CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ
FACULDADE CEARENSE
CURSO DE PEDAGOGIA
JÉSSICA NAYANE LIRA DE MENEZES
LEITURA E ESCRITA: SEUS SIGNIFICADOS NO PROCESSO DE
ALFABETIZAÇÃO
FORTALEZA
2013
JÉSSICA NAYANE LIRA DE MENEZES
LEITURA E ESCRITA: SEUS SIGNIFICADOS NO PROCESSO DE
ALFABETIZAÇÃO
Monografia apresentada à coordenação do curso de Pedagogia da Faculdade Cearense como pré-requisito para obtenção do título de graduado sob orientação da Prof.ª Patrícia Campêlo.
FORTALEZA
2013
Bibliotecário Marksuel Mariz de Lima CRB-3/1274
M541lMeneses, Jéssica Nayane Lira de
Leitura e escrita: seus significados no processo de
alfabetização/Jéssica Nayane Lira de Meneses. Fortaleza – 2013.
64f. Orientador:Prof.ª. Patricia Campelo do Amaral.
Trabalho de Conclusão de curso (graduação) – Faculdade
Cearense, Curso de Pedagogia, 2013.
1. Leitura e escrita. 2. Alfabetização. 3.Aprendizagem.
I.Amaral, Patricia Campelo. II. Título
CDU376
JÉSSICA NAYANE LIRA DE MENEZES
LEITURA E ESCRITA: SEUS SIGNIFICADOS NO PROCESSO DE
ALFABETIZAÇÃO
Monografia como pré-requisito para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia, outorgado pela Faculdade Cearense – FaC, tendo sido aprovada pela banca examinadora composta pelos professores.
Data de aprovação: / /
BANCA EXAMINADORA
Profa. Ms. Patricia Campêlo do Amaral
Profa. Dra. Joyce Carneiro de Oliveira
Prof. Ms. Humberto de Oliveira Santos Júnior
Ao meu salvador Jesus e a minha mãe.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço ao meu criador, Deus, por sempre me iluminar,
capacitar, encher de sabedoria, e me possibilitar realizar os sonhos dEle na minha
vida, pois Até aqui me ajudou o Senhor.
A toda minha família, pelo apoio durante a minha vida, em especial a minha mãe,
Ana Vládia que tanto me orienta, e é sem dúvidas a minha inspiração e exemplo de
vida. E meus irmãos Wescley e Wesley por todo apoio que me deram durante os
estudos.
A compassion por me proporcionar a realização de um grande sonho que era cursar
pedagogia e principalmente a minha querida madrinha Lucyann Hopkins, que me
ajudou em oração e também financeiramente.
Aos meus amados professores que me incentivaram durante todo o curso a amar a
profissão que escolhi e me acrescentaram bastantes aprendizagens. Em especial a
minha orientadora, Patrícia Campêlo que me acompanhou e me orientou nesse
processo da Construção da monografia, a professora Joyce Carneiro e o professor
Humberto Santos, pela disponibilidade em compor banca examinadora.
Ao Centro De Ensino Superior Do Ceará - Faculdades Cearenses, por ter
proporcionado a realização do Curso.
Ao meu Noivo que com toda paciência, carinho e atenção, esteve ao meu lado,
incentivando e acreditando na minha capacidade.
As minhas colegas de turma, os meus sinceros agradecimentos por todos os
momentos juntas e as trocas de aprendizagens.
As minhas amadas amigas Kauanny e Rebeca, e aos meus primos Everton e
Phelipe, por todo carinho, respeito, atenção e suas orações, nos momentos felizes e
difíceis, principalmente na reta final de conclusão da monografia.
“A Leitura embriaga a alma e enobrece o espírito,
enquanto que a Escrita imortaliza o ser, tornando-o
modalizador de homens.”
(Célia Maria)
RESUMO
O presente trabalho tem por tema “Leitura e escrita: seus significados no processo
de alfabetização”, seu objetivo geral é investigar o real significado da leitura e da
escrita, no processo de alfabetização. Para isso também será importante
compreender o desenvolvimento e aprendizagem infantis, analisar a importância da
leitura e da escrita no processo de alfabetização e apontar algumas atividades que
poderão favorecer no processo de leitura e escrita. Esta pesquisa tem caráter
qualitativo, dos tipos bibliográfica e de campo. Diversos referenciais teóricos
enriqueceram a pesquisa bibliográfica, entre eles Simonetti (2005), Solé (1998),
Soares (2004), Martins (1994), PCNs (BRASIL, 1997), Oliveira (2008), dentre outros.
A pesquisa de campo foi realizada em uma escola situada na periferia de Fortaleza,
na turma do 2º ano do fundamental I no período da manhã. Foi inicialmente
realizada uma conversa informal com toda a turma, sobre a importância da leitura e
da escrita para vida das crianças, e foram aplicadas atividades sugeridas pela autora
Simonetti (2005) que poderiam favorecer o desenvolvimento da leitura e da escrita.
Ficou evidente que o professor tem um papel fundamental no desenvolvimento da
leitura e da escrita durante o processo de alfabetização. A escola por sua vez, tem o
desafio não apenas de alfabetizar, mas também de letrar, assim o educador precisa
estar sempre modificando e tornado possível a aprendizagem significativa da leitura
e da escrita para suas crianças.
PALAVRAS CHAVE: Leitura; Escrita; Alfabetização; Aprendizagem.
ABSTRACT
The present work has as its theme " Reading and writing : its meaning in the process
of literacy " , which has the objective to investigate the real meaning of reading and
writing in the literacy process . It will also be important to understand childhood
development and learning , analyze the importance of reading and writing in the
literacy process and point out some activities that may encourage the reading and
writing process. This research is qualitative, bibliographic and field types. Several
theoretical frameworks enriched the literature , including Simonetti (2005), Solé
(1998), Smith (2004), Martins (1994), PCN (BRAZIL, 1997), Oliveira (2008), among
others. The field research was conducted in a school situated on the outskirts of
Fortaleza, in the class of 2nd year of elementary I in the morning. An informal,
informal discussion with the whole class about the importance of reading and writing
to children's lives was applied, and activities that could promote the development of
reading and writing were applied. It was evident that the teacher has a key role in the
development of reading and writing in the literacy process. The school in turn, has
the challenge of not only literacy but also letrar, so the teacher must always changing
and made possible the meaningful learning of reading and writing.
KEYWORDS: Reading; Writing; Literacy; Learning.
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS
PCNs Parâmetros curriculares nacionais
ZDP Zona de desenvolvimento proximal
CA Conhecimento atual
CP Conhecimento potencial
SAEB Sistema de avaliação da educação básica
PBA Programa Brasil Alfabetizado
FUNDEB Fundo nacional de desenvolvimento da educação
SINAES Sistema nacional de avaliação da educação superior
ENEM Exame nacional do ensino médio
ENADE Exame nacional de desempenho de estudantes
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e estatística
UNESCO Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura
IPECE Instituto de Pesquisa e estratégia econômica do Ceará
ONG Organização não governamental
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................10
2 A APRENDIZAGEM INFANTIL.............................................................................12
2.1 O desenvolvimento infantil..............................................................................12
2.2 O processo de aprendizagem..........................................................................13
2.3 Dificuldades de aprendizagem........................................................................16
2.4 As aprendizagens significativas......................................................................18
3 ALFABETIZAÇÃO NA INFÂNCIA: APRENDENDO A LER E A ESCREVER....20
3.1 Definições...........................................................................................................20
3.2 A alfabetização nos dias atuais........................................................................22
3.3 A leitura e a escrita............................................................................................26
3.3.1 Histórico............................................................................................................27
3.3.2 Funções da leitura e da escrita.........................................................................29
3.4 Dificuldades na leitura e na escrita..................................................................35
3.5 Tornando a alfabetização possível...................................................................40
4 METODOLOGIA.....................................................................................................49
4.1 Tipos de pesquisa..............................................................................................49
4.2 Cenário................................................................................................................49
4.3 Participantes.......................................................................................................51
4.4 Coleta de dados..................................................................................................51
4.5 Análise dos dados..............................................................................................52
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...........................................................................53
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................59
REFERÊNCIAS..........................................................................................................62
10
1 INTRODUÇÃO
A leitura e a escrita são processos complexos e contínuos, que ajudam a
todos os sujeitos a desenvolverem bem as demais aprendizagens. Através das
mesmas o indivíduo é capaz de compreender o mundo ao seu redor e sentir-se
capaz de atuar como participante crítico e reflexivo na sociedade em que está
inserido. Portanto será abordado nesse trabalho o significado da leitura e da escrita
no processo de alfabetização.
A escolha do tema se deu pelo interesse que a pesquisadora tem sobre o
assunto, pela aproximação com o desenvolvimento da leitura e escrita no processo
de alfabetização em uma sala de aula de uma escola situada na periferia de
Fortaleza, surgindo assim a necessidade de entender melhor esses processos, e o
real significado que eles têm para as crianças que estão nessa fase.
Com base nas observações e experiências nesta escola, constatou-se
que algumas crianças possuíam bastante dificuldade em ler e escrever, e isso
acarretava diversas dificuldades nas demais aprendizagens. Foi desenvolvido então
um estudo sobre a importância desses processos tão complexos que são a leitura e
a escrita, nas vidas das crianças, e qual a visão que as mesmas possuem sobre a
leitura e a escrita.
A leitura e a escrita, favorecem o desenvolvimento de todas as áreas da
vida da criança. Possuem uma enorme função social, pois conscientizam o indivíduo
do seu papel como cidadão e incentivam a busca continua por mudanças. O hábito
de leitura e consequentemente o da escrita tornam a criança cada vez mais próxima
da realidade em que vive, possibilitando a reflexão crítica e tornando-a assim
atuante na sociedade. (BRASIL, 1997).
Com base no que foi dito surgiram os seguintes questionamentos: de que
forma as crianças se sentem mais motivadas para realizarem a leitura e a escrita?
De que maneira a escola pode incentivar as crianças a desenvolverem o hábito da
leitura e escrita? Que atividades ou estratégias os professores podem inserir em
sala aula no decorrer do ensino da leitura e da escrita? Essa monografia buscará
responder essas questões.
Portanto, este trabalho tem por objetivo geral investigar os significados da
leitura e da escrita para as crianças no processo de alfabetização. Os objetivos
11
específicos são: compreender o desenvolvimento e aprendizagem infantis, analisar a
importância da leitura e da escrita no processo de alfabetização e apontar algumas
atividades que favorecem no processo de leitura e escrita.
A pesquisa obteve diversos referenciais teóricos que enriqueceram este
trabalho entre eles os principais foram: Simonetti (2005), Solé (1998), Soares (2004),
Martins (1994), Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN’s (BRASIL, 1997), Oliveira
(2008), dentre outros.
Este trabalho está dividido em alguns momentos: o primeiro se relaciona
a introdução, o segundo aborda a aprendizagem infantil e o desenvolvimento infantil,
o terceiro explana sobre a alfabetização na infância: aprendendo a ler e escrever, o
quarto explica a metodologia usada para este estudo, o quinto trata dos resultados e
discussões e no sexto se fala sobre as considerações finais.
Espera-se que este trabalho contribua para uma reflexão sobre as
práticas educativas, estratégias usadas hoje na construção da aprendizagem da
leitura e da escrita, e a sua importância para as crianças no processo de
alfabetização.
12
2 A APRENDIZAGEM INFANTIL
2.1 O desenvolvimento infantil
O desenvolvimento infantil é muito importante, pois é a partir da infância
que a criança começa a estruturar seu cognitivo e habilidades pessoais. Porém, o
que vai influenciar diretamente no bom ou mau desenvolvimento é o meio em que a
criança vive. Campos (1997, p.53) afirma que embora se trate da mesma espécie,
os seres humanos diferem em seu patrimônio hereditário e nas influências do
ambiente onde se desenvolvem, e daí as diferenças individuais e a complexidade do
comportamento humano.
Segundo Vygotsky (1998, p.76), o funcionamento psicológico do homem é
modelado pela cultura, que se torna parte da natureza humana num processo
histórico, no decorrer do desenvolvimento da espécie e do indivíduo. Para o autor a
criança vai se desenvolvendo de acordo com o meio em que vive e vai sendo
moldado de acordo com as experiências diárias.
Para Piaget (1982 apud CAMPOS, 1997, p.69), a criança se desenvolve e
cria suas estruturas cognitivas através da interação com o meio, e também
desconsidera a teoria inatista, ou seja, para ele a criança não trás o conhecimento
ao nascer, mas desenvolve de acordo com suas ações experimentais do cotidiano.
O Autor ainda afirma que para se obter uma boa interação, que gere o
desenvolvimento o sujeito precisa assimilar as informações, de maneira que associe
com algo da sua realidade e em seguida acomodar essa informação na mente.
Piaget (1982 apud CAMPOS, 1997, p.71), destaca alguns estágios do
desenvolvimento cognitivo:
1) Estágio sensório-motor: Vai de 0 a 2 anos de idade. Durante este estágio,
desde a fase do nascimento, as estruturas físicas vão sendo modificadas
com o resultado das interações ambientais e a criança vai se tornando
capaz de interações sofisticadamente com o mundo.
2) Estágio pré-operatório: é de 2 a 6 anos. Nesse estágio a criança é
extremamente egocêntrica, pois ver o mundo através de seus próprios
pontos de vista surge à linguagem oral e a função simbólica.
13
3) Estágio operatório concreto: Esse estágio de desenvolvimento envolve o
período de 6 a 11 anos. O pensamento não mais consiste em algo
desunido e sem ordem, pois já conseguem classificar relações, classes, e
quantidades, e também amadurecem em relação a conceito de tempo,
espaço e raciocínio.
4) Estágio operatório formal: Esse estágio vai a partir do 11 anos. Este
estágio é o último segundo Piaget e requer exercícios de estratégia do
pensamento lógico hipotético-dedutivo, da análise combinatório e o
pensamento que trata com conceitos abstratos.
