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Passadas largas na linha de chegada. Este é o título de uma matéria sobre o fundista da associação Pé de Vento que trouxe uma medalha do Pan Americano para casa. É com este ritmo de conquista e superação,

que a Revista On chega em Petrópolis com um conteúdo diver-sificado. Histórias de amores, de luta pela vida e da alegria de cantar, compõe este primeiro cardápio jornalístico desta nova revista petropolitana.

Na capa escolhemos recontar a vida de um dos médicos mais importantes da cidade: Donato D’Angelo. Uma viagem pelo tempo, quando os irmãos D’Angelo imigraram para o Brasil. De sua vida, você vai descobrir a paixão que ele tem pela ortopedia, pela esposa e família. Adoentado, luta, assim como o jovem Gabriel, para vencer o obstáculo das mazelas corpóreas. O menino, agora com 12 anos, pede dinheiro para custear seu tratamento na China.

Os canarinhos de Petrópolis ecoaram suas vozes pela Europa e trouxeram de lá, o prestígio daquele povo acostumado à boa música. Da mesma forma que o Instituto dos Meninos Cantores, uma entidade filantrópica, recicla jovens coristas, a construção de uma usina, promete reciclar as sobras de obras da construção civil; tudo para beneficiar o meio ambiente, que por sua vez, garante uma paisagem exuberante para os passageiros do trem da Serra. A volta deste meio de transporte é o objeto pelo qual um grupo de instituições e pessoas físicas tem lutado em Petrópolis. Muita informação? Nada. Ainda tem mais!Dê esse primeiro mergulho conosco.

Editorial#1

Direção e Produção GeralFelipe [email protected]

Produção Diego PaivaSabrina VasconcellosHeverton da Mata

EdiçãoRafael [email protected]

EstagiáriosPriscila OkadaFrederico Nogueira

ComercialIgor Pacháigorpacha@fi obranco.com.br(24) 8864-8524

CriaçãoFelipe VasconcellosRobson Silva

TecnologiaVagner Lima

Colaboração Aline RicklyFernanda TavaresJosé ÂngeloLeonardo Farroco

DistribuiçãoPetrópolis, Itaipava, Nogueira, Corrêas, Pedro do Rio e Posse

Produção Gráfi caWalPrint

Tiragem 5.000

Foto de capa Arquivo pessoal

Fiobranco EditoraRua Prefeito Walter Francklin, 13/404 Centro | Três Rios - RJ25.803-010

Sugestão de [email protected]

Trabalhe [email protected]

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Passadas largas na linha de chegada. Este é o título de uma matéria sobre o fundista da associação Pé de Vento que trouxe uma medalha do Pan Americano para casa. É com este ritmo de conquista e superação,

que a Revista On chega em Petrópolis com um conteúdo diver-sificado. Histórias de amores, de luta pela vida e da alegria de cantar, compõe este primeiro cardápio jornalístico desta nova revista petropolitana.

Na capa escolhemos recontar a vida de um dos médicos mais importantes da cidade: Donato D’Angelo. Uma viagem pelo tempo, quando os irmãos D’Angelo imigraram para o Brasil. De sua vida, você vai descobrir a paixão que ele tem pela ortopedia, pela esposa e família. Adoentado, luta, assim como o jovem Gabriel, para vencer o obstáculo das mazelas corpóreas. O menino, agora com 12 anos, pede dinheiro para custear seu tratamento na China.

Os canarinhos de Petrópolis ecoaram suas vozes pela Europa e trouxeram de lá, o prestígio daquele povo acostumado à boa música. Da mesma forma que o Instituto dos Meninos Cantores, uma entidade filantrópica, recicla jovens coristas, a construção de uma usina, promete reciclar as sobras de obras da construção civil; tudo para beneficiar o meio ambiente, que por sua vez, garante uma paisagem exuberante para os passageiros do trem da Serra. A volta deste meio de transporte é o objeto pelo qual um grupo de instituições e pessoas físicas tem lutado em Petrópolis. Muita informação? Nada. Ainda tem mais!Dê esse primeiro mergulho conosco.

Editorial#1

Direção e Produção GeralFelipe [email protected]

Produção Diego PaivaSabrina VasconcellosHeverton da Mata

EdiçãoRafael [email protected]

EstagiáriosPriscila OkadaFrederico Nogueira

ComercialIgor Pacháigorpacha@fi obranco.com.br(24) 8864-8524

CriaçãoFelipe VasconcellosRobson Silva

TecnologiaVagner Lima

Colaboração Aline RicklyFernanda TavaresJosé ÂngeloLeonardo Farroco

DistribuiçãoPetrópolis, Itaipava, Nogueira, Corrêas, Pedro do Rio e Posse

Produção Gráfi caWalPrint

Tiragem 5.000

Foto de capa Arquivo pessoal

Fiobranco EditoraRua Prefeito Walter Francklin, 13/404 Centro | Três Rios - RJ25.803-010

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Índice

OpiniãoRoberto Wagner: A vida é feita de escolhas

Oneir Vitor: Achado não é roubado?

Helder Caldeira: Pela-sacos

David Elmôr: Bandidos de Toga

Eduardo Jorge: Brinquedo Virtual

DesenvolvimentoOs investimentos e preocupações no preparo da cidade para a Copa do Mundo em 2014

Meio AmbienteReciclagem para o bem da natureza: nova usina terá o objetivo de reduzir o acúmulo inadequado de restos de obras

06 18

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42

46

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64

6566

12

16

CulturaCasa dos sete erros: a visão assimétrica de um idealizador em pleno século 19

Erudito tropical: os canarinhos de Petrópolis ecoam pela Europa

CotidianoA luta constante para custear o tratamento de Gabriel Thompson

Lá vem o trem da Serra: o resgate da estrada de Ferro Príncipe do Grão-Pará, a primeira ferrovia instalada no Brasil

CarreiraBanda Maurício Lago grava o primeiro CD independente

GastronomiaCláudio Gomes foi o sommelier selecionado para atender ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em dois eventos distintos de Petrópolis

Papo de ColecionadorA cortiça do amor: família marca datas comemorativas em rolhas de vinho

EsporteGiovani dos Santos da associação atlética Pé de Vento venceu as adversidades da vida e conquistou o bronze em Guadalajara

AconteceuConcurso Hípico de Inverno: o haras Massangana recebeu competidores das categorias amadora e profissional

O primeiro Jazz e Blues Festival trouxe um formato inédito e concentrou grandes nomes nacionais e internacionais do gênero

Diário de bordoO feeling da brasileira Roberta Christ Alves em Londres

MixO que você procura está aqui!

GuiaLivros

CapaLa passione di

DonatoD’Angelo:a vida do médico que trou-xe a ortopedia para a cida-de imperial

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Juan nasceu de uma família com comércio exitoso na cidade de Petrópolis. Estela, tam-bém petropolitana, é filha de uma família com escritório de contabilidade. Ele cursou

engenharia civil na UCP (Universidade Católica de Petrópolis) e ela fez arquitetura no Fundão (UFRJ). Conheceram-se e casaram.

Um casal ambicioso, assim poderia defini-lo. Juan fez MBA nos EUA e Estela doutorado na In-glaterra. O mundo era pequeno para o sucesso do casal. Com a vida farta em recursos, compraram apartamento na Barra de Tijuca, casa de campo em Três Rios e ainda confortável propriedade em Bú-zios.

Só após muitos anos, Estela conseguiu que Juan a permitisse engravidar. Nasceu Lucien. Passeavam com o filho no Jeep Grand Cherokee, um dos carros da família. O jovem vivia cercado de grandes espa-ços: apartamento enorme, casa de campo enorme, casa de praia enorme e carro de passeio enorme. O menino foi, desde sempre, um adolescente quieto, comedido, isolado em seu computador e também um jovem silencioso. Lucien cursou Belas artes no Fundão (UFRJ) e não demorou muito expor seu ta-lento mundo afora.

Ao longo da vida, Juan e Estela acumularam também grandioso patrimônio em obras de artes. Possuíam quadros, telas, esculturas de todos os grandes artistas do mundo contemporâneo: Picas-so, Matisse, Rodin etc. Já Lucien, ao contrário, era pós-moderno e um admirador da Apple, de Steve Jobs, de quem tinha todos os produtos, sempre os comprando, quando lançados nos EUA.

Tudo seguia normal até que um dia, em um exa-me de rotina, Juan, 59, descobriu que estava com

uma doença incurável. Não passou dois meses até que, como uma avalanche, Estela, 57, também des-cobriu que estava com um tumor maligno no cére-bro. Foram aos EUA em busca de tratamento, mas os médicos foram taxativos: − vocês não têm mais de seis meses de vida. Com medicamentos pode-remos tentar atenuar o sofrimento. Unido o casal tomou uma deliberação. Iriam para Suíça praticar, ambos, a eutanásia (suicídio assistido) em uma Clí-nica de Zurique. Foi-lhes indicada a Clínica Digni-tas, a melhor da Suíça na prática da eutanásia, que é permitida no país.

Pediram a Lucien que viesse de Paris, onde mo-rava, para contar-lhe a decisão. Ele ouviu pai e mãe e nada opôs à decisão. Passados alguns dias, o casal marcou a data para viagem e o dia da eutanásia, co-municando ambas ao filho, além de manifestarem o desejo de que fossem cremados. Lucien concor-dou com tudo, porém informou aos pais que estava com uma exposição artística em uma importante Galeria de Londres, de maneira que não poderia ir à Suíça na data, no entanto, se comprometia em levar às cinzas para Três Rios, como era o desejo dos pais.

Juan e Estela chegaram a Zurique, um motorista os esperava no aeroporto. Quando o veículo passa-va numa cidadezinha pequena, aos pés dos Alpes, viram uma encantadora igrejinha com um pomposo Cristo crucificado em sua fachada. Assim, de ím-peto, mandaram o motorista parar o veículo. Des-ceram e perguntaram a um senhor que estava na porta da igreja: - como podemos fazer para entrar? O simpático senhor respondeu: -ela está fechada há muitos anos, ninguém mais a frequentava, dizem que será transformada em uma biblioteca pública.

A vida é feita de escolhasAo longo da vida Juan e Estela acumularam tambémgrandioso patrimônio em obras de artes

Roberto Wagner Lima Nogueira é procurador do município de Areal,

mestre em Direito Tributário - UCAM-Rio,

professor de Direito Tributário da UCP –

Petrópolis – e colunista do Três Rios Online.

[email protected]

Roberto Wagner

OPINIÃO

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7Petrópolis |

O celular se tornou um dos objetos de maior importância no dia a dia do ho-mem moderno, porém, a maioria das pessoas que conheço já perdeu seu apa-

relho mais de uma vez (provavelmente porque eles estão ficando menores a cada dia). Sempre que isso acontece, nos sentimos apavorados com a perda de inúmeros contatos pessoais e profissionais, mas, por alguns dias, nutrimos uma tênue esperança de que uma boa alma o encontre e faça a gentileza de devolvê-lo. Entretanto, sabemos que este tipo de comportamento altruísta está cada vez mais raro em nossa sociedade. Na maioria das vezes, quem encontra um celular na rua nem mesmo cogita de-volvê-lo ao seu dono e simplesmente troca o chip do aparelho e passa a tratá-lo com se fosse seu e, para piorar, o faz sem o menor peso na consciên-cia, pois se sente justificado pelo aforismo popular segundo o qual “achado não é roubado”.

Esta concepção está arraigada em nosso país de forma que a população como um todo acredi-ta que aquele que encontra um objeto perdido não está obrigado a devolvê-lo. Acostumou-se a ver com naturalidade a prática do “jeitinho brasileiro”, comportamento daqueles que buscam agir da for-ma a lhes garantir maior proveito, sem se importar com os aspectos éticos de seus atos. Porém, o que a maioria das pessoas desconhece é esta conduta, além de imoral, é ilegal.

O código civil, em seu artigo 1.233, é claro ao determinar que a pessoa que encontra um objeto perdido (como no exemplo do celular) deve, sem-pre, entregá-lo a quem perdeu. E não é só. A lei determina que quem recolher coisa perdida deverá ainda esforçar-se para localizar o verdadeiro dono e, caso não consiga, terá o dever de entregar o ob-jeto a uma autoridade policial ou judiciária com-petente. Contudo, convém ressaltar que, se por um

lado essa lei impõe o dever de devolver, por outro, o art. 1.234 garante o direito a ganhar uma recom-pensa, que será de pelo menos 5% do valor do que foi entregue.

Quando assistimos em um telejornal sobre a de-volução de objetos perdidos, temos impressão que a honestidade se tornou tão escassa que quando al-guém simplesmente cumpre a lei, acaba se tornado manchete em todo país. A verdade é que a maioria de nossos compatriotas apenas cumpre as regras que podem ensejar algum tipo de punição em caso de descumprimento.

Mas engana-se aquele que acha que não pode ser punido por se apropriar de que algo que encon-trou. O código penal brasileiro, em seu artigo 169, prevê um crime chamado “apropriação de coisa achada”, que se configura quando alguém encontra uma coisa perdida e a toma para si, deixando de restituí-la ao dono. A pena prevista para crime em questão é de um mês a um ano de detenção. O có-digo penal esclarece ainda que se não for possível descobrir o proprietário da coisa, aquele que a en-contrar deverá entregá-la à autoridade competente em até quinze dias, pois, do contrário, também es-tará cometendo este delito.

Dessa forma, peço a você que lance um novo olhar sobre o “achado não é roubado”. Essa imoral conduta é contrária a lei e, mesmo não sendo propriamente um “roubo”, configura verdadeiro crime e, como tal, merece seu repúdio e aversão. Além disso, não devemos esquecer que as pequenas atitudes que tomamos, quando ninguém está vendo, são aquelas que verdadeiramente refletem o nosso caráter. Não troque sua consciência limpa por migalhas. Ainda que muitos digam o contrário, saiba que não há nada melhor que satisfação pessoal de ser honesto. Isso não se aprende nas leis. Aprende-se de berço.

Achado não é roubado?A proposta de um olhar sobre a desculpa típica dos trapaceiros

Oneir Vitor Guedes formou-se em direito

pela Universidade Federal de Juiz de Fora

e, atualmente, atuacomo advogado e

consultor jurídico nas áreas cível e criminal, além de ser colunista

do Três Rios Online.

Oneir Vitor [email protected]

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8 | revistaon.com.br

Le délugeAs promessas de liberação de recursos para minimizar os efeitos do desastre de janeiro, não passaram de discursos tão vazios quanto politiqueiros

[email protected]

Helder Caldeira é escritor, articulista

político, palestrante, conferencista, colunista

do Três Rios Onlinee autor do livro

“A 1ª Presidenta”,primeira obra publicada

no Brasil sobre a trajetória política de

Dilma Rousseff.

Estamos às vésperas de completar o pri-meiro aniversário – se é que podemos chamar assim – da catástrofe provocada pelas chuvas na região Serrana fluminen-

se. A tromba d’água, que se abateu especialmente sobre os municípios de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, provocou a maior tragédia climá-tica já registrada no Brasil, deixando um saldo assombroso de mais de mil mortos – muitos dos quais jamais localizados – e dezenas de milhares de desabrigados. O que mudou desde então? Qua-se nada. Perversamente, as promessas de liberação de recursos para minimizar os efeitos do desastre e para realizar uma necessária prevenção aos tro-picais chuveiros de verão que se aproximam, não passaram de discursos tão vazios quanto politi-queiros.

Por uma dessas coincidências crudelíssimas, Dilma Rousseff, eleita sob o número 13, mal ti-nha se acomodado na cadeira presidencial do Pa-lácio do Planalto, quando foi sacudida no 13º dia de seu governo pelo dilúvio fluminense. Na oca-sião, aparentemente a “presidenta” agiu rápido, foi aos locais atingidos, definiu tarefas e anun-ciou a liberação imediata de recursos. Na prática, o que aconteceu foi bem diferente. Ninguém fez nada, roubaram a maior parte do pouco dinheiro liberado e, na melhor expressão portuguesa do início do século 19, “tudo está como dantes no quartel d’Abrantes”.

É possível que as autoridades federais, esta-duais e municipais estejam se fiando num estudo – às raias da comicidade – feito por especialistas da Coordenação de Programas de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Fede-ral do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), segundo o qual, outra catástrofe desse nível pode levar 500

anos para acontecer novamente. Isso mesmo: ou-tra tromba d’água só depois de 2500! Como ainda estamos a caminho de 2012, devemos ficar tran-quilos. Você acredita nisso? Aposto que não. Que me perdoem esses pseudonotáveis pelo espírito pragmático, mas ao invés de pesquisas e estudos, vocês deveriam estar assistindo o remake da no-vela “O Astro”, um bom exercício ficcional para aqueles que gostam de brincar de adivinhação.

Enquanto uns preferem brincar no papel de falsos videntes, a realidade se impõe de forma avassaladora. Ainda há milhares de desabrigados na região Serrana, muitos dos quais, diante da au-sência do Estado, retornaram para o que sobrou de suas moradas e as estão reconstruindo, nos mes-mos locais de alto risco. Estima-se que existem atualmente mais de 150 mil pessoas residindo em áreas sujeitas ao perigo das chuvas só nas cida-des de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo. O que está sendo feito efetivamente para reduzir esses riscos? Quase nada. E os parcos recursos liberados pelos governos com essa destinação fo-ram sugados pela corrupção municipal, fartamen-te divulgada pela imprensa, mas que resultou em raras implicações criminais e políticas.

Da grande tragédia no 13º dia de governo Dil-ma, restou apenas a constatação finalística de que o Brasil não está preparado para prevenir e admi-nistrar catástrofes e a lembrança da famigerada de-claração de Luís XV de Bourbon, rei da França, há três séculos: “Après moi, le déluge!” (“Depois de mim, o dilúvio!”). Não é o nosso Luiz Inácio, xará tupiniquim e outro da categoria ufana dos “bem--amados”, mas é tristemente apropriado. Será que vamos esperar mais um “déluge” para reagir? Es-pero que não.

Helder Caldeira

OPINIÃO

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9Petrópolis |

Recentemente, a corregedora Nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, causou grande polêmica ao asseverar que existem “bandidos de toga infiltrados no Poder Ju-

diciário”.A assertiva manifestada pela ministra do STJ

(Supremo Tribunal de Justiça) teve o condão de estampar sua indignação com a investida da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), que atra-vés de uma ADI - Ação Direta de Inconstituciona-lidade, proposta perante o STF (Supremo Tribunal Federal), pleiteia suprimir a resolução n.º 135/2011 (dispõe sobre a uniformização de normas relativas ao procedimento administrativo disciplinar aplicável aos magistrados, acerca do rito e das penalidades, e dá outras providências) publicada pelo CNJ (Con-selho Nacional de Justiça), isto, com a finalidade de limitar a competência – atuação - deste órgão, im-pedindo-o de investigar e punir juízes acusados de corrupção e ineficiência, note-se, antes que as corre-gedorias dos Tribunais de Justiça dos Estados façam este trabalho de apuração e julgamento.

Certamente, as declarações emergidas pela cor-regedora fundamentam-se, sobretudo, na resistência que os juízes mais conservadores manifestam em face do controle externo (investigativo e punitivo) executado pelo CNJ, o que, de fato, revela o irrefu-tável corporativismo existente na magistratura brasi-leira, mormente no âmbito do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

Ocorre que, tais alegações causaram uma sonora insatisfação na classe dos magistrados, provocando, inclusive, a manifesta oposição do presidente do Supremo Tribunal Federal, e também presidente do CNJ, Ministro Cézar Peluso: “em quarenta anos de magistratura, nunca havia lido uma coisa tão grave”.

Com a devida vênia e respeito, sem adentrar as questões acerca da constitucionalidade da resolução n.º 135/2011, tendo em vista que a referida maté-ria será oportunamente desdobrada e decidida pelo STF, ou seja, apenas no intento de descortinar as ex-planações da ministra Eliana Calmon, cabe salientar, que a respectiva corregedora jamais tentou desmora-lizar o Poder Judiciário, que é, incontestavelmente, o menos corrupto de todos os poderes. Todavia, é inegável que também é o menos investigado. Nesta

ponderação, ao nosso sentir, a ministra não se apre-senta como perseguidora de juízes por sua atuação rigorosa em processos disciplinares, haja vista que, no exercício de suas atribuições no CNJ, apenas faz valer as regras e sanções que, na maioria das vezes, não são aplicadas pelas corregedorias dos Tribunais Estaduais, devido à costumeira prática corporativista que vigora na classe.

Os magistrados não devem tomar como ofensa as declarações da corregedora, pois, como cediço, infe-lizmente a corrupção alcança todos os níveis e seto-res da sociedade, não estando tal classe imune a este problema, sendo bem verdade, que os juízes que co-metem ilegalidades representam uma ínfima mino-ria neste universo, ademais, a apuração dos desvios cometidos enaltece a própria magistratura nacional, vale dizer, fundamental a garantia da ordem pública e a consolidação do estado democrático de direito.

Por oportuno, impende notar, que deste mal, o “micro-sistema” do Centro-Sul Fluminense não pa-dece, tendo em vista o comprometimento e a lisura sempre presente no atuar de nossos magistrados, valendo citar alguns nomes: Ronald Pietre, Luiz Fernando Ferreira de Souza Filho, Luiz Olímpio Mangabeira Cardoso, Eduardo Buzzinari Ribeiro de Sá, Elen de Freitas Barbosa, Mara Grumbach, entre outros.

As manifestações de repúdio às práticas espúrias e incertas sempre serão válidas no seio das mais diver-sas classes profissionais, principalmente, naquelas que, mais do que nunca, estão sujeitas a apreciação subjetiva da população (ex. advogados, servidores públicos, policiais, políticos, entre outros). No en-tanto, cabe a cada qual, como profissional e membro da sociedade, se manter incólume e ilibado, a fim de manter imaculada, também, a sua entidade clas-sista ou qualquer que seja o órgão que atue. A ido-neidade deve derivar da própria obrigação de cada indivíduo, resultante de um juízo extraído do plexo entre os chamados “direitos e deveres”, e não, desta ou daquela instituição pública ou privada, ou pessoa, que possua poder de polícia para fiscalizar e punir os homens de acordo com seu comportamento em sociedade, ou mesmo, em razão de suas atribuições e responsabilidades profissionais. Em suma, hones-tidade não é virtude, é obrigação!

“Bandidos de Toga”Comentário às declarações da ministra Eliana Calmon,do Superior Tribunal de Justiça.

David Elmôr é advogado criminalista,

originário de uma das mais respeitáveis

bancas de direito do Brasil (SAHIONE

Advogados), Sócio Sênior do ELMÔR &

CORRÊA Advogados, Diretor Jurídico

da Associação dos Aposentados e

Pensionistas – AAPPS e Consultor Político.

David Elmô[email protected]

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OPINIÃO

É coordenador do curso de jornalismo da

Universidade Estácio de Sá (Campus Petrópolis).

Jornalista, mestre em ciência política

[email protected]

No que você está pensando ago-ra?” Esta é a principal pergunta

do “Facebook”, o maior site social em número de adeptos no Brasil. Em agosto, uma pesquisa do Ibope revelou que quase 31 milhões de usuários estão conectados no site, superando assim o “Orkut”, que já foi o preferido dos brasileiros – mas que agora conta com “apenas” 29 milhões de usuários. O total de registrados no Fa-cebook se aproxima da metade do total de internautas no país (77,8 milhões) e é mais que o dobro obtido pelo também queridinho “Twitter”, com seus 14,2 mi-lhões de usuários. Essa busca em massa pelo site de relacionamentos sugere uma outra pergunta: a� nal, no que toda esta gente está pensando?

Acredito que a resposta, para uma grande maio-ria, é: entretenimento. É verdade que sites como o Facebook oferecem facilidades: “encontrar” velhos amigos, dividir opiniões sobre produtos e serviços, discutir política, encontrar a “alma gê-mea”, divulgar campanhas, fazer publicidade ou simplesmente partilhar imagens e anedotas... – são incontáveis formas de interação. E tudo isso acon-tece num padrão de visibilidade que no passado era restrito às celebridades, mas que hoje está ao alcance de qualquer um com acesso à web. Uma ferramenta com a qual a humanidade, ao longo de cinco milênios de história, sequer poderia ter so-nhado – e que está diante de nossos olhos, diaria-mente, nos últimos oito ou dez anos.

Mas esse maravilhoso canal de comunicação, que são os sites de relacionamento, não parece ser mais do que um grande brinquedo coletivo. Longe de mim querer competir com o Ibope, eu não fiz pesquisa alguma – mas, ao ler as mensagens no

“Face”, a impressão que fica é de que as infor-mações realmente úteis ou relevantes não passam de 1% do total. A grande maioria tem a ver com uma grande diversão, ou festa virtual, onde todos falam, todos se escutam e não se chega a nenhuma conclusão. E toda a mensagem de grande reper-cussão, que cria vários comentários, que muita gente “curte”, é sempre “importantíssima” – mas só até que seja postada uma outra, daqui a alguns segundos.

Nada contra o site social. E menos ainda con-tra a diversão. Ou o direito individual de escolher como se divertir ou se comunicar. Mas, falando a sério: se tirarmos do Facebook as anedotas, os “pensamentos profundos” dos usuários, seus co-mentários sobre atividades banais e cotidianas, imagens curiosas ou engraçadas e outras futilida-des... o que resta? Bem pouco. A mídia conven-cional faz muito alarde sobre, por exemplo, mo-vimentos sociais ou manifestações organizadas através das redes sociais – esquecendo do mais importante: que a motivação dessas iniciativas não depende de Facebook, Orkut e nem de inter-net. A sociedade se comunica melhor com essas ferramentas, é claro. Mas elas não criam nem en-sinam nada de novo. Aumentou-se a visibilidade, diminuíram-se as distâncias – e, ainda assim, a principal “preocupação” parece ser a curiosidade sobre a vida alheia; a maneira de se apresentar pe-rante a coletividade; entreter-se. Ora, essas preo-cupações existem, no mundo “real”, desde que o mundo é mundo...

