IBRE/FGV
O volume do comércio recua
O saldo da balança comercial de março foi de US$ 5 bilhões, o que levou a um saldo acumulado no primeiro
trimestre do ano de US$ 10,5 bilhões. Em valor, as exportações recuaram 10,2% e as importações 4,9% na
comparação entre os meses de março de 2018 e 2019. O resultado de março levou a uma queda no acumulado
do ano até março tanto das exportações (-3,7%), como das importações (-0,7%) e o resultado foi uma redução
do superávit comercial do 1º trimestre de 2019 em relação a igual período de 2018 (US$ 12,2 bilhões.
O Gráfico 1 mostra a composição do saldo comercial com os principais parceiros do país. A queda do
superávit está associada ao menor saldo com a China (passou de US$ 4,1 bilhões para US$ 3,3 bilhões),
com o desempenho na Argentina (passa de um superávit de US$ 2 bilhões para um déficit de US$ 334
milhões), com a América do Sul, exceto Argentina (US$ 2,5 bilhões para US$ 1,8 bilhões), e União Europeia
(US$ 2,9 bilhões para US$ 1,2 bilhões). No caso dos Estados Unidos, o resultado deficitário em US$538
milhões no primeiro trimestre de 2018 muda para um superávit de US$ 185 milhões no mesmo período de
2019 e no Oriente Médio, melhora de US$ 1,1 bilhões para US$ 1,7 bilhões. O maior ganho, porém, foi com
os países asiáticos (exceto China), onde no lugar do déficit de US$ 260 milhões, foi registrado um superávit de
US$ 1,2 bilhões.
Icomex de abril referente a balança comercial de março
Número 24 | 12.Abril.2019
INDICADOR DE COMÉRCIO
EXTERIOR - ICOMEX
Gráfico 1: Exportação Brasileira – Principais Blocos Econômicos MARÇO-2019/2018 - US$ milhões FOB
Fonte: Fonte: www.mdic.gov.br. Elaboração: IBRE/FGV.
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A piora do saldo com a Argentina é atribuída à queda no nível de atividade desse país, que reduziu as suas
compras externas. Na China, na comparação dos trimestres, as exportações cresceram 13,6% e as
importações 31,6%, o que explicaria a queda no superávit. Observa-se, porém, que o resultado das
importações é influenciado pela importação de uma plataforma no trimestre. Se excluirmos essa importação,
o crescimento desse fluxo cai para 4,8% e o superávit no primeiro trimestre de 2019 teria sido de US$ 5,3
bilhões, acima do registrado em 2018.
A análise dos principais produtos exportados em 2019 e que também constam da lista dos principais produtos
de 2018 mostra um recuo nas vendas de 5 produtos (soja, minério de ferro, celulose, carne de frango e carne
bovina) entre os meses de março de 2018 e 2019 (Gráfico 2). Ressalta-se o bom desempenho das exportações
de semimanufaturas de aço e de “demais manufaturados” na comparação mensal e na trimestral. Nos dois
casos, o mercado estadunidense contribuiu para o resultado. Nas “demais manufaturas”, esse mercado
explicou 25% do total das vendas brasileiras e registrou crescimento de 90% e nas exportações de
semimanufaturas, participação de 64% e crescimento de 37%. O protecionismo de Trump não prejudicou, até
o momento, a exportação global do Brasil para esse país.
Gráfico 2: Variação (%) principais produtos exportados.
Fonte: SECEX/MDIC. Elaboração: IBRE/FGV.
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Comércio Exterior - FGV Indicador mensal da Balança Comercial de março de 2019
A queda no valor no mês de março está
associada ao recuo em todos os índices de
preços e volume das exportações e
importações (Gráfico 3). Na comparação
dos trimestres, a queda os preços
exportados (-6,1%) supera o das
importações (-0,5%), mas no tocante ao
volume, as exportações aumentam (+2,5%)
e as importações caem (-1,1%).
A dinâmica das exportações é mais bem
compreendida com a análise desagregada
das commodities e não commodities. Como
mostra o Gráfico 4, o volume exportado de
não commodities cai na comparação
mensal (-12,3%) e no trimestre (-9,1%). As
commodities registram elevação de 12,3%
entre os trimestres de 2018 e 2019, mas o
resultado de março (0,3%) indica uma
possível redução no ritmo desse
crescimento. Os preços das commodities e
não commodities recuam. Observa-se que
a queda nos preços das commodities atinge
as principais exportações brasileiras,
exceto o minério de ferro que teve aumento
de 4,8 % entre o acumulado do ano até
março de 2018 e 2019 (Gráfico 5). No caso
do aumento no volume exportado, a
liderança coube ao complexo soja (25,4%)
e ao grupo petróleo e derivados (24,6%).
Gráfico 4: Variação (%) no volume e preços das commodities e não commodities.
Fonte: SECEX/MDIC.Elaboração FGV/IBRE
Gráfico 3: Variação (%) nos índices de volume e preço das exportações e importações.
Fonte: SECEX/MDIC. Elaboração: IBRE/FGV.