Para Campos ( 1997, p 76 ):
O modelo piagetiano pode não revelar a verdade completa sobre a cognição humana, mas como uma teoria vem tendo sucesso no sentido de gerar questões ainda para muitas pesquisas, provavelmente. (CAMPOS, 1997, p.76).
O bom desenvolvimento infantil é de extrema importância, pois, é nessa
fase da vida em que a criança começa a compreender seu corpo, o espaço em que
vive e as pessoas que a rodeiam. Suas aprendizagens serão resultados da
interação com esse meio, em que ela vive, possibilitando que adquira
conhecimentos e valores, que farão parte de toda sua vida. É válido ressaltar que
cada criança possui um ritmo de desenvolver suas habilidades e não deve ser
pressionada, nem comparada com outras crianças e nem tão pouco se deve permitir
que a criança queime suas etapas. As crianças precisam vivenciar cada fase,
sempre bem acompanhadas por familiares e professores.
2.2 O processo de aprendizagem
Segundo Smith (2001, p. 15), a aprendizagem é um processo de
aquisição e assimilação de novos padrões e novas formas de perceber, ser, pensar
e agir. A aprendizagem ocorre quando assimilamos o que nos foi transmitido, muitas
vezes de forma clara e precisa, outras formas mais dificultosas e confusas. Para
Hockenbury (2003, p.23), aprendizagem é um processo que produz alteração no
comportamento ou no conhecimento. As aprendizagens novas refletem em nossas
atitudes, conhecimentos, comportamentos. Cada nova aprendizagem usa o que já
14
vivemos para ajudar na compreensão, ou seja, é um processo integrativo, além de
ser cumulativo.
Através do meio a criança pode desenvolver sua aprendizagem, fazendo
assim com que o meio social seja ligado totalmente à aprendizagem, pois é através
dele que se tem contato com as pessoas e situações que interferem diretamente
nesse processo. Segundo Vygotsky (1998, p.110), o desenvolvimento cognitivo é
produzido pelo processo de interiorização da interação social com materiais
fornecidos pela própria cultura social. Assim o desenvolvimento cognitivo é a
interiorização do que nos é transmitido pelo meio social, e o contato com o mundo a
nossa volta faz com que tenhamos total influência dele.
À medida que vamos desenvolvendo, vamos também adquirindo novas
aprendizagens. Vygotsky afirma ainda que “aprendizado e desenvolvimento estão
inter-relacionados desde o primeiro dia de vida da criança.” (VYGOTSKY, 1998,
p.110).
A aprendizagem não é, em si mesma, desenvolvimento, mas uma correta organização da aprendizagem da criança que conduz ao desenvolvimento mental, ativa todo um grupo de processos de desenvolvimento, e esta ativação não poderia produzir-se sem a aprendizagem. Por isso, é um momento intrinsecamente necessário e universal, para que se desenvolvam na criança essas características humanas não naturais, mas formadas historicamente. (VYGOTSKY, 1998, p.115).
Assim a aprendizagem é necessária para qualquer pessoa e dá um
direcionamento para o desenvolvimento do sujeito. Estamos em constante
aprendizagem, ela aparece de maneira mais simples e também nas situações mais
complicadas. A partir da necessidade de explorarmos o que está a nossa volta é que
surge a aprendizagem. Um ato tão simples como amarrar um laço, trás
aprendizagens. Claro que isso depende do sujeito, e todos os dias aprendemos algo
novo seja significante ou não.
Vygotsky (1998, p.130) postulou a ideia da zona de desenvolvimento
proximal (ZDP) explicando como a interação é constitutiva e influencia o processo de
construção de conhecimento. Para ele, a ZDP é um espaço que separa o
conhecimento atual (CA) do conhecimento potencial (CP), sendo este o
conhecimento a ser alcançado. O conhecimento atual é tudo o que a criança já sabe
e o conhecimento potencial é o que poderá aprender e assimilar. É importante que
15
nesse processo o adulto intervenha, e assim a criança entenda o que está sendo
proposto.
Amália Simonetti afirma que:
(...) a aprendizagem se dá nas interações. Isso significa que nós aprendemos entre seres humanos, numa cultura num determinado tempo histórico, num dinâmico contato com o mundo e com os instrumentos socioculturais de mediação. É, portanto, na interação com as pessoas que a criança aprende e se desenvolve desde que nasce. (SIMONETTI, 2005, p.46).
A criança recebe também influência do meio em que vive, e isso é
refletido em seu comportamento. Quando ela não é incentivada e motivada, quando
não tem nenhum apoio ao aprender, terá dificuldade de assimilação. Zabala afirma
que:
Quando a distância entre o que se sabe e o que se tem a aprender é adequada, quando um novo conteúdo tem uma estrutura que o permite, e quando o aluno tem certa disposição para chegar a fundo, para relacionar e tirar conclusões, sua aprendizagem é uma aprendizagem significativa que está de acordo com a adoção de um enfoque profundo. (ZABALA, 1998, p. 37).
As escolas e os educadores, por sua vez, têm uma importante função de
transmitir uma aprendizagem interativa, que tenha significado para o aluno. Para que
isso ocorra, é essencial que os educadores reúnam esforços, metodologias,
estratégias para tornar uma aprendizagem sem mecanização e prazerosa.
Vygotsky (1998, p.103) afirma que o desenvolvimento humano é realizado
tanto pelo processo de maturação de cada organismo individual, quanto pela
aprendizagem que influencia e desperta nos processos internos do
desenvolvimento. Relata ainda que o sujeito para conhecer não tenha acesso direto
aos conceitos em si, mas um acesso mediado pelos sistemas simbólicos e
representativos que estão ao seu alcance. O ser humano tem capacidade de criar
sistemas simbólicos e de signos.
Porém há situações em que o processo de aprendizagem pode ser
comprometido se não houver conhecimento, nem esforços suficientes para se
vencer os obstáculos. Há várias situações que podem comprometê-la, dentre elas é
importante ressaltar as dificuldades de aprendizagem.
16
2.3 Dificuldades de aprendizagem
As dificuldades na aprendizagem ocorrem com muitas crianças e em
muitas escolas brasileiras. Muitos estudos tentam entender, compreender e superar
os aspectos que levam a essa situação e consequentemente ao fracasso escolar.
Segundo Smith (2001, p. 19), as dificuldades de aprendizagem são
problemas neurológicos que afetam a capacidade do cérebro de entender, recordar
ou comunicar informações. Para ele, a dificuldade na aprendizagem tem causas
internas e externas na vida escolar. Rebelo (1993, p.70) afirma também que
dificuldades na aprendizagem são “obstáculos, barreiras ou impedimentos, com que
alguém se depara ao tentar realizar algo que deseja executar”.
Fonseca (1995, p. 67), diz que uma criança com dificuldade na
aprendizagem se caracteriza por:
1. Manifestar uma significativa diferença entre o seu potencial intelectual
estimado e o seu atual nível de realização escolar;
2. Apresentar desordem básica no nível escolar;
3. Apresentar ou não uma disfunção no sistema nervoso central;
4. Não apresentar sinais de debilidade mental, privação cultural,
perturbações emocionais ou privações sensoriais, ou seja, visual ou auditiva;
5. Evidenciar dificuldades perceptivas, diferenças em vários aspectos de
comportamento e problemas no processamento de informação, nos níveis
receptivos, integrativos e expressivos.
As dificuldades de aprendizagem são consequências de fatores exteriores
e inerentes ao sujeito. Para Rebelo (1993, p. 68), as dificuldades na aprendizagem
derivam de situações adversas à aprendizagem normal, por exemplo, a organização
escolar, a didática, a ausência, o abandono escolar, instabilidade familiar, relações
sociais perturbadas, o meio social cultural e político em que o sujeito está inserido.
Assim o fracasso e o sucesso na aprendizagem são decorrentes de
diversos fatores e principalmente da maneira que serão transmitidas as informações.
O indivíduo pode apresentar dificuldade na aprendizagem não só por causa de
problemas neurológicos e psicológicos, mas também em relação ao incentivo dado
para o mesmo. O que condiz com o pensamento de Coelho (1991, p. 82) que se
refere a esse assunto dizendo que essa situação também se refere a momentos
17
difíceis enfrentados tanto pela criança normal, quanto pela criança com desvio do
quadro normal.
Segundo Paín (1985, p.56) as dificuldades na aprendizagem podem existir
por diversos fatores:
Fatores orgânicos e constitucionais da criança;
Fatores específicos, localizados principalmente na área perceptivo-motora
(visão, audição e coordenação motora);
Fatores psicógenos, que compreendem fatores emocionais e intelectuais;
Fatores ambientais representados pelo lar, pela escola e pela comunidade
como um todo.
Assim as dificuldades na aprendizagem não têm uma única causa, pois
dependerão de fatores externos relativos ao ambiente social, cultural e histórico de
cada indivíduo. Para Pierre Weil (1988, p. 100) a “aprendizagem é em geral,definida
como sendo um processo de integração e de adaptação do ser humano no seu
ambiente.”
Correia (2004, p.69), afirma que o que venha a ser as dificuldades de
aprendizagem surgiu da necessidade de entender a razão pela qual alguns alunos,
apresentavam diariamente insucesso escola, especificamente na leitura, na escrita e
nos cálculos. Assim as dificuldades mais frequentes no cotidiano escolar são:
Dislexia: é uma dificuldade presente na leitura, impedindo que o
aluno leia naturalmente, faz trocas de letras, investe sílabas,
apresenta lentidão na leitura e tem a letra pouco legível.
Discalculia: é uma dificuldade para cálculos e números, não
identifica os sinais das quatro operações básicas, e não entende
sequencias lógicas.
Disortografia: é uma dificuldade com a linguagem escrita, não
respeita sinais de pontuação e a separação de sílabas é
desordenada.
Disgrafia: Está associada a letra mal traçada e ilegível, letras muito
próxima e desorganização ao produzir um texto.
Dislalia: é uma dificuldade que se expressa na emissão da fala,
apresenta pronuncias desapropriadas.
18
Muitas vezes por não despertar interesse na criança, pelo que esta sendo
ensinado torna mais difícil o processo de aprendizagem. Por tanto é fundamental
que a aprendizagem se torne algo significativo, é ter quando o que está sendo
ensinado tenha importância para a criança.
2.4 As aprendizagens significativas
De acordo com Smith (2001, p 56) a leitura deve ser significativa. Para
algo se tornar significativo é preciso que tenha sentido para o indivíduo.
Ausbel (1982, p. 68) diz que uma aprendizagem é significativa quando o
indivíduo se utiliza daquilo que ele já possui, e junta a novas informações e vivências
que recebe, armazena, acomoda, para depois compreender e praticar. Para ele o
fator mais importante que influi na aprendizagem é o que o indivíduo já sabe, e o
ensino depende desses dados.
Todos os sujeitos possuem conhecimentos adquiridos por sua
experiência, e todos esses conhecimentos são indispensáveis para a aprendizagem.
Já a leitura precisa ser significativa para o indivíduo, pois um leitor torna-se
excelente quando compreende o que ler. Quando este consegue interpretar e fazer
ligação do que está lendo como que já sabe, desenvolve melhor a aprendizagem da
leitura. Assim o processo de leitura é influenciado pelas experiências adquiridas pelo
leitor, por sua leitura de mundo.
Segundo Freire (1989, p.9) a leitura do mundo precede a leitura da
palavra, daí que à posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da
leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente.
A leitura do mundo implica na leitura que a criança faz do meio em que
vive, da maneira que percebe o mundo ao seu redor. É preciso que a criança
conheça, e tenha curiosidade por compreender o local onde vive, e se tornar íntimo
da sua realidade. Freire (2003, p. 11) relata uma própria experiência vivenciada em
sua infância: “Na medida, porém, em que me fui tomando íntimo do meu mundo, em
que melhor o percebia e o entendia na “leitura” que dele ia fazendo, os meus
temores iam diminuindo”.
19
O autor defende que muitas das dificuldades relacionadas a leitura
podem diminuir ou ser solucionado, quando a criança consegue interpretar e
compreender o mundo ao seu redor.
Segundo Braggio (1992, p. 85):
A leitura deve ser percebida dentro de uma matriz pessoal, social, histórica e cultural, pois não é apenas o que o leitor traz de suas experiências vividas e de linguagem, mas também suas experiências e circunstâncias na sociedade, que com o decorrer do tempo foram moldadas, e estas experiências dão contextualização no ato da simbolização e sentido para o texto.
É importante o contexto de cada sujeito, de acordo com a citação acima
junto com o homem existem experiências e molduras que influenciam diretamente
no processo de aprendizagem, dando assim significado ao que se ler.
Para Ausubel (1982, p. 58), a aprendizagem significativa é o mecanismo
humano, por excelência, para adquirir e armazenar a vasta quantidade de ideias e
informações representadas em qualquer campo de conhecimento.
20
3 A ALFABETIZAÇÃO NA INFÂNCIA: APRENDENDO A LER E A ESCREVER
3.1 Definições
Alfabetização é um processo bem complexo, pois é tudo novo para a
criança. Com o despertar para o mundo ao redor, a leitura e a escrita se tornam
essenciais para o crescimento e desenvolvimento do sujeito. Para Simonetti (2005,
p. 13), alfabetizar e letrar na educação infantil são antes de qualquer coisa, provocar
e despertar nas crianças o desejo e o prazer de ler e escrever, inserindo-se de forma
lúdica na leitura e na escrita.
A mesma autora (2005, p. 17), ainda afirma que o termo alfabetização
quer dizer levar à aquisição do alfabeto, ensinar as habilidades de ler e escrever,
processo de aquisição do código escrito, das habilidades de leitura e escrita.
