i
UNIVERSIDADE LÚRIO
FACULDADE DE CIÊNCIAS NATURAIS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Campus Universitário, bairro Eduardo Mondlane
PROJECTO DE INVESTIGAÇÃO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE
LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
ESTUDO DA ABUNDÂNCIA DE ALGUMAS FAMÍLIAS DE PEIXES
CARNÍVOROS DE RECIFES DE CORAL NA BAIA DE PEMBA E NA
ILHA DE VAMIZI
Autor: Izaidino Jaime Muchanga
Supervisora: Isabel Maria Sousa Lina Marques da Silva, MSc
Pemba, Julho de 2012
ii
JÚRI
O Presidente
dr Heráclito Rodrigues comia
---------------------------------------------------------------
O Secretário
dr Fred Charles Nelson
---------------------------------------------------------------------
O Vogal
dr Amisse Milange
----------------------------------------------------------------------------------
iii
DECLARAÇÃO DE HONRA
Declaro que esta monografia científica é o resultado da minha investigação pessoal e das
orientações da minha supervisora.O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas foram
devidamente mencionadas na bibliografia final.
Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção
de qualquer grau académico.
Pemba aos....de Julho de 2012
....................................................................................
Izaidino Jaime Muchanga
iv
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais Jaime João Muchanga e Albertina Noa Mazuze.
v
AGRADECIMENTOS
As palavras aqui registadas não chegam para a exprimir todo o sentimento de reconhecimento
que guardo pelas pessoas abaixo mencionadas, e não só, por muitas outras coisas não
mencionadas:
Um obrigado a minha supervisora Isabel Maria Sousa Lina Marques da Silva, MSc, pelo apoio
prestado durante a realização deste trabalho.
Ao projecto PPEMBA, pelo apoio financeiro e material, sem o qual, este, trabalho não teria sido
realizado.
Um obrigado especial aos meus colegas de mergulho nomeadamente: Hilário Massango,
AjosiaMuipela, PuritaSaxon, Jamen Mussa e João Paulo pelo apoio na recolha de dados para
realização deste trabalho.
A família fernandes nomeadamente:
Dr. Alírio Fernandes, Engenheiro Agnelo Fernandes, Dr António Fernandes, DraCarol,
Engenheira Michele Gonsalves, Engenheiro Mário Fernandes, Engenheiro Miguel Fernandes e a
Senhora EusebiaVerundiana, pelo financeiro e moral em toda minha vida estudantil.
Ao meu tio Pedro Sebastião Muchanga, pelo apoio moral.
A todos os docentes da faculdade de Ciências Naturais pelo apoio científico prestado em toda
minha licenciatura.
Aos colegas do curso de licenciatura em Ciências Biológicas pela companhia e apoio moral
durante a minha formação académica.
A todos os meus irmãos, um grande obrigado.
vi
RESUMO
Palavras-chaves: Peixes carnívoros, recifes de coral, Hamulidae, Lutjanidae e Serranidae.
Os peixes carnívoros de recifes de coral das famílias Lutjanidae, Serranidae e Haemulidae na baia
de Pemba e na ilha de Vamizi foram estudados nos meses de Abril e Maio de 2012,usando
métodos visuais subaquáticos e equipamento SCUBA, com objectivo estudar a abundância de
algumas famílias de peixes carnívoros (Serranidae, Lutjanidae e Haemulidae) de recifes de
corais. Neste estudo foram feitos 12 (doze) mergulhos e trinta e seis (36) transectos na baia de
Pemba e 18 (dezoito) mergulhos e 54 (cinquenta e quatro) transectos na Ilha de Vamizi, de 50m
de comprimento e 5m de largura. Na baia o estudo foi feito em três locais: praia de Wimbe, Kauri
(lado sul da baia) e Londo lodge (lado norte da baia) e foram contados e identificados 121
individuos das famílias: Haemulidae, Lutjanidae e Serranidae e na ilha de Vamizi foram contados
e identificados 633 individuos dos quais 578 individuos foram observados na zona reserva e a
família Lutjanidae foi abundante em todos sítios na baia de Pemba e ilha de Vamizi.
Na ilha de Vamizi o estudo foi feito dentro da reserva e fora com igual número de mergulhos e
transectos nesses dois locais. Na baia de Pemba os individuos da família Haemulidae foram
observados em todos os seus tamanhos, lutjanidae foram observados maior nímero de individuos
de peixes de menor tamanhos e serranidae foram observados individuos de tamanhos que variam
entre 20cm e tamanhos superiores 50cm,poucos individuos enquanto na ilha de ilha de vamizi
foram observados muitos individuos de todos os tamanhos dentro da reserva e fora de reserva
foram observados poucos individuos em alguns dos seus tamanhos.Na zona de reserva todas as
famílias: Serranidae, Haemulidae e Lutjanidae foram observados maior número de individiduos
comparativamente com baia de Pemba e ilha de Vamizi (fora de reserva).
Constatou-se que na baia de Pemba e fora da reserva na ilha de Vamizi o baixo número de
individuos observados foi devido a pressão piscatória não baixo índice de rugosidade.
O maior número de indivíduos de peixes carnívoros de todas as famílias em estudo foi observado
a profundidades mais elevadas (de 15 m de profundidades em todos locais de estudo) de
amostragem na baia de Pemba e ilha de Vamizi e em todos estes locais a família Lutjanidae foi a
que teve maiores indivíduos. A família Serranidae foi a que teve maior número de individuos de
classes de tamanhos superiores.As diferenças significativas entre os locais estudados foram
evidentes nas três famílias de peixes carnívoros.
