Download - Fotos: Thiago Prado Neris Entrevista Quais são os maiores ... · PDF fileOs garotos são unânimes quando afirmam gostar de morar no Morro do ... fizeram de Seu Valcir a voz representativa

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Page 1: Fotos: Thiago Prado Neris Entrevista Quais são os maiores ... · PDF fileOs garotos são unânimes quando afirmam gostar de morar no Morro do ... fizeram de Seu Valcir a voz representativa

Quand

o fo

i ind

icada

par

a as

sum

ir a

dire

ção

da es

cola

Reu

nida

s, qu

e um

ano

dep

ois d

a-ria

luga

r ao

Cent

ro E

duca

ciona

l Mun

icipa

l Re

nasc

er, D

ona

Neum

ar fi

cou

apre

ensiv

a. As

not

ícias

que

cor

riam

sobr

e a

regiã

o, em

19

99, e

ram

ala

rman

tes. N

enhu

m fa

mili

ar o

usou

sub

ir at

é o M

orro

do P

edre

gal p

ara l

evá-

la em

seu

prim

eiro d

ia

de tr

abal

ho. S

em re

ceio

s, fo

i tra

balh

ar d

e ôni

bus e

nun

ca

mai

s deix

ou d

e pa

rticip

ar d

o co

tidia

no e

scol

ar. “

No c

o-m

eço,

os fu

ncio

nário

s me

perg

unta

vam

se p

oder

iam

vir

traba

lhar

de

brin

co o

u an

el”, r

elem

bra.

Quas

e de

z an

os

depo

is, N

eum

ar Be

zerra

cont

inua

a de

dica

r-se a

os 60

0 alu

-no

s da 1

ª sér

ie do

ensin

o fun

dam

enta

l ao s

uplet

ivo. “

Hoje

não

sei m

ais s

e é b

arul

ho d

e tiro

, bom

binh

a, de

fogu

ete”.

Afas

tada

rece

ntem

ente

por n

epot

ismo -

duas

de su

as fi

lhas

tra

balh

am n

a es

cola

-, el

a vo

ltou

há p

ouco

tem

po co

mo

asse

ssora

adm

inist

rativ

a. A d

ireto

ria fo

i assu

mid

a pela

as-

sisten

te so

cial M

ilena

Fuck

s, há

três

anos

na i

nstit

uiçã

o.A

rotin

a do

Cen

tro R

enas

cer

refle

te o

que

acon

tece

além

das

par

edes

das

sala

s de

aula

. Até

o an

o pa

ssado

, qu

ando

dois

grup

os ri

vais

troca

vam

tiros

entre

si ou

com

a po

lícia

, a qu

alqu

er ho

ra do

dia,

o col

égio

era u

ma g

aran

tia

para

os p

ais d

e que

os fi

lhos

esta

vam

segu

ros.

De a

cord

o co

m a

Cen

tral d

e Pol

ícia

de S

ão Jo

sé, a

regiã

o do

Ped

re-

gal e

ra c

ompa

rada

às c

omun

idad

es d

o Ri

o de

Jane

iro e

po

r isso

gan

hou

o ap

elido

de

Baixa

da F

lum

inen

se. N

ão

há u

m le

vant

amen

to d

e ín

dice

s de

crim

inal

idad

e, m

as

os h

omicí

dios

são m

enos

reco

rrent

es de

pois

que o

s líd

eres

do

s gru

pos e

nvol

vidos

com

tráfi

co de

drog

as fo

ram

pres

os.

As a

pree

nsõe

s po

r po

rte d

e ar

ma

e dr

ogas

con

tinua

m

send

o con

stant

es.

Quan

do b

arul

hos d

e tiro

s pró

ximos

às j

anela

s do

se-

gund

o an

dar d

esno

rtear

am a

luno

s e p

rofes

sore

s, em

no-

vem

bro d

e 200

7, o B

atal

hão d

e Ope

raçõ

es Es

pecia

is (B

ope)

en

trou

na es

cola

. A ps

icólo

ga G

abrie

lla P

ereir

a, qu

e tra

ba-

lha

com

o au

xilia

r de

secr

etaria

, ano

tava

um

reca

do n

o qu

adro

qua

ndo

ouviu

os s

ons.

