UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE MEDICINA SOCIAL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO INTEGRADO EM SAÚDE COLETIVA
Gravidez não pretendida e sua associação com depressão pós-parto entre
mulheres atendidas no pré-natal pela estratégia de saúde da família no
Recife-PE
Cynthia Nunes de Oliveira Brito
Recife
2013
Cynthia Nunes de Oliveira Brito
Gravidez não pretendida e sua associação com depressão pós-parto entre
mulheres atendidas no pré-natal pela estratégia de saúde da família no
Recife-PE
Orientadora: Profa. Dra. Sandra Valongueiro Alves
Coorientadora: Profa. Dra. Ana Bernarda Ludermir
RECIFE
2013
Dissertação apresentada ao curso de
mestrado do Programa de Pós-
Graduação Integrado em Saúde Coletiva
do Departamento de Medicina Social da
Universidade Federal de Pernambuco,
como requisito obrigatório para
obtenção do título de mestre em Saúde
Coletiva.
Área de concentração: Epidemiologia
Epidemiologia
Catalogação na Publicação
Bibliotecária: Mônica Uchôa, CRB4-1010
B862g Brito, Cynthia Nunes de Oliveira. Gravidez não pretendida e sua associação com depressão pós-parto
entre mulheres atendidas no pré-natal pela estratégia de saúde da família no Recife-PE / Cynthia Nunes de Oliveira Brito. – Recife: O autor, 2013.
98 f.: il. ; tab.; quadr.; 30 cm.
Orientadora: Sandra Valongueiro Alves. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco, CCS, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, 2013.
Inclui bibliografia e anexos.
1. Gravidez não desejada. 2. Depressão pós-parto. 3. Estudos de coortes. I. Alves, Sandra Valongueiro (Orientadora). II. Título. 614 CDD (23.ed.) UFPE (CCS2013-033)
RELATÓRIO DA BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE DISSERTAÇÃO DO(A) MESTRAND(O)A
CYNTHIA NUNES DE OLIVEIRA BRITO
No dia 21 de fevereiro de 2013, às 10h, na no Auditório do NUSP – Núcleo de Saúde Pública da
Universidade Federal de Pernambuco, os professores: Sandra Valongueiro Alves (Doutor(a) do
Hospital das Clínicas da UFPE – Orientador(a)) Membro Interno, Olímpio Barbosa de Moraes Filho
(Doutor(a) do Departamento Materno Infantil da UPE) Membro Externo e Amaury Cantilino da Silva
Junior (Doutor(a) do Departamento de Neuropsiquiatria da UFPE) Membro Externo, componentes da
Banca Examinadora, em sessão pública, argüíram o(a) mestrando(a) Cynthia Nunes de Oliveira Brito,
sobre a sua Dissertação intitulada: “Gravidez não pretendida e sua associação com Depressão
Pós-parto entre mulheres atendidas no pré-natal da Estratégia de Saúde da Família no Recife-
PE". Ao final da argüição de cada membro da Banca Examinadora e resposta do(a)
Mestrando(a), as seguintes menções foram publicamente fornecidas.
Prof. Dr. Amaury Cantilino da Silva Junior
Prof. Dr. Olímpio Barbosa de Moraes Filho
Profa. Dra. Sandra Valongueiro Alves
_________________________________________________
Prof. Dr. Amaury Cantilino da Silva Junior
_________________________________________________
Prof. Dr. Olímpio Barbosa de Moraes Filho
_________________________________________________
Profa. Dra. Sandra Valongueiro Alves
Programa de Pós-Graduação Integrado em Saúde
Coletiva do Centro de Ciências da Saúde da
Universidade Federal de Pernambuco
A meus pais, meus primeiros e
eternos professores.
AGRADECIMENTOS
A minha orientadora, Sandra Valongueiro, pelo conhecimento transmitido, pelas experiências
trocadas, pelas inúmeras horas de dedicação a este trabalho, sempre com um sorriso rosto.
A Ana Bernarda, pela paciência e disponibilidade em me guiar pelo fascinante mundo da
epidemiologia e da estatística.
Aos professores do PPGISC, que me ajudaram a desenvolver um novo olhar sobre a Saúde
Pública.
A Moreira e Isabel, pela competência, prestatividade e alegria na orientação das questões
burocráticas.
Aos colegas do mestrado, pelas alegres e agradáveis horas de convivência, que ajudaram a
tornar o caminho mais fácil.
Ao meu marido, Maximiliano, grande incentivador das minhas conquistas científicas e amor
da minha vida.
A minha irmã, Sarah Priscilla, pela preciosa ajuda nessa dissertação, e a Rachel e Ana
Patrícia, pelo apoio.
Aos meus pais, pelo amor, incentivo e desvelo dedicados à minha educação.
A Deus, autor da vida, que me guia e consola nos momentos difíceis.
RESUMO
A gravidez não pretendida é um tema de grande importância para a saúde pública, e embora
venha recebendo cada vez mais atenção por parte dos pesquisadores, pouco se sabe sobre seus
determinantes e fatores associados, entre eles, a depressão pós-parto. Este é um estudo de
coorte prospectivo realizado de julho de 2005 a dezembro de 2006, que teve por objetivo
analisar a associação entre gravidez não pretendida e depressão pós-parto entre mulheres
cadastradas no pré-natal da Estratégia de Saúde da Família do Distrito Sanitário II na cidade
do Recife. Foram entrevistadas durante a gestação e o puerpério 1.056 mulheres. A análise
dos dados foi feita por meio da regressão logística, incluindo-se no modelo variáveis
associadas à exposição e ao desfecho de acordo com a literatura. A prevalência estimada de
depressão pós-parto foi de 25,9%, e a frequência estimada de gravidez não pretendida, 60,2%.
Observou-se associação entre ambas (OR=1,74 IC 95%: 1,30 – 2,34), que se manteve após
ajuste para variáveis potencialmente confundidoras (escore no SRQ-20, comportamento
controlador do parceiro, apoio social e paridade), embora com menor magnitude (OR=1,42 IC
95%: 1,03-1,97). Retirando-se do modelo a variável “escore no SRQ-20”, observou-se uma
razão de chances maior, que permaneceu significativa (OR=1,48 IC 95%: 1,09-2,01). É
possível que escores elevados nessa escala durante a gestação sejam resultado de uma
gravidez não pretendida, e a sua inclusão no modelo tenha subestimado a associação.
Palavras-chave: Gravidez não desejada. Depressão pós-parto. Estudos de coortes.
ABSTRACT
Unintended pregnancy is an issue of great importance to public health, and however it has
received increasing attention from researchers, little is known about its determinants and
associated factors such Postpartum Depression. This prospective cohort study conducted from
July 2005 to December 2006 aimed to analyze the association between unintended pregnancy
and postpartum depression in women attending prenatal care at Family Health Program of the
2nd
. Health District of the city of Recife. The study population, 1056 women aged 18 to 49
years old, were interviewed during their pregnancy and at postpartum period. Data analysis
was made using logistic regression. The variables included in the model were associated with
exposure and outcome according to literature. The estimated prevalence of Postpartum
Depression was 25.9%, and the estimated frequency of Unintended Pregnancy, 60.2%. We
observed an association between both (OR = 1.74 95% IC: 1.30 - 2.34), wich remained after
adjustment for potentially confounding variables (score on the SRQ-20, partner´s controlling
behavior, social support and parity), albeit to a smaller magnitude (OR = 1.42 95% IC: 1.03 -
1.97). Removing SRQ-20 from the model, we observed higher odds ratio, which remained
statisticaly significant (OR = 1.48 95% CI: 1.09 to 2.01). It is possible that high scores on this
scale during pregnancy has been result of an unintended pregnancy, and their inclusion in the
model has underestimated the association.
Keywords: Unintended pregnancy. Postpartum depression. Cohort study.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Características socioeconômicas e demográficas das mulheres entrevistadas no DS
II do Recife-PE, 2005-2006
Tabela 2 – Tabela 2. Variáveis relacionadas ao parceiro e apoio social das mulheres entrevistadas no
DS II do Recife-PE, 2005-2006
Tabela 3 – Variáveis relativas à saúde mental das mulheres entrevistadas no DS II do Recife-PE,
2005-2006
Tabela 4 – Classificação das gestações de acordo com a pretensão de gravidez das mulheres
entrevistadas no DS II do Recife-PE, 2005-2006
Tabela 5 – Prevalência de depressão pós-parto de acordo com a EPDS entre as mulheres entrevistadas
no DS II do Recife-PE, 2005-2006
Tabela 6 – Associação entre gravidez não pretendida e características socioeconômicas e
demográficas das mulheres entrevistadas no DS II do Recife-PE, 2005-2006
Tabela 7 – Associação entre gravidez não pretendida e variáveis relacionadas ao parceiro e apoio
social entre as mulheres entrevistadas no DS II do Recife-PE, 2005-2006
Tabela 8 – Associação entre gravidez não pretendida e variáveis relacionadas à saúde mental entre as
mulheres entrevistadas no DS II do Recife-PE, 2005-2006
Tabela 9 – Associação entre gravidez não pretendida e paridade entre as mulheres entrevistadas no
DS II do Recife-PE, 2005-2006
Tabela 10 – Associação entre depressão pós-parto e variáveis socioeconômicas e demográficas das
mulheres entrevistadas no DS II do Recife-PE, 2005-2006
Tabela 11 – Associação entre depressão pós-parto e variáveis relacionadas ao parceiro e apoio social
entre as mulheres entrevistadas no DS II do Recife-PE, 2005-2006
Tabela 12 – Associação entre depressão pós-parto e variáveis relacionadas à saúde mental entre as
mulheres entrevistadas no DS II do Recife-PE, 2005-2006
Tabela 13 – Associação entre depressão pós-parto e paridade entre as mulheres entrevistadas no DS
II do Recife-PE, 2005-2006
Tabela 14 – Associação entre gravidez não pretendida e depressão pós-parto entre as mulheres
entrevistadas no DS II do Recife-PE, 2005-2006
Tabela 15 – Associação entre gravidez não pretendida e depressão pós-parto, com e sem
ajuste para variáveis confundidoras
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 10
2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 12
2.1 Gravidez não pretendida ................................................................................................. 12
2.1.1 Transição da fecundidade, direito reprodutivo e evolução da discussão sobre
planejamento familiar. Necessidades insatisfeitas de contracepção ......................................... 12
2.1.2 Discussões sobre o conceito de gravidez não pretendida ............................................... 14
2.1.3 Gravidez não pretendida: magnitude do problema .......................................................... 17
2.1.4 Gravidez não pretendida: fatores associados ................................................................... 18
2.1.5 Consequências da gravidez não pretendida .................................................................... 19
2.2 Depressão pós-parto ......................................................................................................... 22
2.2.1 Depressão pós-parto: aspectos clínicos e conceituais ..................................................... 22
2.2.2 Magnitude da depressão pós-parto ................................................................................. 24
2.2.3 Depressão pós-parto: fatores associados ........................................................................ 25
3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................ 27
4 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 28
4.1 Objetivo geral .................................................................................................................... 28
4.2 Objetivos específicos ......................................................................................................... 28
5 METODOLOGIA ................................................................................................................ 29
5.1 Caracterização do estudo ................................................................................................. 29
5.2 Local do estudo ................................................................................................................. 29
5.3 População de estudo e amostra........................................................................................ 30
5.4 Definição de termos e variáveis ....................................................................................... 30
5.4.1 Variável dependente ........................................................................................................ 30
5.4.2 Variável independente ..................................................................................................... 30
5.4.3 Co-variáveis ..................................................................................................................... 31
5.5 Instrumentos de coleta de dados ..................................................................................... 32
5.6 Produção de dados ............................................................................................................ 33
5.7 Processamento e análise dos dados ................................................................................. 35
5.8 Aspectos éticos .................................................................................................................. 35
6 RESULTADOS .................................................................................................................... 37
7 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 44
8 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 48
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 49
ANEXO A ............................................................................................................................... 57
ANEXO B ............................................................................................................................... 91
10
1 INTRODUÇÃO
A Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD) realizada no
Cairo em 1994, representa o marco do reconhecimento do direito dos casais ao controle sobre
o processo reprodutivo (CORRÊA, 2006), e consequentemente, a compreensão de que todas
as gestações deveriam ser planejadas à época da concepção (INSTITUTE OF MEDICINE,
1995). Entretanto, a satisfação da demanda reprimida por contracepção revelada a partir desse
novo paradigma não tem sido plenamente garantida pelos governos, especialmente aqueles de
regiões em desenvolvimento (CAVENAGHI; ALVES, 2009).
A gravidez não pretendida (GNP) é uma consequência da necessidade insatisfeita de
contracepção e um problema de saúde pública em todo o mundo. Nos Estados Unidos, por
exemplo, esta representa metade de todas as gestações (FINER; ZOLNA, 2011). Embora se
reconheça seu impacto sobre a saúde da mulher, da criança e as relações familiares, pouco se
sabe sobre esse problema, e há muita controvérsia entre os estudos em relação aos fatores
associados. Existe também muita discussão a respeito da conceituação e da forma como este
tema deve ser abordado (BARRETT; WELLINGS, 2002; FISCHER et al., 1999;
KLERMAN, 2000).
Sua importância tem mobilizado alguns países a programar ações com a finalidade de
reduzir o número de gestações não pretendidas. O Governo Federal Americano incluiu como
meta na lista de objetivos de promoção à saúde e prevenção de doenças para os anos de 2010
e 2020 um aumento na proporção de gestações desejadas (NATIONAL CENTER FOR
HEALTH STATISTICS, 2005). No Brasil, a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da
Criança e da Mulher 2006 (PNDS 2006) do Ministério da Saúde (MS) teve como um de seus
objetivos estimar a frequência de indesejabilidade da gravidez, passo importante na
programação de ações voltadas para o planejamento familiar, visto que esta é um indicador de
falha no controle do processo reprodutivo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).
O comitê sobre gravidez não pretendida (“Comittee on Unintended Pregnancy”) do
Institute of Medicine, criado em 1993, propôs as seguintes ações para enfrentamento do
problema:
Aumentar o conhecimento em saúde reprodutiva, contracepção e gravidez não
pretendida.
Melhorar o acesso a métodos contraceptivos.
11
Estudar melhor o papel que sentimentos, atitudes e motivação exercem no uso de
contraceptivos e em evitar gravidez não pretendida.
Desenvolver e avaliar criteriosamente programas locais para reduzir o numero de
gestações não pretendidas.
Estimular pesquisas com a finalidade de desenvolver novos métodos contraceptivos
para homens e mulheres, organizar melhor serviços de planejamento familiar, e
entender os determinantes e antecedentes da gravidez não pretendida (INSTITUTE OF
MEDICINE, 1995).
Em resposta à primeira ação proposta acima, algumas pesquisas têm sido feitas. Dos
estudos realizados, alguns têm sugerido efeito negativo desse tipo de gravidez sobre a saúde
mental materna (FISHER et al., 2012; GIPSON; KOENIG; HINDIN, 2008; LANCASTER et
al., 2010) e maior prevalência de depressão pós-parto nesse grupo de mulheres
(ÖZBASARAN; ÇORBAN; KUCUK, 2011).
A depressão pós-parto (DPP) é um problema de saúde em todo o mundo
(HALBREICH; KARKUN, 2006; KITAMURA et al., 2006; RICH-EDWARDS, 2006;
RUBERTSSON et al., 2005), especialmente em países em desenvolvimento (ALAMI;
KADRI; BERRADA, 2006; PATEL; DESOUZA; RODRIGUES, 2003).
No Brasil, embora sua prevalência seja elevada (CANTILINO et al., 2007, 2010a;
FIGUEIRA et al., 2009; LUDERMIR et al., 2010; MORAES et al., 2006; RUSCHI et al.,
2007; TANNOUS et al., 2008), e suas consequências conhecidas (CHUNG et al., 2004;
DEAVE et al., 2008; MCLEARN et al., 2006; PATEL; DESOUZA; RODRIGUES, 2003), ela
não tem sido sistematicamente rastreada e tratada nos serviços públicos de saúde, requerendo
maior atenção por parte do MS.
Embora alguns estudos exploratórios tenham sugerido maior prevalência de depressão
pós-parto entre mulheres com gravidez não pretendida, até o momento não se conhece
nenhum estudo que tenha analisado profundamente essa associação, inclusive quanto a
possíveis fatores de confundimento. O trabalho aqui apresentado é um estudo de coorte
prospectivo realizado com esta finalidade. Ele faz parte da pesquisa “Violência na gravidez:
determinantes e consequências para saúde reprodutiva, saúde mental e resultados perinatais”,
inserida na linha de pesquisa “Violência e Saúde”, do Programa de Pós-graduação Integrado
em Saúde Coletiva (PPGISC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Uma melhor
compreensão sobre essa associação e o conhecimento da realidade local sobre GNP poderão
subsidiar o desenho e a implantação de políticas e ações voltadas ao planejamento reprodutivo
e reforçar a importância da DPP no ciclo gravídico-puerperal.
12
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Gravidez não pretendida
2.1.1 Transição da fecundidade, direito reprodutivo e evolução da discussão sobre
planejamento familiar. Necessidades insatisfeitas de contracepção
O conceito de gravidez não pretendida passou por muitas modificações no último
século, em decorrência de modificações na própria sociedade. Até o início do século XX,
eram consideradas indesejadas apenas as gestações ocorridas fora do casamento. Famílias de
grande tamanho representavam a norma, a menos que o casal tivesse problemas de fertilidade.
Os casais recorriam a métodos tradicionais para controlar o número de filhos, e não havia
discussões sobre o planejamento familiar (KLERMAN, 2000). Nesse século assistimos a uma
mudança no padrão de fecundidade mundial, com redução das taxas de natalidade e
mortalidade, inicialmente nos países desenvolvidos, e posteriormente naqueles em
desenvolvimento, fenômeno conhecido como transição demográfica (SIMÕES, 2006).
O surgimento de métodos contraceptivos mais efetivos, assim como a disseminação
de seu uso, foi decisivo para esse processo (CAVENAGHI; ALVES, 2009), além de
mudanças ocorridas na sociedade, especialmente relacionadas à mulher, como participação no
mercado de trabalho e liberação sexual. Tornou-se possível, às mulheres e aos casais,
controlar o número de filhos, a ocasião de tê-los e o espaçamento entre eles. Gestações que
antes seriam consideradas desejadas simplesmente por terem ocorrido dentro de um
casamento, no novo contexto sociodemográfico passaram a ser consideradas indesejadas.
Além disso, a desvinculação do sexo do casamento e a iniciação sexual mais precoce
contribuíram para um aumento no número de gestações indesejadas.
Neste contexto, pesquisadores começaram a estudar os fatores relacionados à
fecundidade a partir da década de 40. Inicialmente estes estudos avaliavam apenas o “excesso
de fecundidade”, posteriormente aprofundando-se no tema da gravidez não pretendida, a
partir da perspectiva dos casais (sentimentos e expectativas em relação à gravidez e à
fecundidade) (CAMPBELL; MOSHER, 2000).
Apesar dos avanços na área científica, no âmbito dos direitos reprodutivos a discussão
se encontrava atrasada. As primeiras conferências internacionais realizadas pela Organização
das Nações Unidas (ONU) sobre população e desenvolvimento, a partir da segunda metade do
13
século XX (Roma, 1954; Belgrado, 1965; Bucareste, 1974 e México, 1984), abordavam o
tema do planejamento familiar, mas apenas de uma perspectiva econômica e ideológica, tendo
como foco o controle da população nos países pobres. Somente na conferência do Cairo, em
1994, o tema passou a ser discutido da perspectiva da saúde e dos direitos humanos
(CORRÊA; ALVES; JANNUZZI, 2006). Em sua declaração estabelece que:
“Esses direitos [reprodutivos] se ancoram no reconhecimento do
direito básico de todo casal e de todo indivíduo de decidir livre e
responsavelmente sobre o número, o espaçamento e a oportunidade de
ter filhos e de ter a informação e os meios de assim o fazer, e o direito
de gozar do mais elevado padrão de saúde sexual e reprodutiva. Inclui
também seu direito de tomar decisões sobre a reprodução, livre de
discriminação, coerção ou violência” (UNITED NATIONS, 1994,
p.40).
Essas mudanças no panorama da fecundidade mundial revelaram uma demanda
reprimida por contracepção. A ocorrência de gravidez não pretendida está diretamente
relacionada à não-satisfação plena dessa demanda (LACERDA, 2005). Ela é considerada um
indicador de falha no controle do processo reprodutivo, sendo muito utilizada por programas
de planejamento familiar para avaliar a necessidade insatisfeita de contracepção
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). As altas taxas de GNP, especialmente nos Estados
Unidos e nos países em desenvolvimento, mostram que essa demanda não está sendo
plenamente satisfeita. A diferença entre as taxas de fecundidade desejada e fecundidade total,
além da proporção elevada de nascimentos em faixas etárias mais jovens, características
marcantes da América Latina, também evidenciam esse fato. Uma mudança no padrão de
fecundidade desta região pode contribuir para redução das gestações não pretendidas,
especialmente das inoportunas, através de um adiamento desses nascimentos, embora não
leve, a princípio, a uma redução da taxa de fecundidade total. No Brasil, as faixas etárias que
mais contribuem com a fecundidade são as de 15-19 anos e 25-29 anos, nessa ordem
(CAVENAGHI; ALVES, 2009).
