeira visão descrita no
primeiro capítulo, ou seja, existem no céu
apenas estes quatro querubins que foi
permitido não somente a Ezequiel vê-los, como também ao apóstolo João, e registrar o que
viram em relação a eles, na Palavra de Deus.
“1 Depois olhei, e eis que no firmamento que estava por cima da cabeça dos querubins,
apareceu sobre eles uma como pedra de safira,
semelhante em forma a um trono.
2 E falou ao homem vestido de linho, dizendo: Vai por entre as rodas giradoras, até debaixo do
querubim, enche as tuas mãos de brasas acesas
62
dentre os querubins, e espalha-as sobre a
cidade. E ele entrou à minha vista.
3 E os querubins estavam de pé ao lado direito da casa, quando entrou o homem; e uma nuvem
encheu o átrio interior.
4 Então se levantou a glória do Senhor de sobre
o querubim, e passou para a entrada da casa; e encheu-se a casa duma nuvem, e o átrio se
encheu do resplendor da glória do Senhor.
5 E o ruído das asas dos querubins se ouvia até o átrio exterior, como a voz do Deus Todo-
Poderoso, quando fala.
6 Sucedeu pois que, dando ele ordem ao homem
vestido de linho, dizendo: Toma fogo dentre as rodas, dentre os querubins, entrou ele, e pôs-se
junto a uma roda.
7 Então estendeu um querubim a sua mão de entre os querubins para o fogo que estava entre
os querubins; e tomou dele e o pôs nas mãos do
que estava vestido de linho, o qual o tomou, e
saiu.
8 E apareceu nos querubins uma semelhança de
mão de homem debaixo das suas asas.
9 Então olhei, e eis quatro rodas junto aos querubins, uma roda junto a um querubim, e
outra roda junto a outro querubim; e o aspecto
das rodas era como o brilho de pedra de
crisólita.
10 E, quanto ao seu aspecto, as quatro tinham a
mesma semelhança, como se estivesse uma
roda no meio doutra roda.
11 Andando elas, iam em qualquer das quatro
direções sem se virarem quando andavam, mas
63
para o lugar para onde olhava a cabeça, para
esse andavam; não se viravam quando andavam.
12 E todo o seu corpo, as suas costas, as suas
mãos, as suas asas, e as rodas que os quatro tinham, estavam cheias de olhos em redor.
13 E, quanto às rodas, elas foram chamadas
rodas giradoras, ouvindo-o eu.
14 E cada um tinha quatro rostos: o primeiro rosto era rosto de querubim, o segundo era
rosto de homem, o terceiro era rosto de leão, e o
quarto era rosto de águia.
15 E os querubins se elevaram ao alto. Eles são os mesmos seres viventes que vi junto ao rio
Quebar.
16 E quando os querubins andavam, andavam as
rodas ao lado deles; e quando os querubins levantavam as suas asas, para se elevarem da
terra, também as rodas não se separavam do
lado deles.
17 Quando aqueles paravam, paravam estas; e quando aqueles se elevavam, estas se elevavam
com eles; pois o espírito do ser vivente estava
nelas.
18 Então saiu a glória do Senhor de sobre a entrada da casa, e parou sobre os querubins.
19 E os querubins alçaram as suas asas, e se
elevaram da terra à minha vista, quando saíram,
acompanhados pelas rodas ao lado deles; e pararam à entrada da porta oriental da casa do
Senhor, e a glória do Deus de Israel estava em
cima sobre eles.
20 São estes os seres viventes que vi debaixo do Deus de Israel, junto ao rio Quebar; e percebi
que eram querubins.
64
21 Cada um tinha quatro rostos e cada um quatro
asas; e debaixo das suas asas havia a semelhança
de mãos de homem.
22 E a semelhança dos seus rostos era a dos rostos que eu tinha visto junto ao rio Quebar;
tinham a mesma aparência, eram eles mesmos;
cada um andava em linha reta para a frente.”
(Ezequiel 10)
65
Ezequiel 11
Este capítulo conclui a visão e revelações que o
Senhor dera a Ezequiel desde que o arrebatara pelo cabelo para transportá-lo de Babilônia para
Jerusalém.
No capítulo anterior nós vimos que a glória do
Senhor havia saído do templo e repousado sobre os querubins.
Este se inicia nos informando que o Espírito
Santo havia levado Ezequiel à porta Leste do templo, e junto à entrada daquela porta se
encontravam 25 homens, e entre eles Jaazanias
e Pelatias, príncipes do povo, ou seja
magistrados, dos quais o Espírito disse serem os homens que maquinavam a iniquidade e que
davam conselhos ímpios em Jerusalém, porque
diziam que não estava próximo o tempo de
edificar casas, porque Jerusalém era a panela e eles a carne.
Com isso queriam dizer que estavam em
segurança como a carne que está sendo cozida
no interior de uma panela de metal fervente, e que ninguém, portanto se intrometeria com
eles, porque seriam queimados pela panela ou
pela água fervente.
Então o Espírito ordenou a Ezequiel que profetizasse contra eles, dizendo que os mortos
com os quais eles haviam enchido a cidade,
esses que eram a carne, e não eles, mas Jerusalém era de fato a caldeira, mas o Senhor
os arrancaria do meio dela; porque o temor
66
deles da espada faria com que o Senhor
trouxesse a espada sobre eles.
Eles tentavam anular a Palavra do Senhor na
boca dos Seus profetas quanto a dizer que se
encontravam seguros naquela caldeira, mas Ele cumpriria totalmente a Palavra que havia
proferido por meio deles, quando eles próprios
fossem entregues nas mãos dos babilônios, e
eles cairiam à espada, e até mesmo nos confins de Israel os alcançaria e julgaria.
Como magistrados eles deveriam julgar
segundo a Lei do Senhor, mas procediam
conforme os costumes das nações pagãs.
Enquanto Ezequiel profetizava, um daqueles
dois homens ímpios citados pelo Espírito, caiu
morto, a saber, Pelatias. Então Ezequiel clamou com grande voz apelando junto ao Senhor que
não desse cabo ao remanescente de Israel.
Todavia, o Senhor lhe revelou que os seus
próprios irmãos, da sua parentela, e toda a casa
de Israel, eram aqueles dos quais os habitantes de Jerusalém haviam dito que se afastassem do
Senhor, porque aquela terra se lhes havia sido
dada em possessão.
Então Ele saberia muito bem a quem preservar
como remanescente do Seu povo. E mandou Ezequiel lhes dizer que ainda que lhes enviasse
para longe entre as nações, todavia ainda lhes
seria por santuário, por um certo tempo nas
terras para onde fossem espalhados pelo Seu juízo.
Depois os ajuntaria do meio dos povos e os
recolheria das nações para onde lhes havia
67
espalhado, e lhes traria de volta à terra de Israel
(v. 17).
Ao retornarem, restaurariam o culto devido ao
Senhor, purificando-se de todas as coisas detestáveis e abomináveis, e o Senhor lhes daria
um só coração, e poria neles um novo espírito, e
tiraria o seu coração de pedra e lhes daria um
coração de carne. (v. 19). Faria isto para que andassem nos Seus estatutos
e guardassem os seus mandamentos e os
cumprissem, e então seriam de fato o Seu povo,
e Ele o Deus deles (v. 20). Esta é claramente uma promessa da Nova
Aliança, assim como havia sido prometida
também através de Jeremias em Jer 31.31-34.
Não é possível ser um remanescente fiel de verdade, que agrade a Deus sem que se receba
essa nova natureza prometida, pela habitação do
Espírito Santo no coração. Deus teria um povo
fiel, e este seria o meio de formar um povo santo que guardasse de fato os Seus mandamentos.
Portanto, não seria pelo fato de ser livrado dos
juízos de Deus que qualquer judeu poderia ser
considerado parte do remanescente fiel que Ele reservaria para Si.
Isto seria medido pela mudança de coração.
Por isso, aqueles cujo corações permanecessem
arraigados às coisas que Deus detesta, e que são abomináveis para Ele, sofreriam as
consequências e recompensas do seu próprio
mau caminho, ou seja, seriam submetidos ao
juízo do Senhor (v. 21). Depois que o Senhor proferiu tais palavras a
Ezequiel, os querubins elevaram as suas asas, e
68
a glória de Deus ainda permanecia sobre eles, e
logo após se alçou saindo de Jerusalém, indo
repousar sobre o monte que fica ao lado oriental
da referida cidade (v. 23).
Isto era a sinalização para a consumação dos
juízos que haviam sido mostrados a Ezequiel em
visão e que seriam executados pelos babilônios,
uma vez que a glória de Deus havia se retirado de Jerusalém, e isto significava que o povo havia
sido desamparado por Ele, para ser entregue ao
juízo de destruição que havia sido sentenciado
contra eles.
Tudo quanto deveria ser mostrado a Ezequiel
em visão em Jerusalém havia sido consumado, e
portanto o Espírito o levantou e o levou
novamente para Babilônia, para junto dos exilados, onde ele se encontrava quando foi
arrebatado até Jerusalém. Em lá chegando logo
compartilhou com os exilados tudo o que o
Senhor lhe havia mostrado. Assim eles saberiam que eram mais do que justas as ações
de destruição do Senhor que recairiam sobre
Jerusalém.
Deus havia vindicado a Sua santidade, e este foi o motivo de ter dado a visão da Sua glória sendo
retirada gradualmente de Jerusalém, através do
uso dos querubins, os guardiões da Sua glória e
santidade.
“1 Então me levantou o Espírito, e me levou à
porta oriental da casa do Senhor, a qual olha para o oriente; e eis que estavam à entrada da
porta vinte e cinco homens, e no meio deles vi a
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Jaazanias, filho de Azur, e a Pelatias, filho de
Benaías, príncipes do povo.
2 E disse-me: Filho do homem, estes são os
homens que maquinam a iniquidade, e dão
ímpio conselho nesta cidade;
3 os quais dizem: Não está próximo o tempo de
edificar casas; esta cidade é a caldeira, e nós
somos a carne.
4 Portanto, profetiza contra eles; profetiza, ó
filho do homem.
5 E caiu sobre mim o Espírito do Senhor, e disse-
me: Fala: Assim diz o Senhor: Assim tendes dito,
ó casa de Israel; pois eu conheço as coisas que
vos entram na mente.
6 Multiplicastes os vossos mortos nesta cidade,
e enchestes as suas ruas de mortos.
7 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Vossos
mortos que deitastes no meio dela, esses são a
carne, e ela é a caldeira; a vós, porém, vos tirarei do meio dela.
8 Temestes a espada, e a espada eu a trarei sobre vós, diz o Senhor Deus.
9 E vos farei sair do meio dela, e vos entregarei
na mão de estrangeiros, e exercerei juízos entre vós.
10 Caireis à espada; nos confins de Israel vos julgarei; e sabereis que eu sou o Senhor.
11 Esta cidade não vos servirá de caldeira, nem
vós servirei de carne no meio dela; nos confins de Israel vos julgarei;
12 e sabereis que eu sou o Senhor; pois não tendes andado nos meus estatutos, nem
executado as minhas ordenanças; antes tendes
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procedido conforme as ordenanças das nações
que estão em redor de vós.
13 E aconteceu que, profetizando eu, morreu Pelatias, filho de Benaías. Então caí com o rosto
em terra, e clamei com grande voz, e disse: Ah
Senhor Deus! darás fim cabal ao remanescente
de Israel?
14 Então veio a mim a palavra do Senhor,
dizendo:
15 Filho do homem, teus irmãos, os teus
próprios irmãos, os homens de teu parentesco,
e toda a casa de Israel, todos eles, são aqueles a
quem os habitantes de Jerusalém disseram: Apartai-vos para longe do Senhor; a nós se nos
deu esta terra em possessão.
16 Portanto, dize: Assim diz o Senhor Deus: Ainda que os mandei para longe entre as
nações, e ainda que os espalhei pelas terras,
todavia lhes servirei de santuário por um pouco de tempo, nas terras para onde foram.
17 Portanto, dize: Assim diz o senhor Deus: Hei
de ajuntar-vos do meio dos povos, e vos recolherei do meio das terras para onde fostes
espalhados, e vos darei a terra de Israel.
18 E virão ali, e tirarão dela todas as suas coisas detestáveis e todas as suas abominações.
19 E lhes darei um só coração, e porei dentro
deles um novo espírito; e tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de
carne,
20 para que andem nos meus estatutos, e guardem as minhas ordenanças e as cumpram;
e eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus.
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21 Mas, quanto àqueles cujo coração andar após
as suas coisas detestáveis, e das suas
abominações, eu farei recair nas suas cabeças o
seu caminho, diz o Senhor Deus. 22 Então os querubins elevaram as suas asas,
estando as rodas ao lado deles; e a glória do Deus
de Israel estava em cima sobre eles.
23 E a glória do Senhor se alçou desde o meio da cidade, e se pôs sobre o monte que está ao
oriente da cidade.
24 Então o Espírito me levantou, e me levou na
sua visão para a Caldeia, para os exilados. Assim se foi de mim a visão que eu tinha visto.
25 E falei aos do cativeiro todas as coisas que o
Senhor me tinha mostrado.” (Ezequiel 11)
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Ezequiel 12
Ezequiel se encontrava novamente entre os
exilados em Babilônia, quando recebeu esta
profecia do Senhor, porque havia sido arrebatado de volta pelo Espírito desde
Jerusalém, para onde havia sido levado por Ele,
para ver as abominações do templo, e as
destruições que estavam determinadas sobre aquela cidade.
Os judeus que se encontravam em Babilônia não
eram melhores do que aqueles que se
encontravam em Jerusalém, de modo que o Senhor disse a Ezequiel neste capítulo, que ele
estava habitando no meio da casa rebelde, que
não podia ouvir nem ver o Seu desígnio, por
causa da rebelião de seus corações contra Ele.
Então Ezequiel lhes serviria de símile, mais uma vez, o que eles chamavam de alegorias, porque o
Senhor lhe ordenou que agisse de maneira que
representasse o que estava prestes a ocorrer
com o rei Zedequias em Jerusalém, os príncipes, nobres e soldados que estavam com ele, bem
como todo o povo que habitava naquela cidade,
porque o profeta teria que pegar todos os seus
pertences que havia em sua casa, e mudar-se de casa, carregando-os consigo, só que através de
um buraco que ele faria na parede de sua casa, e
sairia por ele como quem se encontrava em fuga
de algum perigo.
Ele deveria fazer isto à vista dos judeus que se
encontravam em Babilônia, para que se
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lembrassem do que Deus havia feito
anteriormente através do profeta, antes que tal
fato sucedesse em Jerusalém, quando os judeus
estariam fugindo dos babilônios, que finalmente conseguiriam entrar na cidade
depois de sitiá-la por dezoito meses.
Assim, lhes serviria de sinal de como aqueles
que se encontravam em Jerusalém sairiam para o cativeiro: não em paz, mas em fuga da morte
pela espada.
No verso 13 o Senhor revelou a Ezequiel que o rei
Zedequias seria preso por Nabucodonosor, e seria conduzido por ele para Babilônia, mas não
lhe seria permitido ver a cidade, porque seus
olhos seriam vazados e ele viria a morrer na
prisão em que seria posto em Babilônia. A guarda pessoal do rei seria perseguida e morta
pela espada dos babilônios. Tudo isto ocorreu
exatamente como foi revelado a Ezequiel, e
conforme podemos ver no relato do livro do profeta Jeremias.
