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O primeiro guia decampo sobre sapos, rãs epererecas do Pantanal tvepré-lançamento durante a8ª Conferência Internacio-nalsobreÁreasÚmidas(In-tecol), realizado em Cuiabá(MT). Numa linguagematualizada e de fácil acesso,o Guia de campo dos anu-ros do Pantanal e planaltosde entorno descreve o am-biente físico do Pantanal eseu entorno, introduz o te-madabiologiareprodutivados anuros e faz recomen-daçõessobreaconservaçãodasespécies.Sãomaisde50espécies descritas em in-glês e português, seguindoasúltimasmodificaçõesre-levantes da literatura cien-tífica. Para cada espécie háum texto descritivo e umafotoauxiliandooleitornasidentificações. No final doguia há um glossário queauxiliaosnão-especialistasaentendertermostécnicosrelevantes. Assinam a pu-blicaçãoZilcaCampos,pes-quisadora da EmbrapaPantanal (Corumbá-MS), eDomingos de Jesus Rodri-gues, professor da Univer-sidade Federal do MatoGrosso(UFMT),oprofessorMasao Uetanabaro, do De-partamento de Biologia daUniversidade Federal doMato Grosso do Sul(UFMS), e os biólogos Cyn-thiaPrado,daUniversidadeEstadual Paulista (Unesp) eMarcelo Gordo, da Univer-sidade Federal do Amazo-nas (Ufam).

* O livro está à venda pela editora da

UFMT. Telefone: (65) 615-8324 oue-mails [email protected] [email protected]

BIBLIOTECADO CAMPO

Sapos dopantanal

AARRTTIIGGOO SSOOLLUUÇÇÃÃOO SSIIMMPPLLEESS

A G R O O P O R T U N I D A D E S

BALANÇAS GADO

SEMENTES

MATRIZ

ALIMENTAÇÃO P/ ANIMAL

MUDAS

PAULA HANNA VALDUJO/DIVULGAÇÃO - 7/4/08

Heráclito e o dilemada insegurança alimentar

O Brasil ainda não dispõe deuma marca capaz de conduzirum consumidor de qualquer

parte do mundo a dizer: “Queromade in Brazil”. Não somossinônimos de nada, exceto a

pecha de destruidores daFloresta Amazônica

RODRIGO CRAVEIRO/CB/D.A PRESS - 16/12/05

MARA LUÍZA GONÇALVES FREITAS*

A navegação pelas águas da História remetenecessariamente à revisitação da civilização gre-gaeemespecial,opensamentodealgunsimpor-tantes filósofos, como Aristóteles, Platão, Sócra-teseatémesmoHeráclito.Este,conhecidocomopai da dialética jônica, desafia o homem e a mu-lher contemporânea a refletirem sobre a essen-cialidade e a acidentalidade dos elementos quecompõemociclodavida.Orio,sempreseráorio,essa é a essência, contudo, o movimento ao lon-go do percurso, o acidental, somente está lá, por-que favorece a mudança, que desnuda o futuro.Nãoassumindoaquiasvezesdefilósofa,essetãocontemporâneo raciocínio importa, quando sepondera sobre um elemento fundamental paraa preservação da vida humana que é a saciedadedo corpo por meio do alimento.

Como transcender a desigualdade alimen-tar que afeta mais de 850 milhões de seres hu-manos em todo o planeta, se talvez estamosdiante de um cataclisma acelerado, que é oaquecimento global? Será que a natureza érealmente a madrasta da tragédia ou é a pró-pria mão do homem que coordena as regras docapitalismo? Recentemente, comecei a ponde-rar sobre isso, principalmente quando observoa construção histórica da mais relevante roda-da de negociação que envolve a agricultura, afamosa Rodada Doha, que este ano completaseu sétimo aniversário.

Atualmente, a rodada assumiu o posto deessencial, quando na verdade, deveria ser tra-tada como uma acidentalidade no curso do riochamado “Agronegócio Brasileiro”. O mar, cha-mado mercado, está logo mais ali à frente, masalguns desfiladeiros precisam ser enfrentadoscom requintes de elegância e supremacia em-presarial. Atualmente, garimpamos o represa-mento como alternativa de acordo diplomáti-co, envolvendo a tentativa de criação de pon-tes entre países emergentes e países desenvol-vidos, na expectativa de alocarmos mais eurose dólares para o mercado nacional, por meio daquebra dos subsídios agrícolas. “Quebrem ossubsídios agrícolas, que quebramos o protecio-nismo à indústria nacional”: essa é a barganhaem processo de design, que não é boa, em ter-mos de acordo. Johan Galtung (professor e fun-dador do Instituto de Pesquisas da Paz, em Os-lo)expõem muito bem que acordo é estratégia

de pobre, que não tem capacidade de ver alémdo conflito nem tampouco o transcende.

