UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO - UNICID
HELOÍSA HELENA TÓFOLI
POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO: A presença do corpo na
Educação Brasileira – 2000-2012
SÃO PAULO
2013
1
HELOÍSA HELENA TÓFOLI
POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO: A presença do corpo na
Educação Brasileira – 2000-2012
Dissertação apresentada como exigência parcial para a obtenção do título de Mestre em Educação, na Universidade Cidade de São Paulo – UNICID, sob orientação da Profa. Dra. Edileine Vieira Machado da Silva.
UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO
SÃO PAULO
2013
2
______________________________________
______________________________________
______________________________________
COMISSÃO JULGADORA
3
Aos meus pais Antonio e Irene, pelo apoio e incentivo em todas as horas de minha formação e de minha vida.
Ao Henrique e Gabriela, meus queridos filhos, pela paciência e compreensão da minha ausência em todos os momentos desta importante etapa de nossas vidas.
Ao Agnaldo, meu esposo, crítico e incentivador no transcorrer desta caminhada, que soube compreender esta fase complexa, incentivando-me sempre a caminhar em frente e não desistir.
Ao meu irmão Nilton, sempre amigo, carinhoso e prestativo, suas maiores virtudes. E é, isso que o torna um ser humano tão especial.
Ao meu irmão Luiz, sempre presente, colaborando de diferentes maneiras.
Aos meus cunhados e cunhadas, sobrinhos e sobrinhas, pela presença sempre constante em minha vida.
4
AGRADECIMENTOS
À Professora Doutora Edileine Vieira Machado da Silva, minha orientadora,
pela infinita disponibilidade, por todos os ensinamentos, pela impecável
condução desta minha pesquisa e por ser a maior incentivadora na superação
de meus limites.
Ao Professor Doutor Jair Militão da Silva, pelo exemplo de educar, de tratar a
pessoa com dignidade e suas sábias contribuições durante os grupos de
pesquisa.
À Professora Carla Andréa, pelas contribuições significativas para o
aprimoramento do meu trabalho no exame de qualificação.
Ao Professor Doutor João Gualberto de Carvalho Meneses, pela competência
e disposição em compartilhar suas experiências em Política Públicas de
Educação.
Às meninas da secretaria do Programa de Pós- Graduação da Universidade
Cidade de São Paulo, em especial à Sheila Simone Alves, pela delicadeza,
sensibilidade e por todos os acolhimentos.
Aos meus amigos do mestrado, em especial ao Adilson Antunes e a Denise
Cristina, vocês foram simplesmente essenciais no percurso desta caminhada.
Obrigada pela amizade, pela parceria, pela cumplicidade e pela troca de
experiências no mundo acadêmico.
Às minhas amigas e companheiras de profissão, Cássia Regina Saade
Pacheco e Maria Eulália Baleotti, pela colaboração inestimável.
Às minhas amigas Fernanda Antunes, Rosa e Rosângela Vaz, por estarem
sempre prontas a me ouvir.Tê-las como amiga é um grande privilégio.
5
Aos meus alunos da FAMA- Faculdade de Mauá, pela compreensão e
tolerância nas horas de ausências e pelo incentivo e credibilidade que me
dispensaram.
A todas as pessoas que indiretamente sem saber, colaboraram com a minha
pesquisa.
6
TÓFOLI, Heloísa Helena. Políticas Públicas em Educação: A presença do corpo na Educação Brasileira - 2000-2012. 2013. 84 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Cidade de São Paulo, São Paulo, 2013.
RESUMO
Essa pesquisa tem por objetivo identificar e compreender o termo “corpo” na Educação brasileira entre os anos 2000 e 2012. A investigação originou-se da experiência da autora como fisioterapeuta atendendo escolares com alterações posturais em coluna vertebral e fatores associados a escolares. Documentos como IBGE – PENSe (2009), destaca a importância do monitoramento dos níveis de atividade física entre os estudantes para se pensar uma política pública para esses. Destaca a importância da atividade física para a promoção da saúde; a escola como espaço de difusão da importância da atividade física para a promoção de uma vida com mais saúde; o crescimento da obesidade e pouca atividade física entre crianças, adolescentes e adultos. Dessas afirmações, surge o problema de pesquisa: como o termo corpo é apresentado e tratado na Educação Brasileira entre 2000 e 2012? Objeto de estudo: documentos referentes à Educação Brasileira e estudos referentes ao tema de pesquisa realizados entre 2000 e 2012. Parte-se do pressuposto de que a Educação Postural precisa ser mais explorada e divulgada na escola para prevenir alterações posturais e possíveis deficiências físicas nos escolares. Procedimentos metodológicos: pesquisa documental e bibliográfica. Referenciais: Rebolho (2005); Silva et al (2011); Silva (2006); Souza Junior et al (2011) e outros. Alguns resultados: há de se levar em conta formas e cargas de materiais escolares pelos alunos, assim como a ergonomia das carteiras do escolar. Considerações: Há necessidade de se desenvolver Programa de Educação Postural na escola, incentivando atividades físicas, esporte e alguns exercícios de alongamento durante as aulas, para a prevenção de doenças posturais e de deficiências físicas. Palavras-chave: Políticas Públicas de Educação; Tema Transversal Saúde; Prevenção de Doenças Posturais; Prevenção de Deficiências Físicas.
7
TÓFOLI, Heloísa Helena. Public Policies in Education area: The presence of the term body in Brazilian Education - 2000-2012. 2013. 84 f. Dissertation (Master's in Education) – Universidade Cidade de São Paulo, São Paulo, 2013.
ABSTRACT
The present research aims to identify and comprehend the term “body” in the Brazilian Education between the years 2000 and 2012. The investigation originated from the experience of the author as a phisioterapist working with students that presented postural alteration in their spinal cords and factors associated to them. Documents such as IBGE – PENSe (2009), enhances the importance of monitoring the levels of Physical Education for students and based on it to develop a public policy for these students. It also highlights the Physical Education importance as a way to promote health; the school as crucial environment to air the importance of the Physcial Education as a way to achieve a healthier life; the growing number of obesity and the little number of physical activity practice by the children, adolescents and adults. From these assertions come out the research dilemma: How is the term body presented and treated in the Brazilian Education System between the years of 2000 and 2012? Aim of the study: documents concerning the Brazilian Education and the studies towards the researched theme carried out between 2000 and 2012. It is initiated from the assumption that the Postural Education needs to be more explored and spread at school to prevent postural changes and possible physical disabilities on the students. Methodological procedures: desk and bibliographic research. Database: Rebolho (2005); Silva et al (2011); Silva (2006); Souza Junior et al (2011) among others. Some results: it should be taken into account the manner and the weight of the school materials carried by the students, also the ergonomy of the students’desks. Considerations: It is necessary to develop a Postural Education Program at schools, motivating the practice of physical activities, sports and some stretching exercises during the classes, thus preventing the postural diseases and the physical disabilities. Keywords: Educational Public Policies; the Cross-cutting Theme Health; prevention of postural diseases; prevention of physical disabilities.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 21
2 CORPO E SAÚDE POSTURAL PRESENTES NAS
POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO 25
3 ESTUDOS REALIZADOS SOBRE CORPO E SAÚDE POSTURAL ENTRE 2000 E 2012 41
3.1 Saúde Postural 41
3.2 Postura 47
3.3 Pesquisas realizadas entre 2000 e 2012 sobre corpo e saúde postural 51
CONSIDERAÇÕES FINAIS 68
REFERÊNCIAS 80
9
INTRODUÇÃO
Definição do tema e justificativa
O tema deste trabalho é Políticas Públicas em Educação: a presença
do corpo na Educação Brasileira – 2000-2012.
Iniciei minha trajetória profissional em 1988 quando conclui o curso de
Fisioterapia, pela Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE, em Presidente
Prudente, interior de São Paulo.
Minha primeira experiência profissional teve início em 1989 quando fui
trabalhar na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Assis –
APAE. Atuava como Fisioterapeuta, atendendo crianças com atraso no
desenvolvimento motor normal; decorrentes de paralisia cerebral e/ou
síndromes associadas. O atendimento iniciava-se logo nos primeiros dias de
vida com a estimulação precoce, adequado às necessidades de cada criança;
e o mais importante, é que sempre realizávamos um trabalho de orientação
junto aos familiares para conscientizar quanto à importância da continuidade
da estimulação desta criança em casa.
O trabalho era desenvolvido por uma equipe multiprofissional formada
por professores, fonoaudióloga, fisioterapeuta, médico neurologista, dentista,
psicóloga, pedagoga, assistente social, terapeuta ocupacional, educador físico
e administradores, desenvolvendo um trabalho integrado. Assim, o trabalho
da fisioterapia era realizado de forma articulada com a ação pedagógica,
promovendo um significativo desenvolvimento motor e, ao mesmo tempo
10
cognitivo, onde a criança interagia com as pessoas e objetos que constituíam
seu ambiente. Essa prática de multiprofissionais, trabalhando juntos, facilitava
a inclusão da criança com deficiência nas escolas e na sociedade. Foram
alguns anos de trabalho que pude experimentar não só práticas de prevenção
e reabilitação motora cognitiva, visando a independência funcional deles, mas,
também conviver com a família e com as próprias crianças e jovens com
deficiência. Nessa convivência pude experimentar um modo diferente de se
ver a vida e de que é possível encontrar a felicidade mesmo diante de tantas
privações e dificuldades. Durante a semana, acompanhávamos o transporte
das crianças de suas casas até a escola, auxiliávamos na hora das refeições,
no banho, em campanhas contra piolhos e nos momentos de recreação.
Foram momentos marcantes para minha vida, onde pude perceber a
importância do meu trabalho colaborando para uma melhora na qualidade de
vida coletiva das pessoas, o trabalho em equipe e a colaboração de todos
para o bem daquela comunidade.
Depois de dois anos, passei a integrar a equipe multidisciplinar do
Centro de Reabilitação, um programa da Prefeitura Municipal de Assis, onde
também realizávamos atendimentos a crianças e adultos com deficiência,
realizando a reabilitação deste indivíduo, e desta forma, prevenindo,
ganhando, mantendo e ou restaurando as funções e a sua qualidade de vida.
Isto abrange o bem-estar físico, psíquico, emocional e social. Também
visitávamos as escolas e creches municipais, realizando um processo de
triagem, com o objetivo de avaliar precocemente alterações e distúrbios no
11
desenvolvimento e crescimento das crianças em idade escolar, orientando os
professores e pais através de palestras e até mesmo elaboração de cartilhas
educativas. A participação da família em trabalho conjunto com a equipe
multidisciplinar é sempre um aspecto fundamental para uma melhor qualidade
de vida e resultados mais eficientes. Este trabalho me envolvia, pois ali,
convivia com realidades diferentes, e minha preocupação era atender a todos
igualmente, respeitando as diferenças sócio-econômicas de cada indivíduo,
usando uma linguagem adequada a cada realidade e de fácil compreensão
para todos.
Em 2006 tive a oportunidade de ingressar na carreira acadêmica, como
professora, no curso de pós-graduação, lato sensu, Formação de Gestores
de Ambientes Inclusivos na Universidade Cidade de São Paulo - UNICID e,
em 2008, como professora do curso de Aperfeiçoamento de Profissionais
de Educação Infantil no Centro Universitário Assunção - UNIFAI.
Para atuar nesta área, foi preciso realizar um processo de formação,
onde pude conhecer o conceito de educação e de situação educativa.
O conceito de Educação, segundo Silva (2003), de maneira bem
simples, é levar o educando de um ponto a outro e o processo de ensino e
aprendizagem só se dá por meio de uma situação educativa.
Situação Educativa, segundo Silva (2003), é aquela situação em que se
dá uma superação de um estado ao outro, mediante um caminho. É composta
por três elementos fundamentais: um ponto de partida, um ponto de chegada
e um caminho. O ponto de chegada consiste nos fins e nos objetivos da
12
educação; o ponto de partida, nos pressupostos antropológicos e
gnosiológicos; o caminho é o método.
A partir destes novos conhecimentos, comecei a refletir sobre alguns
conceitos fundamentais na área da saúde que durante minha formação como
Fisioterapeuta não foi abordada de forma educativa, mas sim de forma
informativa por parte dos professores e, além disso, a maior ênfase e a
preocupação eram com o conhecimento teórico e aplicação de técnicas. Por
outro lado, essa experiência como formadora, também me fez refletir sobre
minha prática como fisioterapeuta, atuando na prevenção e reabilitação dos
pacientes, e minha maior preocupação com a aplicação e desenvolvimento de
uma técnica. Isto me levou a questionar minha própria formação.
Tendo ingressado no Programa de Mestrado em Educação da
Universidade Cidade de São Paulo, na disciplina Pesquisa em Educação, foi-
nos solicitada uma redação de artigo sobre “Eu e a Pesquisa”. Essa atividade
tinha como um de seus objetivos, colocar-nos como sujeitos da nossa própria
pesquisa, que iríamos desenvolver no decorrer do Mestrado. Mesmo não
sendo objetivo dessa disciplina, essa me levou a pensar sobre minha própria
vida para justificar o porquê de eu ter ingressado para a área de Educação e o
motivo da escolha do tema da dissertação. Pude repensar minha história
como sujeito da própria formação e me fez relembrar de momentos da
infância.
Depois de alguns anos desenvolvendo trabalho de reabilitação física,
retomo um prazer de criança que era de brincar de ser professora. Foi quando
13
me dei conta de que há muito tempo já existia em mim um viés de interesse
pela educação. Quando criança, numa pequena cidade do interior de São
Paulo, Cândido Mota, tínhamos o privilégio de brincarmos nas ruas, no quintal
das casas com os amigos, nas praças públicas, tudo com muita tranqüilidade
e sem violência, mas a brincadeira preferida era a de “escolinha” e o que mais
gostava era ser professora – utilizava os diários de classe velhos da mãe de
uma amiga.
Fazendo esse exercício levou-me à transposição desses conceitos para
o meu trabalho como fisioterapeuta e, ainda, despertar em mim o interesse de
me aprofundar na área da Educação para compreender a sua contribuição
para a área da Fisioterapia e vice-versa.
A hipótese diagnóstica que realizo após a observação e a anamnese do
paciente e a recuperação das funções é o ponto de chegada. O tratamento
proposto é o caminho e que vai depender muito para o sucesso se houver a
adesão voluntária do paciente.
Pensando e escrevendo minha trajetória de vida relacionada à
formação profissional, pude observar a possibilidade de intersecção entre a
área da Educação e Saúde, por meio da identificação e significado do termo
“corpo” nos documentos oficiais da área da Educação e na coletânea de
trabalhos realizados referentes à saúde postural de escolares, contribuindo
para a difusão desse conhecimento no campo da Educação.
Atualmente os problemas posturais têm sido considerados como sério
problema de saúde pública, tendo em vista a sua grande incidência sobre a
14
população, incapacitando-a, definitivamente ou temporariamente, de suas
atividades profissionais.
