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    FELIZMENTE H LUAR!

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    Bertolt Brecht

    (Augsburgo, 1898 - Berlim, 1956)

    Escritor e dramaturgo alemo. Adere desde muito cedo ao expressionismo e v-seobrigado a fugir da Alemanha em 1933, aps escrever a Lenda do Soldado Morto, obrapacifista que provoca a sua perseguio pelos nazis. Ao iniciar-se a Segunda GuerraMundial comea uma longa peregrinao por diversos pases. Em 1947, perseguidopelo seu comunismo militante, vai para os Estados Unidos. A partir de 1949, e at suamorte, dirige na Alemanha Oriental uma companhia teatral chamada do BerlinerEnsemble.

    A produo teatral de Brecht abundante. No conjunto das suas obras tenta lanarum olhar lcido sobre o mundo moderno.

    Bertolt Brecht , alm de dramaturgo, um importante terico teatral. Nos seus Estudossobre Teatro expe a sua concepo cnica, baseada na necessidade de estabelecer umadistncia entre o espectador e os personagens, a fim de que o ponto de vista crtico doautor desperte no espectador uma tomada de conscincia. Destaca-se tambm napoesia, de forte contedo social.

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    Caractersticas do Teatro Brechtiano

    Principal Objetivo: fazer com que o pblico reflicta e analisecriticamente os dados que lhe so fornecidos.

    Procura na Histria, no passado, um acontecimento queapresente pontos de contacto com o presente, e dramatiza-ode forma pica. Ao relatar determinados eventos pretende-seenvolver o espectador que se torna uma testemunha ativa.

    Ser activo implica tomar uma posio, julgar no apenasaquilo que est a ser representado, mas a sociedade em que oespectador se insere. Pelo desmontar minucioso do passado,convida-se o espectador a assumir uma postura crticarelativamente ao presente.

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    Tcnica do Distanciamento Histrico Prope um afastamento entre o ator e a personagem eentre o espectador e a histria narrada, para que, de uma forma mais real e autntica, possamfazer juzos de valor sobre o que est a ser representado. Embora nem sempre o processo teatralconsiga evitar uma certa adeso sentimental entre personagens em palco e pblico, este tipo de

    teatro no pede ao espectador que se emocione com o ator, mas antes que se mantenha distantepela fora do raciocnio. Estuda-se o comportamento humano em determinadas situaes, levandoo pblico a tomar conscincia de que tudo pode e deve ser modificado, exigindo dele a tomada dedecises.

    Tcnicas que contribuem para o efeito de distanciamento:

    substituio da representao pela narrao;

    utilizao de cenrios e montagens simples;

    uso de mscaras, projees, letreiros, etc.

    O teatro pico tem incontestavelmente uma funo social, que conduz o espectador a umaapreciao crtica no apenas do que est a ser representado mas tambm da sociedade em quese insere. O distanciamento causa uma espcie de alienao, desviando, assim, o pblico docaso narrado. Logo, uma vez no identificado com o mundo cnico, v de fora a sua prpriasituao social reflectida no palco.

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    H homens que lutam um dia, e so bons;H outros que lutam um ano, e so melhores;H aqueles que lutam muitos anos, e so muito bons;Porm h os que lutam toda a vidaEstes so os imprescindveis

    Do rio que tudo arrasta sediz que violentoMas ningum diz violentas asmargens que o comprimem

    Nada impossvel de mudar

    Desconfiai do mais trivial, na aparncia singelo.E examinai, sobretudo, o que parece habitual.

    Suplicamos expressamente: no aceiteis o que de hbito como coisa natural, pois em tempode desordem sangrenta, de confusoorganizada, de arbitrariedade consciente, dehumanidade desumanizada, nada deveparecer natural nada deve parecer impossvel

    de mudar.

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    Pea em dois atos

    Publicada em1961

    Grande Prmio de Teatro da Associao Portuguesa de Escritores censurada;

    1962 tentativa do Teatro Experimental do Porto semresultado;

    1 Representao Paris 1969;

    Representao em Portugal 1978 Teatro Nacional.

