UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
JESSICA SORIA
PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA ÁREA DA
EDUCAÇÃO INFANTIL SOBRE A DANÇA NO DESENVOLVIMENTO
DE CRIANÇAS
São Paulo
2015
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
JESSICA SORIA
PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA ÁREA DA
EDUCAÇÃO INFANTIL SOBRE A DANÇA NO DESENVOLVIMENTO
DE CRIANÇAS
Monografia apresentada ao Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde, da Universidade
Presbiteriana Mackenzie, como parte dos
requisitos exigidos para a conclusão do Curso de
Ciências Biológicas, modalidade Bacharelado.
Orientadora: Profª Drª Esther Ricci Adari Camargo
São Paulo
2015
Á minha filha Heloisa Soria Boscovich
Agradecimentos
Agradeço à Professora Drª Esther Ricci Adari Camargo por me orientar e sugerir o
tema deste trabalho, o que me proporcionou muito entusiasmo pois se trata de um
assunto do qual me sinto muito íntima. Agradeço também aos Professores Drs.
Adriano Monteiro de Castro e Camila Sacchelli Ramos que além de aceitarem
gentilmente fazerem parte da minha banca, contribuíram de forma decisiva para minha
formação.
À minha família por sempre me apoiar e acreditar no meu potencial, em especial à
minha mãe Marli Vaz que sempre teve muita paciência comigo nos meus momentos
de estresse acadêmico, estando sempre ao meu lado nos momentos difíceis e,
juntamente com a minha avó Carmelinda Augusto Vaz, ajudou a cuidar da minha filha
durante toda a minha graduação.
Ao meu irmão Oliver Soria que em diversos momentos me ajudou a discutir os
aspectos relacionados ao tema deste trabalho.
Agradeço ao meu namorado e amigo Alan Gomes Souza, pela paciência e
companheirismo.
Por fim, agradeço a todos os entrevistados, que possibilitaram que este trabalho
tivesse uma rica coleta de informações.
Resumo
A dança é utilizada como arte de expressão corporal desde o Paleolítico.
Na atualidade, representa liberdade e aumento da força de expressão. A dança
permite ao indivíduo representar o movimento da vida, adquirindo aspectos, ritmos e
intensidades diferentes, conforme a época e as influências culturais. Traz ao público
uma nova forma de ver a vida, o mundo real e irreal, sendo capaz de criar um mundo
diferente, representando em movimentos o que as palavras não são capazes de
transmitir. Se praticada desde a infância, a dança promove o desenvolvimento da
inteligência, dos sentimentos e do desempenho corporal. A criança irá adquirir melhor
percepção de seu corpo, aprenderá com maior eficiência a ter noção do espaço e do
tempo. Além disso, sabe-se que a dança auxilia na socialização, no combate à
depressão, aumento da autoestima e desenvolve a criatividade. Portanto, este
trabalho teve como objetivo apontar as contribuições da dança no desenvolvimento
social, cognitivo, emocional e motor de crianças e também os possíveis malefícios.
Foram realizadas entrevistas com profissionais da educação infantil: 2 professoras de
dança, 2 educadores físicos, 2 pedagogas, 1 psicóloga e 1 professora de teatro-
dança. Também foram realizadas pesquisas com mães de crianças que praticam
dança e mães de crianças que nunca praticaram dança, para análise quantitativa e
qualitativa. A partir dos resultados foi possível constatar os benefícios que a dança
proporciona no desenvolvimento global de crianças tais como: emocionais, cognitivos,
motores e sociais, melhora o desempenho da postura, expressividade, criatividade,
flexibilidade, ritmo, coordenação motora e lateralidade. Contribui na socialização e nas
relações intrapessoais. No contexto escolar a dança deve ser abordada de maneira
integral, interdisciplinar, explorando o processo criativo e a inclusão social. Ainda se
faz necessário algumas melhorias nas redes de ensino, pois falta estrutura adequada
para ministrar aulas de dança, tanto pela falta de espaço como falta de capacitação e
conhecimento suficiente por parte dos professores.
Palavras-chaves: ensino de dança; desenvolvimento; crianças; sistema motor;
criatividade.
Abstract
The art of dancing has been used as a form of expression of the body since
the Paleolithic age. Nowadays it represents liberty and form of expression. Dancing
allows the individual to represent the movement of life, acquiring different aspects,
rhythms and intensities, according the period in time and its cultural influences. It brings
a new way of seeing life, the real and unreal world, being able to create movements
that words cannot transmit. If practiced since childhood, dancing promotes the
development of intelligence, feelings and body performance. The child will acquire
better perception of their body and will learn to have a better notion of time and space.
Furthermore, dancing is known to help with socialization, fighting depression,
increasing self confidence and develops creativity. Therefore, the objective of this
research is to highlight the contributions of dancing in social development, cognitive,
emotional and early childhood development, as well as show the possible harm it can
have. Interviews have been conducted with professionals of childhood education: 2
dance teachers, 2 physical education, 2 pedagogues, 1 psychologists and 1 dance-
theatre teacher. Both mothers of children that practice dancing as well as those with
children not practicing have been researched for quantitative and qualitative analysis.
The results made it possible to find out the benefits of dancing in a child’s general
development, such as: emotional, cognitive, physical and social, better posture,
expression, creativity, flexibility, rhythm, coordination and laterality, helping with
socializing and interpersonal relations. In the context of schooling, dancing must be
covered in a comprehensive, interdisciplinary way, exploring the creative process and
social inclusion. There is a necessity for improvement in the school system, as there
is a lack of adequate structure necessary to teach dance, both for the lack of space,
as the lack of training and sufficient knowledge on the teacher’s behalf.
Keywords: dance education; development; children; motor system; creativity
Sumário
1. Introdução..........................................................................1
2. Objetivos............................................................................9
3. Materiais e Métodos..........................................................10
4. Resultados........................................................................12
5. Discussão..........................................................................21
6. Conclusão.........................................................................37
7. Referências Bibliográficas................................................38
8. Anexos..............................................................................42
1
1.Introdução
A dança é utilizada como arte de expressão corporal desde o Paleolítico,
quando já se registrava as manifestações coreográficas criadas pelo homem. Neste
período, a dança passou a ser usada para cultuar deuses, fazendo parte de
cerimônias realizadas pelos magos, xamãs e sacerdotes (MOREIRA; OLIVEIRA,
2009).
Na antiguidade os homens utilizavam a dança para se aproximar dos
deuses e assim se consagravam “semideuses”. Era considerada um ritual de
comunicação e consagração entre os homens e os deuses. Os homens acreditavam
que essa comunicação através de movimentos corporais poderia combater os
possíveis problemas nas suas vidas. Na Grécia essa arte era acessível a todos os
cidadãos e constituía parte importante no ritual religioso, da educação e do
divertimento, enquanto que em Roma era considerado um ritual pecaminoso diante
da igreja (MOREIRA; OLIVEIRA, 2009).
Na Idade Média a dança era praticada de forma recreativa pelas três
classes sociais da época: campestre, nobreza e mouriscas. As Campestres eram as
danças populares realizadas nas aldeias, geralmente alegres e saltitantes. As danças
praticadas pela Nobreza eram dotadas de ritmos mais lentos e eram mais
disciplinadas, sendo desenvolvidas pelos nobres dos castelos. As danças Mouriscas
eram a representação da luta dos cristãos contra os mouros, eram mais populares e
dançadas em público e foi difundida por toda a Europa (MOREIRA; OLIVEIRA, 2009).
A dança na Renascença era lúdica realizada em aldeias, praças, salões e
castelos. Nesse período, com o surgimento de novas civilizações a dança foi variando
e criando novos ritmos (MOREIRA; OLIVEIRA, 2009).
Na atualidade, a dança representa liberdade e aumento da força de
expressão corporal. A dança permite ao indivíduo representar o movimento da vida,
adquirindo aspectos, ritmos e intensidades diferentes, conforme a época e as
influências culturais. Traz ao público uma nova forma de ver a vida, o mundo real e
irreal, sendo capaz de criar um mundo diferente, representando em movimentos o que
as palavras não são capazes de transmitir (MOREIRA; OLIVEIRA, 2009).
2
A dança é usada como uma das formas de linguagem mais antigas da
humanidade, como forma de demonstração dos sentimentos. A criança pode
conseguir expressar por meio da dança sentimentos que muitas vezes não
conseguem expressar em palavras (FINKENAUER; CENTENO, 2013).
Se praticada desde a infância, a dança promove o desenvolvimento da
inteligência, dos sentimentos e do desempenho corporal da criança. A criança irá
adquirir melhor percepção de seu corpo, aprenderá com maior eficiência a ter noção
do espaço e do tempo. Além disso, sabe-se que essa arte auxilia na socialização, no
combate à depressão, aumento da autoestima e desenvolve a criatividade
(LONDERO, 2011).
A dança praticada por crianças pode apresentar efeitos terapêuticos, pois
lhes permite lidar melhor com seus problemas e próprios sentimentos, além de
proporcionar benefícios à saúde tais como melhorar a capacidade respiratória,
promover a perda calórica, fortalecer os músculos, melhorar a postura, etc.
(LONDERO, 2011).
Segundo Achcar (1988, apud LONDERO, 2011) a dança é de suma
importância na vida das crianças, pois desenvolve os estímulos: tátil (sentir os
movimentos), visual (ver os movimentos e transformá-los em atos), auditivo (dominar
o seu ritmo ao ouvir a música), afetivo (sentimentos e emoções transpostos na
coreografia), cognitivo (raciocínio, lógica e coordenação) e motor (trabalho corporal).
A criatividade, musicalidade, socialização e o conhecimento da dança em si também
são trabalhados nessa atividade física.
Jean Piaget (1983)1, filósofo suíço considerado um dos maiores teóricos do
desenvolvimento infantil, acreditava que as crianças vivem e interpretam a realidade
através das sensações físicas e não do pensamento.
O desenvolvimento é composto por graduações sucessivas, para que um
novo instrumento lógico seja construído é necessário que se tenha passado por
1 Coleção “Os Pensadores”. Reúne obras dos filósofos ocidentais desde os pré-socráticos aos pós-modernos.
3
instrumentos lógicos preliminares, ou seja, a construção de um novo conhecimento se
dá, tendo antes uma base menos complexa (PIAGET, 1983).
Para Piaget (1983) o desenvolvimento da criança é um processo temporal
por excelência, o papel do tempo no círculo vital tanto psicológico como biológico é
imprescindível. O desenvolvimento intelectual da criança apresenta dois aspectos: o
psico-social e o espontâneo. O desenvolvimento psico-social é aquele que a criança
recebe através do exterior, é o conhecimento transmitido pela família, pela escola,
pela educação em geral. O desenvolvimento espontâneo é o desenvolvimento da
inteligência onde a criança aprende por si mesma, aquilo que não lhe foi ensinado,
mas que ela é capaz de descobrir sozinha.
