UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL
Ictioplâncton na Unidade de Conservação Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Áreas Costeiras
Adjacentes, Santa Catarina, Brasil
Thais Rutkowski
Itajaí, 31 de julho, 2009
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL
Ictioplâncton na Unidade de Conservação Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Áreas Costeiras
Adjacentes, Santa Catarina, Brasil
Thais Rutkowski
Dissertação apresentada à Universidade do Vale do Itajaí, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental.
Orientador: Dr. Paulo Ricardo Schwingel Co-Orientador: MSc. Marcelo Rodrigues Ribeiro
Itajaí, 31 de julho, 2009
i
À minha Família, que sempre me apoiou, nos inúmeros momentos bons e mesmo naqueles que nem sempre é bom ser lembrado. Ao meu pai Nilton, minha mãe
Cleusa, meu irmão Jefferson, e ao mais novo membro, meu marido Fernando, que sempre me deu força para seguir minha jornada profissional. Com todo amor e
carinho que dedico esta dissertação a vocês!!!!
ii
“Se você quer transformar o mundo, experimente primeiro promover o seu aperfeiçoamento pessoal e realizar inovações no seu próprio interior”
Dalai Lama
iii
AGRADECIMENTOS
Gostaria de deixar registrado meus sinceros agradecimentos a inúmeras pessoas que
contribuíram de certa forma, direta ou indiretamente, para a realização desta dissertação.
Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao meu orientador Dr. Paulo Ricardo
Schwingel, por me orientar. Obrigada por todos os ensinamentos, tanto os científicos como os
do cotidiano, e principalmente por me ensinar que ter “Paciência é uma grande virtude”.
Ao meu amigo e co-orientador Msc. Marcelo Rodrigues Ribeiro, por continuar
contribuindo em minha formação profissional, e acima de tudo, me proporcionar o prazer de
trabalhar naquilo que me especializei e adoro, o “Ictioplâncton”.
Ao amigo Renan Todesco pela essencial ajuda na execução do trabalho, Obrigada!!!!
Também gostaria de agradecer a ajuda das amigas Bárbara Sant’Ana e Clarissa De Lucca. Ao
José Bicca e amiga Renata Assunção por toda a infra-estrutura das amostragens na RBMA, e
a todos que contribuíram nas realizações das coletas das áreas costeiras adjacentes. Gostaria
de agradecer a Camila Speck, pelos campos realizados na Reserva durante o ano de
1997/1998.
Aos colegas do LOB, por todo o tempo em que passamos juntos, proporcionando
muitas recordações boas.
Gostaria de deixar um agradecimento especial aos amigos que estiveram ao meu lado
durante este período, por fazerem destes dias momentos únicos.
Deus, Obrigada!!!!!
iv
SUMÁRIO AGRADECIMENTOS............................................................................................................iii
SUMÁRIO................................................................................................................................ iv
LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. v
LISTA DE TABELAS...........................................................................................................viii
LISTA DE APÊNDICE .......................................................................................................... ix
RESUMO .................................................................................................................................. x
ABSTRACT ............................................................................................................................. xi
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1
1.1 RESERVA BIOLÓGICA MARINHA DO ARVOREDO (RBMA)................................................ 3 1.2 ÁREAS COSTEIRAS ADJACENTES À RBMA ....................................................................... 5
2 OBJETIVOS.......................................................................................................................... 7
2.1 OBJETIVO GERAL .............................................................................................................. 7 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.................................................................................................... 7
3 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................................. 8
3.1 AMOSTRAGEM................................................................................................................... 8 3.2 PROCESSAMENTO DAS AMOSTRAS .................................................................................. 10 3.3 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................................................... 10
4 RESULTADOS.................................................................................................................... 12
4.1 RESERVA BIOLÓGICA MARINHA DO ARVOREDO (RBMA).............................................. 12 4.1.1 Variação Espaço-Temporal da distribuição e abundância do Ictioplâncton ........... 12
Campanha de 1997/1998.............................................................................................. 12 Campanha de 2007/2008.............................................................................................. 21
4.1.2 Análise dos Parâmetros Ambientais........................................................................ 32 4.1.3 Estrutura da comunidade do Ictioplâncton de 1997/1998 versus 2007/2008.......... 36
Índices de Riqueza, Diversidade e Equitabilidade ....................................................... 36 Análise de Agrupamento.............................................................................................. 38
4.2 ÁREAS COSTEIRAS ADJACENTES À RBMA ..................................................................... 39 4.2.1 Variação Espaço-Temporal da distribuição e abundância do Ictioplâncton ........... 39
Índices de Riqueza, Diversidade e Equitabilidade ....................................................... 58 Análise de Agrupamento.............................................................................................. 61
4.2.2 Análise dos Parâmetros Ambientais........................................................................ 62 4.3 COMPARAÇÃO ENTRE AS COMUNIDADES ICTIOPLANCTÔNICAS DA RESERVA BIOLÓGICA MARINHA DO ARVOREDO E DAS ÁREAS COSTEIRAS ADJACENTES ........................................ 75
4.3.1 Índices de Riqueza, Diversidade e Equitabilidade .................................................. 75 4.3.2 Análise de Agrupamento......................................................................................... 78
5 DISCUSSÃO........................................................................................................................ 80
6 CONCLUSÕES ................................................................................................................... 93
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 94
APÊNDICE........................................................................................................................... 101
v
LISTA DE FIGURAS Figura 1: Localização da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Áreas Costeiras Adjacentes (Baía
de Tijucas, Praia dos Ingleses e Praia da Joaquina), Estado de Santa Catarina, Brasil................. 5 Figura 2: Localização dos pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) nos
períodos 1997/1998 (A7-A12) e 2007/2008 (A1-A12). ............................................................ 9 Figura 3: Localização dos pontos amostrais nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica
Marinha do Arvoredo (SC), em 2007.Nota: Baía de Tijucas (Z1-Z17), Praia dos Ingleses (I0-I8) e Praia da Joaquina (J0-J8). ................................................................................................... 9
Figura 4: Densidades de ovos de peixes nos 6 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para: (a) inverno de 1997 e (b) verão de 1998................................................. 13
Figura 5: Densidades de larvas de peixes nos 6 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para: (a) inverno de 1997 e (b) verão de 1998................................................. 14
Figura 6: Densidades de ovos de Sardinella brasiliensis nos 6 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), para o verão de 1998.................................................................. 14
Figura 7: Densidades de ovos de Engraulidae nos 6 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para: (a) inverno de 1997 e (b) verão de 1998................................................. 15
Figura 8: Densidades de larvas de peixes de Engraulidae nos 6 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), para o inverno de 1997............................................................... 17
Figura 9: Densidades de larvas de peixes de Clupeidae nos 6 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) durante o verão de 1998 para as espécies: (a) Sardinella brasiliensis e (b) Opisthonema oglinum. ................................................................................................... 18
Figura 10: Densidades de larvas de peixes de Blenniidae da espécie Hypleurochilus fissicornis, nos 6 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para: (a) inverno de 1997 e (b) verão de 1998. ............................................................................................................... 19
Figura 11: Densidades de larvas de peixes de Blenniidae nos 6 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), para o verão de 1998.................................................................. 19
Figura 12: Densidades de larvas de peixes de Sciaenidae nos 6 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para: (a) inverno de 1997 e (b) verão de 1998............................... 20
Figura 13: Densidades de ovos de peixes nos 12 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para: (a) inverno de 2007 e (b) verão de 2008................................................. 22
Figura 14: Densidades de larvas de peixes nos 12 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para: (a) inverno de 2007 e (b) verão de 2008................................................. 22
Figura 15: Densidades de ovos de Sardinella brasiliensis nos 12 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), para o verão de 2008. ................................................. 23
Figura 16: Densidades de ovos de Engraulidae nos 12 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para: (a) inverno de 2007 e (b) verão de 2008. ........................................... 23
Figura 17: Densidades de larvas de Engraulidae nos 12 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para: (a) inverno de 2007 e (b) verão de 2008............................... 26
Figura 18: Densidades de larvas de Gerreidae nos 12 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), para o verão de 2008. .............................................................................. 27
Figura 19: Densidades de larvas de Clupeidae nos 12 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no verão de 2008 para as espécies: (a) Opisthonema oglinum e (b) Harengula clupeola. ............................................................................................................................ 27
Figura 20: Densidades de larvas de Scartella cristata (Blenniidae) em 12 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para: (a) inverno de 2007 e (b) verão de 2008................ 28
Figura 21: Densidades de larvas de Hypleurochilus fissicornis (Blenniidae) em 12 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para o verão de 2008....................................... 29
Figura 22: Densidades de larvas de Gobiidae nos 12 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), para o verão de 2008. .............................................................................. 29
Figura 23: Densidades de larvas de Carangidae nos 12 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para o verão de 2008 paras as espécies: (a) Chloroscombrus chrysurus, (b) Oligoplites sp. e (c) Selene sp. ............................................................................................. 30
vi
Figura 24: Densidades de larvas de Sciaenidae nos 12 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para: (a) inverno de 2007 e (b)verão de 2008. ............................................ 31
Figura 25: Densidades de larvas de Paralichthyidae nos 12 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para a espécies de Paralichthys sp. no inverno de 2007 (a) e para a espécie Etropus crossotus no verão de 2008 (b). ................................................................... 31
Figura 26: Transparência da água nos 12 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para: (a) inverno de 2007 e (b) verão de 2008................................................................ 32
Figura 27: Diagrama TS na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), para: (a) inverno de 2007 e (b) verão de 2008. ............................................................................................................... 34
Figura 28: Análise de componentes principais, com parâmetros abióticos e dados bióticos, para a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, durante o ano de 2007/2008. .................................. 35
Figura 29: Índices de Riqueza de Margalef, de Diversidade de Shannon e Weaver (H’) e de Equitabilidade de Pielou (J’), para o inverno e verão dos anos de 1997/1998 e 2007/2008. ...... 37
Figura 30: Análise de agrupamento das abundâncias dos taxa da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, para o inverno e verão dos anos de 1997/1998 e 2007/2008.................................... 38
Figura 31: Densidades de ovos de peixes nos 35 pontos amostrais nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007 para: (a) verão, (b) outono-inverno, (c) inverno-primavera e (d) primavera. .................................................................... 42
Figura 32: Densidades de larvas de peixes nos 35 pontos amostrais nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007 para: (a) verão, (b) outono-inverno, (c) inverno-primavera e (d) primavera. .................................................................... 43
Figura 33: Densidades de ovos de peixes de Sardinella brasiliensis nos 35 pontos amostrais nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007 para: (a) verão, (b) inverno-primavera. .............................................................................................. 44
Figura 34: Densidades de ovos de peixes de Engraulidae nos 35 pontos amostrais nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007 para: (a) verão, (b) outono-inverno, (c) inverno-primavera e (d) primavera.......................................................... 45
Figura 35: Densidades de larvas de Engraulidae nos 35 pontos amostrais nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007 para: (a) verão, (b) outono-inverno, (c) inverno-primavera e (d) primavera.......................................................... 51
Figura 36: Densidades de larvas de Sciaenidae nos 35 pontos amostrais nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007 para: (a) verão, (b) outono-inverno, (c) inverno-primavera e (d) primavera.......................................................... 52
Figura 37: Densidades de larvas de Carangidae da espécie Chloroscombrus chrysurus, nos 35 pontos amostrais nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007 para: (a) verão, (b) primavera. ................................................................................. 53
Figura 38: Densidades de larvas de Carangidae da espécie Oligoplites sp., nos 35 pontos amostrais nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), para o verão de 2007................................................................................................................................... 53
Figura 39: Densidades de larvas de Gobiidae, nos 35 pontos amostrais nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007 para: (a) verão, (b) inverno-primavera. .......................................................................................................................... 54
Figura 40: Densidades de larvas de Haemulidae, nos 35 pontos amostrais nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007 para: (a) verão, (b) outono-inverno, (c)inverno-primavera e (d) primavera........................................................... 55
Figura 41: Densidades de larvas de Clupeidae, durante o verão, nos 35 pontos amostrais nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007 para: (a) Clupeidae, (b)Harengula clupeola e (c)Opisthonema oglinum................................................ 56
Figura 42: Índice de Riqueza de Margalef, para cada estação do ano (verão, outono-inverno, inverno-primavera e primavera) de 2007, em cada Área Costeira Adjacente a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, sendo elas: Baía de Tijucas, Praias dos Ingleses e da Joaquina. .......................... 59
Figura 43: Índice de Diversidade de Shannon e Weaver, para cada estação (verão, outono-inverno, inverno-primavera e primavera) do ano de 2007, em cada Área Costeira Adjacente a Reserva
vii
Biológica Marinha do Arvoredo, sendo elas: Baía de Tijucas, Praias dos Ingleses e da Joaquina........................................................................................................................................... 59
Figura 44: Índice de Equitabilidade de Pielou, para cada estação do ano (verão, outono-inverno, inverno-primavera e primavera) de 2007, em cada Área Costeira Adjacente a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, sendo elas: Baía de Tijucas, Praias dos Ingleses e da Joaquina.............. 60
Figura 45: Análise de agrupamento da abundância dos taxa para as três Áreas Costeiras Adjacentes Reserva Biológica Marinha do Arvoredo durante cada estação (verão, outono-inverno, inverno-primavera e primavera) do ano de 2007. ............................................................................... 61
Figura 46: Transparência da água nos 35 pontos amostrais nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), no ano de 2007 para: (a) verão, (b) outono-inverno, (c) inverno-primavera e (d) primavera. ...................................................................................... 63
Figura 47: Diagrama TS para a Baía de Tijucas, área costeira adjacente a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007 para (a) verão, (b) outono-inverno e (c) inverno-primavera. 67
Figura 48: Diagrama TS para a Praia dos Ingleses, área costeira adjacente a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007 para (a) verão, (b) outono-inverno, (c) inverno-primavera e (d) primavera.................................................................................................... 68
Figura 49: Diagrama TS para a praia da Joaquina, área costeira adjacente a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007 para (a) verão, (b) outono-inverno e (c) primavera.............. 70
Figura 50: Análise de componentes principais, com parâmetros abióticos e dados bióticos, para a Baía de Tijucas, área costeira adjacente a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007................................................................................................................................... 72
Figura 51: Análise de componentes principais, com parâmetros abióticos e dados bióticos, para Praia dos Ingleses, área costeira adjacente a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007................................................................................................................................... 73
Figura 52: Análise de componentes principais, com parâmetros abióticos e dados bióticos, para Praia da Joaquina, área costeira adjacente a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007................................................................................................................................... 74
Figura 53: Variação sazonal dos Índices de (a) Riqueza de Margalef; (b) Diversidade de Shannon e Weaver e (c) Pielou, para cada área amostrada durante o inverno e verão 2007/2008 na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, e verão e outono-inverno de 2007 nas Áreas Costeiras Adjacentes.......................................................................................................................... 76
Figura 54: Variação sazonal dos Índices de (a) Riqueza de Margalef; (b) Diversidade de Shannon e Weaver e (c) Pielou, para cada área amostrada durante o inverno e verão 2007/2008 na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, e verão e inverno-primavera de 2007 nas Áreas Costeiras Adjacentes.......................................................................................................................... 77
Figura 55: Análise de agrupamento das densidades das espécies para o verão de 2008 da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e para o verão de 2007 para as três Áreas Costeiras Adjacentes a esta unidade de conservação. ............................................................................................... 78
Figura 56: Análise de agrupamento das densidades das espécies para o inverno de 2007 da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e para o outono_inverno e inverno-primavera de 2007 para as três Áreas Costeiras Adjacentes a esta unidade de conservação. ............................................. 79
viii
LISTA DE TABELAS Tabela 1: Datas e números de amostragens na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), durante
os períodos de verão e inverno. .............................................................................................. 8 Tabela 2: Datas e números das amostragens nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica
Marinha do Arvoredo (SC), durante os períodos de verão, outono, inverno e primavera............. 8 Tabela 3: Abundâncias numéricas e densidades de ovos e larvas de peixes (n/m³), para cada ponto
amostral, durante o inverno de 1997 e o verão de 1998 na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC). ................................................................................................................... 13
Tabela 4: Famílias de larvas de peixes coletadas na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), durante o inverno de 1997 e verão de 1998, com porcentagem de participação e densidades médias por 10 m³. Nota: NI= não identificados ..................................................................... 16
Tabela 5: Espécies de larvas de peixes identificadas na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), durante o inverno de 1997 e verão de 1998, com porcentagem de participação e densidades médias por 10 m³. ............................................................................................................... 16
Tabela 6: Abundâncias numéricas e densidades de ovos e larvas de peixes (n/m³), para cada ponto amostral, durante o inverno de 2007 e o verão de 2008 na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC). ................................................................................................................... 21
Tabela 7: Famílias de larvas de peixes coletadas na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), durante o inverno de 2007 e verão de 2008, com porcentagem de participação e densidades médias por 10 m³. Nota: NI= não identificados ..................................................................... 24
Tabela 8: Espécies de larvas de peixes coletadas na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), durante o inverno de 2007 e verão de 2008, com porcentagem de participação e densidades médias por 10 m³. ............................................................................................................... 25
Tabela 9: Valores salinidade (S) e temperatura (T°C) nos 12 pontos amostrais analisados na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para o inverno de 2007 e verão de 2008. ....................... 33
Tabela 10: Tabela de Tuckey para densidade de ovos na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo. .. 36 Tabela 11: Tabela de Tuckey para densidade de larvas na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo. 36 Tabela 12: Abundâncias numéricas e densidades de ovos e larvas de peixes (n/m³), para cada ponto
amostral durante o ano de 2007 nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC). ................................................................................................................... 40
Tabela 13 Famílias de larvas de peixes coletadas para cada Área Costeira Adjacente à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) durante o ano de 2007, com suas respectivas abundâncias totais e densidades médias por 10 m³. Nota: NI= não identificados, SI= sem informação. ........ 46
Tabela 14: Espécies de larvas de peixes coletadas para cada Área Costeira Adjacente à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) durante o ano de 2007, com suas respectivas abundâncias totais e densidades médias por 10 m³. Nota: SI= sem informação ........................................... 48
Tabela 15: Tabela de Tuckey para densidade de ovos na Praia dos Ingleses. Nota: V= verão; OI= outono-inverno; IP= inverno-primavera; V= verão. ............................................................... 57
Tabela 16: Tabela de Tuckey para densidade de ovos na Praia da de ovos na Praia da Joaquina. Nota: V= verão; OI= outono-inverno; IP= inverno-primavera; V= verão......................................... 57
Tabela 17 : Tabela de Tuckey para densidade de larvas na Praia dos Ingleses. Nota: V= verão; OI= outono-inverno; IP= inverno-primavera; V= verão. ............................................................... 58
Tabela 18: Tabela de Tuckey para densidade de larvas na Praia da Joaquina. Nota: V= verão; OI= outono-inverno; IP= inverno-primavera; V= verão. ............................................................... 58
Tabela 19: Valores de salinidade (S) e temperatura (T°C) nos 35 pontos amostrais analisados nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para o ano de 2007........................................................................................................................................... 64
Tabela 20: Sumário de estudos sobre o ictioplâncton, realizados na costa sudeste e sul do Brasil, com dados do período de amostragem, amostrador e resultados da participação de cada família em percentagem ou densidade das principais famílias identificadas na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e nas Áreas Costeiras Adjacentes. Nota: * apud Katsuragawa et al., 2006. ............... 86
ix
LISTA DE APÊNDICE Apêndice 1:Lista taxonômica das larvas de peixes encontradas na Reserva Biológica Marinha do
Arvoredo e Áreas Costeiras Adjacentes, SC, Brasil. ............................................................ 101
x
RESUMO A Ilha do Arvoredo (Santa Catarina, Brasil) e sua região de entorno foram definidas como
Unidade de Conservação (UC), na Categoria de Reserva Biológica, em 1990. As Reservas
Biológicas são áreas protegidas que possuem preservação completa e permanente da flora e
fauna local, contribuindo assim para o aumento da abundância e diversidade das espécies.
Neste sentido, a presente pesquisa teve como objetivo analisar as variações interanuais e
sazonais das densidades do ictioplâncton na região da Reserva Biológica Marinha do
Arvoredo (RBMA) e das Áreas Costeiras Adjacentes, verificando suas relações com as
variáveis ambientais. A comunidade ictioplanctônica foi amostrada, no inverno e verão para
as campanhas de 1997/1998 e de 2007/2008 na RBMA, e durante as quatro estações do ano
de 2007 nas Áreas Costeiras Adjacentes (Baía de Tijucas, Praia dos Ingleses e Praia da
Joaquina). Os ovos e larvas de peixes foram coletados com uma rede tipo WP-2, de 200 �m
de abertura de malha, com um fluxômetro acoplado para medir o volume de água filtrado, e as
amostras foram conservadas em formol a 4%. Em laboratório, o ictioplâncton foi triado,
quantificado e identificado ao menor taxon possível. Os parâmetros físico-químicos da água
(temperatura e salinidade) foram registrados por sonda (CTD), e a transparência da água foi
obtida por Disco de Secchi. A área de estudo, no ano de 2007/2008, recebeu influencia de três
massas de água, (i) Água Costeira (AC) durante o ano todo, (ii) Água Subtropical de
Plataforma (ASP) no inverno e (iii) Água Central do Atlântico Sul (ACAS) principalmente no
verão. A comunidade do ictioplâncton foi representada por 33 taxa pertencentes a 20 famílias,
sendo Blenniidae, Carangidae, Clupeidae, Engraulidae, Gerreidae, Gobiidae, Haemulidae,
Paralichthyidae e Sciaenidae as mais abundantes. Na RBMA, observou-se para os dois
períodos, semelhança nos índices ecológicos com os maiores valores de riqueza e de
diversidade ocorrendo no verão. A análise de agrupamento demonstrou similaridade entre os
anos, indicando que a comunidade ictioplanctônica manteve-se com os mesmos taxa e
respectivas abundâncias para amostragens realizadas com um intervalo de 10 anos. A
composição taxonômica da RBMA apresentou baixa similaridade com a das Áreas Costeiras
Adjacentes, caracterizando a reserva como um ambiente distinto apesar de sua proximidade
com a região costeira.
xi
ABSTRACT Arvoredo Island (Santa Catarina, Brazil) and its surrounding area were defined as
Conservation Unit (CU) in the category of Biological Reserve in 1990. Biological Reserves
are protected areas that have complete and permanent preservation of local flora and fauna,
thus contributing to the increase of abundance and diversity of species. This research aimed at
analyzing the interannual and seasonal variations of ichthyoplankton densities at Arvoredo
Marine Biology Reserve (RBMA) and Adjacent Coastal Areas, and their relationship with
environmental variables. Ichthyoplanktonic community was sampled in winter and summer
for the years 1997/1998 and 2007/2008 in RBMA, and during the four seasons in 2007 in
Adjacent Coastal Areas (Tijucas` Bay, Ingleses Beach and Joaquina Beach). Fish eggs and
larvae were sampled using a WP-2 net, 200 �m mesh size. A flowmeter was used to measure
the water volume filtered, and samples were preserved in formalin at 4%. At the laboratory,
ichthyoplankton was sorted, quantified and identified to the lowest taxon possible. Physical
and chemical water parameters (temperature and salinity) were recorded by probe (CTD), and
water transparency was obtained by Secchi disk. The study area, at the year of 2007/2008,
was influenced by three water mass, (i) Coastal Water (CW) throughout the year, (ii)
Subtropical Shelf Water (STSW) during the winter and (iii) South Atlantic Central Water
(SACW) mainly in summer. Ichthyoplanktonic community was represented by 33 taxa
belonging to 20 families, in which Blenniidae, Carangidae, Clupeidae, Engraulidae,
Gerreidae, Gobiidae, Haemulidae, Paralichthyidae and Sciaenidae were the most abundant. At
RBMA, similarity on the ecological index was observed for the two periods analysed, with
highest values of richness and diversity occurring in the summer. Cluster analysis showed
similarity between years, denoting that ichthyoplanktonic community has maintained the
same taxa and abundances for samples taken with an interval of 10 years. Taxonomic
composition of RBMA presented low similarity to Adjacent Coastal Areas, featuring the
reserve as a distinct habitat despite its proximity to the coast.