Segundo Soares (2003, p. 16):
A alfabetização seria um processo de representação de fonemas em grafemas (escrever) e de grafemas em fonemas (ler). Sem dúvidas a alfabetização é um processo de representação de fonemas em grafemas, e vice-versa, mas é também um processo de compreensão/expressão de significados por meio do código escrito. Não se consideraria “alfabetizada” uma pessoa que fosse apenas capaz de decodificar símbolos visuais em símbolos sonoros, “ lendo “, por exemplo, sílabas ou palavras isoladas, como também não se consideraria “alfabetizada” uma pessoa incapaz de, por exemplo, usar adequadamente o sistema ortográfico de sua língua, ao expressar-se por escrito. (SOARES, 2003, p.16).
Assim a alfabetização também é adquirir as habilidades de escrever e ler,
ou seja, é codificar e decodificar a língua escrita. É reconhecer a escrita decifrando
os códigos escritos que são as letras. Mas não só isso, pois seria pura ilusão
pensar que a criança apenas decorando e copiando está aprendendo a ler e a
escrever. (SOARES, 2003, p.15).
Morais (2004, p. 45) afirma que a escrita alfabética é um sistema e não
um código, ler não é decodificar, escrever não é codificar. O que a criança precisa
compreender é que a escrita alfabética é um sistema notacional. Isso faz muita
diferença.
É importante que ela desenvolva a habilidade de codificar e decodificar,
pois facilita na compreensão de que as letras representam partes menores que
formam as sílabas, e as sílabas são menores que as palavras que, por sua vez,
21
formam frases e textos. Com isso o aluno deve adquirir um pensamento reflexivo no
processo de alfabetização. Soares (2003, p. 14) ainda relata que a alfabetização é
um fenômeno de natureza complexa e multifacetada, condicionada a fatores sociais,
culturais, econômicos e políticos.
Precisamos então olhar para a alfabetização com muitos olhares além de enxergá-la como representação de fonemas em grafema e de grafemas em fonemas. Indissociavelmente o processo de alfabetização deve estar a serviço da cultura oral e escrita e do letramento. (SIMONETTI 2005, p. 20).
O letramento vai muito além da alfabetização, pois ser alfabetizado
significa que se consegue ler e escrever. Já o letramento é não apenas ler e
escrever, mas ler e compreender o que está sendo transmitido em determinadas
palavras e textos, e terá habilidade de entender o que se está lendo. Soares(1998,
p. 47) salienta que letramento é uma condição de quem não apenas sabe ler e
escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais que usam a escrita.
Leda Verdiani Tfiouni afirma que:
Enquanto a alfabetização se ocupa da aquisição da escrita por um indivíduo, ou grupos de indivíduos, o letramento focaliza os aspectos sócio históricos da aquisição de um sistema escrito por uma sociedade. (TFOUNI, 2004, p. 20).
A alfabetização e letramento estão interligados, pois as duas são
processos indispensáveis para o desenvolvimento não só na infância, mas para que
todos estejam no desenvolvimento e aprendizagem esperados para sua faixa etária,
o importante é que não apenas sejam alfabetizados, mas letrados. O letramento
ocorre durante o contato com o mundo, nas descobertas da criança durante todos os
dias, está na curiosidade e na busca de novos conhecimentos, por isso, é possível
que uma pessoa seja letrada e não seja alfabetizada.
Soares (2003, p. 22) acredita que os conceitos de letramento e
alfabetização se confundem e se fundem. Nas produções acadêmicas brasileiras os
termos alfabetização e letramento estão sempre associados.
Dissociar alfabetização e letramento é um equívoco porque, no quadro das atuais concepções psicológicas, linguísticas e psicolinguísticas de leitura e escrita, a entrada da criança (e também do adulto analfabeto) no mundo da escrita se dá simultaneamente por esses dois processos: pela aquisição do sistema convencional de escrita- a alfabetização, e pelo desenvolvimento de
22
habilidade de uso desse sistema em atividades de leitura e escrita- o letramento. Não são processos independentes, mas interdependentes, e indissociáveis: a alfabetização se desenvolve no contexto de e por meio de atividades de letramento, e este, por sua vez, só pode desenvolver-se no contexto da e por meio da aprendizagem das relações fonemas-grafemas, isto é, em dependência da alfabetização. (SOARES, 2003, p. 12).
A alfabetização e o letramento são processos que se complementam, pois
quando a criança começa a ser alfabetizada já trás consigo experiências e
aprendizagens, tornando possível o uso da aprendizagem no seu cotidiano. Assim é
importante que no processo de alfabetização ela também seja letrada, fazendo uma
ligação do que aprende com o que vivência, tornando a aprendizagem ainda mais
favorável e prazerosa.
3.2 A alfabetização nos dias atuais
Atualmente o processo de alfabetização ou cultura escrita na educação
infantil, não é algo tão espontâneo, pois as crianças precisam de intervenção por
parte da professora e dos pais para então chegar ao objetivo esperado. A professora
atua com atividades pedagógicas e lúdicas como suporte para o desenvolvimento da
leitura e da escrita. Simonetti (2005, p. 24) afirma:
Que a escola deve possibilitar que as crianças mergulhem nos atos de ler e de escrever e produzam textos com sentidos e significados. Para tanto é preciso que a professora, como mediadora de modo intencional insira a criança na cultura letrada, o que não significa encher a sala de livros, cartazes, fichas de nomes, letreiros, etc. (SIMONETTI, 2005, p. 24).
Como já citado a autora defende que a criança não precisa ler e escrever
primeiro para depois chegar ao letramento, pois a escrita e leitura são como práticas
sociais. O professor deve sempre fazer um elo entre a leitura e o cotidiano das
crianças, possibilitando a elas o contado direto com a leitura significativa,
envolvendo tudo aquilo que tem importância para a criança. Mas só os professores e
a escola de forma geral, não são os únicos responsáveis e incentivadores da leitura
e da alfabetização.
Dionísio (2005, p. 45) afirma que a escola sozinha não forma leitores,
apesar de ter um papel fundamental e ser um lugar determinante para essa prática,
23
essa formação só será significativa se houver uma prática social e uma pluralidade
social.
O fato é que estar alfabetizado na escola, não garante o indivíduo seja
alfabetizado e letrado para o mundo e para a vida, pois além da escola, a família e
todos que rodeiam a criança devem ajudar e incentivar a leitura.
Não acredito que possamos atribuir à escola toda responsabilidade de formar o cidadão alfabetizado de que necessita: leitor crítico, leitor versátil, escritor criativo, escritor competente. A tarefa alfabetizadora ultrapassa, e muito, a escola. (TORRES apud FERREIRO, 2003, p. 128).
A escola, como em todos os outros processos de desenvolvimento da
criança não pode trabalhar sozinha para ter resultados. É necessário que fatores
externos contribuam no processo de alfabetização, fatores estes que são a família, a
comunidade em que o indivíduo vive e tudo que está ao redor do mesmo que
precisa de ajuda e orientação para desenvolver suas habilidades de leitura e escrita.
O acesso à leitura é também um dos fatores que influenciam no processo
de alfabetização da criança, pois é no despertar para a leitura que a criança
consegue assimilar melhor as informações repassadas e atinge os objetivos
esperados.
Atualmente se tem falado muito sobre o analfabetismo funcional que
ocorre quando a pessoa consegue ler, mas não interpreta o que lê e escreve, muitas
vezes não identifica nem o que escreveu. É uma situação muito comum não só entre
crianças, mas principalmente entre jovens e adultos, muitos deles com ensino
superior. Isso impede que essas pessoas se integrem em determinados trabalhos
que exigem habilidades de leitura, escrita, raciocínio lógico. Ainda assim existem
diversos indivíduos exercendo cargos importantes na sociedade, mas que
apresentam bastante dificuldade na leitura e na interpretação do que está sendo
lido, isso provavelmente vem da má formação e da falta de estímulo quando ainda
frequentavam a educação infantil e o ensino fundamental, estendendo essa
dificuldade por muitos em sua vida.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s):
Desde o início da década de 80, o ensino da Língua Portuguesa na escola tem sido o centro de discussão acerca de melhorar a qualidade de educação no país. No ensino fundamental, o eixo da discussão, no que se refere ao fracasso escolar, tem sido a questão da leitura e da escrita. (BRASIL, 1997, p.19).
24
Destacam-se ainda mais a importância da leitura nos anos iniciais da
criança, pois é com ela que vão surgir novas descobertas e aprendizagens. O
estímulo nessa fase é essencial para o desenvolvimento e aprendizagem
significativa, ou seja, é indispensável para obter bons êxitos em todas as áreas da
vida. Por isso que todos os programas governamentais do Brasil visam avaliar o
nível de leitura e escrita dos estudantes.
No Brasil, o governo até tenta melhorar a situação do acesso à leitura,
porém não atingiu êxito em seus objetivos. Muitas vezes não resolve esse problema
por não saber como e também por que o acesso ao conhecimento pode não ser tão
bom assim, pois quanto mais pessoas leitoras mais pessoas que se expressam e
lutam por seus direitos.
Para resolver essa situação alguns programas têm sido desenvolvidos
principalmente nas series do ensino fundamental, visando avaliar o rendimento dos
alunos. Alguns desses programas são:
Prova Brasil e avaliação da educação básica (SAEB), foi criada no
ano de 1990, e tem a função de avaliar o nível de rendimento dos
alunos e da qualidade do ensino na educação básica;
O programa Brasil alfabetizado (PBA), criado em 2003, promove a
superação da alfabetização de jovens, adultos e idosos,
oferecendo suporte para continuidade desse processo de
alfabetização;
O fundo de manutenção e desenvolvimento da educação básica e
de valorização dos profissionais da educação brasileira
(FUNDEB),desde ano de 2007, que oferece recursos para a
melhoria da educação;
O sistema nacional de avaliação de educação superior (SINAES)
que analisa as instituições, cursos e estudantes, foi criado no ano
de 2004;
O exame nacional do ensino médio (ENEM), criado em 1998, mas
somente com o intuito de avaliar o nível dos alunos do ensino
médio. A partir de 2009 passou a servir também como avaliação
para o ingresso nas universidades públicas de todo país.
25
O exame nacional de desempenho de estudantes (ENADE), criado
em 2004, que avalia o rendimento dos alunos de graduação. A
não realização dele impede que o aluno receba o diploma ao final
do curso.
“Tão antigas quanto o analfabetismo no país, são as tentativas de
erradicá-lo.” (BRASIL, 2005, p.12). Para Martins “são necessárias reformulações
expressivas no sistema político-econômico e sócio-cultural de modo a permitirem
melhoria efetiva de condições de vida da imensa maioria desfavorecida.” (MARTINS,
1994, p.28). Dentre essas condições se encontra a educação, a alfabetização que
estão diretamente relacionadas com a dignidade e cidadania de todos.
Mesmo com todos esses programas buscando diminuir o índice de
analfabetismo no Brasil, esse índice é muito alarmante. Segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010 o Brasil tinha 14 milhões de
analfabetos e a maioria estava concentrado na região Norte e Nordeste.
Esse número abre questionamentos sobre a eficácia desses programas.
Porém o número de analfabetos é menor em relação a alguns anos, apesar disso é
preocupante, pois segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura(UNESCO, 2011) existem mais de oitocentos milhões de
analfabetos no mundo. E aqueles que não são alfabetizados são vistos como
incapazes e impossibilitados de atuarem em muitas atividades na sociedade.
O instituto de pesquisa econômica do Ceará(IPECE, 2012), em uma
pesquisa mostrou que Fortaleza é a terceira cidade com maior número de
analfabetos, e em sétimo lugar quando relacionada às demais capitais brasileiras,
com índice de 6,85% para os menores de quinze anos, de 21,5% para as pessoas
na terceira idade (acima de 65 anos de idade) e 11,85 % para as crianças de sete a
dez anos, que não sabem ler nem escrever.
Estimular a leitura desde cedo é um dos principais meios de proporcionar
às pessoas o desenvolvimento do seu hábito. Todos sentem a necessidade de ter
contato com a decodificação dos símbolos e códigos, pois é com ela que conhecem
o novo e têm contato com novas aprendizagens.
Assim, além de inserir a criança no mundo da cultura escrita, além de um ambiente estimulante na biblioteca, além de ler, contar e dramatizar muitas
26
histórias deve-se ampliar o seu universo nas artes plásticas, na música e na dança. (SIMONETTI, 2005, p. 26).
A autora citada defende que o professor também tem um papel
fundamental no processo de alfabetização, pois as aulas e a maneira de incentivar a
criança devem ser lúdicas e que chame bastante atenção, tornando sempre um
momento prazeroso. Simonetti (2005, p. 26), ainda afirma que é preciso rever o
ensino da leitura e da escrita, para formar leitores e escritores competentes, letrados
e alfabetizados. “Esse é o nosso desafio e diz respeito ao nosso ofício de
professora.” (SIMONETTI, 2005, p.26).
3.3 A leitura e a escrita
A leitura rodeia a todos desde quando se começa a compreender o
mundo. Todo e qualquer ser necessita se comunicar e ela tem um papel essencial
nesse processo, que é o de tornar o ser comunicativo e atuante na sociedade em
que está inserido. Ela vai muito além de se conseguir identificar as letras, as
palavras e as frases, ela nos faz entender tudo que está ao redor do sujeito.
A escrita também tem um papel fundamental para o desenvolvimento do
ser humano. Elas estão interligadas, pois uma serve como base para a
aprendizagem da outra. Não se pode decodificar palavras se não se escreve, e
também não é possível ler se não se reconhece os símbolos linguísticos.
Segundo Santos (2001, p 65), primeiro ocorre a identificação do código, o
reconhecimento das palavras e a atribuição de significado para as mesmas, para
depois ser ativada a sua forma ortográfica, e posteriormente os movimentos motores
que proporcionam a escrita.
