Conquista
Livre no sou, que nem a prpria vida
Mo consente.
Mas a minha aguerrida
Teimosia
quebrar dia a dia
Um grilho da corrente.
Livre no sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim como um destino.
E vo l desdizer o sonho do menino
Que se afogou e flutua
Entre nenfares de serenidade
Depois de ter a lua!
Miguel Torga
Quem nos Ama no Menos nos Limita
No s quem nos odeia ou nos inveja
Nos limita e oprime; quem nos ama
No menos nos limita.
Que os deuses me concedam que, despido
De afetos, tenha a fria liberdade
Dos pncaros sem nada.
Quem quer pouco, tem tudo; quem quer nada
livre; quem no tem, e no deseja,
Homem, igual aos deuses.
Ricardo Reis
Liberdade
Liberdade, que estais no cu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pio de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.
Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoo.
Mas um silncio triste sepultava
A f que ressumava
Da orao.
At que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O po da minha fome.
Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.
Miguel Torga
Para Aqum de Abril
Entardeceram
nos umbrais da aurora
as memrias do teu rosto
Abril...
Nunca mais soprou o vento
depois
de Novembro
a vida
petrificou-se na inconstncia
do rio...
no mais navegam
o teu sorriso
de florestas virgens
Hoje
passeio atnito
na neblina
das montanhas
fluir no tempo
na inrcia da aventura
sonhar parado
no caminho em movimento
vir estrada
e saber oscilar no horizonte
ser a terra
o mar
o sol
e a boca
cantar poema aberto
esperana viva
olhar o homem disperso
e cant-lo
com a herana do ventre
reinvento-me
e no passo da superfcie
deste mar austero
nos flancos do dia
arde o inatingvel
torno a inventar
(o desfraldar das areias
vai-se consumindo
at que o sol nasa)
Francisco Duarte,
in Afluentes de Liberdade
Explicao do Pas de Abril
Pas de Abril o stio do poema.
No fica nos terraos da saudade
no fica nas longas terras. Fica
exactamente aqui
to perto que parece longe.
Tem pinheiros e mar tem rios
tem muita gente e muita solido
dias de festa que so dias tristes s avessas
rua e sonho dolorosa intimidade.
No procurem nos livros que no vem nos
livros
Pas de Abril fica no ventre das manhs
fica na mgoa de o sabermos to
presente
que nos torna doentes sua ausncia.
Pas de Abril muito mais que pura
geografia
muito mais que estradas pontes
monumentos
viaja-se por dentro e tem caminhos veias
- os carris infinitos dos comboios da vida.
Pas de Abril uma saudade de vindima
terra e sonho e melodia de ser terra e
sonho
territrio de fruta no pomar das veias
onde operrios erguem as cidades do
poema.
No procurem na Histria que no vem
na Histria.
Pas de Abril fica no sol interior das uvas
fica distncia de um s gesto os ventos
dizem
que basta apenas estender a mo.
Pas de Abril tem gente que no sabe ler
os avisos secretos do poema.
Por isso que o poema aprende a voz
dos ventos
para falar aos homens do Pas de Abril.
Mais aprende que o mundo do
tamanho
que os homens queiram que o mundo
tenha:
o tamanho que os ventos do aos homens
quando sopram noite no Pas de Abril.
Manuel Alegre, in Praa da Cano
Abril de Sim Abril de No
Eu vi Abril por fora e Abril por dentro
vi o Abril que foi e Abril de agora
eu vi Abril em festa e Abril lamento
Abril como quem ri como quem chora.
Eu vi chorar Abril e Abril partir
vi o Abril de sim e Abril de no
Abril que j no Abril por vir
e como tudo o mais contradio.
Vi o Abril que ganha e Abril que perde
Abril que foi Abril e o que no foi
eu vi Abril de ser e de no ser.
Abril de Abril vestido (Abril to verde)
Abril de Abril despido (Abril que di)
Abril j feito. E ainda por fazer.