Em m

omen

tos c

omo

esse

, os

prof

esso

res e

func

ioná

rios c

ostu

mam

fech

ar as

corti

nas

das s

alas

e ten

tam

aca

lmar

os e

studa

ntes

. Par

a Ga

briel

la,

quem

trab

alha

na

esco

la R

enas

cer n

ão te

m m

edo

e cria

la

ços d

e afet

o com

os al

unos

.Ap

ós es

se fa

to, a

prefe

itura

de Sã

o Jos

é sol

icito

u à d

ire-

ção

do R

enas

cer q

ue o

labo

rató

rio d

e ciên

cias d

ever

ia se

r de

sativ

ado

para

dar

luga

r a u

m p

osto

pol

icial

den

tro d

a es

cola

. A co

mun

idad

e e o

s fun

cioná

rios s

e pos

icion

aram

co

ntra

a at

itude

e a p

rópr

ia pr

efeitu

ra m

udou

de id

éia em

po

ucos

dias

. Don

a Neu

mar

, da a

dmin

istra

ção,

expl

ica qu

e a

com

unid

ade

quer

um

pos

to p

olici

al n

as p

roxim

idad

es

da es

cola

, não

den

tro. “

É co

mpl

icado

mist

urar

educ

ação

co

m co

erçã

o”, a

cres

cent

a a di

reto

ra.

Tráfi

co, p

olíc

ia e

a es

cola

Quan

do o

carro

do B

ope s

obe a

regiã

o do M

orro

do P

e-dr

egal

algu

ns es

tuda

ntes

corre

m pa

ra a

jane

la e

cant

am a

m

úsica

-tem

a do

film

e Tro

pa d

e Elit

e. Um

a pr

ofes

sora

da

4ª sé

rie qu

estio

nou

a tur

ma d

e 32 a

luno

s sob

re o

que c

ada

um qu

er se

r qua

ndo c

resc

er. A

resp

osta

foi q

uase

unâ

nim

e: “q

uero

ser d

o Bop

e”.

Segu

ndo

os p

rofes

sore

s, os

alu

nos

vêem

na

políc

ia

uma

form

a de

subi

r na

vida

porq

ue a

pro

fissã

o do

s pai

s ele

s sab

em qu

e não

dá di

nheir

o e po

der. “

As cr

ianç

as qu

e-re

m tr

abal

har n

a po

lícia

ou

ser c

hefes

do

mor

ro, p

orqu

e nã

o sab

em qu

e exis

te m

édico

, adv

ogad

o, en

genh

eiro”

, ob-

serv

a a

psicó

loga

. Don

a Ne

umar

com

pleta

: “O

Bras

il pr

a ele

s é o

Pedr

egal

”.Nã

o só

as r

eferê

ncia

s à p

olíci

a de

mon

stram

a in

flu-

ência

da

real

idad

e vio

lenta

nas

atit

udes

e a

tivid

ades

dos

al

unos

. Os e

studa

ntes

gos

tam

de m

ostra

r que

conh

ecem

os

tipo

s de

arm

as, c

alib

res e

as v

aried

ades

das

dro

gas.

A di

reto

ra ex

plica

que

a n

ova

brin

cade

ira d

e suc

esso

entre

os

alu

nos é

am

assa

r giz

bran

co p

ara

simul

ar a

com

pra

e ve

nda d

e “pó

”.Du

rant

e as

ativ

idad

es e

scol

ares

, os e

studa

ntes

cos

tu-

mam

des

enha

r a p

rópr

ia ca

sa ro

dead

a de

pol

iciai

s, he

li-có

pter

os e

arm

as. A

supe

rviso

ra D

enise

Sch

roed

er re

lata

qu

e um

alun

o do p

erío

do da

tard

e che

gou

à esc

ola c

om o

ca

belo

rasp

ado

no fo

rmat

o de

um

revó

lver c

alib

re 3

8. El

e fo

i enc

amin

hado

par

a qu

e des

fizes

se o

nov

o “p

entea

do”.