    2001 Teatro Experimental do Porto.

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    Contexto da ao da pea(perodo ps invases francesas)

    Napoleo Imperador dos franceses. Aliana de Portugal com a Inglaterra. Partida da corte portuguesa para o Brasil.Administrao do Reino entregue a uma JuntaProvisria. Instabilidade social.Perseguies polticas constantes reprimindo: aliberdade de expresso, a circulao de ideias e as

    tentativas para implementar o liberalismo.Condenao morte de Gomes Freire de Andrade.

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    Paralelismo histrico-metafrico

    Tempo da Histria/Tempo da escrita

    poca: Sculo XIX, 1817 Sculo XX, 1961

    Regime Poltico Absolutismo

    Ditadura do Estado Novo (Salazar) Sociedade - Hierarquia social: classes privilegiadas e exploradoras

    (nobreza, clero e burguesia) e classe explorada (povo). Fortes desigualdades sociais: classe exploradora (ricos) e classe

    explorada (pobres). Povo - Pssimas condies de vida: oprimido e resignado; a misria, o

    medo e a ignorncia; reprimido e explorado; misria, medo eanalfabetismo. (Situao anloga nos dois perodos)

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    ConspiraoMANUEL, smbolo da conscincia popular, tenta participarna conspirao, liderada pelo GENERAL GOMES FREIRE DE ANDRADE,para derrubar o poder vigente.

    Militantes antifascistas sublevam-se contra o regime ditatorial, mas sologo sufocados.

    Denncias: VICENTE, ANDRADE CORVO e MORAIS SARMENTO so

    smbolos dos denunciantes hipcritas contra o GENERAL.

    Muitssimos foram os chamados bufos, denunciantes que ajudaram amanter o regime de Salazar.

    Foras Policiais: Dois polcias contribuem para sustentar o regime.

    Censura. Constitudas, sobretudo, pela PIDE, eram, sem dvida, osustentculo do regime. Censura nos dois perodos.

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    Classes dominantes So representadas por BERESFORD (a fora inglesa),PRINCIPAL SOUSA (o clero) e D. MIGUEL FORJAZ (a nobreza).Representadas pelas foras estrangeiras (Inglaterra), pelos monoplios epela Igreja.Processos: H processos de condenao sem provas.Muitssimos foram os processos de condenao sem provas.

    Execues: Executa-se o GENERAL GOMES FREIRE DE ANDRADE, um generalsem medo, mas Felizmente Felizmente h luar! As execues foram

    muitas, mas em 1965 executar-se-ia o General Humberto Delgado, oGeneral sem Medo, mas Felizmente Felizmente h luar!

    Estimula futuras rebelies e, em 1834, o LIBERALISMO triunfa.Estimula futuras rebelies que culminaro, no 25 de Abril de 1974, com a

    vitria da DEMOCRACIA.

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    Felizmente h luar!, de Lus de Sttau Monteiro, um dramanarrativo, de carcter social, dentro dos princpios de teatro

    pico. Na linha do teatro de Bertolt Brecht, exprime a revoltacontra o poder e a convico de que necessrio mostrar omundo e o homem em constante mudana.

    Defende as capacidades do ser humano que tem o direito e odever de transformar o mundo em que vive. Faz ento umaanlise critica da sociedade, procurando mostrar a realidadeem vez de a representar.

    Existe um paralelismo entre a ao do presente e os contextosideolgicos de pas.

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    A obra Felizmente H Luar!, entendida como uma

    alegoria poltica, pois Lus de Sttau Monteiro evocasituaes e personagens do passado, usando-as comopretexto para falar do presente, uma vez que a obrafunciona como disfarce para que se possa tirar o

    exemplo de presente ditatorial (represso salazarista).

