1
ISOLAMENTO ACÚSTICO EM EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS COM UTILIZAÇÃO
DE PISOS FLUTUANTES [SEGUNDO ABNT NBR 15575-3:2013]
Fábio de B. Hyppolito 1
Gerson de Marco 2
RESUMO
O presente Trabalho de Conclusão de Curso foi desenvolvido de acordo com o que preconiza
a ABNT NBR 15.575-3:2013, referente à norma de desempenho com ênfase no isolamento
acústico e aplicado à construção civil. Este estudo é constituído de técnicas e métodos de
aplicação de isolamento acústico voltados aos profissionais da área de construção civil,
desenvolvido para ser um manual técnico e amparado pelas normas técnicas vigentes. Em
suma, o intuito desse trabalho é atingir a todas às expectativas de qualidade, conforto e
segurança que os usuários necessitam e amenizar os efeitos nocivos que a poluição sonora
vem causando à sociedade.
Palavras-chave: Desempenho. Isolamento Acústico. Normas Técnicas. Poluição Sonora.
ACOUSTIC INSULATION IN RESIDENTIAL BUILDINGS USING FLOATING
FLOORS [SECOND ABNT NBR 15575-3: 2013]
ABSTRACT
This current Course Conclusion Paper was developed according to the recommendations of
ABNT NBR 15.575-3: 2013, referring to the performance standard with emphasis on sound
insulation and applied to construction. This study consists of techniques and methods of
application of acoustic insulation aimed at professionals in the field of civil construction,
developed to be a technical manual and it is supported by current technical standards. In short,
the goal of this paper is to meet all the expectations of quality, comfort and safety that users
need and alleviate the harmful effects that noise pollution has been causing to society.
Keywords: Performance. Soundproofing. Technical Standards. Noise pollution.
1 Graduando em Engenharia Civil pela Universidade de Araraquara - UNIARA - SP.
E-mail: [email protected] 2 Orientador. Engenheiro Civil e de segurança do trabalho pelas Faculdades Integradas de Araraquara (Fiar)
Docente Curso de Engenharia Civil da Universidade de Araraquara – UNIARA. Araraquara- SP.
E-mail: [email protected]
2
INTRODUÇÃO
A poluição sonora está cada vez mais presente em nosso cotidiano, principalmente nos
grandes centros urbanos e as consequências desse fenômeno afetam diretamente na qualidade
de vida das pessoas. O conforto acústico sugere a sensação de bem estar, tanto físico quanto
psicológico, ou seja, de tranquilidade emocional e o repouso (APARECIDA, 2016). Assim
posto, o intuito desta pesquisa é apresentar técnicas e aplicá-las no estudo do isolamento
acústico em um sistema de pisos flutuantes de acordo com a ABNT NBR 15575-3:2013, que
estabelece diretrizes de conforto e qualidade nas edificações.
A análise do ruído em uma edificação é ainda um assunto pouco explorado, e, soma-se
a isto o fato de que o acervo de dados publicados internacionalmente não é autossuficiente,
além disso, em muitos casos, os sistemas construtivos realizados em nosso país apresentam
peculiaridades e características únicas, além é claro da falta de padronização dos materiais e
da mão de obra não qualificada em grande escala no país (ALVES, 2016).
Existem duas principais fontes de ruídos que podem afetar às edificações, que são
classificadas como ruído estrutural e ruído aéreo. O primeiro é gerado por vibrações, ou seja,
ocorre devido à colisão da fonte produtora do ruído à estrutura da edificação, tais como: ruído
hidráulico, impacto de um objeto no piso do imóvel e ruído dos elevadores. Já o ruído aéreo,
como o próprio nome nos sugere, é transmitido através do ar e em geral, ocorre por causa do
isolamento acústico insuficiente entre os ambientes, por exemplo: o som gerado de um
instrumento musical, uma conversa ou também por automóveis (ALVES, 2016).