Durante boa parte de sua história, o Brasil vivenciou políticas claramente pró-
natalistas, justificada, inicialmente, pelas altas taxas de mortalidade e pelo interesse dos
colonizadores em expandir a ocupação territorial e o mercado interno. Essa postura persistiu
durante a Era Vargas, quando incentivos eram concedidos a casais com filhos e leis eram
criadas com o objetivo de proibir a realização do aborto, a divulgação e o uso de métodos
contraceptivos. Esse também foi o posicionamento oficial durante parte do governo militar,
14
que se manifestou contrário à limitação do crescimento populacional em conferências
internacionais (ALVES, 2009).
Para suprir uma demanda por contracepção já existente e negligenciada, surgiram
entidades não governamentais. Iniciativas oficiais voltadas para o planejamento familiar só
começaram a surgir após a Conferência Mundial sobre População de Bucareste, em 1974,
quando este passou a ser visto como um direito dos indivíduos e dos casais. Algumas ações
voltadas para essa questão foram lançadas, como o Programa de Saúde da Mulher e da
Criança, em 1977 e o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) em 1983.
Em 1988 a Constituição Federal estabeleceu o planejamento familiar como livre decisão do
casal e o Estado como responsável por prover recursos educacionais e científicos para
exercício desse direito, sendo proibido qualquer tipo de coerção por parte de instituições
privadas ou oficiais. Não foi contemplada, no texto constitucional, a questão da esterilização,
só sendo regulamentada em 1996, com a lei 9263. Ela baseou-se no conceito de direito
reprodutivo aprovado na CIPD realizada no Cairo, em 1994 (ALVES, 2009).
Em resposta à dificuldade de acesso a métodos contraceptivos por alguns grupos
populacionais, foi lançada em 2005 a Política Nacional de Direitos Sexuais e Reprodutivos,
cujos principais eixos eram a ampliação da oferta de métodos reversíveis e do acesso à
esterilização cirúrgica voluntária no SUS, além da introdução da reprodução humana
assistida. Ainda para tentar solucionar problemas de distribuição foi lançada, em 2007, a
Política Nacional de Planejamento Familiar, que estabelece a compra de contraceptivos a
custos baixos na Farmácia Popular (ALVES, 2009).
Apesar dos avanços na legislação e dos esforços do governo brasileiro em suprir essa
demanda, ainda se observa desigualdade no acesso a métodos para regulação da fecundidade,
especialmente nos segmentos populacionais mais pobres e residentes em áreas rurais. Superar
essas dificuldades e conseguir satisfazer a demanda por contracepção é um importante passo
para redução da frequência de gestações não pretendidas/não planejadas no país. Isso já foi
demonstrado na PNDS 2006, que observou uma relação entre o aumento do uso de métodos
contraceptivos e a queda no número de gestações indesejadas (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2009).
2.1.2 Discussões sobre o conceito de Gravidez Não Pretendida
A gravidez não pretendida é um tema difícil de ser trabalhado devido a sua
complexidade. A forma como ele tem sido abordado nos estudos sobre fecundidade tem
evoluído muito ao longo dos anos.
15
O primeiro grande estudo a tratar do problema (Social and Psychological Factors
Affecting Fertility), conhecido como Indianapolis Study, tinha um enfoque muito abrangente
para essa questão. Ele avaliava o “excesso de fecundidade”, ou seja, o número de filhos que
excedia o pretendido pelo casal, não levando em conta cada gestação individualmente. Outros
estudos seguiram nessa mesma linha, até que em 1965 o National Fertility Study mudou a
forma de abordagem do tema, passando analisar cada gestação individualmente. Também foi
a partir deste estudo que se passou a fazer distinção entre gestações que ocorreram a mulheres
que não queriam mais ter filhos (indesejadas), e as que ocorreram antes do tempo desejado
(inoportunas). A partir de 1973, quando foi feito o primeiro National Study for Family
Growth (NSFG), mulheres não casadas passaram a ser incluídas. Além de manter a
diferenciação entre gestações indesejadas e inoportunas, ele acrescentou perguntas a respeito
da reação dos parceiros à gravidez, embora essa informação não venha sendo usada para
classificar as gestações (CAMPBELL; MOSHER, 2000).
As definições concernentes à GNP utilizadas atualmente pela maioria dos estudos têm
sido aquelas propostas nos estudos NSFG, e são descritas abaixo:
Unwanted (indesejada) – a gestação é assim classificada quando a mulher refere que não
queria (ou provavelmente não queria) engravidar naquele momento, nem em nenhuma outra
época de sua vida.
Mistimed (inoportuna) – quando a gestação ocorreu antes da época desejada pela mulher.
Unintended (não pretendida) – engloba os dois conceitos acima mencionados.
Intended (pretendida) – quando a mulher refere que queria engravidar no momento da
concepção, ou não se importava. Alguns autores acrescentam, nessa categoria, aquelas que
engravidaram mais tarde do que a época desejada (NATIONAL CENTER FOR HEALTH
STATISTICS, 2005).
Embora esses termos sejam amplamente utilizados, eles não estão isentos de críticas,
pois muitas questões não são contempladas por essas definições. Klerman (2000) ressalta
alguns pontos, tais como: a dificuldade que muitas mulheres têm de entender o conceito de
inoportuna (mistimed), confundindo-o com indesejada (unwanted); a falha dos próprios
autores em explicar adequadamente essa categoria nos artigos; e a ampla variedade de
situações possíveis, no que diz respeito ao tempo pretendido para a gravidez (se ela ocorreu
muito ou pouco tempo antes do pretendido), e às circunstâncias que tornam a gravidez não
desejada naquele momento (econômicas, sociais, culturais). Essas definições também falham
em captar os sentimentos de ambivalência do casal em relação à gravidez, e não está claro em
16
que situações as gestações classificadas como inoportunas se encaixam melhor na categoria
pretendida e quando deveriam ser consideradas indesejadas. Outro questionamento a ser feito
é se os termos “gravidez não pretendida” e “gravidez não planejada” podem ser usados
indistintamente, já que têm conotações diferentes. Enquanto o primeiro reflete atitudes em
relação à gravidez, o segundo reflete comportamentos em relação à mesma (KLERMAN,
2000).
Fischer et al. (1999) realizaram um estudo qualitativo com o objetivo de avaliar o
entendimento das mulheres sobre o significado dos termos “pretendida” (intended),
“desejada” (wanted), “planejada” (plannned) e seus equivalentes negativos. Estes autores
encontraram grande variação na interpretação dos mesmos, assim como no valor atribuído às
circunstâncias utilizadas pelas mulheres para classificar sua gestação, como o desejo de ser
mãe e a situação econômica, o que sugere a importância do contexto social e cultural nesse
processo. Embora não tenha havido uma distinção clara entre os termos “planejada” e
“pretendida” (intended), estes se mostraram claramente distintos do conceito de gravidez
indesejada (unwanted). Os dois primeiros estiveram mais relacionados a ações, enquanto o
último esteve mais relacionado ao status emocional e a comportamentos relacionados à
gravidez. Mulheres que se referiram à sua gestação como indesejada citaram como motivos
não querer outro filho, não estar preparada nesse momento da vida, ou nas circunstâncias
atuais. Dessa forma, circunstâncias de vida, apoio de família e amigos, atitudes em relação a
crianças e ao aborto e sentimento de preparo para a gravidez tiveram peso importante para que
as mulheres definissem suas gestações como indesejadas. Reação e atitude positivas do
parceiro em relação à gravidez tiveram forte influência sobre as mulheres que definiram sua
gravidez como desejada e na decisão de levá-la adiante.
Barrett e Wellings (2002), em um estudo qualitativo que também teve por objetivo
avaliar o entendimento das mulheres a respeito destes termos, encontraram resultados
semelhantes. Além de grande variabilidade no entendimento dos mesmos, muitas das
mulheres consideraram que os termos “planejada” e “pretendida” poderiam ser usados
indistintamente, e entre aquelas que fizeram distinção, o termo “planejada” esteve mais
relacionado a ações voltadas para a concepção do que os demais. As autoras mencionam
quatro aspectos citados pelas participantes do estudo como importantes para classificar a
gravidez como planejada: intenção clara de engravidar, decisão deliberada de não usar
métodos contraceptivos, participação do parceiro no processo de decisão e mudanças de vida
como preparação para a concepção.
17
Os estudos NSFG têm procurado, a cada novo ciclo, aprimorar o entendimento do
tema e desses conceitos, acrescentando perguntas para melhor avaliar sentimentos e atitudes
da mulher e do parceiro em relação à gravidez. Também têm procurado analisar mais
detalhadamente as gestações consideradas inoportunas, avaliando quanto tempo elas
ocorreram mais cedo do que o pretendido (NATIONAL CENTER FOR HEALTH
STATISTICS, 2005).
Muitos dos estudos realizados no Brasil não fazem distinção entre gestações
indesejadas e inoportunas. Além disso, os termos “não planejada” e “não desejada” são
usados como sinônimos. Prietsch et al. (2011), em um estudo no Sul do Brasil, utilizaram o
termo “não planejada”, para se referir àquelas gestações que não foram programadas pela
mulher ou pelo casal, e “inoportunas” como sendo aquelas que ocorreram em época diferente
da desejada.
2.1.3 Gravidez Não Pretendida: magnitude do problema
A GNP é um problema mundial. Singh, Sedgh e Hussain (2010), utilizando
estimativas da ONU e dados de estudos realizados em 80 países, traçaram um panorama da
GNP no mundo. De acordo com estes autores, em 2008 ocorreram cerca de 208 milhões de
gestações, sendo 185 milhões em países em desenvolvimento, tendo ocorrido uma queda de
20% em relação a 1995, mais acentuada nos países desenvolvidos. Nestes, essa queda se deu à
custa principalmente de gestações não pretendidas, enquanto nos países em desenvolvimento
o declínio ocorreu tanto na taxa de gestações pretendidas quanto na de não pretendidas. A
única região do mundo em que não houve queda no número destas últimas foi a América do
Norte. As maiores taxas foram encontradas no leste e região central da África. Entretanto, ao
se considerar a proporção de gestações não pretendidas em relação ao número total de
gestações, a América Latina e Caribe se destacam, com 58%. Isso pode refletir uma
combinação entre a mudança no tamanho familiar desejado e, a despeito do crescimento no
uso de contraceptivos, dificuldades dos casais em exercerem a contracepção de forma correta
e continuada. Na África, onde o tamanho familiar desejado ainda é relativamente alto, essa
proporção foi menor (39%). Apesar do declínio observado na taxa de gestações não
pretendidas, a proporção desse tipo de gravidez continua alta: quatro em cada dez gestações
foram não pretendidas em 2008, sendo que cerca de metade destas terminaram em aborto.
Nos Estados Unidos estima-se que, das 6,7 milhões de gestações ocorridas em 2006,
quarenta e nove por cento tenham sido não pretendidas, percentual um pouco maior que em
18
2001. Destas, 29% foram classificadas como inoportunas e 19% como indesejadas (FINER;
ZOLNA, 2011). Cheng et al. (2009) encontraram, também nos Estados Unidos, um percentual
de 41,4% de gestações não pretendidas, sendo 31,1% inoportunas, e 10,3% indesejadas.
Adolescentes tiveram o maior percentual de gestações inoportunas (65,8%), e mulheres com
40 anos ou mais tiveram o maior percentual de gestações indesejadas (20,8%). Christensen et
al.(2011) encontraram uma prevalência de 37% de gestações indesejadas, e 28% de
inoportunas entre imigrantes hispânicas nos Estados Unidos, o que significa que 2/3 da
amostra se constituiu de gestações não pretendidas.
No Japão, Takahashi et al. (2012) encontraram uma prevalência de 12% de gravidez
indesejada e 17% de inoportuna. Na Turquia, Özbasaran, Çoban e Kucuk (2011) relataram
uma prevalência de 14% de gestação não pretendida/não planejada.
Em um estudo multicêntrico envolvendo 18 hospitais em 06 países da América do Sul
(Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile e Venezuela), Gadow et al. (1998) encontraram
49,8% de gestações não pretendidas (indesejadas e inoportunas), sendo o Brasil o país com a
maior proporção destas gestações.
Poucos estudos foram realizados no Brasil com o objetivo de estimar o número de
gestações não pretendidas. Prietsch et al. (2011) encontraram um percentual de 65% de
gestações não planejadas no sul do país, não diferenciando as indesejadas das inoportunas.
Resultado semelhante foi visto por Bassani, Surkan e Olinto (2009) que, em estudo realizado
na mesma região, encontraram 64% de gestações não planejadas entre mulheres de baixa
renda. Valores bem menores foram encontrados em uma pesquisa demográfica de
abrangência nacional realizada em 2006 (PNDS 2006): 19% de indesejabilidade das gestações
em curso, em comparação com 28% na pesquisa anterior (1996). Deve-se salientar,
entretanto, que este estudo considerou apenas gestações indesejadas (mulheres que relataram
não querer mais filhos), não avaliando as que ocorreram antes do pretendido (inoportunas)
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).
2.1.4 Gravidez não pretendida - fatores associados
Muitos fatores têm sido associados à gravidez não pretendida. Entre as variáveis
socioeconômicas e demográficas, têm sido citados: idade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009;
PRIETSCH et al., 2011; TAKAHASHI et al., 2012), raça/cor da pele (CHENG et al., 2009;
MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009; POSTLETHWAITE et al., 2010; PRIETSCH et al., 2011),
escolaridade (CHENG et al., 2009; POSTLETHWAITE et al., 2010; TAKAHASHI et al.,
19
2012), situação conjugal (AZEVÊDO, 2008; CHENG et al., 2009; MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2009; POSTLETHWAITE et al., 2010; PRIETSCH et al., 2011), inserção produtiva
(AZEVÊDO, 2008; TAKAHASHI et al., 2012) e renda (PRIETSCH et al., 2011;
TAKAHASHI et al., 2012).
Dos fatores relacionados ao parceiro, são mencionados: tempo de relacionamento
(AZEVÊDO, 2008), falta de apoio (POSTLETHWAITE et al., 2010; PRIETSCH et al., 2011)
e violência por parte do mesmo (GOODWIN et al., 2000; PALLITTO; O´CAMPO, 2004).
Em relação aos antecedentes obstétricos, são citados como fatores de risco a paridade
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009; POSTLETHWAITE et al., 2010; PRIETSCH et al., 2011;
TAKAHASHI et al., 2012), a diferença entre o número de filhos tido e o desejado
(AZEVÊDO, 2008; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009) e parto prematuro em gestação
anterior (PRIETSCH et al., 2011). Estes autores mencionam ainda abortos prévios como fator
de proteção para gravidez não pretendida. Eles ainda encontraram maior prevalência de
gravidez não planejada entre as mulheres que tiveram o pré-natal e o parto pelo SUS
(PRIETSCH et al., 2011).
Mulheres com gravidez não pretendida também apresentam, com maior frequência,
eventos vitais negativos e sintomas depressivos durante a gestação (MESSER et al., 2005),
história de depressão/transtorno de ansiedade (TAKAHASHI et al., 2012) e depressão pós-
parto (CHENG et al., 2009; CHRISTENSEN et al., 2011; NAKKU; NAKASI; MIREMBE,
2006).
2.1.5 Consequências da Gravidez Não Pretendida
A gravidez não pretendida traz repercussões para a saúde da mulher, da criança e
interfere no bem-estar de suas famílias.
Existem poucos estudos avaliando a associação entre GNP e desfechos relacionados à
saúde mental materna. Estes sugerem efeito negativo desse tipo de gestação sobre eles
(GIPSON, KOENIG, HINDIN, 2008). Fisher et al. (2012), em uma revisão sistemática
recente de estudos realizados em países em desenvolvimento, encontraram associação com
transtornos mentais comuns no período perinatal. Lancaster et al. (2010), em outra revisão,
encontraram associação com sintomas depressivos durante a gravidez. Özbasaran, Çorban e
Kucuk (2011) por sua vez, relataram maior risco de depressão pós-parto nessas mulheres.
Também são poucos os estudos disponíveis avaliando a associação entre GNP e
violência contra a mulher. Estes encontraram maior risco de violência física entre aquelas que
20
relataram gravidez não pretendida, não sendo possível, entretanto, avaliar a direção da
associação causal, por se tratarem de estudos transversais (GIPSON; KOENIG; HINDIN,
2008). Azevêdo (2008), analisando a associação entre ambas, encontrou uma maior chance de
ocorrência de gravidez não pretendida entre mulheres vítimas de violência, seja ela física,
psicológica ou sexual.
Outra consequência importante da gravidez não pretendida é a mortalidade materna.
Gipson, Koenig e Hindin (2008) chamam a atenção para o fato de que, embora haja
pouquíssimos estudos avaliando a associação direta entre gravidez não pretendida e
mortalidade materna, cada gravidez carrega consigo um risco intrínseco de morte, ao qual as
mulheres com gravidez não pretendida não escolheram se expor. Além disso, muitas dessas
gestações ocorrem em mulheres nos extremos da vida reprodutiva ou com maior paridade, o
que por si só aumenta o risco.
Em um estudo que avaliou o impacto do uso de métodos contraceptivos na redução da
mortalidade materna, Ahmed et al. (2012) estimaram que o uso desses métodos evitou a
ocorrência de 272.040 mortes maternas no ano de 2008, que corresponde a 44,3% destas.
Ainda de acordo com esses autores, caso a necessidade de contracepção fosse plenamente
satisfeita, mais 104.000 poderiam ser evitadas, o que significaria uma redução de 29% nesse
número de mortes. Diminuir o número de gestações não pretendidas faz parte, portanto, da
estratégia para redução da mortalidade materna.
Mulheres cuja gravidez não foi pretendida também têm maior probabilidade de
retardar o início do pré-natal (CHENG et al., 2009; GIPSON; KOENIG; HINDIN, 2008;
ORR; JAMES; RITTER, 2008) ou mesmo de não fazê-lo (BASSANI; SURKAN; OLINTO,
2009), atitude que pode colocar em risco a saúde e a vida dela e do bebê.
Outra situação que pode aumentar a morbimortalidade materna é o aborto realizado
em condições inseguras, responsável por milhões de internamentos hospitalares em todo o
mundo em decorrência de suas complicações (SINGH, 2006). Como já citado anteriormente,
cerca de metade das gestações não pretendidas terminam em aborto (SINGH; SEDGH;
HUSSAIN, 2010). De acordo com estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), em
2008 ocorreram 14 abortos para cada mil mulheres entre 15 e 44 anos em todo o mundo. Essa
taxa permanece inalterada desde 2003, sendo maior para países em desenvolvimento (16 por
1000). Ainda segundo a OMS, em 2008 ocorreram 47.000 mortes atribuídas a esse tipo de
aborto, permanecendo estável a proporção de mortes maternas decorrentes dessa condição
(em torno de 13%) (WHO, 2011).
21
No Brasil, de acordo com dados da PNDS 2006, 13,3% de mulheres declararam ter
tido um aborto em algum momento da vida. Destas, 2,3% disseram que foi induzido, número
provavelmente subestimado devido à ilegalidade dessa prática no país, excetuando-se os casos
previstos em lei (CAMARGO et al., 2011). A Pesquisa Nacional de Aborto, realizada em
2010, encontrou resultado semelhante: 15% das mulheres residentes em áreas urbanas
declararam ter feito aborto em algum momento da vida. Cerca de 8% destas foram internadas
por causa de complicações dele decorrentes (DINIZ; MEDEIROS, 2010). Em Pernambuco a
estimativa é que tenham sido realizados 621.022 abortos em condições inseguras entre 1996 a
2006, representando 36,1% dos nascidos vivos do estado no período. Estes números
provavelmente estão subestimados, pois os dados se referem apenas aos casos de
internamentos hospitalares devido a complicações do aborto, não incluindo aqueles que por
qualquer motivo não chegaram às unidades hospitalares da rede estadual de saúde, nem os
casos atendidos na rede privada (MELLO; SOUSA; FIGUEIROA, 2011).
Em estudo multicêntrico realizado no Brasil, Santana et al. (2012) identificaram
prospectivamente, através de um sistema de vigilância, 9555 casos de morbidade materna
severa. Desses, 2,5% ocorreram por conta de abortamento. A ocorrência dos dois desfechos
mais graves analisados (maternal near miss e mortalidade materna) foi maior entre as
mulheres que tiveram aborto, em comparação a outras causas.
