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INTRODUÇÃO
Este guia turístico de plantas endémicas da ilha de Santiago foi elaborado no
âmbito da Prova de Aptidão Profissional do Curso de Técnico de Gestão do Ambiente
da Escola Profissional de Moura, em Portugal.
Com este guia pretende-se divulgar a todos os interessados a informação
necessária sobre a Flora Endémica da ilha de Santiago, em Cabo Verde, junto da
Embaixada Portuguesa em Cabo Verde, junto da Embaixada Cabo-verdiana em
Portugal e nos postos de turismo da ilha de Santiago.
Na elaboração deste pequeno guia turístico realizou-se um trabalho de pesquisa
do qual resultou a aquisição de conhecimentos sobre plantas endémicas de Cabo Verde,
a sua importância e utilização das mesmas.
O guia reflecte a harmonia necessária entre o Homem e a natureza.
A informação, a sensibilização e a educação ambiental desempenham um papel
fundamental na conservação da biodiversidade, uma vez que é através do conhecimento
da natureza que se pode conservá-la da melhor forma.
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Caracterização da Ilha de Santiago Cabo Verde
Santiago é a maior ilha do arquipélago, pertence ao grupo do Sotavento, estende-
se por cerca de 75 km de comprimento, no
sentido norte-sul e cerca de 35 km de
largura, no sentido este-oeste. Dista cerca de
50 km em linha recta da ilha do Fogo, a
oeste, e 25 km da ilha de Maio, a leste. A
cidade da Praia é ao mesmo tempo a capital
do país e sua cidade mais populosa. A ilha
de Santiago e a Praia tiveram extraordinário
desenvolvimento desde a independência em
1975.
A Norte, como se sobressaindo do
mar, ergue-se o Monte Graciosa que domina
as terras baixas do Tarrafal, com os seus 643
metros de altitude.
Solo
Encontram-se plataformas de abrasão, e pequenos cones de formação mais
recente, por toda a ilha.
Entre a faixa costeira e a zona interior, encontra-se uma zona intermédia de
largura variável e de altitude geralmente compreendida entre 300 e 500 metros, com
relevos por vezes muito acentuados e irregulares.
As formações rochosas são fundamentalmente basálticas. Presenciam-se por
vezes, com espessura considerável, algumas arribas de rochas sedimentares, calcários
(S. Francisco e Tarrafal), em conglomerados, brechas e grés calcário, entre as formações
de basalto, evidenciando a submersidade parcial da ilha em eras passadas.
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De forma precisa, Barcelar Bebiano, estimou que: 92% da área da ilha é ocupada
pelo basalto (de muitos tipos) e materiais piroclásticos, 5% por limburgitos e rochas
afins (basaltos porfíricos com fenocristais de Augite e Labrador) e os restantes 3% por
outras formações como Fonólito, Tetritos, entre outros.
Clima
O clima é condicionado pelo relevo e pela própria localização da ilha. Assim, em
Santiago, ocorrem os ventos alísios de NE que sopram com regularidade durante todo o
ano, embora haja dominância de ventos de Norte, nos meses de Janeiro a Julho nas
outras ilhas. Aqueles constituem a monção do Atlântico Sul, que transportam os ventos
quentes e húmidos, desempenhando grande importância no clima das zonas de altitude,
por originarem nuvens de convenção térmica, devido ao efeito de Feon, criando
condições micro- climáticas diferentes nas encostas voltadas para o NE.
Daí que, Santiago está menos sujeito à seca do que as outras ilhas, apresentando
variações no regime das chuvas, que vão desde aridez do litoral (como o da Praia e do
Tarrafal), às húmidas das grandes altitudes (Serra da Malagueta), existindo microclimas
no interior de alguns vales (S. Domingos, Órgãos, Engenhos, Principal, etc.)
Portanto, o efeito da altitude, combina-se com o da orientação das massas de ar
do relevo em relação aos ventos dominantes, para daí resultar uma variedade de climas
locais: Aridez do litoral, humidade e vegetação nos pontos altos, precipitação maior nas
vertentes orientais e escassez de humidade nas vertentes ocidentais.
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A vegetação da Ilha de Santiago
Comparado aos outros arquipélagos de Macaronésia, a flora de Cabo Verde é
relativamente pobre e tratando-se de uma ilha em particular, esta pobreza é ainda mais
notória, sabendo que quanto maior for a distância de uma ilha de um continente menor
será a sua vegetação.
Com exactidão ainda a flora de Cabo Verde são relativamente ricas em espécies
endémicas.
Assim, existem nas ilhas de Cabo Verde cerca de 80 dessas espécies que não se
encontram em nenhuma parte do mundo, sendo denominadas espécies endémicas.
Muitas espécies de plantas modificaram-se ao longo dos anos, devido as
condições espécies que lhes foram submetidas em Cabo Verde sendo hoje muitas dessas
espécies endémicas encontram-se em vias de extinções.
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Características de espécies endémicas da Ilha de Santiago
Língua-de-vaca (Echium hypertropicum)
Arbusto muito ramificado, até 2.5m de altura, ramos jovens cobertos de pêlos
compridos e rígido, folhas em forma de
lança alargada até 0,20m de
comprimento. Apresenta inflorescência
densa com pequenas flores
esbranquiçadas, arroxeadas ou azuladas.
Encontra-se espalhado em toda a área
do Parque em número reduzido. É
utilizado no tratamento de doenças
como febre, dor de estômago e
hemorroidal, e também como lenha.
Funcho (Tornabenea annua)
Erva anual ou bianual de até
0.6m de altura, folhas com cheiro e cor
similares à cenoura, pétalas brancas.