    Esta uma obra intemporal que nos remete para aluta do ser humano contra a tirania, a injustia etodas as formas de perseguio.

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    Preocupao com o homem e o seu destino.

    Luta contra a misria e a alienao.

    Denncia da ausncia de moral.

    Alerta para a necessidade de uma superao, com osurgimento de uma sociedade solidria que permita averdadeira realizao do homem.

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    INFLUNCIAS em Sttau Monteiro; na pea

    Teatro pico B. Brecht (influncias marxista) - O teatro no pode impor emoes

    aos espectadores (como o drama aristotlico), deve fazer com que eles

    pensem.

    Teatro pico: oferece-nos uma anlise crtica da sociedade, procurando mostrar a

    realidade em vez de a representar, para levar o espectador a reagir criticamente e a tomar

    uma posio.

    - Narrativo:

    . O espectador no apenas uma testemunha da aco, h que despertar-lhe a atividade

    e exigir-lhe decises.

    - Mundividncias:

    . O espectador posto perante qualquer tipo de situao.

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    - Argumento:

    . As sensaes so elevadas ao nvel do conhecimento;

    . O espectador est defronte, analisa;

    . O homem objeto de uma anlise;

    . O homem susceptvel de ser modificado e de modificar;

    . Tenso crescente, ao longo da ao;

    . O homem como realidade em processo;

    . O ser social determina o pensamento.

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    Alegoria e personagens

    A pea Felizmente H Luar! uma pea pica, inspirada nateoria marxista, apelando reflexo do espectador / leitor, nos no quadro da representao, como tambm na sociedadeem que se insere.

    De acordo com os princpios do teatro pico, definidos porBrecht, a pea pretende representar o mundo e o homem emconstante evoluo, de acordo com as relaes sociais. Estas

    caractersticas afastam-se da conceo do teatro aristotlico,que pretendia despertar emoes, levando o espectador aidentificar-se com o heri.

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    O teatro moderno tem, ento, como preocupao fundamental

    levar os espectadores/leitores a pensar, a refletir sobre osacontecimentos passados e a tomar posio na sociedade em quese insere.

    Surge, assim, a tcnica do distanciamento que prope umafastamento entre o ator e a personagem e entre o espectador/leitor e a histria contada, para que, de uma forma mais real eautntica, possam fazer juzos de valor sobre o que est a serrepresentado.

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    Lus de Sttau Monteiro pretende, atravs da distanciao,envolver o espectador/leitor no julgamento da sociedade,tomando contacto com o sofrimento dos outros. Deste modo, oespectador deve possuir um olhar crtico para melhor seaperceber de todas as formas de injustias e opresses.

    - personagens psicologicamente densas e vivas;- comentrios irnicos e mordazes;- denncia da hipocrisia da sociedade;

    - defesa intransigente da justia social.

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    enncia Li erdade

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    Estrutura Externa e Interna de Felizmente H Luar!

    A pea tem dois atos que no esto divididos em cenas.

    Os atos so iniciados pelas falas de Manuel, o mais consciente dos populares.

    1 Ato:

    Gomes Freire de Andrade encontra-se na sua casa para os lados do Ratodonde no h qualquer referncia que tenha sado.

    O 1 ncleo de personagens do povo de que fazem parte Manuel, Rita,

    Antigo Soldado e vrios outros populares sem nome veem no Generalo seu heri, o nico homem que ser capaz de os libertar da opresso, damisria e do terror em que vivem.

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    neste quadro que se insere a frase reticente de Manuel seele quisesse (pg. 21) o que significa que depositam neleexpectativas e esperanas no sentido de ser ele quempoder libert-los da tirania da regncia e da explorao dosingleses de que so alvo.

    O 2 ncleo de personagens do povo constitudo porVicente, Andrade Corvo e Morais Sarmento e os dois polcias vo contribuir, atravs da denncia, da traio e da foradas armas, para a priso de Gomes Freire de Andrade e para a

    sua ulterior execuo.