Eis o início dessa pesquisa que é a marcha do conhecido para o
desconhecido, estudar nas políticas públicas de educação, entre os anos de
2000 e 2012, a presença de cuidados com o corpo, de modo mais específico,
no que se refere à saúde postural.
Dado que a formação inicial da pesquisadora não se deu na área da
Educação, para efeito de sua própria compreensão e formação, durante o
desenvolvimento desse trabalho, optou-se por descrever todo o caminho
percorrido, partindo do conceito de cada documento que será apresentado
nessa pesquisa.
Problema
O problema de pesquisa: como o termo corpo é apresentado e tratado na
Educação Brasileira entre 2000 e 2012, emerge da experiência da autora como
fisioterapeuta atendendo escolares com alterações posturais em coluna
vertebral e fatores associados a essa clientela. A essa problemática,
acrescenta-se o crescimento da obesidade e pouca atividade física entre
crianças adolescentes e adultos é um problema presente em nossa realidade,
apresentada na PENSe (PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE DO ESCOLAR),
realizada pelo IBGE (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA, 2009). Nessa pesquisa pode-se destacar, ainda, a importância
do monitoramento dos níveis de atividade física entre os estudantes para se
15
pensar uma política pública para esses e também a importância da atividade
física para a promoção da saúde e que a escola é um espaço de difusão da
importância da atividade física para a promoção de uma vida com mais saúde.
Os objetos de estudo são os documentos oficiais da Educação
Brasileira e estudos realizados entre 2000 e 2012 sobre a temática em
estudo.
A PENSe (PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE DO ESCOLAR, 2009)
apresenta dados referentes a saúde do escolar, como: a obesidade aumenta
entre as crianças e adolescentes; a má postura corporal também afeta no
rendimento escolar. Vale lembrar o período prolongado de 4 a 6 horas que
estudantes passam na escola em ambientes em que a ergonomia dos
mobiliários não é adequadas quanto à disposição e proporções, assim como no
que se refere ao transporte do material escolar. Diante desse cenário, a
questão que se pretende responder com este trabalho é: como é a presença do
“corpo” nos documentos referentes à educação no período de 2000 a 2012?
De acordo com PENSe (PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE DO
ESCOLAR, 2009):
A prática de atividade física pela população tornou-se uma questão
de saúde ainda na década de 1990. Muitos estudos enfatizam como
sendo importante a construção do hábito da prática de atividade
física já na infância (SEABRA et al., 2008).
Estimular a prática da atividade física em crianças e adolescentes é
importante para uma vida adulta mais ativa. É recomendado que
nesta faixa etária haja pelo menos uma hora de atividade física
moderada a vigorosa diariamente, ou 300 minutos de atividade física
acumulados por semana (CURRIE et al., 2008).
O Health Behaviour in School-Aged Children – HBSC mostrou que
apenas 20% dos adolescentes de 13 anos realizavam atividade física
16
com duração de uma hora ou mais, variando de 15% para as
meninas e 25% para os meninos (CURRIE et al., 2008).
Estudos com informações sobre adultos têm mostrado que a prática
da atividade física no lazer é mais frequente entre pessoas de maior
renda, ou maior escolaridade (HALLAL et al., 2006; MALTA et al.,
2008). Um estudo feito com dados de adolescentes em Pelotas
também mostrou que filhos de famílias com maior escolaridade
também praticavam mais atividade física (HALLAL et al., 2006).
Segundo Guedes e outros (2001) em Londrina, no Paraná, o tempo de
dedicação à prática de esporte e exercício físico em escolares é em
média 48 minutos por semana para as adolescentes e 3 horas e 20
minutos por semana para os do sexo masculino. (PESQUISA
NACIONAL DE SAÚDE DO ESCOLAR, 2009).
A prática regular de exercício físico contribui significativamente para a
promoção da saúde. Podemos apontar muitos benefícios na saúde dos
escolares, como: a manutenção do peso adequado, a prevenção de dores na
coluna e a prevenção de futuras alterações ou deficiências na postura.
Guedes, et al. (2001), “com base nos novos paradigmas associados às
características dos esforços físicos e seus benefícios à saúde, grupos de
pesquisadores, juntamente com instituições voltadas à saúde pública, têm
procurado idealizar recomendações básicas para a prática da atividade física.
Essas recomendações procuram oferecer indicações norteadoras quanto à
prática de atividade física considerada suficiente para alcançar benefícios à
saúde. No caso de adolescentes, referência especial vem sendo apresentada
às recomendações propostas por ocasião da realização da International
Consensus Conference on Physical Activity Guidelines for Adolescents:
Recomendação 1: Todos os adolescentes deverão praticar atividades físicas
diariamente ou quase todos os dias, mediante jogos,
brincadeiras, esportes, trabalho, transportação,
17
recreação, educação física ou programas de exercícios
físicos, no contexto familiar, escolar e atividades
comunitárias.
Recomendação 2: Em adição as atividades físicas do cotidiano, os
adolescentes deverão participar de três ou mais sessões
por semana de exercícios físicos, com duração de pelo
menos 20 minutos ou mais, e requerem esforços físicos
moderados a vigorosos.
Ainda, segundo o PENSe (PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE DO
ESCOLAR, 2009) “o monitoramento dos níveis de atividade física entre
escolares é importante para direcionar políticas para este público”.
O documento chama-nos a atenção, também, para a importância de
atividades físicas para a promoção da saúde:
A escola é um importante espaço de difusão de informação para
crianças e jovens sobre a importância da prática da atividade física
para promoção de uma vida com mais saúde, desenvolvendo o
interesse dos escolares pelas atividades, esportes e exercícios
abordados nas aulas de educação física. A Lei nº 9.394, de 20 de
dezembro de 1996, conhecida como Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, e que determina a obrigatoriedade da prática de
aulas de educação física nas escolas. Em 2006, em um estudo de
revisão de literatura sobre as intervenções em atividade física na
América Latina, desenvolvido pelo Centro de Controle e Prevenção
de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention - CDC) dos
Estados Unidos, o Ministério da Saúde e universidades americana e
brasileira, recomendaram a aula de educação física, destacando-a
como forte estratégia para aumentar a prática de atividade física em
crianças e jovens (HOEHNER et al., 2008). Os estudos nesta área
mostram que a prática de atividade física mais frequente entre
meninos é uma tendência mundial (HALLAL et al., 2006; GUEDES et
al., 2001; CURRIE et al., 2008). (PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE
DO ESCOLAR, 2009).
18
Um outro dado identificado neste documento é referente ao
sedentarismo presente na vida dos escolares:
O mecanismo primário para o sobrepeso e obesidade é o aumento
da ingestão de energia e a redução dos gastos energéticos. O tempo
gasto em atividades sedentárias reduz o dispêndio de energia e
consequentemente leva ao sobrepeso e obesidade (CURRIE et al.,
2008).
Os motivos pelos quais as crianças e adolescentes têm sido menos
ativos passam pelo crescimento do tempo em frente à TV, Internet e
vídeogame, menos aulas de educação física nas escolas, menor
opção de lazer ativo, em função da violência intraurbana e
mobilidade urbana, aumento da frota automobilística e a
preocupação dos pais com a segurança (RODRÍGUEZ et al., 2005).
A OMS recomenda que crianças não devem estar mais que uma ou
duas horas em frente à TV e vídeo game diariamente. O tempo em
frente à TV está associado ao consumo de alimentos calóricos,
refrigerante e baixo consumo de frutas e vegetais, além de pouco
gasto de energia (CURRIE et al., 2008).
Os resultados da PeNSE mostraram que 79,5% dos escolares
frequentando o 9º ano do ensino fundamental assistiam TV por duas
ou mais horas diárias. Este indicador variou de 74,0%, em Boa Vista,
a 83,0%, em Cuiabá [...]. (PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE DO
ESCOLAR, 2009)
Outro estudo que nos ajuda a problematizar a pesquisa:
As escolas exigem um comportamento que descartam a
inseparabilidade existente entre a motricidade e a inteligência, já que
é pelo movimento que o pensamento se estrutura, porém não há
conscientização da escola, da sociedade e da família na importância
dos movimentos e na experiência corporal da criança e adolescente
na aprendizagem escolar. Uma postura corporal desconfortável pode
ser responsável pela diminuição do interesse do estudante pelas
atividades propostas em sala de aula.
Na idade escolar a má postura é um dos principais intervenientes no
rendimento escolar. Ao relacionar-se ambiente escolar e postura
observa-se que a problemática é bem diversificada, já que as
crianças e os adolescentes permanecem por um período de quatro a
seis horas nas instituições escolares, convivendo com dificuldades
ergonômicas no mobiliário com disposição e proporções
inadequadas, fornecidos pela escola e no transporte do material
escolar (REGO et al., 2006, p. 45).
19
A partir do problema de pesquisa, definiu-se os objetivos desse estudo:
Identificar e compreender o termo “corpo” na Educação brasileira entre os
anos 2000 e 2012.
Realizar pesquisa documental sobre a temática em documentos oficiais.
Realizar pesquisa bibliográfica sobre estudos desenvolvidos referente ao
tema da pesquisa no período de 2000 a 2012.
Procedimentos metodológicos
Como procedimentos metodológicos foram adotados: pesquisa
documental e bibliográfica.
Organização da pesquisa
A pesquisa está organizada da seguinte forma:
Capítulo 1: Procedimentos metodológicos
Capítulo 2: Corpo e saúde postural nas políticas públicas de educação:
neste capítulo serão identificados, transcritos e estudados o conceito de corpo
e saúde postural presente na Constituição Federal 1988, Lei de Diretrizes e
20
Bases de 1996, Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino
Fundamental e Médio – Temas Transversais: Saúde.
Capítulo 3: Estudos realizados sobre saúde postural entre 2000 e 2012:
neste capítulo apresentaremos a pesquisa bibliográfica sobre estudos
desenvolvidos referente ao tema da pesquisa no período de 2000 a 2012.
Considerações Finais: apresentaremos nossas considerações e conclusões
a respeito do tema estudado e, por último, as
Referências: utilizadas para o desenvolvimento dessa pesquisa.
21
1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para o desenvolvimento dessa pesquisa foram adotados pesquisa
documental e bibliográfica.
Segundo Menga Ludke e André (1986, p. 38),
São considerados documentos “quaisquer materiais escritos que
possam ser usados como fonte de informação sobre o
comportamento humano” (Phillips, 1974, p. 187). Estes incluem
desde leis e regulamentos, normas, pareceres, cartas, memorandos,
diários pessoais, autobiografias, jornais, revistas, discursos, roteiros
de programas de rádio e televisão até livros, estatísticas e arquivos
escolares.
No caso dessa dissertação, foram realizadas pesquisas no site do
Senado Federal do Brasil com relação a documentos oficiais, como:
Constituição Federal de 1988, Lei de Diretrizes e Bases Nacionais (LDBN,
1996) e no site do Ministério da Educação (MEC): Parâmetros Curriculares
Nacionais – Temas Transversais: Saúde (PCNs).
A pesquisa bibliográfica é importante para reunir as informações atuais
sobre o problema e ajuda o pesquisador a identificar a nova contribuição que
sua investigação traz para a área, além disso, evita repetições.
O pesquisador deve estar informado dos principais dados que já
foram recolhidos sobre o problema que aborda. A assimilação de
resultados já alcançados por outros pesquisadores evita repetições
desnecessárias, situa a pesquisa no contexto dos trabalhos
científicos e auxilia a formulação da própria problemática. Permite,
ainda, identificar como os problemas foram postos e
contextualizados, dá acesso às teorias e modelos explicativos que
foram expostos e leva a conhecer os paradigmas experimentais que
foram utilizados. (CHIZZOTTI, 1995, p. 41).
22
Ainda, conforme Chizzotti (1995, p. 41): “A elaboração escrita da
revisão bibliográfica deve indicar ao menos a situação atual do problema, os
avanços e limites, os resultados alcançados e as posições divergentes sobre
o problema”.
Essas citações ajudam-nos a organizar a pesquisa bibliográfica e,
ainda, a descrição do material coletado.
Após a pesquisa de documentos e de estudos realizados sobre a
temática dessa dissertação, realizamos a análise de conteúdo do material
coletado.
Krippendorff (1980 apud MENGA; ANDRÉ, 1986, p. 41) define análise
do conteúdo, como: “uma técnica de pesquisa para fazer interferências
válidas e replicáveis dos dados para o seu contexto”.
Segundo as autoras, Menga Ludke e André (1986, p. 41, grifos nossos),
Krippendorff diz que o conteúdo pode ser analisado de várias formas, sob
diferentes ângulos.
Pode, por exemplo, haver variações na unidade de análise, que pode
ser a palavra, a sentença, o parágrafo ou o texto como um todo.
Pode também haver variações na forma de tratar essas unidades.
Alguns podem preferir a contagem de palavras e expressões e
elocuções e outros, ainda, podem fazer análises temáticas. O
enfoque da interpretação também pode variar. Alguns poderão
trabalhar os aspectos políticos da comunicação, outros os aspectos
psicológicos, outros, ainda, os literários, os filosóficos, os éticos e
assim por diante.
No caso dessa pesquisa, iremos realizar pesquisa a partir de palavras-
chave referentes à pesquisa: corpo, saúde postural, educação postural.
23
Ainda, Krippendorff, citado por Menga Ludke e André (1986, p. 41, grifos
nossos),
[...] enfatiza ainda que as mensagens transmitem experiência vicária, o que leva o receptor a fazer inferência dos dados para o seu contexto. Isso significa que no processo de decodificação das mensagens o receptor utiliza não só o conhecimento formal, lógico, mas também um conhecimento experiencial onde estão envolvidas sensações, percepções, impressões e intuições. O reconhecimento desse caráter subjetivo da análise é fundamental para que possam ser formadas medidas específicas e utilizados procedimentos ao seu controle.
Destacamos a importância da subjetividade da análise de conteúdo, por
termos utilizado ao realizá-la, a minha experiência enquanto fisioterapeuta.
Passamos, então, à definição da unidade de análise que são as
palavras-chave em seu contexto.
Holsti (1969 apud MENGA; ANDRÉ, 1986, p. 42) apresentam dois tipos
de unidade de análise:
Unidade de registro e unidade de contexto. No primeiro caso, diz ele, o pesquisador pode selecionar segmentos específicos do conteúdo para fazer a análise, determinando, por exemplo, a frequência com que aparece no texto uma palavra, um tópico, um tema, uma expressão, uma personagem ou um determinado item. Outras vezes pode ser mais importante explorar o contexto em que uma determinada unidade ocorre, e não apenas sua frequência. Mais uma vez o método de codificação escolhido vai depender da natureza do problema, do arcabouço teórico e das questões específicas da pesquisa. O que precisa ser considerado é que o tipo de unidade selecionada pode afetar os resultados finais do estudo. Se as unidades menores, como palavras e expressões, podem aumentar a confiabilidade da análise, elas podem, por outro lado, comprometer a relevância das interpretações. É possível também que a fixação em unidades não seja desejável em certos tipos de estudo. (HOLSTI, 1969 apud MENGA; ANDRÉ, 1986, p. 42).