Em casos comprovados de patologias oriundas do isolamento acústico na edificação, o
morador poderá ir à justiça e abrir uma ação contra o responsável pela obra, pois se o
isolamento acústico estiver abaixo dos parâmetros estabelecidos pela ABNT NBR
15575:2013, a obra poderá ser classificada com defeito construtivo (ALVES, 2016).
Em São Paulo, a lei Estadual 11.780 respalda os ocupantes dos imóveis e obriga às
incorporadoras à adoção de procedimentos técnicos que visem sanar os problemas de ruídos e
garantir o pleno conforto acústico ao usuário, além de gerarem laudos que comprovem sua
eficiência no local estudado (ALVES, 2016).
O presente artigo foi realizado por meio de pesquisas bibliográficas de artigos, teses,
monografias, livros, sites e também com a devida observação da ABNT NBR 15575:2013,
para obter informações necessárias para que se possa dissertar sobre o tema proposto.
3
1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1.1 Apresentação da NBR 15575
A NBR 15575 (2013) permeia pelos aspectos de desempenho das edificações
habitacionais, objetivando atender às necessidades dos moradores, ou seja, composto por
sistemas que englobem às edificações, isso independe do método utilizado na construção.
O feedback proposto ao usuário é resultante ao comportamento da obra, no que tange à
definição de requisitos qualitativos, critérios quantitativos e ao monitoramento, chegando a
um senso comum. Portanto, as normas de desempenho são consideradas complementares às
normas prescritivas, por estarem atreladas às exigências dos usuários. Além disso, há todo um
conjunto de interessados no processo construtivos, tais como, profissionais da construção
civil, fornecedores de matéria prima, clientes e incorporadoras.
1.1.1 Componentes da NBR 15575
De acordo com a NBR 15575 existem às seguintes subdivisões na norma, tais como:
ABNT NBR 15575 – 1 – Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos –
Desempenho – Parte 1: Requisitos Gerais.
ABNT NBR 15575 – 2 – Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos –
Desempenho – Parte2: Requisitos para os sistemas estruturais.
ABNT NBR 15575 – 3 – Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos –
Desempenho – Parte 3: Requisitos para os sistemas de pisos internos.
ABNT NBR 15575 – 4 – Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos –
Desempenho – Parte 4: Sistemas de vedação verticais externas e internas.
ABNT NBR 15575 – 5 – Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos –
Desempenho – Parte 5: Requisitos para sistemas de cobertura.
ABNT NBR 15575 – 6 – Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos –
Desempenho – Parte 6: Sistemas Hidrossanitários.
Dentre às subdivisões listadas acima, a terceira parte terá o maior enfoque nesta
pesquisa, pois diz respeito aos sistemas de pisos internos segundo a ABNT NBR 15575.
1.2 Teoria abordada na acústica
A acústica é a ciência que estuda o som através de observações das oscilações que
ocorrem em meios elásticos e cujas frequências são percebidas pelo ouvido humano. O intuito
4
basicamente dessa ciência é controlar a emissão e recepção de fenômenos acústicos. Apesar
da existência de diversos ramos nesse estudo, a acústica arquitetônica e das construções são o
foco para a pesquisa, pois é analisado o comportamento do som e a proteção dos ambientes
contra ruídos, promovendo o bem estar das pessoas (PINHAL, 2013). A seguir, trataremos
sobre as questões acerca do som e suas propriedades.
1.2.1 Propriedades do som
Som é uma onda mecânica ou longitudinal que se propaga tridimensionalmente pelo
espaço, necessitando de um meio físico, seja ele sólido ou gasoso para que o fenômeno
ocorra, como o ar ou água, por exemplo. Para sustentar tal afirmação, reiteramos que o som
“[...] segundo o minidicionário Aurélio (REVISTA E AMPLIADA 1997 apud, 2º EDIÇÂO
p.476) pode ser entendido como “fenômeno acústico propagador de ondas sonoras produzidas
por um corpo que vibra em meio material elástico”.
