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PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DE SO PAULO
PUC-SP
Licia Ferreira Caire
HIPNOSE ERICKSONIANA EM PACIENTES ONCOLGICOS:
Um Estudo Psicossomtico em Pacientes com Cncer dePrstata
MESTRADO EM PSICOLOGIA CLNICA
SO PAULO
2010
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PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DE SO PAULO
PUC-SP
Licia Ferreira Caire
HIPNOSE ERICKSONIANA EM PACIENTES ONCOLGICOS:
Um Estudo Psicossomtico em Pacientes com Cncer dePrstata
MESTRADO EM PSICOLOGIA CLNICA
Dissertao apresentada BancaExaminadora da PontifciaUniversidade Catlica de So Paulo,
como exigncia parcial para obtenodo ttulo de Mestre em PsicologiaClnica sob a orientao da Prof.Doutora Mathilde Neder.
SO PAULO
2010
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BANCA EXAMINADORA:
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DEDICATRIA :
Dedico este trabalho ao meu Quinho, com todo o meu amor
simplesmente por voc existir e por ter me feito acreditar que o amor
vale pena!
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AGRADECIMENTOS:
Agradeo, antes de tudo, a todas as adversidades, pois foram elas que
me fizeram ter a certeza do quanto eu acredito neste trabalho; e me deram
fora para continuar caminhando.
Um agradecimento especial ao Egberto Turato da UNICAMP, por
compartir seus conhecimentos com solicitude, gentileza, simplicidade e
carinho.
Um agradecimento a Mathilde Neder, minha orientadora, que me
acolheu a mim e ao meu tema, com pacincia e afetuosidade; fatores
imprescindveis para que este trabalho se realizasse.
O meu muito obrigada ao Major Mdico Celestino Afonso do HFAG pela
confiana e suporte, sem o qual este trabalho no poderia ter sido executado.
Ao Dr. Esdras Vasconcellos pelas importantes contribuies, sempre
com sua lisura, tica e profissionalismo.
prof. Ceres Araujo o meu agradecimento pelo carinho, compreenso,
tranqilidade e compromisso.
prof.. Ida Kublikowski, o meu agradecimento por suas sugestes e
ensinamentos, os quais me encorajaram a crer na exequividade desta
pesquisa. prof. Edna Kahhalle meu reconhecimento por sua boa vontade e
ateno para comigo. Obrigada por suas orientaes no momento da
confeco de minha reviso bibliogrfica.
Agradeo, ainda, a todos os pacientes que acreditaram nesta idia e
contriburam para que este trabalho se realizasse.
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Por fim, um sincero e terno agradecimento a todos aqueles que com
atitudes, por vezes sutis, fizeram toda a diferena para que eu agora esteja
aqui. A estes o meu mais profundo obrigado.
Ao Monge Thurth, mentor paciente, sbio e dadivoso a minha gratido
por me mostrar que a vida precisa continuar andando sempre.
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Ns freqentamos outras escolas, adotamos outro mtodo.
Tornamo-nos, em todos os aspectos, mais modestos. J no
fazemos descender o homem do esprito, da divindade, voltamos
a coloc-lo entre os animais... Repudiamos por outro lado uma
vaidade que, a tal respeito, muito gostaria de novamente se fazer
ouvir: considerar o homem como tendo sido o grande desgnio prvio
da evoluo animal... Descartes foi o primeiro, com louvvel ousadia,
a consider-lo como mquina... toda a nossa fisiologia esfora-se
por comprovar este princpio ...Noutros tempos concedia-se ao
homem o livre-arbtrio como um dote de um mundo superior; hoje
at a vontade lhe tiramos, na medida em que no pode ser mais
entendida no sentido de um atributo... Tambm a alteramos o
pensamento: consideramos precisamente a conscincia como sendo
o sintoma de uma relativa imperfeio do organismo,... como que um
trabalho em que se consome inutilmente muita energia nervosa
negamos que qualquer coisa possa ser feita com perfeio sempre
que seja feita conscientemente. O puro esprito uma pura
estupidez: se retirarmos o sistema nervoso e os sentidos, o
chamado invlucro mortal, o resto um erro de clculo e isso
tudo!...
Nietzsche, O Anticristo
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RESUMO
CAIRE, L. HIPNOSE ERICKSONIANA EM PACIENTES ONCOLGICOS: UmEstudo Psicossomtico em Pacientes com Cncer de Prstata. So Paulo,2010, pp.124. Dissertao (Mestrado), Programa de Ps-graduao emPsicologia Clnica, Ncleo de Psicossomtica e de Psicologia Hospitalar daPUC-SP.
Considerando o reduzido nmero de pesquisas realizadas sobre o tema cncer
e hipnose que associassem aspectos psicolgicos vivenciais e existenciaisadvindos da experincia do sujeito frente a tcnica de hipnose e, tendo emvista que a quase totalidade de pesquisas retornadas a partir da revisobibliogrfica objetivava conjugar dados estatsticos, justificou-se uma pesquisaqualitativa com objetivo de interpretar e compreender o impacto das re-significaes vivenciais experienciadas em estado hipntico por cada pacientecom cncer de prstata frente sua auto-percepo de sade, crena notratamento e capacidade de prospectar o futuro; sem negligenciar as angstiasexistenciais deflagradas desde o diagnstico e intervenes. Foramacompanhados 12 sujeitos com cncer de prstata durante 5 sesses de
hipnoterapia escalonadas semanalmente com durao de 1 hora. Osinstrumentos consistiram em entrevistas individuais semi-dirigidas realizadasantes do incio do tratamento hipnoterpico, antes de cada sesso semanal eaps cada sesso; Intervenes hipnticas e Registros das entrevistas. Foieleita a Tcnica de Anlise Temtica para a seleo de temas a seremanalisados luz dos preceitos tericos psicossomticos, da Psicobiologia e daHipnoterapia Ericksoniana. Os Temas que mereceram destaque para anlise ediscusso de contedo devido recorrncia e angstia que despertaram foram:Sentimentos e Impulsos ao Impacto do Diagnstico; Significado do Cncer e
Crena na Cura; Auto-percepo da Melhora do Cncer; Retomada daCapacidade de Prospectar o Futuro. A concluso indicou que 100% dospacientes acompanhados referiram melhora na sade, certeza da cura,retomada do humor e incremento nas estratgias de enfrentamento ssituaes estressgenas.
Palavras-chave: Psicossomtica, Hipnose, Cncer de Prstata.
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ABSTRACT
CAIRE, L. ERICKSONIAN HYPNOSIS ON ONCOLOGY PATIENTS: A
Psychosomatic Study in Prostate Cancer Patients. So Paulo, 2010,pp.124. Dissertao (Mestrado), Programa de Ps-graduao em PsicologiaClnica, Ncleo de Psicossomtica e de Psicologia Hospitalar da PUC-SP.
The fact that almost all the studies returned through the systematic review
concerned the keywords cancer and hypnosis aimed just relate statistical data,as so the rare number of researches associating psychologic aspects and thehypnotic self-experience reported instigate a qualitative method for the atualstudy. The goal of this research was interpreting and understanding the impactof self-experienced during the hypnotic state by each prostate cancer patientabout his self realize of health, thrust in treatment and improvement ofstrategies to make a future better. Without to forget the anguish which startswith the diagnosis and interventions possible. 12 prostate cancer patients werecompanied along 5 sessions of hypnotherapy weakly each one during aroundone hour. The instruments consisted individuals interview before the start of thefive hypnotherapy sessions, another one before each weakly session so asafter each one; Hypnotic Interventions and registration of the interview. It waschoose the Thematic Technique to select the subjects to be analyzed under thetheoretical considerations of Psychosomatic, Psychobiology and EricksonHypnotherapy. Subjects which demonstrated be relevant to analyze anddiscussion because the recurrence and anguish that brings were: Feelings andImpulses about the Impact with the Diagnosis, Meanings of Cancer and Thrustin Cure; Self-realize about Cancer Health, Improvement about Capacity ofbelieve that makes a Future is possible. Conclusion indicated that 100% of the
followers patients mentioned fell themselves better about the health, thrust incure, improvement in the humor and increases on the strategies with the stresssituations.
Keywords: Psychosomatic, Hypnosis, Prostate Cancer.
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SUMRIO
Introduo 13
Justificativa 17
Reviso Bibliogrfica 22
1. Introduo 22
1.1. Hipnoterapia e Efeitos Colaterais associados a Intervenes e
Procedimentos Clnicos 24
1.2. Hipnoterapia e Imunidade 27
1.3. Hipnoterapia e Cuidados Paliativos 28
2. Hipnoterapia e Pesquisa Qualitativa 29
3. Consideraes Finais 29
Captulo I 34
1. A Concepo Psicossomtica de Mac Dougall e a Hipnose 34
2. Os Mecanismos Psiconeurofisiolgicos envolvidos na Hipnose 41
3. A Hipnose Enquanto Tcnica Psicolgica 48
3.1. Hipnoses Clssica e Ericksoniana 50
3.1.1. Abordagem Clssica 50
3.1.2. Abordagem Ericksoniana 51
4. Cncer de Prstata no Contexto dos demais Cnceres 52
4.1. Cncer: Etiologia e Etiopatogenia 52
4.2. O Cncer como Doena Celular 53
4.3. O Cncer como Doena Temporal e de Mltiplos Estgios 54
4.4. O Cncer de Prstata 55
4.4.1. Estratgias de Rastreamento e Diagnstico 56
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4.4.2. O PSA enquanto Marcador Tumoral Prosttico 58
4.4.3. A Graduao Histolgica de Gleason 59
5. Concluso 60
Captulo II 64
1. A Pesquisa 64
1.1 Os Objetivos 65
2. O Mtodo da Pesquisa 65
3. Os Sujeitos da Pesquisa 683.1. Critrios de Incluso 68
3.2. Recrutamento 68
4. Os Instrumentos 71
4.1. As Entrevistas 71
4.2. As Intervenes Hipnticas 73
5. Os Registros 74
6. A Anlise dos Dados 75
Captulo III 76
1. Anlise dos Resultados 76
1.1. Caracterizao Scio-Demogrfica dos Pacientes 76
2. Eixos de Anlise Temtica 82
2.1. Sentimentos e Impulsos ao Impacto do Diagnstico 82
2.2. Significado do Cncer e Crena na Cura 87
2.3. Auto-percepo da Melhora do Cncer 91
2.4. Retomada da Capacidade de Prospectar o Futuro 96
3. Concluso 99
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Consideraes Finais 102
Bibliografia 106
Anexos 113
I. Tcnica de Hipnose a qual os Pacientes foram submetidos 114
II. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 119
III. Parecer Mdico 121
IV. Tabela Gleason 122
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INTRODUO:
O fato marcante do homem se tratar de um ser holstico, o qual regido
e tem sua dinmica psicofisiolgica e social delineada a partir de sua interao
e percepo frente ao meio e s mudanas que neste ocorrem permite-nos
consider-lo eminentemente psicossomtico. Isto porque a psicossomtica
objetiva compreender o ser humano e sua adaptao a partir de uma premissa
psicossocial, a qual abriga a dialtica adoecimento e sade como uma
dinmica de vida.