Manuel Alegre, in 30 Anos de Poesia
Abril de Abril
Era um Abril de amigo Abril de trigo
Abril de trevo e trgua e vinho e hmus
Abril de novos ritmos novos rumos.
Era um Abril comigo Abril contigo
ainda s ardor e sem ardil
Abril sem adjectivo Abril de Abril.
Era um Abril na praa Abril de massas
era um Abril na rua Abril a rodos
Abril de sol que nasce para todos.
Abril de vinho e sonho em nossas taas
era um Abril de clava Abril em acto
em mil novecentos e setenta e quatro.
Era um Abril viril Abril to bravo
Abril de boca a abrir-se Abril palavra
esse Abril em que Abril se libertava.
Era um Abril de clava Abril de cravo
Abril de mo na mo e sem fantasmas
esse Abril em que Abril floriu nas armas.
Manuel Alegre, in 30 Anos de Poesia
Tanto Mar
Sei que ests em festa, p
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo pra mim
Eu queria estar na festa, p
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor do teu jardim
Sei que h lguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei tambm que preciso, p
Navegar, navegar
L faz primavera, p
C estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim.
Chico Buarque
A Rapariga do Pas de Abril
Habito o sol dentro de ti
descubro a terra aprendo o mar
rio acima rio abaixo vou remando
por esse Tejo aberto no teu corpo.
E sou metade campons metade
marinheiro
apascento meus sonhos io as velas
sobre o teu corpo que de certo modo
um pas martimo com rvores no meio.
Tu s meu vinho. Tu s meu po.
Guitarra e fruta. Melodia.
A mesma melodia destas noites
enlouquecidas pela brisa no Pas de Abril.
E eu procurava-te nas pontes da tristeza
cantava adivinhando-te cantava
quando o Pas de Abril se vestia de ti
e eu perguntava atnito quem eras.
Por ti cheguei ao longe aqui to perto
e vi um cho puro: algarves de ternura.
Qaundo vieste tudo ficou certo
e achei achando-te o Pas de Abril.
Manuel Alegre , in 30 Anos de Poesia
Elefante de Abril
A Revoluo
teve uma flor
o cravo.
No teve um animal
e, como tal,
proponho o elefante
to paciente e sofredor
durante tanto ano
mas quando a pacincia se esgotou
foi coisa de se ver
violento
eficaz
empolgante.
Depois, voltou a ser
lento
bom rapaz
algo distante.
Mas, ateno
nunca se viu morrer
um elefante!
Carlos Pinho, in Bichos de Abril
Crocodilo de trazer por casa
Aquilo
do crocodilo
era uma mania
que Madame vestia.
Tinha crocodilo para todo o servio
sapato de crocodilo
mala de crocodilo
aplicaes de crocodilo
no casaco e no chapu.
O crocodilo era todo seu.
Ao quilo.
E no se ficou por aqui
digo eu que vi
Madame Reaa
cheia de graa
tirar um frasco da mala
e pr pinguinhos nos olhos
enquanto explicava
aos circunstantes
reverentes
que no usava culos
(isso era dantes)
usava lentes.
S que, no Vero
no via bem secava-se-lhe a vista
e, de a, o expediente
do frasco lacrimal.
Concluso a tirar: eram de crocodilo as
lgrimas tambm.
Carlos Pinho, in Bichos de Abril
Ser ou no ser carneiro
Votava de cruz
ordem do pastor
mas veio Abril
e j comea a ter cor
e j comea a saber
o que quer
e j comea a votar
a pensar
pela prpria cabea
e no pela cabea do parceiro.
Em resumo j no carneiro.
Carlos Pinho, in Bichos de Abril
Oportunismo
O camaleo
tem a cor da ocasio.
Usa-se muito em poltica
prtica muito vista
a situao pode mudar
ele no
sempre situacionista
Carlos Pinho, in Bichos de Abril
Ouvindo Beethoven
Venham leis e homens de balanas,
mandamentos daqum e alm mundo.