O ser humano consegue captar frequências de ondas sonoras que variam num espectro
que se inicia em 20 Hz até 20.000Hz. As ondas que são inferiores a 20Hz são denominadas
infrassom e aquelas que estão localizadas após às frequências de 20.000Hz são chamadas
ultrassom. O som apresentará algumas propriedades, tais como: altura, intensidade, duração e
timbre (BISQUOLO, 2007).
1.2.1.1 Altura
De acordo com Bisquolo (2007), o que nos permite diferenciar um som agudo de um
grave é justamente a altura, pois o som alto é agudo e o som baixo é grave. O fator importante
que determina a altura do som é a sua frequência, ou seja, o som agudo tem um comprimento
de onda menor (maior frequência), já os sons graves tem um comprimento de onda maior
(menor frequência).
1.2.1.2 Intensidade
Segundo Bisquolo (2007), a característica que está associada ao volume, e depende da
amplitude da onda sonora e é classificada em som forte e som fraco. Quanto maior amplitude
da onda, maior será a pressão que a onda irá exercer no ar, portanto, quanto maior for a
intensidade, maior quantidade de energia será transportada. A relação para o cálculo da
intensidade de uma onda é dado pela relação matemática:
5
A intensidade de uma onda é dada pela relação da potência sobre a área da superfície
que recebe a onda sonora. A unidade de medida de intensidade é o bel ou decibel comumente
falado.
1.2.1.3 Duração
Segundo Rinaldi (2014), é a extensão de um som, em relação ao tempo da emissão das
vibrações. O tempo de duração do som é normalmente medido em segundos, unidade padrão
do Sistema Internacional (S.I.).
1.2.1.4 Timbre
Segundo Bisquolo (2007), timbre é uma característica sonora que nos permite
diferenciar sons de mesma frequência e mesma intensidade. Por exemplo, quando estamos
escutando um concerto é fácil distinguir o som emitido por cada instrumento da orquestra,
assim como, identificar o som característico da voz de cada pessoa que conhecemos. Por
exemplo, se for tocada a nota dó no piano ou de um clarinete, perceberemos que a forma da
onda sonoro emitida será peculiar a cada instrumento, mesmo a nota sendo igual.
1.3 Ruído
De acordo com Fernandes (2002), a definição de ruído é um tanto ambígua, pois de
forma subjetiva, o ruído é toda sensação desagradável ou insalubre, entretanto, do ponto de
vista físico é todo o fenômeno acústico não periódico, sem harmonia definida. Além do mais,
fisicamente o ruído é resultante de superposição desarmônica de sons advindos de diversas
fontes. Seu espectro é complexo, normalmente de banda larga (de frequências), compacto e
uniforme, com maior ocorrência do aparecimento de faixas graves, médias ou agudas.
Nas últimas décadas os ruídos são uma das maiores fontes de poluição que afetam as
pessoas, a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1989 começou a tratar o ruído
como sendo um problema de saúde pública.
Os principais tipos de ruídos são provenientes de duas fontes, chamados de ruído aéreo
e ruído de impacto (FERRAZ, 2008).
6
1.3.1 Ruído aéreo
É denominado ruído aéreo a fonte sonora que necessita do ar como um meio elástico
de propagação. Portanto, uma conversa, o latido de cães, trânsito, são considerados alguns dos
exemplos de ruído aéreo nas edificações, que estão presentes em nosso cotidiano e afetam o
bem estar dos moradores (TAKAHASHI, 2002).
Figura 1: Ruído aéreo através da conversa
Fonte: Adaptado TAKAHASHI (2016)
1.3.1.1 Parâmetros de desempenho ao ruído aéreo
Segundo o anexo E da NBR 15.575-3:2013, é apresentado os intervalos admissíveis de
desempenho acústico com relação ao ruído aéreo em sistemas de pisos para medições em
campo. A tabela abaixo possue informações complementares ao item 12 desta norma da
diferença padronizada de nível ponderada, DnT, w.