Movido pela obrigação profissional, curiosi-dade e por uma enxurrada de e-mails de amigos, conhecidos e desconhecidos que diariamente che-gavam, há alguns meses “aderi” ao Facebook. Achei divertido, sim. Mas esperava que o site fos-se (como alguns colegas asseguravam) mais que entretenimento, exibicionismo pessoal e publici-dade. Ledo engano: são estes os “temas” predomi-nantes e o conteúdo realmente relevante é ínfimo. O fato de o site eventualmente servir a iniciati-

Brinquedo virtual

Eduardo de Oliveira

Em agosto, uma pesquisa do Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) revelou que quase 31 milhões de usuários estão conectados no “Facebook”, superando assim o “Orkut”, que já foi o preferido dos brasileiros

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De olho em

2014Desenvolvimento é a palavra

chave dos próximos anos

POR ALINE RICKLY

A Copa do Mundo no Brasil ain-da está longe, mas cidades vi-zinhas ao Rio de Janeiro, local que irá sediar a final dos jogos,

já começaram a se preparar para receber delegações e turistas. Petrópolis não ficou fora dessa e já iniciou seus investimentos nas áreas de hotelaria, de turismo, esporte, transporte, entre outros. Depois de passar pela terceira fase para ser sede de treina-mento e aclimatação para os eventos, a ci-dade aguarda as próximas etapas.

O processo de seleção abordou, em primeira instância, o credenciamento das cidades, depois o preenchimento dos pré--requisitos e, por último, as visitas técnicas feitas por técnicos da FIFA. Até então, Pe-trópolis foi aprovada. Agora faltam mais duas etapas, o primeiro é o cumprimento das exigências técnicas e, o segundo, a assinatura dos termos de compromisso. O secretário de esportes e lazer, Carlos Alberto Lancetta, afirma estar confiante. “Temos atributos que são exigidos, como estar a 60 km de um aeroporto interna-cional. Contamos com uma boa rede de hotéis, estamos a uma altitude de 900 m e possuímos bons hospitais que podem aten-der turistas e atletas. Por estes motivos, tenho a segurança de que seremos escolhi-dos”, acredita Lancetta.

Este evento irá contribuir para o cresci-mento da cidade imperial de diversas ma-neiras. “É um desenvolvimento da cidade como um todo. Quando você traz uma ati-vidade esportiva, consequentemente, está

prestes a buscar crescimento econômico feito pela captação de recursos dos paga-mentos das taxas à cidade. Indiretamente melhora a infraestrutura urbana, a seguran-ça pública, a cultura, o turismo, tudo o que gera uma maior quantidade de empregos, além de divulgar a cidade para o mundo. Será um salto de qualidade no cotidiano do petropolitano”, enfatiza o secretário.

Lancetta esclarece que os investimen-tos para a Copa do Mundo em 2014 serão

da iniciativa privada, contrário ao que a maioria das pessoas pensam. “Esta verba, estimada em mais de R$ 100 milhões, será investida através de parcerias e recursos advindos das leis de incentivo municipal, estadual e federal”, destaca.

Um dos órgãos que contribuem para tornar Petrópolis uma cidade apta para ser centro de treinamento é o MEP – Mo-vimento Esportivo de Petrópolis. João Henrique Areias, coordenador de negó-cios, conta que o objetivo é transformar a cidade em referência esportiva nacional e internacional. “Para atingirmos esta finali-dade, precisamos da cooperação de outras empresas, como as de luz, água e telefo-ne. Temos que oferecer uma boa estrutura para quem chegar pela primeira vez em Petrópolis”, assegura.

Entre os principais benefícios gerados está o estímulo aos jovens a prática de es-portes. Segundo Areias, é uma forma de afastar os adolescentes das drogas. Além disso, é uma plataforma completa de co-municação, pois envolve, publicidade, re-lações públicas, promoções e endomarke-ting, que contribui para a visibilidade da cidade em outros países.

Para se adequar às exigências de infra-

FUTEBOL

O centro de treinamento será

construído no Vale do Carangola

INVESTIMENTOS

O secretário de Esportes,

Carlos Lancetta, estima um

montante de R$ 100 milhões

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“Temos atributos que são exigidos, como estar a 60 km de um aeroporto internacional. Contamos com uma boa rede de hotéis, estamos a uma altitude de 900 m e possuímos bons hospitais que podem atender turistas e atletas. Por estes motivos tenho a segurança de que seremos escolhidos”, secretário de Esportes e Lazer,Carlos Alberto Lancetta

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De olho em

2014Desenvolvimento é a palavra

chave dos próximos anos

POR ALINE RICKLY

A Copa do Mundo no Brasil ain-da está longe, mas cidades vi-zinhas ao Rio de Janeiro, local que irá sediar a final dos jogos,

já começaram a se preparar para receber delegações e turistas. Petrópolis não ficou fora dessa e já iniciou seus investimentos nas áreas de hotelaria, de turismo, esporte, transporte, entre outros. Depois de passar pela terceira fase para ser sede de treina-mento e aclimatação para os eventos, a ci-dade aguarda as próximas etapas.

O processo de seleção abordou, em primeira instância, o credenciamento das cidades, depois o preenchimento dos pré--requisitos e, por último, as visitas técnicas feitas por técnicos da FIFA. Até então, Pe-trópolis foi aprovada. Agora faltam mais duas etapas, o primeiro é o cumprimento das exigências técnicas e, o segundo, a assinatura dos termos de compromisso. O secretário de esportes e lazer, Carlos Alberto Lancetta, afirma estar confiante. “Temos atributos que são exigidos, como estar a 60 km de um aeroporto interna-cional. Contamos com uma boa rede de hotéis, estamos a uma altitude de 900 m e possuímos bons hospitais que podem aten-der turistas e atletas. Por estes motivos, tenho a segurança de que seremos escolhi-dos”, acredita Lancetta.

Este evento irá contribuir para o cresci-mento da cidade imperial de diversas ma-neiras. “É um desenvolvimento da cidade como um todo. Quando você traz uma ati-vidade esportiva, consequentemente, está

prestes a buscar crescimento econômico feito pela captação de recursos dos paga-mentos das taxas à cidade. Indiretamente melhora a infraestrutura urbana, a seguran-ça pública, a cultura, o turismo, tudo o que gera uma maior quantidade de empregos, além de divulgar a cidade para o mundo. Será um salto de qualidade no cotidiano do petropolitano”, enfatiza o secretário.

Lancetta esclarece que os investimen-tos para a Copa do Mundo em 2014 serão

da iniciativa privada, contrário ao que a maioria das pessoas pensam. “Esta verba, estimada em mais de R$ 100 milhões, será investida através de parcerias e recursos advindos das leis de incentivo municipal, estadual e federal”, destaca.

Um dos órgãos que contribuem para tornar Petrópolis uma cidade apta para ser centro de treinamento é o MEP – Mo-vimento Esportivo de Petrópolis. João Henrique Areias, coordenador de negó-cios, conta que o objetivo é transformar a cidade em referência esportiva nacional e internacional. “Para atingirmos esta finali-dade, precisamos da cooperação de outras empresas, como as de luz, água e telefo-ne. Temos que oferecer uma boa estrutura para quem chegar pela primeira vez em Petrópolis”, assegura.

Entre os principais benefícios gerados está o estímulo aos jovens a prática de es-portes. Segundo Areias, é uma forma de afastar os adolescentes das drogas. Além disso, é uma plataforma completa de co-municação, pois envolve, publicidade, re-lações públicas, promoções e endomarke-ting, que contribui para a visibilidade da cidade em outros países.

Para se adequar às exigências de infra-

FUTEBOL

O centro de treinamento será

construído no Vale do Carangola

INVESTIMENTOS

O secretário de Esportes,

Carlos Lancetta, estima um

montante de R$ 100 milhões

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“Temos atributos que são exigidos, como estar a 60 km de um aeroporto internacional. Contamos com uma boa rede de hotéis, estamos a uma altitude de 900 m e possuímos bons hospitais que podem atender turistas e atletas. Por estes motivos tenho a segurança de que seremos escolhidos”, secretário de Esportes e Lazer,Carlos Alberto Lancetta

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ÃO

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estrutura, as obras já teriam que ter come-çado, pois são instalações que demoram de seis a nove meses para ficarem prontas. O Centro Olímpico, também previsto, preci-sa ser decidido nesse trimestre, conforme explica Areias. Entre as obras sugeridas pelo MEP estão: um estádio de futebol na BR-040, com capacidade para 20 mil pessoas e um Centro Esportivo no Vale do Carangola, composto por centro de treina-mento e formação de futebol com quatro campos, sendo um deles com arquibanca-da para 1.000 pessoas para os jogos das divisões de base e escola. Nesta lista se in-clui o alojamento para 100 atletas, reforma do estádio Atílio Marotti e Casa do Atle-ta, na Rua Montecaseros, com um espaço capaz de atender 60 esportistas de futebol e atletismo. Outro projeto é um centro de treinamento de futebol e de atletismo no Parque Municipal de Petrópolis, em Itai-pava. Além disso, um núcleo de ginástica artística no Quitandinha, onde atualmente funciona uma gráfica.

E, para receber um acontecimento do porte da Copa, não adianta apenas inves-tir em estádios e centro de treinamentos, é preciso toda uma organização não só nas cidades que irão sediar os jogos, mas também nas que estão ao redor. Uma boa rede hoteleira para receber as pessoas que vem de fora faz parte dessa estrutura. De acordo com a Fundação de Cultura e Tu-rismo de Petrópolis, a cidade concentra 90 hotéis, incluindo o Centro Histórico e os distritos. “Nós temos hoje uma rede de

hospedaria que comporta mais de 4.000 pessoas e ainda tem novos leitos sendo construídos. A maior parte dos nossos ho-téis estão nos distritos que tem potencial de crescimento”, comenta o presidente do Petrópolis Convention & Visitors Bureau, Bruno Wanderley, 42.

Bruno também destaca que será neces-sária uma preparação da cidade para rece-ber o maior número de turistas. “O ideal seria criar um ou dois centros de conven-ções para que ajude a manter o número de visitantes antes e depois da Copa. Também construir novos parques, iniciativas que fazem a cidade crescer e se manter depois de um grande evento”, completa Bruno.

Segundo o presidente do Convention,

não adianta criar novos leitos nos hotéis apenas para um determinado período. Ele salienta a importância de manter a cidade em movimento mesmo depois desse even-to. “Temos que nos espelhar em Gramado, no Rio Grande do Sul, onde não há baixa temporada e é isso que Petrópolis tem tudo para se tornar”, acredita.

José Carlos Eloy, 56, é proprietário de um hotel em Itaipava e já tem planos para inaugurar mais um em 2013. “A intenção é receber pessoas do país e de fora, em nos-sas acomodações. Acredito que Petrópolis será um destaque não só na Copa como nas Olimpíadas e nós estamos prontos para re-ceber os turistas”. Com um investimento de R$ 45 milhões, os dois hotéis podem receber cerca de 800 pessoas.

Mas não se pode falar em investimento sem aliar às novas tecnologias. A cidade já conta com internet wireless gratuita em alguns dos pontos turísticos, como o Pa-lácio de Cristal, a Praça da Liberdade e a Rua Teresa. Segundo a assessoria de co-municação da prefeitura, também está em andamento a inserção da internet sem fio no Museu Imperial.

Outra iniciativa que visa beneficiar a cidade imperial é a duplicação da BR-040 que irá diminuir a viagem do Rio de Janei-ro a Petrópolis em 20 minutos. Também está incluída na obra da concessionária que administra a rodovia, a abertura de um túnel de cinco quilômetros. A previsão é de que as melhorias comecem em 2011 e terminem até 2013. Ao longo do túnel, ha-verá ventilação mecânica, acostamentos e

CONSTRUÇÃO

Este é o projeto para o Parque

de Exposições em Itaipava

VALE DO CARANGOLA

Será composto por centro de treinamento e formação de futebol com

quatro campos. Um deles com arquibancada para 1.000 pessoas

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galeria de interligação com a pista de des-cida. Na saída do túnel, haverá um novo acesso para Petrópolis e a estrada ganhará um viaduto sustentado por cabos de aço. Com as obras, o pedágio será transferido do Km 104 para o Km 102. De acordo com a administradora, a obra é orçada em R$ 670 milhões e vem ao encontro das pre-parações do estado para receber a Copa, em 2014 e os Jogos Olímpicos, em 2016. Segundo a concessionária, a antiga subida será preservada e se transformará numa estrada parque, voltada para turismo eco-lógico, educação ambiental e lazer.

Quanto ao transporte, a ideia é resga-tar a Estrada de Ferro Príncipe do Grão – Pará, que liga o Alto da Serra, em Petrópo-lis, a Vila Inhomirim em Magé. A previsão é de que a linha férrea entre em operação antes de 2014 e atenda mais de 1.000 pes-soas por dia, uma média de 400 mil por ano. O percurso poderá ser feito em menos de 30 minutos.

Também faz parte dos planos, a im-plantação de um heliporto público em lo-cal estratégico do município para atender à demanda dos visitantes mais exigentes e de maior poder aquisitivo. O objetivo é proporcionar facilidades para acolhimen-to de urgência do poder público e da po-pulação em geral.

Para atender os turistas nos hospitais, a secretaria de saúde irá manter um siste-ma de plantão permanente de médicos nas duas UPAs (Unidades de Pronto Atendi-mento) no Centro e no bairro Cascatinha, além do hospital Municipal Nelson de Sá

Earp, no pronto socorro Leônidas Sam-paio e no hospital Alcides Carneiro.

O turismo será resgatado através de uma reestruturação do circuito Ecorrural Caminhos do Brejal, uma importante área de produção agrícola que fica no distrito da Posse. O local conquistou, em março de 2011, o primeiro lugar no edital “Ta-lentos do Brasil Rural”. A região também é conhecida por ter sido sede da primei-ra Área de Proteção Ambiental criada no país. Há a ideia, também, de estruturar os atrativos turísticos no Vale do Bonfim a fim de ressaltar seus aspectos históricos, naturais e culturais, o circuito de Araras e do Taquaril, com as mesmas finalidades.

No entorno do Centro Histórico, a pre-tensão é revitalizar o Parque Cremerie, antiga Cremerie Buissom, uma importan-te fábrica de queijos fundada em 1878. Em 1976, ela foi transformada em parque público e é um local muito procurado, mas requer reformas imediatas para permitir a exploração de suas potencialidades.

Diante do tempo que falta para esse evento futebolístico, a intenção é articu-lar ações que viabilizem a candidatura do município como cidade satélite. Esta ini-ciativa tem como mérito principal, con-tribuir para o desenvolvimento de Petró-polis de forma a atrair turistas nacionais e internacionais, capacitar a mão de obra existente e transformar a cidade em desti-no potencial em receptividade aos visitan-tes. Quem sabe, alocar as seleções alemãs ou italianas, já que ambas foram imigran-tes que viveram na cidade imperial.

PARQUE MUNICIPAL EM ITAIPAVA

O estádio de atletismo, piscina olímpica e

hotel fazem parte do projeto

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DESENVOLVIMENTO

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15Petrópolis |

estrutura, as obras já teriam que ter come-çado, pois são instalações que demoram de seis a nove meses para ficarem prontas. O Centro Olímpico, também previsto, preci-sa ser decidido nesse trimestre, conforme explica Areias. Entre as obras sugeridas pelo MEP estão: um estádio de futebol na BR-040, com capacidade para 20 mil pessoas e um Centro Esportivo no Vale do Carangola, composto por centro de treina-mento e formação de futebol com quatro campos, sendo um deles com arquibanca-da para 1.000 pessoas para os jogos das divisões de base e escola. Nesta lista se in-clui o alojamento para 100 atletas, reforma do estádio Atílio Marotti e Casa do Atle-ta, na Rua Montecaseros, com um espaço capaz de atender 60 esportistas de futebol e atletismo. Outro projeto é um centro de treinamento de futebol e de atletismo no Parque Municipal de Petrópolis, em Itai-pava. Além disso, um núcleo de ginástica artística no Quitandinha, onde atualmente funciona uma gráfica.

E, para receber um acontecimento do porte da Copa, não adianta apenas inves-tir em estádios e centro de treinamentos, é preciso toda uma organização não só nas cidades que irão sediar os jogos, mas também nas que estão ao redor. Uma boa rede hoteleira para receber as pessoas que vem de fora faz parte dessa estrutura. De acordo com a Fundação de Cultura e Tu-rismo de Petrópolis, a cidade concentra 90 hotéis, incluindo o Centro Histórico e os distritos. “Nós temos hoje uma rede de

hospedaria que comporta mais de 4.000 pessoas e ainda tem novos leitos sendo construídos. A maior parte dos nossos ho-téis estão nos distritos que tem potencial de crescimento”, comenta o presidente do Petrópolis Convention & Visitors Bureau, Bruno Wanderley, 42.

Bruno também destaca que será neces-sária uma preparação da cidade para rece-ber o maior número de turistas. “O ideal seria criar um ou dois centros de conven-ções para que ajude a manter o número de visitantes antes e depois da Copa. Também construir novos parques, iniciativas que fazem a cidade crescer e se manter depois de um grande evento”, completa Bruno.

Segundo o presidente do Convention,

não adianta criar novos leitos nos hotéis apenas para um determinado período. Ele salienta a importância de manter a cidade em movimento mesmo depois desse even-to. “Temos que nos espelhar em Gramado, no Rio Grande do Sul, onde não há baixa temporada e é isso que Petrópolis tem tudo para se tornar”, acredita.

José Carlos Eloy, 56, é proprietário de um hotel em Itaipava e já tem planos para inaugurar mais um em 2013. “A intenção é receber pessoas do país e de fora, em nos-sas acomodações. Acredito que Petrópolis será um destaque não só na Copa como nas Olimpíadas e nós estamos prontos para re-ceber os turistas”. Com um investimento de R$ 45 milhões, os dois hotéis podem receber cerca de 800 pessoas.

Mas não se pode falar em investimento sem aliar às novas tecnologias. A cidade já conta com internet wireless gratuita em alguns dos pontos turísticos, como o Pa-lácio de Cristal, a Praça da Liberdade e a Rua Teresa. Segundo a assessoria de co-municação da prefeitura, também está em andamento a inserção da internet sem fio no Museu Imperial.

Outra iniciativa que visa beneficiar a cidade imperial é a duplicação da BR-040 que irá diminuir a viagem do Rio de Janei-ro a Petrópolis em 20 minutos. Também está incluída na obra da concessionária que administra a rodovia, a abertura de um túnel de cinco quilômetros. A previsão é de que as melhorias comecem em 2011 e terminem até 2013. Ao longo do túnel, ha-verá ventilação mecânica, acostamentos e

CONSTRUÇÃO

Este é o projeto para o Parque

de Exposições em Itaipava

VALE DO CARANGOLA

Será composto por centro de treinamento e formação de futebol com

quatro campos. Um deles com arquibancada para 1.000 pessoas

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galeria de interligação com a pista de des-cida. Na saída do túnel, haverá um novo acesso para Petrópolis e a estrada ganhará um viaduto sustentado por cabos de aço. Com as obras, o pedágio será transferido do Km 104 para o Km 102. De acordo com a administradora, a obra é orçada em R$ 670 milhões e vem ao encontro das pre-parações do estado para receber a Copa, em 2014 e os Jogos Olímpicos, em 2016. Segundo a concessionária, a antiga subida será preservada e se transformará numa estrada parque, voltada para turismo eco-lógico, educação ambiental e lazer.

Quanto ao transporte, a ideia é resga-tar a Estrada de Ferro Príncipe do Grão – Pará, que liga o Alto da Serra, em Petrópo-lis, a Vila Inhomirim em Magé. A previsão é de que a linha férrea entre em operação antes de 2014 e atenda mais de 1.000 pes-soas por dia, uma média de 400 mil por ano. O percurso poderá ser feito em menos de 30 minutos.

Também faz parte dos planos, a im-plantação de um heliporto público em lo-cal estratégico do município para atender à demanda dos visitantes mais exigentes e de maior poder aquisitivo. O objetivo é proporcionar facilidades para acolhimen-to de urgência do poder público e da po-pulação em geral.

Para atender os turistas nos hospitais, a secretaria de saúde irá manter um siste-ma de plantão permanente de médicos nas duas UPAs (Unidades de Pronto Atendi-mento) no Centro e no bairro Cascatinha, além do hospital Municipal Nelson de Sá

Earp, no pronto socorro Leônidas Sam-paio e no hospital Alcides Carneiro.

O turismo será resgatado através de uma reestruturação do circuito Ecorrural Caminhos do Brejal, uma importante área de produção agrícola que fica no distrito da Posse. O local conquistou, em março de 2011, o primeiro lugar no edital “Ta-lentos do Brasil Rural”. A região também é conhecida por ter sido sede da primei-ra Área de Proteção Ambiental criada no país. Há a ideia, também, de estruturar os atrativos turísticos no Vale do Bonfim a fim de ressaltar seus aspectos históricos, naturais e culturais, o circuito de Araras e do Taquaril, com as mesmas finalidades.

No entorno do Centro Histórico, a pre-tensão é revitalizar o Parque Cremerie, antiga Cremerie Buissom, uma importan-te fábrica de queijos fundada em 1878. Em 1976, ela foi transformada em parque público e é um local muito procurado, mas requer reformas imediatas para permitir a exploração de suas potencialidades.

Diante do tempo que falta para esse evento futebolístico, a intenção é articu-lar ações que viabilizem a candidatura do município como cidade satélite. Esta ini-ciativa tem como mérito principal, con-tribuir para o desenvolvimento de Petró-polis de forma a atrair turistas nacionais e internacionais, capacitar a mão de obra existente e transformar a cidade em desti-no potencial em receptividade aos visitan-tes. Quem sabe, alocar as seleções alemãs ou italianas, já que ambas foram imigran-tes que viveram na cidade imperial.

PARQUE MUNICIPAL EM ITAIPAVA

O estádio de atletismo, piscina olímpica e

hotel fazem parte do projeto

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A iniciativa nasce com a missão de minimizar um dos proble-mas crônicos de Petrópolis, o acúmulo de entulhos oriundos

da construção civil. Os restos das constru-ções ficam espalhados por todos os can-tos da cidade. O meio ambiente agradece, pois quase sempre há registros de detritos de obras jogados em áreas urbanas, terre-nos baldios, dentro dos rios e nas encostas, causando um enorme desequilíbrio ecoló-gico. O município da serra fluminense é conhecido pelo forte turismo e pelas bele-zas naturais, daí a importância de se insta-lar a usina de reciclagem de resíduos sóli-dos, que será construída no aterro sanitário de Pedro do Rio. A Comdep (Companhia de Desenvolvimento de Petrópolis), firma responsável pela coleta de lixo, foi a esco-lhida para administrar o empreendimento.

Segundo o presidente da empresa, An-derson Luiz Juliano, a ideia é de que os pedaços de concreto descartados se trans-formem em derivados como bloquetes e outros materiais que serão reutilizados na manutenção de ruas e praças públicas.

“Vamos dar um destino nobre a tudo isso, favorecendo a cidade de um modo geral”. Para isso, parte destes resíduos deverá ser entregue à prefeitura e a outra metade ven-dida no mercado. “Com a reciclagem, dei-xaremos de ter este tipo de lixo em qual-quer lugar”, frisa o diretor.

Para o diretor técnico da companhia, Jorge Luiz Plácido, restos de construções deixados nas margens dos rios, misturam--se ao acúmulo sedimentar de areia e reduz a força da correnteza. A partir de agora, este processo será evitado. “Isso vai diminuir muito a quantidade de entu-lho e a expectativa é de que esse problema

acabe. Quem ganha é a cidade e o meio ambiente”, destaca. Plácido revela ainda outro dado interessante. Há um sistema na máquina impedindo que a poeira seja ex-pelida no ar. “É uma atividade pouco po-luidora. Temos um sistema com água que vai pulverizar a poeira”, explica o diretor técnico.

O engenheiro civil e ex-secretário de Ciência e Tecnologia, Desenvolvimento

Reciclagempara o bem do meio ambiente

Nova usina será implantada com a proposta de reduzir o acúmulo inadequado de restos de obras, contribuindo para a preservação ambiental

POR JOSÉ ÂNGELO FOTOS REVISTA ON

“Com a reciclagem, deixaremos de ter este tipo de lixo em qualquer lugar”,presidente da Comdep, Anderson Juliano

ANDERSON

O presidente da Comdep mostra

o folder do Disque Entulho

e Agricultura de Petrópolis, Nelson Sa-bra, é mais enfático quando se fala sobre a usina e suas vantagens para o setor am-biental. Segundo ele, é preciso que haja gestão administrativa e operacional para que o processo de reutilização das sobras de construções ocorra satisfatoriamente e a natureza não seja afetada. “O ideal é a utilização de usinas de reciclagem, com capacidade acima do volume coletado, diariamente nas cidades, evitando a neces-sidade de se valer de aterros sanitários. O reaproveitamento do material constitui-se em um sistema sustentável”, diz.

É necessário, entretanto, que o ciclo de reutilização seja completo, pois além do entulho, há outros produtos que merecem total atenção e também colaboram com os danos ao ambiente, assim explica Sabra. “Temos algumas variáveis para a coleta. O lixo hospitalar é recolhido em condições especiais e incinerado. O lixo domiciliar não reciclável é coletado em caminhões compactadores e levado para o aterro sa-nitário, cujo consórcio está em curso. Por fim, o material reciclável, que é recolhido em caminhões basculantes, normalmente terceirizados, são compactados pela Com-dep e vendidos pelas Cooperativas de Re-ciclagem”.

As ONGs

A reportagem da Revista On consultou representantes da organização não gover-namental Delegacia do Verde para falar sobre o assunto. Nela, atua o professor e pesquisador do Instituto Nacional de Óleo e Gás da Faculdade de Geologia da UERJ, Cleveland Maximino Jones, que possui uma opinião não muito positiva sobre o as-sunto. “Eu transmito uma mensagem não tanto otimista, pois estas não são muito perspicazes. As pessoas não se interessam e não há uma vigília coibindo o despejo destes resíduos”, acredita o especialista que coordenou o programa de diagnóstico sócio-ambiental e descomissionamento do Aterro Municipal de Jardim Gramacho.

Ele também dirigiu projetos ambientais e de remediação em países como a Vene-zuela e o Uruguai.

Para ele, diferentemente do que ocor-re nos grandes centros urbanos, a maioria das construções de Petrópolis é realizada dentro de imóveis particulares onde não há efetivamente um monitoramento por par-te dos órgãos responsáveis. “A questão é que estamos discutindo um problema em pequena escala e é difícil controlar isso porque não há fiscalização. São muitas obras de menor proporção. Seja lá o que for, ela [a usina de reciclagem] só poderá atender a entulhos por construções maio-res”, acredita.

Uma das soluções para reverter este panorama, segundo o pesquisador, seria investir mais em programas de educação ambiental na tentativa de orientar a po-pulação. “Falta educação e precisa de um controle. Por isso, tem que cobrar quando há entulho jogado em qualquer canto. A

conscientização é importante, mas o fiscal da prefeitura tem que multar. As pessoas fazem qualquer demolição e acham que o entulho é como o lixo comum. Portan-to, é importante uma campanha dentro do órgão regulador orientando a sociedade”, ressalta Cleveland Jones. “O que falta é uma política de resíduos sólidos, mas isso ainda está em discussão”, acrescenta.