Além das consequências para a vida e a saúde materna, a gravidez não pretendida pode
colocar em risco a saúde e a vida do bebê. Alguns estudos sugerem que mulheres com
gravidez não pretendida têm maior probabilidade de ter comportamentos não saudáveis
durante a gravidez, como tabagismo (CHENG et al., 2009; DOTT et al., 2010; PRIETSCH et
al., 2011), uso de álcool (POSTLETHWAITE et al., 2010) e de drogas ilícitas (DOTT et al.,
2010), e não-consumo de ácido fólico (CHENG et al., 2009; DOTT et al., 2010). Orr, James e
Reiter (2008) encontraram resultados semelhantes em relação ao uso de drogas ilícitas,
tabagismo e álcool, mas apenas para o grupo de mulheres com gravidez indesejada,
ressaltando que aquelas que relataram a gravidez como inoportuna apresentaram uma
tendência de comportamento semelhante às que referiram a gravidez como pretendida.
Gipson, Koenig e Hindin (2008), em sua revisão de literatura, encontraram resultados
divergentes. Mulheres com gestações não pretendidas também tendem a amamentar por um
período menor (CHENG et al., 2009; GIPSON; KOENIG; HINDIN, 2008).
Em relação aos desfechos perinatais, os resultados são controversos. Em uma
metanálise recente, Shah et al. (2011) encontraram associação de GNP com baixo peso ao
nascer e prematuridade, resultado diferente do encontrado por outros autores (GIPSON;
22
KOENIG; HINDIN, 2008). Em estudo realizado nos EUA, Postlethwaite et al. (2010)
também não encontraram associação com prematuridade, baixo peso, tempo de permanência
hospitalar da mãe e do recém nascido e admissão em UTI neonatal.
Quanto aos cuidados preventivos e curativos com a criança, estudos em países
desenvolvidos não mostraram diferença no cuidado com crianças que nasceram de gestações
não pretendidas em comparação com aquelas que nasceram de gestações pretendidas.
Entretanto, estudos em alguns países em desenvolvimento sugerem que as primeiras estariam
em desvantagem em relação a esses cuidados, indicando uma possível interferência do
contexto socioeconômico e/ou cultural na atenção a essas crianças por parte da mãe. Mais
estudos são necessários, entretanto, para dar suporte a esses achados (GIPSON; KOENIG;
HINDIN, 2008).
A maioria dos estudos tem sugerido associação de gravidez não pretendida com
mortalidade infantil, retardo no crescimento da criança e abuso/violência infantil (GIPSON;
KOENIG; HINDIN, 2008).
2.2 Depressão Pós-parto
2.2.1 Depressão pós-parto: aspectos clínicos e conceituais
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (WHO, 2009), entre as dez
principais causas de incapacidade no mundo, cinco são transtornos neuropsiquiátricos. Dentre
estes, o mais comum é a depressão, sendo duas vezes mais frequente em mulheres do que em
homens, estando muitas destas em idade reprodutiva.
O puerpério é um período de grande suscetibilidade na vida das mulheres para
ocorrência de transtornos mentais (COX; MURRAY; CHAPMAN, 1993; KENDELL, 1987).
Estes podem variar da forma mais leve, conhecida como disforia puerperal, até a mais grave,
que é a psicose puerperal.
A disforia pueperal (Postpartum Blues ou Maternity Blues) é um transtorno mental
leve e transitório, cujos sintomas surgem nos primeiros dias após o parto, desaparecendo em 7
a 10 dias. Em uma revisão de literatura, Henshaw (2003) encontrou uma grande variação na
prevalência desse agravo, entre 15,3 e 84%, em parte devido ao fato deste distúrbio ser
unimodal, e a dificuldades na distinção entre casos e não casos. Os sintomas mais relatados,
de acordo com essa revisão, foram fadiga, desânimo, labilidade emocional, choro fácil,
23
alterações cognitivas como dificuldade de pensar claramente, distração, e memória recente
“pobre”.
Um menor número de mulheres pode apresentar, durante o puerpério, sintomas mais
intensos e duradouros, caracterizando um episódio depressivo. A American Psychiatric
Association (APA, 2000) e a OMS (OMS, 1993) não reconhecem a depressão pós-parto como
um transtorno mental distinto da depressão fora do período puerperal. De acordo com o
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais em sua quarta edição - texto
revisado (DSM-IV-TR), a diferenciação entre ambas deve ser feita através do uso do
especificador “com início no pós-parto”, para aqueles casos em que o episódio depressivo
ocorre nas primeiras quatro semanas após o mesmo (APA, 2000). A Classificação Estatística
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, em sua décima revisão (CID-
10), inclui a depressão pós-parto no capítulo V, código F53.0 – “Transtornos mentais e
comportamentais leves associados ao puerpério não classificados em outra parte”, devendo
ser usado esse código apenas para os casos em que o transtorno se inicia nas primeiras seis
semanas após o parto, e quando existem aspectos clínicos específicos que não permitem a
classificação em outra seção (OMS, 1993).
Entre os autores não há consenso sobre considerar ou não a DPP uma entidade
nosológica distinta, pois os sintomas de um episódio depressivo no período puerperal são
semelhantes aos do transtorno depressivo maior (humor deprimido, perda de interesse ou
prazer pelas atividades habituais, alterações no sono, apetite, e atividade psicomotora,
sentimentos de culpa, dificuldade de pensar, concentrar-se ou tomar decisões, pensamentos
recorrentes sobre morte e ideação suicida) (APA, 2000). Alguns autores defendem que seja
feita essa diferenciação com o propósito de chamar a atenção para esta condição de forma a
melhorar o atendimento às pacientes (BROCKINGTON, 2004). A depressão pós-parto
também apresenta algumas particularidades clínicas que poderiam justificar sua classificação
separadamente, como maior frequência de ansiedade e pensamentos obsessivos,
especialmente de fazer mal ao filho (JENNINGS et al., 1999; ROSS et al., 2003). Pitt, em
1968, já descrevia uma “depressão atípica”, que ocorria no período puerperal e apresentava
características distintas da depressão em outros períodos da vida, como sintomas neuróticos,
ansiedade, irritabilidade e fobias (PITT, 1968). Entretanto, outros autores alegam que as
diferenças entre ambas são muito pequenas para que seja feita essa separação. (WHIFFEN;
GOTLIB,1993).
Os sintomas depressivos iniciam geralmente nas primeiras quatro a seis semanas após
o parto, sendo os primeiros três meses os mais críticos para o surgimento destes (COX;
24
MURRAY; CHAPMAN, 1993; KUMAR; ROBSON, 1984; PATEL; DESOUZA;
RODRIGUES, 2003). Algumas mulheres, entretanto, os apresentam já na gravidez (ALAMI;
KADRI; BERRADA, 2006; RUBERTSSON et al., 2005), sendo este um importante preditor
de sua ocorrência no puerpério (KITAMURA, et al., 2006; RICH-EDWARDS et al., 2006).
Não existe consenso entre os autores quanto ao período de duração do episódio
depressivo na DPP, mas a maioria relata desaparecimento dos sintomas em até seis meses
após o parto. Alguns mencionam, entretanto, persistência por até um ano. (RUBERTSSON et
al., 2005; WHIFFEN; GOTLIB, 1993).
2.2.2 Magnitude da depressão pós-parto
A DPP é um importante problema de saúde em todo o mundo. Sua prevalência varia
significativamente entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, sendo maior nestes
últimos. Entre os primeiros, uma das menores prevalências é encontrada no Japão: 5%
(KITAMURA et al., 2006). Valores maiores são relatados nos Estados Unidos (8%) (RICH-
EDWARDS, 2006) e na Suécia (11,1 e 13,7% aos dois e doze meses pós-parto,
respectivamente) (RUBERTSSON et al., 2005). Estes mesmos autores encontraram uma
prevalência de depressão na gravidez de 5,6%, 9% e 13,7% respectivamente.
Entre os países em desenvolvimento as prevalências de DPP são maiores do que nos
países desenvolvidos, e com valores mais próximos entre si: 21 % no Marrocos (ALAMI;
KADRI; BERRADA, 2006) e 23% na Índia (PATEL; DESOUZA; RODRIGUES, 2003). No
Brasil os estudos têm mostrado prevalências de 7,2 a 39,4% (CANTILINO et al., 2007,
2010a; FIGUEIRA et al., 2009; LUDERMIR et al., 2010; MORAES et al., 2006; RUSCHI et
al., 2007; TANNOUS et al., 2008).
Podem influenciar nessa variação fatores culturais (HALBREICH; KARKUN, 2006) e
metodológicos (O´HARA; SWAIN, 1996). Em sua revisão, Halbreich e Karkun (2006)
encontraram valores tão baixos quanto 0,5% em Cingapura e tão elevados quanto 60% em
Taiwan. Já O´Hara e Swain (1996) relataram, em sua revisão, diferenças na prevalência em
relação ao método utilizado (12% para entrevista e 14% para escalas de auto-avaliação) e à
duração do período de avaliação. Por outro lado, não encontraram diferenças em decorrência
do tempo após o parto em que as mulheres foram avaliadas ou do país de origem do estudo.
25
2.2.3 Depressão pós-parto: fatores associados
Muitos fatores de risco têm sido relacionados a DPP na literatura. Entre os mais
fortemente associados a essa condição, estão: história pregressa de depressão/transtorno
mental (BOYCE; HICKEY, 2005; KITAMURA et al., 2006; MILGROM et al., 2008;
ÖZBASARAN; ÇOBAN; KUCUK, 2011), episódio depressivo, ansiedade ou problemas
emocionais na gravidez (KITAMURA et al., 2006; MILGROM et al., 2008), problemas
conjugais ou relacionamento difícil com o parceiro (ALAMI; KADRI; BERRADA, 2006;
BOYCE; HICKEY, 2005; ÖZBASARAN; ÇOBAN; KUCUK, 2011), eventos vitais
produtores de estresse (ALAMI; KADRI; BERRADA, 2006; BOYCE; HICKEY, 2005) e
apoio social e financeiro ausentes ou insuficientes (BOYCE; HICKEY, 2005; MILGROM et
al., 2008; ÖZBASARAN; ÇOBAN; KUCUK, 2011; RICH-EDWARDS et al., 2006), também
citados por duas importantes revisões de literatura (CANTILINO et al., 2010b; O´HARA;
SWAIN, 1996).
São mencionados ainda: tentativa de aborto mal-sucedida (LUDERMIR et al., 2011),
condição de moradia (KITAMURA et al., 2006), situação de emprego (BOYCE; HICKEY,
2005), tempo de relacionamento com o parceiro (RUSCHI et al., 2007), aspectos relacionados
à personalidade (BOYCE; HICKEY, 2005; CANTILINO et al., 2010b), sexo do bebê
diferente do desejado (BOYCE; HICKEY, 2005; KITAMURA et al., 2006; MORAES et al.,
2006), complicações obstétricas (CANTILINO et al., 2010b; O´HARA; SWAIN, 1996)
ocupações menos valorizadas (O´HARA; SWAIN, 1996), episódio de maternity blues, baixa
auto-estima (CANTILINO et al., 2010b), padrões de cognição negativos (CANTILINO et al.,
2010 b; O´HARA; SWAIN, 1996) e neuroticismo (O´HARA; SWAIN, 1996).
Cantilino et al. (2010 b) referem violência sexual como fator de risco para DPP,
enquanto Ludermir et al. (2010) encontraram associação com violência psicológica pelo
parceiro íntimo.
Outros fatores de risco são controversos, como problemas de saúde do bebê (ALAMI;
KADRI; BERRADA, 2006; BOYCE; HICKEY, 2005; MORAES et al., 2006), idade
(BOYCE; HICKEY, 2005; FIGUEIRA et al., 2009; KITAMURA et al., 2006; MORAES et
al., 2006; O´HARA; SWAIN, 1996; ÖZBASARAN; ÇOBAN; KUCUK, 2011; RICH-
EDWARDS et al., 2006; TANNOUS et al., 2008), anos de escolaridade (BOYCE; HICKEY,
2005; FIGUEIRA et al., 2009; KITAMURA et al., 2006; MORAES et al., 2006; O´HARA;
SWAIN, 1996; ÖZBASARAN; ÇOBAN; KUCUK, 2011), número de gestações/partos
(BOYCE; HICKEY, 2005; FIGUEIRA et al., 2009; KITAMURA et al., 2006; MORAES et
26
al., 2006; O´HARA; SWAIN, 1996), dificuldades financeiras/renda (MORAES et al., 2006;
O´HARA; SWAIN, 1996; ÖZBASARAN; ÇOBAN; KUCUK, 2011; RICH-EDWARDS et
al., 2006; TANNOUS et al., 2008) e história familiar de transtornos psiquiátricos
(CANTILINO et al., 2010 b; O´HARA; SWAIN, 1996).
Em relação à GNP, embora alguns autores mencionem, em revisões e estudos
exploratórios, associação desta com DPP (CANTILINO et al.,2010 b; CHENG et al., 2009;
GIPSON; KOENIG; HINDIN, 2008; MORAES et al., 2006; ÖZBASARAN; ÇOBAN;
KUCUK, 2011), a escassez dos mesmos e suas limitações metodológicas não permitem fazer
inferências sobre causalidade, permitindo apenas sugerir uma associação entre elas (GIPSON;
KOENIG; HINDIN, 2008).
A DPP também está relacionada a desfechos adversos para a criança. Um estudo
multicêntrico realizado nos Estados Unidos (MCLEARN et al., 2006) avaliou práticas de
cuidado com o recém nascido entre mulheres com e sem sintomas de depressão. Embora não
tenha encontrado diferenças significativas em relação a práticas relacionadas à alimentação
(com exceção de tempo de aleitamento) e segurança, observou que mães que apresentavam
sintomas depressivos tinham menor probabilidade de pôr em prática hábitos de interação que
estimulam o desenvolvimento da criança, como brincar, conversar e ler. Outro estudo,
realizado na Filadélfia com mulheres afro-americanas de baixo status socioeconômico,
revelou que os filhos daquelas que apresentavam sintomas depressivos persistentes tinham
maior probabilidade de serem hospitalizados e estas mães tinham maior probabilidade de
puni-los com castigos físicos; elas também apresentavam menor probabilidade de adotar
práticas de cuidado seguras, como instalar detectores de fumaça e colocar o bebê para dormir
em decúbito dorsal (CHUNG et al., 2004).
Em um estudo realizado na Índia, Patel, DeSouza e Rodrigues (2003) encontraram
uma associação significativa entre atraso no desenvolvimento físico e mental aos 06 meses de
idade e DPP, após ajuste para outros determinantes de atraso no desenvolvimento infantil,
como baixo peso ao nascer e baixo nível educacional dos pais. No Reino Unido, Deave et al.
(2008) também encontraram um associação entre depressão persistente na gravidez e atraso
no desenvolvimento, mesmo após ajuste para DPP. O estudo utilizou a Edinburgh Postnatal
Depression Scale (EPDS), com ponto de corte de 12/13. Os autores sugerem que parte dos
efeitos sobre o desenvolvimento infantil atribuídos à DPP pode, na verdade, se dever à
depressão na gravidez.
27
3 JUSTIFICATIVA
A depressão pós-parto é um importante problema de saúde pública, não apenas por
causa de sua alta prevalência no Brasil e no mundo, mas também pelas repercussões que ela
pode trazer para a saúde da mulher e da criança. Embora de grande importância, em nosso
país ela não é rastreada sistematicamente no puerpério, fazendo com que muitos casos,
especialmente os mais leves, passem despercebidos.
O mesmo acontece em relação à gravidez não pretendida. Sua importância para a
saúde pública é reconhecida, e vem recebendo cada vez mais atenção dos pesquisadores, mas
no Brasil ela ainda é pouco estudada. Os poucos estudos que existem nessa área não
apresentam uniformidade nas definições e critérios utilizados para classificar as gestações. De
fato, um dos desafios em se trabalhar o tema é a dificuldade em apreender as circunstâncias
em que a gravidez ocorre, para que a mesma seja classificada corretamente.
Pouco se sabe sobre a associação entre GNP e DPP. Embora alguns estudos tenham
sugerido associação entre ambas, até onde se conhece, nenhum teve como objetivo principal
avaliar os fatores relacionados a ambas, controlando para possíveis fatores de confundimento.
Conhecer a frequência da gravidez não pretendida, sua possível associação com
depressão pós-parto e outros fatores a ela relacionados é o primeiro passo para identificar
mulheres sob risco, dando-lhes suporte adequado, além de identificar e tratar precocemente
aquelas com depressão, evitando consequências danosas para mãe e filho.
28
4 OBJETIVOS
4.1 Objetivo geral
Estimar a frequência de gravidez não pretendida e sua associação com depressão pós-parto
entre mulheres cadastradas no pré-natal pela Estratégia de Saúde da Família do Distrito
Sanitário II no Recife, Pernambuco, entre julho de 2005 e dezembro de 2006.
4.2 Objetivos específicos
Estimar a frequência de gravidez não pretendida
Estimar a prevalência de depressão pós-parto
Investigar a associação entre gravidez não pretendida e depressão pós-parto.
29
5 METODOLOGIA
5.1 Caracterização do Estudo
Trata-se de um estudo de coorte prospectivo. Foram utilizados dados secundários,
coletados no Recife, Pernambuco, entre julho de 2005 e dezembro de 2006, como parte da
pesquisa “Violência na gravidez: determinantes e consequências para saúde reprodutiva,
saúde mental e resultados perinatais”, inserida na linha de pesquisa “Violência e Saúde”, do
Programa de Pós-graduação Integrado em Saúde Coletiva (PPGISC) da Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE), financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) e pelo Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit) da Secretaria de
Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do MS.
5.2 Local do Estudo
O município do Recife é dividido em seis regiões político-administrativas (RPAs), de
acordo com semelhanças territoriais. Na área da saúde, cada uma delas corresponde a um distrito
sanitário (DS). Para o presente estudo foi escolhido o DS II, por motivos operacionais.
Apesar de haver algumas diferenças nos indicadores socioeconômicos e demográficos
entre as RPAs, o perfil da população assistida pela Estratégia de Saúde da Família (ESF) é
semelhante entre elas, permitindo a generalização dos seus resultados. Podemos observar, no
interior de todas as RPAs do Recife, muitas desigualdades sociais (em relação, por exemplo, a
renda, saneamento, abastecimento de água, etc.). E embora haja concentração de renda em áreas
específicas da cidade, é comum a convivência muito próxima entre pessoas vivendo em extrema
pobreza e aquelas com alta renda.
De acordo com estimativas do Censo 2000 a população residente no DSII à época era de
205.986 pessoas, o que representava 14,8% da população do Recife, tendo as maiores densidades
populacional e domiciliar entre todas as RPAs do município. A população desse distrito está
distribuída em 18 bairros (Arruda, Campina do Barreto, Campo Grande, Encruzilhada,
Hipódromo, Peixinhos, Ponto de Parada, Rosarinho, Torreão, Água Fria, Alto Santa
Terezinha, Bomba do Hemetério, Cajueiro, Fundão, Porto da Madeira, Beberibe, Dois unidos
e Linha do Tiro), sendo grande parte deles composto principalmente por famílias de baixa renda
(A RPA 2 é uma das mais pobres do município, com 50,14% dos domicílios tendo renda menor
30
que dois salários mínimos, segundo dados do Censo 2000). Em relação às condições sanitárias,
a maioria dos domicílios não estava ligada à rede geral de esgotamento sanitário (68,74%); cerca
de 95% das casas eram abastecidas pela rede geral de abastecimento de água, e a coleta de lixo
era feita em 96% delas (Prefeitura do Recife, 2011).
A rede de saúde cobria 78% da população e contava, à época, com duas Unidades de
Saúde Tradicional, uma maternidade, uma policlínica, três Centros de Atenção Psicossocial
(Caps), três residências terapêuticas, quatro equipes do Programa de Agentes Comunitários de
Saúde (PACS) e trinta e oito equipes da ESF (SILVA, 2009).
5.3 População de Estudo e Amostra
Foram selecionadas para participar do estudo todas as mulheres grávidas entre 18 e 49
anos cadastradas na ESF do DS II no período de julho de 2005 a dezembro de 2006, inclusive
aquelas cujo acompanhamento pré-natal não estava sendo feito nas Unidades Básicas de
Saúde do DS II, e sim em serviços de referência.
A amostra calculada foi de 1.133. Destas, 1.056 foram entrevistadas durante a
gestação (a partir de 31 semanas) e no puerpério (até 12 meses após o parto), sendo incluídas
da análise.
5.4 Definição de termos e variáveis
5.4.1 Variável dependente
Depressão pós-parto – definida como escore maior ou igual a 12 na EPDS.