Tabela 1 – Critérios de diferença padronizada de nível ponderada, DnT, w
Fonte: ABNT NBR 15575-3 (2013)
7
1.2.1.1 Ruído de impacto
O ruído de impacto é produzido pelo impacto de objetos diretamente na estrutura do
edifício, tais como o impacto de um salto alto no caminhar sobre o piso, o barulho que os
elevadores emitem, o ruído das tubulações da instalação hidráulica do prédio (FERRAZ,
2008).
Figura 2: Ruído de impacto ao caminhar sobre a laje
Fonte: Adaptado TAKAHASHI (2016)
1.2.1.1 Parâmetros de desempenho ao ruído de impacto
Segundo o anexo E da NBR 15.575-3:2013, é apresentado os intervalos admissíveis de
desempenho acústico com relação ao ruído de impacto em sistemas de pisos para medições
em campo. A tabela abaixo possue informações complementares ao item 12 desta norma do
nível de pressão sonora de impacto padrão ponderado L’nT, w.
Tabela 2 – Critério e nível de pressão sonora de impacto padrão ponderado, L’nT, w
Fonte: ABNT NBR 15575-3 (2013)
8
1.4 Isolamento acústico
Segundo Rinaldi (2014), isolamento acústico são medidas construtivas tomadas para
que seja impedido ou diminuído a passagem de energia sonora entre ambientes, minimizando
a reflexão de ondas sonoras e atenuando o nível de reverberação do local. As mantas são os
materiais mais utilizados no mercado, como a lã de vidro, lã de rocha e espuma de
poliuretano, cujo poder de absorção de ondas sonoras é altíssimo. Esses materiais são
comumente utilizados em paredes de drywall, forros e contrapisos acústicos. Entretanto, neste
estudo será instalada uma manta acústica composta de grânulos de pneus reciclados
aglomerados com poliuretano utilizada no contrapiso sobre a laje.
1.4.1 Conforto acústico
De acordo com a CBIC (2013), o que consta no guia orientativo para o atendimento à
ABNT NBR 15575 diz que:
“A norma NBR 15575 não fixa critérios de conforto acústico, como por exemplo – a
máxima intensidade sonora admitida para o repouso noturno – o que é tratado na
norma NBR 10152. Também não compreende a forma de qualificar níveis de ruídos
externos à edificação, assunto pertinente à norma NBR 10151”. (CBIC. Desempenho de Edificações habitacionais: guia orientativo para atendimento à
norma ABNT NBT 15575/2013/Pg.156/Câmara Brasileira da Indústria da
Construção – Brasília/DF: Gadioli Cipolla Comunicação,2013).
Na prática devem ser feitas análises dos casos específicos, cuja a intensidade de ruído
seja alta, em locais como aeroportos, rodovias, os levantamentos serão realizados no in loco
(APARECIDA, 2016).
1.6 Piso flutuante
Segundo Ferraz (2008), piso flutuante é um recurso utilizado para o isolamento
acústico das edificações e tem o objetivo de atenuar a transmissão de ruídos verticais,
horizontais e vibrações na edificação. Além disso, são painéis com suportes elásticos, que
estão localizados acima do sistema estrutural (laje). No sistema de pisos flutuantes, utilizam-
se isolantes como elastômeros, polietileno ou fibra de vidro prensada, e esses materiais de
maneira alguma podem entrar em contato com água do concreto, pois assim estarão sujeitos a
perder o seu desempenho.
O piso flutuante tem melhores resultados na instalação quando não estiver acoplado à
alvenaria, portanto, os materiais isoladores mencionados anteriormente devem ser aplicados
também nos fechamentos verticais, isolando não apenas da laje, mas também de toda
9
estrutura, impedindo que vibrações geradas dos impactos no piso não sejam transmitidas ao
restante da estrutura. Por exemplo, o isolamento acústico na lateral previne pontes acústicas
na junção da estrutura através do rodapé (FERRAZ, 2008).