Gardner (2002) identificou alguns tipos de inteligências múltiplas, sendo
elas: linguística, lógico-matemática, espacial, musical, corporal-cinestésica,
interpessoal e intrapessoal. Ele acredita que a Inteligência humana pode ser
estimulada através de um educador, de tal modo que se determinado tipo de
inteligência não se manifesta pode ser por falta de estímulo adequado.
Tendo em vista os tipos de inteligências identificadas por Gardner,
podemos associar a arte da dança como um estímulo dessas inteligências, em
diversos aspectos:
• Inteligência linguística: Envolve a capacidade de lidar com as
palavras de forma criativa e efetiva, facilidade com a leitura e a escrita,
facilidade em utilizar as palavras para atingir objetivos e convencer, facilidade
em explicar com palavras (GARDNER, 2002).
Se a dança ajuda a desenvolver a criatividade e a expressividade e, ainda,
o corpo pode ser usado como uma forma de comunicação, certamente a dança ajuda
a desenvolver a inteligência linguística.
• Lógico-matemática: Envolve a capacidade de utilizar números, de
uma forma geral, para raciocinar. Envolve categorização, classificação, cálculo
e testagem de hipóteses, elaboração de conceitos realizar operações
matemáticas (GARDNER, 2002).
4
A dança pode contribuir no sentido lógico- matemático quando, por
exemplo, estimula os alunos a contar o número de movimentos, as sequências de
uma dança coreografada e as formas geométricas utilizadas nos movimentos, o
número de participantes da dança, etc.
• Espacial: Envolve a capacidade de manipular e reconhecer os
padrões do espaço com precisão, de representar graficamente ideias visuais
ou espaciais, orientar-se apropriadamente em uma matriz espacial, boa
memória visual, facilidade em reconhecer lugares (GARDNER, 2002).
A dança pode contribuir no aspecto espacial pois há deslocamento através
do espaço em que se situa, adquirindo percepção das diversas direções. Há a
representação visual espacial, por exemplo, quando a criança está habituada a dançar
em um determinado ambiente, quando troca esse ambiente ela tem que se adequar
ao novo espaço- da sala de aula ao palco do teatro.
• Musical: envolve a sensibilidade ao ritmo, tom ou melodia, permite
a percepção de sons de forma harmoniosa e criativa (GARDNER, 2002).
A dança contribui para o desenvolvimento da inteligência musical pois a
música e o ritmo estão diretamente ligadas com a dança.
A música e a linguagem corporal ou gestual se encontram intimamente
ligadas, sendo reconhecidas até mesmo por muitos compositores. Stravinsky
mencionou que a música deve ser vista através da dança, para que possa ser
adequadamente assimilada. As crianças naturalmente assimilam a música e o
movimento corporal, sendo praticamente certo que ao cantarem as veremos
praticando algum gesto físico que acompanhe o som (GARDNER, 2002).
• Corporal- cinestésica: Envolve a habilidade de controlar os
movimentos do próprio corpo para expressar ideias e sentimentos (GARDNER,
2002).
A dança está diretamente ligada a inteligência corporal- cinestésica, pois
possibilita a expressão dos sentimentos e desenvolve as habilidades motoras.
5
• Interpessoal: envolve a capacidade de entender as intenções,
motivações e desejos do próximo, capacidade de relacionar com as pessoas
(GARDNER, 2002).
A dança contribui com as relações interpessoais pois pode ser trabalhada
em grupo, exige colaboração e respeito aos parceiros de dança e ao professor,
contribui com a socialização.
• Intrapessoal: Envolve a capacidade da pessoa conhecer a si
mesma, capacidade de perceber os próprios sentimentos (GARDNER, 2002).
A dança contribui para que a criança conheça o próprio corpo, se veja
através dos próprios movimentos e sinta sensações diferentes quando dança.
Os sentimentos ocupam um papel central nas inteligências pessoais,
universalmente é possível reconhecer a conexão entre a música e a vida sentimental
dos indivíduos, sendo que a música pode servir como um meio de capturar
sentimentos e o entender os diversos tipos (GARDNER, 2002).
O ensino de dança pode contribuir para o autoconhecimento e para a
interação entre os alunos aprendendo a respeitar as diferenças. Contribui para uma
reflexão crítica da sociedade e do mundo no qual a criança está inserida (GUALDA;
SADALLA, 2008).
A criança na fase pré-escolar, que participa de aulas de dança, adquire
maior facilidade na alfabetização (LONDERO, 2011).
É recente a atribuição do uso do corpo, como uma forma de inteligência
(inteligência corporal), pois em nossa cultura houve separação do “mental” e o “físico”,
sendo considerado que o que fazemos com nosso corpo é menos privilegiado e
valorizado do que a resolução de problemas cotidianos através da linguagem e da
lógica. Atualmente psicólogos enfatizam que o uso do corpo tem forte ligação com o
desenvolvimento de outros aspectos cognitivos que não seja apenas a inteligência
corporal-cinestésica (GARDNER, 2002).
A dança pode contribuir na educação escolar como um meio de integração.
Um programa de dança/educação escolar deve ser bem planejado, com progressões
6
pedagógicas, enfatizando e respeitando os movimentos naturais do corpo, de forma
lúdica, e também abordando aspectos culturais. É através do conhecimento do próprio
corpo que a criança passa a ter conhecimento do mundo que a cerca (CAMARGO;
FINCK, 2009).
A dança ainda é vista pela sociedade somente como meio de recreação,
vaidade ou modismo, no entanto essa visão simplista deve ser revista, pois a dança
quando inserida no contexto escolar contribui para o desenvolvimento e aprendizagem
da criança (CAMARGO; FINCK, 2009).
Em um aspecto interdisciplinar, a dança é capaz de estimular a criatividade,
a autonomia e a liberdade do indivíduo, possibilitando ao educando correlacionar o
homem à natureza, criando intimidade entre eles através da observação. Os
fenômenos da natureza e os animais fazem parte do mundo infantil despertando
curiosidade, dessa forma, estimular a imaginação delas é pertinente, fazendo
comparativos entre os movimentos e as coisas que fazem parte do mundo delas, como
por exemplo, pedir a elas que derretam-se no chão como um sorvete, ou que voem
como uma borboleta (LONDERO, 2011).
A psicomotricidade estuda os movimentos humanos relacionando-os com
aspectos afetivos, motores e cognitivos. É uma ciência que contribui no processo de
ensino e aprendizagem das crianças através do uso de atividades que estimulam a
coordenação, a lateralidade, o desenvolvimento da percepção musical e o
desenvolvimento da percepção corporal (FINKENAUER; CENTENO, 2013;
GASPARI, 2002).
A abordagem psicomotricista é recomendada principalmente durante o
processo de desenvolvimento da criança até os 7 anos de idade, quando trabalhada
desde cedo na fase infantil contribui para o processo de desenvolvimento e
comunicação da criança com o seu mundo (FINKENAUER; CENTENO, 2013;
GASPARI, 2002).
Os movimentos psicomotores resultam de ações planejadas pela mente,
com determinado objetivo, dessa forma o corpo e a mente estão em conexão, assim
7
o corpo traduz o que a mente quer que seja expressado (FINKENAUER; CENTENO,
2013).
A dança é um excelente instrumento para trabalhar a psicomotricidade,
principalmente se for abordada de forma lúdica.
A ação física é a primeira forma de aprendizagem e as experiências
motoras devem estar presentes no cotidiano da criança, seja em qualquer ambiente,
através da atividade e expressão corporal (LONDERO, 2011).
Até pouco tempo atrás as crianças tinham mais acesso a áreas abertas de
lazer, como quintal, praça e rua que eram explorados e utilizados para brincar e assim
desenvolver e aprimorar a coordenação motora. Essas simples e espontâneas
experiências motoras eram suficientes para que formasse uma base para o
aprendizado de habilidades motoras mais complexas. No entanto, os processos de
urbanização e modernização que vem se desenvolvendo nas últimas décadas tem
oferecido às crianças mudanças de hábitos, pois com o surgimento de brinquedos em
sua maioria eletrônicos e a diminuição dos espaços das áreas de lazer acabam
limitando a aventura lúdica e a exploração dos movimentos corporais (LONDERO,
2011).
O controle motor (equilíbrio e coordenação) é importante no início da
infância, quando a criança está adquirindo coordenação de suas habilidades motoras
fundamentais (FINKENAUER; CENTENO, 2013).
A coordenação motora é classificada em dois grupos: grossa e fina. A
coordenação grossa se refere ao movimento como um todo, envolve o trabalho de
grandes grupos musculares com capacidade de execução de diferentes movimentos
em diversos segmentos corpóreos ao mesmo tempo, controla os movimentos mais
rudes, tais como andar, correr, saltitar, pular, subir/descer escadas, etc. Enquanto a
coordenação motora fina é responsável pelos movimentos mais precisos, articulando
os pequenos músculos responsáveis por movimentos mais delicados e específicos
como escrever, desenhar, pintar, costurar, encaixar/montar, etc. (FINKENAUER;
CENTENO, 2013; LONDERO, 2011).
8
A dança e atividades de acompanhamento musical requerem auxilio dos
ritmos motores, que são manifestações voluntárias e podem englobar diversas tarefas
envolvendo coordenação complexa que é o caso de quem dança ou executa
atividades de acompanhamento musical (OLIVEIRA, 1998).
Em muitos casos as dificuldades motoras podem ser diagnosticadas como
consequência de desordens psicológica ou neurológica, no entanto há casos em que
essas dificuldades se manifestam de maneira isolada. Na ausência desses distúrbios
há prejuízo evidente no desenvolvimento da coordenação motora, o desempenho é
relativamente abaixo do que se espera para uma criança naquela determinada idade
cronológica e nível cognitivo da criança nas atividades diárias. Normalmente essas
crianças são vistas como “desajeitadas” ou “atrapalhadas”. No final da década de 80
essa condição passou a ser reconhecida pela Associação de Psiquiatria Americana
(APA) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e sua denominação técnica
passou a ser Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC) (SANTOS;
DANTAS; OLIVEIRA, 2004; LONDERO, 2011).
Apesar de não estar relacionado com nenhum distúrbio neurológico, o TDC
consiste em atraso da coordenação motora ao longo do ciclo vital. Crianças com TDC
possuem dificuldades em executar movimentos intermembros e coordenar
ritmicamente as diversas partes do seu corpo, sendo essas tarefas exigidas em
diversas atividades motoras. Desempenham muitas tarefas motoras simples,
cotidianas, com dificuldade. Em atividades que envolvem locomoção, estas crianças
tropeçam e se esbarram continuamente; tem dificuldades em segurar talheres, lápis
ou escova de dente corretamente, não conseguem controlar a força necessária para
segurá-los, deixando-os cair ou apertando-os com muita força e, em uma dança, não
conseguem manter os movimentos do corpo de forma cadenciada. Alguns exercícios
podem ajudar no desenvolvimento motor dessas crianças (FERRACIOLI, 2009).
