Curso de
iniCiao
Guia do Formador
CoMisso ePisCoPaL da eduCao CrisT
seCreTariado naCionaL da eduCao CrisT
JuLHo 1999
Fundao seCreTariado naCionaL da eduCao CrisT Quinta do Cabeo, Porta D 1885-076 MOSCAVIDE
Telef.: 21 885 12 85 Fax: 21 885 13 55 E-mail: [email protected] www.educris.com
Equipa de trabalhoP. Incio BeloP. Jorge MarquesDra. Maria Luisa Bolo
CapaMiguel Cardoso
Coordenao e redaco finalP. Antnio Pereira FelisbertoResponsvel do Departamento da Catequeseda Infncia e Adolecncia
Reviso e coordenao geral da edioP. Querubim Jos Pereira da SilvaDirector do Secretariado Nacional da Educao Crist
Coleco ForMao de CaTeQuisTas
1. FORMAO DE CATEQUISTAS, Plano de Aco, 1997
2. CURSO DE INICIAO
Livro do Formando Guia do Formador
3. CURSO GERAL I, Esquemas e desenvolvimento (em preparao)
4. CURSO GERAL II, Esquemas e desenvolvimento (em preparao)
5. CURSO DE FORMAO DE CATEQUISTAS-COORDENADORES, Esquemas e desenvolvimento (em preparao)
6. CURSO DE FORMAO DE CATEQUISTAS-FORMADORES, Esquemas e desenvolvimento (em preparao)
Todos os Direitos Reservados para o SNEC
3O segredo de uma boa catequese reside nos seus catequistas.
Esta uma certeza que tem norteado a Comisso Episcopal e o Secretariado Nacional da Educao Crist, certeza bem re- cordada pelos participantes dos ltimos Encontros Nacionais dos Secretariados Diocesanos da Catequese da Infncia e Ado-lescncia.
O novo Directrio Geral da Catequese veio confirmar como
prioritria esta necessidade de formar bem os nossos catequistas: A pastoral catequtica diocesana deve dar absoluta prioridade formao dos catequistas leigos (D.G.C., 234).
Ao publicar em 1997 o Plano de Formao dos Catequis-tas, o Secretariado Nacional comprometeu-se a colaborar nesta urgente tarefa de preparar os nossos catequistas para a misso a que generosamente se entregam. E a primeira ajuda, fundamental e decisiva, lev-los a compreender bem o que ser catequista; por outras palavras, ajud-los a perceber que transmitir a f num acto catequtico coisa muito diferente de uma aula de religio. Trata-se de um encontro de pessoas crentes, feito em Igreja e sob a aco do Esprito Santo, em que o semeador lana para o terreno dos coraes a semente da Palavra.
4Tudo isto explicado em resposta a perguntas muito concre-tas que o ndice deste caderno coloca em destaque. O mtodo de resposta, indutivo e participativo, j ele tambm um exerccio de rodagem nos processos activos que so hoje os das nossas escolas e ho-de ser tambm os dos nossos encontros de cate-quese.
Mas que a dinmica das reunies previstas neste curso no distraia do principal: dar aos novos catequistas a conscincia esclarecida da sua misso, a convico bem enraizada de que a catequese no se deve ver com perspectivas de escolaridade mas com olhos de f.
Instantemente o pedimos ao Catequista Formador, para que melhor o percebam os catequistas formandos.
Que a um e outros ilumine o Esprito de Deus.
Coimbra, 17 de Junho de 1999
D. Albino Mamede CletoPresidente da Comisso Episcopalda Educao Crist
5siGLas
AG ConClio VatiCano II, Ad Gentes, Decreto sobre a Activi-dade Missionria da Igreja
CIC CateCismo da igreja CatliCaCT Joo Paulo II, Exortao Apostlica Catechesi Tradendae
sobre a Catequese no nosso tempoDGC direCtrio geral da Catequese, 1997DV ConClio VatiCano II, Dei Verbum, Constituio dogmtica
sobre a Revelao DivinaEN Paulo VI, Evangelii Nuntiandi, Exortao Apostlica sobre
a Evangelizao no Mundo actualPFC Formao de Catequistas Plano de aCoFD Fidei Depositum, Constituio Apostlica para a publica-
o do Catecismo da Igreja Catlica, redigido depois do Conclio Ecumnico Vaticano II.
6BiBLioGraFia
Apresentamos um pequeno elenco de textos sobre a catequese que possam estar acessveis aos catequistas e at a outros agentes de pastoral nas nossas comunidades crists.Assim, queremos contribuir, indicando instrumentos, para a formao perma-nente.Sugere-se mesmo a constituio de uma biblioteca paroquial onde os catequistas possam consultar e utilizar estes e outros textos para a sua formao.A esta listagem podem acrescentar-se as obras apresentadas na bibliografia dos Guias dos 10 volumes de catequese da Infncia e Adolescncia.
BBLIACONCLIO ECUMNICO DO VATICANO II (1965)PAULO VI, Evangelii Nuntiandi, Exortao Apostlica sobre a evangeli-
zao no mundo actual (1975)JOO PAULO II, Exortao Apostlica Catechesi Tradendae sobre a
catequese no nosso tempo (1979)JOO PAULO II, Redemptoris Missio, Carta encclica sobre a Misso de
Cristo Redentor (1990)CATECISMO DA IGREJA CATLICA (1992)DIRECTRIO GERAL DA CATEQUESE (1997)GATTI, Gaetano, Ser Catequista Hoje, Ed. Paulistas, Lisboa 1984.HOTYAT, F., Psicologia da Criana e do Adolescente, Ed. Livraria
Almedina, Coimbra 1978.OTERO, Lus e BRULLES, Joan, Partilhar a F - Identidade e Espiritua-
lidade do Catequista, Ed Salesianas, Porto, 1995. REY MERMET, A F explicada aos Jovens e Adultos, Ed. Paulinas,
S. Paulo 1979.SECRETARIADO NACIONAL DA EDUCAO CRIST, Audiovisuais
e Educao da F, Lisboa 1981.SECRETARIADO NACIONAL DA EDUCAO CRIST, Formao
Crist de Adultos, Lisboa 1988.SECRETARIADO NACIONAL DA EDUCAO CRIST, Catequese
em Renovao, Lisboa 1989.
71. MODALIDADE DO CURSO
Este curso poder ser realizado segundo vrias modalida-des, conforme as convenincias locais:
Num fim-de-semana intensivo, de sexta-feira noite at domingo tarde, prevendo a participao na Eucaristia, pre-ferencialmente como Encerramento do Curso. Neste caso, ser necessrio organizar um horrio que possa incluir os cinco Mdulos, com as adaptaes necessrias.
Em trs dias, de manh e de tarde, desenvolvendo dois temas por dia.
Em seres diferentes para cada um dos Mdulos, adapta- do pela Equipa Formadora.
Em seres de duas horas, tendo como ponto de referncia o esquema que se segue:
Sero IIntroduo (40 min)Mdulo 1 O que a Catequese1. A realidade da nossa Catequese (50 min)2. Como catequiza Jesus (At ao final do trabalho de grupos, 35 min)
Sero II2. Como catequiza Jesus (Com incio no Plenrio, 35 min)3. O que diz a Igreja acerca da Catequese (60 min)
8Mdulo 2 Quem o Catequista1. A imagem do catequista (At ao final do trabalho de grupo, 25 min)
Sero III1. A imagem do catequista (Com incio no Plenrio, 35 min)2. A imagem do catequista luz da Bblia (60 min)3. A imagem do catequista luz dos documentos da Igreja (At ao final do trabalho de grupo, 30 min)
Sero IV3. A imagem do catequista luz dos documentos da Igreja (Com incio no Plenrio, 40 min)Mdulo 3 O que anuncia a Catequese1. Dificuldades no anncio da Boa Nova (50 min)2. O que anunciar hoje na Catequese (At ao trabalho de grupo 20 min)
Sero V2. O que anunciar hoje na Catequese (Com incio no Plenrio 60 min)3. Que anncio faz hoje a Igreja (60 min)
Sero VIMdulo 4 A quem anuncia o Catequista1. A identidade dos destinatrios da catequese (80 min)2. A palavra de Deus deve ser anunciada a toda a Humani-dade (40 min)
Sero VII3. Todos precisam de ser catequizados (60 min)Mdulo 5 Como anuncia o Catequista1. O itinerrio catequtico (40 min)
Guia do Formador
9Sero VIII2. Apresentao de uma catequese (80 min)
Sero IX3. Fidelidade a Deus e fidelidade ao Homem (60 min)Celebrao Final (40 min)Nota: Apresentamos esta reformulao apenas como uma aju-
da, mas sublinhamos que, embora alguns Mdulos eTemas sejam divididos ao meio, desta forma poder manter-se a unidade de todo o Curso. O facto de, nalguns casos, se terminar a sesso do Curso com o trabalho de grupo e se abrir a nova sesso com o plenrio tem, pelo menos, duas vantagens: por um lado, permite uma reviso dos conte-dos apresentados no dia anterior, facilitando, assim, a liga-o entre as duas sesses; por outro, como metodologia pedaggica, permite a persistncia de tenso, isto , os participantes vo para casa com uma tarefa por concluir e com a necessidade de continuar o curso com a sua prpria exposio (em Plenrio).
2. FORMAO DE CATEQUISTAS FORMADORES
Este curso supe uma preparao prvia dos Catequis-tas Formadores. Esta formao deve ser realizada pela equipa diocesana, convocando os possveis Catequistas For-madores e fazendo com eles este Curso que os capacite para a orientao de outros catequistas.
Cada Curso pode ser orientado por um ou mais Catequistas Formadores.
3. METODOLOGIA
Este esquema foi pensado segundo uma metodologia activa e participada, de acordo com o Plano de Formao de Catequistas (Formao de Catequistas: Plano de aco,
Observaes Preliminares
10
SNEC, 1997, p. 77). Assim, a dinmica de cada sesso consta de: sensibilizao e apresentao do tema, trabalho de grupo, plenrio, sntese feita pelo Catequista Formador, momento de orao, canto e convvio.
A sntese deve ser previamente elaborada pelo Catequista Formador, com a ajuda da Bibliografia indicada e do Vocabul-rio do Catequista. O Catequista Formador apresentar por escrito os pontos considerados essenciais de modo a que os participantes possam ficar com o registo dessa sntese.
Os temas seguem a ordem apresentada no Plano de Aco para a Formao de Catequistas, embora cada Equipa de For-mao possa alterar essa ordem, se o considerar oportuno.
4. De acordo com a metodologia de trabalho apresentada,
este curso de formao tem dois livros:
Um livro do participante com:
oesquema geral do curso;
asquestesparaareflexoemgrupos;
aindicaodostextosbblicos;
atranscriodostextosdoMagistriodaIgreja;
espaosdisponveisparatomarnotasdareflexonogru-
po, do plenrio e da sntese final de cada plenrio;
cnticosetextosparaaorao;
vocabulriodocatequista:notasexplicativasouumpe- queno dicionrio com uma explicao das palavras mais utilizadas.
questesparareflexo.
Guia do Formador
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Um outro livro do Catequista Formador com: todososelementosqueconstamdolivrodoparticipante;
indicaesmetodolgicas,comsugestesepropostas
sobre o modo como orientar cada sesso; elementosparaajudaroCatequistaFormadornasnte-
se final de cada plenrio, de modo que possa completar e apresentar todos os elementos mais importantes de cada tema.
5. Assim, vamos utilizar vrios tipos de letra. Todos os
textos escritos neste tipo de letra, bem como as SNTESES, figuram apenas no Livro do Catequista formador.
Pareceu-nos interessante que, fornecendo-se o esqueleto
do curso, cada participante possa ir construindo o texto de todo o curso, atravs de um trabalho pessoal e uma partici-pao activa.
