1
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO – UPE
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PERNAMBUCO – FOP
MESTRADO EM HEBIATRIA
INCLUSÃO ESCOLAR SOB O OLHAR DE ADOLESCENTES COM
DEFICIÊNCIA DA CIDADE DO RECIFE.
CAMARAGIBE – PE
2016
2
MAYARA FRANCELLE OLIVEIRA BARATA
INCLUSÃO ESCOLAR SOB O OLHAR DE ADOLESCENTES COM
DEFICIÊNCIA DA CIDADE DO RECIFE.
Dissertação apresentada a Faculdade de
Odontologia da Universidade de Pernambuco –
FOP/UPE, como requisito para obtenção do
título de Mestre em Hebiatria.
Área de Concentração: Determinantes na
Saúde do Adolescente
Orientadora: Profª Drª. Sandra Conceição
Maria Vieira
CAMARAGIBE – PE
2016
3
DEDICATÓRIA
Aos adolescentes do estudo,
Aos meus queridos pacientes,
que tanto me ensinam
e me inspiram à buscar conhecê-los melhor.
4
AGRADECIMENTOS
Não tenho dúvidas que minha vida inteira foi escrita por um Deus maravilhoso que
tem me proporcionado muitos sonhos; um deles é este aqui, de estar concluindo minha
dissertação! Só posso agradecê-lo por tamanha bondade. Muito obrigada por tudo o que
fizeste e que ainda vais fazer.
Aos meus pais por toda disponibilidade em me amar, por toda entrega nos
momentos de aflição. Vocês são meus maiores presentes. Obrigada por me ensinarem
desde sempre, que o que temos de mais precioso na vida é o amor e o conhecimento.
Essa minha busca incessante dedico a vocês.
Aos meus irmãos Mirella, Mateus e Juninho pelos momentos de alegria, por todos
os brigadeiros de leite ninho quando eu precisei de uma alegria extra. Por aguentarem
meus picos de estresse sempre com gargalhadas. E também pelos momentos de brigas,
onde pude extravasar o nervosismo (kkkkkkkkk). Eu não poderia ter parceiros mais fiéis.
Às amigas de infância, e as melhores que eu poderia receber Gabriela, Sheyzi,
Stephanny, Roberta, Joyce, Ayanne, Flora e Luiza. Muitíssimo obrigada por toda palavra
de incentivo, vocês acreditam mais em mim do que eu mesma! Nosso amor foi criado no
coração de Deus e tenho certeza que Ele nos manterá juntinhas por toda vida. Vocês são
minha definição de amizade verdadeira.
As amigas do consultório por dividirem todos os dias minha agustia pelos dias
longos e agitados. Vocês são especiais. Que possamos avançar na idealização dos
nossos sonhos juntas. Aos demais amigos em especial a Alana, Juliana, Camila, Ligia,
Tatiany e Iaynã por todos os momentos de alegria e amor. A TO me presenteou com
diversas experiências, mas experimentar a amizade de vocês com certeza fez toda a
diferença.
À minha querida orientadora Sandra Vieira, pela confiança e pelo brilho nos olhos
em estudar esse publico que tanto amo. Só posso agradecer por ter tornado este
processo tão leve.
À minha orientadora da vida Keise Nóbrega, por todo incentivo e confiança desde a
graduação. Você é uma inspiração. Deus escolhe muito bem que entra na minha vida, e
tê-la até hoje certamente é um presente. Muito obrigada por tanto carinho.
5
Aos amigos de turma mais especiais que eu poderia receber neste mestrado.
Nosso encontro e amizade foi a melhor surpresa que eu recebi em 2015. Fomos e
seremos sempre parceiros. Vocês são incríveis. Ainda nos encontraremos demais nos
encontros docentes. Conto com vocês para juntos construirmos uma Educação pautada
nos princípios de Paulo Freire; considerando que nossos futuros ‘alunos’ serão
aprendizes em processo constante de busca e possíveis sonhadores com a construção
de uma sociedade mais justa e mais humana.
Por fim, agradecer a todos pelo apoio e amor dedicados a mim. Vocês fazem parte
dessa pessoa que escreve com tanta alegria esta dissertação.
Um beijo e muitíssimo obrigada!
6
“É fundamental diminuir a distância entre o que
se diz e o que se faz, de tal forma que, num
dado momento, a tua fala seja a tua prática”.
(Paulo Freire)
7
RESUMO
Esta dissertação teve como objetivo conhecer a percepção dos adolescentes com
deficiência, sobre seu processo de inclusão escolar, sob a ótica do próprio
adolescente, em escolas públicas municipais da cidade do Recife- PE. Obteve
parecer favorável pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de
Pernambuco, sob o registro 367/14 e Certificado de Apresentação para
apreciação Ética sob o registro 8495.3.058.000-14. Em seguida a pesquisa foi
desenvolvida com 48 adolescentes com deficiência, que estivessem na faixa
etária entre 10 e 19 anos, de cinco escolas públicas municipais da cidade do
Recife. A seleção dos alunos dentro dos critérios de inclusão foi realizada a partir
da listagem dos adolescentes que se encontravam com habilidade para responder
a entrevista. A coleta de dados foi realizada efetivamente em dois momentos; o
primeiro com o adolescente, individualmente, em local disponibilizado pela
direção da escola, ocorrendo de forma organizada, sem interrupções, de acordo
com as necessidades do adolescente. O segundo momento da coleta foi realizado
com o responsável pelo adolescente via telefone, para obtenção das informações
socioeconômicas e demográficas. Foi realizada pela análise da maioria das
respostas; ou seja, as informações respondidas pelos adolescentes foram
compiladas e representadas por meio de fluxogramas individuais em cada
entrevista. Posteriormente, os fluxogramas individuais de todos os participantes
foram comparados e analisados, e deu espaço à construção de um ecomapa
único, representativo da maioria das relações. Este estudo abordou os diversos
fatores que envolvem o processo de inclusão escolar, caracterizando suas
esferas e peculiaridades, através das quais é possível mencionar que a inclusão
precisa estar muito mais relacionada com praticas educativas e sociais, do que
com apenas parâmetros de inserção do aluno com deficiência.
Palavras-chave: Inclusão Escolar, Adolescente com Deficiência, Práticas
Educativas.
8
ABSTRACT
This dissertation aimed to know the perception of adolescents with disabilities,
about their process of school inclusion, from the perspective of adolescents
themselves, in municipal public schools in the city of Recife-PE. It obtained a
favorable opinion from the Research Ethics Committee of the University of
Pernambuco under registration 367/14 and Certificate of Presentation for Ethical
assessment under registration 8495.3.058.000-14. Next, the study was carried out
with 48 adolescents with disabilities, aged between 10 and 19 years, from five
municipal public schools in the city of Recife. To select students who fit the criteria
for inclusion in this research, the special education coordinator of each unit offered
a new list of students who were able to respond to the interview. Data collection
was carried out effectively in two moments; The first with the adolescent,
individually, in a place made available by the direction of the school, occurring in
an organized, uninterrupted manner, according to the needs of the adolescent.
The second moment of the collection was made with the person responsible for
the adolescent via telephone (information provided by the school board), to obtain
socioeconomic and demographic information. It was performed by the analysis of
most of the answers; That is, the information answered by adolescents was
compiled and represented by means of individual flow charts in each interview.
Subsequently, the individual flowcharts of all participants were compared and
analyzed, and gave space to the construction of a single ecomap, representative
of most relationships. This study addressed the various factors that involve the
process of school inclusion, characterizing their spheres and peculiarities, through
which it is possible to mention that inclusion needs to be much more related to
educational and social practices, than with only parameters of the student's
insertion with deficiency.
Keywords: School Inclusion, Adolescent with Disabilities, Educational Practices
9
LISTA DE FIGURAS
ARTIGO 2
FIGURA 1 Ecomapa com fatores que interferem no processo de inclusão escolar segundo os adolescentes. ................................................................ 50
ARTIGO 3
FIGURA 1 Adaptações nos níveis curriculares para o aluno com deficiência. .......................................................................................................... 63
10
LISTA DE TABELAS
ARTIGO 1
TABELA 1 Artigos relacionados ao tema, segundo periódico, na base de dados
BIREME, 2008 a 2012 ..................................................................................................... 25
TABELA 2 Artigos que abordam as categorias temáticas, segundo periódico,
na base de dados PUBMED, 2008 a 2012. ..................................................................... 26
ARTIGO 2
TABELA 3 Distribuição das características socioeconômicas e
demográficas dos adolescentes, Recife, 2016 ................................................... 51
11
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 Fluxograma do Desenho do Estudo .............................................. 35
12
LISTA DE ABREVIATURAS
SIGLAS / DESIGNAÇÃO
APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais
PUBMED – Publicações Médicas
INES - Instituto Nacional da Educação dos Surdos
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
CEP-UPE – Comitê de Ética em Pesquisas da Universidade de Pernambuco
TEA – Transtorno do Espectro Autista
AEE – Atendimento Educacional Especializado
NEE – Necessidade Educacional Especializada
GRE – Gerência Regional de Educação
SEGEP – Secretaria Executiva de Gestão Pedagógica
CAAE – Certificado de Apresentação para Apreciação
IBC - Instituto Benjamin Constant
13
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 14
2 OBJETIVOS .................................................................................................... 17
2.1 Geral .......................................................................................................... 18
2.2 Específicos ................................................................................................ 18
3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ................................................................. 19
4 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................... 21
Artigo 1. Desafios para a inclusão escolar de adolescentes com
deficiência no Brasil: uma revisão sistematizada integrativa. .......................... 22
5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................................ 35
5.1 Desenho do Estudo ................................................................................... 36
5.2 Local do Estudo ......................................................................................... 38
5.3 População do Estudo ................................................................................ 39
5.3.1 Critérios de Inclusão ......................................................................... 39
5.4 Amostra ..................................................................................................... 39
5.5 Instrumento do Estudo .............................................................................. 40
5.6 Coleta de Dados ........................................................................................ 40
5.7 Análise de Dados ...................................................................................... 41
5.8 Considerações Éticas e Legais ................................................................. 41
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 43
Artigo 2. Inclusão escolar sob o olhar de adolescentes com deficiência
da Cidade do Recife –PE. ......................................................................... 44
Artigo 3. Adolescentes com deficiência incluídos em salas de
aulas regulares: Contribuições da Educação em Saúde para melhor
adaptação ao contexto. ............................................................................ 60
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 69
REFERÊNCIAS
APÊNDICE
ANEXOS
15
No Brasil historicamente a Educação Especial começou a ser pensada no
século XVI, por uma equipe formada por médicos e pedagogos que se
interessaram em contrapor os conceitos da época e investiram na educação de
pessoas, até então, desacreditadas quanto ao aprendizado. Por saberem que a
educação formal era direito raro a essa população, foram eles os próprios
professores de seus alunos. A Educação Especial se estruturou, então, como
atendimento educacional especializado para substituir o ensino comum e
provocou diferentes compreensões, que culminaram na criação de instituições,
escolas e classes especiais. (MENDES, 2006)
A partir de então, o atendimento educacional às pessoas com
necessidades especiais teve início na época do Império com a criação de duas
instituições: o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, atual Instituto
Benjamin Constant – IBC, e o Instituto dos Surdos Mudos, em 1857, atual Instituto
Nacional da Educação dos Surdos – INES, ambos no Rio de Janeiro. No início do
século XX, foi fundado o Instituto Pestalozzi, instituição especializada no
atendimento às pessoas com necessidades especiais; em 1945, foi criado o
primeiro atendimento educacional especializado às pessoas com altas habilidades
na Sociedade Pestalozzi. Em 1954, foi fundada a primeira Associação de Pais e
Amigos dos Excepcionais – APAE . (BRASIL, 2005;2008)
Os movimentos sociais pelos direitos humanos foram marcantes na década
de 1960 e, com muito esforço, sensibilizaram a sociedade sobre os prejuízos da
discriminação e da exclusão de indivíduos de grupos já naturalmente segregados,
o que culminou na política de inclusão escolar que impede a exclusão de qualquer
grupo ou criança do sistema de educação. Esse novo cenário promoveu uma
base sólida para a inclusão escolar. A partir de então, todas as crianças e
16
adolescentes com necessidades especiais, de qualquer tipo, passaram a ter o
direto de participar de quaisquer atividades escolares e cotidianas oferecidas para
as demais crianças. (BRASIL, 2005;2008)
Nessa perspectiva, a inclusão escolar deixou de ser uma preocupação
apenas dos governantes e estudiosos, e passou a ser questão fundamental da
sociedade em busca de modificar a situação de pessoas com necessidades
especiais, historicamente relacionadas a um conjunto de incapacidades que
definiam seu lugar de exclusão na sociedade. (MENDES, 2006; BRASIL,2005)
Uma prática realmente inclusiva deve combater a exclusão, no espaço da
escola e em todas as esferas sociais. Assim, a efetivação de políticas inclusivas
que pretendam ser reais e eficientes deve estar atenta, também, à rede de
cuidados, que se caracteriza pelas instituições de apoio. (MENDES, 2006;
BRASIL,2005)
A partir do exposto este trabalho se propõe a descrever a percepção dos
adolescentes com deficiência, sobre seu processo de inclusão escolar. Uma vez
que muito já se estudou sobre estes adolescentes, porém com base na
perspectiva dos pais e/ou cuidadores e educadores, o que por vezes diferencia da
situação real, quando comparado com o olhar de quem vivencia a inclusão
escolar; ou seja, o próprio adolescente.