Figura 3: Composição do Piso Flutuante
Fonte: Adaptado HAX (2002).
A tabela a seguir nos mostra um comparativo de desempenho entre às diversas opções
de materiais resilientes que podemos encontrar no mercado e que se adeque à demanda do
projeto.
Tabela 3: Níveis de atenuação sonora de diversos matérias isolantes
Fonte: Adaptado LITWINCZIK (2013)
1.6.1 Aspectos que influenciam o isolamento acústico em pisos flutuantes
Segundo Pujolle (1978), um dos fatores fundamentais responsáveis pela eficiência do
isolamento acústico do ruído de impacto de um piso flutuante está relacionado à natureza e
espessura do material resiliente, em pesquisas realizadas pelo CSTB (Centre Scientifique et
Technique du Bâtiment), no qual foi trabalhado com inúmeros exemplos de lajes estruturais e
também diversos sistemas de pisos flutuantes e foi comprovado que houve um ganho de 4dB
em cada duplicação da espessura do material elástico em um intervalo de 5 a 40 mm.
10
Figura 4: Desempenho acústico em virtude da espessura da laje
Fonte: Adaptado LITWINCZIK (2013)
O segundo fator preponderante para à eficiência do isolamento acústico do ruído de
impacto de um piso flutuante está relacionado à espessura da laje suporte. Em experimentos
realizados se aumentarmos em 1cm à espessura da laje originalmente concebida com 16cm há
um ganho no desempenho de 1dB no isolamento ao ruído de impacto (LITWINCZIK, 2013).
Figura 5: Aumento da espessura na laje suporte
Fonte: Adaptado LITWINCZIK (2013)
Por fim, a sobrecarga da laje é juntamente com os outros eventos citados acima um
fator relevante para o isolamento ao ruído de impacto de piso, em detrimento do aumento de
cargas do tipo móveis, por exemplo, pode alterar a frequência crítica do sistema de piso, ou
seja, a sobrecarga da laje reduz ou aumenta a rigidez dinâmica do material elástico
(PUJOLLE, 1978).
Figura 6: Piso flutuante com sobrecarga
Fonte: Adaptado LITWINCZIK (2013)
11
2 METODOLOGIA
2.1 Instalação do piso flutuante
O modelo da manta acústica utilizado para a composição do piso flutuante é o Sound
Soft Contrapiso, da empresa AUBICON (2019), pois é um produto que atende aos requisitos
estabelecidos pela norma de desempenho NBR 15.575-3: 2013. Além disso, a empresa preza
por aspectos relevantes como a sustentabilidade e a responsabilidade ambiental na fabricação
dos seus produtos, pois a manta é composta por grânulos de pneus reciclados aglomerados
com poliuretano, ou seja, uma ótima alternativa encontrada para lidar com os problemas de
gestão de resíduos deparados em nosso cotidiano e também por ser uma tendência de mercado
da construção civil.
A seguir, exporemos passo a passo o modo de aplicação da manta acústica na laje para
à composição do piso flutuante.
1) Preparação da laje:
Certifique que a laje esteja limpa, ou seja, que a superfície esteja regularizada e livre
de objetos sobressalentes que possam perfurar a manta;
Faça o reboco da alvenaria antes da instalação da manta para que a estrutura não entre
em contato com o sistema de isolamento acústico do piso flutuante e comprometa o
seu desempenho. Caso não seja possível, dobre o rodapé de borracha impedindo o
contato do reboco com o contrapiso.
Figura 7: Regularização da superfície
Fonte: Adaptado AUBICON (2019).
2) Corte do material:
Meça previamente o cômodo para que não haja desperdício de material no momento
do corte;
12
Coloque a bobina em um cômodo maior, mesmo que não seja o local de aplicação,
pois facilitará a sua abertura e o corte do material;
Utilize um estilete e um pedaço de madeira sob a manta para facilitar o serviço. Além
disso, deixe 2 cm a mais do tamanho do ambiente e 1cm subindo para cada lado da
alvenaria;
Deixe à borda da manta sobreposta a outra com no mínimo 5cm.