Após levantamento das palavras-chave, compreensão do seu contexto,
a construção de categorias que no caso dessa pesquisa, primeiro é a
24
identificação do significado da palavra utilizado no contexto, no que se refere
aos documentos oficiais. Nos estudos realizados, a metodologia, resultados e
conclusões sobre a temática em estudo, apresentados em forma de tabela,
por uma questão de organização para melhor visualização, segundo a
pesquisadora dessa dissertação.
Depois da obtenção de um conjunto inicial de categorias, através de
um processo que Guba e Lincoln chamam de convergente, a próxima
etapa envolve um enriquecimento do sistema mediante um processo
divergente, incluindo as seguintes estratégias: aprofundamento,
ligação e ampliação. Baseado naquilo que já obteve, o pesquisador
volta a examinar o material no intuito de aumentar o seu
conhecimento, descobrir novos ângulos e aprofundar a sua
visão. Pode ainda explorar as ligações entre os vários itens,
tentando estabelecer relações e associações e passando então a
combiná-los, separá-los ou reorganizá-los. Finalmente, o
pesquisador procura ampliar o campo de informação
identificando os elementos emergentes que precisam ser mais
aprofundados. (p. 43-44, grifos nossos).
Nesse sentido, descrevemos nessa dissertação o que julgamos
pertinente para destacar a importância da necessidade de aprofundamento
nessa área de estudo, referente à saúde postural.
A última etapa consiste no julgamento do material coletado, isto é, as
considerações finais sobre a pesquisa desenvolvida.
25
2 CORPO E SAÚDE POSTURAL PRESENTES NAS POLÍTICAS PÚBLICAS
DE EDUCAÇÃO
Neste capítulo serão identificados, transcritos e estudados o conceito
de corpo e saúde postural presente na Constituição Federal 1988, Lei de
Diretrizes e Bases de 1996 e Parâmetros Curriculares Nacionais para o
Ensino Fundamental – Temas Transversais: Saúde e Prevenção, a fim de
identificar se há alguma proposta de programa de saúde postural e de
trabalho interdisciplinar entre a área da saúde e da educação. O acréscimo da
pesquisa sobre o termo “saúde postural”, se deu pela necessidade de verificar
se tal termo, assim como “prevenção” aparecia nos documentos relacionados
sempre à “Saúde Postural” e à “Educação Postural”.
Como procedimento, foi pesquisado no site do MEC e do Senado
Federal documentos da Educação que tratavam do tema saúde, de modo
especial àqueles que se referiam à saúde do corpo.
Foram pesquisadas as seguintes leis: Constituição Federal, Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, Plano Nacional de
Educação- PNE 2011/2020, ainda não aprovado e os Parâmetros Curriculares
Nacionais - PCNs - temas transversais: saúde e prevenção, referentes à
Educação Básica, utilizando-se das seguintes palavras-chave para fazer a
busca dentro dos documentos: corpo, saúde postural e prevenção.
A Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9.394/96) é uma legislação que
regulamenta o sistema educacional do Brasil: público e privado, da educação
básica ao ensino superior.
26
Desde sua promulgação, em 20 de dezembro de 1996, a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional vem redesenhando o
sistema educacional brasileiro em todos os níveis: da creche, desde
então, incorporada aos sistemas de ensino, às universidades, além
de todas as outras modalidades de ensino, incluindo a educação
especial, profissional, indígena, no campo e ensino a distância.
(TEMER, 2010, p. 2).
Segundo a LDB, Art. 21º. A educação escolar compõe -se de:
I - educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e
ensino médio;
II - educação superior.
Educação Infantil
Art. 29º. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em
seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação
da família e da comunidade.
Art. 30º. A educação infantil será oferecida em:
I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de
idade;
II - pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos. É gratuita, e
obrigatória, e de competência dos municípios.
Ensino Fundamental:
Art. 32º. O ensino fundamental, com duração mínima de oito anos,
obrigatório e gratuito na escola pública, terá por objetivo a formação básica do
cidadão. Anos iniciais (do 1º ao 5º ano) e anos finais (do 6º ao 9º ano).
Ensino Médio:
27
Art. 35º. O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração
mínima de três anos, O antigo 2º grau (do 1º ao 3º ano). É de
responsabilidade dos Estados.
Educação Superior:
Art. 45º. A educação superior será ministrada em instituições de ensino
superior, públicas ou privadas, com variados graus de abrangência ou
especialização. Cabe à União autorizar e fiscalizar as instituições privadas de
ensino superior.
A Educação Brasileira conta ainda com algumas modalidades de
educação que perpassam todos os níveis da Educação Nacional. São elas:
Educação especial: Atende aos educandos com necessidades especiais,
preferencialmente na rede regular de ensino.
Educação à distância: Atende aos educandos em tempos e espaços
diversos, com a utilização de meios e tecnologias de informação e
comunicação.
Educação Profissional e Tecnológica: Visa preparar os educandos a
exercerem atividades produtivas, atualizar e aperfeiçoar conhecimentos
tecnológicos e científicos.
Educação de Jovens e Adultos: Atende as pessoas que não tiveram
acesso a educação na idade apropriada.
Educação indígena: Atende as comunidades indígenas, de forma à
respeitar a cultura e língua materna de cada tribo.
28
Além dessas determinações, a LDB 9394/96 aborda temas dos
princípios gerais da educação escolar às finalidades, recursos financeiros,
formação e diretrizes para a carreira dos profissionais do setor.
Pesquisando as palavras-chave corpo, saúde postural e prevenção na
LDB de 1996 (Lei nº 9.394/96), nada constou.
A Constituição Federal de 1988 é a lei máxima de nosso País. Ela
determina as relações presentes na sociedade, define os direitos e deveres
dos cidadãos e impõe os limites para que a vida em comunidade seja
possível.
Nenhuma outra lei, código, medida provisória ou decreto pode entrar
em conflito com o que está estabelecido no documento promulgado em 1988.
A Constituição Federal de 1988, dispõem em seu preâmbulo:
A Constituição Federal de 1988 em seu preâmbulo prevê que a
mesma é destinada a “assegurar o exercício dos direitos sociais e
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos
de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada
na harmonia social e comprometida
Pesquisando pela palavra-chave: “saúde postural” na Constituição
Federal de 1988, observou-se que não apareceu, por isso, optou pela
descrição do termo “saúde” essa foi encontrada nos seguintes artigos:
O Artigo 6º da Constituição Federal trata sobre os direitos sociais que
devem ser respeitados, protegidos e garantidos a todos pelo Estado, em
especial o direito à saúde; direito ao acesso universal e igualitário às ações e
29
serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde, assim como à
redução do risco de doença e de outros agravantes
Art.6º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer,
a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
constituição.
No Artigo 23 da Constituição Federal a palavra saúde refere-se a
cuidados à saúde, criando meios para prover serviços médico-hospitalares e
fornecimento de medicamentos, além da implementação de políticas públicas
preventivas. É de competência da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios.
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios:
[...]
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das
pessoas portadoras de deficiência;
No Artigo 24 da Constituição Federal a palavra saúde refere-se
previdência social, à proteção e defesa da saúde e a quem cabe a
responsabilidade.
É competência da União, dos Estados e do Distrito Federal Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
[...] XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
No artigo 34 da Constituição, a palavra saúde refere-se ao serviço
público de saúde, pois vem delegar à União o direito de intervir nos Estados
e no Distrito Federal para assegurar a observância de aplicação do mínimo
exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a
30
proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e
nas ações e serviços públicos de saúde:
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal,
exceto para:
...
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
...
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos
estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços
públicos de saúde.
No artigo 35 da Constituição a palavra saúde aparece com o mesmo
sentido do artigo anterior, acrescentando a questão de competência de
intervenção com relação aos Municípios:
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos
Municípios localizados em Território Federal, exceto quando:
...
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços
públicos de saúde;
No artigo 40 da Constituição, a palavra saúde vem relacionada à
Previdência Social, pois assegura aos servidores da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, o
regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante
contribuição do respectivo ente público, dos servidos ativos e inativos e dos
pensionistas, observados os critérios que preservem o equilíbrio financeiro e
atuarial e o disposto neste artigo
Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas
31
autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de
caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo
ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas,
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o
disposto neste artigo.
[...]
§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a
concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata
este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis complementares,
os casos de servidores:
[...]
III cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que
prejudiquem a saúde ou a integridade física.
No artigo 194, a Constituição Federal inclui o direito à saúde dentre os
direitos que devem ser assegurados por meio de ações da iniciativa dos
Poderes Públicos e da sociedade, que compreende a seguridade social
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de
ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a
assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência
social.
No artigo 197, a Constituição coloca as ações e serviços de saúde
como assunto de relevância pública, cabendo sua regulamentação,
fiscalização e controle ao Poder Público, devendo sua execução ser realizada
por meio de terceiros, direta ou indiretamente, bem como por pessoas físicas
ou jurídicas de direito privado
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde,
cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua
regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser
feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física
ou jurídica de direito privado.
32
A Constituição, no artigo 198, trata da saúde, ainda como ações e
serviços públicos, especificamente no que se refere à sua organização
como sistema único:
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede
regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único,
organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
§ 1º. O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art.
195, com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes.
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão,
anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos
derivados da aplicação de percentuais calculados sobre:
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco
anos, estabelecerá:
...
II - os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde
destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e dos
Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivando a
progressiva redução das disparidades regionais;
III - as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com
saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal;
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir
agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por
meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e
complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua
atuação.
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial
profissional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a
regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e
agente de combate às endemias, competindo à União, nos termos da
lei, prestar assistência financeira complementar aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido piso
salarial.
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º do art.
169 da Constituição Federal, o servidor que exerça funções
equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de agente de
combate às endemias poderá perder o cargo em caso de
descumprimento dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu
exercício.
No artigo 199 da Constituição a palavra saúde vem associada à
assistência à saúde e confere à iniciativa privada seu oferecimento.
33
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. [...] § 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei.
No artigo 200, a Constituição traz a palavra saúde novamente como
sistema único de saúde, estabelecendo, aqui, as competências deste
sistema.
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; (BRASIL, 1988).
Mais uma vez, no artigo 201, a Constituição traz a palavra saúde
associada à previdência social, concedendo direito de adoção de requisitos e
critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria nos casos de
exercício de atividades sob condições especiais que prejudiquem a saúde do
trabalhador.
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime
geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá,
nos termos da lei, a:
[...]
§ 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a
concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de
previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob
condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e
quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos
definidos em lei complementar.
34
No artigo 227 a Constituição inclui o direito à saúde dentre os direitos
que devem ser assegurados pela família, pela sociedade e pelo Estado.
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à
criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito
à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão.
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde
da criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação de
entidades não governamentais, mediante políticas específicas e
obedecendo aos seguintes preceitos:
I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde
na assistência materno-infantil.
Nota-se que na Constituição Federal a palavra saúde não se refere a
programa de saúde na escola, do escolar e nem faz referência à saúde
postural. Está relacionada ao direito do cidadão à saúde, à competência da
União, do Estado e Município e à previdência social.
Pesquisando pela palavra-chave prevenção na Constituição Federal de
1988, essa foi encontrada nos seguintes artigos:
No artigo 227 da Constituição de 1988 a palavra prevenção vem
associada à garantia do direito à saúde, bem como aos demais direitos
sociais.
Art. 227 É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à
criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito
à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão.
[...]
35
II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado
para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental,
bem como de integração social do adolescente e do jovem portador de
deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e
a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação
de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discriminação.
[...]
VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança,
ao adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas
afins.
No artigo 243 da Constituição Federal a palavra prevenção vem
associada à prevenção e repressão do crime de tráfico de substâncias
ilegais.
Art. 243. As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas
culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente
expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de
colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos,
sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras
sanções previstas em lei. Parágrafo único. Todo e qualquer bem de
valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins será confiscado e reverterá em benefício
de instituições e pessoal especializados no tratamento e recuperação
de viciados e no aparelhamento e custeio de atividades de fiscalização,
controle, prevenção e repressão do crime de tráfico dessas
substâncias.
No artigo 10 do Ato das Disposições Transitórias da Constituição a
palavra prevenção vem associada à prevenção de acidentes.
Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o
art. 7º, I, da Constituição:
a) do empregado eleito para cargo de direção de comissões internas
de prevenção de acidentes, desde o registro de sua candidatura até
um ano após o final de seu mandato;
Observa-se que a palavra prevenção está ligada à criação de
programas de prevenção e atendimento especializado para pessoas com
36
deficiência e também à crianças e adolescentes usuários de drogas. Reporta-
se também à prevenção de tráficos de entorpecentes e à acidentes. Mas em
nenhum momento faz menção à prevenção da saúde e mais especificamente
à saúde postural.
Passa-se, então, a pesquisar nos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs) – Temas Transversais: Saúde.
Em sua apresentação, os PCNs – Temas Transversais: Saúde, chama
a atenção para a necessidade de se desenvolver uma Educação para a
saúde:
As experiências mostram que transmitir informações a respeito do
funcionamento do corpo e das características das doenças, bem
como de um elenco de hábitos de higiene, não é suficiente para que
os alunos desenvolvam atitudes de vida saudável.
É preciso educar para a saúde levando em conta todos os
aspectos envolvidos na formação de hábitos e atitudes que
acontecem no dia-a-dia da escola. Por esta razão, a educação para a
Saúde será tratada como tema transversal, permeando todas as
áreas que compõem o currículo escolar. (Grifos nossos).
Pesquisando pela palavra-chave: corpo encontramos algumas
ocorrências:
As experiências mostram que transmitir informações a respeito do
funcionamento do corpo e das características das doenças, bem
como de um elenco de hábitos de higiene, não é suficiente para que
os alunos desenvolvam atitudes de vida saudável. (BRASIL, 2013b, p.
245, grifos nossos)
Quando, por exemplo, as relações mais amplas entre o organismo vivo e o meio ambiente são ignoradas ou minimizadas, a doença é entendida como uma disfunção orgânica que afeta um indivíduo (ou parte de seu corpo), causada por um agente químico, físico ou biológico, capaz de provocar alterações nesse organismo. Diz-se, nesse caso, que se tem uma visão reducionista de saúde, pois a sua interpretação se restringe à relação entre um provável candidato a doente — o ser humano — e um vírus, bactéria ou outro agente qualquer que pode causar a doença. (BRASIL, 2013b, p. 250, grifos nossos).