6. Vai-se indicando, entre parntesis, o tempo de cada um
dos momentos da sesso, para orientao do Catequista Formador. Esta indicao orientativa e deve ser ajustada realidade do grupo em presena, de acordo com a organizao do espao e tempo de cada Curso.
7. O Catequista Formador, com a colaborao de uma equi-
pa local, dever coordenar a preparao da sala de encontro, criando o melhor ambiente possvel, com as cadeiras neces-srias,flores,msica ambiente, cartazes, um quadro ou folhas de papel, marcadores..., de modo que se torne um ambiente agradvel e acolhedor.
Neste ambiente, deve-se valorizar a presena da Bblia, colocando-a em lugar de destaque.
Observaes Preliminares
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8. Cada participante deve levar para as sesses a sua Bblia. Convm estimular tambm a aquisio do DGC, da CT e da EN.
9. Propomos dois tipos de cnticos:
Cnticos de mensagem, que congreguem e animem o grupo de participantes e sejam como que separadores entre os diversos momentos de cada sesso de formao.
Cnticos que suscitem e proporcionem por si mesmo mo-mentos de orao.
10. Os cnticos apresentados so sugestes que se adaptamaotemaemreflexo.Serousadostodosoupar-te, conforme as circunstncias. Podem ainda ser escolhidos outros, mais da sensibilidade do grupo em presena. Neste caso, o Catequista Formador ter em conta a importncia dos cnticos,poisqueelesajudamainteriorizaoereflexofeita
ou a fazer e facilitam a aquisio de conhecimentos, fazendo parte integrante da proposta do curso.
Guia do Formador
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MATERIAL A UTILIZAR
Umquadro grande com os temas do curso: fotocpia am-pliada ou cartaz do esquema geral de todo o curso. Esta informao deve estar presente em todas as sesses do curso, de modo que se vejam claramente os passos j dados e os que se seguem.
Livro do participante, em nmero suficiente para todos os participantes previamente inscritos.
Folhascomasletras dos cnticos para todos os partici-pantes, se o Catequista Formador escolher outros cnticos mais adaptados realidade local.
Material para a constituio dos grupos: nomes das Tri-bos de Israel (ICr 2, 1-2), nomes das Igrejas da sia Menor (Ap 1, 11), nomes dos Catecismos ou Fases, ou Mdulos deste Curso de Iniciao.
Crachs, em cartolina ou outro material, para serem distri-budos a cada participante, sua chegada, e onde cada um possa escrever o nome e a parquia a que pertence.
(40 min)
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1. Cntico: Deus precisa das tuas mos.
2. Apresentao do Catequista Formador do curso e/ou Equipa Formadora, dos Participantes e das suas Parquias.
Modalidade A: Esta apresentao pode ser feita atravs de vrias tc-
nicas, conforme o nmero de participantes, por parquias ou comunidades (no caso de o curso ser inter-paroquial), atravs de binas: cada um apresenta o seu par, dizendo o nome, h quanto tempo faz catequese ou porque quer ser catequista.
O Catequista Formador poder ir tomando nota das mo- tivaes que forem surgindo.
Modalidade B:
Nesta segunda modalidade, o Catequista Formador po-der aproveitar para fazer o acolhimento e apresentao dos participantes e, ao mesmo tempo, a formao dos grupos (n 6). Se considerar oportuno pode ainda falar de um tema preparatrio de uma catequese: o Acolhimento.
a) Procedimentos: chegada, junto com a distribuio dos crachs, ou
depois, quando estiverem todos nos seus lugares, o Catequista Formador distribuir a cada partici-pante uma parte (slaba) da frase de um dos vrios mdulos (cada mdulo ter uma cor diferente).
oBJeCTivo GeraLdespertar para a necessidade de formao
que capacita para o desempenho da misso do catequista.
Guia do Formador
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Pedir, na altura prpria, que cada um procure, jun- tando-se a alguns dos outros participantes, comple-tar a frase respeitante ao mdulo que lhe pertence.
Formar-se-o ento os grupos por mdulos. Podero, ento, apresentar-se, dizendo o que esta- va previsto na modalidade anterior
b) Reflexo sobre o AcolhimentoA partir da forma como foram acolhidos os participan-
tes,fazendoumareflexodialogadasobreoqueaconte-ceu, o Catequista Formador far uma breve apresentao sobre a importncia do Acolhimento em Catequese.
Poder ter como ponto de referncia o texto - Anexo I, B-1.
3. Apresentao do Plano do Curso de Iniciao.
Esta apresentao pode ser feita com a interveno dos grupos que tm os respectivos nomes dos mdulos e atravs do quadro que se segue (ver MATERIAL A UTILIZAR):
MODLO I O Que a Catequese
Tema 1 A realidade da nossa catequeseComo catequiza JesusO que diz a Igreja acerca da catequese
Tema 2
Tema 3
Tema 1 A imagem do catequistaA imagem do catequista luz da BbliaA imagem do catequista luz dos documentos da Igreja
Tema 2
Tema 3
MODLO II Quem o Catequista
AO CURSO DE INICIAO
Introduo
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Este Curso de Iniciao, que vamos comear, assume as propos-tas do Plano de Aco para a Formao de Catequistas da Comisso Episcopal da Educao Crist.
Est no seguimento da preocupao e responsabilidade que a Igreja sente no que concerne sua misso proftica, concretizada neste campo especfico da catequese.
Acreditamos que a renovao da catequese comea com a cri-teriosa escolha e slida formao de catequistas para os tempos de hoje, que no pode ser descuidada em proveito da actualizao dos textos e de uma melhor organizao da catequese (DGC 234).
Assim, na busca contnua da dupla fidelidade a Deus, que ani-ma e conduz a Igreja, e ao homem da histria presente, onde se
Tema 1 Dificuldades no anncio da Boa Nova
O que anunciar hoje
Que anncio faz hoje a Igreja
Tema 2
Tema 3
Tema 1 A identidade dos destinatrios da CatequeseA palavra de Deus deve ser anunciada a toda a humanidade
Todos precisam ser catequizados
Tema 2
Tema 3
MODLO IV A quem anuncia o Catequista
Tema 1 O itinerrio catequticoApresentao de uma catequeseFidelidade a Deus e fidelidade ao Homem
MODLO V Como anuncia o Catequista
Tema 2
Tema 3
MODLO III O que anuncia a Catequese
Guia do Formador
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actualiza a salvao de Deus que nela irrompeu em Jesus Cristo, apresentamos este contributo para que a Igreja possa, com maior eficcia, mais convictamente, mais empenhadamente, mais alegre-mente, promover, atravs de uma catequese mais viva e activa, o amadurecimento da f inicial dos crentes (ou mesmo o seu des-pertar para a f), o seu encontro pessoal com Jesus Cristo e a sua iniciao na vida da Igreja.
Na perspectiva do Plano de Formao de Catequistas, a mes-ma formao deve ser permanente e progressiva, orientada para a maturidade humana e crist e para a preparao espe-cfica, deve tambm processar-se em diversas etapas e cursos (Cf. PFC 19).
Ainda segundo o Plano, estamos a iniciar a primeira etapa a formao inicial sob a forma deste curso, que pretende pro-porcionar uma preparao e uma formao indispensvel para o exerccio da funo de catequista na Igreja (PFC 21). Destina-se, pois, a todos os candidatos a catequistas, de tal modo que ningum devia comear a actividade catequtica sem ter realizado previa-mente esta formao (PFC 21).
Tem como objectivos essenciais: Descobrir e fazer apreciar a vocao de catequista, inseri- do na misso da Igreja; Proporcionar a preparao inicial necessria para exercer a misso de catequista.
Est organizado em cinco Mdulos:
O primeiro Mdulo refere-se realidade da catequese, partindo das motivaes dos que a procuram e dos que a fazem, descobrindo a forma de Jesus catequizar e apresentando o que diz a Igreja de hoje sobre a catequese. o mdulo de base, pois s a partir de uma noo
Introduo
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slida e segura do que seja a catequese se pode realiz-la eficazmen-te, articulando-a, sem a confundir, com as outras tarefas da Igreja.
O segundo Mdulo pretende fazer-nos descobrir a imagem que o catequista tem de si prprio e que os outros tm; apresenta-nos o referencial bblico do catequista e a identidade do mesmo luz dos Documentos do Magistrio. Pretende-se, assim, que ele se descubra Chamado por Deus a anunciar o evangelho, em Igreja, e como seu por-ta-voz, ao servio dos homens, como mestre, educador e testemunha.
O terceiro Mdulo, d-nos os contedos da catequese, ou o que anuncia o catequista. F-lo a partir das dificuldades dos que anunciam, da importncia da Escritura na catequese, e do anncio que a Igreja faz hoje, nomeadamente a partir da articulao entre o Catecismo da Igreja Catlica e a catequese.
O quarto Mdulo apresenta-nos os destinatrios: as caracte-rsticas dos que esto nos grupos de catequese, a importncia da Palavra de Deus para os destinatrios, e a conscincia de que toda a vida um processo de aprendizagem, com etapas diversificadas, a que correspondem diferentes propostas catequticas.
Finalmente, o quinto e ltimo Mdulo apresenta-nos os meios e processos atravs dos quais o catequista anuncia. Os elementos constitutivos da catequese assumem a realidade vivida por cada um dos catequizandos, que partilhada no grupo de catequese e iluminada pela Palavra de Deus. Acontece, assim, o encontro de cada um consigo prprio e com Jesus Cristo, que leva cada pessoa a identificar-se com Ele, a celebr-Lo e viv-Lo comunitariamente e a anunci-Lo aos outros.
O objectivo deste itinerrio tornar o catequista consciente da sublimidade da sua vocao, ajud-lo a crescer como pessoa humana, crist, inserida e corresponsvel na comunidade crist; ajud-lo a crescer no conhecimento orgnico e sistemtico da F, para que a
Guia do Formador
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possa transmitir aos seus catequizandos; alert-lo para a necessidade de conhecer os seus catequizandos, situando-os na sua identidade psico-social; dot-lo das competncias pedaggicas necessrias.
Pretende-se que, atravs da conjugao destes cinco mdulos, o catequista fique no apenas com o saber necessrio, mas tambm com o saber fazer; sobretudo, pretende-se chegar ao amadureci-mento do prprio ser do catequista, como pessoa, como crente e como apstolo (Cf. DGC 238).
Estar, assim, preparado para iniciar a sua caminhada como catequista, com a ajuda e o acompanhamento de catequistas mais experientes, e continuar o processo de formao proposto pelo Plano de Aco j referido (PFC 21-23).
4. Apresentao dos horrios e locais das prximas sesses do curso, conforme a modalidade em que se vai realizar.
5. Apresentao da dinmica de cada sesso do curso:
Sensibilizao e apresentao do tema
Trabalho de grupos
Plenrio
Sntese.
A sntese que se apresenta apenas uma ajuda para o Catequista Formador. Este, com base nos trabalhos de grupo e com a sugesto indicada, oferecer a sua prpria sntese aos participantes.
6. Constituio dos grupos de reflexo e trabalho.
Podem utilizar-se vrias tcnicas para a constituio
Introduo
20
dos grupos, por parquias ou interparoquiais, conforme o Catequista Formador julgar mais conveniente, tendo em conta o nmero e a provenincia dos participantes (ver MATERIAL A UTILIZAR).
Os grupos podem manter-se ao longo de todo o curso.
Cada grupo dever escolher um moderador e um secret-rio,oqual,almderegistarareflexodogrupo,serseuporta-voz. funo do moderador ajudar o grupo a no se desviar do tema e estimular a participao de todos. O Catequista Formador dever circular pelos diversos grupos, prestando os esclarecimentos necessrios.