Deste modo, qualquer adoecimento pode, ento, ser entendido com
base nos preceitos de retroalimentao da ciberntica, ou seja, tantocomo uma
tentativa de reorganizao do organismo psicofisiolgico frente s demandas
do meio externo, as aprendizagens, as emoes e os significados existenciais
introjetados e vivenciados desde o nascimento, quanto das demandas internas.
Assim sendo, pode-se pontuar que o adoecimento apareceria como uma
condioinevitvel, posto que este visa a adaptao da vida e da espcie aos
meios externo e interno, esclarece Morgado (2002).
Segundo Rossi (2003) qualquer intromisso ou mudana feita pelo
mundo exterior pode desencadear uma doena cuja caracterstica a de ser
um esforo para manter o equilbrio homeosttico (82). O autor explica esta
dinmica adaptativa considerando que o ser humano dotado de um sistema
detentor do papel central de mediar a comunicao entre a fenomenologia da
mente, tal como memria, aprendizagem, emoes, comportamento e suas
manifestaes psicossomticas no corpo (146); sendo este sistema chamado
de sistema lmbico-hipotalmico-hipofisrio. No caso seria o hipotlamo, o
foco central do sistema lmbico no crebro, o responsvel por regular nosso
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ambiente interno, via sistemas autnomo, endcrino, imunolgico e
neuropeptdeo (Rossi, 2003, 146), funcionando como um mediador de
informaes a fim de garantir o bem-estar do corpo de um modo geral. Logo,
este seria o transdutor fisiolgico das idias oportunizadas mente atravs das
demandas tanto exgenas quanto endgenas e, portanto, das advindas
hipnose.
Exatamente por esta psicodinmica singular do ser humano que a
medicina vem tentando integrar os referenciais cientfico-natural e o das
cincias humanaspsicologia e sociologia, como observam Deitos e Gaspary
(1997). De onde decorre o surgimento do conceito da psiconeuroimunologia em
razo desta inter-relao psique, sistemas nervoso, endocrinolgico e
imunolgico.
Logo, alm das intervenes biomdicas, deve haver a igual
preocupao por parte do terapeuta de propor a criao de um contexto
facilitador da reconstruo dos significados pessoais (Neder, 2001, 129).
Podendo estas intervenes psicoterpicas englobar diferentes tipos de
tratamentos os quais visem promover o bem-estar emocional e fsico atravs
da alterao da conscincia, incluindo o manejo do estresse, relaxamento,
condicionamento e hipnose (Miller e Cohen, 2001).
Esta uma possibilidade se relevarmos o que Mello Filho (1992) afirma
conceber sobre o que seria realmente a psicossomtica: psicossomtica
uma ideologia sobre a sade, o adoecer e sobre as prticas de sade. um
campo de pesquisas sobre esses fatos e, ao mesmo tempo, uma prtica...
(19). Na medida em que, ainda de acordo com o autor, a psicossomtica
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uma nova viso da Patologia e da Teraputica, a qual foca a prtica
assistencial em se tratar doentes e no doenas (Mello Filho, 1992, 19),
devemos pautar nossas aes teraputicas a partir do respeito ao significado
singular do que representa o adoecer e a sade para cada paciente e para
cada dade de relao idiossincrtica entre terapeuta e paciente.
Calcar nossa postura nestes preceitos requer que conheamos a fundo
nosso objeto, o que implica em nos descolarmos do paradigma cartesiano no
qual a doena o foco de cuidado e nos debruarmos sobre o doente e sua
maneira de adoecer e de recuperar a sade, atentando para as angstias
existenciais inerentes a esta dinmica.
Estas consideraes e concepes defrontam os profissionais da rea
de sade com um elenco de intervenes passveis de auxiliar o paciente em
seu processo sade-doena-sade; sendo uma destas estratgias de
interveno a Hipnose Ericksoniana. Isto porque os novos conceitos de
hipnose teraputica enfatizam os processos psicobiolgicos naturais de
transduo de informao para acessar e facilitar a utilizao dos prprios
recursos interiores dos pacientes para a soluo do problema (Rossi, 2003,
300).
De acordo com Milton Erickson (2007) a hipnose fundamentalmente
um mtodo de comunicar idias ao outro. Na hipnose, ao se colocar a pessoa
em estado de transe, estabelece-se uma condio de predisposio
recepo de idias, um estado de disposio para utilizar aprendizagens (19 ).
A hipnose no um sono fisiolgico; um estado psicolgico determinado da
conscincia, que difere do estado comum da conscincia (Erickson, 2003, 53).
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No entanto, apesar de j ter havido tantos avanos no que tange
utilizao e eficcia da hipnose e da hipnoterapia, Spiegel (2007) considera a
necessidade de uma ferramenta capaz de identificar padres, numa
abordagem holstica, a qual permita acessar tanto a conexo mente-corpo
quanto o contexto clnico.
Devido relevncia desta necessidade, no presente trabalho, devotarei
minha ateno para os aspectos qualitativos congregados tanto na dade
sade - adoecer quanto no processo de se vivenciar o transe hipntico.
Embasarei minha coleta e anlise de dados considerando os referenciais
fenomenolgico-existenciais, segundo os quais os fenmenos se nos
apresentam inseridos em um determinado setting.
Igualmente, considerarei a premissa da pesquisa qualitativa a qual
prope que conheamos o que cada vivncia representa e oportuniza a cada
paciente, de modo a manter uma escuta atenta para os contedos relacionados
ao que se pode considerar como Qualidade de Vida, relevando os seguintes
aspectos: subjetividade e multidimensionalidade. Ou seja, considerarei, assim
como Seidl e Zannon (2004), a percepo da pessoa sobre o seu estado de
sade e os aspectos no-mdicos do seu contexto de vida, o que implica em
que apenas a prpria pessoa poder, de fato, avaliar a sua qualidade de vida.
Assim sendo, o objetivo da presente pesquisa foi interpretar, a partir da
auto-percepo de cada paciente com cncer de prstata, o significado das
vivncias experimentadas durante as sesses de hipnose sobre a sua sade.
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JUSTIFICATIVA:
Em termos epidemiolgicos, de acordo com o INCA (2007), o cncer de
prstata (CP) apresenta carter endmico; e por esta razo indica a
necessidade de continuidade em investimentos no desenvolvimento de aes
abrangentes para o controle do cncer.
Levantamentos do INCA realizados em 2007 indicavam que o nmero
de casos novos de CP estimados para o Brasil no ano de 2008 seria de 49.530,
vlidas tambm para o ano de 2009.Estes valores correspondem a um risco
estimado de 52 casos novos a cada 100 mil homens.
Em termos absolutos, o cncer de prstata o sexto tipo de cncer mais
comum no mundo e o mais prevalente em homens, representando cerca de
10% do total de cncer.
Para 2008, estimava-se que o cncer de pele do tipo
no melanoma (115 mil casos novos) seria o mais incidente na populao
brasileira, seguido pelos tumores de prstata (49 mil), de mama feminina (49
mil), de pulmo (27 mil), de clon e reto (27 mil), de estmago (22 mil) e de
colo do tero (19 mil).
Estes dados deixam clara a necessidade de continuidade em
investimentos no desenvolvimento de aes abrangentes para o controle do
cncer, nos diferentes nveis de atuao como: na promoo da sade, na
deteco precoce, na assistncia aos pacientes, na vigilncia, na formao de
recursos humanos, na comunicao e mobilizao social, na pesquisa e na
gesto do SUS; indica o levantamento realizado pelo INCA.
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Diante de tal estimativa, torna-se incontestvel a necessidade da
implementao de estratgias de combate doena as quais otimizem o
quadro clnico dos pacientes portadores de CP a fim de minimizar tanto os
gastos com o tratamento quanto o tempo transcorrido desde o diagnstico do
cncer at o controle do tumor.
Alm disso, a prpria OMS (2006), estimula aos pases em
desenvolvimento, como o Brasil, a buscarem o desenvolvimento de estratgias
de ao e intervenes que possam, de uma maneira ou de outra, promover a
melhora da qualidade de vida e do bem-estar do paciente oncolgico.
Entretanto, aparentemente, o carter multifatorial do cncer enquanto
doena e a decorrente dificuldade de se tratar as variveis quantitativas a
contento vem dificultando, por exemplo, o desenvolvimento e a legitimidade do
uso de tcnicas alternativas enquanto estratgias de ao e interveno frente
ao paciente oncolgico; o que dificulta a que se atenda a sugesto da
Organizao Mundial da Sade (OMS) e do Instituto Nacional do Cncer
(INCA).
De modo que o que pude constatar que o nmero de pesquisas
quantitativas, ainda que em nvel mundial, sobre o tema cncer e hipnose,
significativamente escasso. A dificuldade por parte dos pesquisadores em
controlar todas as variveis quantitativas envolvidas tanto no fenmeno da
hipnose quanto no carter multifatorial do cncer enquanto doena vem
repercutindo na dificuldade da realizao de um estudo emprico o qual atenda
plenamente s premissas de uma pesquisa quantitativa; acontecimento
observado no momento da reviso bibliogrfica.
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Agrega-se, ainda, no ter sido encontrado nenhum trabalho quantitativo
que retornasse a partir das palavras-chave cncer de prstata e hipnose.