Venham ordens, decretos e vinganas,
desa em ns o juiz at ao fundo.
Nos cruzamentos todos da cidade
a luz vermelha brilhe inquisidora,
risquem no cho os dentes da vaidade
e mandem que os lavemos a vassoura.
A quantas mos existam peam dedos
para sujar nas fichas dos arquivos.
No respeitem mistrios nem segredos
que natural os homens serem esquivos.
Ponham livros de ponto em toda a parte,
relgios a marcar a hora exacta.
No aceitem nem queiram outra arte
que a proeza do registo, o verso acta.
Mas quando nos julgarem bem seguros,
cercados de bastes e fortalezas,
ho-de ruir em estrondo os altos muros
e chegar o dia das surpresas.
Jos Saramago, in Poemas Possveis
Portugal
Portugal, se fosses s trs slabas,
linda vista para o mar,
Minho verde, Algarve de cal,
jerico rapando o espinhao da terra,
surdo e miudinho,
moinho a braos com um vento
testarudo, mas embolado e, afinal,
amigo,
se fosses s o sal, o sol, o sul,
o ladino pardal,
o manso boi coloquial,
a rechinante sardinha,
a desancada varina,
o plumitivo ladrilhado de lindos
adjectivos,
a muda queixa amendoada
duns olhos pestantidos,
se fosses s a cegarrega do estio, dos
estilos,
o ferrugento co asmtico das praias,
o grilo engaiolado, a grila no lbio,
o calendrio na parede, o emblema na
lapela,
Portugal, se fosses s trs slabas
de plstico, que era mais barato!
Doceiras de Amarante, barristas de
Barcelos,
rendeiras de Viana, toureiros da Goleg,
no h papo-de-anjo que seja o meu
derrio,
galo que cante a cores na minha
prateleira,
alvura arrendada para o meu devaneio,
bandarilha que possa enfeitar-me o
cachao.
Portugal: questo que eu tenho comigo
mesmo,
golpe at ao osso, fome sem entretm,
perdigueiro marrado e sem narizes, sem
perdizes,
rocim engraxado,
feira cabisbaixa,
meu remorso,
meu remorso de todos ns...
Alexandre ONeill, in Poesias completas
Vai-se o canto vo-se as armas
No sei se as pedras andam
Mas o meu pas pedra
e anda. Desloca-se. Foge.
Pula ribeiros nas pernas
do povo. Salta fronteiras
nas minhas pernas. Rasteja.
Nada. Esconde-se. Atravessa
montanhas. Desaparece.
Disfara-se. O meu pas
deixou de ser pas.
qualquer coisa que caminha.
Que se procura. Saudade
de ser Ptria. Pas em
movimento. Pas sem
cho. Assim cortado
pela raiz o meu pas
feito de dois pases:
um dono o outro no.
Fica o dono e vai-se o outro.
O que se fica tem tudo
o que se vai nada tem:
nem terra para ficar
nem licena para ir.
O meu pas no dono.
No tem licena de nada.
Pas clandestino. Pedra
ambulante. Cho que sangra.
Que caminha. Pula
ribeiros. Corre. Derrama-se.
E vai-se com ele a fora
a guitarra a pena a foice.
Vai-se o canto. Vo-se as armas.
Manuel Alegre, in O Canto e as Armas
A foice e a pena
Com outra que no pena arma
trabalhas.
Se minha a pena tua a foice. Mas
se acaso so diferentes nossas armas
as penas so as mesmas e as batalhas.
Eu ceifo com a pena ervas daninhas
e a mentira que a todos envenena.
E tu ceifando penas essa pena
que fraterna se junta s penas minhas.
Onde tu ceifas eu ceifeiro sou
da tua dor ceifeira e dessas queixas
que dizes a ceifar e nunca ceifas.
Se j teu canto a foice te ceifou
canta ceifeira canta: a dor destri-se
juntando a foice pena e a pena foice.
