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Manuel António AssunçãoReitor da Universidade de Aveiro
Edito
rial
A internacionalização das instituições de
ensino superior tem hoje uma importância
decisiva, sendo simultaneamente reflexo
e gerador de maior qualidade.
Reflexo pelo que representa de capacidade
de atração de estudantes e de trabalhadores
do conhecimento. Gerador pelo ambiente
multicultural de aprendizagem e de vivência
no Campus, pelo alargamento das redes,
pelo acréscimo da exigência e pela
maior visibilidade.
A evolução da presença estrangeira na
UA, nos últimos quatro anos, ultrapassou
significativamente as metas que havíamos
inscrito, contando já com 1400 estudantes
de 77 nacionalidades, número até há
pouco tempo, inimaginável. Mas é
necessário fazer mais e melhor, em todas
as áreas de atividade.
É fundamental, primeiro que tudo, aumentar
o número de estudantes internacionais,
tanto de formação inicial como de pós-
-graduação, isto é dos que se deslocam
para estudar em Aveiro. Dispomos
agora de novos instrumentos e de sinais
externos que devemos saber mobilizar
a nosso favor: o "Estatuto do Estudante
Internacional", recentemente aprovado;
o compromisso, assumido pelo Governo,
de disponibilizar verbas específicas
para apoio à internacionalização das
universidades; e o protocolo assinado
entre o CRUP e a AICEP onde se consagra,
pela primeira vez, o reconhecimento de
que o Ensino Superior português, que se
encontra nos trinta primeiros do mundo
(24° segundo o ranking da Universitas
21 / Universidade de Melbourne), é
exportável. Para isso precisamos de
disponibilizar mais enquadramento e
apoio - nomeadamente ensino em língua
inglesa- para os estudantes que nos
escolhem e não dominam o português.
E temos também que dotar os estudantes
portugueses com mais competências de
trabalho em ambiente multicultural e de
domínio de línguas, não só do inglês, mas
de outras que vimos disponibilizando,
onde se incluem já o chinês e o árabe,
por exemplo, e, a muito curto prazo, o
ensino curricular da língua russa. De modo
recíproco, é preciso enfatizar o propósito
e a nossa firme determinação em garantir
que os estudantes estrangeiros que nos
escolhem voltem aos seus países com
uma proficiência sólida em português,
uma língua com crescente importância no
mundo global em que vivemos. Porque a
internacionalização tem dois sentidos ou,
melhor, múltiplos pontos de encontro.
Em paralelo, deveremos tirar o máximo
partido dos programas de mobilidade e
de outras oportunidades de promover
estágios internacionais, designadamente
dos programas Erasmus + e o Erasmus
Mundus, e PLI-Programa de Licenciaturas
Internacionais e Ciência sem Fronteiras,
com o Brasil. E também das múltiplas
redes em que estamos presentes, como
o ECIU, a India Platform, o COLUMBUS, a
EuroUniverCities e todas as colaborações
que decorrem dos projetos de
investigação e da mobilidade dos nossos
docentes e investigadores.
Temos vindo a desenvolver uma
política de alianças e relações
preferenciais com universidades
estrangeiras, consolidando-se os
laços já existentes e alargando-os a
outras instituições, escolhidas tendo
em consideração as áreas geográficas
e os domínios do conhecimento mais
relevantes para o projeto da UA.
Este é um trabalho, bem se vê, a realizar
em frentes plurais, mas em que cada
membro da Comunidade UA, dos
docentes aos estudantes, aos antigos
alunos, tem – deve ter – uma participação
cada vez mais ativa, dando a conhecer
a qualidade do que se faz na UA,
alimentando as parcerias existentes
e criando novos nós nesta rede,
atraindo novos estudantes para os
nossos Campi. Contamos com todos
para este efeito.
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22-27
11-15
03
OPINIÃO
2013-2020 – A estratégia nacional
para o mar e a ua
Lei de Bases do Ambiente revista:
simples e sucinta, mas controversa
AAAUA – Um percurso não linear
DOSSIER
UA, ninho de inovação e valorização do
conhecimento
PERCURSOS ANTIGOS ALUNOS
Patrícia Albergaria Almeida
Fábio Silva
Carlos Gomes da Costa
DISTINÇÕES
PERCURSO SINGULAR
Isabel Alarcão
EDITORIAL
Manuel António Assunção
Reitor da UA
06-10
28-31
16-20
EDIÇÕES
5
CULTURAL
Uma festa que mudou o destino
de um bairro
ACONTECEU NA UA
48-49
50-5338-39
54-57ENTREVISTA COM...
Manuel António Assunção
COOPERAÇÃOINVESTIGAÇÃO
Música: esse grande coração!
Investigação-ação de Estudos Culturais
alarga-se ao empreendedorismo no
terceiro setor
CAMPUS EXEMPLAR
UA é visitada anualmente por
milhares de pessoas
ENSINOValoriza-te: vem, vive e volta
40-45
4732-37
linhas maio 2014
No passado dia 12 de fevereiro foi publicada em DR a
Estratégia Nacional para o Mar 2013-2020 (ENM2013-2020).