vii
ÍNDICE
DECLARAÇÃO DE HONRA ................................................................................................. iii
DEDICATÓRIA....................................................................................................................... iv
AGRADECIMENTOS .............................................................................................................. v
RESUMO ................................................................................................................................. vi
1.INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1
1.1. Hipóteses ..................................................................................................................... 4
1.2. Objectivos........................................................................................................................ 4
1.2.1. Objectivo geral ........................................................................................................... 4
1.2.2. Objectivos específicos ................................................................................................ 5
2.1.ÁREAS DE ESTUDO ......................................................................................................... 5
2.1.1.Ilha de Vamizi ............................................................................................................... 5
2.1.2.Baia de Pemba............................................................................................................... 6
2.2.Material ............................................................................................................................ 8
2.3. Métodos ........................................................................................................................... 8
2.3.1. Observação ictiológica no recife de coral.................................................................... 8
2.3.2.Determinação da Rugosidade do substrato/complexidade do substrato ...................... 10
3.ANÁLISE DOS RESULTADOS ......................................................................................... 11
4. RESULTADOS ................................................................................................................... 12
4.1.Composição específica de peixes carnívoros na baia de Pemba ................................... 12
4.2. Classes de tamanhos na baia de Pemba ....................................................................... 13
4.3. Composição específica dos peixes carnívoros na ilha de Vamizi ................................ 15
4.4. Classes de tamanhos na ilha de Vamizi ........................................................................ 16
4.5.Complexidade do substrato na baia de Pemba e na Ilha de Vamizi ............................ 17
4.6.Comparação da abundância de peixes carnívoros ....................................................... 18
5.DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 20
viii
6.CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 23
7.RECOMENDAÇÕES .......................................................................................................... 24
8.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 25
9. ANEXOS ................................................................................................................................ i
ix
LISTAS DE ANEXOS
Anexo 1. Teste de Normalidade .................................................................................................. ii
Anexo 2. Teste de Kryskal – Wallis ............................................................................................ ii
Anexo 3. Testes de Mann – whitney ........................................................................................... iii
x
LISTAS DE TABELAS
Tabela 1:Espécies observadas da família Serranidae.................................................................. 12
Tabela 2:Espécies observadas da família Lutjanidae.................................................................. 12
Tabela 3:Espécies observadas da família Haemulidae ............................................................... 13
Tabela 4.Especies da família Serranidae observadas na Ilha de Vamizi ..................................... 15
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Ilha de Vamizi ............................................................................................................. 6
Figura 2. Baia de Pemba . ........................................................................................................... 7
xii
LISTAS DE GRÁFICOS
Gráfico 1 .Tamanhos dos peixes da família Serranidae (S) observados. ..................................... 13
Gráfico 2. Tamanhos dos peixes da família Lutjanidae (L) observados ...................................... 14
Gráfico 3. Tamanhos dos peixes de família Haemulidae (H) observados ................................... 14
Gráfico 4. Classes de tamanhos dos peixes da família Lutjanidae (L) observados na Ilha de
Vamize ..................................................................................................................................... 16
Gráfico 5. Classes de tamanhos dos peixes da família Haemulidae (H) observados na Ilha de
Vamize ..................................................................................................................................... 16
Gráfico 6. Classes de tamanhos dos peixes da família Serranidae (S) observados na Ilha de
Vamize ..................................................................................................................................... 17
Gráfico 7.comparação da abundância da família Haemulidae em três locais de estudo
(Pemba,Vamizi reserva e Vamizi fora da reserva....................................................................... 18
Gráfico 8 . Comparação da abundância da família Lutjanidae em três locais de estudo
(Pemba,Vamizi reserva e Vamizi fora da reserva....................................................................... 18
Gráfico 9. Comparação da abundância da família Serranidae em três locais de estudo
(Pemba,Vamizi reserva e Vamizi fora da reserva....................................................................... 19
xiii
LISTA DE ABREVIATURAS
SCUBA Self-contained Underwater Breathing Apparatus
UEM Universidade Eduardo Mondlane
WWF World Wildlife Fund
W Wimbe
K Kauri
L Londo
IIP Instituto Nacional de Investigação Pesqueira
INE InstitutoNacional de Estatistica
SPSS Statistical Package for the Social Sciences
WIOMSA Western Indian Ocean ofMarine Science Association
ESCMC Escola Superior de Ciencias Marinhas e Costeiras
UP UniversidaePedagogica
EIA Estudo de impacto ambiental.
cm Centímetro
m Metro
INE Instituto Nacional de Estatística
Estudo da abundância de algumas famílias de peixes carnívoros de recifes de corais na baia de Pemba e na ilha de Vamizi
Izaidino Jaime Muchanga Unilúrio Pemba 2012 1
1. INTRODUÇÃO
Os recifes de coral são ecossistemas marinhos encontrados em regiões tropicais e subtropicais
formados pela deposição do esqueleto calcário de organismos como corais, algas e moluscos
(Luz et al., 2008; Rodrigues, 1996). A ocorrência dos recifes de coral está restrita para regiões
onde a temperatura mínima da água situa-se a volta dos 20 graus celsius (Luz et al, 2008;
Rodrigues, 1996). Constituem habitats essenciais para peixes e outros recursos pesqueiros,
dando suporte às espécies em vias de extinção e abrigo para tartarugas e mamíferos marinhos
(Pereira, 2000b; Rodrigues, 1996;Motta et al, 2000). Os recifes de corais correspondem cerca
de 15% do fundo marinho do planeta e se estabelecem entre as profundidades de 0 a 30
metros, isso deve-se as limitações à penetração de luz impedem o crescimento dos corais a
profundidades superiores a 30m (Kuiter & Debelius, 2006). A complexidade estrutural do
coral, que inclui a diversidade da composição do substrato e a percentagem do coral vivo
duro, fornece refúgio e um espaço de modo que maior número de espécies possa habitar o
recife (Mucave, 2007). A característica mais marcante dos peixes recifais é a sua enorme
diversidade, tanto em termos de número de espécies como em variações morfológicas.
Existem cerca de 4000 espécies de peixes vivendo em recifes de coral do Indo-Pacífico, 18%
do total de peixes viventes, e, a medida em que novas pesquisas são realizadas, este número
aumenta (Kuiter & Debelius, 2006). Esta alta diversidade deve-se em parte ao facto de que os
recifes oferecem um grande número de pequenos habitats, cada um com a sua comunidade de
peixes específica (Kuiter & Debelius, 2006; Lieske & Myers, 1994). Diferenças no grau de
exposição à acção das ondas, correntes, níveis de luz, quantidade de algas, plancton e sua
abundância, forma e variedade dos corais, e outros abrigos combinam-se para criar uma
grande variedade de diferentes lugares a serem explorados (Pet et al, 2006).
A costa de Moçambique, com cerca de 2.700 km2, é caracterizada pela sua rica diversidade de
habitats (Simango, 2010), incluindo praias arenosas e sistemas de dunas, recifes de corais,
sistemas de estuários, mangais e tapetes de erva marinha (Pereira, 2001;Motta et al, 2000).
Em Moçambique, devido a estreita plataforma continental, as formações de coral são
encontradas apenas muito perto da costa. Os recifes de coral em Moçambique, ocupam uma
área estimada de cerca de 2.500km2 (Pereira, 2000a;Rodrigues,1996). Os recifes coralinos e
rochosos são os ecossistemas muito importantes, principalmente devido à sua diversidade,
produtividade, abundância e também beleza natural. Moçambique possui áreas extensas de
recifes, em que a fauna ictiológica é o principal recurso a ser explorado. Contudo, a ecologia
destes recursos é pouco conhecida (Pereira, 2001). Existem cerca de 794 espécies de peixes
de recifes identificadas nos recifes Moçambicanos (Pereira, 2006).
Estudo da abundância de algumas famílias de peixes carnívoros de recifes de corais na baia de Pemba e na ilha de Vamizi
Izaidino Jaime Muchanga Unilúrio Pemba 2012 2
A Província de Cabo Delgado detém cerca de 525 km2 de recifes de coral, classificados como
sendo do tipo em franja (IIP, 2010). Os corais constituem maior atracção para o crescimento
da indústria hoteleira costeira e são fundamentais para sobrevivência das comunidades
costeiras (Pereira, 2000a). Os peixes são componentes importantes dos ambientes recifais,
actuando na estrutura das comunidades através de processos como predação, competição e
territorialidade (Lima et al, 2010).
Os peixes de coral definem-se como sendo aqueles que habitam permanente no recife de
coral, em sua vizinhança, fazendo uso dos recursos tróficos disponíveis no recife. Vivem
também algumas espécies que passam apenas parte de seu ciclo de vida nos recifes de coral
(Pereira, 2000b; Dinlasken, 2008).
Os peixes de coral influenciam a estrutura, funcionamento e estado de equilíbrio das
comunidades que constituem o recife, participando directamente na distribuição e zonação da
comunidade coralina, predação de invertebrados, reciclagem de nutrientes, entre outros
(Pereira, 2000b;Lima et al, 2010). Os peixes têm grande importância para vida humana, e em
várias partes do mundo os peixes contribuem acima de 70% das proteínas consumidas pelas
populações humanas locais (Lima et al, 2010). Os peixes carnívoros de recifes de coral têm
uma importância económica elevada para o desenvolvimento das comunidades pesqueiras,
onde o grande número das comunidades é dependente da pesca para geração de receitas assim
como sua principal fonte de proteína (Pet et al, 2006).
