LESÕES MAIS COMUNS
DA CAVIDADE ORAL E A
IMPORTÂNCIA DO SEU DIAGNÓSTICO
WEB 23 de Fevereiro de 2017
Profª. Drª. Diurianne C. Campos França
Doutora em Ciência Odontológica – Unesp
Teleconsultora do TELESSAÚDE/ MT
Estomatologista da Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá (SMS)
Docente do curso de Odontologia do UNIVAG- Centro Universitário
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (1991),
um dos principais recursos para se conhecer a situação
atual e estimar as necessidades de implantação e
manutenção de serviço de saúde bucal para uma
determinada população são os levantamentos
epidemiológicos.
Souto, Piva, Martins-Filho et al. Rev Odontol UNESP. 2014; 43(3): 185-190
A pesquisa epidemiológica de lesões bucais em
determinada região geográfica estabelece as reais
necessidades da referida população, bem como
proporciona, aos profissionais, facilidade na elaboração
de planos de tratamento e ações preventivas.
Souto, Piva, Martins-Filho et al. Rev Odontol UNESP. 2014; 43(3): 185-190
Por isso a importância de realizar o diagnóstico através do exame histopatológico, que consiste na confirmação do diagnóstico definitivo para que o tratamento apropriado possa ser oferecido.
Verifica-se, no Brasil, escassez de informações
sobre a epidemiologia das lesões bucais nas suas
mais diversas variáveis, especialmente idade,
gênero, raça, hábitos, tempo e estágio de
desenvolvimento das lesões.
LESÕES MAIS COMUNS DA CAVIDADE ORAL
1. Infecções fúngicas:
- Candidíase
- Paracoccidioidomicose 2. Lesões associadas a Trauma:
- Úlceras Traumáticas
- Mucocele
3. Lesões proliferativas não neoplásicas: -
Hiperplasia fibrosa inflamatória
5. Neoplasias Malignas:
- Carcinoma epidermóide
4. Neoplasias benignas:
- Fibroma
1. Infecções fúngicas:
- Candidíase
- Paracoccidioidomicose
O microorganismo Cândida albicans é
considerado o principal agente etiológico da
Candidíase (75%).
Microflora bucal, faríngea, intestinal e vaginal
As manifestações mais conhecidas são:
• Candidíase Pseudomembranosa
• Candidíase Atrófica Crônica
Tabela 1: Fatores do hospedeiro predisponentes para candidíase bucal
Fonte: TelessaúdeRS/UFRGS
É a mais conhecida (sapinho);
Aderidas na mucosa bucal (leite
coagulado);
Crianças e idosos, pacientes
imunodeprimidos;
Complicação médica mais importante
na cavidade oral de um paciente HIV +;
Sintomas: queimação, hálito fétido,
boca seca ou assintomática.
Candidíase Pseudomembranosa
Caracterizada pela presença de
placas pastosas brancas (ou
amareladas) na língua, palato e
mucosa jugal que cedem à
raspagem com gaze ou espátula de
madeira, evidenciando área
eritematosa e/ou hemorrágica.
Candidíase Pseudomembranosa
HIPOTIREOIDISMO
http://www.almrsal.com/post/74153
http://143.107.23.244/cape/GRUPO_DE_ESTUDO_CAPE_arquivos/IMAGENS.htm
HIV/ AIDS
O diagnóstico se baseia nos sinais e
sintomas associados à história médica e
odontológica.
Um recurso clínico útil nos casos de
candidíase pseudomembranosa é a
raspagem das lesões.
O descolamento da placa e visualização
de uma base eritematosa confirma o
diagnóstico.
http://www.hivdent.org/_picturegallery_/PseudomembranousCandidiasis37.htm
Candidíase eritematosa /Estomatite por dentadura;
Áreas de eritema, algumas vezes, petéquias hemorrágicas;
Bordas da prótese;
Geralmente assintomática;
Pacientes admitem não terem percebido a lesão, fazendo uso
contínuo da prótese, removendo-a só para limpar.
Candidíase Atrófica Crônica
Através dos sinais clínicos e
exames laboratoriais: Citologia
esfoliativa;
cultura e biópsia*
Int Poster J Dent Oral Med 3 (2001)
Prescrição de antifúngico tópico:
1. Nistatina suspensão oral (Micostatin® 100.000 UI/ml) –10 ml por
via oral (bochechar e reter pelo máximo de tempo possível antes
da deglutição) quatro vezes ao dia;
2. Clotrimazol: 10 mg por via bucal cinco vezes ao dia por 14 dias;
3. Miconazol: 50 mg por via bucal uma vez ao dia por 14 dias.
TRATAMENTO
Fonte: TelessaúdeRS/UFRGS
É fundamental identificar os fatores predisponentes e
intervir sobre eles sempre que possível.
Outra opção de antifúngico tópico:
- Gel (Daktarin®) – aplicação do gel, 4 vezes ao dia, nos locais
afetados, por 15 a 30 dias.
Orientações:
Instrução de higiene oral.