7. Intervalo e/ou Cntico: Tu que nas margens do lago.
Guia do Formador
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21
MDULO I
(180 min)
Bblias ou Novos Testamentos. Embora se tenha pedido aos participantes que tragam a Bblia, bom ter alguns exem-
plares disponveis, para os mais esquecidos.
Documentos da Igreja sobre a Catequese:
Paulo VI, Evangelii Nuntiandi
Joo Paulo II, Catechesi Tradendae
Catecismo da Igreja Catlica
Directrio Geral da Catequese, 1997
Quadro ou painel, para escrever as snteses dos trabalhos de grupos.
Cartolinas ou folhas de papel e respectivos marcadores, para todos os grupos.
MATERIAL A UTILIZAR
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Guia do Formador
INTRODUO
De acordo com os objectivos que pretendemos atingir, procure-mos perceber o percurso que este Mdulo I O que a Catequese nos prope.
indispensvel que o catequista se situe na misso concreta que assumiu e tome conscincia da especificidade da catequese dentro da misso evangelizadora da Igreja. De facto, a concepo que se tem de catequese condiciona profundamente a seleco e a organizao dos seus contedos (cognitivos, experienciais e comportamentais), determina os seus destinatrios e define a pe-dagogia que se exige para alcanar os seus objectivos (DGC 35).
Neste Mdulo preteNdeMos
tomar conscincia da nossa prtica concreta de catequese: suas virtualidades e limitaes.
Confrontar essa experincia com a forma de agir de Jesus Cristo.
situar a catequese dentro da misso geral da Igreja e perspectivar, a partir dos documentos da Igreja, os principais elementos que a iden-tificam.
Cntico: O Profeta 22
23
Mdulo I O que a Catequese
Deste modo, comeamos por tomar conscincia, no primeiro tema, da nossa prtica concreta de catequese suas virtualidades e limita-es para, depois, a confrontarmos com a forma de agir de Jesus Cristo, que ensina, catequiza com toda a sua vida (Cf. CT 9). Alis, em definitivo, aquilo que a catequese favorece o seguimen-to de Cristo (DGC 98). Por isso mesmo, fundamental ter como referencial a forma como Ele promovia esse seguimento, fazendo discpulos, provocando o encontro pessoal com Ele.
Finalmente, no terceiro tema, vamos familiarizar-nos com os principais documentos da Igreja (ps-conciliar) sobre a cateque-se, que nos permitiro aprofundar a evoluo sofrida por esta e consolidar a noo da mesma catequese e o lugar preferencial que ocupa no seio da Igreja.
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1 A ReALIDADe DA NOssA cATeqUese
(50 m)
oBJeCTivo: Perceber e valorizar as motivaes dos que beneficiam da catequese e dos que a ministram.
1.1. Trabalho de grupos ou Zum Zum (10 min)
resPonder s PerGunTas
a) O que que as pessoas pensam da catequese?
Que procuram na catequese? Que apoio lhe do?
b) Quem vai catequese?
c) Quem se sente responsvel pela cate-quese na parquia a que pertence?
d) Que para ns a catequese?
1.2. Cntico: Semeia, daremos fruto
1.3. Plenrio (25 min)
Comunicao da reflexo dos grupos.O Catequista Formador, ou algum anteriormente no-
meado, pode escrever num quadro ou painel as principais reflexesdecadagrupo.
Guia do Formador
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25
Poder ter em conta os seguintes aspectos para as res-postas s perguntas:
a) O que que as pessoas pensam da catequese? * Que procuram na catequese?
aprender o catecismo a educao humana um bom grupo de amigos ocupao dos tempos livres uma actividade religiosa preparao dos sacramentos crescer na f querer ser melhor
* Que apoio lhe do? Preocupam-se com ela Interessam-se por ela Apoiam-na economicamente Estimam os catequistas
b) Quem vai catequese?* Crianas, adolescentes, jovens, adultos, todos?...
c) Quem se sente responsvel pela catequese na parquia a que pertence?
* Proco, catequistas, pais, outras pessoas?
d) Que para ns a catequese? conhecer bem Jesus Cristo aderir cada vez mais a Jesus Cristo inserir-se na comunidade crist um processo de crescimento constante ao longo
da vida aprender a viver em Igreja.
Mdulo I O que a Catequese
26
SnteSe feita pelo CatequiSta formador
Esta sntese deve conter os elementos mais significativos que
foram apresentados pelos grupos, sobre a realidade da cate-quese que temos, e que ajudam a orientar para o tema dois
deste primeiro mdulo.
A descoberta das motivaes dos que vm catequese e dos que a fazem, bem como a troca de experincias, deve ajudar a
que cada um dos presentes se abra renovao da sua forma
de fazer catequese e d conta da necessidade de formao
para este ministrio.
Muitos dos que chegam s nossas catequeses, procuram ape-nas uma preparao imediata, e o mais rpida possvel, para
a primeira comunho, profisso de f ou crisma. Ser bom
aproveitar e valorizar esse desejo e integr-lo na urgncia de
despertar para uma formao crist mais orgnica e integral,
alertando para a necessidade do crescimento contnuo que nos
permita dar as razes da nossa f e da nossa esperana.
As motivaes que as pessoas apontam para andar na catequese
nem sempre correspondem ao que a Igreja tem para oferecer.
Cada catequista deve saber valorizar as motivaes iniciais dos
pais, das crianas e adolescentes, para fazer a proposta que a
Igreja tem a nvel da catequese.
1.4. Cntico: Cristo Jesus, Tu me chamaste
Guia do Formador
4
27
2 cOMO cATeqUIzA jesUs
(70 m)
oBJeCTivo: saber como Jesus catequiza.
2.1. Trabalho de grupos (35 min) OCatequistaFormadorintroduzestetrabalhodereflexo
bblica. Se necessrio, pode aproveitar para ensinar a procurar os textos bblicos.
Cada grupo analisa apenas um texto. Se forem mais de trs grupos, cada texto pode ser confiado a mais do que um grupo.
Ler os textos: Jo 4,4-30 SamaritanaJo 9,1-40 Cego de nascenaLc 24,13-35 Discpulos de Emas
resPonder s PerGunTas
a) Neste texto, como que Jesus faz catequese?
b) O que pretende Jesus com o dilogo
estabelecido?
Cada grupo elabora, a partir do texto bblico que reflectiu, uma orao para exprimir a f em Jesus Cristo. Esta orao
ser utilizada no tempo de orao que se segue ao plenrio.
Mdulo I O que a Catequese
28
Comunicao da reflexo dos grupos. Os trabalhos de grupo so comunicados da seguinte
forma: cada grupo apresenta em painel o percurso que Jesus faz com os seus interlocutores para acreditarem nEle, O aceitarem e conhecerem.
2.2. Cntico: Senhor quanta alegria
ou: Senhor eu tenho fome
2.3. Plenrio (35 min)
SnteSe feita pelo CatequiSta formador
fundamental que todos tenham a compreenso do processo
que Jesus usa para catequizar.
Jesus encontra-se com pessoas em situaes de desnimo, vidas sem sentido, limitadas, desiluses.
Sabe que essas pessoas precisam de Si, acolhe-as e entra nas suas vidas. Toma a iniciativa.
Aproveita a sua experincia de vida: a sede, a cegueira, a desiluso..., cria condies para que os outros falem da sua vida, do seu passado, tambm das suas esperanas e anseios mais profundos. F-los descobrir, j na sua prpria vida, uma presena discreta mas viva a de Deus.
Gera nas pessoas vrias interrogaes, levando-as pergunta essencial sobre o sentido da vida e a prpria salvao que vem de Deus.
Guia do Formador
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29
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Jesus, a partir das necessidades e motivaes daqueles com quem se encontra, faz uma proposta nova, d mais do que lhe pedem: no d apenas gua para a sede, mas gua viva; no cura apenas a cegueira fsica, mas atinge a cegueira espiritual; no apenas companhia para um desabafo numa situao difcil, mas d de novo o sentido pleno que orienta toda a vida.
O Encontro com Cristo, que se revela, muda radicalmente a vida das pessoas. Estas reencontram-se, encontram a soluo que esperavam mas pensavam no existir, reorientam a sua vida, mudam de caminho, regressam comunidade, pois estavam marginalizadas ou a marginalizar-se. Cada um se alegra, festeja, celebra, partilha e anuncia aos outros a sua grande descoberta.
Jesus respeita a experincia de cada pessoa, no se revela imediatamente, segue um itinerrio, tem um objectivo con-creto para cada um dos seus actos.
2.4. Cntico: Quem me seguir 2.5. Orao (preparada nos grupos), intercalando-se o refro
de um cntico.Pode usar-se tambm a seguinte Orao:
Senhor Jesus,Vieste ao meu encontro,Entraste na minha vidae eu encontrei-Te.Apesar do meu pecado,da minha limitaoe da minha auto-suficincia,
Mdulo I O que a Catequese
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30
orienta-me para o Pai.Conduz a minha vida,no Teu Reino, no meu compromisso,no Teu servio, na vida dos irmos.Desperta em mim a confiana numa vida nova,abre o meu corao Tua Palavra,fortalece em mim a fe envolve-me da Tua benevolncia.Para que a Tua graa me fortalea,os Teus sacramentos me renoveme eu aceite ser discpulo na Tua Igreja.
(Pina Franco)
Guia do Formador
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3 O qUe DIz A IgRejA AceRcA DA cATeqUese
(60 m)
oBJeCTivo: apresentar os principais documentos da igreja sobre a catequese e descobrir a a especificidade da catequese dentro da misso evangelizadora da Igreja
O Catequista Formador faz uma breve apresentao destes textos, explicando porque se chamam assim e as siglas por que so conhecidos na nossa linguagem de Igreja.
O Catequista Formador, medida que for falando deles, deve mostr-los e convidar a adquiri-los, ou ainda motivar para que estejam disposio numa biblioteca ao servio dos catequis-tas e dos outros agentes de pastoral da parquia.
3.1. Apresentao dos documentos (10m)
APRESENTAO DO D.G.C.:
um documento aprovado por Joo Paulo II e publicado em 1997.
Est dividido em cinco partes:
1. Trata da Catequese na Misso evangelizadora da Igreja
2. explicado o contedo da Mensagem Evanglica e apresenta
o Catecismo da Igreja Catlica como texto de referncia.
3. Apresenta a Catequese como exerccio de uma Pedagogia
Original da F e destaca alguns elementos de Metodologia
4. Especifica quem so os destinatrios da Catequese nas
diferentes idades, nas diversas situaes e contextos.
Mdulo I O que a Catequese
32
5. Encara o problema da Catequese na Igreja particular. Insiste
na formao dos catequistas, na determinao dos lugares
onde se realiza a Catequese, os organismos responsveis, a
coordenao da Catequese e as tarefas prprias do Servio
Catequtico.
APRESENTAO DA E.N.:
uma exortao de Paulo VI, que foi publicada em 1975.
dedicada Evangelizao do mundo moderno.
Resume a temtica do Snodo dos bispos de 1974 e en-
trega-a Igreja inteira.
Guia do Formador
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Este documento conhecido na Igreja, como todos os docu-
mentos, pelas primeiras palavras do texto original Evangelii
Nuntiandi, cuja abreviatura E.N. Em portugus: Evangelho
para os Homens de Hoje,
APRESENTAO DA C.T.:
uma exortao de Joo Paulo II, publicada em 1979.
conhecida na Igreja pelas primeiras palavras do original,
neste caso Catechesi Tradendae, que se abrevia C.T. Em
portugus: Catequese para os Homens de Hoje.
Engloba a viso de Joo Paulo II sobre E.N. actualizada com
as concluses tiradas da IV Assembleia Geral do Snodo dos
bispos de 1977.