O Senhor deixaria que uns poucos dentre eles
escapassem do juízo da espada, da peste e da
fome, para que confessassem perante as nações para onde seriam dispersos, que foi por causa
das abominações que haviam praticado, que o
Senhor lhes trouxera todo aquele juízo. E com
isto, a santidade do Senhor seria vindicada através do testemunho deles, de maneira que
todos os povos soubessem que os atos dos
judeus não eram inspirados e nem aprovados
pelo Deus deles. Depois disto o Senhor ordenou a Ezequiel que
comesse o seu pão e bebesse a sua água com
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tremor e estremecimento, e como alguém que
se encontrava atemorizado (v. 18), para que os
habitantes de Jerusalém soubessem que seria
assim que eles comeriam e beberiam em sua terra, porque seria despojada de toda a
abundância que ela tivera no passado, por causa
da violência que era praticada nela pelos judeus.
Por isso as cidades de Judá seriam devastadas, e ficariam desoladas, para que soubessem que
isto lhes veio da parte do Senhor.
O deboche dos judeus receberia o devido
castigo. Apesar de tudo o que lhes já havia sucedido, com parte do povo em cativeiro em
Babilônia, ainda assim diziam que as profecias
que lhes eram dirigidas falando de um juízo
iminente que viria sobre eles, eram falsas, porque os dias deles em Jerusalém seriam
dilatados, de forma que toda visão em contrário
disto era falha (v. 23).
Mas o Senhor faria cessar tal provérbio em Judá, e mandou Ezequiel dizer-lhes que estavam
próximos os dias do cumprimento de toda visão
que o Senhor dera aos Seus profetas.
Toda visão vã, adivinhação para agradar a homens seriam cessadas em Israel porque o
Senhor abreviaria o juízo, e já não haveria mais
demora, para que não continuassem afirmando
que tudo o que estava sendo dito pelos Seus profetas era para ser cumprido em dias ainda
muito distantes.
Nós aprendemos deste capítulo, para o que pode
ser aplicado à Igreja de Cristo e às pessoas do mundo, em nossos dias, a grande verdade que se
o coração for resistente à vontade de Deus, de
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nada adiantará, quanto a produzir
arrependimento, conversão, salvação ou
santificação, proferir-lhe a genuína Palavra de
Deus, porque ela não pode fazer efeito num solo infértil, como aprendemos da Parábola do
Semeador. Se a árvore for má não se poderá
colher dela bons frutos, ainda que seja regada com a graça e com a Palavra do Senhor.
Não há nenhuma relutância no Senhor para
transformar corações de pedra em corações de
carne, mas é preciso reconhecer que a condição
requerida por Ele não é o coração de pedra, mas o de carne, e pedir-Lhe e deixar que faça tal
transformação, como tem prometido fazer em
Sua Palavra.
Não há nenhuma resistência da parte do Senhor para receber e lavar o pior dos pecadores, mas
este deverá se humilhar perante Ele, e ter um
coração quebrantado por causa dos seus
pecados.
Todavia, os soberbos, os que confiam na sua própria justiça, os que resistem a Deus e à Sua
vontade, tal como os judeus nos dias de
Ezequiel, em vez de abençoados, serão
destruídos pelos Seus juízos, e no caso de serem cristãos autênticos, pelas correções de um Pai, e
no caso de ímpios, serão sujeitados ao juízo
eterno no inferno de fogo, depois de partirem
deste mundo, porque até que morram continuam alcançados pela longanimidade que
o Senhor tem usado nesta dispensação da graça,
convidando todos ao arrependimento, e usando de misericórdia para com todos para que se
voltem para Ele. Mas se o homem se endurecer,
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nada mais lhe resta senão um horrível juízo de
fogo.
Para nos alertar acerca desta verdade, este foi
um dos propósitos de ter ordenado que fosse registrado pelos profetas todos os juízos que
trouxe sobre os homens na dispensação da Lei,
como os que vemos no livro do profeta Ezequiel.
“1 Ainda veio a mim a palavra do Senhor,
dizendo:
2 Filho do homem, tu habitas no meio da casa
rebelde, que tem olhos para ver e não vê, e tem ouvidos para ouvir e não ouve; porque é casa
rebelde.
3 Tu, pois, ó filho do homem, prepara-te os teus
pertences para mudares para o exílio, e de dia muda à vista deles; e do teu lugar mudarás para
outro lugar à vista deles; bem pode ser que
reparem nisso, ainda que eles são casa rebelde.
4 À vista deles, pois, tirarás para fora, de dia, os teus pertences, como para mudança; então tu
sairás de tarde à vista deles, como quem sai para
o exílio.
5 Faze para ti, à vista deles, uma abertura na parede, e por ali sairás.
6 À vista deles levarás aos ombros os teus
pertences, e às escuras os transportarás, e
cobrirás o teu rosto, para que não vejas o chão; porque te pus por sinal à casa de Israel.
7 E fiz assim, como se me deu ordem: os meus
pertences tirei para fora de dia, como para o
exílio; então à tarde fiz com a mão uma abertura na parede; às escuras saí, carregando-os aos
ombros, à vista deles.
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8 E veio a mim a palavra do Senhor, pela manhã,
dizendo:
9 Filho do homem, não te perguntou a casa de Israel, aquela casa rebelde: Que fazes tu?
10 Dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Este
oráculo se refere ao príncipe em Jerusalém, e a
toda a casa de Israel que está no meio dela.
11 Dize: Eu sou o vosso sinal: Assim como eu fiz,
assim se lhes fará a eles; irão para o exílio para o
cativeiro,
12 E o príncipe que está no meio deles levará aos
ombros os seus pertences, e às escuras sairá; ele
fará uma abertura na parede e sairá por ela; ele
cobrirá o seu rosto, pois com os seus olhos não verá o chão.
13 Também estenderei a minha rede sobre ele, e
ele será apanhado no meu laço; e o levarei para Babilônia, para a terra dos caldeus; contudo não
a verá, ainda que ali morrerá.
14 E todos os que estiverem ao redor dele para
seu socorro e todas as suas tropas, espalha-los-ei a todos os ventos; e desembainharei a espada
atrás deles.
15 Assim saberão que eu sou o Senhor, quando eu os dispersar entre as nações e os espalhar
entre os países.
16 Mas deles deixarei ficar alguns poucos,
escapos da espada, da fome, e da peste, para que confessem todas as suas abominações entre as
nações para onde forem; e saberão que eu sou o
Senhor.
17 Ainda veio a mim a palavra do Senhor,
dizendo:
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18 Filho do homem, come o teu pão com tremor,
e bebe a tua água com estremecimento e com
receio.
19 E dirás ao povo da terra: Assim diz o Senhor Deus acerca dos habitantes de Jerusalém, na
terra de Israel: O seu pão comerão com receio, e
a sua água beberão com susto pois a sua terra
será despojada de sua abundância, por causa da violência de todos os que nela habitam.
20 E as cidades habitadas serão devastadas, e a
terra se tornará em desolação; e sabereis que eu
sou o Senhor. 21 E veio ainda a mim a palavra do Senhor,
dizendo:
22 Filho do homem, que provérbio é este que vós
tendes na terra de Israel, dizendo: Dilatam-se os dias, e falha toda a visão?
23 Portanto, dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus:
Farei cessar este provérbio, e não será mais
usado em Israel; mas dize-lhes: Estão próximos os dias, e o cumprimento de toda a visão.
24 Pois não haverá mais nenhuma visão vã, nem
adivinhação lisonjeira, no meio da casa de
Israel. 25 Porque eu sou o Senhor; falarei, e a palavra
que eu falar se cumprirá. Não será mais adiada;
pois em nossos dias, ó casa rebelde, falarei a
palavra e a cumprirei, diz o Senhor Deus. 26 Veio mais a mim a palavra do Senhor,
dizendo:
27 Filho do homem, eis que os da casa de Israel
dizem: A visão que este vê é para muitos dias no futuro, e ele profetiza de tempos que estão
longe.
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28 Portanto dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus:
Não será mais adiada nenhuma das minhas
palavras, mas a palavra que falei se cumprirá, diz
o Senhor Deus.” (Ezequiel 12)
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Ezequiel 13
Tendo repreendido o povo no capítulo
anterior, por estar dando ouvidos aos falsos
profetas, neste capítulo, o Senhor se voltou para
repreender os próprios falsos profetas, dizendo através de Ezequiel que não lhes havia enviado,
porque profetizavam somente o que via o
próprio coração deles.
O Senhor lhes dirigiu um “Ai!”, ou seja, lhes enviaria uma grande aflição em juízo contra
eles, porque falavam em Seu nome sem nada
terem visto da Sua parte.
Em vez de fortalecerem os israelitas na verdade,
como quem faz um muro em torno de uma casa,
para lhe servir de segurança, e reparar-lhe as
brechas, de maneira que pudesse resistir aos juízos do Senhor no dia da Sua visitação, eles os
enfraqueceram na confiança no Senhor e na
Sua Palavra, com a vaidade e a adivinhação
mentirosa deles, e por isso o Senhor era contra eles, e não lhes permitiria sequer voltarem para
a terra de Israel, porque seus nomes seriam
apagados da genealogia do Seu povo, de modo
que não houvesse sequer lembrança deles no futuro.
Eles haviam desviado o povo de Israel
prometendo-lhe paz, quando não havia nenhuma paz entre eles e o Senhor, e uns com
os outros.
81
Eles haviam agido como quem constrói uma
parede com argamassa fraca, e que por fim vem
a cair.
Tal sucederia com a palavra deles, e com eles
próprios.
A sua argamassa (palavra) fraca não poderia resistir na hora da tempestade que o Senhor
enviaria sobre o Seu povo.
Assim eles pereceriam com a queda da parede
que haviam erigido, que cairia sobre eles
próprios, quando o Senhor os julgasse.
Aquela palavra falsa que vinham pregando seria
portanto destruída, e eles seriam destruídos por causa desta mesma palavra.
Além dos falsos profetas havia também as
videntes, mulheres que usavam de feitiçarias, e
artes mágicas, para prognosticarem um futuro
próspero para os judeus que as consultavam, e para colocarem a alma de outros em amargura.
O Senhor disse que a ganância delas estava destruindo as almas que estavam caçando para
atender ao seu próprio interesse, e então, como
estavam matando aqueles que não haviam de
morrer, até mesmo pela paga de punhados de cevada e pedaços de pão, e prometendo vida
para aqueles que haviam de morrer, o Senhor
era contra as suas pulseiras mágicas com as
quais caçavam as almas como quem caça aves, e arrancaria dos seus braços estas almas que
estavam caçando, e não somente isto, também
arrancaria os véus com os quais elas estavam impedindo o povo do Senhor de enxergar a
verdade (v. 17 a 21).
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Há muitos ministros do evangelho, na Igreja de
Cristo, que agem como estas mulheres
adivinhadoras, porque não se importam com a
verdade senão em falarem aquilo que esteja em conformidade com os seus corações cheios de
iniquidade.
Eles repreendem os cristãos que se consagram
e entristecem com isso os seus corações, porque lhes dizem que servir a Cristo não exige
santificação, à qual eles chamam de fanatismo;
e por outro lado, fortalecem a impiedade
daqueles que andam no erro aprovando as suas más obras, porque segundo eles, os tais
aprenderam a andar na “liberdade” que Cristo
veio nos trazer, para justificarem com isso, as suas próprias cobiças e mundanismo (v. 22, 23).
Colocamos liberdade entre aspas porque a
liberdade que eles oferecem é falsa, porque
consiste de fato em permanecer escravizado ao pecado.
“1 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Filho do homem, profetiza contra os profetas
de Israel e dize a esses videntes que só profetizam o que vê o seu coração: Ouvi a
palavra do Senhor.
3 Assim diz o Senhor Deus: Ai dos profetas
insensatos, que seguem o seu próprio espírito sem nada ter visto!
4 Os teus profetas, ó Israel, têm sido como
raposas nos desertos.
5 Não subistes às brechas, nem fizestes um muro para a casa de Israel, para que permaneça
firme na peleja no Dia do Senhor.
83
6 Viram vaidade e adivinhação mentirosa os que
dizem: O Senhor diz; quando o Senhor não os
enviou; e esperam que seja cumprida a palavra.
7 Acaso não tivestes visão de vaidade, e não falastes adivinhação mentirosa, quando
dissestes: O Senhor diz; sendo que eu tal não
falei?
8 Portanto assim diz o Senhor Deus: Porque tendes falado vaidade, e visto mentiras, por isso
eis que eu sou contra vós, diz o Senhor Deus.
9 E a minha mão será contra os profetas que
veem vaidade e que adivinham mentira; não estarão no conselho do meu povo, nem nos
registros da casa de Israel se escreverão, nem
entrarão na terra de Israel; e sabereis que eu sou
o Senhor Deus. 10 Portanto, sim, porquanto desviaram o meu
povo, dizendo: Paz; e não há paz; e quando se
edifica uma parede, eis que a rebocam de
argamassa fraca; 11 dize aos que a rebocam de argamassa fraca
que ela cairá. Sobrevirá forte chuva, grandes
pedras de saraiva cairão, e um vento
tempestuoso a fenderá. 12 Ora, eis que, caindo a parede, não vos dirão:
Onde está o reboco de que a rebocastes?
13 Portanto assim diz o Senhor Deus: fendê-la-ei
no meu furor com vento tempestuoso e, na minha ira, farei cair forte chuva, e grandes
pedras de saraiva, na minha indignação, para a
consumir.
14 E derribarei a parede que rebocastes com argamassa fraca, e darei com ela por terra, de
modo que seja descoberto o seu fundamento;
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quando ela cair, vós perecereis no meio dela; e
sabereis que eu sou o Senhor.
15 Assim cumprirei o meu furor contra a parede,
e contra os que a rebocam de argamassa fraca; e vos direi: A parede já não existe, nem aqueles
que a rebocaram, a saber,
16 os profetas de Israel, que profetizam acerca
de Jerusalém, e veem para ela visão de paz, não havendo paz, diz o Senhor Deus.
17 E tu, ó filho do homem, dirige o teu rosto
contra as filhas do teu povo, que profetizam de
seu próprio coração; e profetiza contra elas. 18 e dize: Assim diz o Senhor Deus: Ai das que
cosem pulseiras mágicas para todos os braços, e
que fazem véus para as cabeças de pessoas de
toda estatura para caçarem as almas! Porventura caçareis as almas do meu povo? e
conservareis em vida almas para vosso
proveito?
19 Vós me profanastes entre o meu povo por punhados de cevada, e por pedaços de pão,
matando aqueles que não haviam de morrer, e
guardando vivos aqueles que não haviam de
viver, mentindo ao meu povo que escuta a mentira.
20 Portanto assim diz o Senhor Deus: Eis aqui eu
sou contra as vossas pulseiras mágicas com que
vós ali caçais as almas como aves, e as arrancarei de vossos braços; e soltarei as almas, sim as
almas que vós caçais como aves.