37
Responsabilizar-se pessoalmente pela própria saúde, adotando hábitos de autocuidado, respeitando as possibilidades e limites do próprio corpo. (BRASIL, 2013b, p. 269, grifo nosso).
Não é pressuposto da educação para a Saúde a existência do professor “especialista” ou a formação de alunos capazes de discorrer sobre conceitos complexos, nem o aprendizado exaustivo dos aspectos funcionais e orgânicos do corpo humano. O que se pretende é um trabalho pedagógico no qual as condições que se fazem necessárias para a saúde, sua valorização e a realização de procedimentos que a favorecem sejam o foco principal. (BRASIL, 2013b, p. 274, grifo nosso).
Esses pressupostos levam à definição de alguns conteúdos essenciais: a construção da identidade e da auto-estima, o cuidado do corpo, a nutrição, a valorização dos vínculos afetivos e a negociação de comportamentos para o convívio social. [...]
É importante que os alunos possam aprofundar, progressivamente, os conhecimentos sobre o funcionamento do corpo humano — e do seu próprio — para permitir a ampliação das possibilidades de se conhecer para se cuidar, valorizando o corpo como sistema integrado, as questões ligadas à construção de identidade e as características pessoais, num enfoque desenvolvido durante todo o ensino fundamental. (BRASIL, 2013b, p. 275, grifos nossos).
A puberdade e a adolescência exigem especial atenção dos jovens para o controle do corpo — incluindo respiração, repouso e relaxamento. [...]
As diferentes modalidades da arte são recursos para a ampliação das possibilidades motoras e expressivas do corpo e dos movimentos na ação e na comunicação de sentimentos, emoções e necessidades. (BRASIL, 2013b, p. 275, grifos nossos).
Cabe aqui ressaltar que esse PCNs – Temas Transversais: Saúde,
comenta que não é necessário um professor especialista da Educação para a
Saúde, mas um profissional que seja capaz de discorrer sobre as condições
38
necessárias para a saúde, para uma vida saudável. Isso nos faz refletir sobre
as competências que hoje são exigidas de um profissional de educação e
também em se pensar que um caminho para esse profissional se posicionar e
agir frente às demandas a ele apresentadas, é o trabalho em parceria. Neste
caso, da Educação para a Saúde, um caminho seria fazer parceria com
profissionais da área de uma Unidade Básica de Saúde - UBS mais próxima
de sua escola. E o professor contribuir com seu conhecimento pedagógico,
transformar as orientações e informações que é da competência do
profissional da saúde em uma educação com significado.
Dando continuidade à pesquisa no PCNs – Temas Transversais:
Saúde, procurou-se pela palavra-chave: prevenção encontramos as
seguintes ocorrências:
Para reverter essa tendência, os serviços de saúde devem desempenhar papel importante na prevenção, na cura ou na reabilitação e na minimização do sofrimento de pessoas portadoras de enfermidades ou deficiências. Devem funcionar como guardiões da saúde individual e coletiva, até mesmo para reduzir a dependência da população em relação a esses serviços, ou seja, devem ampliar a capacidade de autocuidado das pessoas e da sociedade. (BRASIL, 2013b, p. 252, grifo nosso).
Protege-se a saúde por meio da vacinação, da realização de exames médicos e odontológicos periódicos, da fluoretação das águas para prevenir a cárie dental e, principalmente, conhecendo em cada momento o estado de saúde da comunidade e desencadeando, quando necessário, medidas dirigidas à prevenção e ao controle de agravos, mediante a identificação de riscos potenciais. (BRASIL, 2013b, p. 255, grifo nosso).
Na prevenção de riscos, o uso indevido de drogas constitui um capítulo à parte. (BRASIL, 2013b, p. 271, grifo nosso).
Esse caso, como em muitos outros, as medidas de prevenção implicam o estabelecimento precoce de hábitos cuja alteração futura,
39
na idade adulta, acarretará sofrimento por despertar sentimentos de privação. Exames preventivos de câncer de mama e colo do útero são exemplos típicos de cuidados efetivos no diagnóstico precoce e controle ou cura da doença em seus estágios iniciais. Em ambos os casos, o hábito de realizá-los periodicamente é a chave para a prevenção (BRASIL, 2013b, p. 278, grifo nosso).
Deve-se ter o cuidado de não associar prevenção à idéia que se deve evitar qualquer risco. Os riscos são inerentes à vida, além de ser legitimada pela própria sociedade a associação entre risco e prazer, como bem demonstra a prática de muitos esportes. Mas pode-se discutir o medo como um sinal positivo de vida — não de covardia — quando se corre risco. Não se trata de acabar com os riscos e desafios, mas de construir competências para responder bem a eles (BRASIL, 2013b, p. 281, grifo nosso).
É relevante considerar que, a escola pretende formar um
cidadão consciente em relação aos riscos que está
exposto e com capacidade de escolher uma vida mais
saudável.
Apesar das palavras-chave Saúde Postural e Educação Postural não
aparecer nos Parâmetros Curriculares Nacionais – Temas Transversais:
Saúde, destacamos o trecho a seguir:
O aprendizado das relações entre a prática correta e habitual de
exercício físico e a melhora da saúde deve incluir os benefícios,
riscos, indicações e contra-indicações de diferentes modalidades
esportivas, além das medidas de segurança na prática de atividades
físicas. A moda de “malhar” torna necessário o debate em torno do
equilíbrio e dosagem do esforço, da identificação e busca da
correção de problemas posturais, especialmente no estirão do
crescimento (BRASIL, 2013b, p. 278).
Pôde-se perceber que nos Parâmetros Curriculares Nacionais – Temas
Transversais: Saúde não apresentou em nenhum momento a palavras Saúde
Postural, Educação Postural, mas chama a atenção para fatores que implicam
na necessidade de uma Educação Postural, quando se refere a cuidados
40
durante prática de exercício físico na busca de correção de problemas
posturais.
Portanto, os termos pesquisados nos documentos acima citados, de
modo geral, referem-se ao direito à saúde; direito ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da
saúde, assim como à redução do risco de doença e de outros agravantes,
conforme já mencionado. Da mesma forma, pode-se identificar indícios da
necessidade de políticas de saúde e de prevenção à saúde, entretanto,
nenhum deles faz referência à necessidade, ou possibilidade de se
desenvolver Programas de Educação Postural nas instituições escolares que,
na visão da autora dessa dissertação seria um possível caminho para a
prevenção da saúde postural e de deficiências físicas.
41
3 ESTUDOS REALIZADOS SOBRE CORPO E SAÚDE POSTURAL ENTRE
2000 E 2012
Antes de descrever estudos realizados sobre corpo e saúde postural,
apresentaremos de forma sucinta o conceito de corpo, saúde postural,
postura.
No dicionário Caldas Aulette corpo, referente a corpo humano, significa:
1 Anat. Estrutura física e individualizada do homem ou dos animais;
2 Anat. O tronco, de um ser humano ou animal;
3 P.ext. Compleição física: Ainda menina, já tinha corpo.
No Livro Anatomia Humana Básica (DANGELO; FANTTINI, 2010, p. 43)
encontramos as seguintes definições para corpo humano:
Do latim corpus, refere-se, por exemplo a: 1 O corpo humano é composto pela cabeça, pelo tronco, pelos membros superiores e pelos membros inferiores. 2 No que diz respeito aos seus principais elementos químicos, pode-se destacar o hidrogênio (63%) e o oxigênio (25%).
3.1 Saúde Postural
Ao longo dos anos não se alteram somente as épocas, mas também os
conceitos, gestos e comportamentos. Com a Educação Postural não é diferente,
com o passar dos anos foi mudando-se a postura e o modo de sentar; por
exemplo; devido a alguns motivos; em especial a modernização, informatização
e avanços tecnológicos. De acordo com, Érica Verderi (2005, p. 54): “A má
postura é um hábito adquirido na infância e, se não corrigido, carrega-se por toda
vida, com várias conseqüências, entre elas os desvios posturais”.
42
O Estatuto da Criança e do Adolescente declara: “Art.2º Considera-se
criança, para os efeitos desta lei, a pessoa até doze anos de idade
incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade” (ECA,
1990, p. 11).
E são nessas idades que os indivíduos permanecem maior parte do
tempo no ambiente escolar.
De acordo com a Lei das Diretrizes e Bases da Educação, o calendário
escolar anual tem que ter, obrigatoriamente, duzentos dias letivos, com no
mínimo quatro horas por dia e duração de oito anos para a conclusão do
ensino fundamental e três anos para o ensino médio, totalizando onze anos,
sem contar a desistência e repetência, o que significa, de acordo com
Schimidt e Bankoff (2000 apud CONTRI PETRUCELLI; PEREA, 2009,
p. 220), que:
[...] os escolares são mantidos em salas de aulas, muitas vezes em posições incomodas e inadequadas, por longos períodos no transcorrer do dia, de semanas, meses e anos e, em decorrência disso, ficam sujeitos a desenvolver padrões posturais não saudáveis.
Portanto, todo aluno permanecerá na postura sentada por, no mínimo,
oito anos, cerca de quatro a cinco horas por dia, muitas vezes com postura
inadequada, representando um agravante para sua saúde, pois, segundo
consta nas literaturas, não é aconselhável permanecer sentado por mais de
45 a 50 minutos sem interrupções (PAULSEN; HENSEN, 1994).
Um outro agravante é apresentado por Coury (1995 apud
MASSAMBANI; SANTOS, 2001, p. 45), chamando a atenção para os dias
atuais, quando permanecemos por muito mais tempo na posição sentada,
43
A princípio, a postura sentada poderia ser considerada vantajosa em relação à postura em pé, porque cansa menos, exige menor gasto energético, alivia as pernas. No entanto, ela sobrecarrega nosso corpo principalmente quando permanecemos muito tempo sentados e em condições inadequadas.
Segundo os autores, este é um mau do século 20, que trazem
profundas mudanças no nosso estilo de vida, incompatíveis com o desenho
do nosso corpo, que simplesmente não foi projetado para passar longas horas
sentado. E estes hábitos posturais incorretos, geralmente são adotados desde
a fase escolar, evoluindo para deformidades, as quais na fase adulta já
encontram-se instaladas.
De acordo com Zapater et al. (2004, p. 193), uma forma de minimizar os
efeitos adversos da postura sentada para as estruturas musculoesqueléticas
seria:
[...] o planejamento e/ou replanejamento do ambiente físico, com
adoção de mobiliário ajustável a diferentes requisitos da tarefa e às
medidas antropométricas individuais. Apenas esta forma de
intervenção, contudo, não é suficiente para minimizar o problema. Os
programas de treinamentos preventivos são uma outra forma de
reduzir sobre o organismo humano os efeitos da postura sentada.
Como se não fosse suficiente as horas passadas sentados na mesma
posição na escola, levando a adquirir graves problemas posturais que afetam
a coluna de forma geral, atualmente, crianças e adolescentes se mantêm
cada vez mais na mesma posição por longas horas, e dificilmente trocam
vídeo games, computadores, jogos virtuais e televisões para permanecer ao
ar livre. O lazer fica ausente no tempo livre dos jovens.
44
Desse modo, aumenta-se a predisposição a doenças da coluna
vertebral, diferenciadas pelo grau de complicação, porém sendo causadas
pelo mesmo motivo: má postura.
“Problemas posturais têm sido considerados um sério problema de
saúde pública, pois atingem uma alta incidência na população
economicamente ativa, incapacitando-a temporária ou definitivamente para
atividades profissionais” (BRACCIALLI; VILARTA 2000, p. 159).
Por ser uma questão da saúde pública o problema de saúde postural,
acredita-se na possível contribuição da área de Educação para a saúde
postural. Desenvolver Programas de educação postural permitirá o estudante
compreender o significado da importância da saúde postural, o porquê da
necessidade de se obter a harmonia de seu corpo, restabelecendo o equilíbrio
entre nossos músculos, ligamentos, tendões, e as estruturas ósseas na
manutenção estática e dinâmica da postura e movimentos.
Por meio da educação o estudante também compreenderá as
consequências que serão acarretadas caso ele não cuide de sua saúde
postural, por isso, a possível mudança de atitude por parte dele, a melhoria da
qualidade de vida e a prevenção de futuras complicações posturais.
Acredita-se que essa é a grande contribuição da área da Educação
para o campo da saúde, pois passa do cuidar e do orientar para uma prática
com significado, uma educação com significado.
45
Assim, apresentamos o significado de cuidar e orientar:
Cuidar
No dicionário Caldas Aulette, cuidar significa:
1 Ter cuidados (2, 3) com (algo, alguém ou si próprio); tratar; tomar
conta de (alguém ou algo) [tr. + de: Eu já sei cuidar de mim mesmo.
Ele sabe se cuidar (cuidar de si mesmo): "...seria melhor que cada
um cuidasse de sua vida..." (Aluísio de Azevedo, O mulato)]
2 Ter o encargo de; encarregar-se de; RESPONSABILIZAR(-SE). [tr.
+ de, para: Minha irmã cuida do jantar.]
3 Prestar atenção (naquilo que faz); atentar para. [tr. + de, em: Cuide
da sua tarefa que eu cuido da minha: Pensaram a cuidar no que era
mais conveniente.]
4 Imaginar, julgar, supor. [td. : "Em que mundo cuidava ele que
vivia?" (Miguel Torga, Senhor Ventura)] [tdp: Cuidava -o protetor dos
pobres.] [tdr. + de: Depois do que fez, o que devemos cuidar desse
rapaz?]
5 Interessar-se por; tratar se. [tr. + de: O governo cuidava mais da
política do que da administração.]
6 Ter precaução; PREVENIR-SE. [int.: Procure se cuidar na festa.]
[tr. + em]
7 Ter-se na conta de, considerar-se [tdp.: Ele se cuida muito
experiente, mas ainda lhe falta prática.]
[F.: Do lat. cogitare.]
Conforme Terra et al. (2006), o cuidado é uma prática antiga herdada
dos antepassados. Cuidar é uma função dos profissionais da área da saúde.
Orientar
No dicionário Caldas Aulette, cuidar significa:
1 Dispor(-se), voltar(-se) para um dos pontos cardeais, o oriente
sobretudo [td: O arquiteto orientou a fachada para o leste: Orientou-
se na direção do sol e começou a caminhar.]
2 Reconhecer ou tentar reconhecer (alguém) sua posição em relação
a um ponto cardeal ou outra referência [td: Na encruzilhada,
consultou o mapa para orientar-se.]
46
3 Indicar a direção em geral, rumo ou caminho a [td: O guarda
orientou o motorista.]
4 Fig. Indicar (procedimento, atitude mais adequados) a,
aconselhando, ensinando a assumi-los [td: A campanha orienta o
povo sobre a vacinação: O professor orientou o aluno.] [tr. + por,
com: Sempre se orientou por princípios cristãos/ com orixás da
umbanda.]
5 Administrar, conduzir (aconselhando) [td: Orientava os novos
projetos: Só um médico poderia orientar o tratamento.]