3.2. Trabalho de grupos (20 min)
O Catequista Formador escolhe alguns dos textos (do Ma-gistrio da Igreja) que se seguem e distribui-os pelos grupos:
Ler os textos: CIC 6, CT 18-19 e DGC 63-64 A catequese na misso pastoral e evangelizadora da Igreja.DGC 78-79; CT 24 Catequizar, um acto vivo de toda a comunidade.EN 21-22; DGC 61 Catequese: testemunho e primeiro anncio.EN 44; CT 1, 5 e 20; A catequese - noo e objectivos.CT 5,7 e 9 Cristocentrismo da Catequese.
Mdulo I O que a Catequese
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DGC 65-66 Catequese ao servio da iniciao crist.DGC 67-68 e CT 21 As caractersticas fundamentais da catequese de iniciao crist.DGC 59 e 91 Catequese de inspirao catecumenal.
Para uma leitura mais rpida e mais fcil, estes textos,
excepo dos retirados do DGC, esto transcritos em anexo.
Apresentar, a partir dos textos lidos, os elementos fundamentais que identificam e caracterizam a catequese.
Cada grupo poder elaborar um painel ou cartaz com os elementos principais retirados dos textos que reflectiu (ver MATERIAL A UTILIZAR).
3.3. Cntico: O Bom Pastor
3.4. Plenrio (30 min)
Cada grupo apresenta o seu painel
SnteSe feita pelo CatequiSta formador
Proposta, a partir de alguns textos lidos:
A Catequese insere-se dentro da misso pastoral e evangeli-zadora da Igreja e um momento prioritrio desta. Articula-se, sem se confundir, com outros elementos da misso pastoral da Igreja e do ministrio da Palavra Que contm um aspecto da catequese, a preparam ou dela derivam:
Guia do Formador
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o primeiro-anncio do Evangelho ou pregao missionria, para suscitar a f;
a busca das razes de acreditar; a experincia da vida crist; a celebrao dos sacramentos; a integrao na comunidade eclesial; o testemunho apostlico e missionrio.(CIC 6)
uma aco bsica e fundamental na construo da perso-nalidade do crente, como discpulo de Cristo, iniciando-o na plenitude da vida crist e no estilo de vida evanglico, dentro da comunidade crist.
Como catequese de iniciao apresenta algumas caractersticas essenciais que a definem e identificam:
uma formao orgnica, sistemtica, completa e centrada no essencial;
uma iniciao crist integral, aprendizagem de toda a vida crist, que propicia um autntico seguimento de Jesus Cristo;
uma educao nos valores evanglicos.
A catequese amadurece a f inicial, colocando os fundamentos do edifcio espiritual cristo, alimentando as razes da sua vida e da sua f, capacitando-o para receber o posterior alimento slido na vida ordinria da comunidade crist.
A Catequese deve ter os objectivos e o dinamismo do Catecu-menado e inspirar-se nele.
A catequese obra da comunidade crist e conduz necessa-riamente comunidade crist; nela dever iniciar e integrar
plenamente cada discpulo de Cristo.
Mdulo I O que a Catequese
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3.5. Cntico e Orao final ou Intervalo (conforme a modali-dade em que se realiza o curso ver OBSERVAES PRELIMI-NARES, 1): Eu irei proclamar ao mundo
Pode usar-se tambm a seguinte Orao:
Graas, Senhor, por me teres recebidopelo baptismo, na tua Igreja.Sem nada merecer, por mim,sempre fui objectoda sua solicitude e da sua ternura.A Ela devo, Senhor,o privilgio de conhecer-Tee de Te amar,de participar na Eucaristia e nos Sacramentos.Ela me recorda a tua vontade santa,chama-me a uma vida nova, mais bela e mais generosa.Ilumina-me o caminho,alarga-me os horizontes e fortifica-me a vontade.Por isso me uno com todos, Senhor,para Lhe chamarIgreja Santa e me nossa;e peo a graade conhecer cada vez melhoros seus ensinamentose ser-lhe fiel totalmente e sempre. (Lelotte)
Guia do Formador
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Neste Mdulo desCobrIMos
A nossa realidade concreta, a nossa maneira de fazer catequese, nem sempre corresponde catequese de Jesus Cristo, referncia ltima da catequese da Igreja de hoje;
Jesus catequiza com toda a sua vida: com palavras e gestos;
ele acolhe a pessoa e parte da sua experincia de vida concreta, iluminando essa mesma expe-rincia;
A catequese cristocntrica, pois leva ao encontro pessoal com Cristo e promove a comunho ntima com ele;
A catequese insere-se na misso pastoral e evan-gelizadora da Igreja (continuadora da obra de Jesus Cristo) e um momento essencial no processo de evangelizao;
embora distinta do primeiro anncio, tem que ser tambm Kerigmtica e fazer por vezes esse primeiro anncio, que ainda no aconteceu;
A catequese, mais que um ensino, um processo que promove a Iniciao Crist integral;
uma iniciao na vida da comunidade, que vive, celebra, testemunha e anuncia a f;
Mdulo I O que a Catequese
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A catequese uma formao orgnica, sistem-tica, centrada no essencial, coerente e de apro-fundamento do mistrio cristo;
A catequese um processo de inspirao catecu-menal;
aco de toda a Igreja, que comunho; parte da comunidade e leva comunidade.
Guia do Formador
1. Faa um resumo das caractersticas da catequese, de acordo com a catequese de Jesus e os documentos da Igreja referidos nesta sesso.
2. Que podemos fazer, para que a nossa ca-tequese se aproxime da que apresentada neste curso?
Estas Questes para Reflexo, neste e nos outros mdu-los, podem ser respondidas por escrito, depois de cada sesso ou depois de cada bloco de sesses, e entregues ao Catequista Formador posteriormente, para que este possa ter uma ideia do modo como cada participante vai aproveitando, compreen-
dendoeinteriorizandoareflexoquesevaifazendo.
QUESTES PARA REFLEXO
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VOcABULRIO DO cATeqUIsTADepois de cada tema, apresentamos no livro do participante,
algumas palavras mais utilizadas na nossa linguagem eclesial e catequtica com uma breve explicao do seu sentido.
O seu objectivo ajudar os participantes a compreender melhor a linguagem da Igreja.
CATECUMENADO (Da palavra grega Keteko-instruo) Era o perodo de formao, doutrinal e moral, em ordem a preparar o Baptismo, na Igreja dos primeiros sculos. A Igreja aperfeioou bas-tante o perodo de catecumenado, como processo de iniciao global vida crist (inclua o conhecimento da doutrina, o comportamento moral cristo e a participao nas celebraes litrgicas), com etapas determinadas e dentro da comunidade crist. Ainda hoje existe como servio catequtico para os adultos que se preparam para o Baptismo.
Tendo em conta a situao actual, de novo se prope o cate-cumenado como modelo de catequese (mensagem do Snodo de 1977, n 8; EN 44). Neste sentido, podemos afirmar que a cate-quese hoje deve seguir processos ou mtodos catecumenais. Para isso deve iniciar convenientemente: no conhecimento do mistrio da Salvao, no exerccio dos costumes evanglicos, nos ritos sagrados, e introduzir na vida crist, de liturgia e de caridade do povo de Deus (AG 14).
CATEQUESE s vezes d-se catequese um sentido de-masiado amplo, que se torna confuso. O documento do Papa Joo Paulo II Catechesi Tradendae, procura precisar o sentido do termo, apresentando a catequese como ensino cristo, orgnico e sistem-tico, centrado no essencial, e completo, que leva a uma iniciao crist integral (CT 21). portanto um perodo determinado, na vida do cristo, com princpio e fim, e distingue-se, por isso, de outras
Mdulo I O que a Catequese
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formas do ministrio da Palavra, e de outras aces eclesiais que a precedem e que a seguem (distingue-se do primeiro anncio, da liturgia, da actividade pastoral, etc.).
CATEQUESE KERIGMTICA ou PASTORAL KERIGMTICA A catequese que se centra no Kerigma, tanto no contedo, pela preocupao de apresentar o fundamento da f crist, como na forma, procurando fazer essa apresentao de modo convi-dativo e convincente, em dilogo com as expectativas dos ouvintes.
Tendo em conta a descristianizao actual, oportuno fazer cate-quese ou pastoral kerigmtica - tambm chamada missionria - em vez de nos limitarmos pastoral sacramental, com gente que ainda no tem bem seguro o fundamento da f em Cristo Ressuscitado.
A orientao kerigmtica tem outros aspectos, como a preocu-pao de se dirigir aos afastados da Igreja, a quem se anuncia Jesus Cristo, em relao concreta com a vida das pessoas.
CONCLIO ECUMNICO Reunio, convocada e presidida pelo Papa, com todos os Bispos, representantes de toda a Igreja, para reelaborar questes doutrinais e propor novas perspectivas sobre a vida da Igreja universal.
DOCUMENTOS DO CONCLIO So os documentos ela-borados nas aulas sinodais, discutidos e aprovados, que servem de doutrina para toda a Igreja Catlica.
EDUCAO DA F um processo mais amplo que a cate-quese, pois designa as mltiplas aces pelas quais a Igreja educa a f dos cristos: no s a catequese e a homilia, mas tambm as outras formas do ministrio da Palavra, por exemplo o ensino religioso nas escolas, e ainda as outras funes eclesiais, como as celebraes litrgicas, a aco caritativa e o testemunho dos cristos. A catequese uma das formas de educao da f.
Guia do Formador
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EVANGELIZAO Aco de levar o Evangelho, a Boa Nova da Salvao de Jesus Cristo, a que deve corresponder da parte dos ouvintes a converso. s vezes, entendemos no sentido do Kerigma ou primeira evangelizao, a que deveria depois seguir--se a catequese. Mas o Snodo de 1974 e a exortao apostlica Evangelii Nuntiandi, do-lhe um sentido mais amplo, designando por evangelizao o processo complexo e variado em que se realiza a misso da Igreja (cf. EN 17 e 24). Neste sentido, podemos dizer que todas as aces da Igreja devem ter uma misso evangelizadora.
Na prtica, a catequese deve ter a preocupao no s de ama-durecer a f inicial mas tambm de a despertar, ou seja, a catequese tem de ser evangelizadora, pois muitos dos que a frequentam no receberam ainda a primeira evangelizao (Cf. CT 19 e DGC 62).
EXORTAES APOSTLICAS So documentos papais que actualizam a doutrina da Igreja e se dirigem a todos os crentes e homens de boa vontade. Apresentam as snteses dos trabalhos realizados em Assembleias do Snodo Universal, ou podem ser mesmo o resultado final dessas Assembleias.
IGREJA CATLICA a comunidade de todos os fiis cris-tos, discpulos de Cristo, baptizados, que fizeram a sua iniciao crist e vivem em comunho de F e de Amor uns com os outros, comunho que se torna visvel atravs de vrios ministrios, de entre os quais se destaca o do Colgio Episcopal, em unio com o sucessor de Pedro, o bispo de Roma (Papa). A Igreja catlica (universal) por vocao e misso, pois se estende a todos os homens de todos os tempos, que Deus quer salvar - a Igreja instrumento e Sacramento dessa Salvao universal operada por Jesus Cristo.
MINISTRIO (ou SERVIO) DA PALAVRA Diversas formas e meios pelos quais a Igreja proclama a Palavra de Deus,
Mdulo I O que a Catequese
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como por exemplo: primeiro anncio, catequese, homilia, pregao ocasional, etc.