Provavelmente pela simples razo de que o cncer de prstata congrega todas
as dificuldades de controle dos demais cnceres, devido ao seu carter
multifatorial; alm de dissonncias cientficas no que concerne s diferentes
concepes e concordncias quanto ao uso e validade do PSA como ndice
ideal enquanto marcador para o controle, preveno e prospeco do
desenvolvimento de um cncer de prstata j diagnosticado.
Acrescento que o cncer de prstata tambm retornou pouqussimos
resultados quando a busca foi realizada nas bases de dados do LILACS e do
PUBMED; isto se consideramos que estamos associando as seguintes
palavras-chave cncer de prstata e pesquisa qualitativa. Este acontecimento
lamentvel, pois seria de grande valia para a categoria mdica se esta
escutasse e tivesse a oportunidade de refletir sobre os relatos dos pacientes
portadores de cncer de prstata os quais sempre fizeram e acompanharam o
PSA e vinham realizando o exame de toque retal anualmente e que, de
repente, se viram com o diagnstico de cncer de prstata.
Perceber que a aparente reao de compreenso e aceitao irreal,
posto que conseqncia de um estado de choque, de inrcia mediante o
inesperado e da sensao de que suas vidas podem ter chegado ao fim. Ao
mesmo tempo, vrias imagens e preocupaes passam por suas mentes e
estas, na falta de explicaes mais detalhadas por parte de seus mdicos,
comeam a dar lugar a elucubraes.
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Provavelmente, se seus mdicos descobrissem quais so estas
elucubraes e quais informaes ficaram faltando a partir do ponto de vista
destes pacientes, muitos males poderiam ser evitados, propiciando ento mais
segurana quanto prospeco de futuro e relacionamento com cnjuges e
entes queridos, por exemplo; alm, obviamente de uma mais ampla e melhor
adeso ao tratamento.
Ainda, para as palavras-chave hipnose e pesquisa qualitativa foi
espantoso o fato de ter encontrado, no momento da reviso, apenas um artigo
nas bases do SCIELO e nenhum nas bases do PUBMED. Este ocorrido me
despertou certa perplexidade, pois a hipnose um fenmeno durante o qual,
em estado de transe, cada indivduo a vivencia singularmente e a atribui um
significado particular. Assim, esta demandaria ser investigada em termos de
seus atributos qualitativos; sobretudo se considerarmos que j existem vrios
trabalhos que intencionam explicar os efeitos da hipnose em termos de sua
rede psicofisiolgica, psicobiolgica ou psiconeuroendcrinoimunolgica.
Entretanto, novamente, fica ntido o que a concepo de cincia com
base no paradigma cartesiano acarreta. No bastasse a limitao que
incorrida sobre a validao das pesquisas quantitativas, se nos orientarmos a
partir de seus preceitos igualmente ficaremos empacados na nossa busca de
conhecimento quanto a este fenmeno que a hipnose, posto que fenmenos
no so manipulveis a contento, eles apenas se nos apresentam de modo
que precisamos estar atentos a suas manifestaes e ao impacto existencial
que causam a ns e aos pacientes.
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Portanto, nesta pesquisa concentrarei meu foco naquilo que
inexoravelmente ocorreu, ou seja, a percepo do impacto de um fenmeno
o transe hipntico a partir da subjetividade de cada paciente que o vivenciou.
Isto se faz premente na medida em que, de acordo com estudos de
Bloch e al (2007), ao se dar o diagnstico de cncer de prstata e seus
consequentes tipos de tratamentos, estou colocando disposio do paciente
e de seus cnjuges questes existenciais concernentes a possveis sequelas
decorrentes de tais intervenes; o que implica na capacidade de
enfrentamento e de adeso do paciente ao tratamento e no desenvolvimento
de comorbidades de ordem psicolgica ou psiquitrica.
Portanto, os autores referem que pesquisas precisam atentar para
compor estratgias de interveno cujo objetivo sejam as necessidades
psicolgicas. Logo, a fim de atender a todas estas prerrogativas, sugiro uma
pesquisa qualitativa com a finalidade de investigar o como e,
consequentemente, o por que o tratamento com hipnose vem influindo,
segundo relato dos prprios pacientes portadores do cncer de prstata, na
maneira de lidar e encarar alguns de seus prprios fantasmas desencadeados
a partir do diagnstico.
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REVISO BIBLIOGRFICA:
1. INTRODUO:
Esta reviso bibliogrfica objetivou analisar os trabalhos publicados nos
ltimos 10 anos, entre 1998-2008, cujo grande tema foi Cncer e Hipnose, em
se tratando esta ltima da hipnose Ericksoniana. Esta investigao fez-se
necessria na medida que, antes de se propor e iniciar qualquer nova
empreitada, importante que se verifique o que a comunidade cientfica vem
estudando nos ltimos anos no que concerne ao tema, de modo a dar
subsdios e direes sobre metodologias e instrumentos plausveis de serem
utilizados em pesquisas futuras. Ou seja, os achados desta reviso tm o
intento de funcionar como parmetro daquilo que garantiria um melhor acesso
aos dados assim como quais paradigmas melhor consubstanciam as
concluses oriundas das anlises dos dados a fim de garantir a validade e a
fidedignidade dos dados coletados bem como de seu tratamento.
Igualmente relevante ser observar, analisar e interpretar o como e para
quais finalidades vm sendo empregada a hipnose clnica, de modo a
investigar se esta est sendo estudada a partir de suas diversas vertentes,
inclusive a com base na tcnica de pesquisa qualitativa, uma vez que a
hipnose se trata de um fenmeno.
Para tal, foi realizada uma busca sistemtica de artigos nas bases de
dados do SCIELO e do PUBMED, utilizando-se as palavras-chave cncer e
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hipnose, e abarcando-se as publicaes de relatos de experincias empricas.
Esta indicou o seguinte resultado: nas bases do SCIELO esta conjugao de
palavras-chave no localizou nenhum artigo. Uma vez que isto pode apontar
para o fato de que esta conjugao no constitua palavras-chave utilizadas nos
indexadores nacionais foi realizada nova busca, porm com uma delimitao
de um tipo especfico de hipnose, ou seja, utilizando-me da expresso hipnose
ericksoniana. Neste caso, retornaram duas ocorrncias de artigos tericos
sobre o tema; ambas do mesmo autor.
Ao ampliar a busca para as bases de dados internacionais, o PUBMED,
obteve-se o resultado de 70 artigos a partir da conjugao das palavras-chave
cncer e hipnose como indexadoras.
Ao analisar os recursos destes 70 artigos constatou-se que a maioria
deles no tinha um rigor metodolgico de trabalho de campo, no atendendo
aos parmetros necessrios para uma reviso que visa consubstanciar a
importncia e a pertinncia de uma determinada proposta emprica vinculada
ao tema. Desta forma, foram excludos do processo de anlise nesta reviso
todos os artigos que no atendiam prerrogativa de se tratarem de estudos de
campo e/ou de reviso de literatura.
Assim sendo, dentre os artigos encontrados, apenas 16 atendiam a esta
categoria, sendo que: 12 artigos abordavam a eficcia da hipnose frente a
efeitos colaterais e/ou reaes adversas ao tratamento do cncer e a
procedimentos interventivos necessrios; 3 abordavam possveis melhoras na
imunidade em decorrncia de hipnoterapia; 1 versava sobre cuidados
paliativos (ansiedade, dor e depresso).
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interessante ressaltar que na ocasio no retornou nenhum artigo que
envolvesse uma pesquisa qualitativa sobre o fenmeno da hipnose. Apenas
agora, no segundo semestre de 2009, no momento da redao final desta
reviso bibliogrfica que foi publicado um artigo de Neubern (2009) sobre o
estudo da hipnose e suas relaes com a dor a partir de um referencial
qualitativo.
1.1. Hipnoterapia e Efeitos Colaterais associados a Intervenes eProcedimentos Clnicos:
Foram analisados neste subttulo os artigos de reviso bibliogrfica de
Nron e Stephenson (2007); Rogovik e Goldman (2007); Richardson e al
(20070; Richardson e al (2006); Tsao e Zeltzer (2005); Stalpers e al (2005);
Wild e Espie (2004).
No que diz respeito Hipnose Analgsica,Nron e Stephenson (2007)
concluram emsua reviso que a hipnose pode promover significativa reduo
de dor para 75% da populao estudada; que a analgesia hipntica superior
que a ateno ou condies controladas de cuidado bsico.
No que concerne Eficcia da Hipnose no Manuseio da Dor Aguda e da
Ansiedade, a hipnose tem demonstrado ser um tratamento efetivo para a dor
aguda e procedural, indicando alvio de ansiedade e de desconforto
decorrentes das respectivas intervenes, sendo estas procedimentos
cirrgicos, aspiraes de medula e radioterapia. Os estudos tambm indicaram
que a hipnose eficaz para preparar pacientes peditricos oncolgicos para o
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procedimento de puno lombar; observou-se que o impacto da dor e da
ansiedade diminua conforme os pacientes se auto-hipnotizavam.
Rogovik e Goldman (2007) concordam com a anlise de Nron e
Stephenson (2007), concluindo que a hipnose reduz significativamente a dor e
a ansiedade durante procedimentos mdicos dolorosos em crianas e
adolescentes com cncer.
Richardson e al (2006) fizeram sua reviso com o objetivo de avaliar a
evidncia, a partir de estudos controlados, da efetividade da hipnose sobre a
dor e sofrimento em pacientes oncolgicos peditricos submetidos puno
lombar e aspirao de medula. Suas concluses so acordes com as dos
demais autores. Ou seja, os pacientes submetidos hipnose reportaram
menos dor e ansiedade do que os do grupo controle. Quanto validade dos
resultados, os autores ponderam que as limitaes metodolgicas dizem
respeito ausncia de registros quanto ao critrio de randomizao e
insuficincia de informaes relativas ao sexo, estgio do cncer referente a
cada grupo antes da interveno, bem como a utilizao de instrumentos de
medida de baixa validade e fidedignidade.
Tsao e Zeltzer (2005) salientam haver generalizaes de resultados cuja
validade questionvel devido amostragem pequena e pelo fato de que os
pacientes da pesquisa j haviam sido previamente expostos ao procedimento.