O TDC tem se tornado mais comum em virtude do sedentarismo, dos novos
brinquedos e das mudanças que acompanham a contemporaneidade (LONDERO,
2011).
Praticar a dança de forma que trabalhe a psicomotricidade pode ser um
meio de contribuir para uma melhor coordenação e ritmo dessas crianças.
9
2. Objetivos:
Analisar através da percepção das mães e profissionais da área da
educação infantil os efeitos da dança no desenvolvimento de crianças.
2.1. Objetivos específicos:
Analisar os efeitos da dança através da percepção das mães e profissionais da
área da educação infantil, no desenvolvimento motor, emocional, cognitivo e
social de crianças e, também, investigar possíveis malefícios da dança para
crianças.
10
3. Material e métodos:
Este trabalho teve aprovação da Comissão Interna de Ética em Pesquisa
do Centro de Ciências Biológicas da Saúde da Universidade Presbiteriana Mackenzie
com o processo CIEP nºTBB003/05/15.
Foram realizadas coletas de dados para análise qualitativa através de um
questionário aplicado no seguinte público:
• 10 mães de crianças entre 3-6 anos de idade que praticam dança em um período entre 3-12 meses (Anexo 1).
• 10 mães de crianças entre 3-6 anos de idade que não praticam dança (Anexo 2).
As mães das crianças que não praticam a dança avaliaram alguns atributos
de acordo com o que observavam em seus filhos.
As mães das crianças que praticam a dança avaliaram os atributos de
acordo com o que observavam quando as crianças ainda não praticavam a dança e,
após terem iniciado a prática.
Esses atributos eram: coordenação motora/ facilidade em executar
movimentos complexos, facilidade em interagir em grupo/ socialização, boa
memorização, ritmo musical, postura, afetividade, noções de espaço/ lateralidade,
expressividade, criatividade, controle emocional/ relação intrapessoal, flexibilidade e
aproveitamento interdisciplinar. Deveriam ser classificados em: ausente, baixa,
moderada e alta.
Perguntamos às mães das crianças que não praticavam a dança, se elas
colocariam seus filhos para praticarem. Caso a resposta fosse sim perguntamos por
que colocariam para praticar dança e em quais modalidades de dança.
Para as mães das crianças que praticam e que não praticam dança
perguntamos de que forma elas acham que a dança contribui para o desenvolvimento
da criança.
As entrevistas com as mães de crianças que dançam foram coletadas em
duas escolas de ballet localizadas na grande São Paulo.
11
Também foram coletadas opiniões do seguinte público:
• 2 professoras de dança • 2 educadores físicos • 2 pedagogas • 1 psicóloga • 1 professora de teatro-dança
Foram realizadas perguntas abertas nas quais o entrevistado pode discutir
de um modo geral quais os benefícios que a dança pode trazer à criança e também
os possíveis malefícios existentes (Anexo 3).
Com base nos resultados do questionário o do levantamento bibliográfico
foi realizada a análise do estudo em questão.
Para a realização das entrevistas, foram apresentadas às Instituições de
ensino de dança, às mães das crianças e aos profissionais da área da educação a
Carta de Informação e o Termo de Consentimento (anexo 4).
12
4. Resultados
4.1 Gráficos
Figura 1: Percentual de coordenação motora/ facilidade
em executar movimentos complexos. Desempenho das
crianças antes de iniciarem a prática da dança, depois de
iniciarem a prática da dança e que nunca praticaram dança.
Figura 2: Percentual de facilidade em interagir em
grupo/socialização. Desempenho das crianças antes de
iniciarem a prática da dança, depois de iniciarem a prática
da dança e que nunca praticaram dança.
Figura 3: Percentual de boa memorização. Desempenho
das crianças antes de iniciarem a prática da dança, depois
de iniciarem a prática da dança e que nunca praticaram
dança.
Figura 4: Percentual de ritmo musical. Desempenho das
crianças antes de iniciarem prática da dança, depois de
iniciarem a prática da dança e que nunca praticaram dança.
0%10%20%30%40%50%60%
Baixa
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Alta
Baixa
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Alta
Baixa
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Alta
ANTES DEPRATICAR
DANÇA
DEPOIS DEINICIAR A
PRÁTICA DADANÇA
NÃOPRATICAM
DANÇA
20%
40%40% 40%
60% 60%
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Coordenação Motora/ Facilidade em executarmovimentos complexos
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ANTES DEPRATICAR
DANÇA
DEPOIS DEINICIAR A
PRÁTICA DADANÇA
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Facilidade em interagir em grupo/ socialização
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DANÇA
DEPOIS DEINICIAR A
PRÁTICA DADANÇA
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Boa memorização
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Ritmo musical
13
Figura 5: Percentual de postura. Desempenho das crianças
antes de iniciarem a prática da dança, depois de iniciarem
a prática da dança e que nunca praticaram dança.
Figura 7: Percentual de noções de espaço/ lateralidade.
Desempenho das crianças antes de iniciarem a prática da
dança, depois de iniciarem a prática da dança e que nunca
praticaram dança.
Figura 6: Percentual de afetividade. Desempenho das
crianças antes de iniciarem a prática da dança, depois de
iniciarem a prática da dança e que nunca praticaram dança.
Figura 8: Percentual de expressividade. Desempenho das
crianças antes de iniciarem a prática da dança, depois de
iniciarem a prática da dança e que nunca praticaram dança.
0%10%20%30%40%50%60%70%80%
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ANTES DEPRATICAR
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DEPOIS DEINICIAR A
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Postura
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ANTES DEPRATICAR
DANÇA
DEPOIS DEINICIAR A
PRÁTICA DADANÇA
NÃOPRATICAM
DANÇA
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Noções de espaço/ lateralidade
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Alt
a
ANTES DEPRATICAR
DANÇA
DEPOIS DEINICIAR A
PRÁTICA DADANÇA
NÃOPRATICAM
DANÇA
40%
60%
20%
80%
20%
80%
Po
rce
nta
gem
.
Afetividade
0%10%20%30%40%50%60%70%80%
Bai
xa
Mo
der
ada
Alt
a
Bai
xa
Mo
der
ada
Alt
a
Bai
xa
Mo
der
ada
Alt
a
ANTES DEPRATICAR
DANÇA
DEPOIS DEINICIAR A
PRÁTICA DADANÇA
NÃOPRATICAM
DANÇA
10%
40%50%
20%
80%
20%
80%
Po
rce
nta
gem
.
Expressividade
14
Figura 9: Percentual de criatividade. Desempenho das
crianças antes de iniciarem a prática da dança, depois de
iniciarem a prática da dança e que nunca praticaram dança.
Figura 11: Percentual de flexibilidade. Desempenho das
crianças antes de iniciarem a prática da dança, depois de
iniciarem a prática da dança e que nunca praticaram dança.
Figura 10: Percentual de controle emocional/relação
intrapessoal. Desempenho das crianças antes de iniciarem
a prática da dança, depois de iniciarem a prática da dança
e que nunca praticaram dança.
Figura 12: Percentual de aproveitamento interdisciplinar.
Desempenho das crianças antes de iniciarem a prática da
dança, depois de iniciarem a prática da dança e que nunca
praticaram dança.
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
Bai
xa
Mo
der
ada
Alt
a
Bai
xa
Mo
der
ada
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Bai
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Mo
der
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ANTES DEPRATICAR
DANÇA
DEPOIS DEINICIAR A
PRÁTICA DADANÇA
NÃOPRATICAM
DANÇA
20%30%
50%
20%
80%
10%
90%
Po
rce
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gem
.
Criatividade
0%10%20%30%40%50%60%70%
Bai
xa
Mo
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ada
Alt
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Bai
xa
Mo
der
ada
Alt
a
Bai
xa
Mo
der
ada
Alt
a
ANTES DEPRATICAR
DANÇA
DEPOIS DEINICIAR A
PRÁTICA DADANÇA
NÃOPRATICAM
DANÇA
10%
60%
30% 30%
70%60%
40%
Qu
anti
dad
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ças
.
Flexibilidade
0%10%20%30%40%50%60%70%80%
Bai
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ada
Alt
a
Bai
xa
Mo
der
ada
Alt
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Bai
xa
Mo
der
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Alt
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ANTES DEPRATICAR
DANÇA
DEPOIS DEINICIAR A
PRÁTICA DADANÇA
NÃOPRATICAM
DANÇA
20%
70%
10% 10%
80%
10%
30%
60%
10%
Po
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nta
gem
.
Controle Emocional/ relação intrapessoal
0%10%20%30%40%50%60%70%80%
Bai
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Mo
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ada
Alt
a
Bai
xa
Mo
der
ada
Alt
a
Bai
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Mo
der
ada
Alt
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ANTES DEPRATICAR
DANÇA
DEPOIS DEINICIAR A
PRÁTICA DADANÇA
NÃOPRATICAM
DANÇA
50%50%
30%
70%
20%
80%
Qu
anti
dad
e d
e c
rian
ças
.
Aproveitamentro Interdisciplinar
15
4.2. Respostas dos questionários
• Em relação as mães de crianças que praticam dança:
Todas as 10 mães entrevistadas eram de meninas e não havia meninos
praticando a dança em nenhuma das turmas.
As mães das crianças que praticam dança acham que a dança contribui
para o desenvolvimento da criança das seguintes formas: a criança pode se exercitar;
evita a ociosidade e diminui a ansiedade; ajuda a disciplinar e a ter dedicação às
tarefas; aumenta a criatividade; ajuda na educação; aprende a ter respeito ao próximo;
adquire responsabilidade; aprende a ter comprometimento; ajuda na socialização;
colabora com a saúde mental e emocional; faz com que a criança se sinta mais calma
e confiante; melhora a qualidade do sono; contribui com a saúde, ajuda no controle e
manutenção do peso; melhora a concentração; melhora o desenvolvimento motor;
aprende a conhecer o próprio corpo; adquire noção do próprio corpo no espaço;
melhora a postura; evita lesões; aprende a respeitar regras; adquire maior
desenvoltura; ajuda na manutenção do crescimento.
Uma das mães criticou a forma como a professora se relaciona com as
alunas, pois as trata como se fossem adultas, exigindo treino e dedicação
exageradamente e muitas vezes acaba sendo indelicada e que, por serem crianças
isso pode fazer com que se sintam desmotivadas a prosseguir com as aulas de dança.
Outra mãe colocou a filha para praticar ballet porque a criança tinha o hábito
de andar nas pontas dos pés e era muito “estabanada”, esbarrava frequentemente
nos móveis e objetos da casa. Depois que começou a praticar a dança obteve melhora
significativa em seu equilíbrio e coordenação motora.