A leitura conceitua-se como algo grandioso, e não somente o ato de
entender letras, o alfabeto. Aprender a ler está ligado ao processo de formação geral
do indivíduo e sua capacidade de exercer funções na sociedade. Ela é um processo
contínuo e em constante transformação, pois ocorre desde a infância até o fim da
vida. Também está sempre se modificando, pois é individual a forma com que se
aprende e compreende o que se está lendo.
Para Molina (1982, p.18) “a leitura é uma habilidade cognitiva ativa,
dependente de habilidades e capacidades do próprio leitor, mais do que
27
características do texto.” Desta forma o leitor é agente participativo do processo da
leitura, pois ele precisa estar atento e utilizando a melhor maneira de compreender o
que está lendo.
É um processo tão amplo, que a leitura exige a concentração de quem
está lendo, pois ativa seu campo cognitivo e seus conhecimentos prévios para
compreender o que está escrito, tornando assim uma aprendizagem significativa
através da ligação do que se ler e de sua compreensão do mundo ao seu redor.
A escrita, por sua vez é um marco das formas de expressão, registram a
história, a fala, as ideias. É também através da escrita que se constrói e desconstrói
culturas. A escrita sobreviveu a épocas e testifica muitos acontecimentos históricos.
3.3.1 Histórico
A história da leitura está interligada com a história do ser humano, pois à
medida que as pessoas evoluíram, a leitura também foi ganhando seu espaço e sua
importância. Na antiguidade as pessoas usavam a pictografia, que eram pinturas
nas paredes das cavernas, para se comunicarem. Com o tempo sentiu-se a
necessidade de usar os sons, porém para chamar a atenção somente as pinturas
não serviam. Assim a comunicação sonora passou a ser utilizada melhorando a
comunicação entre todos da sociedade. Portanto a oralidade ganhou seu espaço,já
que quase todo tipo de conhecimento era e é transmitido através da oralidade.
As escolas da antiguidade eram rígidas no ensino da oratória, e todas as
crianças que tinham direito a aprender algo eram extremamente cobradas nessa
área. Nesse mesmo período, a igreja tomou pra si a responsabilidade de ensinar a
ler e a escrever. Porém eram poucos os privilegiados e não era com o objetivo de
torná-los detentores do conhecimento e sim com a intenção de convertê-los a
religião predominante na época.
Antigamente as escolas só existiam em repartições religiosas, e poucos
tinham acesso às mesmas, pois a instituição religiosa não queria que as pessoas
tivessem acesso ao conhecimento dos textos antigos e sagrados, ou seja, somente
eram alfabetizados aqueles que queriam seguir a vocação religiosa. A igreja apenas
permitia que escrevessem o que era de interesse para ela e a escrita era, portanto,
algo manipulado e mecanizado.
28
Diferente do histórico relatado, muito antes de se frequentar a escola a
leitura já faz parte das nossas vidas, mas o ingresso nessa instituição potencializa
mais ainda esse processo, pois aquela é estimulada em todas as áreas e à medida
que se obtém o hábito de ler os conhecimentos aumentam e se desenvolvem com
maior agilidade.
O ambiente escolar tem um papel fundamental nesse processo, porém
não se deve esquecer que o aluno quando passa a frequentar a escola já possui um
conhecimento prévio e a escola apenas auxilia, incentiva e complementa a
aprendizagem diariamente. Para Martins (1994, p. 84): “cada leitor tem que
descobrir, criar uma técnica própria para aprimorar seu desempenho.”
A partir do século XI com o crescimento e o desenvolvimento das
atividades comerciais as zonas urbanas foram ganhando seu espaço e a igreja foi
perdendo seu poder sobre as pessoas e tudo que era ensinado, o que favoreceu
àqueles que não tinham acesso à leitura proporcionando seu contato com ela.
Portanto a forma de se ensinar a ler cada vez mais vem mudando e
sofreu uma grande influência de um manual pedagógico chamado Institutio oratória,
que dizia que os meninos tinham que aprender a ler antes dos sete anos de idade.
Depois se a família fosse da classe dominante e tivesse como investir, contratava
professores particulares para os meninos e as mães ensinavam as meninas.
De acordo com Manguel (1997, p.46) no século XI, na escola Sélestat, na
França, os estudantes aprendiam primeiro a ler, para depois aprenderem a retórica e
a gramática. E esta era uma das melhores escolas da época. Primeiramente os
alunos juntavam as letras e as famílias, com uso de cartilhas. Apenas os professores
tinham livros caros e aqueles copiavam as regras gramaticais sem terem
explicações sobre as mesmas, ou seja, os alunos apenas decoravam.
O mesmo autor (p. 86) afirma ainda que essa mesma escola recebeu um
novo diretor que manteve os mesmos textos já trabalhados, porém começou a
esclarecer, discutir e permitir que os alunos tivesse mais acesso à leitura, porém
ainda era pouco, pois eles não tinham total acesso aos textos trabalhados.
Com as reformas religiosas do século XVI e XVII, a leitura passou a ser
mais explorada e a ser um meio de socialização e uma forma de proporcionar maior
aceitação das diferenças e diversidade de coisas e pessoas. Ferreira (2001, p.35)
afirma que “a consolidação deste público leitor gerou uma circulação de cultura,
29
democratizando-a e tornando-a acessível ao povo, de modo geral. Gerou-se,
portanto, uma indústria cultural movida pelas exigências destes grupos de leitores.”
Assim como a história da leitura a da escrita também está ligada com a
história da humanidade, pois a medida que a escrita evoluiu o homem também
evoluiu. Os primeiros traços escritos estão bem antes de surgir de fato a escrita. O
homem das cavernas já rabiscava os primeiros traços escritos escrevendo a sua
história. Higounet (2003, p. 54), observa uma relação entre a história, a escrita e o
homem:
A escrita faz de tal modo parte da nossa civilização que poderia servir de definição dela própria. A história da humanidade se divide em duas imensas eras: antes e a partir da escrita. Vivemos o século da civilização escrita. Todas as nossas sociedades baseiam-se sobre o escrito. A lei da escrita substitui a lei oral, o contrato escrito substitui a convenção verbal, a religião escrita se seguiu á tradição lendária. E, sobretudo não existe história que não se funde sobre textos (HIGOUNET, 2003, p.54).
Com o crescimento da agricultura e do comércio, e as distâncias entre as
pessoas que faziam negócios, foi necessário os escritos, para se ter o controle de
negociações. Segundo Lévy (2004, p.87):
A escrita foi inventada diversas vezes e separadamente nas grandes civilizações agrícolas da antiguidade. Reproduz no caminho da comunicação, a relação com um tempo e espaço que a agricultura havia introduzido na ordem da subsistência alimentar. (LÉVY, 2004, p.87).
Assim o desenvolvimento da agricultura esta ligado com o
desenvolvimento da escrita, mas é apenas dos aspectos, para o surgimento e
crescimento do uso da língua escrita. A escrita também é usada para poesias,
poemas, diversas áreas do conhecimento e para novas descobertas.
A escrita abriu um espaço de comunicação desconhecido pelas sociedades orais, no qual tornava-se possível tomar conhecimento das mensagens produzidas por pessoas que encontravam-se a milhares de quilômetros, ou morta a séculos, ou então que se expressavam apesar de grandes diferenças culturais ou sociais. (LÉVY, 2000, p.114).
3.3.2 Funções da leitura e da escrita
A leitura ajuda o aluno a obter bom êxito em suas atividades escolares,
facilita no processo de desenvolvimento não apenas cognitivo, mas também em
30
todas as áreas de sua vida, e também é uma aliada da escola para se alcançar os
objetivos pedagógicos propostos. É através da leitura que se tem acesso a novos
conhecimentos. A curiosidade, a descoberta e a imaginação são estimuladas pelo
ato de ler, quando existe esse hábito tudo se torna mais fácil, há uma melhor
compreensão do mundo, o despertar de um pensamento mais crítico e a imaginação
é ativada de uma forma inexplicável. Kleiman (1989, p.28) afirma que “a leitura é
uma atividade cognitiva, tem caráter multifacetado, multidimensionado, sendo um
processo que envolve percepção, processamento, memória, inferência, dedução”.
A falta de acesso à leitura torna o indivíduo desprovido de conhecimento,
sem expectativas de vida e torna tudo mais difícil. Muitas crianças que não tem
estímulos para ler não conseguem atingir os objetivos esperados para suas
respectivas idades e nem desenvolver suas habilidades. De acordo com Soares
(2004, p. 78), todos devem ter acesso à leitura, sendo esse ato encarado como de
responsabilidade social.
Deve-se considerar que a criança sempre possui a sua leitura de mundo,
que trás a ela aprendizagens. Porém essa leitura se torna significativa quando o ato
de ler é constante em sua vida. A leitura propicia um olhar mais aprofundado da
realidade em que ela vive, permite que reflexões sejam feitas sobre o tema lido de
acordo com o seu interesse, ou seja, esse ato aumenta a leitura de mundo que
todos têm.
Ao ler o individuo é capaz de se tornar parte do que está lendo e
consegue sentir diversos sentimentos de acordo com o que está sendo lido. É
através dela que ele se posiciona na sociedade, pois se tornam mais visíveis os
problemas que cada realidade enfrenta. Esse instrumento também tem um papel
social, pois consegue desenvolver um homem atuante, ajuda a ter um
posicionamento crítico na sociedade, além de torná-lo mais humano, compreensivo,
responsável, aumentando sua interação com todos.
A leitura se tornou um dos principais meios de socialização. Infelizmente o
mundo em que se vive exige de todos sempre o melhor, e impõe muitas vezes
critérios que não são da realidade de muitos, podendo causar sentimento de
exclusão. O mercado de trabalho quer pessoas qualificadas, com capacidade de
criar e ver além do notório. Alguns não conseguem essas habilidades e isso ocorre
porque a leitura não faz parte de seu cotidiano, pois não há estímulos e muitas
31
vezes o ato de ler é considerado perda de tempo pra quem precisa trabalhar para se
alimentar. Soares afirma que:
A leitura literária democratiza o ser humano porque traz para o seu universo o estrangeiro, o desigual, o excluído, e assim nos torna menos preconceituosos, menos alheios às diferenças – o senso de igualdade e de justiça social é condição essencial para a democracia cultural. (SOARES, 2004, p.31-32).
Quanto mais pessoas com hábito de leitura, mais justiça, mais igualdade,
mais respeito, mais cidadão conscientes e tolerantes na sociedade. A grande
dificuldade é encontrada no egoísmo dos mais favorecidos economicamente, ou
seja, a classe que tem acesso a tudo com maior facilidade. As pessoas com maior
poder aquisitivo, para dominarem tentam de todas as formas restringir o acesso dos
menos favorecidos à leitura, ao conhecimento, à cultura, à verdade, ao pensamento
reflexivo e crítico, o que os tornaria mais atuantes na sociedade. Para Solé (1998, p.
27) o leitor deve assumir o controle da própria leitura, regulá-la para conseguir gerar
hipótese sobre o conteúdo que lê.
Manipulados e alienados cada vez mais se distanciam da leitura e assim
também do real conhecimento, acreditando apenas no que ouvem falar, aceitando
viver de acordo com o sistema. Se a classe menos favorecida obtivesse pelo menos
uma parte do conhecimento que a classe dominante tem, poderia expor suas
opiniões, sem acreditar em tudo que vê e escuta. Mas a realidade não é essa, pois
cada vez mais se tem uma sociedade de pessoas totalmente entregues ao sistema,
pois quando se tem acesso à leitura, elas conseguem perceber sua função,
participação e responsabilidade na sociedade, assim como seus direitos e se
sentem mais preparadas para lutarem por eles.
O domínio da língua tem estreita relação com a responsabilidade de plena participação social, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à informação expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo, produz conhecimento. (BRASIL, 1997, p.21).
A leitura é um processo que exige interação e concentração de quem está
lendo: o leitor ativa seu campo cognitivo e seus conhecimentos prévios para
compreender o que está escrito.
De acordo com as características do leitor, a leitura poderá desenvolver
sua inteligência, pois o texto tem formas e sentidos diversos e as pessoas que estão
32
lendo podem entender de maneiras diferentes. É através da leitura que o leitor
poderá interpretar o que se está lendo e assim fazer parte inteiramente do texto,
estimulando a memória. Os PCN’s de língua portuguesa relatam que:
A leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, se deu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a
linguagem, etc. (BRASIL, 1997, p. 91).
Para que o leitor compreenda o que esta lendo é necessária utilizar-se de
seu conhecimento prévio para dar sua interpretação sobre o texto lido. A leitura só
tem significado quando o objetivo é entendido pelo leitor. Quando uma pessoa lê
apenas por ler, perde totalmente o foco do que está lendo e não compreende o que
está sendo transmitido.
Muitas vezes a falta de concentração impede que o leitor compreenda o
que se lê, por isso, quase sempre o texto não é interpretado de acordo com o que o
autor quer dizer, pois o leitor compreende e interpreta de acordo com seu ponto de
vista, e os textos possuem diversas fases, ou seja, ele possui características
múltiplas, pois às vezes o autor transmite algo ligado a diversos significados, e o
leitor precisa entender o que esta de fato sendo transmitido. Assim diante dessa
multiplicidade de sentidos presentes no texto. Orlandi (1987, p.12) afirma que “todo
texto pode significar tudo, há uma determinação histórica que faz com que só alguns
sentidos sejam lidos e outros não.”