Encontra-se presente em vários pontos
do Parque Natural de Serra Malagueta.
É utilizada como pastos para os
animais, principalmente cabras e no
tratamento de doenças dermatológicas
(varicela e sarampo).
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Lantuna (Lantana camara)
São planta que possuem um porte menor que o das árvores, a maioria não
ultrapassa os 3 metros de altura. Encontra-se na
ilha de Santiago, apresentando uma estrutura
lenhosa ou semi-lenhosa, de galhos encorpados e
rijos, por vezes é semelhante a das árvores, mas
além do porte os arbustos diferenciam-se por
apresentarem, muitas vezes vários troncos
iguais, sem haver um dominante como nas
árvores.
Losna (Artemisia gorgonum)
Arbusto aromático, com flores
minúsculas amarelas, registada nas áreas do
Parque, eventualmente distribuídas entre as
zonas semi-áridas, sub-húmidas e húmidas,
normalmente entre os 800m e 2000m. Encontra-
se em Perigo Crítico (CR) em Santiago. É
utilizada na medicina tradicional no combate a
febre, gripe, tratamento pós parto das mulheres,
purificação do ar (fumador).
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Dragoiro (Dracaena draco)
Arvore que pode atingir até 10 m de
altura. As folhas agrupadas na extremidade dos
ramos são fortes, pontiagudas com 50-75cm de
comprimento. Cresce principalmente nas
encostas dirigidas para nordeste, entre os 500 e
900 m de altitude, sobressaindo a vegetação
arbustiva.Actalmente a sua presença está
limitada.
Tamareira (phoenix atlântica)
Palmeira indígena, podem atingir até 10
m de altura cresce nas zonas arenosa
principalmente nas costas e nas ribeiras situados
junto a costa. As folhas e frutos são utilizados
nas alimentações de animais; e os frutos são
comidos pelos homens, as folhas são utilizados
nos trabalhos de cestaria (planta muito
importante dado aos vários usos)
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Contra bruxa azul (Campanula jacobaea)
Normalmente é encontrada na zona sul na ilha de Santiago. Ocorre em zonas
húmidas e sub húmidas, a altitude média
compreendida entre 600 e 1000 metros.As
maiores populações, encontram-se nas escarpas,
da região de Serra da Malagueta, mesmo à beira
da estrada. Em alguns casos, povoam escarpas
de declive muito acentuado, de extrema
escassez em solo arável, onde se observam
como espécies acompanhantes, espécimes de
Diplotaxis sp, Limonium lobinii, e Lobularia
canariensis ssp. Fruticosa.
Alecrim-brabo (Campylantus glaber ssp. glaber)
Pequeno arbusto rasteiro com folhas lineares e muito estreitas, moles e
ligeiramente suculentas,
apresentando flores pequenas.
Encontrado nalgumas escarpas
com orientação (s-sw) em Pinu,
escarpas em Baieta Nevi, ou
mesmo nalgumas escarpas de
Queimado. É utilizado na
medicina tradicional para
tratamento de febre e dores
musculares.
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Coroa-de-Rei (Sabão de Cativi) Sonchus daltonii
Pequeno arbusto com 1-6 rosetas
foliares muito grandes, até 0,9m de altura,
pequeno tronco lenhoso. Folhas até 50 cm de
compremento.Flores pequenos, linguiformes,
mais de uma centena agrupada em rosetas
florais, arredondadas, com mais de 20mm de
espessura. As espécies são encontradas nas
encostas e escarpas rochosas das zonas húmidas
até simi-aridas de Santiago.
Balsâmo (Umbilicus schmidtii Bolle )
Única espécie endémica, representativa do género, no país. A sua distribuição
está limitada às zonas húmidas e sub-húmidas, sendo encontrada a altitudes médias
superiores a 800 metros. Existe na Serra
de Malagueta e na Serra de Pico de
Antónia. Porém, apenas foi observada
na Serra de Malagueta, formando uma
população de 120 indivíduos, num
pequeno recanto, na base da escarpa
onde se localiza. Só se localiza na
época de pluviosidade.
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Tortolho(Euphorbia tuckeyana )
O género, é representado no arquipélago
de Cabo Verde por 16 espécies, sendo endémicas
apenas duas.
Euphorbia tuckeyana, é uma espécie
arbustiva, podendo atingir 3 metros de altura.
Ocorre em zonas húmidas, sub húmidas e
semiáridas, normalmente a altitudes superiores a
300 metros.
A menor altitude em que foi observada, é de 200 metros, em Monte Graciosa.
Piorno(Lotus L.)
É um dos géneros com maior
variabilidade, nas ilhas de Cabo Verde.
Descreveram cinco espécies, apontando como
existindo na ilha de Santiago, localiza-se
particularmente em zonas semiáridas e sub
húmidas, mas existindo registos de ocorrência
em zonas húmidas, menor altitude a 330
metros, em zona sub húmida na parte Sul da
região montanhosa central.
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Mostarda-Brabo (Diplotaxis varia DC)
Representantes em 9 taxas endémicas
do género Diplotaxis, sendo 8 a nível de
espécie e um à nível de subespécie. Para
Santiago, apenas está apontada a existência da
espécie D. vária. As altitudes variáveis, mas
particularmente escarpas, desde as piroclásticas
a 350 metros de altitude, às basálticas a 1000
metros, a diferentes exposições.
Uma outra população, representada por
50 indivíduos, é encontrada numa outra
escarpa, a mesma altitude e exposição, observada, a partir do ponto com valor de
latitude 21º06’25” e longitude 16º81’31”.
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