18
2.1 Objetivo Geral
Conhecer a percepção de adolescentes com deficiência sobre seu
processo de inclusão escolar, em instituições do ensino público municipal do
Recife – PE.
2.2 Específicos
2.2.1 Descrever a relação do adolescente com o equipamento de apoio
escola;
2.2.2 Relatar as principais dificuldades e facilidades vivenciadas pelo
adolescente com deficiência no período de adaptação escolar;
2.2.3 Verificar a participação destes adolescentes na escola e atividades
escolares.
20
Essa dissertação foi estruturada no formato de três artigos. O primeiro
artigo intitulado “Desafios para a inclusão escolar de adolescentes com
deficiência no Brasil: uma revisão sistematizada integrativa”, foi desenvolvido para
fundamentar este estudo em forma de revisão da literatura, cujos achados foram
compilados e submetidos em formato de artigo à revista Temas sobre
Desenvolvimento e já se encontra publicado. O segundo artigo “Inclusão
escolar sob o olhar de adolescentes com deficiência da Cidade do Recife –PE” foi
realizado para relatar os achados originais da pesquisa. O terceiro artigo
“Adolescentes com deficiência incluídos em salas de aula regulares:
Contribuições da Educação em Saúde para melhor adaptação ao contexto”
contém as ações realizadas nas escolas pelos pesquisadores, após levantamento
das dificuldades gerais dos adolescentes, com objetivo de compartilhar atividades
que podem ser replicadas em outros contextos e que correspondem a ações
educativas em saúde.
22
ARTIGO 1.
Desafios para a inclusão escolar de adolescentes com deficiência no Brasil:
uma revisão sistematizada.
Challenges for School inclusion of adolescents with disabilities in Brazil: A
systematized review.
- Artigo de Revisão –
Este artigo foi elaborado e publicado na revista Temas sobre Desenvolvimento
pelas pesquisadoras em junho de 2015, como forma de nortear a pesquisa.
(QUALIS B1 – interdisciplinar).
Barata MFO, Holanda MA, Vieira SCM. Desafios para a inclusão escolar de
adolescentes com deficiência no Brasil: uma revisão sistematizada
integrativa. Temas sobre Desenvolvimento 2015/16; 20(112):158-61.
23
Resumo
O presente artigo é fruto de uma revisão da literatura que visa conhecer e
descrever os desafios relacionados a inclusão escolar de adolescentes com
deficiência no Brasil, devido aos importantes prejuízos que a inadequada inserção
destes alunos no ambiente escolar pode causar à esta parcela vulnerável da
população. Para isto foi realizada uma busca na base de dados Bireme, para
recuperar os artigos publicados no período de 2008 a 2012, sem delimitação de
idioma e teve como descritores as palavras Adolescente, deficiência e inclusão
escolar. Foram encontrados 282 artigos, dos quais 5 foram selecionados para
análise e discussão, por se enquadrarem em critérios específicos descritos
detalhadamente na metodologia. Este artigo discute, com base em três categorias
(dificuldades na formação docente, concepções subjetivas do aluno e barreiras
físicas e de comunicação), os principais desafios para uma inclusão escolar
coerente com as atuais políticas inclusivas do país. Acrescenta-se que a inclusão
deverá acontecer de forma efetiva quando o Estado, a sociedade e o adolescente
com deficiência andarem em parceria com enfoque nas capacidades que este
apresenta de se tornar um sujeito hábil para o aprendizado.
Descritores: Adolescente; deficiência; inclusão escolar.
24
Abstract
The present article and the result of a literature review que seen discover and
describe related challenges school inclusion of adolescents with disabilities in
brazil, due to important losses que improper insertion of these students without
school environment may cause to this vulnerable part of the population. For this is
a search was made on the basis of a bireme data, paragraph recover the articles
published in the 2008 to 2012 period without delimitation of language and had how
key words as teenager, disability and inclusion school. Were found 282 articles, of
which were selected five of analysis and discussion, for they fit into specific criteria
described in detail in the methodology. This article discusses, based on three
categories (difficulties teacher training, subjective conceptions do students and
physical barriers and communication), the main challenges paragraph a coherent
school inclusion with as current inclusive policies to country. Adds a que must
happen inclusion effective way when the state, the society and the teenager with
disabilities walk in partnership with at the capabilities que this approach has
become hum skilled subject for learning.
Descriptors: Adolescent; disabilities; school inclusion.
25
Introdução Artigo 1
Historicamente a educação especial começou a ser pensada no século
XVI, através de uma equipe formada por médicos e pedagogos que, se
interessaram em contrapor os conceitos da época, e investiram na educação de
pessoas até então desacreditadas de aprender. Por saberem que a educação
formal era direito raro, foram eles os próprios professores de seus alunos. 1
A educação especial se estruturou então como atendimento educacional
especializado com dever de substituir o ensino comum e demonstrando diferentes
compreensões, que culminaram na criação de instituições, escolas e classes
especiais. No Brasil, o atendimento educacional às pessoas com deficiência teve
início na época do Império com a criação de duas instituições: o Imperial Instituto
dos Meninos Cegos, em 1854, atual Instituto Benjamin Constant – IBC, e o
Instituto dos Surdos Mudos, em 1857, atual Instituto Nacional da Educação dos
Surdos – INES, ambos no Rio de Janeiro. No início do século XX foi fundado o
Instituto Pestalozzi - 1926, instituição especializada no atendimento às pessoas
com deficiência mental; em 1954 foi então fundada a primeira Associação de Pais
e Amigos dos Excepcionais – APAE e; em 1945, criado o primeiro atendimento
educacional especializado às pessoas com superdotação na Sociedade
Pestalozzi, por Helena Antipoff. 2,3
Os movimentos sociais pelos direitos humanos foram marcantes na década
de 1960, e, com muito esforço, sensibilizaram a sociedade sobre os prejuízos da
discriminação e da exclusão de indivíduos de grupos já naturalmente segregados,
tornando a exclusão de qualquer grupo ou criança uma prática inaceitável. Este
novo cenário provocou uma base sólida para a entrada da inclusão escolar, visto
26
porque a partir de então, todas as crianças e adolescentes com deficiências,
fossem elas quais fossem, passaram a ter o direto de participar de quaisquer que
fossem as atividades escolares e cotidianas oferecidas para as demais crianças.
2,3
Nessa perspectiva, a inclusão escolar deixou de ser uma preocupação
apenas dos governantes e estudiosos, e passa a ser questão fundamental da
sociedade em busca de modificar a condição de que, pessoas com deficiência,
são historicamente relacionadas a um conjunto de desigualdades que definem
seu lugar de exclusão na sociedade. 1,3
Uma prática realmente inclusiva deve combater a exclusão, no espaço da
escola e em todas as esferas sociais. Assim, a efetivação de políticas inclusivas
que pretendam ser reais e eficientes deve estar atenta também para a rede de
cuidados, que se caracteriza pelas instituições de apoio. 1-3
Com base nesta perspectiva foi realizada uma revisão sistematizada da
literatura objetivando conhecer e descrever os desafios para a inclusão escolar de
adolescentes com deficiência no Brasil.
Método
O presente estudo trata-se de uma revisão sistematizada da literatura para
obtenção das produções científicas entre 2008 e 2012, que tenham abordado os
desafios para a inclusão escolar de adolescentes com deficiência no Brasil. A
busca foi realizada no mês de junho de 2015 na base de dados BIREME e teve
seus achados filtrados nos últimos cinco anos de publicação, sem delimitação de
idioma e utilizando-se os seguintes descritores juntamente com o operador (AND):
27
adolescente, deficiência e inclusão escolar. Inicialmente foram encontrados 282
artigos.
Após leitura criteriosa dos títulos, 274 foram excluídos por abordarem
inclusão social e não escolar, resultando em 8 artigos para a etapa de leitura dos
resumos. Dos 8 trabalhos, 2 foram descartados por tratarem de deficiência de
vitaminas e doenças auto-imunes, que não correspondem ao público de
adolescentes com deficiência. Os 6 artigos então selecionados, foram lidos na
íntegra para darem sustentação ao conteúdo deste trabalho, e após a leitura um
artigo foi excluído por se referir à inclusão laboral.
Resumindo, as 5 produções finais foram selecionadas para discussão por
se enquadrarem nos seguintes critérios de inclusão: abordar especificamente a
inclusão escolar; possuir população do estudo classificada entre 10 e 19 anos;
abordar os desafios para a inclusão dos adolescentes com deficiência.
Foi realizada uma leitura detalhada dos artigos a fim de categorizar as
produções com base nos desafios para a inclusão, sendo a discussão norteada
desta forma. Foram criadas tais categorias: 1.Dificuldades na formação docente;
2. Concepções subjetivas do aluno; 3. Barreiras físicas de acesso e comunicação.
Resultados
Dos 5 artigos selecionadas para o estudo, todos foram encontradas na
base de dados BIREME através dos descritores supracitados.
Os periódicos nos quais as produções foram publicadas encontram-se
explicitados na Tabela 1. A Tabela 2 demonstra as áreas temáticas que cercavam
os artigos a partir das quais foram criadas as categorias que serão discutidas
nesta produção.
28
Tabela 1. Artigos relacionados ao tema, segundo periódico, na base de dados BIREME,
2008 a 2012.
Periódico N
Revista Brasileira de Educação Especial 2
Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo 1
The Journal of Physical Education. UNESP 1
Paidéia 1
Tabela 2. Artigos que abordam as categorias temáticas, segundo periódico, na base de
dados PUBMED, 2008 a 2012.