Martins (1994, p.54) classifica a leitura em três níveis: sensorial,
emocional e a racional.
a) Leitura sensorial: Esta leitura inicia desde muito cedo e nos acompanha por
toda a vida. Através da leitura sensorial o leitor expressa, intencionalmente,
seus gostos, e isto sem precisar de justificativas, apenas pelo fato de
impressionar e agradar sua visão, paladar e tato. Martins (1994) afirma que a
visão, o tato, a audição o olfato e gostos podem ser apontados como os
aspectos mais elementares no ato de ler. A relação da criança com o mundo
reflete na leitura sensorial, pois sua concepção de livro, antes de ser um
material escrito, é um objeto, tem forma, cor, textura, volume, cheiro. Paraa
criança, essa leitura oferece prazer e curiosidade. Através desta ela se sentirá
estimulada a ler, a aprimorar sua linguagem e sua comunicação com o
33
mundo, “gerando a promessa da autonomia para saciar a curiosidade pelo
desconhecido e para renovar a emoções vividas.” (MARTINS, 1994, p.43).
b) Leitura emocional: Nesta leitura o leitor já sabe e tem suas preferências pela
leitura que irá realizar. Ele lê de acordo com a sua necessidade e se envolve
plenamente com a leitura, muitas vezes sentindo-se dentro da história lida.
Martins (1994) afirma que na visão da cultura letrada ela é percebida com um
teor de inferioridade, pois a mesma é lida pelos sentimentos, e não para
alcançar objetivos. O autor também afirma que “não obstante, essa é a leitura
mais comum de quem diz gostar de ler, talvez a que dê maior
prazer.”(MARTINS, 1944, p. 48). Esta leitura é caracterizada como
passatempo, considerada evasão, quando na verdade, para cultura letrada
deveria oferecer reflexão acerca do material lido.
c) Leitura racional: A leitura racional tem um caráter dinâmico e reflexivo. O leitor
busca obter a percepção do texto através de suas experiências e da realidade
do que é lido. Esta leitura é importante não apenas por ser racional, mas por
produzir no leitor a ampliação de seus conhecimentos, aumentando as
possibilidades de compreensão da leitura e da própria realidade. Para os
intelectuais, a leitura é coisa séria e relacioná-la como nossas experiências
emocionais e sensoriais diminui sua significação e nos leva a ignorância. “Em
síntese, a leitura racional acrescenta à sensorial e emocional o fato de
estabelecer uma ponte entre o leitor e o conhecimento, a reflexão, a
reordenação do mundo objetivo, possibilitando-lhe, no ato de ler, atribuir
significado ao texto e questionar tanto a própria individualidade como o
universo das relações sociais.” (MARTINS, 1994, p.66).
Não existe uma ordem nos níveis de leitura citado acima, elas acontecem
uma após a outra de acordo com o desenvolvimento do ser humano, que acorre com
as experiências e vivências. O nível sensorial tende a surgir antes da emocional e a
emocional antes da racional. É difícil ler sem envolver emoção, razão e a sensação,
pois todos fazem parte da leitura.
Com a leitura o homem é direcionado a questionar, a ter prazer de
entender e aumentar seu conhecimento sobre tudo ao seu redor. Também de sentir-
34
se parte do mundo, participando e buscando o que quer, encontrando as soluções
para tudo. Bamberger (1997) classificou a leitura em seis tipos:
- Leitura informativa, que serve para aumentar o conhecimento, auxiliar na informação funcional, nas curiosidades e necessidades de orientação para a vida. - Leitura cognitiva, é a leitura profunda feita para a leitura de pesquisas, exige resenhas com argumentos. - Leitura literária, são as leituras de textos literários, romances, contos, analisando os estilos, a forma a narrativa entre outros. - Leitura recreativa, é a leitura lazer feita pelo prazer. - Leitura pretexto, feita com uma única finalidade, como a leitura de texto para a prova ou leitura de uma obra comentada para entender o texto. -Leitura corretiva, é realizada para correção de certas falhas, como erros ortográficos.
A leitura além de proporcionar conhecimento, ajuda na aprendizagem e
também oferece ao leitor prazer, lazer e imaginação. Ela traz também muitas
sugestões. Mas com todas estas qualidades só acontece de fato quando se tem o
interesse no quase está lendo. A leitura precisa de um processo ativo de interação
entre o leitor e o texto. Tezza (2001, p. 17) explica que:
Caso pretenda desenvolver a capacidade de formar opiniões críticas e chegar a avaliações pessoais, o ser humano precisará continuar a ler por iniciativa própria. Como ler se faz de maneira proficiente ou não e o que ler não dependerá, inteiramente, da vontade do leitor, mas o porquê da leitura de ser a satisfação de interesses pessoais. (TEZZA, 2001, p. 17).
Quando uma pessoa ler algo que não alcançou suas expectativas, não
lhe agradou, torna o entendimento do assunto mais difícil, por isso é necessário que
o leitor tenha uma satisfação ao ler, “uma atividade de leitura será motivadora para
alguém se o conteúdo estiver ligado aos interesses da pessoa que tem que ler e,
naturalmente, se a tarefa em si corresponde a um objetivo.” (SOLÈ, 1998, p.43).
Portanto, em muitos momentos o individuo precisar ler algo que não lhe chama
muito atenção, mas o importante é ter algum objetivo em esta realizando
determinada leitura, seja de pesquisar, por lazer, estudo, informação e outros.
Com a escrita não é diferente da leitura. Cada vez mais as crianças têm
curiosidades de descobrir e traçar diversas palavras. È importante que o educador
faça essa mediação com cuidado tornando uma prática prazerosa para a criança e
incentivando a ficar em contato com o mundo letrado.
Para Vygotsky (1978 apud OLIVEIRA, 1999, p.69):
35
A escrita é uma função culturalmente mediada à criança que se desenvolve numa cultura letrada e está exposta a diferentes usos de linguagem escrita e ao seu formato, tendo diferentes concepções a respeito desse objeto cultural ao longo do seu desenvolvimento. VYGOTSKY (1978 apud OLIVEIRA, 1999, p.69).
Através da escrita a criança é capaz de registrar os seus sonhos,
imaginação, e acontecimentos vivenciados por elas. O uso da escrita também é
importante que seja acompanhada por professores e familiares, criando condições
para uma boa caligrafia, ortografia e com o tempo a criança consiga escrever suas,
não apenas palavras, mas frases e consiga produzir seus próprios textos.
Vygotsky (1978 apud OLIVEIRA, 1999, p.70) ainda afirma que:
A condição para que a criança tenha possibilidade de atender adequadamente o funcionamento da língua escrita é descobrir que ela é um sistema de signos que não tem significado em si, mas que, dentro de um conjunto, ganha novos caracteres, expressões típicas da língua, passando a construir inúmeros signos linguísticos. VYGOTSKY (1978 apud OLIVEIRA, 1999, p.70)
É necessário que a criança entenda que a escrita não se resume apenas
a uma junção de letras, mas que tem significado para elas, principalmente para a
identificação de símbolos e através disso seja capaz de escrever outras palavras,
frases e até textos. A escrita, assim como a leitura precisa ser prazerosa, ou seja, a
criança precisa gostar e entender o que está sendo escrito por ela, não apenas fazer
cópias.
3.4 Dificuldades na leitura e escrita
As dificuldades na leitura é realidade para muitas pessoas de diversas
idades. Este problema é um dos maiores desafios encontrados nas escolas
brasileiras, que sempre procuram estratégias para superarem esta dificuldade. A
dificuldade na leitura esta diretamente ligada à dificuldade também na
aprendizagem, pois a leitura é que faz com que o individuo entenda o que está
lendo, e sem ela ou com dificuldades não se tem uma boa compreensão. Coelho
(1991, p. 46) destaca que as dificuldades na aprendizagem da leitura podem ser
divididas em quatro categorias:
36
- Dificuldade na leitura oral, que se dá pela percepção visual ou auditiva
alterada, assim a criança recebe informações cerebrais distorcidas e
troca, confunde, acrescenta ou omite palavras;
- Dificuldade na leitura silenciosa, que é por conta da distorção visual, que
faz com que a criança tenha lentidão na leitura e dispersão, levando a
repetir palavra e frase;
- Dificuldade na compreensão da leitura, que é a deficiência no
vocabulário e a pouca habilidade reflexiva diante do texto, que causa a
falta de entendimento dessa leitura;
- Dislexia, que é a dificuldade de identificação de símbolos gráficos desde
o início da alfabetização, trazendo fracassos futuros na leitura e na
escrita.
Citoler (1996, p.67) comenta que nas dificuldades de leitura encontramos:
crianças com algum tipo de deficiência física ou sensorial, como por exemplo,
problemas auditivos, visuais e motores; crianças com capacidades cognitivas
limitadas; aquelas que sofrem privações socioculturais e bloqueios afetivos,
causando bloqueio e falta de oportunidade de uma aprendizagem adequada.
As dificuldades na leitura têm causas diversas e formas diferentes de
acordo com cada criança. Segundo Smith (2001, p. 58) as causas das dificuldades
na leitura tem origem biológica, e ele as classificou em quatro categorias:
- Lesão cerebral: que é causada por danos no cérebro durante o parto ou
pós-parto, ou acidentes, hemorragias, meningites, exposição a substância
químicas e outros.
- Alterações no desenvolvimento cerebral: perturbação ocorrida em
qualquer ponto do processo contínuo de ativação neural, ocasionando o
não desenvolvimento normal de alguma parte do cérebro.
- Desequilíbrio neuroquímico: dissonância entre os neurotransmissores,
causando a má comunicação entre as células cerebrais, acarretando
prejuízo na capacidade de funcionamento do cérebro.
- Hereditariedade: que corresponde a herança genética.
A habilidade na leitura e na escrita são fatores fundamentais para
aquisição da aprendizagem e imprescindível para ser desenvolvida nos primeiros
37
anos escolares. (BRASIL, 1997, p. 34). A base para as aprendizagens são os
primeiros anos escolares e o ensino fundamental.
A criança que apresenta dificuldades na leitura terá dificuldades e lentidão
nas demais aprendizagens. A leitura é um grande mediador para o conhecimento,
pois estimula o cognitivo e acrescenta o conhecimento. Assim para que uma criança
adquira a habilidade da leitura é necessário que desenvolva alguns pré-requisitos
fundamentais. Morais (2000, p. 36) afirma que os pré-requisitos devem ser
trabalhados nos primeiros anos escolares, são eles:
Imagem corporal:é correspondente a habilidade da criança de
conhecer o próprio corpo, cada órgão e suas funções, e as
experiências com o meio ambiente. Esse pré-requisito é
indispensável para a aquisição de aprendizagens, pois é através
do corpo que ela interage com o mundo ao seu redor. Com uma
imagem corporal bem desenvolvida perceberá seu corpo num
ponto de referência estável, que servirá para conceitos
indispensáveis no processo de alfabetização, como: em cima,
embaixo, na frente, esquerdo, direito e outros.
Lateralidade: se refere a um dos lados do corpo, direito ou
esquerdo, para a realização de alguma atividade. Na leitura
também se faz necessária esta habilidade, para que inicie a leitura
do texto na direção certa.
Conhecimento da direita e da esquerda: está diretamente ligado à
imagem corporal e lateralidade, que facilita o processo da leitura
indicando a direção correta do texto.
Orientação espacial: corresponde à capacidade de perceber a
posição de dois ou mais abjetos em relação a si próprio, ou na
relação de uns com os outros. Esta habilidade não desenvolvida
causa dificuldades na leitura, pois a criança troca palavras e frases
e não obedece à direção correta (esquerda para direita), salta uma
ou mais linhas na hora da leitura e sente dificuldade de
acompanhar a mesma com os olhos.
Orientação temporal: é referente ao tempo e envolve dois
conceitos, a duração e sucessão. Com mau desenvolvimento
38
nessa habilidade a criança terá dificuldades de pronunciar
palavras, troca letras, não relaciona a letra ao seu som,faz má
utilização dos tempos verbais, não guarda palavras lidas em texto,
e não compreende o tempo e a sucessão de fatos que ocorrem em
uma história lida.
Ritmo: refere-se à sucessão de elementos sonoros no tempo e que
obedecem a uma determinada duração. É importante para a
leitura, pois o ritmo ajuda a compreender as pausas de vírgula, a
pontuação existente no texto. Se não for bem desenvolvida poderá
causar uma leitura lenta e silabada.
Análise: síntese visual e auditiva: Através de um processo
analítico-sintético que se dá com a leitura e a decodificação das
palavras, pois ao ver uma palavra, passa a decompô-la fazendo
uma análise. Em seguida a recompõe fazendo uma síntese,
juntando as partes ao todo conseguindo assim ler a palavra. Esta
habilidade mal desenvolvida poderá acarretar dificuldades em
dominar arranjos de letras ou sílabas que formarão outras
palavras.
Habilidades visuais específicas: uma boa visão desenvolve na
criança a percepção e a discriminação, por isso é importante para
a leitura. O não movimento ocular pode causar uma leitura lenta,
com inversões e omissões na junção das letras, sílabas ou
palavras.
Coordenação viso-motora: este pré-requisito corresponde à
interação entre os olhos e os demais movimentos do corpo. Bem
desenvolvida nesta habilidade a criança não terá dificuldades em
correr, pular, andar e outros. Já o mau desenvolvimento desta
habilidade na escrita poderá prejudicar na leitura, pois a escrita
favorece na leitura.
Memória cinestésica: É a capacidade de a criança reter os
movimentos motores necessários para a realização gráfica. Se a
grafia não estiver correta a criança terá dificuldade na leitura, pois
no inicio não identifica som de letra e fonemas.
39
Habilidades auditivas específicas: o bom funcionamento auditivo
favorece na identificação de sons, facilitando que as informações
escutadas sejam recebidas e levadas ao cérebro para serem
analisadas e comparadas com informações e armazenadas na
memória.
Com estes pré-requisitos trabalhados na criança, desde as primeiras
séries iniciais, ela sentirá menos dificuldades na leitura e na compreensão de texto.