Manuel Alegre, in Trinta anos de poesia
O grito claro
De escadas insubmissas
de fechaduras alerta
de chaves submersas
e roucos subterrneos
onde a esperana enlouqueceu
de notas dissonantes
dum grito de loucura
de toda a matria escura
sufocada e contrada
nasce o grito claro.
Antnio Ramos Rosa
Quem a tem
No hei-de morrer sem saber qual a cor
da liberdade.
Eu no posso seno ser desta terra em
que nasci:
Embora ao mundo pertena
e sempre a verdade vena
qual ser ser livre aqui,
no hei-de morrer sem saber.
Trocaram tudo em maldade,
quase um crime viver.
Mas, embora escondam tudo
e me queiram cego e mudo,
no hei-de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.
Jorge de Sena, in Fidelidade
Esta lei
Ainda que no houvssemos feito
mais nada desde o sculo XVI,
erigimos este corpo de leis
invulgarmente justas e certas,
em nome da vontade popular.
A lei democraticamente escrita
pelos representantes legtimos de um
povo
e o rosto que esse povo levanta
perante as outras naes.
Resplandecente de esperana e
dignidade,
esta lei h-de fazer-nos maiores
do que somos na adversidade e
dependncia,
porque os homens so construdos ou
destrudos
pelas leis que os obrigam e abrigam.
Esta uma Constituio aventurosa,
projecto de vida certa
deste povo para este povo.
Estes so os novos mandamentos
a que ater-nos durante a longa travessia
at justia de todas as leis do mundo.
Mais uma vez chegamos primeiro,
acaso sem ter com qu.
Mas destruir estas tbuas seria
destruir algo daquilo em que sempre
fomos grandes a capacidade de
inscrever
o sonho realizvel
na memria e no assombro dos outros
povos.
M. Velho da Costa
Os medos
a medo que escrevo. A medo penso.
A medo sofro e empreendo e calo.
A medo peso os termos quando falo
A medo me renego, me conveno
A medo amo. A medo me perteno.
A medo repouso no intervalo
De outros medos. A medo que resvalo
O corpo escrutador, inquieto, tenso.
A medo durmo. A medo acordo. A medo
Invento. A medo passo, a medo fico.
A medo meo o pobre, meo o rico.
A medo guardo confisso, segredo.
Dvida, f. A medo. A medo tudo.
Que j me querem cego, surdo, mudo.
Jos Cutileiro
Poema sobre Salazar
Antnio de Oliveira Salazar
Trs nomes em sequncia regular
Antnio Antnio.
Oliveira uma rvore.
Salazar s apelido.
At a est bem.
O que no faz sentido
o sentido que tudo isto tem.
Este senhor Salazar
E feito de sal e azar.
Se um dia chove,
A gua dissolve o sal,
E sob o cu
Fica s azar, natural.
Oh, cos diabos!
Parece que j choveu
Coitadinho
Do tiraninho!
No bebe vinho.
Nem sequer sozinho
Bebe a verdade
E a liberdade.
E com tal agrado
Que j comeam
A escassear no mercado.
Coitadinho
Do tiraninho!
O meu vizinho
Est na Guin
E o meu padrinho
No Limoeiro
Aqui ao p.
Mas ningum sabe porqu.
Mas enfim
Certo e certeiro
Que isto consola
E nos d f:
Que o coitadinho
Do tiraninho
No bebe vinho,
Nem at
Caf.
Fernando Pessoa
Portugal, cravo vermelho
Em vinte e cinco de Abril,
em Portugal, de repente,
no termo da madrugada,
floriram cravos vermelhos.
J quarenta e oito anos
a treva nos tinha cegos,
quando da treva rasgada
floriram cravos vermelhos.
Veio a manh que tardava.
Estava a longa noite finda.
Num rumor de asas de pombas,
floriram cravos vermelhos.
Desde os peitos dos soldados
aos peitos dos marinheiros,
nas prprias metralhadoras,
floriram cravos vermelhos.