Outro

estu

dant

e, no

ano

pas

sado

, fez

as a

ulas

da

esco

la

sere

m in

terro

mpi

das d

epoi

s de j

ogar

um

a bo

mba

case

ira

em u

m ca

nto d

o col

égio

. O

s pr

ofes

sore

s no

vos

costu

mam

ser

testa

dos

pelo

s al

unos

. Ales

sand

ra d

os S

anto

s, há

doi

s mes

es n

o co

légio

, co

nta q

ue já

trab

alho

u em

mui

tas e

scol

as e

já es

tá ac

ostu

-m

ada

com

as n

ovid

ades

. Qua

ndo

com

eçou

no

Rena

scer,

um

alu

no a

mea

çou

mos

trar u

ma

pisto

la d

epoi

s que

ela

cham

ou su

a at

ençã

o. “E

u re

spon

di q

ue n

ão ti

nha

med

o de

pist

ola

nenh

uma,

e pr

onto

. Nun

ca m

ais m

e in

com

o-de

i com

nad

a. El

es q

uere

m é

testa

r pra

ver s

e a ge

nte t

em

med

o de

les”,

com

pleta

. Adr

iana

Esp

índo

la, p

rofes

sora

da

2ª sé

rie, g

aran

te qu

e a se

nsaç

ão de

inse

gura

nça d

ura p

ou-

cos d

ias. “

A mai

oria

dos a

luno

s res

peita

a ge

nte,

é pra

zero

-so

trab

alha

r com

eles

”, afi

rma.

No p

erío

do n

otur

no, q

uand

o fu

ncio

na o

ens

ino

mé-

dio e

o su

pleti

vo, a

real

idad

e mud

a. As

aula

s ter

min

am às

22

h15

e os h

orár

ios d

os ô

nibu

s da

empr

esa

Bigu

açu

têm

que a

com

panh

ar o

térm

ino

das a

ulas

, poi

s os p

rofes

sore

s se

recu

sam

a es

pera

r no p

onto

. Don

a Neu

mar

expl

ica qu

e se

o h

orár

io d

a lin

ha é

alte

rado

por

qua

lque

r mot

ivo, a

es

cola

prec

isa m

anda

r um

ofíci

o à em

pres

a de t

rans

porte

ex

igind

o a vo

lta do

antig

o hor

ário

.

Os p

ais n

o co

tidia

no es

cola

rDo

na G

enov

eva é

um

exem

plo d

e fam

iliar

resp

onsá

vel

que p

artic

ipa

das a

tivid

ades

da

esco

la. L

eva

o ne

to, d

a 1ª

rie, a

o col

égio

todo

s os d

ias. A

senh

ora d

e ros

to m

arca

do,

com

idad

e inf

erio

r aos

40

anos

, rep

rese

nta

os m

orad

ores

da

com

unid

ade R

enas

cer q

ue n

ão tê

m en

volvi

men

to co

m

o trá

fico e

que n

ão pe

nsam

em de

ixar o

loca

l. Jun

to ao

ma-

rido e

aos q

uatro

filh

os, D

ona G

enov

eva d

eixou

o tra

balh

o na

roça

, na c

idad

e de L

ages

, há 2

0 ano

s, pa

ra te

ntar

nov

as

opor

tuni

dade

s no P

edre

gal. C

ria o

neto

, aba

ndon

ado p

ela

nora

, com

o sa

lário

do m

arid

o, fu

ncio

nário

públ

ico, e

com

a

vend

a de

doc

es e

roup

as ín

timas

. “El

a nã

o tin

ha co

ndi-

ções

de cr

iá-lo

, ent

ão de

ixou

pra m

im”,

justi

fica.

Dona

Gen

ovev

a afi

rma

não

ter m

edo

de vi

ver n

o Pe

-dr

egal

. Mes

mo

nos t

empo

s em

que

“nã

o tin

ha h

ora

pra

gent

e se j

ogar

no c

hão”

, por

caus

a dos

tiro

teios

, a se

nhor

a ga

rant

e: “A

gent

e que

faz o

luga

r da

gent

e. Ne

nhum

filh

o m

eu es

tá m

etido

com

coisa

ruim

, gra

ças a

Deu

s, mas

sem

-pr

e tem

uns

conh

ecid

os da

gent

e”.

Além

da

viol

ênci

a O

pape

l que

o C

entro

Ren

asce

r assu

me n

a re

gião

do

Pedr

egal

vai

além

de

educ

ar e

de

atua

r com

o ab

rigo.

A pe

squi

sado

ra Ju

liane

Bor

sa, d

a PUC

-RS,

em su

a tes

e O p

a-pe

l da

esco

la n

a so

cializ

ação

infa

ntil,

defin

e as f

unçõ

es

esse

ncia

is da

insti

tuiçã

o. “É

na e

scol

a que

se co

nstró

i par

te

da id

entid

ade d

e ser

e pe

rtenc

er ao

mun

do; a

aqui

sição

dos

prin

cípio

s étic

os e

mor

ais;

onde

se de

posit

am as

expe

ctati-

vas,

inse

gura

nças

em re

laçã

o ao f

utur

o”, s

usten

ta.