Segundo Rebelo (1993, p. 32) os problemas específicos de aprendizagem na leitura
se encontram no nível cognitivo e neurológico, não existindo para os mesmos uma
explicação evidente. Para Citoler (1996, p.47) as dificuldades específicas de leitura
surgem mesmo que o sujeito receba todas as condições favoráveis para a
habilidade da leitura.
As dificuldades na escrita também decorrem da dificuldade de leitura, pois
devido a leitura está interligada a escrita e quase que sempre a criança tem
dificuldade na escrita por apresentar dificuldade na leitura. Essas dificuldades
podem ser por diversos fatores, mas principalmente pelo motivo de que não
consegue ler e não consegue ainda identificar e os sons para realizar a escrita.
Morais (1997, p.122), afirma ainda outro aspecto que pode interferir na
aquisição e prática da leitura, que é o fator emocional. O afeto é indispensável no
processo de aprendizagem, principalmente na aquisição da leitura. As crianças que
não recebem carinho dos familiares apresentam muitas dificuldades em assimilar o
que está sendo ensinado, e a escola por muitas vezes precisa suprir essa falta de
carinho. Durante o processo de aprendizagem da leitura é importante que o
educador, possua meios de conquistar a criança, para fazê-la sentir prazer em
aprender e isso se dá através da afetividade. Cunha (2008, p 51) afirma que:
Em qualquer circunstância, o primeiro caminho para a conquista da atenção do aprendiz é o afeto. Ele é um meio facilitador para a educação. Irrompe em lugares que, muitas vezes, estão fechados ás possibilidades acadêmicas. Considerando o nível de dispersão, conflitos familiares e pessoais e até comportamentos agressivos na escola hoje em dia, seria difícil encontrar algum outro mecanismo de auxilio ao professor mais eficaz.(CUNHA, 2008, p.51).
40
Portanto o afeto é importante no processo de aprendizagem e de
aquisição do conhecimento, pois é importante que o indivíduo seja seguro, confie em
si mesmo. O afeto, o carinho tem o poder de aumentar a estima do aprendiz.
É importante também a conscientização de que a aprendizagem da leitura
não é tarefa só da escola e do professor, a família também tem o seu papel
fundamental nesse processo. As escolas atuais têm um grande desafio queé unir a
escola coma família, permitindo, incentivando e inserindo a família, para que a
mesma participe de forma ativa no desenvolvimento dos seus filhos.
As dificuldades na aprendizagem da leitura e escrita não devem ser
encaradas como um problema ou fracasso, e sim como um desafio. A escola,
professoras e família devem estar juntas para buscarem soluções para esse desafio
tão antigo, mas sempre atual.
3.5 Tornando a alfabetização possível
Com todas as dificuldades apresentadas na aprendizagem da leitur ae
escrita, uma questão foi bastante notória, que o papel do professor e o da escola é
fundamental no processo de aquisição da leitura e da escrita na superação das
dificuldades que surgirão durante esses processos. Um dos locais onde a criança se
sente mais desafiada, motivada e incentivada para desenvolver aprendizagem, é
sem dúvidas na escola, pois ela tem um importante papel de desenvolvimento
cognitivo, sociocultural e socioemocional da criança, pois essa instituição tem
também como fundamental a formação de cidadãos conscientes e atuantes na
sociedade.
Segundo os PCNs (BRASIL, 1996) a prática da leitura na escola
pressupõe o trabalho com uma diversidade de objetivos, modalidades e textos que
de fato caracterizem-na como prática pelos alunos. O professor deve assumir o seu
papel de mediador do conhecimento, e não dificultar esse processo, pois toda escola
deve estar consciente de seus papeis na vida social do aluno. Ele precisa realmente
ter a responsabilidade de mobilizar escola, família e toda comunidade escolar a
favor da aprendizagem do aluno.
Um bom professor não é aquele que reprova, deixa de recuperação e
muito menos que passa o aluno para outra série sem que o mesmo tenha alcançado
41
os objetivos na aprendizagem, mas aquele que transmite com qualidade, se importa
com a aprendizagem da criança e tem por objetivo formar cidadãos alfabetizados e
letrados. Ainda de acordo com os PCNs (BRASIL, 1996):
Para tornar os alunos bons leitores – para desenvolver, muito mais do que a capacidade de ler, o gosto e o compromisso com a leitura, a escola terá de mobilizá-los internamente, pois aprender a ler (e também ler para aprender) requer muito esforço. Precisará fazê-los achar que a leitura é algo interessante e desafiador, algo que conquistado plenamente, dará autonomia e independência. Precisará torná-los confiantes, condição para poderem se desafiar a “aprender fazendo.” (BRASIL, 1996, p.43).
Atualmente, as escolas se apoderam de práticas pedagógicas que não
incentivam a leitura, o que, em sua maioria, se percebe é que transmitem a leitura
de forma mecânica, avaliam de forma rígida, causam medo e insegurança nas
crianças na hora de executarem uma leitura, principalmente forçando-as a lerem em
voz alta para toda turma. Os PCNs afirmam que “uma prática pedagógica que não
desperte e cultive o desejo de ler não é uma prática pedagógica eficiente.” (BRASIL,
1996,p.43).
A escola precisa mobilizar, integrar toda a comunidade escolar em busca
de novas metodologias, que tornem possível a formação de crianças alfabetizadas e
letradas. Zuzino (1995, p.26) afirma que a prática pedagógica deve estar
comprometida em criar um ambiente de aprendizagem no qual os adultos
contribuam para favorecer os esforços cognitivos das crianças na apropriação dos
conteúdos escolares.
O desafio, porém, está na prática pedagógica de cada professor. Desafio
esse que envolve a forma de avaliar, letrar, ensinar a ler e escrever, e o mais
importante que é ajudar os alunos a superarem as dificuldades encontradas
individualmente, de maneira diferente ao longo desse processo de alfabetização.
Para Simonetti (2005, p.43):“Entendemos proposta pedagógica como metodologia.
Como um caminho para se chegar a um fim. No nosso caso, esse fim é a
aprendizagem da linguagem oral e escrita, ou seja, é alfabetizar e
letrar.(SIMONETTI, 2005, p. 43).
Para proporcionar qualidade no ensino e aprendizagem dos alunos, a
escola precisa ter uma ótima prática pedagógica, pois é preciso que a mesma seja
elaborada com toda a comunidade escolar, considerando as necessidades dos
alunos e suas realidades. Para Simonetti (2005, p.54) a concepção de ensino
42
aprendizagem está voltada para a construção de alunos ativos, críticos, reflexivos,
atuantes e participantes no seu processo de aprendizagem. É necessário que a
prática pedagógica esteja sempre percebendo se está proporcionando uma
aprendizagem significativa para os alunos.
Entender a intervenção didática significativa, situar a sala de aula como microssistema vista de forma dinâmica e conectada com o planejamento, a ação e a avaliação do processo didático. A análise da prática educativa servirá de alicerce para o sucesso da intervenção pedagógica que vai mostrar a eficácia do ensino e da aprendizagem, sobretudo quando a professora assume o compromisso de realizar com competência o seu ofício, visando atingir os objetivos didáticos e compreendendo com as aprendizagens que se produzem. (SIMONETTI, 2005, p.56).
A ação pedagógica deve ser comprida pelos professores, pois ela bem
planejada e bem aplicada irá refletir na aprendizagem da criança. A leitura deve ser
transmitida de maneira que a criança sinta prazer no ato de ler. Assim é fundamental
que exista ludicidade no processo de aprendizagem da leitura, pois quando é
ensinada de forma mecânica a criança não consegue associar o que está lendo com
sua realidade e não se sente parte do texto, tornando esse momento difícil e
constrangedor.
Segundo Kleiman (2002, p.43), o ensino mecânico da leitura reflete nas
seguintes práticas: a) o texto com conjunto de elementos gramaticais com
significados e funções independentes do contexto em que se inserem; b) o texto
como repositório de mensagens e informações onde o aluno deve extrair o sentido
de cada palavra para chegar a interpretação do texto; c) formação do leitor passivo;
d) o professor dá a última palavra do texto; e) não existe interação entre aluno e
professor.
Para que o aluno possa obter interação com o texto, a escola precisa
desenvolver condições favoráveis para que os alunos obtenham bom êxito na
leitura. De acordo com os PCNs (BRASIL, 1997, p.40) para formar alunos leitores,
deve-se oferecer condições favoráveis para a prática da leitura, que não se restrinja
apenas aos materiais impressos disponíveis, mas a forma de uso que se faz destes
materiais. Para os PCNs (BRASIL, 1996, p. 43) as condições são:
- dispor uma biblioteca na escola; - dispor, nos ciclos iniciais, de um acervo de classe com livros e outros materiais de leitura;
43
- organizar momentos de leitura livre em que o professor também leia. Para alunos que não estão acostumados a ler, é importante que vejam alguém interessado na leitura; - planejar as atividades diárias garantindo que as de leituras tenham a mesma importância que as demais; - possibilitar aos alunos a escolha de suas leituras; - garantir que os alunos não sejam importunados durante os momentos de leitura com perguntas sobre o que estão achando, se estão entendendo, entre outras questões; - possibilitar aos alunos empréstimos de livros na escola; - quando houver oportunidade, sugerir novos títulos aos alunos, para que conheçam sobre assuntos; - construir na escola uma política de formação de leitores na qual todos possam contribuir com sugestões para desenvolver uma prática constante de leitura que envolva o conjunto da unidade escolar. (BRASIL, 1996, p. 43).
Algumas escolas ainda não dispõem de uma biblioteca bem equipada,
iluminada e ventilada, o que também dificulta o acesso à leitura. Muitas vezes a
leitura é feita em sala e ocorre na maioria das vezes como forma de avaliação da
leitura e ortografia do aluno, que não expõe os seus pontos de vista. Para Kleiman
(2010, p. 12) ler não se resume em decodificar, mas é preciso decodificar para
aprender a ler.
De acordo com Kleiman (2010, p. 19) uma prática bastante comum no
livro didático considera os aspectos estruturais do texto como entidades discretas
que têm um significado e função independentes do contexto em que se inserem.
Portanto o mesmo (2010, p. 22) desenvolveu algumas concepções para explicar a
forma como as escolas vêm abordando os textos e a leitura em sala de aula:
a) O texto como conjunto de elementos gramaticais: quando o professor utiliza o
texto como pretexto para ensinar regras.
b) O texto como repositório de mensagens e informações: o leitor se caracteriza
como passivo, o texto serve como repositório de informações e o papel do
leitor é apenas o de retirar as informações do mesmo.
c) A leitura como decodificação: Esta prática de leitura é bastante
empobrecedora, e não modifica em nada na visão de mundo do leitor. Esta
leitura se restringe em apenas decodificar as palavras. A atividade proposta
nesta concepção se baseia em apenas passar os olhos no texto e responder
a pergunta sobre o texto tal qual está nele.
d) A leitura como avaliação: A avaliação da leitura, que muitas vezes ocorre em
voz alta. Nesse caso mais inibe do que propriamente forma leitores. A
avaliação da leitura se torna favorável quando se tem o objetivo de observar
44
pontuação, o reconhecimento das letras e faz leitura silenciosa antes da
leitura em voz alta.
e) A integração numa concepção autoritária da leitura: Esta concepção postula
que só há uma maneira de abordar o texto, e apenas uma interpretação a ser
alcançada. Apesar dos alunos possuírem conhecimentos prévios ao ler um
texto, é preciso ensinar que deve ser considerada a intenção do autor.
Uma função bastante importante da escola e do professor é tornar o
ensino da leitura como algo prazeroso e simples. Para Kleiman (2010, p.18): “a
atividade árida e tortuosa de decifração de palavras que é chamada de leitura em
sala de aula, não tem nada a ver com a atividade prazerosa.”
Os PCNs (BRASIL, 1996, p.47) afirmam que uma prática de leitura na
escola é necessária por várias razões:
- ampliar a visão de mundo e inserir o leitor na cultura letrada; - estimular o desejo de outras leituras; - possibilitar as vivências de emoções, o exercício da fantasia e da imaginação; - permitir a compreensão do funcionamento comunicativo da escrita: escrever para ser lido; - expandir o conhecimento da própria leitura; - aproximar o leitor dos textos e os tornar familiares- condições para a leitura fluente e produção do texto; - possibilitar produções orais escritas e em outras linguagens; - informar como escrever e sugerir o que escrever; - ensinar a estudar; - possibilitar ao leitor compreender a relação que existe entre a fala e a escrita; - favorecer a aquisição da velocidade da leitura; - favorecer a estabilização de formas ortográficas.
A escola é o local onde a criança passa maior parte do seu dia, em alguns
casos passa até o dia todo. Assim a escola se torna em parte, responsável pelo
sucesso ou fracasso de seu aluno. As aulas devem ser bem preparadas, de forma
que estimulem o aluno a ler e tenha prazer no ato da leitura. Para Kleiman (2010, p.
56):
Na aula de leitura é preciso fazer predições, orientado pelo professor que além de permitir utilizar seu próprio conhecimento, supre eventuais problemas de leitura no aluno, construindo suportes para o enriquecimento dessas predições e mobilizando seu maior conhecimento sobre o assunto. (KLEIMAN, 2010, p.56).
45
É preciso utilizar diversas estratégias de leitura como ensino para que o
aluno possa compreender melhor o processo de leitura. Para Kleiman (2010, p. 53)
quando se fala em estratégia de leitura, se está falando de operações regulares para
abordar o texto.
A autora classifica as estratégias de leitura em: estratégia metacognitivas,
que são os objetivos que o leitor possui diante do texto e sua compreensão, e
caracteriza-se como leitor flexível, que usa várias maneiras para chegar onde quer,
sendo capaz de reconhecer quando não está compreendendo a leitura; e estratégias
cognitivas, que são os conhecimentos gramaticais diante do texto, que pode ser
desenvolvida no ensino das habilidades linguísticas e usar esses conhecimentos
sobre gramática para perceber as relações entre as palavras, assim como usar o
vocabulário para perceber estruturas textuais. (KLEIMAN, 2010, p. 53).