Na opinião do secretário de meio am-biente Leandro Vianna, um dos principais benefícios da usina é que ela poderá gerar a redução de entulhos em rios e córregos, evitando-se, assim, inundações na época das chuvas. Além disso, a unidade deverá reduzir os gastos excessivos com desasso-reamento de leitos. “Os entulhos da cons-trução civil são normalmente descartados de forma inadequada, ou seja, nas margens dos rios, em terrenos baldios, ou até mes-mo na própria rua”, destaca.

Para ele, essa indústria só pôde ser im-plantada porque a população tem corres-pondido ao programa “Disque Entulho”, criado em 2009. Através deste canal, são recolhidos escombros de pequenas inter-venções particulares, além do lixo verde. “O reaproveitamento e a transformação desse material em produto para pavimen-tação e outros derivados e sua utilização em obras públicas, também será uma das vantagens, contribuindo assim para a re-dução no uso de recursos naturais”, finali-za o secretário Leandro Vianna.

COLETA

Escavadeira retira o entulho

de um canteiro de obra

“Falta educação e precisa de um controle. Por isso, tem que cobrar quando há entulho jogado em qualquer canto”,pesquisador, Cleveland Jones

ESPECIALISTA

Cleveland não é muito otimista sobre

a preservação do meio ambiente

MEIO AMBIENTE

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A iniciativa nasce com a missão de minimizar um dos proble-mas crônicos de Petrópolis, o acúmulo de entulhos oriundos

da construção civil. Os restos das constru-ções ficam espalhados por todos os can-tos da cidade. O meio ambiente agradece, pois quase sempre há registros de detritos de obras jogados em áreas urbanas, terre-nos baldios, dentro dos rios e nas encostas, causando um enorme desequilíbrio ecoló-gico. O município da serra fluminense é conhecido pelo forte turismo e pelas bele-zas naturais, daí a importância de se insta-lar a usina de reciclagem de resíduos sóli-dos, que será construída no aterro sanitário de Pedro do Rio. A Comdep (Companhia de Desenvolvimento de Petrópolis), firma responsável pela coleta de lixo, foi a esco-lhida para administrar o empreendimento.

Segundo o presidente da empresa, An-derson Luiz Juliano, a ideia é de que os pedaços de concreto descartados se trans-formem em derivados como bloquetes e outros materiais que serão reutilizados na manutenção de ruas e praças públicas.

“Vamos dar um destino nobre a tudo isso, favorecendo a cidade de um modo geral”. Para isso, parte destes resíduos deverá ser entregue à prefeitura e a outra metade ven-dida no mercado. “Com a reciclagem, dei-xaremos de ter este tipo de lixo em qual-quer lugar”, frisa o diretor.

Para o diretor técnico da companhia, Jorge Luiz Plácido, restos de construções deixados nas margens dos rios, misturam--se ao acúmulo sedimentar de areia e reduz a força da correnteza. A partir de agora, este processo será evitado. “Isso vai diminuir muito a quantidade de entu-lho e a expectativa é de que esse problema

acabe. Quem ganha é a cidade e o meio ambiente”, destaca. Plácido revela ainda outro dado interessante. Há um sistema na máquina impedindo que a poeira seja ex-pelida no ar. “É uma atividade pouco po-luidora. Temos um sistema com água que vai pulverizar a poeira”, explica o diretor técnico.

O engenheiro civil e ex-secretário de Ciência e Tecnologia, Desenvolvimento

Reciclagempara o bem do meio ambiente

Nova usina será implantada com a proposta de reduzir o acúmulo inadequado de restos de obras, contribuindo para a preservação ambiental

POR JOSÉ ÂNGELO FOTOS REVISTA ON

“Com a reciclagem, deixaremos de ter este tipo de lixo em qualquer lugar”,presidente da Comdep, Anderson Juliano

ANDERSON

O presidente da Comdep mostra

o folder do Disque Entulho

e Agricultura de Petrópolis, Nelson Sa-bra, é mais enfático quando se fala sobre a usina e suas vantagens para o setor am-biental. Segundo ele, é preciso que haja gestão administrativa e operacional para que o processo de reutilização das sobras de construções ocorra satisfatoriamente e a natureza não seja afetada. “O ideal é a utilização de usinas de reciclagem, com capacidade acima do volume coletado, diariamente nas cidades, evitando a neces-sidade de se valer de aterros sanitários. O reaproveitamento do material constitui-se em um sistema sustentável”, diz.

É necessário, entretanto, que o ciclo de reutilização seja completo, pois além do entulho, há outros produtos que merecem total atenção e também colaboram com os danos ao ambiente, assim explica Sabra. “Temos algumas variáveis para a coleta. O lixo hospitalar é recolhido em condições especiais e incinerado. O lixo domiciliar não reciclável é coletado em caminhões compactadores e levado para o aterro sa-nitário, cujo consórcio está em curso. Por fim, o material reciclável, que é recolhido em caminhões basculantes, normalmente terceirizados, são compactados pela Com-dep e vendidos pelas Cooperativas de Re-ciclagem”.

As ONGs

A reportagem da Revista On consultou representantes da organização não gover-namental Delegacia do Verde para falar sobre o assunto. Nela, atua o professor e pesquisador do Instituto Nacional de Óleo e Gás da Faculdade de Geologia da UERJ, Cleveland Maximino Jones, que possui uma opinião não muito positiva sobre o as-sunto. “Eu transmito uma mensagem não tanto otimista, pois estas não são muito perspicazes. As pessoas não se interessam e não há uma vigília coibindo o despejo destes resíduos”, acredita o especialista que coordenou o programa de diagnóstico sócio-ambiental e descomissionamento do Aterro Municipal de Jardim Gramacho.

Ele também dirigiu projetos ambientais e de remediação em países como a Vene-zuela e o Uruguai.

Para ele, diferentemente do que ocor-re nos grandes centros urbanos, a maioria das construções de Petrópolis é realizada dentro de imóveis particulares onde não há efetivamente um monitoramento por par-te dos órgãos responsáveis. “A questão é que estamos discutindo um problema em pequena escala e é difícil controlar isso porque não há fiscalização. São muitas obras de menor proporção. Seja lá o que for, ela [a usina de reciclagem] só poderá atender a entulhos por construções maio-res”, acredita.

Uma das soluções para reverter este panorama, segundo o pesquisador, seria investir mais em programas de educação ambiental na tentativa de orientar a po-pulação. “Falta educação e precisa de um controle. Por isso, tem que cobrar quando há entulho jogado em qualquer canto. A

conscientização é importante, mas o fiscal da prefeitura tem que multar. As pessoas fazem qualquer demolição e acham que o entulho é como o lixo comum. Portan-to, é importante uma campanha dentro do órgão regulador orientando a sociedade”, ressalta Cleveland Jones. “O que falta é uma política de resíduos sólidos, mas isso ainda está em discussão”, acrescenta.

Na opinião do secretário de meio am-biente Leandro Vianna, um dos principais benefícios da usina é que ela poderá gerar a redução de entulhos em rios e córregos, evitando-se, assim, inundações na época das chuvas. Além disso, a unidade deverá reduzir os gastos excessivos com desasso-reamento de leitos. “Os entulhos da cons-trução civil são normalmente descartados de forma inadequada, ou seja, nas margens dos rios, em terrenos baldios, ou até mes-mo na própria rua”, destaca.

Para ele, essa indústria só pôde ser im-plantada porque a população tem corres-pondido ao programa “Disque Entulho”, criado em 2009. Através deste canal, são recolhidos escombros de pequenas inter-venções particulares, além do lixo verde. “O reaproveitamento e a transformação desse material em produto para pavimen-tação e outros derivados e sua utilização em obras públicas, também será uma das vantagens, contribuindo assim para a re-dução no uso de recursos naturais”, finali-za o secretário Leandro Vianna.

COLETA

Escavadeira retira o entulho

de um canteiro de obra

“Falta educação e precisa de um controle. Por isso, tem que cobrar quando há entulho jogado em qualquer canto”,pesquisador, Cleveland Jones

ESPECIALISTA

Cleveland não é muito otimista sobre

a preservação do meio ambiente

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CASA DOS SETE ERROS

A visão assimétrica de um idealizador em pleno século 19

Vestígios de um tempo em que a cultura e a história faziam parte do dia a dia e alimentavam a imaginação dos adoradores das artes. Foi retratando o gosto peculiar pela eternização de imagens e sonhos que o brasileiro José Tavares Guerra construiu, na cidade Imperial, em 1879, a Casa da Ipiranga, conhecida popularmente como casa dos sete erros. Praticamente intocada, a construção, tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) recebe hoje visitantes que se encantam com a preservação do lugar e com os encontros de música, peças teatrais e exposições, que tornam o famoso ponto turístico um cenário inesquecível.

POR FERNANDA TAVARES FOTOS REVISTA ON

José Tavares Guerra era afilhado do Barão de Mauá, o célebre indus-trial, banqueiro e político brasileiro do século 19. E foi por sugestão do

padrinho que, até os seus 18 anos, ele estu-dou na Inglaterra, além de viajar por vários países. Em 1879, ao voltar ao Brasil pouco após a morte do pai, importante exportador de café, o financista começou a construir a história da Casa da Ipiranga. De volta à sua terra, encontrou a mãe triste – o que o incentivou a construir uma residência “di-

ferente”, para espantar a solidão da família.“Foi meu bisavô que arquitetou toda a

estrutura da casa. A motivação foi distrair a mãe dele que estava sofrendo a perda do marido. Através das pinturas, artes e ima-gens, ele encontrou uma forma de perpe-tuar a história e as preferências da famí-lia”, explica Celso Vieira de Carvalho, 49, bisneto de Tavares Guerra e presidente da ONG Cultural Casa da Ipiranga.

Foi o próprio financista quem criou o esboço da obra. O engenheiro alemão Karl

Spangenberger, por sua vez, executou to-das as vontades – e mesmo as excentricida-des – no planejamento da construção. Ao contrário de outros ricaços da época, que erguiam palacetes em Petrópolis no estilo francês de arquitetura, José Tavares Guerra escolheu o padrão inglês hoje denomina-do Queen Vitória, a rainha britânica, que marcou o século. Na escolha de materiais, o requinte mostra um pouco da visão cos-mopolita do idealizador: o papel de parede que reveste alguns salões tem pigmentos

de ouro; há azulejos ingleses; lareiras em mármore de carrara; revestimento de jaca-randá até o teto e também piso com o já então raro pau-brasil. A decoração está à altura do cenário: espelhos de cristal bel-gas; lustres franceses; cadeiras em estilo Luis XV e, na charmosa sala de jantar, uma mesa para 18 lugares, além de móveis or-nados com mármore português.

Outros cômodos, ricamente decorados com austeros móveis em madeira-de-lei, contrastam com os afrescos coloridos: são imagens pitorescas, da Àsia, Àfrica e Euro-pa, uma escolha que também era resultado das viagens de Tavares Guerra. Ele as de-senhou, usando a memória, e as repassou ao pintor Carl Schäefer. O alemão precisou de nada menos que dez anos para concluir as obras de arte que ainda hoje ornamen-tam as paredes e tetos da residência. Além das lembranças de homem do mundo, o fi-nancista fez com que também seus cinco fi-lhos fossem retratados nas paredes dos cor-redores da casa. Em paralelo, detalhes dos afrescos mostram pinturas de ninfas, crian-ças, anjos, elementos míticos e do cosmos, revelando o gosto eclético do idealizador, que, em pleno século 19, profundamente marcado pelos avanços tecnológicos, já se interessava pelos mistérios da mitologia, astrologia e religiosidade.

“Já na época da construção, a casa cha-mava atenção pelo tamanho e por ter sido

muito bem projetada. É difícil encontrar-mos exemplares arquitetônicos tão autênti-cos quanto os que guardamos aqui. A casa mantém intactos os seus 11 quartos, cinco salões, dois banheiros, uma sala de banho, duas copas, uma cozinha, uma adega e la-vanderia”, explica Celso. Por causa disso, a Casa da Ipiranga, tombada pelo Iphan, é considerada uma das quatro propriedades privadas no Brasil do século 19 intocadas”. “Meu lugar preferido na casa é a sala de jantar. Aqui, posso imaginar como eram os encontros daquela época, rodeados de charme e história”, devaneia Celso.

Ela também se destaca pela visão aboli-cionista de seu construtor. “Tavares Guerra era contra o uso de mão de obra escrava e, por isso, contratou imigrantes alemães para a construção. Os trabalhadores eram remu-nerados e isso nós comprovamos quando encontramos um bloco com as anotações dos gastos da casa, pagamento dos empre-gados e dos produtos da despensa”, comen-tou o herdeiro.

A propriedade guarda ainda mais deta-lhes surpreendentes: foi a primeira casa de Petrópolis (e uma das primeiras do Brasil) a ter luz elétrica a partir de 27 de julho de 1896 e a possuir o primeiro relógio de torre na cidade, instalado na fachada da cocheira, onde funciona, atualmente, um requintado bistrô. Mas, apesar de toda opulência, é o exterior da casa o que mais chama atenção dos historiadores e visitantes: a fachada do palacete, dividida em duas, sugere que se trata de uma construção geminada – ou

CASA DA IPIRANGA

A riqueza das pinturas

da sala de jantar

“Através das pinturas, artes e imagens, Tavares Guerra perpetuou a história e as preferências de sua família”

Em paralelo, detalhes dos afrescos mostram pinturas de ninfas, crianças, anjos, elementos míticos e do cosmos, revelando o gosto eclético do idealizador, que, em pleno século 19, profundamente marcado pelos avanços tecnológicos, já se interessava pelos mistérios da mitologia, astrologia e religiosidade

NOBREZA

Móvel construído com

madeira portuguesa

CULTURA

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19Petrópolis |

CASA DOS SETE ERROS

A visão assimétrica de um idealizador em pleno século 19

Vestígios de um tempo em que a cultura e a história faziam parte do dia a dia e alimentavam a imaginação dos adoradores das artes. Foi retratando o gosto peculiar pela eternização de imagens e sonhos que o brasileiro José Tavares Guerra construiu, na cidade Imperial, em 1879, a Casa da Ipiranga, conhecida popularmente como casa dos sete erros. Praticamente intocada, a construção, tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) recebe hoje visitantes que se encantam com a preservação do lugar e com os encontros de música, peças teatrais e exposições, que tornam o famoso ponto turístico um cenário inesquecível.

POR FERNANDA TAVARES FOTOS REVISTA ON

José Tavares Guerra era afilhado do Barão de Mauá, o célebre indus-trial, banqueiro e político brasileiro do século 19. E foi por sugestão do

padrinho que, até os seus 18 anos, ele estu-dou na Inglaterra, além de viajar por vários países. Em 1879, ao voltar ao Brasil pouco após a morte do pai, importante exportador de café, o financista começou a construir a história da Casa da Ipiranga. De volta à sua terra, encontrou a mãe triste – o que o incentivou a construir uma residência “di-

ferente”, para espantar a solidão da família.“Foi meu bisavô que arquitetou toda a

estrutura da casa. A motivação foi distrair a mãe dele que estava sofrendo a perda do marido. Através das pinturas, artes e ima-gens, ele encontrou uma forma de perpe-tuar a história e as preferências da famí-lia”, explica Celso Vieira de Carvalho, 49, bisneto de Tavares Guerra e presidente da ONG Cultural Casa da Ipiranga.

Foi o próprio financista quem criou o esboço da obra. O engenheiro alemão Karl

Spangenberger, por sua vez, executou to-das as vontades – e mesmo as excentricida-des – no planejamento da construção. Ao contrário de outros ricaços da época, que erguiam palacetes em Petrópolis no estilo francês de arquitetura, José Tavares Guerra escolheu o padrão inglês hoje denomina-do Queen Vitória, a rainha britânica, que marcou o século. Na escolha de materiais, o requinte mostra um pouco da visão cos-mopolita do idealizador: o papel de parede que reveste alguns salões tem pigmentos

de ouro; há azulejos ingleses; lareiras em mármore de carrara; revestimento de jaca-randá até o teto e também piso com o já então raro pau-brasil. A decoração está à altura do cenário: espelhos de cristal bel-gas; lustres franceses; cadeiras em estilo Luis XV e, na charmosa sala de jantar, uma mesa para 18 lugares, além de móveis or-nados com mármore português.

Outros cômodos, ricamente decorados com austeros móveis em madeira-de-lei, contrastam com os afrescos coloridos: são imagens pitorescas, da Àsia, Àfrica e Euro-pa, uma escolha que também era resultado das viagens de Tavares Guerra. Ele as de-senhou, usando a memória, e as repassou ao pintor Carl Schäefer. O alemão precisou de nada menos que dez anos para concluir as obras de arte que ainda hoje ornamen-tam as paredes e tetos da residência. Além das lembranças de homem do mundo, o fi-nancista fez com que também seus cinco fi-lhos fossem retratados nas paredes dos cor-redores da casa. Em paralelo, detalhes dos afrescos mostram pinturas de ninfas, crian-ças, anjos, elementos míticos e do cosmos, revelando o gosto eclético do idealizador, que, em pleno século 19, profundamente marcado pelos avanços tecnológicos, já se interessava pelos mistérios da mitologia, astrologia e religiosidade.

“Já na época da construção, a casa cha-mava atenção pelo tamanho e por ter sido

muito bem projetada. É difícil encontrar-mos exemplares arquitetônicos tão autênti-cos quanto os que guardamos aqui. A casa mantém intactos os seus 11 quartos, cinco salões, dois banheiros, uma sala de banho, duas copas, uma cozinha, uma adega e la-vanderia”, explica Celso. Por causa disso, a Casa da Ipiranga, tombada pelo Iphan, é considerada uma das quatro propriedades privadas no Brasil do século 19 intocadas”. “Meu lugar preferido na casa é a sala de jantar. Aqui, posso imaginar como eram os encontros daquela época, rodeados de charme e história”, devaneia Celso.

Ela também se destaca pela visão aboli-cionista de seu construtor. “Tavares Guerra era contra o uso de mão de obra escrava e, por isso, contratou imigrantes alemães para a construção. Os trabalhadores eram remu-nerados e isso nós comprovamos quando encontramos um bloco com as anotações dos gastos da casa, pagamento dos empre-gados e dos produtos da despensa”, comen-tou o herdeiro.

A propriedade guarda ainda mais deta-lhes surpreendentes: foi a primeira casa de Petrópolis (e uma das primeiras do Brasil) a ter luz elétrica a partir de 27 de julho de 1896 e a possuir o primeiro relógio de torre na cidade, instalado na fachada da cocheira, onde funciona, atualmente, um requintado bistrô. Mas, apesar de toda opulência, é o exterior da casa o que mais chama atenção dos historiadores e visitantes: a fachada do palacete, dividida em duas, sugere que se trata de uma construção geminada – ou

CASA DA IPIRANGA

A riqueza das pinturas

da sala de jantar

“Através das pinturas, artes e imagens, Tavares Guerra perpetuou a história e as preferências de sua família”

Em paralelo, detalhes dos afrescos mostram pinturas de ninfas, crianças, anjos, elementos míticos e do cosmos, revelando o gosto eclético do idealizador, que, em pleno século 19, profundamente marcado pelos avanços tecnológicos, já se interessava pelos mistérios da mitologia, astrologia e religiosidade

NOBREZA

Móvel construído com

madeira portuguesa

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seja, duas “casas” semelhantes, unidas lado a lado com as mesmas características. Mas é só uma impressão: há diferenças signifi-cativas entre o lado direito e o esquerdo, o que fez surgir o apelido de “casa dos sete erros”. Celso, no entanto, explica que não há erro algum:

“Apesar de ser conhecida assim, isso não é verdade. Como Tavares Guerra era revolucionário e moderno para a sua épo-ca, construiu a casa de uma forma muito diferente na sua parte externa. Foi uma mo-dernidade e isso, até hoje, incita histórias na cidade”, contou Celso. Inspirado em um artigo do inventor da fotografia, o francês Nicéphore Niépce, ele concebeu a fachada do palacete baseado na ideia de assimetria: como os dois lados do rosto não são idên-ticos, uma casa também deveria preservar diferenças. E, com um pouco de atenção,

elas podem ser notadas nas torres, sacadas e janelas.

Esta fachada está no centro de jardins projetados por August Glaziou, o paisa-gista oficial de dom Pedro II, responsável também pelos projetos da Quinta da Boa Vista, do Campo de Santana e do Passeio Público do Rio de Janeiro. Apesar de ain-da haver muitos projetos de Glaziou no Brasil, o jardim da Casa da Ipiranga é o único que não sofreu qualquer mudança. Lá fica uma capela, construída como for-ma de pagamento de uma promessa feita por Tavares Guerra a Nossa Senhora da Conceição.

“Depois do nascimento de seu primei-ro filho, meu bisavô fez uma promessa pedindo para que a santa lhe desse uma filha. Para agradecer, ele construiu uma capela, no jardim e prometeu que sua fi-

lha se casaria nela. A filha, minha avó, se casou na capela, mas infelizmente, Tava-res Guerra não participou da cerimônia, pois morreu antes. Apesar de ter tido um vida de obras realizadas, morreu muito novo, com 46 anos, apenas”, conta Celso.

Nem as pinturas míticas, nem a capela evitaram que a casa fosse conhecida como mal-assombrada. O sóbrio estilo Queen Vitória talvez tenha inspirado esta fama, conhecida por gerações de petropolitanos. Mas Celso é categórico: “Costumo dizer que a casa é bem assombrada, pois foi feita por amor e com muita dedicação e carinho pelo meu bisavô. A família dele e as gerações que a seguiram sempre foram muito felizes nessa casa. Por isso, afirmo com toda a certeza que as energias que habitam a casa da Ipiranga são boas, ale-gres e encantadoras”, disse.

Para o presidente do IHP (Instituto Histórico de Petrópolis), o historiador Luiz Carlos Gomes, essa construção é uma peça fundamental no patrimônio de Petrópolis: “Independentemente da idade da casa, o importante é sempre valorizar que os jardins foram projetados por um importante paisagista da época da monar-quia, o que completa o cenário de patri-mônio da cidade. Além disso, ao longo dos tempos, ela deixou de ser moradia para abrigar importantes cenários cultu-rais, através de exposições de esculturas de grandes nomes das artes brasileiras e mostras de móveis de antiquários famo-sos. É importantíssima a preservação des-se lugar, porque é por meio desse cuidado que a história vem passando de geração para geração e está sendo contada para petropolitanos e turistas”, disse.

Cultura e história em um mesmo espaço

Há 12 anos, o antigo palácio de Tavares Guerra é a sede do Centro Cultural Casa da Ipiranga. Nesse período, ela já foi o palco para 628 shows de música clássica e popular, realizados, em geral, na sala de jantar. Além disso, ela também é sede de apresentações de peças e exposições.

“Como sou produtor musical e cantor, fi co muito feliz em ver que a casa da minha família oferece essa opção de música de qualidade para os visitantes e petropolitanos. Aqui já se apresentaram grandes nomes como César Maranhão, Lô Borges e Cláudio Nucci. Já tivemos também exposições nos jardins das esculturas de Maurício Bertes, Cleide Tostes, Cristina Salgado, Marcelo Lago e Clara Cavendish”, comemora Celso.

A Casa da Ipiranga também apresenta uma performance teatral permanente chamada “Velhota Cambalhota”, que é baseada na troca de correspondências entre os Condes de Lajes e a família Imperial. Para conhecer a Casa da Ipiranga, é necessário pagar R$ 8. Estudantes e idosos acima de 60 anos pagam meia entrada. Crianças até sete anos não pagam. As visitações guiadas ocorrem de quarta á segunda-feira, das 12h às 18h.

LUXO

Detalhe da pintura em papel

de parede com fi os de ouro

CULTURA

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seja, duas “casas” semelhantes, unidas lado a lado com as mesmas características. Mas é só uma impressão: há diferenças signifi-cativas entre o lado direito e o esquerdo, o que fez surgir o apelido de “casa dos sete erros”. Celso, no entanto, explica que não há erro algum:

“Apesar de ser conhecida assim, isso não é verdade. Como Tavares Guerra era revolucionário e moderno para a sua épo-ca, construiu a casa de uma forma muito diferente na sua parte externa. Foi uma mo-dernidade e isso, até hoje, incita histórias na cidade”, contou Celso. Inspirado em um artigo do inventor da fotografia, o francês Nicéphore Niépce, ele concebeu a fachada do palacete baseado na ideia de assimetria: como os dois lados do rosto não são idên-ticos, uma casa também deveria preservar diferenças. E, com um pouco de atenção,

elas podem ser notadas nas torres, sacadas e janelas.

Esta fachada está no centro de jardins projetados por August Glaziou, o paisa-gista oficial de dom Pedro II, responsável também pelos projetos da Quinta da Boa Vista, do Campo de Santana e do Passeio Público do Rio de Janeiro. Apesar de ain-da haver muitos projetos de Glaziou no Brasil, o jardim da Casa da Ipiranga é o único que não sofreu qualquer mudança. Lá fica uma capela, construída como for-ma de pagamento de uma promessa feita por Tavares Guerra a Nossa Senhora da Conceição.

“Depois do nascimento de seu primei-ro filho, meu bisavô fez uma promessa pedindo para que a santa lhe desse uma filha. Para agradecer, ele construiu uma capela, no jardim e prometeu que sua fi-

lha se casaria nela. A filha, minha avó, se casou na capela, mas infelizmente, Tava-res Guerra não participou da cerimônia, pois morreu antes. Apesar de ter tido um vida de obras realizadas, morreu muito novo, com 46 anos, apenas”, conta Celso.

Nem as pinturas míticas, nem a capela evitaram que a casa fosse conhecida como mal-assombrada. O sóbrio estilo Queen Vitória talvez tenha inspirado esta fama, conhecida por gerações de petropolitanos. Mas Celso é categórico: “Costumo dizer que a casa é bem assombrada, pois foi feita por amor e com muita dedicação e carinho pelo meu bisavô. A família dele e as gerações que a seguiram sempre foram muito felizes nessa casa. Por isso, afirmo com toda a certeza que as energias que habitam a casa da Ipiranga são boas, ale-gres e encantadoras”, disse.