1
1 INTRODUÇÃO
Organismos planctônicos são classificados em fitoplâncton ou zooplâncton, que
possuem pouca ou nenhuma capacidade de locomoção. Os organismos zooplanctônicos
podem ser classificados em holoplâncton, que tem todo o ciclo de vida no plâncton, ou
meroplâncton, que possuem apenas uma fase do ciclo de vida no plâncton. O ictioplâncton,
ovos e larvas de peixes, se classifica na categoria de organismos meroplanctônicos
(Ciechomski, 1981).
Os estudos do ictioplâncton começaram no final do século XIX, porém no Brasil as
pesquisas sobre esta parcela do plâncton iniciaram apenas na década de 1960 envolvendo
estudos sobre a distribuição e abundância de ovos e larvas de peixes, avaliação de recursos
pesqueiros e da biomassa desovante, descrição das fases embrionária e larval, estimativas do
crescimento larval e de mortalidade, entre outros (Katsuragawa et al., 2006). Uma das
primeiras pesquisas realizadas no Brasil foi feita por Matsuura (1972), que descreveu o
desenvolvimento de ovos da sardinha-cascuda (Harengula pensacolae). Este autor também
estudou a variação das larvas de peixes coletadas no sul do Brasil, durante o período de 1969
a 1971, no qual foi verificado a distribuição e abundância de ovos e larvas da sardinha-
verdadeira (Sardinella brasiliensis), tendo sido descrito todo seu ciclo de vida, além da
respectiva influência dos fatores oceanográficos sobre sua reprodução e desova (Matsuura,
1977a, 1977b, 1998).
Na região Sudeste-Sul do Brasil, de 1985 a 1991, foram realizadas amostragens
sistemáticas, onde Katsuragawa & Matsuura (1990) apresentaram a distribuição diária de
larvas de peixes comparando coletas de superfície com coletas oblíquas, e Matsuura et al.
(1993) descreveram a distribuição e abundância de duas espécies de Bregmacerotidae. Kurtz
& Matsuura (1994), em outro trabalho, analisaram o desenvolvimento larval de quatro
espécies de linguados da família Cynoglossidae. Matsuura & Kitahara (1995) mostraram a
distribuição horizontal e vertical dos ovos e larvas da anchoita (Engraulis anchoita) no Cabo
de Santa Marta Grande (SC). Itagaki (1999), durante três verões consecutivos, observou a
distribuição larval sobre a plataforma continental do Sudeste. No Estado de Santa Catarina os
estudos com o ictioplâncton ocorrem em regiões costeiras, como áreas estuarínas, litorâneas e
em enseadas. Rutkowski (2005) descreveu as comunidades do ictioplâncton e suas relações
com os parâmetros ambientais, na Enseada da Armação de Itapocoroy. Na Baía da Babitonga
trabalhos, como quali-quantitativo do ictioplâncton (Costa, 2007) e variações temporais e
2
espaciais na composição do ictioplâncton na Baía da Babitonga (Souza-conceição, 2008),
foram realizados para diferentes praias estuarinas. Malanski et al. (2008) descreveram a
comunidade ictioplânctonica na Baía Sul (Florianópolis) e Macedo-Soares et al. (2009)
realizaram estudos da distribuição espaço-temporal de ovos e larvas de peixes na Lagoa de
Ibiraquera.
O litoral catarinense situa-se numa faixa de transição entre os climas tropical e
subtropical e é influenciado por duas correntes marinhas, a Corrente do Brasil (CB), com
águas quentes vindas do Norte até a região da Convergência Subtropical, onde encontra a
Corrente das Malvinas, que é caracterizada por águas frias provenientes do Sul. A Corrente do
Brasil traz a Água Tropical (AT), massa de água quente e salina que ocupa a camada
superficial e é formada pela intensa radiação solar e excesso de evaporação, sendo
considerada pobre em relação a produção biológica. A Corrente das Malvinas traz do sul a
Água Sub-Antártica (ASA), caracterizada pelos baixos valores de temperatura e salinidade,
bem como altas concentrações de clorofila-a e de zooplâncton, recebendo também aportes da
Bacia do Rio da Prata e da Lagoa dos Patos. A Água Central do Atlântico Sul (ACAS) é
formada na convergência subtropical (Garcia, 1998; Carvalho et al., 1998; Castro et al.,
2006). A ocorrência de diferentes massas de água possibilitam a existência de uma grande
biodiversidade na região (Hostim-Silva et al., 2006).
A presença da ACAS sobre a plataforma continental da região Sudeste-Sul e sua
ressurgência eventual ao longo da costa contribuem para o aumento da produtividade local.
Este fenômeno altera a estrutura taxonômica do fitoplâncton, contribuindo no aumento da
produção pesqueira, pois o ciclo de vida de alguns peixes (sardinha, atum, bonito) estão
evidentemente associados à produção primária (Lasker, 1978 apud Brandini, 1990; Matsuura,
1986; Hostim-Silva et al., 2006). Rutkowski (2005) evidenciou, na Enseada de Itapocory
(Penha/SC), uma relação entre a estratégia de desova dos peixes e a dinâmica das massas de
água da região, onde as maiores densidades de larvas de peixes ocorreram especialmente
quando ACAS foi registrada.
A biodiversidade de peixes demersais e pelágicos é relativamente uniforme entre
grandes regiões no qual o endemismo é baixo (<5%) e restrito às espécies recifais. Na região
Sudeste-Sul do Brasil, a ictiofauna marinha é considerada rica e inclui Chondrichthyes
(tubarões e raias) e Osteichthyes (peixes ósseos), compreendendo espécies de peixes tropicais
e temperadas (MMA/IBAMA, 2004; Lowe-McConnell, 1999; Amaral & Jablonski, 2005).
Por outro lado, a ação antrópica, principalmente a degradação de habitats, sobre-explotação de
3
estoques pesqueiros, introdução de espécies exóticas, turismo desordenado e poluição, são
considerados uma grande ameaça a biodiversidade marinha e costeira.
A criação de reservas marinhas aparece como uma possibilidade para garantir a
manutenção da biodiversidade e, principalmente, para servir como reservatório biológico, de
forma a garantir o recrutamento e facilitar a recolonização de áreas adjacentes sob exploração
(Amaral & Jablonski, 2005). Neste sentido, foram incluídas no Brasil, dezesseis áreas desta
categoria de Unidade de Conservação (UC), entre as quais cinco encontram-se na região
Sudeste-Sul do País. No Estado de Santa Catarina está localizada a Reserva Extrativista
Marinha de Pirajubaé e a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (IBAMA, 2006). Reserva
Biológica Marinha é uma região onde a preservação é completa e permanente, contribuindo
assim para o aumento da abundância e diversidade das espécies, além de permitir que os
organismos atinjam maiores idades e produzam maior quantidade de juvenis. A importância
destas regiões pode ser avaliada por diversos fatores, sendo um deles a comunidade
ictiológica (Brasil, 2000; Hostim-Silva et al., 2006).
1.1 Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (RBMA)
A Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (RBMA) foi criada em 12 de março de
1990 através do Decreto Federal nº 99.142/90. Diversos fatores justificam a importância desta
reserva, são eles de ordem arqueológica, ecológica, social, e estratégica. Esta UC é descrita
como importante área de reprodução e crescimento de diversas espécies, sendo um dos
poucos locais conhecidos de nidificação dos trinta-réis (Sterna spp.), reprodução e refúgio de
fragatas (Fragata magnificiens), além da existência de Mata Atlântica bem preservada
(IBAMA, 2006).
A implantação da RBMA teve início em junho de 1991 e até 1995 passou por
operações de fiscalização, monitoramento e educação ambiental. Em 1995, a RBMA começou
a ser fiscalizada pela Companhia de Polícia de Proteção Ambiental de Santa Catarina. Em
1996 foi elaborado um Plano de Ação Emergencial para a RBMA e em 1999 foi designada
como área prioritária para a conservação de costões rochosos, aves e plantas marinhas na
região sul do Brasil. Na gestão da UC, a relação com a comunidade de entorno é um ponto de
conflito, Esse fato está associado à interdição da zona de amortecimento para a pesca de
juvenis que afeta tanto a produção industrial (proibição da captura de isca viva), quanto a
4
artesanal (proibição da pesca de camarão e peixes), além da prática de caça submarina e de
mergulhos turísticos (IBAMA, 1996; Wahrlich, 1999; MMA/IBAMA/FATMA, 2003).
A RBMA localiza-se a 11 km ao Norte da Ilha de Santa Catarina, nas coordenadas
27°09’30’’ à 27°17’57’’S e 48°18’30’’ à 48°25’30’’W (Figura 1). Esta região abrange uma
extensa área do Oceano Atlântico com 17.800 hectares e compreende um pequeno
arquipélago composto pelas Ilhas do Arvoredo, Galé, Deserta e Calhau de São Pedro
(IBAMA, 2006).
A Ilha do Arvoredo é a maior da reserva, com 270 hectares de terreno acidentado que
alcança 300 metros acima do nível do mar. A ilha é cercada por costões formados por rochas
graníticas e sem praia arenosas, sendo que a 10 metros de profundidade encontram-se
cavernas submarinas onde habitam peixes de diversas espécies. A Ilha da Galé, situada ao
norte da reserva, possui recifes de corais localizados a uma profundidade de 12 metros,
aumentando a importância da conservação da área. A Ilha Deserta é a menor da reserva,
estando localizada a três quilômetros da Ilha do Arvoredo. As duas ilhotas do Calhau de São
Pedro estão localizadas entre as Ilhas da Galé e do Arvoredo, ficando distante dessa última 5
km a noroeste. Estas ilhotas não possuem praia nem vegetação e são formadas por rochas
(Hostim-Silva.& Barreiros, 2007).
Na RBMA, Hostim-Silva et al. (2006) listou algumas espécies recifais que foram
registradas nas ilhas, descrevendo a ocorrência de 157 espécies, distribuídas em 60 famílias e
13 ordens, entre elas, raias (Narcine brasiliensis, Aetobatus narinari), moréias (Gymnothorax
moringa, G. funebris), cavalo-marinho (Hippocampus reidi), robalo (Centropomus
undecimalis), mero (Epinephelus itajara), badejo (Mycteroperca acutirostris), peixe-lagarto
(Synodus synodus), anchova (Pomatomus saltatrix), peixe-borboleta (Chaetodon striatus),
peixe-anjo (Holocanthus ciliaris), sargentinho (Abudefduf saxaiilis), maria-da-toca
(Labrisomus nuchipinnis), macaco-ouro (Parablennius marmoreus), barracuda (Sphyraena
barracuda) e baiacu (Acanthostracion quadricornis).
5
Figura 1: Localização da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Áreas Costeiras Adjacentes (Baía de Tijucas, Praia dos Ingleses e Praia da Joaquina), Estado de Santa Catarina, Brasil.
1.2 Áreas Costeiras Adjacentes à RBMA
A Baía de Tijucas, incluindo a Enseada de Zimbros, encontra-se situada no litoral
centro-norte de Santa Catarina, entre as coordenadas 27°10’55” à 27°19’12”S e 48°30’23” à
48°37’19”W (Figura 1). O clima é temperado úmido, com temperatura média anual de 19,5°C
e pluviosidade anual média de 1600 mm. O vento do quadrante sudoeste predomina no
outono e inverno, e do quadrante nordeste na primavera e verão. A baía apresenta
profundidade entre 7 e 10 metros, e sedimento constituído por frações finas, principalmente
silte e argila. O Rio Tijucas despeja neste ambiente sua carga sedimentar contendo nutrientes
de origem continental, favorecendo o desenvolvimento da fauna marinha. Desde o início do
século XIX, a biota é explorada pela maricultura e pesca artesanal, associadas ao mexilhão
Perna perna, camarões e peixes (Diagnóstico Ambiental, 2007).
A Praia dos Ingleses, localizada no nordeste da Ilha de Santa Catarina entre as
coordenadas 27º24’59” à 27º26’38”S e 48º24’11” à 48º22’14”W (Figura 1), possui uma
6
extensão de 4.830 metros. A praia é considerada semiexposta, tendo o sedimento composto
por areia fina (Faraco, 2003). Esta praia já foi considerada um centro de pesca, porém
atualmente a atividade pesqueira está reduzida.
A Praia da Joaquina, localizada na região sudoeste da Ilha de Santa Catarina, entre as
coordenadas 27°37’54,48” à 27°41’23,18”S e 48°26’50,21” à 48°28”50,13”W (Figura 1),
possui uma extensão de 3.000 metros. Nesta região o vento predominante ao longo de todo
ano é o de quadrante norte e a corrente possui direção dominante para Sudeste com
velocidade de 0,10 à 0,99m/s (Santos,1995 apud Faraco, 2003).
A comunidade ictiológica das três Áreas Costeiras Adjacentes à RBMA apresentadas
acima, foram descritas por Rodrigues et al., 2007, 2008a, 2008b. Na Enseada de Zimbros as
famílias de peixes mais abundantes no verão de 2007 foram Sciaenidae, Clupeidae e
Paralichthydae, representando 83,7% do total. Com relação a Praia dos Ingleses, os autores,
descreveram que no ano de 2007 estiveram presentes na região 26 famílias, onde Sciaenidae
destacou-se com um total de 86%, com as quatro espécies mais abundante: Stellifer rastrifer,
S. stellifer, Paralonchurus brasiliensis e Cynoscion striatus. Para a Praia da Joaquina, o
levantamento da comunidade de peixes, apresentou no ano de 2007, a ocorrência de 18
famílias, sendo a família Sciaenidae a mais abundante (58%), seguida por Stromateidae
(25%).
Considerando o conhecimento das comunidades ictiofaunísticas, encontradas tanto na
RBMA quanto nas Áreas Costeiras Adjacentes, constata-se a existência de uma lacuna no
conhecimento do ictioplâncton, fato que dificulta um entendimento sobre a importância destes
ambientes para o estabelecimento das comunidades de peixes na região. Assim, dúvidas
como: Quais espécies compõem o ictioplâncton na área da RBMA e Áreas Costeiras
Adjacentes?; Como varia sazonalmente a abundância do ictioplâncton em cada um destes
ambientes?; Quais massas de água influenciam a região?; e Como parâmetros abióticos
podem influenciar a densidade de ovos e larvas nestes ambientes marinhos?, são perguntas,
que se respondidas, podem estabelecer diretrizes para a conservação destes ambientes.
7
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
O objetivo principal deste trabalho é estudar a variação espaço-temporal do
ictioplâncton da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (RBMA) e de três Áreas Costeiras
Adjacentes, localizadas na costa de Santa Catarina, Brasil.
2.2 Objetivos Específicos
a) Analisar a variação espaço-temporal da densidade, composição e abundância da
comunidade do ictioplâncton encontrada na RBMA nos anos de 1997/1998 e
2007/2008;
b) Analisar a variação espaço-temporal da densidade, composição e abundância da
comunidade do ictioplâncton encontrada nas Áreas Costeiras Adjacentes à RBMA
no ano de 2007;
c) Descrever as massas de água identificadas na região durante o ano de 2007 e de
2008;
d) Estudar a relação dos parâmetros abióticos com as densidades de ovos e larvas de
peixes nos ambientes estudados;
e) Analisar a comunidade do ictioplâncton amostrada na RBMA comparativamente
aquela amostra nas Áreas Costeiras Adjacentes.
8
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Amostragem
As amostragens foram realizadas, na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo
(RBMA) e em Áreas Costeiras Adjacentes: Baía de Tijucas, Praia dos Ingleses e Praia da
Joaquina. A comunidade planctônica foi coletada, durante o período diurno, em 6 pontos
amostrais distribuídos dentro da RBMA na campanha de 1997/1998 e em 12 pontos na
campanha de 2007/2008 (Tabela 1; Figura 2). Nas Áreas Costeiras Adjacentes à RBMA, o
plâncton foi amostrado no ano de 2007 em 35 pontos amostrais, sendo: 17 pontos na Baía de
Tijucas, 9 pontos na Praia dos Ingleses e 9 pontos na Praia da Joaquina (Tabela 2; Figura 3).
A profundidade local da área de estudo foi de 6 à 37 metros na RBMA e de 2 á 34 metros nas
Áreas Costeiras Adjacentes.
Tabela 1: Datas e números de amostragens na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), durante os períodos de verão e inverno.
Campanha Amostral Data Pontos Amostrais
Inverno 14/08/1997 14/08/2007
06 (A7-A12) 12 (A1-A12)
Verão 24/01/1998 13/02/2008
06 (A7-A12) 12 (A1-A12)
Tabela 2: Datas e números das amostragens nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), durante os períodos de verão, outono, inverno e primavera.
Campanha Amostral Data Área Pontos Amostrais
Verão 28/02-02/03/2007
09/03/02007 17/03/2007
Tijucas Ingleses Joaquina
17 (Z1-Z17) 09 (I0-I8) 09 (J0-J8)
Outono/Inverno 22-28/06/2007
06/07/2007 09/06/2007
Tijucas Ingleses Joaquina
17 (Z1-Z17) 09 (I0-I8) 09 (J0-J8)
Inverno/Primavera 05/10/2007 26/09/2007 08/10/2007
Tijucas Ingleses Joaquina
17 (Z1-Z17) 09 (I0-I8) 09 (J0-J8)
Primavera 27/11/2007 10/12/2007
Ingleses Joaquina
09 (I0-I8) 09 (J0-J8)
9
Figura 3: Localização dos pontos amostrais nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), em 2007.Nota: Baía de Tijucas (Z1-Z17), Praia dos Ingleses (I0-I8) e Praia da Joaquina (J0-J8).
Figura 2: Localização dos pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) nos períodos 1997/1998 (A7-A12) e 2007/2008 (A1-A12).
10
O plâncton foi amostrado com uma rede tipo WP-2 de dois metros de comprimento,
com malha de 200 µm e 30 cm de diâmetro de boca e equipada com fluxômetro para medir o
volume de água filtrado. Os arrastos foram executados de forma horizontal de superfície a
uma velocidade aproximada de dois nós, com duração de 2 minutos para as amostragens
realizadas na RBMA durante o inverno de 2007 e o verão de 2008 e nas Áreas Costeiras
Adjacentes à RBMA durante o ano de 2007. Nas amostragens na RBMA durante o inverno de
1997 o arrasto teve a duração de 5 minutos, e no verão de 1998 de 4 minutos. Após o arrasto,
o plâncton coletado foi imediatamente fixado a bordo com solução de formol em água do mar
(4%). Os registros dos parâmetros físico-químicos foram obtidos apenas nas amostragens
realizadas nos anos de 2007 e 2008. Os dados de temperatura, salinidade e densidade, foram
registrados com uma sonda do tipo CTD SAIV A/S (modelo SD 202), permitindo a
caracterização da coluna d’água em cada ponto amostral. A transparência da água foi obtida
com o auxílio de um Disco de Secchi.
3.2 Processamento das Amostras
Em laboratório as amostras foram triadas em placas de Bogorov sob microscópios
estereoscópios binoculares, onde foram separados e quantificados os ovos e larvas de peixes.
As identificações do ictioplâncton, ao menor taxon possível, foram realizadas com auxílio de
referências bibliográficas especializadas (e.g. Russell, 1976; Fahay, 1983; Leis & Rennis,
1983; Leis & Trnski, 1989; Ré, 1999; Moser, 1996). As massas de água foram classificadas
de acordo com Castro et al. (2006) e Piola et al. (2000), onde a Água Costeira (AC) é descrita
com salinidade inferior a 34; a Água Central do Atlântico Sul (ACAS) com temperaturas
inferiores a 20°C e salinidades entre 35 e 36,4; e a Água Subtropical de Plataforma (ASP)
com temperaturas entre 14 e 20°C e salinidades entre 34,15 e 36.
3.3 Análise dos Dados
Para a análise espaço-temporal da distribuição e abundância do ictioplâncton foram
obtidas as densidades de ovos e larvas de peixes em número de organismos por 10 metros
cúbicos (n°/10m³) e confeccionados mapas dos totais das respectivas distribuições
horizontais. Definiu-se que serão descritas as distribuições espaciais e sazonais das famílias
com abundância superior a 4% do total amostrado, para cada período estudado.
A análise de componentes principais (Canônica) foi aplicada levando-se em
consideração os dados bióticos (densidade de ovos e densidade de larvas), juntamente com os
11
parâmetros abióticos (salinidade, temperatura, transparência da água e profundidade). Estas
análises geraram um sistema reduzido de coordenadas que explica a maior parte da variância
dos dados, sendo que o eixo 1 maximiza as variâncias mais importantes e o eixo 2 captura o
restante das variâncias (Valentin, 2000).
Com o intuito de caracterizar a estrutura da comunidade ictioplanctônica, foram
utilizados os Índices de Riqueza de Margalef, Diversidade de Shannon e Weaver e
Equitabilidade de Pielou, tal como proposto por Omori & Ikeda (1984).
O Índice de Riqueza de Margalef (RM) é dado pela equação:
)(1nLN
SRM
−=
onde S é o número de categorias taxonômicas (taxa) e o n é o número total de indivíduos
coletados de todas as categorias taxonômicas. O Índice de Diversidade de Shannon e Weaver
(H’) é dado pela equação:
)('1�
=
−=s
iii PLnPH
onde: Pi é a proporção do número de indivíduos da espécie i em relação ao número total de
indivíduos de todas as categorias taxonômicas (ni/n). O Índice de Equitabilidade de Pielou
(J’) é dado pela equação:
)('
'SLn
HJ = .
Para verificar diferenças significativas (p<0,05) nas densidades de ovos e larvas de
peixes da RBMA entre o inverno e verão, e os períodos 1997/1998 e 2007/2008, aplicou-se a
análise ANOVA Multifatorial, (fator Ano e Período). Para as Áreas Costeiras Adjacentes à
RBMA, foi utilizado ANOVA unifatorial (fator Período), separadamente para cada área, afim
de identificar as diferenças sazonais entre as densidades. Os dados que não apresentaram
homogeneidade das variâncias, através do teste de Bartlett, foram transformados com
log10(x+1) para uma menor discrepância dos dados analisados. Para os dados que mesmo após
a transformação não apresentaram homocedasticidade, aplicou-se o teste não paramétrico de
Kruskal Wallis (Zar, 1984). A análise de agrupamento foi usada para identificar quais pontos
amostrais e áreas estudadas são similares, baseado na abundância dos diferentes taxa que
compõem a comunidade ictioplanctônica. A similaridade é medida utilizando a Distância
Euclidiana e o Método de Ligação de Ward. As análises foram realizadas no programa
STATISTICA 6.0.