Os peixes carnívoros das famílias Serranidae e Lutjanidae, durante a época reprodutiva
formam agregação de desova, migram para locais específicos em tempos específicos para
reproduzir, devido a estas características a sobrepesca incidem sobre esses peixes carnívoros
(WWF, 2004;WIOMSA,2006;Pet et al, 2006). Os peixes recifais, principalmente os membros
das famílias Lutjanidae e Serranidae, são por sua vez, extremamente vulneráveis à pesca,
devido principalmente ao seu grande porte, ciclo de vida longo, crescimento lento e
maturação tardia (Morris et al., 2000; Sadovy, 2001;Chiappone et al, 2000).
Essas famílias Haemulidae, Lutjanidae e Serranidae reunem alguns dos peixes de maior
importância económica para a actividade pesqueira (Freitas, 2011).
Estudo da abundância de algumas famílias de peixes carnívoros de recifes de corais na baia de Pemba e na ilha de Vamizi
Izaidino Jaime Muchanga Unilúrio Pemba 2012 3
Nessas ocasiões, tornam-se ainda mais vulneráveis, porque podem ser capturados
irregularmente durante sua reprodução, momento crítico para a renovação de sua população
(Nishida, 2006). Agregações reprodutivas de Serranídeos e Lutjanídeos têm desaparecido
antes mesmo que os pesquisadores tomem conhecimento de sua existência, devido à falta de
estudos e de medidas preventivas de proteção (Freitas, 2011;Pet et al, 2006).
Moçambique é um país costeiro mas com pouca informação sobre os recifes de corais e os
peixes recifais. Vários autores (Gove, 1991;Wells,1991 citados por Pereira, 2000b) são
unânimes em reconhecer que existe pouca informação de natureza biológica e o estado da
conservação dos recifes de coral dos peixes que vivem nestes ecossistemas, exceptuando a
ilha de Inhaca que foi amplamente estudado por Macnae & Kalk, 1969; Salm, 1976; Wells,
1991; Kalk, 1995a citados por Pereira, 2000b.Actualmente vários estudos estão a ser feitos
sobre os recifes e suas comunidades por vários intervenientes da pesquisa de vários
quadrantes do país como por exemplo, ilha de Ibo (Rodrigues, 1996), distrito de Mecufi
(Loureiro, 1998), Ilha de Vamizi (Davidson et al, 2006) Ilha Metundo (Samoilys et al, 2011),
Arquipélago das Quirimbas (Whittington et al, 1997; Heasman et al, 1998;Stanwell-Smith et
al, 1998 citados por Pereira, 2000b), e em vários recifes do país, inserido no Programa
“Mozambique coral reef management programme” (Motta et al, 2000).
Dessa pouca informação existente sobre estes ricos ecossistemas marinhos (recifes de coral),
sobre sua conservação e distribuição em Moçambique, poucos estudos sobre aspectos
ecológicos dos peixes de recifes de coral foram efectuados. Loureiro (1998) no distrito de
Mecufi, estudou aspectos ligados a actividade pesqueira, Whittington et al (1997) no
arquipélago das Quirimbas, estudaram aspectos relacionados a densidade e diversidade
específica dos peixes recifais, mais recentemente Davidson et al (2006) na ilha de Vamizi,
estudaram aspectos relacionados com avaliação de saúde de biodiversidade de peixes e
comunidade de coral, Pereira (2001) estudou aspectos ligados com peixes associados aos
recifes de coral em Moçambique, Pereira (2000b) na ilha de Inhaca, estudou aspectos ligados
a diversidade específica, biomassa e densidade dos peixes recifais e complexidade estrutural
dos recifes de coral e os seus factores abióticos.
Em relação a baia de Pemba foi feito um estudo sobre aspectos ambientais do litoral da cidade
de Pemba (Silva, 1996). Simango (2010) estudou a abundância e diversidade de recursos
pesqueiros acessíveis a pesca artesanal na região ocidental da península de Pemba. No entanto
nenhum estudo sobre as comunidades ictiológicas dos recifes de coral foi efectuado na baia de
Pemba até o presente momento.
Estudo da abundância de algumas famílias de peixes carnívoros de recifes de corais na baia de Pemba e na ilha de Vamizi
Izaidino Jaime Muchanga Unilúrio Pemba 2012 4
Em relação a ilha de Vamizi vários estudos foram feitos sobre as comunidades
ictiológicasrecifais mas foram estudos que congregavam todos os peixes recifais. Um estudo
como este que congrega somente as famílias de peixes recifais de importância comercial, este
é o primeiro nesses dois sítios.
Tendo em conta a falta de estudos sobre peixes carnívoros piscívoros de recifes de coral ou de
peixes recifais em geral da baia de Pemba e os poucos estudos feitos na ilha de Vamizi sobre
estas comunidades e o escasso conhecimento da sua ecologia, este estudo pretende ser
contributo ao conhecimento ecológico de algumas famílias de peixes carnívoros da baia de
Pemba, com principal destaque para as famílias Lutjanidae, Serranidae e Haemulidae. Nesta
área sem nenhum estudo sobre a ictiofauna carnívora recifal e que necessita de um
conhecimento de base tanto para efeito de uso, gestão e conservação sustentável destes
recursos ictiológicos que o homem depende deles para garantir a sua sobrevivência mas é
necessário que a extracção dos mesmos seja sustentável para que os mesmos recursos
garantam a sustentabilidade das futuras gerações. Sendo assim, é de extrema importância a
realização de estudos como este para o melhor entendimento das comunidades de peixes
carnívoros de recifes de coral e possíveis comparações com outros locais já estudados. Além
disso, as informações que podem ser retiradas desse tipo de pesquisa básica são
importantíssimas para as políticas públicas de projectos de Conservação marinha.
1.1.Hipóteses
A diversidade específica dos peixes carnívoros das famílias Serranidae, Haemulidae e
Lutjanidae está directamente relacionada com a complexidade estrutural (rugosidade).
A complexidade estrutural do substrato providencia alimento e abrigo, um maior número de
nichos fica disponível para que um maior número das espécies possa colonizar o recife
(Pereira, 2000a; Dinslaken, 2008;Rodrigues, 1996; Motta et al, 2000).
Há redução da diversidade específica dos peixes carnívoros das famílias Serranidae,
Haemulidae e Lutjanidae na baia de Pemba e ilha de Vamizi devido a actividade pesqueira.
A pressão pesqueira constittui maior factor na redução dos recursos ictiológicos de principal
interesse comercial como é o caso de garoupas e pargos (Freitas, 2011).
1.2. Objectivos
1.2.1. Objectivo geral
Estudar a abundância de algumas famílias de peixes carnívoros (Serranidae, Lutjanidae e
Haemulidae) de recifes de corais na baia de Pemba e na ilha de Vamizi.
Estudo da abundância de algumas famílias de peixes carnívoros de recifes de corais na baia de Pemba e na ilha de Vamizi
Izaidino Jaime Muchanga Unilúrio Pemba 2012 5
1.2.2. Objectivos específicos
Determinar a composição específica dos peixes carnívoros dos dois locais de estudo;
Determinar as classes de tamanho de peixes carnívoros abrangidos pelo estudo na baia de
Pemba e na Ilha de Vamizi;
Determinar a abundância dos peixes carnívoros das famílias abrangidas pelo estudo;
Comparar a abundância dos peixes carnívoros em locais de estudo (baia de Pemba e ilha
de Vamizi).