21 Também rasgarei os vossos véus, e livrarei o
meu povo das vossas mãos, e eles não estarão mais em vossas mãos para serem caçados; e
sabereis que eu sou e Senhor.
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22 Visto que entristecestes o coração do justo
com falsidade, não o havendo eu entristecido, e
fortalecestes as mãos do ímpio, para que não se
desviasse do seu mau caminho, e vivesse; 23 portanto não tereis mais visões vãs, nem mais
fareis adivinhações; mas livrarei o meu povo das
vossas mãos, e sabereis que eu sou o Senhor.”
(Ezequiel 13)
86
Ezequiel 14
O teor da profecia deste capítulo é o mesmo do
vigésimo capítulo, porque o Senhor se levantou
contra a prática de pessoas que viviam na
impiedade, e que vinham consultar profetas,
como costumam se dar à referida prática aqueles que sendo do mundo, consultam
cartomantes, quiromantes, necromantes e
feiticeiros, com a finalidade de lhes revelar o
que lhes reserva o futuro.
Quando se tem tal hábito abre-se uma grande
brecha no mundo espiritual para que espíritos enganadores operem, até mesmo por
permissão do Senhor, para que sejam
enganados, aqueles que em vez de darem
ouvidos à Sua verdade revelada na Bíblia, desejam andar de acordo com as inclinações do
seu coração corrompido pelo pecado.
O diabo sempre terá o maior prazer de dizer às
pessoas as coisas que elas desejam ouvir.
Por isso o Senhor repreendeu os judeus que
vinham a Ezequiel consultá-lo acerca do que
sucederia no futuro, porque o espírito com que
consultavam Ezequiel era o mesmo espírito com o qual consultavam os falsos profetas.
Eles não desejavam conhecer a verdade para praticá-la, mas somente satisfazer à curiosidade
dos seus corações, e procurarem saber o que
ocorreria no futuro, para que pudessem se prevenir de tomarem decisões que lhes
pudessem prejudicar.
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Tal como uma mulher ou um homem
consultam adivinhos para saberem se devem se
unir ou não a determinada pessoa, por temerem
algum mal ou traição que possam vir a sofrer da parte delas no futuro.
O serviço ao Senhor não consiste nestas práticas
abomináveis.
Servi-lO consiste em andar em retidão conforme a Sua vontade revelada na Sua
Palavra.
Ainda que eles reconhecessem que Ezequiel era
um homem santo, alguém enviado da parte de Deus para desviá-los de seus maus caminhos, e
caso não se arrependessem, nem isto lhe
serviria para livrá-los dos juízos do Senhor,
senão somente para agravá-los, porque mesmo diante do reconhecimento de estarem diante de
alguém santo, nem com isto se arrependeram.
Por isso o Senhor lhes disse por duas vezes neste
capítulo, através do profeta, que ainda que Jó, Daniel e Noé estivessem vivendo no meio de
Jerusalém, nem assim Ele perdoaria o pecado
dos judeus e deixaria de destruí-los, por que
faria com os três o que fizera com Ló em Sodoma e Gomorra. Ele os salvaria da destruição por
causa da justiça deles, que é notoriamente
reconhecida na Bíblia, pelo testemunho de vidas
retas que tiveram, mas depois de livrá-los, destruiria Jerusalém conforme estava
determinado para ser cumprido; tal era
impiedade dos judeus daqueles dias. Então é preciso aprender disso tudo, que não é uma boa prática esta de se viver à cata de
profetas e profecias, enquanto se anda fora da
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comunhão com o Senhor. Profeta não é
adivinho para corações curiosos e interesseiros.
De modo que o Senhor afirma nos versos 10 e 11
deste capítulo:
“10 E levarão o seu castigo. O castigo do profeta
será como o castigo de quem o consultar;
11 para que a casa de Israel não se desvie mais de mim, nem mais se contamine com todas as suas
transgressões; mas que sejam eles o meu povo,
e seja eu o seu Deus, diz o Senhor Deus.”
“1 Então vieram a mim alguns homens dos
anciãos de Israel, e se assentaram diante de
mim.
2 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
3 Filho do homem, estes homens deram lugar
nos seus corações aos seus ídolos, e puseram o tropeço da sua maldade diante da sua face; devo
eu de alguma maneira ser interrogado por eles?
4 Portanto fala com eles, e dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Qualquer homem da casa de Israel
que der lugar no seu coração aos seus ídolos, e
puser o tropeço da sua maldade diante da sua
face, e vier ao profeta, eu, o Senhor, lhe responderei nisso conforme a multidão dos
seus ídolos;
5 para que possa apanhar a casa de Israel no seu
coração, porquanto todos são alienados de mim pelos seus ídolos.
6 Portanto dize à casa de Israel: Assim diz o
Senhor Deus: Convertei-vos, e deixai os vossos ídolos; e desviai os vossos rostos de todas as
vossas abominações.
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7 Porque qualquer homem da casa de Israel, ou
dos estrangeiros que peregrinam em Israel, que
se alienar de mim e der lugar no seu coração aos
seus ídolos, e puser tropeço da sua maldade diante do seu rosto, e vier ao profeta para me
consultar a favor de si mesmo, eu, o Senhor, lhe
responderei por mim mesmo;
8 e porei o meu rosto contra o tal homem, e o farei um espanto, um sinal e um provérbio, e
extermina-lo-ei do meio do meu povo; e sabereis
que eu sou o Senhor.
9 E se o profeta for enganado, e falar alguma coisa, eu, o Senhor, terei enganado esse profeta;
e estenderei a minha mão contra ele, e destruí-
lo-ei do meio do meu povo Israel.
10 E levarão o seu castigo. O castigo do profeta será como o castigo de quem o consultar;
11 para que a casa de Israel não se desvie mais de
mim, nem mais se contamine com todas as suas
transgressões; mas que sejam eles o meu povo, e seja eu o seu Deus, diz o Senhor Deus.
12 Veio ainda a mim a palavra do Senhor,
dizendo:
13 Filho do homem, quando uma terra pecar contra mim, agindo traiçoeiramente, então
estenderei a minha mão contra ela, e lhe
quebrarei o báculo do pão, e enviarei contra ela
a fome, e dela exterminarei homens e animais; 14 ainda que estivessem no meio dela estes três
homens, Noé, Daniel e Jó, eles pela sua justiça,
livrariam apenas a sua própria vida, diz o Senhor
Deus. 15 Se eu fizer passar pela terra bestas feras, e
estas a assolarem, de modo que ela fique
90
desolada, sem que ninguém possa passar por ela
por causa das feras;
16 ainda que esses três homens estivessem no meio dela, vivo eu, diz o Senhor Deus, que nem a
filhos nem a filhas livrariam; eles só ficariam
livres; a terra, porém, seria assolada.
17 Ou, se eu trouxer a espada sobre aquela terra,
e disser: Espada, passa pela terra; de modo que
eu extermine dela homens e animais;
18 ainda que aqueles três homens estivessem
nela, vivo eu, diz o Senhor Deus, eles não
livrariam nem filhos nem filhas, mas eles só
ficariam livres.
19 Ou, se eu enviar a peste sobre aquela terra, e
derramar o meu furor sobre ela com sangue,
para exterminar dela homens e animais;
20 ainda que Noé, Daniel e Jó estivessem no
meio dela, vivo eu, diz o Senhor Deus, eles não
livrariam nem filho nem filha, tão somente livrariam as suas próprias vidas pela sua justiça.
21 Pois assim diz o Senhor Deus: Quanto mais
quando eu enviar contra Jerusalém os meus quatro juízos violentos, a espada, a fome, as
bestas-feras e a peste, para exterminar dela
homens e animais?
22 Mas, se ainda restarem nela alguns
sobreviventes que levem para fora filhos e
filhas, quando eles saírem a ter convosco, vereis o seu caminho e os seus feitos, e ficareis
consolados do mal que eu trouxe sobre
Jerusalém, até de tudo o que trouxe sobre ela.
23 E sereis consolados, quando virdes o seu
caminho e os seus feitos; e sabereis que não fiz
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sem razão tudo quanto nela tenho feito, diz o
Senhor.” (Ezequiel 14)
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Ezequiel 15
Israel era a vide do Senhor, uma videira que
fora plantada por Ele para ser frutífera, como se
espera de qualquer videira, porque sua madeira não tem qualquer outra utilidade senão a de
sustentar ramos que deem uvas.
Mas em vez de uvas doces, Israel se tornou
numa videira que não somente dava uvas
bravas, como também não frutificava.
Então seriam cortados e queimados pelo Senhor, tal como se faz com a madeira da videira
que não é frutífera. É queimada, geralmente
sendo usada para aquecer fornos.
Se Israel antes de ser queimado pelo juízo de
fogo do Senhor não tinha qualquer serventia para Ele, quanto mais não a teria depois que
fossem queimados?
Por isso o cristão é chamado a frutificar dando
os frutos de justiça esperados por Deus, pelos
quais comprovará que está de fato ligado à Videira verdadeira.
“1 Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o
viticultor.
2 Toda vara em mim que não dá fruto, ele a corta;
e toda vara que dá fruto, ele a limpa, para que dê
mais fruto.
3 Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado.
4 Permanecei em mim, e eu permanecerei em
vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto,
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se não permanecer na videira, assim também
vós, se não permanecerdes em mim.
5 Eu sou a videira; vós sois as varas. Quem
permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
6 Quem não permanece em mim é lançado fora,
como a vara, e seca; tais varas são recolhidas,
lançadas no fogo e queimadas.” (João 15.1-5) Um cristão que se recusa a frutificar para Deus,
pode ser apanhado pelo fogo do Senhor, com um
juízo de morte física, que o desligará do corpo de
Cristo na terra, embora permaneça salvo, ainda que como pelo fogo, que lhe impediu de
continuar dando um mau testemunho ainda
maior do que aquele que vinha dando (I Cor
3.15).
Não se pode confundir o caso de um cristão
autêntico, lavado e remido pelo sangue de Jesus,
com o de Judas, que era filho da perdição, e que por conseguinte, nunca se convertera de fato, e
não era portanto filho de Deus. Porque ele
andou ligado à Videira Verdadeira, enquanto
estava no seu apostolado, mas desonrou a Videira, pelo seu testemunho de vida que se
consumou na sua traição, e portanto foi cortado
porque era um ramo morto na Videira, e sendo
videira não pode sustentar ramos mortos, que devem ser cortados e queimados, tal como Judas
o fora, não por um fogo purificador de correção,
mas de destruição para uma condenação eterna.
O destino dos judeus dos dias de Ezequiel seria o mesmo que foi reservado para Judas, porque
eram ramos mortos na videira de Israel.
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“1 De novo veio a mim a palavra do Senhor,
dizendo:
2 Filho do homem, que mais do que qualquer
outro pau é o da videira, o ramo da videira que está entre as árvores do bosque?
3 Toma-se dele madeira para fazer alguma obra?
ou toma-se dele alguma estaca, para se lhe
pendurar algum utensílio? 4 Eis que é lançado no fogo, para servir de pasto;
o fogo devora ambas as suas extremidades, e o
meio dele fica também queimado; serve para
alguma obra? 5 Ora, quando estava inteiro, não servia para
obra alguma; quanto menos, estando
consumido ou carbonizado pelo fogo, se faria
dele qualquer obra? 6 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Como entre
as árvores do bosque é o pau da videira, que
entreguei para servir de pasto ao fogo, assim
entregarei os habitantes de Jerusalém. 7 E porei a minha face contra eles; eles sairão do
fogo, mas o fogo os devorará; e sabereis que eu
sou o Senhor, quando tiver posto a minha face
contra eles. 8 Farei da terra uma desolação, porquanto eles
se houveram traiçoeiramente, diz o Senhor
Deus.” (Ezequiel 15)
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Ezequiel 16
Neste longo capítulo o Senhor continuou
justificando o motivo de todos os terríveis juízos que estava trazendo sobre Judá e Jerusalém.
Ele ordenou ao profeta que mostrasse aos judeus que era mais do que justo o castigo que
lhes estava sendo imposto por causa das
grandes iniquidades deles, ainda maiores do
que as de Samaria, capital de Israel (Reino do Norte), que introduziu o culto a Baal em Israel, e
que adorava bezerros de ouro, com o centro de
culto em Dã e Betel (extremos Norte e Sul
daquele reino); bem como era também ainda maior do que a de Sodoma.
Jerusalém havia se esquecido que toda a glória, fama e prosperidade que ela possuía, lhe foi
acrescentada pelo Senhor. Foi ele que havia
formado a nação de Israel, da qual Jerusalém
fazia parte, como capital de Judá desde os dias do rei Davi.
Não foi de uma nação rica e próspera que ela havia surgido, mas de uma origem muito
humilde porque foi de Abraão e Sara, que
vieram de um país idólatra, como era Ur, dos
caldeus, que eles descendiam, e ambos peregrinaram em Canaã vivendo entre os
amorreus e os hititas, de modo que a sepultura
de Abraão e Sara foi comprada por Abraão aos filhos de Hete, daí o Senhor dizer que o pai dos
israelitas era amorreu, e a sua mãe, heteia.
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Quando a nação de Israel era ainda recém-
nascida, viveu como um pequeno núcleo de
pessoas desprezadas em Canaã, vivendo como
estranhos no meio deles, e por isso é dito que eram tal como um bebê saído da entranhas de
sua mãe, do qual tiveram nojo e foi jogado na
rua.
Todavia o Senhor não havia desprezado a então pequena Israel composta dos descendentes de
Jacó, quando eram apenas cerca de 75 almas,
quando desceram para habitar na terra de
Gósen, no Egito, nos dias de José. Então o Senhor multiplicou a nação como
renovo do campo, e cresceu até alcançar seios e
grande formosura. Contudo ainda estava nua e
descoberta (v. 7) porque se encontrava em cativeiro no Egito.
Como a nação estava amadurecida para o
casamento, o Senhor a tomou para se casar com
ela, fazendo uma aliança com a nação de Israel para que fosse Sua (v. 8), quando lhes deu a Lei
através de Moisés ao pé do monte Sinai.
O Senhor purificou Israel e o vestiu de bordados,
e lhe calçou os pés e lhe vestiu com linho fino e seda, e lhe ornou de enfeites, pondo-lhes
braceletes nas mãos e um colar no pescoço.
Além disso, como estava se casando com um
Rei, colocou-lhe um pendente no nariz e brincos nas orelhas, e uma linda coroa de rainha na
cabeça (v. 12).
Além disso lhe proveu de flor de farinha, mel e
azeite, de modo que sua formosura aumentou em extremo, a ponto de ser reconhecida como
parte da realeza divina (v. 13).
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O que fez esta formosa esposa (Israel) para com
o Seu marido (Deus)?
Confiada na sua formosura, e na sua fama que se
fez reconhecer entre as nações, corrompeu-se por causa de tal fama e formosura, e passou a se
prostituir, fazendo pior que as prostitutas,
porque se aliançou com as nações pagãs, adorou
os seus deuses, pagou-lhes tributos, e amou as suas práticas abomináveis, voltando as costas
para o Seu marido.
Sequer tinha a vergonha da prostituta que se
vende por dinheiro, porque eles se venderam por nada. Nenhuma paga exigiram de seus
amantes (nações pagãs) para se corromperem
com eles.