12
4 RESULTADOS
Os resultados são descritos separadamente para a Reserva Biológica Marinha do
Arvoredo (RBMA) e para as Áreas Costeiras Adjacentes. Na RBMA os resultados do
ictioplâncton são apresentados para as duas campanhas (1997/1998 e 2007/2008), e os
parâmetros abióticos para a campanha de 2007/2008. Os dados do ictioplâncton e os
parâmetros abióticos do ano de 2007 das Áreas Costeiras Adjacentes, são descritos
juntamente entre as três áreas: Baía de Tijucas, Praia dos Ingleses e Praia da Joaquina.
4.1 Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (RBMA)
4.1.1 Variação Espaço-Temporal da distribuição e abundância do Ictioplâncton Campanha de 1997/1998
Durante o período amostrado, foram coletados na Reserva Biológica Marinha do
Arvoredo (RBMA) um total de 2138 ovos e 45 larvas na amostragem de inverno de 1997, e
449 ovos e 33 larvas no verão de 1998 (Tabela 3). Os ovos de peixes distribuíram-se, no
inverno, com altas densidades ao longo da reserva, destacando-se o ponto amostral próximo a
Ilha Deserta (A11) (612,26 ovos/10m³) (Tabela 3; Figura 4a). No verão as densidades foram
menores, obtendo média de 20,73 ovos/10m³ (EP ± 10,95), com máxima no ponto amostral
próximo da Ilha Deserta (A12) (62,22 ovos/10m³) (Tabela 3; Figura 4b).
As larvas de peixes apresentaram no inverno densidade média de 3,67 larvas/10m³
(EP ± 1,51), destacando o ponto amostral próximo a Ilha Deserta (A11) (10,06 larvas/10m³)
(Tabela 3; Figura 5a). No verão as densidades variaram de 0,65 à 4,08 larvas/10m³, onde a
mínima ocorreu no ponto amostral próximo a Ilha do Arvoredo (A8) e a máxima próximo a
Ilha Deserta (A12) (Tabela 3; Figura 5b).
13
Tabela 3: Abundâncias numéricas e densidades de ovos e larvas de peixes (n/m³), para cada ponto amostral, durante o inverno de 1997 e o verão de 1998 na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC).
Inverno 1997 Verão 1998 Densidade Densidade Densidade Densidade Ponto
Amostral Ovos (n)
Larvas (n) (ovos/10m³) (larvas/10m³)
Ovos (n)
Larvas (n) (ovos/10m³) (larvas/10m³)
A7 135 7 59,66 3,09 115 5 35,28 1,53 A8 302 3 140,72 1,39 11 2 3,62 0,65 A9 420 3 116,58 0,83 9 2 3,72 0,82
A10 118 7 50,49 2,99 4 4 1,97 1,97 A11 852 14 612,26 10,06 39 4 10,57 1,08 A12 311 11 104,13 3,68 271 16 69,22 4,08
Total 2138 45 χ 180,64 χ 3,67 449 33 χ 20,73 χ 1,69
Figura 4: Densidades de ovos de peixes nos 6 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para: (a) inverno de 1997 e (b) verão de 1998.
14
Figura 5: Densidades de larvas de peixes nos 6 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para: (a) inverno de 1997 e (b) verão de 1998.
Os ovos de peixes foram separados em dois taxa, espécie Sardinella brasiliensis
(Clupeidae) e família Engraulidae, além de serem classificados na categoria não identificados
(NI). Os ovos de S. brasiliensis ocorreram somente na amostragem de verão, com 28,9% de
abundância e distribuíram-se principalmente na porção ao sul da reserva, atingindo densidade
máxima de 30,65 ovos/10m³ no ponto amostral próximo a Ilha Deserta (A12) (Figura 6).
Figura 6: Densidades de ovos de Sardinella brasiliensis nos 6 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), para o verão de 1998.
15
Os ovos da família Engraulidae ocorreram, no inverno, em toda a área amostrada
atingindo abundância de 95,2% e densidade média de 172,45 ovos/10m³ (EP ± 84,72) com
máxima de 590,71 ovos/10m³ no ponto amostral próximo a Ilha Deserta (A11) (Figura 7a).
No verão os ovos desta família ocorreram em três pontos amostrais distribuídos na porção ao
sul da reserva, obtendo densidade máxima no ponto próximo a Ilha Deserta (A12) (17,11
larvas/10m³) (Figura 7b).
Figura 7: Densidades de ovos de Engraulidae nos 6 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para: (a) inverno de 1997 e (b) verão de 1998.
As larvas de peixes ocorreram com 9 famílias, tendo espécies pertencentes ao
comportamento pelágico, demersal e recifal. Carangidae, Clupeidae, Engraulidae, e
Sphyraenidae pertencem ao comportamento pelágico; Blenniidae, Gobiidae e Syngnathidae
ao comportamento recifal, Sciaenidae e Paralichthyidae ao comportamento demersal
(Apêndice 1).
No inverno foram identificadas 4 famílias: Blenniidae, Engraulidae, Paralichthyidae e
Sciaenidae, as larvas não identificadas (NI) ocorreram com 8,9%. A família Engraulidae foi a
mais abundante atingindo 62,2% (Tabela 4). No verão, as larvas identificadas pertenceram à 7
famílias: Blenniidae, Carangidae, Clupeidae, Gobiidae, Sciaenidae, Sphyraenidae e
Syngnathidae. A família mais abundante foi Clupeidae (39,4%), seguida pelas famílias
Blenniidae e Sciaenidae (ambas com 9,1%), sendo que as larvas NI representaram 27,3%
(Tabela 4).
16
Tabela 4: Famílias de larvas de peixes coletadas na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), durante o inverno de 1997 e verão de 1998, com porcentagem de participação e densidades médias por 10 m³. Nota: NI= não identificados
Inverno 1997 Verão 1998 Famílias % média/10m³ % média/10m³
Blenniidae 15,6 0,59 (EP ± 0,23) 9,1 0,15 (EP ± 0,11) Carangidae 0,0 0,00 6,1 0,12 (EP ± 0,08) Clupeidae 0,0 0,00 39,4 0,56 (EP ± 0,45) Engraulidae 62,2 2,20 (EP ± 0,60) 0,0 0,00 Gobiidae 0,0 0,00 3,0 0,07 (EP ± 0,07) Paralichthyidae 4,4 0,24 (EP ± 0,24) 0,0 0,00 Sciaenidae 8,9 0,32 (EP ± 0,11) 9,1 0,15 (EP ± 0,11) Sphyraenidae 0,0 0,00 3,0 0,05 (EP ± 0,05) Syngnathidae 0,0 0,00 3,0 0,08 (EP ± 0,08) NI 8,9 0,35 (EP ± 0,24) 27,3 0,51 (EP ± 0,14)
As larvas das famílias Blenniidae, Carangidae, Clupeidae, Paralichthyidae,
Sphyraenidae e Syngnathidae foram identificadas ao menor taxon. A família Blenniidae foi
representada, no inverno e verão, pela espécie Hypleurochilus fissicornis. As famílias
Carangidae, Sphyraenidae e Syngnathidae estiveram presentes no verão, com as espécies,
Chloroscombrus chrysurus, Sphyraena sp. e Syngnathus elucens, respectivamente. As larvas
de Clupeidae ocorreram no verão, sendo identificadas Sardinella brasiliensis e Opisthonema
oglinum. A família Paralichthyidae, presente no inverno, foi representada pela espécie
Etropus crossotus (Tabela 5).
Tabela 5: Espécies de larvas de peixes identificadas na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), durante o inverno de 1997 e verão de 1998, com porcentagem de participação e densidades médias por 10 m³.
Inverno 1997 Verão 1998 Famílias Espécies % média/10m³ % média/10m³
Blenniidae Hypleurochilus fissicornis 15,6 0,59 (EP ± 0,23) 3,0 0,04 (EP ± 0,04)
Carangidae Chloroscombrus chrysurus 0,0 0,00 6,1 0,12 (EP ± 0,08)
Clupeidae Sardinella brasiliensis 0,0 0,00 36,4 0,52 (EP ± 0,46)
Clupeidae Opisthonema oglinum 0,0 0,00 3,0 0,05 (EP ± 0,05)
Paralichthyidae Etropus crossotus 4,4 0,24 (EP ± 0,24) 0,0 0,00
Sphyraenidae Sphyraena sp. 0,0 0,00 3,0 0,05 (EP ± 0,05)
Syngnathidae Syngnathus elucens 0,0 0,00 3,0 0,08 (EP ± 0,08)
17
As famílias acima de 4% de abundância relativa, durante o ano de 1997/1998, foram
Engraulidae (35,9%), Clupeidae (16,7%), Blenniidae (12,8%) e Sciaenidae (9,0%). A família
Engraulidae ocorreu apenas no inverno distribuindo-se em toda a área amostrada, com
densidade média de 2,20 larvas/10m³ (EP ± 0,60) (Figura 8, Tabela 4). A família Clupeidae
ocorreu no verão, onde a espécie Sardinella brasiliensis esteve presente na porção ao sul da
reserva, em dois pontos amostrais representando 36,4% de abundância relativa (Figura 9a;
Tabela 5). Opisthonema oglinum ocorreu no ponto amostral próximo a Ilha Deserta (A11)
com densidade de 0,27 larvas/10m³ (Figura 9b; Tabela 5).
Figura 8: Densidades de larvas de peixes de Engraulidae nos 6 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), para o inverno de 1997.
18
Figura 9: Densidades de larvas de peixes de Clupeidae nos 6 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) durante o verão de 1998 para as espécies: (a) Sardinella brasiliensis e (b) Opisthonema oglinum.
A família Blenniidae ocorreu nos dois períodos amostrais, sendo que a maioria das
larvas foram representadas pela espécie Hypleurochilus fissicornis. No inverno foi observada
em quatro pontos amostrais destacando-se o próximo da Ilha Deserta (A11), onde atingiu
densidade de 1,43 larvas/10m³ (Figura 10a). Por outro lado, no verão, algumas larvas desta
família não foram identificadas a nível de espécie, com distribuição no ponto amostral
próximo a Ilha do Arvoredo (A8) (Figura 11), já a larva da espécie H. fissicornis esteve
presente no ponto próximo a Ilha Deserta (A12), com 0,25 larvas/10m³ (Figura 10b).
A família Sciaenidae foi encontrada no inverno, com densidade média de 0,32
larvas/10m³ (EP ± 0,11) com uma máxima de 0,72 larvas/10m³ (A11) (Figura 12a; Tabela 4).
No verão, a família foi identificada na região ao sul da reserva com média de 0,15 larvas/10m³
(EP ± 0,11) (Figura 12b; Tabela 4).
19
Figura 10: Densidades de larvas de peixes de Blenniidae da espécie Hypleurochilus fissicornis, nos 6 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para: (a) inverno de 1997 e (b) verão de 1998.
Figura 11: Densidades de larvas de peixes de Blenniidae nos 6 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), para o verão de 1998.
20
Figura 12: Densidades de larvas de peixes de Sciaenidae nos 6 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para: (a) inverno de 1997 e (b) verão de 1998.
21
Campanha de 2007/2008
Na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (RBMA) coletou-se um total de 24 ovos
e 63 larvas durante o inverno de 2007, e 60 ovos e 126 larvas no verão de 2008 (Tabela 6). No
inverno as densidades de ovos ocorreram com baixos valores apresentando média de 2,48
ovos/10m3 (EP ± 0,63), onde as maiores foram observadas nos pontos amostrais próximos as
Ilhas do Arvoredo (A8) e da Galé (A10) com 5,01 e 6,11 ovos/10m3, respectivamente (Tabela
6; Figura 13a). Na amostragem de verão foi registrada densidade média de 7,12 ovos/10m3
(EP ± 1,39), com os valores mais altos ocorrendo no norte da reserva próximo a Ilha da Galé
(A10) com 18,01 ovos/10m3 (Tabela 6; Figura 13b).
Tabela 6: Abundâncias numéricas e densidades de ovos e larvas de peixes (n/m³), para cada ponto amostral, durante o inverno de 2007 e o verão de 2008 na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC).
Inverno 2007 Verão 2008 Densidade Densidade Densidade Densidade Ponto
Amostral Ovos (n)
Larvas (n) (ovos/10m³) (larvas/10m³)
Ovos (n)
Larvas (n) (ovos/10m³) (larvas/10m³)
A 1 5 4 4,25 3,4 6 2 8,12 2,71 A 2 0 4 0 5,5 2 2 2,88 2,88 A 3 1 3 0,96 2,88 6 9 6,11 9,16 A 4 0 7 0 8,28 9 8 12,36 10,99 A 5 4 14 4,44 15,53 5 22 6,95 30,58 A 6 0 2 0 2,4 3 6 5,72 11,43 A 7 3 0 2,89 0 0 2 0 2,67 A 8 5 0 5,01 0 1 6 1,59 9,53 A 9 1 20 1,12 22,44 5 11 6,84 15,05
A 10 2 5 6,11 15,26 11 13 18,01 21,29 A 11 1 2 1,26 2,51 5 29 7,67 44,51 A 12 2 2 3,76 3,76 7 16 9,2 21,04
Total 24 63 χ 2,48 χ 6,83 60 126 χ 7,12 χ 15,15
As larvas de peixes distribuíram-se no período de inverno com densidade média de
6,83 larvas/10m³ (EP ± 2,06), apresentando os maiores valores na porção norte da área de
estudo, onde atingiram até 22,44 larvas/10m³ (A9), entretanto não foram registradas larvas
próximo da Ilha do Arvoredo (A7 e A8) (Tabela 6; Figura 14a). Por outro lado, no verão, as
larvas distribuíram-se ao longo de toda a região amostrada, com densidade média de 15,15
larvas/10m³ (EP ± 3,62). A menor densidade observada foi na Ilha do Arvoredo (A7) (2,67
larvas/10m³) e a maior na Ilha Deserta (A11) (44,51 larvas/10m³) (Tabela 6; Figura 14b).
22
Figura 13: Densidades de ovos de peixes nos 12 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para: (a) inverno de 2007 e (b) verão de 2008.
Figura 14: Densidades de larvas de peixes nos 12 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para: (a) inverno de 2007 e (b) verão de 2008.
Dois taxa de ovos de peixes foram classificados, a espécie Sardinella brasiliensis
(Clupeidae) e a família Engraulidae, sendo que foram separados os ovos não identificados
(NI). Os ovos de S. brasiliensis ocorreram apenas na amostragem de verão de 2008, quando
distribuíram-se praticamente em toda a área de estudo, com uma abundância relativa de
21,7% e densidade máxima de 4,12 ovos/10m³ entre as ilhas da RBMA (A4) (Figura 15).
Durante a amostragem de inverno de 2007, os ovos da família Engraulidae representaram
12,5% de abundância relativa e densidade máxima de 2,22 ovos/10m3 no ponto amostral mais
ao norte da reserva (A5) (Figura 16a). No verão, a abundância relativa de Engraulidae diminui
para 5%, com distribuição restrita na porção sudeste da reserva (Figura 16b).
23
Figura 15: Densidades de ovos de Sardinella brasiliensis nos 12 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), para o verão de 2008.
Figura 16: Densidades de ovos de Engraulidae nos 12 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para: (a) inverno de 2007 e (b) verão de 2008.
24
As larvas foram classificadas em 15 famílias (Apêndice 1), divididas em espécies
pelágicas, demersal e recifais. As larvas de espécies de comportamento pelágico foram
representadas por Clupeidae, Engraulidae, Carangidae, Gerreidae, Mugilidae, Sphyraenidae e
Trichiuridae. Com relação ao comportamento recifal foram identificadas as famílias
Synodontidae, Serranidae, Labrisomidae, Blenniidae e Gobiidae. Os indivíduos representados
pelo comportamento demersal foram Haemulidae, Sciaenidae e Paralichthyidae.
No inverno, as larvas coletadas pertenceram a 5 famílias, tendo Engraulidae como a
mais abundante, representando 90,5% de abundância relativa, seguida pelas famílias
Sciaenidae com 3,2%, e Blenniidae, Labrisomidae e Paralichthyidae com 1,6%. Na
amostragem de verão foram observadas as 15 famílias descritas anteriormente, com as
maiores densidades médias para Gerreidae (3,66 larvas/10m³), Clupeidae (1,89 larvas/10m³),
Engraulidae (1,89 larvas/10m³), Blenniidae (1,51 larvas/10m³), Carangidae (1,14 larvas/10m³)
e Gobiidae (1,13 larvas/10m³) (Tabela 7).
Tabela 7: Famílias de larvas de peixes coletadas na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), durante o inverno de 2007 e verão de 2008, com porcentagem de participação e densidades médias por 10 m³. Nota: NI= não identificados
Inverno 2007 Verão 2008 Famílias % média/10m³ % média/10m³
Blenniidae 1,6 0,07 (EP ± 0,07) 9,5 1,51 (EP ± 0,75) Carangidae 0,0 0,00 7,1 1,14 (EP ± 0,43) Clupeidae 0,0 0,00 13,5 1,89 (EP ± 0,64) Engraulidae 90,5 6,16 (EP ± 2,09) 11,9 1,89 (EP ± 1,05) Gerreidae 0,0 0,00 24,6 3,66 (EP ± 1,51) Gobiidae 0,0 0,00 7,1 1,13 (EP ± 0,61) Haemulidae 0,0 0,00 0,8 0,12 (EP ± 0,12) Labrisomidae 1,6 0,16 (EP ± 0,16) 3,2 0,47 (EP ± 0,29) Mugilidae 0,0 0,00 1,6 0,23 (EP ± 0,15) Paralichthyidae 1,6 0,10 (EP ± 0,10) 5,6 0,90 (EP ± 0,44) Sciaenidae 3,2 0,25 (EP ± 0,17) 4,8 0,70 (EP ± 0,21) Serranidae 0,0 0,00 1,6 0,23 (EP ± 0,16) Sphyraenidae 0,0 0,00 0,8 0,08 (EP ± 0,08) Synodontidae 0,0 0,00 4,0 0,62 (EP ± 0,40) Trichiuridae 0,0 0,00 0,8 0,13 (EP ± 0,13) NI 1,6 0,09 (EP ± 0,09) 3,2 0,46 (EP ± 0,34)
25
Para as larvas amostradas das famílias Blenniidae, Carangidae, Clupeidae,
Labrisomidae, Mugilidae, Paralichthyidae, Sphyraenidae, Synodontidae e Trichiuridae foi
possível a identificação ao nível de espécie. A família Blenniidae esteve presente com duas
espécies, Scartella cristata, ocorrendo nos dois períodos sazonais, e Hypleurochilus
fissicornis, no verão. A família Carangidae ocorreu no verão com 3 espécies, sendo elas:
Chloroscombrus chrysurus, Oligoplites sp., Selene sp. A família Clupeidae esteve presente no
verão com duas espécies, Opisthonema oglinum e Harengula clupeola. As larvas da família
Labrisomidae só foram identificadas ao nível de espécie no verão, sendo representadas por
Malacoctenus delalandii. A família Mugilidae foi identificada pela espécie Mugil sp., e as
larvas de Paralichthyidae representadas por Paralichthys sp. (inverno) e por Etropus crossotus
(verão). As famílias Sphyraenidae, Synodontidae e Trichiuridae ocorreram no verão e foram
representadas pelas espécies Sphyraena sp., Synodus intermedius e Trichiurus lepturus,
respectivamente (Tabela 8).
Tabela 8: Espécies de larvas de peixes coletadas na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), durante o inverno de 2007 e verão de 2008, com porcentagem de participação e densidades médias por 10 m³. Inverno 2007 Verão 2008
Famílias Espécies % média/10m³ % média/10m³ Blenniidae Scartella cristata 1,6 0,07 (EP ± 0,07) 4,8 0,76 (EP ± 0,23) Blenniidae Hypleurochilus fissicornis 0,0 0,00 4,8 0,75 (EP ± 0,64) Carangidae Chloroscombrus chrysurus 0,0 0,00 2,4 0,39 (EP ± 0,22) Carangidae Oligoplites sp. 0,0 0,00 4,0 0,64 (EP ± 0,38) Carangidae Selene sp. 0,0 0,00 0,8 0,11 (EP ± 0,11) Clupeidae Opisthonema oglinum 0,0 0,00 4,8 0,69 (EP ± 0,40) Clupeidae Harengula clupeola 0,0 0,00 8,7 1,20 (EP ± 0,54) Labrisomidae Malacoctenus delalandii 0,0 0,00 2,4 0,36 (EP ± 0,28) Mugilidae Mugil sp. 0,0 0,00 1,6 0,23 (EP ± 0,15) Paralichthyidae Paralichthys sp 1,6 0,10 (EP ± 0,10) Paralichthyidae Etropus crossotus 0,0 0,00 5,6 0,90 (EP ± 0,44) Sphyraenidae Sphyraena sp. 0,0 0,00 0,8 0,08 (EP ± 0,08) Synodontidae Synodus intermedius 0,0 0,00 4,0 0,62 (EP ± 0,40) Trichiuridae Trichiurus lepturus 0,0 0,00 0,8 0,13 (EP ± 0,13)
26
As famílias coletadas na campanha de 2007/2008 com abundância relativa acima de
4%, foram descritas separadamente, sendo elas: Engraulidae (38,1%), Gerreidae (16,4%),
Clupeidae (8,9%), Blenniidae (6,9%), Carangidae (4,8%), Gobiidae (4,8%), Sciaenidae
(4,2%) e Paralichthyidae (4,2%). Engraulidae foi a mais abundante durante o período
amostrado, no inverno, as larvas distribuíram-se em toda a área amostrada, destacando-se a
região norte da reserva com 22,44 larvas/10m³ (A9) (Figura 17a). Entretanto, no verão, as
larvas desta família estiveram presentes em cinco pontos amostrais, com a maior densidade
ocorrendo próximo a Ilha Deserta (A11) (12,28 larvas/10m³) (Figura 17b).
Figura 17: Densidades de larvas de Engraulidae nos 12 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para: (a) inverno de 2007 e (b) verão de 2008.
A família Gerreidae ocorreu apenas na amostragem de verão, onde as larvas
distribuíram-se na porção centro-leste da região de estudo, com as máximas densidades no
ponto amostral ao norte da reserva (A5) e próximo a Ilha Deserta (A11), com respectivamente
15,29 e 12,28 larvas/10m³ (Figura 18). A família Clupeidae foi representada por duas
espécies, Opisthonema oglinum e Harengula clupeola, ambas presentes na amostragem de
verão com abundância relativa de 3,1 e 5,8%, respectivamente. A espécie O. oglinum esteve
presente em três pontos amostrais, distribuídos ao norte da área de estudo, e suas densidades
foram 4,12 (A4); 2,78 (A5) e 1,37 (A9) larvas/10m³ (Figura 19a). A espécie H. clupeola
apresentou densidade média de 1,20 larvas/10m³ (EP ± 0,54), não demonstrando um padrão
na sua distribuição espacial (Figura 19b).