Os m

orad

ores

das

com

unid

ades

do

Pedr

egal

e da

Boa

Es

pera

nça –

amba

s pró

ximas

à es

cola

Ren

asce

r - e

nfre

n-ta

m di

ficul

dade

s que

ultra

passa

m a

nece

ssida

de de

fugir

de

um ti

rotei

ro. “

A rea

lidad

e que

circ

ula a

qui é

a da

pobr

eza,

da fa

lta de

opor

tuni

dade

s, da v

iolên

cia do

més

tica.

O trá

fico

não

é um

pro

blem

a aq

ui, a

pena

s um

mun

do p

aral

elo”,

gara

nte G

abrie

lla P

ereir

a. Os

pro

blem

as d

a co

mun

idad

e co

meç

am n

a ár

ea d

a hi

giene

sani

tária

. A m

aior

ia d

as ca

sas n

ão te

m b

anhe

iro,

mui

to m

enos

rede

de e

sgot

o, e s

ão co

nstru

ídas

a p

artir

de

qual

quer

tipo d

e mat

eria

l, até

pape

lão.

“A ge

nte p

recis

a en-

sinar

as cr

ianç

as a

esco

var o

s den

tes, p

or ex

empl

o, a t

omar

ba

nho”

, rela

ta G

abrie

lla. N

o col

égio

, os a

luno

s con

segu

em

méd

ico, h

á mer

enda

– qu

e par

a algu

ns é

a úni

ca re

feiçã

o do

dia –

pode

m u

sar o

banh

eiro e

rece

bem

a at

ençã

o dos

pr

ofes

sore

s.Os

caso

s de a

luno

s esp

anca

dos e

abus

ados

sexu

alm

en-

te de

ntro

de c

asa

são

cons

tant

es d

entro

do

Cent

ro R

enas

-ce

r. Só

em 2

007,

fora

m q

uatro

caso

s con

firm

ados

e en

ca-

min

hado

s ao C

onse

lho T

utela

r. A or

ienta

dora

educ

acio

nal

Rosil

ene R

ener

t con

ta q

ue a

lguns

pai

s che

gam

a ti

rar o

s fil

hos d

a esc

ola q

uand

o des

confi

am qu

e o co

légio

está

in-

vesti

gand

o um

pos

sível

caso

de v

iolên

cia se

xual

. A es

cola

at

ua em

parc

eria

com

o Co

nselh

o Tut

elar p

ara c

onfir

mar

e r

esol

ver o

s cas

os de

abus

o.A d

ireto

ra M

ilena

Fuck

s gar

ante

que o

colég

io tr

abal

ha

com

os pr

ofes

sore

s a id

éia de

que e

les pr

ecisa

m de

dica

r-se

aos a

luno

s de m

aneir

a dife

renc

iada

, além

do co

nteú

do di

-dá

tico.

“O pr

ofes

sor q

uer p

assa

r a m

atér

ia, m

as a

gent

e ex-

plica

que o

trab

alho

com

o al

uno t

em qu

e ser

com

pleto

”.

Além

das

aul

as d

e refo

rço

esco

lar e

das

ativ

idad

es so

-cia

is qu

e env

olve

m a

esco

la e

a com

unid

ade,

exist

e o pr

o-jet

o Pa

rada

Ped

agóg

ica. U

ma

vez

por m

ês, c

ada

esco

la

da re

de m

unici

pal r

eceb

e um

cons

ulto

r ped

agóg

ico p

ara

traba

lhar

com

os

prof

esso

res

as n

eces

sidad

es lo

cais

dos

alun

os. P

ara

a se

cretá

ria d

a Ed

ucaç

ão d

e Sã

o Jo

sé, G

io-

vani

a Kr

etzer,

é po

r meio

des

ses p

rojet

os q

ue a

pre

feitu

ra

pode

cont

ribui

r par

a am

eniza

r as d

ificu

ldad

es de

apre

ndi-

zage

m e

prob

lemas

socia

is do

s alu

nos.

No C

entro

Ren

as-

cer,

Rosil

ene

Rene

rt de

staca

que

a e

scol

a ta

mbé

m a

dota

um

conj

unto

de

polít

icas p

ara

amen

izar a

agr

essiv

idad

e do

s estu

dant

es pr

esen

te na

s brin

cade

iras d

e chu

tes, b

rigas

e d

esen

tendi

men

tos.