É possível portanto transformar as bênçãos do Senhor em causa de ruína e maldição, por causa
do orgulho.
Cristãos e igrejas devem sempre vigiar contra
este mal, porque uma vez que a soberba sobe ao coração, dificilmente volta-se a descer das
alturas a que nos elevamos, para colocarmos
nossos pés humildemente no chão, e
passaremos a usar o poder e as graças que recebemos de Deus para servir aos nossos
próprios interesses egoístas.
Cristãos dotados de dons extraordinários
recebidos do Espírito Santo, são tentados a se sentirem superiores a seus demais irmãos, e
considerá-los indignos por não serem, segundo
o seu juízo, tão espirituais quanto eles.
Podem, por outro lado, usar a prosperidade material que tenham recebido para se
prostituírem com o mundo, tornando-se assim
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infiéis, conforme a repreensão que Tiago dirige
aos que caem em tais laços.
“4 Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo é
inimizade contra Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo
de Deus.
5 Ou pensais que em vão diz a escritura: O
Espírito que ele fez habitar em nós anseia por nós até o ciúme?” (Tg 4.4,5)
O zelo de Deus para que o Seu povo se lhe
mantenha fiel, não amando o mundo, nunca
mudou, e é o mesmo tanto no Velho quanto no Novo Testamento.
Israel fizera uma coisa horrenda, porque usou
grande parte das riquezas que o Senhor lhes
dera, para erigirem templos e altares para adorarem a outros deuses, e para adornarem
suas imagens de escultura.
Ofereceram seus filhos, que eram herança de
Deus em sacrifício a divindades como Moloque. Assim mataram filhos que não eram apenas
seus, mas também de Deus.
Veja que quando Deus repreendeu os judeus
ímpios e idólatras dos dias do profeta Ezequiel quanto a estarem oferecendo as suas
criancinhas em holocausto ao deus Moloque,
ele as chamou de filhos e filhas e que eles
haviam gerado para Ele, o Senhor, e que eram portanto seus filhos, que em vez de
consagrarem a Ele, estavam lhes matando em
sacrifício a falsos deuses.
De tal maneira a soberba havia subido ao coração dos judeus, que haviam esquecido dos
começos humildes da sua mocidade, tanto em
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Canaã, quanto no Egito, quando estavam sendo
formados como nação.
Haviam esquecido que teriam permanecido
debaixo do jugo de escravidão no Egito se o Senhor não os tirasse de lá com o Seu braço
forte, para entrar em aliança com eles.
Jerusalém havia se tornado numa meretriz
desenfreada, e por isso o Senhor a entregaria à lascívia de todos os seus amantes, tanto
daqueles que ela amara, quanto dos que odiara,
porque viriam várias nações contra ela no seu
cerco, juntamente com os babilônios, e o Senhor descobriria a nudez de Jerusalém diante
deles, para que vissem o estado deplorável em
que se encontrava, porque desprezara o seu
Marido (v. 37). O Senhor a entregaria na mão dos seus inimigos
para que fosse despojada e destruída por eles,
especialmente os ídolos e os altares que haviam
construído para adulterar com eles. Como uma mulher adúltera, seria apedrejada, e
traspassada pela espada, e suas casas seriam
queimadas pelo fogo, e já não poderia ser mais
meretriz. Deus agiria contra ela com o furor de um marido
traído, e assim se aquietaria em relação à Sua
indignação, contra tão grande ingrata e infiel
esposa.
Apesar de tudo, o Senhor lembraria da aliança que havia feito com Israel nos dias da sua
mocidade, e faria uma nova aliança com eles,
que seria uma aliança eterna, a saber, a Nova Aliança, a mesma aliança prometida em
Jeremias 31.31-34, que se refere à união dos
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cristãos com Jesus Cristo, sejam judeus ou
gentios (v. 61, 62,63). Aliança esta que está
devidamente explicada no nosso comentário
relativo ao trigésimo primeiro capítulo de Jeremias.
“1 Ainda veio a mim a palavra do Senhor,
dizendo: 2 Filho do homem, faze conhecer a Jerusalém
seus atos abomináveis;
3 e dize: Assim diz o Senhor Deus a Jerusalém: A
tua origem e o teu nascimento procedem da terra dos cananeus. Teu pai era amorreu, e a tua
mãe heteia.
4 E, quanto ao teu nascimento, no dia em que
nasceste não te foi cortado o umbigo, nem foste lavada com água, para te alimpar; nem
tampouco foste esfregada com sal, nem envolta
em faixas;
5 ninguém se apiedou de ti para te fazer alguma destas coisas, compadecido de ti; porém foste
lançada fora no campo, pelo nojo de ti, no dia em
que nasceste.
6 E, passando eu por ti, vi-te banhada no teu sangue, e disse-te: Ainda que estás no teu
sangue, vive; sim, disse-te: Ainda que estás no
teu sangue, vive.
7 Eu te fiz multiplicar como o renovo do campo. E cresceste, e te engrandeceste, e alcançaste
grande formosura. Formaram-se os teus seios e
cresceu o teu cabelo; contudo estavas nua e
descoberta. 8 Então, passando eu por ti, vi-te, e eis que o teu
tempo era tempo de amores; e estendi sobre ti a
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minha aba, e cobri a tua nudez; e dei-te
juramento, e entrei num pacto contigo, diz o
Senhor Deus, e tu ficaste sendo minha.
9 Então te lavei com água, alimpei-te do teu
sangue e te ungi com óleo.
10 Também te vesti de bordados, e te calcei com
couro da melhor qualidade, cingi-te de linho fino, e te cobri de seda.
11 Também te ornei de enfeites, e te pus
braceletes nas mãos e um colar ao pescoço.
12 E te pus um pendente no nariz, e arrecadas
nas orelhas, e uma linda coroa na cabeça.
13 Assim foste ornada de ouro e prata, e o teu vestido foi de linho fino, de seda e de bordados;
de flor de farinha te nutriste, e de mel e azeite; e
chegaste a ser formosa em extremo, e subiste
até a realeza.
14 Correu a tua fama entre as nações, por causa
da tua formosura, pois era perfeita, graças ao
esplendor que eu tinha posto sobre ti, diz o
Senhor Deus.
15 Mas confiaste na tua formosura, e te
corrompeste por causa da tua fama; e
derramavas as tuas prostituições sobre todo o que passava, para seres dele.
16 E tomaste dos teus vestidos e fizeste lugares
altos adornados de diversas cores, e te
prostituíste sobre eles, como nunca sucedera, nem sucederá.
17 Também tomaste as tuas belas joias feitas do
meu ouro e da minha prata que eu te havia dado, e te fizeste imagens de homens, e te prostituíste
com elas;
102
18 e tomaste os teus vestidos bordados, e as
cobriste; e puseste diante delas o meu azeite e o
meu incenso.
19 E o meu pão que te dei, a flor de farinha, e o
azeite e o mel, com que eu te sustentava,
também puseste diante delas em cheiro suave,
diz o Senhor Deus.
20 Além disto, tomaste a teus filhos e tuas filhas,
que me geraras, e lhos sacrificaste, para serem
devorados pelas chamas. Acaso foi a tua
prostituição de tão pouca monta,
21 que havias de matar meus filhos e lhos
entregar, fazendo-os passar pelo fogo?
22 E em todas as tuas abominações, e nas tuas prostituições, não te lembraste dos dias da tua
mocidade, quando tu estavas nua e descoberta,
e jazias no teu sangue.
23 E sucedeu, depois de toda a tua maldade (ai,
ai de ti! diz o Senhor Deus),
24 que te edificaste uma câmara abobadada, e
fizeste lugares altos em todas as praças.
25 A cada canto do caminho edificaste o teu
lugar alto, e fizeste abominável a tua formosura,
e alargaste os teus pés a todo o que passava, e multiplicaste as tuas prostituições.
26 Também te prostituíste com os egípcios, teus
vizinhos, grandemente carnais; e multiplicaste
a tua prostituição, para me provocares à ira.
27 Pelo que estendi a minha mão sobre ti, e
diminuí a tua porção; e te entreguei à vontade
dos que te odeiam, das filhas dos filisteus, as quais se envergonhavam do teu caminho
depravado.
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28 Também te prostituíste com os assírios,
porquanto eras insaciável; contudo,
prostituindo-te com eles, nem ainda assim
ficaste farta. 29 Demais multiplicaste as tuas prostituições na
terra de tráfico, isto é, até Caldeia, e nem ainda
com isso te fartaste.
30 Quão fraco é teu coração, diz o Senhor Deus, fazendo tu todas estas coisas, obra duma
meretriz desenfreada,
31 edificando a tua câmara abobadada no canto
de cada caminho, e fazendo o teu lugar alto em cada rua! Não foste sequer como a meretriz, pois
desprezaste a paga;
32 tens sido como a mulher adúltera que, em
lugar de seu marido, recebe os estranhos. 33 A todas as meretrizes se dá a sua paga, mas tu
dás presentes a todos os teus amantes; e lhes dás
subornos, para que venham a ti de todas as
partes, pelas tuas prostituições. 34 Assim és diferente de outras mulheres nas
tuas prostituições; pois ninguém te procura
para prostituição; pelo contrário tu dás a paga, e
não a recebes; assim és diferente. 35 Portanto, ó meretriz, ouve a palavra do
Senhor.
36 Assim diz o Senhor Deus: Pois que se
derramou a tua lascívia, e se descobriu a tua nudez nas tuas prostituições com os teus
amantes; por causa também de todos os ídolos
das tuas abominações, e do sangue de teus filhos
que lhes deste; 37 portanto eis que ajuntarei todos os teus
amantes, com os quais te deleitaste, como
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também todos os que amaste, juntamente com
todos os que odiaste, sim, ajunta-los-ei contra ti
em redor, e descobrirei a tua nudez diante deles,
para que vejam toda a tua nudez.
38 E julgar-te-ei como são julgadas as adúlteras
e as que derramam sangue; e entregar-te-ei ao
sangue de furor e de ciúme.
39 Também te entregarei nas mãos dos teus
inimigos, e eles derribarão a tua câmara
abobadada, e demolirão os teus altos lugares, e te despirão os teus vestidos, e tomarão as tuas
belas joias, e te deixarão nua e descoberta.
40 Então farão subir uma hoste contra ti, e te apedrejarão, e te traspassarão com as suas
espadas.
41 E queimarão as tuas casas a fogo, e executarão juízos contra ti, à vista de muitas mulheres; e te
farei cessar de ser meretriz, e paga não darás
mais.
42 Assim satisfarei em ti o meu furor, e os meus
ciúmes se desviarão de ti; também me
aquietarei, e não tornarei mais a me indignar.
43 Porquanto não te lembraste dos dias da tua
mocidade, mas me provocaste à ira com todas
estas coisas, eis que eu farei recair o teu caminho sobre a tua cabeça diz o Senhor Deus.
Pois não acrescentaste a infidelidade a todas as
tuas abominações?
44 Eis que todo o que usa de provérbios usará
contra ti deste provérbio: Tal mãe, tal filha.
45 Tu és filha de tua mãe, que tinha nojo de seu marido e de seus filhos; e tu és irmã de tuas
irmãs, que tinham nojo de seus maridos e de
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seus filhos. Vossa mãe foi heteia, e vosso pai
amorreu.
46 E tua irmã maior, que habita à tua esquerda,
é Samaria, ela juntamente com suas filhas; e tua irmã menor, que habita à tua mão direita, é
Sodoma e suas filhas.
47 Todavia não andaste nos seus caminhos, nem
fizeste conforme as suas abominações; mas, como se isso mui pouco fora, ainda te
corrompeste mais do que elas, em todos os teus
caminhos.
48 Vivo eu, diz o Senhor Deus, não fez Sodoma, tua irmã, nem ela nem suas filhas, como fizeste
tu e tuas filhas.
49 Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua
irmã: Soberba, fartura de pão, e próspera ociosidade teve ela e suas filhas; mas nunca
fortaleceu a mão do pobre e do necessitado.
50 Também elas se ensoberbeceram, e fizeram
abominação diante de mim; pelo que, ao ver isso, as tirei do seu lugar.
51 Demais Samaria não cometeu metade de teus
pecados; e multiplicaste as tuas abominações
mais do que elas, e justificaste a tuas irmãs, com todas as abominações que fizeste.
52 Tu, também, pois que deste sentença
favorável a tuas irmãs, leva a tua vergonha; por
causa de teus pecados, que fizeste mais abomináveis do que elas, mais justas são elas do
que tu; confunde-te logo também, e sofre a tua
vergonha, porque justificaste a tuas irmãs.
53 Eu, pois, farei tornar do cativeiro a elas, a Sodoma e suas filhas, a Samaria e suas filhas, e
aos de vós que são cativos no meio delas;
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54 para que sofras a tua vergonha, e sejas
envergonhada por causa de tudo o que fizeste,
dando-lhes tu consolação.
55 Quanto a tuas irmãs, Sodoma e suas filhas, tornarão ao seu primeiro estado; e Samaria e
suas filhas tornarão ao seu primeiro estado;
também tu e tuas filhas tornareis ao vosso
primeiro estado. 56 Não foi Sodoma, tua irmã, um provérbio na
tua boca, no dia da tua soberba,
57 antes que fosse descoberta a tua maldade?
Agora, de igual modo, te fizeste objeto de opróbrio das filhas da Síria, e de todos os que
estão ao redor dela, e para as filhas dos filisteus,
que te desprezam em redor.
58 Pela tua perversidade e as tuas abominações estás sofrendo, diz o Senhor.
59 Pois assim diz o Senhor Deus: Eu te farei
como fizeste, tu que desprezaste o juramento,
quebrantando o pacto. 60 Contudo eu me lembrarei do meu pacto, que
fiz contigo nos dias da tua mocidade; e
estabelecerei contigo um pacto eterno.
61 Então te lembrarás dos teus caminhos, e ficarás envergonhada, quando receberes tuas
irmãs, as mais velhas e as mais novas, e eu tas
der por filhas, mas não por causa do pacto
contigo. 62 E estabelecerei o meu pacto contigo, e
saberás que eu sou o Senhor;
63 para que te lembres, e te envergonhes, e
nunca mais abras a tua boca, por causa da tua vergonha, quando eu te perdoar tudo quanto
fizeste, diz o Senhor Deus.” (Ezequiel 16)
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Ezequiel 17
Deus mandou Ezequiel propor uma parábola
aos judeus, de duas águias e duas videiras. Como
eles estavam desprezando a Palavra do Senhor
quanto aos juízos que ocorreriam em Jerusalém, e o modo como eles se cumpririam,
especialmente em relação aos reis de Judá,
cujos tronos estavam em Jerusalém, então, lhes falaria por meio de alegorias, ou seja, de
parábolas.
Algum tempo antes de ter sido proposto este
enigma, Nabucodonosor havia levado o rei
Joaquim para o cativeiro em Babilônia, quando tinha permanecido no trono de Judá por apenas
três meses. Juntamente com Joaquim foram
trazidos os seus príncipes e nobres para
Babilônia.
Isto está representado na parábola por uma águia que veio ao Líbano e tirou o ramo mais alto
de um cedro e arrancando a ponta mais alta dos
seus ramos a colocou numa cidade de
comerciantes.