2.MATERIAL E MÉTODOS
2.1.ÁREAS DE ESTUDO
2.1.1.Ilha de Vamizi
A ilha de Vamizi (Figura 1) encontra-se no posto administrativo de Olumbe, distrito de
Palma, província de Cabo Delgado. Palma é capital do distrito de Palma, localizada
aproximadamente 250km a norte da cidade de Pemba, capital provincial. A ilha de Vamizi
encontra-se 11°00'50" latitude Sul e 40°43'53"longitude Este. A ilha localiza-se a norte dos
Arquipélagos das Quirimbas, é uma contínua cadeia das 32 ilhas e alguns complexos recifais
que se estende aproximadamente 200km. A Ilha de Vamizi tem aproximadamente 12km de
comprimento e 2km de largura (Davidson et al, 2006). Palma é um distrito da província de
Cabo Delgado, em Moçambique, com sede na vila de Palma. Tem limite, a norte e noroeste
com a Tanzânia através do rio Rovuma, a oeste com o distrito de Nangade, a sul com o
distrito de Mocímboa da Praia e a leste está o Oceano Índico (WIOMSA, 2011). O distrito
engloba várias ilhas que fazem parte do vasto arquipélago das Quirimbas, tais como:
Metundo, Vamizi, Queramimbi, Rongui e Tecomaji (WIOMSA, 2011).
Actualmente a ilha de Vamizi tem cerca de (1000) mil habitantes que moram na ponta oriental
da ilha e mantêm um modo de vida bastante tradicional e primário, vivendo essencialmente do
comércio de peixe (INE, 2007). A pesca constitui actividade principal para habitantes da ilha
de Vamizi (WIOMSA, 2011). Vamizi é uma das (cinquenta) 50 ilhas coralinas do arquipélago
das Quirimbas, na província de Cabo Delgado (Davidson et al, 2006).
Estudo da abundância de algumas famílias de peixes carnívoros de recifes de corais na baia de Pemba e na ilha de Vamizi
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Figura1. Ilha de Vamizi (Google earth, 2011), V1-Vamizi um, V3-Vamizi três e V8-Vamizi oito
dentro da reserva.
V2-Vamizi dois, V6-Vamizi seis e V7-Vamizi sete fora da reserva.
2.1.2.Baia de Pemba
A baía de Pemba (figura 2), encontra-se na cidade de Pemba, distrito de Pemba e Província de
Cabo Delgado (Nhambe, 2005). O distrio de Pemba é capital provincial de Cabo Delgado. Ė
delimitado a este pelo oceano índico,a norte pelo distrito de Quissanga, a sul pelo distrito de
Mecufi e a oeste pelo distrito de Ancuabe (Nhambe,2005). A linha de costa é composta na
margem por area de silicio branca e ocasionalmente com um afloramento consolidado de
rochas ou recifes mortos (Brycesor &Massinga, 2002). A costa é caracterizada por areas
lamacentas, bases de ervas marinhas, rochas, algas guarnecidas por recifes de coral em
direcção ao mar (Brycesor e Massinga, 2002). De acordo com o censo de 2007 a cidade tem
uma população de 141 316 mil habitantes (INE, 2007). Como a cidade costeira a pesca
constitui uma das actividades de grande significado, não só pela variedade dos seus produtos
como também para o desenvolvimento do sector informal (Silva, 1996). Efectivamente, a
pesca é desenvolvida por pescadores artesanais, ocupando uma parte significativa de mulheres
sobretudo na apanha de mariscos (Silva, 1996). A amplitude de marés em Pemba é de 4,0m
(média da maré viva) e 2,8m (média da maré morta). As marés são diurnas com um factor de
forma de 0,7. A amplitude de maré varia marcadamente por todo o mês e pode ser tão baixo
como 0,6m durante as marés mortas (EIA, 2006).
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Durante os meses de Verão as temperaturas à superfície da água variam entre 28 e 28.5° C e
durante os meses de Inverno entre 25 e 25.5°C. Há declínio notável da temperatura com a
profundidade: à profundidades de 100m a temperatura média é de 24°C enquanto a 300m de
profundidade a temperatura é de 14°C e a 500m de profundidade a temperatura é de 10°C
(EIA, 2006).
Figura2. Baia de Pemba (Google earth, 2011).
Estudo da abundância de algumas famílias de peixes carnívoros de recifes de corais na baia de Pemba e na ilha de Vamizi
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2.2.Material
Para realização deste estudo, foi usado seguinte material:
Barco a motor;
Equipamento de mergulho autónomo completo: facto de neoprene, máscara e tubo de
respiração, barbatanas, colete de controlo de flutuabilidade, cilindros de ar comprimido,
regulador de pressão, cinto de lastro, faca;
Profundímetro;
Fita métrica de fibra de vidro;
Placa de pespex para escrita subaquática e lápis;
Literatura de identificação;
Câmarafotográficasubaquática.
2.3. Métodos
2.3.1. Observação ictiológica no recife de coral
Vários métodos têm sido usados para estudar as comunidades ictiológicas dos recifes de coral,
no entanto, ultimamente os métodos visuais têm sido mais usados porque são indestrutivos,
são rápidos, económicos, fiáveis, exigem pouco equipamento, fornecem grande quantidade de
informação em pouco tempo e são independentes das especificadades das artes de pesca
usadas nos outros métodos (Labrosse et al, 2002). Segundo Ohman (1998) citado por Pereira
(2000), dentre os métodos visuais subaquáticos usados actualmente, que incluem transectos,
círculos, quadrículas ou outros métodos não parcelados, o mais usado e recomendado são
transectos de faixa (strip ou belt transect). Que já foi provado como fiável no estudo das
populações de peixes que envolvem contagem, porque apresenta baixa probabilidade de
contar o mesmo indivíduo mais que uma vez (o que acontece nos métodos de círculos e
quadrículas), e não envolve a estimativa da distância entre o peixe observado e a linha do
transecto (Brock, 1982).
Este estudo foi feito por transectos de faixa (strip transect) através do mergulho autónomo
com a utilização do equipamento SCUBA e a colheita de dados por transectos visuais
subaquáticos (English et al, 1994; Labrosse et al, 2002). Para a colecta de dados foram
realizados censos visuais subaquáticos em mergulhos autónomos e os dados anotados em
pranchetas de PVC a lápis.
Estudo da abundância de algumas famílias de peixes carnívoros de recifes de corais na baia de Pemba e na ilha de Vamizi
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Essa metodologia é caracterizada como não destrutiva, uma vez que não realiza a retirada de
indivíduos do ambiente, além disso, possibilita determinar o estoque de peixes e a estrutura da
população por tamanhos individuais, sendo um dos métodos mais comuns de amostragens
qualitativas e quantitativas de observações em ambientes recifais (English et al.,
1997;Labrosse et al, 2002).
Censo visual: a amostragem quantitativa foi feita por meio de censos visuais subaquáticos
através da utilização do mergulho autónomo, no qual são contadas as espécies de peixes e
indivíduos presentes em um transecto em faixa de 50m x 5m (método denominado “Strip
Transect”) e separação entre os transectos um ao outro foi de 10 m. A contagem foi realizada
em classes de tamanho: (10-20) cm; (20-30) cm; (30-40) cm (40-50) cm e> 50 cm. Além
disso, variáveis ambientais como profundidade e complexidade estrutural do fundo foram são
registadas. Neste método, os observadores movem-se lentamente em linha recta ao longo do
transecto (orientado por uma fita métrica presa ao substrato com auxilio de presos de
chumbo), percorrendo um corredor de 50mx5m (2,5m por cada lado do observador),
perfazendo uma área de 250m2
registando os peixes numa placa impermeável, ao lápis de
grafite (English et al, 1994; Muljadi et al, 2010;Samoilys & Carlos, 1991). O censo dos peixes
carnívoros das famílias abrangidas pelo estudo foi efectuado no mesmo momento da
colocação da fita mas a pessoa que coloca a fita deve ser muito experiente para evitar
mobilidade exagerada, que possa afugentar os peixes do transecto.