5.4.2 Variável independente
Gravidez não pretendida. Essa variável foi construída a partir da seguinte pergunta:
antes de saber que estava grávida, você: a) estava tentando engravidar b) estava querendo
engravidar c) queria engravidar, mas não agora (inoportuna/mistimed) d) não queria
engravidar (indesejada) e) não fazia diferença (AZEVÊDO, 2008).
As mulheres que responderam uma das duas primeiras alternativas foram classificadas como
tendo gravidez pretendida, e as que responderam os itens “c” ou “d”, foram classificadas
como tendo gravidez não pretendida.
31
Aquelas cuja resposta foi “não fazia diferença” foram reclassificadas em “gravidez
pretendida” ou “gravidez não pretendida” a partir da análise de outras variáveis do
questionário que avaliam atitudes e sentimentos da mulher em relação à gravidez.
5.4.3 Co-variáveis
A partir de revisão da literatura foram selecionadas as seguintes variáveis como
potenciais confundidoras:
Variáveis socioeconômicas e demográficas:
o Idade – as mulheres foram agrupadas em duas categorias: 18 a 19 anos e 20
anos ou mais. Mulheres com menos de 18 anos de idade foram excluídas
porque, como o questionário contém perguntas sobre violência, em caso de
identificação de vítimas nessa faixa etária a equipe deveria denunciar ao
Conselho Tutelar, comprometendo a confidencialidade dos dados da pesquisa.
o Raça/cor da pele – autoclassificação de acordo com o IBGE: branca, preta,
parda, amarela, indígena, não sabe/não quis responder. Para a análise bivariada
a variável foi transformada em dicotômica, com as seguintes categorias: branca
e não branca.
o Escolaridade: em anos completos de estudo. As categorias utilizadas foram 0 a
4 anos e cinco anos ou mais.
o Condição de moradia – dividida em “própria” e “não própria”
o Situação de emprego – definida de acordo com a inserção da mulher no
mercado de trabalho no momento da entrevista. Categorizada em: ativa
(empregada, autônoma, empregadora) e inativa (desempregada, aposentada,
sem ocupação, dona de casa e estudante).
o Renda – dividida em duas categorias: com renda e sem renda.
Variáveis relacionadas ao parceiro e apoio social
o Comportamento controlador do parceiro - Classificadas de acordo com escore
baseado no item 703 do Questionário da Mulher. Inicialmente as mulheres
foram agrupadas em 03 Categorias: comportamento não controlador (0
pontos); moderadamente controlador (1-3 pontos); muito controlador (4-9
32
pontos). Posteriormente a variável foi dicotomizada em “sem controle” e “com
controle” (LUDERMIR et al., 2010).
o Apoio social – as mulheres foram classificadas de acordo com o escore na
escala Medical Outcomes Study Questions- Social Support Survey (MOS-SSS).
Foram utilizadas duas categorias: muito apoio (maior ou igual a 34 pontos) ou
pouco/moderado apoio (0-33 pontos) (COSTA; LUDERMIR, 2005).
Variáveis relacionadas à saúde mental e história obstétrica
o SRQ-20 – as mulheres foram divididas em duas categorias, de acordo com o
escore no Self Reporting Questionnaire – versão de 20 questões (SRQ-20):
menor do que oito (rastreamento negativo para transtornos mentais comuns), e
maior ou igual a oito (rastreamento positivo).
o História pessoal de doença mental – conforme declarada pela mulher (itens 409
e 411 do Questionário da Mulher). Dividida em duas categorias: sim e não.
o Paridade: número de filhos tidos, incluindo natimortos. Categorizada em “com
filhos” e “sem filhos”.
5.5 Instrumentos de coleta de dados
Foram utilizados dois questionários para a coleta de dados: Questionário da Mulher e
Questionário da Puérpera, ambos elaborados para o desenvolvimento da pesquisa. Neles constam
informações sobre as características socioeconômicas e demográficas da mulher, história
reprodutiva e contraceptiva, dados da última gravidez e da atual, saúde mental antes e durante a
gravidez, apoio social, parceiro atual ou o mais recente e sua relação com o mesmo, pré-natal,
parto e puerpério, e sentimentos da mãe após o parto.
Foram utilizadas as seguintes seções dos questionários:
1) Questionário da mulher
a) Seção 1 – características socioeconômicas e demográficas da mulher
b) Seção 2 – história reprodutiva e contraceptiva
c) Seção 3 – gravidez atual
d) Seção 4 – saúde mental
e) Seção 7 – a entrevistada e seu companheiro atual ou mais recente
2) Questionário da puérpera
a) Seção 1 – situação atual
33
b) Seção 6 – apoio social – MOS-SSS
c) Seção 14 – sentimentos da mãe após o parto
O SRQ-20 é uma escala de auto-avaliação contendo vinte questões, que foi
desenvolvido por Harding et al.(1980) para detecção de problemas psiquiátricos na atenção
primária em saúde. Ela não é específica para avaliação de sintomas depressivos, tendo sido
elaborada para rastreamento de transtornos mentais comuns. No presente estudo ela foi
utilizada para avaliação do estado mental durante a gravidez, com ponto de corte sugerido em
estudo de validação realizado no Brasil (MARI; WILLIAMS, 1986).
Para avaliação dos sintomas depressivos no puerpério foi utilizada a EPDS,
desenvolvida por Cox, Holden e Sagovsky (1987). É uma escala curta, de fácil preenchimento
e auto-administrada. Contém dez itens que avaliam sintomas relacionados à depressão nos
últimos sete dias, com pontuação de 0 a 3. Foi validada no Brasil por Santos, Martins e
Pasquali (1999) que sugeriram ponto de corte de 11/12, valor utilizado no presente estudo.
O MOS-SSS foi desenvolvido por Sherbourne e Stewart (1985), e validado no Brasil
por Chor et al. (2001). É composto por 19 questões que compreendem 05 dimensões
funcionais de apoio social: apoio emocional, afetivo, tangível (provisão de recursos práticos e
ajuda material), de informação e de companhia ou interação social. Existem cinco respostas
possíveis para cada uma das perguntas: nunca, raramente, às vezes, quase sempre, ou sempre.
Para cada resposta é atribuída uma pontuação, e de acordo com o escore obtido com a soma
dos pontos, os indivíduos são divididos em categorias de apoio social global. Foi utilizado
neste trabalho o ponto de corte de 33 (COSTA; LUDERMIR, 2005).
As três escalas acima mencionadas (MOS-SSS, SRQ-20 e EPDS) estão incluídas no
questionário da mulher ou da puérpera, tendo sido administrados pelas entrevistadoras, no
momento das entrevistas.
5.6 Produção de dados
Durante o processo de seleção das entrevistadoras foi realizada uma semana de
treinamento, quando foram discutidos os objetivos do estudo, seu modelo teórico e apresentado
o conteúdo dos questionários. Foi dada ênfase às questões éticas, à necessidade de se
entrevistar todas as mulheres e de se coletar informações precisas. As treinandas foram
submetidas a entrevistas simuladas, com discussões durante e após cada uma delas, com o
objetivo de esclarecer dúvidas sobre o conteúdo dos instrumentos de coleta de dados.
34
Como parte do treinamento foi realizado um estudo piloto em unidades do DS IV para
avaliar o questionário, a aceitação das mulheres e a atuação das entrevistadoras. Após discussão
e identificação dos problemas, foram realizadas as modificações necessárias tanto nas perguntas
do questionário, quanto na forma de abordagem pelas entrevistadoras. Cinco das mulheres que
participaram do treinamento foram selecionadas para a pesquisa. Todas tinham nível superior
completo e experiência em pesquisa científica nas áreas de saúde da mulher, violência e gênero.
Antes de iniciar a coleta de dados foram feitas visitas pela equipe da pesquisa a todas as
unidades de saúde da família do DS II. Os objetivos eram estabelecer um contato inicial com os
profissionais dessas unidades e esclarecer sobre os objetivos do estudo, listar as gestantes
cadastradas, coletar informações como idade, endereço, data provável do parto, próxima consulta
de pré-natal agendada e o nome da Unidade de Saúde da Família na qual cada uma delas estava
cadastrada. Essa lista era atualizada semanalmente.
As entrevistas foram realizadas face a face, sem a presença do companheiro. O primeiro
contato com as participantes do estudo foi realizado ainda na gestação, durante a consulta de pré-
natal na unidade de saúde, onde, na maioria dos casos, se deu a primeira das duas entrevistas
programadas. A entrevista também podia ser feita no carro da pesquisa ou em local de escolha da
gestante, de acordo com sua conveniência, para garantir sua privacidade.
As gestantes cadastradas no pré-natal da ESF que não compareciam às consultas e
aquelas que realizavam o acompanhamento em serviços de referência eram identificadas através
dos registros do PACS, e contatadas em seus domicílios. As entrevistas realizadas no período
pré-natal ocorreram a partir de 31 semanas de gestação, sendo utilizado o Questionário da
Mulher.
O contato com as mulheres para a segunda entrevista deveria ser feito a partir das
consultas da puericultura. Entretanto, devido à cobertura ainda insuficiente das mesmas, a
maioria das mulheres foi contatada e entrevistada em seu domicílio. Para esta entrevista utilizou-
se o Questionário da Puérpera. Embora a intenção tenha sido fazê-la entre três e seis meses após
o parto, elas ocorreram em períodos variáveis, com uma média de 08 meses pós-parto. A data de
realização de cada entrevista foi registrada precisamente.
Durante a fase de coleta de dados foram tomadas medidas adicionais para garantir a
confiabilidade dos dados, como observação das entrevistadoras pela coordenadora de campo,
correção dos questionários e checagem da consistência interna dos dados com a finalidade de
acompanhar o desempenho de cada uma, e reuniões semanais com toda a equipe para discussão
dos casos.
35
5.7 Processamento e análise dos dados
A entrada dos dados foi feita de forma independente por dois profissionais no
programa Epi-info versão 6.04, utilizando-se o recurso VALIDATE para a eliminação de
erros de digitação, procedendo-se em seguida a checagem da consistência dos mesmos.
Para a análise utilizou-se o software Stata, versão 10.0. Inicialmente foi realizada a
análise descritiva, caracterizando-se a população estudada em relação às variáveis
socioeconômicas e demográficas, de saúde mental e do relacionamento com o parceiro. A
seguir foram obtidas a frequência de gravidez não pretendida e a prevalência de depressão
pós-parto.
A Investigação da associação entre GNP e DPP foi feita através da regressão logística,
estimando-se os odds ratio (OR) bruto e ajustado. Para o ajuste foram incluídas no modelo as
variáveis que se mostraram associadas à exposição e ao desfecho na análise bivariada, e que
haviam sido previamente selecionadas através de revisão da literatura. A avaliação da
significância estatística foi feita considerando-se os valores de p e os intervalos de confiança
de 95%.
5.8 Aspectos éticos
As entrevistas foram realizadas em ambiente reservado (na unidade básica de saúde,
no carro da pesquisa ou no domicílio da mulher, quando solicitado). Foi garantida, a todas as
entrevistadas, antes e após a entrevista, a confidencialidade dos dados fornecidos. Conforme
mencionado, não foram incluídas menores de idade por conta da compulsoriedade em
denunciar uma eventual situação de violência identificada, comprometendo a
confidencialidade dos dados da pesquisa. Antes de iniciar a entrevista as mulheres recebiam
algumas informações relativas à pesquisa, como a instituição responsável, a coordenação, o
caráter voluntário de sua participação, e a natureza pessoal e delicada de algumas questões.
Nesse momento era lido o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e a anuência da
entrevistada era anotada pela entrevistadora, ao invés da coleta da assinatura da mulher, para
evitar posterior identificação do questionário. Como também foram abordadas questões
relacionadas à violência, considerado um tema sensível, as mulheres receberam informação
sobre serviços sociais, de saúde, jurídicos e policiais disponíveis. Também foram relatados à
gestão do DS II os casos de mulheres em situação de violência, para que a mesma as
encaminhasse aos serviços especializados da Prefeitura do Recife. A pesquisa foi submetida
36
ao Comitê de Ética da UFPE, sendo aprovada sob o protocolo de número 303/2004 –
CEP/CCS
37
6 RESULTADOS
6.1 Caracterização da amostra
Participaram da pesquisa 1121 mulheres. Destas, 1056 foram incluídas na análise,
representando o total de mulheres que participaram das duas etapas da pesquisa, que
consistiram em entrevistas realizadas durante a gestação (a partir de 31 semanas) e o
puerpério (até 12 meses após o parto). O percentual de perdas foi de 5,8%. Estas consistiram
em não localização por mudança de endereço (37), óbitos (3), incapacidade para participação
da segunda entrevista (02), mudança para áreas sobre o controle do tráfico de drogas (13);
quatro passaram a viver na rua, e cinco mulheres recusaram permanecer na pesquisa. Uma
delas participou apenas da segunda entrevista.
Ao se avaliar as variáveis socioeconômicas e demográficas, observou-se um
predomínio de mulheres com mais de 20 anos de idade (86,2%), não brancas (80,1%), com
parceiro (86,8%), moradia própria (65,8%) e cinco anos ou mais de escolaridade (77,3%).
Cerca de setenta por cento delas era economicamente inativa, mas 59,4% declararam ter
alguma fonte de renda (incluindo auxílios governamentais e ajuda de amigos/familiares)
(tabela1). Trinta e seis por cento não tinham filhos.
Tabela 1. Características socioeconômicas de demográficas das mulheres entrevistadas no DS II do Recife-
PE, 2005-2006
Variáveis N=1056 %
Idade
Até 19 anos
≥ 20 anos
146
910
13,8
86,2
Raça/cor
Branca
Não branca
210
846
19,9
80,1
Moradia
Própria
Não própria
695
361
65,8
34,2
Escolaridade (em anos de estudo)
0-4 anos
≥ 5 anos
240
816
22,7
77,3
Inserção produtiva
Ativa
Inativa
319
737
30,2
69,8
Situação conjugal
Com companheiro
Sem companheiro
917
139
86,8
13,2
Renda
Com renda
Sem renda
627
429
59,4
40,6
38
Conforme mostrado na tabela 2, aproximadamente trinta por cento das participantes do
estudo referiram não sofrer nenhum tipo de controle por parte do parceiro. Setenta por cento
delas contavam com pouco ou moderado apoio social.
Tabela 2. Variáveis relacionadas ao parceiro e apoio social das mulheres entrevistadas no DS II do Recife-
PE, 2005-2006
Variáveis N=1056 %
Comportamento controlador do parceiro
Sem controle
Com controle
314
742
29,7
70,3
Apoio social
Muito
Moderado/pouco
317
739
30,0
70,0
Em relação à saúde mental, 12,1% delas relataram ter apresentado algum episódio de
transtorno ao longo da vida e 42,9% pontuaram acima de oito no SRQ-20 (tabela 3).
Nenhuma das mulheres da amostra estava em tratamento psiquiátrico.
Tabela 3. Variáveis relativas à saúde mental das mulheres entrevistadas no DS II do Recife-PE, 2005-2006
Variáveis N=1056 %
SRQ-20
˂8
≥8
603
453
57,1
42,9
História pessoal de transtorno mental
Não
Sim
928
128
87,9
12,1
6.2 Frequência de gravidez não pretendida e prevalência de depressão pós-parto
A frequência de gravidez não pretendida, variável de exposição do presente estudo, foi
de 60,2%, correspondendo a 636 gestações. Destas, 238 (22,5%) foram inoportunas e 398
(37,7%) indesejadas (tabela 4).
Tabela 4. Classificação das gestações de acordo com a pretensão de gravidez das mulheres entrevistadas
no DS II do Recife-PE, 2005-2006
N=1056 %
Gravidez pretendida 420 39,8
Gravidez inoportuna 238 22,5
Gravidez indesejada 398 37,7
39
Em relação ao desfecho, depressão pós-parto, a prevalência foi de 25,9% (274
mulheres), sendo utilizada a EPDS, com ponto de corte 12 (tabela 5).
Tabela 5. Prevalência de depressão pós-parto de acordo com a EPDS entre as mulheres entrevistadas no
DS II do Recife-PE, 2005-2006
N=1056 %
EPDS ˂ 12 782 74,1
EPDS ≥ 12 274 25,9
6.3 Fatores associados à gravidez não pretendida: análise bivariada
A análise bivariada (n=1056) entre a variável de exposição e as demais variáveis
independentes do estudo revelou maior razão de chances de gravidez não pretendida entre
mulheres com pelo menos 01 filho, pouco ou moderado apoio social, que referiram, por parte
do parceiro, comportamento controlador e aquelas com escore ≥ 8 no SRQ-20 (tabelas 7 a 9).
Nesta etapa da análise não se mostraram associadas à pretensão de gravidez: idade, raça/cor,
moradia, escolaridade, inserção produtiva, renda (tabela 6) e história pessoal de transtorno
mental (tabela 9).
Tabela 6. Associação entre gravidez não pretendida e características socioeconômicas e demográficas das
mulheres entrevistadas no DS II do Recife-PE, 2005-2006
Variáveis Pretensão de gravidez n (%)
Pretendida Não pretendida
OR
(IC 95%)
Valor P
Idade
Até 19 anos
≥ 20 anos
49 (33,6%) 97 (66,4%)
371 (40,8%) 539 (59,2%)
1,36 (0,94-1,97)
1,00
0,096
Raça/cor
Branca
Não branca
82 (39,0%) 128 (61,0%)
338 (40,0%) 508 (60,0%)
1,00
0,96 (0,71-1,31)
0,811
Moradia
Própria
Não própria
266 (38,3%) 429 (62,7%)
154 (42,7%) 207 (57,3%)
1,00
0,83 (0,64-1,08)
0,168
Escolaridade
0-4 anos
≥ 5 anos
87 (36,3%) 153 (63,8%)
333 (40,8%) 483 (59,2%)
1,21 (0,90-1,63)
1,00
0,201
Inserção produtiva
Ativa
Inativa
136 (42,6%) 183 (57,4%)
284 (38,5%) 453 (61,5%)
1,00
1,18 (0,91-1,55)
0,212
Renda
Com renda
Sem renda
240 (38,3%) 387 (61,7%)
180 (42,0%) 249 (58,0%)
1,00
0,86 (0,67-1,10)
0,230
40
Tabela 7. Associação entre gravidez não pretendida e variáveis relacionadas ao parceiro e apoio social
entre as mulheres entrevistadas no DS II do Recife-PE, 2005-2006
Variáveis Pretensão de gravidez n (%)
Pretendida Não pretendida
OR
(IC 95%)
Valor P
Comportamento controlador
do parceiro
Sem controle
Com controle
144 (45,9%) 170 (54,1%)
276 (37,2%) 466 (62,8%)
1,00
1,43 (1,09-1,87)
0,009
Apoio social
Muito
Pouco/moderado
142 (44,8%) 175 (55,2%)
278 (37,6%) 461 (62,4%)
1,00
1,35 (1,03-1,76)
0,030
Tabela 8. Associação entre gravidez não pretendida e variáveis relacionadas à saúde mental entre as
mulheres entrevistadas no DS II do Recife-PE, 2005-2006
Variáveis Gravidez não pretendida (%)
Pretendida Não pretendida
OR
(IC 95%)
Valor P
SRQ20
˂8
≥8
259(43,0%) 344(57,0%)
161(35,5%) 292(64,5%)
1,00
1,37 (1,06-1,76)
0,015
História pessoal de
transtorno mental
Não
Sim
370 (39,9%) 558(60,1%)
50 (39,1%) 78(60,9%)
1,00
1,03 (0,71-1,51)
0,861
Tabela 9. Associação entre gravidez não pretendida e paridade entre as mulheres entrevistadas no DS II
do Recife-PE, 2005-2006
Variáveis Gravidez não pretendida (%)
Pretendida Não pretendida
OR
(IC 95%)
Valor P
Paridade
0
≥1
190(50,5%) 186(49,5%)
230(33,8%) 450(66,2%)
1,00
2,00 (1,55-2,58)
˂0,0001
6.4 Fatores associados à depressão pós-parto: análise bivariada
A análise bivariada realizada entre depressão pós-parto e as co-variáveis do estudo
mostrou maior razão de chances para ocorrência do desfecho entre mulheres sem moradia
própria, com menos de 05 anos de escolaridade, sem inserção produtiva e sem renda (tabela
10).