27
Figura 18: Densidades de larvas de Gerreidae nos 12 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), para o verão de 2008.
Figura 19: Densidades de larvas de Clupeidae nos 12 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no verão de 2008 para as espécies: (a) Opisthonema oglinum e (b) Harengula clupeola.
28
A família Blenniidae esteve presente nos dois períodos amostrados. Durante o período
de inverno, esta família foi representada pela espécie Scartella cristata, com densidade de
0,85 larvas/10m³ no ponto amostral mais costeiro (A1) (Figura 20a). No verão S. cristata
apresentou densidades similares entre os pontos, variando de 0 à 1,90 larvas/10m³ (Figura
20b), e a espécie Hypleurochilus fissicornis distribuiu-se na Ilha Deserta com 7,67 (A11) e
1,31 larvas/10m³ (A12) (Figura 21).
Figura 20: Densidades de larvas de Scartella cristata (Blenniidae) em 12 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para: (a) inverno de 2007 e (b) verão de 2008.
As famílias Carangidae e Gobiidae estiveram presentes apenas na amostragem de
verão. A família Gobiidae distribuiu-se nas Ilhas do Arvoredo e Deserta, atingindo nesta
última densidade de 6,14 larvas/10m³ (A11) (Figura 22). A família Carangidae foi
representada por três espécies: Chloroscombrus chrysurus, que distribuiu-se em três pontos
amostrais, tendo a máxima densidade ao sul da área de estudo (A6) (1,90 larvas/10m³) (Figura
23a); Oligoplites sp. ocorreu ao norte da região (A5) (4,17 larvas/10m³) (Figura 23b); e Selene
sp., ocorreu com baixa densidade estando presente apenas no ponto mais costeiro (A1) (1,35
larvas/10m³) (Figura 23c).
29
Figura 21: Densidades de larvas de Hypleurochilus fissicornis (Blenniidae) em 12 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para o verão de 2008.
Figura 22: Densidades de larvas de Gobiidae nos 12 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), para o verão de 2008.
30
As famílias Sciaenidae e Paralichthyidae ocorreram nos dois períodos amostrados,
ambas com abundância relativa de 4,2%. No inverno a família Sciaenidae distribuiu-se em
dois pontos amostrais, atingindo a máxima densidade no ponto amostral próximo a Ilha
Deserta (A12) (1,88 larvas/10m³) (Figura 24a). Na amostragem de verão, esta família
manteve densidades similares entre os pontos, com média de 0,70 larvas/10m³ (EP ± 0,21)
(Figura 24b). A família Paralichthyidae ocorreu, no inverno, apenas ao sul da região estudada,
representada pela espécie Paralichthys sp, com densidade de 1,20 larvas/10m³ (A6). (Figura
25a). No verão, a espécie Etropus crossotus, apresentou densidade média de 0,90 larvas/10m³
(EP ± 0,44), com valor máximo próximo a Ilha da Galé (A9) (4,10 larvas/10m³) (Figura 25b).
Figura 23: Densidades de larvas de Carangidae nos 12 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para o verão de 2008 paras as espécies: (a) Chloroscombrus chrysurus, (b) Oligoplites sp. e (c) Selene sp.
31
Figura 24: Densidades de larvas de Sciaenidae nos 12 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para: (a) inverno de 2007 e (b)verão de 2008.
Figura 25: Densidades de larvas de Paralichthyidae nos 12 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para a espécies de Paralichthys sp. no inverno de 2007 (a) e para a espécie Etropus crossotus no verão de 2008 (b).
32
4.1.2 Análise dos Parâmetros Ambientais
Na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (RBMA) a transparência da água, para o
inverno de 2007 e o verão de 2008, registrou média de 5,17 (EP ± 0,15) e 7,00 (EP ± 0,61)
metros de profundidade, respectivamente. No inverno a transparência foi similar entre os
pontos amostrais, tendo o menor valor (4,00 metros) próximo a Ilha da Galé (A9) (Figura
26a). No período amostral de verão a menor transparência (2,50 metros) foi obtida no ponto
mais costeiro (A1), e as maiores nos pontos entre Ilhas (A2 e A4) (10,00 metros) e na Ilha
Deserta (A11 e A12) (8,50 metros) (Figura 26b).
Figura 26: Transparência da água nos 12 pontos amostrais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para: (a) inverno de 2007 e (b) verão de 2008.
No inverno a salinidade da água registrou mínima de 27,80 e máxima de 35,77 nos
pontos amostrais entre Ilhas (A3 e A4), no verão os valores mínimo e máximo também foram
registrados no ponto entre Ilhas (A4 e A5), 28,96 e 35,53, respectivamente (Tabela 9). A
temperatura atingiu no ponto entre Ilhas (A4), 19,48°C no inverno e 26,79°C no verão
(Tabela 9).
33
Tabela 9: Valores salinidade (S) e temperatura (T°C) nos 12 pontos amostrais analisados na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para o inverno de 2007 e verão de 2008.
Inverno 2007 Verão 2008 Ponto
Amostral S
Mínima S
Máxima T°C
Mínima T°C
Máxima S
Mínima S
Máxima T°C
Mínima T°C
Máxima A 1 28,58 33,84 15,57 17,6 29,95 34,91 20,81 26,48 A 2 29,33 35,10 15,44 18,58 33,44 35,30 20,02 26,54 A 3 27,80 35,40 15,27 18,98 30,51 35,43 18,32 26,46 A 4 28,3 35,77 15,23 19,48 28,96 35,53 18,21 26,79 A 5 28,17 35,69 15,20 19,33 33,05 35,53 18,41 25,91 A 6 29,89 34,94 15,36 18,42 33,01 25,08 19,12 26,52 A 7 29,3 29,72 15,67 16,02 33,99 34,20 25,10 26,63 A 8 30,08 31,45 15,86 16,37 34,12 34,16 25,36 25,67 A 9 28,47 32,77 15,22 16,59 33,39 33,72 24,85 25,22
A 10 29,51 34,39 15,71 18,09 32,75 34,76 21,45 25,62 A 11 29,32 32,83 15,70 17,07 33,54 34,47 23,40 25,92 A 12 29,87 35,35 15,98 18,81 34,28 35,06 20,55 25,98
Através do diagrama TS observou-se, para a área de estudo, a existência de três
massas de água durante o inverno de 2007 e o verão de 2008: Água Central do Atlântico Sul
(ACAS), Água Subtropical de Plataforma (ASP) e a Água Costeira (AC). No inverno, a ASP
foi registrada abaixo dos 25 metros de profundidade, com temperatura variando de 17,3 a
19,4°C e salinidade entre 33,6 e 35,7, e a AC com temperaturas e salinidades variando,
respectivamente, de 15,2 a 17,4°C, e 27,8 a 33,4 (Figura 27a). No verão esta massa d’água foi
caracterizada por temperaturas variando entre 24,3 e 26,7°C e salinidades entre 28,9 e 33,9, e
a ACAS, ocorreu abaixo de 25 metros de profundidade, com temperaturas e salinidades
variando entre 18,2 e 18,9°C, 35,2 e 35,5 respectivamente (Figura 27b).
A análise de componentes principais realizada na RBMA para o ano de 2007/2008,
demonstrou, entre os dois eixos principais, 64,9%, observando-se claramente uma
sazonalidade entre as estações do ano. As maiores densidades do ictioplâncton ocorreram no
verão juntamente com as maiores salinidade de fundo e transparência da água, sendo
explicado pelo eixo 1 (42,7%) (Figura 28).
34
Figura 27: Diagrama TS na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), para: (a) inverno de 2007 e (b) verão de 2008.
15
17
19
21
23
25
27
29
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36
salinidade
tem
pera
tura
(T°C
)
superf ície
-5 metros
-10 metros
-15 metros
-20 metros
-25 metros
-30 metros
-35 metros
-40 metros
ASP
AC
15
17
19
21
23
25
27
29
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36
salinidade
tem
pera
tura
(T°C
)
superfície
-5 metros
-10 metros-15 metros
-20 metros
-25 metros
-30 metros-35 metros
-40 metros
ACAS
AC
(a) inverno/2007
(b) verão/2008
35
Figura 28: Análise de componentes principais, com parâmetros abióticos e dados bióticos, para a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, durante o ano de 2007/2008.
PCA RBMAA
xis
2
Axis 1
A1_i_07
A2_i_07
A3_i_07A4_i_07
A5_i_07A6_i_07
A7_i_07
A8_i_07
A9_i_07A10_i_07
A11_i_07
A12_i_07
A1_v_08
A2_v_08
A3_v_08A4_v_08A5_v_08
A6_v_08
A7_v_08A8_v_08
A9_v_08
A10_v_08A11_v_08A12_v_08
-0.3
-0.5
-0.8
-1.0
-1.3
0.3
0.5
0.8
1.0
1.3
-0.3-0.5-0.8-1.0-1.3 0.3 0.5 0.8 1.0 1.3
S% sup.
T C sup.
S% fun.
T C fun.
Secchi
profundidade
dens. L
dens. O
Vector scaling: 1,81
36
4.1.3 Estrutura da comunidade do Ictioplâncton de 1997/1998 versus 2007/2008
Na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (RBMA), as densidades de ovos
mostraram diferenças significativas para os períodos de inverno de 1997, verão de 1998,
inverno de 2007 e verão de 2008 (graus de liberdade= 1; F= 12,11; p= 0,002) (Tabela 10).
Com relação às larvas, as densidades indicaram diferenças significativas entre os verões de
1998 e 2008 (graus de liberdade= 1; F= 5,88; p= 0,02) (Tabela 11).
Tabela 10: Tabela de Tuckey para densidade de ovos na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo.
Tabela 11: Tabela de Tuckey para densidade de larvas na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo.
Índices de Riqueza, Diversidade e Equitabilidade
Os Índices de Riqueza de Margalef e de Diversidade de Shannon e Weaver seguiram
os mesmos padrões ao longo dos anos amostrados (1997/1998 e 2007/2008), demonstrando
dois picos, de riqueza e de diversidade, nos verões de 1998 e 2008. O Índice de Equitabilidade
de Pielou permaneceu similar entre os períodos amostrais, com o valor mais baixo no inverno
de 2007 (Figura 29).
inverno/97 verão/98 inverno/07 verão/08inverno/97
verão/98 0,0021inverno/07 0,0002 0,2810
verão/08 0,0003 0,6364 0,9134
inverno/97 verão/98 inverno/07 verão/08inverno/97
verão/98 0,805inverno/07 0,998 0,707
verão/08 0,060 0,009 0,085
37
Figura 29: Índices de Riqueza de Margalef, de Diversidade de Shannon e Weaver (H’) e de Equitabilidade de Pielou (J’), para o inverno e verão dos anos de 1997/1998 e 2007/2008.
0
1
2
3
4
5
6
inverno/97 inverno/07
estação do ano
Índi
ces
RM
H'
J'
38
Análise de Agrupamento
As composições da comunidade ictioplanctônica entre os dados de 1997/1998 e
2007/2008 da RBMA formaram 2 grupos distintos, um compreendendo o inverno de 1997 e
2007 (G1), e o outro os verões de 1998 e 2008 (G2). Entre as similaridades de verão,
observou-se um grupo bem característico que compreendeu os pontos amostrais da Ilha
Deserta, e o ponto localizado ao leste da Ilha da Galé para os dois anos (Figura 30).
Figura 30: Análise de agrupamento das abundâncias dos taxa da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, para o inverno e verão dos anos de 1997/1998 e 2007/2008. Nota: Axx = ponto amostral; i= inverno; v= verão; Gx= grupo
0 100 200 300 400 500
distância euclidiana
A8_v_08A7_v_08A9_v_98A12_i_07A8_v_98
A11_v_08A12_v_08A10_v_08A11_v_98A10_v_98A12_v_98A7_v_98A11_i_07A10_i_07A9_i_07A9_i_97A8_i_97
A9_v_08A12_i_97A11_i_97A10_i_97A7_i_97
pont
os a
mos
trais
G2
G1
39
4.2 Áreas Costeiras Adjacentes à RBMA
4.2.1 Variação Espaço-Temporal da distribuição e abundância do Ictioplâncton
Nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (RBMA),
o ictioplâncton foi coletado, durante o ano de 2007, nas estações de verão, outono-inverno,
inverno-primavera e primavera. No verão, um total de 379 ovos de peixes foram registrados
em toda a área amostrada, no qual as menores abundâncias ocorreram nas áreas protegidas da
Baía de Tijucas (Enseada de Zimbros), e as maiores foram registradas na Praia dos Ingleses e
na Praia da Joaquina, atingindo um máximo de 232,73 ovos/10m³ (J3) (Tabela 12; Figura
31a).
Na amostragem de outono-inverno foi coletado um total de 1235 ovos, no qual
concentraram-se principalmente nos pontos costeiros protegidos da Baía de Tijucas (Enseada
de Zimbros), atingindo densidade máxima de 2.053,76 ovos/10m³ (Z2). A Praia dos Ingleses e
a Praia da Joaquina foram caracterizadas pelas menores densidades, variando de 0 a 167,03
ovos/10m³ (Tabela 12; Figura 31b).
Durante o período de inverno-primavera foi amostrado um total de 2317 ovos, no qual
estiveram presentes em toda a região de estudo, com densidades variando entre 0 e 1.291,74
ovos/10m³. De maneira geral, a Baía de Tijucas apresentou variações mais acentuadas entre
os pontos amostrais, com as menores densidades ocorrendo nos pontos mais costeiros (Tabela
12; Figura 31c). Na amostragem de primavera de 2007 coletou-se um total de 290 ovos, onde
os menores valores ocorreram na Praia da Joaquina, e os maiores na Praia dos Ingleses
atingindo 162,17 ovos/10m³ (I6) (Tabela 12; Figura 31d).
40
Tabela 12: Abundâncias numéricas e densidades de ovos e larvas de peixes (n/m³), para cada ponto amostral durante o ano de 2007 nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC). Nota: Pontos amostrais= Baía de Tijucas (Z1-Z17); Praia dos Ingleses (I0-I8); Praia da Joaquina (J0-J8) SI= sem informação Verão 2007 Outono-Inverno 2007 Inverno-Primavera 2007 Primavera 2007
Ponto Amostral
Ovos (n)
Larvas
(n) Densidade
(ovos/10m³) Densidade
(larvas/10m³) Ovos (n)
Larvas (n)
Densidade (ovos/10m³)
Densidade (larvas/10m³)
Ovos (n)
Larvas (n)
Densidade (ovos/10m³)
Densidade (larvas/10m³)
Ovos (n)
Larvas (n)
Densidade (ovos/10m³)
Densidade (larvas/10m³)
Z 1 0 0 0,00 0,00 168 1 428,20 2,55 0 10 0,00 18,43 SI SI SI SI Z 2 0 1 0,00 1,75 835 1 2053,76 2,46 0 6 0,00 5,50 SI SI SI SI Z 3 0 0 0,00 0,00 3 0 9,26 0,00 0 1 0,00 2,07 SI SI SI SI Z 4 0 0 0,00 0,00 1 1 3,10 3,10 5 11 5,95 13,09 SI SI SI SI Z 5 8 2 15,79 3,95 0 0 0,00 0,00 28 17 37,79 22,94 SI SI SI SI Z 6 30 7 68,68 16,03 9 9 23,37 23,37 34 3 32,05 2,83 SI SI SI SI Z 7 0 2 0,00 2,94 19 2 52,05 5,48 77 4 93,46 4,86 SI SI SI SI Z 8 3 1 6,79 2,26 19 0 76,90 0,00 0 4 0,00 5,72 SI SI SI SI Z 9 11 0 14,48 0,00 23 6 34,87 9,10 7 9 11,84 15,23 SI SI SI SI
Z 10 5 15 11,81 35,43 8 2 13,32 3,33 7 0 7,30 0,00 SI SI SI SI Z 11 6 5 6,96 5,80 5 1 11,91 2,38 47 5 40,96 4,36 SI SI SI SI Z 12 18 10 25,71 14,28 18 1 41,49 2,30 487 5 424,09 4,35 SI SI SI SI Z 13 7 16 9,30 21,26 11 0 25,24 0,00 6 5 8,75 7,29 SI SI SI SI Z 14 7 24 8,77 30,06 1 0 2,73 0,00 8 4 14,84 7,42 SI SI SI SI Z 15 0 9 0,00 13,10 0 1 0,00 1,76 21 2 24,16 2,30 SI SI SI SI Z 16 14 13 16,88 15,67 2 0 5,24 0,00 2 0 3,18 0,00 SI SI SI SI Z 17 10 34 12,59 42,82 0 1 0,00 1,96 23 1 37,04 1,61 SI SI SI SI I 0 18 14 33,29 25,89 1 0 1,65 0,00 361 5 307,53 4,26 9 0 14,40 0,00 I 1 15 11 50,44 36,99 29 0 42,43 0,00 148 5 157,83 5,33 7 0 7,67 0,00 I 2 25 15 46,42 27,85 3 0 4,01 0,00 30 24 28,71 22,97 45 0 49,69 0,00 I 3 9 14 25,67 39,93 4 0 10,82 0,00 184 1 170,70 0,93 2 4 2,91 5,81 I 4 17 16 37,82 35,66 57 0 167,03 0,00 109 1 116,41 1,07 14 0 12,61 0,00 I 5 3 23 8,58 65,78 11 1 20,42 1,86 174 6 170,75 5,89 7 0 7,84 0,00
41
Tabela 12 (cont.) Verão 2007 Outono-Inverno 2007 Inverno-Primavera 2007 Primavera 2007
Ponto Amostral
Ovos (n)
Larvas
(n) Densidade
(ovos/10m³) Densidade
(larvas/10m³) Ovos (n)
Larvas (n)
Densidade (ovos/10m³)
Densidade (larvas/10m³)
Ovos (n)
Larvas (n)
Densidade (ovos/10m³)
Densidade (larvas/10m³)
Ovos (n)
Larvas (n)
Densidade (ovos/10m³)
Densidade (larvas/10m³)
I 6 2 17 3,86 32,82 1 0 2,48 0,00 52 4 49,62 3,82 135 6 162,17 7,21 I 7 14 10 22,84 16,32 1 1 1,90 1,90 33 4 48,19 5,84 33 1 37,67 1,14 I 8 3 21 7,89 55,23 3 0 6,95 0,00 296 4 333,04 4,50 13 4 14,81 4,56 J 0 2 0 6,29 0,00 0 0 0,00 0,00 32 1 1291,74 40,37 0 5 0,00 10,14 J 1 10 16 31,60 50,56 0 0 0,00 0,00 20 0 21,12 0,00 7 5 9,84 7,03 J 2 8 6 16,72 12,54 0 1 0,00 2,79 11 0 9,95 0,00 0 5 0,00 7,56 J 3 113 11 232,73 22,66 1 2 1,85 3,69 17 0 691,68 0,00 4 0 4,32 0,00 J 4 10 7 15,64 10,95 0 0 0,00 0,00 13 0 13,40 0,00 2 1 3,07 1,54 J 5 1 2 2,84 5,68 0 6 0,00 12,69 36 0 29,89 0,00 0 0 0,00 0,00 J 6 0 0 0,00 0,00 1 0 2,71 0,00 7 0 7,12 0,00 2 3 2,57 3,85 J 7 1 7 2,09 14,65 0 0 0,00 0,00 13 0 11,45 0,00 1 0 0,92 0,00 J 8 9 4 29,59 13,15 1 3 1,76 5,29 29 1 30,99 1,07 9 0 19,88 0,00
Total 379 333 χ 22,06 χ 19,20 1235 40 χ 87,01 χ 2,46 2317 143 χ 120,90 χ 6,12 290 34 χ 19,47 χ 2,71
42
No verão de 2007, as larvas de peixes ocorreram, com um total de 333 indivíduos e as
maiores densidades estiveram presentes na Praia dos Ingleses, atingindo a máxima de 65,78
larvas/10m³ (I5). Este período se destacou em relação as outras estações do ano, onde as
densidades de larvas diminuíram para as três Áreas Costeiras Adjacentes à RBMA (Tabela
12; Figura 32a). No outono-inverno coletou-se um total de 40 larvas, com a máxima na Baía
de Tijucas (23,37 larvas/10m³) (Z6) (Tabela 12; Figura 32b). No inverno-primavera as larvas
estiveram presentes com um total de 143 organismos, com os maiores valores sendo
observados na Baía de Tijucas e na Praia dos Ingleses, atingindo 22,94 (Z5) e 22,97 (I2)
larvas/10m³, respectivamente (Tabela 12; Figura 32c). Na amostragem de primavera foram
coletadas 34 larvas, variando de 0 à 10,14 larvas/10m³, atingindo a máxima densidade na
Praia da Joaquina (J0) (Tabela 12; Figura 32d).
Figura 31: Densidades de ovos de peixes nos 35 pontos amostrais nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007 para: (a) verão, (b) outono-inverno, (c) inverno-primavera e (d) primavera. Nota: SI= sem informação
SI
43
Figura 32: Densidades de larvas de peixes nos 35 pontos amostrais nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007 para: (a) verão, (b) outono-inverno, (c) inverno-primavera e (d) primavera. Nota: SI= sem informação
Os ovos coletados no ano de 2007, foram classificados em dois taxa e uma categoria
“NI” (não identificados). A espécie Sardinella brasiliensis (Clupeidae) ocorreu nas
amostragens de verão, com 12,9% de abundância relativa, onde as maiores densidades
ocorreram na Baía de Tijucas (Figura 33a). Nas demais amostragens, esta espécie não foi
amostrada com importância, sendo registrada a ocorrência de larvas durante o inverno-
primavera na Praia dos Ingleses (Figura 33b).
A família Engraulidae ocorreu nos quatros períodos amostrados, sendo que no verão
os ovos estiveram presentes apenas na Baía de Tijucas, com baixas densidades (2,36
ovos/10m³) (Z10) e 1,0% de abundância relativa (Figura 34a). No outono-inverno esta família
distribuiu-se, na Baía de Tijucas e na Praia dos Ingleses, com 6,6% de abundância relativa e
densidade variando de 0 à 158,24 ovos/10m³ (Figura 34b). No inverno-primavera os ovos
SI
44
distribuíram-se nas três Áreas Costeiras Adjacentes à RBMA, com abundância relativa
elevada (24,8%), destacando-se a Praia dos Ingleses e a Praia da Joaquina, com 140,56
ovos/10m³ (I0) e 121,10 ovos/10m³(J0), respectivamente (Figura 34c). Na amostragem de
primavera os ovos de Engraulidae foram restritos para a Praia dos Ingleses, com densidade de
1,12 ovos/10m³ (I5) (Figura 34d).
Figura 33: Densidades de ovos de peixes de Sardinella brasiliensis nos 35 pontos amostrais nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007 para: (a) verão, (b) inverno-primavera.