O bo

m d

esem

penh

o es

cola

r das

cria

nças

e ad

oles

cen-

tes ta

mbé

m se

torn

a fru

to d

e um

trab

alho

min

ucio

so. “

O av

anço

dele

s aqu

i den

tro é

mér

ito d

eles m

esm

o, po

rque

o

ince

ntivo

den

tro d

e ca

sa é

qua

se z

ero”

, obs

erva

Don

a Ne

umar

. Os p

rofes

sore

s rela

tam

que

mui

tos d

emor

am a

ap

rend

er a

ler e

a esc

reve

r, che

gam

à 1ª

série

com

dific

ul-

dade

s até

de id

entifi

car a

s cor

es.

Proj

etos

par

alel

osJu

nto

ao c

olég

io, f

uncio

nam

vár

ios p

rojet

os e

m p

ar-

ceria

com

a pr

efeitu

ra, c

omo o

Ban

das e

Fan

farr

as, q

ue

há po

ucas

sem

anas

deu

à esc

ola R

enas

cer o

trof

éu de

pri-

meir

o lu

gar n

o ca

mpe

onat

o re

giona

l em

Ota

cílio

Cos

ta.

Nos s

ábad

os, a

esco

la a

briga

as o

ficin

as p

rofis

siona

lizan

-tes

. Cur

sos c

omo

Corte

de C

abelo

, Inf

orm

ática

, Por

cela

na

Fria

e ou

tros e

stão

aber

tos à

com

unid

ade.

Em 2

007,

400

alun

os d

a re

de m

unici

pal d

e São

José

fora

m d

iplo

mad

os

nos 2

8 cur

sos.

Júlio

, 12 a

nos,

parti

cipa d

as ofi

cinas

de P

orce

lana

Fria

ao

s sáb

ados

. Junt

o com

os co

legas

Sam

uel, 1

4, M

ateu

s, 11

e G

iova

ni, 1

1, da

6ª s

érie,

costu

ma

vir à

esco

la n

as ta

rdes

pa

ra fa

zer t

raba

lhos

ou

parti

cipar

dos

pro

jetos

. Os m

eni-

nos,

que m

antêm

um

des

empe

nho

dent

ro d

a m

édia

, são

co

nsid

erad

os e

xceç

ões

na e

scol

a. Ne

nhum

a ad

vertê

ncia

po

r mau

-com

porta

men

to, i

nter

esse

dos

pai

s pelo

des

em-

penh

o esc

olar

e ut

ensíl

ios c

omo c

ompu

tado

r e vi

deog

ame

reve

lam

um

a re

alid

ade

na v

ida

deles

que

não

atin

ge à

m

aior

ia do

s estu

dant

es.

Os g

arot

os s

ão u

nâni

mes

qua

ndo

afirm

am g

osta

r de

mor

ar n

o M

orro

do

Pedr

egal

, mas

a m

ãe d

e M

ateu

s pe

nsa

em se

mud

ar d

a re

gião.

“Não

sei,

ela d

iz qu

e nã

o go

sta”,

justi

fica

o m

enin

o. So

bre a

viol

ência

do

loca

l, eles

fa

lam

com

firm

eza:

“Min

ha vi

zinha

qua

se le

vou

um ti

ro

na ca

beça

out

ro d

ia, m

as h

oje e

m d

ia, q

ualq

uer l

ugar

é

perig

oso”

, obs

erva

Júlio

.

Jul

iana

Gom

es

Quan

do a

esco

la a

ssum

e ou

tros p

apéis

Mai

s de

4 m

il al

unos

da

rede

mun

icip

al d

e Sã

o Jo

sé e

stud

am e

m re

giõe

s vi

olen

tas,

com

o no

Cen

tro R

enas

cer,

onde

é p

reci

so fa

zer m

ais

do q

ue e

nsin

ar

8 e

9 Esp

ecia

l Fl

oria

nópo

lis, j

unho

de

2008

Traba

lho d

uro,

pulso

firm

e e co

ntato

s na p

refei

tura

fize

ram

de S

eu V

alcir

a voz

repr

esen

tativ

a da r

egião

do P

edre

gal

Estud

antes

da 1ª

série

ao su

pletiv

o usa

m o c

olégio

para

prati

car e

spor

tes e

parti

cipar

de pr

ojetos

fora

do pe

ríodo

esco

lar

Foto

s: T

hiag

o Pr

ado

Neris

Os co

nflito

s da r

egião

inter

ferem

no c

otidia

no es

colar

, des

de o

s des

enho

s aos

exer

cícios

e de

bates

em sa

la de

aula

Ent

revi

sta

Ele

tem

pre

ssa

ou e

stá

ocup

ado.