Instrução de desinfecção química das próteses, com solução de
água e hipoclorito de sódio ou bicarbonato de sódio (armações
metálicas), na proporção de 1ml para 10ml de água potável,
durante meia hora, duas vezes por semana, no mínimo.
Orientação para descanso noturno das próteses ou pelo menos 1h
por dia.
Confecção de novas próteses, se necessário*.
TRATAMENTO
Oliveira, 2013
TRATAMENTO
Na ausência de fatores predisponentes óbvios
ou frente a casos de lesões disseminadas por
toda a boca ou se estendendo para a orofaringe,
indica-se avaliação sistêmica por meio de
hemograma, glicemia em jejum, anti-HIV, a fim
de descartar quadros de anemia e
imunossupressão (associada ou não ao HIV).
Fonte: TelessaúdeRS/UFRGS
Blastomicose sul-americana (pbmicose);
Agente etiológico- paracoccidioides brasiliensis;
Locais: América central e do sul;
Predileção por homens entre 30 e 60 anos (25:1);
Teoria do hormônio beta-estradiol;
Transmissão: via inalatória;
Foco primário pulmonar;
Endêmica entre populações rurais.
Paracoccidioidomicose
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Lesões bucais (mais de um sítio); Ulcerações semelhantes a morango; Estomatite moriforme, com pontilhado hemorrágico fino; Geralmente acompanhado de sialorréia, sangramento, mobilidade dental, dor, disfagia, disfonia ou afonia.
Braz J Infec Dis.2012
Paracoccidioidomicose
Diurianne et al., 2011
TELESSAUDE/MT Diurianne et al., 2011
Tosse seca, posteriormente produtiva,dispnéia aos esforços;
Rx de tórax mostra calcificações (asa de borboleta);
O quadro clínico leva ao emagrecimento e piora do estado geral do paciente.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICO-RADIOGRÁFICAS
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Carcinoma
Leishmaniose
Paracoccidioidomicose
Sinais clínicos, radiográficos e laboratoriais:
Citologia esfoliativa, Cultura, Biópsia,
Exames sorológicos.
TRATAMENTO
A) Sulfametoxazol + trimetoprim (mais antigo)
B) Cetoconazol
C) Fluconazol
D) Anfotericina B (casos mais gravas –IV- hospitalar)
O tratamento da pbmicose é longo, chegando até a 12 meses de terapia anti- fúngica. Após o tratamento, acompanhamento
ambulatorialmente, com exames clínicos e sorológicos
MÉDICO INFECTOLOGISTA
2. Lesões associadas a Trauma: - Úlceras Traumáticas - Mucocele
As lesões são consideradas traumáticas, uma vez que se
originam devido a uma irritação mecânica, térmica,
elétrica ou química, existindo, portanto, uma relação
causa-efeito.
Úlcera Traumática
São caracterizadas por episódios de curta duração, dolorosos e cujo tratamento consiste na remoção do agente etiológico.
1) As úlceras bucais podem ser a manifestação bucal comum de um amplo espectro de condições patológicas locais e sistêmicas. A maioria das úlceras bucais, em indivíduos saudáveis, representam quadros de estomatite aftosa recorrente (afta menor), associadas a causas locais (traumas e queimaduras) ou infecção pelo vírus herpes simples. 2) Lesões malignas e doenças sistêmicas devem ser consideradas, se estiverem presentes, por mais de duas semanas, após terem sido removidos os possíveis fatores traumáticos. 3) Toda úlcera que persistir por mais de duas semanas, após removido prováveis fatores, deve ser biopsiada.
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
Fenômeno de extavasamento/retenção de muco (gl. salivar menor);
Associado a trauma;
Mais comum no lábio inferior, ventre lingual e mucosa jugal;
Comum em crianças sem predileção pelo sexo.
Superficial ou profunda;
Nódulo flutuante coberto por mucosa de coloração normal;
Pode ocorrer drenagem espontânea com resolução
temporária;
Tratamento: cirúrgico.
3. Lesões proliferativas não neoplásicas: -
Hiperplasia fibrosa inflamatória
É um nódulo de tecido conjuntivo fibroso que se desenvolve a
partir das bordas de próteses mal-adaptadas.
Pode ocorrer em ambos os
maxilares, com predileção pelo sexo feminino.
Características Clínicas
Apresenta-se sob a forma de uma ou várias pregas de tecido hiperplásico no
vestíbulo alveolar.
Consiste em remoção cirúrgica, com exame histopatológico do
tecido excisado. A prótese mal-adaptada deverá ser refeita ou corrigida,
para que se evite a recidiva da lesão.
Tratamento e Prognóstico
4. Neoplasias benignas: - Fibroma
É uma neoplasia benigna de
tecido conjuntivo fibroso.
Aparece mais comumente em
pessoas idosas, como formações
circunscritas, arredondadas, com
base séssil ou pediculada,
recobertas normalmente por
epitélio íntegro.
Neoplasia benigna X resposta a trauma local;
Local mais comum : mucosa jugal (lábio, língua, gengiva);
Clinicamente: nódulo, róseo, superfície plana de tamanhos
variados e normalmente assintomáticos;
4a a 6a décadas de vida.