Portanto, os achados destes estudos no so significativos quanto eficcia e
ao uso da hipnose; concluso esta partilhada por Nron e Stephenson (2007).
Um trabalho desenvolvido por Stalpers e al (2005) resultou, com base na
auto-avaliao dos prprios pacientes, em benefcios advindos da hipnoterapia
para cerca de dois teros dos pacientes, incluindo o fato de que seu bem-estar
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melhorou e de que sua ansiedade frente sua doena diminuiu, assim como
suas estratgias de enfrentamento frente depresso. Alm disso, todos os
100% dos pacientes do grupo da hipnoterapia a recomendaram para outros
pacientes. Este resultado benfico da hipnoterapia no conseguiu ser
detectado pelos instrumentos de medida competentes.
Wild e Espie (2004) realizaram uma reviso sistemtica sobre cncer
peditrico cujo objetivo foi analisar criticamente a evoluo das pesquisas
sistemticas as quais evidenciam o impacto das intervenes hipnticas no
manejo de dor e aflio procedurais nas crianas com cncer. Um outro estudo
analisado pelos autores indicou diferenas significativas nos registros pr e ps
intervenes hipnticas no que tange maneira de se reportar prpria dor e
ansiedade; bem como os registros dos observadores sobre comportamentos de
aflio e sofrimento. Entretanto, tecem a estes estudos as mesmas crticas que
Richardson e al (2006) .
Sobre Nusea e Vmito foram analisados os ensaios de Nron e
Stephenson (2007) e de Richardson e al (2007); ambos constituem uma
reviso de literatura.
O estudo de Nron e Stephenson (2007) focou na utilizao da hipnose
como profilaxia nusea e ao vmito em pacientes que realizavam
quimioterapia. Os achados indicaram que todos os pacientes participantes de
uma pesquisa na qual estes recebiam dois ciclos de quimioterapia
concomitantes a dois ciclos de relaxamento e hipnose tiveram os sintomas de
nusea e vmito desaparecidos. No entanto, a crtica validade destes
resultados reside no fato de que o estudo carecia de um grupo controle, o que
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inviabiliza que os resultados positivos sejam associados apenas ou tambm
interveno hipntica.
A reviso realizada por Richardson e al (2006) objetivou avaliar a
efetividade da hipnose frente ao alvio da nusea e do vmito em pacientes
quimioterpicos. Nos cinco estudos analisados pelos autores foram registrados
resultados positivos quanto diminuio da nusea e/ou do vmito em
crianas submetidas hipnose. Porm, a crtica validade dos resultados jaz
no tamanho restrito da amostra populacional, o que impede generalizaes.
1.2. Hipnoterapia e Imunidade:
Foram analisados Bakke, Purtzer e Newton (2002) e a reviso
sistemtica de Hudacek (2007).
Hudacek (2007) avaliou, com a finalidade de verificar a
recomendabilidade da hipnose enquanto terapia adjuvante ao tratamento do
cncer de mama, dois estudos: um estudo experimental que ensinava hipnose
de imaginao guiada aos pacientes, e um outro estudo que provinha os
pacientes de treinamento autgeno em casa. Ambos os estudos demonstraram
aumento das clulas Natural Killer (NK) aps dois meses de tratamento, e
suporte nas estratgias de enfrentamento da depresso. No entanto, nenhum
dos estudos demonstrou significncia clnica no uso da hipnose no contexto do
cncer. importante observar que os autores nominaram como tcnicas de
hipnose intervenes distintas, pois o treinamento autgeno consiste de um
relaxamento, enquanto a imaginao guiada depende de um terapeuta para
induzir o estado de transe hipntico leve e sugestionar a imaginao guiada.
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Outro aspecto metodolgico negligenciado foi a ausncia de um grupo controle,
o que possibilita que se associe as melhoras adaptao do organismo s
intercorrncias clnicas.
Bakke, Purtzer e Newton (2002) analisaram pacientes com cncer de
mama nos estgios I e II que estavam realizando alguns dos seguintes
tratamentos ou procedimentos: cirurgias, quimioterapia, tratamentos
medicamentosos e psicoterapia, dentre outros. Aps dois meses o estudo
registrou um aumento das clulas NK, o qual no se manteve aps trs meses,
quando foi realizado o follow up.
1.3. Hipnoterapia e cuidados paliativos:
A busca retornou apenas o artigo de Rajasekaran et al (2005) o qual se
trata de reviso que objetiva encontrar evidncias da eficcia ou no do uso da
hipnoterapia frente ao tratamento de sintomas de pacientes adultos em estado
terminal de cncer com prognstico de vida inferior a 12 meses. Os resultados
do estudo apontaram que os participantes que no incio tinham um alto nvel de
sofrimento psicolgico foram os que mais se beneficiaram da assistncia
prestada, e este efeito foi ainda maior no grupo que recebeu a hipnoterapia.
Alm disso, houve uma reduo estatisticamente significativa dos nveis
emergenciais das afeces fsicas dos pacientes do grupo que recebeu a
hipnoterapia, quando comparados aos do grupo controle. A satisfao de vida
foi maior no grupo de experimentao. Houve reduo estatisticamente
significativa dos nveis tanto de depresso quanto de ansiedade nos pacientes
do grupo que recebeu hipnoterapia.
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2. Hipnoterapia e Pesquisa Qualitativa:
O artigo analisado foi o de Neubern (2009), cuja proposta do autor foi a
de apresentar uma metodologia clnica e qualitativa para o estudo da hipnose e
suas relaes com a dor a partir da constatao de que a subjetividade, a dor e
a hipnose so processos que remetem a uma dialtica entre sujeito e contexto
e que, portanto, as metodologias experimentais e estatsticas desconsiderariam
importantes momentos da constituio destes processos.
Os resultados obtidos com seu estudo indicaram que a auto-percepo
da dor diminuiu, a ateno da paciente passou a se voltar para situaes
cotidianas, foi retomada a vontade de voltar a trabalhar, houve um aumento na
auto-estima e pode se observar uma melhor adeso ao tratamento mdico.
3. Consideraes Finais:
O que pude observar que possivelmente no est havendo uma
afinao entre o mtodo utilizado e o objeto a ser estudado, ou seja, h uma
ausncia de sintonia e de recursos pertinentes para se estudar um fenmeno
como a hipnose, se considerarmos apenas a possibilidade de utilizarmos as
tcnicas das cincias naturais para tal. Esta constatao torna-se mais
presumvel se nos debruarmos sobre as prprias crticas dos pesquisadores
quantitativistas ao tema.
Estes reportam as seguintes falhas quanto ao mtodo e validade dos
estudos, dentre outras: dificuldades no que concerne ao controle e
recrutamento dos sujeitos que compem o grupo de amostragem das
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pesquisas nos aspectos relacionados homogeneizao quanto ao tipo e
estadiamento do cncer, gnero, idade, realizao de tratamentos,
procedimentos ou intervenes coadjuvantes, o que repercute no pequeno
tamanho da amostra.
Outro ponto fundamental que vem comprometendo a validade dos
achados a falta de consenso por parte dos pesquisadores quanto ao que
seria a hipnose e qual definio e respectiva tcnica deve ser considerada
como tal. De forma que encontram-se estudos que referem ter aplicado a
hipnose mas que em realidade utilizaram a tcnica da imaginao guiada, o
Treinamento Autgeno de Schultz ou algum relaxamento de base
comportamental.
A ausncia, ainda, de instrumentos de mensurao adequados para a
apurao de variveis subjetivas, ou seja, qualitativas tambm vem se
repetindo, bem como as menes dos pesquisadores ao fato de que os
instrumentos de medida no foram capazes de indicar melhoras referidas pelos
prprios pacientes no que diz respeito auto-percepo de melhora em sua
qualidade de vida, em sua condio de sade, no seu resgate da crena no
tratamento mdico, e na diminuio do nvel de ansiedade, por exemplo.
Outro aspecto negligenciado reporta ao recorte metodolgico. Na
maioria das vezes este no goza de reputao plausvel de replicabilidade nem
de generalizao, porque, em sua grande maioria, os estudos carecem de
registros sobre os pacientes participantes da pesquisa, bem como de
detalhamento de qual e como a tcnica de hipnose foi utilizada.
Entretanto, mesmo assim, os trabalhos focando a hipnose e sua eficcia
continuam sendo realizados; possivelmente porque, como afirmou Neubern
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(2006), durante toda a sua histria a hipnose, ainda que sem atender s
exigncias da cientificidade, sempre foi marcada pela sua eficincia
teraputica.
No entanto, para o paradigma da cientificidade baseada no mtodo das
cincias naturais esta eficincia sempre constante no evidncia suficiente. O
fato que esta clama por uma ferramenta capaz de identificar padres. o que
considera Spiegel (2007) ao afirmar haver a necessidade de se desenvolver
uma ferramenta holstica a qual permita acessar tanto a conexo mente-corpo
quanto o contexto clnico.
Pelo analisado na presente reviso parece ser exatamente esta
necessidade mpar de provar a eficcia da hipnose atravs de um mtodo
dedutivo que repercute na dificuldade de se estudar e validar a eficcia da
interveno hipntica. Entretanto, paradoxalmente, esta deveria se impor por si
s devido a seus resultados referidos e observados, sobretudo porque se trata
de um fenmeno no de uma dado.
H ainda a questo de que o cncer se trata de uma doena
multifatorial. Isolar todas as suas variveis praticamente impossvel, bem
como compor um grupo experimental com nmero significativo em termos de
amostra no contaminada e ainda realizar o follow up.
Do ponto de vista das limitaes inerentes ao fenmeno hipntico,
destaco que em todas as pesquisas quantitativas analisadas, os autores j
escolhiam previamente sobre quais sintomas objetivavam demonstrar a
eficcia da interveno hipntica. Esta postura fragmenta o fenmeno antes
mesmo que o pesquisador e o pesquisado se defrontem, impedindo a
experincia genuna.