Durante o ano de 2007, foram identificadas 17 famílias de larvas, nas Áreas Costeiras
Adjacentes à RBMA, sendo 7 taxa de comportamento pelágico Bregmacerotidae, Carangidae,
Clupeidae, Engraulidae, Gerreidae, Mugilidae e Myctophidae; 4 taxa de comportamento
demersal Haemulidae, Sciaenidae, Cynoglossidae e Paralichthyidae e 6 taxa de
comportamento recifal Blenniidae, Gobiidae, Labrisomidae, Pomacentridae, Serranidae e
Syngnathidae (Apêndice 1).
Na amostragem de verão, foram observadas 14 famílias, sendo Engraulidae,
Sciaenidae e Carangidae as mais abundantes. As famílias Clupeidae, Bregmacerotidae e
Labrisomidae, ocorreram apenas durante o período de verão, e as duas últimas famílias foram
amostradas na Baía de Tijucas. No outono-inverno as famílias identificadas foram Blenniidae,
Engraulidae, Haemulidae, Myctophidae e Sciaenidae. Myctophidae esteve presente somente
durante esta campanha, na Baía de Tijucas, e as famílias Blenniidae e Haemulidae ocorreram
na Baía de Tijucas (Tabela 13).
45
Figura 34: Densidades de ovos de peixes de Engraulidae nos 35 pontos amostrais nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007 para: (a) verão, (b) outono-inverno, (c) inverno-primavera e (d) primavera. Nota: SI= sem informação
Na amostragem de inverno-primavera identificou-se 8 famílias, sendo que
Syngnathidae só foi amostrada neste período, entretanto as famílias Engraulidae, Gobiidae e
Sciaenidae, destacaram-se como as mais abundantes entre as Áreas Costeiras Adjacentes à
RBMA. As famílias Blenniidae, Gobiidae, Mugilidae, Haemulidae e Syngnathidae ocorreram
na Baía de Tijucas, e Gerreidae foi amostrado na Praia dos Ingleses. Na primavera as larvas
foram classificas em 10 famílias, onde Engraulidae ocorreu com abundância de 61,8% e
densidade média de 1,66 larvas/10m³ (EP ± 0,78) na Praia dos Ingleses e 1,59 larvas/10m³
(EP ± 0,82) na Praia da Joaquina. A família Pomacentridae foi amostrada somente neste
período do ano, na Praia dos Ingleses, atingindo densidade média de 0,16 larvas/10m³
(EP ± 0,17) (Tabela 13).
SI
46
Tabela 13 Famílias de larvas de peixes coletadas para cada Área Costeira Adjacente à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) durante o ano de 2007, com suas respectivas abundâncias totais e densidades médias por 10 m³. Nota: NI= não identificados, SI= sem informação.
Verão 2007 Outono-Inverno 2007 Inverno-Primavera 2007 Primavera 2007 Famílias % média/10m³ % média/10m³ % média/10m³ % média/10m³
Tijucas Blenniidae 2,9 0,44(EP ± 0,20) 7,7 0,30(EP ± 0,30) 3,4 0,18(EP ± 0,13) SI
Bregmacerotidae 0,7 0,08(EP ± 0,08) 0,0 0,00 0,0 0,00 SI
Carangidae 7,2 0,83(EP ± 0,43) 0,0 0,00 0,0 0,00 SI Clupeidae 3,6 0,57(EP ± 0,41) 0,0 0,00 0,0 0,00 SI Cynoglossidae 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 SI Engraulidae 7,9 0,85(EP ± 0,39) 23,1 0,80(EP ± 0,49) 6,9 0,52(EP ± 0,18) SI Gerreidae 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 SI Gobiidae 6,5 0,80(EP ± 038) 0,0 0,00 44,8 3,08(EP ± 0,96) SI Haemulidae 5,8 0,79(EP ± 0,54) 7,7 0,25(EP ± 0,18) 3,4 0,20(EP ± 0,15) SI Labrisomidae 0,7 0,08(EP ± 0,08) 0,0 0,00 0,0 0,00 SI Mugilidae 0,7 0,08(EP ± 0,08) 0,0 0,00 2,3 0,14(EP ± 0,10) SI Myctophidae 0,0 0,00 3,8 0,15(EP ± 0,15) 0,0 0,00 SI Paralichthyidae 1,4 0,28(EP ± 0,28) 0,0 0,00 0,0 0,00 SI
Pomacentridae 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 SI Sciaenidae 56,1 6,44(EP ± 2,71) 34,6 1,04(EP ± 0,37) 31,0 2,20(EP ± 0,59) SI Serranidae 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 SI Syngnathidae 0,0 0,00 0,0 0,00 1,1 0,07(EP ± 0,07) SI NI 6,5 0,85(EP ± 0,44) 23,1 0,85(EP ± 0,37) 6,9 0,55(EP ± 0,24) SI
Ingleses Blenniidae 1,4 0,52(EP ± 0,36) 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 Bregmacerotidae 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00
Carangidae 23,4 8,02(EP ± 2,11) 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00
Clupeidae 11,3 3,53(EP ± 1,42) 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 Cynoglossidae 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00
Engraulidae 47,5 18,92(EP ± 4,69) 50,0 0,21(EP ± 0,21) 81,5 4,84(EP ± 2,11) 80,0 1,66(EP ± 0,78)
Gerreidae 0,7 0,21(EP ± 0,21) 0,0 0,00 5,6 0,39 0,0 0,00 Gobiidae 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00
Haemulidae 2,8 0,83(EP ± 0,63) 0,0 0,00 0,0 0,00 6,7 0,13(EP ± 0,13) Labrisomidae 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00
Mugilidae 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 6,7 0,13(EP ± 0,13) Myctophidae 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00
Paralichthyidae 2,8 1,04(EP ± 0,42) 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00
Pomacentridae 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 6,7 0,16(EP ± 0,16)
Sciaenidae 2,8 1,28(EP ± 0,67) 50,0 0,21(EP ± 0,21) 7,4 0,46(EP ± 0,24) 0,0 0,00 Serranidae 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 Syngnathidae 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00
NI 7,1 3,02(EP ± 1,29) 0,0 0,00 5,6 0,37(EP ± 0,25) 0,0 0,00
Joaquina Blenniidae 1,9 0,36(EP ± 0,36) 0,0 0,00 0,0 0,00 5,3 0,17(EP ± 0,17) Bregmacerotidae 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00
Carangidae 11,3 1,51(EP ± 0,80) 0,0 0,00 0,0 0,00 5,3 0,22(EP ± 0,22)
47
Tabela 13 (cont.)
Verão 2007 Outono-Inverno 2007 Inverno-Primavera 2007 Primavera 2007 Famílias % média/10m³ % média/10m³ % média/10m³ % média/10m³
Clupeidae 9,4 1,22(EP ± 0,54) 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00
Cynoglossidae 1,9 0,31(EP ± 0,31) 0,0 0,00 0,0 0,00 5,3 0,17(EP ± 0,17)
Engraulidae 37,7 5,44(EP ± 2,10) 33,3 0,91(EP ± 0,47) 50,0 4,48(EP ± 4,48) 47,4 1,59(EP ± 0,82) Gerreidae 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 Gobiidae 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00
Haemulidae 17,0 1,85(EP ± 0,94) 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 Labrisomidae 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 Mugilidae 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 Myctophidae 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00
Paralichthyidae 1,9 0,36(EP ± 0,36) 0,0 0,00 0,0 0,00 5,3 0,16(EP ± 0,16) Pomacentridae 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00
Sciaenidae 7,5 1,30(EP ± 0,74) 66,7 1,81(EP ± 1,38) 50,0 0,12(EP ± 0,12) 5,3 0,22(EP ± 0,2)
Serranidae 1,9 0,35(EP ± 0,35) 0,0 0,00 0,0 0,00 5,3 0,16(EP ± 0,16) Syngnathidae 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00
NI 9,4 1,75(EP ± 1,75) 0,0 0,00 0,0 0,00 21,1 0,65(EP ± 0,46)
Dentre as famílias identificadas nas Áreas Costeiras Adjacentes à RBMA, para 9 delas
foi possível a identificação a nível de espécie, sendo elas: Scartella cristata, Hypleurochilus
fissicornis, Bregmaceros atlanticus, Chloroscombrus chrysurus, Oligoplites sp., Opisthonema
oglinum, Harengula clupeola, Symphurus jenynsi, S. trewavasae, Malacotenus delalandii,
Mugil sp., Etropus crossotus, E. longimanus, Paralichthys sp. e Syngnathus folletti (Tabela
14).
48
Tabela 14: Espécies de larvas de peixes coletadas para cada Área Costeira Adjacente à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) durante o ano de 2007, com suas respectivas abundâncias totais e densidades médias por 10 m³. Nota: SI= sem informação
Verão 2007 Outono-Inverno 2007 Inverno-Primavera 2007 Primavera 2007
Famílias Espécies % média/10m³ % média/10m³ % média/10m³ % média/10m³ Tijucas
Blenniidae Scartella cristata 2,9 0,44 (EP ± 0,20) 7,7 0,30 (EP ± 0,30) 2,3 0,10 (EP ± 0,10) SI SI
Blenniidae Hypleurochilus fissicornis 0,0 0,00 0,0 0,00 1,1 0,08 (EP ± 0,08) SI SI Bregmacerotidae Bregmaceros atlanticus 0,7 0,08 (EP ± 0,08) 0,0 0,00 0,0 0,00 SI SI Carangidae Chloroscombrus chrysurus 5,0 0,60 (EP ± 0,34) 0,0 0,00 0,0 0,00 SI SI Carangidae Oligoplites sp. 2,6 0,23 (EP ± 0,12) 0,0 0,00 0,0 0,00 SI SI Clupeidae Opisthonema oglinum 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 SI SI Clupeidae Harengula clupeola 2,6 0,27 (EP ± 0,16) 0,0 0,00 0,0 0,00 SI SI Cynoglossidae Symphurus jenynsi 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 SI SI Cynoglossidae Symphurus trewavasae 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 SI SI Labrisomidae Malacotenus delalandii 0,7 0,08 (EP ± 0,08) 0,0 0,00 0,0 0,00 SI SI Mugilidae Mugil sp. 0,7 0,08 (EP ± 0,08) 0,0 0,00 2,3 0,14 (EP ± 0,10) SI SI Paralichthyidae Etropus crossotus 1,4 0,28 (EP ± 0,28) 0,0 0,00 0,0 0,00 SI SI Paralichthyidae Etropus longimanus 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 SI SI Paralichthyidae Paralichthys sp. 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 SI SI Syngnathidae Syngnathus folletti 0,0 0,00 0,0 0,00 1,1 0,07 (EP ± 0,07) SI SI
Ingleses Blenniidae Scartella cristata 0,7 0,32 (EP ± 0,32) 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00
Blenniidae Hypleurochilus fissicornis 0,7 0,21 (EP ± 0,21) 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 Bregmacerotidae Bregmaceros atlanticus 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00
Carangidae Chloroscombrus chrysurus 23,4 8,02 (EP ± 2,11) 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 Carangidae Oligoplites sp. 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00
Clupeidae Opisthonema oglinum 1,4 0,42 (EP ± 0,28) 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00
Clupeidae Harengula clupeola 9,2 2,74 (EP ± 1,45) 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 Cynoglossidae Symphurus jenynsi 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00
49
Tabela 14(cont.)
Verão 2007 Outono-Inverno 2007 Inverno-Primavera 2007 Primavera 2007 Famílias Espécies % média/10m³ % média/10m³ % média/10m³ % média/10m³
Cynoglossidae Symphurus trewavasae 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 Labrisomidae Malacotenus delalandii 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00
Mugilidae Mugil sp. 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 6,7 0,13 (EP ± 0,13)
Paralichthyidae Etropus crossotus 2,1 0,75 (EP ± 0,39) 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00
Paralichthyidae Etropus longimanus 0,7 0,29 (EP ± 0,29) 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 Paralichthyidae Paralichthys sp. 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 Syngnathidae Syngnathus folletti 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00
Joaquina Blenniidae Scartella cristata 1,9 0,36 (EP ± 0,36) 0,0 0,00 0,0 0,00 5,2 0,17 (EP ± 0,17) Blenniidae Hypleurochilus fissicornis 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 Bregmacerotidae Bregmaceros atlanticus 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00
Carangidae Chloroscombrus chrysurus 11,3 1,51 (EP ± 0,80) 0,0 0,00 0,0 0,00 5,2 0,22 (EP ± 0,22) Carangidae Oligoplites sp. 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 Clupeidae Opisthonema oglinum 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00
Clupeidae Harengula clupeola 9,4 1,22 (EP ± 0,54) 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00
Cynoglossidae Symphurus jenynsi 1,9 0,31 (EP ± 0,31) 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00
Cynoglossidae Symphurus trewavasae 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 5,2 0,17 (EP ± 0,17) Labrisomidae Malacotenus delalandii 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 Mugilidae Mugil sp. 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00
Paralichthyidae Etropus crossotus 1,9 0,36 (EP ± 0,36) 0,0 0,00 0,0 0,00 5,2 0,16 (EP ± 0,16) Paralichthyidae Etropus longimanus 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 Paralichthyidae Paralichthys sp. 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 Syngnathidae Syngnathus folletti 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00
50
No ano de 2007, para as 3 Áreas Costeiras Adjacentes à RBMA, as famílias com mais
de 4% foram: Engraulidae (32,9%), Sciaenidae (24,9%), Carangidae (9,1%), Gobiidae
(8,7%), Haemulidae (4,9%) e Clupeidae (4,7%). Engraulidae, no verão, distribuiu-se nas três
Áreas Costeiras Adjacentes, com as menores densidades ocorrendo na Baía de Tijucas, por
outro lado, a Praia dos Ingleses destacou-se com os maiores valores, atingindo 48,62
larvas/10m³ (I5) (Figura 35a). No outono-inverno esta família ocorreu com baixas densidades,
as densidades médias foram de 0,80 larvas/10m³ (EP ± 0,49) na Baía de Tijucas, 0,21
larvas/10m³ (EP ± 0,21) na Praia dos Ingleses e de 0,91 larvas/10m³ (EP ± 0,047) na Praia da
Joaquina (Figura 35b). Na amostragem de inverno-primavera as larvas de Engraulidae
ocorreram principalmente na Praia dos Ingleses, entretanto a máxima densidade ocorreu na
Praia da Joaquina (40,37 larvas/10m³) (J0) (Figura 35c). Durante a primavera as larvas desta
família ocorreram com baixas densidades, variando de 0 à 6,04 larvas/10m³, no qual observou
a mesma tendência entre a Praia dos Ingleses e a Praia da Joaquina (Figura 35d).
As larvas da família Sciaenidae distribuíram-se, no verão, nas três Áreas Costeiras
Adjacentes à RBMA, destacando-se a Baía de Tijucas com máxima densidade de 41,56
larvas/10m³ (Z17), entretanto na Praia dos Ingleses e na Praia da Joaquina, atingiram 5,26
larvas/10m³ (I8) e 6,32 larvas/10m³ (J1), respectivamente (Figura 36a). No outono-inverno as
densidades diminuíram, destacando-se a Praia da Joaquina, onde a máxima foi de 12,69
larvas/10m³ (J5) (Figura 36b). Na amostragem de inverno-primavera as larvas ocorreram com
densidade média de 2,20 larvas/10m³ (EP ± 0,49) na Baía de Tijucas, de 0,46 larvas/10m³
(EP ± 0,24) na Praia dos Ingleses e de 0,12 larvas/10m³ (EP ± 0,12) na Praia da Joaquina
(Figura 36c). Durante a primavera as larvas de Sciaenidae distribuíram-se apenas na Praia da
Joaquina, apresentando densidade de 2,03 larvas/10m³ (J0) (Figura 36d).
51
Figura 35: Densidades de larvas de Engraulidae nos 35 pontos amostrais nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007 para: (a) verão, (b) outono-inverno, (c) inverno-primavera e (d) primavera. Nota: SI = sem informação
A espécie Chloroscombrus chrysurus foi registrada, durante o verão, em toda a área
amostrada. Na Baía de Tijucas foram amostradas larvas nos pontos amostrais de maior
profundidade, atingindo densidade de 5,32 larvas/10m³ (Z13), na praia da Joaquina as
densidades foram baixas, com média de 1,51 larvas/10m³ (EP ± 0,80). A praia dos Ingleses
destacou-se com as maiores densidades, atingindo média de 8,02 larvas/10m³ (EP ± 2,11), no
qual variou de 0 à 19,31 larvas/10m³ (Figura 37a). Na primavera, esta espécie esteve presente
apenas na Praia da Joaquina, representando 5,2% de abundância relativa (Figura 37b). A
espécie Oligoplites sp. esteve presente apenas na amostragem de verão, com distribuição na
Baía de Tijucas, apresentando densidade máxima de 1,43 larvas/10m³ (Z12) e 2,6% de
abundância relativa (Figura 38).
SI
52
Figura 36: Densidades de larvas de Sciaenidae nos 35 pontos amostrais nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007 para: (a) verão, (b) outono-inverno, (c) inverno-primavera e (d) primavera. Nota: SI= sem informação
A família Gobiidae ocorreu na amostragem de verão e inverno-primavera, em ambos
os períodos as larvas distribuíram-se na Baía de Tijucas. No verão as larvas ocorreram
principalmente nos pontos amostrais de maior profundidade, com densidade máxima de 5,71
larvas/10m³ (Z12) (Figura 39a). Por outro lado, na amostragem de inverno-primavera, as
larvas concentraram-se, com as maiores densidades, nos pontos mais rasos (Enseada de
Zimbros), atingindo 12,90 larvas/10m³ (Z1) (Figura 39b).
SI
53
Figura 37: Densidades de larvas de Carangidae da espécie Chloroscombrus chrysurus, nos 35 pontos amostrais nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007 para: (a) verão, (b) primavera. Nota: SI= sem informação
Figura 38: Densidades de larvas de Carangidae da espécie Oligoplites sp., nos 35 pontos amostrais nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), para o verão de 2007.
SI
54
Figura 39: Densidades de larvas de Gobiidae, nos 35 pontos amostrais nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007 para: (a) verão, (b) inverno-primavera.
As larvas de Haemulidae distribuíram-se, no verão, nas três Áreas Costeiras
Adjacentes à RBMA, atingindo máxima de 7,09 larvas/10m³ na Baía de Tijucas (Z16), de
5,57 larvas/10m³ na Praia dos Ingleses (I2) e de 6,26 larvas/10m³ na Praia da Joaquina (J4)
(Figura 40a). Nas amostragens de outono-inverno e inverna-primavera, esta família,
distribuiu-se na Baía de Tijucas com baixas densidades, apresentando máxima de 2,38
larvas/10m³ (Z11) e 2,43 larvas/10m³ (Z7), respectivamente (Figura 40b, c). Na primavera, as
larvas de Haemulidae ocorreram na Praia dos Ingleses, com densidade média de 0,13
larvas/10m³ ( ± 0,13) e 6,7% de abundância relativa (Figura 40d; Tabela 13).
55
Figura 40: Densidades de larvas de Haemulidae, nos 35 pontos amostrais nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007 para: (a) verão, (b) outono-inverno, (c)inverno-primavera e (d) primavera. Nota: SI= sem informação
A família Clupeidae ocorreu somente na amostragem de verão, e as larvas não
identificadas a nível de espécie distribuíram-se na Baía de Tijucas e na Praia dos Ingleses
(Figura 41a). A espécie Harengula clupeola, esteve presente nas três áreas amostradas, com
densidades máximas de 2,29 larvas/10m³ (Z6) na Baía de Tijucas, de 13,00 larvas/10m³ (I2)
na Praia dos Ingleses e de 4,18 larvas/10m³ (J2) na Praia da Joaquina (Figura 41b). A espécie
Opisthonema oglinum ocorreu apenas na Praia dos Ingleses, em dois pontos amostrais,
obtendo densidade média de 0,42 larvas/10m³ ( ± 0,28) (Figura 41c).
SI
56
Figura 41: Densidades de larvas de Clupeidae, durante o verão, nos 35 pontos amostrais nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007 para: (a) Clupeidae, (b)Harengula clupeola e (c)Opisthonema oglinum.
57
As densidades de ovos não tiveram diferenças significativas na Baía de Tijucas, entre
os períodos do ano (graus de liberdade= 2; F= 1,56; p= 0,22), porém na Praia dos Ingleses e
na Praia da Joaquina encontraram-se diferenças, sendo que para a Praia dos Ingleses, o
período de inverno-primavera foi diferente de todos os outros períodos do ano (graus de
liberdade= 3; F= 8,25; p< 0,001) (Tabela 15). Na Praia da Joaquina, a diferença foi entre o
verão e o outono-inverno, entre o outono-inverno e inverno-primavera e entre o inverno-
primavera e a primavera (graus de liberdade= 3; H= 19,98; p< 0,001) (Tabela 16).
Tabela 15: Tabela de Tuckey para densidade de ovos na Praia dos Ingleses. Nota: V= verão; OI= outono-inverno; IP= inverno-primavera; V= verão.
Tabela 16: Tabela de Tuckey para densidade de ovos na Praia da de ovos na Praia da Joaquina. Nota: V= verão; OI= outono-inverno; IP= inverno-primavera; V= verão.
Com relação as densidades de larvas, não houve diferença significativa entre os
períodos do ano para a Baía de Tijucas (graus de liberdade= 2; F= 3,08; p= 0,06), entretanto,
os resultados demonstraram diferenças para as outras áreas costeiras. Na Praia dos Ingleses,
no outono-primavera e primavera não foram diferentes (graus de liberdade= 3; F= 43,94;
p<0,001) (Tabela 17), na Praia da Joaquina, a diferença foi entre o verão e o inverno-
primavera (graus de liberdade= 3; F= 3,47; p= 0,03) (Tabela 18).
V OI IP PVOI 0,5504IP 0,0101 0,0004P 0,9964 0,6837 0,0058
V OI IP PVOI 2,96IP -1,11 -4,07P 1,72 -1,24 2,83
58
Tabela 17 : Tabela de Tuckey para densidade de larvas na Praia dos Ingleses. Nota: V= verão; OI= outono-inverno; IP= inverno-primavera; V= verão.
Tabela 18: Tabela de Tuckey para densidade de larvas na Praia da Joaquina. Nota: V= verão; OI= outono-inverno; IP= inverno-primavera; V= verão.
Índices de Riqueza, Diversidade e Equitabilidade
O índice de Riqueza de Margalef, no verão de 2007, foi similar para as três Áreas
Costeiras Adjacentes à RBMA, atingindo a máxima na Baía de Tijucas (2,47). Entretanto, os
valores diminuíram durante as estações de outono-inverno e inverno-primavera, e na
primavera os valores de riqueza aumentaram, destacando a Praia dos Ingleses (5,04) (Figura
42). O índice de Diversidade de Shannon e Weaver permaneceu similar entre os períodos para
a Baía de Tijucas, com máxima durante o verão. Com relação a Praia dos Ingleses e a Praia da
Joaquina, o índice seguiu um padrão similar entre estas duas áreas ao longo das estações do
ano, atingindo valores máximos durante o verão na Praia da Joaquina e durante a primavera
na Praia dos Ingleses (Figura 43). O índice de Equitabilidade de Pielou seguiu padrão
similares entre a Baía de Tijucas e a Praia dos Ingleses, registrando um pico durante o outono-
inverno. Na Praia da Joaquina, foi observado um aumento do índice de equitabilidade entre as
V OI IP PVOI 0,0002IP 0,0002 0,0005P 0,0002 0,4228 0,0218
V OI IP PVOI 0,089IP 0,024 0,937P 0,181 0,983 0,780
59
estações do ano, onde o pico ocorreu no inverno-primavera, porém na primavera a
equitabilidade diminui (Figura 44).