41
Tabela 10. Associação entre depressão pós-parto e variáveis socioeconômicas e demográficas das mulheres
entrevistadas no DS II do Recife-PE, 2005-2006
Variáveis Escore EPDS
˂12 ≥12
OR
(IC 95%)
Valor P
Idade
Até 19 anos
≥ 20 anos
113 (77,4%) 33 (22,6%)
669 (73,5%) 241 (26,5%)
0,81(0,54-1,23)
1,00
0,315
Raça/cor
Branca
Não branca
160 (76,2%) 50 (23,8%)
622 (73,5%) 224 (26,5%)
1,00
1,15(0,81-1,64)
0,430
Moradia
Própria
Não própria
528 (76,0%) 167 (24,0%)
254 (70,4%) 107 (29,6%)
1,00
1,33(1,00-1,77)
0,050
Escolaridade
0-4 anos
≥ 5 anos
160 (66,7%) 80 (33,3%)
622 (76,2%) 194 (23,8%)
1,60(1,17-2,19)
1,00
0,004
Inserção produtiva
Ativa
Inativa
257 (80,6%) 62 (19,4%)
525 (71,2%) 212 (28,8%)
1,00
1,67 (1,22-2,30)
0,001
Renda
Com renda
Sem renda
449 (71,6%) 178 (28,4%)
333 (77,6%) 96 (22,4%)
1,00
0,73(0,55-0,97)
0,028
Aquelas que referiam comportamento controlador por parte do parceiro tiveram
chance 2,58 vezes maior de apresentar sintomas de depressão após o parto. A razão de
chances para ocorrência do desfecho no grupo com pouco ou moderado apoio social foi de
3,57 (tabela 11).
Tabela 11. Associação entre depressão pós-parto e variáveis relacionadas ao parceiro e apoio social entre
as mulheres entrevistadas no DS II do Recife-PE, 2005-2006
Variáveis Escore EPDS
˂12 ≥12
OR
(IC 95%)
Valor P
Comportamento controlador
do parceiro
Sem controle
Com controle
268(85,4%) 46(14,6%)
514(69,3%) 228(30,7%)
1,00
2,58(1,82-3,67)
˂ 0,0001
Apoio social
Muito
Pouco/moderado
280(88,3%) 37(11,7%)
502(67,9%) 237(32,1%)
1,00
3,57(2,45-5,20)
˂ 0,0001
Em relação à saúde mental, mulheres com escore ≥ 8 no SRQ20 e história pessoal de
transtorno mental apresentaram maior razão de chances para depressão pós-parto (tabela 12).
Mulheres com pelo menos 01 filho apresentaram chance 2,36 vezes maior para o desfecho
(tabela 13).
42
Tabela 12. Associação entre depressão pós-parto e variáveis relacionadas à saúde mental entre as
mulheres entrevistadas no DS II do Recife-PE, 2005-2006
Variáveis Escore EPDS
˂12 ≥12
OR
(IC 95%)
Valor P
SRQ20
˂8
≥8
527 (87,4%) 76 (12,6%)
255 (56,3%) 198 (43,7%)
1,00
5,38(3,97-7,30)
˂ 0,0001
História pessoal de
transtorno mental
Não
Sim
716 (77,2%) 212 (22,8%)
66 (51,6%) 62(48,4%)
1,00
3,17(2,17-4,63)
˂ 0,0001
Tabela 13. Associação entre depressão pós-parto e paridade entre as mulheres entrevistadas no DS II do
Recife-PE, 2005-2006
Variáveis Escore EPDS
˂12 ≥12
OR
(IC 95%)
Valor P
Paridade
0 315(83,8%) 61(16,2%) 1,00
≥1 467(68,7%) 213(31,3%) 2,36 (1,71-3,24) ˂ 0,0001
Nesta etapa da análise não se mostraram associadas à depressão pós-parto as variáveis
idade e raça/cor.
6.5 Análise de regressão logística
Na primeira etapa da análise verificou-se a associação entre a exposição e o desfecho.
Mulheres que referiram sua gravidez como não pretendida apresentaram chance 1,74 vezes
maior de apresentar sintomas de depressão pós-parto em comparação com aquelas que
pretendiam engravidar (OR=1,74 IC 95%: 1,30 – 2,34; p=0,0002) (tabela 14).
Tabela 14. Associação entre gravidez não pretendida e DPP entre as mulheres entrevistadas no DS II do
Recife-PE, 2005-2006
EPDS ˂ 12
N (%)
EPDS ≥ 12
N (%)
OR
IC 95%
Valor p
Gravidez pretendida 337 (80,2%) 83 (19,8%) 1,0
Gravidez não pretendida 445 (70,0%) 191(30,0%) 1,74 (1,30-2,34) 0,0002
A seguir foram inseridas no modelo as variáveis que se mostraram associadas à
exposição e ao desfecho na revisão de literatura e na análise bivariada (potencialmente
43
confundidoras), para verificar sua interferência nessa associação. O ajuste inicial incluiu as
variáveis: comportamento controlador do parceiro, apoio social e paridade. Observou-se uma
redução no odds ratio, mas manteve-se a significância estatística (OR=1,48 IC 95%: 1,09-
2,01; p=0,012). Após inclusão do SRQ-20 a razão de chances apresentou uma queda um
pouco maior, mas permaneceu estatisticamente significante (OR=1,42 IC 95%: 1,03-1,97;
p=0,031) (tabela 15).
Tabela 15. Associação entre gravidez não pretendida e depressão pós-parto com e sem ajuste para
variáveis confundidoras
Número total de
participantes
Participantes
com depressão
pós-parto
OR bruto
(IC 95%)
OR ajustado
(IC 95%)*
OR ajustado
(IC 95%)**
Gravidez
pretendida
420 (40%) 83 (20%) 1,00 1,00 1,00
Gravidez não
pretendida
636 (60%) 191(30%) 1,74 (1,30-2,34) 1,48 (1,09-2,01) 1,42 (1,03-1,97)
Valor p - - 0,0002 0,012 0,031
* ajustado para apoio social, comportamento controlador do parceiro e paridade.
** ajustado para apoio social, comportamento controlador do parceiro, paridade e SRQ20.
44
7 DISCUSSÃO
A gravidez não pretendida é um tema de grande importância, tendo em vista as
potenciais repercussões para a saúde da mulher e da criança (CHENG et al., 2009; DOTT et
al., 2010; FISCHER et al., 2012; GIPSON, KOENIG, HINDIN, 2008; LANCASTER et al.,
2010; ORR; JAMES; REITER, 2008; ÖZBASARAN; ÇORBAN; KUCUK, 2011;
POSTLETHWAITE et al., 2010; PRIETSCH et al., 2011). Apesar dos avanços na área da
contracepção, sua prevalência ainda é alta, especialmente em países em desenvolvimento,
onde também poucos estudos têm sido feitos para avaliar a questão (SINGH; SEDGH;
HUSSAIN, 2010).
Alguns estudos têm sugerido um efeito negativo da gravidez não pretendida sobre a
saúde mental materna, aumentando o risco de doenças como transtornos mentais comuns,
depressão durante a gravidez e depressão pós-parto (CANTILINO et al., 2010 b; CHENG et
al., 2009; FISHER et al., 2012; GIPSON, KOENIG, HINDIN, 2008; LANCASTER et al.,
2010; MORAES et al., 2006; ÖZBASARAN; ÇOBAN; KUCUK, 2011). Embora a depressão
pós-parto tenha sido bastante estudada até o momento, até onde se conhece nenhum estudo
avaliou a fundo a associação desta com gravidez não pretendida e os possíveis fatores de
confundimento a ela relacionados.
Neste estudo foi encontrada uma frequência de gravidez não pretendida de 60,23%,
valor próximo aos relatados por Prietsch et al. (2011) e por Bassani, Surkan e Olinto (2009)
para gestações não planejadas no Brasil (65% e 64%, respectivamente). Deve-se ressaltar que
estes autores avaliaram gravidez não planejada, cuja definição não é igual à de gravidez não
pretendida. A primeira se refere a toda gravidez não programada pela mulher ou pelo casal.
Na PNDS 2006, a frequência de gravidez não desejada foi significativamente menor (19% das
gestações em curso), no entanto, foram avaliadas apenas mulheres que referiram não querer
mais ter filhos; não foram feitas perguntas sobre gestações inoportunas (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2009). Valores menores, embora ainda elevados, têm sido relatados por outros
estudos na América Latina e Caribe (58%), África (39%) (GADOW et al., 1998; SINGH;
SEDGH; HUSSAIN, 2010) e Estados Unidos (49%) (CHENG et al., 2009; CHRISTENSEN
et al., 2011; FINER; ZOLNA, 2011). Países como Japão e Turquia apresentam prevalências
ainda menores (29% e 14%, respectivamente) (ÖZBASARAN; ÇOBAN; KUCUK, 2011;
TAKAHASHI et al., 2012).
45
Essa variação pode ser explicada, em parte, por diferenças na definição dessa variável.
O estudo de Fischer et al. (1999) sugere, entretanto, não haver distinção clara na percepção
das mulheres a respeito dos termos planejada (planned) e pretendida (intended).
Outros fatores também podem interferir em sua frequência: a não inclusão, na análise,
de gestações que terminaram em aborto e a avaliação retrospectiva da pretensão de gravidez,
uma vez que podem ocorrer mudanças nos sentimentos da mulher à medida que a gestação
prossegue e após o nascimento (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).
Além disso, existem dificuldades em se classificar corretamente as gestações. Em
primeiro lugar, é grande o número de fatores envolvidos para que a mulher considere sua
gestação como pretendida ou não, tais como circunstâncias econômicas, familiares e
conjugais, sua percepção e valores em relação à família e ao aborto, entre outros (FISCHER et
al., 1999). Também pode haver, por parte da mulher, ambiguidade de sentimentos em relação
à gravidez, dificultando ainda mais a tarefa do pesquisador em classifica-la. No presente
estudo algumas das mulheres que afirmaram estar tentando/querendo engravidar
responderam, em outra questão, que pensaram ou tentaram fazer um aborto (dados não
apresentados). A maneira como essa questão é abordada atualmente não consegue captar
todas as nuances que envolvem a gravidez não pretendida (KLERMAN, 2000). Erros de
classificação podem levar a distorções na sua frequência e comprometer a análise de sua
associação com outros fatores. No presente estudo foram utilizadas as definições propostas
pelos estudos NSFG, que são também usadas pela maioria dos autores (NATIONAL
CENTER FOR HEALTH STATISTICS, 2005).
A prevalência de depressão pós-parto varia amplamente no mundo (HALBREICH;
KARKUN, 2006). O valor encontrado neste estudo (25,9%) é semelhante ao de países em
desenvolvimento como Marrocos (21%) e Índia (23%) (ALAMI; KADRI; BERRADA, 2006;
PATEL; DESOUZA; RODRIGUES, 2003), e maior do que o de países desenvolvidos (5% no
Japão, 8% nos Estados Unidos e 11,1% na Suécia) (KITAMURA et al., 2006; RICH-
EDWARDS, 2006; RUBERTSSON et al., 2005). No Brasil a prevalência também tem
variado entre os estudos (7,2 a 39,4%) (CANTILINO et al., 2007, 2010a; FIGUEIRA et al.,
2009; LUDERMIR et al., 2010; MORAES et al., 2006; RUSCHI et al., 2007; TANNOUS et
al., 2008). Essa variação decorre de aspectos metodológicos, como diferenças nos
instrumentos diagnósticos utilizados para definição de caso, se entrevista feita por psiquiatra
ou escalas de auto-avaliação (CANTILINO et al., 2010a; O´HARA; SWAIN, 1996); escala e
ponto de corte utilizados (HALBREICH; KARKUN, 2006); duração do período de avaliação
após o parto (O´HARA; SWAIN, 1996); critérios utilizados para seleção das participantes e
46
características da população em estudo, como condição socioeconômica e aspectos culturais
(HALBREICH; KARKUN, 2006; GIBSON et al., 2009).
Para avaliação da depressão pós-parto foi utilizada a EPDS, com ponto de corte
sugerido em estudo de validação realizado no Brasil (SANTOS; MARTINS; PASQUALI,
1999). Embora seja uma escala de triagem, não se propondo para diagnóstico, apresenta alta
sensibilidade (86%) e especificidade (78%) quando comparada com entrevista feita por
psiquiatra, padrão-ouro para o diagnóstico (COX; HOLDEN; SAGOVSKY, 1987). No estudo
brasileiro acima citado o ponto de corte sugerido (11/12) mostrou sensibilidade de 72%,
especificidade de 89%, e valor preditivo positivo de 78%.
A avaliação do estado mental durante a gravidez foi feita com o SRQ-20, escala de
rastreamento para transtornos mentais comuns desenvolvida pela OMS (HARDING et al.,
1980), que tem mostrado desempenho semelhante à EPDS para avaliação de sintomas
depressivos após o parto (SANTOS et al., 2007). O ponto de corte utilizado (maior ou igual a
8) foi o proposto por Mari e Williams (1986) em seu estudo de validação no Brasil,
apresentando sensibilidade de 77% e especificidade de 81%.
A associação entre gravidez não pretendida e depressão pós parto encontrada no
presente estudo (OR=1,74) se manteve após ajuste para variáveis potencialmente
confundidoras, embora com menor magnitude (tabela 15). Das variáveis incluídas, a que
mostrou influência mais forte sobre a associação foi o SRQ-20 (OR=4,23 IC 95%: 3,09-5,81).
É possível que escores elevados nessa escala durante a gestação sejam resultado de uma
gravidez não pretendida, e a sua inclusão no modelo tenha subestimado a associação entre
esta e a depressão pós-parto.
O presente estudo apresenta algumas limitações, como o fato da amostra, em sua
maior parte, ter sido constituída por mulheres de baixa renda assistidas pela Estratégia de
Saúde da Família, o que impede a generalização dos resultados para populações com outro
perfil socioeconômico, como mulheres atendidas no sistema de saúde privado. Também é
possível que variáveis que dizem respeito ao relacionamento com o parceiro estejam sujeitas a
viés de informação. Além disso, como já mencionado, não foram incluídas no estudo
mulheres que tiveram gestações terminadas em aborto, e a pretensão de engravidar foi
avaliada tardiamente na gestação (terceiro trimestre).
Como pontos que fortalecem o estudo, podem-se destacar o fato de ter sido
prospectivo, o que garante que a causa preceda no tempo o aparecimento do resultado
esperado e diminui o risco de viés de memória. Às mulheres foi perguntado sobre sua
pretensão de engravidar durante a gravidez, e não após a mesma, e antes da ocorrência do
47
desfecho (DPP). Também foi utilizado o questionário SRQ-20 para avaliar transtornos
mentais comuns durante a gravidez e assim identificar as mulheres que já apresentavam
sintomas depressivos durante a mesma, sendo feito o ajuste para essa variável.
Foram incluídas no estudo todas as mulheres grávidas do DS II, mesmo aquelas que
não estavam fazendo pré-natal em suas unidades básicas de saúde (elas foram localizadas
através dos registros das agentes comunitárias). Essa busca ativa teve por objetivo minimizar
um possível viés de seleção. Dessa forma, pode-se considerar que os resultados são
representativos de populações com as mesmas características da população desse distrito. O
tamanho da amostra e o pequeno percentual de perdas (5,8%) também fortalecem este estudo.
Esse tema é bastante relevante para a saúde da mulher, e necessita de mais estudos
com a finalidade de avaliar questões que ainda se encontram em aberto sobre o assunto. Para
investigações futuras sugere-se incluir mulheres com menos de 18 anos, faixa etária não
incluída no presente estudo, e que apresenta grande percentual de gestações não pretendidas,
especialmente inoportunas (CHENG et al., 2009). Além disso, sugere-se que a avaliação dos
sintomas depressivos após o parto seja feita mais precocemente, pois na maioria dos casos
eles têm início entre 4 e 6 semanas, resolvendo-se dentro de seis meses após o mesmo (COX;
MURRAY; CHAPMAN, 1993; KUMAR; ROBSON, 1984; PATEL; DESOUZA;
RODRIGUES, 2003). Por fim, também se fazem necessários avanços nos conceitos e
métodos para medir a gravidez não pretendida, com o objetivo de melhorar a quantificação da
mesma. No Brasil, onde ainda não existem estudos avaliando a compreensão das mulheres
sobre os diferentes termos utilizados para classificar uma gravidez não pretendida, nem
uniformidade no uso dos mesmos pelos pesquisadores, esses avanços se fazem ainda mais
necessários.
48
8 CONCLUSÃO
Neste estudo evidenciou-se alta prevalência de Depressão pós-parto (25,9%) e elevada
frequência de Gravidez não pretendida (60,2%). Também se verificou associação entre
ambas, que se manteve após ajuste para variáveis de confundimento. Das variáveis incluídas
na análise, a que mostrou maior influência sobre a associação foi o escore no SRQ-20,
sugerindo que valores elevados nesta escala podem ser resultado da gravidez não pretendida,
subestimando a associação.
A elevada frequência estimada de GNP mostra a magnitude do problema na região.
Mais pesquisas precisam ser feitas no Brasil para conhecer melhor a realidade dessa condição
no país, especialmente em segmentos populacionais não representados nessa amostra, como
mulheres de nível socioeconômico mais elevado. Esse conhecimento é necessário para
chamar a atenção dos gestores para o problema e para que seja feita uma intervenção mais
efetiva não apenas na expansão do acesso aos métodos contraceptivos, como também na
educação em saúde sexual e reprodutiva. Além disso, vai fornecer subsídios para que os
profissionais de saúde identifiquem as mulheres nessa situação, permitindo que atuem para
prevenir ou minimizar suas repercussões na saúde destas e de seus filhos. É necessário
também avançar na compreensão das questões relacionadas ao conceito de gravidez não
pretendida, para evitar erros de classificação e distorções nas estimativas.
A Depressão Pós-parto, embora mais bem estudada e reconhecidamente prejudicial à
saúde da mulher e da criança, também não tem sido contemplada de forma adequada na
atenção dos gestores e profissionais de saúde, que de modo geral não estão capacitados para
rastreá-la e trata-la. Devido à alta prevalência no país, se faz necessário que estratégias para
identificação e tratamento das mulheres com essa condição sejam desenvolvidas. O
conhecimento de sua associação com gravidez não pretendida e dos fatores a ela relacionados
ajudará a identificar aquelas sob maior risco de desenvolvê-la, permitindo ações que
minimizem sua ocorrência ou os danos por ela provocados.
Apesar das limitações já citadas, a importância deste estudo se deve ao fato de ser o
primeiro conhecido a analisar a associação entre gravidez não pretendida e depressão pós-
parto, procurando controlar para fatores de confundimento. Os resultados encontrados podem
contribuir para aumentar o conhecimento sobre a gravidez não pretendida, permitindo ações
governamentais que diminuam seu impacto sobre a saúde.
49
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57
ANEXO A
PESQUISA SOBRE A SAÚDE DAS MULHERES GRÁVIDAS E SUAS
EXPERIÊNCIAS DE VIDA
QUESTIONÁRIO DA MULHER
ESTUDO CONDUZIDO PELO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA (PIPASC) – UFPE
CONFIDENCIAL
(uma vez preenchido)
58
SEÇÃO 1 – CARACTERÍSTICAS SÓCIO-ECONÔMICAS E DEMOGRÁFICAS DA MULHER
PERGUNTAS E FILTROS CATEGORIAS DE CODIFICAÇÃO
101 Além de você, que outras pessoas vivem na casa em
que você mora?
CERTIFIQUE-SE QUE O TOTAL DE PESSOAS NÃO
INCLUI HOSPEDES E VISITANTES TEMPORÁRIOS E
INCLUI A ENTREVISTADA
NÚMERO TOTAL DE PESSOAS NA
RESIDÊNCIA.........................[ ][ ]
102 Você poderia me dizer quem são as outras pessoas que
vivem na casa em que você mora?
CERTIFIQUE-SE QUE O TOTAL DE PESSOAS
NÃO INCLUI HOSPEDES E VISITANTES
TEMPORÁRIOS E INCLUI A ENTREVISTADA
01. Vive Sozinha
02. Marido / companheiro
03. Pai
04. Mãe
05. Filhos
06. Nora
07. Genro
08. Neto / neta
09. Irmão
10. Irmã
11. Tio
12. Tia
13. Avó / Avô
14. Sobrinho / Sobrinha
15. Enteados
16. Sogra
17. Sogro
18. Cunhado
19. Cunhada
20. Outra Pessoa: ______________________
89. Não quis Responder
59
103 Quem é o chefe do domicílio? 01. A entrevistada
02. Marido / companheiro
03. AMBOS
04. Pai / Mãe
05. Outro: __________________________
06. Não tem chefe
99. Não sabe
104 Agora, eu vou fazer algumas perguntas sobre sua casa.
A sua casa é:
01. PRÓPRIA
02. INVADIDA
03. ALUGADA
04. CEDIDA / EMPRESTADA
05. OUTROS : ________________________
89. Não quis Responder
105 Quantos cômodos tem a sua casa? Nº DE CÔMODOS ......................... [ ][ ]
106 Aonde você obtém a água utilizada em sua casa para
beber e cozinhar?