6 Fig. Instruir a respeito de uma decisão; ENCAMINHAR; GUIAR. [td:
Em seu discurso, procurou orientar os eleitores.]
7 Dar conselho ou incentivo; ESTIMULAR. [td: O pintor tinha prazer
em orientar os novos talentos.]
Segundo o Ministério da Saúde (1999), cabe aos agentes comunitários,
identificar sinais e situações de risco, orientar as famílias e comunidade e
encaminhar/ comunicar à equipe os casos e situações identificadas.
No Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), o
conceito de cuidar é mais amplo que o apresentado na área da saúde. Na
educação, ao contrário da saúde, contempla as relações humanas. Por isso,
achamos pertinente expor aqui o que esse referencial sugere para destacar
também a importância e a possível contribuição da educação para a área da
saúde. Eis aqui o conceito de cuidar:
[...] ajudar o outro a se desenvolver como ser humano. Cuidar significa valorizar e ajudar a desenvolver capacidades. O cuidado é um ato em relação ao outro e a si próprio que possui uma dimensão expressiva e implica em procedimentos específicos. O desenvolvimento integral depende tanto dos cuidados relacionais, que envolvem a dimensão afetiva e dos cuidados com os aspectos biológicos do corpo, como a qualidade da alimentação e dos cuidados com a saúde, quanto da forma como esses cuidados são oferecidos e das oportunidades de acesso a conhecimentos variados. (BRASIL, 1998, p. 24).
Assim, acredito que os profissionais da saúde e da educação tem uma
tarefa primordial: orientar e cuidar em saúde, com o desafio de buscar
47
alternativas para ir ao encontro das necessidades, interesses e desejos da
pessoa humana.
3.2 Postura
Segundo a Organização Mundial de Saúde (2009), a postura corporal
pode ser definida como: as condições posturais ligadas a todo um conceito
psíquico-morfo-funcional de um indivíduo.
Oliver e Middleditch (1998 apud PALAGI, 2003, p. 17) definem postura
como: “A posição pela qual é adotada pelo corpo, quer seja, por meio da ação
dos músculos operando para contra-atuar com a força da gravidade, quer
seja, quando mantida durante inatividade muscular”.
Segundo Gonzalez (2005, p. 55), postura é “A forma como cada
indivíduo sustenta seu corpo, cada um com sua maneira característica”.
Magee (2002 apud ANTUNES; MALFATTI, 2013, p. 5) afirma que
“Postura é um composto das posições das diferentes articulações do corpo
num dado momento. A postura correta é a posição na qual um mínimo de
estresse é aplicado em cada articulação”.
Palmer e Epler (2000, p. 42), comenta que: “A postura correta consiste
no alinhamento do corpo com eficiências fisiológica e biomecânicas máximas,
o que minimiza os estresses e as sobrecargas sofridas ao sistema de apoio
pelos efeitos da gravidade”.
Pode-se falar em postura estática e dinâmica.
48
A Academia Americana de Ortopedia define postura estática como: “o
estado de equilíbrio entre músculos e ossos com capacidade para proteger as
demais estruturas do corpo humano de traumatismos, seja na posição em pé,
sentado ou deitado” (BRACCIALLI; VILARTA, 2000, p. 155).
E postura dinâmica como:
[...] o equilíbrio adequado na realização de todos os movimentos de
deslocamento do corpo, executados sem dor. Se esses movimentos
não são executados com equilíbrio adequado, as estruturas
anatômicas sofrem um desgaste precoce que irá criar condições para
que os nervos que saem da coluna, próximos a essas estruturas
desgastadas, sejam agredidos, surgindo as “dores nas costas” tão
incômodas. (KNOPLICH, 1997, p. 169).
De acordo com Braccialli e Vilarta (2000, p. 164):
Ao relacionar ambiente escolar e postura percebe-se que os
problemas são diversos, como por exemplo: dificuldades
ergonômicas, como as encontradas no transporte do material
escolar, arquitetura desfavorável do imóvel, disposição e proporções
inadequadas do mobiliário, as quais, provavelmente, serão
responsáveis pela manutenção, aquisição ou agravamento de
hábitos posturais inapropriados.
É imprescindível fazer a escolha adequada de mobiliários, como,
carteiras e cadeiras que sejam apropriadas para cada idade dos educandos,
tendo em vista, a realidade atual das escolas brasileiras, onde as crianças
passam grande parte de seus dias. Além do mais, as crianças e adolescentes
estão em fase de desenvolvimento e, sendo assim, a adequação do
mobiliário, deve ser realizada sempre que necessário, pois o assento escolar
é um exemplo de fator ambiental importante. Sua inadequação pode
49
ocasionar problemas relacionados à postura, devido à exposição dos
educandos às acomodações inadequadas do ambiente escolar.
Certamente, os educandos estarão convivendo com estas dificuldades
ergonômicas, o que acarreta no desconforto postural, que pode ser um dos
fatores responsáveis pela diminuição do interesse do educando pelas
atividades propostas em sala de aula.
Sendo assim, é importante criar situações que possam ser vivenciadas
pelos educandos na escola tornando-a um ambiente estimulador também
para conhecimentos referente à educação para a saúde, visando uma melhor
qualidade vida.
Um outro fator, no que se refere à saúde postural, é a questão do
transporte dos materiais escolares. Verderi (2003 apud BIAVA; LIMA, p. 3),
afirma que uma criança sem orientação, pode adquirir vícios de postura,
principalmente no manuseio de materiais escolares e nas atividades do
cotidiano.
Sobre isso, Moura, Fonseca e Paixão (2009, p. 68), em seus estudos
demonstraram que:
A maioria dos escolares carregam a mochila com sobrecarga, ou seja, a mochila tem um peso maior que 10% do peso dos escolares, além disto, o transporte do material é realizado de maneira inadequada, exigindo um esforço adicional da coluna vertebral e dos músculos que a auxiliam no equilíbrio corporal.
As crianças e adolescentes carregam a mochila com excesso de carga
e distribuídas assimetricamente, ou seja, em um dos lados mais peso do que
no outro, aparecendo principalmente, em mochilas de carregamento de
50
apenas um lado, tendem a ter um desequilíbrio corporal e para voltar ao
estado de equilíbrio, muitas vezes, utilizam de compensação da coluna
vertebral para realizar o auxílio no carregamento dessas sobrecargas
encontradas nas mochilas escolares e, com isso, tendem a apresentar
desvios na coluna vertebral.
Os escolares deveriam carregar mochilas de fixação nas costas, que
utiliza uma distribuição mais simétrica do peso. E ainda, para auxiliar na
prevenção de problemas posturais, transportarem a menor quantidade de
carga possível (BRACCIALLI; VILARTA, 2000).
Outra possível causa dos problemas posturais, é o excesso de peso
corporal; ou seja a obesidade. A obesidade, é definida segundo a
Organização Mundial de Saúde, como, “Doença na qual o excesso de gordura
corporal se acumulou a tal ponto que a saúde pode ser afetada”.
A prática de uma dieta hipercalórica e a sedentarizarão dos estilos de vida, com a diminuição dos índices de atividade física e a redução nos gastos energéticos, são as causas mais associadas à obesidade, atualmente considerada como a epidemia do século XXI. (BERKEY et al., 2000, p. 34).
A obesidade, além de ser conceituada como doença, é um fator de
risco para as doenças crônico-degenerativas com permanência na vida
adulta.
Dentre todos os danos que a obesidade pode acarretar para o
individuo, pode-se destacar a diminuição da mobilidade, ou seja, a
capacidade de mover-se ou movimentar-se. Assim, se faz necessário maior
esforço para conseguir uma determinada ação, colocando a própria postura
51
em risco, pois pessoas obesas tendem a realizar um maior esforço para ter
equilíbrio nas estruturas responsáveis pela sustentação do corpo.
Passemos, então, a identificar como o corpo é visto e a importância
dada a ele por estudiosos em pesquisas realizadas entre 2000 e 2012.
3.3 Pesquisas realizadas entre 2000 e 2012 sobre corpo e saúde postural
A escolha do período entre os anos 2000 e 2012 para a realização da
pesquisa, corresponde ao interesse em investigar os trabalhos na última
década até os dias atuais.
Foram realizadas pesquisas sobre teses e dissertações nas seguintes
bases de dados: Coordenação de Programa de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (CAPES), Biblioteca Digital Brasileira de Teses e
Dissertações (BDPD) e Bibliotecas Digitais de Universidades do Brasil.
Na base da CAPES teve-se acesso aos trabalhos elaborados nos anos
de 2000 a 2012, não constando registros de trabalhos de dissertação e teses
entre os anos de 2000 a 2003, 2005, 2008, 2010 e 2012 referentes à consulta.
No ano de 2004 foram localizadas 2 pesquisas.
Tese de doutorado de Adriane Vieira, A escola postural na perspectiva da
educação somática: a reformulação de um programa de extensão na
ESEF/UFRGS, defendida na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2004.
Na tese de Vieira (2004), a autora apresenta uma reflexão sobre a
postura reta e correta de alunos participantes do Programa Escola Posturais,
52
visando proporcionar soluções viáveis às dificuldades posturais por eles
vivenciadas. A autora utiliza-se do estudo da antropologia do corpo e da
saúde viabilizando uma educação alternativa da postura.
Educar a postura tendo-se por referência os sentimentos, os
pensamentos, as percepções, as motivações, a relação com o
espaço e com as pessoas, os discursos biomédicos e midiáticos, as
práticas corporais institucionalizadas, as formas corporais
culturalmente valorizadas, as rotinas de estudo e trabalho, dentre
tantos outros elementos que interferem no movimento e estabelecem
hábitos posturais, requer que a maneira que a maneira de pensar a
postura seja revista. O profissional que lida com o ensino do
movimento e da postura deve apresentar essa gama de variáveis
presentes na definição e na percepção do que é uma postura
saudável e indicar alternativas para que o indivíduo possa rever,
tanto por si mesmo, o modo como age no mundo. A escolha do aluno
– ou continuar pensando a postura a partir dos discursos dominantes
que são difundidos diariamente, ou incorporar outra lógica para
pensar a si mesmo – depende de seu interesse em rever certas
crenças e também da habilidade do professor em apresentar-lhe uma
proposta coerente. (VIEIRA, 2004, p. 200-201).
Entretanto, a autora reconhece a dificuldade de se mudar a cultura de
forma “radical” e, desconsiderando a os limites impostos pela cultura e e pelos
discursos dominantes. Ainda destaca a dificuldade das mudanças
socioculturais. Nessa pesquisa conclui-se que a proposta a Escola Postural
sob a perspectiva da Educação Somática apresentada neste estudo, e ainda,
as reflexões decorrentes da fala dos participantes desse estudo, são apenas o
começo de uma grande jornada e que muitos investimentos ainda se farão
necessários para uma compreensão mais ampla deste assunto.
Outra pesquisa, foi a dissertação de Mestrado de Rosângela Guimarães
de Oliveira, Apoio ao professor como agente de prevenção dos desvios de
53
postura corporal: Um estudo em uma escola de Ensino Fundamental,
defendida na Universidade Federal da Paraíba/João Pessoa, em 2004.
A dissertação de Oliveira (2004) trata do desenvolvimento de um projeto
de educação postural na escola pública, objetivando verificar as mudanças de
postura observadas nas crianças e apoiar o professor na sua formação como
agente de prevenção dos desvios de postura, identificando sua percepção em
relação às mudanças de atitudes da postura corporal dessas crianças, pois os
problemas posturais das crianças em fase escolar, principalmente no contexto
do ensino fundamental, têm sido uma preocupação constante de pais,
professores e terapeutas.
O comportamento postural dessas crianças pode ser o responsável
por vícios posturais adquiridos, o que resulta em patologias futuras,
portanto professores bem informados sobre postura corporal serão
certamente os melhores instrumentos de prevenção e correção
permanentes. (OLIVEIRA, 2004).
Os resultados e as discussões dessa pesquisa foram analisados a partir
de reflexão sobre o conhecimento do docente com relação à postura corporal
da criança em idade escolar e, ainda, de sua atuação como agente de
prevenção e promoção da saúde, no contexto da comunidade escolar e
destaca seu papel importante como membro de equipe interdisciplinar.
No ano de 2006 foi defendida uma dissertação no Programa de
Mestrado em Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
por Andrezza Monteiro da F. Araújo, Educação e postura: Uma perspectiva
essencial da saúde.
54
A dissertação descreveu e estudou um projeto de pesquisa-ação que foi
planejado para ser realizado em escolas públicas do Município de Cantagalo
(RJ), com o objetivo de verificar, através da aplicação de questionários a pais,
professores e crianças/adolescentes em idade escolar, verificar se estes
apresentavam, ou não, dores na coluna vertebral para relacionar estas
manifestação com posturas adotadas no ambiente familiar e escolar. Os
fisioterapeutas deparam-se, crescentemente, com crianças na idade escolar
apresentando, entre outros fatores, sérios desvios posturais, que se associam
à falta de conhecimento dos pais, professores e dos próprios alunos.
Segundo a pesquisadora, esses desvios podem ser estruturais ou
posturais, devem-se também ao mobiliário escolar, que, muitas vezes, não é
adequado ao tamanho do aluno, podendo influenciar na sua boa postura.
Em 2007, foi encontrado um registro de uma dissertação de Sabrina
Rodrigues, Influência da carga e forma de transporte do material escolar
sobre a distribuição da força plantar e trajetória do centro de massa corporal,
Mestrado em Fisioterapia na Universidade Metodista de Piracicaba.
Na pesquisa de Rodrigues (2007), foi investigada a influência da carga
e da forma de transporte do material escolar no âmbito da educação em
saúde. Participaram do estudo 30 estudantes de ambos os gêneros com
idade média de 10 anos, sem alteração postural, submetidos à avaliação
baropodométrica em plataforma de pressão.
Os resultados obtidos a partir da metodologia aplicada neste estudo,
apontam aumento da oscilação ântero-posterior do centro de massa
corporal quando a mochila é posicionada nas regiões anterior e
55
posterior do tronco, com carga de 15% da massa corporal. A
ampliação dessa oscilação sugere a presença de ações musculares
compensatórias constantes, o que, em médio e longo prazo, pode
desencadear desequilíbrio muscular de importância clínica. Assim,
este estudo sugere que a carga de 15% da massa corporal não deve
ser recomendada para transporte de material escolar. (RODRIGUES,
2007, p. 66).
A autora sugere, ainda, outros estudos para avaliar o reflexo das
diferentes cargas e posições de transporte do material escolar sobre a postura
corporal, já que a sobrecarga e o posicionamento inadequado da carga
podem desencadear alterações de importância clínica e exigir ações de
educação em saúde.
Em 2009, há o registro de duas dissertações.
1) Maria Júlia Luporini Moretti, Promoção de Saúde através de um
curso de capacitação para Educação Postural junto às professoras da Escola
Municipal Delfim Moreira no Município de Guaxupé – MG, Programa de
Mestrado em Promoção de Saúde na Universidade de Franca.