Para o presidente do IHP (Instituto Histórico de Petrópolis), o historiador Luiz Carlos Gomes, essa construção é uma peça fundamental no patrimônio de Petrópolis: “Independentemente da idade da casa, o importante é sempre valorizar que os jardins foram projetados por um importante paisagista da época da monar-quia, o que completa o cenário de patri-mônio da cidade. Além disso, ao longo dos tempos, ela deixou de ser moradia para abrigar importantes cenários cultu-rais, através de exposições de esculturas de grandes nomes das artes brasileiras e mostras de móveis de antiquários famo-sos. É importantíssima a preservação des-se lugar, porque é por meio desse cuidado que a história vem passando de geração para geração e está sendo contada para petropolitanos e turistas”, disse.

Cultura e história em um mesmo espaço

Há 12 anos, o antigo palácio de Tavares Guerra é a sede do Centro Cultural Casa da Ipiranga. Nesse período, ela já foi o palco para 628 shows de música clássica e popular, realizados, em geral, na sala de jantar. Além disso, ela também é sede de apresentações de peças e exposições.

“Como sou produtor musical e cantor, fi co muito feliz em ver que a casa da minha família oferece essa opção de música de qualidade para os visitantes e petropolitanos. Aqui já se apresentaram grandes nomes como César Maranhão, Lô Borges e Cláudio Nucci. Já tivemos também exposições nos jardins das esculturas de Maurício Bertes, Cleide Tostes, Cristina Salgado, Marcelo Lago e Clara Cavendish”, comemora Celso.

A Casa da Ipiranga também apresenta uma performance teatral permanente chamada “Velhota Cambalhota”, que é baseada na troca de correspondências entre os Condes de Lajes e a família Imperial. Para conhecer a Casa da Ipiranga, é necessário pagar R$ 8. Estudantes e idosos acima de 60 anos pagam meia entrada. Crianças até sete anos não pagam. As visitações guiadas ocorrem de quarta á segunda-feira, das 12h às 18h.

LUXO

Detalhe da pintura em papel

de parede com fi os de ouro

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EruditotropicalMeninos Cantores de Petrópolis conquistam público europeu com repertório brasileiro

POR LEONARDO FARROCO

A tradição do Coral de Meninos Cantores de Petrópolis vem desde 1942. Em sua trajetó-ria, o grupo conquistou pla-

teias nacionais e internacionais. A Revis-ta On foi conferir como é a preparação e qual é a receita de sucesso deste que é um dos principais corais do Brasil. O Ins-tituto de Meninos Cantores de Petrópolis funciona em um prédio no Centro da ci-dade. Dentro de seus corredores, chega um momento em que não é preciso pe-dir informações para encontrar a sala de ensaios: basta prestar atenção no som do coro que se propaga. Ao se aproximar, a música fica cada vez mais clara, trazendo paz para os ouvidos.

O responsável por cuidar das vozes das crianças, é o maestro Marco Aurélio Lis-cht. A carreira musical do regente come-çou no próprio coral: quando criança, ele também foi um menino do Instituto. Após concluir o curso de Canarinho, Lischt manteve o interesse pela área e se formou na Escola de Música da UFRJ. O maes-tro também aprimorou seus conhecimen-tos durante um período de cinco anos na Alemanha, onde estudou e participou de festivais. A experiência de Lischt agora é compartilhada com os jovens petropo-litanos. O resultado desta união conquista plateias do Brasil e de outros países.

A apuração técnica e elementos da música brasileira foram os ingredientes necessários para o sucesso da turnê rea-lizada na Europa em setembro deste ano. Os Canarinhos de Petrópolis participaram de oito concertos e duas missas em cida-des da Áustria, República Tcheca e Ale-manha. Nas apresentações, o grupo usou

um repertório de música sacra brasileira com composições do século 19 e contem-porânea. “Levamos um programa bastan-te exigente em termos de técnica, com muitas dissonâncias. Um repertório bem ousado em termos de música clássica”, conta o maestro. O público se impressio-nou com as apresentações, pois elemen-tos da música latino-americana não são comuns na música sacra. “Vieram falar comigo ‘há muito tempo que a gente ouve coros de meninos vindos de vários luga-res do mundo, mas vocês apresentaram uma proposta totalmente diferente do que estamos acostumados a ouvir’”, relembra orgulhoso.

O desempenho do grupo na Alemanha foi tema de uma crítica publicada no jor-nal Frankfurter Neue Presse, de Frankfurt,

onde uma professora de música apontou que “os jovens cantores não se deixaram intimidar pelos sons dissonantes e a com-plexidade rítmica das peças, apresentan-do-se com grande maestria”.

A experiência também permitiu mos-trar que o Brasil não é só o país do fu-tebol e do Carnaval, mas que também há espaço para outras formas de manifesta-ções artísticas. Além de promover a cul-tura brasileira, a viagem também foi uma oportunidade para os coralistas conhece-rem culturas diferentes.

Treinamento e dedicação

Após a entrevista, a turma volta para a rotina normal de ensaios. O maestro dá

“A apuração técnica e elementos da música brasileira foram os ingredientes necessários para o sucesso da turnê realizada na Europa em setembro deste ano”

EXPERIÊNCIA

O maestro Marco Aurélio

Lischt já foi aluno do Instituto

de Meninos Cantores

PRESTÍGIO

Apresentação do coral

durante a turnê na Europa

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ÃO

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REV

ISTA

ON

TURNÊ

Apresentação na Catedral

de Dresden, na Alemanha

CULTURA

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EruditotropicalMeninos Cantores de Petrópolis conquistam público europeu com repertório brasileiro

POR LEONARDO FARROCO

A tradição do Coral de Meninos Cantores de Petrópolis vem desde 1942. Em sua trajetó-ria, o grupo conquistou pla-

teias nacionais e internacionais. A Revis-ta On foi conferir como é a preparação e qual é a receita de sucesso deste que é um dos principais corais do Brasil. O Ins-tituto de Meninos Cantores de Petrópolis funciona em um prédio no Centro da ci-dade. Dentro de seus corredores, chega um momento em que não é preciso pe-dir informações para encontrar a sala de ensaios: basta prestar atenção no som do coro que se propaga. Ao se aproximar, a música fica cada vez mais clara, trazendo paz para os ouvidos.

O responsável por cuidar das vozes das crianças, é o maestro Marco Aurélio Lis-cht. A carreira musical do regente come-çou no próprio coral: quando criança, ele também foi um menino do Instituto. Após concluir o curso de Canarinho, Lischt manteve o interesse pela área e se formou na Escola de Música da UFRJ. O maes-tro também aprimorou seus conhecimen-tos durante um período de cinco anos na Alemanha, onde estudou e participou de festivais. A experiência de Lischt agora é compartilhada com os jovens petropo-litanos. O resultado desta união conquista plateias do Brasil e de outros países.

A apuração técnica e elementos da música brasileira foram os ingredientes necessários para o sucesso da turnê rea-lizada na Europa em setembro deste ano. Os Canarinhos de Petrópolis participaram de oito concertos e duas missas em cida-des da Áustria, República Tcheca e Ale-manha. Nas apresentações, o grupo usou

um repertório de música sacra brasileira com composições do século 19 e contem-porânea. “Levamos um programa bastan-te exigente em termos de técnica, com muitas dissonâncias. Um repertório bem ousado em termos de música clássica”, conta o maestro. O público se impressio-nou com as apresentações, pois elemen-tos da música latino-americana não são comuns na música sacra. “Vieram falar comigo ‘há muito tempo que a gente ouve coros de meninos vindos de vários luga-res do mundo, mas vocês apresentaram uma proposta totalmente diferente do que estamos acostumados a ouvir’”, relembra orgulhoso.

O desempenho do grupo na Alemanha foi tema de uma crítica publicada no jor-nal Frankfurter Neue Presse, de Frankfurt,

onde uma professora de música apontou que “os jovens cantores não se deixaram intimidar pelos sons dissonantes e a com-plexidade rítmica das peças, apresentan-do-se com grande maestria”.

A experiência também permitiu mos-trar que o Brasil não é só o país do fu-tebol e do Carnaval, mas que também há espaço para outras formas de manifesta-ções artísticas. Além de promover a cul-tura brasileira, a viagem também foi uma oportunidade para os coralistas conhece-rem culturas diferentes.

Treinamento e dedicação

Após a entrevista, a turma volta para a rotina normal de ensaios. O maestro dá

“A apuração técnica e elementos da música brasileira foram os ingredientes necessários para o sucesso da turnê realizada na Europa em setembro deste ano”

EXPERIÊNCIA

O maestro Marco Aurélio

Lischt já foi aluno do Instituto

de Meninos Cantores

PRESTÍGIO

Apresentação do coral

durante a turnê na Europa

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TURNÊ

Apresentação na Catedral

de Dresden, na Alemanha

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instruções para os coralistas sobre a pró-xima etapa de treinamento: o tom usado, quais partes do coral vão participar e em que pontos os alunos podem realizar a respiração. Com os dedos levantados, Lischt observa se os garotos estão pron-tos para começar. A expressão no rosto dos alunos mostra a atenção com que eles

esperam o sinal para começar. Quando o maestro realiza o primeiro movimento com os dedos, as vozes começam a entoar em sincronia o trecho da música sacra.

Ouvidos leigos podem não perceber nada além de uma canção que enche a sala de paz, mas para os ouvidos treina-dos do maestro, qualquer coralista fora do tom ou atrasado soa como um grito. Tão logo alguma perturbação é encontra-da, os alunos recebem o sinal para parar e são orientados sobre quais pontos devem corrigir. É assim, com paciência e dedica-ção em cada etapa que o grupo lapida os integrantes até que todos estejam prontos para uma apresentação.

A receita para o sucesso

Para o maestro Marco Aurélio, o de-sempenho do grupo “depende muito da leva de novos cantores que vão estar no

coral. Depende da ação do regente para, com as dificuldades ou faci-lidades que os cantores têm, saber como tratar ou dar determinado en-foque a uma obra”. Além de se pre-ocupar com os detalhes técnicos da música, também é essencial manter o interesse da turma, para que “não fique uma coisa cansativa, maçante e

chata”, conta o maestro.Mas como enfrentar as difi-

culdades? Ao ser questionado sobre isso, Lischt não pensa duas vezes para respon-der: “se você tem amor e carinho pelo que faz, sabendo conduzir de forma que todos entendam, você consegue cativá-los, mes-mo com música contemporânea, que mui-tas vezes é difícil de entrar no ouvido”.

Música para a vida

Como diria Nietzche, “sem música, a vida seria um erro”. Ainda que a maior parte dos alunos sigam carreiras sem re-lação com a atividade musical, as lições aprendidas no coral os acompanham ao longo da vida.

A experiência a frente do coral permite ao maestro apontar qual é a maior herança que os alunos levam para o resto da vida: “Eu acho que o principal aprendizado é o espírito de grupo. Saber trabalhar em conjunto, em comunidade”. Outra carac-terística que os alunos levam para a vida, mesmo fora da música, é o senso crítico para avaliar produtos artísticos, pois os estudos de teoria musical proporcionam bases sólidas para julgar a elaboração de uma obra.

Mesmo durante o curso, segundo o ma-estro, já é possível perceber o efeito que a convivência e rotina musical têm sobre as crianças. “Muitos pais já chegaram para mim dessa forma: ‘depois que meu filho entrou no coral ele mudou da água para o vinho, ele está mais calmo, carinhoso, ele já não briga tanto com os irmãos’. Resul-tado do trabalho da música”, acredita.

O Instituto

O Coral dos Canarinhos e das Meninas dos Canarinhos de Petrópolis são manti-dos pelo Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis, uma entidade filantrópica, de caráter cultural, sem fins lucrativos e de utilidade pública Federal, fundada

RECONHECIMENTO

O trabalho do coral surpreendeu

a audiência europeia

“Além de se preocupar com os detalhes técnicos da música, também é essencial manter o interesse da turma”

RITMO

As apresentações na Europa usaram

repertório com ritmos europeus e brasileiros

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ÃO

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em 1942. A tradição do coral atravessa gerações. Ao olhar para trás, os jovens encontram diversas realizações: o gru-po já realizou seis turnês internacionais que incluem, além da Europa, os Estados Unidos e a Venezuela. Das viagens, qua-tro apresentações em audiências, foram

com a presença do Papa. Outras marcas do coral foram participações ao lado de algumas das principais orquestras sinfô-nicas do país: a brasileira, a da USP e a da Petrobrás.

Para fazer parte do coral, é necessário passar por um processo seletivo realizado

anualmente, aberto para crianças de to-das as escolas da cidade. Para participar, o candidato deve ter oito anos e estar na terceira série do ensino fundamental. Não é obrigatório ter experiência anterior com música. A seleção avalia atributos como qualidade vocal, disciplina, afinação e ritmo.

Uma vez aprovadas, as crianças pas-sam a frequentar o Curso de Aprendiz de Canarinho, que possui duração de um ano, onde recebem formação musical bá-sica. Os jovens que se adaptam à rotina de treinamento e que demonstram gosto pelo canto passam então para um dos corais do Instituto de Meninos Cantores de Petró-polis: as Meninas dos Canarinhos, sob a regência do maestro Marcelo Vizani; ou dos Canarinhos, com o maestro Marco Aurélio Lischt.

Os alunos podem continuar no coral até completarem 18 anos, uma oportu-nidade de desenvolverem a percepção e competências musicais. A rotina é parti-cipar dos ensaios na parte da manhã, al-moçar e estudar na parte da tarde.

OPORTUNIDADE

Os coristas puderam conhecer

outras culturas durante a viagem

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CULTURA

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R. Dezesseis De MaRço, 327 | Tel: (24) 2231-8610

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instruções para os coralistas sobre a pró-xima etapa de treinamento: o tom usado, quais partes do coral vão participar e em que pontos os alunos podem realizar a respiração. Com os dedos levantados, Lischt observa se os garotos estão pron-tos para começar. A expressão no rosto dos alunos mostra a atenção com que eles

esperam o sinal para começar. Quando o maestro realiza o primeiro movimento com os dedos, as vozes começam a entoar em sincronia o trecho da música sacra.

Ouvidos leigos podem não perceber nada além de uma canção que enche a sala de paz, mas para os ouvidos treina-dos do maestro, qualquer coralista fora do tom ou atrasado soa como um grito. Tão logo alguma perturbação é encontra-da, os alunos recebem o sinal para parar e são orientados sobre quais pontos devem corrigir. É assim, com paciência e dedica-ção em cada etapa que o grupo lapida os integrantes até que todos estejam prontos para uma apresentação.

A receita para o sucesso

Para o maestro Marco Aurélio, o de-sempenho do grupo “depende muito da leva de novos cantores que vão estar no

coral. Depende da ação do regente para, com as dificuldades ou faci-lidades que os cantores têm, saber como tratar ou dar determinado en-foque a uma obra”. Além de se pre-ocupar com os detalhes técnicos da música, também é essencial manter o interesse da turma, para que “não fique uma coisa cansativa, maçante e

chata”, conta o maestro.Mas como enfrentar as difi-

culdades? Ao ser questionado sobre isso, Lischt não pensa duas vezes para respon-der: “se você tem amor e carinho pelo que faz, sabendo conduzir de forma que todos entendam, você consegue cativá-los, mes-mo com música contemporânea, que mui-tas vezes é difícil de entrar no ouvido”.

Música para a vida

Como diria Nietzche, “sem música, a vida seria um erro”. Ainda que a maior parte dos alunos sigam carreiras sem re-lação com a atividade musical, as lições aprendidas no coral os acompanham ao longo da vida.

A experiência a frente do coral permite ao maestro apontar qual é a maior herança que os alunos levam para o resto da vida: “Eu acho que o principal aprendizado é o espírito de grupo. Saber trabalhar em conjunto, em comunidade”. Outra carac-terística que os alunos levam para a vida, mesmo fora da música, é o senso crítico para avaliar produtos artísticos, pois os estudos de teoria musical proporcionam bases sólidas para julgar a elaboração de uma obra.

Mesmo durante o curso, segundo o ma-estro, já é possível perceber o efeito que a convivência e rotina musical têm sobre as crianças. “Muitos pais já chegaram para mim dessa forma: ‘depois que meu filho entrou no coral ele mudou da água para o vinho, ele está mais calmo, carinhoso, ele já não briga tanto com os irmãos’. Resul-tado do trabalho da música”, acredita.

O Instituto

O Coral dos Canarinhos e das Meninas dos Canarinhos de Petrópolis são manti-dos pelo Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis, uma entidade filantrópica, de caráter cultural, sem fins lucrativos e de utilidade pública Federal, fundada

RECONHECIMENTO

O trabalho do coral surpreendeu

a audiência europeia

“Além de se preocupar com os detalhes técnicos da música, também é essencial manter o interesse da turma”

RITMO

As apresentações na Europa usaram

repertório com ritmos europeus e brasileiros

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em 1942. A tradição do coral atravessa gerações. Ao olhar para trás, os jovens encontram diversas realizações: o gru-po já realizou seis turnês internacionais que incluem, além da Europa, os Estados Unidos e a Venezuela. Das viagens, qua-tro apresentações em audiências, foram

com a presença do Papa. Outras marcas do coral foram participações ao lado de algumas das principais orquestras sinfô-nicas do país: a brasileira, a da USP e a da Petrobrás.

Para fazer parte do coral, é necessário passar por um processo seletivo realizado

anualmente, aberto para crianças de to-das as escolas da cidade. Para participar, o candidato deve ter oito anos e estar na terceira série do ensino fundamental. Não é obrigatório ter experiência anterior com música. A seleção avalia atributos como qualidade vocal, disciplina, afinação e ritmo.

Uma vez aprovadas, as crianças pas-sam a frequentar o Curso de Aprendiz de Canarinho, que possui duração de um ano, onde recebem formação musical bá-sica. Os jovens que se adaptam à rotina de treinamento e que demonstram gosto pelo canto passam então para um dos corais do Instituto de Meninos Cantores de Petró-polis: as Meninas dos Canarinhos, sob a regência do maestro Marcelo Vizani; ou dos Canarinhos, com o maestro Marco Aurélio Lischt.

Os alunos podem continuar no coral até completarem 18 anos, uma oportu-nidade de desenvolverem a percepção e competências musicais. A rotina é parti-cipar dos ensaios na parte da manhã, al-moçar e estudar na parte da tarde.

OPORTUNIDADE

Os coristas puderam conhecer

outras culturas durante a viagem

DIV

ULG

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R. Dezesseis De MaRço, 327 | Tel: (24) 2231-8610

A L T O V E R Ã O 2 0 1 2

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26 | revistaon.com.br

COTIDIANO

Mobilização por uma vida melhorPopulação, mídia e familiares de Gabriel Thompson Schanuel Bastos se unem para arrecadar a verba destinada ao tratamento de células-tronco na China. A Revista On ouviu o depoimento das pessoas envolvidas no movimento que mobilizou Petrópolis.

A campanha “Gabriel rumo a China” demonstrou a solida-riedade da população petro-politana em favor do menino

Gabriel, hoje com 12 anos. Aos sábados, os familiares do menino que tem para-lisia cerebral, se reúnem em uma tenda montada no calçadão do colégio Dom Pedro II, na rua do Imperador. O objeti-vo é arrecadar fundos para o tratamento de células-tronco na China, cujo valor chega a R$ 110 mil. O montante inclui alimentação, hospedagem, transporte, intérprete e o próprio tratamento em si. As pessoas que circulam pelo local aca-bam comovendo-se com a situação da criança e contribuem com doações em

dinheiro. A ação em benefício de Ga-briel não conta apenas com o esforço da família, pois a imprensa da cidade tam-bém tem desempenhado um papel fun-damental na divulgação da causa.

Márcia Schanuel Bastos conta que o filho obteve paralisia cerebral após a fal-ta de oxigenação no nascimento. Tanto

ela quanto o marido não esperavam que isso pudesse ocorrer. “A gravidez e os exames foram normais, mas demorou muito para ser feito o parto. Ele ficou 40 dias na UTI e depois começou a fazer o tratamento de equoterapia e fisioterapia que é muito importante, mas lento”, re-lata. Desde então, Márcia e Silvio inicia-ram uma luta contra o tempo para pro-porcionar melhor qualidade de vida para o menino. Foi através de uma reporta-gem sobre células-tronco, exibida no programa “Fantástico”, da “Rede Glo-bo”, em 2009, que as oportunidades sur-giram. “Soubemos do caso de uma me-nina do Recife que foi para a China e a partir daí, começamos a pesquisar sobre

“A gravidez e os exames foram normais, mas demorou muito para ser feito o parto”,explica a mãe Márcia Schanuel Bastos

POR JOSÉ ÂNGELO

FAMÍLIA

Gabriel ao lado dos

pais Silvio e Márcia

FOTOS REVISTA ON

AR

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IVO

PES

SOA

L

o assunto”, lembra. Além disso, Márcia conversou com pessoas ligadas a outros pacientes com o mesmo problema e, em 2010, decidiu organizar um movimento para custear a viagem para o outro lado do mundo.

Rifas de camisas de times de futebol, almoços, jantares dançantes, eventos so-ciais em clubes da cidade e bingos. Tudo isso foi proporcionado com a ajuda de voluntários para angariar verba. “Ano passado, toda a cidade ajudou e até pes-soas de fora. São Paulo, Sul do país, Mi-nas e Três Rios”, comenta Márcia Scha-nuel. Com o dinheiro no bolso, a família partiu rumo a China, onde permaneceu por 45 dias. Para os pais do menino os resultados foram satisfatórios. “Os mé-dicos perceberam uma mudança no Ga-briel, mas acho que a melhoria foi no dia a dia. Antes, ele sempre tinha pneu-

monia, gripe, dor de ouvido e agora, a imunidade mudou. Ele consegue abrir as mãos e se alimenta melhor”, explica.

A necessidade de se fazer novas apli-cações de células-tronco de cordão um-bilical, pelo fato de agirem no organis-mo por um ano, mobilizou mais uma vez os petropolitanos que continuam colabo-rando com depósitos em dinheiro, doa-ções de roupas para venda, eventos em clubes sociais e a divulgação em rádio e televisão. “As pessoas se interessam muito pelo caso dele e se propõem a nos ajudar”, destaca. Assim, como da pri-meira vez, será preciso arrecadar R$ 110 mil. Desta vez, o tratamento será feito em duas etapas, uma delas, aqui no Bra-sil. “Vamos descansar após o retorno da China e no dia 28 de novembro começa a terapia intensiva aqui mesmo, mas ainda não sabemos se será em São Paulo, Rio ou Recife”.

Diante de todo esse movimento de união solidária, também foram registra-

dos casos de pessoas que se passaram por colaboradores da campanha para ganhar dinheiro em benefício próprio. A partir de denúncias, os familiares desco-briram que um homem vendia rifas di-zendo ser para o Gabriel e que uma mu-lher estaria oferecendo fotos da criança no terminal Itaipava. “Ela não tinha dia e nem hora certa pra fazer isso. Soubemos de gente que estava passando uma lista nas ruas pedindo ajuda. Nós chegamos a comunicar a polícia, mas é difícil pe-gar”, explica Márcia Schanuel. Já Silvio Bastos, comenta que em uma ocasião, um homem se passou por ele vendendo canetas. “Ele entrou com crachá da cam-panha dentro do ônibus. O cara chorou e

tudo”, denuncia. Para Bastos, nada disso supera o empenho de promover melho-res condições de vida ao filho. “Isso dá mais força para prosseguirmos. Quando faz equoterapia ou a Márcia não pode fi-car aqui, eu venho. Nos sábados é mais tranquilo porque todos nós estamos reu-nidos”, salienta.

O radialista Laércio Junior, da “Rádio Imperial”, é um dos principais colabora-dores da ação social, pois atua junto com os pais do garoto, desde o início. Para ele, a etapa inicial do movimento foi mais fácil porque Petrópolis estava em período eleitoral. “Hoje, eu estou vendo certa dificuldade”, avalia. Ele ainda des-taca o trabalho feito por todos os setores da sociedade. “O papel da imprensa em mostrar a situação do Gabriel foi impor-tantíssimo e todas as TVs e rádios abri-ram muito espaço para isso. Os clubes da cidade também deram importância e a classe artística ajudou”.

Laércio comentou um ponto sobre a campanha. Em frente à tenda do Gabriel, no calçadão do Cenip, foi colocada uma urna para que os transeuntes depositem R$ 1, caso fosse do interesse deles. O radialista enfatizou que especialmente as crianças e os cidadãos mais pobres se dispõem em ajudar. “Quanto menos as pessoas têm, mais se sensibilizam com o Gabriel. Da mesma forma que têm a di-ficuldade financeira, as pessoas se colo-cam no lugar dos pais. Um garoto pobre chegou com um pote de paçoca e deu o dinheiro que provavelmente ele ganhou com a venda. Têm pessoas que não po-

“Foram registrados casos de pessoas que se passaram por colaboradores da campanha para ganhar dinheiro”

VOLUNTÁRIOS

Cleo, Laércio, Márcia e

Sulvo na tenda do Gabriel

TENDA

A barraca montada no calçadão

do Colégio Dom Pedro

CONTRIBUIÇÃO

Jovem deposita moeda de

R$ 1,00 em urna colocada

para ajudar Gabriel

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27Petrópolis |

COTIDIANO

Mobilização por uma vida melhorPopulação, mídia e familiares de Gabriel Thompson Schanuel Bastos se unem para arrecadar a verba destinada ao tratamento de células-tronco na China. A Revista On ouviu o depoimento das pessoas envolvidas no movimento que mobilizou Petrópolis.

A campanha “Gabriel rumo a China” demonstrou a solida-riedade da população petro-politana em favor do menino

Gabriel, hoje com 12 anos. Aos sábados, os familiares do menino que tem para-lisia cerebral, se reúnem em uma tenda montada no calçadão do colégio Dom Pedro II, na rua do Imperador. O objeti-vo é arrecadar fundos para o tratamento de células-tronco na China, cujo valor chega a R$ 110 mil. O montante inclui alimentação, hospedagem, transporte, intérprete e o próprio tratamento em si. As pessoas que circulam pelo local aca-bam comovendo-se com a situação da criança e contribuem com doações em

dinheiro. A ação em benefício de Ga-briel não conta apenas com o esforço da família, pois a imprensa da cidade tam-bém tem desempenhado um papel fun-damental na divulgação da causa.