Categorias Temáticas N
Dificuldades na formação docente 2 de 5
Concepções subjetivas do aluno 2 de 5
Barreiras físicas de acesso e comunicação 1 de 5
DISCUSSÃO
A escola possui papel fundamental tanto no desenvolvimento infantil,
quanto no amadurecimento das questões psíquicas do adolescente, e se torna o
primeiro ambiente externo ao contexto familiar que insere o indivíduo na esfera
das relações sociais. As primeiras experiências vividas no ambiente escolar serão
fundamentais para a construção da relação com o outro, da forma como este se
coloca no mundo e frente ao ser ativo. Instituições como a escola surgem como
29
espaço de troca, em que os indivíduos se organizam de maneira que objetivam
compreender os diferentes papéis sociais.4
Através dos resultados desta busca sistematizada, percebeu-se que, a
sociedade vem enfrentando importantes desafios para a inclusão escolar dos
adolescentes com deficiência no Brasil. Tais dificuldades são percebidas a partir
de estudos que investigaram a participação de crianças e adolescentes com
deficiência física no ambiente escolar e relataram que a participação destas é
mais restrita quando comparada à de crianças sem deficiência. Surgem então
dificuldades específicas e que serão discutidas neste artigo de forma categorizada
para permitir melhor fluidez na leitura. 3,4
I. Dificuldades na formação docente
O Estudo Monteiro e Manzini (2008), realizado em escolas do interior
Paulista, aponta algumas características de fragilidade na formação daquele que,
teoricamente, deveria estar preparado para educar sujeitos capazes de encarar a
sociedade com o máximo de conhecimento possível de ser adquirido no ambiente
escolar; tenha o adolescente alguma deficiência ou não. Os professores
relataram sentir medo do comportamento emocional dos alunos, medo de como
iniciar a relação com os mesmos, sentem-se incapazes com sua bagagem teórica
e por possuírem conhecimentos insuficientes para abarcar a necessidade de tais
alunos. A mesma temática é discutida no estudo de Costa (2010), onde afirma
que, embora percebam suas limitações para ensinar em virtude da precária
formação, a maioria dos professores quando questionados sobre a procura por
estratégias de atualização, refere que não procuram novas formas de aplicar os
conteúdos pedagógicos para os adolescentes com deficiência. 5,6
30
Os pesquisadores referem ainda que é natural que sentimentos de medo,
insegurança, pena, sejam percebidos pelos professores da escola regular diante
da inclusão do aluno com deficiência, haja vista que existe desconhecimento e
também ideias preconcebidas em relação à deficiência. Os professores relataram
que algumas vezes não eram previamente informados sobre a presença de algum
aluno com deficiência na classe, e esse fato, juntamente com a falta de formação
culminou para que houvesse maior dificuldade com relação à inclusão. 5
O despreparo destes professores leva-os à uma posição de menosprezo
inconsciente das habilidades e capacidades do aluno; tal atitude se expressa na
incoerência da aptidão cognitiva do escolar com o que lhe é oferecido de
atividade. Ou ainda, quando o autor refere que tais adolescentes eram proibidos
de participarem das atividades físicas, por não haver na escola, um profissional
capaz de orientá-los quanto aos movimentos e habilidades necessárias para a
atividade proposta.5
II. Concepções Subjetivas do Aluno
Ao analisar a inclusão escolar de um aluno com deficiência mental, o estudo
de Gomes e Gonzalez (2008), retratou aspirações importantes do adolescente:
“Tenho muita vontade de ler e escrever, eu quero aprender.... “eu venho para
aprender, só que só sei algumas lições, outras são difíceis, daí não faço nada,
mas preciso ler e escrever porque quero ser policial, e tem que estudar bastante
para ser policia”. Estes sentimentos singulares do aluno sobre seu processo de
educação permeia por todo o seu desenvolvimento. É nesta perspectiva, entre o
que ele observa de si e a consideração social, que o processo de inclusão do
aluno pode estacionar.7
31
O estudo de Montilha et al (2009), que buscou identificar as características e
percepções de adolescentes escolares com deficiência visual, corrobora como
estudo anterior ao apontar que 50% dos adolescentes participantes da pesquisa
referiram dificuldade em acompanhar a matéria escolar em virtude da deficiência
e perceberam-se despreparados para enfrentar as exigências que a vida lhes
encarrega.8
O resgate à subjetividade do aluno destaca a reinserção dos sujeitos com
deficiência, que deixam de ser vistos como passivos, e se tornam atores ativos
que devem ser capazes de construir suas próprias relações sociais, entre elas as
institucionais e escolares. Torna-se claro que os desafios a serem atravessadas
por estes alunos, são fruto não apenas de seu déficit motor, intelectual ou
cognitivo, mas de uma tendência insistentemente capaz de considerar os sujeitos
como inábeis para o aprendizado. O Que lhes configura medo, ansiedade e
incertezas quanto ao futuro, e que por vezes, os faz acreditar nesta tão falada
impossibilidade. 7,8
III. Barreiras Físicas de Acesso e Comunicação
Ghedini(2010), ao analisar sobre a participação do escolar com deficiência no
ambiente escolar, traz o achado de que, dos oito artigos que lhe serviram de
referencial teórico, quatro abordam que as principais limitações dos escolares
eram suas inabilidades motoras; aspectos que foram destacados em virtude das
precárias condições de acessibilidade das escolas. Crianças com limitação na
mobilidade, segundo esses estudos, participaram de forma menos efetiva na
maioria dos ambientes escolares. 5
32
Os estudiosos realçaram que, apesar de a inclusão de indivíduos com
deficiência venha sendo implementada há anos, a construção e arquitetura das
escolas ainda são planejadas considerando apenas os estudantes sem
deficiência. Ainda sobre os achados na produção de Ghedini, dois destes estudos
afirmaram que crianças com comprometimento na linguagem tiveram mais
dificuldade em inserir-se nas atividades escolares, demonstrando a inexistência
de comunicação alternativa para que as crianças fossem capazes de se
comunicar com seus pares e com os adultos sobre os mesmos assuntos e nas
mesmas situações que as crianças com fala/linguagem verbal.5
Algumas barreiras foram fortemente identificadas: inacessibilidade
devido a escadas, salas de aulas localizadas em outros andares, passagens
estreitas e falta de acesso ao banheiro, falta de rampas e elevadores,
estruturas sem adaptações, ausência de caixas de som para amplificação das
ondas sonoras, baixa iluminação e quadros de lousa que dificultavam o acesso
dos que apresentavam baixa visão.5
CONCLUSÃO
Grandes foram as discussões a cerca desta temática ao longo das
décadas, e algumas delas serviram de base para modificar as concepções e
crenças sobre as capacidades da pessoa com deficiência, sobretudo quando
foram realizadas capacitações com os professores. Torna-se evidente que o
processo de inclusão escolar pode objetivar tanto o incentivo à prática de papéis
individuais e sociais, quanto à consideração desses sujeitos participantes e
constituintes de suas relações sociais.
33
Com vistas em diminuir a desconexão entre as políticas e a prática, são
necessárias mudanças, que vão desde a ampliação do tema da deficiência nas
disciplinas de formação do professor até o oferecimento de capacitação
continuada sobre os conhecimentos específicos da deficiência.
Neste sentido, para avançar e consolidar a Inclusão é fundamental que os
órgãos de fomento, bem como as instituições educacionais, as escolas, os
professores e a sociedade de modo geral realizem seus diferentes papéis em
busca de uma sociedade de fato inclusiva, sobretudo no quesito escolar; base
para o futuro de qualquer adolescente.
34
Referências
Mendes EG. A radicalização do debate sobre inclusão escolar no Brasil. Rev.
Bras. de Ed., 2006; 11(33): 387-405.
Ministério da educação. Política nacional de educação especial na perspectiva da
educação inclusiva . Brasília, DF: O Ministério; 2008.
Ministério da Educação. Documento subsidiário à política de inclusão. Brasília:
Secretaria de Educação Especial; 2005.
Ghedini LSL, et al. Participação de alunos com deficiência. Rev. Ter. Ocup. Univ.
São Paulo, 2010; 21(1): 1-9.
Monteiro APH, Manzine EJ. Mudanças nas concepções do professor do ensino
fundamental em relação à inclusão após a entrada de alunos com deficiência em
sua classe. Rev. Bras. Ed. Esp., Jan-Abr2008; 14(1): 35-52.
Costa V B. Inclusão escolar na educação física: reflexões acerca da formação docente.
Motriz, out-dez 2010; 16(1): 889-899.
Gomes C, GONZALEZ RFL. Subjetividade do aluno com deficiência mental-
Relato de Pesquisa. Rev. Bras. Ed. Esp., Jan.-Abr. 2008; 14(1): 53-62.
Montilha RCI, Temporini ER, Nobre MIRS, Gasparetto MERF, Kara J. Deficiência
visual e escolarização. Paideia, set-dez 2009; 19(44): 333-339.
36
5.1 Desenho do Estudo
Este estudo de caráter qualitativo observacional analítico, tendo em
vista que buscou observar, analisar, registrar, categorizar e discutir os fenômenos
que cercam a inclusão escolar de adolescentes com deficiência na cidade do
Recife. De corte transversal visto que relatou tais aspectos em um determinado
momento, sem a pretensão de estabelecer relações de causa e efeito entre eles.
Tratou-se ainda de um estudo exploratório, pois se buscou o
aprofundamento da realidade em questão, mediante a aproximação entre o
pesquisador e o objeto de estudo a partir da caracterização e da análise das
informações coletadas da amostra.
Como vantagens para a realização deste estudo podem ser citados o
pouco tempo necessário para as entrevistas, o baixo custo investido na
preparação do material para a coleta, a objetividade e a riqueza de informações
fornecidas pelos participantes da pesquisa.
Segue abaixo um fluxograma de como o estudo foi conduzido. (QUADRO 1).
37
Quadro 1. Fluxograma do desenho do estudo.
ESTUDO TRANSVERSAL
CONHECER A PERCEPÇÃO DO ADOLESCENTE COM DEFICIÊNCIA SOBRE
SUA INCLUSÃO ESCOLAR
AUTORIZAÇÃO DA SEGEP
CONSTRUÇÃO DOS ECOMAPAS
ESCOLAS PÚBLICAS MUNICIPAIS
AMOSTRA DE ADOLESCENTES COM DEFICIÊNCIA
10 A 19 ANOS
APLICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS
Com os adolescentes com Deficiência
FORMULÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO
CATEGORIZAÇÃO DOS DADOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
ESTUDO TRANSVERSAL
ANÁLISE DO CONTEÚDO
38
5.2 Local do Estudo
O estudo foi realizado no município do Recife, capital do estado de
Pernambuco. Este se encontra dividido em 17 Gerências Regionais de Educação
(GRE), devido ao elevado número de escolas, está subdividida em duas
gerências distintas, a GRE Recife Norte e a GRE Recife Sul.
Foram sugeridas pela Secretaria Executiva de Gestão Pedagógica
(SEGEP) 11 escolas regulares, todas elas continham alunos dos Anos Finais do
Ensino Fundamental (6º - 9º ano).
O conselho Estadual de Educação de Pernambuco, com fundamento no
Capítulo V – art 58,59 e 60 – da Lei Federal nº 9.349, de 20/12/96 – Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Resolução CEE/PE Nº 01/2000, de 16
de Fevereiro de 2000) resolveu que os alunos com necessidades educativas
especiais (NEE) passariam a ser atendidos definitivamente nas escolas do
sistema geral do ensino, garantindo-lhes todo apoio, com base em suas
dificuldades e especificidades. Desta forma, fizeram parte do estudo os alunos
efetivamente matriculados em escolas inclusivas, nas quais os alunos estivessem
exclusivamente inseridos em salas regulares.
Para garantir a confiabilidade do estudo, as escolas foram sorteadas e
organizadas em números de 1 a 11. Após obter a ordem de das escolas para
início da pesquisa, foi realizado contato prévio com a Coordenação do Apoio
Educacional Especializado (AEE) de cada escola, para contato inicial e
apresentação da pesquisa. A coordenação das escolas foi informada
previamente, que mesmo estando na listagem oficial da pesquisa, haveria a
possibilidade de os adolescentes não serem efetivamente entrevistados. Uma vez
que este estudo contou como o critério de ponto de corte, a saturação dos dados.
O fechamento amostral por saturação teórica dos dados é operacionalmente
definido como a suspensão de inclusão de novos participantes quando os dados
obtidos passam a apresentar, na avaliação do pesquisador, certa redundância ou
repetição. (REIS, 2013)
Deste fim, os pesquisadores perceberam as repetições sendo frequentes a
partir da quinta escola. Sendo então realizada a pesquisa em 5 das 11 escolas
sugeridas pela SEGEP.