A pesquisa de Moretti (2009), teve por objetivo investigar os efeitos
promotores de saúde, avaliando e capacitando os professores de 1º a 5º ano
da referida escola. Este estudo teve como base a idade escolar, onde as
mudanças físicas estão relacionadas ao peso corporal e estatura, podendo
ocasionar alterações posturais nas diferentes fases da vida.
A pesquisadora, nesse trabalho, destacou a importância do
Fisioterapeuta em equipe multiprofissional na escola promotora de saúde:
O Fisioterapeuta como profissional de saúde atuando na promoção,
prevenção e recuperação da saúde, deve estar presente junto com a
equipe multiprofissional na escola promotora de saúde, na família,
56
nos serviços de saúde, pois devido a sua formação profissional, está
apto a capacitar os indivíduos como multiplicadores de saúde para
atuarem de maneira positiva na comunidade em que vivem. Sua
atuação contribui para orientar aspectos preventivos como os do
presente estudo que envolvem cuidados com a postura durante as
atividades escolares. (MORETTI, 2009, p. 51).
Moretti (2009), comentou ainda, que essa pesquisa veio ao encontro do
que ela acredita, ou seja, a importância dos professores da formação integral
dos educandos, o que implica também a questão da prevenção:
Professores cumprem um importante papel no processo de
desenvolvimento e crescimento da criança e do adolescente,
contribuindo para a formação do indivíduo como um ser integral,
desde a mais tenra idade. Estes profissionais devem também
participar e colaborar em atividades de cunho preventivo e de
detecção precoce de possíveis alterações posturais, juntamente com
os profissionais da fisioterapia e da saúde (p.51).
A autora ainda destaca a necessidade dos professores se preocuparem
com a boa postura corporal de seus educandos:
A preocupação com a educação postural poderia fazer parte dos
objetivos de aula de todo profissional da educação, independente da
população com a qual trabalha o que não implica em modificar os
conteúdos específicos de cada aula ou realizar a reeducação
postural, mas sim, durante as atividades na escola, estarem atentos
e estimular a postura correta do corpo, evitar sobrecargas posturais
desnecessárias e adaptar mobiliário e ambiente às necessidades de
cada indivíduo (p.51).
Já que, segundo a autora, a postura encontra-se em processo de
desenvolvimento na idade do escolar, sendo que neste período se for adotada
postura incorreta, essa poderá ter repercussão negativa no futuro.
57
2) Wilza Rosa Avelar, Percepções dos Adolescentes sobre hábitos
posturais: Subsídios para programas de Promoção de Saúde no contexto
escolar, Mestrado em Promoção de Saúde na Universidade de Franca.
Essa dissertação de Mestrado buscou identificar dimensões relevantes
para a prevenção de afecções posturais entre adolescentes no contexto escolar.
Participaram do estudo 92 estudantes com idades entre 11 e 15 anos de ambos
os sexos, cursando de 5ª a 8ª séries em uma Escola Estadual do Município de
Passos – MG.
A autora destacou que
É possível despertar a consciência corporal dos alunos por meio de
práticas de vivências, em que os mesmos possam ter uma melhor
percepção do seu próprio corpo e de suas posturas. Esse trabalho
pode ser realizado em conjunto com as aulas de educação física,
onde o fisioterapeuta e o professor de educação física podem
complementar o trabalho do outro (AVELAR, 2009, p. 98).
AVELAR (2009, p. 99), ainda, chama-nos a atenção:
Ações como estas, capacitarão os alunos, professores, pais e a
comunidade local a serem construtores de uma nova cultura de
adoção de hábitos posturais saudáveis. E qualquer iniciativa, mesmo
que pequena, de levar ao conhecimento de parte da população o
problema aqui tratado é o início para novas reflexões que, no futuro,
poderão desencadear mudanças efetivas de caráter sociocultural e
biológico (p.99).
Concluiu-se que os alunos sabem qual a postura correta para sentar-se,
mas adotam posturas inadequadas e a inadequação do mobiliário e o
transporte dos mesmos são as causas da má-postura.
Em 2011, foi encontrada apenas a dissertação de Ana Clara da Cunha
Vieira, Orientações posturais preventivas para escolares do Ensino
58
Fundamental: Proposta de inclusão do tema pelo Programa Saúde na Escola,
Fundação Oswaldo Aranha, Centro Universitário de Volta Redonda, Programa
de Mestrado Profissional em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente.
Essa dissertação teve por objetivo avaliar as condições de introdução
do tema prevenção postural nas atividades de Ensino Fundamental,
utilizando-se o Programa da Saúde na Escola (PSE), no Município de Volta
Redonda - RJ. Através de uma pesquisa descritiva quantitativa, foram
verificados conhecimentos prévios dos profissionais participantes com
respeito dos cuidados preventivos a cerca da utilização da postura sentada,
mochila escolar e postura de pé.
A autora destacou que o Programa Saúde na Escola apresenta
possibilidades de se incluir ações de conscientização e prevenção de
alterações posturais junto a escolares. Na pesquisa específica com os
profissionais do PSE-VR, tanto os representantes das áreas de saúde quanto
de educação do município afirmaram que orientações com relação à saúde
postural, ainda não foram incluídas no Programa e demonstraram estar de
acordo com essa inclusão, pela pertinência do tema.
Na análise das respostas dos entrevistas, a autora constatou
defasagem quanto ao conhecimento sobre requisitos básicos para minimizar
riscos de alterações musculoesqueléticas em escolares:
Encontramos por exemplo, que em relação aos cuidados para
manter boa postura sentada, foram citados por cerca de 50% dos
entrevistados: a necessidade de apoio para as costas, a importância
da adequação de tamanho do mobiliário escolar para as crianças, e a
essencialidade do apoio dos pés no chão. Porém, apenas 32 %
59
pontuaram como necessária a correta distância entre mesa e
cadeira. O conceito de “chegar o quadril para trás”, que pode garantir
o apoio nos ísquios (extremidades ósseas próprias para o apoio na
postura sentada), foi apontado somente por 2 entrevistados. Apenas
5,4% referiram como importante manter joelhos a 90º. de flexão.
64,3% apontaram como ações de cuidado manter a coluna
reta/ereta, citações convencionais que como já é descrito na
literatura acabam por gerar situação de tensão (VIEIRA, 2011,
p. 122).
Quanto à orientação a educandos com relação à maneira correta de se
sentar: “50% sabem da necessidade do apoio das costas, mas apenas 33,9%
recomendam este item; 50% acham importante que o apoio dos pés esteja
correto no chão, mas apenas 5,4% orientam” (VIEIRA, 2011, p. 123).
Com relação ao uso da mochila,
33,9% sabem sobre seu peso ideal. Cerca de 36% orientam
parcialmente sobre o tema, revelando que pedem somente para que
as crianças não carreguem mais que o necessário. 66,1% sabem
como carregar a mochila, mas só 5,4% orientam aos estudantes.
66,1% sabem o tamanho ideal da mochila, mas somente 3,6%
educam a respeito. (VIEIRA, 2011, p. 123).
Com relação aos cuidados para manter boa postura de pé, segunda a
pesquisa,
Os entrevistados citaram muitas regiões do corpo importantes de
serem observadas, porém de forma fragmentada, não direcionada
para o conjunto que perfaz uma boa postura. As orientações citadas
como já realizadas, são de manter a coluna/postura reta (41,1%) e
ombros para trás (30,4%), o que não significa a garantia de um bom
alinhamento do eixo corporal. (VIEIRA, 2011, p. 123).
Vieira (2011), afirmou, também, que não existe propostas de práticas
para profilaxia postural direcionada aos educandos, o que confirma a
60
necessidade de se apresentar aos profissionais algumas possibilidades de
introduzir a temática deste trabalho nas instituições escolares, A saúde e a
educação trabalhando juntos, conforme a proposta do PSE.
A pesquisadora ainda destacou a possível contribuição da fisioterapia
nesse trabalho de parceria ente saúde e educação, facilitando ações de
educação em saúde voltadas a esta área de grande importância profilática.
Em 2012, não foram encontradas dissertações e teses referentes à
saúde postural do educando.
Em pesquisa realizada na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações
(BDTD) não foram encontrados registros de teses e dissertações referentes à
Saúde Postural de Educandos entre 2000 a 2012.
Ao realizar buscas nas bases de dissertações e teses em
Universidades do Brasil, encontraram-se os seguintes trabalhos:
Luís Guilherme Barbosa, O Paradigma da postura sentada e a
motricidade infantil. Apreciação ergonômica dos componentes do desconforto
postural na manutenção da postura sentada no atual ambiente escolar de
primeiro grau, Programa de Doutorado em Engenharia de Produção.
Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2003.
Este trabalho tem por objetivo principal discutir o paradigma de que as
aulas das crianças escolares são assistidas basicamente na posição sentada,
considerando que a postura sentada, em determinada circunstância, pode ser
extremamente danosa a saúde da coluna vertebral. Concluiu-se que estes
comportamentos posturais compensatórios geram hábitos danosos que se
propagem para a vida adulta.
61
Outra tese encontrada foi a de Marilia Christina Tenório Rebolho,
Efeitos da educação postural nas mudanças de hábitos em escolares das 1ª a
4ª séries do ensino fundamental, Programa de Mestrado em Medicina -
Universidade de São Paulo, 2005.
Esta dissertação verificou os efeitos da educação postural comparando
duas estratégias de uma história em quadrinhos (HQ) na retenção de
informações desses hábitos posturais e de um circuito demonstrativo (CD),
onde as crianças vivenciam cada postura correta e incorreta.
O programa de educação postural foi aplicado em três sessões
educativas em escolares das 2ª e 3ª séries, com idades entre 7-11 anos, de
uma Escola Municipal, no Estado de São Paulo. Foram detectadas diferenças
no aprendizado e memorização dos hábitos posturais corretos em ambos os
sexos que se submeteram as duas metodologias.
De 2008, a dissertação de Mestrado de Suzana Moreira, Características
da postura corporal de escolares da rede municipal de ensino de Porto Alegre,
Mestrado em Ciências do Movimento Humano na Universidade Federal do
Rio Grande do Sul – UFRGS.
A dissertação teve por objetivo descrever e associar Postura
Ortostática, execução de Atividades da Vida Diária (AVDs), Amplitude de
Movimento Articular (ADM) e dor nas costas de escolares. Foram avaliados
430 escolares do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Ensino de Porto
Alegre – RS, entre 6 e 18 anos, através de avaliação da postura ortostática,
dinâmica e avaliação da dor. Esta investigação não foi feita com o intuito de
62
verificar o que estava errado, mas de conhecer melhor os escolares e auxiliar
na criação de projetos de educação postural adequados à realidade desta
população.
Segundo Moreira (2008, p. 87),
É interessante propor um trabalho em que as questões relacionadas
à manutenção da postura sentada, ao transporte do material escolar
e a manutenção da postura em pé sejam consideradas. Para isso,
sugere-se trabalhar junto ao escolar as diferentes possibilidades de
utilização do mobiliário escolar e identificar qual a mais confortável e
funcional; experimentar diferentes formas de carregar a pasta ou
mochila e identificar a que melhor adapta-se, perceber o peso das
mesmas e verificar se o material que transportam diariamente
realmente é necessário; executar exercícios compensatórios de
fortalecimento e alongamento muscular em sala de aula e nas aulas
de Educação Física e incentivar a percepção da postura e do corpo
na busca de alternativas para melhorar o bem estar nas situações
cotidianas.
A pesquisadora ainda sugere que seja envolvida também a direção da
escola na busca de possibilidades para propiciar a percepção e aquisição de
hábitos posturais saudáveis na escola.
Em 2009, a tese de doutoramento de Alexandre Luis da Silva Ritter,
Postura corporal ao sentar e transportar material escolar, Programa de
Doutorado em Ciências do Movimento Humano na Universidade Federal do
Rio Grande do Sul – UFRGS. Escola de Educação Física.
Essa tese teve como objetivo analisar diferentes fatores que possam
exercer influência sobre a maneira como sentam em sala de aula e como
transportam seu material escolar os escolares da Rede Municipal de Ensino
Fundamental de Porto Alegre - RS. Trata-se de um estudo observacional
transversal, no qual foram observadas 430 estudantes matriculados em oito
63
escolas municipais. Os resultados obtidos apontam para o entendimento de
que conhecer as características posturais dos alunos da Rede Municipal de
Ensino é imprescindível na formulação de políticas de promoção de saúde,
quer seja na inclusão de conteúdos específicos no Plano Político Pedagógico
da escola, quer seja na adequada seleção de mesas, cadeiras e livros
didáticos.
Foi realizada também pesquisa na base de dados da Scientific Eletronic
Library Online (SCIELO).
Foram localizados 4 (quatro) trabalhos realizados nos anos de 2006,
2007 e 2011, respectivamente.
1) MARTELLI, R. C.; TREBERT, J. Estudo descritivo das alterações
posturais de coluna vertebral em escolares de 10 a 16 anos de idade.
Tangará - SC. Revista Brasileira de Epidemiologia. v. 9, n. 1 p. 87-93,
2006.
Esta pesquisa teve por objetivo conhecer as alterações posturais em
coluna vertebral e fatores associados em escolares de 10 a 16 anos, no
Município de Tangará – SC. Foi realizado um estudos descritivo transversal,
onde os dados foram coletados através de avaliação fisioterapêutica individual e
entrevista estruturada. Os escolares foram avaliados em três posições
anatômicas, relacionando-se com o peso e estatura.
Conforme os autores:
A postura adequada na infância ou a correção precoce de desvios
posturais nessa fase possibilitam padrões posturais corretos na vida
64
adulta, pois esse período é da maior importância para o
desenvolvimento músculo-esquelético do indivíduo, com maior
probabilidade de prevenção e tratamento dessas alterações posturais
na coluna vertebral. (MARTELLI; TREBERT, 2006, p. 88-89).
Os autores observaram nesse estudo que a maioria das alterações
posturais, se cuidadas, pode ser considerada reversível:
Nesse contexto, ganham importância campanhas de promoção de
saúde que objetivem a adoção de estilos de vida e posturas mais
saudáveis, incluindo a prevenção e o tratamento das alterações
posturais. Os escolares com alterações posturais consideradas
potencialmente mais incapacitantes, como as escolioses com
evidências estruturais, necessitam de encaminhamento ao sistema
de saúde do município. Através de exames complementares, a
equipe de saúde poderá obter dados mais precisos e detalhados em
relação às alterações internas da coluna vertebral do indivíduo,
possibilitando traçar um diagnóstico clínico acurado. Esse
diagnóstico poderá facilitar o tratamento fisioterapêutico, fundamental
para o tratamento da progressão das alterações. (MARTELLI;
TREBERT, 2006, p. 92).
