Download - Fincor in de 24-07-2012

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Tiragem: 18101

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Economia, Negócios e.

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FINANÇASFINANÇAS O SEU DINHEIRO

Rui [email protected]

A época de apresentação de re-sultados da bolsa portuguesa jácomeçou. E apesar de ter come-çado com a surpresa positiva daPortucel, o período em que asempresas mostram as contas aomercado deverá revelar mais si-nais de abrandamento. A pressãodos problemas económicos que oPaís vive deverá ter efeitos maisnegativos nas cotadas expostasao mercado doméstico, sendoque as cotadas mais internacio-nalizadas e que mais controla-ram os custos poderão surpreen-der pela positiva.

“As tendências do primeirotrimestre devem-se manter,pressão ao nível das receitasprincipalmente nas empresasmais expostas a Portugal e emsegmentos de negócio mais dis-cricionários, com quedas de re-ceitas que nalguns segmentospodem atingir os 20%, talvezum pouco inferior, na medidaem que a economia parece estara querer estabilizar e porque abase de 2011 começa a ajudar”,referiu o responsável pela aná-lise de acções do Millennium IB,António Seladas, ao DiárioEconómico.

Também o analista da Fincor,José Sarmento, reconhece que“os resultados nacionais deverãoapresentar forte pressão”. Ape-sar disso, realça que “dada a cor-recção verificada na bolsa portu-guesa nos últimos anos, os pre-ços dos títulos encontram-seagora a valores bastante baixospelo que o potencial de resulta-dos poderem ser uma surpresapositiva é superior à negativa”.

No entanto, com o foco dosinvestidores na intensificação dacrise de dívida soberana, passarno teste dos resultados pode nãoser o suficiente para convenceros investidores a carimbarem aboa nota no mercado.

Cotadas internacionalizadas sãoas que mais podem surpreenderDesde que a crise se abateu sobre oPaís, os analistas têm defendidoque as empresas portuguesas maisatractivas são as que têm exposi-ção internacional. E, nesta épocade apresentação de resultados, atendência deverá manter-se.

“Acreditamos que os sectoresmais defensivos e os ligados aexportações poderão surpreen-

der pela positiva, ao passo quesectores mais ligados ao consu-mo e exclusivamente nacionaisdeverão ser mais afectados”,antevê José Sarmento, ao Diá-rio Económico. O analista des-taca a Galp, a EDP e a PT pelapositiva, dado o potencial debeneficiarem com as suas ope-rações internacionais. Já o sec-tor financeiro é aquele em queos investidores estão mais pes-simistas (ver texto ao lado). Porseu lado, António Seladas des-taca pela positiva o sector das‘utilities’. “Nas chamadas “Uti-lities” (telecomunicações eeléctricas) a resiliência eviden-ciada nos últimos anos manter-se-á”, antecipa.

Já a Jerónimo Martins é, paraJosé Sarmento, uma incógnita.E apresenta um desafio comuma várias cotadas nacionais.Conseguir que os negócios in-ternacionais sirvam para com-pensar o abrandamento da acti-vidade em Portugal. “A maiorincógnita poderá vir da Jeróni-mo Martins onde os resultadosda Biedronka poderão não sersuficientes para compensar aquebra de vendas e margens emPortugal”, refere o analista.

Investidores estarão atentosà evolução dos custosCom o cenário macroeconómi-co negro, o que afecta a capaci-dade das empresas em conse-guir receitas, os investidoresdeverão estar atentos aos gastosdas empresas. “A evolução doscustos é determinante, uma vezque a componente de receitasestá muito condicionada peloambiente macro deprimido”,explica António Seladas.

Uma das despesas de que asempresas terão dificuldade em re-duzir é com os custos dos juros deempréstimos. “Os encargos fi-nanceiros nas empresas não fi-nanceiras deverão continuar a su-bir, esta tendência manter-se-ádurante os próximos trimestres”,antevê António Seladas.

Também José Sarmento apon-ta a capacidade das empresascortarem custos e a evolução doscustos de financiamento comofactores a ter em conta nesta épo-ca de apresentação de resultados.Além disso, considera que “a ca-pacidade de exportação de em-presas e os respectivos resultadosinternacionais serão outro pontodeterminante”. ■

Época de resultadospromete ser dura paracotadas expostas a Portugal

PSI 20 COM VIDA DIFÍCIL

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23-07-201202-01-2012

O índice de referência da bolsaportuguesa sofreu ontem novaderrocada e perde mais de 16%desde o início do ano.

O responsável pelaanálise de acçõesdo Millennium IB,António Seladas,diz que “aevolução doscustos serádeterminante” nascontas dasempresas.

Com os encargosfinanceiros apressionar e com asvendas no mercadodoméstico a seremafectadas pela criseeconómica, osanalistas terão emconta evolução doscustos para aferir odesempenho dasempresas.

A ‘earnings season’ da bolsa portuguesa já começou e esta semana maisde metade das cotadas do PSI 20 vai ao exame dos mercados.

Fonte: Bloomberg

O BPI apresentaresultados amanhãapós o fecho domercado. Ainda estasemana será a vez doBCP, seguindo-se oBES na próximasegunda-feira.

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Estimativas de três casas de in-vestimento apontam para resul-tado de 27,1 milhões de euros.