Márcia Schanuel Bastos conta que o filho obteve paralisia cerebral após a fal-ta de oxigenação no nascimento. Tanto

ela quanto o marido não esperavam que isso pudesse ocorrer. “A gravidez e os exames foram normais, mas demorou muito para ser feito o parto. Ele ficou 40 dias na UTI e depois começou a fazer o tratamento de equoterapia e fisioterapia que é muito importante, mas lento”, re-lata. Desde então, Márcia e Silvio inicia-ram uma luta contra o tempo para pro-porcionar melhor qualidade de vida para o menino. Foi através de uma reporta-gem sobre células-tronco, exibida no programa “Fantástico”, da “Rede Glo-bo”, em 2009, que as oportunidades sur-giram. “Soubemos do caso de uma me-nina do Recife que foi para a China e a partir daí, começamos a pesquisar sobre

“A gravidez e os exames foram normais, mas demorou muito para ser feito o parto”,explica a mãe Márcia Schanuel Bastos

POR JOSÉ ÂNGELO

FAMÍLIA

Gabriel ao lado dos

pais Silvio e Márcia

FOTOS REVISTA ON

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o assunto”, lembra. Além disso, Márcia conversou com pessoas ligadas a outros pacientes com o mesmo problema e, em 2010, decidiu organizar um movimento para custear a viagem para o outro lado do mundo.

Rifas de camisas de times de futebol, almoços, jantares dançantes, eventos so-ciais em clubes da cidade e bingos. Tudo isso foi proporcionado com a ajuda de voluntários para angariar verba. “Ano passado, toda a cidade ajudou e até pes-soas de fora. São Paulo, Sul do país, Mi-nas e Três Rios”, comenta Márcia Scha-nuel. Com o dinheiro no bolso, a família partiu rumo a China, onde permaneceu por 45 dias. Para os pais do menino os resultados foram satisfatórios. “Os mé-dicos perceberam uma mudança no Ga-briel, mas acho que a melhoria foi no dia a dia. Antes, ele sempre tinha pneu-

monia, gripe, dor de ouvido e agora, a imunidade mudou. Ele consegue abrir as mãos e se alimenta melhor”, explica.

A necessidade de se fazer novas apli-cações de células-tronco de cordão um-bilical, pelo fato de agirem no organis-mo por um ano, mobilizou mais uma vez os petropolitanos que continuam colabo-rando com depósitos em dinheiro, doa-ções de roupas para venda, eventos em clubes sociais e a divulgação em rádio e televisão. “As pessoas se interessam muito pelo caso dele e se propõem a nos ajudar”, destaca. Assim, como da pri-meira vez, será preciso arrecadar R$ 110 mil. Desta vez, o tratamento será feito em duas etapas, uma delas, aqui no Bra-sil. “Vamos descansar após o retorno da China e no dia 28 de novembro começa a terapia intensiva aqui mesmo, mas ainda não sabemos se será em São Paulo, Rio ou Recife”.

Diante de todo esse movimento de união solidária, também foram registra-

dos casos de pessoas que se passaram por colaboradores da campanha para ganhar dinheiro em benefício próprio. A partir de denúncias, os familiares desco-briram que um homem vendia rifas di-zendo ser para o Gabriel e que uma mu-lher estaria oferecendo fotos da criança no terminal Itaipava. “Ela não tinha dia e nem hora certa pra fazer isso. Soubemos de gente que estava passando uma lista nas ruas pedindo ajuda. Nós chegamos a comunicar a polícia, mas é difícil pe-gar”, explica Márcia Schanuel. Já Silvio Bastos, comenta que em uma ocasião, um homem se passou por ele vendendo canetas. “Ele entrou com crachá da cam-panha dentro do ônibus. O cara chorou e

tudo”, denuncia. Para Bastos, nada disso supera o empenho de promover melho-res condições de vida ao filho. “Isso dá mais força para prosseguirmos. Quando faz equoterapia ou a Márcia não pode fi-car aqui, eu venho. Nos sábados é mais tranquilo porque todos nós estamos reu-nidos”, salienta.

O radialista Laércio Junior, da “Rádio Imperial”, é um dos principais colabora-dores da ação social, pois atua junto com os pais do garoto, desde o início. Para ele, a etapa inicial do movimento foi mais fácil porque Petrópolis estava em período eleitoral. “Hoje, eu estou vendo certa dificuldade”, avalia. Ele ainda des-taca o trabalho feito por todos os setores da sociedade. “O papel da imprensa em mostrar a situação do Gabriel foi impor-tantíssimo e todas as TVs e rádios abri-ram muito espaço para isso. Os clubes da cidade também deram importância e a classe artística ajudou”.

Laércio comentou um ponto sobre a campanha. Em frente à tenda do Gabriel, no calçadão do Cenip, foi colocada uma urna para que os transeuntes depositem R$ 1, caso fosse do interesse deles. O radialista enfatizou que especialmente as crianças e os cidadãos mais pobres se dispõem em ajudar. “Quanto menos as pessoas têm, mais se sensibilizam com o Gabriel. Da mesma forma que têm a di-ficuldade financeira, as pessoas se colo-cam no lugar dos pais. Um garoto pobre chegou com um pote de paçoca e deu o dinheiro que provavelmente ele ganhou com a venda. Têm pessoas que não po-

“Foram registrados casos de pessoas que se passaram por colaboradores da campanha para ganhar dinheiro”

VOLUNTÁRIOS

Cleo, Laércio, Márcia e

Sulvo na tenda do Gabriel

TENDA

A barraca montada no calçadão

do Colégio Dom Pedro

CONTRIBUIÇÃO

Jovem deposita moeda de

R$ 1,00 em urna colocada

para ajudar Gabriel

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dem doar, mas se comovem”, exempli-fica.

A apresentadora de televisão, Cléo de Marco, também abraçou o movimen-to solidário. Ela parabeniza a iniciativa da sociedade, entretanto, critica a falta de atenção do poder público e da classe empresarial. “A ajuda do povo é inigua-lável, mas o que decepciona são os polí-ticos. Os empresários também poderiam ajudar mais. Essa é uma campanha séria. Qualquer pessoa que chega na barraca, a Márcia mostra o extrato bancário e ex-plica como é feito todo o tratamento da criança. O Governo Federal deveria ter um fundo para ajudar essas mães”, afirma.

Análise do Especialista

O médico Luiz Felipe Pinto Duarte é neurofisiatra infantil desde 1973 e filho de Júlio Pinto Duarte, médico pioneiro no desenvolvimento da reabilitação nos casos de paralisia cerebral. De acordo com ele, esta doença não inibe, neces-sariamente, os movimentos no corpo. “É cerebral porque não afeta só o cérebro e sim outras estruturas do sistema nervoso central. Esse comprometimento é devido

a uma série de causas, sejam de natureza circulatória, infecciosa, traumática”, ex-plica o neurologista.

Segundo Luiz Felipe, esta doença do encéfalo é crônica e não evolutiva, contudo, os distúrbios podem piorar o controle do movimento com a falta de reabilitação. “Em casos mais leves, observa-se atraso no desenvolvimento

sensório psicomotor. De outra maneira, a lesão da estrutura do encéfalo é per-manente, isto é, não tem recuperação, mesmo com a denominada reabilitação neurofuncional. Quanto mais cedo for realizado o diagnóstico e o tratamento, melhor são os prognósticos, principal-mente nos casos leves e moderados”, comenta. O neurofisiatra lembra que o atendimento de pessoas com paralisia cerebral deve ser multi e interdisciplinar e de preferência em centros de reabilita-ção que congregam profissionais da área da reabilitação especializada. A obten-ção dos resultados depende da formação do médico, dos terapeutas e da condição terapêutica.

Como instrutor do conceito “Boba-th”, tipo especial de tratamento neuro-funcional, Luiz Felipe considera que os familiares de pacientes portadores da doença devem estar conscientes do ver-dadeiro diagnóstico para que se obtenha resultados satisfatórios. “Nos casos mais graves e naqueles após longo tempo de tratamento sem sucesso, as deformi-dades do sistema muscular, articular e ósseo devem ser corrigidos cirurgica-mente. Novas técnicas terapêuticas, ain-da em pesquisa, têm sido preconizadas para certos casos de paralisia cerebral havendo a necessidade do controle neu-rofisiátrico continuamente. Os exames complementares para esta doença são essenciais para se definir o melhor tra-tamento”, ratifica. Ainda de acordo com o especialista, o tratamento torna-se efi-caz quando é realizado diariamente, se possível, duas vezes ao dia, o que seria um regime terapêutico de internato ou semi-internato estando nas possibilida-des sócio-financeiras das pessoas e do entendimento dos sistemas públicos de saúde.

ANIMAÇÃO

Grupo teatral Tindolelê

anima a campanha do Gabriel

COTIDIANO

ESPECIALISTA

Para o neurofi siatra infantil, Luiz Felipe

Pinto Duarte, essa doença afeta o cérebro

e outras estruturas do sistema nervoso

central

Como ajudar o Gabriel

DoaçõesBanco: ItaúAgência: 7965Poupança: 01230-0/500Gabriel Thompson Schanuel BastosInformações: (24) 2280-0663 e (24) 8838-7184, com Márcia ou Silvio.

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dem doar, mas se comovem”, exempli-fica.

A apresentadora de televisão, Cléo de Marco, também abraçou o movimen-to solidário. Ela parabeniza a iniciativa da sociedade, entretanto, critica a falta de atenção do poder público e da classe empresarial. “A ajuda do povo é inigua-lável, mas o que decepciona são os polí-ticos. Os empresários também poderiam ajudar mais. Essa é uma campanha séria. Qualquer pessoa que chega na barraca, a Márcia mostra o extrato bancário e ex-plica como é feito todo o tratamento da criança. O Governo Federal deveria ter um fundo para ajudar essas mães”, afirma.

Análise do Especialista

O médico Luiz Felipe Pinto Duarte é neurofisiatra infantil desde 1973 e filho de Júlio Pinto Duarte, médico pioneiro no desenvolvimento da reabilitação nos casos de paralisia cerebral. De acordo com ele, esta doença não inibe, neces-sariamente, os movimentos no corpo. “É cerebral porque não afeta só o cérebro e sim outras estruturas do sistema nervoso central. Esse comprometimento é devido

a uma série de causas, sejam de natureza circulatória, infecciosa, traumática”, ex-plica o neurologista.

Segundo Luiz Felipe, esta doença do encéfalo é crônica e não evolutiva, contudo, os distúrbios podem piorar o controle do movimento com a falta de reabilitação. “Em casos mais leves, observa-se atraso no desenvolvimento

sensório psicomotor. De outra maneira, a lesão da estrutura do encéfalo é per-manente, isto é, não tem recuperação, mesmo com a denominada reabilitação neurofuncional. Quanto mais cedo for realizado o diagnóstico e o tratamento, melhor são os prognósticos, principal-mente nos casos leves e moderados”, comenta. O neurofisiatra lembra que o atendimento de pessoas com paralisia cerebral deve ser multi e interdisciplinar e de preferência em centros de reabilita-ção que congregam profissionais da área da reabilitação especializada. A obten-ção dos resultados depende da formação do médico, dos terapeutas e da condição terapêutica.

Como instrutor do conceito “Boba-th”, tipo especial de tratamento neuro-funcional, Luiz Felipe considera que os familiares de pacientes portadores da doença devem estar conscientes do ver-dadeiro diagnóstico para que se obtenha resultados satisfatórios. “Nos casos mais graves e naqueles após longo tempo de tratamento sem sucesso, as deformi-dades do sistema muscular, articular e ósseo devem ser corrigidos cirurgica-mente. Novas técnicas terapêuticas, ain-da em pesquisa, têm sido preconizadas para certos casos de paralisia cerebral havendo a necessidade do controle neu-rofisiátrico continuamente. Os exames complementares para esta doença são essenciais para se definir o melhor tra-tamento”, ratifica. Ainda de acordo com o especialista, o tratamento torna-se efi-caz quando é realizado diariamente, se possível, duas vezes ao dia, o que seria um regime terapêutico de internato ou semi-internato estando nas possibilida-des sócio-financeiras das pessoas e do entendimento dos sistemas públicos de saúde.

ANIMAÇÃO

Grupo teatral Tindolelê

anima a campanha do Gabriel

COTIDIANO

ESPECIALISTA

Para o neurofi siatra infantil, Luiz Felipe

Pinto Duarte, essa doença afeta o cérebro

e outras estruturas do sistema nervoso

central

Como ajudar o Gabriel

DoaçõesBanco: ItaúAgência: 7965Poupança: 01230-0/500Gabriel Thompson Schanuel BastosInformações: (24) 2280-0663 e (24) 8838-7184, com Márcia ou Silvio.

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Lá vem otrem da Serra Luta, sonho, esperança e determinação. Quatro palavras defi nem o que diversas instituições buscam há mais de oito anos. O resgate de uma parte da primeira ferrovia instalada no Brasil, a Estrada de Ferro Príncipe do Grão-Pará, extensão da Estrada de Ferro Mauá - construída por Irineu Evangelista de Sousa, o Visconde de Mauá - é indicada como solução para o transporte e opção para o turismo.

POR ALINE RICKLY

COTIDIANO

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31Petrópolis |

Lá vem otrem da Serra Luta, sonho, esperança e determinação. Quatro palavras defi nem o que diversas instituições buscam há mais de oito anos. O resgate de uma parte da primeira ferrovia instalada no Brasil, a Estrada de Ferro Príncipe do Grão-Pará, extensão da Estrada de Ferro Mauá - construída por Irineu Evangelista de Sousa, o Visconde de Mauá - é indicada como solução para o transporte e opção para o turismo.

POR ALINE RICKLY

A ideia começou na rodovia, dentro de um táxi que seguia viagem de Petrópolis para o Rio. O caminho da Estrada de

Ferro Príncipe do Grão-Pará ainda exis-te, alguns reparos são necessários, bas-ta apenas investir em um trecho de seis quilômetros de trilhos que liga a Serra da Estrela, em Petrópolis, à Vila Inhomirim, em Magé. Esta foi a sugestão que o taxis-ta Osmar Cabral, 73, apresentou ao pre-feito da cidade em 2003.

Osmar levava, como de costume, o empresário que trabalha com projetos de interiores ferroviários – Otávio Henrique Ilha Campos, 54, ao Rio e conversavam muito durante o trajeto. Dali surgiu o sonho de ver a ferrovia reativada. Esta proposta encantou boa parte da sociedade petropolitana. “O trem vai levar os passa-geiros até o Rio. É um meio de transporte que não pega engarrafamento, não tem pedágio, a pessoa vai poder deixar o car-ro em casa e quando descer do trem pode pegar um metrô, ou seja, ela fica livre do trânsito”, explicou Osmar.

Otávio é engenheiro e também se entu-siasmou com o parecer do taxista. “Traba-lho há 35 anos com transporte ferroviário de passageiros e considero esta iniciati-va muito importante para Petrópolis. Os ônibus não são preparados para trafegar naquele tipo de caminho do meio da ser-ra, são muitas curvas fechadas e existe o perigo constante de Ws. O meio de con-dução sobre os trilhos é o correto, vários países já descobriram isso, menos o Bra-sil. Restaurar a Príncipe do Grão-Pará é resgatar a história do país, já que ela faz parte da primeira ferrovia que foi instala-da aqui”, enfatizou Otávio.

Ainda em 2003 surgiu o GAPP (Grupo de apaixonados por Petrópolis), liderado por Osmar. Em 2008 foi montado pelo Comtur (Conselho Municipal de Turis-mo), o intitulado GT- Trem coordenado pela funcionária do Museu Imperial, Isa-bela Verleun. Juntos reuniram forças ao vincular todos os órgãos que lutam para restabelecer a ligação ferroviária Petró-polis – Rio. “O GT- Trem conta com 20 instituições, entre elas o IPHAN (Instituto Histórico e Artístico Nacional), o GAPP, a AFPF (Associação Fluminense de Pre-servação Ferroviária Regional Petrópo-lis), a CDL (Câmara de Dirigentes Lojis-tas), a Firjan (Federação das Indústrias do

Estado do Rio de Janeiro), entre outros. Todas estas organizações batalham em prol da reativação da estrada de ferro. É uma alternativa turística e de transpor-te, além de ser uma causa que vai trazer movimento e benefícios para Petrópolis”, destacou Isabela.

Uma das vantagens geradas é que, para ser cidade sede da Copa em 2014 e das Olimpíadas em 2016, Petrópolis precisa de no mínimo dois modais de acesso e hoje só conta com o rodoviário. As alter-nativas são os transportes aéreo, marítimo ou ferroviário. “Não dá para vir de avião, nem de barco, então a única opção é o trem”, acrescentou Isabela.

Dois estudos já foram realizados para constatar a probabilidade da reconstrução desta via férrea. Um deles foi feito pela ABPF (Associação Brasileira de Preser-vação Ferroviária) e é considerado um projeto de viabilidade técnico-econômico e o outro foi feito pelo presidente da As-sociação Fluminense de Preservação Fer-roviária, Antônio Pastori. “O meu inte-

resse pela volta da Grão-Pará aumentou em 2003, quando eu comecei o Mestrado em Economia. Eu trabalhava no BNDES, no Departamento de Transportes e Logís-tica e tinha acesso a muitas informações que possibilitavam uma análise da recu-peração dessa ferrovia. A defesa foi em 2007 e consegui mostrar que reinstalando os seis quilômetros de trilhos do plano in-clinado da Serra da Estrela, seria possível restabelecer a conexão ferroviária com o Rio de Janeiro, pois da Raiz da Serra até a Estação Barão de Mauá (que fica no cen-tro do Rio), ainda existem 49 km de tri-lhos numa linha subutilizada”, comentou.

Para Pastori, a utilização da estrada de ferro é a alternativa lógica para os con-gestionamentos. “Quando morava em Petrópolis e ia para o Rio, perdia horas preciosas no trânsito”, diz. O presidente da AFPF também ressalta que o projeto mostra que, para resolver a situação caó-tica do transporte público, será necessária a combinação com outros modais, sendo que aqueles sobre trilhos são as melhores

O caminho da Estrada de Ferro Príncipe do Grão-Pará ainda existe, alguns reparos são necessários, basta apenas investir em um trecho de seis quilômetros de trilhos que liga a Serra da Estrela, em Petrópolis, à Vila Inhomirim, em Magé.

OUTRORA

O trem subindo no meio da Serra

DESASTRE

Em 1963, um acidente deixou três

mortos

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opções. “A Europa descobriu isso a deze-nas de anos”.

Em 2008, alunos da FGV (Fundação Getúlio Vargas), fizeram uma pesquisa chamada “A volta do Trem da Serra” na qual foi verificado que 83% da população quer o trem de volta. Além dessa pesquisa existe um manifesto na internet [manifes-tolivre.com.br] com 2.750 assinaturas e depoimentos favoráveis. “A ideia não é que seja utilizada a “Maria Fumaça” do passado, mas sim modernos trens elétri-cos, rápidos, seguros, confortáveis e não poluentes”, exaltou Pastori.

Rachel Wider, 21, é formada em tu-rismo e confia que esta conexão trará benefícios diversos para a cidade. “É a existência de um novo meio de transporte para participar ativamente da Copa e das Olimpíadas que não é afetado diretamen-te pelos problemas de tráfego. Do ponto de vista turístico temos outras vantagens, como a criação de um atrativo que se en-caixa perfeitamente na economia da ex-periência, que visa oferecer aos visitantes emoções únicas dentro de uma viagem. Com o caminho de ferro em atividade, te-remos, então, duas possibilidades: o aten-dimento daqueles que precisam chegar à

cidade e não querem utilizar o transporte rodoviário. Teremos um forte produto turístico que, com uma adequada gestão, poderá atingir tanto segmentos de um pú-blico mais seleto com a criação de vagões específicos, como também uma maneira única de conhecer a Cidade Imperial e a beleza da Serra”, acredita.

Tendo em vista a aproximação destes dois eventos de grande porte que serão realizados no Estado, a Copa em 2014 e as Olimpíadas em 2016, a ideia é que o trem seja ligado ao sistema da SuperVia, chegando à Estação Barão de Mauá e ao Maracanã sem enfrentar trânsito, nem lotação. Cada vagão irá suportar 120 pas-sageiros e vai possibilitar a mobilidade humana.

Segundo o diretor de Turismo Aníbal Duarte, este será um diferencial no âmbito do Estado. “O governador Sérgio Cabral sancionou em 2010 uma lei que declara a reativação da Príncipe do Grão-Pará como de interesse econômico e turístico para o Rio de Janeiro. Este é um investimento de R$ 70 milhões que, na medida em que o Termo de Cooperação Técnica for assina-do e os recursos financeiros forem viabi-lizados pelo governo do Estado, podere-mos ter a expectativa de concretização até 2014”, afirmou.

Ainda assim, não há ainda previsão para o início das obras visto que é neces-sária uma elaboração dos projetos de en-genharia para subsidiar as etapas seguintes do processo de concretização da reativa-ção. Mas para dar início a esta ação é pre-ciso a assinatura do Termo de Cooperação Técnica entre o governo do Estado do Rio de Janeiro e os municípios envolvidos. Pe-trópolis já enviou este termo assinado na qual declara a integral concordância para o restabelecimento da ferrovia. A Prefei-tura de Magé ainda não enviou o termo. A Revista On tentou entrar em contato com a assessoria de comunicação do municí-pio, mas não obteve sucesso.

Outra medida a ser tomada está rela-cionada ao mapeamento das famílias que ocupam irregularmente o leito da Grão – Pará. Isaac Kayat, 77, é o coordenador administrativo da Associação Fluminense de Preservação Ferroviária - Núcleo Re-gional/ Petrópolis e também integrante do GAPP. Para ele, é indispensável que seja feito um levantamento da população que construiu suas casas no entorno da linha

férrea, assim como uma fotografia aé-rea daquele espaço. “Nós buscamos este objetivo porque será vantajoso. Nós so-mos idealistas porque lutamos, reagimos e brigamos, tudo por acreditar que esta medida é a mais correta a ser tomada. O investimento será alto, mas é um meio de transporte mais barato além de ser menos poluente”.

A respeito das famílias irregulares, Isabela Verleun concorda que mesmo não sendo obrigatória a indenização, é necessário dar um destino digno a essas pessoas, seja em dinheiro ou dispor de um terreno para que sejam construídas casas populares. “A gente entende que a prefei-tura tem outras obrigações, mas é nosso papel transformar isso numa prioridade”, argumentou.

Se depender dos moradores o projeto sai o mais rápido possível, como expli-ca a presidente da Ammes (Associação de Moradores do Meio da Serra), Balkis Zarlotti, 40. “A maioria das pessoas que residem aqui no Meio da Serra são favo-ráveis à volta do trem. No começo eles estavam com receio porque o novo real-mente assusta, mas após algumas reuniões que fizemos para explicar a totalidade do estudo, foi aceito mais facilmente. Com o restabelecimento desta via podemos falar em crescimento, opção para o turismo, sem contar no investimento na comuni-dade que é tanto carente como pequena e simples”.

O aposentado Célio Roberto Gastaldo, 65, é morador do Meio da Serra e concor-da que será uma iniciativa positiva para o turismo, no entanto, não deixa de mencio-

FOTO ATUAL

Cerca de 250 famílias terão

que ser removidas do leito

da Grão-Pará

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Viaduto da Grota

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“O meio de condução sobre os trilhos é o correto, vários países já descobriram isso, menos o Brasil. Restaurar a Príncipe do Grão-Pará é resgatar a história do país, já que ela faz parte da primeira ferrovia que foi instalada aqui”,empresário, Otávio Campos

nar que a rodovia facilitou muito a vida de quem mora na região, pois o trem transi-tava em poucos horários, já os ônibus têm toda hora. “Quando foi extinta a Príncipe do Grão-Pará o país estava vivendo um momento conturbado, os ferroviários vi-viam em greve”, lembrou. Célio também recordou que estava presente na última viagem daquele vagão. “Eu tinha ido me alistar, na época tinha 17 anos e quando voltei veio a notícia de que não teria mais o trem. No dia seguinte eu tinha que vol-tar ao batalhão e felizmente já havia uma lotação para fazer o transporte dos passa-geiros”, relembra.

Com estudos prontos e com o núme-ro de pessoas envolvidas neste projeto, acredita-se que, em breve, Petrópolis con-tará com mais este meio de transporte, relembrando tempos antigos e, ao mesmo tempo, almejando o desenvolvimento. “É uma obra que se faz em menos de um ano. Nós somos muito ativos e temos muitas pessoas engajadas para que este sonho se realize. Tratamos desse assunto com o co-ração”, finaliza Kayat.

Dados Históricos

A Estrada de Ferro Mauá foi inaugurada no dia 30 de abril de 1854 em seu trecho inicial, num espaço de 14,5 km. Mais tarde foi prolonga-da, chegando a 15,19 km. O intervalo ferroviário seguia da Estação Guia de Pacobaí-ba (antiga Estação Mauá), no atual município de Magé, até Fragoso.

A extensão até Raiz da Serra (Vila Inhomirim ou Fragoso) se deu em 1856, onde se iniciaria a subida por cremalheira (entre os trilhos uma peça metálica que encai-xa numa parte do trem) para Petrópolis e Areal.

Em 19 de fevereiro de 1883 aconteceu a inauguração da Estrada de Ferro Prínci-pe do Grão-Pará. No total, eram percor-ridos 6 km e na primeira viagem contou com a presença do ilustre Imperador do

Brasil, D. Pedro II. A estrada de ferro esteve ativa por

mais de 80 anos. Ela fazia o transporte de cargas e passageiros pela mata atlântica. Porém, no dia 5 de novembro de 1964, o ramal ferroviário foi considerado antieco-nômico e o tráfego foi suspenso. Na oca-sião os trilhos foram arrancados.

MEMBROS DO GAPP

O taxista Osmar Cabral junto com o coordenador

administrativo da associação Fluminense de Preservação

Ferroviária - Núcleo Regional Petrópolis, Isaac Kayat

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COTIDIANO

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opções. “A Europa descobriu isso a deze-nas de anos”.

Em 2008, alunos da FGV (Fundação Getúlio Vargas), fizeram uma pesquisa chamada “A volta do Trem da Serra” na qual foi verificado que 83% da população quer o trem de volta. Além dessa pesquisa existe um manifesto na internet [manifes-tolivre.com.br] com 2.750 assinaturas e depoimentos favoráveis. “A ideia não é que seja utilizada a “Maria Fumaça” do passado, mas sim modernos trens elétri-cos, rápidos, seguros, confortáveis e não poluentes”, exaltou Pastori.