A cidade de comerciantes era Babilônia, o centro comercial do mundo em seus dias.
O ramo mais elevado do cedro era o rei Joaquim,
que a águia (Nabucodonosor) havia aprisionado
em Babilônia, para não mais de lá sair, como de
fato sucedeu.
Nabucodonosor é comparado a uma águia na parábola, porque ela é uma ave de rapina, e era
exatamente isto que ele estava fazendo com
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todas as nações da terra que lhes foram
entregues por Deus para serem despojadas.
Jerusalém é apresentada na parábola como
sendo o Líbano, que era uma terra de cedros.
Quando Nabucodonosor levou o rei Joaquim para Babilônia, colocou para reinar em seu
lugar, o seu tio (de Joaquim), chamado
Matanias, cujo nome ele mudou para Zedequias.
Então Zedequias é a semente da terra, citada na
parábola, (v. 5) que foi plantada num solo
frutífero, porque não foi um rei estranho que foi
dado a Jerusalém, mas a um natural da terra, pertencente à família real, mas foi plantado
como um salgueiro, que é uma planta fraca, e
não como um cedro.
Mas o salgueiro se tornou numa videira ampla,
mas de pouca altura, e lançava os seus ramos e
raízes na direção de uma outra grande águia, para que fosse regada por ela (v. 7).
Esta grande águia era faraó, rei do Egito, para o
qual Zedequias se voltou tentando formar uma aliança com ele contra Babilônia.
Todavia o Senhor revelou que isto não
prosperaria, porque a outra águia (Nabucodonosor) lhe arrancaria as raízes e não
poderia portanto frutificar (v. 9). E isto seria feito
sem necessidade de esforço, porque uma vez
tirada as raízes, a videira se secaria.
No verso 16 é predita a prisão de Zedequias em
Babilônia, terra na qual ele viria a morrer, por ter quebrado a aliança que Nabucodonosor
fizera com ele, tentando traí-lo com o Egito.
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Faraó não lhe prestaria qualquer ajuda em
guerra quando Babilônia sitiasse a cidade de
Jerusalém (v. 17).
O Senhor considerou a traição contra o rei de Babilônia, como sendo uma traição contra a Sua
própria pessoa, porque foi por Sua inspiração
que Nabucodonosor deixara Zedequias ainda
reinando em Jerusalém, de modo que se ele conduzisse o povo a caminhar em retidão, pelo
arrependimento perante o Senhor, por tudo o
que havia ocorrido ao rei Jeoaquim, e depois
dele ao rei Joaquim, e aos nobres que haviam sido levados em cativeiro juntamente com ele
para Babilônia, eles poderiam emendar os seus
atos e o Senhor pouparia tanto a eles quanto à
cidade de Jerusalém e o templo, depois de purificá-lo das abominações que estavam sendo
nele praticadas.
No entanto, ao agir com traição, Zedequias, não
somente quebrou o pacto que o Senhor fizera em relação à condução da preservação de
Jerusalém, como manteve o povo debaixo da
prática da corrupção e da idolatria, motivo
porque, em vez de ser poupado, seria castigado, bem ele como as suas tropas.
Nos versos 22 a 23 nós temos uma referência a
nosso Senhor Jesus Cristo, que seria o renovo do
broto que Deus tiraria do cedro (casa real de
Davi) e o plantaria sobre um monte alto e sublime em Israel (a morte de Jesus como
semente na terra do monte Calvário) da qual
surgiu um cedro excelente (a Igreja) que é abrigo de aves de toda espécie (judeus e gentios
de todas as nações que se convertem a Ele, e que
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por conseguinte, fazem parte de tal Cedro
excelente, a árvore plantada por Deus.
Todas as árvores do campo (nações da terra)
saberiam então que o Senhor havia abatido a árvore alta (o reino de Babilônia) e elevou a
árvore baixa (a casa e o reino de Davi
restaurados em Cristo); e secou a árvore verde
(o reino de Israel, que havia se secado nos dias de Ezequiel); e fez reverdecer a árvore seca
(Israel sendo restaurado totalmente quando da
volta de nosso Senhor).
“1 Ainda veio a mim a palavra do Senhor,
dizendo:
2 Filho do homem, propõe um enigma, e profere
uma alegoria à casa de Israel; 3 e dize: Assim diz o Senhor Deus: uma grande
águia, de grandes asas e de plumagem
comprida, cheia de penas de várias cores, veio
ao Líbano e tomou o mais alto ramo dum cedro; 4 arrancou a ponta mais alta dos seus ramos e a
levou a uma terra de comércio; e a pôs numa
cidade de comerciantes.
5 Também tomou da semente da terra, e a lançou num solo frutífero; pô-la junto a muitas
águas; e plantou-a como salgueiro.
6 E brotou, e tornou-se numa videira larga, de
pouca altura, virando-se para ela os seus ramos, e as suas raízes estavam debaixo dela. Tornou-se
numa videira, e produzia ramos, e lançava
renovos.
7 Houve ainda outra grande águia, de grandes asas, e cheia de penas; e eis que também esta
videira lançou para ela as suas raízes, e estendeu
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para ela os seus ramos desde as auréolas em que
estava plantada, para que ela a regasse.
8 Numa boa terra, junto a muitas águas, estava ela plantada, para produzir ramos, e para dar
fruto, a fim de que fosse videira excelente.
9 Dize: Assim diz o Senhor Deus: Acaso prosperará ela? Não lhe arrancará a águia as
raízes, e não lhe cortará o fruto, para que se
seque? para que se sequem todas as folhas de
seus renovos? Não será necessário nem braço forte, nem muita gente, para arrancá-la pelas
raízes.
10 Mas, estando plantada, prosperará? Não se secará de todo, quando a tocar o vento oriental?
Nas auréolas onde cresceu se secará.
11 Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
12 Dize, pois, à casa rebelde: Não sabeis o que
significam estas coisas? Dize-lhes: Eis que veio o rei de Babilônia a Jerusalém, e tomou o seu rei e
os seus príncipes, e os levou consigo para
Babilônia;
13 e tomou um da estirpe real, e fez pacto com
ele, e o juramentou. E aos poderosos da terra
removeu,
14 para que o reino ficasse humilhado, e não se
levantasse, embora, guardando o seu pacto,
pudesse subsistir.
15 Mas ele se rebelou contra o rei de Babilônia,
enviando os seus embaixadores ao Egito, para
que se lhe mandassem cavalos e muita gente. Prosperará ou escapará aquele que faz tais
coisas? Quebrará o pacto e escapará?
112
16 Como eu vivo, diz o Senhor Deus, no lugar em
que habita o rei que o fez reinar, cujo juramento
desprezou, e cujo pacto quebrou, sim, com ele
no meio de Babilônia certamente morrerá.
17 Não lhe prestará Faraó ajuda em guerra, nem
com seu grande exército, nem com sua
companhia numerosa, quando se levantarem tranqueiras e se edificarem baluartes, para
destruir muitas vidas.
18 Porquanto desprezou o juramento e quebrou o pacto, porquanto deu a sua mão, e ainda fez
todas estas coisas, ele não escapará.
19 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Vivo eu,
que o meu juramento que desprezou, e o meu pacto que violou, isso farei recair sobre a sua
cabeça.
20 E estenderei sobre ele a minha rede, e ficará preso no meu laço; e o levarei a Babilônia, e ali
entrarei em juízo com ele por causa da traição
que cometeu contra mim.
21 E a fina flor de todas as suas tropas cairá à espada, e os que restarem serão espalhados a
todos os ventos; e sabereis que eu, o Senhor, o
disse.
22 Assim diz o Senhor Deus: Também eu
tomarei um broto do topo do cedro, e o
plantarei; do principal dos seus renovos cortarei
o mais tenro, e o plantarei sobre um monte alto e sublime.
23 No monte alto de Israel o plantarei; e
produzirá ramos, e dará fruto, e se fará um cedro excelente. Habitarão debaixo dele aves de toda a
sorte; à sombra dos seus ramos habitarão.
113
24 Assim saberão todas as árvores do campo que
eu, o Senhor, abati a árvore alta, elevei a árvore
baixa, sequei a árvore verde, e fiz reverdecer a
árvore seca; eu, o Senhor, o disse, e o farei.”
114
Ezequiel 18
Este capítulo de Ezequiel mostra de modo
muito claro que é a perseverança na fé e a
santificação que mantêm o cristão na prática da
justiça, a maior e melhor evidência da salvação,
que é pela graça, mediante a fé.
Se alguém chegou a se inteirar dos caminhos do
Senhor e até mesmo a agir conforme exigido pelos Seus mandamentos, e esta pessoa
retorna depois à prática da iniquidade, na qual
vivera dantes, isto comprova que tal pessoa não
foi justificada por Deus; que não foi salva por Ele, que não nasceu de novo do Espírito; e que
portanto, nunca teve a vida eterna, mesmo
quando se inteirava da prática da justiça.
Todavia, aquele que vivia na prática da
iniquidade e vem a se converter dos seus maus
caminhos e persevera na fé e na santificação, não se fará mais lembrança dos pecados que tal
pessoa havia praticado no passado porque será
completamente perdoada por Deus, e terá a vida
eterna, desde a sua conversão.
Assim, este capítulo relaciona as boas obras de
justiça que são evidências de quem realmente é justo diante de Deus. Certamente não são estas
boas obras a causa da sua salvação (que é
sempre a graça e a fé), mas a sua melhor
evidência, conforme já comentamos anteriormente.
Todavia, não podemos esquecer que este
capítulo não foi escrito particularmente para a
115
Igreja, debaixo da Nova Aliança com Cristo, e
sim debaixo da Lei da Antiga Aliança, que
interessava apenas aos israelitas, no período de
vigência daquela aliança. As ameaças de morte, e a promessa de
preservação da vida, têm a ver, especialmente,
com as promessas de bênçãos e as ameaças de
maldição contidas na Lei de Moisés (A Antiga Aliança abrangia todos os israelitas em todas as
gerações de Israel, de Moisés até a morte de
Jesus, e por isso, possuía também um caráter
essencialmente coletivo quanto às aplicações das suas promessas de bênçãos (Lev 26.3-13; Dt
7.12-26; 11.8-32; 28.1-14), e de maldições (Lev
26.14-42; Dt 11.26-28; 27.26; 28.15-68).
Devemos lembrar também que o que deu ocasião a esta mensagem que foi dada por Deus
ao profeta foi o provérbio que havia entre os
israelitas, de que eles não estavam sendo
julgados porque fossem culpados perante Deus, mas sempre por causa do pecado de seus
antepassados, conforme previsto na Lei de que
Deus visitaria a iniquidade dos pais nos filhos até
a terceira e a quarta geração, que eles haviam reduzido para a forma proverbial de se dizer que
os pais comeram uvas verdes e os dentes dos
filhos é que ficaram embotados.
Então para demonstrar que nunca havia
desobrigado ninguém da responsabilidade pessoal e individual perante Ele, o Senhor
enfatizou que cada pessoa vive (por causa da sua
justiça) ou morre (por causa dos seus próprios pecados, e não por causa dos pecados de
outrem).
116
O princípio legal de se visitar a iniquidade dos
pais nos filhos, na Antiga Aliança, tinha por alvo
reforçar exatamente a responsabilidade
individual, da qual eles estavam procurando se eximir.
Porque à medida que os pais são irresponsáveis, a tendência é que os filhos sejam mais
irresponsáveis ainda, e era apenas isto que o
Senhor queria evitar, e não agir de forma injusta
fazendo com que o inocente fosse considerado culpado, ou que o culpado fosse considerado
inocente, o que a propósito, constava da Lei de
Moisés, para que os juízes de Israel não viessem a condenar pessoas que fossem inocentes das
coisas que fossem acusadas, ou então, que
culpados, fossem declarados inocentes por eles.
Então não procedia a acusação dos judeus em
relação ao Senhor, dizendo que Ele não era
justo, que também não eram justos os Seus caminhos, ou seja, as Suas exigências, a Sua
vontade, refletidas nos Seus mandamentos.
É algo muito triste quando a justiça é distorcida, quando ao mal chamam bem, e ao bem chamam
mal. E é justamente isto o que costumam fazer
os ímpios, e desta forma os judeus estavam comprovando que eram ímpios e não justos,
porque julgavam que os caminhos deles é que
eram justos e não os caminhos de Deus.
O Senhor, revelando que não é apenas justo,
mas também misericordioso e perdoador, ainda
assim convocou aqueles ímpios do Seu próprio povo a se converterem a Ele, convertendo-se de
todas as suas transgressões, para que não
117
fossem levados por sua iniquidade à perdição (v.
30).
Rogou-lhes que lançassem fora todas as suas
transgressões que haviam cometido contra Ele, e que criassem um novo coração e um espírito
novo, para que não morressem (v. 31).
Afinal, o Senhor não tem prazer na morte de
ninguém, antes deseja que o ímpio se converta e viva (v. 32).
Em todo o caso a Palavra de Deus nesta
passagem de Ezequiel nos alerta para a
seriedade que se exige de nós quanto a considerarmos a possibilidade de transformar a
graça de Deus em luxúria, conforme dizer do
apóstolo Judas, porque não são poucos os
cristãos que costumam usar o argumento de que podem permanecer no pecado, porque
estão debaixo da graça e não da Lei.
Entretanto, o Senhor está seriamente
interessado em que seus filhos abundem na prática de boas obras de justiça, e que
consagrem seus membros à prática da justiça,
com vistas à santificação deles, pela Palavra,
mediante o poder do Espírito. Que ninguém seja portanto, achado faltoso
nesta parte, pensando erroneamente que estar
sob a graça significa ter permissão de Deus para
viver pecando. Que nos cause horror a doutrina, de que
podemos estar sossegados quando pecamos
deliberadamente, porque afinal basta crer que o
sangue de Cristo nos purifica de todo pecado. Isto não é o que a Bíblia ensina. Ao contrário,
ordena que não devemos dar descanso à nossa
118
alma enquanto não estivermos santificados.
Que devemos chorar pelos nossos pecados para
que sejamos de fato bem-aventurados, e assim o
sangue de Jesus mostrará toda a sua eficácia em nosso favor.
Lembremos que Deus não odeia a nada do que
Ele criou. Especialmente as almas dos homens.
Então se alguém vier a se perder, isto não terá sido pela vontade de Deus, mas pelo próprio
amor da pessoa às trevas e ao pecado.
“1 De novo veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Que quereis vós dizer, citando na terra de
Israel este provérbio: Os pais comeram uvas
verdes, e os dentes dos filhos se embotaram? 3 Vivo eu, diz e Senhor Deus, não se vos permite
mais usar deste provérbio em Israel.
4 Eis que todas as almas são minhas; como o é a
alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá.