• Em relação as mães de crianças que não praticam dança:
Ao todo foram entrevistadas 5 mães de meninas e 5 mães de meninos.
Todas as mães das crianças que não praticam dança disseram que
colocariam seus filhos para praticar dança em diversas modalidades, tais como dança
de rua (“street dance”), sapateado, dança gaúcha, danças nordestinas, jazz, dança
aeróbica e “pop”. Todas as mães citaram o ballet como opção, exceto uma que disse
16
que só não deixaria o filho fazer ballet por se tratar de uma dança muito feminina, mas
deixaria praticar outros tipos de dança.
As mães disseram que seus filhos não praticavam dança por falta de
dinheiro, tempo, vagas no bairro ou município quando se trata de aulas gratuitas ou
ainda pela distância entre suas residências e a escola de dança.
Os motivos pelos quais as mães colocariam seus filhos para praticarem
alguma modalidade de dança foram: a criança se sentiria feliz; a criança já gostar de
dançar; melhoraria a qualidade do sono; evitaria o sedentarismo; prática de exercício
físico; interação social e desenvolvimento motor; ajudaria a trabalhar a postura e
flexibilidade.
As mães acham que a dança contribui para o desenvolvimento da criança
das seguintes formas: ajuda no desenvolvimento da coordenação motora; ensina a
criança a ter disciplina, a respeitar regras; ajuda a enfrentar desafios, a ter motivação
e persistência; é bom para a saúde física e mental; ajuda no emocional pois a criança
se sente feliz; contribui para a socialização; perder a timidez; melhora a flexibilidade e
a postura.
• Em relação aos professores de dança:
Os profissionais da área de dança acreditam que a dança contribui para o
desenvolvimento da criança na fase pré-escolar nos seguintes aspectos:
desenvolvimento motor, físico e emocional; melhora a flexibilidade; agilidade;
expansão do repertório de movimentos; melhora a convivência em grupo; aprende a
fazer novas amizades, respeitar os colegas e a ter disciplina (por exemplo esperar a
sua vez quando estiver numa fila); melhora a autoestima; estimula a capacidade de
pensar e decorar uma coreografia.
Afirmaram ser possível trabalhar a parte lúdica que é tão importante nessa
fase do desenvolvimento, trabalhar a parte postural, a consciência sobre o próprio
corpo, a postura correta, coordenação motora, lateralidade (por exemplo, identificar
direita e esquerda), musicalidade, a expressão e, de uma maneira gostosa e lúdica
para que a criança se sinta interessada e motivada.
17
Mencionaram também os possíveis malefícios, que são quando a criança
se sente obrigada a fazer, quando é uma exigência, em algumas escolas dependendo
de qual é o enfoque muitas vezes a criança pode adquirir um trauma causado por
essa exigência e não querer mais dançar. A criança deve ser corrigida, deve ser
ensinada, mas de uma maneira agradável. Outro aspecto negativo é quando há
profissionais não capacitados que ensinam para a criança movimentos que não estão
adequados com a idade, ou posições que a criança não está fisicamente fortalecida,
seja os tendões, a estruturas ósseas, a postura. Alguns passos são apresentados
muitas vezes de uma maneira inadequada. A dança deve ser ensinada por etapas,
dos movimentos mais simples até que se chega aos movimentos mais complexos e
isso ajuda a fortalecer o corpo.
• Em relação aos educadores físicos
Os profissionais da área de educação física acreditam que a dança
contribui para o desenvolvimento da criança na fase pré-escolar nos seguintes
aspectos: a criança praticante adquire melhor noção de espaço, localização e
lateralidade, ajuda a criança a desenvolver a coordenação motora e coordenação
rítmica, além de combater a obesidade e o sedentarismo que podem acarretar
diversas outras doenças. Educadores físicos acreditam que desde cedo a criança
pode iniciar a dança, sem passos muito complexos, fazendo movimentos naturais que
irão ajudar no seu desenvolvimento motor. A música é regida por ritmos, frases e
tempos musicais e isso é utilizado em todos os esportes. Um dos educadores
mencionou que qualquer esporte ou tudo que envolva movimento segue uma
cadência. Quando caminhamos ou quando corremos seguimos um certo ritmo e uma
cadência. Quando se explora bastante a dança e a música, naturalmente trabalha
seguindo uma certa cadência, um certo ritmo, um determinado número de movimentos
por número de tempo musical, isso ajuda a desenvolver um senso para caminhar,
correr, chutar, arremessar, parar (uma parada abrupta por exemplo, quando se está
correndo), tudo isso depende de ritmo, qualquer movimento que fazemos na vida é
cadenciado. É importante explorar o senso rítmico com a música pois ajuda no
desenvolvimento cognitivo e motor. É bom explorar a flexibilidade já que
principalmente nessa fase a criança possui maior flexibilidade, melhor do que os
adultos, naturalmente. Se começar desde cedo a explorá-la vai se tornar um adulto
mais flexível tornando as atividades do dia a dia mais fáceis de serem desenvolvidas,
18
como o simples movimento de abaixar para pegar algo que está no chão, isso previne
que se tenha dores nas articulações devido a não ter uma limitação na musculatura
quanto ao grau de flexibilidade.
Os possíveis prejuízos apontados por estes profissionais são quando a
criança tem que fazer por obrigação e não como uma forma de lazer, ela deve fazer
porque gosta. A música também deve ser de acordo com a idade, tem músicas que
não são adequadas para a criança já que traz muita sensualidade envolvida.
No caso de algumas danças que são praticadas como uma profissão, como
o caso do ballet clássico, por exemplo, quando a criança não pratica como uma forma
de lazer, a criança é obrigada a cumprir um número de horas/aulas semanais em que
ela faz um “treinamento”, isso pode causar um estresse físico e psicológico. O lazer
começa na hora que a criança tem vontade e termina na hora que decidir que não
quer mais praticar, a partir do momento que a criança começa a ficar entediada ela
simplesmente cessa a atividade. Muitas vezes os pais ou os treinadores acabam
submetendo a criança a um esforço físico, não importando se ela está cansada ou
entediada, de forma que ela tenha que treinar para ser a melhor. Quando se trata de
utilizar a música para criança como forma de lazer, poderá ser uma ótima estratégia.
Se obrigá-la a praticar não necessariamente ela terá prazer em fazê-lo sempre.
O esforço físico em excesso pode resultar em um prejuízo a saúde, por
exemplo no ballet tem bastante saltos, então se perde o contato com o solo e tem
muita retomada abrupta, um excesso de impacto é prejudicial, independentemente da
idade, visto que o peso do seu corpo é multiplicado em muitas vezes quando se trata
de saltos, quando perde o contato com o solo e o retoma. O impacto excessivo,
principalmente para a criança que está constantemente em formação pode ser
prejudicial, prejudicando as articulações, desenvolvendo artrose, artrite, hérnia de
disco, à longo prazo.
• Em relação a psicóloga
A profissional da área de psicologia acredita que a dança contribui para o
desenvolvimento da criança na fase pré-escolar nos seguintes aspectos: no
desenvolvimento da coordenação motora; na vida social pois ajuda a se relacionar
19
melhor com as pessoas; contribui para que a criança mantenha um peso adequado.
Se ela gostar de dançar contribui para o lado emocional-afetivo.
Os possíveis prejuízos serão caso a criança não goste de dançar e for
obrigada a praticá-la, ainda mais se for muito tímida isso pode causar prejuízos
emocionais, embora a dança possa contribuir com a diminuição da timidez, desde que
ela não seja forçada a fazer. Se ela não se relacionar bem com o professor ou se o
professor for muito bravo a criança pode associar a postura do professor com a dança
e querer se afastar, ou até mesmo pode trazer algum dano psicológico emocional.
• Em relação as pedagogas
As profissionais da área de pedagogia acreditam que a dança contribui para
o desenvolvimento da criança na fase pré-escolar nos seguintes aspectos: Como uma
forma de expressão das diferentes formas artísticas, deve permear todo o currículo e
não somente como uma atividade não planejada. Por meio da dança a criança utiliza-
se da linguagem corporal e expressa sentimentos, comunica ideias, interage com o
meio e vivencia diferentes identidades culturais representadas na própria música e no
próprio movimento. Mas isso depende da forma como o professor vai conduzir a
atividade com dança, pois deve ser uma atividade planejada, organizada para que a
criança consiga por meio da dança desenvolver todas as suas potencialidades,
desenvolver integralmente. A dança é um instrumento para que a criança conheça o
patrimônio cultural da humanidade porque essa arte faz parte do mesmo, dessa forma
a atividade com dança deve ser intencional, mas não com o intuito de antecipar a
escolarização, a educação infantil tem suas etapas e características próprias de
acordo com a idade da criança em geral.
Os malefícios apontados pelas pedagogas foram quando a dança é usada
como imitação da erotização adulta, no entanto isso ocorre muitas vezes no contexto
social e não escolar.
• Em relação a professora de teatro-dança
A profissional da área do teatro-dança mencionou que se trabalha um
aspecto importante nessa fase do desenvolvimento tendo como benefício o
aprimoramento da expressão corporal que explora os movimentos livres e naturais do
corpo. Independentemente do biótipo da criança, se a criança tem alguma
20
necessidade especial a dança deve se adaptar a ela. As crianças devem se sentir à
vontade, dançarem descalças, como se estivessem brincando na rua, fazer
brincadeiras de “roda”, cantar cantigas e pular corda. Trabalhar de forma lúdica
contribui para que a criança se solte, perca a timidez aos poucos e apesar das
crianças serem naturalmente desinibidas o fato de que estamos vivenciando um
mundo onde a tecnologia predomina, então trabalhar de forma lúdica é um dos pontos
principais para despertar na criança o brincar e o movimentar-se, fazendo com que
ela desapegue um pouco dessa tecnologia e volte a brincar com os pés no chão, se
suje e seja uma criança saudável e feliz. Após a criança despertar o interesse, através
dessa forma lúdica, é importante ensiná-la também a parte mais técnica, como ter
postura, colocação de palco, colocação do corpo em cena, a respeitar a atuação do
colega. Mas de forma branda pois não é obrigação da criança, nessa fase, se tornar
ator mirim, mas sim libertar seu corpo para brincar e dançar.
Os malefícios mencionados por esta profissional foram aqueles que podem ser
causados caso o profissional não seja qualificado, podendo causar lesões
gravíssimas. Muitas dançarinas de ballet clássico, por exemplo, que iniciam desde
muito pequenas muitas vezes chegam na adolescência precisando fazer algum tipo
de cirurgia devido às lesões que podem ser causadas pelo exercício exagerado ou
executado de forma incorreta e, principalmente pelo uso de sapatilhas de ponta.