Rachel Wider, 21, é formada em tu-rismo e confia que esta conexão trará benefícios diversos para a cidade. “É a existência de um novo meio de transporte para participar ativamente da Copa e das Olimpíadas que não é afetado diretamen-te pelos problemas de tráfego. Do ponto de vista turístico temos outras vantagens, como a criação de um atrativo que se en-caixa perfeitamente na economia da ex-periência, que visa oferecer aos visitantes emoções únicas dentro de uma viagem. Com o caminho de ferro em atividade, te-remos, então, duas possibilidades: o aten-dimento daqueles que precisam chegar à

cidade e não querem utilizar o transporte rodoviário. Teremos um forte produto turístico que, com uma adequada gestão, poderá atingir tanto segmentos de um pú-blico mais seleto com a criação de vagões específicos, como também uma maneira única de conhecer a Cidade Imperial e a beleza da Serra”, acredita.

Tendo em vista a aproximação destes dois eventos de grande porte que serão realizados no Estado, a Copa em 2014 e as Olimpíadas em 2016, a ideia é que o trem seja ligado ao sistema da SuperVia, chegando à Estação Barão de Mauá e ao Maracanã sem enfrentar trânsito, nem lotação. Cada vagão irá suportar 120 pas-sageiros e vai possibilitar a mobilidade humana.

Segundo o diretor de Turismo Aníbal Duarte, este será um diferencial no âmbito do Estado. “O governador Sérgio Cabral sancionou em 2010 uma lei que declara a reativação da Príncipe do Grão-Pará como de interesse econômico e turístico para o Rio de Janeiro. Este é um investimento de R$ 70 milhões que, na medida em que o Termo de Cooperação Técnica for assina-do e os recursos financeiros forem viabi-lizados pelo governo do Estado, podere-mos ter a expectativa de concretização até 2014”, afirmou.

Ainda assim, não há ainda previsão para o início das obras visto que é neces-sária uma elaboração dos projetos de en-genharia para subsidiar as etapas seguintes do processo de concretização da reativa-ção. Mas para dar início a esta ação é pre-ciso a assinatura do Termo de Cooperação Técnica entre o governo do Estado do Rio de Janeiro e os municípios envolvidos. Pe-trópolis já enviou este termo assinado na qual declara a integral concordância para o restabelecimento da ferrovia. A Prefei-tura de Magé ainda não enviou o termo. A Revista On tentou entrar em contato com a assessoria de comunicação do municí-pio, mas não obteve sucesso.

Outra medida a ser tomada está rela-cionada ao mapeamento das famílias que ocupam irregularmente o leito da Grão – Pará. Isaac Kayat, 77, é o coordenador administrativo da Associação Fluminense de Preservação Ferroviária - Núcleo Re-gional/ Petrópolis e também integrante do GAPP. Para ele, é indispensável que seja feito um levantamento da população que construiu suas casas no entorno da linha

férrea, assim como uma fotografia aé-rea daquele espaço. “Nós buscamos este objetivo porque será vantajoso. Nós so-mos idealistas porque lutamos, reagimos e brigamos, tudo por acreditar que esta medida é a mais correta a ser tomada. O investimento será alto, mas é um meio de transporte mais barato além de ser menos poluente”.

A respeito das famílias irregulares, Isabela Verleun concorda que mesmo não sendo obrigatória a indenização, é necessário dar um destino digno a essas pessoas, seja em dinheiro ou dispor de um terreno para que sejam construídas casas populares. “A gente entende que a prefei-tura tem outras obrigações, mas é nosso papel transformar isso numa prioridade”, argumentou.

Se depender dos moradores o projeto sai o mais rápido possível, como expli-ca a presidente da Ammes (Associação de Moradores do Meio da Serra), Balkis Zarlotti, 40. “A maioria das pessoas que residem aqui no Meio da Serra são favo-ráveis à volta do trem. No começo eles estavam com receio porque o novo real-mente assusta, mas após algumas reuniões que fizemos para explicar a totalidade do estudo, foi aceito mais facilmente. Com o restabelecimento desta via podemos falar em crescimento, opção para o turismo, sem contar no investimento na comuni-dade que é tanto carente como pequena e simples”.

O aposentado Célio Roberto Gastaldo, 65, é morador do Meio da Serra e concor-da que será uma iniciativa positiva para o turismo, no entanto, não deixa de mencio-

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Cerca de 250 famílias terão

que ser removidas do leito

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construido em 1982

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nar que a rodovia facilitou muito a vida de quem mora na região, pois o trem transi-tava em poucos horários, já os ônibus têm toda hora. “Quando foi extinta a Príncipe do Grão-Pará o país estava vivendo um momento conturbado, os ferroviários vi-viam em greve”, lembrou. Célio também recordou que estava presente na última viagem daquele vagão. “Eu tinha ido me alistar, na época tinha 17 anos e quando voltei veio a notícia de que não teria mais o trem. No dia seguinte eu tinha que vol-tar ao batalhão e felizmente já havia uma lotação para fazer o transporte dos passa-geiros”, relembra.

Com estudos prontos e com o núme-ro de pessoas envolvidas neste projeto, acredita-se que, em breve, Petrópolis con-tará com mais este meio de transporte, relembrando tempos antigos e, ao mesmo tempo, almejando o desenvolvimento. “É uma obra que se faz em menos de um ano. Nós somos muito ativos e temos muitas pessoas engajadas para que este sonho se realize. Tratamos desse assunto com o co-ração”, finaliza Kayat.

Dados Históricos

A Estrada de Ferro Mauá foi inaugurada no dia 30 de abril de 1854 em seu trecho inicial, num espaço de 14,5 km. Mais tarde foi prolonga-da, chegando a 15,19 km. O intervalo ferroviário seguia da Estação Guia de Pacobaí-ba (antiga Estação Mauá), no atual município de Magé, até Fragoso.

A extensão até Raiz da Serra (Vila Inhomirim ou Fragoso) se deu em 1856, onde se iniciaria a subida por cremalheira (entre os trilhos uma peça metálica que encai-xa numa parte do trem) para Petrópolis e Areal.

Em 19 de fevereiro de 1883 aconteceu a inauguração da Estrada de Ferro Prínci-pe do Grão-Pará. No total, eram percor-ridos 6 km e na primeira viagem contou com a presença do ilustre Imperador do

Brasil, D. Pedro II. A estrada de ferro esteve ativa por

mais de 80 anos. Ela fazia o transporte de cargas e passageiros pela mata atlântica. Porém, no dia 5 de novembro de 1964, o ramal ferroviário foi considerado antieco-nômico e o tráfego foi suspenso. Na oca-sião os trilhos foram arrancados.

MEMBROS DO GAPP

O taxista Osmar Cabral junto com o coordenador

administrativo da associação Fluminense de Preservação

Ferroviária - Núcleo Regional Petrópolis, Isaac Kayat

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La passione di Donato D'Angelo

Ele nasceu em Petrópolis no ano de 1919 e com apenas 20 anos formou-se pela Faculdade Fluminense de Medicina. Foi chefe de clínica do Serviço de Ortopedia e Traumatologia do hospital Santa Teresa. Pai de seis fi lhos, avô de 17 netos e oito bisnetos, dedicou a vida à medicina e aos estudos para o avanço da ortopedia, sua especialidade. Médico e amigo da família do cantor Roberto Carlos, Donato D’Angelo se tornou referência na cidade petropolitana onde mora com a esposa Wanda, com quem é casado há 66 anos.

POR RAFAEL MORAES

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La passione di Donato D'Angelo

Ele nasceu em Petrópolis no ano de 1919 e com apenas 20 anos formou-se pela Faculdade Fluminense de Medicina. Foi chefe de clínica do Serviço de Ortopedia e Traumatologia do hospital Santa Teresa. Pai de seis fi lhos, avô de 17 netos e oito bisnetos, dedicou a vida à medicina e aos estudos para o avanço da ortopedia, sua especialidade. Médico e amigo da família do cantor Roberto Carlos, Donato D’Angelo se tornou referência na cidade petropolitana onde mora com a esposa Wanda, com quem é casado há 66 anos.

POR RAFAEL MORAES

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A história de Donato começa muito antes de seu nascimen-to, quando o pai - João Gio-vani D’Angelo -, um o imi-

grante Italiano, chegou ao Brasil. Depois de firmar moradia e ver um mercado de trabalho atrativo, trouxe os irmãos para a cidade imperial. De carregador de caixa a empresário, João se casou com Catharina Kling, uma descendente direta dos Ale-mães colonizadores de Petrópolis. Esse matrimônio resultou em apenas um filho, o pequeno Donato.

Ele é casado há 66 anos com Wanda D’Angelo, 84, a qual ainda mantém um respeito imensurável pelo marido. “A boda de ouro já ficou para trás há 16 anos [risos]”, se diverte. “Nós erámos novos [quando casaram]. Fomos apresentados na confeitaria do meu sogro que fica-va na atual rua do Imperador, antiga rua XV de novembro. Essa confeitaria era frequentada pela alta sociedade carioca que vinha passar o verão em Petrópolis. Getúlio Vargas, por exemplo, sempre ia lá fazer um lanche”, relembra. Segundo ela, o lugar era o ponto de encontro dos

jovens. “Na época eu tinha 16 anos e ele, entre 23 e 24 anos. Quem nos apresentou na época foi o jornalista Jacinto, um caris-mático colunista social. Eu era do colégio Santa Catarina e ia para o cinema com as amigas e ele [Donato] já tinha me visto, mas não tinha coragem de se aproximar”, recorda o flerte com o marido, agora ado-entado por conta de um AVC (Acidente Vascular Cerebral).

Apaixonado por medicina, o jovem in-gressou na faculdade aos 14 anos. Depois de formado na Faculdade Fluminense em Niterói, foi responsável por trazer a ortopedia para Petrópolis. Aliás, este ser-viço leva o nome do precursor, fato que foi lembrado no dia 22 de outubro, junto com o dia do médico, quando festejaram 60 anos de ortopedia no hospital Santa Tereza.

Donato também atuava no Rio de Ja-neiro, onde tinha uma grande clínica particular. Ela funciona até hoje, mas é gerenciada por assistentes. “Quando completou 80 anos, achou que não pode-ria mais realizar cirurgias, foi quando mu-damos definitivamente para Petrópolis, onde ele mantinha um serviço de ortope-dia e continuou trabalhando. No entanto,

infelizmente, oito anos depois ele teve o AVC”, diz inconformada.

Como professor, dava aula na faculda-de de medicina de Petrópolis. Foram 40 anos repassando o conhecimento adquiri-do por toda vida. “Participava de muitos congressos fora do país. Conhecemos a Europa inteira, sempre participando de

MEDICINA

A foto registra a formatura

na profi ssão que sempre

sonhou

“Apaixonado por medicina, o jovem ingressou na faculdade aos 14 anos.”

APOSENTADORIA

Quando completou 80 anos,

Donato preferiu se afastar do

trabalho na capital e se mudou

defi nitivamente para Petrópolis

JOÃO GIOVANI E CATHARINA KLING

Os pais de Donato são de famílias

tradicionais na cidade imperial

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congressos ortopédicos. Fomos a um na Índia. Ele sempre trocava conhecimen-tos com médicos de outros países”, reve-la a esposa que sempre o acompanhava. “Moramos na Itália por um ano e meio, quando ele foi fazer um curso de especia-lização”.

Dos filhos, apenas um se formou mé-dico, ainda assim, preferiu as pesquisas à prática. Para alegria do avô, um neto se-guiu seus passos. “Ele trabalha no hospi-tal Santa Teresa em Petrópolis como orto-pedista”, conta orgulhosa a avó que, aliás, fez questão de ressaltar o carinho que os netos e os filhos têm por Donato. “Eles têm muito orgulho do pai. Os netos o adoram. Nós tínhamos uma praxe de uma vez por mês, reunir os netos, não todos, porque variam muito de idade. Sentavam todos em um jantar no Rio. Lá eles faziam perguntas e o avô contava as histórias de sua juventude ou como médico. Então, eles ainda o têm muito presente”, afirma.

Para a filha Cristiana D`Angelo, 52, a principal qualidade do pai foi “ser sempre muito correto, amar o que fazia, pois foi com muito amor e seriedade que ele exer-ceu a medicina”. Para a neta Rafaela, 27, a lição doutrinada pelo avô foi muito im-portante para a vida dela. “Ele me ensinou

a amar o que escolhemos para fazer, pois só assim nos dedicaremos o suficiente para nos tornar bem sucedidos em nossa escolha”, disse parafraseando Donato.

Wanda também garante que o reco-nhecimento do marido na cidade é real, uma forma de recompensar o que a famí-lia D’Angelo fez por aquela terra. “Eles construíram o Teatro D. Pedro II. A prefeitura desapropriou, porque achava que a cidade precisava dele. Meu sogro mandou chamar da Itália um homem para desenhar o prédio. Ele tem uma acústica maravilhosa. Esses irmãos, tanto fizeram por Petrópolis que há muitos anos, um prefeito deu o nome de uma rua em ho-menagem a família. A rua é chamada de Irmãos D’Angelo”, destaca. Prova disso foi a homenagem que recebeu: a “Meda-lha Koeler", instituída pela prefeitura de Petrópolis, por ocasião do centenário da emancipação.

A veneração pelo marido, Wanda não esconde de ninguém. Sem muito esforço ela desenha, com suas próprias palavras, “uma pessoa muita cordata, pelo certo, foi muito companheiro com os colegas e também nutria um amor muito grande pela família. Apesar do trabalho muito intenso, quase 17 horas diária, ele sem-

MEDALHAS

O quadro expõe medalhas

e homenagens recebidas

pelo médico

POSSE

Ser membro da Academia Brasileira de

Medicina é o maior orgulho de Donato D’Angelo

RECONHECIMENTO

A estante fi cou pequena

diante de tantas homenagens

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pre encontrava um tempo para cuidar da família. Donato sempre quis fazer a car-reira a universitária, então, ele se dedica-va, pois a paixão dele era a ortopedia e o progresso dessa especialidade no Brasil”, explica.

Sobre os anos de matrimônio, a fórmu-la parece estar na ponta da língua. “Não acho muito difícil. Se você tem um amor sincero, pode vir toda tempestade que não abala. Mas isso se constrói com a convi-vência, com o decorrer dos anos”, revela. Dos amigos, assegura a constante presen-ça. Wanda confessa que a sociedade de ortopedia brasileira se mantem dedicada ao Donato e a ela também. “Estão sempre, carinhosamente, se manifestando. Todos

os congressos pelo Brasil afora, mandam o convite para que eu vá representá-lo. Não posso, mas é a vontade deles”, se defende.

A entrevista, concedida no apartamen-to bem localizado na rua Imperatriz, foi impregnada pela presença do médico nas fotografias, medalhas e diplomas prega-dos na parede. Dentre os reconhecimen-tos conquistados, o que Donato D’Angelo

se orgulha mais, foi a eleição para a Aca-demia Nacional de Medicina, em 1995.

O rei Roberto Carlos

Dentre os inúmeros pacientes, um deles merece destaque. Donato foi o médico da família do Roberto Carlos. “Ninguém sabia, foram descobrir agora em 2005, depois de 40 anos. Foi em um

ROBERTO CARLOS

Donato e Wanda são amigos do

Rei há mais de 40 anos

IRMÃOS D’ANGELO

Donato com o prefeito Castrioto na inauguração

da rua que levou o nome da família

EXERCÍCIO DA PROFISSÃO

A primeira cirurgia de Donato

auxiliando outro profi ssional

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congresso de Ortopedia em Vitória no Espírito Santo. Lá o Donato foi homena-geado por representar todos os ex-presi-dentes das sociedades de ortopedia. Ro-berto foi contratado pela entidade para fazer um show de abertura do congresso. Sabendo da homenagem, ele [Roberto] fez questão de parar o show e contar um pouquinho da vida dele e como era agra-decido ao Donato”, explica o episódio, Wanda D’Angelo. Ela afirma que aquela foi a primeira vez em que o cantor falou sobre isso em público.

A doença

Tudo aconteceu em um domingo. De-pois de um almoço em família, “Donati-nho”, como é chamado carinhosamente pela esposa, chegou bem em casa. “Fomos dormir cedo porque, na manhã seguinte, ele seria operado de catarata, mas na madruga-da passou mal. Foi muito duro para todos nós. Uma coisa que acontece com muitas pessoas, ninguém pode prever”, revela des-contente sobre o dia em que um AVC ado-entou Donato D’Angelo. Ela ainda garante

que os exames estavam normais. “Durante um mês, fez todas as avaliações e os resul-tados foram ótimos”, disse.

Ocupações elencadas

Em sua vida profissional, exerceu os cargos de chefe do serviço de ortopedia do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários do Hospital de Ipanema (1950-1977), do Hospital São Zacharias (1949-1952) e do Hospital Santa Tereza de Petrópolis (desde 1951).

D'Angelo também foi professor titular de ortopedia da Faculdade de Medicina de Petrópolis, desde 1967. Durante a dé-cada de 70, também foi docente titular da Escola de Reabilitação da Universidade Católica de Petrópolis e da Faculdade de Medicina de Teresópolis, onde exerceu a chefia do Serviço da Disciplina de Orto-pedia (1973-1976). Entre os anos de 1971 a 1998, foi editor-chefe da Revista Brasi-leira de Ortopedia.

Pertenceu às seguintes sociedades: Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, Internacional de Podologia, Italiana de Ortopedia e Traumatologia e Cubana de Cirurgia Ortopédica. Além disso, é mem-bro fundador da Sociedade Brasileira de Reumatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão e da Sociedade Brasilei-ra de Medicina e Cirurgia do Pé. Exerceu a presidência da Sociedade de Medicina de Petrópolis, no biênio 1963-1964.

Recebeu diversos prêmios ao longo de sua carreira, com destaque para a Meda-lha da Ordem do Mérito Naval, concedi-do pela Escola Naval (1975), o título de Médico Benemérito do Estado do Rio de Janeiro, conferido pela Alerj (1991) e al-gumas moções Congratulatórias pela Câ-mara Municipal de Petrópolis, nos anos de 1971, 75, 89 e 95. Além disso, o colé-gio Brasileiro de Cirurgiões concedeu-lhe o título de Membro Emérito, em 1991, por suas realizações profissionais.

Foram grandes conquistas em uma existência consubstanciada pela vontade de contribuir com a medicina. Um mari-do, pai e avô dedicado que é superestima-do pela família e amigos. Diante destas qualidades, agora Donato conta com o afago constante da esposa, filhos e netos para vencer mais esta adversidade.

RECORDAÇÃO

Wanda guarda na memória e nos

retratos a lembrança do marido

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congresso de Ortopedia em Vitória no Espírito Santo. Lá o Donato foi homena-geado por representar todos os ex-presi-dentes das sociedades de ortopedia. Ro-berto foi contratado pela entidade para fazer um show de abertura do congresso. Sabendo da homenagem, ele [Roberto] fez questão de parar o show e contar um pouquinho da vida dele e como era agra-decido ao Donato”, explica o episódio, Wanda D’Angelo. Ela afirma que aquela foi a primeira vez em que o cantor falou sobre isso em público.

A doença

Tudo aconteceu em um domingo. De-pois de um almoço em família, “Donati-nho”, como é chamado carinhosamente pela esposa, chegou bem em casa. “Fomos dormir cedo porque, na manhã seguinte, ele seria operado de catarata, mas na madruga-da passou mal. Foi muito duro para todos nós. Uma coisa que acontece com muitas pessoas, ninguém pode prever”, revela des-contente sobre o dia em que um AVC ado-entou Donato D’Angelo. Ela ainda garante

que os exames estavam normais. “Durante um mês, fez todas as avaliações e os resul-tados foram ótimos”, disse.

Ocupações elencadas

Em sua vida profissional, exerceu os cargos de chefe do serviço de ortopedia do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários do Hospital de Ipanema (1950-1977), do Hospital São Zacharias (1949-1952) e do Hospital Santa Tereza de Petrópolis (desde 1951).

D'Angelo também foi professor titular de ortopedia da Faculdade de Medicina de Petrópolis, desde 1967. Durante a dé-cada de 70, também foi docente titular da Escola de Reabilitação da Universidade Católica de Petrópolis e da Faculdade de Medicina de Teresópolis, onde exerceu a chefia do Serviço da Disciplina de Orto-pedia (1973-1976). Entre os anos de 1971 a 1998, foi editor-chefe da Revista Brasi-leira de Ortopedia.

Pertenceu às seguintes sociedades: Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, Internacional de Podologia, Italiana de Ortopedia e Traumatologia e Cubana de Cirurgia Ortopédica. Além disso, é mem-bro fundador da Sociedade Brasileira de Reumatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão e da Sociedade Brasilei-ra de Medicina e Cirurgia do Pé. Exerceu a presidência da Sociedade de Medicina de Petrópolis, no biênio 1963-1964.

Recebeu diversos prêmios ao longo de sua carreira, com destaque para a Meda-lha da Ordem do Mérito Naval, concedi-do pela Escola Naval (1975), o título de Médico Benemérito do Estado do Rio de Janeiro, conferido pela Alerj (1991) e al-gumas moções Congratulatórias pela Câ-mara Municipal de Petrópolis, nos anos de 1971, 75, 89 e 95. Além disso, o colé-gio Brasileiro de Cirurgiões concedeu-lhe o título de Membro Emérito, em 1991, por suas realizações profissionais.

Foram grandes conquistas em uma existência consubstanciada pela vontade de contribuir com a medicina. Um mari-do, pai e avô dedicado que é superestima-do pela família e amigos. Diante destas qualidades, agora Donato conta com o afago constante da esposa, filhos e netos para vencer mais esta adversidade.

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Do mundo virtual para o realMaurício Lago: Banda petropolitana saiu do Myspace para os palcos mais badalados da cidade

POR ALINE RICKLY

Nos dias atuais, o desejo de muitos adolescentes e até adultos é formar um grupo musical. Mas emplacar nes-

ta área não é simples. Diversas bandas surgem diariamente, a competitividade é grande e conquistar uma plateia que está cada vez mais exigente, não é uma tarefa fácil.

A Maurício Lago surgiu em 2007 quando o jovem Saulo von Seehausen, 23, resolveu gravar algumas músicas acústicas e postar na internet sob este pseudônimo. Na ocasião, o Myspace re-gistrou mais de duas mil visualizações. O sucesso das canções fez com que Saulo

convidasse o irmão Lucas von Seehausen, 21, e os amigos Paulo Vitor Figueiredo, 23, Pedro Fernandes, 22, e Bruno Bade, 25, para formar o grupo.

Depois de algumas mudanças com os guitarristas, na qual também passou pela formação o estudante Guilherme Louro, 27, substituindo o Paulo Vitor, finalmen-te foi a vez de chamar Felipe Duriez, 21. “Nós começamos a ter mais contato com o Felipe porque ele constantemente ia aos shows. O fato dele gostar do nosso som influenciou na escolha, além de ser um bom guitarrista”, destacou o baixista Pe-dro Fernandes.

Felipe conta que já era velho conheci-

do de Lucas e Saulo, pois, haviam tocado em um festival juntos. Em 2010, foi feito o convite e Felipe participou de um teste para a ML (forma carinhosa como os ami-gos e fãs chamam a banda). “Havia uma fila de gente querendo tocar com eles, e,

“Eu já era fã e queria de alguma maneira fazer parte daquele universo que envolvia a Maurício Lago”,guitarrista Felipe Duriez

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felizmente eu fui o escolhido. Desde en-tão, me dedico ao projeto, ajudo o Saulo com as composições, faço shows e me divirto. Eu já era fã e queria de alguma maneira fazer parte daquele universo que envolvia a Maurício Lago”.

Em julho deste ano, aconteceu o lan-çamento do primeiro álbum independente intitulado “Champagne for the Brain”. No show de lançamento, mais de 400 pessoas entre familiares, amigos e fãs prestigia-ram o trabalho dos meninos.

Segundo Pedro, este foi um momen-to único para eles. “Depois de três anos fazendo shows e trabalhando para reali-zar esse ideal, ter um CD com as nossas músicas, do nosso jeito, com todo mundo presente, foi sensacional. Estamos muito felizes não só de ter chegado até aqui, mas

de ver que as pessoas gostam do nosso trabalho e nos apoiam o tempo inteiro”, comentou.

O álbum, de composições próprias, traz o diferencial: todas as músicas são em inglês. De acordo com Saulo, esta é uma forma de conseguirem se comunicar com mais pessoas através da língua, que é universal. “O resultado final do CD fi-cou excelente, composto por 12 canções. O título foi uma forma de comparar o champagne, uma bebida que traz boas sensações, ao disco que também tem o objetivo de levar energias agradáveis para o cérebro”.

Eduardo Pessanha, 29, foi o responsá-vel por fazer os desenhos do encarte. “Os garotos me pediram uma arte totalmen-te psicodélica, seguindo algumas ideias apresentadas antes. Para ser sincero,

nunca tinha escutado eles tocando, mas as referências que me passaram foram su-ficientes para fazer a capa como se fosse para o meu grupo preferido e o resultado agradou a todos”, enfatizou.

A banda também contou com o apoio de uma agência de publicidade que fez a diagramação e o rótulo do CD. “Nós aju-damos na divulgação, fizemos uma cam-panha de e-mail marketing e filipetas para divulgar o evento e, além disso, os adesi-vos que são vendidos pela banda”, disse um dos sócios da agência, Paulo Vitor Bernardo da Silva, 22.

Por onde a Maurício Lago passa con-quista admiradores. Nas redes sociais, os números são expressivos, só no face-book e twitter são mais de 2.000 fãs, no Myspace mais de 18 mil visualizações e no Youtube cerca de 8.000 exibições. A força dos amigos também é importante. “O apoio dos nossos colegas sempre foi e ainda é essencial. Eles comparecem aos nossos shows, divulgam o nosso trabalho, aplaudem a cada música, ajudam a carre-gar equipamentos, desenvolver novidades e tudo mais”, conta Pedro.

Bruno Pereti, 20, acompanha os garo-tos desde o começo, até mesmo antes de o conjunto ser formado. “O cenário musical de Petrópolis já contou com bons grupos, mas poucos conseguiram fazer uma músi-ca com qualidade e buscar caminhos fora da cidade como a ML. Eu acredito que eles têm tudo para despontar no Brasil”, elogia.

O pai de Saulo e Lucas, Paulo Roberto Lisboa, 56, conta que os filhos demonstra-ram interesse pelo mundo musical muito cedo. “O Saulo fez a sua primeira compo-sição aos sete anos. Ele tem estilo de lide-rança, é firme e competente. Eram garotos arteiros, mas sempre tiveram uma queda pela música. Quando assisti ao ensaio de-les, depois de ter visto o show, percebi a seriedade com que se comportam no pal-co. Eles valorizam o trabalho com respeito e por isso tem toda a possibilidade de dar certo”, disse o pai orgulhoso.