Foram feitos 15 transectos em faixa na praia de Wimbe, 15 na praia de Kauri e 6 no
londolodge, perfazendo 36 transectos em 12 mergulhos na Baia de Pemba e na Ilha de Vamizi
foram feitos 18 mergulhos e 54 transectos em diferentes sítios dentro da reserva marinha e
fora da reserva marinha.
Cada peixe observado foi identificado até ao nível mais baixo possível (espécie), mas em
Vamizi alguns peixes foram identificados até ao nível de família, usando seguinte literatura
(Kuiter & Debelius, 2006; Fischer et al, 1990; Lieske & Myers, 1994; Rome & Newman,
2010; Richmond, 2002), e estimado o seu comprimento total. Uma vez que o estudo é
direccionado há algumas famílias de peixes carnívoros (Haemulidae, Serranidae e Lutjanidae)
foram considerados os tamanhos mínimos 10cm devido a sua complexidade de identificação
nos tamanhos menores a 10cm. Para determinacao de classes de tamanhos de peixes foi usada
uma placa subaquática de 30cm de comprimento e 20cm de largura, era observado o peixe e
estimava-se a sua classe de tamanho baseando-se na medida da placa.
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2.3.2.Determinação da Rugosidade do substrato/complexidade do substrato
Para a determinação da complexidade/rugosidade do substrato foi utilizada a metodologia
adaptada de Luckhurst & Luckhurst (1978), adaptado para as condições locais, onde uma fita
métrica de 5 metros de comprimento foi estendida.
Depois foi usado uma fita métrica para seguir os contornos, da superfície do recife de todo o
transecto com uma fita métrica de 20m de comprimento. Para calcular o índice de rugosidade
foram feitos alguns cálculos entre a razão do valor de rugosidade e comprimento linear. A
corrente foi esticada moldando-se ao relevo e contornando rochas e fendas.
A razão entre a medida da corrente e a linear determina o valor do índice de complexidade “r”
(Chaves, 2006). Foi considerado como alta rugosidade pontos em que o índice foi maior que
1,5 e baixa rugosidade quando o índice foi menor que esse valor, assim como Chaves (2006).
Fórmula:
ICE= 𝑅/5
Onde: ICE=índice de complexidade estrutural
R=rugosidade
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3.ANÁLISE DOS RESULTADOS
Descreveu-se os dois sítios, primeiro individualmente, através de gráficos da abundância das
famílias realizados no excel.
Posteriomente através do SPSS 16 foi possível descrever estátisticamente através de gráficos
de caixas as três localizações: Pemba, Vami fora da reserva e vamizi dentro da reserva quanto
a sua média desvio padrão e outliers.
No SPSS foi possível realizar o teste de normalidade e depois os testes não paramétricos de
kruskal-Wallis para detectar se havia diferenças significativas entre as médias das três
localizações.
Através do teste de Man-whiteney feito aos pares de localizações foi possível detectar onde
estavam as diferenças significativas.
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4. RESULTADOS
4.1.Composição específica de peixes carnívoros na baia de Pemba
Foram realizados 12 mergulhos autónomos na área de estudo, onde foram feitos 36 transectos,
sendo 15 transectos na zona de Wimbe, 15 na zona de Kauri e 6 na zona Londo lodge.
Durante o estudo foram contados e identificados 121 indivíduos, divididos em 5 (cinco)
géneros pertencentes as três famílias nomeadamente: Serranidae, Lutjanidae e Haemulidae.
Dos 121 indivíduos contados, 15 destes, eram da família Serranidae, dos géneros Epinephelus
e Cephalopholis. Duas espécies da família Serranidae foram observadas durante o estudo
nomeadamente: Epinephelus caeruleopunctatus e Cephalopholis argus. Quanto a família
Lutjanidae foram contados 83 indivíduos, todos do género Lutjanus e somente 4 (quatro)
espécies foram observadas nomeadamente: Lutjanus kasmira, Lutjanus monostigma, Lutjanus
fulviflamma e Lutjanus russeli.
Na família Haemulidae foram contados 23 indivíduos, dos géneros Diagramma e
Plectorhinchus e foram observadas 3 (três) espécies nomeadamente: Diagramma pictum,
Plectorhinchus vittatus e Plectorhinchus playfairi
Dessas três famílias que constituem base deste estudo, a família Lutjanidae foi mais
abundante.
Tabela1:Espécies observadas da família Serranidae
Família Genéro Espécies nº de indivíduos
Serranidae Epinephelus
Epinephelus
Caeruleopunctatus (Bloch,1790) 8
Cephalopholis
Cephalopholis argus (Schneider e
Block,1801) 7
Tabela2:Espécies observadas da família Lutjanidae
Família Genéro Espécies nº de indivíduos
Lutjanidae
Lutjanus Lutjanus kasmira (Forsskal,1775) 40
Lutjanus
Lutjanus fulviflamma
(Forsskal,1775) 24
Lutjanus Lutjanus russeli (Bleeker,1849) 11
Lutjanus Lutjanus monostigma (Cuvier,1828) 8
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Tabela3: Espécies observadas da família Haemulidae
Família Genéro Espécies nº de indivíduos
Haemulidae
Diagramma
Diagramma pictum
(Thunberg,1792) 19
Plectorhinchus
Plectorhinchus vittatus
(Linnaeus,1758) 1
Plectorhinchus
Plectorhinchus playfairi
(Pellegrin,1914) 3
4.2. Classes de tamanhos na baia de Pemba
Os gráficos 1;2 e 3 abaixo apresentam o número de indivíduos das famílias: Serranidae,
Lutjanidae e Haemulidae, distribuídas pelas diversas classes de tamanhos em centímetros
(cm) por locais de estudo.
Gráfico 1 .Tamanhos dos peixes da família Serranidae (S) observados.
W1-Wimbe 10m, W2-wimbe15m, K1- Kauri10m, K2- Kaori15m, e L1- Londo 10m
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locais de estudo
Família Serranidae
S(10-20)cm
S(20-30)cm
S(30-40)cm
S(40-50)cm
S>50cm
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Gráfico 2.Tamanhos dos peixes da família Lutjanidae (L) observados
W1-Wimbe 10m, W2-wimbe15m, K1- Kauri10m, K2- Kauri15m, e L1- Londo 10m
Gráfico 3.Tamanhos dos peixes de família Haemulidae (H) observados
W1-Wimbe 10m, W2-wimbe15m, K1- Kaori10m, K2- Kaori15m, e L1- Londo 10m
De um modo geral nota-se que foram observados as espécies da Família Serranidae nos
seguintes locais de estudo Kauri, as espécies da família Haemulidae foram observadas no
Wimbe e as espécies da família Lutjanidae foram observadas no Londo lodge e Kauri. Maior
número dos individuos observados nestes locais variou entre seguintes tamanhos, a família
serranidae foi de 20cm a tamanhos maiores que 50cm. A família Haemulidae foi observada
em todas as classes de tamanhos e a família Lutjanidae também foi observada em todas
classes de tamanhos.