Figura 8: Corte da manta acústica
Fonte: Adaptado AUBICON (2019).
3) Aplicação da manta acústica:
Aplique a manta sobre a laje e coloque às faixas de rodapé atrás do material.
Lembrando que o rodapé será aplicado em todos os lados do cômodo, além da junção
entre áreas com e sem revestimento de manta;
Recorte o excesso de rodapé após concluir a execução do contrapiso acústico;
Para os furos ou aberturas no material, fazer à emenda com uma sobreposição de uma
camada sobre a outra com cobertura na ordem de 5cm;
Utilizar lona plástica sobre a manta instalada justamente para protegê-la do contato e
possível penetração da argamassa, caso isso ocorra o desempenho do produto será
comprometido;
Posicione às taliscas sob a lona plástica para antes da feitura do contrapiso. E se
houver tubulações pelo contrapiso, deixar as taliscas sobre a manta.
13
Figura 9: Aplicação da manta acústica
Fonte: Adaptado AUBICON (2019).
4) Contrapiso e acabamento:
O manual técnico de argamassa para a execução do contrapiso flutuante neste caso é
fornecido pela empresa LPE Engenharia e Consultoria. A estrutura do contrapiso pode
ser realizada em microfibras ou macrofibras/telas de aço, isso dependerá da dimensão
de cada ambiente. Portanto, a espessura média acabada do contrapiso é de 4 cm
(recomendado pela LPE Engenharia e Consultoria) com consistência seca da
argamassa (farofa) e antes do próximo passo é importante também compactar o
contrapiso e aguardar o tempo de cura necessário;
Coloque tela de aço nos cantos vivos ou também chamados de áreas de tensão
estrutural;
Deixe às faixas de rodapé de borracha até o final do todo o processo;
Retire o excesso de material da manta com estilete.
Figura 10: Contrapiso acabado
Fonte: Adaptado AUBICON (2019).
14
5) Processo de cura:
O tempo de cura que deve ser respeitado para se chegar ao resultado esperado é de 7
dias;
Utilize lona plástica para proteger a local e molhe a superfície diariamente;
Também utilize madeira na separação dos ambientes para sustentar o rodapé;
Lembrando sempre que a estrutura não pode entrar em contato com o contrapiso
flutuante, pois o desempenho acústico será comprometido.
Figura 11: Isolamento do piso à estrutura
Fonte: Adaptado AUBICON (2019).
Figura 12: Esquema geral do piso flutuante acabado
Fonte: Adaptado AUBICON (2019).
15
3 RESULTADOS
De acordo com a Aubicon (2019), após a instalação da manta acústica foi avaliado o
desempenho acústico do produto e disponibilizado o laudo técnico. No relatório técnico de
n°90907-205, caso a instalação da manta seja feita em uma laje protendida há uma redução da
pressão sonora na ordem de 14dB e o L’nT, w de 58 dB, esse valor atende aos parâmetros
requeridos da NBR 15.575-3, atendendo o nível intermediário de desempenho. Porém, se
optarmos pela instalação do material em uma laje de concreto armado, o resultado será de 49
dB, segundo o relatório de n° 108250-205, atendendo agora o nível superior da norma. A
partir dos resultados obtidos sobre o desempenho da manta, podemos afirmar que o produto
apresenta plenas condições de uso ao piso flutuante. Abaixo estão os resultados do ensaio
realizado pela empresa anteriormente citado:
Tabela 4: Resultados obtidos pelo fabricante da manta acústica Sound Soft
Fonte: Adaptado AUBICON (2019).
16
CONCLUSÃO
Toda a pesquisa sobre o isolamento acústico em pisos flutuantes foi fundamentada nos
princípios estabelecidos pela NBR 15.575-3:2013, que garante a qualidade e estabelece os
parâmetros ideais para um bom dimensionarmos de um projeto direcionado para lidarmos
com os problemas de poluição sonora presentes no cotidiano da população.