Mas nem todo o início é simples. Lucas explica que quando começaram foi difícil arrumar lugar para tocar. Já que ninguém os conhecia. “Como somos independentes, às vezes o dinheiro fica curto. Nossa filoso-fia é que a banda se custeie, assim, não co-

ENSAIO

Os irmãos Saulo e Lucas infl uenciados

pela música desde crianças

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“Nas redes sociais, os números são expressivos, só no facebook e twitter são mais de 2.000 fãs, no Myspace mais de 18 mil visualizações e no Youtube cerca de 8.000 exibições”

APRESENTAÇÃO

Um dos momentos mais

especiais para a banda

foi o show no Vilarejo

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locamos nenhuma verba nossa. O proble-ma é quando surge a oportunidade de tocar fora de Petrópolis, no Rio ou Juiz de Fora, por exemplo, porque temos que alugar van para ir. Uma das soluções, foi chamar al-guns amigos para irem juntos. Assim, não ficou pesado para ninguém”, esclarece.

“Na cidade também é complicado o fato das pessoas julgarem antes de conhecer o trabalho, principalmente porque somos muito novos. Mas é comum no final de alguns shows, os donos dos estabelecimen-tos ou técnicos de som que mal falaram conosco, vir elogiar e pedir o contato”, ga-rante Lucas.

O grupo já se apresentou em bares, res-taurantes e nas boates mais conhecidas da região. Desde setembro de 2010 até agora,

foram realizados 40 shows. A banda já ga-nhou a votação do Júri Oficial das seletivas cariocas do festival Música Alimento da Alma - MADA 2009 - e também atingiu quantidade de votos máxima no Festival de Bandas Independentes de Juiz de Fora em 2010.

Led Zeppelin e The Beatles são as prin-cipais inspirações. As influências da Mau-rício Lago são muitas, entre elas artistas como The Beatles, Led Zeppelin, Elvis Presley e também alguns mais modernos como Lady Gaga, Katy Perry e Black Eyed Peas.

Mas se fosse para dar início a um show,

Saulo confessa: “Abrir um evento no qual o Foo Figthers fosse tocar seria incrível. É como fazer uma apresentação na Cavern Club, na Inglaterra, lugar onde os Beatles começaram a carreira”.

A primeira música de sucesso da ML foi a “Three Months”. Atualmente, os meninos estão em turnê com o Champagne for the Brain que destaca músicas como: Just Give Me a Second Heart, Bubble Gum Brain e Falling Faster. Em suas apresentações, o grupo mantém as principais características: o tradicional figurino (blusa social e grava-ta) e o primor pela energia e irreverência, inerentes ao estilo.

SHOW

Mais de 400 pessoas prestigiaram o

espetáculo

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FORMAÇÃO DA BANDA

Seriedade e comprometimento

são características dos jovens

“É comum no fi nal de alguns shows, os donos dos estabelecimentos ou técnicos de som que mal falaram conosco, vir elogiar e pedir o contato”,guitarrista Lucas von Seehausen

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locamos nenhuma verba nossa. O proble-ma é quando surge a oportunidade de tocar fora de Petrópolis, no Rio ou Juiz de Fora, por exemplo, porque temos que alugar van para ir. Uma das soluções, foi chamar al-guns amigos para irem juntos. Assim, não ficou pesado para ninguém”, esclarece.

“Na cidade também é complicado o fato das pessoas julgarem antes de conhecer o trabalho, principalmente porque somos muito novos. Mas é comum no final de alguns shows, os donos dos estabelecimen-tos ou técnicos de som que mal falaram conosco, vir elogiar e pedir o contato”, ga-rante Lucas.

O grupo já se apresentou em bares, res-taurantes e nas boates mais conhecidas da região. Desde setembro de 2010 até agora,

foram realizados 40 shows. A banda já ga-nhou a votação do Júri Oficial das seletivas cariocas do festival Música Alimento da Alma - MADA 2009 - e também atingiu quantidade de votos máxima no Festival de Bandas Independentes de Juiz de Fora em 2010.

Led Zeppelin e The Beatles são as prin-cipais inspirações. As influências da Mau-rício Lago são muitas, entre elas artistas como The Beatles, Led Zeppelin, Elvis Presley e também alguns mais modernos como Lady Gaga, Katy Perry e Black Eyed Peas.

Mas se fosse para dar início a um show,

Saulo confessa: “Abrir um evento no qual o Foo Figthers fosse tocar seria incrível. É como fazer uma apresentação na Cavern Club, na Inglaterra, lugar onde os Beatles começaram a carreira”.

A primeira música de sucesso da ML foi a “Three Months”. Atualmente, os meninos estão em turnê com o Champagne for the Brain que destaca músicas como: Just Give Me a Second Heart, Bubble Gum Brain e Falling Faster. Em suas apresentações, o grupo mantém as principais características: o tradicional figurino (blusa social e grava-ta) e o primor pela energia e irreverência, inerentes ao estilo.

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Mais de 400 pessoas prestigiaram o

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FORMAÇÃO DA BANDA

Seriedade e comprometimento

são características dos jovens

“É comum no fi nal de alguns shows, os donos dos estabelecimentos ou técnicos de som que mal falaram conosco, vir elogiar e pedir o contato”,guitarrista Lucas von Seehausen

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Sommelier é o termo francês em-pregado para designar o profis-sional especializado na conser-vação e degustação de vinhos. O

conceito surgiu na antiguidade, quando os imperadores, reis ou nobres tinham um subordinado que experimentava um peda-ço de cada comida e ingeria um gole das bebidas antes de serem apresentados ao senhor. Este indivíduo colocava sua pró-pria vida em risco, caso os alimentos ou os líquidos fossem envenenados por algum inimigo de seu superior. Atualmente, esta ideia nem passa pela cabeça de quem tam-bém faz a degustação de vinho. A aula de história foi dada por Cláudio Gomes. Atu-almente trabalha na adega de um restau-rante na Vila Luiz Salvador, em Itaipava. “Tem que provar os vinhos para saber a qualidade do produto e a harmonização do mesmo na hora da venda ou no momento em que for servida uma especialidade de prato”, explica.

Na prática, este profissional deve, obrigatoriamente, conhecer as técnicas

de degustação para executar uma correta análise sensorial. Com esse propósito, é necessário exercitar-se para manter treina-da a própria memória olfativa e gustativa. “Para atuar nesta área, tem que ter experi-ência. Temos que saber quando o vinho é apropriado para o tipo de refeição pedida pelo cliente”, esclarece. Outro detalhe in-teressante é que o especialista deve ter co-nhecimentos de vitivinicultura, enologia (ciência que estuda os aspectos referentes

ao vinho) e procedimentos de vinificação. Cláudio Gomes lembra que para exer-

cer esta função com sucesso, é preciso se preparar em cursos oferecidos pela Asso-ciação Brasileira de Sommeliers e, quan-do formado, sempre se atualizar sobre as novidades do mercado e tudo o que se re-laciona ao aspecto qualitativo da bebida. “Só através de concurso que recebemos o pin, um broche entregue pela associação brasileira e numerado. O meu é o 15”, co-menta descontraído. Ele é um dos 37 es-pecialistas que possuem essa certificação. Em seu currículo, está o segundo lugar do concurso na categoria regional em 2006 e o quarto lugar no concurso nacional dispu-tado em 2009.

Sua formação data de 2003, mas o pri-meiro contato com a área ocorreu há 15 anos, pois sempre se interessou por isso. “Fui sargento do exército por cinco anos e meio e depois tive que dar baixa. Aí veio o pensamento do que iria fazer na vida. Eu frequentava restaurante e depois trabalhei como garçon. Foi então, que tive curiosi-

O Paladar de Cláudio GomesNesta edição da Revista On, você vai conhecer o trabalho do sommelier petropolitano, responsável pela adega de um conceituado restaurante da cidade, um dos mais visitados.

POR JOSÉ ÂNGELO

“O sommelier tem que provar os vinhos para saber a qualidade do produto e a harmonização do mesmo na hora de uma venda ou no momento em que for servida uma especialidade de prato”, sommelier, Cláudio Gomes

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GASTRONOMIA

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dade no trabalho de sommelier. Fui per-guntando para os especialistas e gostei da atividade”. Hoje, além de trabalhar, orien-ta as aulas de cursos básicos no Rio de Ja-neiro e nas associações.

Dicas para quem está começando

Quem pretende iniciar nesta carreira deve ficar atento, pois segundo Gomes, além da obrigação de ter que entender tudo sobre vinho, também necessita es-tar atento a outros aspectos. “Além da técnica, é preciso saber de onde vem o produto. Tem que conhecer a geografia do país, o clima de cada região produ-tora. Tudo isso influencia”, explica. De acordo com ele, aprender línguas es-trangeiras também ajuda no processo de

crescimento profissional. “Hoje eu falo francês e estou estudando italiano, por-que para fazer um concurso, por exem-plo, tem que ter no mínimo dois idio-mas”, diz. Alguns manuais de vinhos não são escritos em português, daí mais um motivo para se falar outros idiomas.

À primeira vista pode parecer um tra-balho simples e fácil, mas não é bem as-sim. A atualização é diária. “Precisamos verificar ofertas e estar em contato com os importadores. Mas, para isso, tem que haver preparo, entender tecnicamente os conceitos desta bebida. É primordial ler a Bíblia do Vinho”, aconselha. O compro-misso aumenta porque adicionalmente a isso, este profissional cuida da compra, armazenamento e da rotação das adegas, além de elaborar as chamadas cartas de vinho nos restaurantes.

Satisfação pessoal

Cláudio Gomes afirma que a carrei-ra tem lhe proporcionado momentos interessantes na vida, pois através dela, passou a ter contato com pessoas de vá-rios níveis sociais e culturais. “Acho que tem isso no vinho, pois ele traz uma boa conversa, aproxima as pessoas, gerando um clima agradável para um bate papo”, destaca. Além disso, a famosa bebida trouxe benefícios para a sua própria saú-de. “Em uma pesquisa feita, constatou--se que o vinho ingerido ajuda na pro-

teção solar, ou seja, evita queimaduras solares na pele. Além disso, combate o mau colesterol e inibe as células de gor-dura. Eu, por exemplo, emagreci 11 qui-los, só por beber vinhos acompanhado de uma alimentação sadia”, explica.

Destaque como Sommelier

Devido ao seu vasto currículo e ex-periência, Cláudio Gomes ganhou mais status ao ser o único profissional sele-cionado para atender ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em dois even-tos distintos. “Foi feita uma relação do pessoal através da Associação Brasileira de Sommeliers. Pesquisaram pratica-mente tudo sobre minha vida. Depois, fui o escolhido para servir vinho ao ex--presidente na casa de um empresário no Rio de Janeiro”, afirma. Na outra oca-sião, já em um restaurante de Itaipava, novamente o sommelier teve a oportu-nidade de encontrar com Lula, que fa-zia uma visita política a Petrópolis. “Ele [Lula] é uma pessoa muito cativante e acolhedora. Foi um episódio muito ba-cana”. Cláudio diz que apesar de já ter participado de encontros com políticos, com o ex-chefe do executivo federal, foi marcante. “Fiz degustação de vinhos em reuniões com senadores e outros políti-cos, mas esta eventualidade foi, sem dú-vida, a mais importante”, ressalta.

Fases da degustação

Experimentar vinho consiste em apre-ciar e decodificar a maior quantidade possível de sensações que esta bebida é capaz de causar nos clientes. Por isso, a degustação feita pelo sommelier divide--se em três fases. A primeira é o exame visual, onde é avaliada a cor, tonalidade, limpidez, fluidez e transparência. O se-gundo aspecto é verificar se o vinho apre-senta aromas abertos ou frutados e se há algum problema na bebida. E a terceira e última etapa é o teste gustativo. Nes-ta, analisa-se a intensidade do paladar, fazendo uma comparação com as outras fases para, enfim, dar o parecer final. “Só assim conseguiremos identificar que pra-to acompanharia determinado tipo de vi-nho”, finalizou Cláudio Gomes.

DEGUSTAÇÃO

O exame pelo olfato é

essencial na verifi cação

da qualidade do vinho

ADEGA

A variedade de vinhos està

à disposição de clientes no

bistrô onde trabalha

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PUBLIEDITORIAL

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A cortiçado amorPelo mundo afora existem colecionadores dos mais diversos tipos de objetos. Há quem tenha carros antigos, cachaças, relógios, chaveiros, bonés, camisas de futebol e até bonecas. Os motivos para juntar algo se devem ao carinho especial pelos objetos. Em Petrópolis descobrimos um caso a parte: um colecionador de rolhas de vinho, que começou em uma festa de Bodas de Prata. Dá para acreditar?

POR ALINE RICKLY FOTOS REVISTA ON

O técnico em máquinas de costura, Fernan-

do Luiz Motta, 54, começou a se interes-sar por vinhos há cinco anos. Desde en-tão, decidiu guardar as tampas de cortiça das bebidas que degustava e, atualmente, contabiliza 800 rolhas que fazem parte da decoração da cozinha da casa. O início desta coleção tem a ver com o seu casa-mento.

Nos anos 70, conheceu a mulher, De-nise Alves Cataldo Motta, 51, em uma confecção onde trabalhavam. Ela no es-critório e ele na manutenção das máqui-nas. Denise conta como eles começaram a se envolver. “Ele passou a investir no fler-te, me dava carona, na época eu estudava à noite e um mês depois marcamos de ir ao cinema, foi quando resolvemos namo-rar”, relembra. Depois de um ano e meio de namoro, o casal resolveu noivar e, no dia 12 de setembro de 1981, se casaram. Em 1984 nasceram os primeiros filhos do casal, os gêmeos, Ector Cataldo Motta, 27, e Igor Cataldo Motta, 27. Quando os meninos completaram dez anos em 1993, nasceu Yuri Cataldo Motta, 18.

Em 2006, na comemoração das bodas de prata, o casal estava

em Cabo Frio e, para festejar, opta-ram por desfrutar um bom vinho. Esta

foi a primeira vez que guardaram uma ro-lha, anotaram a data e levaram para casa. “Começou com uma brincadeira, não ti-nha a pretensão de virar um colecionador. Atualmente, tentamos não repetir os rótu-los, mas o objetivo mesmo é guardar as lembranças dos momentos que comparti-

lhamos juntos”, explicou Fernando.Ainda assim, a ideia de juntá-las surgiu

quando eles viram uma garrafa cheia de rolhas e pensaram em “guardar para usar como enfeite”, disse Denise. Hoje, devido à quantidade, eles já estudam novas op-ções de lugar para colocar a coleção.

Quando saem para jantar, nunca esque-cem as tampas. “Na hora que o garçom abre o vinho, ele pega a rolha e oferece para a gente cheirar e sentir o aroma da

COLEÇÃO

Mais de 800 rolhas enfeitam

a casa de Fernando

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PAPO DE COLECIONADORPAPO DE COLECIONADOR

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uva, logo depois a deixa em cima da mesa e aí eu pego e coloco na bolsa da Denise e levamos para casa. Os meus filhos quan-do bebem vinhos em outros lugares, tam-bém levam”, acrescentou Fernando.

O técnico conta que, quando era jo-vem, colecionava figurinhas, shorts e aga-salhos. Mas as rolhas são especiais. “Em cada uma delas já vem as determinadas marcações de safras e vinícolas. Esta co-leção é importante porque remete ao mo-mento em que o produto foi consumido”, comentou.

Interesse por vinho virou hobbie

Fernando passou a estudar e pesquisar mais sobre a bebida quando descobriu que era hipertenso. “Sempre que tomava cerveja, sentia uma dor de cabeça no dia seguinte. Aí constatei que a minha pres-são subia sem eu perceber, então resolvi parar com a cerveja e passei a me interes-sar mais pelo vinho até por ouvir que faz bem a saúde”, ressaltou.

“Também comecei a colecionar as gar-rafas dos vinhos que consumia, tinha a intenção de fazer uma parede, mas depois percebi que com o tempo os rótulos iriam se desfazer e perderia o sentido. Mais tarde comprei uma adega que dificilmen-te fica cheia, pois, meus filhos também começaram a demonstrar interesse pela bebida e então, sempre bebemos o que compramos”, destacou Fernando.

Denise está sempre ao lado, acompa-nha, também bebe, mas em menor quan-tidade. “Eu curto junto com meu marido, mas vou devagar, tomo três taças no má-ximo”, esclarece.

Os rótulos preferidos de Fernando são os argentinos e chilenos. “Este é um hob-bie caro e para beber diariamente temos que optar pelos preços mais acessíveis

como é o caso dos vinhos da América La-tina, que eu gosto muito. O Brasil também está com uma safra boa.”

Ele confessa que toma no máximo uma garrafa, mas já ultrapassou essa marca com amigos, quando detonaram sete vi-nhos. “A ressaca no dia seguinte foi for-te”, revela se divertindo com a bebedeira. Em 12 de setembro, o casal comemorou a bodas de pérolas com a família reunida, amigos e uma boa rodada de vinhos.

A cortiça

Aberta a garrafa, é logo desprezada, no entanto, poucas pessoas sabem da re-levância das rolhas de cortiça. Ela surgiu em Além-Tejo, Portugal, vindo de uma árvore chamada “sobreiro”, cultivada no Sul da Europa. Esse material apresenta vantagens como impermeabilidade, elas-ticidade, resistência e durabilidade.

Existem diversos tipos de rolhas de cortiça que são utilizadas de acordo com

a bebida. Segundo o sommelier, Marcos Toneli, 35, essas tampas são indicadas para vinhos que duram de 15 a 20 anos. “O vinho tem que estar em contato com a rolha, pois, é importante para o seu enve-lhecimento”, disse.

Atualmente, a cortiça está sendo subs-tituída por rolhas sintéticas, mas o som-melier adverte que elas não são ideais em algumas ocasiões. “A sintética foi feita para os vinhos que têm como objetivo o consumo rápido, aqueles que duram de dois a seis anos”, alertou Marcos.

ROLHA

Esta foi a rolha das bodas

de prata em 2006

CASAL COM OS FILHOS

Todos da família, quando bebem um

vinho, levam a rolha para juntar à coleção

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“Esta coleção é importante porque remete ao momento em que o produto foi consumido”, técnico em máquinas de costura ,Fernando Luiz Motta

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Passadas largas na linha de chegada

POR JOSÉ ANGELO

O mineiro Giovani dos Santos, da associação Atlética Pé de Vento de Petrópolis, foi o único fundista do grupo a conquistar uma vaga na competição. Ele vai disputar uma medalha nos 10 mil metros de pista.

O atleta, de 30 anos, foi o único atleta da equipe Pé de Vento/MEP que conseguiu a clas-sificação para os 10 mil me-

tros de pista nos jogos Pan-Americanos de Guadalajara, no México. Giovani dos Santos nasceu no interior de Minas Gerais, o maratonista integrou o grupo há dois anos, mas durante este período conquis-tou importantes medalhas para a cidade. Foi campeão da corrida de São Sebastião no Rio, ganhou a Meia Maratona de São Caetano, ficou em quarto lugar na São Sil-vestre de 2010 e segundo melhor brasilei-ro, além de ter conquistado a Corrida da Ponte, em 2011. A preparação para o Pan--Americano é feita desde junho deste ano no Campeonato Sul-Americano, disputa-do na Argentina. “Ele participou também do Troféu Brasil de Atletismo e depois teve outras competições onde conseguiu manter a marca dele”, ressalta José Cícero Eloy, companheiro de equipe.

Eloy, diretor social de marketing da as-sociação Atlética Pé de Vento é formado em Comunicação Social e Letras e acom-panhou todo o trabalho de preparação do colega para a competição no México. “Ele passou a integrar a seleção brasileira no Pan-Americano. Depois ficou um mês em treinamento específico e, em setembro, foi

para a cidade de Sucri e treinou até o início dos jogos”, explica José Eloy. De acordo com ele, a vaga foi disputada em todo o país, incluindo vários integrantes da equi-pe petropolitana, mas apenas Giovani dos Santos foi o privilegiado. “Ao todo, eram duas vagas no Brasil e uma ficou com a gente. São Paulo ficou de fora e outros estados também e ao todo, 12 atletas da equipe estavam buscando uma chance”, diz ele que, assim como os demais atletas, realiza treinos no Parque de Exposições, em Itaipava.

Henrique Viana é especialista em me-dicina do esporte, treinador, fundador e presidente da equipe, além de membro do conselho técnico da Confederação Brasi-leira de Atletismo. Ele é um dos técnicos mais vitoriosos do país, quando o assunto é sobre medalhas em corridas de fundo em torneios internacionais e olimpíadas. “Na verdade, isso não ratifica a história da associação ao longo dos anos. Das três medalhas em corrida a longa distância em

campeonatos mundiais, duas são da Pé de Vento. Daí a dificuldade de se ganhar”, comenta. Segundo Henrique, em 1994, Ronaldo da Costa conquistou a primeira medalha brasileira de bronze no atletismo, completando a prova em uma hora e 54 minutos. No ano seguinte, o maratonista Henrique Viana conquistou uma medalha em um mundial.

O treinador afirma que Giovani dos Santos entrou para o grupo com o objetivo de ser um maratonista, entretanto, o início de carreira do atleta, assim como a vida pessoal, não foram fáceis. “Ele tem uma história muito interessante. Estava em si-tuação ruim e pediu pra treinar comigo, mas não tinha resultados expressivos. Na-quela época queria muito ser maratonista e no olhar dele entendi que eu era a única esperança e, por isso, estava muito deter-minado. Tinha um pólo de treinamento em Minas Gerais e ficou surpreso quando liguei pra ele e o chamei pra treinar. Ou seja, antes estava envolvido com álcool e problemas financeiros e adorava correr, mas não tinha resultados. Hoje, nem pen-sa nisso. O atletismo te põe de igual para igual com os outros”, conta o técnico Hen-rique Viana.

Damião Ancelmo de Souza é alagoano e parceiro de equipe de Giovani dos San-

O MESTRE E O PUPILO

O técnico Henrique Viana posa na foto com

Giovani dos Santos, que conquistou a medalha

de bronze nos 10 mil metros de pista

“O atletismo te põe de igual para igual com os outros”, treinador, Henrique Viana

ESPORTE

tos. Ele também estava se preparando para disputar uma vaga nos jogos Pan-Ame-ricanos de Guadalajara. Em abril deste ano, os dois venceram a Corrida da Ponte Rio-Niterói após cruzarem a linha de che-gada juntos e de mãos dadas. Na ocasião, a Confederação Brasileira de Atletismo reconheceu apenas Giovani como primei-ro colocado, porém, ambos registraram a marca de 1h06min10. Para Damião, o colega apresenta um grande potencial e sempre será um dos favoritos em qualquer competição que disputar. “Ele tem chan-ces no Pan-Americano e eu creio que terá um bom resultado nos jogos. Santos foi o quarto colocado na São Silvestre e supe-rou todas as dificuldades e agora só traz bons resultados”, acredita o maratonista de 32 anos.

Perfil do atleta

Giovani nasceu em 1° de setembro de 1981 no interior do Estado de Minas Ge-rais e sempre foi muito pobre. Envolvido com bebidas alcoólicas e sem dinheiro, viu no esporte uma maneira de superar os desafios e vencer na vida. “Minha in-fância foi muito sofrida, pois tinha que estudar de manhã e trabalhar à tarde para ajudar minha família”, ressalta o marato-nista. Foi através do exército que o atleta mineiro descobriu que tinha vocação para ser esportista e vontade de participar de competições nacionais e internacionais na modalidade de corrida. “Eu fazia muitos

exercícios no exército e em uma ocasião, me disseram que eu tinha porte para ser competidor”, lembra.

Quando teve a oportunidade de obser-var outros fundistas como Franck Caldeira de Almeida, sentiu que também poderia fazer parte deste grupo e através de sua própria força de vontade em se tornar um desportista, iniciou a carreira. “Eu vi o Franck e foi quando entendi que queria

ser igual a ele. Já são dois anos e três me-ses de atletismo profissional”. Neste curto período de tempo, Giovani obteve muitas vitórias e conquistou posições importantes no cenário esportivo nacional. Ficou em terceiro lugar na Meia Maratona de São Caetano, foi o quarto colocado na Corri-da de São Silvestre em 2010, Campeão da Corrida da Ponte Rio-Niterói, ganhou a corrida de São Sebastião no Rio e foi o grande vencedor na categoria Elite (atletas profissionais), da oitava edição da Meia Maratona A Tribuna-Praia Grande, em Minas.

Quanto a sua classificação para os Jo-gos Pan-Americanos, no México, Giovani dos Santos diz que não acreditava que po-deria estar entre os representantes do Bra-sil na competição. “Na verdade foi uma surpresa. Estava treinando e ao competir na Argentina consegui me classificar e creio que agora tenho tudo para conseguir uma medalha. Viemos de competições fortes e tenho de tudo pra dar certo no Pan--Americano. O que eu quero é fazer um belíssimo treinamento e trazer uma meda-lha para o nosso país”, concluiu.

Apoio da Secretaria de Esportes

O secretário de esportes e lazer de Pe-trópolis, Carlos Alberto Lanceta, ressaltou a importância desta conquista para a cida-de. “Ele é o único representante do Rio de Janeiro na equipe que vai disputar o Pan--Americano. É importante porque o es-porte vive um momento capitalista. A Pé de Vento é a maior equipe formadora de fundistas. O Cruzeiro (de Belo Horizon-te) também tem uma equipe forte assim como outros grupos pelo país. A cidade (de Petrópolis) precisa desse referencial da associação petropolitana porque é uma das sedes para o alojamento de delegações para a Copa do Mundo”, ressaltou.

“Eu vi o Franck e foi quando entendi que queria ser igual a ele e hoje, já são dois anos e três meses de atletismo profi ssional”,maratonista Giovani dos Santos

ATLETA

Giovani dos Santos se

preparando para mais

um dia de treino

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Giovani dos Santos após a conquita da medalha

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tos. Ele também estava se preparando para disputar uma vaga nos jogos Pan-Ame-ricanos de Guadalajara. Em abril deste ano, os dois venceram a Corrida da Ponte Rio-Niterói após cruzarem a linha de che-gada juntos e de mãos dadas. Na ocasião, a Confederação Brasileira de Atletismo reconheceu apenas Giovani como primei-ro colocado, porém, ambos registraram a marca de 1h06min10. Para Damião, o colega apresenta um grande potencial e sempre será um dos favoritos em qualquer competição que disputar. “Ele tem chan-ces no Pan-Americano e eu creio que terá um bom resultado nos jogos. Santos foi o quarto colocado na São Silvestre e supe-rou todas as dificuldades e agora só traz bons resultados”, acredita o maratonista de 32 anos.