5. Neoplasias Malignas:
- Carcinoma epidermóide
BRASIL TERÁ MAIS DE 15 MIL NOVOS CASOS
DE CÂNCER DE BOCA
Mata mais de 4 mil pessoas por ano......
Estimativas 2017: 180 casos novos em
Mato Grosso (taxas brutas de
incidência por 100 mil habitantes)
A boca é facilmente acessível ao exame clínico, o que tornaria a prevenção e o diagnóstico precoce possível em muitos casos.
Os fatores de risco são bem conhecidos e podem ser detectados durante o exame clínico e geralmente estão ligados ao estilo de vida do indivíduo.
Embora a cavidade oral possa ser
facilmente examinada através de inspeção visual e tátil, o que em teoria poderia
facilitar a detecção de lesões na fase
assintomática inicial, o diagnóstico de câncer
bucal nessa fase permanece incomum.
Dificuldades de estabelecimento de políticas públicas
dirigidas aos principais fatores de risco relacionados à ocorrência de câncer oral.
Um dos fatores que contribuem para este fato é
a falta de conhecimento dos fatores de risco
para a doença por parte da populações.
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 28 Sup:S30-S39, 2012
Deficiências na formação profissional ou na
educação continuada têm sido apontadas como
fatores que podem contribuir para o diagnóstico
tardio do câncer oral.
Revista Brasileira de Cancerologia 2013; 59(2): 211-218
Braz. oral res. vol.29 no.1 São Paulo 2015
Câncer oral no Brasil: falta de conhecimento técnico dos cirurgiões-dentistas
A taxa de sobrevida em 5 anos em
pacientes com câncer de boca, boca e
faringe foi de apenas
33,3% e a taxa de sobrevivência aos 10
anos foi ainda menor (26,9%).
Perguntas:
Como um país com mais de 268 mil
dentistas formados em 212 escolas de
odontologia pode ignorar um problema tão
grave que afeta sua população?
Como as escolas de odontologia estão
capacitando os futuros profissionais? O
currículo é adequado?
Por que os dentistas não são
reconhecidos pela sociedade como os
profissionais capazes de lidar com esse
problema?
O câncer bucal corresponde a cerca de 30% de todos os tumores
malignos de cabeça e pescoço. Aproximadamente 90% desses são
carcinomas epidermóide, enquanto os 10% restantes representam
malignidades raras (melanomas, linfomas e sarcomas) e uma variedade
de tumores malignos de origem odontogênica..
Neville, 2009; Silva et al., 2010; Campana e Goiato, 2013
Tumores de cabeça e pescoço correspondem ao quinto tipo de
câncer mais comum no mundo, apresentando também alta
mortalidade e morbidade. Devido a isso, o conhecimento sobre a
epidemiologia, fatores de risco, diagnóstico e tratamento é cada vez
mais importante em sua detecção e encaminhamento precoce. Campana e Goiato, 2013
Atualmente - pessoas jovens entre 30 e 45 anos, não
fumantes, independentemente do sexo e etnia. São
pessoas que começaram a vida sexual muito cedo,
tiveram muitos parceiros/as e que praticaram sexo oral indistintamente.
Homens brancos acima dos 40 anos, tabagistas e etilistas
Áreas anatômicas de maior
prevalência são:
borda lateral de língua;
lábio inferior;
assoalho bucal;
rebordo gengival.
Numa fase inicial - apresenta-se sob a
forma de uma mancha de cor branca,
vermelha ou uma conjugação de ambas,
ou mesmo como uma úlcera indolor.
Os principais fatores de risco para o câncer da cavidade oral são: tabagismo, etilismo, infecções por HPV, principalmente pelo tipo 16 e 18, exposição à radiação solar (câncer de lábio) e a dieta.
Os cânceres da cavidade oral podem ser tratados com cirurgia, radioterapia, quimioterapia ou terapia combinada.
Revista Odontológica de Araçatuba, v.34, n.1, p. 20-26, Janeiro/Junho, 2013
A escolha da modalidade vai depender do tipo do tumor, qualidade de vida, custo, conveniência, resultados estéticos e controle da doença.
Na atualidade, a Odontologia compreende a prevenção, o diagnóstico precoce e, não somente,
o tratamento curativo das doenças bucais.
A possibilidade de redução da incidência das doenças bucais está relacionada ao
conhecimento e controle dos fatores de risco que levam ao desenvolvimento dessas doenças.
É de fundamental importância para o tratamento das doenças bucais que o
cirurgião-dentista esteja capacitado a realizar o a prevenção e o diagnóstico precoce
dessas patologias, conhecendo seus sinais e sintomas, principalmente quando atua nos
níveis de prevenção primária e secundária.
1º - Acesse www.telessaude.mt.gov.br
Núcleo Técnico Científico de Telessaúde MT
www.telessaude.mt.gov.br
www.youtube.com/teleeducamatogrosso
Tel: (65) 3661-2494/
3615-7352
Top Related