É s

impá

tico,

ape

sar d

e fa

lar p

ouco

. Tem

qua

tro fi

lhos

, qu

atro

net

os e

torc

e pa

ra o

Fig

ueire

nse.

Valci

r Ant

ônio

Per

eira

dei

xou

a cid

ade

de C

atan

du-

vas,

inte

rior d

e Sa

nta

Cata

rina,

16 a

nos,

para

vive

r no

mor

ro d

o Pe

dreg

al. V

iajo

u o

Bras

il tra

balh

ando

com

o vig

ilant

e de

esc

olta

, mas

foi a

pose

ntad

o po

r inv

alid

ez d

epoi

s de

leva

r um

tiro

na

pern

a du

rant

e as

salto

. Log

o qu

e ch

egou

à c

omun

idad

e, c

omeç

ou a

freq

üent

ar

as re

uniõ

es d

a As

socia

ção

de M

orad

ores

. Pou

co d

epoi

s, já

tinh

a sid

o el

eito

pre

siden

te p

or

três

veze

s. Ta

mbé

m a

ssum

iu o

car

go d

e pr

esid

ente

da

Asso

ciaçã

o de

Pai

s e

Prof

esso

res

(APP

) da

esco

la R

enas

cer e

est

á no

terc

eiro

man

dato

cons

ecut

ivo. C

orre

u at

rás d

e co

ntat

os

com

a S

ecre

taria

de

Obra

s da

pre

feitu

ra d

e Sã

o Jo

sé e

aí já

tinh

a se

torn

ado

o líd

er d

a co

-m

unid

ade

do P

edre

gal e

da

vizin

ha, B

oa E

sper

ança

. Jun

tas,

som

am d

ez m

il mor

ador

es.

“Só

não

ajudo

mal

andr

o”

ero

- Por

que

cha

mam

o s

enho

r de

líde

r?Va

lcir

: Por

que

aqui

tudo

que

pre

cisa

m e

les p

edem

pr

a m

im. E

u le

vo ge

nte p

ro h

ospi

tal,

dou

um je

ito d

e ab

rigar

quem

perd

eu ca

sa em

ench

ente

. Vou

atrá

s de

rede

de e

sgot

o. E

ago

ra “t

ô” lu

tand

o pe

la co

nstru

ção

de u

ma

área

de l

azer

pra

s cria

nças

brin

care

m a

qui,

com

pra

ça, q

uadr

a de

espo

rtes.

Mas

a C

âmar

a de

Ve-

read

ores

de

São

José

não

apr

ova

porq

ue d

iz qu

e há

ou

tras p

riorid

ades

na

cida

de. E

m to

das a

s ses

sões

da

Câm

ara,

vou

pra

pres

siona

r a a

prov

ação

do

proj

eto.

É

uma

luta

diá

ria. S

ó nã

o aj

udo

mal

andr

o.

Mal

andr

o?Aq

uele

que

fica

sent

ado

o di

a to

do, o

u o

mal

a qu

e é

met

ido

com

coi

sa r

uim

, que

bag

unça

a c

o-m

unid

ade.

Mal

a nã

o te

m ve

z com

igo.

Nen

hum

de-

les i

nflue

ncia

o m

eu tr

abal

ho a

qui d

entro

ou

vem

m

e de

safia

r. Qu

ando

me

enco

ntra

m n

a ru

a el

es

dize

m: “

Oi, s

eu V

alci

r”. E

u re

spon

do: “

Oi e

tcha

u”.

Qua

l o p

erfil

das

com

unid

ades

do

loca

l?Po

sso di

zer q

ue 99

% da

popu

laçã

o é tr

abal

hado

ra:

pint

or, c

obra

dor d

e ôni

bus,

func

ioná

rio p

úblic

o.

O s

enho

r co

nsid

era

segu

ra a

reg

ião?

Perig

oso

não

é, m

as se

tem

tiro

nós

nos

aba

i-xa

mos

(ris

os).