01. TORNEIRA DENTRO DE CASA
02. TORNEIRA DO LADO DE FORA DA
CASA
03. NÃO TEM ACESSO A ÁGUA
ENCANADA
OUTRA: _____________________________
107 Que tipo de banheiro você tem na sua casa? 01. INDIVIDUAL INTERNO
02. INDIVIDUAL EXTERNO
03. COLETIVO
04. NÃO TEM BANHEIRO
89. NÃO QUIS RESPONDER
108 Em sua casa, que tipo de ligação elétrica existe? 01. NÃO TEM LUZ ELÉTRICA
02. LIGACAO INDIVIDUAL COM CONTADOR
PRÓPRIO
03. NÃO TEM LIGAÇÃO PRÓPRIA
04. OUTRO: _________________________
89. NÃO QUIS RESPONDER
60
109 Nesta casa existem quantos destes itens?
[ ] TELEVISÃO COLORIDA
[ ] VÍDEO-CASSETE
[ ] RÁDIO
[ ] AUTOMÓVEL DE PASSEIO
[ ] TELEFONE
[ ] ASPIRADOR DE PÓ
[ ] MAQ. DE LAVAR ROUPA
[ ] GELADEIRA
[ ] FREEZER
[ ] COMPUTADOR
SIM
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
NÃO
02
02
02
02
02
02
02
02
02
02
110 Alguma pessoa que mora na sua casa possui:
[ ] TERRENO
[ ] CASA
[ ] APARTAMENTO
[ ] EMPRESA OU NEGÓCIO
[ ] TERRA
SIM
01
01
01
01
01
NÃO
02
02
02
02
02
111 Nas últimas 4 semanas alguém de sua casa foi vítima
de um crime nesta vizinhança, tais como roubo,
assalto, violência física ou sexual?
Se SIM, pergunte:
Qual?
a) [ ] 1. SIM 2. NÃO
b) Qual?
01. Roubo
02. Assalto
03. Violência física
04. Violência sexual
05. Homicídio
88. Não aplicável
61
112 Quando você nasceu (dia, mês e ano) ? Dia .............................................. [ ] [ ]
Mês ............................................. [ ] [ ]
Ano .......................... [ ] [ ] [ ] [ ]
Não Sabe O Ano ................................... 9999
113 Quantos anos você fez no seu último aniversário? Anos completos ............................ [ ][ ]
114 Em que religião você foi criada?
01. NÃO TEM RELIGIÃO 02. CATÓLICA 03. PROTESTANTE 04. ESPÍRITA 05. UBANDA / CANDOBLÉ 06. OUTRA
115 Atualmente, você freqüenta alguma religião ou culto?
01. NÃO TEM RELIGIÃO passe para Q.117 02. CATÓLICA 03. PROTESTANTE 04. ESPÍRITA 05. UBANDA / CANDOBLÉ 06. OUTRA 88. Não Aplicável
116 Com que freqüência você freqüentou culto religioso nas duas últimas semanas?
Nº DE VEZES ............................... [ ][ ]
Não aplicável ...................................... ‘88’
117 Entre as seguintes alternativas, qual você escolheria
para identificar a sua cor ou raça?
01. BRANCA
02. PRETA
03. PARDA
04. AMARELA
05. INDÍGENA
89. NÃO QUIOS RESPONDER
99. NÃO SABE
118 Você sabe ler e escrever? 01.SIM
02.NÃO
119 Você já freqüentou a escola? 01.SIM
02.NÃO passe para Q.121
120 Qual a ultima serie e grau que você concluiu com
aprovação? MARQUE O GRAU MAIS ELEVADO.
CONVERTA OS ANOS DE ESCOLARIDADE DE
ACORDO COM OS CÓDIGOS DA TABELA.
01. Primeiro Grau Menor______ Ano .............
02. Primeiro Grau Maior ______ Ano .............
03. Secundário / Técnico ______ Ano ............
04. Universitário Incompleto ___ Ano
.............
05. Universitário completo ____ Ano
.............
Nº DE ANOS DE INSTRUÇÃO [ ] [ ]
62
121 Atualmente você está casada ou vive com alguém?
a. ATUALMENTE CASADA
passe para Q.126
b. VIVE / MORA JUNTO COM UM
HOMEM passe para Q.126
c. TEM UM PARCEIRO (MANTENDO RELAÇÃO SEXUAL), MAS NÃO VIVE JUNTO.
d. NÃO ESTÁ CASADA OU VIVENDO COM ALGUÉM (SEM RELACIONAMENTO SEXUAL).
e. OUTRO: __________________________ 89.NÃO QUIS RESPONDER
122 Você alguma vez já foi casada ou viveu com um
companheiro do sexo masculino?
01. Sim
02. Não passe para Q.201
88.Não aplicável
123 O último casamento ou vida em comum com um
companheiro terminou em divórcio / separação, ou
você ficou viúva?
01. DIVORCIADA
02. SEPARADA
03. VIÚVA passe para Q.128
88. Não aplicável
124
1.1.1.1.1.1.1.1.1 Qual o motivo que levou este seu
último casamento / ou
relacionamento a terminar?
01. VOCÊ NÃO SENTIA MAIS AMOR POR
ELE
02. VOCÊ NÃO TINHA MAIS ATRAÇÃO
SEXUAL POR ELE
03. VOCÊ ENCONTROU OUTRA PESSOA
04. INFIDELIDADE DO PARCEIRO
05. INCOMPATIBLIDADES / NÃO SE
ENTENDIAM
06. COMPANHEIRO FAZIA USO DE
ÁLCOOL, DROGAS
07. COMPORTAMENTOS AGRESSIVOS
DO PARCEIRO
08. OUTRO: __________________________
88. NÃO APLICÁVEL
89. NÃO QUIS RESPONDER
125
1.1.1.1.1.1.1.1.2 Quem tomou a iniciativa da
separação?
01. VOCÊ
02. SEU PARCEIRO
03. AMBOS, VOCÊ E SEU PARCEIRO
04. OUTRO: ________________________
05. NÃO LEMBRA / NÃO QUIS
RESPONDER
88. NÃO APLICÁVEL
63
126 Pensando no seu relacionamento atual / mais recente,
quando vocês casaram / foram viver juntos:
01. VOCÊ SE MUDOU PARA CASA DO
PARCEIRO
02. VOCÊ SE MUDOU PARA CASA DA
FAMILIA DO PARCEIRO
03. O PARCEIRO SE MUDOU PARA SUA
CASA
04. O PARCEIRO SE MUDOU PARA
CASA DE SUA FAMILIA
05. VOCÊS FORAM MORAR SOZINHOS
06. OUTRO: __________________________
07. NÃO LEMBRA / NÃO QUIS
RESPONDER
88. NÃO APLICÁVEL
127 Antes de seu relacionamento atual, você já foi casada
ou viveu junto com outro companheiro do sexo
masculino?
01. SIM
02. NÃO passe para
Q.201
88. NÃO APLICAVEL
89. NÃO QUIS RESPONDER
passe para
Q.201
128 Quantas vezes você foi casada ou viveu junto com um
companheiro do sexo masculino?
(incluir o companheiro atual, quando existente)
NÚMERO DE MARIDOS /
COMPANHEIROS
........................... [ ][ ]
Não aplicável ....................................... ’88’
129 Quando você casou / foi viver junto pela primeira vez,
quantos anos você tinha?
ANOS (IDADE APROXIMADA) .....[ ][
]
Não aplicável ....................................... ‘88’
64
SEÇÃO 2 – HISTORIA REPRODUTIVA E CONTRACEPTIVA
Agora eu gostaria de falar sobre alguns fatos e situações vividas pela maioria das mulheres: seus relacionamentos e seus
parceiros, gravidezes e filhos que teve.
201 Você está grávida agora? PARA AS MULHERES QUE DIZEM ESTAR GRÁVIDA E A GRAVIDEZ
NÃO É EVIDENTE Explore: Você fez teste de gravidez e este foi positivo?
01. Sim, está grávida
02. Talvez / não tem certeza
ENCERRAR ENTREVISTA
03. Não está grávida
ENCERRAR ENTREVISTA
202 Quantas vezes você já engravidou? (Considere, inclusive, qualquer gravidez mesmo que não tenha tido uma criança viva ou tenha resultado em aborto)
Número total de vezes que engravidou [ ][ ]
Inclua a gravidez atual, e se ela estiver grávida pela
primeira vez passe para Q.208
203 Quando você engravidou pela PRIMEIRA vez, quantos anos você tinha?
IDADE EM ANOS ............................[ ][ ]
Não lembra ...........................................’99’
204 De quantos parceiros você engravidou?
(Considere, todas as vezes em que você engravidou, estivesse ou não vivendo com o pai da criança, mesmo que não tenha tido uma criança viva ou tenha resultado em aborto.)
NÚMERO DE PARCEIROS DE QUEM
ENGRAVIDOU ................................ [ ][ ]
Não quis responder ...............................’89’
Se for a 1ª gravidez .............................. ‘01’
205 Você já pariu uma criança? Quantas?
Explore: pode ter sido uma criança nascida viva ou
morta.
01. SIM
02. NÃO passe para Q.208
NÚMERO DE PARTOS ................. [ ][ ]
65
206 De quantos parceiros você teve filhos? NÚMERO DE PARCEIROS DE QUEM TEVE
FILHOS ................................ [ ][ ]
Nenhum ............................................... ‘00’
Não quis responder .............................. ’89’
207 Quando nasceu o seu PRIMEIRO filho, quantos anos você tinha?
Idade em anos.....................................[ ][ ]
Não aplicável ....................................... ‘88’
208 Você já fez alguma coisa ou tentou de alguma forma
evitar gravidez?
01. SIM
02. NÃO passe para Q. 213
89.Não Quis Responder passe para Q. 213
209 Quais os métodos para evitar gravidez que você já
usou?
01. NUNCA USOU
02. PÍLULAS
03. INJEÇÕES
04. IMPLANTE DE ADESIVO (NORPLANT)
05. DIU – Dispositivo Intra-Uterino
06. DIAFRAGMA / ESPERMICIDA
07. TABELA / MÉTODO DO MUCO
08. CAMISINHA
09. COITO INTERROMPIDO
10. OUTRO: __________________________
88. Não aplicável
89. Não quis responder
210 Quantos anos você tinha quando usou pela primeira
vez, algum método evitar gravidez?
IDADE EM ANOS ...........................[ ][ ]
Não lembra .......................................... ‘99’
Nunca usou ......................................... ’00’
211 No último mês antes de engravidar, você usou algum
método para evitar gravidez? Qual?
Explore: E seu marido ou companheiro?
01. NÃO ESTAVA USANDO
02. PÍLULAS
03. INJEÇÕES
04. IMPLANTE DE ADESIVO (NORPLANT)
05. DIU – Dispositivo Intra-Uterino
06. DIAFRAGMA / ESPERMICIDA
07. TABELA / MÉTODO DO MUCO
08. CAMISINHA
09. COITO INTERROMPIDO
10. OUTROS: _________________________
88. Não aplicável
89. Não quis responder
66
212 Quem decidiu usar esse método? 01. VOCÊ
02. O PARCEIRO
03. OS DOIS
04. OUTRA PESSOA : __________________
88. Não aplicável
89. Não quis responder
Você disse já ter engravidado [no de vezes], eu gostaria de saber alguma informações sobre as suas outras gravidezes.
Se ela referiu apenas uma gravidez, esta é a gravidez atual, passe para a SECÇÃO 3.
213
1ª Gravidez a) Quando engravidou pela primeira
vez, você estava fazendo algo ou
usando algum método para evitar
gravidez?
EXPLORE: E o seu parceiro fazia
alguma coisa?
01. Sim
02. Não
88. Não aplicável
99. Não lembra
b) Quando engravidou pela primeira
vez, antes de saber que estava grávida,
você estava tentando engravidar, queria
engravidar ou tanto fazia?
01. ESTAVA TENTANDO ENGRAVIDAR
02. QUERIA ENGRAVIDAR
03. NÃO ESTAVA QUERENDO
04. NÃO FAZIA DIFERENÇA
05. NÃO HAVIA PENSADO NO ASSUNTO
06. OUTROS: _________________________
88. Não aplicável
89. Não quis responder
99. Não lembra
C) A SUA 1ª GRAVIDEZ RESULTOU EM: 01. FILHO NASCIDO VIVO
02. FILHO NASCIDO MORTO
03. ABORTO ESPONTANEO (NATURAL)
04. ABORTO PROVOCADO
88. Não aplicável
89. Não quis responder
99. Não lembra
214
2ª Gravidez a) Quando engravidou pela segunda
vez, você estava fazendo algo ou
usando algum método para evitar
gravidez?
EXPLORE: E o seu parceiro fazia
alguma coisa?
01. SIM
02. NÃO
88. Não aplicável
89. Não quis responder
99. Não lembra
67
b) Na sua 2ª gravidez, antes de saber
que estava grávida, você estava
tentando engravidar, queria engravidar
ou tanto fazia?
01. ESTAVA TENTANDO ENGRAVIDAR
02. QUERIA ENGRAVIDAR
03. NÃO ESTAVA QUERENDO
04. NÃO FAZIA DIFERENÇA
05. OUTROS: _________________________
88. Não aplicável
89. Não quis responder
99. Não lembra
C) A SUA 2ª GRAVIDEZ RESULTOU EM: 01. FILHO NASCIDO VIVO
02. FILHO NASCIDO MORTO
03. ABORTO ESPONTANEO (NATURAL)
04. ABORTO PROVOCADO
88. Não aplicável
89. Não quis responder
99. Não lembra
215 3ª Gravidez a) Quando engravidou pela terceira vez,
você estava fazendo algo ou usando
algum método para evitar gravidez?
EXPLORE: E o seu parceiro fazia
alguma coisa?
01. SIM
02. NÃO
88. Não aplicável
89. Não quis responder
99. Não lembra
b) Na sua 3ª gravidez, antes de saber que
estava grávida, você estava tentando
engravidar, queria engravidar ou tanto
fazia?
01. ESTAVA TENTANDO ENGRAVIDAR
02. QUERIA ENGRAVIDAR
03. NÃO ESTAVA QUERENDO
04. NÃO FAZIA DIFERENÇA
05. OUTRO: __________________________
88. Não aplicável
89. Não quis responder
99. Não lembra
C) A SUA 3ª GRAVIDEZ RESULTOU EM: 01. FILHO NASCIDO VIVO OU MORTO
02. ABORTO ESPONTANEO (NATURAL)
03. ABORTO PROVOCADO
88. Não aplicável
89. Não quis responder
99. Não lembra
216 4ª Gravidez a) Quando engravidou pela quarta vez,
você estava fazendo algo ou usando
algum método para evitar gravidez?
EXPLORE: E o seu parceiro fazia
alguma coisa?
01. SIM
02. NÃO
88. Não aplicável
89. Não quis responder
99. Não lembra
68
b) Na sua 4ª gravidez, antes de saber
que estava grávida, você estava
tentando engravidar, queria engravidar
ou tanto fazia?
01. ESTAVA TENTANDO ENGRAVIDAR
02. QUERIA ENGRAVIDAR
03. NÃO ESTAVA QUERENDO
04. NÃO FAZIA DIFERENÇA
05. OUTRO: __________________________
88. Não aplicável
89. Não quis responder
99. Não lembra
c) A sua 4ª gravidez resultou em: 01. FILHO NASCIDO VIVO
02. FILHO NASCIDO MORTO
03. ABORTO ESPONTANEO (NATURAL)
04. ABORTO PROVOCADO
89. Não quis responder
88. Não aplicável
99. Não lembra
217 5ª
GRAVIDEZ
A) QUANDO ENGRAVIDOU PELA QUINTA
VEZ, VOCÊ ESTAVA FAZENDO ALGO OU
USANDO ALGUM MÉTODO PARA EVITAR
GRAVIDEZ?
EXPLORE: E O SEU PARCEIRO FAZIA
ALGUMA COISA?
01. SIM
02. NÃO
88. Não aplicável
89. Não quis responder
99. Não lembra
b) Antes de saber que estava grávida,
você estava tentando engravidar, queria
engravidar ou tanto fazia?
01. ESTAVA TENTANDO ENGRAVIDAR
02. QUERIA ENGRAVIDAR
03. NÃO ESTAVA QUERENDO
04. NÃO FAZIA DIFERENÇA
05. OUTRO : _________________________
88. Não aplicável
89. Não quis responder
99. Não lembra
C) A SUA 5ª GRAVIDEZ RESULTOU EM: 01. FILHO NASCIDO VIVO
02. FILHO NASCIDO MORTO
03. ABORTO ESPONTANEO (NATURAL)
04. ABORTO PROVOCADO
88. Não aplicável
89. Não quis responder
99. Não sabe
HAVENDO MAIS DE CINCO GRAVIDEZES USE A FOLHA ADICIONAL
69
218
222
TOTALIZE O NÚMERO DE EVENTOS, E
PERGUNTE:
Só para confirmar: Você já deu à luz a [número]crianças vivas?
Você já teve [número]crianças nascidas mortas?
Você teve [número] abortos,
[número] abortos que foram espontâneos (natural)
e [número] foram provocados?
218) Nº DE NASCIDOS VIVOS .... [ ][ ]
219) Nº DE NATIMORTOS........... [ ][ ]
220) Nº DE ABORTOS ................. [ ][ ]
221) ABORTO ESPONTÂNEO ..... [ ][ ]
222) ABORTO PROVOCADO ...... [ ][ ]
Se nenhum registre ............................. ‘00’
223 Caso você pudesse escolher / ter escolhido, quantos
filhos você gostaria de ter / ter tido ?
Nº DE FILHOS..................................[ ][ ]
NENHUM ............................................ ‘00’
224 Que idade você tinha quando teve relações sexuais com uma pessoa do sexo masculino pela primeira vez?
ANOS (IDADE APROXIMADA) .....[ ][ ]
225 Como você descreveria sua primeira experiência sexual: você queria, não queira, mas acabou acontecendo, ou foi forçada a fazer sexo?
01. QUERIA passe para Q.227
02. NÃO QUERIA, MAS ACONTECEU
03. FOI FORÇADA passe para Q.226
89. Não quis responder passe para Q.227
226 Como você foi forçada? 01. HOUVE VIOLÊNCIA FÍSICA
02. HOUVE AMEAÇA DE VIOLÊNCIA
03. HOUVE OUTRO TIPO DE AMEAÇA
04. HOUVE MUITA INSISTÊNCIA
05. OUTRO: __________________________
88. Não aplicável
89. Não quis responder
227 Quem foi essa pessoa com quem você teve a primeira relação?
01. NAMORADO
02. MARIDO OU COMPANHEIRO
03. PARCEIRO EVENTUAL
04. AMIGO
05. VIZINHO
06. DESCONHECIDO
07. OUTRO: __________________________
89. Não quis responder
99. Não lembra
70
SEÇÃO 3 – GRAVIDEZ ATUAL
301 Eu gostaria de saber sobre esta sua gravidez atual. Você
lembra a data da sua última menstruação?
Data: ______ / _____ / _______
302 Aproximadamente, com quantas semanas de gravidez você
está?
[ ][ ] SEMANAS
OU
[ ][ ] MESES
303 Antes de saber que estava grávida, você estava tentando
engravidar, queria engravidar ou tanto fazia?
01. ESTAVA TENTANDO ENGRAVIDAR
passe para Q.305
02. ESTAVA QUERENDO ENGRAVIDAR
passe para Q.305
03. QUERIA ENGRAVIDAR, MAS NÃO
AGORA
passe para Q.305
04. NÃO QUERIA ENGRAVIDAR
05. NÃO FAZIA DIFERENÇA
passe para Q.305
89.Não quis responder passe para Q.305
304 Por que você não estava querendo engravidar agora?
01. NÃO VIVE JUNTO COM O PARCEIRO
02. ESTAVA SEPARANDO
03. NÃO QUER TER FILHOS / MAIS FILHOS
04. NÃO QUER TER MAIS FILHOS
COMPANHEIRO ATUAL
05. OUTRO: __________________________
88. Não aplicável
89. Não quis responder
305 Na época em que você ficou grávida, seu marido /
companheiro queria que você engravidasse, queria esperar
mais um pouco, não queria ter (não queria ter mais) filhos,
ou tanto fazia?