A criança deve fazer porque gosta, quando se sentir à vontade para dançar e
interpretar. Caso o profissional exija que a criança faça contra sua vontade, pode fazer
com que a criança perca o gosto pela atuação, possivelmente perdendo sua
capacidade e força de expressão.
21
5. Discussão
A dança é utilizada como arte de expressão corporal pelo homem desde a
pré-história. Atualmente a dança além de ser um instrumento de expressividade
contribui no desenvolvimento de crianças, principalmente na fase pré-escolar.
Podemos constatar que todas as crianças que praticam dança tiveram melhora em
todos os desempenhos após o início da prática (Figs. 1-12).
As crianças que dançam apresentaram melhora significativa na postura
após iniciarem a prática da dança (Fig.5). Quando comparadas às crianças que não
dançam, também apresentaram melhor desempenho na postura (Fig.5).
Através da movimentação e da experimentação, o indivíduo procura seu
eixo corporal, dessa forma vai se adaptando até alcançar o equilíbrio postural mais
refinado. Este equilíbrio está associado às sensações proprioceptivas cinestésicas e
labirínticas. Conforme a criança passa por esse processo de experimentação, seus
movimentos vão se tornando mais coordenados e ela toma uma consciência melhor
do seu próprio corpo e da sua postura (OLIVEIRA, 1998).
A dança possibilita essa experimentação e uma exploração dos
movimentos, contribuindo para o equilíbrio postural da criança.
A afetividade é expressa através da postura e do comportamento
(OLIVEIRA, 1998).
As crianças que dançam apresentaram melhor desempenho da
expressividade após iniciarem as aulas de dança. Segundo Oliveira (1998) através da
linguagem corporal podemos transmitir todo o nosso estado interior sem que
tenhamos que utilizar palavras, transmitimos dor, medo, alegria, tristeza e também o
conceito que temos sobre nós mesmos, como por exemplo uma criança que não
acredita muito em si tem a tendência de curvar-se, “envolvendo-se” em si mesma,
mantendo seu corpo em estado de tensão quando se sente ameaçada.
As crianças que dançam apresentaram melhora significativa no ritmo
musical após iniciarem a prática da dança (Fig.4) e, comparadas às crianças que não
22
dançam, apresentaram desempenho ainda mais elevado sendo essa diferença de
70%, de acordo com a leitura dos gráficos (Fig. 4).
O ritmo faz parte da vida, do cotidiano e da natureza de todo ser vivo e o
acompanha em todos os momentos. São os batimentos cardíacos, o crescimento das
plantas, o caminhar, o sono, a alimentação, etc. Desde o útero da mãe a criança já
tem os primeiros contatos com o ritmo por meio das pulsações do coração e, já desde
muito pequenas, as crianças são atraídas pelo barulho dos objetos ou por
instrumentos musicais (MULLER; TAFNER, 2007).
O som da música desperta na criança o desejo de bater palmas,
movimentar-se e cantar. O aspecto rítmico se manifesta intuitiva e espontaneamente
(MULLER; TAFNER, 2007).
Como foi citado pelos profissionais de educação física, qualquer esporte ou
tudo que envolva movimento segue uma cadência e um certo ritmo. Muller e Tafner
(2007) apontam que é importante explorar e trabalhar o ritmo na idade pré-escolar,
pois prepara a criança para realizar as atividades escolares e atividades cotidianas,
nessa idade, apesar de cada criança ter seu próprio ritmo de aprendizagem, elas
aprendem e assimilam os exercícios muito mais rápido. Para o ser humano é
importante desenvolver o ritmo pois ele está presente no seu dia a dia quando fala,
dirige, escreve, anda de bicicleta, lava a louça, etc.
Para a psicomotricidade o ritmo é um elemento importante e trabalha na
orientação temporal. É importante para perceber a duração do tempo, noções de
aceleração e freada, diferenciação entre corrida e andar, movimentar o próprio corpo
em volta de objetos no espaço (MULLER; TAFNER, 2007).
A dança, acompanhada da música e/ou sons diversos é uma grande aliada
para ajudar a desenvolver o ritmo. Desenvolver o ritmo contribui também para diversos
fatores fisiológicos como na adaptação do ouvido a compassos e ritmos diferentes,
memorização e reprodução de um determinado som, regularizando o gesto impulsivo
e coordenando-o. Ativa o sistema neuromuscular, solicitando movimentos
respiratórios mais amplos, auxilia o crescimento, aprimora os movimentos (MULLER;
TAFNER, 2007).
23
A percepção musical pode ser estimulada através da música e da dança.
Estimulando o aprimoramento da audição, a fim de executar os passos dentro do ritmo
musical, acaba por desenvolver melhor a fala da criança (FINKENAUER; CENTENO,
2013).
As atividades que envolvem ritmos, como a dança e a música, estimulam
nas crianças a coordenação motora, o equilíbrio e a flexibilidade. Ajudam na
concentração e atenção, oferecem segurança rítmica e educação sensorial, levam à
obtenção do relaxamento muscular, da postura e da percepção auditiva e visual,
estimula a criatividade e trabalha a expressão corporal (MULLER; TAFNER, 2007).
As crianças que dançam apresentaram melhora significativa no
desempenho da flexibilidade, após o início da prática das aulas de dança e, também
quando comparadas às crianças que não praticam dança (Fig. 11).
A flexibilidade apresenta grandes benefícios para um bom desempenho
motor, aprimorando a execução de movimentos simples ou complexos, até mesmo
para o desempenho das funções diárias e preservação da saúde (SILVA; RABELO,
2006).
Para ampliar a qualidade e quantidade do repertório de movimentos se
exige a capacidade de flexibilidade na mobilidade articular do corpo. Nas aulas de
dança são utilizadas inúmeras técnicas visando à melhora e amplitude do movimento
(DINIZ et.al., 2012).
As crianças que dançam apresentaram melhora significativa na noção
espacial e lateralidade após iniciarem a prática da dança e em relação às crianças
que não dançam, também apresentaram desempenho mais elevado (Fig.7).
A noção espacial é essencial na convivência em sociedade, pois é através
do espaço que nos situamos no meio em que vivemos, fazemos observações
comparando as coisas, observando suas semelhanças e diferenças, realizamos um
trabalho mental muito importante selecionando e comparando os diferentes objetos,
extraímos agrupamos e os classificamos em nossas mentes (OLIVEIRA, 1998).
24
Uma das mães relatou que sua filha era “estabanada” e esbarrava
constantemente nos objetos e móveis da casa. Através da dança a criança apresentou
melhora, o que nos mostra que a dança contribuiu para que a criança adquirisse
melhor noção do espaço.
A estrutura espacial não nasce com a criança, faz parte de um processo de
maturação e aprendizagem, é uma elaboração e construção mental que se concretiza
através da experimentação dos movimentos em relação aos objetos que estão em
seu meio. Para que a criança perceba a posição dos objetos é fundamental que,
primeiramente, ela possua um domínio de seu corpo utilizando-o como ponto de
referência. Ela aprende o espaço através de sua movimentação e é a partir de si
mesma que se situa em relação ao mundo que a cerca (OLIVEIRA, 1998).
As professoras de dança e os educadores físicos disseram que a dança
contribui para o desenvolvimento da lateralidade na criança. Oliveira (1998) cita que
é importante que a criança tenha uma lateralidade bem definida para que consiga
assimilar os conceitos espaciais, isso se dá por volta dos 6 anos de idade. Os
conceitos de direita e esquerda passam a ter valor para ela a partir do momento em
que ela tenta se situar no espaço e esses conceitos passam a ser úteis para comparar
e assimilar os objetos ao redor.
Para Oliveira (1998) lateralidade é o predomínio motor que o ser humano
possui em utilizar um dos lados do corpo mais do que o outro em três aspectos: mão,
olho e pé. O lado dominante apresenta maior força muscular, mais precisão e rapidez
e geralmente é ele que inicia a ação principal. O outro lado não deixa de ser importante
pois auxilia o lado dominante, por mais que ambos funcionem isoladamente um
complementa o outro.
Para Finkenauer e Centeno (2013) a lateralidade se refere a capacidade
que a criança tem de se direcionar, olhar para várias direções tendo uma ideia de
espaço e coordenação.
A lateralidade pode ser estimulada através da dança de forma que através
dos comandos (direita, esquerda, frente, trás, etc.) ajude a criança a identificá-los e
também a definir melhor sua lateralidade.
25
Algumas mães disseram que a dança pode ajudar a criança a conhecer o
próprio corpo e adquirir noção do próprio corpo no espaço.
Através do próprio corpo a criança estabelece contato com as
individualidades do mundo, ou seja, conhecendo-o melhor ela terá maior habilidade
para se diferenciar, passa a distingui-lo através do contato com os objetos do mundo
que a cerca. Todo indivíduo tem seu mundo construído a partir das próprias
experiências corporais, o corpo é sua maneira de ser (OLIVEIRA, 1998).
A percepção que cada indivíduo faz de seu corpo é diferente. As aulas de
dança podem contribuir de forma lúdica para que as crianças façam descobertas
sobre seu próprio corpo, observando seus movimentos, até mesmo através do
espelho (FINKENAUER; CENTENO, 2013).
É importante fazê-las centrarem sua atenção sobre si mesmas, pois a
interiorização é um fator importante para que a criança possa tomar consciência sobre
seu esquema corporal. O corpo é o ponto de referência que o ser humano possui para
interagir com o mundo. Essa referência servirá como base para auxiliar no
desenvolvimento cognitivo, para compreender os elementos do mundo, para a
aprendizagem de conceitos essenciais para a alfabetização e os conceitos de espaço,
por exemplo: em cima, em baixo, ao lado, etc. (OLIVEIRA, 1998).
Após iniciarem a prática da dança as crianças apresentaram melhora na
expressividade (Fig. 8). Arce e Dácio (2007) citam que através da percepção do seu
corpo, a criança descobre a capacidade de comunicação e expressão de emoções e
sentimentos através de seus movimentos que é uma parte essencial na vida dela. A
dança pode ser um elemento fundamental para sua formação artística, além de
contribuir para um desenvolvimento saudável, biopsico-social da criança.
As crianças que dançam apresentaram melhor desempenho na criatividade
após iniciarem a prática da dança.
A criatividade é uma qualidade que todo ser humano possui, através dela
o homem se expressa, modela parcelas de realidade do universo das infinitas
possibilidades humanas e, foi através da criatividade que o homem evoluiu. É possível
26
aumentar a criatividade da maioria dos indivíduos por meio de incentivos através da
arte, como a dança (ARCE; DÁCIO, 2007).
O potencial criativo tem início na infância e, quando as crianças têm suas
iniciativas criativas elogiadas e incentivadas tendem a se tornarem adultos ousados e
agirem de forma inovadora (ARCE; DÁCIO, 2007).