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    Ato Iprocesso de incriminao; priso dos incriminados.

    . apresentao das situaes;. informaes trazidas pelos espies;

    . reunio dos trs espies;

    . revelao do nome do chefe dos conjurados...

    General Gomes Freire de Andrade (personagem ausente, massempre presente)...Um heri para Manuel, Rita; Antigo Soldado e populares;Objeto de denncia para Vicente, Morais Sarmento e Andrade

    Corvo;Incmodo para os Governadores do Reino (D. Miguel,Beresford e Principal Sousa).

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    PERSONAGENS

    Vrios populares - O pano de fundo permanente

    GOMES FREIRE: protagonista, embora nunca aparea, evocado atravs da esperana dopovo, das perseguies dos governadores e da revolta da sua mulher e amigos. acusadode ser o gro-mestre da maonaria, estrangeirado, soldado brilhante, idolatrado pelopovo. Acredita na justia e luta pela liberdade. apresentado como o defensor do povooprimido; o heri (no entanto, ele acaba como o anti-heri, o heri falhado); smbolo deesperana de liberdade.

    D. MIGUEL FORJAZ: primo de Gomes Freire, assustado com as transformaes que nodeseja, corrompido pelo poder, vingativo, frio e calculista. prepotente; autoritrio; servil(porque se rebaixa aos outros).PRINCIPAL SOUSA: defende o obscurantismo, distorcido pelo fanatismo religioso;desonesto, corrompido pelo poder eclesistico, odeia os franceses;BERESFORD: demonstra cinismo em relao aos portugueses, a Portugal e sua situao;oportunista; autoritrio; mas bom militar; preocupa-se somente com a sua carreira ecom dinheiro; ainda consegue ser minimamente franco e honesto, pois tem a coragem dedizer o que realmente quer, ao contrrio dos dois governadores portugueses. poderoso,interesseiro, calculista, trocista, sarcstico

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    PERSONAGENS

    VICENTE: sarcstico, demagogo, falso humanista, movido pelo interesse da recompensa

    material, hipcrita, despreza e renega a sua origem e o seu passado; traidor; desleal;acaba por ser um delator, porque est revoltado com a sua condio social (s dessemodo pode ascender socialmente, que o que o move).

    MANUEL: denuncia a opresso a que o povo est sujeito. o mais consciente dospopulares; corajoso.

    MATILDE DE MELO: corajosa, exprime romanticamente o seu amor, reage violentamenteperante o dio e as injustias, sincera, ora se desanima, ora se enfurece, ora se revolta,mas luta sempre! Representa uma denncia da hipocrisia do mundo e dos interesses quese instalam em volta do poder (faceta/discurso social); por outro lado, apresenta-se

    como mulher dedicada de Gomes Freire, que, numa situao crtica como esta, temdiscursos tanto marcados pelo amor, como pelo dio.

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    PERSONAGENS

    SOUSA FALCO: inseparvel amigo, sofre junto de Matilde, assume as mesmas ideias

    que Gomes Freire, mas no teve a coragem do general. Representa a amizade e afidelidade; o nico amigo de Gomes Freire de Andrade que aparece na pea ; elerepresenta os poucos amigos que so capazes de lutar por uma causa e por um amigonos momentos difceis.

    Frei Diogo: homem srio; representante do clero; honesto o contraposto do

    Principal Sousa.

    Delatores: mesquinhos; oportunistas; hipcritas.MIGUEL FORJAZ, BERESFORD e PRINCIPAL SOUSA perseguem, prendem e mandamexecutar o General e restantes conspiradores na fogueira. Para eles, a execuo noite,constitua uma forma de avisar e dissuadir os outros revoltosos, mas para MATILDE era

    uma luz a seguir na luta pela liberdade.