01. QUERIA A GRAVIDEZ
02. QUERIA ESPERAR
03. NÃO QUERIA FILHOS
04. NÃO FAZIA DIFERENÇA
89. Não quis responder
99. Não sabe
306 Como você reagiu quando soube que estava grávida? 01. FICOU CONTENTE
02. ACEITOU
03. QUIS FAZER UM ABORTO
04. TENTOU FAZER UM ABORTO
05. OUTRO: __________________________
89. Não quis responder
71
307 E o seu companheiro, como reagiu quando soube que você estava grávida?
01. FICOU CONTENTE passe para Q.309
02. ACEITOU passe para Q.309
03. FOI INDIFERENTE
04. FICOU CONTRARIADO / NÃO GOSTOU
05. SUGERIU / QUIS QUE FIZESSE UM
ABORTO
06. NÃO FICOU SABENDO DA GRAVIDEZ
passe para Q.309
07. SUMIU QUANDO SOUBE DA GRAVIDEZ
08. OUTRO: __________________________
89. Não quis responder
308 Qual o motivo de seu companheiro não ter aceito a gravidez? 01. ELE TEM OUTRO RELACIONAMENTO
02. VOCÊS ESTAVAM A POUCO TEMPO
JUNTOS.
03. VOCÊS ESTAVAM SE SEPARANDO
04. ELE NÃO QUERIA TER FILHOS / MAIS
FILHOS
05. NÃO ACREDITOU QUE O FILHO ERA
DELE
06. ELE NÃO É O PAI DA CRIANÇA
07. OUTRO: __________________________
88. Não aplicável
89. Não quis responder
99. Não sabe
309
Só para confirmar, quando engravidou dessa última vez,
você estava fazendo algo para evitar gravidez?
EXPLORE: E o seu parceiro fez alguma coisa?
CONFIRA Q.211
01. Sim passe para Q.311
02. Não estava usando
03. Nunca usou
89. Não quis responder passe para Q.312
310 Quando engravidou dessa última vez, por que motivo vocês
não estavam evitando?
01. VOCÊ DESEJAVA TER UM FILHO
02. O PARCEIRO QUERIA TER UM FILHO
03. VOCÊS DOIS DESEJAVAM TER UM FILHO
04. VOCÊ PENSAVA QUE NÃO PODIA
ENGRAVIDAR
05. NÃO PENSAVAM SOBRE ISSO
06. O PARCEIRO NÃO QUERIA
07. OUTRO: __________________________
88. Não aplicável
89. Não quis responder
311 Seu marido / companheiro sabia que você estava usando um
método para evitar a gravidez?
01. Sim
02. Não estava usando
89. Não quis responder
312 Alguma vez seu marido / companheiro atual / mais recente
se recusou ou tentou impedi-la de usar algum método para
evitar a gravidez?
01. Sim
02. Não passe para Q.314
88.Não aplicável
89.Não quis responder passe para Q.314
72
313 De que maneira ele demonstrou que não permitir que você usasse algum método para evitar a gravidez?
MARQUE TODAS AS QUE SE APLICAM
01. FALOU QUE NÃO APROVAVA
02. GRITOU / FICOU COM RAIVA
03. AMEAÇOU BATER EM VOCÊ
04. AMEAÇOU LARGAR VOCÊ / POR VOCÊ PARA FORA DE CASA
05. BATER EM VOCÊ / AGREDIR VOCÊ
06. PEGOU OU DESTRUIU O MÉTODO
07. OUTRA: __________________________
88. Não aplicável
89. Não quis responder
314 Depois que você engravidou dessa última vez, você pensou em interromper essa gravidez?
01. Sim
02. Não passe para Q.327
89. Não quis responder passe para Q.327
APENAS PARA AS MULHERES QUE RESPONDERAM EM Q.306 código 3 ou 4 (quis ou tentou fazer um aborto) ou em
Q.307 código 5 (companheiro quis fazer um aborto) ou em Q.314 disse ter pensado em fazer um aborto (código 1)
CHEQUE Q.306, Q.314 e Q.307
315 Você chegou a conversar com o seu parceiro sobre a possibilidade de interromper a gravidez?
01. SIM
02. NÃO passe para Q.318
88. Não aplicável
89. Não quis responder passe para Q.318
316 Quanto a idéia de interromper a gravidez, você diria que seu companheiro:
01. DEU APOIO passe para Q.318
02. FOI INDIFERENTE passe para Q.318
03. ACEITOU passe para Q.318
04. NÃO APROVOU
05. NÃO FICOU SABENDO
passe para Q.318
06. OUTRO: __________________________
88. Não aplicável
89. Não quis responder passe para Q.318
317
De que maneira ele demonstrou não aprovar que você interrompesse a gravidez?
MARQUE TODAS AS QUE SE APLICAM
01. FALOU QUE NÃO APROVAVA
02. GRITOU / FICOU COM RAIVA
03. AMEAÇOU BATER EM VOCÊ
04. AMEAÇOU LARGAR VOCÊ / PÔR VOCÊ PARA FORA DE CASA
05. BATEU EM VOCÊ / AGREDIU VOCÊ
06. OUTRA: __________________________
88. Não aplicável
89. Não quis responder
318
Você fez alguma tentativa de interromper essa gravidez? 01. Sim
02. Não passe para Q.326
88. Não aplicável
89. Não quis responder passe para Q.326
319 De que forma você tentou interromper essa gravidez?
MARQUE TODAS AS QUE SE APLICAM
01. USOU CITOTEC
02. USOU OUTRO MEDICAMENTO
03. TOMOU CHÁS E INFUSÕES
04. OUTRO: __________________________
88. Não aplicável
89. Não quis responder
73
320 Com quanto tempo de gravidez você estava, quando tentou interromper essa gravidez? Explore: Quantas semanas ou meses de gravidez?
[ ][ ] SEMANAS
OU
[ ][ ] MESES
Não aplicável ..... ’88’
321 Você estava vivendo com o pai da criança?
01. Sim
02. Não
88. Não aplicável
89. Não quis responder
322
Afora o seu companheiro, você conversou com mais alguém sobre interromper a gravidez?
01. IRMÃ(S)
02. AMIGA(S)
03. MÃE DELA
04. MÃE DELE
05. PADRE / LÍDER
RELIGIOSO
06. OUTRA PESSOA:
________________
07. NÃO FALOU COM
NINGUEM
passe para Q.324
88. Não aplicável
89. Recusou responder
passe para Q.324
99. Não lembra
passe para Q.324
323 Alguma dessas pessoas a apoiou na decisão de interromper a gravidez?
01. NÃO TEVE
APOIO
02. IRMÃ(S)
03. AMIGA(S)
04. MÃE DELA
05. MÃE DELE
06. OUTRA
PESSOA:
_______________
___
88. Não aplicável
99. Não lembra
324 Depois desta tentativa de aborto, você procurou alguma forma de atendimento médico?
01. SIM, E FOI
ATENDIDA
02. SIM, MAS NÃO
FOI ATENDIDA
03. NÃO
PROCUROU
04. OUTRO:
_______________
___________
88. Não aplicável
74
325 Qual foi o principal motivo para você ter querido interromper a gravidez ?
01. FALTA DE
CONDIÇÕES
FINANCEIRA
02. NÃO QUERIA
MAIS FILHOS
03. NÃO QUERIA
TER FILHO
04. NÃO QUERIA
FILHO / MAIS
FILHOS COM
ESTE
COMPANHEIRO
05. NÃO QUERIA
NAQUELE
MOMENTO
06. NÃO VIVIA COM O PAI DA CRIANÇA
07. O PAI DA
CRIANÇA NÃO
QUERIA A
GRAVIDEZ
08. PARA NÃO
PERDER O
EMPREGO
09. QUERIA
TRABALHAR /
PROCURAVA
EMPREGO
10. QUERIA
ESTUDAR /
CONTINUAR
ESTUDANDO
11. PROBLEMA DE
SAÚDE
____________
12. OUTRO:
_______________
___________
88. Não aplicável
326 Qual foi o principal motivo para você ter levado a gravidez adiante?
01. MEDO DE
COMPLICAÇÕE
S PARA A
SAUDE
02. MOTIVO
RELIGIOSO
03. MEDO DA
REAÇÃO DO
COMPANHEIRO
04. NÃO TINHA
DINHEIRO
PARA FAZER
05. NÃO SABIA
ONDE
PROCURAR
88. Não aplicável
89. Não quis
responder
99. Não lembra
75
327 Você está fazendo pré-natal? 01. SIM
passe para
Q.329
02. NÃO
89. Não quis
responder
328 Por que motivo você não está fazendo pré-natal? 01. NÃO QUIS
FAZER
02. DESCOBRIU A
POUCO QUE
ESTAVA
GRÁVIDA.
03. NÃO ACHA
QUE É
IMPORTANTE
04. NÃO TEM
TEMPO
05. MARIDO /
COMPANHEIRO
NÃO QUER
06. Outro:
_______________
_____________
88. Não aplicável
89. Não quis
responder
329 Você estava com quantas semanas de gravidez,
quando fez a primeira consulta de pré-natal?
[ ][ ] SEMANAS
OU
[ ] [ ] MESES
Não aplicável ..... ‘88’
330 Seu marido / companheiro, encorajou, não
demonstrou qualquer interesse ou tentou impedir
que você fizesse o pré-natal?
01. ENCORAJOU
02. NÃO
DEMONSTROU
INTERESSE
03. IMPEDIU
88. Não aplicável
89. Não quis
responder
76
SEÇÃO 4 – SAÚDE MENTAL
401 As próximas perguntas são relacionadas com outros
problemas comuns que talvez a tenham incomodado
nas últimas 4 semanas. Se você teve problemas nas
últimas 4 semanas, responda SIM. Se não, responda
NÃO.
a) Tem dores de cabeça freqüentes?
b) Tem falta de apetite?
c) Dorme mal?
d) Assusta-se com facilidade?
e) Tem tremores nas mãos?
f) Sente-se nervosa, tensa, preocupada?
g) Tem má digestão?
h) Tem dificuldade em pensar com clareza?
i) Tem se sentido triste ultimamente?
j) Tem chorado mais que de costume?
k) Encontra dificuldades em realizar com satisfação
suas atividades diárias?
l) Tem dificuldade para tomar decisões?
m) Tem dificuldades no serviço? (seu trabalho é
penoso, lhe causa sofrimento)?
n) É incapaz de desempenhar um papel útil em sua
vida?
o) Tem perdido o interesse pelas coisas?
p) Você se sente uma pessoa inútil, sem préstimo?
q) Tem tido a idéia de acabar com a vida?
r) Sente-se cansada o tempo todo?
s) Tem sensações desagradáveis no estômago?
t) Você se cansa com facilidade?
a) DOR DE CABEÇA
b) FALTA DE APETITE
c) DORME MAL
d) ASSUSTA-SE
e) MÃOS TRÊMULAS
f) NERVOSA
g) MÁ DIGESTÃO
h) DIF.EM PENSAR
i) TRISTE
j) CHORA MUITO
k) DIF. ATIV. DIÁRIAS
l) DIFICULDADE
DECISÕES
m) DIFICULDADE SERVIÇO
n) SEM PAPEL ÚTIL
o) SEM INTERESSE
p) DESVALORIZADA
q) POR FIM À VIDA
r) SENTE-SE CANSADA
s) PROBL. ESTOMACAIS
t) CANSAÇO
SIM
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
NÃO
02
02
02
02
02
02
02
02
02
02
02
02
02
02
02
02
02
02
02
02
402 Já tentou por fim à sua vida? 01. SIM
02. NÃO
403
1.1.2 Alguém na sua família já teve doença dos
nervos?
01. SIM
02. NÃO passe para Q.405
89. Não quis responder
77
404 a) Quem?
1. PAI
2. IRMÃO
3. MÃE
4. IRMÃ
5. OUTRO _______________
b) Qual?
( 01. Ansiedade 02. Depressão 03. Depressão pós-parto
04. Alcoolismo 05. Esquizofrenia 06. Outras)
01
01
01
01
01
02
02
02
02
02
03
03
03
03
03
04
04
04
04
04
05
05
05
05
05
06 ______________________ 88.NA
06 ______________________ 88.NA
06 ______________________ 88.NA
06 ______________________ 88.NA
06 ______________________ 88.NA
405
1.1.3 E você, já teve doença de nervos?
01. SIM
02. NÃO passe para Q.411
406
1.1.4 Quando isso aconteceu, aproximadamente,
quantos anos você tinha?
1.1.5
1.1.6
01. MENOS DE 10 ANOS
02. ENTRE 10 E 19 ANOS
03. 20 ANOS OU MAIS
88. Não Aplicável
89. Não Quis Responder
99. Não Sabe
407 Qual a doenças de nervos, que você teve?
01. Ansiedade
02. Depressão
03. Alcoolismo
04. Esquizofrenia
05. Outras ______________________________
88. Não aplicável
89. Não quis responder
99. Não sabe
408
1.1.7 Durante essa(s) doença(s), você foi atendida
por alguém?
01. SIM
02. NÃO passe para Q.410
88. NÃO APLICÁVEL
89. NÃO QUIS RESPONDER
78
409
1.1.8 Quem foi a pessoa que a atendeu?
01. MÉDICO
02. PSICÓLOGO
03. FARMACEUTICO
04. CURANDEIRO
05. OUTRO: __________________________
88. NÃO APLICÁVEL
89. NÃO QUIS RESPONDER
99. NÃO SABE
410
1.1.9 Alguma vez você ?
(Aceite uma ou mais respostas)
01. TRATOU-SE COM PSICOLOGO
02. TRATOU-SE COM PSIQUIATRA
03. TOMOU REMÉDIO CONTROLADO
04. ESTEVE INTERNADA EM CLINICA
PSIQUIATRICA
05. OUTRO: __________________________
88. NÃO APLICÁVEL
89. NÃO QUIS RESPONDER
99. NÃO SABE
411
1.1.10 Alguma vez em que você esteve grávida,
você teve depressão ou alguma outra doença
de nervos?
01. SIM
02. NÃO passe para Q.415
89. NÃO QUIS RESPONDER
99. NÃO SABE
412 Qual foi o problema que você teve?
01. Ansiedade
02. Depressão
03. Alcoolismo
04. Esquizofrenia
05. Outras _____________________________
88. Não aplicável
89. Não quis responder
99. Não sabe
79
413
1.1.11 Quando isto aconteceu, você fez algum
tratamento?
01. SIM
02. NÃO passe para Q.415
88.NÃO APLICÁVEL
89.NÃO QUIS RESPONDER
99.NÃO SABE
414
1.1.12 Qual o tratamento que você fez?
(Aceite uma ou mais respostas)
01. TRATOU-SE COM PSICOLOGO
02. TRATOU-SE COM PSIQUIATRA
03. TOMOU REMÉDIO CONTROLADO
04. ESTEVE INTERNADA EM CLINICA
PSIQUIATRICA
05. OUTRO: ________________________
88.NÃO APLICÁVEL
89.NÃO QUIS RESPONDER
99.NÃO SABE
415
1.1.13 Alguma vez você teve depressão ou alguma
outra doença dos nervos, depois do parto?
01. SIM
02. NÃO passe para SEÇÃO 5
89. NÃO QUIS RESPONDER
99. NÃO SABE
416 Qual foi o problema que você teve?
01. Ansiedade
02. Depressão
03. Psicose
04. Esquizofrenia
05. Outra ______________________________
88. Não aplicável
89. Não quis responder
99. Não sabe
417 1.1.14 Quando isto aconteceu, você fez algum
tratamento?
01. SIM
02. NÃO passe para Q.419
88.NÃO APLICÁVEL
89.NÃO QUIS RESPONDER
99.NÃO SABE
418
1.1.15 Qual o tratamento que você fez?
(Aceite uma ou mais respostas)
01. TRATOU-SE COM PSICOLOGO
02. TRATOU-SE COM PSIQUIATRA
03. TOMOU REMÉDIO CONTROLADO
04. ESTEVE INTERNADA EM CLINICA
PSIQUIATRICA
05. OUTRO: ________________________
88. NÃO APLICÁVEL
89. NÃO QUIS RESPONDER
99. NÃO SABE
80
419 1.1.16 Em que momento do pós-parto começou?
01. ATÉ 7 DIAS
02. DE 8 A 42 DIAS
03. DE 43 A 90 DIAS
04. ACIMA DE 3 MESES
88.NÃO APLICÁVEL
89.NÃO QUIS RESPONDER
99.NÃO SABE
420
1.1.17 Quanto tempo durou?
01. Até 1 mês
02. De 2 a 4 meses
03. Acima de 4 até 6 meses
04. Acima de 6 meses
88.NÃO APLICÁVEL
89.NÃO QUIS RESPONDER
99.NÃO SABE
81
SEÇÃO 7 – A ENTREVISTADA E SEU COMPANHEIRO ATUAL (OU MAIS RECENTE).
ANTES DE COPMEÇAR A SEÇÃO 7 CHEQUE O ESTADO MARTIAL NA FOLHA DE REFERÊNCIA, BOX
A
Quando duas pessoas casam, vivem juntas ou namoram, elas geralmente compartilham bons e maus momentos. Gostaria
de lhe fazer algumas perguntas sobre seu relacionamento atual (ou mais recente) e como o seu marido / companheiro a
trata / ou a tratava. Se alguém nos interromper, eu mudarei o assunto de nossa conversa. Gostaria de lhe assegurar,
novamente, que suas respostas serão mantidas em segredo, e que você não precisa responder a nada que não queira.
Posso continuar?
701 Geralmente, você e o seu (atual ou mais recente) marido / companheiro conversam sobre os seguintes assuntos? a) COISAS QUE ACONTECEM COM ELE DURANTE O DIA
b) COISAS QUE ACONTECEM COM VOCÊ DURANTE O DIA
c) SUAS PREOCUPAÇÕES OU SENTIMENTOS
d) AS PREOCUPAÇÕES OU SENTIMENTOS DELE
SIM
01
01
01
01
NÃO
02
02
02
02
702 No relacionamento com seu (atual ou mais recente)
marido / companheiro, com que freqüência vocês brigam
/ brigavam?
a. RARAMENTE (menos de 1 vez / mês)
b. ALGUMAS VEZES (Entre 1 e 3 vezes /
mês)
c. FREQUENTEMENTE (1 ou mais vezes
/ semana)
703 Há algumas situações que ocorrem para muitas mulheres. Pensando sobre seu
marido / companheiro (atual ou mais recente), você diria que geralmente ele:
a) TENTA EVITAR QUE VOCÊ VISITE / VEJA SEUS AMIGOS.
b) PROCURA RESTRINGIR O SEU CONTATO COM SUA FAMÍLIA.
c) INSISTE EM SABER ONDE VOCÊ ESTÁ O TEMPO TODO.
d) A IGNORA E A TRATA COM INDIFERENÇA.
e) FICA ZANGADO SE VOCÊ CONVERSA COM OUTRO HOMEM.
f) ESTÁ FREQÜENTEMENTE SUSPEITANDO QUE VOCÊ É INFIEL.
g) ESPERA QUE VOCÊ PEÇA PERMISSÃO A ELE ANTES DE
PROCURAR UM SERVIÇO DE SAÚDE PARA VOCÊ MESMA.
SIM
01
01
01
01
01
01
01
NÃO
02
02
02
02
02
02
02
82
704 Durante essa
gravidez o seu
atual marido /
companheiro /
namorado,
alguma vez, tratou
você da seguinte
forma:
A)
(Se sim, continue com
B. Se não, passe para o
item C)
SIM NÃO NA
B)
Durante a gravidez atual, isso aconteceu uma, poucas ou muitas vezes? Uma Poucas Muitas
C)
Isto aconteceu alguma vez sem que você estivesse grávida? (Se sim, passe para o item D. Se não, passe Q.705 SIM NÃO NA
D)
Sem que você estivesse grávida, isso aconteceu uma, poucas ou muitas vezes? Uma Poucas Muitas
a) INSULTOU-
A OU FEZ
COM QUE
VOCÊ SE
SENTISSE
MAL A
RESPEITO
DE SI
MESMA?
b) DEPRECIOU
OU
HUMILHOU
VOCÊ
DIANTE DE
OUTRAS
PESSOAS?
c) FEZ COISAS
PARA
ASSUSTÁ-
LA OU
INTIMIDÁ-
LA DE
PROPÓSITO
(P.EX.: A
FORMA
COMO ELE
A OLHA,
COMO ELE
GRITA,
COMO ELE
QUEBRA
COISAS)?
d) AMEAÇOU
MACHUCÁ-
LA OU A
ALGUÉM
DE QUEM
VOCÊ
GOSTA?
01 02 88
01 02 88
01 02 88
01 02 88
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 88
01 02 88
01 02 88
01 02 88
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
83
705 Durante essa gravidez, outra pessoa que
não seja o seu marido / companheiro /
namorado alguma vez, tratou você da
seguinte forma:
SE SIM, quem fez isso com você?
EXPLORE:
Talvez um ex-companheiro, marido ou namorado? Alguém
de sua família? No trabalho? Um amigo ou vizinho?
Um estranho ou uma outra pessoa?
A) INSULTOU-A OU FEZ COM QUE
VOCÊ SE SENTISSE MAL A RESPEITO
DE SI MESMA?
B) DEPRECIOU OU HUMILHOU VOCÊ
DIANTE DE OUTRAS PESSOAS?