39
5.3 População do Estudo
A população deste estudo foi composta por adolescentes com deficiência,
de ambos os gêneros, na faixa etária de 10 a 19 anos (de acordo com os critérios
da Organização Mundial de Saúde), matriculados e frequentando regularmente as
escolas públicas municipais que adotam o regime de educação inclusiva no
Município do Recife-PE.
5.3.1 Critérios de Inclusão
o Possuir deficiência intelectual, mental, física ou sensorial;
o Apresentar capacidade cognitiva compreensiva e expressiva para participar
da entrevista;
5.4 Amostra
A listagem contendo as onze escolas sugeridas pela SEGEP referia um
total de 163 alunos regularmente matriculados e com laudo confirmando o tipo da
deficiência e a necessidade de inclusão em sistema de ensino regular. Vale
ressaltar que o numero de alunos sofre constantes atualizações, estas são
decorrentes da matrícula de novos alunos, que para estes casos pode acontecer
em qualquer momento, dificultando um dado fixo. Portanto o quantitativo pode ter
sido maior após a finalização do estudo.
Diante disto, dos 163 alunos, foram entrevistados 57, em cinco escolas
diferentes, sendo elas escolhidas aleatoriamente por ordem de sorteio, como dito
anteriormente. Tomando como decisão para o encerramento das entrevistas o
conceito da saturação de dados. Das 57 entrevistas realizadas, 9 foram perdidas
pela não devolução do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) a ser
assinado pelos responsáveis. Totalizando a amostra final com 48 adolescentes.
Para selecionar os alunos que se encaixassem nos critérios de inclusão
desta pesquisa, a coordenadora da Educação Especial de cada unidade ofereceu
uma nova lista dos alunos que se encontravam com habilidade para responder a
entrevista.
40
5.5 Instrumentos do Estudo
O estudo foi realizado através da aplicação do questionário semi-
estruturado padronizado (Anexo A), contendo questões sobre os aspectos
sociodemográficos, incluindo dados de identificação do adolescente, sua condição
socioeconômica, e 7 (sete) questões norteadoras para a entrevista e
consequentemente elaboração do ecomapa.
O ecomapa se configura por ser um instrumento útil para avaliar as
relações familiares com o meio social. É representado por diagramas interligados
por um círculo ao meio representando a família ou mesmo o indivíduo. Pelo fluxo
das relações é possível mensurar a força de ligação com determinado
equipamento social ou relação pessoal; é possível ainda identificar o impacto
sobre essa relação e a qualidade da ligação (ALVES; SILVEIRA, 2011).
Através das respostas individuais, o pesquisador elaborou com o próprio
adolescente, subcategorias que incluíram os aspectos facilitadores e
dificultadores do seu processo de inclusão escolar. Gerando uma grande
variedade de categorias. Sendo as mais referidas pelos adolescentes,
explicitadas aqui em formato de fluxograma no ecomapa único, apresentado na
seção de resultados. (Figura 1)
5.6 Coleta de Dados
O estudo foi realizado nos meses de Maio, Junho e Julho de 2016.
Inicialmente através do contato prévio com as 11 (onze) escolas, para
apresentação da pesquisa e levantamento dos adolescentes que estavam
matriculados, para checagem de compatibilidade com a lista original enviada pela
SEGEPE. Neste primeiro contado as escolas foram devidamente informadas que
apesar de constarem na lista para participação na pesquisa, caso houvesse
saturação das informações, não seria possível a inclusão das mesmas no
procedimento de coleta.
41
Em posse da listagem oficial de cada escola, fornecida pela Coordenação
de Atendimento Educacional Especializado (AEE) de cada unidade, foi possível
realizar o sorteio das escolas e iniciar por ordem classificatória.
A coleta de dados foi realizada efetivamente em dois momentos; o primeiro
com o adolescente, individualmente, em local disponibilizado pela direção da
escola, ocorrendo de forma organizada, sem interrupções, de acordo com as
necessidades do adolescente.
Apesar de ser um questionário simples, foi preciso maior cautela na
entrevista em virtude de se tratar de uma população com limitações cognitivas e
também dificuldades em formular e expressar seus pensamentos. Embora sendo
notório que estes fatores não repercutiram negativamente sobre a qualidade das
respostas e veracidade das informações. Uma vez que todos os adolescentes
incluídos no estudo correspondiam aos critérios de seleção da amostra.
O segundo momento da coleta foi realizado com o responsável pelo
adolescente por meio de contato telefônico (informações cedidas pela diretoria da
escola), para obtenção das informações socioeconômicas e demográficas.
5.7 Análise dos Dados
Foi realizada pela análise da maioria das respostas; ou seja, as
informações respondidas pelos adolescentes foram compiladas e representadas
por meio de fluxogramas individuais em cada entrevista. Posteriormente, os
fluxogramas individuais de todos os participantes foram comparados e analisados,
e deu espaço à construção de um ecomapa único, representativo da maioria das
relações. Logo, se a maioria dos sujeitos, mencionar que determinado fator X é
um facilitador importante, tal fator será representado através de uma linha
espessa, representando uma relação forte e não conflituosa para a inclusão
escolar do adolescente.
A análise do discurso dos adolescentes foi feita através de categorias e
discutidas com base na literatura, para dar fundamentação aos sentimentos
trazidos pelos adolescentes.
42
5.8 Considerações Éticas e Legais
Em seguimento a resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde do
Ministério da Saúde, que regulamenta as pesquisas envolvendo seres humanos,
esta pesquisa foi cadastrada na Plataforma Brasil para aprovação do Comitê de
Ética em Pesquisa da Universidade de Pernambuco (CEP-UPE), sob o registro
367/14; Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) sob o registro
8495.3.058.000 - 14 e Carta de Anuência da SEGEP. Todos os responsáveis
assinaram o TCLE, e os participantes aceitaram participar.
Carta de Anuência da SEGEP (Anexo B)
Parecer do Comitê de Ética (Anexo C)
Termo de Confiabilidade (Apêndice A)
44
ARTIGO 2.
Inclusão escolar sob o olhar de adolescentes com deficiência da cidade do
Recife - PE.
School inclusion under the eyes of adolescents with disabilities in the city of
Recife – PE.
Mayara Francelle Oliveira Barata1
Sandra Conceição Maria Vieira2
1 Terapeuta Ocupacional. Aluna do Mestrado em Hebiatria.
2 Professora, Doutora em Odontopediatria (UPE). Docente do Programa de Pós-
Graduação em Hebiatria – Universidade de Pernambuco.
*Artigo Original de Pesquisa será submetido à revista Educação & Realidade.
(QUALIS A2)
45
INTRODUÇÃO Artigo 2
A adolescência pode ser vivenciada de diferentes formas. Trata-se de uma
etapa de crescimento e desenvolvimento do ser humano, marcada por grandes
transformações físicas, psíquicas e sociais. Mais precisamente, entende-se
adolescência como o período de desenvolvimento situado entre a infância e a
idade adulta, delimitado cronologicamente pela Organização Mundial da Saúde
como a faixa dos 10 aos 19 anos de idade, está também adotada no Brasil, pelo
Ministério da Saúde. Constitui-se como uma fase fundamental na no processo de
desenvolvimento humano, e engloba diversos fenômenos biológicos, psicológicos
sociais e culturais, que não podem ser dissociados (CARNEIRO, 2015).
Este período exige uma série de investimentos para preparar um ambiente
suficientemente adequado para que o adolescente possa se desenvolver . Em se
tratando de adolescentes com algum tipo deficiência, estes esforços devem se
tornar ainda mais intensos, sobretudo na área educacional. Incluindo toda a
reformulação dos paradigmas a respeito da educação inclusiva, adaptação e
organização do conteúdo escolar de forma compatível com a capacidade
cognitiva dos alunos, programas de inserção destes adolescentes nas classes
regulares, apoio suplementar, criação de estratégias de assiduidade destes
alunos, entre outras (GARGHETTI; NUERNBERG; MEDEIROS, 2015).
As políticas nacionais de educação preconizam a inclusão de todos os
alunos na escola regular. A deficiência não é algo localizado em um indivíduo,
mas criado e legitimado nas relações sociais, em especial nas relações
estabelecidas nos grupos familiares, escolares e de trabalho. E ao compreender
que a deficiência é construída nas relações sociais, é indispensável que as
investigações sobre a inclusão não sejam limitadas à dimensão individual.
(GARGHETTI; NUERNBERG; MEDEIROS, 2015).
Muitos são os estudos realizados sobre inclusão escolar; sobretudo na
perspectiva de professores e familiares. E neste processo, destaca-se o papel
central da família. No âmbito familiar são constituídos valores e crenças, são
vivenciadas interações cotidianas e relações que permitem o desenvolvimento de
competências sociais, dentre elas autonomia. Cuidadores próximos de
46
adolescentes com algum tipo de deficiência, por vezes têm em si despertados
sentimentos de superproteção e cuidado excessivo. E tendem a observar inclusão
a partir de outra ótica, que em alguns momentos se diferencia da situação real de
que vive, ou seja, o próprio adolescente (UMAGUI et al, 2016).
Para se garantir estratégias suficientes e adequadas para a efetivação da
inclusão escolar, é preciso ter como base também o que os principais atores
deste cenário especulam sobre como é ser adolescente com deficiência incluído
no ambiente escolar regular. E considerando o adolescente como próprio
conhecedor do que lhe acontece, trazendo à tona a importância dos seus
pensamentos e reflexões para o desenvolvimento da ciência e da educação.
Objetivando conhecer os aspectos facilitadores e dificultadores da inclusão
escolar, com base na percepção do próprio adolescente com deficiência, foi
realizado este estudo em escolas públicas municipais da cidade do Recife-PE.
MÉTODOS
Desenho do Estudo
Trata-se de um estudo de caráter qualitativo descritivo, tendo em vista
que buscou observar, analisar, registrar, categorizar e discutir os fenômenos que
cercam a inclusão escolar de adolescentes com deficiência na cidade do Recife.
De corte transversal visto que relatou tais aspectos em um determinado
momento, sem a pretensão de estabelecer relações de causa e efeito entre eles.
Tratou-se ainda de um estudo exploratório, pois se buscou o
aprofundamento da realidade em questão, mediante a aproximação entre o
pesquisador e o objeto de estudo a partir da caracterização e da análise das
informações coletadas da amostra.
Como vantagens para a realização deste estudo podem ser citados o
pouco tempo necessário para as entrevistas, o baixo custo investido na
preparação do material para a coleta, a objetividade e a riqueza de informações
fornecidas pelos participantes da pesquisa.
47
Local do Estudo
O estudo foi realizado no município do Recife, capital do estado de
Pernambuco. Este se encontra dividido em 17 Gerências Regionais de Educação
(GRE) e a cidade do recife, devido ao elevado número de escolas, está
subdividida em duas gerências distintas, a GRE Recife Norte e a GRE Recife Sul.
Foram sugeridas pela Secretaria Executiva de Gestão Pedagógica
(SEGEP) 11 escolas regulares, todas elas continham alunos dos Anos Finais do
Ensino Fundamental (6º - 9º ano).
O conselho Estadual de Educação de Pernambuco, com fundamento no
Capítulo V – art 58,59 e 60 – da Lei Federal nº 9.349, de 20/12/96 – Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Resolução CEE/PE Nº 01/2000, de 16
de Fevereiro de 2000) resolveu que os alunos com necessidades educativas
especiais (NEE) passariam a ser atendidos definitivamente nas escolas do
sistema geral do ensino, garantindo-lhes todo apoio, com base em suas
dificuldades e especificidades. Desta forma, fizeram parte do estudo os alunos
efetivamente matriculados em escolas inclusivas, nas quais os alunos estivessem
exclusivamente inseridos em salas regulares.