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Comércio Exterior - FGV Indicador mensal da Balança Comercial de março de 2019
O comportamento dos preços é refletido
nos termos de troca que caíram 4,4% na
comparação entre os meses de março e
6,5% na comparação dos primeiros
trimestres. O Gráfico 6 indica uma
tendência de queda a partir de início de
2017. Entre fevereiro e março foi
registrado um aumento nos termos de
troca (3,2%) puxado pelo preço do
minério e do petróleo. Achamos pouca
provável, no entanto, que esses
aumentos levem a uma nova escalada
de elevação nos preços das
commodities.
Gráfico 6: Índice dos termos de troca
Fonte: SECEX/MDIC.Elaboração FGV/IBRE
Gráfico 5: Variação (%) dos preços e volume das principais commodities exportadas: jan-mar2019/jan-mar 2018
Fonte: SECEX/MDIC.Elaboração FGV/IBRE
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Comércio Exterior - FGV Indicador mensal da Balança Comercial de março de 2019
Os índices de preços e volume agregados e por tipo de indústria
As exportações da indústria de
transformação repetem o desempenho
desfavorável que registraram em
fevereiro (queda de 18,3% em relação a
fevereiro de 2018) com variação negativa
de 10,4% em relação a março. Esses
resultados levaram a uma retração de
6,9% no volume exportado entre os dois
primeiros trimestres dos anos de 2018 e
2019 (Gráficos 7 e 8). Por outro lado, os
setores de agropecuária e extrativo
registraram variação positiva nas duas
bases de comparação, embora o ritmo de
crescimento tenha desacelerado em
relação aos indicadores dos meses
anteriores. Por exemplo, na comparação
mensal entre 2018 e 2019, a variação no
volume exportado da agropecuária foi de
30,1% (jan2018/19) e 68,4% (fev2018/19)
e da extrativa de 19,4% (jan2018/19) e
35,1% (fev 2018/19).
O volume importado cai na indústria de
transformação seja na comparação
mensal ou no acumulado no ano o que é
explicado pela lenta recuperação da
atividade econômica. Aumentos nas
importações da agropecuária e da
indústria extrativa associados, de forma
geral, a bens com poucos substitutos na
oferta doméstica.
Gráfico 7: Variação (%) nos volumes exportados e importados por tipo de indústria: março 2019/2018
Fonte: SECEX/MDIC.Elaboração FGV/IBRE
Gráfico 8: Variação (%) nos volumes exportados e importados por tipo de indústria:jan-março 2019/2018
Fonte: SECEX/MDIC.Elaboração FGV/IBRE
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Comércio Exterior - FGV Indicador mensal da Balança Comercial de março de 2019
Índices de volume e categoria de uso.
O desempenho desfavorável das exportações da indústria de transformação é confirmado pelos resultados em
todas as categorias de uso da indústria. Como mostra o Gráfico 9, variação positiva é registrada apenas na
comparação trimestral de bens de consumo semiduráveis (3,6%) e para bens intermediários, embora com
variações ao redor de 1%. Os piores resultados (os maiores recuos) estão na categoria de bens de consumo
duráveis (automóveis) e bens de capital. No caso das importações apenas os bens de capital registraram
variação positiva e, como veremos, parte dessa importação se destina ao setor agropecuário.
Gráfico 9: Variação (%) nos volumes exportados da indústria de transformação por categoria de uso
Fonte: SECEX/MDIC.Elaboração FGV/IBRE
Gráfico 10: Variação (%) nos volumes importados da indústria de transformação por categoria de uso
Fonte: SECEX/MDIC.Elaboração FGV/IBRE
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Comércio Exterior - FGV Indicador mensal da Balança Comercial de março de 2019
A diferença do comportamento
entre o setor agropecuário e o
da indústria de transformação
em termos de sinalização via
indicadores de comércio exterior
é mais uma vez confirmado pelo
volume de bens intermediários
importados nos dois setores — a
indústria de transformação
registrou queda enquanto a
agropecuária, variação positiva.
As compras de bens de capital
pelo setor agro são superiores
aos resultados das importações
que compõem a formação bruta
de capital fixo da economia, o
que mostra o maior dinamismo
da formação de capital fixo
desse setor em relação a outras
indústrias.
Em síntese, as exportações brasileiras repetem o mesmo comportamento de anos anteriores, onde o
crescimento das vendas externas do Brasil depende do setor agropecuário e da indústria extrativa. Além disso,
os dados de importações não sinalizam uma recuperação imediata da indústria de transformação.
Gráfico 11: Variação (%) no volume dos bens de capital e intermediários utilizados na agropecuária e na indústria de transformação
Fonte: SECEX/MDIC.Elaboração FGV/IBRE
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ANEXO
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Metodologia
O índice de Fischer é utilizado para o cálculo dos índices de preços. No caso do volume, foi utilizada a forma
implícita: o índice de volume é obtido pela divisão da variação do valor do fluxo comercial deflacionado pelo
índice de preços. Os índices foram obtidos considerando o controle dos “outliers”.
Comércio Exterior - FGV IBRE – Instituto Brasileiro de Economia Diretor do IBRE: Luiz Guilherme Schymura de Oliveira Superintendente de Estatísticas Públicas: Aloisio Campelo Jr. Coordenador do Núcleo de Contas Nacionais: Claudio Monteiro Considera Coordenadora da Pesquisa: Lia Valls Pereira Equipe Técnica: André Luiz Silva de Souza Juliana Carvalho da Cunha Elisa Carvalho de Andrade Luan Mateus Araújo
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