C) FEZ COISAS PARA ASSUSTÁ-LA
OU INTIMIDÁ-LA DE PROPÓSITO
(P.EX.: A FORMA COMO ELE A
OLHA, COMO ELE GRITA, COMO ELE
QUEBRA COISAS)?
D) AMEAÇOU MACHUCÁ-LA OU
ALGUÉM DE QUEM VOCÊ GOSTA?
01. Ninguém 02. Ex-marido / companheiro / namorado
03. Pai 04. Padrasto 05. Mãe 06. Madrasta
07. Outros: _____________________________________
01. Ninguém 02. Ex-marido / companheiro / namorado
03. Pai 04. Padrasto 05. Mãe 06. Madrasta
07. Outros: _____________________________________
01. Ninguém 02. Ex-marido / companheiro / namorado
03. Pai 04. Padrasto 05. Mãe 06. Madrasta
07. Outros: _____________________________________
01. Ninguém 02. Ex-marido / companheiro / namorado
03. Pai 04. Padrasto 05. Mãe 06. Madrasta
07. Outros: _____________________________________
84
706 Durante essa gravidez o
seu atual marido /
companheiro / namorado,
alguma vez, tratou você da
seguinte forma:
A)
(Se sim, passe
para B. Se não,
passe para C)
SIM NÃO NA
B)
Durante a gravidez
atual, você diria que isso
aconteceu uma, poucas
ou muitas vezes?
Uma Poucas Muitas
C)
Isto aconteceu alguma vez sem que você estivesse grávida? (Se SIM, passe para D. Se NÃO, passe para secção 8) SIM NÃO NA
D)
Sem que você estivesse grávida, isso aconteceu uma, poucas ou muitas vezes?
Uma
Poucas
Muitas
85
a) DEU-LHE UM TAPA
OU JOGOU ALGO
EM VOCÊ QUE
PODERIA
MACHUCÁ-LA?
b) EMPURROU-A OU
DEU-LHE UM
TRANCO /
CHACOALHÃO?
c) MACHUCOU-A COM
UM SOCO OU COM
ALGUM OBJETO?
d) DEU-LHE UM
CHUTE, ARRASTOU
OU SURROU VOCÊ?
e) TENTOU
ESTRANGULAR OU
QUEIMOU VOCÊ DE
PROPÓSITO?
f) AMEAÇOU USAR
OU REALMENTE
USOU ARMA DE
FOGO, FACA OU
OUTRO TIPO DE
ARMA CONTRA
VOCÊ?
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
86
707 Durante essa gravidez, outra pessoa que não
seja o seu marido / companheiro / namorado
alguma vez, tratou você da seguinte forma:
SE SIM, quem fez isso com você?
EXPLORE:
Talvez um ex-marido ou namorado? Talvez alguém na escola
ou no trabalho? Um amigo ou vizinho?
Um estranho ou uma outra pessoa?
a) DEU-LHE UM TAPA OU JOGOU
ALGO EM VOCÊ QUE PODERIA
MACHUCÁ-LA?
b) EMPURROU-A OU DEU-LHE UM
TRANCO / CHACOALHÃO?
c) MACHUCOU-A COM UM SOCO OU
COM ALGUM OBJETO?
d) DEU-LHE UM CHUTE, ARRASTOU
OU SURROU VOCÊ?
e) TENTOU ESTRANGULAR OU
QUEIMOU VOCÊ DE PROPÓSITO?
f) AMEAÇOU USAR OU REALMENTE
USOU ARMA DE FOGO, FACA OU
OUTRO TIPO DE ARMA CONTRA
VOCÊ?
01. Ninguém 02. Ex-marido / companheiro / namorado 03.
Pai 04. Padrasto 05. Mãe 06. Madrasta
07. Outros: ___________________________________
01. Ninguém 02. Ex-marido / companheiro / namorado 03.
Pai 04. Padrasto 05. Mãe 06. Madrasta
07. Outros: ___________________________________
01. Ninguém 02. Ex-marido / companheiro / namorado 03.
Pai 04. Padrasto 05. Mãe 06. Madrasta
07. Outros: ___________________________________
01. Ninguém 02. Ex-marido / companheiro / namorado 03.
Pai 04. Padrasto 05. Mãe 06. Madrasta
07. Outros: ___________________________________
01. Ninguém 02. Ex-marido / companheiro / namorado 03.
Pai 04. Padrasto 05. Mãe 06. Madrasta
07. Outros: ___________________________________
01. Ninguém 02. Ex-marido / companheiro / namorado 03.
Pai 04. Padrasto 05. Mãe 06. Madrasta
07. Outros: ___________________________________
87
APENAS PARA AS MULHERES QUE REFERIRAM VIOLÊNCIA FÍSICA NA GRAVIDEZ ATUAL
ANTES DE PROSSEGUIR CHEQUE VIOLÊNCIAS E LESÕES NA FOLHA DE REFERÊNCIA, BOX C
VIOLÊNCIA NA GRAVIDEZ SIM [ ] passe para Q.708 NÃO [ ] passe para Q.719
708 Durante essa gravidez, aproximadamente com quantas semanas [ou
meses] você estava, quando foi agredida pela primeira vez?
Semanas de gravidez ................. [ ][ ] OU
Meses de gravidez ..................... [ ][ ]
Não Aplicável ............................... ‘88’
709 Em que período da gravidez, você diria que a violência foi maior ?
Explore:
Nos três primeiros meses, entre o 4o e o 6
o mês, ou do 7
o mês ao
final da gravidez?
01. NOS 3 PRIMEIROS MESES 02. ENTRE O 4O E O 6O MÊS 03. DO 7O MÊS AO FINAL DA GRAVIDEZ 88. NÃO APLICÁVEL
Você poderia me falar sobre as lesões que você sofreu em decorrência da violência na sua gravidez atual. Por violência,
refiro-me a qualquer forma de dano físico, como cortes, torções, ossos quebrados, ou outras coisas desse tipo.
710 Você já ficou machucada a ponto de precisar de cuidados de saúde na gravidez? SE SIM: quantas vezes?
NÚMERO DE VEZES ......... [ ][ ]
NÃO APLICAVEL .................. ‘88’
NÃO QUIS RESPONDER....... ‘89’
NÃO PRECISOU .................... ’00’
passe para Q.713
711 Você precisou passar alguma noite hospitalizada por causa de suas
lesões?
SE SIM: quantas noites?
Nº NOITES EM HOSPITAL [ ][ ]
NÃO APLICAVEL .................. ‘88’
Se NÃO, registre ...................... ‘00’
712 Você contou ao profissional de saúde que a atendeu a verdadeira
causa de suas lesões?
01. SIM
02. NÃO
88. NÃO APLICAVEL
88
713 Marque a área traumatizada no diagrama do corpo humano
Marque cada episódio de acordo com a escala a seguir:
1 - Ameaças de maus-tratos / agressão, inclusive com uma arma
2 - Tapa, empurrão; sem machucar ou ferimento ou dor duradoura
3 - Soco, chute, machucado / ”mancha roxa”, cortes e/ou dor contínua
4 - Espancamento, contusões severas, queimaduras, ossos quebrados
5 - Danos na cabeça, internos e/ou permanentes
6 - Uso de armas, ferimento por arma
(Escolha a descrição com o maior número)
Freqüência
(desde o
início
da
gravidez)
1 _______
2 _______
3 _______
4 _______
5 _______
6 _______
714 Você já ficou machucada a ponto de ter tido algum problema de saúde na gravidez?
01. Não teve
02. Hemorragia vaginal
03. Ameaça de aborto
04. Abortamento
05. Parto prematuro
06. Ameaça de parto prematuro
07. Morte fetal
08. Ruptura do útero
09. Outros: _____________
88.NÃO APLICAVEL
89.NÃO QUIS RESPONDER
715 Durante a gravidez atual, quando foi agredida, você perdeu a consciência alguma vez? SE SIM: durante quanto tempo? Mais de 1 hora ou menos?
01. SIM, MENOS DE 1 HORA 02. SIM, MAIS DE 1 HORA 03. NÃO 88.NÃO APLICAVEL 89.NÃO QUIS RESPONDER
716 A pessoa que a agrediu é o pai da criança?
01. SIM
02. NÃO
89.NÃO QUIS RESPONDER
717 Quando você foi agredida na gravidez atual, você estava vivendo com a
pessoa que a agrediu?
01. SIM
02. NÃO
89.NÃO QUIS RESPONDER
718 Comparando sua situação antes da gravidez, você diria que a violência
diminuiu, não se alterou ou aumentou na gravidez?
01. DIMINUIU
02. NÃO SE ALTEROU
03. AUMENTOU
88. NÃO APLICÁVEL
99. NÃO SABE
89
719 Além dessa gravidez, você disse já ter engravidado
outras vezes. Em alguma dessas gravidezes, você foi
espancada ou agredida fisicamente por um
companheiro?
01. SIM
02. NÃO passe para Q.723
89. NÃO QUIS RESPONDER
720 Desses parceiros de quem você engravidou, quantos a
agrediram fisicamente na gravidez?
Nº DE PARCEIROS AGRESSORES NA
GRAVIDEAZ ................................ [ ][ ]
NÃO QUIS RESPONDER .............. ’89’
NENHUM ......................................... ’00’
721 Isto ocorreu em uma gravidez, ou em mais de uma?
SE EM MAIS DE UMA:
Em quantas delas você foi agredida fisicamente?
Nº DE GESTAÇÕES COM AGRESSÃO
FÍSICA........................................[ ][ ]
Nenhuma ....................................... ’00’
722 Pensando nas outras vezes em que você engravidou, isto
aconteceu na sua _______________________ ?
01. PRIMEIRA GRAVIDEZ
02. SEGUNDA GRAVIDEZ
03. TERCEIRA GRAVIDEZ
04. QUARTA GRAVIDEZ
05. QUINTA GRAVIDEZ
06. OUTRA: ________________________
88. NÃO APLICÁVEL
89. NÃO QUIS RESPONDER
98. NÃO LEMBRA
723 Durante essa gravidez o
seu atual marido /
companheiro / namorado,
alguma vez, tratou você da
seguinte forma:
A)
(Se SIM, passe para B. Se NÃO, passe para C)
SIM NÃO NA
B)
Durante a
gravidez atual,
isso aconteceu uma,
poucas ou muitas
vezes?
Uma Poucas Muitas
C)
Isto aconteceu alguma vez antes de você ter engravidado? (Se SIM, passe paraD. Se NÃO, passe para Q.801) SIM NÃO NA
D)
Antes de você ter
engravidado,
você diria que
isso aconteceu
uma, poucas ou
muitas vezes?
Uma Poucas Muitas
90
a) FORÇOU-A
FISICAMENTE A
MANTER RELAÇÕES
SEXUAIS QUANDO
VOCÊ NÃO QUERIA?
b) VOCÊ TEVE
RELAÇÃO SEXUAL
PORQUE ESTAVA
COM MEDO DO QUE
ELE PUDESSE
FAZER?
C) FORÇOU-A A UMA
PRÁTICA SEXUAL
DEGRADANTE OU
HUMILHANTE?
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
01 02 03
91
ANEXO B
PESQUISA SOBRE A SAÚDE DAS MULHERES GRÁVIDAS E SUAS
EXPERIÊNCIAS DE VIDA
QUESTIONÁRIO DA PUÉRPERA
ESTUDO CONDUZIDO PELO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA (PIPASC) – UFPE
CONFIDENCIAL
(uma vez preenchido)
92
SEÇÃO 1 – SITUAÇÃO ATUAL
Nós gostaríamos de conversar sobre sua vida atual
101 Depois do parto, você voltou a trabalhar? Considere
como trabalho qualquer atividade pela qual você
receba dinheiro ou alguma outra forma de pagamento,
mesmo que você a realize em sua casa.
01. SIM
02. NÃO
03. ESTÁ DE LICENÇA MATERNIDADE
04. NUNCA TRABALHOU
05. Outro: ....................................................................
89. Não quis responder
102 Atualmente, você: 01. É EMPREGADA Q.104
02. 02. TRABALHA POR CONTA PRÓPRIA
03. É EMPREGADORA Q.104
04. ESTÁ APOSENTADA
05. É DONA DE CASA
06. DESEMPREGADA
07. SEM OCUPAÇÃO
08. Outro:………………………………...........…....
89. Não quis responder
88. Não aplicável
103 Depois do parto, você tem procurado emprego?
01. Sim
02. Não
89. Não quis responder
88. Não aplicável
104 Você está estudando? 01. Sim
02. Não
89. Não quis responder
88. Não aplicável
105 Você tem alguma fonte de renda?
(ACEITE UMA OU MAIS RESPOSTAS)
01. Não
02. Salário
03. Pensão
04. Benefício
05. Bolsa escola / Bolsa família
06. Aposentadoria
07. Aluguel
08. Outra: ..............................................
89. Não quis responder
93
SEÇÃO 6 – APOIO SOCIAL
Se você precisar, com que freqüência conta com alguém...
NUNCA RARA-
MENT
E
ALGUMA
S
VEZES
MUITAS
VEZES
SEMPR
E
601 Que a ajude, se ficar de cama?
01 02 03 04 05
602 Para levá-la ao médico?
01 02 03 04 05
603 Para ajudá-la nas tarefas diárias, se ficar doente?
01 02 03 04 05
604 Para preparar suas refeições, se você não puder
prepará-las?
01 02 03 04 05
605 Que demonstre amor e afeto por você ?
01 02 03 04 05
606 Que lhe dê um abraço?
01 02 03 04 05
607 Que você ame e faça você se sentir querida?
01 02 03 04 05
608 Para ouvi-la, quando você precisa falar?
01 02 03 04 05
609 Em quem confiar, ou para falar de você ou sobre
seus problemas ?
01 02 03 04 05
610 Para compartilhar suas preocupações e medos mais
íntimos?
01 02 03 04 05
611 Que compreenda seus problemas ?
01 02 03 04 05
612 Para dar bons conselhos em situações de crise?
01 02 03 04 05
613 Para dar informações que a ajude a compreender
determinada situação ?
01 02 03 04 05
614 De quem você gostaria de receber conselhos?
01 02 03 04 05
615 Para dar sugestões de como lidar com um problema
pessoal? 01 02 03 04 05
616 Com quem fazer coisas agradáveis?
01 02 03 04 05
617 Com quem distrair a cabeça?
01 02 03 04 05
618 Com quem relaxar?
01 02 03 04 05
619 Para se divertir juntos
01 02 03 04 05
94
620 Você acha que tem recebido o apoio emocional que você
precisa?
Se SIM, de quem?
(ACEITE UMA OU MAIS RESPOSTAS)
A. 01. Sim
02. Não Q.621
89. Não quis responder Q.621
B. 01. Marido / companheiro
02. Mãe / sogra
03.Irmã / amiga
04.Filha / Nora
05. Filho / Genro
06.Outro: ............................................
89. Não quis responder
88. Não aplicável
621 Alguém tem lhe ajudado com as atividades da casa?
Se SIM, de quem?
(ACEITE UMA OU MAIS RESPOSTAS)
A. 01. Sim
02. Não Q.622
89. Não quis responder Q.622
B. 01. Marido / companheiro
02. Mãe / sogra
03.Irmã / amiga
04.Filha / Nora
05. Filho / Genro
06.Outro: ............................................
89. Não quis responder
88. Não aplicável
95
622 Alguém tem lhe ajudado a cuidar do bebê?
Se SIM, de quem?
(ACEITE UMA OU MAIS RESPOSTAS)
A. 01. Sim
02. Não Q.623
89. Não quis responder Q.623
B. 01. Marido / companheiro
02. Mãe / sogra
03. Irmã / amiga
04. Filha / Nora
05. Filho / Genro
06. Outro: ............................................
89. Não quis responder
88. Não aplicável
623 Quantos amigos íntimos você tem? (EXCLUIR FAMILIARES COM LAÇOS DE SANGUE)
Número de amigos [ ][ ]
624 Atualmente você tem um marido / companheiro ou namorado? 01. Sim
02. Não Q.628
89. Não quis responder
625 Você está feliz com o seu casamento/ relacionamento? 01. Sim
02. Não
03. Mais ou menos
89. Não quis responder
88. Não aplicável
626 Depois do parto, houve alguma mudança no seu relacionamento com o seu marido / companheiro?
01. Sim
02. Não Q.628
03. Mudou de companheiro Q.628
89. Não quis responder
88. Não aplicável
627 Como mudou? 01. MELHOROU
02. PIOROU
89. Não quis responder
88. Não aplicável
96
ATUALMENTE, VOCÊ ESTÁ ENFRENTANDO ALGUM PROBLEMA ESTRESSANTE DO TIPO:
628 Problemas financeiros 01. Sim
02. Não
89. Não quis responder
88. Não aplicável
629 Problemas conjugais 01. Sim
02. Não
89. Não quis responder
88. Não aplicável
630 Recente perda de contato com familiares e / ou amigos 01. Sim
02. Não
89. Não quis responder
88. Não aplicável
631 Morte na família 01. Sim
02. Não
89. Não quis responder
88. Não aplicável
632 Doença séria na família 01. Sim
02. Não
89. Não quis responder
88. Não aplicável
633 Mudança de casa / residência 01. Sim
02. Não
89. Não quis responder
88. Não aplicável
634 Perda de emprego (dela) 01. Sim
02. Não
89. Não quis responder
88. Não aplicável
635 Mudança de emprego (dela) 01. Sim
02. Não
89. Não quis responder
88. Não aplicável
636 PARA AS QUE TÊM MARIDO / COMPANHEIRO Desemprego do marido / companheiro
01. Sim
02. Não
89. Não quis responder
88. Não aplicável
97
637 Algum outro problema? 01. Sim (especifique: ......................................)
02. Não
89. Não quis responder
88. Não aplicável
SEÇÃO 14 – SENTIMENTOS DA MÃE APÓS O PARTO
Por favor nos diga como você tem se sentido NOS ÚLTIMOS SETE DIAS, não apenas como você está se sentindo hoje
1401 Você tem sido capaz de rir e achar graça das coisas:
01. COMO SEMPRE FEZ
02. NÃO TANTO QUANTO ANTES
03. COM CERTEZA MENOS QUE ANTES
04. DE JEITO NENHUM
1402 Você sente prazer quando pensa no que vai acontecer em
seu dia-dia:
01. COMO SEMPRE SENTIU
02. TALVEZ MENOS DO QUE ANTES
03. COM CERTEZA MENOS QUE ANTES
04. DE JEITO NENHUM
1403 Você tem se sentido culpada sem necessidade quando as
coisas saem erradas:
01. SIM, NA MAIORIA DAS VEZES
02. SIM, ALGUMAS VEZES
03. NÃO MUITAS VEZES
04. NÃO, NENHUMA VEZ
1404 Você tem se sentido ansiosa ou preocupada sem uma boa
razão:
01. NÃO, DE MANEIRA ALGUMA
02. POUQUÍSSIMAS VEZES
03. SIM, ALGUMAS VEZES
04. SIM, MUITAS VEZES
1405 Você tem se sentido assustada ou em pânico sem um bom
motivo:
01. SIM, MUITAS VEZES
02. SIM, ALGUMAS VEZES
03. SIM, POUCAS VEZES
04. NENHUMA VEZ
98
1406 Você tem se sentido sobrecarregada pelas tarefas e
acontecimentos do seu dia-a-dia:
01. SIM. NA MAIORIA DAS VEZES NÃO
CONSEGUE LIDAR BEM COM ELES
02. SIM. ALGUMAS VEZES NÃO
CONSEGUE LIDAR BEM COMO ANTES
03. NÃO. NA MAIORIA DAS VEZES
CONSEGUE LIDAR BEM COM ELES
04. NÃO. NÃO CONSEGUE LIDAR COM
ELES TÃO BEM QUANTO ANTES.
1407 Você tem se sentido tão infeliz que teve dificuldade de
dormir:
01. SIM, NA MAIORIA DAS VEZES
02. SIM, MUITAS VEZES
03. NÃO MUITAS VEZES
04. NÃO, DE JEITO NENHUM
1408 Você tem se sentido triste ou arrasada:
01. SIM, NA MAIORIA DAS VEZES
02. SIM, MUITAS VEZES
03. NÃO MUITAS VEZES
04. NÃO, DE JEITO NENHUM
1409 Você tem se sentido tão infeliz que tem chorado:
01. SIM, QUASE TODO O TEMPO
02. SIM, MUITAS VEZES
03. DE VEZ EM QUANDO
04. NÃO, NENHUMA VEZ
1410 A idéia de fazer mal a você mesma passou por sua
cabeça:
01. SIM, MUITAS VEZES ULTIMAMENTE
02. ALGUMAS VEZES NOS ÚLTIMOS
DIAS
03. POUQUÍSSIMAS VEZES,
ULTIMAMENTE
04. NENHUMA VEZ
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