5 Sendo pois o homem justo, e procedendo com
retidão e justiça,
6 não comendo sobre os montes, nem levantando os seus olhos para os ídolos da casa
de Israel, nem contaminando a mulher do seu
próximo, nem se chegando à mulher na sua
separação; 7 não oprimindo a ninguém, tornando, porém,
ao devedor e seu penhor, e não roubando,
repartindo e seu pão com o faminto, e cobrindo
ao nu com vestido; 8 não emprestando com usura, e não recebendo
mais de que emprestou, desviando a sua mão da
119
injustiça, e fazendo verdadeira justiça entre
homem e homem;
9 andando nos meus estatutos, e guardando as
minhas ordenanças, para proceder segundo a verdade; esse é justo, certamente viverá, diz o
Senhor Deus,
10 E se ele gerar um filho que se torne salteador,
que derrame sangue, que faça a seu irmão qualquer dessas coisas;
11 e que não cumpra com nenhum desses
deveres, porém coma sobre os montes, e
contamine a mulher de seu próximo, 12 oprima ao pobre e necessitado, pratique
roubos, não devolva o penhor, levante os seus
olhos para os ídolos, cometa abominação,
13 empreste com usura, e receba mais do que emprestou; porventura viverá ele? Não viverá!
Todas estas abominações, ele as praticou;
certamente morrerá; o seu sangue será sobre
ele. 14 Eis que também, se este por sua vez gerar um
filho que veja todos os pecados que seu pai fez,
tema, e não cometa coisas semelhantes,
15 não coma sobre os montes, nem levante os olhos para os ídolos da casa de Israel, e não
contamine a mulher de seu próximo,
16 nem oprima a ninguém, e não empreste sob
penhores, nem roube, porém reparta o seu pão com o faminto, e cubra ao nu com vestido;
17 que aparte da iniquidade a sua mão, que não
receba usura nem mais do que emprestou, que
observe as minhas ordenanças e ande nos meus estatutos; esse não morrerá por causa da
iniquidade de seu pai; certamente viverá.
120
18 Quanto ao seu pai, porque praticou extorsão,
e roubou os bens do irmão, e fez o que não era
bom no meio de seu povo, eis que ele morrerá
na sua iniquidade. 19 contudo dizeis: Por que não levará o filho a
iniquidade do pai? Ora, se o filho proceder com
retidão e justiça, e guardar todos os meus
estatutos, e os cumprir, certamente viverá. 20 A alma que pecar, essa morrerá; o filho não
levará a iniquidade do pai, nem o pai levará a
iniquidade do filho, A justiça do justo ficará
sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele.
21 Mas se o ímpio se converter de todos os seus
pecados que cometeu, e guardar todos os meus
estatutos, e preceder com retidão e justiça, certamente viverá; não morrerá.
22 De todas as suas transgressões que cometeu
não haverá lembrança contra ele; pela sua
justiça que praticou viverá. 23 Tenho eu algum prazer na morte do ímpio?
diz o Senhor Deus. Não desejo antes que se
converta dos seus caminhos, e viva?
24 Mas, desviando-se o justo da sua justiça, e cometendo a iniquidade, fazendo conforme
todas as abominações que faz o ímpio,
porventura viverá? De todas as suas justiças que
tiver feito não se fará memória; pois pela traição que praticou, e pelo pecado que cometeu ele
morrerá.
25 Dizeis, porém: O caminho do Senhor não é
justo. Ouvi, pois, ó casa de Israel: Acaso não é justo o meu caminho? não são os vossos
caminhos que são injustos?
121
26 Desviando-se o justo da sua justiça, e
cometendo iniquidade, morrerá por ela; na sua
iniquidade que cometeu morrerá.
27 Mas, convertendo-se o ímpio da sua impiedade que cometeu, e procedendo com
retidão e justiça, conservará este a sua alma em
vida.
28 pois se reconsidera, e se desvia de todas as suas transgressões que cometeu, certamente
viverá, não morrerá.
29 Contudo, diz a casa de Israel: O caminho do
Senhor não é justo. Acaso não são justos os meus caminhos, ó casa de Israel, Não são antes os
vossos caminhos que são injustos?
30 Portanto, eu vos julgarei, a cada um
conforme os seus caminhos, ó casa de Israel, diz o Senhor Deus. Vinde, e convertei-vos de todas
as vossas transgressões, para que a iniquidade
não vos leve à perdição.
31 Lançai de vós todas as vossas transgressões que cometestes contra mim; e criai em vós um
coração novo e um espírito novo; pois, por que
morrereis, ó casa de Israel,
32 Porque não tenho prazer na morte de ninguém, diz o Senhor Deus; convertei-vos,
pois, e vivei,” (Ezequiel 18)
122
Ezequiel 19
Este capítulo, assim como o décimo sétimo, é
uma lamentação pela ruína da casa real de Davi, e descreve a queda calamitosa dos
descendentes do rei Josias: Jeoacaz, Jeoaquim,
Joaquim, e Zedequias, em quem a linhagem real fora definitivamente cortada.
Jeocaz foi levado em cadeias para o Egito, por faraó, por causa da sua tirania.
Jeoaquim foi morto por Nabucodonosor por causa da sua impiedade, não somente por ter
prendido Jeremias, como também por ter
queimado o seu rolo de profecias.
Joaquim, foi deportado para Babilônia, tendo
permanecido apenas três meses no trono,
porque havia também andado nos pecados de seu pai.
Zedequias, por sua tirania e traições, tendo também prendido a Jeremias, teve os olhos
vazados e foi levado preso em cadeias para
Babilônia, terra onde morreu.
Por isso foi ordenado ao profeta que lamentasse
tal queda da casa de Davi.
Ele fez comparações entre o reino de Judá com
uma leoa, e os reis que procederam deste reino,
foram postos a reinar como se fossem leõezinhos, porque eram cria da mesma leoa, a
saber, a casa real de Davi.
Todavia foram caçados pelas nações, por causa
das destruições que estavam fazendo.
123
A casa real de Davi foi também comparada nesta
mensagem de Ezequiel, a uma videira frutífera e
muito forte, da qual se pôde fazer um cetro real,
mas a videira foi enfraquecida tão grandemente que seus ramos foram queimados, e ela ficou
assim, impedida de continuar frutificando,
porque não somente Jerusalém seria queimada pelo fogo, como também o templo do Senhor.
“1 E tu levanta uma lamentação sobre os
príncipes de Israel,
2 e dize: Quem é tua mãe? Uma leoa entre os leões! Deitou-se no meio dos leõezinhos, criou
os seus filhotes.
3 Assim criou um dos seus filhotes, o qual,
fazendo-se leão novo, aprendeu a apanhar a presa; e devorou homens.
4 Ora as nações ouviram falar dele; foi apanhado
na cova delas; e o trouxeram com ganchos à
terra do Egito. 5 Vendo, pois, ela que havia esperado, e que a
sua esperança era perdida, tomou outro dos
seus filhotes, e fê-lo leão novo.
6 E este, rondando no meio dos leões, veio a ser leão novo, e aprendeu a apanhar a presa; e
devorou homens.
7 E devastou os seus palácios, e destruiu as suas
cidades; e assolou-se a terra, e a sua plenitude, por causa do som do seu rugido.
8 Então se ajuntaram contra ele as gentes das
províncias ao redor; estenderam sobre ele a
rede; e ele foi apanhado na cova delas. 9 E com ganchos meteram-no numa jaula, e o
levaram ao rei de Babilônia; fizeram-no entrar
124
nos lugares fortes, para que se não ouvisse mais
a sua voz sobre os montes de Israel.
10 Tua mãe era como uma videira plantada
junto às águas; ela frutificou, e encheu-se de ramos, por causa das muitas águas.
11 E tinha uma vara forte para cetro de
governador, e elevou-se a sua estatura entre os
espessos ramos, e foi vista na sua altura com a multidão dos seus ramos.
12 Mas foi arrancada com furor, e lançada por
terra; o vento oriental secou o seu fruto;
quebrou-se e secou-se a sua forte vara; o fogo a consumiu.
13 E agora está plantada no deserto, numa terra
seca e sedenta.
14 E duma vara dos seus ramos saiu fogo que consumiu o seu fruto, de maneira que não há
mais nela nenhuma vara forte para servir de
cetro para governar. Essa é a lamentação, e
servirá de lamentação.” (Ezequiel 19)
125
Ezequiel 20
Antes de qualquer comentário, é importante
lembrar que o cerco de Jerusalém pelos
babilônios começou em meados do nono ano de reinado do rei Zedequias de Judá, o qual
correspondia também ao nono ano de cativeiro
do rei Joaquim em Babilônia, porque Zedequias
foi colocado por Nabucodonosor no lugar de Joaquim, tão logo o levara em cativeiro.
Então a referência ao sétimo ano no início deste
capítulo de Ezequiel, coloca esta profecia, como as citadas nos capítulos precedentes, num
período anterior ao do citado sítio de Jerusalém.
Aqui, no caso, estavam há cerca de dois anos antes do início do citado cerco. Por isso, os
judeus em Babilônia ainda tinham expectativas
de que nenhum mal sucederia a Jerusalém,
porque nenhum mal estava sendo feito contra o rei Zedequias e o povo que com ele se
encontrava em Judá, já há sete anos do seu
reinado em Jerusalém, que duraria até o quarto
mês do décimo primeiro ano de tal reinado, porque passados então quatro anos desde a
narrativa deste capítulo, Jerusalém e o templo
seriam queimados, as casas seriam destruídas,
os filhos de Zedequias seriam mortos pelo rei de Babilônia, seus soldados e muito povo também
seriam mortos à espada, e somente os muito
pobres que não tinham propriedades seriam deixados em Jerusalém, porque os demais
seriam levados para o cativeiro.
126
Conhecendo perfeitamente o que há no coração
do homem, especialmente daqueles judeus
rebeldes à Sua vontade, dos dias de Ezequiel, o
Senhor disse ao profeta que lhes dissesse, quando vieram alegando ao profeta que
queriam consultar ao Senhor, que não se
deixaria ser consultado por eles.
Deus havia mostrado em visões ao profeta todas as abominações que estavam sendo feitas em
Jerusalém, e especialmente no Seu templo,
então o próprio profeta teria condições de julgá-
los, porque poderia lhes dizer todas as abominações de seus pais, e como poderiam
esperar uma boa promessa de Deus em relação
às condições presentes que eles estavam
vivendo, enquanto não faziam outra coisa senão transgredir os Seus mandamentos
deliberadamente?
Como poderiam escapar do terrível juízo de
morte que estaria vindo sobre eles na forma de espada, peste e fome, se não deram a devida
consideração ao Senhor e aos Seus
mandamentos?
Além disso, não Lhe deram ouvidos quando repreendidos pelos Seus profetas, que
insistentemente lhes convocaram ao
arrependimento. Antes, perseguiram,
prenderam e até mataram Seus profetas para continuarem praticando suas abominações.
Então que resposta favorável Deus poderia lhes
dar quando vieram Lhe consultar?
Desde que lhes havia livrado do cativeiro no Egito, nos dias de Moisés, para lhes dar por
herança uma terra que manava leite e mel, o
127
Senhor lhes ordenou que lançassem fora, cada
um deles, todas as coisas abomináveis que
encantavam os seus olhos, e que não se
contaminassem com os ídolos do Egito. Todavia, o que eles fizeram? Rebelaram-se
contra o Senhor, e não lançaram fora as suas
coisas abomináveis e nem os seus ídolos, e então
o Senhor disse que derramaria o Seu furor sobre eles.
Mas o que fizera foi por amor do Seu grande
nome, para que não fosse profanado à vista das
nações, porque Israel carregava o Seu nome sobre eles, sendo conhecidos como o povo de
Jeová, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó.
E livrando-os do cativeiro do Egito, entrou em
aliança com eles, dando-lhes os Seus estatutos e ordenanças, pelos quais eles viveriam, como se
afirma no verso 11:
“E dei-lhes os meus estatutos, e lhes mostrei as
minhas ordenanças, pelas quais o homem viverá, se as cumprir.”
Esta citação é extraída de Lev 18.5:
“Portanto, os meus estatutos e os meus juízos
guardareis; cumprindo-os, o homem viverá por eles. Eu sou o SENHOR.” (Lev 18.5)
O apóstolo Paulo fez uma abordagem desta
citação em Gál 3.12:
“Ora, a lei não procede de fé, mas: Aquele que observar os seus preceitos por eles viverá.” (Gál
3.12)
Aqui se afirma que a vida que procede da lei não
é a vida que procede da fé, a saber, a vida eterna, porque o que a lei diz é que aquele que observar
os seus preceitos, por eles viverá, ou seja,
128
quando eles vivessem de acordo com os
preceitos da Lei, não seria trazido nenhuma
destruição de morte como o Senhor estava
trazendo sobre os judeus nos dias de Ezequiel, nos quais vigorava a Antiga Aliança, porque
estavam todos sob a Lei, porque era por meio
dela que estavam aliançados com Deus.
Então a vida referida em Lev 18.5, e Ez 20.11, não é de modo algum a vida eterna que é obtida
somente por graça, mediante a fé, porque
sabemos que pelas obras da Lei nenhuma carne
pode ser justificada diante de Deus: “porquanto pelas obras da lei nenhum homem
será justificado diante dele; pois o que vem pela
lei é o pleno conhecimento do pecado.” (Rom
3.20) “concluímos pois que o homem é justificado
pela fé sem as obras da lei.” (Rom 3.28)
“sabendo, contudo, que o homem não é
justificado por obras da lei, mas sim, pela fé em Cristo Jesus, temos também crido em Cristo
Jesus para sermos justificados pela fé em Cristo,
e não por obras da lei; pois por [obras da lei]
nenhuma carne será justificada.” (Gál 2.16) “Pois todos quantos são das obras da lei estão
debaixo da maldição; porque escrito está:
Maldito todo aquele que não permanece em
todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las.” (Gál 3.10)
Paulo não estava incentivando ninguém a viver
contrariamente à lei moral de Deus, que é santa,
justa e perfeita, mas a não tentar ser justificado por meio da Lei, porque não é possível haver
justificação por tal meio, senão somente pela fé,
129
tal como Abraão havia sido justificado no
passado. E a vida eterna só pode ser obtida pela
justificação, e não pelas obras da Lei.
Todo cristão deve ter portanto cuidado ao abordar o assunto das obras da Lei, para que não
desconsidere a importância das obras na sua
santificação, mas que nunca incorra no erro de
ensinar a outros que serão justificados por tais obras, e não simplesmente pela fé.
Não é correto portanto afirmar que na Antiga
Aliança o modo de salvação era por se fazer as
obras da Lei, e que agora na Nova Aliança, o modo é pela graça mediante a fé.
Deus nunca intentou salvar a ninguém pelas
obras da Lei. Não foi para tal propósito que Ele
deu a Lei através de Moisés, ou seja, para que a própria Lei fosse o instrumento da salvação dos
pecadores.
Então nunca seria possível que alguém tivesse a
salvação que dá a vida eterna, por cumprir a Lei, porque para tanto, seria necessário cumprir a
Lei perfeitamente e não ter nenhum pecado, e
isto, somente um único homem perfeito
conseguiu fazer, a saber, nosso Senhor Jesus Cristo, não para que fosse salvo, mas para que
pudesse nos salvar morrendo por nós depois de
ter cumprido perfeitamente toda a Lei de
Moisés, e por não ter, diferentemente de nós, nenhum pecado na Sua natureza santa e
perfeita.
Logo, Deus jamais ensinaria ao pecador um
caminho de salvação impossível, a saber, o de obter a justificação (salvação) por meio das
obras da Lei, porque, para tanto seria necessário
130
perfeição no cumprimento de todos os
mandamentos.