Para Gualda e Sadalla (2008) o ensino de dança no desenvolvimento
infantil deve ter como foco principal a busca pelo desenvolvimento da criatividade e
expressividade da criança. Dessa forma o professor deve se atentar de que o ensino,
exclusivamente técnico dos movimentos, pode acabar não contribuindo para esses
objetivos e, dependendo da abordagem do professor, esse tipo de ensino pode acabar
fazendo com que o aluno perca o interesse pela dança.
A professora de teatro-dança mencionou que é importante trabalhar a
expressão corporal e os movimentos livres e naturais do corpo. Após a criança
despertar o interesse, através da ludicidade, é importante ensiná-la a parte técnica
para que ela adquira postura, saiba se posicionar no palco, etc. Porém a técnica deve
ser aplicada de forma branda pois o objetivo é que a criança liberte seu corpo, brinque
e dance.
Para Gualda e Sadalla (2008) o ensino exclusivamente técnico limita a
capacidade que o aluno tem de soltar a imaginação e a criatividade. Não são
estimulados a criar novos movimentos, mas sim a reproduzir àqueles determinados
pela sequência que o professor determina. Há então uma preocupação com o produto
final que, é determinada pela estética do método, e não com o processo como um
todo.
Muitos fazem dos alunos apenas reprodutores de coreografias criadas
pelos professores, e acabam desperdiçando a oportunidade de aprimorar suas
capacidades motoras, cognitivas e socioafetivas (SOUZA; BERLEZE; VALENTINI,
2008).
Uma das desvantagens do ensino exclusivamente de técnicas é a
mecanização dos movimentos que faz com que o aluno não consiga se desprender
27
dela para dançar, sua capacidade criativa se torna limitada, a dança pode perder o
sentido expressivo (GUALDA; SADALLA, 2008).
Gualda e Sadalla (2008) relatam que a sequência de passos utilizadas pelo
professor também proporciona o conhecimento de mais uma possibilidade de
movimento, é muito importante para que o aluno entenda a linguagem e a
expressividade corporal. Também é um desafio para o aluno conseguir reproduzir a
sequência, há uma expectativa por parte dos próprios alunos em executar
coreografias pois faz parte do imaginário deles que dançar significa executar
sequências de movimentos.
Os autores ainda afirmam que alguns profissionais propõem um ensino de
dança no qual o corpo é visto como uma rica fonte de conhecimento, desvinculando a
rigidez técnica criando uma libertação na dança e aprendendo a respeitar a
diversidade dos corpos. Esse tipo de ensino possibilita o enriquecimento das
qualidades críticas, morais e criativas dos alunos.
É importante ressaltar que mesmo para explorar movimentos novos os
alunos devem estar fortalecidos fisicamente e o uso das técnicas de dança contribuem
para esse fortalecimento que se torna um subsídio para a criação e não para simples
reprodução, além de trabalhar a concentração e atenção para o movimento. A
importância de conhecer a técnica não é de executá-la com perfeição, mas sim
conhecer e vivenciar a linguagem corporal (GUALDA; SADALLA, 2008).
A professora de teatro-dança citou que independente se a criança é obesa
ou magra, ou portadora de alguma necessidade especial a dança deve se adaptar a
ela.
Arce e Dácio (2007) enfatizam que apesar dos estereótipos que diversas
danças e suas técnicas apresentam, há a possibilidade de prática da “Dança Criativa”.
A Dança Criativa se trata de um método de trabalho com enfoque na educação
psicomotora, que foge de determinadas regras estereotipadas, valoriza o processo
criativo e espontâneo, estimulando o aluno à novas explorações e o professor a
renovar sempre.
28
Alves et al. (2012) em um estudo através da dança para crianças com
deficiência intelectual constataram que a dança pode ser muito útil para o
desenvolvimento dessas crianças.
A deficiência intelectual é detectada através de testes psicométricos e o
indivíduo apresenta dois desvios padrões abaixo da média de sua população
correspondente, apresentando quociente de inteligência (QI) inferior a 70, tais
pessoas apresentam problemas motores como: mais lentidão, com significativa perda
de força, resistência, agilidade, equilíbrio, velocidade, flexibilidade e tempo de reação
que derivam de fatores externos e de ordem maturacional que estão diretamente
ligados ao organismo e às suas mudanças (ALVES, 2012).
Através desse estudo Alves et. al. (2012) puderam demonstrar que a dança
proporcionou vários benefícios às crianças e adolescentes, que apresentavam
deficiência intelectual. Logo nos primeiros meses de estudo observaram melhora na
estabilidade emocional passando a demonstrar menos agressividade, maior confiança
em suas habilidades e mais iniciativa em suas atitudes, aumento da criatividade,
podendo perceber criações de movimentos próprios, demonstraram mais
expressividade emocional e corporal. Também observaram desenvolvimento das
habilidades motoras básicas como correr, saltar e girar.
Alves et. al. (2012) enfatizam que é preciso quebrar algumas regras e
padrões de forma que a dança esteja ao alcance de qualquer indivíduo que queira e
goste de praticá-la. Dessa forma a dança pode contribuir com a inclusão social desses
indivíduos que apresentam algum tipo de deficiência, de forma que a dança se adapte
a ele ao invés dele ter que se adaptar à dança.
Dentre os aspectos mais citados, tanto pelos pais como pelos profissionais
foi a coordenação motora no desenvolvimento da criança através da dança.
A coordenação motora global se refere ao movimento do corpo como um
todo, envolve o trabalho de grandes grupos musculares com capacidade de execução
de diferentes movimentos em diversos segmentos corpóreos ao mesmo tempo, tais
como pular corda, entre outras brincadeiras (FINKENAUER; CENTENO, 2013).
29
O movimento pode ser dividido em 3 aspectos: voluntário, reflexo e
automático. O movimento voluntário depende da vontade do indivíduo em executá-lo,
é intencional e consciente, como por exemplo caminhar em direção a um objeto. O
movimento reflexo é involuntário, independe da vontade do indivíduo em executá-lo e
só depois de executado que se toma conhecimento dele. O movimento automático
depende da aprendizagem, das experiências e da história de vida do indivíduo,
depende principalmente da prática e da repetição de execução de determinado
movimento (OLIVEIRA, 1998).
O movimento automático pode ser adquirido e, é muito importante pois
propicia diversas formas de adaptação ao meio, fazendo com que economizemos
tempo e esforço pois não exige muito trabalho mental. Alguns dos movimentos
automáticos são desenvolvidos através do processo de aprendizagem, se iniciam
normalmente de forma voluntária até que se tornam mais aprimorados e então se
tornam automáticos, como por exemplo quando caminhamos e não pensamos no
balançar dos braços, tocar piano, andar de bicicleta, etc. A intenção de executá-los é
voluntária, mas a execução do movimento torna-se automática (OLIVEIRA, 1998).
Praticar algum tipo de dança na fase do desenvolvimento da criança até os
6 anos de idade auxilia na automatização de movimentos, tornando-os mais refinados.
O desenvolvimento da criança não depende só da nutrição. A estimulação
do ambiente também é importante, quanto mais estimulamos a criança, mais
provocamos respostas que são traduzidas em uma maior quantidade de sinapses. A
sinapse é a comunicação entre um neurônio e outro. Um neurônio estimula o seguinte,
e assim por diante, através da liberação de substâncias neurotransmissoras,
propagando impulsos nervosos, transmitindo informações tais como lembranças,
temperatura, intensidade de dor, conhecimentos, etc. (OLIVEIRA, 1998).
O sistema nervoso seleciona e processa informações que serão
canalizadas para as regiões motoras correspondentes do cérebro e emite respostas
adequadas de acordo com a experiência e vivência de cada indivíduo (OLIVEIRA,
1998).
30
Algumas sinapses que não trabalham em certas pessoas guardam um
potencial funcional, ou seja, podem começar a entrar em atividade dependendo do
aprendizado. Aprender, neurologicamente, significa usar sinapses que normalmente
não eram usadas. Um educador ao estimular seu aluno estará ajudando a diferenciar
seu sistema nervoso, ampliando a quantidade de sinapses (OLIVEIRA, 1998).
O sistema nervoso se desenvolve progressivamente obedecendo uma
sequência no processo de maturação, levando isso em consideração, não devemos
exigir que a criança realize uma sequência de movimentos que ela ainda não está
física e fisiologicamente apta a executar. Devemos respeitar e levar em consideração
o seu processo de maturação (OLIVEIRA, 1998).
Tivemos o argumento de uma mãe que achava que o modo como a
professora tratava as crianças não correspondia de maneira adequada para a idade
delas, exigindo um grau de maturidade mais avançado da criança.
Oliveira (1988) diz que embora a estimulação do ambiente seja
fundamental, é importante salientar que devemos tomar cuidado para não
excedermos e exigir demais da criança, pois podemos lhes causar uma ansiedade
desnecessária, além de que isso não irá apressar o processo de maturação do seu
sistema nervoso.
Parte dos profissionais entrevistados, disseram que a criança não deve
praticar a dança por obrigação e sim quando sente vontade, de forma que aquilo seja
prazeroso para ela.
Para Oliveira (1998) é importante que a criança ou o aluno reflita e analise
os seus movimentos interiorizando-os, somente dessa forma irá adquirir uma
aprendizagem mais significativa de si mesmo e suas capacidades. Deve haver o
desejo de realizar um movimento, pois não se consegue educar ninguém contra sua
própria vontade.
O prazer pela dança e o bem-estar emocional foram uns dos motivos que
as mães das crianças que não praticam dança colocariam seus filhos para praticá-la.
Dias (2006) diz que além dos benefícios estéticos, a dança também proporciona um
31
bem-estar emocional elevando a auto-estima, a auto-confiança, ou seja, a dança pode
proporcionar um equilíbrio entre o corpo e a mente.
Parte dos pais citaram que a dança pode contribuir, no desenvolvimento da
criança, com a regulação e melhora da qualidade do sono.
A atividade física, tal como a dança, está diretamente ligada ao sono, pois
o aumento da temperatura corporal decorrente da prática de atividade física, facilita o
disparo de mecanismos do sono e, o aumento do gasto energético durante a vigília
aumenta a necessidade de sono para alcançar um balanço energético positivo
(SILVA; COSTA, 2011).
Todas as danças possuem em sua essência a prática do exercício físico
que vale para todas as idades, isso traz muitos benefícios à saúde, trabalhando
flexibilidade, desenhando um corpo mais alongado, tornando a musculatura rígida
(DIAS, 2006).
Algumas mães e alguns dos profissionais da área do desenvolvimento
infantil, disseram que a dança contribui para que a criança aprenda a ter disciplina.