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    OS SMBOLOS

    Saia verde: A saia encontra-se associada felicidade e foi comprada numa

    terra de liberdade: Paris, no Inverno, com o dinheiro da venda de duasmedalhas. "alegria no reencontro"; a saia uma pea eminentementefeminina e o verde encontra-se destinado esperana de que um dia sereponha a justia. Sinal do amor verdadeiro e transformador, pois Matilde,vencendo aparentemente a dor e revolta iniciais, comunica aos outrosesperana atravs desta simples pea de vesturio. O verde a corpredominante na natureza e dos campos na Primavera, associando-se fora, fertilidade e esperana.

    Ttulo: duas vezes mencionado, inserido nas falas das personagens (por D.

    Miguel, que salienta o efeito dissuasor das execues, e por Matilde, cujaspalavras remetem para um estmulo para que o povo se revolte).

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    OS SMBOLOS

    A luz: como metfora do conhecimento dos valores do futuro (igualdade,fraternidade e liberdade), que possibilita o progresso do mundo, vencendo a

    escurido da noite (opresso, falta de liberdade e de esclarecimento), advmquer da fogueira quer do luar. Ambas so a certeza de que o bem e a justiatriunfaro, no obstante todo o sofrimento inerente a eles. Se a luz seencontra associada vida, sade e felicidade, a noite e as trevasrelacionam-se com o mal, a infelicidade, o castigo, a perdio e a morte. A luzrepresenta a esperana num momento trgico.

    Noite: mal, castigo, morte, smbolo do obscurantismo

    Lua: simbolicamente, por estar privada de luz prpria, na dependncia do Sol epor atravessar fases, mudando de forma, representa: dependncia,

    periodicidade. A luz da lua, devido aos ciclos lunares, tambm se associa renovao. A luz do luar a fora extraordinria que permite o conhecimentoe a lua poder simbolizar a passagem da vida para a morte e vice-versa, o quealis, se relaciona com a crena na vida para alm da morte.

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    OS SMBOLOSLuar: d u a s c o n o t a e s : para os opressores, mais pessoas ficaroavisadas, e, para os oprimidos, mais pessoas podero um dia seguir essa luz

    e lutar pela liberdade.

    Fogueira: D. Miguel Forjaz ensinamento ao povo; Matilde a chamamantm-se viva e a liberdade h-de chegar.

    O fogo um elemento destruidor e ao mesmo tempo purificador eregenerador, sendo a purificao pela gua complementada pela do fogo.Se, no presente, a fogueira se relaciona com a tristeza e escurido, nofuturo, relacionar-se- com esperana e liberdade.

    Moeda de cinco reis smbolo do desrespeito que os mais poderosos

    mantinham para com o prximo, contrariando os mandamentos de Deus.

    Tamboressmbolo da represso sempre presente.

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    AS DIDASCLIAS

    A pea rica em referncias concretas (sarcasmo, ironia, escrnio, indiferena,galhofa, bajulao, desprezo, irritao normalmente relacionadas com osopressores; tristeza, esperana, medo, desnimo relacionadas com aspersonagens oprimidas).

    As marcaes so abundantes: tons de voz, movimentos, posies, cenrios,gestos, vesturio, sons (o som dos tambores, o silncio, a voz que fala antes de

    entrar no palco, um sino que toca a rebate, o murmrio de vozes, o toque deuma campainha, o murmrio da multido) e efeitos de luz (o contraste entre aescurido e a luz; os dois atos terminam em sombra, de acordo, alis, com odesenlace trgico).

    De realar que a pea termina ao som de fanfarra ("Ouve-se ao longe umafanfarronada que vai num crescendo de intensidade at cair o pano.") emoposio luz ("Desaparece o claro da fogueira."); no entanto, a escurido no total, porque "felizmente h luar".

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    Paralelismo passado/condies histricas dos anos 60: denncia da violncia

    Felizmente H Luar! tem como cenrio o ambiente poltico dos incios

    do sculo XIX: em 1817, uma conspirao, encabeada por GomesFreire de Andrade, que pretendia o regresso do Brasil do rei D. Joo VIe que se manifestava contrria presena inglesa, foi descoberta ereprimida com muita severidade: os conspiradores, acusados detraio ptria, foram queimados publicamente e Lisboa foi convidada

    a assistir.