Então, o que quer dizer o texto de Levítico 18.5 e
Ez 20.11? Afinal não está falando em se cumprir os estatutos e os juízos de Deus, para se viver por
tal obediência?
Primeiro, já deixamos claro que o que está sendo
prometido não é vida eterna, mas preservação da vida física, para não ser destruída tal como
estava ocorrendo com os israelitas ao longo de
toda a história daquela nação debaixo do Velho
Testamento, quando descumpriam os mandamentos de Deus, desviando-se dEle, para
adorarem falsos deuses.
Todavia, certamente, tal como ocorre com o
cristão na Nova Aliança, Deus tem considerado a intenção sincera do coração em cumprir Seus
mandamentos, como o próprio fato realizado.
Se o cristão odiar o pecado, enquanto busca se
aperfeiçoar na santificação, será tido por Deus na conta de alguém que possui um coração
puro, porque considerará o seu esforço para
vencer o mal e viver na prática do bem, andando
pela fé no Espírito, como até mesmo se não tivesse qualquer pecado, porque o verá sob a
cobertura do sangue e da justiça de Cristo, ainda
que não desconsiderará o pecado de tal cristão,
para fim de disciplina, de mortificação do pecado, e de seu aperfeiçoamento na fé.
A realidade prática dos que têm caminhado com
Deus, e sido realmente usados por Ele, é
exatamente esta a que nos temos referido, porque o Senhor sabe, que enquanto estivermos
neste mundo, sempre haverá, em algum grau, a
131
luta entre a carne e o Espírito, entre a nova
natureza e a velha natureza, ainda que, à medida
que crescermos espiritualmente, sendo
aperfeiçoados na santificação, a velha natureza ficará cada vez mais fraca, enquanto a nova
ficará cada vez mais forte. Voltando ao texto de Ezequiel neste capítulo, o
Senhor lhes disse também no verso 12 o seguinte:
“Demais lhes dei também os meus sábados, para
servirem de sinal entre mim e eles; a fim de que
soubessem que eu sou o Senhor que os santifica.”
Isto significa que Israel, tal como a Igreja de
Cristo, deveria viver de um modo separado da
prática dos ímpios que não conhecem ao Senhor, porque não são do mundo, mas herança
de Deus, cuja pátria é celestial.
Todavia o verdadeiro israelita que habitará no
céu é aquele que tem sido santificado pelo Senhor, porque é somente ela a evidência de
que fora verdadeiramente justificado pela fé.
Contudo, toda a nação de Israel se rebelou
contra o Senhor no deserto, já nos dias de
Moisés, e comprovaram tal rebelião pelo fato de não andarem segundo os estatutos do Senhor, e
por rejeitarem as Suas ordenanças, pelas quais
seriam mantidos em vida, sem receberem os
juízos de morte que Ele trouxe não raras vezes sobre eles, revelando o quanto Lhe desagrada
que o Seu povo viva no pecado. Quanto a isto,
esta regra vale tanto para nós quanto para eles, porque até mesmo cristãos na Nova Aliança
estão sujeitos a um juízo extremo da parte do
132
Senhor, de morte física, quando andam em
rebelião consumada contra Ele, porque são
entregues a Satanás para a destruição da carne,
para que se arrependam, tal como se dera com o cristão incestuoso da Igreja de Corinto (I Cor 5).
O versículo 13 de Ezequiel bem comprova tudo o
que comentamos anteriormente em relação ao
verso 11, porque nele se afirma o mesmo que está contido no verso 11, e além disso, o Senhor,
mostra a que tipo de vida estava se referindo ao
falar no cumprimento dos estatutos e
ordenanças da Lei, como vemos na parte final do citado versículo:
“e rejeitando as minhas ordenanças, pelas quais
o homem viverá, se as cumprir; e profanaram
grandemente os meus sábados; então eu disse que derramaria sobre eles o meu furor no
deserto, para os consumir.” (v. 13b). Veja que se
fala em furor derramado sobre os judeus no
deserto para serem consumidos, como de fato o foram, especialmente aquela geração incrédula
cujos corpos tombaram no deserto durante os
quarenta anos de peregrinação com Moisés.
Os versos 14 a 16 são uma reafirmação destes juízos que o Senhor trouxe sobre os israelitas
nos dias de Moisés.
Todavia, tal como estava fazendo nos dias de
Ezequiel, Deus também fizera nos dias de Moisés, bem como em toda a história da nação
de Israel, porque sempre deixou um
remanescente entre eles, para que estes
andassem nos Seus caminhos. E por isso advertiu a geração que se seguiu à de
Moisés, e que entraria com Josué em Canaã, que
133
não andassem nas mesmas pegadas de seus
pais, praticando a sua idolatria e abominações, e
que se recusavam a guardar os mandamentos
de Deus. Todavia, as gerações seguintes de Israel
andaram nos mesmos caminhos de seus pais,
motivo porque o Senhor derramou o seu furor
sobre eles, especialmente com juízos de morte sob a espada de povos inimigos, de morte pela
peste, e também por falta de alimentos e água,
com as secas que fez com que viessem sobre a
terra deles, tal como prometera fazer na aliança que fizera com eles, deixando registrado na Lei,
que lhes traria tais juízos quando eles lhes
virassem as costas.
Ainda assim, o Senhor sempre lhes deixou um remanescente.
Todavia, eles viveram em idolatrias e
abominações cada vez maiores, de modo que o
juízo do cativeiro prometido na Lei de Moisés, de serem arrancados de sua própria terra, seria
trazido sobre eles, tal como estava sendo
executado sobre Judá nos dias de Ezequiel, e
como havia sido executado sobre o Reino do Norte (Israel) cerca de 100 anos antes.
Como o Senhor conhecia a rebelião que havia na
nação de Israel, por isto lhes deu estatutos que
Ele chama no verso 25, que “não eram bons”, ou
seja, que continham juízos de morte e cativeiro em caso de desobediência da Lei, como os que
se veem em Lev 26.14-42; Dt 11.26-28; 27.26; 28.15-
68, que contêm as promessas de maldições da Lei, que de fato não podem ser chamadas de
boas promessas, as quais eram previstas na
134
Antiga Aliança, que foi revogada por Jesus, ao
inaugurar a Nova Aliança no Seu sangue.
Por isso lemos em Hb 8.6 a seguinte referência
a Jesus e as promessas da Nova Aliança feita no
Seu sangue:
“Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de uma melhor
aliança, a qual está firmada sobre melhores
promessas.” (Hb 8.6)
Isto indica que aqueles estatutos da Antiga
Aliança que o próprio Deus diz que não eram
bons (maldições prevista no caso de desobediência da Lei) foram revogados por
Jesus, e por isso é dito que temos na Nova
Aliança melhores promessas do que as da
Antiga.
Deus sabia que Israel idolatraria, que lhe voltaria as costas, que praticaria as mesmas
coisas das nações pagãs, apesar de ter sido
separado das demais nações para ser uma
bênção para elas, vivendo em santidade perante Ele.
Então este verso 25 reforça ainda mais o
entendimento da verdadeira interpretação das
citações do verso 11 e de outros versos deste
texto nos quais se faz uma referência a Lev 18.5, porque afirma expressamente que estas
maldições da Lei eram estatutos e ordenanças
que tinham por alvo não permitirem que os
israelitas continuassem vivendo normalmente, sem receberem qualquer juízo de morte da
parte de Deus, por causa da quebra da aliança.
135
“Também lhes dei estatutos que não eram bons,
e ordenanças pelas quais não poderiam viver;”
(v. 25).
Conhecendo a obstinação e rebelião de seus corações, Deus não lhes concedeu graça para
arrependimento, e os deixou entregues a si
mesmos, para que se contaminassem com suas
práticas abomináveis, como a de passarem seus recém-nascidos pelo fogo, porque os ofereciam
como sacrifícios a falsos deuses (v. 26).
Depois de reafirmar nos versos 27 a 31 todas as
verdades relativas à maldade de Israel, o Senhor protestou contra aqueles que Lhe vieram
consultar através de Ezequiel, que se acaso eles
eram diferentes de seus antepassados, e se
porventura não andavam nas mesmas más obras em que eles haviam andado? E como se
permitiria então ser consultado por eles?
Como poderiam esperar ouvir boas promessas
da parte do Senhor andando do modo como eles andavam?
Cristãos que vão às suas igrejas só para
receberem bênçãos materiais, ou algo que se
relacione sempre ao próprio interesse egoísta deles, e que não se importam em fazer a vontade
do Senhor, como podem esperar serem ouvidos
por Deus enquanto vivem de tal forma?
“2 Cobiçais e nada tendes; logo matais. Invejais, e não podeis alcançar; logo combateis e fazeis
guerras. Nada tendes, porque não pedis.
3 Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o
gastardes em vossos deleites. 4 Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo é
inimizade contra Deus? Portanto qualquer que
136
quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo
de Deus.” (Tg 4.2-4)
Então, o Senhor entregaria Israel aos juízos que
já estavam determinados e eles permaneceriam no cativeiro, e seriam espalhados pelas nações,
de onde o Senhor os congregaria no futuro,
porque haveria de reinar sobre aqueles que não
fossem rebeldes no meio do Seu povo, e que se voltassem para Ele.
Então para comprovar que aqueles homens que
vieram lhe consultar através de Ezequiel tinham
um coração perverso e endurecido, o Senhor ordenou-lhe que profetizasse contra o sul,
porque Jerusalém ficava ao Sul de Babilônia,
onde eles se encontravam, e com isto aqueles
homens seriam colocados à prova quanto à obediência e respeito que tinham ou não quanto
à Palavra do Senhor.
Então Ezequiel profetizou que fossem
queimados pelo fogo os campos e os bosques do sul, e isto produziu naqueles homens um efeito
de zombaria, porque começaram a ridicularizar
o profeta chamando-o de “fazedor de alegorias”.
Eles o chamaram deste modo porque Deus vinha usando a pessoa de Ezequiel para servir de
símile (paralelo) para os juízos que traria sobre
Jerusalém. Assim eles revelaram o que havia em
seus corações em relação ao próprio Ezequiel: tinham-no na conta de um artista, de um
representante que procurava assustá-los com as
alegorias que vinha fazendo até então.
Deus ainda hoje, fala e age de uma maneira que parece estranha a muitos, geralmente por meio
de homens simples, e então, aqueles que
137
deveriam dar atenção às Suas palavras se
escandalizam, porque não estão acostumados a
não ser com suas práticas religiosas e ritos
exteriores, sem permitirem ser tocados pelo Espírito em seus corações, e deste modo, não
conseguem reconhecer o modo como o Espírito
age em Sua liberdade, soprando onde quer e como quer, e assim deixam de receber a Sua
visitação e bênçãos, porque endurecem seus
corações.
“1 Ora aconteceu, no sétimo ano, no mês quinto,
aos dez do mês, que vieram alguns dos anciãos
de Israel, para consultarem o Senhor; e assentaram-se diante de mim.
2 Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
3 Filho do homem, fala aos anciãos de Israel, e dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Vós vindes
consultar-me, mas tão certo como eu vivo, não
me deixarei ser consultado de vós, diz o Senhor
Deus.
4 Julgá-los-ias tu, ó filho do homem, julga-los-ias? Faze-lhes saber as abominações de seus
pais; e dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: No dia
em que escolhi a Israel, levantei a minha mão
para a descendência da casa de Jacó, e me dei a conhecer a eles na terra do Egito, quando
levantei a minha mão para eles, dizendo: Eu sou
o Senhor vosso Deus.
6 Naquele dia levantei a minha mão para eles,
jurando que os tiraria da terra do Egito para uma terra que lhes tinha designado, que mana leite e
mel, a qual é a glória de todas as terras.
138
7 Então lhes disse: Lançai de vós, cada um, as
coisas abomináveis que encantam os seus olhos,
e não vos contamineis com os ídolos do Egito; eu
sou o Senhor vosso Deus.
8 Mas rebelaram-se contra mim, e não me
quiseram ouvir; não lançaram de si, cada um, as coisas abomináveis que encantavam os seus
olhos, nem deixaram os ídolos do Egito; então eu
disse que derramaria sobre eles o meu furor,
para cumprir a minha ira contra eles no meio da terra do Egito.
9 O que fiz, porém, foi por amor do meu nome,
para que não fosse profanado à vista das nações, no meio das quais eles estavam, a cujos olhos eu
me dei a conhecer a eles, tirando-os da terra do
Egito.
10 Assim os tirei da terra do Egito, e os levei ao
deserto.
11 E dei-lhes os meus estatutos, e lhes mostrei as
minhas ordenanças, pelas quais o homem
viverá, se as cumprir.
12 Demais lhes dei também os meus sábados,
para servirem de sinal entre mim e eles; a fim de
que soubessem que eu sou o Senhor que os santifica.
13 Mas a casa de Israel se rebelou contra mim no
deserto, não andando nos meus estatutos, e rejeitando as minhas ordenanças, pelas quais o
homem viverá, se as cumprir; e profanaram
grandemente os meus sábados; então eu disse que derramaria sobre eles o meu furor no
deserto, para os consumir.
139
14 O que fiz, porém, foi por amor do meu nome,
para que não fosse profanado à vista das nações
perante as quais os fiz sair.
15 E, contudo, eu levantei a minha mão para eles no deserto, jurando que não os introduziria na
terra que lhes tinha dado, que mana leite e mel,
a qual é a glória de todas as terras;
16 porque rejeitaram as minhas ordenanças, e não andaram nos meus estatutos, e profanaram
os meus sábados; pois o seu coração andava após
os seus ídolos.
17 Não obstante os meus olhos os pouparam e não os destruí nem os consumi de todo no
deserto.
18 Mas disse eu a seus filhos no deserto: Não
andeis nos estatutos de vossos pais, nem guardeis as suas ordenanças, nem vos
contamineis com os seus ídolos.
19 Eu sou o Senhor vosso Deus; andai nos meus
estatutos, e guardai as minhas ordenanças, e executai-os
20 E santificai os meus sábados; e eles servirão
de sinal entre mim e vós para que saibais que eu
sou o Senhor vosso Deus. 21 Mas também os filhos se rebelaram contra
mim; não andaram nos meus estatutos nem
guardaram as minhas ordenanças para as
praticarem, pelas quais o homem viverá, se as cumprir; profanaram eles os meus sábados; por
isso eu disse que derramaria sobre eles o meu
furor, para cumprir contra eles a minha ira no
deserto. 22 Todavia retive a minha mão, e procedi por
amor do meu nome, para que não fosse
140
profanado à vista das nações, a cujos olhos os fiz
sair.
23 Também levantei a minha mão para eles no deserto, jurando que os espalharia entre as
nações, e os dispersaria entre os países;
24 porque não haviam executado as minhas ordenanças, mas rejeitaram os meus estatutos,
e profanaram os meus sábados, e os seus olhos
se iam após os ídolos de seus pais.
25 Também lhes dei estatutos que não eram
bons, e ordenanças pelas quais não poderiam
viver;
26 e os deixei contaminar-se em seus próprios
dons, nos quais faziam passar pelo fogo todos os
que abrem a madre, para os assolar, a fim de que
soubessem que eu sou o Senhor.