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Assim sendo, por esta razo, acabam por esvaziar as qualidades da
hipnose enquanto fenmeno que se manifesta ao hipnotizador. Um fenmeno
que pode ser observado e muito provavelmente interpretado e compreendido
se considerado a partir do rapport num dado contexto relacional, histrico,
subjetivo e transferencial de um determinado settingteraputico. Assim, como
poderiam ser inferidas as suas propriedades benficas se considerssemos os
relatos de auto-percepo de melhora referidos pelos prprios pacientes no
que concerne prpria dor, ansiedade, bem-estar, resilincia, qualidade de
vida e outras variveis. Entretanto, estas experincias existenciais no gozam
de instrumento capaz de mensur-las (Stalpers, 2005).
Enfim, possvel que o que esteja dificultando a cincia a caminhar
neste sentido de compreender a eficcia da hipnose enquanto fenmeno seja
simplesmente o fato desta ainda no ter, definitivamente, se destitudo do
paradigma cartesiano. Paradigma a partir do qual o pesquisador trabalha com
fatos manipulveis, mensurveis e replicveis os quais so previamente
determinados e seguem, ento, o um circuito baseado em: hiptese objetivo
objetomtodoconcluso.
No entanto, esta falha bsica de se vir tentando transmutar o fenmeno
hipntico em fato tem incidido vigorosamente sobre a invalidao dos
resultados obtidos. Pois, se por um lado, continua-se a constatar que algo
muda com a hipnose; por outro, este fenmeno continua sem ser desvelado,
analisado, interpretado e compreendido. E, como expe Bloch e al (2007), as
implicaes referentes ao mtodo utilizado se refletem na amostra, no desenho
experimental, no controle, nas estratgias de mensurao e nos mtodos
estatsticos empregados no momento da pesquisa.
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Finalizando, o que os resultados de todos estes estudos vm indicando
nas entrelinhas que a fim de que uma mais acurada anlise dos dados possa
ser realizada primordial que os pesquisadores desloquem seu foco, e reflitam
criticamente sobre a incongruncia entre o objeto e o mtodo de seus estudos.
Somente desta maneira ser possvel olhar com outros olhos para o mesmo
fenmeno e, ento, considerar um referencial filosfico e metodolgico
concernente. Aps esta compreenso, certamente os pesquisadores iro optar
por um mtodo que no subtraia as qualidades nem as decomponha, mas sim
as compreenda como um todo. Este mtodo seria o mtodo qualitativo.
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CAPTULO I
1. A CONCEPO PSICOSSOMTICA DE MAC DOUGALL E A HIPNOSE:
Mac Dougall (1983) afirma que o invlucro carnal que o corpo, trata-se
de um objeto para a psique, o que implica no fato de que sem o corpo no
haveria psique, e vise-versa. Deste modo, no h como se entender nem
mesmo o afeto como um acontecimento puramente psquico ou puramente
fsico; a emoo essencialmente psicossomtica (Mac Dougall, 2000, 107)
posto que, segundo a autora, h uma relao entre os terrenos do soma e da
psique, propiciada pela dor, que surgindo em um destes terrenos, provoca
inevitavelmente sofrimento ao outro; pelo menos enquanto o psicossoma
funcionar como um todo saudvel (1983, 152-153), ou seja, integrado.
Podendo tal dor ter origem tanto no soma quanto na psique, sobretudo porque,
segundo a autora, a nica verdade psquica aquela que o sujeito
experimenta como tal... O sentimento de identidade se apia na convico de
que se vive no interior do envelope carnal e na certeza de que o eu e o corpo
so indissociveis... (153).
Assim sendo, podemos afirmar que a funo biolgica da dor consiste
em fornecer informaes importantes psique, informaes que dizem respeito
tanto ao corpo e s suas necessidades urgentes, como antecipao de uma
situao de stress psicobiolgico (Mac Dougall, 1983, 158).
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Desta forma, podemos inferir que este corpo que integra em si um corpo
real e um corpo imaginrio se trata de um corpo simblico, um corpo disponvel
para representar aquilo que a psique concluiu ser verdico afetiva e
biolgicamente. De modo que o rumo que se instaura a partir de um
diagnstico de cncer poder ser compreendido com base na dinmica que
assumem os contedos traumticos no-verbais.
Portanto, enquanto terapeuta posso convidar o paciente a imaginar
alguma coisa no lugar do somatizado (Mac Dougall, 1983,144-146); o que nos
leva a pensar nas respostas do soma que podem ser induzidas por meio da
hipnose (165). Isto porque, ainda segundo a autora, se o corpo acredita ter
sido queimado, perfeitamente lgico que entrem em ao reaes fisiolgicas
aptas a proteger a ferida (165).
Logo, se a psique acredita num determinado afeto de forma que esta
emoo se torna passvel de deflagrar reaes fisiolgicas e vice-versa, ento
pode-se inferir que num estado de transe hipntico seja possvel se induzir uma
imaginao significativa para o paciente, a qual poder auxili-lo a re-significar
afetivamente o impacto do diagnstico do cncer e de seu prognstico, bem
como a conformao das reaes fisiolgicas advindas de ambos.
No que concerne s recordaes traumticas, possvel afirmar que
seus traos e suas perturbaes no so depositados no pr-consciente, razo
esta pela qual no ficam acessveis recordao. Neste trabalho, foi
particularmente observado, no momento das entrevista iniciais com cada
paciente com cncer de prstata, que o diagnstico, o prognstico e as
angstias existenciais de morte advindas a estes foram forcludas de seu
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discurso; provavelmente se encontrando recalcadas no inconsciente e
impossibilitadas de gerar representao oriunda de elaboraes, pois
aparentemente no emitiam sintomas.
Este acontecimento pode ser razoavelmente compreensvel se
pensarmos que a dor psquica despertada com o diagnstico e possveis
prognsticos foi fortssima, sinnimo de intensa presso externa e interna. No
entanto, minha ateno se foca no fato de que ao no ocupar lugar na cadeia
simblica e por no ter a possibilidade de obter realizao parcial a partir de
um sintoma neurtico substitutivo, esta dor fortssima concorreu para que estes
pacientes atribussem ao cncer um status de concretude idealizada, o qual
no distingue a realidade fsica da realidade fantasmtica.
Isto repercute, conforme constatado nas entrevistas com todos os
pacientes, na incapacidade destes indivduos de prospectar o futuro, implica na
ocorrncia de uma srie de sintomas de causa orgnica clinicamente
indetectvel, na queda da qualidade de seu relacionamento conjugal e na
insegurana quanto sua cura. Desta forma, se considerarmos que este
momento de intensa dor atual trata-se de uma circunstncia favorvel
reintegrao deste psique-soma, observaremos que as manifestaes
psicossomticas se situam no contexto de uma histria que possvel
reconstruir, ou de uma mitologia que preciso construir (Mac Dougall, 2000,
46).
Exatamente por isso torna-se necessria a implementao de uma
estratgia que possa auxiliar o resgate da qualidade de vida e do bem-estar de
cada paciente, sendo o recurso da hipnose uma ferramenta que permite a
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resignificao da dor, como pondera Carvalho (1992). Ao permitir que a dor
seja revivida, as angstias existenciais podem mudar de roupagem e o sintoma
substitutivo que implica na queda da qualidade de vida e do bem-estar pode,
ento, ser elaborado, abrindo espao mental para o devaneio.
No caso do cncer, assemelho-o ao que Mac Dougall (1983) expe
como ato-sintoma ao referir que todo ato-sintoma ocupa o lugar de um sonho
sonhado, de um drama em potencial... (134), ou seja, o cncer recebe pap el
de objeto parcial ou de fato disfarado de objeto coisa numa tentativa de
imput-lo a funo de um objeto simblico (134). Logo, a hipnose oportunizaria
o sonhar com o sonho sonhado e, durante este sonho, conferir significado
simblico ao cncer em lugar de significado de coisa. Isto porque o
inconsciente uma histria sem palavras, uma imagem sem significado.
No entanto, se as imagens forem advindas a partir da incitao de
palavras significantes para o paciente, esta histria inconsciente tomar o
significado consciente que o paciente lhe conferir durante cada sesso de
transe, pois ser oportunizado o contato mais prximo de cada indivduo com o
material forcludo e, portanto no-elaborvel. certamente importante atentar
para o respeito singularidade de cada paciente, por parte do terapeuta, visto
que este funciona como objeto transicional que instiga a sonhar e a vivenciar
durante o transe.
Outro aspecto afim ao que Mac Dougall (1983) refere e que venho
constatando nos pacientes desta pesquisa o fato de haver uma certa
incongruncia entre o contedo do discurso e o afeto experimentado por eles
(109). Suas falas pareciam exprimir uma forma de relao que tinha por
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complemento fantasmtico o desejo de que o outro experimentasse um afeto
que eles mesmos no continham nem elaboravam (109). Este comportamento
no momento da entrevista inicial pode evidenciar a necessidade que estes
pacientes apresentavam de encontrar para suas experincias somticas e
recordaes afetivas relacionadas ao cncer, porm recusadas, um acesso
psique.
Ento, considero importante ressaltar que atravs do estado hipntico se
objetivou possibilitar a congruncia entre significado e afeto; porque grande
parte seno todos os pacientes por mim atendidos e aqui considerados
apresentaram certa incongruncia entre o relato dos afetos sentidos em funo
do diagnstico de cncer e respectivo prognstico e os comportamentos
desencadeados a partir de ento, tais como incapacidade de prospectar o
futuro e paralisia frente s oportunidades de vida e de prazer no momento
atual.
Estes pacientes se assemelhavam, naquele momento de entrevista
inicial, aos pacientes classificados por Mac Dougall (1983) como desafetados,
nos quais o benefcio inconsciente decorrente permitia-lhes proteger seus
objetos internos contra a destruio e manter em seu cotidiano um contato
contnuo com os objetos externos (109). interessante, porque apesar de
neurticos saudveis, estes pacientes, num momento de forte angstia
existencial e sofrimento psquico, apresentavam um discurso desafetado e
aparentemente distante e indiferente; como se estivessem se referindo a outra
pessoa ou a um acontecimento muito remoto em suas vidas, porm j findado
e resolvido. Esta seria sua maneira de continuar a conseguir manter contato
aparentemente prximo ao presente de incertezas, medos e angstias frente
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possibilidade de recidivas ou possibilidade de no terem alcanado de fato a
cura.