KERIGMA (ou PRIMEIRO ANNCIO) Palavra grega, que significa proclamao oficial de uma mensagem. Na linguagem da Igreja, significa o primeiro anncio do Evangelho, em ordem a despertar a f e reunir em Igreja. dirigido aos que ainda no acreditam e deve revestir uma forma jubilosa e convidativa. Deve ainda transmitir o essencial da f crist: Jesus Cristo venceu a morte, ressuscitando, e comunica, queles que nEle crem, a vida nova, a salvao.
s vezes chama-se tambm evangelizao ao primeiro anncio. Mas como a evangelizao pode ter um significado mais amplo, (ver EVANGELIZAO), ser mais claro dizer primeira evange-lizao, para designar este primeiro anncio.
PASTORAL Derivada da palavra pastor, designa o conjunto de actividades pelas quais a Igreja realiza a sua misso. Continuan-do a aco de Jesus Cristo, que foi profeta, sacerdote e rei, tambm a Igreja realiza a sua aco atravs de trs funes pastorais:
Funo proftica: abrange as diversas formas do ministrio da Palavra (evangelizao, catequese e homilia).
Funo litrgica: refere-se celebrao dos sacramentos, so-bretudo da Eucaristia, orao e aos sacramentais.
Funo real: diz respeito promoo e orientao das comu-nidades, organizao da caridade e animao crist das realidades terrestres.
SNODOS Reunies propostas pelo bispo para a sua diocese, pela conferncia episcopal para um pas, pelo papa para uma regio ou continente, ou ainda para a Igreja toda, para dialogar sobre temas
Guia do Formador
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importantes para os que vivem no territrio a que se refere. Os snodos podem ser diocesanos, nacionais, regionais e universais. Nestes, porm, os Bispos no esto todos presentes, mas fazem-se representar por Bispos eleitos pelas Conferncias Episcopais, cujo nmero proporcional ao dos Bispos existentes no pas.
Mdulo I O que a Catequese
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MATERIAL A UTILIZAR
Quadro ou folha de cartolina, dividido em trs colunas.
Bblias.
MDULO II
(180 min)
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Cntico: Cidado do infinito
Neste Mdulo preteNdeMos
descobrir a imagem de catequista que existe nas nossas comunidades.
Aprofundar a vocao e ministrio dos cate-quistas, a partir da bblia: de Jesus Cristo, dos Apstolos e dos profetas.
Com base nos documentos mais recentes da Igreja: situar a misso do catequista e enquadr-la
na misso de toda a comunidade crist; sentir a necessidade da formao dos cate-
quistas: os seus critrios, vertentes e objecti-vos;
levar descoberta da alegria de ser catequista, num mundo em mudana.
Guia do Formador
3
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INTRODUO
Tommos conscincia, no Mdulo anterior, da grandeza da mis-so catequtica na Igreja e das suas exigncias. Neste segundo M-dulo, vamos debruar-nos sobre o agente ou agentes da Catequese.
J sabemos que a Catequese uma aco eclesial e no uma aco individual de um catequista. Sabemos, ainda mais, que esse acto catequtico acontece, centrado na criana (adolescente, jovem ou adulto), onde o catequizando intervm, em interaco com o grupo de Catequese, mas sob a orientao e motivao do catequista. Nesta dinmica relacional, aprofunda-se uma outra interveno, que se serve instrumentalmente de todas as outras: a aco de Deus.
Uma vez que o catequista o facilitador da aco de Deus, o comunicador ou o que tudo predispe para que se estabelea, restabelea ou se consolide a comunicao (comunho) entre Deus e a pessoa, vamos neste mdulo descobrir quem deve ser o catequista. De facto, s as qualidades humanas e crists dos ca-tequistas garantem o bom uso dos textos e dos outros instrumentos de trabalho (DGC 156).
No primeiro tema, iremos situar-nos na realidade social e ecle-sial em que vivemos, para descobrirmos como que o catequista entendido, apreciado e apoiado, e tambm qual a conscincia que os prprios catequistas tm de si mesmos.
A partir da, num segundo momento (tema), vamos comparar e questionar a misso e identidade do catequista, a partir de algumas personagens bblicas, para, num terceiro momento (tema), tirarmos as nossas concluses, com a reflexo que a Igreja fez e nos apre-senta nos seus documentos, sobre a imagem, identidade e misso do catequista dentro da Igreja. Assim, prepararemos os catequistas de que a Igreja precisa para o terceiro milnio.
Mdulo II Quem o catequista
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1A IMAgeM DO cATeqUIsTA
(60 min)
oBJeCTivo: Tomar conscincia da imagem de cate-quista que predomina no universo relacional dos participantes.
1.1. Trabalho de grupos (25 min)
1.2. Cntico: Deixa Deus entrar
1.3. Plenrio (35 min)
Comunicao da reflexo dos grupos.O Catequista Formador pedir a algum que escreva,
na primeira coluna do quadro ou da folha de papel grande
resPonder s PerGunTas a) O que dizem as pessoas nas nossas pa-
rquias acerca dos catequistas?
b) Porque aceitei ser catequista? Quem me convidou?
c) Quem so os catequistas? - Jovens, adultos, casados, solteiros? - Que formao especfica tm?
- Que dificuldades sentem?
Guia do Formador
6
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(ver MATERIAL A UTILIZAR), as principais concluses deste trabalho de grupos. Podem ser algumas como estas:
a) O que dizem as pessoas nas nossas parquias acerca dos catequistas?
quem acompanha e ensina as crianas e os ado-lescentes...
Gente que no tem mais que fazer... Gente que gosta de ajudar as crianas na sua
educao crist...
b) Porque aceitei ser catequista? Quem me convi-dou? Porque gosto de crianas... Porque faltam catequistas... Porque me convidaram para ajudar... Porque gosto de colaborar na parquia... Porque preciso fazer alguma coisa pelos outros...- Fui convidado pelo proco...- Fui convidado por outro catequista...- Ofereci-me para fazer Catequese...
c) Quem so os catequistas?- Jovens, adultos, casados, solteiros...- Cursos, encontros....
* Falta de preparao* Falta de apoio, dos pais, da comunidade,
dos outros catequistas, econmico...* Local inadequado
* Dificuldade nos catecismos e outros materiais
Mdulo II Quem o catequista
50
SnteSe feita pelo CatequiSta formador
Nesta sntese, o Catequista Formador ir integrando a realidade
expressa nos trabalhos de grupos, questionando o grupo, para
que se interrogue sobre a imagem vulgarizada do catequista,
para que possa ser iluminada e reestruturada nos temas se-guintes.
Na sntese, devem valorizar-se os aspectos positivos encontra-dos na reflexo sobre a realidade e abrir caminhos para superar
as dificuldades que so comuns:
Meio ambiente pouco favorvel aos valores da f Falta de apoio dos pais e comunidades crists Desinteresse e falta de perseverana dos catequizandos Tradicionalismo da famlia e dos cristos em geral Falta de disponibilidade e preparao dos catequistas
Pobreza de meios, locais e instrumentos para a Catequese
No entanto, deve sublinhar-se que esta situao no pode levar
ao desnimo ou tentao de abandonar, mas tem que nos
empenhar, ainda mais, na tarefa que nos foi confiada, lembran-do alguns sinais de esperana:
O aumento significativo do nmero de catequistas O esforo feito na preparao dos catequistas A crescente conscincia de corresponsabilidade na Igreja O maior cuidado com que so escolhidos os catequistas A disponibilidade dos jovens para o servio da Catequese
(Cf. PFC 4 e 6).
1.4. Cntico: Eu quero ser um vaso novo ou: Vai pelas aldeias.
Guia do Formador
3714
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2A IMAgeM DO cATeqUIsTA LUz DA BBLIA
(60 min)
oBJeCTivo: Conhecer a imagem de catequista que a Bblia nos apresenta.
2.1. Trabalho de grupos (30 min)
Ler os textos: Is 6, 1-8; Vocao de IsaasJer. 1, 4-10; Vocao de JeremiasMat. 4, 18-22; Vocao dos Primeiros
DiscpulosJer. 20, 7-11; Dificuldades de Jeremias1 Cor 15, 1-11; Testemunho de Paulo
Cada grupo trabalha s com um texto, podendo ser mais do queumgrupoareflectirsobreomesmotexto.
resPonder s PerGunTas
a) Segundo o texto, que preciso para ser catequista?
b) Qual a misso do catequista?
2.2. Cntico: Seduziste-me Senhor ou: Profeta
Mdulo II Quem o catequista
27 24
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2.3. Plenrio (30 min)
Comunicao da reflexo dos gruposEscrever,nasegundacoluna,aoladodasreflexesdo
primeiro plenrio, as principais concluses deste trabalho de grupos.
SnteSe feita pelo CatequiSta formador
Pela Sagrada Escritura apercebemo-nos com alegria de que
fomos (como catequistas) amados e escolhidos por Deus,
alvo da sua predileco por ns e por todos aqueles a quem
somos enviados.
Deixemo-nos seduzir, como Jeremias (20, 7) e vamos seguir
Jesus imediatamente, deixando as redes (Mat. 4, 20).
Se o seguirmos - vinde aps Mim e farei de vs... (Mat. 4, 19)
- Ele prprio nos vai preparar, mesmo que seja preciso queimar
muita coisa em ns (Cf, Is. 6, 6). Para isso, precisamos de ser
dos que andam com Ele, dos que convivem na sua intimidade:
Orao e vida Sacramental - como Seus discpulos.
Ento, iremos cumprir a misso: seremos pescadores de ho-mens (Mat. 4, 20), iremos aonde nos enviar (Cf. Jer. 1, 7)
e, sem medo, diremos o que Ele nos mandar, anunciaremos a
Sua Palavra e no a nossa.
Como Jeremias ou como Paulo, no desistiremos por ser difcil
Guia do Formador
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a tarefa ou por sermos mal interpretados ou rejeitados. Temos
a certeza de que Ele est connosco (Cf. Jer. 1, 8).
Ser catequista continuar a misso de Jesus, ser a Palavra do
Pai, ser Chamado por Deus, ser enviado. trabalhar com a
certeza de que a Palavra de Deus e viva e eficaz, mesmo
quando no vemos os frutos com os nossos olhos.
Ser catequista ter a perseverana dos profetas, a sua firmeza
e ousadia; continuar, mesmo quando l longe j se v a Cruz.
Porque vemos mais alm!
2.4. Cntico: Deixa a glria de Deus brilhar ou: Estou Alegre
Mdulo II Quem o catequista
5 11
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3 A IMAgeM DO cATeqUIsTA
LUz DOs DOcUMeNTOs DA IgRejA (60 min)
oBJeCTivo: descobrir a imagem de catequista que os documentos da igreja nos transmitem
3.1. Trabalho de grupos (30 min)
Ler os textos (Distribuir os textos pelos grupos)PFC, 17, pp. 55-59; A fisionomia do catequistaDGC, 156; O papel do catequistaDGC, 230-231; Os catequistas leigosDGC, 235-236; A finalidade e a natureza da formao dos catequistas DGC, 237; Critrios inspiradores para a formao dos catequistas DGC, 238; As dimenses da formao: o ser, o saber, o saber fazerDGC, 239; A maturidade humana, crist e apostlica dos catequistas
Reflectir sobre estes textos dos documentos da Igreja acerca da Catequese e responder pergunta:
Que imagem do catequista nos d cada um destes textos?
Guia do Formador
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Cada grupo prepara um smbolo, inspirado nos textos re-flectidos, para a orao final.
3.2. Cntico: Deus precisa de ti
3.3. Plenrio (30 min)
Comunicao da reflexo dos grupos (Escrever na terceira coluna,aoladodasreflexesdosplenriosanteriores,
as principais concluses).