27 Portanto fala à casa de Israel, ó filho do
homem, e dize-lhe: Assim diz o Senhor Deus:
Ainda nisto me blasfemaram vossos pais, que procederam traiçoeiramente para comigo;
28 pois quando eu os havia introduzido na terra
a respeito da qual eu levantara a minha mão, jurando que lha daria, então olharam para todo
outeiro alto, e para toda árvore frondosa, e
ofereceram ali os seus sacrifícios, e apresentaram ali a provocação das suas ofertas;
puseram ali os seus cheiros suaves, e ali
derramaram as suas libações.
29 E eu lhes disse: Que significa o alto a que vós
ides? Assim o seu nome ficou sendo Bamá, até o
dia de hoje.
30 Portanto dize à casa de Israel: Assim diz o
Senhor Deus: Acaso vós vos contaminais a vós
141
mesmos, à maneira de vossos pais? e vos
prostituís com as suas abominações?
31 E, ao oferecerdes os vossos dons, quando fazeis passar os vossos filhos pelo fogo, vós vos
contaminais com todos os vossos ídolos, até
hoje. E eu hei de ser consultado por vós, ó casa
de Israel? Vivo eu, diz o Senhor Deus, que não serei consultado de vós.
32 E o que veio ao vosso espírito de maneira
alguma sucederá, quando dizeis: Sejamos como
as nações, como as tribos dos países, servindo ao madeiro e à pedra.
33 Vivo eu, diz o Senhor Deus, certamente com
mão forte, e com braço estendido, e com indignação derramada, hei de reinar sobre vós.
34 E vos tirarei dentre os povos, e vos
congregarei dos países nos quais fostes
espalhados, com mão forte, e com braço estendido, e com indignação derramada;
35 e vos levarei ao deserto dos povos; e ali face a
face entrarei em juízo convosco;
36 como entrei em juízo com vossos pais, no
deserto da terra do Egito, assim entrarei em
juízo convosco, diz o Senhor Deus.
37 Também vos farei passar debaixo da vara, e
vos farei entrar no vínculo do pacto;
38 e separarei dentre vós os rebeldes, e os que
transgridem contra mim; da terra das suas peregrinações os tirarei, mas à terra de Israel
não voltarão; e sabereis que eu sou o Senhor.
39 Quanto a vós, ó casa de Israel, assim diz o Senhor Deus: Ide, sirva cada um os seus ídolos;
contudo mais tarde me ouvireis e não
142
profanareis mais o meu santo nome com as
vossas dádivas e com os vossos ídolos.
40 Pois no meu santo monte, no monte alto de
Israel, diz o Senhor Deus, ali me servirá toda a casa de Israel, toda ela, na terra; ali vos aceitarei,
e ali requererei as vossas ofertas, e as primícias
das vossas oblações, com todas as vossas coisas
santas. 41 Como cheiro suave vos aceitarei, quando eu
vos tirar dentre os povos e vos congregar dos
países em que fostes espalhados; e serei
santificado em vós à vista das nações. 42 E sabereis que eu sou o Senhor, quando eu
vos introduzir na terra de Israel, no país a
respeito do qual levantei a minha mão, jurando
que o daria a vossos pais. 43 Ali vos lembrareis de vossos caminhos, e de
todos os vossos atos com que vos tendes
contaminado; e tereis nojo de vós mesmos, por
causa de todas as vossas maldades que tendes cometido.
44 E sabereis que eu sou o Senhor, quando eu
proceder para convosco por amor do meu
nome, não conforme os vossos maus caminhos, nem conforme os vossos atos corruptos, ó casa
de Israel, diz o senhor Deus.
45 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
46 Filho do homem, dirige o teu rosto para o caminho do sul, e derrama as tuas palavras
contra o sul, e profetiza contra o bosque do
campo do sul.
47 E dize ao bosque do sul: Ouve a palavra do Senhor: Assim diz o Senhor Deus: Eis que
acenderei em ti um fogo que em ti consumirá
143
toda árvore verde e toda árvore seca; não se
apagará a chama flamejante, antes com ela se
queimarão todos os rostos, desde o sul até o
norte. 48 E verá toda a carne que eu, o Senhor, o
acendi; não se apagará.
49 Então disse eu: Ah Senhor Deus! eles dizem
de mim: Não é este um fazedor de alegorias?” (Ezequiel 20)
144
Ezequiel 21
Esse capítulo é uma sequência da profecia do
capítulo precedente, no qual o Senhor ordenou
a Ezequiel que profetizasse a queima dos
bosques e campos do Sul por um fogo que
procederia do Norte, e que foi objeto de escárnio por parte dos judeus.
Todavia, quando este oráculo foi transmitido por Ezequiel, os judeus não sabiam que
Nabucodonosor já estava preparando o seu
exército para sitiar a cidade de Jerusalém e
queimá-la.
O início do cerco é relatado a partir do capítulo
24 do livro de Ezequiel, e isto se deu a partir do décimo dia, do décimo mês, do nono ano do
reinado de Zedequias, e a sua preparação é
citada neste presente capítulo.
Então, são descritas neste vigésimo primeiro
capítulo as destruições que seriam feitas pela
espada que viria da parte de Babilônia sobre os habitantes de Jerusalém.
Tal como os judeus dos dias de Ezequiel, os ímpios de nossos dias também escarnecem dos
juízos de Deus que virão sobre eles, porque não
têm visto nenhum sinal evidente destes juízos
que lhes virão no futuro. Mas como sucedeu aos judeus, também lhes sucederá por ocasião da
volta de nosso Senhor para julgar a terra, e Ele
os ferirá pela espada da Sua boca, ou seja pela Sua Palavra poderosa, pela qual criou todas as
coisas, e pela qual pode também destruí-las.
145
Então nós vemos neste capítulo o Senhor dando
ordem à Sua própria espada para que viesse não
somente sobre os judeus, como também sobre
os amonitas, que teriam as suas iniquidades visitadas pelo juízo do Senhor, ao mesmo tempo
em que estaria julgando o Seu próprio povo, da
Antiga Aliança, através das ações de Babilônia contra eles.
É dito nos versos 3 e 4 que seriam destruídos em
Israel, pelo juízo de morte da espada do exército
de Nabucodonosor, tanto o justo quanto o ímpio.
Isto comprova que o justo referido nesta profecia, quanto na dos capítulos anteriores, em
que se afirma que o justo viveria por guardar os
estatutos da Lei de Moisés, não poderia ser de
modo algum, uma garantia de vida eterna, ou mesmo de manutenção da vida física em face
dos juízos de Deus sobre Israel, porque senão,
caso contrário, Ele não poderia afirmar neste
capítulo (v. 3 e 4) que destruiria tanto o justo quanto o ímpio.
Está evidente, portanto, que a justiça da Lei,
decorrente das obras da Lei, não era uma
garantia de justificação pela fé, e por
conseguinte de vida eterna, e nem mesmo da manutenção da vida física. É fácil de
entendermos isto, porque quantos cristãos
piedosos e justos na Igreja de Cristo, têm sido
cruelmente martirizados ao longo da história da Igreja, apesar de serem justificados pela fé? Eles
não são mortos por causa de juízos de Deus
contra o pecado, mas por causa da iniquidade do mundo e das perseguições do diabo contra os
santos.
146
Não podemos então formular teorias teológicas
fixas como as do tipo que Deus está obrigado a
manter em vida o justo, e por outro lado a matar
o ímpio, enquanto estivermos neste mundo. Por causa da impiedade de muitos judeus,
alguns justos também tombariam pela espada
ou iriam para o cativeiro, como se deu com o
próprio Ezequiel e o profeta Daniel, no entanto, o destino eterno destes últimos não seria o
mesmo dos que morressem na sua impiedade.
Se não fosse pelo sangue de Jesus todos estariam
perdidos, inclusive o próprio Abraão, porque foi por este sangue que foi justificado, e não por
obras de justiça que tivesse praticado. Por suas
obras, provou ser genuína a sua fé e o seu amor
por Deus, mas não porque estivesse no estado de perfeição sem pecado.
Deste modo, sempre que formos tentar
formular uma teologia sobre a segurança da
salvação que se baseie na própria justiça humana, sempre erraremos o alvo, porque
depois da queda de Adão, não há mais nenhuma
justiça no próprio homem que possa fazer com
que seja aceito e aprovado por Deus. De forma que se diz em Rom 3.23:
“Porque todos pecaram e destituídos estão da
glória de Deus;” (Rom 3.23).
Não se diz alguns, mas todos. E a condição de todos os homens perante de Deus, por sua
própria justiça, é a de se encontrarem
destituídos, isto é, desprovidos da glória de
Deus. O fato dos judeus terem vivido na prática
deliberada do pecado era uma grande evidência
147
da falta total da presença de Deus em suas vidas,
e por isso foram entregues ao juízo depois de
terem sido chamados por Ele, insistentemente,
ao arrependimento, até mesmo por séculos.
É evidente que nossa união com Cristo é
manifestada no fato de não vivermos na prática deliberada do pecado, mas de nenhum cristão
autêntico se pode dizer que perdeu a sua
salvação por causa de algum pecado eventual
que tenha cometido, ou por alguma tentação que ainda não tenha vencido, porque se
perseverar na fé, experimentará a eficácia da
graça de Jesus para destruir o pecado
progressivamente; de maneira que poderá se despojar do velho homem, e se revestir do novo,
em graus cada vez maiores, e por isso se diz que
todos os cristãos têm recebido por causa da
plenitude que há em Cristo, graça sobre graça (Jo 1.16), de maneira que são transformados
progressivamente por Ele, à Sua própria
imagem em graus de glória cada vez maiores,
como se afirma em I Cor 3.18:
“Mas todos nós, com rosto descoberto,
refletindo como um espelho a glória do Senhor,
somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.”
(II Cor 3.18).
O cristão que não estiver experimentando este impulsionar do Espírito Santo à perseverança, e
que não estiver sendo corrigido por Deus, e
sendo disciplinado por Ele, quando se afasta dos Seus caminhos, deve duvidar da Sua salvação
(justificação, regeneração e santificação),
148
porque os que estão sem correção não são filhos
de Deus, mas bastardos.
“1 Ainda veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Filho do homem, dirige o teu rosto para
Jerusalém, e derrama as tuas palavras contra os
santuários, e profetiza contra a terra de Israel. 3 E dize à terra de Israel: Assim diz o Senhor: Eis
que estou contra ti, e tirarei a minha espada da
bainha, e exterminarei do meio de ti o justo e o
ímpio. 4 E, por isso que hei de exterminar do meio de ti
o justo e o ímpio, a minha espada sairá da bainha
contra toda a carne, desde o sul até o norte.
5 E saberá toda a carne que eu, o Senhor, tirei a minha espada da bainha nunca mais voltará a
ela.
6 Suspira, pois, ó filho do homem; suspira à vista
deles com quebrantamento dos teus lombos e com amargura.
7 E será que, quando eles te disserem: Por que
suspiras, tu dirás: por causa das novas, porque
vêm; e todo coração desmaiará, e todas as mãos se enfraquecerão, e todo espírito se angustiará,
e todos os joelhos se desfarão em águas; eis que
vêm, e se realizarão, diz o Senhor Deus.
8 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: 9 Filho do homem, profetiza, e dize: Assim diz o
Senhor; dize: A espada, a espada está afiada e
polida.
10 Para matar está afiada, para reluzir está polida. Alegrar-nos-emos pois? A vara de meu
filho é que despreza todo o madeiro.
149
11 E foi dada a polir para ser manejada; esta
espada está afiada e polida, para ser posta na
mão do matador.
12 Grita e uiva, ó filho do homem, porque ela será contra o meu povo, contra todos os
príncipes de Israel. Estes juntamente com o
meu povo estão entregues à espada; bate pois na
tua coxa. 13 Porque se faz uma prova; e que será se não
mais existir a vara desprezadora, diz o Senhor
Deus.
14 Tu pois, ó filho do homem, profetiza, e bate com as mãos uma na outra; e dobre-se a espada
até a terceira vez, a espada dos mortalmente
feridos; é a espada para a grande matança, a que
os rodeia. 15 Para que se derreta o coração, e se
multipliquem os tropeços, é que contra todas as
suas portas pus a ponta da espada; ah! ela foi
feita como relâmpago, e está aguçada para matar.
16 e espada, une as tuas forças, vira-te para a
direita; prepara-te, vira-te para a esquerda, para
onde quer que o teu rosto se dirigir. 17 Também eu baterei com as minhas mãos uma
na outra, e farei descansar a minha indignação;
eu, o Senhor, o disse.
18 De novo veio a mim a palavra de Senhor, dizendo:
19 Tu pois, ó filho do homem, propõe-te dois
caminhos, por onde venha a espada do rei de
Babilônia. Ambos procederão de uma mesma terra; e grava um marco, grava-o no princípio do
caminho da cidade.
150
20 Um caminho proporás, por onde virá a
espada contra Rabá dos filhos de Amom, e
contra Judá, em Jerusalém, a fortificada.
21 Pois o rei de Babilônia está parado na encruzilhada, no princípio dos dois caminhos,
para fazer adivinhações; ele sacode as flechas,
consulta os terafins, atenta para o fígado.
22 Na sua mão direita estava a adivinhação sobre Jerusalém, para dispor os aríetes, para abrir a
boca, ordenando a matança, para levantar a voz
com júbilo, para pôr os aríetes contra as portas,
para levantar tranqueiras, para edificar baluartes.
23 Isso será como adivinhação vã aos olhos
daqueles que lhes fizerem juramentos; mas ele
se lembrará da iniquidade, para que sejam apanhados.
24 Portanto assim diz o Senhor Deus: Visto que
fizestes ser lembrada a vossa iniquidade,
descobrindo-se as vossas transgressões, aparecendo os vossos pecados em todos os
vossos atos; visto que viestes em memória,
sereis apanhados com a mão.
25 E tu, ó profano e ímpio príncipe de Israel, cujo dia é chegado no tempo da punição final;
26 assim diz o Senhor Deus: Remove o diadema,
e tira a coroa; esta não será a mesma: exalta ao
humilde, e humilha ao soberbo. 27 Ao revés, ao revés, ao revés o porei; também
o que é não continuará assim, até que venha
aquele a quem pertence de direito; e lho darei a
ele. 28 E tu, ó filho do homem, profetiza e dize: Assim
diz o Senhor Deus acerca dos filhos de Amom, e
151
acerca do opróbrio deles; dize pois: A espada, a
espada está desembainhada, polida para a
matança, para consumir, para ser como
relâmpago.
29 Enquanto eles têm visões vãs a teu respeito, e
adivinham mentiras a fim de que seja posta no
pescoço dos ímpios, que estão mortalmente feridos, cujo dia é chegado no tempo da punição
final.
30 Torne a tua espada à sua bainha. No lugar em
que foste criado, na terra do teu nascimento, eu te julgarei.
31 Derramarei sobre ti a minha indignação,
assoprarei contra ti o fogo do meu furor;
entregar-te-ei nas mãos dos homens brutais, destros para destruírem.
32 Ao fogo servirás de pasto; o teu sangue estará
no meio da terra; não serás mais lembrado; porque eu, o Senhor, o disse.” (Ezequiel 21)
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