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locais de estudo
Família Lutjanidae
L(10-20)cm
L(20-30)cm
L(30-40)cm
L(40-50)cm
L>50cm
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locais de estudo
Família Haemulidae
H(10-20)cm
H(20-30)cm
H(30-40)cm
H(40-50)cm
H>50cm
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4.3. Composição específica dos peixes carnívoros na ilha de Vamizi
Foram realizados dezoito (18) mergulhos autónomos na área de estudo, dos quais nove (9)
mergulhos dentro da reserva e outros (9) fora da reserva, onde foram feitos cinquenta e quatro
(54) transectos, vinte e sete (27) transectos na reserva e vinte e sete (27) fora da reserva.
Foram contados e identificados 633 indivíduos das três familias nomeadamente: Lutjanidae,
Serranidae e Haemulidae. Durante o estudo foram contados e identificados 633 indivíduos
pertencentes as três famílias nomeadamente: Serranidae, Lutjanidae e Haemulidae. Dos 633
indivíduos contados, 51 destes, eram da família Serranidae, dos géneros Epinephelus, Variola,
Plectropomus, Anyperodon e Cephalopholis. Seis espécies da família Serranidae foram
observadas durante o estudo nomeadamente: Epinephelus malabariccus, Epinephelus
fasciatus, Plectropomus laevis, Anyperodon leucogrammicus, Variola louti e Cephalopholis
argus. Quanto a família Lutjanidae foram contados e identificados 404 indivíduos somente a
nível da família.
Na família Haemulidae foram contados e identificados 178 indivíduos somente a nível da
família.
Dessas três famílias que constituem base de estudo, a família Lutjanidae foi mais
representativa com 404 indivíduos e seguido de Haemulidae com 178 indivíduos e por último
51 indivíduos da família Serranidae.
Tabela 4.Especies da família Serranidae observadas na Ilha de Vamizi
Família Genéros Espécies nº de indivíduos
Serranidae
Cephalopholis
Cephalopholis argus
(Schneider,1801) 35
Epinephelus
Epinephelus malabariccus (Bloch
& Schneider,1801) 2
Epinephelus
Epinephelus fasciatus
(Forsskal,1775) 3
Plectropomus
Plectropomus laevis
(Lacepede,1801) 3
Anyperodon
Anyperodon leucogrammicus
(Valenciennes,1828) 6
Variola Variola louti (Forsskal,1775) 2
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4.4. Classes de tamanhos na ilha de Vamizi
Os gráficos 4;5e 6 abaixo apresentam o número de indivíduos das famílias: Serranidae,
Lutjanidae e Haemulidae, distribuídas pelas diversas classes de tamanhos em centímetros
(cm) por locais de estudo.
Gráfico 4. Classes de tamanhos dos peixes da família Lutjanidae (L) observados na Ilha de Vamizi
Todos os mergulhos foram realizados a profundidade de 10mV6-Fora da reserva,V2-dentro da
reserva,V7- fora da reserva e V8-dentro da reserva V1- V3 dentro da reserva.
Gráfico 5.Classes de tamanhos dos peixes da família Haemulidae (H) observados na Ilha de Vamizi Todos os mergulhos foram realizados a profundidade de 10m V6-Fora da reserva, V2-dentro da
reserva, V7- fora da reserva e V8-dentro da reserva V1- V3 dentro da reserva.
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locais de estudo na Ilha de Vamizi
Família Lutjanidae
L(10-20)cm
L(20-30)cm
L(30-40)cm
L(40-50)cm
L>50cm
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locais de estudo na Ilha de Vamizi
Família Haemulidae
H(10-20)cm
H(20-30)cm
H(30-40)cm
H(40-50)cm
H>50cm
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Gráfico 6. Classes de tamanhos dos peixes da família Serranidae (S) observados na Ilha de Vamizi
Todos os mergulhos foram realizados a profundidade de 10m V6-Fora da reserva, V2-dentro da
reserva, V7- fora da reserva e V8-dentro da reserva V1- V3 dentro da reserva.
De um modo geral nota-se que foram observados maior número de indivíduos das três
familias de estudo na zona protegida de Vamizi (reserva). Maior número dos individuos
observados nestes locais foi de tamanhos que variou entre (10-40) cm. Os indivíduos da
família serranidae foram observados dentro da reserva em classes de tamanhos que variam
entre 10cm a tamanhos superiores que 50cm,fora da reserva esta família, as classes de
tamanhos variam entre classes de tamanhos de (10-50) cm.A família Haemulidae dentro da
reserva foram observados indivíduos de classes de tamanhos que variam entre (10-40) cm,
fora da reserva variaram (10-40) cm e por fim a família Lutjanidae foram observados
individuos dentro da reserva das seguintes classes de tamanhos 10cm a tamanhos superiores
que 50cm e fora da reserva tamanhos que variam entre (10-40) cm.
4.5.Complexidade do substrato na baia de Pemba e na Ilha de Vamizi
O maior índice de rugosidade (r) foi obtido na Baia de Pemba (1,94), enquanto na Ilha de
Vamizi dentro da reserva foi de (1,42), e fora da reserva foi de (1,60). O menor indice de
complexidade foi observada na baia de Pemba (1,06), na ilha de Vamizi dentro da reserva
(1,10) e Vamizi fora da reserva (1,10).
Quando agrupados os pontos em complexidade é considerada alta quando (r> 1,5) e baixa
quando (r <1,5). Tendo em conta esses valores encontrados nos locais de estudo na ilha de
Vamizi, dentro da reserva o índice de complexidade “r” foi 1,42±1,10.Neste local de estudo o
indice de complexidade foi baixa.
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locais de estudo na Ilha de Vamizi
Família Serranidae
S(10-20)cm
S(20-30)cm
S(30-40)cm
S(40-50)cm
S>50cm
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4.6.Comparação da abundância de peixes carnívoros
Os gráficos de caixas ilustram a representatividade e distribuição dos indivíduos das famílias
de peixes carnívoros (Serranidae, Haemulidae e Lutjanidae) em diferentes locais de estudo
Pemba, Vamizi dentro da reserva e Vamizi fora da reserva.
Gráfico 7. Comparação da abundância da família Haemulidae em três locais de estudo (Pemba,
Vamizi reserva e Vamizi fora da reserva.
Gráfico 8. Comparação da abundância da família Lutjanidae em três locais de estudo (Pemba, Vamizi
reserva e Vamizi fora da reserva).
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Gráfico 9.Comparação da abundância da família Serranidae em três locais de estudo (Pemba, Vamizi
reserva e Vamizi fora da reserva).
Quando se procedeu ao teste da normalidade para as 3 (três) familias, as variáveis não se
apresentaram com distribuição normal (anexo 1). Foi por isso realizado um teste de Kruskal-
Wallis para verificar se existiam diferenças significativas entre as localizações para as 3
variáveis, sendo estas significativas para as três variáveis (anexo2).
Foi então preciso fazer testes de Mann-Whitney dois a dois para saber onde estavam as
diferenças significativas.
Quanto a família Haemulidae não foram encontradas diferenças significativas entre dentro e
fora da reserva (p=0,576), de resto foram significativas entre pemba e fora da reserva
(P=0,020) e pemba e dentro da reserva (anexo3).
Para a família Lutjanidae e Serranidae foram encontradas diferenças significativas entre Fora
e dentro da Reserva, mas também entre Pemba e Vamizi (dentro e fora da reserva), como
mostra o anexo3.