Dias (2006) afirma que a dança pode ajudar a disciplinar pois exige uma
organização do aluno, como por exemplo deve ter comprometimento com o horário,
não se atrasar para não perder o aquecimento que é fundamental na prática de
qualquer atividade física, manter os cabelos presos para não atrapalhar o
desempenho, manter a concentração no professor, não entrar no meio da aula sem
pedir licença, etc.
A maioria dos pais disseram que colocariam seus filhos para praticar balé.
Em contrapartida alguns profissionais criticaram o balé alegando que poderia ser
prejudicial às crianças em diversos aspectos.
O balé se trata de uma das danças mais admiradas e preferencial quando
se trata de iniciar aulas de dança. O balé clássico é uma dança tradicional que teve
origem na Europa no século XVI, depois expandiu-se pelo mundo e deu origem a
diversas outras modalidades de dança. É uma dança dotada de regras e métodos pré-
estabelecidos e antigos com movimentos árduos que podem exceder os limites físicos
32
do corpo para que se possa alcançar o equilíbrio e a harmonia em grupo. Parte desse
esforço demasiado se deve ao método de sapatilhas de ponta, pois é esta que irá
sustentar todo o peso do corpo nas pontas dos pés e, por esse motivo há uma
tendência a desenvolver problemas osteomusculares (SANTOS; OTANI, 2010).
As bailarinas de balé clássico utilizam em seus treinos e apresentações
calçados que são sapatilhas específicas para a prática da dança, que podem ser de
“ponta” e “meia-ponta” (Fig.13), que são confeccionadas em couro, lona, cetim, papéis
especiais, palmilhas flexíveis e cola (PICON; FRANCHI, 2007).
As lesões mais frequentes que o balé pode ocasionar são as de pé e
tornozelo, seguido de joelho e quadril devido ao excesso de repetições e ao uso
incorreto e precoce da sapatilha de ponta. Também pode ocasionar problemas
posturais como hiperlordoses lombares, tronco inclinado e cifose cervical, não só
ocasionado pelos mesmos motivos anteriores, mas pela execução incorreta dos
movimentos, por isso é necessário um profissional qualificado para ensinar os
métodos corretamente (SANTOS; OTANI, 2010).
A ciência do movimento humano tem contribuído com a arte, ajudando
bailarinos a evitarem lesões, através do estudo de movimentos seguros e eficazes
(GREGO et al., 1999).
33
Bailarinas que utilizam sapatilhas de pontas estão mais suscetíveis a
lesionar-se do que bailarinas que não as utilizam. Manter-se na ponta, gera uma
sobrecarga correspondente a aproximadamente uma vez e meia o peso do próprio
corpo, gerando um torque muito elevado, sendo desaconselhável o uso da sapatilha
de ponta em crianças ou em adultos que não possuem preparo adequado da
musculatura envolvida (GREGO et al., 1999).
Devido as lesões decorrentes do uso de sapatilhas de ponta, alguns
profissionais estão condenando o seu uso e, realizam os movimentos apenas em meia
ponta para prevenir lesões (SANTOS; OTANI, 2010).
Crianças estão em constante mudanças físicas, psicológicas e
psicossociais que geram consequências para as atividades corporais e para a
capacidade de suportar cargas, estão muito mais expostas aos danos causados pela
sobrecarga de trabalho corporal que os adultos (GREGO et al., 1999).
Contudo, não há razão para as crianças não participarem de aulas de
ballet, desde que haja um profissional qualificado. Os professores devem estar
preparados para trabalhar sob um ponto de vista anatômico e ortopédico, para
determinar e discernir as maiores dificuldades encontradas por cada aluno (GREGO
et al., 1999).
Todas as mães das crianças que não praticam dança disseram que
gostariam que seus filhos a praticassem, porém havia alguns obstáculos como a falta
de dinheiro, falta de tempo ou a distância. Esse problema poderia ser solucionado se
as escolas implementassem no currículo escolar a dança como parte do plano
pedagógico, dessa forma, todos teriam acesso aos benefícios que ela traz.
As pedagogas enfatizaram que a atividade com dança deve ser uma
atividade planejada, organizada para que a criança consiga por meio da dança
desenvolver todas as suas potencialidades e desenvolver integralmente, deve ser
uma forma de fazer com que a criança conheça um patrimônio cultural da
humanidade.
34
A dança pode contribuir na educação escolar como um meio de integração.
Um programa de dança-educação escolar deve ser bem planejado, com progressões
pedagógicas, sob a perspectiva de movimento, enfatizando e respeitando os
movimentos naturais do corpo, pois é através do conhecimento do próprio corpo que
a criança passa a ter conhecimento do mundo que a cerca. Deve-se visar o
desenvolvimento das capacidades motoras, imaginativas e criativas, de forma lúdica,
levar em consideração os valores culturais da comunidade escolar por serem parte
integral do cotidiano dos alunos, incentivando e proporcionando aos alunos um maior
interesse pela prática da dança. (CAMARGO; FINCK, 2009; GUALDA; SADALLA,
2008).
Foi citado por parte dos profissionais o uso inadequado de músicas na
prática da dança por apresentar conteúdo com conotação sexual, de forma que a
dança perde o seu significado no desenvolvimento infantil.
Muitas músicas e danças midiáticas são produzidas com intuito de atender
às demandas de mercado, sendo reproduzidas de forma acrítica no contexto
educativo. As danças folclóricas e populares são deixadas de lado e as midiáticas
recebem preferência, reproduzindo indefinidamente o ciclo de exaltação de
determinados grupos em detrimento de outros (SBORQUIA; NEIRA, 2008).
No âmbito escolar o uso da dança deve ser tematizado, abordar algumas
das infinitas possibilidades que podem emergir das leituras e interpretações da prática
social de uma determinada manifestação cultural (SBORQUIA; NEIRA, 2008).
A dança na escola pode servir para resgatar a cultura e tradição.
Em algumas escolas a dança já vem sendo usada como atividade física
para crianças, porém a maioria dos professores apesar de serem bailarinos, não tem
formação em Educação Física e não compreendem a importância significativa em
trabalhar com o desenvolvimento das habilidades motoras nas crianças (SOUZA;
BERLEZE; VALENTINI, 2008).
Muitos profissionais da área de Educação Física já tiveram alguma
experiência prática com dança durante a sua formação acadêmica e reconhecem a
35
dança como sendo importante no desenvolvimento da criança, pois objetiva o
desenvolvimento da consciência das possibilidades corporais dos alunos e a
exploração das possibilidades de movimento, porém ainda sentem dificuldades para
trabalhar dentro desse aspecto pois alegam não terem conhecimento suficiente além
da falta de materiais e instalações necessários para desenvolver esse conteúdo nas
escolas (PERES; RIBEIRO; JUNIOR, 2001).
O ensino de dança na escola encontra muitos obstáculos, sendo eles a falta
de espaço adequado, a não valorização desta atividade pelos professores e diretores,
o preconceito pelos meninos devido a cultura machista, etc. (GUALDA; SADALLA,
2008).
Pudemos observar a falta de meninos nas aulas de dança. Também houve
a declaração de uma das mães que disse que não deixaria seu filho praticar balé pois
se trata de uma dança muito feminina.
A dança é associada ao gênero feminino pelos seus movimentos serem
julgados finos e leves. Para nossa sociedade os homens que dançam são vistos como
homossexuais, da mesma forma para mulheres que praticam certos tipos de esportes
que exijam mais força. Normalmente a generificação da dança está mais relacionada
com danças que exigem mais delicadeza e leveza, como é o caso do balé, do que
danças que apresentam movimentos mais bruscos e fortes como o hip hop ou danças
tradicionais como as gaúchas. De acordo com os tipos de movimentos, mais bruscos
ou mais delicados, algumas danças acabam sendo separadas na nossa sociedade
pelos gêneros femininos e/ou masculinos. A cultura acaba, dessa forma, interferindo
na nossa forma de agir, fazendo com que atitudes naturais sejam vistas como
anormais na visão da sociedade (ANDREOLI, 2010).
Devido ao tabu cultural em relação a homens que dançam, no Ocidente o
interesse pela dança por parte dos homens pode surgir mais tarde, já na adolescência,
quando podemos observar uma quantidade maior de homens praticando dança
(GARDNER, 2002).
Um outro problema da prática da dança nas escolas é que muitos dos
professores de dança não estão aptos a atuarem em um contexto escolar em um
36
aspecto reflexivo, estão mais acostumados a trabalharem em academia onde se exige
mais conceito técnico e reprodução de coreografias. A maioria dos alunos do curso
de dança preferem dançar profissionalmente do que realizarem formação de professor
(GUALDA; SADALLA, 2008).
Embora o ensino de arte faça parte do componente curricular escolar,
raramente a dança ou expressão corporal é abordada (GUALDA; SADALLA, 2008).
Segundo Gualda e Sadalla (2008), por mais que no Brasil tenha cursos
superiores de licenciatura de dança, apesar de serem poucos os profissionais de
dança que possuem curso de licenciatura, esses professores não conseguem um
ingresso formal nas redes de ensino, pois os concursos públicos exigem o
bacharelado em educação artística.
Ainda é muito recente a interação entre dança e prática pedagógica, o que
justifica a falta de estruturação dessa prática como componente curricular no plano
pedagógico.
37
6. Conclusão
A prática da dança para crianças contribui com o desenvolvimento de
habilidades motoras, emocionais e cognitivas. Melhora o desempenho da postura,
expressividade, criatividade, flexibilidade, ritmo, coordenação motora e lateralidade.
Assim como, contribui na socialização e nas relações intrapessoais.
O processo criativo e livre do uso do corpo deve estar aliado às técnicas
da dança de forma alternada, dessa forma contribuirá para o desenvolvimento
psicomotor, criativo e expressivo da criança, além de tornar as aulas mais agradáveis.
A dança deve ser um processo que contribua com a inclusão social, deve
ser trabalhada para todos biótipos, sem distinção de etnia, religião e gênero.
A dança na Educação Infantil, no aspecto escolar, deve ser abordada de
forma integral, interdisciplinar, cultural, explorando o processo criativo e
proporcionando à criança um melhor contato consigo mesma e melhor interação com
os colegas.
Por ser recente a interação entre a dança e a prática pedagógica, ainda
encontramos falta de estrutura adequada e falta de profissionais qualificados na rede
escolar para ministrar aulas de dança. Há a necessidade da ampliação da formação
dos professores de Educação Física e Artes em relação à dança, pois muitas vezes
não possuem conhecimento suficiente para o ensino de dança nas escolas. Por outro
lado, professores de dança licenciados não conseguem ingressar nas redes públicas
de ensino pois os concursos públicos exigem o bacharelado em Educação Artística.
Nesse contexto seria necessária uma reformulação no plano pedagógico para que
seja inserida a dança de maneira adequada.
38
7. Referências Bibliográficas
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42
(ANEXO 1)
Aplicar em mães/pais de crianças, entre 3 a 6 anos de idade, que praticam dança.