Concluiu-se que os indivíduos mais baixos e com menor peso corporal
apresentaram mais alterações posturais em relação aos seus colegas mais
altos e com maior peso corporal.
2) Detsch, et al. Prevalência de alterações posturais em escolares do
ensino médio em uma cidade do Sul do Brasil. Rev. Panam. Salud.
Publica/Pan-Am J Public Health, v. 21, n. 4, p. 231-238, 2007.
O estudo objetivou estimar a prevalência de alterações posturais
laterais e ântero-posteriores em adolescentes do sexo feminino e verificar se
determinados fatores socioeconômicos, demográficos, antropométricos e
comportamentais estão associados a essas alterações posturais. Portanto,
65
observou-se alta prevalência de alterações na postura das adolescentes, uma
vez que as mesmas podem gerar problemas na coluna vertebral a médio e
longo prazo. É importante que profissionais da área da saúde, incluindo os
professores de Educação Física, estejam aptos a realizar avaliações
posturais, e que esse procedimento seja realizado rotineiramente nas escolas.
3) Souza Junior et al. Perfil dos desvios posturais da coluna vertebral
em adolescentes de escolas públicas do município de Juazeiro do Norte – CE.
Rev. Fisioter. Pesqui. v. 18, n. 4, oct./dec. 2011.
O objetivo desse estudo foi investigar os desvios posturais da coluna
vertebral em escolares de 11 a 19 anos, com bases em dados
epidemiológicos que apontam para uma alta prevalência de alterações
posturais de coluna entre crianças e adolescentes. Utilizou-se como
metodologia um simetrógrafo e uma máquina fotográfica para pesquisar a
presença de desvios na coluna vertebral. Constatou-se elevada prevalência
dos desvios posturais em escolares.
Portanto, recomendamos a realização de intervenções, que tenham
como finalidade desenvolver e avaliar a aplicação de ações
educativas por meio de atividade física, e de intervenções
fisioterapêuticas, com o objetivo de prevenir as algias de coluna
vertebral em adolescentes. (SOUZA JUNIOR et al., 2011, p. 341).
A partir desse trabalho evidencia-se mais uma vez que uma parceria
entre a saúde e educação seria o caminho para a inclusão de Programas de
Educação Postural na escola. No caso, a Fisioterapia Preventiva possibilitaria
66
o conhecimento acerca dos desvios posturais, minimizando as complicações
entre os escolares.
4) SILVA et al. Alterações posturais em crianças e adolescentes obesos
e não-obesos. Rev. Bras. Cineantropom Desempenho Hum. v. 13, n. 6,
p. 448-454, 2011.
O objetivo da pesquisa foi identificar e comparar a frequência de
alterações posturais e dor em escolares obesos e não obesos de acordo com
o gênero. Foram analisadas 51 crianças e adolescentes, de 9 a 17 anos, de
ambos os sexos, divididas em dois grupos: obesos (n=33) e não-obesos
(n=18), e estes foram posteriormente subdivididos por sexo para as análises.
Utilizou-se de questionário elaborado pelos autores e validado em conteúdo
para avaliar a presença ou não de dor.
As crianças obesas, para ambos os sexos, apresentaram maior
prevalência de alterações posturais e prevalência de dor do que as
não-obesas. Acredita-se que o surgimento da dor acontece pela
associação de fatores, como o aumento da sobrecarga articular em
conjunto com uma estrutura esquelética ainda em formação,
diminuição da estabilidade postural e aumento do gasto energético
para realizar as atividades habituais (p.453).
Os autores, ainda, chamam a atenção para a necessidade de se
desenvolver mais estudos para detectar já na infância alterações posturais
para que haja uma intervenção precoce e uma boa postura da idade adulta.
Desse modo, através da revisão da literatura localizada, sentiu-se a
necessidade de conhecer se há registros do número de alunos com
problemas posturais ingressos ou egressos no Ensino Fundamental no Brasil.
67
O Ministério da Educação e Saúde não possui esse registro,
encontram-se registros aproximados em algumas pesquisas independentes,
em teses e dissertações.
Percebe-se a necessidade de uma maior atenção ao tema dessa
pesquisa, para que se possa deste modo, contribuir com medidas de
prevenção relacionadas com a má postura de crianças e adolescentes
adquirida em ambiente escolar.
Todos esses trabalhos apresentam uma intersecção com relação à
necessidade de desenvolver programas de Educação Postural na escola, já
que apresentam dados sobre problemas posturais em escolares que
poderiam ser evitados por meio de Programas de educação Postural.
Esses trabalhos vêm ao encontro do pressuposto dessa pesquisa de
que a Educação Postural precisa ser mais explorada e divulgada na escola
para prevenir alterações posturais e possíveis deficiências físicas nos
escolares.
68
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa pesquisa teve por objetivo identificar e compreender o termo
“corpo” na Educação brasileira entre os anos 2000 e 2012.
Na introdução desse trabalho a pesquisadora apresentou sua trajetória
profissional, caracterizando-se como sujeito da pesquisa, a partir da sua
experiência como fisioterapeuta atendendo escolares com alterações
posturais em coluna vertebral e fatores associados a escolares e professora
de curso de formação de professores na modalidade a distância e sua relação
com o objeto em estudo, isto é, com documentos oficiais da Educação
Brasileira entre 2000 e 2012 sobre o temática em estudo.
Segundo a pesquisadora, o exercício de escrever sua trajetória
profissional fez com que recordasse de suas brincadeiras, enquanto criança,
de ser professora, o que a fez compreender onde nasce seu interesse pela
área da Educação.
O problema de pesquisa: como o termo corpo é apresentado e tratado
na Educação Brasileira entre 2000 e 2012? surgiu da experiência da
pesquisadora como fisioterapeuta atendendo escolares com alterações
posturais em coluna vertebral e fatores associados a essa clientela. A essa
problemática, acrescenta-se o crescimento da obesidade e pouca atividade
física entre crianças adolescentes e adultos é um problema presente em
nossa realidade, apresentada na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar
(2009), realizada pelo IBGE. Nessa pesquisa foi evidenciada a importância do
69
monitoramento dos níveis de atividade física entre os estudantes para se
pensar uma política pública para esses e a importância da atividade física
para a promoção da saúde e que a escola é um espaço de difusão da
importância da atividade física para a promoção de uma vida com mais saúde.
No Capítulo 1 foi descrito os procedimentos metodológicos para o
desenvolvimento desse trabalho: pesquisa documental e pesquisa
bibliográfica.
Na pesquisa documental foram selecionados os seguintes trabalhos:
Constituição Federal 1988, Lei de Diretrizes e Bases de 1996, Parâmetros
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental e Médio – Temas
Transversais: Saúde.
No Capítulo 2, “Corpo” nas políticas públicas de educação, foram
apresentados em que circunstâncias a palavra corpo é mencionada. Por,
“corpo” não ter aparecido em nenhum momento relacionado à saúde postural,
optou-se por procurar um segundo termo relacionado ao primeiro: “saúde
postural.
Na Constituição Federal Brasileira de 1988, o verbete saúde aparece
referente ao direito do cidadão brasileiro: direito ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da
saúde, assim como à redução do risco de doença e de outros agravantes.
O termo saúde também refere-se à cuidados à saúde e diz que o
provimento de serviços médicos hospitalares é fornecimento de
medicamentos é de competência da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios.
70
Nesse mesmo documento o termo saúde aparece quando faz
referência à previdência social, à proteção e defesa da saúde e a quem
cabe a responsabilidade.
A palavra “prevenção” associa-se à garantia do direito à saúde, bem
como aos demais direitos sociais e à repressão do crime de tráfico de
substâncias ilegais. Mas, em nenhum momento, tal termo refere-se à
prevenção da saúde e mais especificamente à saúde postural.
Pôde-se perceber que nos Parâmetros Curriculares Nacionais – Temas
Transversais: Saúde não apresentou em nenhum momento a palavras Saúde
Postural, Educação Postural, mas chama a atenção para fatores que implicam
na necessidade de uma Educação Postural, quando se refere a cuidados
durante prática de exercício físico na busca de correção de problemas
posturais.
Portanto, os termos pesquisados nos documentos acima citados, de
modo geral, referem-se ao direito à saúde; direito ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da
saúde, assim como à redução do risco de doença e de outros agravantes,
conforme já mencionado. O que nos leva a identificar indícios da necessidade
de políticas de saúde e de prevenção para a saúde.
Entretanto, não fazem referências a necessidade, ou possibilidade de
se desenvolver Programas de Educação Postural nas escolas que, na visão
da autora dessa dissertação seria um possível caminho para a prevenção da
saúde postural e de deficiências físicas.
71
No Capítulo 3, apresentou a pesquisa bibliográfica sobre estudos
desenvolvidos referente ao tema da pesquisa no período de 2000 a 2012.
Entre os trabalhos localizados e apresentados nessa pesquisa.
A escolha do período entre os anos 2000 e 2012 para a realização da
pesquisa é pelo interesse em investigar os trabalhos na última década até os
dias atuais.
Foram realizadas pesquisas sobre teses e dissertações nas seguintes
bases de dados: Coordenação de Programa de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (CAPES), Biblioteca Digital Brasileira de Teses e
Dissertações (BDPD) e Bibliotecas Digitais de Universidades do Brasil.
Na base da CAPES teve-se acesso aos trabalhos elaborados nos anos
de 2000 a 2012, não constando registros de trabalhos de dissertação e teses
entre os anos de 2000 a 2003, 2005, 2008, 2010 e 2012 referentes à consulta.
Na tese de Vieira (2004), a autora apresentou reflexão sobre a postura
reta e correta de alunos participantes do Programa Escola Posturais, visando
proporcionar soluções viáveis às dificuldades posturais por eles vivenciadas.
A autora utilizou-se do estudo da antropologia do corpo e da saúde
viabilizando uma educação alternativa da postura.
Os resultados e as discussões dessa pesquisa foram analisados a partir
de reflexão sobre o conhecimento do docente com relação à postura corporal
da criança em idade escolar e, ainda, de sua atuação como agente de
prevenção e promoção da saúde, no contexto da comunidade escolar e
destacou seu importante papel como membro de equipe interdisciplinar.
72
Monteiro (2006), em sua dissertação descreveu e estudou um projeto
de pesquisa-ação desenvolvido em escolas públicas do Município de
Cantagalo (RJ), visando verificar, através da aplicação de questionários a
pais, professores e crianças/adolescentes em idade escolar, se estes
apresentavam dores ou não na coluna vertebral para relacionar estas
manifestação com posturas adotadas no ambiente familiar e escolar.
Os fisioterapeutas, envolvidos na pesquisa, evidenciaram crianças na
idade escolar com sérios desvios posturais que se associam à falta de
conhecimento dos pais, professores e dos próprios alunos.
Segundo a pesquisadora, esses desvios podem ser estruturais ou
posturais, devem-se também ao mobiliário escolar, que, muitas vezes, não é
adequado ao tamanho do aluno, podendo influenciar na sua boa postura.
Na pesquisa de Rodrigues (2007), foi investigada a influência da carga
e da forma de transporte do material escolar no âmbito da educação em
saúde. A pesquisadora também sugere mais pesquisas para avaliar o reflexo
das diferentes cargas e posições de transporte do material escolar sobre a
postura corporal, por a sobrecarga e o posicionamento inadequado da carga
poderem desencadear alterações de importância clínica e exigir ações de
educação em saúde.
Moretti (2009) em sua dissertação investigou efeitos promotores de
saúde, avaliando e capacitando os professores de 1º a 5º ano da referida
escola. A pesquisadora, chamou a atenção para a importância do
Fisioterapeuta em equipe multiprofissional promotora de saúde na escola e
73
acredita na importância dos professores da formação integral dos educandos,
o que implica também a questão da prevenção de doenças.
A autora ainda destaca a necessidade dos professores se preocuparem
com a boa postura corporal de seus educandos, por encontrarem-se em
processo de desenvolvimento na idade do escolar. Neste período da vida, se
for adotada postura incorreta, essa poderá ter repercussão negativa no futuro.
Avelar (2009) identificou, em sua dissertação, dimensões relevantes
para a prevenção de afecções posturais entre adolescentes no contexto
escolar. Participaram do estudo 92 estudantes com idades entre 11 e 15 anos
de ambos os sexos, cursando de 5ª a 8ª séries em uma Escola Estadual do
Município de Passos – MG.
A pesquisadora destacou que é possível despertar a consciência
corporal dos alunos por meio de práticas de vivências, em que os mesmos
possam ter uma melhor percepção do seu próprio corpo e de suas posturas.
Concluiu que alunos conhecem a postura correta para sentar-se, mas adotam
posturas inadequadas. Ela destaca ainda a possibilidade de um trabalho em
parceria com professor de Educação Física.
Vieira (2011) em sua dissertação, avaliou as condições de introdução
do tema prevenção postural nas atividades de Ensino Fundamental,
utilizando-se o Programa da Saúde na Escola (PSE), no Município de Volta
Redonda - RJ. A autora destacou que o Programa Saúde na Escola apresenta
possibilidades de se incluir ações de conscientização e prevenção de
alterações posturais junto a escolares.
74
De acordo com Vieira (2011, p.123), não existe propostas de práticas
para profilaxia postural direcionada aos educandos, o que confirma a
necessidade de se apresentar aos profissionais algumas possibilidades de
introduzir a temática deste trabalho nas instituições escolares.
A pesquisadora ainda destacou a possível contribuição da fisioterapia
nesse trabalho de parceria ente saúde e educação, facilitando ações de
educação em saúde voltadas a esta área de grande importância profilática.
Em 2012 não foram encontradas dissertações e teses referentes à
saúde postural do educando.
Em pesquisa realizada na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações
(BDTD) não foram encontrados registros de teses e dissertações referentes à
Saúde Postural de Educandos entre 2000 a 2012.
Ao realizar buscas nas bases de dissertações e teses em
Universidades do Brasil, encontraram-se os seguintes trabalhos:
Barbosa (2003) em seu trabalho discutiu o paradigma de que as aulas
das crianças escolares são assistidas basicamente na posição sentada,
chamando a atenção para que considerando que a postura sentada, em
determinada circunstância, pode ser extremamente danosa a saúde da coluna
vertebral.
Rebolho (2005) em sua pesquisa verificou os efeitos da educação
postural comparando duas estratégias de uma história em quadrinhos na
retenção de informações desses hábitos posturais e de um circuito
demonstrativo, em que as crianças vivenciam cada postura correta e
75
incorreta. Os escolares entre 7 e 11 anos, participantes da pesquisa
apresentaram diferenças no aprendizado e memorização dos hábitos
posturais corretos no uso das duas metodologias.
Moreira (2008) em sua dissertação descreveu e associou Postura
Ortostática, execução de Atividades da Vida Diária (AVDs), Amplitude de
Movimento Articular (ADM) e dor nas costas de escolares. Foram avaliados
430 escolares do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Ensino de Porto
Alegre – RS, entre 6 e 18 anos. Entre seus resultados, a pesquisadora
sugeriu o envolvimento também a direção da escola na busca de
possibilidades para propiciar a percepção e aquisição de hábitos posturais
saudáveis na escola.