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5.DISCUSSÃO
Das três famílias estudadas neste presente trabalho, a família Lutjanidae foi a que teve maior
número indivíduos, tanto maior número das espécies, mas com tamanhos muito menores. A
família Haemulidae teve poucos indivíduos e poucas espécies mas foi observada em todos os
seus tamanhos, e a família Serranidae das inúmeras espécies que a família possue mas neste
presente estudo foram observadas poucos indivíduos e duas espécies de dois géneros e alguns
dos seus tamanhos na baia de Pemba. A preocupação foi o número reduzido de espécies de
Garoupas, em tamanhos e quantidades neste estudo na baia de Pemba, que nos leva a pensar
que estas espécies poderão estar sobrepescadas nesta região. Segundo Freitas (2011) as
famílias Serranidae, Lutjanidae e Haemulidae congregam espécies de grande valor comercial,
como as Garoupas e os pargos, e estes são sensíveis a sobrepesca. Em termos de abundância
específica dessas três famílias, a Lutjanidae foi a mais representativa em função da espécie
Lutjanus kasmira, Segundo Loureiro (1998) num estudo feito em Mecufi sobre peixes
recifais, dos peixes carnívoros observados, a família Lutjanidae teve maior em função de
espécie Lutjanus kasmira.A abundância desta espécie Lutjanus kasmira da família lutjanidae
é devido ao seu modo de vida (gregário) e outras espécies da família Haemulidae tais
diagramma pictum e Plectorhinchus playfairi, apresenta esse modo de vida (Loureiro, 1998).
Na sua maioria as espécies da família Serranidae apresenta um modo de vida solitária
(Perreira, 2000b).
O local mais afastado da cidade o sítio Londo não apresentou os maiores números de
carnívoros talvez devido as características físicas do local com pouca rugosidade e local para
os peixes carnívoros se abrigarem (Loureiro, 1998). As espécies da família Serranidae
adaptam-se ou são encontradas mais próximos aos substratos coralinos com alguma estrutura
(rugosidade), onde encontram melhor abrigo (Loureiro, 1998;Chiappone et al,
2000;Silveira,2010).
A existência de maior número de peixes carnívoros no Kauri mais longe da cidade e nas
profundidades mais elevadas da amostragem, pode ser por este local estar mais afastado da
cidade e menos acessível a pescadores submarinos. O baixo número de indivíduos observados
no Wimbe pode significar que, estes indivíduos sofrem uma pressão piscatória maior visto
que estes peixes são indicadores da pressão piscatória (Pereira, 2000a;Freitas,2011). Em todos
locais de estudo houve baixa densidade de peixes carnívoros, isso pode ter sido fruto de
limitações metodológicas, uma vez que muitas espécies da família Haemulidae e Lutjanidae
possuem uma grande mobilidade (Chaves, 2006). Esta distribuição também pode estar
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reflectindo a pressão pesqueira, com os maiores indivíduos, normalmente os mais visados
pela pesca, migrando para águas profundas (Chaves, 2006). O baixo número de indivíduos de
peixes carnívoros nas zonas desprotegidas na baia de Pemba e ilha de Vamizi pode estar
relacionado a vários factores dentre os quais a maior intensidade pesqueira (Chiappone et al,
2000).
Na ilha de Vamizi houve maior número de indivíduos de peixes carnívoros na zona de
reserva, onde existe uma prohibição de pesca. Na zona desprotegida houve menor número de
indivíduos de peixes carnívoros comparativamente com a zona protegida, devido à tendência
de pesca excessiva destes recursos ictiológicos (Chiappone et al, 2000), no entanto esta zona
apresentou-se estatisticamente melhor que a também pescada de Pemba.Alguns estudos
revelam que maior indice de complexidade estrutural, maior ou igual 1,5,estes locais
apresentam maior riqueza específica (Gratwicke &Speight, 2005). As variedades das formas
de crescimento dos recifes de coral é uma indicação dos diferentes tipos de microhabitats e
grandes variedades destes podem oferecer maior de potenciais recursos tais variedades dos
recursos alimentícios, camuflagem, espaços de refúgios e locais de reprodução (Gratwicke &
Speight, 2005).
A complexidade estrutural dentro da reserva na ilha de Vamizi foi ligeiramente baixa mas
houve maior número de individuos de todas as famílias. Isso reforça a necessidade de atenção
para os refúgios (tocas) em si, e não em medidas correlatas, como e o caso da rugosidade em
ambientes rochosos (Silveira, 2010). Segundo Davidson et al (2006) os peixes recifais das
famílias Serranidae Lutjanidae e Haemulidae são vulneráveis a sobrepesca, dos estudos feitos
na ilha de Vamizi foram observadas 10 (dez) espécies da família Lutjanidae das 22 (vinte e
duas) espécies que ocorrem na costa mocambicana, 10 (dez) espécies da família Haemulidae
das 15 (quinze) que ocorrem e 31 (trinta e uma) espécies da família Serranidae 56 (cinquenta
e seis) espécies que ocorrem.Este estudo não foi significativamente diferente entre os recifes
estudados, apesar de mostrar uma tendência de valores maiores em termos de individuos.
Estes recifes constituídos por rochas isoladas, colonizadas superficialmente por diversos
organismos fixos, apresentam a mesma estrutura (Mucave, 2007). As espécies lutjanus
kasmira na família Lujanidae e diagramma pictum da família Haemulidae foram mais
abundantes num estudo feito na Ilha de Vamizi (Davidson et al, 2006). Pereira (2006) fez um
estudo na ilha de vamizi e observou 93 espécies de peixes carnívoros destas famílias dos quais
56 espécies da família serranidae foram observadas, 22 espécies da família Lutjanidae foram
observadas e 15 espécies da família Haemulidae foram também observadas.
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Izaidino Jaime Muchanga Unilúrio Pemba 2012 22
De realçar que a maior parte dos peixes observados na baia de Pemba era de tamanho muito
reduzido, sendo em geral inferior a 25 cm de comprimento para os pargos. Por outro lado,
grande parte das espécies de interesse comercial como por exemplo as Garoupas (Serranidae)
os pargos (Lutjanidae) e roncadores (Haemulidae), apresentaram uma reduzida abundância e
riqueza específica. Isto sugere uma elevada pressão piscatória sobre estas comunidades
(Pereira & Motta, 2002). Apesar de serem encontrados valores maiores de índice de
rugosidade na baia de Pemba foram observados poucos indivíduos de todas famílias de
peixes, isto pode estar relacionado a maior densidade populacional que habita a cidade de
Pemba. A maior rugosidade fornece abrigo e alimento para várias espécies de peixes que
habitam os recifes de coral (Pereira, 2000a).
O fundamento ecológico da variável rugosidade baseia-se na existência de contornos mais
heterogéneos permitindo o estabelecimento de uma maior diversidade de espécies, assim
como de indivíduos (Luckhurst&Luckhurst, 1978).
A existência de maior número de indivíduos de peixes carnívoros na ilha de Vamizi fora da
reserva em relação a baia de pemba, ambos sítios desprotegidos a actividade pesqueira, pode
ser a existência de menor número de habitantes na ilha de Vamizi em relação a baia de Pemba
que maior número de habitantes muito superior que a ilha, e os recursos ictiológicos recifais
de baia de Pemba, visto que neste dois locais a população depende da actividade pesqueira
para garantir a sua sobrevivência (IIP, 2010).