IDADE: SEXO:
P1- Vamos avaliar alguns aspectos do desenvolvimento do seu filho(a) de um modo geral, classifique os atributos
abaixo de acordo com o que você observava em seu filho antes de iniciar as aulas de dança e, após o início da prática
de dança:
Ausente Baixa Moderada Alta
Não sabe responder
ANTES
Coordenação motora/Facilidade em executar movimentos complexos
DEPOIS
Coordenação motora/Facilidade em executar movimentos complexos
Ausente Baixa Moderada Alta
Não sabe responder
ANTES
Facilidade em interagir em grupo/socialização
DEPOIS
Facilidade em interagir em grupo/socialização
Ausente Baixa Moderada Alta
Não sabe responder
ANTES Boa memorização
DEPOIS Boa memorização
Ausente Baixa Moderada Alta
Não sabe responder
ANTES Ritmo musical
DEPOIS Ritmo musical
43
Ausente Baixa Moderada Alta
Não sabe responder
ANTES Postura
DEPOIS Postura
Ausente Baixa Moderada Alta
Não sabe responder
ANTES Afetividade
DEPOIS Afetividade
Ausente Baixa Moderada Alta
Não sabe responder
ANTES Noções de espaço/ lateralidade
DEPOIS Noções de espaço/ lateralidade
Ausente Baixa Moderada Alta
Não sabe responder
ANTES Expressividade
DEPOIS Expressividade
Ausente Baixa Moderada Alta
Não sabe responder
ANTES Criatividade
DEPOIS Criatividade
Ausente Baixa Moderada Alta
Não sabe responder
ANTES Controle emocional/ relação
intrapessoal
DEPOIS Controle emocional/ relação
intrapessoal
44
Ausente Baixa Moderada Alta
Não sabe responder
ANTES Flexibilidade
DEPOIS Flexibilidade
Ausente Baixa Moderada Alta
Não sabe responder
ANTES Aproveitamento interdisciplinar
DEPOIS Aproveitamento interdisciplinar
P2. De que forma você acha que a dança contribui para o desenvolvimento da criança?
Muito obrigada pela sua colaboração. Sua opinião é muito importante para minha pesquisa.
45
(ANEXO 2)
Aplicar em mães/pais de crianças, entre 3 a 6 anos de idade, que não praticam dança
IDADE: SEXO:
P1- Vamos avaliar alguns aspectos do desenvolvimento do seu filho(a) de um modo geral, para isso classifique os
atributos abaixo de acordo com o que você observa em seu filho:
Ausente Baixa Moderada Alta Não sabe responder
Coordenação motora/Facilidade em executar movimentos complexos
Facilidade em interagir em grupo/socialização
Boa memorização
Ritmo musical
Postura
Afetividade
Noções de espaço/ lateralidade
Expressividade
Criatividade
Controle emocional/ relação intrapessoal
Flexibilidade
Aproveitamento interdisciplinar
P2 - Você Colocaria seu filho(a) para praticar alguma modalidade de dança?
Sim
Não Pule para P4
Não sabe Pule para P5
P3- Qual?
P4 - Por quê?
P5. De que forma você acha que a dança contribui para o desenvolvimento da criança?
Muito obrigada pela sua colaboração. Sua opinião é muito importante para minha pesquisa.
46
(Anexo 3)
1) Aborde os aspectos, dentro da sua área de conhecimento, que você acha importante na prática da dança no desenvolvimento de crianças na fase pré-escolar (entre 3 a 6 anos de idade). Quais os possíveis benefícios que a dança pode lhes causar?
2) Em sua opinião existe possíveis prejuízos/malefícios que a dança pode causar às crianças nessa fase do desenvolvimento? Por quê?
Muito obrigada pela sua colaboração. Sua opinião é muito importante para minha pesquisa.
47
(Anexo 4)
CARTA DE INFORMAÇÃO À INSTITUIÇÃO
Esta pesquisa tem como intuito analisar os efeitos da dança no desenvolvimento motor,
emocional e cognitivo em crianças. Para tanto, realizaremos uma entrevista com mães/pais de
alunos (as) entre 3 a 6 anos de idade. Para tal solicitamos a autorização desta instituição para a
triagem de participantes, e para a realização dos procedimentos previstos. O contato
interpessoal e a realização dos procedimentos não oferecem riscos físicos e/ou psicológicos aos
participantes e à instituição. As pessoas não serão obrigadas a participar da pesquisa, podendo
desistir a qualquer momento. Em eventual situação de desconforto, os participantes poderão
cessar sua colaboração sem consequências negativas para si ou para a instituição. Todos os
assuntos abordados serão utilizados sem a identificação dos colaboradores e instituições
envolvidas. Quaisquer dúvidas que existirem agora ou a qualquer momento poderão ser
esclarecidas, bastando entrar em contato pelo telefone abaixo mencionado. Ressaltamos que se
trata de pesquisa com finalidade acadêmica, referida à Tese de Conclusão do Curso de Ciências
Biológicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie, que os resultados da mesma serão
divulgados em trabalho acadêmico obedecendo ao sigilo, sendo alterados quaisquer dados que
possibilitem a identificação de participantes, instituições ou locais que permitam identificação.
De acordo com estes termos, favor assinar abaixo. Uma cópia deste documento ficará com a
instituição e outra com o(s) pesquisador(es). Obrigada.
_______________________________ ______________________________________
Pesquisadora: Jessica Soria Orientadora: Profª Drª Esther L.R.A. Carmargo
Ciências Biológicas – CCB
Tel. (11) 96585 7547 Tel. (11) 21148233
48
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Pelo presente instrumento que atende às exigências legais, o(a) senhor (a)
____________________________________, representante da instituição, após a leitura da Carta de Informação à Instituição, ciente dos procedimentos propostos, não restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e do explicado, firma seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO de concordância quanto à realização da pesquisa. Fica claro que a instituição, através de seu representante legal, pode, a qualquer momento, retirar seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de participar do estudo alvo da pesquisa e fica ciente que todo trabalho realizado torna-se informação confidencial, guardada por força do sigilo profissional.
São Paulo,....... de ..............................de..................
_________________________________________
Assinatura do representante da instituição
49
CARTA DE INFORMAÇÃO AO SUJEITO
Esta pesquisa tem como intuito analisar os efeitos da dança no desenvolvimento motor,
emocional e cognitivo em crianças. Para tanto, aplicaremos um questionário a profissionais da área
(professores de dança, educadores físicos, psicólogos, etc.). Para tal solicitamos sua autorização para
a realização dos procedimentos previstos. O contato interpessoal e a realização dos procedimentos
não oferecem riscos físicos e/ou psicológicos aos participantes. A pessoas não serão obrigadas a
participar da pesquisa, podendo desistir a qualquer momento. Em eventual situação de desconforto, os
participantes poderão cessar sua colaboração sem consequências negativas. Todos os assuntos
abordados serão utilizados sem a identificação dos participantes e instituições envolvidas. Quaisquer
dúvidas que existirem agora ou a qualquer momento poderão ser esclarecidas, bastando entrar em
contato pelo telefone abaixo mencionado. Ressaltamos que se trata de pesquisa com finalidade
acadêmica, referida à Tese de Conclusão do Curso de Ciências Biológicas da Universidade
Presbiteriana Mackenzie, que os resultados da mesma serão divulgados em trabalho acadêmico
obedecendo ao sigilo, sendo alterados quaisquer dados que possibilitem a identificação de
participantes, instituições ou locais que permitam identificação. De acordo com estes termos, favor
assinar abaixo. Uma cópia deste documento ficará com a instituição e outra com o(s) pesquisador(es).
Obrigada.
_______________________________ ______________________________________
Pesquisadora: Jessica Soria Orientadora: Profª Drª Esther L.R.A. Carmargo
Ciências Biológicas – CCB
Tel. (11) 96585 7547 Tel. (11) 21148233
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Pelo presente instrumento que atende às exigências legais, o(a) senhor (a)
____________________________________, após a leitura da Carta de Informação ao sujeito ciente dos procedimentos propostos, não restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e do explicado, firma seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO de concordância quanto à realização da pesquisa. Fica claro que o(a) senhor(a), a qualquer momento, poderá retirar seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de participar do estudo alvo da pesquisa e fica ciente que todo trabalho realizado torna-se informação confidencial, guardada por força do sigilo profissional. São Paulo,....... de ..............................de..................
_________________________________________
Assinatura do sujeito OU seu representante legal
50
CARTA DE INFORMAÇÃO AO SUJEITO/ AO RESPONSÁVEL PELO SUJEITO
Esta pesquisa tem como intuito analisar os efeitos da dança no desenvolvimento motor,
emocional e cognitivo em crianças. Para tanto, aplicaremos um questionário em mães/pais de
alunos(as) de dança entre 3 à 6 anos de idade e, mães/pais de crianças entre 3 à 6 anos de idade que
não praticam a dança. Para tal solicitamos sua autorização para a realização dos procedimentos
previstos. O contato interpessoal e a realização dos procedimentos não oferecem riscos físicos e/ou
psicológicos aos participantes. As pessoas não serão obrigadas a participar da pesquisa, podendo
desistir a qualquer momento. Em eventual situação de desconforto, os participantes poderão cessar
sua colaboração sem consequências negativas. Todos os assuntos abordados serão utilizados sem a
identificação dos participantes e instituições envolvidas. Quaisquer dúvidas que existirem agora ou a
qualquer momento poderão ser esclarecidas, bastando entrar em contato pelo telefone abaixo
mencionado. Ressaltamos que se trata de pesquisa com finalidade acadêmica, referida à Tese de
Conclusão do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie, que os
resultados da mesma serão divulgados em trabalho acadêmico obedecendo ao sigilo, sendo alterados
quaisquer dados que possibilitem a identificação de participantes, instituições ou locais que permitam
identificação. De acordo com estes termos, favor assinar abaixo. Uma cópia deste documento ficará
com a instituição e outra com o(s) pesquisador(es). Obrigada.
_______________________________ ______________________________________
Pesquisadora: Jessica Soria Orientadora: Profª Drª Esther L.R.A. Carmargo
Ciências Biológicas – CCB
Tel. (11) 96585 7547 Tel. (11) 21148233
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Pelo presente instrumento que atende às exigências legais, o(a) senhor (a)
____________________________________, após a leitura da Carta de Informação ao sujeito ciente dos procedimentos propostos, não restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e do explicado, firma seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO de concordância quanto à realização da pesquisa. Fica claro que o(a) senhor(a), a qualquer momento, poderá retirar seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de participar do estudo alvo da pesquisa e fica ciente que todo trabalho realizado torna-se informação confidencial, guardada por força do sigilo profissional. São Paulo,....... de ..............................de..................
_________________________________________
Assinatura do sujeito OU seu representante legal
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