Ritter (2009), em sua tese sobre Postura corporal ao sentar e
transportar material escolar destaca a importância de se conhecer as
características posturais dos alunos para formulação de políticas de promoção
de saúde, quer seja na inclusão de conteúdos específicos no Plano Político
Pedagógico da escola, quer seja na adequada seleção de mesas, cadeiras e
livros didáticos.
Foi realizada também pesquisa na base de dados da Scientific Eletronic
Library Online (SCIELO) e localizados 4 (quatro) trabalhos realizados nos
anos de 2006, 2007 e 2011.
Martelli e Traebert (2006) tiveram por objetivo conhecer as alterações
posturais em coluna vertebral e fatores associados em escolares de 10 a 16
anos, no Município de Tangará – SC.
76
Os autores afirmam com esta pesquisa que a maioria das alterações
posturais, se cuidadas, pode ser considerada reversível, por isso a necessidade
e importância de campanhas de promoção da saúde. Pois, estudantes com
alterações posturais, como as escolioses com evidências estruturais,
precisam ser encaminhados ao sistema de saúde do município. Destacou
também que por meio de exames complementares, a equipe de saúde poderá
realizar diagnóstico clínico acurado, facilitando o tratamento fisioterapêutico,
fundamental para o tratamento da progressão das alterações. Concluíram que
os indivíduos mais baixos e com menor peso corporal apresentaram mais
alterações posturais em relação aos seus colegas mais altos e com maior
peso corporal.
Detsch et al. (2007), em seu estudo, observou alta prevalência de
alterações na postura das adolescentes, uma vez que as mesmas podem
gerar problemas na coluna vertebral a médio e longo prazo e destacou a
necessidade de competência dos profissionais da área da saúde e dos
professores de Educação Física para realizar avaliações posturais nos
escolares.
Souza Junior et al. investigou desvios posturais da coluna vertebral em
estudantes de 11 a 19 anos, com base em dados epidemiológicos que
apontam para uma alta prevalência de alterações posturais de coluna entre
crianças e adolescentes.
Os pesquisadores constataram elevada prevalência dos desvios
posturais em escolares e recomendaram desenvolver ações educativas por
77
meio de atividades físicas e intervenções fisioterápicas, visando prevenir as
dores de coluna vertebral em adolescentes.
Esse trabalho evidenciou mais uma vez que parceria entre a saúde e
educação seria o caminho para a inclusão de Programas de Educação
Postural na escola.
Silva et al. (2011), em seu estudo identificou e comparou a frequência
de alterações posturais e dor em escolares obesos e não obesos de acordo
com o gênero. Foram analisadas 51 crianças e adolescentes, de 9 a 17 anos,
de ambos os sexos, divididas em dois grupos: obesos (n=33) e não-obesos
(n=18). Segundo os autores, em seus resultados, crianças obesas
apresentaram maior prevalência de alterações posturais e prevalência de dor
do que as não-obesas. Acreditam que o surgimento da dor decorre por
associação de fatores, como aumento da sobrecarga articular, juntamente
com uma estrutura esquelética em formação, diminuição da estabilidade
postural e aumento do gasto energético para realização de atividades comuns
do dia-a-dia.
Os autores destacam a necessidade de pesquisas com objetivo de
detectar, já na infância, alterações posturais, possibilitando, assim,
intervenção precoce e boa postura quando adulto.
Todos esses trabalhos consultados e estudados apresentaram uma
intersecção com relação à necessidade de desenvolver programas de
Educação Postural na escola, já que apresentam dados sobre problemas
posturais em escolares que poderiam ser evitados por meio de Programas de
Educação Postural.
78
Esses trabalhos vieram ao encontro do pressuposto dessa pesquisa de
que a Educação Postural precisa ser mais explorada e divulgada na escola
para prevenir alterações posturais e possíveis deficiências físicas nos
escolares. Portanto, com a realização dessa pesquisa bibliográfica, a
pesquisadora concluiu-se também que há necessidade de desenvolvimento
de mais pesquisas sobre os temas Saúde Postural e Educação Postural.
Com a pesquisa documental, também concluiu-se a importância de se
investir em políticas públicas de Educação Postural e a necessidade dos
formuladores de políticas públicas se atentarem para as pesquisas realizadas
junto a escolares que descrevem a sua realidade e apresentam um
diagnóstico não só pedagógico, mas quanto à saúde do escolar no momento
de se propor novas políticas. Que seja realmente levado em conta também a
saúde e a qualidade de vida da população.
Esse trabalho apresentou relevância pessoal para a pesquisadora,
porque respondeu a uma pergunta que se fez quanto ao como aparece o
corpo na Educação Brasileira, entre 2000 e 2012, além do desenvolvimento
da pesquisa servir como um caminho para sua formação enquanto
pesquisadora e enveredar-se pelo campo da Educação, seja essa uma área
em que não havia formação específica.
Apresentou também relevância acadêmica, por reunir trabalhos
desenvolvidos em diferentes instituições e Programas de Mestrado e
Doutorado sobre a temática em estudo, contribuindo, assim, para a área da
79
Educação como um possível material de consulta ao se pensar em Educação
Postural.
Sabe-se que esse trabalho não esgotou o tema, para a
pesquisadora é apenas um começo para o seu aprofundamento no estudo
sobre o tema e que pretende dar continuidade numa próxima etapa de sua
formação.
80
REFERÊNCIAS
ANTUNES, M. de F. P.; MALFATTI, C. R. M. Saúde no espaço escolar: avaliando a relação da avaliação postural com a sobrecarga das mochilas escolares. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2534-8.pdf>. Acesso em: 19 nov. 2013.
AULETE. Disponível em: <http://www.aulete.uol.com.br/corpo#ixzz2hcY4Cwok>. Acesso em: 19 nov. 2013.
AVELAR, W. R. Percepções dos Adolescentes sobre hábitos Posturais: Subsídios para Programas. 2009. Dissertação (Mestrado em Promoção de Saúde) – Universidade de Franca, Franca, 2009. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=156906>. Acesso em: 28 nov. 2013.
BIAVA, J. M. S.; LIMA, D. F. de. Educação postural na escola: uma abordagem integradora do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2371-8.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2013.
BRACCIALLI, L. M. P.; VILARTA, R. Aspectos a Serem Considerados na Elaboração de Programas de Prevenção e Orientação de Problemas Posturais. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, v. 14, n. 2, p.159-171, jul./dez. 2000. Disponível em: <http://portalsaudebrasil.com/artigospsb/reumato092.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2011.
BRASIL. Câmara dos Deputados. Disponível em: < http://www.camara.gov.br>. Acesso em: 18 nov. 2013a.
______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 7. ed. Brasília: Senado Federal; Subsecretaria de Edições Técnicas, 2011.
______. Ministério da Educação. Ensino fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007.
______. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: Saúde. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/saude.pdf>. Acesso em: 10 set. 2013b.
81
BRASIL. Planalto. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 18 nov. 2013c.
______. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 22 set. 2013.
______. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em: 12 nov. 2013.
______. Senado Federal. Disponível em: < http://www.senado.gov.br>. Acesso em: 18 nov. 2013d.
BRUSCHINI, S. Ortopedia Pediátrica. 2. ed. São Paulo: Atheneu; 1998.
CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1995.
CONTRI, D. E.; PETRUCELLI, A.; PEREA, D. C. B. N. M. Incidência de Desvios Posturais em Escolares do 2o ao 5o Ano do Ensino Fundamental. Conscientiae Saúde, São Paulo, v. 8, n. 2, p. 219-224, 2009. Disponível em: <http://redalyc.uaemex.mx/src/inicio/ArtPdfRed.jsp?iCve=92912014009>. Acesso em: 18 mar. 2011.
COURY, H. J. C. G. Trabalhando sentado. 2. ed. São Carlos: UFSCar, 1995.
DANGELO, J. G. e FATINNI, C. A. Anatomia humana sistêmica e segmentar: para o estudante de medicina. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2000.
DETSCH, C. et al. Prevalência de alterações posturais em escolares do ensino médio em uma cidade no Sul do Brasil. Revista Panamericana Salud Publica, Washington, EUA, v. 21, n. 4, p. 231-238, 2007. Disponível em: <http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/v21n4/06.pdf>. Acesso em: 08 out. 2013.
DOURADO, L. F.; OLIVEIRA, D. A. (Orgs.). Políticas e gestão da Educação no Brasil: novos marcos regulatórios. São Paulo: Xamã, 2009.
GUEDES, D. P. et al. Níveis de prática de atividade física habitual em adolescentes. Revista Brasileira de Medicina Esportiva, São Paulo, v. 7, n. 6, nov./dez. 2006.
82
HOWARD, A. et al. Improvement in quality of life following surgery for adolescent idiopathic scoliosis. Spine, v. 32, n. 24, p. 2715-2718, 2007.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. PENSe: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2009. Disponível em: <www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/pense >. Acesso em: 08 out. 2013.
KNOPLICH, J. A coluna da criança e do adolescente. São Paulo: Panamed, 1985.
MAGEE D. J. Avaliação Musculoesquelética. 3. ed. São Paulo: Manole, 2002.
MARTELLI, R. C.; TRAEBERT, J. Estudo descritivo das alterações posturais de coluna vertebral em escolares de 10 a 16 anos de idade. Tangará-SC, 2004. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, v. 9, n. 1, p. 87-93, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v9n1/06.pdf>. Acesso em: 12 out. 2013.
MARTINS, C. D.; MARTINS, C. D. A investigação do peso do material escolar em estudantes matriculados no Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente em Itajaí/SC. In: SALÃO DE INICIAÇÇÃO CIENTÍFICA, 21., 2009, Porto Alegre. Livro de Resumos... Porto Alegre: UFRGS, 2009. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/44426>. Acesso em: 12 out. 2013.
MASSAMBANI, E. de M.; SANTOS, S. R. da S. dos. Estudo das implicações na postura sentada durante análise microscópica em um laboratório de universidade. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2001_TR46_0930.pdf>. Acesso em: 31 mar. 2013.
MENESES, J. G. de C. et al. Educação Básica: Políticas, Legislação e Gestão. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.
MENGA, L.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.
MOREIRA, S. Características da postura da postura corporal de escolares da Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre. 2008. 119 f. Dissertação (Mestrado em Ciências do Movimento Humano) – Escola de Educação Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/14728/000667109.pdf>. Acesso em: 12 out. 2013.
83
MORETTI, M. J. L. Promoção de saúde através de um curso de capacitação para educação postural junto às professoras da escola municipal Delfim Moreira no município de Guaxupé-MG. 2009. 70 f. Dissertação (Mestrado em Promoção de Saúde) – Universidade de Franca, Franca, 2009.
OLIVEIRA, R. G. de. Apoio ao Professor como Agente de Prevenção dos Desvios de Postura Corporal: um Estudo em uma escola de Ensino Fundamental. 2004. 146 f. Dissertação (Mestrado em Políticas Públicas e Práticas Educativas) – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2004. Disponível em: <http://www.ce.ufpb.br/ppge/index.php?option=com_content&task=view&id=118&Itemid=52. Acesso em: 28 nov. 2013.
OLIVER, J.; MIDDLEDITCH, A. Anatomia funcional da coluna vertebral. Rio de Janeiro: Revinter, 1998.
PALMER, L. M.; EPLER, M. E. Postura. In: ______. Fundamentos das Técnicas de Avaliação Musculoesquelética. 2 ed. São Paulo: Guanabara Koogan, 2000. p. 42-62.
PAULSEN, A. S.; HENSEN, J. A. The working positions of school children. Applied Ergonomics, p. 63-64. 1994. Disponível em: <http://coletanea2008.no.comunidades.net/index.php?pagina=1225371491>. Acesso em: 08 out. 2013.
REBOLHO, M. C. T. Efeitos da educação postural nas mudanças de hábitos em escolares das 1ª a 4ª séries do ensino fundamental. 2005. 92 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5160/tde-29092005-160511/pt-br.php>. Acesso em: 12 out. 2013.
REGO, J. S. et al. Postura e ambiente escolar. Jornal Pequeno [online], 13 nov. 2006. Disponível em: <http://jornalpequeno.com.br/edicao/2006/11/13/postura-e-ambiente-escolar/>. Acesso em: 05 out. 2013.
RITTER, A. L. da S. Postura corporal ao sentar e transportar material escolar. 2009. 158 f. Tese (Doutorado em Ciências do Movimento Humano) – Escola de Educação Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/18525>. Acesso em: 12 out. 2013.
84
RODRIGUES, S. Influência da carga e forma do transporte do material escolar sobre a distribuição da força plantar e trajetória do centro de massa corporal. 2007. 80 f. Dissertação (Mestrado em Fisioterapia) – Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba, 2007. Disponível em: <https://www.unimep.br/phpg/bibdig/pdfs/ 2006/SPGFOIPVFOYD.pdf>. Acesso em: 28 nov. 2013.
SANTOS, C. M. D. dos. Móveis ergonômicos. Revista proteção, São Paulo, ed. 93, ano XII, p. 62-65. set. 1999.
SCHIMIDIT, A.; BANKOFF. A. D. P. Postura corporal de escolares. 2000. Disponível em: <http://www.unicamp.br>. Acesso em: 08 out. 2013.
SILVA, J. M. da. Como fazer trabalho comunitário? São Paulo: Paulus, 2003.
SILVA, L. R. da et al. Alterações posturais em crianças e adolescentes obesos e não-obesos. Rev. bras. cineantropom. desempenho hum. (Online), Florianópolis, v. 13, n. 6, dec. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1980-00372011000600007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 08 dez. 2013.
SOUSA JUNIOR, J. V. et al. Perfil dos desvios posturais da coluna vertebral em adolescentes de escolas públicas do município de Juazeiro do Norte - CE. Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v. 18, n. 4, p. 311-316, 2011.
VERDERI, E. Programa de educação postural. São Paulo: Phorte, 2005.
VIEIRA, A. A escola postural sob a perspectiva da educação somática: a reformulação de um programa de extensão na ESEF/UFRGS. 2004. 225 f. Tese (Doutorado em Ciências do Movimento Humano) – Escola de Educação Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/3942>. Acesso em: 28 nov. 2013.
VIEIRA, A. C. da C. Orientações posturais preventivas para escolares do Ensino Fundamental: proposta de inclusão do tema pelo Programa Saúde na Escola. 2011. 130 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente) – Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda, 2011. Disponível em: <http://www.unifoa.edu.br/portal_ensino/pos_ OLD/mecsma/arquivos/26.pdf>. Acesso em: 12 out. 2013.
ZAPATER, A. R. et al. Postura sentada: a eficácia de um programa de educação para escolares. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 191-199, 2004.
Top Related