Para garantir a confiabilidade do estudo, as escolas foram sorteadas e
organizadas em números de 1 a 11. Após obter a ordem de das escolas para
início da pesquisa, foi realizado contato prévio com a Coordenação do Apoio
Educacional Especializado (AEE) de cada escola, para contato inicial e
apresentação da pesquisa. A coordenação das escolas foi informada
previamente, que mesmo estando na listagem oficial da pesquisa, haveria a
possibilidade de os adolescentes não serem efetivamente entrevistados. Uma vez
que este estudo contou como o critério de ponto de corte, a saturação dos dados.
O fechamento amostral por saturação teórica dos dados é operacionalmente
definido como a suspensão de inclusão de novos participantes quando os dados
obtidos passam a apresentar, na avaliação do pesquisador, certa redundância ou
repetição. (REIS, 2013)
Deste fim, os pesquisadores perceberam as repetições sendo frequentes a
partir da quinta escola. Sendo então realizada a pesquisa em 5 das 11 escolas
sugeridas pela SEGEP.
48
População do Estudo
A população deste estudo foi composta por adolescentes com deficiência,
de ambos os gêneros, na faixa etária de 10 a 19 anos, matriculados e
frequentando regularmente as escolas públicas municipais que adotam o regime
de educação inclusiva no Município do Recife-PE.
6.1.1 Critérios de Inclusão
o Possuir deficiência intelectual, mental, física ou sensorial;
o Apresentar capacidade compreensiva e expressiva para participar da
entrevista;
o Aceitar participar da pesquisa.
Amostra
A listagem contendo as onze escolas sugeridas pela SEGEP referia um
total de 163 alunos regularmente matriculados e com laudo confirmando a
deficiência e a necessidade de inclusão em sistema de ensino regular. Vale
ressaltar que o numero de alunos sofre constantes atualizações, estas são
decorrentes da matrícula dos alunos, que para estes casos pode acontecer em
qualquer momento, dificultando um dado fixo. Portanto o quantitativo pode ter sido
maior após a finalização do estudo.
Diante disto, dos 163 alunos, foram entrevistados 57, em cinco escolas
diferentes, sendo elas escolhidas aleatoriamente por ordem de sorteio, como dito
anteriormente. Tomando como decisão para o encerramento das entrevistas o
conceito da saturação de dados. Das 57 entrevistas realizadas, 9 foram
descartadas pela não devolução do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE) a ser assinado pelos responsáveis. Totalizando a amostra final com 48
adolescentes.
Para selecionar os alunos que se encaixassem nos critérios de inclusão
desta pesquisa, a coordenadora da Educação Especial de cada unidade ofereceu
uma nova lista dos alunos que se encontravam com habilidade para responder a
entrevista.
49
Instrumentos do Estudo
O estudo foi realizado através do questionário semi-estruturado
padronizado (Anexo A), contendo questões sobre os aspectos
sociodemográficos, incluindo dados de identificação do adolescente, sua condição
socioeconômica, e 7 (sete) questões norteadoras para a entrevista e
consequentemente elaboração do ecomapa.
O ecomapa se configura por ser um instrumento útil para avaliar as
relações familiares com o meio social. É representado por diagramas interligados
por um círculo ao meio representando a família ou mesmo o indivíduo. Pelo fluxo
das relações é possível mensurar a força de ligação com determinado
equipamento social ou relação pessoal; é possível ainda identificar o impacto
sobre essa relação e a qualidade da ligação (ALVES; SILVEIRA, 2011).
Através das respostas individuais, o pesquisador elaborou com o próprio
adolescente, subcategorias que incluíram os aspectos facilitadores e
dificultadores do seu processo de inclusão escolar. Gerando uma grande
variedade de categorias. Sendo as mais referidas pelos adolescentes,
explicitadas aqui em formato de fluxograma no ecomapa único, apresentado na
seção de resultados. (Figura 1)
Coleta de Dados
O estudo foi realizado nos meses de Maio, Junho e Julho. Inicialmente
através do contato prévio com as 11 (onze) escolas, para apresentação da
pesquisa e levantamento dos adolescentes que estavam matriculados, para
checagem de compatibilidade com a lista original enviada pela SEGEPE. Neste
primeiro contado as escolas foram devidamente informadas que apesar de
constarem na lista para participação na pesquisa, caso houvesse saturação das
informações, não seria possível a inclusão das mesmas no procedimento de
coleta.
Em posse da listagem oficial de cada escola, fornecida pela Coordenação
de Atendimento Educacional Especializado (AEE) de cada unidade, foi possível
realizar o sorteio das escolas e iniciar por ordem classificatória.
50
A coleta de dados foi realizada efetivamente em dois momentos; o primeiro
com o adolescente, individualmente, em local disponibilizado pela direção da
escola, ocorrendo de forma organizada, sem interrupções, de acordo com as
necessidades do adolescente.
Apesar de ser um questionário simples, foi preciso maior cautela na
entrevista em virtude de se tratar de uma população com limitações cognitivas e
também dificuldades em formular e expressar seus pensamentos. Embora sendo
notório que estes fatores não repercutiram negativamente sobre a qualidade das
respostas e veracidade das informações. Uma vez que todos os adolescentes
incluídos no estudo correspondiam aos critérios de seleção da amostra.
O segundo momento da coleta foi realizado com o responsável pelo
adolescente via telefone (informações cedidas pela diretoria da escola), para
obtenção das informações socioeconômicas e demográficas.
Análise dos Dados
Foi realizada pela análise da maioria das respostas; ou seja, as
informações respondidas pelos adolescentes foram compiladas e representadas
por meio de fluxogramas individuais em cada entrevista. Posteriormente, os
fluxogramas individuais de todos os participantes foram comparados e analisados,
e deu espaço à construção de um ecomapa único, representativo da maioria das
relações. Logo, se a maioria dos sujeitos, mencionar que determinado fator X é
um facilitador importante, tal fator será representado através de uma linha
espessa, representando uma relação forte e não conflituosa para a inclusão
escolar do adolescente.
A análise do discurso dos adolescentes foi feita através de categorias e
discutidas com base na literatura, para dar fundamentação aos sentimentos
trazidos pelos adolescentes.
Considerações Éticas e Legais
Em seguimento a resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde do
Ministério da Saúde, que regulamenta as pesquisas envolvendo seres humanos,
51
esta pesquisa foi cadastrada na Plataforma Brasil para aprovação do Comitê de
Ética em Pesquisa da Universidade de Pernambuco (CEP-UPE), sob o registro
367/14; Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) sob o registro
8495.3.058.000 -14 e Carta de Anuência da SEGEP. Todos os responsáveis
assinaram o TCLE, e os participantes aceitaram participar.
Carta de Anuência da SEGEP (Anexo B)
Parecer do Comitê de Ética (Anexo C)
Termo de Confiabilidade (Apêndice A)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Inicialmente foi feita a caracterização da amostra de acordo com as
condições socioeconômicas e demográficas, posteriormente é apresentado
através do ecomapa, a relação dos adolescentes com as variáveis citadas pelos
por eles como principais facilitadores e dificultadores do processo de inclusão
escolar.
Caracterização da População
Fizeram parte do estudo 48 adolescentes dos Anos Finais do Ensino
Fundamental (6º - 9º ano) de escolas públicas municipais da cidade do Recife. Os
adolescentes encontravam-se com idade entre 10 e 19 anos, destes, 35 do sexo
masculino e 13 do sexo feminino (Tabela 3).
Segundo Teixeira (2015) a adolescência predispõe ao surgimento de
sintomas e da instalação de quadros de transtorno mental. Sabe-se que é uma
fase marcada por constantes transformações psíquicas e de conflitos internos,
inclusive no âmbito escolar. É importante destacar que, principalmente para o
adolescente, vivenciar situações conflituosas pode afetar sua emoção e afeto, seu
comportamento e a percepção do mundo em que vive, o que pode interferir no
seu desenvolvimento psíquico. Todavia, a intensidade e o histórico de sofrimento,
o contexto no qual ocorre, a atmosfera de vida desses jovens, bem como as
52
características individuais deles e dos cuidadores, são fatores que conformam o
prejuízo sobre sua saúde mental.
Em relação ao sexo, os resultados corroboram com outros estudos que
mostram um predomínio do transtorno mental em meninos, numa proporção de
aproximadamente 2:1, em estudos populacionais, e 9:1 em estudos clínicos. Esta
diferença proporcional, provavelmente, se deve ao fato das meninas
apresentarem mais sintomas dos transtornos afetivos e alimentares, e os meninos
dos transtornos desruptivos, hiperatividade, e transtornos globais do
desenvolvimento, patologias que impactam negativamente nas famílias e escola,
e possivelmente por isso são foco de intervenção escolar
Tabela 3: Distribuição das características socioeconômicas e demográficas dos
adolescentes, Recife, 2016.
VARIÁVEIS n = 48
Sexo Feminino
13
Masculino 35
Idade 10 a 14 anos 15 a 19 anos
Responsáveis Genitores Outros
20 28
41 7
Renda familiar 1 salário mínimo 2 a 3 salários mínimos
43
5
Tipo de Deficiência Física Intelectual Mental Sensorial (Auditiva ou visual) Benefícios recebidos Carteira de livre acesso *Alguns recebem dois Bolsa família Ou três tipo de benefício Amparo social a pessoa com deficiência
7 32
5 4
32
32
48
53
Perspectiva dos adolescentes
Buscar compreender o universo escolar dos adolescentes com deficiência
sob a ótica dos próprios alunos se faz necessário, sobretudo quando se trata de
tentativas para melhorar a inclusão escolar, bem como toda adaptação destes
alunos. É preciso conhecer cautelosamente seus anseios, necessidades,
sentimentos, facilidades para que a partir de então possam ser tomadas medidas
específicas e condizentes com as reais perspectivas do público em estudo. Trata-
se ainda, de devolver aos participantes a autonomia que tanto é desejada por
seus responsáveis e toda sua rede de cuidado. Ouvir estes adolescentes é mais
uma forma de dizê-los que seus pensamentos, ainda que confusos, têm total
relevância.
Com base nisto as respostas geradas pelos adolescentes foram
compiladas e organizadas em formato do ecomapa abaixo (Figura 1), o qual
contém os fatores mais representativos e citados pelos mesmos.
Figura 1: Ecomapa com fatores que interferem no processo de inclusão escolar segundo os
adolescentes.
v
54
LEGENDA DO ECOMAPA:
FLUXO E PERMUTA DE FORÇAS
Equilibrado: as setas incidem igualmente para ambos os lados Desequilibrado: seta incidindo mais fortemente para um dos lados Não há troca: setas incidem só para um lado
INTENSIDADE DAS RELAÇÕES Forte: Média: Superficial: Interrompida: Conflituosa :
Dentre os fatores citados como mais relevantes para os alunos, destacam-
se a figura do professor, o relacionamento com os amigos, o acesso à merenda
escolar, e atividades educativas extra-classe.
A relação dos adolescentes com deficiência com seus pares na maioria dos
casos apresentou-se como sadia e de intensas trocas. Os adolescentes
entrevistados relataram que normalmente eles buscam maior ajuda ou contato
com seus amigos do que o contrário. Relataram que quando sentem dificuldades
em aprender o conteúdo, os amigos conseguem ajudá-los e compreendem mais
rapidamente suas necessidades. Porém muitas vezes conviver com os pares lhes
garante situações diversas; nas quais por um lado há parceria total e auxilio em
suas demandas, mas por vezes ocorrem atos de rejeição, e ridicularizarão. Na
fala de uma das participantes pode ser percebida claramente a ambivalência
nesta relação.
“...aqui eles empurra minha cadeira preu chegar na sala, me
ajuda a beber água, a comer, brincam com eu, quando eu não
entendo eles me explica. É muito bom ver meus amigos aqui
na escola” (P1) .
Quando esta mesma participante é interrogada sobre as dificuldades
encontradas na escola, ela relata:
“ah, tem pessoal que fica mangando, fica rindo né? Isso é
meio ruim, eles fica me deixando triste. É muito... muito...
ruim. Eles dizem que não sei nada, sou meia burra, que não
vou ser professora” (P1).