Assim sendo, enquanto o paciente se sentir estanque, enquantopsicoterapeuta teria de fazer algo semelhante ao holding, ou seja, sustentar no
tempo os elementos psquicos que o paciente, na impossibilidade de viv-los
no cotidiano, insiste em rechaar (Mac Dougall, 1983, 130); cabendo ento
sugesto hipntica esta contextualizao.
Deste ponto de vista o acontecimento traumtico, no caso o diagnsticode cncer, pode ser assemelhado s recordaes encobridoras e no difere
deste real a partir do qual toda criana foi ou ajudada, ou entravada em sua
tentativa de transigir com as realidades humanas (Mac Dougall, 1983, 144-
146).
Neste sentido, penso e interajo atravs da fala hipntica com o infanque
habita em cada adulto cronologicamente considerado, e que no momento de
um diagnstico que o remete a uma vivncia de sentena de morte revive toda
a angstia outrora construda a partir da interpretao psquica que este
indivduo fez de um acontecimento traumtico precoce. Sendo esta interao
pautada na finalidade de ajudar sua tentativa de transigir a realidade
humanamente compartilhada.
Inclusive porque, a prpria autora (1983) considera que os distrbios
neurticos se constroem a partir da palavra dos pais e da interpretao que
dada pela criana (99),podendo estes serem construdos igualmente a partir
da reinterpretao e da elaborao psquica que cada indivduo infanfaz deste
episdio atual traumticoo diagnstico e prognstico de cncerdurante um
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perodo de transe profundo. No caso, o fato de ter cncer pode ser revivido
hipnoticamente de modo a permitir a elaborao do trauma.
Logo, a fala hipntica do terapeuta seria o aparelho de pensar dopaciente neste momento atual de forte angstia e conflito existencial; sobretudo
porque, fazendo minhas as palavras da autora, ningum responsvel pelos
golpes violentos que o mundo e os primeiros afetos lhes desfecharam, mas
todos somos os nicos responsveis por nossos objetos e mundo interno (99).
Assim, digamos que durante um estado de transe hipntico o indivduo pode
atingir um estado psquico a partir do qual fica mais fcil tomar as rdeas deste
mundo interno, o que consequentemente oportuniza refazer o significado do
impacto violento que estes objetos lhes desfecharam.
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2. OS MECANISMOS PSICONEUROFISIOLGICOS ENVOLVIDOS NA
HIPNOSE:
De acordo com Damsio (2000b) o organismo, conforme representado
no interior do crebro trata-se de um provvel precursor biolgico daquilo que
finalmente se torna o eu em sua instncia plena, ou seja, corporal e mental.
Para que seja possvel esta conformidade se processar no crebro em forma
de representaes, o autor (2000a) afirma que o homem nasce com desgnios
bio-regulatrios, sendo alguns destes as emoes, as quais so definidas por
ele como conjuntos complexos de reaes qumicas e neurais, que formam
um padro, que tm algum tipo de papel regulador a desempenhar,... seu papel
auxiliar o organismo a preservar a vida (74-75).
Damsio (1998) explica que o ser humano nasce com marcadores-
somticos os quais constituem maquinaria neural necessria criao de
estados somticos em resposta a determinadas categorias de estmulos, a
maquinaria das emoes primrias (209) e se constituem numa rede neural
inata que proporciona, num primeiro momento, mecanismos de aprendizagem
a partir de estmulos sensoriais ativados pela interao com o ambiente
externo. Logo, a partir da ativao sensorial a rede neural dispara no crebro
algum tipo de reao metablica ou emoes.
Para Rossi esta concepo de Damsio encontra respaldo na idia
bsica da psicobiologia de cura mente-corpo, que a de que a informao o
conceito central e o elo de conexo entre todas as cincias, humanidades e
artes clnicas... e na medida em que todo o corpo humano pode ser
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compreendido como uma rede interligada de sistemas de informao distintos
porm conectados, tais como o gentico, o imunolgico, o hormonal e assim
por diante, todas as formas de organizao nos nveis psicolgico, fsico e
biolgico so expresses atuais de informao e de suas transformaes
(Rossi, 2003, 42).
A fim de elucidar melhor, Vasconcellos (2009, 166) descreve
sucintamente a rede neural que transporta todas estas informaes, reaes
qumicas e neurais advindas de emoes ou mudana de estado, com as
seguintes palavras:
Toda vez que alguma informao percebida por algum de nossosrgos dos sentidos ela enviada ao tlamo que se encarrega dedistribu-la..., primeiramente para o sistema lmbico... Visto que todasua elaborao rpida e desprovida de detalhes, o tlamo a enviatambm ao sistema neo-cortical... a fim de preparar a melhor forma
de resposta disponvel naquele instante.
Na tentativa de uma resoluo rpida e que retire o organismo dequalquer ameaa sua sobrevivncia, o sistema lmbico aciona ohipotlamo que aciona a glndula hipfise... capaz de segregarhormnios capazes de colocar todo o organismo em ao. Caso aavaliao cortical chegue concluso de que realmente se trata deuma situao ameaadora, o tlamo atravs do hipotlamo adequara resposta, agora psicofisiolgica.
Devido a todo este aparato neuropsicofisiolgico inato desenvolver-se
com o decorrer dos anos, com o desenvolvimento do eu e a maturao do
organismo como um todo, a capacidade de induo de uma emoo passa a
no depender apenas de estmulos sensoriais externos para deflagrar esta
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rede neural e consequentemente uma emoo. Isto porque na mente ficam
catalogadas imagens e respectivas emoes associadas a estas, as quais
podem ser acionadas via memria, uma vez que so representadas por
imagens no crebro.
Assim, as emoes podem tanto ser deflagradas por um estmulo
externo (palavra, rudo, aroma, toque, som, imagem...) quanto por um interno
(lembrana), o que equivale auto-induo, ou a uma vivncia decorrente
uma visualizao orientada durante um estgio de transe.
De onde decorre ento que todas as modernas abordagens da
comunicao mente-corpo tentam facilitar o processo de converter palavras,
imagens, sensaes, idias, crenas e expectativas em processos fisiolgicos
de cura do corpo a partir de uma perspectiva virtual (Rossi, 2003, 45), sendo
exatamente esta capacidade estrutural inata, descrita por Damsio (1998,
2000a) o que tornaria possvel as capacidades de aprendizagem e de criao a
partir de estmulos sensoriais e do recebimento de informaes associadas a
emoes.
Desta forma, podemos conceber a hipnose Ericksoniana como uma
estratgia que objetiva, atravs do uso de palavras significativas e
contextualizadas para o sujeito, propiciar a vivncia das emoes do que estas
idias suscitam, e consequentemente, devido oportunizao de
aprendizagem, a chamada cura mente-corpo.
Assim sendo, podemos inferir ser possvel a induo voluntria de
emoes na medida em que cada indivduo, no uso de suas faculdades
cognitivas, pode acessar recordaes associadas a emoes, ou seja, padres
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inatos de reaes neurais, endcrinas e imunolgicas. Deste modo, o
hipnoterapeuta deve atentar para o fato de que a informao que deseja
oportunizar ao paciente tenha algum significado subjetivo para o mesmo, uma
vez que esta eliciao requer, primeiramente, um conjunto restrito de
smbolos; e depois, a concatenao destes smbolos em cadeias ou sentenas,
cuja estrutura est definida por uma gramtica e cujo significado realizado
pelo acordo semntico (Rossi, 2003, 60). Portanto, da vem o cuidado de se
criar uma metfora a qual seja aceitvel e acessvel ao imaginrio do paciente;
o que equivale ao que Robles (2005) considerou embrulhar para presente a
sugesto hipntica. Somente assim, assegurando um sentido semntico para o
paciente, que as palavras tero equivalncia mnmica visual.
De acordo com Damsio (2000b), se a fala do hipnoterapeuta apresentar
esta equivalncia, o poder adaptativo das emoes eliciadas e vivenciadas em
estado de transe ser idntico ao das experincias sensoriais que, devido
existncia do self,tomam status de sentimento, sendo capazes, por esta razo,
de desencadear padres somticos de adaptao ainda que na ausncia de
situao externa. Restando-nos buscar a reorganizao e a sntese das
informaes interna e externa para a regulao dos estados fsicos,
considerando que a imagem fsica uma organizao de visualizao, e que
este fato s acontecer se ambos os estmulos, de origem sensorial e de
emoes, forem canalizados por meio do sistema lmbico-hipotalmico.
Assim, uma vez que, como vimos anteriormente, o hipotlamo o
principal caminho eferente do sistema lmbico, sendo o sistema lmbico-
hipotalmico a rea em que a informao pode ser combinada e integrada, e
uma vez que o sistema lmbico-hipotalmico est em processo de mudar
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constantemente os estados psiconeurofisiolgicos, toda aprendizagem
associada a ele , por necessidade, dependente-de-estado (Rossi, 2003).
Decorre ento a necessidade de que este estado possa ser vivenciado
novamente, porm em estado de transe, a fim de possibilitar recodificar a
aprendizagem na memria do sistema lmbico. Esta re-significao
consequentemente alterar o padro psiconeurofisiolgico, incorrendo sobre a
sade.
Rossi (2003) considera a plausibilidade destas re-significaes ao
afirmar que a base dos sintomas psicossomticos tem sua origem quando a
pessoa submetida a um estresse indevido por um longo perodo; estes
fenmenos coincidentes se tornam a base dos sintomas psicossomticos... e
expressam as aprendizagens codificadas na memria do sistema lmbico (97).
Em seu Seminrio de Zollikon (1959-1969) Heidegger ilustra a
possibilidade de se ver e vivenciar uma situao j conhecida, porm apenas
com foco no que se lhe importa naquele momento; e relata que:
cada um possui capacidade de tornar presente no agora, cada umpara si, determinado local ou experincia vivida no passado, sem terque deslocar o ser corpreo para aquele local fsico, sem ter
necessariamente que ver a situao por todos os ngulos, nem comoum todo; mas apesar disto ser capaz de vivenci-la e relat-la(Heidegger, 2001, 95).
Numa perspectiva psiconeurofisiolgica, pode-se traduzir que o que
ocorreu com base em Heidegger, concomitantemente ao momento em que
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cada indivduo foi capaz de tornar presente na mente, atravs da memria, o
que concretamente estava ausente, foi uma transduo de informao
quando a informao transduzida dos impulsos neurais da mente em
hormnios do corpo - transduo de informao neuroendcrina (Rossi, 2003,
150).