    Lus de Sttau Monteiro marca uma posio, pelo contedo fortementeideolgico, e denuncia a opresso vivida na poca em que escreve aobra, em 1961, precisamente sob a ditadura de Salazar.

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    Paralelismo passado/condies histricas dos anos 60: denncia da violncia

    O recurso distanciao histrica e descrio das injustias praticadas no

    sculo XIX em que decorre a ao permitiu-lhe, assim, colocar tambm emdestaque as injustias do seu tempo e a necessidade de lutar pelaliberdade.

    Em Felizmente H Luar! percebe-se, facilmente, que a Histria serve de

    pretexto para uma reflexo sobre os anos 60, do sculo XX.

    Sttau Monteiro, tambm ele perseguido pela PIDE, denuncia assim asituao portuguesa, durante o regime de Salazar, interpretando ascondies histricas que mais tarde contriburam para a Revoluo dos

    Cravos, em 25 de Abril de 1974. Tal como a conspirao de 1817, em vez dedesaparecer com medo dos opressores permitiu o triunfo do liberalismo,tambm a oposio ao regime vigente nos anos 60, em vez de cederperante a ameaa e a mordaa, resistiu e levou implantao dademocracia.

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    Paralelismo passado/condies histricas dos anos 60

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    "Trgica apoteose" da histria do movimento liberal oitocentista

    Felizmente H Luar! uma "trgica apoteose" da histria do

    movimento liberal oitocentista, interpretando as condies dasociedade portuguesa no incio do sculo XIX e a revolta dos maisesclarecidos, muitas vezes organizados em sociedades secretas,contra o poder absolutista e tirnico dos governadores e dogeneralssimo Beresford.

    Como afirma Luciana Stegagno Picchio, retratada a conspirao,encabeada por Gomes Freire de Andrade, que se manifestavacontrria presena inglesa ("Manuel V-se a gente livre dosFranceses e zs!, cai na mo dos Ingleses!"), na pessoa de Beresford,e ausncia da corte no Brasil. Coloca-se em destaque ao longo de

    toda a pea a situao do povo oprimido, as Invases Francesas, a"proteco" britnica, iniciada aps a retirada do rei D. Joo VI para oBrasil, e a falta de perspectivas para o futuro.

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    "Trgica apoteose" da histria do movimento liberal oitocentista

    Para que o movimento liberal se concretize, necessria a morte de

    Gomes Freire, dos seus companheiros e tambm de muitos outrosportugueses, que, em nome dos seus ideais, so sacrificados pela ptria.

    Conspiradores e traidores para o poder e para as classes dominantes,que sentem os seus privilgios ameaados, so os grandes heris de que

    o povo necessita para reclamar a justia. Por isso, as suas mortes, em vezde amedrontar, tornam-se num estmulo. A fogueira acesa na noite paraqueimar Gomes Freire, que os governadores querem que sejadissuasora, torna-se na luz para que os oprimidos e injustiados lutempela liberdade. Na altura da execuo, as ltimas palavras de Matilde,"companheira de todas as horas" do general Gomes Freire, so de

    coragem e estmulo para que o Povo se revolte contra a tirania dosgovernantes: ("Matilde Olhem bem! Limpem os olhos no clarodaquela fogueira e abram as almas ao que ela nos ensina! / At a noitefoi feita para que a vsseis at ao fim/ (Pausa) Felizmente felizmenteh luar!").