55
Davis e seus colaboradores (2013) defendem o pensamento de Piaget, e
afirmam que é a partir das trocas que existem entre os indivíduos, que existe a
possibilidade de determinado sujeito se apropriar de suas conquistas e
desenvolver habilidades cognitivas próprias e necessárias para o enfrentamento
das demandas cotidianas. Sobre a inclusão escolar, estes autores afirmam que
vivenciar situações desagradáveis faz-se fundamental para o empoderamento e
fortalecimento emocional destes adolescentes com deficiência. Ratificam ainda,
que o pensamento coletivo vai sendo modificado à medida que, os que praticam o
bullying, observam as condutas diferentes por meio de seus outros pares.
O relacionamento com os professores foi apontado como facilitador para o
processo de inclusão escolar, e segundo o ecomapa, de forte intensidade e
mutualidade. Os alunos citaram a disponibilidade dos professores como base
principal para o aprendizado. O que nos permite sinalizar que muitas vezes o
despreparo do professor pode ser superado por seu interesse em ajudar o aluno,
fazendo uso de seu arcabouço criativo.
Historicamente, o professor é a pessoa que acumulou conhecimento ao
longo do tempo e o transmite aos demais. Entretanto, o que vem se modificando é
a forma como este professor atua para que seus alunos possam se desenvolver e
aprender. A educação problematizadora conforme propõe Paulo Freire ocorre
numa relação horizontal, onde educador e educando estabelecem constante
diálogo, para que este tenha consciência de que não apenas está no mundo, e
sim, com o mundo, buscando transformar a realidade. O respeito ao
conhecimento prévio que o educando possui é de fundamental importância, para
que se possa propor como será desenvolvido o trabalho em sala de aula. Além
disso, elaborar aulas criativas, sair da sala de aula, e proporcionar experiências
concretas, favorecem o aprendizado de crianças e adolescentes com deficiência e
precisam estar incluídas no planejamento didático do professor (MARQUES & OLIVEIRA,
2015).
Quando questionados sobre seu interesse e importância de outras atividades fora
do ambiente escolar, os alunos responderam:
“É bom pra aprender mais, porque a gente também aprende
no museu a história de Luiz Gonzaga, ali perto do Marco Zero.
E quando faz passeio também cai em tarefa o que a pessoa
56
aprendeu por lá, e também tem que prestar atenção no que
viu pra raciocinar.” (P2)
“Eu gosto dos passeios porque eu vejo e aprendo melhor,
mas tem pouco dias aqui na escola”. (P3)
As atividades pedagógicas são responsáveis por gerar ainda conflitos no
processo de inclusão escolar. Os alunos relataram um interesse moderado em
aprender o conteúdo, porém alertam que as informações estão sendo
transmitidas de forma complicada, ou que ainda que consigam compreender o
conteúdo, o ambiente não favorece a aprendizagem. Foram citados ruídos
externos, quadro pequeno que dificulta a leitura do conteúdo, calor, excesso de
alunos, grande quantidade de informações passadas; o que possibilita a reflexão
sobre a necessidade de adaptar a quantidade e qualidade da informação a ser
ensinada para o aluno.
Sendo assim, as adaptações curriculares devem envolver medidas que
visem adequar o currículo às características dos alunos nos diferentes níveis de
concretização. Para se promover essas adaptações, faz-se fundamental o
conhecimento das reais necessidades e potencialidades dos alunos, para que
professores, coordenadores e gestores não predefinam as adaptações com base
no seu ponto de vista, considerando que a inexistência dessas adaptações
provoca também a falta de acessibilidade comunicacional (RIBEIRO, 2016).
Ainda na perspectiva de facilitação da aprendizagem, as salas de recursos
foram criadas com objetivo de apoiar os sistemas de ensino na organização e
oferta do atendimento educacional especializado, por serem um ambiente
aconchegante, repleto de artifícios e alternativas pedagógicas e tecnológicas para
auxiliar crianças e adolescentes com deficiência. Porém conforme apontado no
ecomapa, os adolescentes estão encontrando dificuldades no acesso à este
recurso, por falta de manutenção da sala e equipamentos. E apontam este fato
como uma perda para o aprendizado. (RIBEIRO, 2016)
Outro aspecto relevante para os adolescentes foi o acesso à merenda
escolar. Muitos dos integrantes da pesquisa vivem em condições de extrema
pobreza e relataram que a merenda escolar é um dos grandes atrativos. O lanche
era citado sempre como um facilitador do aprendizado; os alunos se sentiam
57
menos inquietos após o lanche, alguns classificaram o momento do lanche como
mais um espaço de troca entre os pares. Como pode ser lido na fala do
participante 4:
“ eu acho que quando eu como presto mais atenção na aula.
Eu gosto da hora de comer porque converso com meus
amigos, às vezes eles me explicam alguma coisa, e também
porque tem a minha amiga que reza pra a gente comer” (P4 ).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De forma geral a experiência de estar incluído exige a renovação da
estrutura escolar. Esta renovação deve buscar a construção de um senso de
responsabilidade entre todos os integrantes da escola. Ao buscar a renovação
através da perspectiva do aluno com deficiência, é possível traçar metas reais e
dentro das necessidades do adolescente.
A modificação do modelo educacional inclusivo permite o atendimento às
necessidades educacionais de todos os alunos, a sua participação nas atividades
propostas, e como consequência a sua valorização e interação no seu grupo. Os
resultados aqui descritos trazem à tona esta necessidade de mudança de
perspectiva, onde a inclusão deixa de ser um problema do professor para ser
responsabilidade da sociedade.
Nesta busca torna-se imprescindível valorizar toda a gama de fatores que
incluem uma boa adaptação escolar, não apenas o conteúdo pedagógico, mas
também o ciclo social, atividades extras, o acesso à esportes e lazer, e todas as
demais esferas relacionadas ao processo educacional.
58
REFERÊNCIAS
CARNEIRO, Rithianne Frota et al. EDUCAÇÃO SEXUAL NA ADOLESCÊNCIA: UMA
ABORDAGEM NO CONTEXTO ESCOLAR. SANARE-Revista de Políticas Públicas, v. 14, n. 1,
2015.
DAVIS, Claudia et al. Papel e valor das interações sociais em sala de aula. Cadernos de
pesquisa, n. 71, p. 49-54, 2013.
DE OLIVEIRA FERNANDES, Tanise; MARTINS, Catia Paranhos. O olhar para a diversidade: o
processo de inclusão escolar a partir de um relato de estágio. Encontro: Revista de Psicologia,
v. 12, n. 17, p. 125-133, 2015.
DO NASCIMENTO, Gabriela Cordeiro Corrêa; BURNAGUI, Jhenifer Geisa; DA ROSA, Mariana
Peres. Autonomia e independência: percepção de adolescentes com deficiência visual e de seus
cuidadores. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, v. 27, n. 1, p. 21-
28, 2016.
GARGHETTI, Francine Cristine; NUERNBERG, Adriano Henrique; MEDEIROS, José Gonçalves.
Um estudo observacional sobre as interações de crianças/adolescentes com deficiência intelectual
no ensino regular. Educação (UFSM), v. 40, n. 2, p. 451-464, 2015.
MARQUES, Luciana Pacheco; OLIVEIRA, Sâmya Petrina Pessoa de. Paulo Freire e Vygotsky:
reflexões sobre a educação. V Colóquio Internacional Paulo Freire, Recife, 2005.
REIS, José. Uma epistemologia do território. Estudos Sociedade e Agricultura, v. 1, 2013.
RIBEIRO, Solange Lucas. A interface acessibilidade e educação inclusiva. InterMeio: Revista do
Programa de Pós-Graduação em Educação-UFMS, v. 14, n. 27, 2016.
59
ARTIGO 3.
Adolescentes com deficiência incluídos em salas de aula regulares:
Contribuições da educação em saúde para melhor adaptação ao contexto.
Mayara Francelle Oliveira Barata1
Sandra Conceição Maria Vieira2
1 Terapeuta Ocupacional. Aluna do Mestrado em Hebiatria - UPE.
2 Professora , Doutora em Odontopediatria (UPE). Docente do Programa de Pós-
Graduação em Hebiatria – Universidade de Pernambuco.
*Artigo Original de Pesquisa será submetido à revista Interface – Comunicação,
Saúde, Educação. (QUALIS A2)
60
INTRODUÇÃO Artigo 3
O processo de ensino-aprendizado envolve diversos fatores, tais como
componentes cognitivos do aluno (atenção, memória, sequenciamento);
componentes afetivos e psicossociais: motivação em aprender, relação professor-
aluno, relação entre os alunos e relação com os funcionários da instituição; e
componentes físicos como iluminação, ruídos, espaço para locomoção adequado,
sem barreiras arquitetônicas favorecendo ou não um cenário oportuno para
aprender (JURDI; AMIRALIAN, 2016).
A escola é um espaço de grande significado para crianças e adolescentes.
Geralmente se constitui como primeiro espaço coletivo a ser vivenciado e é
considerado um ambiente vivo, pois permite o contato com o outro e possibilita a
experiência do “ser ele mesmo”, longe da família. Ao escolher suas amizades e a
busca pelos seus interesses, o adolescente procura identificar-se com seu grupo
e construir seus primeiros projetos para o futuro, é onde também toma
consciência da sociedade e dos valores que norteiam suas escolhas, das
diferenças sociais e onde podem exercer sua máxima participação (SILVA;
MELLO; CARLOS, 2010).
Por muito tempo o adolescente com deficiência permaneceu excluído do
convívio social e do processo de inclusão escolar, sendo alvo do imaginário
popular, onde foi construída a imagem de um sujeito fragilizado a depender do
cuidado de familiares e/ou de cuidadores formais.
Por muito tempo, quem possuía qualquer deficiência, era marginalizado e
excluído da sociedade, por ser “diferente” dos padrões tidos como normais, sendo
mantidos em seus domicílios. A inserção deste adolescente na escola de ensino
regular, busca promover a melhor socialização e favorecer o processo de
aprendizado. Porém diversas são as barreiras que têm impossibilitado ou ainda
limitado a ida e participação efetiva destes no ambiente escolar. São encontradas
barreiras arquitetônicas; falta de capacitação para a formação adequada de
profissionais para atender a demanda da pessoa com deficiência; diálogo com os
alunos e professores sobre a deficiência; dentre outras dificuldades
(ROCHA;LUIZ; ZULUIAN, 2003).
61
Jurdi e Amiralian (2006), relatam que existe ainda muito preconceito com
as pessoas que possuem deficiência, formatando o espaço escolar como uma
realidade que não favorece ao sujeito. O fracasso escolar o acompanha e o
preconceito assume sua forma mais vil: a exclusão” (p.192).Profissionais da
saúde têm feito parcerias com as escolas através do Programa de Saúde na
Escola, além de outras formas como consultorias, grupos, para que ocorra o
diálogo e propostas estratégias para que sejam problematizadas e solucionadas
estas questões, através da educação em saúde (JURDI; AMIRALIAN, 2006).
Através da educação em saúde, são construídas diversas ações com uso
de jogos, brincadeiras, grupos operativos para que ocorra a conscientização de
valores e acolhida aos alunos com e sem deficiência e seus familiares; além dos
professores, coordenadores e demais funcionários da escola, para que sejam
garantidas a autonomia e o máximo de independência possível no ambiente de
aprendizado (SALUM; MONTEIRO, 2015).
Diante disto o objetivo deste trabalho é relatar as ações propostas pela
equipe de pesquisa, após observarem as dificuldades e principais demandas que
dificultavam a inclusão escolar ideal.
METODOLOGIA
Trata-se de um relato de experiência de natureza descritiva que emerge do
planejamento de ações como devolutiva de pesquisa do projeto de mestrado
intitulado “Inclusão escolar sob o olhar de adolescentes com deficiência da cidade
do Recife”, realizado em escolas públicas municipais, no período de maio a julho
de 2016.
Visto que na escola os alunos convivem em grupo, foram construídas
propostas de atividades que podem ser executadas em ambiente escolar visando
melhoria no processo de inclusão escolar.