Rui [email protected]

O BPI é o primeiro banco nacio-nal cotado a mostrar as contasdo segundo trimestre ao merca-do. O banco liderado por Fer-nando Ulrich deverá apresentaramanhã um lucro em torno de27 milhões de euros, segundo amédia das estimativas feitas pe-los analistas do Caixa BI, Espíri-to Santo IB e Millennium IB. Nomesmo período do ano passado,o BPI apresentou um resultadode 33,9 milhões de euros

De referir, no entanto, que aestimativa do Millennium IB éde 14 milhões de euros. Já as ou-tras duas entidades têm previ-sões similares, 34,4 milhões nocaso do Caixa BI e 33 milhões deeuros, segundo as contas do Es-pírito Santo IB.

A ajudar os resultados dobanco estará novamente Ango-la. “A operação em Angola (comum lucro líquido estimado de19,3 milhões de euros) deverácontinuar a ser o segmento maisdinâmico do grupo (ROE pertode 22,5%), referiram os analis-tas do Caixa BI, André Rodri-gues e Inês Simões, numa notade antevisão dos resultados di-vulgada ontem. Também aequipa de analistas do EspíritoSanto IB coloca a operação an-golana como a principal impul-sionadora dos resultados.

A média das estimativasaponta para que o banco tenhaconseguido uma margem finan-ceira de 129,4 milhões de euros,menos 10,76% que no mesmoperíodo do ano anterior. A justi-ficar esta descida está o custocom depósitos. Isto apesar dosganhos proporcionados pelascedências de liquidez do BCE auma taxa de 1%.

Num relatório do MillenniumIB, a analista Rita Silva realçouque a margem financeira a níveldoméstico deverá melhorar emrelação ao trimestre anterior,“impulsionada pelo financia-mento do BCE, algum ‘carrytrade’ através de compra de dí-vida soberana de curto prazo eda contínua reavaliação dospreços dos activos”. Segundo oCaixa BI, o BPI “conseguiu cer-ca de dois mil milhões de eurosem cada LTRO [operação de re-financiamento de prazo alarga-do] e não deverá ter nenhumconstrangimento de financia-mento este ano enquanto su-porta a sua margem financeiranos próximos trimestres”.

Além da queda da margemfinanceira em termos homólo-gos, os analistas temem a dete-rioração dos activos do banco.“A actividade doméstica deverácontinuar sob pressão, commargens esticadas e um aumen-to da deterioração da qualidadedos activos”, referem os analis-tas do Espírito Santo IB, que es-peram que o banco constituaprovisões para crédito no valorde 35 milhões de euros. Tam-bém Rita Silva antecipa “fortesprovisões para crédito reflectin-do maiores níveis de desempre-go e a actividade económica de-primida”.

Já a operação de recapitaliza-ção do banco permitirá ao BPIter rácios acima do exigido pelasautoridades, tanto europeias,como portuguesas. O Caixa BI eo Espírito Santo IB esperam queo rácio ‘core tier 1’ se situe em14,4% e 14,6%, respectivamen-te, segundo a definição do Ban-co de Portugal. Já segundo ocritério da Autoridade BancáriaEuropeia, os analistas do Espíri-to Santo IB esperam um CT1 de9,4%, incluindo o efeito da in-jecção estatal.

Em resumo, “o ambienteeconómico deverá manter apressão para o sector nos próxi-mos trimestres devido à dete-rioração da qualidade dos acti-vos”, concluem os analistas doCaixa BI. ■

10Número de cotadas do PSI 20 que apresentaresultados até ao final da semana.

DICA

Ao analisar os resultados das empresas há maisfactores em ter em conta além do lucro líquido.Os dados das vendas e das receitas indicamcomo a actividade da empresa está a evoluir,enquanto a evolução dos custos reflecte se aempresa se está a tornar mais eficiente.

NÚMERO

Angola voltaráa ser a jóiada coroa do BPI

ESTIMATIVAS BPI

Previsões para o resultadolíquido e margem financeira(valores em milhões de euros)

ESTIMATIVAS SEGUNDO TRIMESTRE

Estimativas para o lucro líquido das cotadas.

Bruno Barbosa

Data Estimativa Var. Homóloga(em milhões de euros)

Sonaecom 24-Jul 14,4 -20%BPI 25-Jul 27,1 -19,96%Jerónimo Martins 25-Jul 90,6 3,30%EDP Renováveis 25-Jul 30,8 -23,64%EDP 26-Jul 225,6 -15,28%Soane Indústria 26-Jul n.d. n.d.BCP 27-Jul -536Zon Multimédia 27-Jul 9,65 4,84%Galp 27-Jul 123,4 29,50%Brisa 27-Jul n.d. n.d.BES 30-Jul 18,3 -80,76%REN 31-Jul 33,3 -1,77%Portugal Telecom 02-Ago 67,14 -31,56%Sonae 23-Ago n.d. n.d.Altri 29-Ago n.d. n.d.Semapa 30-Ago n.d. n.d.Mota-Engil 31-Ago n.d. n.d.Fonte: Estimativas coligidas pela Bloomberg, à excepção da Sonaecom(Reuters) e dos bancos. nasentidades finandeiras,as estimativas foram calculadas pelo Diário Económico com base em relató-rios do Espírito Santo IB, Millennium IB e Caixa BI.

Lucro Margem

líquido financeira

BES IB 33 128

Millennium IB 14 131,2

Caixa BI 34,4 124,6

Média 27,13 127,93