Aqui

não

exi

ste e

sse

negó

cio

de

trafi

cant

e fic

ar n

o m

eio

da r

ua, c

ircul

ando

pel

a co

mun

idad

e co

mo

no M

orro

do

Horá

cio,

em

Flo

-ria

nópo

lis. T

rafic

ante

aqu

i da

regi

ão a

nda

a pé

ou

de b

icic

leta

. “Ca

rrão

” só

ent

ra a

qui q

uand

o m

au-

ricin

ho lá

de

baix

o ve

m co

mpr

ar d

roga

.

Algu

mas

pes

soas

dis

sera

m q

ue t

êm m

edo

de m

orar

aqu

i.É.

Até

o p

assa

do a

coisa

tava

ruim

mes

mo.

A p

o-líc

ia en

trava

aqu

i o d

ia in

teiro

, mas

os d

ois g

rupo

s da

dro

ga q

ue fi

cava

m tr

ocan

do ti

ro se

ace

rtar

am,

fizer

am u

m a

cord

o e

aind

a co

mem

orar

am c

om

chur

rasc

o e 5

00 fo

guet

es.

Quai

s são

os m

aior

es p

robl

emas

da

regi

ão?

O Ce

ntro

de

Saúd

e é

mui

to p

eque

no e

ate

n-de

um

as o

ito c

omun

idad

es a

qui

da r

egiã

o, é

m

uita

gen

te. O

s m

aior

es p

robl

emas

são

de

in-

fra-

estr

utur

a m

esm

o: e

sgot

o, a

sfal

to,

bura

co

nas r

uas.

A re

de d

e es

goto

est

á m

uito

pre

cári

a,

eu “

tô”

luta

ndo

pra

troc

ar a

tub

ulaç

ão t

oda.

M

as a

min

ha c

omun

idad

e “t

á” d

even

do m

es-

mo

na q

uest

ão d

o lix

o. A

s pe

ssoa

s co

ntin

uam

co

m a

quel

a cu

ltura

de

joga

r lix

o na

cas

a do

vi

zinh

o, n

o m

eio

da ru

a, a

cho

que

essa

é a

mi-

nha

prin

cipa

l lu

ta a

tual

men

te,

reso

lver

ess

a qu

estã

o do

lixo

.

O se

nhor

con

hece

out

ros

repr

esen

tant

es d

e co

mun

idad

es?

Clar

o. Co

nheç

o os

das

com

unid

ade

de P

otec

as,

Mor

ro D

ona

Eli,

Horto

Flo

resta

l, do

Mor

ro d

o Av

aí. A

ge

nte f

az re

uniõ

es co

m o

prefe

ito pr

a disc

utir

as n

eces

-sid

ades

dos

mor

ador

es.

Com

o as

pes

soas

de

fora

da

com

unid

ade

vêem

o tr

abal

ho d

o se

nhor

? Já

me

cham

aram

até

de

trafic

ante

. O p

esso

al

daqu

i de

fora

fala

isso

, mas

que

m su

stent

a a

drog

a da

qui s

ão o

s filh

os d

eles.

Quem

mor

a aq

ui n

ão te

m

dinh

eiro

pra

suste

ntar

o ví

cio.

O q

ue p

ode

ser

feito

pra

evi

tar

que

as

cria

nças

sej

am in

fluen

ciad

as p

elo

tráfi

co?

Eu “

tô”

atrá

s do

pro

jeto

da

área

de

laze

r po

r is

so. T

em o

s pro

jeto

s com

a p

refe

itura

, né?

Na

esc

ola

têm

vár

ios.

E nó

s te

mos

aqu

i na

co-

mun

idad

e o

Pont

e Jú

nior

Esp

orte

Clu

be, q

ue

disp

uta

a lig

a de

fute

bol d

e Sã

o Jo

sé n

a se

gun-

da d

ivis

ão. J

á sa

iu jo

gado

r da

qui p

ra jo

gar

no

Figu

eire

nse,

na

Port

ugue

sa e

até

no

Sant

os.

O tim

e m

esm

o é

form

ado

por

adul

tos,

mas

o

trei

nado

r tam

bém

ens

ina

cria

nças

de

seis

a 1

4 an

os. (J.G.)

No C

entro

Ren

asce

r estu

dam

600 a

lunos

da co

munid

ade d

o Ped

regal

e da B

oa Es

peran

ça, n

o bair

ro Ipi

ranga

, em

São J

osé