As ações foram planejadas a partir da observação da dinâmica escolar
pelas pesquisadoras e das entrevistas aos participantes (adolescentes com
deficiência). A partir de então foram elaboradas atividades para abranger duas
demandas e públicos distintos: 1. ações com todos os alunos; 3. ações com os
professores e equipe escolar.
62
RESULTADOS
Foram observadas que as principais queixas dos alunos com deficiência
nas escolas foram: falta de um acompanhante terapêutico para atividades;
Dificuldade em compreender conteúdos expositivos em aula. Na tabela 1 estão as
propostas de ações a serem realizadas.
Tabela 1. Propostas de ações a serem realizadas na escola com todos os
alunos, elaboradas conforme a demanda trazida por alunos com deficiência.
Público Alvo
Atividades/Ações
Alunos
Realização de grupo operativo com o objetivo de promover a sensibilização e discussão com os alunos (com e sem deficiência) possíveis estratégias para auxiliar os colegas.
Trabalhar em duplas, unir aqueles que têm mais facilidade ou habilidade e aquele que tem mais dificuldade, com o objetivo de estimular a cooperação entre eles no desenvolvimento das atividades, contribuindo para o desempenho de ambos os alunos (com e sem deficiência) e para o fortalecimento das relações entre eles.
- Incluir os demais alunos como corresponsáveis pelos adolescentes com deficiência;
63
Tabela 2. Propostas de a serem realizadas na escola com os professores,
elaboradas conforme a demanda trazida por alunos ações com deficiência.
DISCUSSÃO
Para Saraiva (2016) A escola surge como um espaço estratégico para o
desenvolvimento de uma política cultural voltada ao exercício da cidadania, do
resgate e afirmação dos valores morais e éticos e, essencialmente, da prática da
inclusão (PADOVANI; RISTUM, 2013).
De acodo com Freire (2010, p.25) o educador facilita o aprendizado
acolhendo a demanda e estimulando o aluno a sua capacidade de criação,
compreendendo que capacidade está sempre em formação.
O adolescente se constitui e é constituído por meio de múltiplas influências:
a família, a escola, os amigos, a mídia, entre outras, e é com base nestas
influências que sua identidade é construída. Pode-se afirmar que a visão
estereotipada que se tem da adolescência cria formas que aprisionam o jovem,
Público Alvo
Atividades/Ações
Professores
e equipe escolar
Realização de oficinas para adaptação do material e conteúdo pedagógico dos alunos
Promover rodas de conversa e atividades que abordem as temáticas apontadas como queixa, por exemplo, bullying, respeito, com o objetivo de conscientizar de forma criativa, estimulando a problematização das situações, favorecendo o diálogo, as trocas e consequentemente a diminuição dos conflitos.
- Incluir os demais alunos como corresponsáveis pelos adolescentes com deficiência - Discussão sobre maneiras de facilitar o aprendizado: estratégias sensoriais e ambientais para melhorar habilidades de atenção e concentração.
64
estabelecendo padrões de atitudes que colocam o adolescente em diversos
estereótipos. Nesse contexto, a escola tem se mostrado um dos espaços
privilegiados para promover constituição de indivíduos psiquicamente saudáveis,
já que nela estão colocadas várias problemáticas referentes ao adolescer, como a
questão dos grupos, dos valores, da sexualidade, das regras e normas postas
pela escola (CORDEIRO; BUENDGENS, 2012).
Segundo Moysés (2001) na escola uma diferença estigmatizada pode
processar uma “institucionalização invisível”, aprisionando o aluno no lugar
daquele que não aprende, que é incapaz, doente. São estigmas que se dão pela
pertença social, pela cor da pele, pela deficiência, pela impossibilidade do
enquadramento às normas que diferem da normatividade aprendida/vivida. Ao
mesmo tempo em que a escola é uma das instituições responsáveis pela
socialização de valores pertinentes ao reconhecimento e respeito às diferenças
dentro de uma sociedade, ela também reproduz juízos, crenças, estereótipos e
significados que estabelecem e refletem padrões de normalidade e, por
conseguinte estabelece critérios de exclusão das relações sociais (SOUZA;
CUNHA, 2004).
É necessário haver um criterioso cuidado ao fazer adaptação ao currículo
do aluno, para que mesmo diante a subjetividade e individualidade, não
passemos a desacreditar e/ou limitar as potencialidades deste (CUNHA;
ROSSATO, 2015).
Para que ocorra é necessário compreender o desempenho do aluno, para
então avaliar as dificuldades e potencialidades. São descritos na figura 1 formas
de adaptações nos níveis curriculares, de acordo com o estudo de Cenci e
Damiani (2013).
65
Por vezes o ensino ocorre de maneira homogeneizada, visto que no
processo de aprendizado há um “nivelamento do conhecimento”, no qual
precisam atingir uma média para provar sua capacidade de se adequar as
demandas impostas. Faz-se necessário o enfrentamento coletivo, para que
ocorram mudanças nas ações pedagógicas e culturais ao acolher a demanda de
cada aluno. “Incluir pressupõe desenvolver um trabalho diferenciado para
estudantes que apresentem necessidades que são diferenciadas, sem segregá-
los e sem gerar uma exclusão dentro da inclusão” (CUNHA; ROSSATO, 2015,
p.652).
No estudo realizado por Minatel e Matsukura (2015) com familiares de
crianças e adolescentes com deficiência caracterizados como Transtornos do
Espectro Autista (TEA). Observaram que crianças que já estudaram no ensino
regular abandonaram devido a questões como falta de preparação da escola,
preconceito, exclusão na sala de aula e reclamações de agitação dos filhos. Em
ADAPTAÇÕES
Nos elementos complementares
De acesso ao currículo
Individualizadas Relativas ao currículo de
base
Nível de projeto pedagógico
Figura 1. Adaptações nos níveis curriculares para o aluno com deficiência
66
relação aos adolescentes os principais motivos foram: também sofriam
preconceitos, dificuldade de acompanhamento do conteúdo curricular e horário.
“Assim, compreende-se que a inclusão escolar do autista e de
outras crianças, de modo geral, exige modificações além das estratégias
de adaptação curricular e de horários (como as observadas nos casos
dos autistas deste estudo que continuam na escola regular), exige
mudança de pensamento, de hábitos e cultura, que envolva a todos -
professores, diretores, coordenadores, inspetores, merendeiras,
faxineiras, alunos/crianças e adolescentes e suas famílias, a sociedade
de um modo geral, pois é um processo que deve ir além dos limites da
escola, pois não nasce nestes espaços e tão pouco pertence somente a
eles” (MINATEL; MATSUKURA, 2015, p.437).
Amaral (2013) aponta que as deficiências existem, e não são socialmente
constituídas, mas sim os estigmas, preconceitos e estereótipos, aspectos que
provocam tais discrepâncias nas ações e sentimentos.
Tratar estes fatores com base na educação em saúde transfere o foco
sobre as dificuldades do aluno com deficiência, para dar ênfase naquilo que ele é
capaz de fazer quando há um movimento coletivo (CORDEIRO; BUENDGENS,
2012).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acreditamos que este artigo permita, além de relatar possíveis estratégias
de ações, também contribua com possíveis para a reflexão de profissionais das
áreas de educação e saúde quanto a inclusão efetiva de alunos com deficiência
em escolas regulares, sendo o ambiente escolar, propício ao aprendizado e a
construção de uma sociedade mais igualitária.
67
REFERÊNCIAS
CENCI, A.; DAMIANI, M.F. Adaptação curricular e o papel dos conceitos
científicos no desenvolvimento de pessoas com necessidades educacionais
especiais. Revista Educação Especial, v. 26, n. 47, p. 713-726, set.-dez., 2013.
CUNHA,R.; ROSSATO, M. A singularidade dos estudantes com deficiência
intelectual frente ao modelo homogeneizado da escola: reflexões sobre o
processo de inclusão. Revista Educação Especial, v. 28, n. 53, p. 649-664, set.-
dez, 2015.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa.
São Paulo: Paz e Terra, 2010.
JURDI,A.P.S.; AMIRALIAN, M.L.T. de M. A inclusão escolar de alunos com
deficiência mental: uma proposta de intervenção do terapeuta ocupacional no
cotidiano escolar. Estudos de Psicologia. Campinas, abr-jun, v. 23,n.2, p.191-
202, 2006.
MINATEL, M.M.; MATSUKURA, T.S.Familiares de crianças e adolescentes com
autismo: percepções do contexto escolar.Revista Educação Especial,v. 28, n.
52,p. 429-442, maio-ago, 2015.
MOYSÉS, M.A. A Institucionalização Invisível: Crianças que não- aprendem- na-
escola . Campinas, SP: Mercado de Letras; Fapesp, 2001. Resenha de: SOUZA,
L.S; CUNHA, M.D. A Institucionalização Invisível: Crianças que não- aprendem-
na- escola. Ensino em Re-Vista, v.12, n. 1, p. 119-125, 2004.
ROCHA, E. F.; LUIZ, A.; ZULIZN, M. A. R. Reflexões sobre as possíveis
contribuições da terapia ocupacional nos processos de inclusão escolar. Rev.
Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v. 14, n. 2, p. 72-8, maio/ago. 2003.
SALUM, G. de B.; MONTEIRO, L.A.S. Educação em saúde para adolescentes na
escola: Um relato de experiência. Rev Min Enferm. Abr-jun, v. 19, n.2, p.246-251,
2015.
TEIXEIRA, M. R. A criança hiperativa e o professor: um estudo sobre o trabalho
docente nas séries iniciais. 2015.
69
Este estudo abordou os diversos fatores que envolvem o processo de
inclusão escolar, caracterizando suas esferas e peculiaridades, através das quais
é possível mencionar que a inclusão precisa estar muito mais relacionada com
praticas educativas e sociais, do que com apenas parâmetros de inserção do
aluno com deficiência. De forma geral a experiência de incluir exige a renovação
da estrutura escolar. Esta renovação deve buscar a construção de um senso de
comunidade entre os integrantes da escola.
A sociedade atual exige, mais do que antes, a capacidade de responder a
situações novas, e por isso ratifica-se a importância de os professores
abandonarem as metodologias predominantemente tradicionais, em busca de um
trabalho individualizado, mas que respondam as demandas de um coletivo,
pautado na inclusão das dificuldades de seus alunos com ou sem deficiência. São
diversos os caminhos que se abrem com novas práticas inclusivas, como
influência na promoção do seu sucesso educativo. Entender que a inclusão
escolar é uma proposta de construção de cidadania e envolve todos os
segmentos sociais, deve-se compreender que ela é capaz de transformar o modo
de ser, pensar e agir de todos os envolvidos.
Sendo assim, como alvo de toda pesquisa, encorajamos os grandes
setores da educação inclusiva a engajarem-se em mais estudos sobre a
percepção de crianças e adolescentes com deficiência, sobre os processos
educacionais, manejo do material escolar, compreensão do conteúdo pedagógico,
dificuldades físicas e arquitetônicas, acesso ao ambiente escolar, entre outras
diversas temáticas relevantes e necessárias para uma eficiente inclusão escolar.
Inclusão esta, que seja capaz de tirar o foco das dificuldades, e transferir seu
olhar para a capacidade criativa do aluno com deficiência.
70
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARNEIRO, Rithianne Frota et al. EDUCAÇÃO SEXUAL NA ADOLESCÊNCIA:
UMA ABORDAGEM NO CONTEXTO ESCOLAR. SANARE-Revista de Políticas
Públicas, v. 14, n. 1, 2015.
CENCI, A.; DAMIANI, M.F. Adaptação curricular e o papel dos conceitos
científicos no desenvolvimento de pessoas com necessidades educacionais
especiais. Revista Educação Especial, v. 26, n. 47, p. 713-726, set.-dez., 2013.
Costa V B. Inclusão escolar na educação física: reflexões acerca da formação
docente. Motriz, out-dez 2010; 16(1): 889-899.