Esta concepo fenomenolgica de Heidegger se afina perfeitamente
com Rossi e Damsio e nos conduzem a Erickson (2003) quando este ressalta
que na vida diria todas as pessoas experimentam alguns tipos de fenmenos
hipnticos: o devaneio, a abstrao, a absoro numa idia (52). Estes
acontecimentos so decorrentes do fato de que o ser humano caracterizado
pela habilidade de responder a idias e pela capacidade de aceit-las,
elaborando-as e desenvolvendo-as em ambas as dimenses: consciente e
inconsciente, sensorial e emocional.
Portanto, a resposta idia de ter cncer, oriunda do trauma do
diagnstico de cncer de prstata e de seus possveis prognsticos, pode
tambm ser trabalhada dando-se ao paciente uma oportunidade de re-
significao de vivncia de suas angstias a qual possa ser aceita, elaborada e
desenvolvida nas dimenses consciente e inconsciente. Sobretudo se
consideramos que problemas psicossomticos so disfunes da
comunicao mente-corpo num mbito virtual, e no amplo circuito ciberntico
entre as presses psicossociais da experincia humana e os nveis de
receptores de molculas mensageiras de expresso gentica (Rossi, 2003,
91). A partir disto, basta que se reviva a idia, associando-a a algo sensorial e
emocionalmente elaborvel, e o equilbrio psicofisiolgico se restabelecer.
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Logo, a interveno hipntica seria um timo recurso psicolgico para
transformar uma idia originalmente recebida em formato de imagem em ato,
devido ao mero fato de que no sujeito hipnotizado a transformao do
pensamento em ao, sensao, movimento ou viso se d de maneira muito
rpida devido ao estado de censura da conscincia estar atuando em segundo
plano.
Portanto, podemos dizer sucintamente que os novos conceitos de
hipnose teraputica enfatizam os processos psicobiolgicos naturais de
transduo de informao para acessar a utilizao dos prprios recursos
interiores dos pacientes para a soluo do problema (Rossi, 2003, 300); pois
este conceito de comunicao mente-corpo integra os sistemas autnomo,
endcrino e imunolgico, e est, ainda conforme o autor, em agudo contraste
com os mtodos anteriores de sugesto autoritria, comunicao de influncia,
condicionamento oculto e programao em hipnose (203).
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3. A HIPNOSE ENQUANTO TCNICA PSICOLGICA:
Na hipnose um indivduo conduzido a partir de seu estado usual de
conscincia a um estado de conscincia alterado, o qual marcado por
variados nveis de relaxamento. Neste estado singular de conscincia
possvel se experienciar novas percepes, tais como o sentimento de
totalidade de um corpo holstico, a lentificao da passagem do tempo, o
deslocamento do pensamento analtico para o sinestsico, de modo a permitir mente uma maior interao entre sensaes e sentimentos. De acordo com
Spiegel et al (2007) uma breve descrio de hipnose implica que esta tem sido
identificada como uma forma de controle da imaginao.
Uma outra definio importante a ser apresentada a de hipnoterapia,
que de acordo com Ernst (2001) uma forma cognitiva de processamento de
informao que se realiza a partir do rebaixamento de conscincia com o
objetivo de promover mudanas aparentemente involuntrias na percepo,
memria, humor e fisiologia.
Uma questo curiosa na histria da hipnose que, mesmo sem atender
s exigncias da cientificidade, ela sempre foi marcada pela eficincia
teraputica de suas abordagens, tendo a discusso sobre a hipnose sido
inicialmente retomada, em termos clnicos, a partir da obra de Milton Erickson
(Neubern, 2006).
Isto porque Erickson (20030 prope uma hipnoterapia que coloca em
foco a singularidade do sujeito; singularidade esta que decorrente da inter-
relao sistmica entre sua predisposio gentica, o ambiente em que vive, o
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meio social e o momento histrico no qual est inserido, a relao com sua
famlia, suas concepes de mundo, de vida e de sade de forma que suas
qualidades ativa, consciente e interativa permitem-lhes serem considerados na
condio de sujeito que retroage sobre as prprias determinaes que o
antecedem (Neubern, 2002, 365). Caber ao terapeuta fornecer ao paciente
oportunidade de vivenciar a problemtica de uma maneira favorvel e
compatvel com sua perspectiva.
Bauer (2002) refere que Erickson dividia a mente em duas instncias:
mente consciente e mente inconsciente. Por mente consciente consideraria
aquela que toma conta da nossa conscincia, constituda por tudo aquilo de
que temos conscincia, enquanto a mente inconsciente corresponderia aquilo
de que nossa conscincia no toma conscincia, mas que, por alguma razo,
determina fenmenos fsicos e mentais sendo a mente consciente uma parte
limitada que no capaz de muitos pensamentos e atos simultneos; a mente
inconsciente ilimitada, capaz de fazer muito mais do que conscientemente se
imagina, um verdadeiro reservatrio de potenciais (119).
Logo, os potenciais e possibilidades de cada indivduo variam de acordo
com o estado de conscincia no qual este indivduo se encontra.
No entanto, afirma Rossi (2003), para que o procedimento hipntico
atinja realmente seu intento necessrio que um profundo estado de transe
tenha sido antes assegurado, a fim de que instrues hipnticas especficas
possam, ento, ser dadas ao sujeito para eliciar respostas de um tipo em
especial e em uma dada modalidade de comportamento. Portanto,
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a induo e a manuteno de um transe serve para prover umestado psicolgico especial no qual o paciente pode reassociar ereorganizar suas complexidades psicolgicas interiores... esta
experincia de reassociar e reorganizar sua prpria experincia devida que pode resultar em uma cura (Rossi, 2003, 99 ).
Sendo esta prerrogativa vlida para qualquer mtodo hipntico, ou seja,
as hipnoses Clssica e Ericksoniana.
3.1. HIPNOSES CLSSICA E ERICKSONIANA:
3.1.1. Abordagem Clssica:
Na hipnose clssica h um hipnotizador que realiza a induo ao transe
atravs de mtodos convencionais e pr-estabelecidos. Assim, segundo Bauer
(2002, 64) por hipnose clssica poderamos entender a induo de transe
formal associada s sugestes diretas. A caracterstica crucial em relao
hipnose Ericksoniana concerne ao fato de que nesta realiza-se sugestesdiretas, o que exige um transe mais profundo em virtude das resistncias
naturais do indivduo que est sendo hipnotizado. Alm disso, a sugesto direta
prope-se a gravar novas informaes sobre as antigas; no oportunizando
que se sugestione com base na histria do paciente, a qual ir conduzir a
trama do discurso que hipnotiza e sugestiona.
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3.1.2. Abordagem Ericksoniana:
Mtodo de hipnose criado por Milton H. Erickson que consiste em fazer
um tipo exclusivo de transe para cada cliente, fazendo-o ficar ao molde de cada
cliente (Bauer, 2002, 64), encorajando qualquer comportamento para o qual o
sujeito est motivado (Erickson e Rossi, 2003, 240).De acordo com Erickson e
Rossi (2003) a essncia da hipnoterapia evocar respostas e potencialidades
de dentro do paciente (40). Segundo os autores, o motivo pe lo qual ospacientes vo terapia reside no desejo que estes tm de quebrar suas
limitaes aprendidas e aprender novos padres. O decorrer do trabalho
hipnoterpico objetiva propiciar ao paciente reconhecer que o inconsciente
sabe mais; que o inconsciente o lugar da resoluo do sintoma e da
mudana (52).
Um aspecto importante do mtodo Ericksoniano, segundo os autores,
que difere diametralmente da hipnose clssica concerne ao fato de que neste
no se altera a experincia; altera-se a percepo da experincia e isto se
transforma na percepo relembrada (105). Isto porque, ainda conforme
Erickson e Rossi (2003), no se pode alterar a percepo original; mas alterar
a experincia da recordao (105). Isto porque a hipnose um mtodo de
comunicar idias ao outro... Colocando-se a pessoa em estado de transe
estabelece-se uma predisposio recepo de idias, um estado de
disposio para utilizar aprendizagens (Erickson, 2007, 19); pois a hipnose
no um sono fisiolgico; um estado psicolgico determinado da
conscincia, que difere do estado comum da conscincia (Erickson, 2003, 53).
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4. O CNCER DE PRSTATA NO CONTEXTO DOS DEMAIS CNCERES:
4.1. Cncer: Etiologia e Etiopatogenia:
O cncer pode ser considerado uma das doenas que mais
frequentemente desperta no paciente a angstia frente a morte; apesar de na
atualidade esta no ser mais sinnimo de morte. Infelizmente, apesar dos
diversos avanos da medicina atual, ainda no existem tratamentos os quais
possam garantir a cura efetiva para a maioria dos tumores metstasicos. E,
infelizmente, grande parte dos diagnsticos so realizados quando estas
metstases j aconteceram.
Pollock (2006, 1) diz que avanos nas tcnicas cirrgicas, na
radioterapia e na quimioterapia elevaram a sobrevivncia dos pacientes
portadores de cncer, entretanto, parece que o que vem acontecendo at o
momento que tanto o tratamento quanto as suas tcnicas apesar de muitas
das vezes j permitirem o controle da doena, no garantem a sua cura.
No entanto, as constantes pesquisas cientficas e tecnolgicas tm
permitido o surgimento de novas contribuies e de novas estratgias (como
moduladores biolgicos e imunoterapia) para combater doenas neoplsicas
no novo milnio (1), aponta o autor, as quais certamente tero como base a
melhor compreenso da doena.
Este indica ainda que h uma srie de fatores que parecem predispor ao
desenvolvimento do cncer, tais como fumaa de cigarro, radiao, compostos
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qumicos e outros; isto porque a prevalncia do tipo de cncer varia de pas
para pas, ou seja, varia de acordo com raa, clima, hbitos alimentares, dentre
outros fatores scio-econmico-culturais (Pollock, 2006).