SnteSe feita pelo CatequiSta formador
luz destes documentos da Igreja sobressaem alguns traos
caractersticos do catequista:
chamado por Deus;
um cristo adulto, completamente inserido na comunidade
crist, identificado, comprometido e em sintonia com ela;
enviado por Deus atravs da Igreja e como Porta-voz desta;
a sua misso o servio aos homens para, numa atitude
de acolhimento, escuta, dilogo, servio, solidariedade e
cooperao, fazer crescer as pessoas, levando-as ao desen-volvimento integral e comunho ntima com Cristo, na
comunidade crist;
mestre que ensina (sabe); educador que sabe ensinar, acompanhar e conduzir;
testemunha que vive e pelo seu exemplo d credibilidade mensagem que proclama;
Mdulo II Quem o catequista
9
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no descuida a sua formao em todas as reas do ser, do saber e do saber fazer, fazendo-se catequista para este tempo;
cultiva a espiritualidade prpria do catequista, catequizando--se primeiro a si prprio em cada acto catequtico que rea-liza;
sente que o seu trabalho est ao servio do Esprito Santo,
que actua livremente e em pessoas livres;
realiza o seu ministrio em equipa e em comunho com
todos os outros agentes da Catequese.
Oquadroconclusivodasreflexesdostrsplenriospode
ser transcrito e fotocopiado para ser distribudo posterior-
mente aos participantes, numa prxima sesso de formao.
3.4. Orao e cntico final: Esta luz pequenina
Enquanto se canta, pode acender-se uma vela que vai pas-
sando de mo em mo por todos os participantes
Fazer uma orao criativa e participada (Esta orao po-der ter, assim, uma dimenso pedaggica, isto , que desperte a criatividade e imaginao dos catequistas
e os ensine a preparar um momento de orao):
com a apresentao do smbolo preparado por cada grupo;
com a recitao de uma Orao do Catequista:
Guia do Formador
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Ex.: ORAO DO CATEQUISTA
Senhor,Tu me Chamaste a ser catequista
na Tua Igreja,na Tua Comunidade, que tambm minha.
Tu me confiaste a Missode anunciar a Tua Palavra,
de denunciar o pecado,de testemunhar, pela minha prpria vida,
os valores do Evangelho.
No recuo diante do Teu chamamento. pesada, Senhor, a minha responsabilidade.Mas, se me escolheste, confio na Tua Graa.
Caminharemos juntos, Senhor,Tu, apoiando-me, iluminando-me;
eu, colocando-me Tua disposio, disposio da Igreja,
preparando-me e actualizando-me para ser mais,para servir melhor o Teu povo.
Faz-me Teu instrumento,para que venha o Teu Reino,
Reino de Amor e de Paz,de Fraternidade e Justia,
Reino onde Deus ser tudo em todos.
Amen.
Mdulo II Quem o catequista
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1. Analise as razes profundas que devem levar o catequista a sentir alegria na sua misso.
2. Refira as principais qualidades que o cate-quista deve procurar alcanar.
Neste Mdulo desCobrIMos
Que o catequista : Chamado por deus a anunciar o evangelho
na catequese Algum que responde afirmativamente a esse
chamamento Chamado atravs da Igreja porta-voz da Igreja, porque unido, inserido e
comprometido com ela um adulto crente em Jesus Cristo e partici-
pante da sua misso Algum inserido na sociedade humana enviado ao servio dos homens, como mestre,
educador e testemunha da F no mundo ac-tual
Que o catequista exerce a sua misso em dilogo e comunho com os outros agentes da pastoral da Igreja.
QUESTES PARA REFLEXO
Guia do Formador
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VOcABULRIO DO cATeqUIsTA
APSTOLO Significa enviado. Jesus escolheu doze de entre os seus discpulos e enviou-os (Mc 3, 13-14) a anunciar o Reino de Deus (Mt 10, 5-7). O nmero 12 surge em diversas passagens bbli-cas e tem uma ligao ntida com as doze tribos de Israel (Gn 49). O Novo Testamento apresenta os Apstolos como mensageiros, como anunciadores da Palavra; e eles consideram-se, de facto, escolhidos e enviados por Cristo (Mt 28, 19). O termo torna-se extensivo a outros mensageiros da Palavra, nomeadamente a Paulo, que teve perfeita conscincia de ser chamado e enviado pelo prprio Senhor (Rom 1, 1; Gal 1, 15-16, etc).
DISCPULO Aquele que aprende. Em Israel, muitos ho-mens estudiosos e comentadores da Bblia eram tratados por mestre (rabi). Aqueles que os seguiam, ouviam as explicaes e aprendiam com eles, eram os seus discpulos. Jesus tinha mui-tos discpulos. Os Evangelhos falam-nos de 72, certamente um nmero simblico (6 x 12), que evoca, em certa medida, os 70 ancios escolhidos por Moiss (Nm 11, 16-30). Esses discpulos eram homens e mulheres (Lc 8, 12-13). Os cristos so tambm discpulos de Cristo (Act 11, 26b).
PROFETA No trabalho de grupo do tema 2, descobrimos como ser catequista imagem do profeta Isaas e Jeremias. Haver alguma semelhana entre os catequistas e os profetas? Quem eram os profetas?
Eram homens chamados por Deus, mensageiros da sua Palavra. O Senhor encarregava-os de transmitirem os Seus recados ao povo de Israel. Profeta , pois, um porta-voz de Deus.
Isaas e Jeremias so dois dos quatro profetas tambm chamados maiores. Os outros so: Ezequiel e Daniel. Os menores so: Oseias,
Mdulo II Quem o catequista
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Joel, Ams, Abdias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.
TESTEMUNhA Testemunha , evidentemente, quem pode dar testemunho: falar daquilo que sabe, que conhece, que expe-rimentou ou presenciou. A grande testemunha Jesus: ...Vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade (Jo 18, 37). Os Apstolos so testemunhas da Ressurreio de Jesus pela fora do Esprito (Act 1, 8), eles que comeram e beberam com Jesus ressus-citado (Act 10, 41). imagem dos Apstolos, os cristos devem tambm ser testemunhas da Ressurreio de Jesus (1 Cor 15, 1-4).
VOCAO Significa chamamento. A Bblia apresenta-nos muitos chamamentos. Cada um deles est ligado a uma misso especial. Cada pessoa chamada no o s para a sua salvao, mas tambm para a salvao dos outros. Abrao chamado a ser pai de um grande povo (Gn 12, 1-2), Moiss para tirar do Egipto o povo que a vivia oprimido (Ex 3, 4-10), Isaas e Jeremias para anunciar a Palavra (Is 6, 1-9; Jer 1, 4-7). Joo Baptista chamado para preparar os caminhos para a vinda do Messias (Lc 3, 1-6) e os Apstolos para anunciarem o Reino de Deus (Lc 9, 1-2). Tam-bm ns somos escolhidos e chamados (Rom 8, 30; 1 Cor 1, 9). A vocao pode realizar-se de muitas formas, mas o nosso cami-nho pessoal seja ele qual for um caminho que nos leva a dar testemunho da verdade e que se concretiza no amor ao prximo (1 Ped 1, 22-23). Em ltima anlise, a nossa vocao um chama-mento santidade (Lv 19, 2).
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MATERIAL A UTILIZAR
Quadro ou folha de papel (cartolina)
Bblia
Painel com os livros da Bblia e dos grandes passos da Histria da Salvao, em cartaz ou acetato
Catecismo da Igreja Catlica
Esquema geral do CIC em cartaz ou acetato
MDULO III
(180 min)
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INTRODUO
J descobrimos a tarefa especfica da Catequese, identificmo--nos com ela, sentimos as suas exigncias e a nossa responsabili-dade como chamados por Deus e dispostos renovao contnua do nosso sim tarefa catequtica, que nos confiada, na Igreja. o momento de iniciarmos, neste terceiro mdulo, o aprofundamento da mensagem que temos de transmitir.
Neste Mdulo preteNdeMos
tomar conscincia da realidade complexa do ser humano a quem levamos, hoje, uma boa Nova
descobrir a palavra de deus, transmitida pela tradio e pela escritura, autenticamente in-terpretada pelo Magistrio, como Fonte da Ca-tequese
proporcionar uma introduo bblia, devido ao lugar que ela ocupa na Catequese
discernir alguns critrios para a apresentao da Mensagem evanglica
Apresentar o CIC como a sntese da f da Igreja para o mundo de hoje
Cntico: Deixa Deus entrar. 6
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Mdulo III O que anuncia a catequese
Porque o catequista, alm de ser testemunha, deve ser mestre que ensina a f, -lhe indispensvel um conhecimento orgnico da mensagem crist, articulada a partir do mistrio central da f, que Jesus Cristo (DGC 240).
Este mdulo prope-se estabelecer a base dessa formao org-nica, apresentando as principais fontes da mensagem a transmitir.
Depois de um breve mas atento olhar sobre as dificuldades inerentes ao mundo dos homens de hoje, a quem nos dirigimos, descobrindo, ao mesmo tempo, as suas aspiraes, nsias e dese-jos mais profundos, bem como os seus valores, preocupaes e sensibilidades (Tema 1), vamos, no tema seguinte, descobrir como Deus manifestou, de tantas maneiras e modos, o Seu amor, a Sua confiana, a Sua entrega pela Salvao do homem (Projecto Seu). A Sagrada Escritura tem um lugar inconfundvel na Catequese: mostra-nos o que dizer aos homens de hoje, mas ainda mais o que fazer e como fazer, que caminho percorrer, a partir da longa experincia relacional entre Deus e o Homem, expressa na Bblia.
Finalmente, o tema 3 leva-nos aos dias de hoje novamente. Vai ser-nos apresentado o CIC, como a sntese da f proposta pelo Magistrio da Igreja para os tempos de hoje, a partir das indicaes do Conclio Vaticano II. Tambm ele ser um texto de referncia, seguro e autntico, para o ensino da doutrina catlica (FD 4) que misso do catequista fazer.
Tendo em linha de conta todos estes elementos, o catequista ficar capacitado para apresentar a f ntegra e completa, sabendo identificar o essencial sem o confundir com os elementos secun-drios (Cf. EN 25), apresentando, deste modo, uma Boa Nova que seja, de facto, libertadora e fonte de vida e de esperana para os homens e mulheres deste tempo.
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1DIfIcULDADes NO ANNcIO DA BOA NOVA
(50 min)
oBJeCTivo: Tomar conscincia das dificuldades dos que anunciam a Boa nova.
1.1. Trabalho de grupos (20 min)
resPonder s PerGunTas
a) Quais so hoje as maiores dificulda-des para o anncio da Boa Nova ?
b) Que acontecimentos da vida actual podem ser considerados positivos para o anncio da Boa Nova?
1.2. Cntico: No adores nunca ningum mais que a Deus ou: O Profeta
1.3. Plenrio (30 min)
Comunicao da reflexo dos grupos.
O Catequista Formador ter em conta alguns aspec-tos, como por exemplo:
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a) Quais so hoje as maiores dificuldades para o anncio da Boa Nova ? a actual sociedade consumista a grande procura de bens materiais o tipo de educao que se ministra uma doutrina abstracta a tcnica e a cincia a ausncia de valores o alheamento em relao a tudo que implica algum esforo a falta de ideais o tradicionalismo da Igreja o indiferentismo religioso uma desmotivao generalizada
b) Que acontecimentos da vida actual podem ser con-siderados positivos para o anncio da Boa Nova? maior ateno aos mais desfavorecidos preocupao pelos direitos humanos a sensibilidade ecolgica maior ateno aos valores da vida humana
O Catequista Formador, para orientar esta sntese, pode
servir-se de DGC 17-23.