Solé (1998, p. 70) considera as estratégias de leitura como um meio, uma
ferramenta para a leitura proficiente. Ao utilizar as mesmas os alunos compreendem
o texto de forma autônoma e o educador percebe a importância de formar alunos
leitores e reflexivos. Para Kleiman (2010, p.55):
Por isso, o ensino e modelagem de estratégias de leitura não consistem modelar um ou dois procedimentos, mas em tentar reproduzir as condições que dão a esse leitor proficiente essa flexibilidade e independência, indicativas de uma riqueza de recursos disponíveis. (KLEIMAN, 2010, p.55).
As estratégias de leitura ajudam o professor a formar leitores autônomos,
quando são utilizadas como ferramenta de ensino, tendo como objetivo principal a
compreensão. Solé (1998, p 72) afirma que:
Formar leitores autônomos também significa formar leitoras capazes de aprender a partir dos textos. Para isso, quem lê deve ser capaz de interrogar-se sobre sua própria compreensão, estabelecer relações entre o que lê e o que faz parte do seu acervo pessoal, questionar seu conhecimento e modificá-lo, estabelecer generalizações que permitam transferir o que foi aprendido para outros contextos diferentes. (SOLÉ, 1998, p.72).
As estratégias de leitura dão clareza e coerência aos textos, intensificam
a compreensão e lembrança do que se lê e permitem que o leitor utilize dos
conhecimentos para permitir a aprendizagem.
A mesma autora (1998, p.73) afirma que o trabalho de leitura deve ser
realizado em três etapas de atividades com o texto: o antes, durante e depois. Para
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ela as estratégias que devem ser utilizadas antes da leitura são: ideias gerais,
motivação para a leitura, objetivos para a leitura, revisão e atualização do
conhecimento prévio, estabelecimento de previsões sobre o texto e formulação de
perguntas sobre ele.
1. Ideias gerais: é a concepção que o professor tem sobre a leitura, e
formulação de métodos educativos para o ensino da mesma.
2. Motivação para a leitura: corresponde ao interesse e prazer do aluno
sobre o texto. É preciso que a criança se sinta capaz de realizar a leitura
e ter um objetivo ao ler para então conseguir compreender.
3. Objetivos da leitura: são os objetivos que geram a compreensão. Quando
o leitor inicia uma leitura sua compreensão se torna mais rápida quando
tem um objetivo a ser alcançado, portanto ele enfrenta as dificuldades em
busca desse objetivo. Nesse caso ainda se apresenta alguns objetivos
importantes:
- Ler para obter uma informação precisa;
- Ler para seguir instruções;
- Ler para obter uma informação de caráter geral;
- Ler para aprender;
- Ler para revisar um escrito próprio;
- Ler por prazer;
- Ler para comunicar um texto a um auditório;
- Ler para praticar a leitura em voz alta;
- Ler para verificar o que aprendeu.
4. Revisão e atualização do conhecimento prévio: o professor aborda o
tema geral do texto trabalhado, incentiva os alunos a ativarem seus
conhecimentos prévios do assunto, permitindo que os mesmos opinem e
falem o que já conhecem sobre o tema abordado, sendo sempre
orientados pelo professor, quando necessário.
5. Estabelecimento de previsões do texto: podem ocorrer antes do texto. O
professor indaga os alunos sobre o que eles acham que venha ser o
texto, considerando alguns indicadores como título do texto, ilustrações e
o autor.
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6. Formulação de perguntas sobre o texto: perguntas sobre o texto
estudado, formuladas tanto pelos professores como pelos alunos são
importantes no processo de leitura, pois ajudam na compreensão dos
objetivos do que foi lido.
De acordo com Solé (1998, p. 65) durante e depois da leitura, o professor
deve trabalhar bem o texto explorando-o bastante, para que os alunos
compreendam que a leitura não acaba ali e que é um processo contínuo, e que
sempre vão ter novas leituras e novos aprendizados.
Simonetti (2005, p.69) aponta diversas atividades pedagógicas que
servem de suporte para os educadores de forma que sejam utilizadas no incentivo a
leitura e na alfabetização das crianças, tornando esses momentos prazerosos
despertando nas crianças o desejo pelo ato da leitura. Serão destacadas abaixo
algumas dessas atividades:
a) Entre na história: a partir de uma história de teatro de fantoches, as
crianças criam coletivamente uma história na qual os personagens
principais serão elas próprias.
b) A música é o tema: ouvir uma música e ao final solicitar das crianças que
escrevam as palavras que chamaram sua atenção e que desenhem o que
elas representam. Em seguida, no grupo, as crianças vão construir uma
história coletiva com as palavras e o tema da música.
c) Uma aventura: Contar uma aventura ao grupo. Propor que cada criança
construa sua própria aventura, como personagem principal, criando um
título e ilustrando-o.
d) Da frase ao texto: Escolher um livro de história conhecida, selecionar
algumas frases e propor aos alunos que as escrevam espontaneamente. A
partir das frases, cada criança irá produzir um pequeno texto e depois
apresentará a sua produção para a turma.
e) Nossa história: propor para a turma a criação de uma história coletiva na
qual os personagens são os próprios colegas. A professora divide a sala
em dois grandes grupos. Um grupo irá colocar como personagem os
colegas do outro grupo.
f) Adivinhações: competição de adivinhações. As crianças receberão fichas
contendo adivinhações e deverão buscar as respostas noutras fichas
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espalhadas pela sala. Depois cada uma criará ou escreverá uma
adivinhação. Ganha quem acertar mais adivinhações.
g) Complete se souber: A professora coloca para tocar uma cantiga de roda
e interrompe para ser completada pelas crianças. O grupo que primeiro
terminar a música marcará pontos.
h) Conte um conto: Dividir as crianças em grupos e cada criança conta uma
história para o seu grupo. À medida que conta sua história, os demais
desenharão as cenas.
i) Conta reconta: Primeiro a turma deverá assistir a um filme de qualquer
clássico infantil. Depois será dividida em duplas para escreverem a história
do filme. No final, conversar sobre cada texto produzido pela criança.
j) Boliche das letras: O boliche pode ser feito de garrafa descartáveis onde
estarão escritas letras do alfabeto. As garrafas serão dispostas a certa
distância e cada criança terá a oportunidade de jogar duas vezes, dirá as
letras que estão nas garrafas caídas, em seguida escreverá no caderno e
tentará fazer palavras com elas.
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4 METODOLOGIA
4.1 Tipos de pesquisa
A metodologia usada neste trabalho teve caráter qualitativo, as pesquisas
foram do tipo bibliográfico e de campo. Esses tipos de pesquisas foram utilizados
por perceber a importância delas num trabalho que abrange um tema complexo,
tornando-o assim mais compreensível.
Segundo Gonçalves (2001, p.67):
A pesquisa de campo é o tipo de pesquisa que pretende buscar a informação diretamente com a população pesquisada. Ela exige do pesquisador um encontro mais direto. Nesse caso, o pesquisador precisa ir ao espaço onde o fenômeno ocorre, ou ocorreu e reunir um conjunto de informações a serem documentadas.
De acordo com Liebscher (1998, p.67), a pesquisa qualitativa é
necessária quando é abordado fenômeno de estudo complexo e de natureza social,
é usada quando o contexto social e cultural é importante para a pesquisa.
A pesquisa qualitativa bibliográfica é feita através de pesquisas
anteriores, e de registros disponíveis e tem por objetivo investigar, analisar e
desvendar fatos, assuntos e ideias sobre o tema proposto. Na pesquisa qualitativa
de campo o pesquisador aborda o objeto estudado em seu próprio meio.
4.2 Cenário
A pesquisa de campo foi realizada em uma escola particular situada na
periferia de Fortaleza, que atende do infantil III da educação infantil ao 5º ano no
ensino fundamental I. A escola tem 25 anos de existência, funciona também como
uma ONG, ensinando crianças do bairro e adjacências. As crianças que fazem parte
da ONG por um processo seletivo de apadrinhamento contribuem apenas com um
valor mínimo para a mensalidade, e os que não são cadastrados na ONG pagam o
valor normal da mensalidade.
O público atendido pela escola é de famílias carentes, e na maioria das
vezes, são famílias desestruturadas emocionalmente e financeiramente.
50
A escola é situada em um bairro bem desenvolvido, que é o bairro José
Walter da cidade de Fortaleza. Porém seu maior público é das adjacências, que por
sua vez são bairros muito carentes. Muitas vezes algumas crianças vão para a aula
sem ter feito nenhuma refeição naquele dia. Por ser escola e ONG, muitas vezes é
necessário que esta contribua com alimentação de casa de algumas crianças, pois
algumas famílias, as mais necessitadas, recebem cestas básicas por mês e também
os materiais escolares para o uso de seus filhos. Existem também crianças com boa
estrutura familiar e que vivem em situação estável, não sendo totalmente
dependentes da instituição. Um dos maiores desafio dessa escola, como para quase
todas, é sem dúvidas, inserir a família na vida escolar dos alunos.
A instituição oferece cursos não só para os alunos, mas também para as
famílias de modo geral. Para as crianças são oferecidos cursos de violão, teclado,
flauta, ballet, informática, apoio escolar, no esporte há aulas de futsal, vôlei e judô.
Para a família são oferecido curso de informática, curso de arranjos florais, cursos
de pintura, culinária e crochê. Muitos desses cursos geram empregos para os pais e
assim geram renda para aquela família.
A escola oferece da educação infantil (do infantil III ao infantil V), ao
ensino fundamental I (do 1º ao 5º ano). Há uma coordenadora, que dá assistência
ao infantil e ao fundamental, uma diretora que cuida das partes burocráticas, e oito
professoras que lecionam do infantil III ao 5º ano do fundamental. São professoras
polivalentes, ou seja, que ensinam todas as disciplinas.
A escola tem um compromisso social no bairro, pois organiza várias
ações sociais, com objetivo de atender as necessidades das famílias, como por
exemplo, retirar documentação e corte de cabelos.
Também tem uma estrutura física enorme e bem conservada, faltam
rampas para os alunos com necessidade especiais físicas, como cadeirantes. Ainda
há uma quadra de esportes, refeitório, brinquedoteca, biblioteca e sala de vídeo.
Atualmente está sendo construído um playground, com previsão de inauguração
para o início das aulas de 2014.
Essa instituição também trabalha o conhecimento através de valores
morais, éticos e cristãos, conscientizando os alunos sobre suas atitudes para
tornarem sociedade mais justa e democrática. Por isso os professores buscam
51
despertar a aprendizagem significativa, com bases metodológicas filosóficas e
cristãs.
Através da educação a escola se compromete em atender crianças e
adolescentes em situação de vulnerabilidade e buscar meios para a melhoria da
qualidade de vida destes.
4.3 Participantes
A pesquisa de campo foi desenvolvida na escola referida e se deu
utilizando como instrumento de pesquisa a observação da turma do 2º ano do
fundamental I, no período da manhã, contendo 31 alunos e uma professora
polivalente. Também foi realizada uma roda de conversa. Ajudaram bastante, pois
participaram de todas as atividades propostas sempre com bastante entusiasmo. A
sala de aula em seu aspecto físico não possui ventiladores e é pequena para a
quantidade de alunos nessa turma.
4.4 Coletas de dados
A coleta de dados ocorreu através de uma conversa informal com os
alunos, sobre a leitura e a escrita. Também foram aplicadas algumas atividades
propostas pela Amália Simonetti (2005), em seu livro “O desafio de alfabetizar e
letrar”, e concomitantemente foram feitas as observações. Foram escolhidas essas
três atividade por se tratarem de atividades simples, e de fácil realização, em que
todas as crianças seriam capazes de realizá-las, até as que possuíam dificuldades
de aprendizagem. As atividades desenvolvidas foram:
Criando um objeto: criação de uma história coletiva sobre um objeto. Pode ser
um objeto surpresa dentro de uma caixa, o que despertar a curiosidade e
criatividade das crianças. Foi escolhido nessa atividade, um ursinho de
pelúcia para ser o objeto surpresa.
Monte o texto: Entregar partes desordenadas de uma história já conhecida,
solicitando que cada grupo organizasse e montasse o texto seguindo uma
lógica. Nesta atividade foram trabalhadas seis historias infantis diferentes,
52
foram :“Chapeuzinho Vermelho”, “Os três porquinhos”, “O patinho feio”, “A
cinderela”, “Branca de neve e os sete anões” e “Pinóquio”.
Bingo de letras: Confeccionar uma cartela de letras em diferentes posições e
outra não preenchida. A professora sorteou letras e, à medida que a criança
reconhecia a letra chamada em sua cartela, devia escrevê-la na posição
correta na outra cartela e no local correspondente.
4.5 Análises de dados
Por ser uma pesquisa de caráter qualitativo, foram observados e descritos
todos os fatos pertinentes ao estudo durante a aplicação das atividades e também
relatados os depoimentos das crianças colhidos com a entrevista. Foram também
descritas as atividades aplicadas, todos os seus resultados e foi feito o comparativo
com que é dito pela teoria.
53
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 Questionamentos, aplicação de atividades e observações
Foram aplicadas três atividades específicas com os alunos do 2º ano do
turno da manhã, em uma escola particular na periferia de Fortaleza. É válido
ressaltar que a pesquisadora é a professora da turma em que as atividades foram
aplicadas.
A turma em questão tem um número enorme de alunos, com 31 alunos,
mas possui um ótimo nível de aprendizagem. Cerca de 60% da turma já consegue
ler e entender o que está lendo, já consegue escrever, embora muitas vezes
troquem algumas letras, como por exemplo, o M pelo N, o B pelo D e outras. Dos
40% restante: 30% da turma não tem total domínio de leitura e escrita, mas
consegue identificar letras soltas e algumas sílabas, e os outros 10% apresentam
muita dificuldade na leitura e escrita, pois ainda não conhecem a grafia e nem o som
de todas as letras do alfabeto.