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    - personagens psicologicamente densas e vivas;- comentrios irnicos e mordazes;

    - denncia da hipocrisia da sociedade;- defesa intransigente (inabalvel) da justia social;

    - teatro pico: oferece-nos uma anlise crtica da sociedade, procurandomostrar a realidade em vez de a representar, para levar o espectador a

    reagir criticamente e a tomar uma posio;- intemporalidade da pea remete-nos para a luta do ser humano contra atirania, a opresso, a traio, a injustia e todas as formas de perseguio;- preocupao com o homem e o seu destino;- luta contra a misria e a alienao;

    - denncia a ausncia de moral;- alerta para a necessidade de uma superao com o surgimento de umasociedade solidria que permitia a verdadeira realizao do homem.

    CARACTERSTICAS DA OBRA

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    As personagens so psicologicamente densas, os comentrios irnicos emordazes e denuncia-se a hipocrisia da sociedade, a luta contra a misria e aalienao, a preocupao com o Homem e o seu destino. Drama narrativo, decarcter social, na linha de Brecht (exprime a revolta contra o poder, o homemtem o direito e o dever de transformar a sociedade em que vive, com oobjectivo de levar o espectador a reagir criticamente).

    BRECHT ("Estudos Sobre o Teatro"): prope um afastamento entre o ator e apersonagem e entre o espectador e a histria narrada, para que se possamfazer juzos de valor.

    Em FELIZMENTE H LUAR!, as personagens, o espao e o tempo so

    trabalhados para que a "distanciao se concretize".Luta contra a tirania, opresso, traio, injustia e todas as formas deperseguio.O dramaturgo atravs dos gestos, cenrios, palavras e didasclias, leva opblico a entender de forma clara a mensagem.

    CARACTERSTICAS DA OBRA

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    Natural, viva e malevel; frases em latim com conotaoirnica, frases incompletas por hesitao ou interrupo,marcas caractersticas do discurso oral e recurso

    frequente ironia e sarcasmo.

    Como drama narrativo, pressupe uma acoapresentada ao espectador e com possibilidade de servivida por ele, mas, sobretudo, procura a sua conivncia(cumplicidade) ou participao testemunhal.

    LINGUAGEM

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    O carcter narrativo sinnimo de pico, ao contar determinados acontecimentosque devem ser interpretados, reflectidos e julgados pelo espectador, enquanto

    elemento da sociedade. Observando Felizmente h Luar, verificamos que so estesos objectivos de Lus de Sttau Monteiro, que evoca situaes e personagens dopassado, usando-as como pretexto para falar do presente.

    o teatro moderno, do qual faz parte esta obra, tem como preocupaofundamental levar os espectadores a pensar, a refletir sobre acontecimentos

    passados e a tomar posies na sociedade em que se inserem, para tal usadauma tcnica realista/influencia de Brecht DISTANCIAO HISTRICA isto :- o ator deve conseguir "afastar-se da personagem- o espectador deve conseguir "afastar-se" da historia narradaEsta tcnica acaba por aproximar o actor e o espectador, de tal modo que ambosse distanciam da historia narrada, podendo assim como pessoas reais fazerem osrespectivos juzos ou criticas de forma precisa e consciente sobre o que se passaem palco.Assim, Lus de Sttau Monteiro, atravs desta tcnica, pretende levar o espectador ater um olhar crtico para que se aperceber e criticar as injustias e opresses.

    CARACTERSTICAS DA OBRA

  • 7/31/2019 Felizmente Ha Luar Informacoes Sintese

    40/40

    TEMPO

    a) tempo histrico: sculo XIX

    b) tempo da escrita: 1961, poca dos conflitos entre a oposio e oregime salazaristac) tempo da representao: 1h30m/2hd) tempo da ao dramtica: a aco est concentrada em 2 diase) tempo da narrao: informaes respeitantes a eventos nodramatizados, ocorridos no passado, mas importantes para o desenrolarda ao.

    ESPAO

    espao fsico: a aco desenrola-se em diversos locais, exteriores einteriores, mas no h nas indicaes cnicas referncia a cenrios

    diferentesespao social: meio social em que esto inseridas as personagens,havendo vrios espaos sociais, distinguindo-se uns dos outros pelovesturio e pela linguagem das vrias personagens.