Perfil do atleta

Giovani nasceu em 1° de setembro de 1981 no interior do Estado de Minas Ge-rais e sempre foi muito pobre. Envolvido com bebidas alcoólicas e sem dinheiro, viu no esporte uma maneira de superar os desafios e vencer na vida. “Minha in-fância foi muito sofrida, pois tinha que estudar de manhã e trabalhar à tarde para ajudar minha família”, ressalta o marato-nista. Foi através do exército que o atleta mineiro descobriu que tinha vocação para ser esportista e vontade de participar de competições nacionais e internacionais na modalidade de corrida. “Eu fazia muitos

exercícios no exército e em uma ocasião, me disseram que eu tinha porte para ser competidor”, lembra.

Quando teve a oportunidade de obser-var outros fundistas como Franck Caldeira de Almeida, sentiu que também poderia fazer parte deste grupo e através de sua própria força de vontade em se tornar um desportista, iniciou a carreira. “Eu vi o Franck e foi quando entendi que queria

ser igual a ele. Já são dois anos e três me-ses de atletismo profissional”. Neste curto período de tempo, Giovani obteve muitas vitórias e conquistou posições importantes no cenário esportivo nacional. Ficou em terceiro lugar na Meia Maratona de São Caetano, foi o quarto colocado na Corri-da de São Silvestre em 2010, Campeão da Corrida da Ponte Rio-Niterói, ganhou a corrida de São Sebastião no Rio e foi o grande vencedor na categoria Elite (atletas profissionais), da oitava edição da Meia Maratona A Tribuna-Praia Grande, em Minas.

Quanto a sua classificação para os Jo-gos Pan-Americanos, no México, Giovani dos Santos diz que não acreditava que po-deria estar entre os representantes do Bra-sil na competição. “Na verdade foi uma surpresa. Estava treinando e ao competir na Argentina consegui me classificar e creio que agora tenho tudo para conseguir uma medalha. Viemos de competições fortes e tenho de tudo pra dar certo no Pan--Americano. O que eu quero é fazer um belíssimo treinamento e trazer uma meda-lha para o nosso país”, concluiu.

Apoio da Secretaria de Esportes

O secretário de esportes e lazer de Pe-trópolis, Carlos Alberto Lanceta, ressaltou a importância desta conquista para a cida-de. “Ele é o único representante do Rio de Janeiro na equipe que vai disputar o Pan--Americano. É importante porque o es-porte vive um momento capitalista. A Pé de Vento é a maior equipe formadora de fundistas. O Cruzeiro (de Belo Horizon-te) também tem uma equipe forte assim como outros grupos pelo país. A cidade (de Petrópolis) precisa desse referencial da associação petropolitana porque é uma das sedes para o alojamento de delegações para a Copa do Mundo”, ressaltou.

“Eu vi o Franck e foi quando entendi que queria ser igual a ele e hoje, já são dois anos e três meses de atletismo profi ssional”,maratonista Giovani dos Santos

ATLETA

Giovani dos Santos se

preparando para mais

um dia de treino

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NO PÓDIO

Giovani dos Santos após a conquita da medalha

de bronze no Pan-Americano de Guadalajara

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11º Concurso Hípico de InvernoO Haras Massangana promove anualmente, desde 2000, o Concurso Hípico de Inverno. A prova atrai pessoas de diversos lugares do país, assim como competidores das categorias amadora e profi ssional. Além disso, contribui para o crescimento do Brejal e redondezas.

No mês de agosto aconteceu o 11º Concurso Hípico de In-verno do Haras Massangana. O GP (Grande Prêmio), foi

conquistado pelo mineiro Pedro Paulo Lacerda.

Pedro montou no Empire Cepel Sítio Chuin e completou a primeira volta da prova em 87s88 zerando a passagem. Na segunda volta a disputa foi acirrada, pois Luiz Francisco de Azevedo também tinha fortes possibilidades de vencer o GP, mas na última volta, cometeu uma falta dando a vitória a Pedro Paulo Lacerda que fatu-rou R$ 20 mil.

Esta edição do concurso distribuiu mais de R$ 100 mil. “As provas tiveram a melhor premiação em 11 anos de evento”, declarou o gerente da coordenadoria Ma-rinho, José Francisco Alves Nascimento,

conhecido como “Tamburete”. O gerente trabalha há 37 anos com hipismo e co-menta que o concurso do Massangana é um dos melhores da Serra. “Aqui vemos concorrentes do Brasil inteiro, cavalos de grande porte e um grande público”, fri-sou.

A prova tinha como objetivo reunir os amigos que deixavam os cavalos na Serra, conta o responsável pelo Haras e diretor esportivo da Sociedade Hípica, José Mar-cos Baptista. “Era um evento para o sába-do, mas atendendo aos pedidos, se tornou um campeonato nacional que acontece em quatro dias”, diz.

Neste ano, 200 cavaleiros participaram e mais de 2.000 pessoas prestigiaram o evento. O Haras esteve com lotação má-xima; comporta 260 cavalos.

Sylvia Maria da Glória de Mello Fran-

PISTA DE GRAMA

Mais de 200 cavaleiros participaram

POR ALINE RICKLY

SALTO

Duas mil pessoas

estiveram presentes

para assistir o concurso

ACONTECEU

FOTOS REVISTA ON

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co Nabuco, 76, é mãe da proprietária da coudelaria, Sylvia de Almeida Braga. Or-gulhosa, diz que este é um evento muito importante. “Este concurso é o mais char-moso da Serra. Eu participo todo ano”, comentou Maria, conhecida como Vivi Nabuco.

O cavaleiro Luiz Felipe de Azevedo também participou da prova. Dono de duas medalhas de bronze em Jogos Olím-picos, uma em Atlanta, 1996, e a outra em Sidney, 2000, foi finalista de três etapas da Copa do Mundo de Hipismo, em 1983, 1991 e 1998. “Acho que o futuro do hi-pismo está nesses eventos que acontecem na ‘Serra’. A Sylvia foi minha aluna e fui patrocinado pelo Haras Massangana nas duas Olimpíadas. É uma emoção muito grande participar deste concurso”, salien-tou.

Durante os dias de competições, outras atrações levaram pessoas ao local, como o trio Perdigão Corrêa. Matias, Ignez e Franklin conquistaram a plateia ao som de choro, bossa nova, samba, bolero e muita música brasileira. “É a terceira vez que viemos aqui. Gostamos muito porque é um lugar tranquilo, onde as pessoas são muito ligadas à natureza e não possuem muita ostentação”, contou Ignez.

Evento movimenta a economia da região

Direta ou indiretamente, a realização anual deste concurso favorece os produ-tores rurais do Brejal. Nos quatro dias, puderam expor seus produtos.

Para o produtor de escargot, Alfredo Chaves, esta é uma forma de promover o seu negócio, já que o evento concentra pessoas de alto poder aquisitivo. “Aqui nós mostramos nossos produtos, que são de qualidade, diretamente ao público-al-vo”, acredita.

Gerente de uma pousada, Magda Cris-tina de Oliveira da Silva, 41, revelou que todos os chalés foram alugados. “No pe-ríodo do concurso sempre registramos 100% de lotação na pousada e esse ano não foi diferente. O movimento é muito proveitoso”, concluiu.

O comerciante João Garcia, 56, produz feno e chegou a enviar mais de 400 fardos para o concurso. “Eu atendo o Haras há

oito anos”, disse.Proprietário de uma casa de rações,

Jorge Tadeu Castilho, 51, forneceu pro-dutos alimentícios para os animais, além de cordas, cavadeiras, vassoura de grama, botas, entre outros artigos. “Há 13 anos, o volume de venda cresce neste período”. Jorge foi convidado a participar da entre-ga de medalhas. “Foi uma honra desfrutar do concurso e ainda entregar medalhas para os vencedores da categoria amador”, encerrou.

O Hipismo no Brasil

A modalidade começou no Rio de Ja-neiro, em 1865. Luiz Jácome de Abreu Souza fundou a primeira escola de equita-ção no Brasil, a Escola de Equitação São Cristóvão.

Jácome era capitão do Exército e mui-tos dos primeiros alunos de sua escola eram militares. A Sociedade Hípica Bra-sileira foi fundada em 1938 dando início à competição dos civis. Em 1941, foi fun-dada a Confederação Brasileira de Hipis-mo e o esporte se consolidou no Brasil. Elitista, como no resto do mundo, mas consolidado, confirma os bons resultados do Brasil em Olimpíadas, Pan-america-nos e em competições internacionais.MÚSICA

Trio Perdigão Corrêa

conquista a plateia

VENCEDOR

Pedro Paulo Lacerda conquistou o

primeiro lugar e faturou R$ 20 mil

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Jazz e Blues Festival no palácio de Cristal

Evento atraiu cantores internacionaisFOTOS CADU DIASPOR ALINE RICKLY

Nos dias 13, 14, 15 e 16 de outubro, Petrópolis recebeu a primeira edição do Petró-polis Jazz e Blues. Durante o

período, os ingressos ficaram esgotados. O festival de formato inédito na cidade concentrou grandes nomes do gênero no Brasil, além de artistas internacionais.

No primeiro dia, o jovem Quinteto Nu-

clear apresentou composições jazzísticas próprias além de releituras dos grandes nomes do estilo. Em seguida, o palco foi tomado pelo swing do contrabaixista Ney Conceição, acompanhado de músicos como o baterista e percussionista Roberti-nho Silva, Hamleto Stamato no piano, Zé Canuto no sax e na flauta e Lúcio Vieira na bateria.

Já no segundo, houve a mistura entre o jazz fusion do italiano Alessio Menconi e depois o blues de Blues Groovers & Cris-tiano Crochemore. Ainda na sexta, houve a apresentação de uma das mais espera-das artistas do festival, a nova-iorquinha, Alma Thomas. Há sete anos no Brasil, Alma uniu seu estilo cool jazz ao tempero brasileiro e interpretou grandes canções de sua composição como “One More Take”, destaque da novela Passione, na Rede Glo-bo. Para completar, a participação especial do flautista Red Sullivan, da Irlanda.

No dia 15, a noite foi aberta pelo violo-

nista Marcel Powell, filho do grande ícone do instrumento no mundo, Baden Powell. Com sotaque próprio e temperos da influ-ência de seu pai, Marcel fez um show solo, com canções próprias e arranjos da MPB.

Para encerrar, o evento concedeu en-trada franca, com apresentação da Big Band 190, composta por músicos da aca-demia de Polícia Militar do Rio de Ja-neiro, que iniciou as apresentações mais cedo, às 17h, no horário de verão. Com marca registrada por suas belas interpre-tações em Standards de Jazz & Blues, a Big Band 190 mostrou o quanto uma

orquestra pode trazer intervenções que reúnem emoção, alegria e principalmen-te boa música. O grupo agitou o público com canções brasileiras e famosos temas americanos como Superstition, de Stevie Wonder.

Ao finalizar as apresentações, o pro-motor do Petrópolis Jazz e Blues Festival, Edigar Silva, agradeceu a presença do público e atribuiu grande parte do suces-so do evento à participação da plateia e dos apoiadores. “Encerramos este festival com a certeza de que Petrópolis tem, sim, sede de bons eventos, de cultura e de boa música. Por isso, para a próxima edição, no ano que vem, vamos ampliar a estrutu-ra para poder receber ainda mais gente e artistas de peso”, garantiu.

Músico que fez parte da plateia, Maria-no San Roman, 31, considerou excelente a iniciativa de promover um evento como este na cidade. “Com mais frequência do que a gente gostaria, Petrópolis precisa desse tipo de acontecimento. Acho im-portante a participação de artistas daqui. A organização do Jazz e Blues foi bem le-gal. Como músico, espero que esse festi-val vingue e traga esse hábito novamente para a cidade. Fiquei feliz de ver o lugar lotado todos os dias”, comentou.

CANTORA

Alma Thomas foi uma das

atrações que se apresentaram

no Palácio de Cristal

BIG BAND 190

Músicos da Academia de Polícia

Militar do Rio de Janeiro

VIOLONISTA

Marcel Powell conquistou

a plateia com seu som

PÚBLICO

Evento fi cou lotado todos os dias

ACONTECEU

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Já no segundo, houve a mistura entre o jazz fusion do italiano Alessio Menconi e depois o blues de Blues Groovers & Cris-tiano Crochemore. Ainda na sexta, houve a apresentação de uma das mais espera-das artistas do festival, a nova-iorquinha, Alma Thomas. Há sete anos no Brasil, Alma uniu seu estilo cool jazz ao tempero brasileiro e interpretou grandes canções de sua composição como “One More Take”, destaque da novela Passione, na Rede Glo-bo. Para completar, a participação especial do flautista Red Sullivan, da Irlanda.

No dia 15, a noite foi aberta pelo violo-

nista Marcel Powell, filho do grande ícone do instrumento no mundo, Baden Powell. Com sotaque próprio e temperos da influ-ência de seu pai, Marcel fez um show solo, com canções próprias e arranjos da MPB.

Para encerrar, o evento concedeu en-trada franca, com apresentação da Big Band 190, composta por músicos da aca-demia de Polícia Militar do Rio de Ja-neiro, que iniciou as apresentações mais cedo, às 17h, no horário de verão. Com marca registrada por suas belas interpre-tações em Standards de Jazz & Blues, a Big Band 190 mostrou o quanto uma

orquestra pode trazer intervenções que reúnem emoção, alegria e principalmen-te boa música. O grupo agitou o público com canções brasileiras e famosos temas americanos como Superstition, de Stevie Wonder.

Ao finalizar as apresentações, o pro-motor do Petrópolis Jazz e Blues Festival, Edigar Silva, agradeceu a presença do público e atribuiu grande parte do suces-so do evento à participação da plateia e dos apoiadores. “Encerramos este festival com a certeza de que Petrópolis tem, sim, sede de bons eventos, de cultura e de boa música. Por isso, para a próxima edição, no ano que vem, vamos ampliar a estrutu-ra para poder receber ainda mais gente e artistas de peso”, garantiu.

Músico que fez parte da plateia, Maria-no San Roman, 31, considerou excelente a iniciativa de promover um evento como este na cidade. “Com mais frequência do que a gente gostaria, Petrópolis precisa desse tipo de acontecimento. Acho im-portante a participação de artistas daqui. A organização do Jazz e Blues foi bem le-gal. Como músico, espero que esse festi-val vingue e traga esse hábito novamente para a cidade. Fiquei feliz de ver o lugar lotado todos os dias”, comentou.

CANTORA

Alma Thomas foi uma das

atrações que se apresentaram

no Palácio de Cristal

BIG BAND 190

Músicos da Academia de Polícia

Militar do Rio de Janeiro

VIOLONISTA

Marcel Powell conquistou

a plateia com seu som

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Talvez muitos já tenham escri-to sobre a Inglaterra e as ri-quezas do Reino Unido, mas me sinto segura e honrada ao

poder relatar a experiência vivenciada por mim na grande Londres ou, como muitos a reconhecem, a “cidade busi-ness”.

A Inglaterra e um país rico e diver-sificado. Na minha estadia em Lon-dres, tive contato com indianos, mu-çulmanos, turcos, poloneses e muitos brasileiros. Cabe aqui uma pequena observação: “o contato com brasileiros não atrapalha o desenvolvimento do seu inglês, desde que você esteja dedi-cado e empenhado no seu objetivo. Já o contato com os ingleses foi mínimo, talvez por eles terem representado o percentual mínimo no meu círculo de estudos e ter sido a escola, o local onde eu passei a maior parte do meu tempo.

Ao chegar na Inglaterra, o “feeling” era um mix de ansiedade, felicidade, uma pitada de medo e a expectativa de que essa viagem se tornasse a melhor da minha vida. Apesar do fato de estar em uma experiência inédita, mantive a tranquilidade e consegui a maturidade para entender que nem todos podem ter a mesma oportunidade e eu era uma privilegiada.

A primeira impressão ao chegar na casa da família inglesa não foi das melhores: a limpeza não era 100%, ga-nhei um gato de estimação, a comida tão diferente e os moradores não troca-vam mais do que seis palavras diárias

comigo. Mas o objetivo era o estudo, por isso, mantive o foco e evolui em direção ao que realmente importava: o aprimoramento do inglês. O tempo sempre ajuda e aqui não foi diferen-te. A cada dia que passava, me sentia mais segura e apta a viver em um país, ate então, desconhecido.

Londres é uma grande capital e como todo lugar possui pontos posi-tivos e negativos, os últimos muitas vezes não ressaltados pelos ingle-ses. Uma cidade “business”, onde as pessoas estão correndo de um lado para o outro o tempo inteiro, não são os mais hospitaleiros ao lidarem com estrangeiros, tal-vez até mesmo por uma questão cultural, mas que, para nós bra-sileiros, faz a total diferença, já que somos conhecidos pela receptividade calorosa. Em adi-ção, problemas corriqueiros, como em diversos centros: fechamento de metro por numero excessivo de pessoas, len-tidão de ônibus, protestos em resposta a política e/ou desigualdades sociais, mudanças climáticas repentinas e ou-tros. Problemas?? Não, apenas carac-terísticas comuns de grandes centros comerciais, muitas vezes mascaradas, provando que apesar do máximo de-senvolvimento, não existe pais perfei-to.

O grande ponto positivo e que aqui você se veste da maneira mais extra-vagante e inusitada e ninguém perde tempo olhando para você. O mais im-

portante em Londres não e a aparên-cia, mas sim as habilidades e conhe-cimentos, até porque, as preferências materiais não irão influenciar no de-senvolvimento social de uma pessoa ou lugar.

Vir para Londres e uma ótima opor-tunidade para quem deseja progredir na linguagem inglesa e fazer parte do desenvolvimento de diferentes cultu-ras. A experiência não só contribuiu para o meu amadurecimento pessoal e profissional, mas também despertou o orgulho por ser brasileira e viver em uma nação calorosa e sempre feliz, apesar de todas as dificuldades.

Diário de bordo com

Roberta Christ Alves

Faça como Roberta Christ Alves e conte suas viagens pelo mundo afora. Para participar envie um e-mail: [email protected]. Ah! Não se esqueça de mandar as fotos com as legendas, assim poderá compartilhar sua experiência conosco.

O Feeling de uma brasileira Abroad

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Agora você sabe onde encontrar

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Talvez muitos já tenham escri-to sobre a Inglaterra e as ri-quezas do Reino Unido, mas me sinto segura e honrada ao

poder relatar a experiência vivenciada por mim na grande Londres ou, como muitos a reconhecem, a “cidade busi-ness”.

A Inglaterra e um país rico e diver-sificado. Na minha estadia em Lon-dres, tive contato com indianos, mu-çulmanos, turcos, poloneses e muitos brasileiros. Cabe aqui uma pequena observação: “o contato com brasileiros não atrapalha o desenvolvimento do seu inglês, desde que você esteja dedi-cado e empenhado no seu objetivo. Já o contato com os ingleses foi mínimo, talvez por eles terem representado o percentual mínimo no meu círculo de estudos e ter sido a escola, o local onde eu passei a maior parte do meu tempo.

Ao chegar na Inglaterra, o “feeling” era um mix de ansiedade, felicidade, uma pitada de medo e a expectativa de que essa viagem se tornasse a melhor da minha vida. Apesar do fato de estar em uma experiência inédita, mantive a tranquilidade e consegui a maturidade para entender que nem todos podem ter a mesma oportunidade e eu era uma privilegiada.

A primeira impressão ao chegar na casa da família inglesa não foi das melhores: a limpeza não era 100%, ga-nhei um gato de estimação, a comida tão diferente e os moradores não troca-vam mais do que seis palavras diárias

comigo. Mas o objetivo era o estudo, por isso, mantive o foco e evolui em direção ao que realmente importava: o aprimoramento do inglês. O tempo sempre ajuda e aqui não foi diferen-te. A cada dia que passava, me sentia mais segura e apta a viver em um país, ate então, desconhecido.

Londres é uma grande capital e como todo lugar possui pontos posi-tivos e negativos, os últimos muitas vezes não ressaltados pelos ingle-ses. Uma cidade “business”, onde as pessoas estão correndo de um lado para o outro o tempo inteiro, não são os mais hospitaleiros ao lidarem com estrangeiros, tal-vez até mesmo por uma questão cultural, mas que, para nós bra-sileiros, faz a total diferença, já que somos conhecidos pela receptividade calorosa. Em adi-ção, problemas corriqueiros, como em diversos centros: fechamento de metro por numero excessivo de pessoas, len-tidão de ônibus, protestos em resposta a política e/ou desigualdades sociais, mudanças climáticas repentinas e ou-tros. Problemas?? Não, apenas carac-terísticas comuns de grandes centros comerciais, muitas vezes mascaradas, provando que apesar do máximo de-senvolvimento, não existe pais perfei-to.

O grande ponto positivo e que aqui você se veste da maneira mais extra-vagante e inusitada e ninguém perde tempo olhando para você. O mais im-

portante em Londres não e a aparên-cia, mas sim as habilidades e conhe-cimentos, até porque, as preferências materiais não irão influenciar no de-senvolvimento social de uma pessoa ou lugar.

Vir para Londres e uma ótima opor-tunidade para quem deseja progredir na linguagem inglesa e fazer parte do desenvolvimento de diferentes cultu-ras. A experiência não só contribuiu para o meu amadurecimento pessoal e profissional, mas também despertou o orgulho por ser brasileira e viver em uma nação calorosa e sempre feliz, apesar de todas as dificuldades.

Diário de bordo com

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Depois da invasão dos babilônios, o povo de Israel começou a criar um livro que reunia sua história, suas lendas, canções e profecias, de modo que sua cultura não se perdesse. Então um líder surgiu, aquele que muitos acredita-vam ser a realização das profecias descritas no Antigo Testamento. Jesus de Nazaré se tornou importante para seus seguidores e várias pessoas escreve-ram sobre sua vida, seus ensinamentos e seus milagres.

O livro, baseado em mais de quarenta entrevistas com Jobs ao longo de dois anos e entrevistas com mais de cem familiares, amigos, colegas, adversários e concorrentes, narra a vida atribulada do empresário extremamente inven-tivo e de personalidade forte e polêmica, cuja paixão pela perfeição e energia indomável, revolucionou seis grandes indústrias: a computação pessoal, o ci-nema de animação, a música, a telefonia celular, a computação em tablet e a edição digital. Numa época em que as sociedades de todo o mundo tentam construir uma economia da era digital, Jobs se destacava como o símbolo má-ximo da criatividade e da imaginação aplicada à prática.

A história da edição inaugural de 1985, juntamente com a das subsequentes realizadas no Brasil, em 1991 e 2001, é o objeto de estudo investigado com lupa por Luiz Felipe Carneiro em Rock in Rio – A história do maior festival de música do mundo. O autor pesquisou mais de 2.000 artigos e entrevistou os principais organizadores do festival (incluindo Roberto Medina, o “pai” do evento), além de dezenas de artistas e jornalistas, em busca dos mais marcan-tes e inusitados episódios de cada edição.

Após derrotarem seus inimigos mais temidos, Ever e Damen começam uma nova jornada para que ele se livre do veneno em seu corpo. Se encontrarem o antídoto, fi nalmente serão capazes de viver a paixão pela qual anseiam há séculos. A busca, porém, leva-os a um terreno desconhecido e pavoroso - as profundezas de Summerland. Lá, eles descobrirão a origem obscura e inima-ginável de seu relacionamento e serão obrigados a encarar uma dolorosa ver-dade: o destino tem motivos para mantê-los separados. Agora, o futuro irá depender de uma única decisão, que poderá pôr em risco tudo o que eles têm. Inclusive a eternidade.

O Livro dos LivrosAutor: Dennis TrevorEditora: SextanteCategoria: ReligiõesValor: 29,90

Steve Jobs - A Biografi a Autor: Walter IsaacsonEditora: Companhia das Letras Categoria: Literatura Estrangei-ra / Biografi as e MemóriasValor: R$ 39,90

Rock in RioAutor: Luiz Felipe CarneiroEditora: GloboCategoria: MúsicaValor: R$ 29,90

Infi nito: Os ImortaisAutor: Alyson NoelEditora: IntrínsecaCategoria: RomancePreço: R$ 22,90

Aproveite as nossas dicas de leitura.Você tem dois meses até a

próxima Revista On.

GUIA LIVROS

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Depois da invasão dos babilônios, o povo de Israel começou a criar um livro que reunia sua história, suas lendas, canções e profecias, de modo que sua cultura não se perdesse. Então um líder surgiu, aquele que muitos acredita-vam ser a realização das profecias descritas no Antigo Testamento. Jesus de Nazaré se tornou importante para seus seguidores e várias pessoas escreve-ram sobre sua vida, seus ensinamentos e seus milagres.

O livro, baseado em mais de quarenta entrevistas com Jobs ao longo de dois anos e entrevistas com mais de cem familiares, amigos, colegas, adversários e concorrentes, narra a vida atribulada do empresário extremamente inven-tivo e de personalidade forte e polêmica, cuja paixão pela perfeição e energia indomável, revolucionou seis grandes indústrias: a computação pessoal, o ci-nema de animação, a música, a telefonia celular, a computação em tablet e a edição digital. Numa época em que as sociedades de todo o mundo tentam construir uma economia da era digital, Jobs se destacava como o símbolo má-ximo da criatividade e da imaginação aplicada à prática.

A história da edição inaugural de 1985, juntamente com a das subsequentes realizadas no Brasil, em 1991 e 2001, é o objeto de estudo investigado com lupa por Luiz Felipe Carneiro em Rock in Rio – A história do maior festival de música do mundo. O autor pesquisou mais de 2.000 artigos e entrevistou os principais organizadores do festival (incluindo Roberto Medina, o “pai” do evento), além de dezenas de artistas e jornalistas, em busca dos mais marcan-tes e inusitados episódios de cada edição.

Após derrotarem seus inimigos mais temidos, Ever e Damen começam uma nova jornada para que ele se livre do veneno em seu corpo. Se encontrarem o antídoto, fi nalmente serão capazes de viver a paixão pela qual anseiam há séculos. A busca, porém, leva-os a um terreno desconhecido e pavoroso - as profundezas de Summerland. Lá, eles descobrirão a origem obscura e inima-ginável de seu relacionamento e serão obrigados a encarar uma dolorosa ver-dade: o destino tem motivos para mantê-los separados. Agora, o futuro irá depender de uma única decisão, que poderá pôr em risco tudo o que eles têm. Inclusive a eternidade.

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