Um exemplo de que provavelmente h outras variveis envolvidas no
caso do Cncer de Prstata advm do fato de que estudos indicam que sua
incidncia na sia menor, enquanto os Estados Unidos concentram sua
maior incidncia na populao negra. Porm, tais achados so inconclusivos
na medida em que a alimentao oriental diferente da ocidental.
Pollock (2006) acrescenta que sabemos que os genes so importantes,
pois determinadas mutaes esto associadas a um maior risco para cnceres
especficos (2); entretanto, por seu turno, no caso dos negros americanos, por
exemplo, estes so mais empobrecidos do que os brancos e, portanto, no
apresentam acesso igual ao dos brancos ateno primria em sade, o que
dificulta a afirmao de que a predisposio apenas de ordem gentica.
4.2. O Cncer como Doena Celular:
Pollock (2006) explica que todo tecido biolgico constitudo por clulas.
A clula a menor poro de matria viva que existe; portanto, no caso dos
organismos multicelulares, os tecidos e rgos so constitudos por clulas, os
quais podem crescer devido ao aumento de seu tamanho, de seu nmero ou
por ambas razes.
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Um adulto humano tem cerca de um quatrilho de clulas,
permanecendo este nmero basicamente constante na maturidade.
Entretanto, o processo de manuteno celular dinmico, cerca de um trilho
de clulas morrem diariamente e necessitam de reposio. Logo, pode-se
depreender que diariamente nasce esta mesma quantidade de clulas em um
organismo humano, dentre estas, algumas normais outras anormais.
O ponto que as clulas normais possuem um tempo regulado e
controlado para se duplicar enquanto as clulas anormais ou cancerosas
variam de maneira aparentemente autnoma. De onde decorre que se pode
aferir a agressividade de um cncer a partir da rapidez do crescimento da
massa tumoral; sendo esta a razo pela qual o autor define o cncer como uma
doena temporal singular a cada paciente.
4.3. O Cncer como Doena Temporal e de Mltiplos Estgios:
Enquanto assintomtico e no diagnosticvel um cncer no
considerado clnico; desta forma, pode-se classificar as fases do crescimento
temporal de um cncer em pr-clnica e clnica. Na fase pr-clnica o processo
de iniciao, definido como o estgio em que o cncer comea nas clulas por
meio de mutaes ...parece ser rpido, ..., e aparentemente irreversvel
(Pollock, 2006, 8); e, infelizmente, ainda no possvel identificar
anormalidades moleculares ou celulares sugestivas de cncer j presente no
paciente nesta fase pr clnica, o que faz com que o cncer se desenvolva e
progrida de uma maneira insidiosa originando, inclusive, metstases.
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Quando o paciente manifesta sinais ou sintomas de um possvel cncer,
pode-se dizer que este est na fase clnica, a qual comea de fato quando o
cncer diagnosticado definitivamente. nesse estgio que o cncer j
capaz de produzir sintomas no paciente, de modo que a terapia feita a fim de
tratar ou funcionar como paliativo frente ao prognstico da doena.
A fase latente compreende alm da iniciao, a promoo; aps segue a
progresso, quando comea a fase clnica. O estgio da promoo envolve a
alterao da expresso do gene, a proliferao das clulas que sofreram
iniciao (Pollock, 2006, 8-9).
O terceiro estgio, o da progresso, apresenta um aumento maior da
massa tumoral primria, a qual pode se desprender atravs do movimento de
suas clulas na direo de tecidos e rgos adjacentes, dando origem s
metstases atravs da penetrao de clulas neoplsicas no sistema
circulatrio, com seu transporte e aprisionamento em rgos e tecidos
distantes. O estgio de progresso conclui a fase pr-clnica da evoluo do
cncer e proporciona a transio para a fase clnica (Pollock, 2006, 9).
4.4. O Cncer de Prstata (CP):
Denis, Gospodarowicz, Griffiths in Pollock (2006) relatam que o cncer
de prstata clnico uma doena de idosos, com pico de incidncia e
mortalidade por volta dos 70 anos de idade. A doena representa 60% das
mortes masculinas por cncer.
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No caso da progresso do cncer de prstata, os autores explicam o
desenvolvimento do CP a partir do mau funcionamento da glndula prosttica,
ou seja, quando esta no detm o controle sobre a regulao do hormnio
andrognico intra-prosttico o cncer cresce sendo regido a partir dos fatores
de modo autnomo.
At o momento no h evidncia de que algum distrbio endcrino
primrio esteja relacionado enquanto fator de risco na etiologia do cncer de
prstata. Entretanto, um estudo chamado Projeto Diretrizes (2006) observou
que o fgado parece ter um papel importante na regulao do hormnio
prosttico na corrente sangunea, embora ainda no se saiba como.
4.4.1. Estratgias de Rastreamento e Diagnstico:
O diagnstico do cncer de prstata se baseia sobretudo na suspeita de
cncer decorrente da realizao de ao menos um desses trs exames: o
exame de toque retal, o qual busca averiguar enrijecimento na prstata ou
alguma assimetria; o exame realizado atravs de amostra sangunea a fim de
mensurar os nveis sricos de PSA (Antgeno Prosttico Especfico), o ultra-
som retal (UTR) que capaz de demonstrar leses atravs do pouco eco
produzido.
O ideal que o rastreamento seja realizado enquanto medida
preventiva, ou seja, realizado em populaes assintomticas. Assim sendo,
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o rastreamento totalmente diferente do achado eventual de umcaso ou do diagnstico precoce em pacientes sintomticos.Entretanto, infelizmente, este rastreamento no tem indicadomelhoras quanto qualidade de vida nem diminuio damortalidade em decorrncia do cncer de prstata (Denis,Gospodarowicz, Griffiths, 2006, 588).
Este fato vem sendo por mim observado no contedo das entrevistas
que realizo. Na grande maioria dos cnceres de prstata diagnosticados, os
pacientes sempre acompanharam seu ndice de PSA e realizavam anualmente
o exame de toque, alm de serem assintomticos.
No entanto, durante algum outro acometimento clnico ou em funo de
procurarem o mdico por queixa de infeco urinria, acabaram descobrindo
uma massa na prstata a qual no momento da bipsia acusava positivo para
cncer de prstata. De modo que novos estudos esto sendo realizados a fim
de melhorar a especificidade histolgica da anlise da bipsia (Denis,
Gospodarowicz, Griffiths, 2006, 588), o que poderia ento incorrer, segundo os
autores, numa maior especificidade e eficcia do tratamento do cncer, uma
vez que este s percebe significado clnico se soubermos com preciso seu
grau de agressividade.
Desta forma, o que pude constatar que a medicina preventiva, para o
caso do cncer de prstata no tem de fato, como referiram os autores,
contribudo para o diagnstico precoce nem para a diminuio do impacto dos
efeitos colaterais dos tratamentos na qualidade de vida dos pacientes.
O relatrio do Projeto Diretrizes (2006) corrobora esta observao e
salienta que apesar de aparentemente haverem tantas maneiras de deteco
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do cncer de prstata, nenhuma delas dispe de alta sensibilidade para a
deteco da doena em estgio precoce, e prope a combinao simultnea
do exame de PSA srico com o dispositivo da bipsia guiada por ultra-som
transretal a fim de tornar vivel o diagnstico do cncer de prstata em fase
inicial.
Finalizando, ressalto que Denis, Gospodarowicz, Griffiths (2006)
consideram que a avaliao pr-operatria do tumor importante porque
atravs da anlise histolgica das bipsias que se torna possvel determinar o
grau e a extenso do cncer de prstata, enquanto marcadores como o PSA
ou o volume do tumor permitem a escolha do tratamento adequado (589-590).
4.4.2. O PSA enquanto Marcador Tumoral Prosttico:
De acordo com o Projeto Diretrizes (2006, 4) o PSA est em uso clnico
para diagnstico e seguimento do cncer prosttico desde 1986. Isto porque o
PSA um marcador tumoral prstata-especfico, ou seja, produzido
principalmente pelo tecido prosttico.
Acredita-se que o PSA seja liberado para a corrente sangunea
principalmente quando existe alguma ruptura nos mecanismos que o mantm
no tecido prosttico, como isquemias, infartos, processos inflamatrios e
cncer. A hiperplasia prosttica benigna (HPB) produz elevaes do PSA
srico devido ao aumento do nmero de clulas produtoras de PSA. Apesar de
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ser utilizado como o principal marcador tumoral para o cncer de prstata, o
metabolismo do PSA permanece em grande parte desconhecido.
4.4.3. A Graduao Histolgica de Gleason:
Para identificar o grau de extenso e agressividade do tumor de prstata
utilizada universalmente a classificao de graduao histolgica de Gleason
(Anexo IV), Aferir o grau Gleason de cada tumor prosttico um fator
importante, na medida em que com base neste ndice que se pode estimar o
prognstico do tratamento.
A graduao de Gleason considera o carter heterogneo da massa
tumoral, e sua tabela composta por cinco padres os quais devem ser
somados de dois em dois, conforme a predominncia histolgica. A somatria
dos dois padres predominantes resulta no escore de Gleason, podendo este
variar entre dois e dez.
Cabe ressaltar que a graduao histolgica baseada na conformao
arquitetural das glndulas, na sua disposio e na caracterstica de
crescimento (Maluf, Arap, Buzaid, 2007).
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5. CONCLUSO:
Como pudemos concluir com base na Teoria Psicossomtica de Mac
Dougall, as manifestaes psicossomticos so obscuras enquanto reflexos
biolgicos e parece que de alguma maneira o corpo biolgico se torna
psicolgico (1989, 145) e inicia uma fala muda, incapaz de propiciar
representao. Entretanto, ao mesmo tempo, a autora considera que estas
mesmas manifestaes psicossomticas se situam no contexto de um histria
que possvel reconstruir (Mac Dougall, 2000, 46).
Entretanto, devido a incapacidades elaborativas do Aparelho Psquico,
esta fala muda, sem palavras dizveis na vida cotidiana, fica bloqueada no
inconsciente; no podendo encontrar sada nem mesmo atravs do sonho.
Desta forma, os sintomas biolgicos se despem de qualquer impregnao
afetiva e de valor simblico. Provavelmente sobretudo devido necessidade
que o paciente tem de endurecer todo o seu corpo e o seu interior contra as
idias horrveis, a fim de impe
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