Figura 42: Índice de Riqueza de Margalef, para cada estação do ano (verão, outono-inverno, inverno-primavera e primavera) de 2007, em cada Área Costeira Adjacente a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, sendo elas: Baía de Tijucas, Praias dos Ingleses e da Joaquina.
Figura 43: Índice de Diversidade de Shannon e Weaver, para cada estação (verão, outono-inverno, inverno-primavera e primavera) do ano de 2007, em cada Área Costeira Adjacente a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, sendo elas: Baía de Tijucas, Praias dos Ingleses e da Joaquina.
0
1
2
3
4
5
6
outno-inverno
inverno-primavera
primavera
estação do ano
Índi
ce d
e R
ique
za (R
M)
Tijucas
Ingleses
Joaquina
0
0,5
1
1,5
2
2,5
outno-inverno
inverno-primavera
primavera
estação do ano
Índi
ce d
e D
iver
sida
de (H
') Tijucas
Ingleses
Joaquina
60
Figura 44: Índice de Equitabilidade de Pielou, para cada estação do ano (verão, outono-inverno, inverno-primavera e primavera) de 2007, em cada Área Costeira Adjacente a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, sendo elas: Baía de Tijucas, Praias dos Ingleses e da Joaquina.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
outno-inverno
inverno-primavera
primavera
estação do ano
Índi
ce d
e E
quita
bilid
ade
(J') Tijucas
Ingleses
Joaquina
61
Análise de Agrupamento
As composições da comunidade ictioplanctônica entre as Áreas Costeiras Adjacentes à
RBMA formaram 4 grupos. O grupo 1 (G1) compreendeu as três estações do ano amostradas
na Baía de Tijucas, o grupo 2 (G2) incluiu o outono-inverno e inverno-primavera da Praia da
Joaquina, e outono-inverno da Praia dos Ingleses. O grupo 3 (G3) abrangeu o verão das Praias
dos Ingleses e da Joaquina, juntamente com a primavera da Praia da Joaquina, e o grupo 4
(G4) agrupou as amostragens de inverno-primavera e primavera da Praia da Joaquina (Figura
45).
Figura 45: Análise de agrupamento da abundância dos taxa para as três Áreas Costeiras Adjacentes Reserva Biológica Marinha do Arvoredo durante cada estação (verão, outono-inverno, inverno-primavera e primavera) do ano de 2007. Nota:V= verão; OI= outono-inverno; IP= inverno-primavera; P= primavera Gx= grupo.
0 50 100 150 200
distância euclidiana
P_ing
IP_ing
P_joa
V_joa
V_ing
OI_joa
IP_joa
OI_ing
IP_zim
OI_zim
V_zim
esta
ção
do a
no
G4
G2
G3
G1
62
4.2.2 Análise dos Parâmetros Ambientais
No ano de 2007, durante a amostragem de verão, a transparência da água registrou
mínima de 1 e máxima de 13 metros de profundidade, com os menores valores ocorrendo na
Baía de Tijucas, nos pontos amostrais mais abrigadas (Enseada de Zimbros) e próximos da
desembocadura do rio Tijucas. Nas áreas mais expostas a transparência foi alta, com os
maiores valores ocorrendo na Praia da Joaquina (Figura 46a). Durante o outono-inverno a
menor transparência da água foi observada dentro da Baía de Tijucas, próximos a
desembocadura do rio, e a maior transparência ocorreu nas áreas mais afastas da costa (Figura
46b). Na amostragem de inverno-primavera a transparência da água demonstrou
características similares, com as maiores transparências na Praia dos Ingleses (Figura 46c). Na
primavera, a transparência da água não variou muito ao longo da região de estudo, registrando
valores entre 3 e 5 metros de profundidade, com as maiores transparências ocorrendo na Praia
da Joaquina (Figura 46d).
A salinidade da água, obtida no verão, registrou mínima de 18,74 (I3) e máxima de
35,77 (Z14), no outono-inverno os valores diminuíram, onde as maiores salinidades
ocorreram na Baía de Tijucas atingindo 32,28 (Z11). Durante a amostragem de inverno-
primavera, os valores de salinidade variaram de 10,39 (I5) à 33,98 (Z12), e na primavera
variaram de 15,29 (I7) e 35,32 (J8) (Tabela 19). A temperatura da água variou ao longo do
ano amostrado, no qual no verão os valor atingiram 30,07°C, sendo que na Praia dos Ingleses
e na Praia da Joaquina foram registrados os menores valores. Na amostragem do outono-
inverno a temperatura caiu consideravelmente, com mínima de 16,10°C (I4) e máxima de
20,31°C (Z17). No inverno-primavera a temperatura variou de 17,94°C (I5) e 22,95°C (Z17) e
na primavera de 18,56°C (J8) à 23,95°C (J0) (Tabela 19).
63
Figura 46: Transparência da água nos 35 pontos amostrais nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), no ano de 2007 para: (a) verão, (b) outono-inverno, (c) inverno-primavera e (d) primavera. Nota: SI= sem infromação
SI
64
Tabela 19: Valores de salinidade (S) e temperatura (T°C) nos 35 pontos amostrais analisados nas Áreas Costeiras Adjacentes à Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) para o ano de 2007. Nota: Pontos amostrais= Baía de Tijucas (Z1-Z17); Praia dos Ingleses (I0-I8); Praia da Joaquina (J0-J8) SI= sem informação
Verão 2007 Outono-Inverno 2007 Inverno-Primavera 2007 Primavera 2007 Ponto
Amostral S
mínima S
máxima T°C
mínima T°C
máxima S
mínima S
máxima T°C
mínima T°C
máxima S
mínima S
máxima T°C
mínima T°C
máxima S
mínima S
máxima T°C
mínima T°C
máxima Z 1 34,03 35,59 23,11 24,25 29,10 31,27 17,80 18,23 30,24 33,55 19,45 20,74 SI SI SI SI Z 2 34,25 35,23 25,35 27,34 31,10 31,34 17,84 18,27 30,85 33,59 19,52 20,16 SI SI SI SI Z 3 29,89 35,23 25,17 28,24 31,39 31,58 17,60 17,87 33,44 33,56 19,56 19,99 SI SI SI SI Z 4 22,77 33,71 27,68 29,05 31,55 31,59 17,70 17,87 33,42 33,44 20,29 20,30 SI SI SI SI Z 5 SI SI SI SI 31,59 31,63 17,48 17,69 32,71 33,34 19,85 20,45 SI SI SI SI Z 6 23,75 35,54 22,78 28,09 31,57 31,85 17,47 17,59 32,52 33,95 18,87 20,26 SI SI SI SI Z 7 23,62 35,35 24,96 28,00 31,17 31,74 17,58 18,09 33,42 33,65 19,17 19,65 SI SI SI SI Z 8 22,62 34,94 25,90 27,86 30,72 31,59 17,76 18,20 28,46 33,49 19,35 20,40 SI SI SI SI Z 9 28,88 34,65 26,50 27,48 30,58 31,52 17,62 17,71 31,21 33,11 20,19 20,65 SI SI SI SI
Z 10 24,99 35,58 22,65 27,83 31,12 31,60 17,52 17,61 31,75 33,79 18,90 20,76 SI SI SI SI Z 11 24,38 35,61 19,70 26,85 27,46 32,28 17,91 19,30 32,30 33,95 18,81 20,52 SI SI SI SI Z 12 35,10 35,65 17,50 26,05 18,34 32,12 17,88 19,37 29,20 33,98 18,74 21,18 SI SI SI SI Z 13 34,79 35,66 19,04 27,37 SI SI SI SI 22,97 33,47 18,90 21,33 SI SI SI SI Z 14 34,44 35,77 20,61 27,82 30,85 32,18 17,90 19,12 31,61 33,63 19,02 20,77 SI SI SI SI Z 15 33,69 35,62 22,86 28,60 26,69 32,02 18,42 19,47 31,65 33,57 19,05 20,74 SI SI SI SI Z 16 32,28 34,35 27,31 29,38 26,32 31,85 18,37 20,29 16,16 31,94 20,81 21,72 SI SI SI SI Z 17 31,40 34,10 28,47 30,07 18,49 31,25 18,59 20,31 24,73 28,86 22,71 22,95 SI SI SI SI I 0 35,33 35,49 21,53 23,65 28,89 29,42 16,32 16,50 31,14 33,48 18,99 19,09 34,32 34,65 21,23 22,61 I 1 34,66 35,66 20,09 24,68 27,71 29,88 16,38 16,59 28,85 33,48 18,92 19,17 34,33 34,84 20,84 22,64 I 2 29,85 35,55 21,32 24,93 28,81 29,87 16,22 16,60 17,21 33,44 18,82 19,07 34,39 34,70 21,16 22,65 I 3 18,74 35,58 20,77 24,51 25,74 29,48 16,37 16,65 25,97 33,25 19,04 19,27 29,55 34,72 21,01 22,12 I 4 27,93 35,61 18,72 24,64 28,85 29,51 16,10 16,53 20,48 33,31 18,38 19,31 34,54 34,84 20,97 21,62 I 5 20,21 35,60 19,63 24,47 29,36 29,80 16,65 16,75 10,39 33,47 17,94 19,22 33,47 34,86 20,79 22,86 I 6 35,26 35,59 19,47 23,62 29,36 29,58 16,56 16,73 14,53 32,93 18,51 19,16 33,83 34,84 20,78 23,59 I 7 35,33 35,59 20,87 23,32 29,38 29,60 16,53 16,82 32,63 33,10 18,97 19,14 15,29 34,82 20,87 22,57 I 8 31,11 35,56 20,61 25,05 29,30 29,86 16,52 16,66 32,93 33,43 19,04 19,24 34,29 34,85 20,79 22,49
65
Tabela 19 (cont.)
Verão 2007 Outono-Inverno 2007 Inverno-Primavera 2007 Primavera 2007 Ponto
Amostral S
mínima S
máxima T°C
mínima T°C
máxima S
mínima S
máxima T°C
mínima T°C
máxima S
mínima S
máxima T°C
mínima T°C
máxima S
mínima S
máxima T°C
mínima T°C
máxima J 0 23,84 35,51 20,77 22,72 30,75 30,88 16,74 16,81 SI SI SI SI 33,14 34,87 21,69 23,95 J 1 32,33 35,72 18,93 23,08 30,68 30,81 16,56 16,68 SI SI SI SI 34,58 34,93 21,33 22,97 J 2 34,12 35,77 17,79 23,37 30,59 30,83 16,57 16,70 SI SI SI SI 34,76 35,13 19,82 22,29 J 3 28,12 35,69 19,23 23,65 23,97 30,71 16,51 18,07 SI SI SI SI 34,50 34,87 21,45 23,25 J 4 28,61 35,74 18,07 23,73 21,98 30,90 16,51 17,60 SI SI SI SI 26,55 35,13 19,65 23,26 J 5 23,43 35,72 17,64 22,67 30,20 30,87 16,66 16,95 SI SI SI SI 20,95 35,27 19,04 22,89 J 6 27,07 35,71 18,58 22,68 30,61 30,90 16,63 16,79 SI SI SI SI 25,96 34,95 21,23 23,57 J 7 35,39 35,68 19,25 21,97 30,56 31,28 16,90 17,53 SI SI SI SI 34,67 34,93 21,64 22,37 J 8 34,75 35,71 17,89 22,65 29,75 30,91 16,67 17,01 SI SI SI SI 20,55 35,32 18,56 23,29
66
Através do diagrama TS observou-se, para as três Áreas Costeiras Adjacentes à
RBMA, a existência de duas massas de água durante do ano de 2007: Água Central do
Atlântico Sul (ACAS) e a Água Costeira (AC). No verão, a ACAS ocorreu abaixo dos 15
metros de profundidade registrando temperatura de 17,5°C a 18,9°C e salinidade entre 35,6 e
35,7. A AC ocorreu na superfície, com temperaturas e salinidades variando de 22,70°C a
29,4°C, e de 18,7 a 33,7, respectivamente (Figura 47a; Figura 48a; Figura 49a). Nas
amostragens de outono-inverno e inverno-primavera, a massa de água presente na região
amostrada foi a AC com temperatura variando de 16,5°C a 20,3°C e salinidade de 10,4 a 33,4
(Figura 47b, c; Figura 48b, c; Figura 49b). Na primavera a AC ocorreu na área de estudo, com
temperatura mínima de 22,1°C e máxima de 23,9°C e salinidade mínima de 15,3 e máxima de
33,8. A ACAS ocorreu na Praia da Joaquina abaixo dos 25 metros de profundidade, com
valores de temperatura variando em torno 18,6°C e a salinidade em torno de 35,3 (Figura 48d;
Figura 49c).
67
Figura 47: Diagrama TS para a Baía de Tijucas, área costeira adjacente a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007 para (a) verão, (b) outono-inverno e (c) inverno-primavera.
15
17
19
21
23
25
27
29
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36
salinidade
tem
pera
tura
(T°C
)
superfície
-5 metros-10 metros
-15 metros
AC
ACAS
15
17
19
21
23
25
27
29
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36
salinidade
tem
pera
tura
(T°C
)
superfície
-5 metros-10 metros
-15 metros
AC
15
17
19
21
23
25
27
29
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36
salinidade
tem
pera
tura
(T°C
)
superfície
-5 metros-10 metros
-15 metros
AC
(a) verão/2007
(b) outono-inverno/2007
(c) inverno-primavera/2007
68
Figura 48: Diagrama TS para a Praia dos Ingleses, área costeira adjacente a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007 para (a) verão, (b) outono-inverno, (c) inverno-primavera e (d) primavera.
15
17
19
21
23
25
27
29
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36
salinidade
tem
pera
tura
(T°C
)
superfície
-5 metros-10 metros
-15 metros-20 metros
AC
ACAS
15
17
19
21
23
25
27
29
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36
salinidade
tem
pera
tura
(T°C
)
superfície
-5 metros-10 metros
-15 metros
-20 metros
AC
(a) verão/2007
(b) outono-inverno/2007
69
Figura 48: continuação.
15
17
19
21
23
25
27
29
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36
salinidade
tem
pera
tura
(T°C
)
superfície-5 metros
-10 metros
-15 metros
-20 metros
AC
15
17
19
21
23
25
27
29
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36
salinidade
tem
pera
tura
(T°C
)
superfície-5 metros
-10 metros
-15 metros-20 metros
AC
(c) inverno-primavera/2007
(d) primavera/2007
70
Figura 49: Diagrama TS para a praia da Joaquina, área costeira adjacente a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007 para (a) verão, (b) outono-inverno e (c) primavera.
15
17
19
21
23
25
27
29
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36
salinidade
tem
pera
tura
(T°C
)
superfície
5 metros10 metros
15 metros
20 metros
25 metros30 metros
ACAS
AC
15
17
19
21
23
25
27
29
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36
salinidade
tem
pera
tura
(T°C
)
superfície
-5 metros
-10 metros-15 metros
-20 metros
-25 metros
-30 metros
ACAS
AC
15
17
19
21
23
25
27
29
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36
salinidade
tem
pera
tura
(T°C
)
suprefície-5 metros
-10 metros-15 metros
-20 metros-25 metros
-30 metros
AC
(a) verão/2007
(b) outono-inverno/2007
(c) primavera/2007
71
As análises de componentes principais foram realizadas separadamente para cada a
área costeira adjacentes a RBMA, para o ano de 2007. Na Baía de Tijucas, observou-se 62,4%
de explicação dos dois eixos principais. No eixo 2 (29,3%) observou-se que as maiores
densidades de ovos ocorreram durante as amostragens de outono-inverno e inverno-
primavera. As maiores transparências da água ocorreram nos pontos de maior profundidade,
juntamente com as maiores densidades de larvas (Figura 50).
Para a Praia dos Ingleses, os dois eixos principais explicaram 65,0%, o eixo 1 (46,5%)
separou as estações do ano, onde na coordenada negativa distribuíram-se separadamente os
pontos amostrais do outono-inverno e inverno-primavera, entretanto os pontos amostrais de
verão e primavera, presentes na coordenada positiva, distribuíram-se juntamente com as
maiores temperaturas e salinidade. No eixo 2 (18,5%) observou-se que os pontos amostrais de
inverno-primavera distribuíram-se associados a densidade de ovos, profundidade e a
transparência da água (Figura 51).
Na Praia da Joaquina a análise de PCA explicou nos dois eixos principais 64,8%,
demonstrando uma sazonalidade entre as estações do ano no eixo 1 (43,8%), na coordenada
negativa distribuiu-se os pontos amostrais de outono-inverno, e na coordenada positiva
encontra-se os pontos de verão e primavera. Observou-se que os pontos de verão estão
distribuídos com as maiores densidades do ictioplâncton, juntamente com as maiores
profundidades e transparência da água (Figura 52).
72
Figura 50: Análise de componentes principais, com parâmetros abióticos e dados bióticos, para a Baía de Tijucas, área costeira adjacente a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007.
PCA Baía de TijucasA
xis
2
Axis 1
Z 1vZ 2vZ 3v
Z 4v
Z 6v
Z 7vZ 8vZ 9v
Z 10v
Z 11v
Z 12v
Z 13v
Z 14v
Z 15v
Z 16vZ 17v
Z 1oiZ 2oi
Z 3oiZ 4oiZ 5oi
Z 6oi
Z 7oi
Z 8oiZ 9oiZ 10oiZ 11oiZ 12oi
Z 14oiZ 15oi
Z 16oiZ 17oi
Z 1ipZ 2ipZ 3ip
Z 4ip
Z 5ipZ 6ip
Z 7ip
Z 8ipZ 9ip
Z 10ip
Z 11ip
Z 12ip
Z 13ipZ 14ip
Z 15ip
Z 16ipZ 17ip -0.2
-0.4
-0.6
-0.8
-1.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
-0.2-0.4-0.6-0.8-1.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
S% sup.
T C sup.
S% fun.
T C fun.
ProfundidadeSecchi
dens. Odens. L
Vector scaling: 1,07
73
Figura 51: Análise de componentes principais, com parâmetros abióticos e dados bióticos, para Praia dos Ingleses, área costeira adjacente a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007.
PCA Praia dos InglesesA
xis
2
Axis 1
I 0v
I 1vI 2v
I 3vI 4vI 5v
I 6vI 7v
I 8vI 0oi
I 1oi
I 2oiI 3oi
I 4oi
I 5oiI 6oiI 7oiI 8oi I 0ip
I 1ipI 2ip
I 3ipI 4ip
I 5ip
I 6ip
I 7ipI 8ip
I 0p
I 1pI 2p
I 3pI 4pI 5p
I 6p
I 7p
I 8p-0.2
-0.4
-0.6
-0.8
-1.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
-0.2-0.4-0.6-0.8-1.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
S% sup.
T C sup.
S% fun.
T C fun.
Profundidade
Secchi
dens. O
dens. L
Vector scaling: 1,59
74
Figura 52: Análise de componentes principais, com parâmetros abióticos e dados bióticos, para Praia da Joaquina, área costeira adjacente a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) no ano de 2007.
PCA Praia da JoaquinaA
xis
2
Axis 1
J 0v
J 1v
J 2v J 3v
J 4v
J 5v
J 6vJ 7v
J 8v
J 0oi
J 1oi
J 2oi
J 3oiJ 4oi J 5oi
J 6oiJ 7oi
J 8oi
J 0p
J 1p
J 2p
J 3p
J 4pJ 5p
J 6p
J 7p
J 8p
-0.2
-0.4
-0.6
-0.8
-1.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
-0.2-0.4-0.6-0.8-1.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
S% sup.T C sup.S% fun.
T C fun.
Profundidade
Secchi
dens. Odens. L
Vector scaling: 1,98
75
4.3 Comparação entre as comunidades ictioplanctônicas da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e das Áreas Costeiras Adjacentes
4.3.1 Índices de Riqueza, Diversidade e Equitabilidade
Os índices de Riqueza, Diversidade e Equitabilidade da Reserva Biológica Marinha do
Arvoredo e das Áreas Costeiras Adjacentes serão descritos de forma comparativa entre os
períodos, para o ano de 2007 e 2008. No verão o índice de Riqueza e de Diversidade foi maior
para a RBMA, e o índice de Equitabilidade foi similar entre as regiões, com os maiores
valores na RBMA e na Praia da Joaquina (Figura 53a, b, c).
Para o inverno da RBMA e o outono-inverno das áreas costeiras, observou-se uma
queda nos valores do índice de Riqueza e de Diversidade, com mínima na Praia da Joaquina e
na RBMA, respectivamente (Figura 53a, b). Por outro lado, os índices de Equitabilidade para
as Áreas Costeiras Adjacentes aumentaram em relação ao verão, atingindo 1 na Praia dos
Ingleses, entretanto na RBMA o valor diminui (Figura 53c). Com relação ao inverno-
primavera das Áreas Costeiras Adjacentes, os índices de Riqueza, Diversidade e
Equitabilidade foram praticamente similares a outono-inverno, com mínimas na Praia dos
Ingleses (Figura 54a, b, c).
76
(a)
(b)
(c) Figura 53: Variação sazonal dos Índices de (a) Riqueza de Margalef; (b) Diversidade de Shannon e Weaver e (c) Pielou, para cada área amostrada durante o inverno e verão 2007/2008 na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, e verão e outono-inverno de 2007 nas Áreas Costeiras Adjacentes.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
outono-inverno
estação do ano
Índi
ce d
e R
ique
za (R
M)
Tijucas
Ingleses
Joaquina
RBMA
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
outono-inverno
estação do ano
Índi
ce d
e D
iver
sida
de (H
')
Tijucas
Ingleses
Joaquina
RBMA
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
outono-inverno
estação do ano
Índi
ce d
e E
quita
bilid
ade
(J')
Tijucas
Ingleses
Joaquina
RBMA
77
(a)
(b)
(c) Figura 54: Variação sazonal dos Índices de (a) Riqueza de Margalef; (b) Diversidade de Shannon e Weaver e (c) Pielou, para cada área amostrada durante o inverno e verão 2007/2008 na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, e verão e inverno-primavera de 2007 nas Áreas Costeiras Adjacentes.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
inverno-primavera
estação do ano
Índi
ce d
e R
ique
za (R
M)
Tijucas
Ingleses
Joaquina
RBMA
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
inverno-primavera
estação do ano
Índi
ce d
e D
iver
sida
de (H
')
Tijucas
Ingleses
Joaquina
RBMA
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
inverno-primavera
estação do ano
Índi
ce d
e E
quita
bilid
ade
(J')
Tijucas
Ingleses
Joaquina
RBMA
78
4.3.2 Análise de Agrupamento
As composições das comunidades ictioplanctônicas entre a Reserva Biológica
Marinha do Arvoredo e as Áreas Costeiras Adjacentes foram analisadas pela análise de
agrupamento. No verão de 2007 (Áreas Costeiras Adjacentes) e de 2008 (RBMA), foi
detectada alta similaridade para a Praia da Joaquina e a Praia dos Ingleses (Figura 55). No
inverno de 2007 a RBMA foi similar com o período de inverno-primavera na Praia dos
Ingleses, sendo dissimilar do outono-inverno para as três Áreas Costeiras Adjacentes (Figura
56).