CUNHA,R.; ROSSATO, M. A singularidade dos estudantes com deficiência
intelectual frente ao modelo homogeneizado da escola: reflexões sobre o
processo de inclusão. Revista Educação Especial, v. 28, n. 53, p. 649-664, set.-
dez, 2015.
DAVIS, Claudia et al. Papel e valor das interações sociais em sala de
aula. Cadernos de pesquisa, n. 71, p. 49-54, 2013.
DE OLIVEIRA FERNANDES, Tanise; MARTINS, Catia Paranhos. O olhar para a
diversidade: o processo de inclusão escolar a partir de um relato de
estágio. Encontro: Revista de Psicologia, v. 12, n. 17, p. 125-133, 2015.
DO NASCIMENTO, Gabriela Cordeiro Corrêa; BURNAGUI, Jhenifer Geisa; DA
ROSA, Mariana Peres. Autonomia e independência: percepção de adolescentes
com deficiência visual e de seus cuidadores. Revista de Terapia Ocupacional
da Universidade de São Paulo, v. 27, n. 1, p. 21-28, 2016.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa.
São Paulo: Paz e Terra, 2010.
GARGHETTI, Francine Cristine; NUERNBERG, Adriano Henrique; MEDEIROS,
José Gonçalves. Um estudo observacional sobre as interações de
crianças/adolescentes com deficiência intelectual no ensino regular. Educação
(UFSM), v. 40, n. 2, p. 451-464, 2015.
71
GHEDINI LSL, et al. Participação de alunos com deficiência. Rev. Ter. Ocup.
Univ. São Paulo, 2010; 21(1): 1-9.
GOMES C, GONZALEZ RFL. Subjetividade do aluno com deficiência mental-
Relato de Pesquisa. Rev. Bras. Ed. Esp., Jan.-Abr. 2008; 14(1): 53-62.
JURDI,A.P.S.; AMIRALIAN, M.L.T. de M. A inclusão escolar de alunos com
deficiência mental: uma proposta de intervenção do terapeuta ocupacional no
cotidiano escolar. Estudos de Psicologia. Campinas, abr-jun, v. 23,n.2, p.191-
202, 2006.
MARQUES, Luciana Pacheco; OLIVEIRA, Sâmya Petrina Pessoa de. Paulo Freire
e Vygotsky: reflexões sobre a educação. V Colóquio Internacional Paulo Freire,
Recife, 2005.
MENDES EG. A radicalização do debate sobre inclusão escolar no Brasil. Rev.
Bras. de Ed., 2006; 11(33): 387-405.
MINATEL, M.M.; MATSUKURA, T.S.Familiares de crianças e adolescentes com
autismo: percepções do contexto escolar.Revista Educação Especial,v. 28, n.
52,p. 429-442, maio-ago, 2015.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Documento subsidiário à política de inclusão.
Brasília: Secretaria de Educação Especial; 2005.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Política nacional de educação especial na
perspectiva da educação inclusiva . Brasília, DF: O Ministério; 2008.
MONTEIRO APH, Manzine EJ. Mudanças nas concepções do professor do
ensino fundamental em relação à inclusão após a entrada de alunos com
deficiência em sua classe. Rev. Bras. Ed. Esp., Jan-Abr2008; 14(1): 35-52.
MONTILHA RCI, Temporini ER, Nobre MIRS, Gasparetto MERF, Kara J.
Deficiência visual e escolarização. Paideia, set-dez 2009; 19(44): 333-339.
MOYSÉS, M.A. A Institucionalização Invisível: Crianças que não- aprendem- na-
escola . Campinas, SP: Mercado de Letras; Fapesp, 2001. Resenha de: SOUZA,
L.S; CUNHA, M.D. A Institucionalização Invisível: Crianças que não- aprendem-
na- escola. Ensino em Re-Vista, v.12, n. 1, p. 119-125, 2004.
72
REIS, José. Uma epistemologia do território. Estudos Sociedade e Agricultura,
v. 1, 2013.
RIBEIRO, Solange Lucas. A interface acessibilidade e educação
inclusiva. InterMeio: Revista do Programa de Pós-Graduação em Educação-
UFMS, v. 14, n. 27, 2016.
ROCHA, E. F.; LUIZ, A.; ZULIZN, M. A. R. Reflexões sobre as possíveis
contribuições da terapia ocupacional nos processos de inclusão escolar. Rev.
Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v. 14, n. 2, p. 72-8, maio/ago. 2003.
SALUM, G. de B.; MONTEIRO, L.A.S. Educação em saúde para adolescentes na
escola: Um relato de experiência. Rev Min Enferm. Abr-jun, v. 19, n.2, p.246-251,
2015.
TEIXEIRA, M. R. A criança hiperativa e o professor: um estudo sobre o trabalho
docente nas séries iniciais. 2015.
74
APÊNDICE A – ARTIGO 2 e ARTIGO 3
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
Pesquisadores Responsáveis: Profª. Sandra Vieira e Mestranda Mayara Barata
Contato com as pesquisadoras:
Departamento de Odontologia da Universidade de Pernambuco.
Av. General Newton Cavalcanti, 1650 - Tabatinga - Camaragibe - PE
CEP: 54.756-220 - Fone: + (81) 3184-7659 / 3184-7660
[email protected] / [email protected]
O (A) seu (sua) ou filho (a) ou pessoa de menor idade sobre sua responsabilidade está
sendo convidado a participar da Pesquisa intitulada por “Desafios para a inclusão escolar de
adolescentes com necessidades especiais no brasil: percepção dos adolescentes”, que tem
como objetivo descrever a percepção dos adolescentes com necessidades especiais, sobre seu
processo de inclusão escolar; estudar a relação do adolescente com o equipamento de apoio
escola; relatar as principais dificuldades e facilidades no período de adaptação; verificar a
participação na escola e atividades escolares.
Os dados que serão colhidos com seu filho (a), caso aceite participar da pesquisa, serão
armazenados no computador do pesquisador responsável durante um período de cinco anos e
estarão no relatório final desse estudo, podendo ser apresentados pelo pesquisador acima
referido, como parte integrante deste projeto. Não haverá identificação do participante, ou seja, os
nomes de ambos não aparecerão na pesquisa, também respeitaremos a verdade de tudo o que
for dito. Você será convidado a responder uma parte do questionário, podendo haver registro de
imagens (fotos ou filmagens), caso autorize. Você não terá nenhum gasto com a participação no
estudo, como também não receberá pagamento (dinheiro) pela participação. Se vocês se sentirem
constrangidos (chateados, sentirem vergonha) poderão deixar de responder alguma pergunta, não
autorizar o registro da sua imagem, ou sair do estudo na hora que quiserem sem interromper a
sua participação nas demais atividades propostas.
Com os resultados encontrados, vocês receberão orientação de acordo com as necessidades
do caso, e o convite de participação nas atividades de intervenção propostas no projeto.
Eu,____________________________________________,RG/CPF______________
responsável pelo adolescente_____________________________________, autorizo sua
participação no estudo Desafios para a inclusão escolar de adolescentes com necessidades
especiais no Brasil: percepção dos adolescentes, como sujeito. Fui devidamente informado(a)
e esclarecido(a) pelo(a) pesquisador(a) Mayara Francelle Oliveira Barata sobre a pesquisa, os
procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes da minha
participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer, sem que isto leve
a qualquer penalidade ou interrupção de meu acompanhamento/ assistência/ tratamento.
Recife, _____ de _________________ de 20___.
75
TERMO DE CONFIDENCIALIDADE
Em referencia a pesquisa intitulada “DESAFIOS PARA A INCLUSÃO
ESCOLAR DE ADOLESCENTES COM DEFICIÊNCIA: PERCEPÇÃO DOS
ADOLESCENTES”, eu Mayara Francelle Oliveira Barata, e minha equipe,
composta por mim e Sandra Conceição Maria Vieira, comprometemo-nos a
manter em anonimato, sob sigilo absoluto, durante e após o término do estudo,
todos os dados que identifiquem o sujeito da pesquisa, usando apenas para
divulgação os dados inerentes ao desenvolvimento do estudo.
Comprometemo-nos também com a destruição, após o término da
pesquisa, de todo e qualquer tipo de mídia que possa vir a identificá-lo tais como
filmagens, fotos, gravações, questionários, formulários e outros.
Camaragibe, 03 de Maio de 2016.
_____________________________________________
Mayara Francelle Oliveira Barata
(Pesquisadora Responsável)
_____________________________________________
Sandra Conceição Maria Vieira
(Orientadora da Pesquisa)
77
ANEXOS A
DISSERTAÇÃO / ARTIGO 2 / ARTIGO 3
CARTA DE APRESENTAÇÃO
À Secretaria Municipal de Educação,
Prezada,
Vimos, pelo presente, solicitar a V.Sª a autorização para execução
do projeto de pesquisa, na instituições escolares públicas da GRE RECIFE NORTE
, o qual está intitulado “DESAFIOS PARA A INCLUSÃO ESCOLAR DE
ADOLESCENTES COM DEFICIÊNCIA: PERCEPÇÃO DOS ADOLESCENTES”,
da aluna do Mestrado em Hebiatria MAYARA FRANCELLE OLIVEIRA BARATA,
da Universidade de Pernambuco –UPE. O presente estudo objetiva analisar as
dificuldades e facilidades, bem como o processo de inclusão escolar de
adolescentes com deficiência no Recife. Será realizado com alunos de escolas
públicas e privadas da Região Metropolitana do Recife.
Orientadora: Profª Drª Sandra Conceição Maria Vieira – FOP/UPE
Atencionsamente,
________________________________________________
SANDRA CONCEIÇÃO MARIA VIEIRA
(Orientadora Responsável por Mayara Francelle Oliveira Barata)
________________________________________________
Coordenação da Pós- Graduação
79
ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA
1. DADOS GERAIS – Ficha Escolar
Nome:
Contato do Responsável:
Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino Data Nascimento: / /
Naturalidade: Raça/etnia:
Escolaridade: Frequenta escola? ( ) Não ( ) Sim*
Nome da escola:
*Tipo de escola:
( ) Particular
( ) Pública
*Tipo de ensino:
( ) Escola Regular/Classe Regular
( ) Escola Regular/Classe Especial
( ) Escola Especial
*Etapa de estudo:
( ) Ensino Fundamental.
( ) Ensino Médio.
*Turno de estudo:
( ) Manhã ( ) Tarde ( ) Noite
( ) Integral
Diagnóstico: __________________________
2. CONDIÇÕES SOCIOECONOMICAS - A ser preenchido com responsável
Recebe algum tipo de renda? ( ) Não ( ) Sim****
****Tipos de renda: ( ) Salário ( ) Pensão ( ) Aposentadoria ( ) Ajuda de parentes
( ) Autônomo ( ) Bolsa família ( ) Benefício**
**Benefícios:
( ) Carteira de livre acesso
( ) Amparo Social a pessoa com deficiência
( ) Outro _______________________
Renda Familiar (Salário Mínimo (SM)= R$ 622,00):
( ) 1 S.M. ( ) 2 S.M. ( ) 3 S.M. ( ) 4 S.M. ( ) 5 ou + S.M.
80
3. DADOS SOBRE A PARTICIPAÇÃO ESCOLAR – a ser preenchido com o adolescente
Como é sua relação com a escola?
*Participa ativamente da escola?
*Sente dificuldades na aprendizagem do conteúdo?
*Como se relaciona com os colegas, professores e funcionários?
*O que é mais fácil na escola?
*E o que é mais difícil?
*Você sentiu dificuldade para chegar à escola alguma vez?
81
LEGENDA:
FLUXO E PERMUTA DE FORÇAS
Equilibrado: as setas incidem igualmente para ambos os lados
Desequilibrado: seta incidindo mais fortemente para um dos lados
Não há troca: setas incidem só para um lado
INTENSIDADE DAS RELAÇÕES
Forte:
Média:
Superficial:
Interrompida:
Conflituosa:
Top Related