Enquanto o Brasil não transcende essa arena,insistindo em conferir valores acidentais à roda-da,esquece-sedoessencialinvestimentoeminte-ligência comercial e na construção de uma mar-cainternacionalqueconferirãoalongevidadeco-mercial anseada pelos milhões de membros quecompõem o agronegócio nacional, os europeustranscendemliberando1bilhãodeeurosparain-vestimentos no futuro grande concorrente bra-sileiro na área agrícola, o continente africano. Epor que as cartas estão lançadas dessa maneira?Porque a segurança alimentar é essencial paraeles. É uma essencialidade historicamente cons-truída.Aacidentalidadenaseleçãodaorigempa-raaaquisiçãodeprodutosdebasealimentarnãoimporta. Essencial é a disponibilidade da ofertapara sustentar a dieta e uma política de preçoscompatíveis com a realidade deles. Em suma: oriodeláchegaráaomardequalquerforma.Comou sem aquisição de produtos brasileiros.

NãohátemeridadeemrelaçãoàÁfrica,quan-to vislumbrante possível futuro celeiro de ali-mentos do mundo. A maioria dos famintos doplaneta estão lá e uma agricultura pujante seriauma mudança magnífica em termos de restau-raçãodadignidadehumanadaquelaspessoasde-vassadas pela pobreza absoluta, infernal. Contu-do, é preciso olhar a agricultura nacional com osolhosdomarketingeadinâmicadaestratégia,deforma puramente empresarial, em nível de go-verno brasileiro. O Brasil ainda não dispõe deuma marca capaz de conduzir um consumidorde qualquer parte do mundo a dizer: ‘quero ma-deinBrazil”.Nãosomossinônimosdenada,exce-to à pecha de destruidores da Floresta Amazôni-ca.Pessoalmente,acreditoúnicaeexclusivamen-te nesse diferencial competitivo frente às vanta-gens comparativas dos outros. O marketing demarca, conjugado com toda a excelência até en-tão construída dentro da fronteira agrícola brasi-leira é o elemento de sedução que nos falta.

Em suma, a conquista do consumidor es-trangeiro, que, no final das contas remunera oesforço do produtor nacional, com dólares, eu-ros, yens, yuans, é o único caminho. Os desa-fios, inclusive orçamentários, são muitos, maso mar está logo mais ali à frente.

*Gerente de negócios da CBM Agroenergia

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Dia de campo comemora mais uma fase no Jequitinhonha

Projeto barraginhasmantém expansão Luciano

Cordovalacredita atéem surgimentode novasnascentes

Minas Novas, no Vale do Je-quitinhonha, faz as contas e co-memora a expansão do projetobarraginhas em diferentes co-munidades rurais. Quinta-feirapassada, a equipe do projeto, lide-rada pelo engenheiro agrônomoLuciano Cordoval de Barros, daEmbrapa Milho e Sorgo (Sete La-goas-MG), esteve na comunidadede Cansanção, onde um dia decampo comemorou o encerra-mento de uma fase do trabalho

com as barraginhas. É o que Lu-ciano costuma chamar de fase demobilização, seguido da constru-ção efetiva de 50 barraginhas.Simples e de fácil construção, asbarraginhas são mini-açudes pa-ra captação de água de chuva.

Segundo o engenheiro, as 70primeiras barraginhas permiti-ram a recuperação de várias nas-centes d'água. “Agora, com mais50 intercaladas, esperamos queos minadouros se fortaleçam

mais ainda, cremos até no apare-cimento de novas nascentes”,aposta. Em outra comunidaderural, chamada Quilombola deMacuco, o dia de campo foi sex-ta-feira. Lá, o trabalho está numafase mais inicial. “Começaremosas atividades de mobilização e

implantação das primeiras bar-raginhas; serão construídas emtorno de 25 em cada uma dastrês comunidades quilombolasque existem lá”, conta Luciano,acrescentando que outra comu-nidade, Pinheiros, também rece-berá cerca de 25 barraginhas.

NEWTON FRANÇA/ESP. EM/D.A PRESS - 6/10/04