Primeiramente, é importante que se entenda os conceitos envolvidos nos fenômenos
acústicos para assim pensarmos em uma solução a uma das principais fontes causadoras de tal
inconveniente aos construtores e aos usuários, ou seja, o ruído de impacto nas edificações. A
alternativa pensada para solucionar esta questão foi a utilização do piso flutuante para o
isolamento acústico. O intuito no desenvolvimento do manual prático de instalação da manta
acústica é dispor de suporte necessário aos profissionais técnicos e instaladores do ramo da
construção civil. Além disso, é importante aliar o conhecimento técnico com a consciência
sustentável e também da responsabilidade ambiental que devemos ter com o nosso planeta,
como o emprego de materiais reciclados na concepção da manta acústica, que é uma prática
ecologicamente correta.
Em suma, o tema abordado nesta pesquisa amparado pela NBR 15.575-3:2013 tem o
intuito de angariar informações e buscar soluções para minimizar os efeitos nocivos
recorrentes da poluição sonora, que afetam a saúde das pessoas e que a sociedade
inevitavelmente é sujeita a lidar. Portanto, a finalidade foi proporcionar alternativas para obter
um maior conforto acústico e segurança aos moradores das edificações a serem construídas e
auxiliar os profissionais da área com informações necessárias ao cumprimento das suas
atividades e responsabilidades contratuais com os seus clientes.
17
REFERÊNCIAS
ABNT. Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos – Desempenho – Parte 3:
Requisitos para os sistemas de pisos internos. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de
normas Técnicas, 2013.
ALVES, E. G. Isolamento acústico em edifício residencial com implantação de Piso
Flutuante. Araraquara: Universidade de Araraquara – UNIARA, 2016.
APARECIDA, J. P. F. Isolamento acústico para pisos flutuantes segundo ABNT NBR
15575-3:2013. Araraquara: Universidade de Araraquara – UNIARA, 2016.
AUBICON. Aubicon Indústria e Comércio Ltda, 2019. Disponível em:
<https://www.aubicon.com.br/produtos/mantas-acusticas/sound-soft-contrapiso/> Acesso em:
19/08/2019.
BISQUOLO, P. A. Ondas sonoras –a: Timbre, altura e intensidade. 2007. Disponível em:
<http://educacao.uol.com.br/disciplinas/fisica/ondas-sonoras--a-timbre-altura-e-
intensidade.htm> Acesso em :10/05/2019.
CBIC. Câmara Brasileira da Indústria da Construção. Desempenho de edificações
habitacionais; guia orientativo para atendimento à norma ABNT NBR 15575/2013.
Brasília/DF: Gadioli Cipolla Comunicação, 2013.
FERNANDES, J. C. Acústica e Ruídos. Bauru: Unesp – Dep. Engenharia Mecânica,2002.
22p.
FERRAZ, R. Atenuação de ruído de impacto em pisos de edificações de pavimentos
múltiplos. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, 2008. 17p.
FERREIRA, A. B. D. H. Minidicionário Aurélio. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1977.
LITWINCZIK, V. Acústica de edificações. 1ª Edição. ed. Santa Catarina: Anima Acústica,
v. Volume1, 2013.
PINHAL. O que é Acústica? 2013. Disponível em:
<http://www.colegiodearquitetos.com.br/dicionario/2013/02/o-que-e-acustica/> Acesso em:
03/05/2019.
PUJOLLE, J. La pratique de l’isolation acoustique des batiments. Paris: Moniteur, 1978.
576p.
RINALDI, A. G. Controle de ruídos em edifícios residenciais. Araraquara: Universidade de
Araraquara – UNIARA, 2014.
TAKAHASHI, V. F. M. Desempenho acústico de edificações: ferramenta computacional
para avaliação. Campinas: Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, 2016.
Top Related