SnteSe feita pelo CatequiSta formador
Se olharmos para o mundo de hoje, a partir da F no Senhor
da histria, vemos muitas sombras: a injustia, o consumismo
materialista, contrastando com a fome e a misria, a falta de
Mdulo III O que anuncia a catequese
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liberdade, as opes pela violncia, o atesmo e secularismo,
a indiferena religiosa e relativismo moral, todas as situaes
de degradao da dignidade da vida humana.
Vemos tambm, por outro lado, a crescente conscincia mun-dial destas injustias, a luta pela defesa dos direitos humanos,
a sensibilidade em relao aos problemas ecolgicos, um certo
retorno ao sagrado, embora no sem ambiguidades.
Esta situao no desorienta nem desanima a Igreja, antes a
torna mais consciente da importncia da mensagem de que
portadora para o mundo de hoje e a faz empenhar-se na
transformao do mundo e do homem, que Deus quis e que
Deus quer. Isto numa ateno maior, num dilogo mais fecundo
e numa cooperao mais forte com todos os homens de boa
vontade.
A Catequese deve preparar as pessoas para esta cooperao, sendo j espao de relao fecunda entre pessoas com origem em culturas e subculturas diversas, mas que sabem descobrir no Evangelho a fonte de comunho, de dinamismo capaz de motivar e iluminar o ser humano, impulsionando-o e fazendo-o descobrir o sentido da sua existncia actual.
1.4. Cntico: Nada temo porque... ou: Vem servir o homem
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2O qUe ANUNcIAR hOje ?
(70 min)
oBJeCTivo: Compreender a importncia da sagra-da escritura na Catequese e fazer a apresentao da Bblia.
2.1. Trabalho de grupos (20 min)
Cada grupo l um dos seguintes conjuntos de textos:1 grupo: Gen 12, 1-3 e Lc 2, 10-12;2 grupo: Gen 17, 1b-8 e Mt 7, 24-29;3 grupo. Ex 3, 7-10 e Jo 6, 68;4 grupo: Is 7, 10-14 e Jo 7, 32-47;5 grupo: Is 9, 1-6 e Mt 5, 13-20;6 grupo: Is 61, 1-2 e Lc 4, 16-21;7 grupo: Jer 31, 31-33 e Mt 5, 1-12.
resPonder s PerGunTas
a) Qual a mensagem que o autor bblico pretende transmitir?
b) Qual a Boa Nova destes textos para a nossa vida de hoje?
Mdulo III O que anuncia a catequese
Cada grupo elabora uma orao, a partir dos textos bblicos que reflectiu, para pedir o dom do anncio, que desperta a f em Jesus Cristo.
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2.2. Cntico: Tua Palavra de Amor.
2.3. Plenrio (30 min)
Comunicao da reflexo dos grupos
SnteSe feita pelo CatequiSta formador
A Bblia apresenta-nos a maravilhosa aventura da vida da hu-manidade querida e amada por Deus. o prprio Deus que
chama o homem existncia e, ao longo da sua caminhada
histrica, lhe vai lembrando o Seu projecto, a sua vocao.
Deus no se limita a chamar o homem (Cf. Gen 12, 1-3), mas
vai Ele prprio ao seu encontro (Cf. Lc 2, 10-12).
No faz apenas uma Aliana com ele (Cf. Gen 17, 1-8), mas
Ele mesmo, pela Sua Palavra (Cf. Jer 31, 31-33; Mt 7, 24-29;
Jo 6, 68), e pela Sua vida, que a sustenta e para sempre a renova
em Jesus Cristo.
O Verbo de Deus, Jesus Cristo, como chave de toda a Bblia,
plenitude da Revelao (Cf. Mt 5, 1-12) e pleno cumprimento
da Lei (Mt 5, 13-20) e dos Profetas (Lc 4, 16-21), vem restaurar
a relao nica entre o Homem e Deus. Ele, o mediador nico
entre o Homem e Deus, tambm o seu Salvador e Libertador.
Vem revelar-nos o eterno desgnio do Pai sobre ns: temos,
de facto, a dignidade de filhos, igualmente herdeiros de pleno
direito (como irmos).
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Mdulo III O que anuncia a catequese
2.4. Apresentao da Bblia (20 min)
O Catequista Formador poder apresentar um painel com o conjunto dos livros da Bblia e dos grandes passos da His-tria da Salvao, em cartaz ou acetato (ver MATERIAL A UTILIZAR).
Poder fazer a apresentao segundo o texto que se segue.
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2.4.1. Introduo
A Bblia o livro por excelncia de muitos milhes de crentes (ju-deus e cristos). Ao longo dos sculos, muitas geraes tm alimentado a sua f e descoberto os caminhos de Deus para a sua vida atravs dela.
Ainda hoje a Bblia continua a ser o livro mais divulgado em todo o mundo. Est traduzido em todas as lnguas e permanente-mente objecto de estudo de telogos, arquelogos e historiadores.
Apesar deste interesse, para muitos cristos, sobretudo entre catlicos, ela ainda desconhecida.
Vamos apresentar a Bblia com a finalidade de ajudar os cate-quistas a descobri-la e a deixarem-se penetrar pela sua mensagem, de modo a poderem transmiti-la fielmente.
2.4.2. Significado e divises da Bblia
A palavra Bblia vem do grego ta biblia, que significa os livros. A Bblia, dividida em duas grandes seces Antigo Testa-mento e Novo Testamento mais do que um livro, uma biblioteca, constituda na sua totalidade por 73 livros (46 do Antigo Testamento e 27 do Novo Testamento).
Testamento significa Aliana. Assim, temos a primeira parte da Bblia marcada pela antiga Aliana, que Deus comeou a fazer com Abrao, quando lhe prometeu uma descendncia e uma terra (Gn 12); ratificou com Moiss, quando definiu o Seu povo e lhe deu a Lei da Aliana (Ex 20); e continuou com os profetas, que progressivamente a vo aprofundando e actualizando (Ez 36, 26).
A segunda parte, ou seja, o Novo Testamento, revela-nos a nova e eterna Aliana, que Deus estabeleceu com os homens atravs de Jesus Cristo.
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Para maior compreenso do que ficou dito, convm ler e co-mentar os seguintes textos:
Gn 15; Aliana com Abrao;
Ex 24, 1-8; Ratificao da Aliana com Moiss;
Jer 31, 31-34; Nova compreenso da Aliana com os profetas;
Mt 26, 26-29; Nova Aliana selada com o Sangue de
Cristo.
2.4.3. Antigo Testamento
A diviso hebraica do Antigo Testamento compreendia trs par-tes: a LEI (Torah em hebraico), os PROFETAS e os ESCRITOS (hagigrafos).
A LEI, para os judeus, era a parte mais importante dos livros sagrados, pois consideravam-na ditada por Deus a Moiss. composta pelos cinco livros que formam o conjunto conhecido por PENTATEUCO:
Gnesis (Gn) que engloba a origem do mundo, do homem e do povo;
xodo (Ex) que narra o caminho de libertao dos israelitas da opresso egpcia, a formao do povo eleito e o pacto de Aliana com Deus no Sinai;
Levtico (Lv) manual litrgico dos sacerdotes; Nmeros (Nm) assim chamado porque contm os nmeros
do recenseamento no Sinai; Deuteronmio (Dt) que contm uma segunda apresentao
da Aliana e do Declogo.
Mdulo III O que anuncia a catequese
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A diviso crist compreende trs partes:
Livros histricos: compreendem os cinco livros do Pentateuco atrs mencionados, e ainda dezasseis livros que narram a histria do povo e seus chefes, como por exemplo: Josu, Juzes, Samuel, Reis (ver o nome de todos estes livros no ndice da Bblia).
Livros sapienciais ou de Sabedoria: so sete livros, onde en-contramos a expresso da sabedoria e dos sentimentos do povo: salmos, provrbios, poesias, cantos, oraes, etc. (ver o nome de todos estes livros no ndice da Bblia).
Livros profticos: so dezoito livros. Contm a vida e a men-sagem dos profetas: Isaas, Jeremias, Ezequiel, Ams, etc. (ver no ndice da Bblia o nome de todos os livros profticos).
Para localizar as passagens bblicas, deve ter-se em conta a divi-so dos livros da Bblia em captulos e versculos. Assim, cita-se primeiro o livro (ou a sua abreviatura), com o captulo, seguido do versculo separado por uma vrgula (ex: Ez 36, 28). Se desejamos citar um grupo de versculos, escrevem-se o primeiro e o ltimo versculos separados por um trao (ex: Ez 36, 26-30). O salto de um versculo a outro indica-se com um ponto (ex: Ez 36, 26.28).
Apresentar, em seguida, algumas passagens bblicas e aju-dar a situ-las. Para isso, mandar abrir a Bblia a meio, onde encontram, decerto, os livros sapienciais; constatar que, para a esquerda, esto os histricos e, para a direita, os profticos. Algumas passagens mais significativas para procurar, ler e meditar: Dt 26, 5-9; Salmo 43(42) ou 28(27) ou 24(23);
Is 52, 7-10.
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2.4.4. Novo Testamento
Compreende os Evangelhos, os Actos dos Apstolos, as Cartas de S. Paulo, as Epstolas Catlicas e o Apocalipse.
Evangelhos: A palavra Evangelho significava primeiramente a Boa Nova de salvao trazida humanidade por Jesus Cristo (Mc 1, 14). S a partir do sculo II passou a designar os livros que descrevem todas as aces e ensinamentos de Jesus (Act 1, 1).
Embora tenham sido escritos vrios evangelhos, no entanto, a Igreja aceitou apenas quatro como inspirados, que designou por cannicos, enquanto que aos outros chamou apcrifos, que sig-nifica suspeitos. Assim temos: o Evangelho segundo S. Mateus, S. Marcos, S. Lucas e S. Joo.
S. Mateus Era judeu, cobrador de impostos e foi um dos dis-cpulos de Jesus (Mt 9, 9). Escreveu o Evangelho por volta do ano 70 e procura demonstrar que, em Jesus de Nazar, se cumpriram as profecias do Antigo Testamento.
S. Marcos Talvez tenha conhecido pessoalmente Jesus (Mc 14, 51-52), mas no pertencia ao crculo dos discpulos mais ntimos. Acompanhou Paulo na primeira viagem missionria a Chipre (Act 13, 5) e, mais tarde, foi discpulo de S. Pedro (1 Pd 5, 13); da que o seu Evangelho reflicta a pregao deste Apstolo. o texto do Evangelho mais curto e mais vivo, com poucos discursos e muita aco. Os gestos de Jesus so pregao viva do Evangelho.
S. Lucas Dotado de grande cultura (alguns dizem que era m-dico) e grego de nascimento, escreve para os gentios. chamado o evangelista da misericrdia de Cristo, pois narra vrias parbolas que manifestam a ternura de Deus pelos publicanos e pecadores (Lc 15). D muita ateno infncia de Jesus e da ser conhecido tambm como o evangelista da infncia.
Mdulo III O que anuncia a catequese
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S. Joo o Evangelho mais teolgico, em que se aprofunda o significado de Jesus Cristo, Filho de Deus, como Luz e Vida para os crentes. Como o prprio autor afirma: este livro foi escrito para que acrediteis que Jesus o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em Seu nome (Jo 20, 31).
Situar os Evangelhos no Novo Testamento e sugerir aos catequistas que faam uma leitura da introduo geral aos
Evangelhos e da introduo a cada um deles.
Actos dos Apstolos: um livro escrito por S. Lucas, autor do terceiro Evangelho, que narra as actividades dos Apstolos, especialmente de S. Pedro e de S. Paulo, desde a Ressurreio de Jesus at chegada do Evangelho capital do Imprio Roma.
Descreve tambm um pouco a vida das primeiras comunidades crists, para as apresentar como modelo para os cristos de todas as pocas. Este livro tambm designado por Evangelho do Es-prito, pois reala a aco do Esprito na Igreja.