Na ilha de Vamizi, dentro da reserva, apesar de apresentar menor índice de rugosidade, isto é
baixo Chaves (2006), teve maior número das espécies da família Serranidae, espécies desta
família são predadores diurnos que usam os contornos de recifes para o refúgio (Loureiro,
1998). Sendo assim o diminuto número dos indivíduos das famílias destes peixes carnívoros
noutros locais não protegidos podem estar directamente relacionado a maior pressão
piscatória que se faz sentir nestes locais, visto que, estas famílias são as mais sensíveis a essa
actividade antropogénica (Freitas, 2011). As diferenças significativas entre Pemba e Vamizi
foram mais evidentes para a família haemulidae.As famílias serranidae e lutjanidae também as
diferenças significativas foram evidentes entre estes locais de estudo.
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6.CONCLUSÃO
Os resultados obtidos neste estudo mostram que as comunidades recifais dos peixes
carnívoros nos locais estudados (baia de Pemba e ilha de Vamizi) apresentam elementos
faunísticos semelhantes, principalmente com relação aos grupos mais abundantes e de ampla
distribuição.
Dos três locais de estudo na baia de Pemba, a praia de Kauri teve maior número de peixes
carnívoros em relação aos outros locais. A família Lutjanidae teve maior número das espécies
e indivíduos em relativamente as outras famílias (Serranidae e Haemulidae).
O maior número de indivíduos de peixes carnívoros de todas as famílias em estudo foi
observado a profundidades mais elevadas de amostragem na baia de Pemba e ilha de Vamizi
de 15m e em todos estes locais a família Lutjanidae foi a que teve maior indivíduos.A família
Serranidae foi a que teve maior número de individuos de classes de tamanhos superiores.
Na ilha de Vamizi houve maior número de indivíduos das comunidades ictiológicas de recifes
de coral das famílias Serranidae, Lutjanidae e Haemulidae dentro da reserva em relação a
zona desprotegida (fora da reserva).
A complexidade estrutural ou rugosidade não esteve directamente relacionada a diversidade
específica visto que na ilha de Vamizi dentro da reserva teve menor índice de complexidade
estrutural mas teve maior número de indivíduos e maior diversidade de espécies.Pelo que a
menor pressão de pesca teve maior impacto no número de peixes.
Em termos de abundância a família Lutjanidae foi abundante em todos os locais de estudo
baia de Pemba, ilha de Vamizi (dentro e fora da reserva). Maior número de indivíduos de
todas a famílias foi observado dentro da reserva que os outros locais (Pemba e vamizi fora da
reserva)
A actividade pesqueira constitui maior causa da redução dos recursos ictiológicos recifais das
famílias Serranidae, Haemulidae e Lutjanidae na baia de Pemba e ilha de Vamizi fora da
reserva.
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7.RECOMENDAÇÕES
Fazer estudos sobre a biologia das espécies destas familias (Serranidae, Haemulidae e
Lutjanidae) para conhecer os seus primeiros estágios de maturação.
Sensibilização dos pescadores para que façam a pesca sustentável
Elaborar material didáctico com informação básica sobre os recifes de coral e comunidade
ictiológica de baia de Pemba e Ilha de Vamizi para ampliar o conhecimento destas
comunidades ictiológicas.
A realização de pesquisas básicas, e a continuidade posterior destes estudos, é essencial para
que sejam gerados resultados que possam ser directamente aplicados para a protecção e
maneio desses recursosictiológicos.
Criação de áreas de protecção marinha para garantir a conservação das espécies, para que haja
mais peixe fora das reservas como foi o caso da ilha de vamizi onde mesmo na zona pescada
havia mais peixe que em Pemba.
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9. ANEXOS
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Anexo 1.Teste de Normalidade
Tests of Normalityb,c,d
Site
Kolmogorov-Smirnova Shapiro-Wilk
Statistic Df Sig. Statistic df Sig.
HAEMULIDAE Pemba ,473 36 ,000 ,220 36 ,000
Fora da reserva ,382 27 ,000 ,530 27 ,000
Dentro da reserva ,358 27 ,000 ,572 27 ,000
LUTJANIDAE Pemba ,406 36 ,000 ,373 36 ,000
Fora da reserva ,392 27 ,000 ,455 27 ,000
Dentro da reserva ,441 27 ,000 ,490 27 ,000
Serranidae Pemba ,477 36 ,000 ,433 36 ,000
Fora da reserva ,395 27 ,000 ,559 27 ,000
Dentro da reserva ,194 27 ,010 ,878 27 ,004
a. LillieforsSignificanceCorrection
b. There are no valid cases for HAEMULIDAE when Site = ,000. Statistics cannot be computed for this level.
c. There are no valid cases for LUTJANIDAE when Site = ,000. Statistics cannot be computed for this level.
d. There are no valid cases for Serranidae when Site = ,000. Statistics cannot be computed for this level.
Anexo 2. Testede Kryskal – Wallis
Kryskal – Wallis Test Statisticsa,b
HAEMULIDAE LUTJANIDAE Serranidae
Chi-Square 6,813 6,186 19,545
Df 2 2 2
Asymp. Sig. ,033 ,045 ,000
a. Kruskal Wallis Test
b. Grouping Variable: Site
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Anexo 3.Testes de Mann – whitney
Vamizi dentro comparado com vamizi fora da reserva Ranks
Site N MeanRank SumofRanks
HAEMULIDAE Fora da reserve 27 26,48 715,00
Dentro da reserva 27 28,52 770,00
Total 54
LUTJANIDAE Fora da reserve 27 23,59 637,00
Dentro da reserva 27 31,41 848,00
Total 54
Serranidae Fora da reserve 27 21,00 567,00
Dentro da reserva 27 34,00 918,00
Total 54
TestStatisticsa
HAEMULIDAE LUTJANIDAE Serranidae
Mann-Whitney U 364,000 484,500 436,500
Asymp. Sig. (2-tailed) ,020 ,978 ,344
HAEMULIDAE LUTJANIDAE Serranidae
Mann-Whitney U 337,000 259,000 189,000
Asymp. Sig. (2-tailed) ,576 ,035 ,001
a. Grouping Variable: Site
Pemba comparado com Vamizi fora da reserva
Ranks
Site N MeanRank SumofRanks
HAEMULIDAE Pemba 36 28,61 1030,00
Fora da reserva 27 36,52 986,00
Total 63
LUTJANIDAE Pemba 36 32,04 1153,50
Fora da reserva 27 31,94 862,50
Total 63
Serranidae Pemba 36 30,63 1102,50
Fora da reserva 27 33,83 913,50
Total 63
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TestStatisticsa
HAEMULIDAE LUTJANIDAE Serranidae
Mann-Whitney U 364,000 484,500 436,500
Asymp. Sig. (2-tailed) ,020 ,978 ,344
a. GroupingVariable: Site
Pemba comparado com dentro da reserva
Ranks
Site N MeanRank SumofRanks
HAEMULIDAE Pemba 36 28,71 1033,50
Dentro da reserva 27 36,39 982,50
Total 63
LUTJANIDAE Pemba 36 28,50 1026,00
Dentro da reserva 27 36,67 990,00
Total 63
Serranidae Pemba 36 25,00 900,00
Dentro da reserva 27 41,33 1116,00
Total 63
TestStatisticsa
HAEMULIDAE LUTJANIDAE Serranidae
Mann-Whitney U 367,500 360,000 234,000
Asymp. Sig. (2-tailed) ,020 ,037 ,000
a. GroupingVariable: Site
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