Mal rompeu o dia novo,
logo por ruas e praas,
das cidades s aldeias,
floriram cravos vermelhos
Quer nas mos dos operrios,
quer nas mos dos camponeses,
no tempo de um pensamento,
floriram cravos vermelhos.
Nos olhos baos dos velhos,
na gralhada das crianas,
no enlevo das mulheres,
floriram cravos vermelhos.
Nas pginas dos escritores,
na ateno dos estudantes,
na comoo da razo,
floriram cravos vermelhos.
Era um povo renascido
da morte em que estava morto,
cujos gestos e gritos
floriram cravos vermelhos
No sol, na lua, no vento..
nas searas, nos montados,
nos olivais, nas charnecas,
floriram cravos vermelhos.
Na voz das fontes e rios,
por ondas do mar amigo,
nas penedias dos montes,
floriram cravos vermelhos.
No po, no vinho, nos frutos,
de sangue e suor nutridos,
mais na fome e sede deles,
floriram cravos vermelhos.
No azul do cu profundo,
no branco leve das nuvens,
no canto alegre das aves,
floriram cravos vermelhos.
Na sombra vil das prises
abertas de par em par,
dos irmos delas libertos,
floriram cravos vermelhos.
Mas no Primeiro de Maio
foi que, em todo o Portugal,
Portugal todo floriu
num mesmo cravo vermelho.
Armindo Rodrigues
Cravo Mal Temperado II
Vamos sentar
devagar no regao deste mal
armado dia
o perfume quebradio das glicnias
e a tarde manifesta de abril
vamos revelar as dores manuscritas
nas costas oficiais
do caixilho da alegria
cheia de perigos
a medio dos passos
organizado
s o esforo do cho
pelas encostas da garganta
os gritos descansam
sombra do que no sabem
o sol ainda milita
arroxeado.
Boaventura de Sousa
Festejar no teu corpo a liberdade
que a obra desta noite pronuncia
sobre o nervo da voz fora de alarme
garganta milimtrica de abril
um cravo na coronha de um soldado
no carmo h meia hora ainda em sentido
para o gesto to fundo to volvel
infncia j da luz dentro do sismo
Jornais no censurados no tapete
uma fbula frtil de fogueiras
crepitando onde rola o som da estampa
interior ao rumo labareda
o desenho final do nosso beijo
na premissa mais livre do meu sangue
Olga Gonalves
Revoluo
Como casa limpa
Como cho varrido
Como porta aberta
Como puro incio
Como tempo novo
Sem mancha nem vcio
Como a voz do mar
Interior de um povo
Como pgina em branco
Onde o poema emerge
Como arquitectura
Do homem que ergue
Sua habitao
Sophia de Mello Breyner Andresen
Que pas constris?
Porque tens nos olhos
o sol
e o mar
Porque tens nos olhos
o rio
e tambm:
o riso
e o fogo
Porque tens no ventre
a raiz de todas
as crianas
que pas constris
diariamente?
Maria Teresa Horta
25 de Abril
Este dia um canteiro
com flores todo o ano
e veleiros l ao largo
navegando a todo o pano.
E assim se lembra outro dia febril
que em tempos mudou a histria
numa madrugada de Abril,
quando os meninos de hoje
ainda no tinham nascido
e a nossa liberdade
era um fruto prometido,
tantas vezes proibido,
que tinha o sabor secreto
da esperana e do afecto
e dos amigos todos juntos
debaixo do mesmo tecto.
Jos Jorge Letria
Ei-los Que Partem
Ei-los que partem
novos e velhos
buscando a sorte
noutras paragens
noutras aragens
entre outros povos
ei-los que partem
velhos e novos.
Ei-los que partem
de olhos molhados
corao triste
e a saca s costas
esperana em riste
sonhos dourados
ei-los que partem
de olhos molhados.
Viro um dia
ricos ou no
contando histrias
de l de longe
onde o suor
se fez em po
viro um dia
ou no.
Manuel Freire
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