Folhear o livro dos Actos dos Apstolos e verificar que a Igreja nasceu em Jerusalm com a descida do Esprito Santo (Act 2), mas progressivamente vai-se expandindo, primeira-mente ente os judeus (Act 3, 26), e depois tambm entre os
gentios (Act 10, 46).
Cartas de S. Paulo: As cartas de S. Paulo tm como finalidade orientar as comunidades formadas pelo Apstolo. Algumas so anteriores redaco do Evangelho (a 1 aos Tessalonicenses o primeiro escrito do Novo Testamento, por volta do ano 51). Encontram-se na Bblia pela ordem de importncia e dimenso.
Analisar pelo ndice: Cartas s Comunidades as nove pri-meiras; Cartas Pastorais as duas a Timteo e uma a Tito;
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Postal a Filmon; Carta aos Hebreus, cujo autor se desconhe- ce.
Epstolas Catlicas: Assim chamadas porque no tm destina-trio especfico, mas dirigem-se a todas as Igrejas crists.
Situar as sete Epstolas Catlicas na Bblia.
Apocalipse (Revelao): O autor deste livro, S. Joo, deseja alimentar a f dos primeiros cristos e encoraj-los a enfrentar com firmeza as primeiras perseguies. Contm uma mensagem de esperana e consolao e utiliza linguagem simblica.
Mostrar que este o ltimo livro da Bblia.
2.5. Orao Orao preparada anteriormente nos grupos.
Pode usar-se tambm a seguinte Orao:
TU FALAS, SENHOR
Fazer silncio para Te ouvir, fazer silncio para escutar a Tua Palavra,que no uma coisa, mas uma Pessoa,
o Verbo feito carne...o Teu Amado Filho...
Mas as minhas trevas no recebem a Luz,o meu corao no nobre e virtuoso,
a Tua Palavra bate, mas eu nem sempre abro o corao,no disponho a alma para Te receber...
Por isso, ando triste, vazio...sedento e insatisfeito...
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Ajuda-me, Senhor,a receber o Teu Filho, a Tua Palavra,
para que eu fique nEle e Ele em mim...para que o meu corao produza fruto em abundncia,
para que as minhas trevas dem lugar Tua Luz.
Cntico: Toda a Bblia comunicao ou: Palavra do Senhor
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3qUe ANNcO fAz hOje A IgRejA ?
(60 min)
oBJeCTivo: apresentar o Catecismo da igreja Catlica como a sntese da f da igreja.
Mdulo III O que anuncia a catequese
I PARTEA Profisso de f
1 SecoEu creio Ns cremos
OhomemcapazdeDeus DeusaoencontrodoHomem ArespostadoHomemaDeus
EucreioNscremos
2 SecoA Profisso da F Crist
CreioemDeusPaiDeusOPaiOTodoPoderosoOCriadorOCueaTerraOHomemAqueda
CreioemJesusCristo,FilhonicodeDeusFilhodeDeus/concebidopeloEsprito//nascidodaVirgemMaria/Fez-sehomem
OsmistriosdavidadeCristoPadeceu,foicrucificado,mortoesepultadoDesceuaosinfernoseressuscitoudosmortosSubiuaoscuseestdireitadoPaiVirjulgarosvivoseosmortos
CreionoEspritoSanto
CreionaSantaIgrejaCatlicaAComunhodosSantosMaria,MedeCristo,MedaIgreja
Creionaremissodospecados
Creionaressurreiodacarne
CreionavidaeternaOJuzoOCuOPurgatrioOInfernoAesperanadosnovoscusedanovaterra
II PARTEA celebrao do mistrio cristo
1 SecoA economia sacramental
OMistrioPascalnotempodaIgreja ALiturgia,obradaSantssimaTrindade OMistriopascalnosSacramentosdaIgreja
OssacramentosdeCristoOssacramentosdaIgrejaOssacramentosdafOssacramentosdasalvaoOssacramentosdavidaeterna
AcelebraosacramentaldoMistrioPascal CelebraraLiturgiadaIgreja
Quem,como,quando,onde DiversidadeLitrgicaeunidadedomistrio
2 SecoOs sete sacramentos da Igreja
Ossacramentosdainiciaocrist OsacramentodoBaptismo OsacramentodaConfirmao OsacramentodaEucarstia
Ossacramentosdecura OsacramentodaPenitnciaedaReconciliao AunodosEnfermos
Ossacramentosdoserviodacomunidadecrist OsacramentodaOrdem OsacramentodoMatrimnio
Asoutrascelebraeslitrgicas Ossacramentais Asexquiascrists
A f professada A f celebrada
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3.1. Breve apresentao do CIC (10 min)
A partir de esquema previamente preparado (ver MATERIAL A UTILIZAR), o Catequista Formador apresenta o CIC e a sua estrutura fundamental, tendo em conta o trabalho de grupos que se vai seguir. (Cf. DGC 121-122)
Guia do Formador
A f vividaIII PARTE
A vida em Cristo
1 SecoA vocao do homem:
a vida no Esprito
Adignidadedapessoahumana OHomemImagemdeDeus Anossavocaobemaventurana Aliberdadedohomem Amoralidadedosactoshumanos Amoralidadedaspaixes Aconscinciamoral Asvirtudes Opecado
Acomunidadehumana Apessoaeasociedade Aparticipaonavidasocial Ajustiasocial
AsalvaodeDeus:aleieagraa Aleimoral Graaejustificao AIgreja,meeeducadora
2 SecoOs dez mandamentos
AmarsoSenhorteuDeus,comtodooteucorao,comtodaatuaalmaecomtodasastuasforas
Mandamentos1a3
AmarsoteuprximocomoatimesmoMandamentos4a10
A f rezadaIV PARTE
A orao crist
1 SecoA orao na vida crist
Arevelaodaorao Oapelouniversalorao
NoAntigoTestamentoNaplenitudedotempoNotempodaIgreja
Atradiodaorao Asfontesdaorao Ocaminhodaorao Osguiasparaaorao
Avidadeorao Asexpressesdaorao Ocombatedaorao AoraodahoradeJesus
2 SecoA orao do Senhor
Pai Nosso
OresumodetodooEvangelhoPaiNossoqueestaisnoscus
Assetepeties
Adoxologiafinal
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3.2. Trabalho de grupos (20 min)
O Catequista Formador distribui os textos, um ou dois n-meros para cada grupo, conforme o nmero de grupos.
Ler os textos:EN 25; Contedo essencial e elementos secundriosEN 26-27; Testemunho do amor do Pai e a salvao em Jesus Cristo, no centro da mensagemCT 6-7; Transmitir a doutrina de Cristo /Cristo ensinaDGC 97; Critrios para a apresentao da mensagemDGC, 120; O Catecismo da Igreja Catlica e o Direc-trio Geral da CatequeseDGC, 121; A finalidade e a natureza do Catecismo da Igreja CatlicaDGC, 125; O Depsito da f e o Catecismo da Igreja CatlicaDGC, 127 e 128; A Sagrada Escritura, o Catecismo da Igreja Catlica e a Catequese
resPonder s PerGunTas
a) Relaciona o texto que leste com o CIC e o DGC. Como se articulam estes com a Catequese?
b) Quais os contedos transmitidos pela Catequese?
Mdulo III O que anuncia a catequese
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Guia do Formador
3.3. Cntico: Quem me seguir ou: Todos Unidos
3.4. Plenrio (30 min)
Comunicao da reflexo dos grupos
SnteSe feita pelo CatequiSta formador
A Catequese deve transmitir a Boa Nova da Salvao, que, aco-lhida com o corao,... aprofundada depois sem cessar pela Catequese, mediante reflexo e estudo sistemtico; mediante uma tomada de conscincia cada vez mais responsvel das suas repercusses na vida pessoal; e mediante uma insero no todo orgnico e harmonioso, que a existncia crist na sociedade e no mundo (CT 26).
Apresenta, a seu modo, a Palavra de Deus transmitida na Tra-dio e na Escritura (Cf. CT 27) e autenticamente interpretada pelo Magistrio, que desperta a F e alimenta o corao dos crentes. Mas deve fazer esta apresentao no respeito pela integridade da Mensagem (Cf. CT 30), organizada equilibrada-mente, no respeito pela hierarquia de verdades (Cf. CT 31) e segundo uma linguagem acessvel pessoa humana, de cada tempo e de cada cultura.
Os contedos, podemos encontr-los ordenados e sintetizados no CIC, como um servio do Magistrio do Papa Palavra de Deus, que no descuida as suas vertentes essenciais: A F que se professa (Credo), que se celebra (Sacramentos), que se vive (as suas implicaes morais e sociais, os Mandamentos) e se
reza (A orao, intimidade com Deus, o Pai Nosso).
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Neste Mdulo desCobrIMos
Algumas caractersticas do ser humano actual e do espao sciocultural em que se movimen- ta.
Que o homem de hoje sensvel aos valores do evangelho: urgente dar-lhe, no apenas aquilo que ele pede, mas aquilo de que precisa: a boa Nova para hoje.
Que a palavra de deus, transmitida pela tra-dio e pela escritura e autenticamente inter-pretada pelo Magistrio, a fonte de todos os contedos catequticos.
A bblia, como lugar de encontro entre deus e o homem, tem lugar central na Catequese.
A pessoa de Jesus Cristo como plenitude de toda a bblia.
Aceitmos como critrios para a apresentao da Mensagem evanglica: Centrada em Jesus Cristo, que nos introduz na
dimenso trinitria; Centrada no dom da salvao, com carcter
eclesial, histrico e salvador do homem concre-to, marcado historicamente;
3.5. Cntico: Vai depressa mensageiro 36
Mdulo III O que anuncia a catequese
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Guia do Formador
Inculturada e ntegra; orgnica e hierarquizada, de tal modo que se
torne significativa para a vida da pessoa hu-mana;
seja anncio da f da Igreja, (conduzida pelo esprito santo), dos Apstolos, dos Mrtires, dos santos, dos pastores;
tenha em conta as formulaes da F: os sm-bolos, Frmulas litrgicas e oraes eucars-ticas.
o CIC como a sntese da F da Igreja para o mun-do de hoje e referncia segura para o Anncio da boa Nova.
QUESTES PARA REFLEXO1. Leia os nmeros 95 e 96 do DGC e diga quais
so as fontes da Catequese.
2. Que relao existe entre a Sagrada Es-critura, a Tradio e o Catecismo da Igre-ja Catlica? Que lugar ocupa cada um na Catequese?
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VOcABULRIO DO cATeqUIsTA
BBLIA E TRADIO A Bblia, antes de ser escrita, foi tradio oral. Tradio significa entrega ou transmisso. Jesus entregou a Sua Mensagem Igreja, de maneira viva e no como letra morta: atravs de gestos, aces e de viva voz. E mandou Igreja que, por sua vez, a transmitisse a todas as geraes.
Parte desta tradio foi redigida por escrito e est contida no Novo Testamento. Mas nem todas as tradies foram escritas: algumas foram transmitidas oralmente (Cf. Jo 20,30). Da que o Magistrio da Igreja nos apresente, tambm como contedo da f crist, algumas verdades, que no so directamente da Bblia, mas fazem parte da tradio crist (por exemplo, muitas verdades acerca de Nossa Senhora).
Assim, a Palavra de Deus est contida na Tradio e na Escritura (CT 27). A Sagrada Tradio e a Sagrada Escritura constituem um s depsito Sagrado da Palavra de Deus, confiado Igreja (DV 10). O n 9 da mesma constituio (Dei Verbum) explica mais claramente a relao entre Sagrada Escritura e Tradio. A Sagra-da Tradio e a Sagrada Escritura, relacionam-se e comunicam-se intimamente entre si; porque, surgindo ambas da mesma