Figura 55: Análise de agrupamento das densidades das espécies para o verão de 2008 da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e para o verão de 2007 para as três Áreas Costeiras Adjacentes a esta unidade de conservação. Nota: V= verão
10 20 30 40 50 60 70 80
distância euclidiana
V_zim
V_joa
V_ing
V_A
área
de
estu
do
79
Figura 56: Análise de agrupamento das densidades das espécies para o inverno de 2007 da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e para o outono_inverno e inverno-primavera de 2007 para as três Áreas Costeiras Adjacentes a esta unidade de conservação. Nota: OI= outono-inverno; IP= inverno-primavera
0 20 40 60 80 100 120 140 160
distância euclidiana
IP_zim
OI_joa
IP_joa
OI_ing
OI_zim
IP_ing
I_A
área
de
estu
do
80
5 DISCUSSÃO
O ictioplâncton (ovos e larvas) identificado na área da Reserva Biológica Marinha do
Arvoredo (RBMA), da Baía de Tijucas, da Praia dos Ingleses e da Praia da Joaquina,
apresentou um total de 32 taxa pertencentes a 20 famílias, as quais foram distribuídas em 3
categorias, de acordo com o habitat dos peixes adultos (i.e. pelágico, recifal ou demersal). Os
peixes pelágicos (9 famílias) foram representados pelos taxa: Bregmaceros atlanticus,
Chloroscombrus chrysurus, Oligoplites sp., Selene sp., Clupeidae, Opisthonema oglinum,
Harengula clupeola, Sardinella brasiliensis, Engraulidae, Gerreidae, Mugil sp., Myctophidae,
Sphyraena sp. e Trichiurus lepturus. Com comportamento recifal (7 famílias) foram
identificados: Blenniidae, Hypleurochilus fissicornis, Scartella cristata, Gobiidae,
Labrisomidae, Malacotenus delalandii, Pomacentridae, Serranidae, Synodus intermedius,
Syngnathus folletti e Syngnathus elucens. Os peixes demersais (4 famílias) identificados
foram representados pelos taxa: Haemulidae, Sciaenidae, Etropus crossotus, Etropus
longimanus, Paralichthys sp., Symphurus jenynsi e Symphurus trewavasae. Na Plataforma
Continental entre os Estados do Rio de Janeiro e da Bahia, Castro (2006) observou 42
famílias de hábitos demersais, seguido por 31 famílias epipelágicas e 20 famílias
mesopelágicas, sendo este último grupo o mais abundante, com o predomínio da família
Myctophidae. Katsuragawa et al. (1993), encontraram no Litoral Norte de São Paulo
(Ubatuba) 25 famílias de hábitos demersais e 19 famílias pelágicas, com o predomínio da
família Engraulidae. Considerando que os autores agrupam famílias de hábito recifais com
demersais, pode-se observar que o predomínio de espécies demersais ocorre em regiões mais
costeiras, enquanto que a participação de famílias pelágicas aumenta com o afastamento da
costa. Além, disso observa-se uma redução no número de famílias para as latitudes maiores na
costa brasileira.
O ictioplâncton na RBMA foi caracterizado pela presença de 11 taxa no período
1997/1998 e 21 taxa no período 2007/2008, sendo que 9 taxa ocorreram nos dois períodos:
Hypleurochilus fissicornis, Chloroscombrus chrysurus, Sardinella brasiliensis, Opisthonema
oglinum, Engraulidae, Gobiidae, Etropus crossotus, Sciaenidae e Sphyraena sp.. Nas Áreas
Costeiras Adjacentes à RBMA, no ano de 2007, o número de taxa identificados foi de 15 para
a Baía de Tijucas, 13 para a Praia dos Ingleses e 10 para a Praia da Joaquina, dos quais 8 taxa
ocorreram para as três áreas: Scartella cristata, C. chrysurus, S. brasiliensis, Harengula
clupeola, Engraulidae, Haemulidae, Sciaenidae e E. crossotus. Diferenças no número de
81
famílias de peixes encontradas entre as três áreas costeiras, pode ser devido ao fato de uma
região ser abrigada (Baía de Tijucas) e outra área exposta (Praia da Joaquina). Na região de
estudo foram encontrados 4 taxa com ocorrência concomitante nos 4 ambientes estudados,
fato que pode indicar uma maior capacidade de ocupação de ambientes distintos.
Os ovos de peixes coletados na RBMA e nas Áreas Costeiras Adjacentes foram
identificados em três categorias: Sardinella brasiliensis (Clupeidae), Engraulidae e não
identificados (NI). Os ovos de S. brasiliensis ocorreram no período de verão, para todas as
áreas amostradas, e durante o inverno-primavera apenas uma ocorrência pontual na Praia dos
Ingleses. Segundo Katsuragawa et al. (2006), esta espécie pode desovar ao longo de todo ano,
com maior intensidade reprodutiva no final da primavera e durante o verão. Os ovos de
Engraulidae estiveram presentes em todo o período amostral, destacando o período de inverno
de 1997 na RBMA e inverno-primavera de 2007 na Praia dos Ingleses e Praia da Joaquina.
Rutkowski et al. (2007) observaram ampla distribuição dos ovos desta família na região
costeira (<50m) do Estado de Santa Catarina, com altas densidades no mês de dezembro
próximas a Florianópolis. Matsuura et al. (1992) não coletaram ovos e larvas de Clupeidae
durante o inverno na região de Ubatuba, Estado de São Paulo, sendo que os ovos e larvas de
Engraulidae foram observados durante o verão e inverno. Esses resultados mostram que a
ocorrência de ovos da família Clupeidae apresenta um padrão de sazonalidade definido,
enquanto para Engraulidae este padrão não é observado. Além da família Engraulidae ser
encontrada em todas épocas do ano na plataforma continental de Santa Catarina, é também
observada ocupando distintos ecossistemas costeiros, como é o caso da Baía da Babitonga,
onde Costa (2007) registrou ovos de Engraulidae em diferentes períodos do ano, com um pico
na primavera.
Para as amostragens de 1997/1998 e 2007/2008 na RBMA, foram identificadas larvas
pertencentes a 4 e 5 famílias no inverno, e 7 e 15 famílias no verão, respectivamente. Este
resultado demonstrou uma maior riqueza durante o período mais quente do ano, uma vez que
este índice é uma medida do número total de taxa com o total de organismos presentes. Este
padrão foi similar ao encontrado por outros autores. Malanski et al. (2008) descreveram que o
índice de riqueza foi maior durante o verão em uma área estuarina no entorno da Ilha de Santa
Catarina (Baía-Sul, Saco dos Limões), e Costa (2007) observou uma maior riqueza durante o
verão na Baía de Babitonga (SC). O Índice de Diversidade também foi maior durante o
período de verão, o qual é considerado alto quando diferentes espécies ocorrem no ambiente
com as mesmas abundâncias. Os resultados obtidos mostram menor riqueza e diversidade nos
períodos mais frios do ano, sugerindo que um menor número de espécies conseguem se
82
adaptar ao ambiente físico. Este fato foi observado no inverno de 2007, mostrando que o
Índice de Equitabilidade, que exprime a homogeneidade das abundâncias entre os taxa, foi
baixo, como resultado da dominância da família Engraulidae.
O padrão descrito acima não foi totalmente observado nas Áreas Costeiras Adjacentes
à RBMA, no qual as maiores riquezas encontradas ocorreram durante o verão e primavera,
representando 13 e 10 famílias, respectivamente. Entretanto, o Índice de Equitabilidade foi
menor durante estes meses, devido a dominância da família Sciaenidae no verão no
ecossistema da Baía de Tijucas, e Engraulidae no verão e primavera na Praia dos Ingleses e
Praia da Joaquina. O padrão de dominância destas famílias foi comprovado pela análise de
similaridade, no qual demonstrou semelhança nas abundâncias entre a Praia dos Ingleses e
Praia da Joaquina, enquanto a Baía de Tijucas apresentou características distintas na
composição do ictioplâncton. Deve-se ressaltar que os resultados gerados pelos índices
ecológicos de riqueza, diversidade e equitabilidade, foram obtidos com o intuito de identificar
variações entre os períodos e os locais amostrados, devendo ser usados com reserva para
comparações com outros estudos. Isso se deve ao fato que diferentes estudos podem utilizar
uma grande variedade de equipamentos (e.g. tamanho, forma e malha da rede) e distintos
níveis taxonômicos alcançados nas identificações de larvas de peixes.
As famílias mais abundantes na RBMA, no ano de 1997/1998, foram Blenniidae,
Clupeidae, Engraulidae e Sciaenidae. No ano de 2007/2008, além destas famílias, foram
também abundantes Carangidae, Gerreidae e Paralichthyidae. Nas Áreas Costeiras Adjacentes
à RBMA, as famílias dominantes foram Clupeidae, Carangidae, Engraulidae, Gobiidae,
Haemulidae e Sciaenidae. Itagaki (1999) descreveu que as famílias Clupeidae, Engraulidae,
Sternoptychidae, Synodontidae, Myctophidae, Bregmacerotidae, Ophidiidae, Carangidae,
Scombridae e Paralichthyidae são as mais abundantes no período correspondente ao final de
primavera e início de verão, na plataforma continental do sudeste do Brasil. Assim, pode-se
verificar que a composição do ictioplâncton, a nível de família, para zonas mais costeiras,
como as investigadas no presente trabalho, revelam características distintas daquelas
verificadas nas regiões mais afastadas da costa, especialmente associadas à presença das
famílias Sciaenidae, Blenniidae, Gobiidae, Haemulidae e Gerreidae.
Estudos sobre o ictioplâncton realizados na costa sudeste e sul do Brasil estão
descritos na Tabela 20. Destes trabalhos foram selecionados apenas os resultados obtidos
sobre a densidade e abundância das principais famílias identificadas no presente trabalho.
Observa-se que em estudos realizados nas décadas de 1970 e 1980 a família Clupeidae
destacou-se com elevadas abundâncias (e.g. Matsuura, 1977b; Soares et al., 1991). A partir
83
dos anos 1990, as famílias Clupeidae e Engraulidae ocorreram com abundâncias similares na
Plataforma Continental Sudeste. A família Engraulidae ocorreu com altas abundâncias na
região de Cabo-Frio (RJ) (Lopes, 2006), Ilha de São Sebastião (SP) (Katsuragawa et al. apud
Katsuragawa et al., 2006) e Penha (SC) (Rutkowski, 2005). Em regiões estuarinas as famílias
Engraulidae e Gobiidae estiveram presentes com importâncias significativas (e.g. Malanski et
al., 2008; Souza-Conceição, 2008).
De maneira geral, os resultados dos estudos de ictioplâncton no sudeste e sul do
Brasil, compilados na Tabela 20, mostram valores de abundância das famílias superiores ao
observados no presente trabalho. Esses resultados podem estar influenciados pela metodologia
aplicada durante as amostragens, a qual utilizou uma rede tipo cilindro-cônica de 30
centímetro de boca e malha de 200 µm. Em amostras pontuais obtidas durante o ano de 1991
e 1993 por Katsuragawa (com. pess.) para locais próximos a RBMA e a Praia da Joaquina,
utilizando uma rede do tipo Bongo com malha de 333 µm, as densidades observadas também
foram maiores. Por outro lado, qualitativamente, as famílias identificadas por Katsuragawa
foram similares as encontradas no presente estudo.
Engraulidae foi a família mais abundante durante todo o período amostral, sendo que
na RBMA as maiores densidades nas amostragens ocorreram no inverno. Nas Áreas Costeiras
Adjacentes as larvas desta família distribuíram-se com as maiores densidades no verão e
inverno-primavera, destacando-se a Praia dos Ingleses. Katsuragawa & Matsuura (1990)
observaram para Cabo Frio (Rio de Janeiro) que a família Engraulidae foi a mais abundante
durante a primavera. Lopes (2006) registrou, para a mesma região, que a espécie Engraulis
anchoita foi a mais representativa no verão e inverno, sendo considerada a espécie mais
abundante na região sudeste do Brasil durante o verão por Itagaki (1999). Estes resultados
demonstram que a família Engraulidae desova com elevadas abundâncias em todas as
estações do ano, representando um importante papel na cadeia trófica como elo entre os
produtores e predadores (Schwingel, 1998). As larvas de Engraulidae, coletadas no presente
estudo, se encontravam em estágios de pré-flexão, dificultando a identificação em menor
táxon. Lopes (2006) encontrou alta frequência relativa de larvas de Engraulidae nos estágios
de pré-flexão e flexão, sugerindo que as larvas de maior tamanho (pós-flexão) têm maior
capacidade natatória e melhor capacidade visual, permitindo a fuga da rede.
A família Clupeidae foi identificada em toda a área de estudo durante o verão. A
espécie Sardinella brasiliensis foi amostrada apenas na RBMA no ano de 1997/1998,
representando alta abundância. Esta espécie foi capturada, no verão entre Cabo Frio (RJ) e
Cabo de Santa Marta Grande (SC), com maior abundância em frente a Ilha de Santa Catarina
84
(Matsuura 1998). S. brasiliensis representa o recurso pesqueiro marinho de maior importância
no Brasil, sofrendo significativas oscilações interanuais nas capturas. Em 1997, a captura
atingiu 118 mil toneladas, diminuindo para 82.000 toneladas no ano de 1998 (Occhialini &
Schwingel, 2003). Para o Estado de Santa Catarina, a captura desta espécie representou em
torno de 25.000 toneladas em 2007 (GEP/UNIVALI, 2008). Estas oscilações interferem na
biomassa do estoque desovante, diminuindo assim a densidade de indivíduos no período
reprodutivo. Outro evento que pode interferir na reprodução da sardinha é a intrusão da Água
Central do Atlântico Sul (ACAS) em regiões mais costeiras. Segundo Gigliotti et al. (2009), a
distribuição de larvas desta espécie pode estar relacionada com a presença de frentes termais
que propiciam condições favoráveis a alimentação de larvas. A espécie Opisthonema oglinum
ocorreu com baixas densidades no verão na RBMA e na Praia dos Ingleses. Katsuragawa et
al. (2006) descreveram que esta espécie raramente aparece nas amostras coletadas na região
Sudeste. Harengula clupeola ocorreu no verão de 2007 nas três Áreas Costeiras Adjacentes e
em 2008 na RBMA. Rutkowski (2005) mostrou que a espécie é a mais abundante da família
Clupeidae na região da Enseada da Armação de Itapocoroy (SC), com maiores densidades
observadas entre primavera e verão.
Carangidae foi representada por três espécies no presente estudo, i.e. Chloroscombrus
chrysurus, Oligoplites sp. e Selene sp.. Na RBMA, esta família ocorreu na amostragem de
verão de 2008 com a presença das 3 espécies, tendo Oligoplites sp. a maior abundância,
enquanto na Baía de Tijucas a espécie ocorreu apenas nos pontos amostrais de maior
profundidade. Por outro lado, C. chrysurus distribuiu-se nas três Áreas Costeiras Adjacentes,
com maiores densidades na Praia dos Ingleses. Katsuragawa & Matsuura (1992), descreveram
que a família Carangidae ocorreu em todas as estações do ano no Sudeste do Brasil, com
maiores abundâncias durante a primavera e verão, sendo a espécie Trachurus lathami a mais
abundante, seguida por C. chrysurus. Segundo Katsuragawa et al. (2006), a espécie C.
chrysurus ocorre no verão em águas costeiras da região sul, sendo que os gêneros Selene e
Oligoplites apresentam menores abundâncias. C. chrysurus ocorreu em temperaturas médias
da água de 22,73°C (s=2,11) e Oligoplites sp. em 25,92°C (s=1,45). No presente trabalho as
temperaturas médias máximas registradas foram similares as observadas por Katsuragawa et
al. (op.cit.), com 26,14°C (EP ± 0,14) na RBMA e 25,58°C (EP ± 0,41) nas três Áreas
Costeiras Adjacentes.
A família Sciaenidae foi registrada em todas as estações do ano na área amostrada. Na
RBMA, esta família distribuiu-se com baixas densidades nos anos de 1997/1998 e 2007/2008.
Nas Áreas Costeiras Adjacentes, esta família ocorreu durante o verão com as maiores
85
densidades, destacando a Baía de Tijucas. Nas outras estações do ano as densidades
diminuíram, tendo na primavera a ocorrência desta família somente na Praia da Joaquina.
Godefroid et al. (2001) observaram na praia do Pontal Sul (Paraná), que as larvas de pós-
flexão de Sciaenidae das espécies Menticirrhus littoralis, M. americanus e Umbrina coroides
ocorreram em todas as estações do ano, no qual o gênero Menticirrhus parece optar por águas
com menores temperaturas. No presente trabalho as larvas de Sciaenidae encontravam-se em
estágio de pré-flexão, dificultando assim a identificação ao menor taxon.
Gerreidae foi amostrado na porção centro-leste da RBMA para o verão de 2008,
representando a segunda família mais abundante na amostragem de 2007/2008. Este resultado
contesta estudos que definem as regiões estuarinas do Paraná como o limite sul da
distribuição de larvas de Gerreidae (Sinque et al., 1982 apud Katsuragawa et al., 2006;
Sinque, 1989 apud Katsuragawa et al., 2006). Souza (2003) observou no Complexo Estuarino
de Itapessoca (Pernambuco), que esta família representou 1% do total coletado, no qual as
maiores densidades foram observadas no mês de abril.
86
Tabela 20: Sumário de estudos sobre o ictioplâncton, realizados na costa sudeste e sul do Brasil, com dados do período de amostragem, amostrador e resultados da participação de cada família em percentagem ou densidade das principais famílias identificadas na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e nas Áreas Costeiras Adjacentes. Nota: * apud Katsuragawa et al., 2006.
Autores Local Data Amostrador Malha (µµµµm) Blenniidae Carangidae Clupeidae Engraulidae Gobiidae Haemulidae Sciaenidae
Matsuura, 1977b Sul nov/69 Rede Cônica 420 - - 74,5% 0,2% - - -
Matsuura, 1977b Sul jan/71 Rede Cônica 420 - - 77,7% 2,1% - - -
Matsuura & Nakatani, 1979 Ilha Anchieta - SP ago/73-jul/74 Rede Tipo "Picaré" - 9,7% 31,6% 5,8% - - 5,9%
Katsuragawa & Matsuura, 1990 Plataforma Sudeste nov/81 Rede Neuston 333 23,4% 0,3% 1,0% 22,7% - - -
Katsuragawa & Matsuura, 1990 Plataforma Sudeste mar/82 Rede Neuston 333 2,9% 0,9% 7,5% 3,3% - - 0,2%
Soares et al., 1991 laguna de Marapendi - RJ mar/85 - fev/86 (Primavera) Rede Cônica 350 - - 6,7% 13,3% - - -
Soares et al., 1991 laguna de Marapendi - RJ mar/85 - fev/86 (Verão)] Rede Cônica 350 - - - 9,1% - - -
Soares et al., 1991 laguna de Marapendi - RJ mar/85 - fev/87 (Outono) Rede Cônica 350 - - 80,9% - - - -
Soares et al., 1991 laguna de Marapendi - RJ mar/85 - fev/87 (Inverno) Rede Cônica 350 - - 84,2% 1,2% - - -
* Katsuragawa & Matsuura, 1998 Costa Sudeste nov-dez/97 Rede Bongo - 0,04% 2,2% 4,2% 9,8% 0,1% - 0,2%
Busoli & Muelbert, 1999 Praia do Cassino - RS out/90-abri/91 Rede Cônica 300 0,3% 0,8% 7,5% 8,2% 0,06% - 35,4%
Itagaki, 1999 Costa Sudeste dez/90 à jan/91 Rede Bongo 333 4,8
larvas/m² 182,6
larvas/m² 499,6
larvas/m² 629,0
larvas/m² 12,5
larvas/m² - 17,1
larvas/m²
Itagaki, 1999 Costa Sudeste dez/91 Rede Bongo 333 51,0
larvas/m² 926,1
larvas/m² 779,2
larvas/m² 4741,9
larvas/m² 23,2
larvas/m² - 27,2
larvas/m²
Itagaki, 1999 Costa Sudeste jan/93 Rede Bongo 333 39,7
larvas/m² 333,4
larvas/m² 1809,8
larvas/m² 1829,1
larvas/m² 13,1
larvas/m² - 15,5
larvas/m²
* Itagaki, 1999 Costa Sudeste jan/93 Rede Bongo - 0,5% 4,0% 21,7% 21,9% 0,2% - 0,2%
Rutkowski, 2005 Penha - SC set/02-ago/03 Dia Rede Cônica 200 7,6% 8,0% 3,3% 43,7% 4,0% 9,3% 19,2%
Rutkowski, 2005 Penha - SC set/02-ago/03 Noite Rede Cônica 200 5,8% 3,4% 13,8% 48,9% 10,1% 3,6% 11,3%
Lopes, 2006 Cabo Frio - RJ fev/01 Rede Multnet 333 0,3% 0,8% 2,7% 35,7% 0,2% - 0,2%
Lopes, 2006 Cabo Frio - RJ jul/01 Rede Multnet 333 0,3% 0,04% 0,1% 18,8% 0,2% - 1,1%
Costa, 2007 Baía da Babitonga - SC jul/04-abr/05 Rece Cônica 200 1,5% 1,5% - 35,9% 11,3% 12,1% 29,1%
Malanski et al., 2008 Florianopolis - SC mai/05-jul/06 Rede Cônica 200 5,3% - - 11,3% 42,9% 11,7% 8,4%
Souza-Conceição, 2008 Baía da Babitonga- SC Ago/05-ago06 Rede Cônica 200 - 1,3% 5,3% 29,9% 1,0% 0,3% 0,3%
Macedo-Soares et al., 2009 Lagoa de Ibiraquera - SC dez/03-dez/04 Rede Cônica 200 0,2
larvas/100m3 - 11,0
larvas/100m3 19,6
larvas/100m3 9,7
larvas/100m3 <0,1
larvas/100m3 3,1
larvas/100m3
* Katsuragawa et al. (manuscrito) Ilha de São Sebastião - SP fev/84 Rede Bongo - 0,3% 1,7% 23,4% 36,7% 0,2% - 0,8%
* Katsuragawa et al. (manuscrito) Ilha de São Sebastião - SP fev/84 Rede Nêuston - 0,3% 4,3% 36,6% 5,6% - - 0,9%
* Katsuragawa et al. (manuscrito) Ilha de São Sebastião - SP out/87 Rede Bongo - 3,6% 10,9% 5,8% 52,2% 0,8% 1,7% 6,1%
* Katsuragawa et al. (manuscrito) Ilha de São Sebastião - SP out/87 Rede Nêuston - 17,8% 1,6% 11,5% 30,8% - 0,1% -
87
A família Gobiidae ocorreu na RBMA durante o verão de 2008 e na Baía de Tijucas
no verão e inverno-primavera de 2007. Malanski et al. (2008) descreveram, para o Saco dos
Limões (Ilha de Santa Catarina), que as larvas desta família estão presentes ao longo de todas
as estações do ano, compreendendo 42,92% de abundância, destacando o período de inverno e
outono. Em regiões oceânicas, Pereira (2000) observou no Arquipélago de São Pedro e São
Paulo, que as larvas de Gobiidae ocorrem com abundância na camada neustônica, juntamente
com as famílias Exocotidae e Myctophidae. No atol do Parque Nacional Marinho de
Abrolhos, a família Gobiidae foi a mais representativa, indicando o ambiente ideal para sua
estratégia de vida (Nonaka et al., 2000), sendo que na RBMA esta família também procurou
áreas mais protegidas. Assim, a família Gobiidae configura-se como de ampla distribuição no
Oceano Atlântico sul-ocidental, desde zonas costeiras até no entorno de ilhas oceânicas.
