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Em DestaqueDIÁRIO COMÉRCIO INDÚSTRIA & SERVIÇOS � QUARTA-FEIRA, 23 DE DEZEMBRO DE 20 1 5 3

JAN/2014

FEV

MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN/2015 FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT

A retraçãona atividade

em outubro foipuxada pela produção

de bens duráveis,que tradicionalmente

cresce nessaépoca do ano

FONTE: IBGE

QUEDA ACENTUADA

Produção industrial em comparação com igual mês do ano anterior Em %

-2

-0,4

-5,7

-3,1 -3,1

-6,8

-3,4

-5,1

-1,7

-6

-2,6

-5

-9,3

-3,2

-7,7

-8,8

-2,9

-9 -8,8

-10,9-11,2

4,8

I N D Ú ST R I A . Demanda por eletroeletrônicos, móveis, vestuário e calçados deve continuar fraca nopróximo ano. Inflação, restrição ao crédito e alta do desemprego seguem no radar das empresas

Só alimentos e medicamentosescapam da retração em 2016BENS DE CONSUMO

Jéssica KruckenfellnerSão Pauloj e s s i c a . m o ra e s @ d c i . c o m . b r

�A indústria de bens de consu-mo deve continuar pressiona-da no ano que vem e com volu-mes abaixo do desejado.Segundo especialistas, apenasas fabricantes de alimentos eas farmacêuticas devem en-contrar um cenário próximoda estabilidade em 2016.“A indústria deve apresentar re-sultados ainda ruins em 2016,sem perspectiva de melhora. Seantes o setor falava em um pos-sível crescimento no ano, agoraos principais indicadores eco-nômicos sinalizam que vem aímais um ano de queda na ativi-dade industrial”, avaliou o eco-nomista do Insper, EduardoCorreia de Souza.

As fábricas de alimentos de-vem repetir, em 2016, o desem-penho visto neste ano, de acor-do com a Associação Brasileiradas Indústrias da Alimentação(Abia). A associação estima altaentre 0,2% e 0,8% em volumeproduzido em 2015. Já as ven-das reais, descontada a inflação,devem registrar expansão de0,3% a 0,9%. Para o próximoano, a Abia estima avanço de até1,4% no volume produzido e de1,5% nas vendas reais.

“É importante enfatizar queesse resultado [projeção] é posi-tivo quando comparado ao PIBnacional que deve encerrar2016 com queda de 2,3%, se-gundo estimativas do merca-d o”, afirmou o presidente daABIA, Edmundo Klotz.

A indústria farmacêutica tam-bém prevê mais um ano difícilpara o setor, mesmo com a de-manda natural por medica-mento. O maior impasse para osetor em 2016 deve ser a maiorpressão sobre as margens de ,reflexo da alta nos custos commatéria-prima. “Claro que adesvalorização do real frente aodólar é sempre bom para a in-dústria de maneira geral expor-tar, mas para o nosso setor é umfator que complica os custos,porque a maior parte dos insu-mos é importada e o reajuste depreços é controlado”, lembrou opresidente do Sindicato da In-dústria de Produtos Farmacêu-ticos no Estado de São Paulo,Nelson Mussolini.

Plano BA exportação, pauta comumda indústria como alternativaao enfraquecimento do mer-cado interno, segue como umadas principais apostas para al-guns setores em 2016, segundofontes ouvidas pelo DCI.

Para os profissionais a reto-mada dos embarques, entre-tanto, ainda esbarra nos mes-mos problemas de anosanteriores: enquanto a taxa decâmbio se tornou mais favorá-vel para a exportação, a falta decompetitividade brasileirafrente a outros países perma-nece como um dos entraves

para as empresas que querematuar além das fronteiras.

O sócio diretor da consultoriaIemi Inteligência de Mercado,Marcelo Prado, observa que aindústria moveleira, por exem-plo, pode ser impulsionada pe-las exportações. “Mas essa al-ternativa não é para todos”.

Na visão do presidente da As-sociação Brasileira das Indús-trias do Mobiliário (Abimóvel),Daniel Lutz, as vendas para ou-tros países não será suficientepara compensar as perdas como mercado interno. “Os móveismais populares, de menor valor,devem enfrentar em 2016 osmesmo problemas deste ano.

Com o crédito mais caro e restri-to, o consumo das famílias nãoapresenta sinais de recupera-ç ã o”. O dirigente espera umamelhora da atividade no setorapenas a partir de 2018.

Prado diz ainda que a base decomparação mais fraca em rela-ção a 2015 também pode ajudara melhorar o indicador de ativi-dade do setor no ano que vem. OIemi analisa os setores de mó-veis, roupas e calçados.

A demanda por roupas e cal-çados, segundo Marcelo Prado,também vai continuar pressio-nada pela menor renda das fa-mílias, aumento do desempre-go e restrição ao crédito.

“As fabricantes de vestuáriopodem ver alguma melhora pe-la substituição dos importados,que agora estão mais caros e ascalçadistas podem ver o inícioda retomada das exportações,movimento que já começou aaparecer em 2015”, observou.

Outro segmento que poderáser beneficiado pela condiçãocambial é o de eletroeletrôni-cos, dizem os especialistas. “Te -mos que vencer muitas barrei-ras para exportar, comorecuperar a confiança dos clien-tes, o que leva tempo. Em 2015,nem a desvalorização da moedaestá ajudando. Mas há sim umaexpectativa de melhora”, obser-

vou, recentemente, o presiden-te da Associação Brasileira daIndústria Elétrica e Eletrônica(Abinee), Humberto Barbato.

A entidade prevê aumento de2% nas exportações, em valor,no próximo ano. Se confirmadaa expectativa, os embarques po-dem chegar a US$ 5,9 bilhões.

Cenário políticoA crise política e econômica en-frentada pelo País também adi-ciona mais incerteza às pers-pectivas dos industriais para2016. Para Edmundo Klotz, daAbia, a retomada da atividadedepende da aprovação de medi-das de ajuste fiscal, propostapelo governo federal.

“Há a necessidade que osajustes sejam votados, paraequilibrar as contas e mostrarsinais ao mercado de que a si-tuação irá se recuperar, princi-palmente ampliando conces-sões de infraestrutura”, disse.

O economista Eduardo Cor-reia de Souza, do Insper, tam-bém citou a necessidade daaprovação do ajuste fiscal para amelhoria da economia e, conse-quentemente, da atividade in-dustrial. Ele destacou que, ape-sar dos problemas enfrentadosneste ano, o ajuste fiscal não co-meçou efetivamente.

“A princípio não temos sinali-zação de mudança para 2016.Mas, o que deveria ser feito eque é mais duradouro e estrutu-rado, é estabelecer uma agendapolítica comum, para que asprioridades sejam definidas e asações comecem a ser colocadasem prática”, avaliou Souza.

D R E A M ST I M E

A produção têxtil deve seguir prejudicada pela falta de emprego, crédito e renda menor dos brasileiros