A maior parte da turma estuda nessa escola desde os primeiros anos
escolares. A falta de envolvimento da família na vida escolar dos filhos demonstrou
ser um dos fatores que tem contribuído de forma negativa para o processo de
alfabetização das crianças que apresentaram bastante dificuldade, já que suas
famílias não buscam a escola, pouco nela aparecem e participam.
Antes de serem aplicadas as atividades, foi realizada uma conversa
informal com as crianças a cerca do que é a leitura e a escrita. E sobre que
importância tinha a leitura e a escrita na vida delas? Surgiram diversas respostas,
serão citadas as que mais se destacaram:
Criança 1: “A leitura me ajuda a entender o que está escrito e a escrita
é quando eu já sei ler e consigo escrever. Eu gosto porque ajudo minha
mãe no supermercado.”
Criança 2: “Acho muito legal! Pois quando meu pai deixa mexo no
computador e consigo colocar o jogo que quero, porque já sei
escrever.”
Criança 3: “A Leitura e a escrita é importante porque se não souber,
não vai para o 3º ano.“
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Criança 4: “Acho muito bonito! Mas não sei ler e nem escrever, e tenho
que aprender, porque minha mãe disse que se não aprender não posso
ser policial quando eu crescer.”
Essas foram algumas das respostas dadas pelas crianças. A criança 1,
(que será assim nomeada para preservar a imagem das crianças) demonstrou
bastante entusiasmo ao explicar a leitura e a escrita, pois percebeu-se que esses
processos são significativos para ela, possibilitando exemplificar no seu cotidiano o
uso da leitura e da escrita, quando ela relata que ajuda sua mãe no supermercado.
A criança 2, associou a leitura e a escrita a algo que gosta muito que é
jogar no computador do pai. Para ela a leitura e a escrita tem uma importância muito
grande, pois ela percebe que para satisfazer algumas de suas necessidades físicas
e intelectuais é preciso fazer o uso da leitura e da escrita.
A criança 3, já não demonstrou entender bem a importância da leitura e
da escrita, pois para ela tem que aprender a ler e escrever para passar para série
seguinte. Uma observação feita é que essa criança está cursando o 2º ano pela
segunda vez, e o motivo de estar repetindo foi o de que não sabia ler e escrever. Por
isso a relação com o passar de ano.
A criança 4, demonstrou um desejo enorme de aprender a ler e escrever,
pois ela entende que para realizar seu grande sonho de se tornar policial quando
crescer, precisa ter domínio e estudar muito para adquirir muito conhecimento e
então ajudar a todos que precisarem.
Para Simonetti (2005, p. 68),
é importante ter claro que a leitura e a escrita não são apenas um produto escolar, mas um objeto cultural. A criança convive, desde muito cedo, com variadas formas de inscrições produzidas e interpretadas pelos adultos e no mundo urbano,em especial, está bastante exposta ao mundo escrito: vê letreiro, jornais, revistas, televisão, computador etc.
Posteriormente foram realizadas as atividades com a turma. Serão
relatados os resultados obtidos em algumas delas, e a importância e contribuição
que cada uma delas teve para o processo de leitura e escrita das crianças
estudadas.
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a) Criando com objetos
Com a turma sentada em círculo, foi a apresentada uma linda caixa
surpresa com um objeto dentro. No momento em que esse caixa foi apresentada, os
rostinhos ficaram felizes e muito curiosos para descobrirem o que havia dentro.
Foram dadas dicas estimulando a imaginação, e cada vez mais as crianças se
interessavam e tentavam adivinhar qual objeto estava na caixa. O objeto era um
ursinho de pelúcia.
No momento em que caixa foi aberta muitas palmas e eles ficaram ainda
mais felizes. Todos tiveram a chance de tocar e acariciar o lindo ursinho.
Em seguida foi proposta para a turma a criação de uma história coletiva,
em que o personagem principal era o ursinho e todos contribuíram para que a
história fosse desenvolvida. A professora e pesquisadora iniciou a história dizendo:
“era uma vez um ursinho chamado bilú” e logo passou o ursinho para uma criança,
essa primeira criança demorou um pouco, pensou, disse que não sabia o que dizer.
A professora explicou e deu dicas que esclareceram melhor a atividade, e logo a
criança continuo dizendo “que gostava de brincar com seus amigos da escola”. A
partir daí, todas as crianças contribuíram para a história, com uma frase, alguns com
pequenas palavras e assim todos ficaram satisfeitos, pois ao final da história
entraram em um comum acordo e deram um final feliz para “o pequeno ursinho bilú”,
que foi o nome da história escolhido por eles.
Após a criação da história, foi entregue uma folha em branco para que
pudessem ilustrar a história e escrever o que quisessem sobre o que mais gostaram
na mesma. Todas as ilustrações foram expostas no mural da sala.
Essa atividade estimulou a imaginação, a criatividade, e possibilitou que
todos interagissem no momento em que construíam a história. As crianças no início
ficaram muito inseguras, pois tinham vergonha de falar para que todos ouvissem e
algumas se negavam a participar, mas ao final todas colaboraram. Na folha em que
poderiam ilustrar e escrever a história, muitos escreveram que gostaram muito de
construir uma história junto com os colegas da turma.
Percebeu-se que essa atividade ajudou bastante na questão da
autoconfiança das crianças, pois como foi construída por elas, demonstraram maior
propriedade na hora de escrever e expor suas ideias. Favoreceu não somente a
56
imaginação, mas a escrita, pois a maior parte dos alunos escreveu parte da história,
com sua própria interpretação sobre a mesma, e a leitura, pois eles sentiram-se
parte da história, obtendo experiência na utilização da oralidade para as próximas
leituras que irão realizar.
Macedo (2007, p. 15), aponta cinco indicadores em que as atividades
lúdicas favorecem no desenvolvimento da aprendizagem infantil:
Ter prazer funcional;
Serem desafiadoras;
Criarem possibilidades ou disporem delas;
Possuírem dimensão simbólica;
Expressarem-se de forma construtiva e relacional.
b) Monte o texto
A turma foi divida em 5 grupos com 5 alunos e 1 grupo com 6 alunos. Foi
entregue para cada grupo fichas contendo frases, que juntas formavam parte de
contos infantis. Foi estipulado um tempo de 10 minutos para que organizassem as
frases na ordem correta. Cada equipe também teria que adivinhar qual conto infantil
estava naquelas frases dos seus grupos.
Em seguida cada equipe copiou em seu caderno as frases que faziam
parte da história e foi proposto que cada um colocasse um novo final para a história.
Esta atividade foi muito divertida, pois à medida que iam colocando as
frases em ordem eles comemoravam, como uma grande vitória. Ao final dos dez
minutos todas as equipes já haviam formado a história e já conseguiam identificá-la.
Quando solicitado que escolhessem um representante de cada grupo
para apresentar suas histórias, entravam em acordo e os escolhidos agiram se
sentindo importantes em ter a responsabilidade de falar para os outros colegas,
representando a sua equipe.
Para Simonetti (2005, p. 26) a ludicidade no processo de leitura e escrita
é importante, pois:
Além de inserir a criança no mundo da cultura escrita, além de um ambiente estimulante na biblioteca, além de ler, contar e dramatizar história amplia o seu universo nas artes plásticas, na música e na dança.
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A atividade favoreceu a leitura, pois era preciso ler as frases,
compreender para colocar em ordem e formar a história. Consequentemente
favoreceu a escrita, pois foram estimulados a dar um novo final para a história.
Todas as crianças demonstraram bastante interesse em realizar toda a atividade,
até mesmo os que apresentavam bastante dificuldade para ler e escrever.
c) Bingo de letras
Foram distribuídas cartelas para cada criança, cada cartela continha 10
letras em posições diferentes. À medida que a professora sorteava as letras as
crianças marcavam em sua cartela, escreviam-na em seu caderno e ao lado
escreviam uma palavra que iniciasse com aquela letra.
Nesta atividade as crianças também foram muito participativas. Enquanto
as letras eram sorteadas um ajudava o outro a identificar as letras em suas cartelas.
Quase todos conseguiram realizar com êxito a atividade, alguns demoravam e
precisavam de ajuda para identificar as letras na posição diferente, mas depois da
ajuda conseguiam continuar a atividade.
Ainda nesta atividade algumas crianças surpreenderam, pois além de
escreverem palavras com as letras sorteadas em suas cartelas, criaram uma frase
para cada uma delas.
A leitura e a escrita foram trabalhadas de forma lúdica em todas as três
atividades, as crianças absorveram bastante as atividades de maneira que não se
omitiram e muito menos se recusaram a realizar as atividades. A leitura como já foi
exposto aqui precisa ser prazerosa e que faça ligação com a realidade da criança.
Em todas as atividades elas foram estimuladas a ler e escrever e se sentiram
motivadas e capacitadas em realizar o que era solicitado.
Para Libâneo (1994, p. 250),
O professor não apenas transmite uma informação ou faz perguntas, mas também ouve os alunos. Deve dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a expressar-se, a expor opiniões e dar respostas. O trabalho docente nunca é unidirecional. As respostas e as opiniões dos alunos mostram como eles estão reagindo à atuação do professor. LIBÂNEO (1994, p. 250)
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A metodologia aplicada obteve ótimos resultados, considerando que as
crianças gostaram de se envolver e se tornarem mais ainda parte de um mundo em
que a leitura e escrita são essenciais e fundamentais para seu desenvolvimento.
Essas dinâmicas, e sempre com a ajuda da professora e pesquisadora, que tornou
esse processo de leitura e escrita mais leve e interessante para muitas delas.
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de alfabetização é desafiador para a escola, pois é
necessário que a criança desenvolva bem as Competências de leitura e escrita, para
favorecer as demais aprendizagens durante toda a sua vida. Porém esse processo
de aquisição de habilidade da leitura e da escrita precisa ser bem estimulado e
desenvolvido, não só pelos professores, mas também por toda comunidade escolar,
tornando possível, não somente formar crianças alfabetizadas, mas crianças
letradas que possuem a habilidade não apenas de ler e escrever, mas conseguem
compreender o mundo ao seu redor.
A escola tem uma enorme função de tornar o processo de leitura e escrita
prazeroso, mediando o conhecimento e possibilitando que a criança interligue essas
habilidades ao seu cotidiano, considerando assim algo importante e que chame sua
atenção, gerando aprendizagens significativas.
O professor tem um papel extremamente fundamental, pois além de ser
um mediador do conhecimento, a aproximação, o afeto e o carinho dado a criança
torna a aprendizagem mais prazerosa e divertida. A relação entre professor e aluno
é sem dúvida indispensável para que a criança sinta-se incentivada e motivada e
realizar suas atividades com mais precisão e desenvolver a aprendizagem de
maneira positiva.
O desenvolvimento da aprendizagem da criança ocorre gradativamente e
individualmente, ou seja, cada criança irá desenvolver-se de modo que seja
considerado o ambiente em que vive a interação com os outros, e deve ser sempre
considerado o ritmo de cada uma, pois a medida que é estimulada, cada criança
responde a esses estímulos de maneira diferenciada, umas mais rápido outras com
maior lentidão, porém não se pode esquecer que todas possuem inteligência e são
capazes de aprender.
As estratégias para o ensino de leitura e escrita, por parte dos
professores precisam ser bem elaboradas, de forma lúdica e que envolvam a todos,
não causando traumas nas crianças, mas facilitando o processo de alfabetização. É
necessário também que se ofereça boa estrutura não apenas física, mas emocional
para que a aprendizagem e desenvolvimento de cada um sejam favorecidos por isso
a necessidade da afetividade em sala de aula.
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A criança precisa ter um ambiente favorável para exercitar a leitura e a
escrita, com uma boa iluminação, boa ventilação e um ambiente tranquilo, onde se
expresse de maneira positiva permitindo-se obter o conhecimento que lhe é
oferecido.
Os professores que atuam nesse processo de alfabetização, ajudando e
incentivando as crianças a possuírem o hábito da leitura, e consequentemente o da
escrita, devem criar vínculos com elas, para que elas se sintam seguras e capazes
de realizar as atividades propostas na escola e futuramente no seu cotidiano,
usando a leitura e escrita constantemente para obter novas aprendizagens.
Durante a pesquisa realizada percebeu-se que algumas crianças muitas
vezes não conseguem entender o quão importante é a leitura e a escrita para a
aquisição dos seus conhecimentos e dos seus desenvolvimentos. Enquanto para
outras a leitura já é uma abertura para novos conhecimentos, pois para elas, o
hábito de ler as torna úteis, ao ajudar em casa, os pais e conseguirem realizar
atividades em que precisam utilizar a leitura e escrita.
Muitas dificuldades foram detectadas, mas compreendeu-se que a escola
precisa buscar a melhoria e a forma correta para que a criança se desenvolva de
acordo com o seu limite e sendo respeitado seu ritmo de aprendizagem. O professor
também deve estar engajado nesse processo sempre procurando novas
metodologias que estimulem a aprendizagem durante o processo de alfabetização.
A escola e os educadores precisam compreender que são mediadores do
conhecimento e têm a responsabilidade de tornar os processos de escrita e leitura
significativos para a criança, formando assim cidadãos alfabetizados, letrados,
reflexivos, críticos e capazes de atuar na sociedade em que vivem com
contribuições expressivas.
Com base nas pesquisas feitas pode-se dizer que tanto os
questionamentos feitos anteriormente foram respondidos como os objetivos traçados
para esta monografia foram atingidos.
Finalizando, acredita-se que mais estudos são necessários,
principalmente no que se refere ao desenvolvimento de metodologias que propiciem
mais aprendizagens, principalmente no que se refere ao processo de alfabetização.
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