Blenniidae ocorreu na RBMA com as espécies Hypleurochilus fissicornis na
amostragem de 1997/1998 e Scartella cristata na amostragem de 2007/2008. Na Enseada de
Itapocoroy (Penha/SC), Rutkowski (2005) descreveu que esta família distribuiu-se em todos
os períodos do ano, destacando os meses de inverno e primavera como os de maiores
abundâncias. Entretanto, na região do Banco de Abrolhos e da Cadeia de Vitória-Trindade,
Castro (2006) registra baixa abundância desta família nas estações de primavera, outono e
inverno. Como observado para a família Gobiidae, também Blenniidae apresenta ampla
distribuição geográfica no Oceano Atlântico.
Haemulidae distribuíu-se nas três Áreas Costeiras Adjacentes à RBMA, presente em
todas as estações do ano, destacando-se o período de verão. Katsuragawa et al. (2006)
descreveram que essas larvas são raras, ocorrendo sobretudo em águas de menor
profundidade.
A família Paralichthyidae ocorreu na RBMA durante na amostragem de 2007/2008,
com indivíduos da espécie Paralichthys sp. no inverno e da espécie Etropus crossotus no
verão. Itagaki (1999) descreveu para a região Sudeste do Brasil que larvas de E. crossotus
ocorreram na área costeira, Paralichthys sp. na área nerítica e oceânica, e E. longimanus na
área nerítica, com alta densidade relativa. Estes resultados mostram que a família
Paralichthyidae possui uma ampla distribuição sobre a plataforma continental.
As maiores densidades de ovos de peixes ocorreram no período de inverno de 1997 na
RBMA, e para o outono-inverno e inverno-primavera de 2007 nas Áreas Costeiras
Adjacentes. Com relação às larvas, as maiores densidades foram observadas no verão de 2008
na RBMA e em 2007 nas Áreas Costeiras Adjacentes, sendo que as densidades diminuíram
nas demais estações do ano. Porém, esse padrão não foi observado na campanha amostral de
88
1997/1998, no qual as maiores densidades ocorrem durante o período de inverno. Essa
configuração mostra que não é possível estabelecer um padrão de sazonalidade na abundância
das larvas na região de estudo. O padrão encontrado por diferentes autores, estudando o
ictioplâncton na costa sul e sudeste do Brasil, demonstram que a época de maior densidade de
ovos e larvas ocorre durante a primavera e verão (e.g. Matsuura & Nakatani, 1979;
Katsuragawa et al., 1993; Rutkowski, 2005; Lopes, 2006; Macedo-Soares et al. 2009), fato
não totalmente confirmado pelo presente trabalho.
A transparência da água foi maior em áreas abertas como na RBMA. Por outro lado,
nas regiões abrigadas, i.e. Baia de Tijucas, ocorreram os menores valores de transparência da
água, demonstrando que estes locais possuem uma alta concentração de material em
suspensão, o que pode ser explicado pela proximidade da desembocadura do Rio Tijucas.
Através da análise de PCA foi possível estabelecer padrões que relacionem as
densidades do ictioplâncton com parâmetros ambientais, sendo que as maiores densidades de
larvas ocorreram principalmente durante o verão, quando foram registradas as maiores
temperaturas e salinidades. Os maiores valores de transparência da água também foram
associados as maiores densidades do ictioplâncton. Castro (2006) descreveu que a
temperatura pode ser um dos principais fatores que influenciam a distribuição e abundância de
algumas larvas de peixes, onde observou que algumas famílias distribuíram-se em
temperaturas altas e outras em baixas. Silveira (2008), em um ambiente de manguezal,
observou que os valores elevados de temperatura e os baixos valores de salinidade podem
favorecer a densidade de larvas de peixes. Lopes (2006) verificou que os padrões de
distribuição do ictioplâncton apresentaram uma forte relação com as zonas de mistura entre as
massas de água.
A RBMA recebeu influência durante o ano de 2007/2008 de três massas de água: a
Água Costeira (AC) durante o inverno e verão; a Água Subtropical de Plataforma (ASP) no
inverno; e a Água Central do Atlântico Sul (ACAS) no verão. Nas Áreas Costeiras Adjacentes
à RBMA, durante o ano de 2007, observou-se a ocorrência da AC ao longo do ano e ACAS
principalmente no verão. Hille (2009) descreve, através de diagramas TS, na Plataforma
Continental Catarinense a presença da Água Tropical (AT), ACAS e AC.
O padrão da coluna de água durante a amostragem de inverno, na RBMA, sofreu uma
forte influência de águas de mistura, descrita por Piola et al. (2000) como a ASP, a qual é
formada pela mistura da ACAS com aportes continentais da costa do Brasil. Möller et al.
(2008) descreve que a ASP é formada pela mistura da Água da Pluma do Prata (APP) com
AT, sendo observada na região do Cabo de Santa Marta, durante o inverno. Piola et al. (2008)
89
mostram para o período de inverno que a ASP é formada pela mistura da APP e AT,
ocorrendo somente quando a ACAS desloca-se para o norte. Entretanto, observa-se que as
características termohalinas da ASP são similares a massa descrita por Matsuura (1986), como
Água de Plataforma (AP) que é resultante da mistura da AC, ACAS e AT, com temperaturas
superiores a 20°C e salinidades entre 35 e 36 (Braga & Niencheski, 2006). Durante o período
de verão a APP ocorre até Rio Grande (RS) e no inverno pode chegar até o Norte do Cabo de
Santa Marta (SC) (Möller et al., 2008). A AC que foi observada no inverno na RBMA, é
derivada de aportes continentais (e.g. rio Tijucas), podendo também ter influência da APP.
Esta mistura de APP com aportes continentais da região, durante o inverno, foi observada na
costa norte Santa Catarina por Schettini et al. (2005), e na Plataforma Continental por Hille
(2009). No presente estudo o perfil vertical da água no inverno mostra-se homogêneo em
todas as áreas amostradas, este padrão foi similar ao encontrado por Carvalho et al. (1998) no
litoral Centro-Norte Catarinense numa situação de outono-inverno.
O padrão da coluna da água encontrada no verão para o presente estudo, foi descrito
por Matsuura (1986) e Rodrigues-Ribeiro (1996) como um fenômeno característico desse
período na região sudeste-sul. A ascensão da ACAS pelo processo de ressurgência costeira
promove um aumento de nutrientes na região fótica, acarretando uma elevada produção
primaria e consequentemente uma maior disponibilidade de alimento para o zooplâncton
(Braga & Niencheski, 2006). Outro fato importante evidenciado principalmente durante esta
época do ano na costa catarinense é a alta pluviosidade, a qual disponibiliza uma maior
concentração de nutrientes característicos de aporte continental (Braga & Niencheski, op.cit.).
Na área investigada no presente estudo, estes nutrientes são provenientes principalmente da
Bacia Hidrográfica do Rio Tijucas, localizado à 18,5 quilômetros da RBMA (IBAMA, 1996).
No verão a presença desse aporte continental foi observada nas camadas mais superficiais,
sendo caracterizado pela menor salinidade e maior temperatura superficial. Na RBMA foi
observado uma estratificação bem definida abaixo dos 15 metros de profundidade, e a partir
dos 5 metros para as três Áreas Costeiras Adjacentes. Carvalho et al. (1998) encontraram para
a região litoral do Centro-Norte Catarinense, numa situação de primavera-verão, uma
termoclina acentuada na coluna de água. A estratificação vertical da coluna de água,
determina as flutuações das comunidades planctônicas, no qual a massa de água do fundo é
caracterizada por diatomáceas bentônicas e de zooplâncton com baixa diversidade, e a massa
de água superficial por fitoplâncton e zooplâncton de alta diversidade (Valentin, 1983 apud
Bassani et al., 1999). Durante o verão as características da AC são distintas dos padrões
encontrados no período de inverno. A influência da AT sobre a costa, misturada com aportes
90
continentais locais, faz com que a AC tenha intervalos de salinidade entre 18,7 e 35,3 e
temperatura entre 23,6 e 29,4°C.
Considerando que os maiores valores de densidade de larvas foram observados no
verão, quando o ambiente estava sob influência da ACAS, pode-se considerar que o papel
desta massa de água exerce influência sobre o estabelecimento do ictioplâncton na região.
Este fato já foi observado por Matsuura & Nakatani (1979), Katsuragawa et al. (1993)
Rodrigues-Ribeiro (1996) e Rutkowski (2005). Na amostragem de 1997/1998 na RBMA não
foi determinada a configuração hidrográfica da região, impossibilitando estabelecer relações
com as maiores densidades de ictioplâncton encontradas durante o período de inverno.
Na RBMA, durante as campanhas amostrais de 1997/1998 e 2007/2008, o
ictioplâncton distribuiu-se com diferentes densidades. No inverno de 1997 as densidades de
ovos foram maiores e tiveram diferenças significativas para outras amostragens. No verão de
1998 ocorreu as maiores densidades de larvas, atingindo diferenças significativas em relação
ao verão de 2008. Para as famílias identificadas na RBMA observou-se semelhança nos
índices ecológicos entre estações do ano, no qual os maiores valores de riqueza e de
diversidade ocorram no verão, com um aumento em 2008. O índice de equitabilidade foi
similar entre as estações, com o menor índice no inverno de 2007, explicado pela dominância
da família Engraulidae. Quando comparados os índices de riqueza e de diversidade entre a
RBMA e as Áreas Costeiras Adjacentes observa-se que no verão a RBMA possui maiores
valores, concluindo-se que um maior número de taxa é encontrado na reserva. Por outro lado,
os índices de equitabilidade foram menores para este ambiente durante o período de inverno.
No Parque Nacional Natural de Isla Gorgona (Colômbia), Escarria et al. (2007)
encontraram diferenças significativas entre o lado leste e oeste da região, no qual a maioria
dos peixes presentes foram concentrados principalmente na parte leste da ilha, sendo a área
ocupada por recifes de coral. Durante o período amostrado os autores descreveram a
ocorrência de 35 espécies pertencentes a 14 famílias, destacando Gobiidae e Sciaenidae como
as mais abundantes. Na Reserva Marinha da Ilha Medes (Espanha), Sabatés et al. (2003)
apresentaram a existência de 27 famílias de peixes, destacando na primavera e verão os peixes
costeiros, i.e. Tripterygiidae e Sparidae, e no inverno os peixes da família Clupeidae, Gadidae
e Myctophidae. Os pontos amostrais distribuídos dentro na área da reserva e fora não tiveram
diferenças significativas na abundância de larvas, entretanto, os maiores valores ocorreram
dentro da reserva. Na Reserva Marinha de Tabarca (Sudeste Ibérico-Espanha), Bordehore et
al. (2001) classificaram as larvas de peixes coletadas na região em 27 categorias sistemáticas
pertencentes a 20 famílias, onde as mais abundantes foram Gobiidae, Gobiesocidae e
91
Clupeidae. No presente trabalho, não foram observadas diferenças significativas entre a
abundância de larvas nos pontos amostrais distribuídos dentro e fora da RBMA, e também
entre os pontos próximos e afastados das ilhas. Os peixes pelágicos foram os mais abundantes
neste ambiente, no inverno com predomínio da família Engraulidae e no verão pelas famílias
Clupeidae, Engraulidae e Gerreidae.
A análise de similaridade, para as abundâncias das famílias encontradas na RBMA,
mostrou dois grupos distintos, evidenciando a sazonalidade para os períodos analisados,
sendo o primeiro grupo composto pelos pontos amostrais de inverno e o segundo pelos pontos
de verão. Neste segundo grupo pode-se observar um grupo menor, caracterizado pelos pontos
amostrais no entorno da Ilha Deserta e da Ilha da Galé. Esta configuração pode indicar que a
RBMA manteve-se com as mesmas características entre o inverno de 1997 e 2007 e o verão
de 1998 e 2008, demonstrando que a comunidade ictioplanctônica se manteve com os
mesmos taxa e respectivas abundâncias depois de um período de 10 anos. A composição das
larvas de peixes não demonstrou similaridade entre o verão de 2007 das Áreas Costeiras
Adjacentes e verão de 2008 da RBMA. Por outro lado, nas amostragens de inverno-primavera
nas Áreas Costeiras Adjacentes e de inverno na RBMA, foi observado similaridade entre a
reserva e a Praia dos Ingleses, sugerindo que devido à intensidade de ventos sul durante esta
época do ano, ocorra o favorecimento da circulação no sentido sul-norte. A RBMA possui
características exclusivas, com presença de diferentes habitats (e.g. substratos rochosos,
inconsolidados e coralinos), o que resulta numa maior riqueza de espécies, caracterizando este
ambiente de forma distinta das Áreas Costeiras Adjacentes. Áreas marinhas protegidas
apresentam importante fator na recuperação dos estoques pesqueiros, podendo aumentar a
quantidade dos recursos, i.e. intensificando a produtividade nas áreas adjacentes, além de
aumentar o tamanho dos peixes e a diversidade de espécies (PISCO, 2007; IBAMA, 2008).
Kaplan (2009) descreveu, para peixes adultos, que em áreas marinhas protegidas, os
Rendimentos Máximos Sustentáveis (RMS) permanecem iguais para espécies de ciclo de vida
curto, por outro lado, espécies de ciclo de vida longo podem se beneficiar nessas áreas. No
caso da RBMA, suas dimensões reduzidas dificilmente poderiam garantir a sustentabilidade
e/ou recomposição de recurso pesqueiros explotados nas áreas de entorno.
O programa de Parceria Interdisciplinar de Estudos Costeiros Oceânicos (PISCO -
Partnership for Interdisciplinary Studies of Coastal Oceans) possui como um de seus
objetivos o estudo da dispersão das larvas, informação crucial para a concepção eficaz da
gestão e conservação de ambientes marinhos. Outro projeto da PISCO é a utilização de novas
tecnologias para rastrear peixes adultos, podendo assim avaliar a eficácia de reservas
92
marinhas em proteger os juvenis e adultos de espécies explotadas, podendo ser um importante
passo para a compreensão da concepção e funcionamento das reservas marinhas. Outro
aspecto importante a ser estudado em ilhas oceânicas é o “Efeito de Massa de Ilha”, no qual,
segundo Gilmartin & Revelante (1974) podem favorecer o aumento da produtividade primária
local. O aumento da atividade biológica nestas regiões ocorre devido a hidrodinâmica local,
como vórtices ciclônicos e anticiclônicos (Barkley, 1972 apud Longhurts & Pauly, 2007) .
Para o presente trabalho, mais especificamente na RBMA, mesmo não tendo um plano
amostral adequado para a verificação deste efeito, observou-se que no período de verão
ocorreram as maiores densidades de larvas de peixes nos pontos amostrais próximos das ilhas,
mesmo sem diferenças significativas entre os pontos amostrais próximos e afastados das ilhas.
Este fato sugere que as agregações de larvas nas ilhas podem estar associadas ao “Efeito de
Massa de Ilha”.
Para proteger as áreas de pesca marinha de capturas excessivas e garantir a
sustentabilidade da pesca futura, uma estratégia de manejo é o estabelecimento de áreas
marinhas protegidas (CMIO, 1998 apud Prates et al., 2007). A designação, por lei, de reservas
marinhas favorecem as comunidades locais, onde as regiões adjacentes à UC são beneficiadas
pelo repovoamento de espécies. Entre as espécies identificadas na área da RBMA, cerca de
70% são comercialmente exploradas de forma intensiva pela pesca industrial (e.g. Sardinella
brasiliensis, Chloroscombrus chrysurus, Opisthonema oglinum, Mugil sp.), demonstrando
assim a importância da RBMA para a região.
93
6 CONCLUSÕES
No presente estudo na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (RBMA), foi
observado que as maiores densidades de ovos ocorreram no inverno de 1997, refletindo
diferenças sazonais e entre os anos. As larvas ocorreram com maiores densidades durante o
verão de 2008, demonstrando diferenças significativas entre os dois verões (1998 e 2008),
período este que ocorre a influência da ACAS na região. Os índices de riqueza e diversidade
registraram maiores valores no verão, demonstrando que neste período ocorreu um maior
número de taxa, porém com abundâncias similares. O índice de equitabilidade foi menor
durante o período de inverno, refletindo a dominância da família Engraulidae. A análise de
agrupamento demonstrou que a comunidade ictioplanctônica manteve-se com os mesmos taxa
e respectivas abundâncias para amostragens realizadas em um intervalo de 10 anos
(1997/1998 e 2007/2008). Nos anos 2007/2008 observou-se que as maiores densidades do
ictioplâncton ocorreram no verão, juntamente com as maiores salinidade de fundo e
transparência da água.
Para as Áreas Costeiras Adjacentes, as maiores densidades de ovos ocorreram no
período de inverno-primavera, sendo que as maiores densidades de larvas verificadas no verão
foram correlacionadas com as maiores temperaturas e salinidades, bem como nos locais de
maior transparência da água e maior profundidade. A análise de agrupamento demonstrou que
a Baia de Tijucas, uma área mais protegida, possui características distintas na composição do
ictioplâncton quando comparadas com áreas mais abertas como a Praia dos Ingleses e Praia da
Joaquina.
Quando comparada a RBMA e as três Áreas Costeiras Adjacentes observa-se que os
índices de riqueza e diversidade foram maiores para a Reserva, demonstrando que um maior
número de taxa utiliza este ambiente para o seu desenvolvimento larval. A composição
taxonômica do ictioplâncton na RBMA apresentou baixa similaridade em relação as Áreas
Costeiras Adjacentes, caracterizando a Reserva como uma área distinta, apesar de sua
proximidade com a região costeira.
94
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Aidar-Aragão, E. & Teixeira, C. 1980. Produção primária e concentração de clorofila-a na Costa Brasileira (Lat. 22°31’S – Long. 41°52’W a Lat. 28°43’S – Long. 47°57’W). Bolm Inst. Oceanogr. São Paulo, 29(2): 9-14. Amaral, A.C.Z. & Jablonski, S. 2005. Conservação da biodiversidade marinha e costeira no Brasil. Megadiversidade, 1(1). Bassani, C.; Bonecker, A.C.T.; Bonecker, S.L.C.; Nogueira, C.R.; Reis, J.M.L. & Nascimento, L.R. 1999. Plâncton do litoral norte do Estado do Rio de Janeiro (21°00’ à 23°30’S) – ánalise e síntese do conhecimento. p. 99-120. In: Silva, S.H.G. & Lavrado, H.P. (eds). Ecologia dos ambientes costeiros do Estado do Rio de Janeiro. Série Oecologia Brasiliensis, vol. VII. PPGE-UFRJ. Rio de Janeiro, Brasil. Bordehore, C.; Bayle, J. T.S & Ramos, .A.A.E. 2001. Composicion variabilidad del ictiplancton costeiro en la reserva marina de Tabarca, sudeste Ibérico. Bol. Inst. Esp. Oceanog.,17(1y2): 61-71. Braga, E.S. & Niencheski, L.F.H. 2006. Composição das massas de água e seus potenciais produtivos na área entre o Cabo de São Tomé (RJ) e o Chuí (RS). In: Rossi-Wongtschowski, C.L.D.B. & Marureira, L.S.P. (eds.), O ambiente oceanográfico da plataforma continental e do talude na região Sudeste-Sul do Brasil. Brasil, p.161-218. Brandini, F.P. 1990. Produção primária e características fotossintéticas do fitoplâncton na região sueste do Brasil. Bolm Inst. Oceanogr., São Paulo, 38(2): 147-159. Brasil. Lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000. Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação- SNUC. Busoli, R.O. & Muelbert, J.H. 1999. Composição taxonômica e distribuição do ictioplâncton na zona de arrebentação da praia do cassino (32°10’S, 52°20’W). Atlântica, Rio Grande, 21:19-35. Carvalho. J.L.B.; Schettini, C.A.F. & Ribas, T.M. 1998. Estrutura termohalina do litoral centro-norte catarinense. Notas Técnicas da FACIMAR, Itajaí, 2:181-197. Castro, M.S. 2006. Variação epacial e temporal das larvas de peixes ao norte e ao sul do Banco de Abrolhos e no entorno da Cadeia Vitória-Trindade. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Rio de Janeiro, 89p. Castro, B.M.; Lorenzzetti, J.A., Silveira, I.C.A. & Miranda, L.B. 2006. Estrutura termohalina e circulação na região entre Cabo de São Tomé (RJ) e o Chuí (RS) In: Rossi-Wongtschowski, C.L.D.B. & Marureira, L.S.P. (eds.), O ambiente oceanográfico da plataforma continental e do talude na região Sudeste-Sul do Brasil. Brasil, p.11-120. Ciechomski, J.D. 1981. Ictioplâncton. In: Atlas del zooplankton del Atlantico Sudoccidental. Boltovskoy, D. (Ed.) INIDEP, 635:829-860.
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APÊNDICE Apêndice 1:Lista taxonômica das larvas de peixes encontradas na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Áreas Costeiras Adjacentes, SC, Brasil.
Ordem Clupeiformes Família Pomacentridae Família Clupeidae
Subordem Mugiloidei
Opisthonema oglinum Harengula clupeola
Família Mugilidae
Sardinella brasiliensis Mugil sp. Família Engraulidae
Subordem Blennioidei Orden Aulopiformes Subordem Alepisauroidei
Família Labrisomidae
Malacotenus delalandii. Família Synodontidae Synodus intermedius Família Blenniidae Ordem Myctophiformes
Hypleurochilus fissicornis Scartella cristata
Família Myctophidae
Subordem Gobioidei
Ordem Gadiformes
Família Gobiidae
Família Bregmacerotidae
Subordem Sphyraenoidei
Bregmaceros atlanticus Família Sphyraenidae Ordem Syngnathiformes
Sphyraena sp.
Subordem Syngnathoidei Subordem Scombroidei Família Syngnathidae
Família Trichiuridae Trichiurus lepturus
Syngnathus folletti Syngnathus elucens.
Ordem Pleuronectiformes
Ordem Perciformes
Subordem Pleuronectoidei
Subordem Percoidei Família Paralichthyidae Família Serranidae
Etropus crossotus Etropus longimanus
Família Carangidae
Paralichthys sp.
Chloroscombrus chrysurus Oligoplites sp.
Subordem Soleoidei
Selene sp. Família Cynoglossidae Família Gerreidae
Symphurus jenynsi Symphurus trewavasae
Família Haemulidae
Família Sciaenidae
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