É dito que a ENM2013-2020 apresenta um novo modelo
de desenvolvimento do oceano e das zonas costeiras que
permitirá a Portugal responder aos desafios colocados para
a promoção, crescimento e competitividade da economia do
mar, nomeadamente as importantes alterações verificadas no
âmbito político e estratégico a nível europeu e mundial.
O regresso de Portugal ao mar depende da execução de uma
estratégia assente no conhecimento e progresso tecnológico
e na dimensão e geografia do território nacional, emerso
e imerso, incluindo a nova dimensão alargada resultante
da submissão apresentada para a extensão da plataforma
continental além das 200 milhas marítimas.
Esta estratégia surge no âmbito da Diretiva nº 2008/56/CE do
Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de junho, designada
por Diretiva Quadro Estratégia Marinha (DQEM), que determina
o quadro de ação comunitária, no domínio da política para o
meio marinho, no âmbito do qual os Estados-membros devem
tomar as medidas necessárias para obter ou manter um bom
estado ambiental no meio marinho até 2020.
A ENM2013-2020 pretende ser uma rota para o desenvolvimento
numa perspetiva essencialmente intersectorial, fundada
no conhecimento e na inovação em todas as actividades e
usos do mar, promovendo uma maior eficácia no uso dos
recursos num quadro de exploração sustentada e sustentável.
Nesta perspectiva, a Universidade de Aveiro está presente e
consubstancia a prioridade científica “Mar” na criação do Aveiro
Institute for Marine Science and Technology (AIMare) que terá
como missão coordenar e agregar as competências científicas
da UA no que diz respeito à gestão do litoral e à investigação
do mar, promovendo sinergias com os setores público e
privado ligados ao mar. O AIMare organizado em quatro áreas
estratégicas -(i) ambiente saudável e sustentável, (ii) recursos
minerais e energéticos marinhos, (iii) tecnologias de aplicações
2013-2020A estratégia nacionalpara o mar e a ua
marinhas e (iv) recursos biológicos
marinhos-, que são desenvolvidas em
várias unidades de investigação da UA
(e.g. CESAM, CICECO, IT, GEOBIOTEC,
GOVCOPP, IEETA, QOPNA,TEMA).
A prioridade “mar” da UA também
se reflete na criação da Plataforma
Tecnológica do Mar (PTM), que se
enquadra na aposta da Universidade
em criar redes de competências
direcionadas para setores-chave da
economia nacional, dando continuidade
à investigação de excelência produzida
na UA neste setor, apostando-se em
estratégias inovadoras para trabalhar em
conjunto com um diversificado número
de parceiros empresariais. O ECOMARE
– Centro de Pesquisa para a Inovação e
Sustentabilidade da economia do mar,
como que fecha a tríada estratégica do
mar dentro da UA. Em parceria com a
Câmara Municipal de Ílhavo e com o
Porto de Aveiro e atualmente em fase
de construção, é uma infraestrutura
que é também um projecto âncora do
Cluster do Conhecimento e Economia
do Mar, dinamizado pela Oceano XXI-
-Associação para o Conhecimento e
Economia do Mar. Está organizado em
duas subunidades: Centro de Extensão
para a Pesquisa Marinha e Ambiental,
onde fundamentalmente se desenvolverá
investigação pluridisciplinar/
multidisciplinar e muito direcionada
para problemas e ou oportunidades
da “economia real” ligada ao mar e
ao chamado crescimento azul (e.g.
Amadeu SoaresProfessor Catedráticoe Diretor do Departamento de Biologia,Diretor-adjuntodo CESAM
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7 opinião
atividades aquícolas, com objetivos de
produção alimentar ou de exploração de
potencialidades para uso em cosmética
ou farmacêutico); Centro de Pesquisa e
Reabilitação de Animais Marinhos, mais
virado para aspetos conservacionistas
e de sensibilização ambiental, sem
no entanto descurar as relações
entre a conservação e a economia do
mar, como as pescas e a exploração
sustentada dos recursos. Também aqui
a UA tem e continuará a ter um papel
primordial a nível nacional. De facto, ao
abrigo das Directivas Habitats e Aves,
bem como devido à participação em
acordos internacionais, desde 2001 que
Portugal deveria manter programas de
monitorização que permitissem avaliar
a evolução do estatuto de conservação
de espécies prioritárias. Para o meio
marinho, tal esforço só foi iniciado
em 2005 para as aves e em 2008
para os cetáceos, muito por trabalho
desenvolvido na UA, sendo que para
tartarugas marinhas só em 2011 é que
se iniciam os primeiros trabalhos. Até
2015 e através de um Projeto LIFE,
coordenado pelo Departamento de
Biologia e CESAM, será possível recolher
informação de base para definir os
valores de referência em termos de
conservação destas espécies. A partir
de 2015 a recolha de dados sistemáticos
que visem avaliar o bom estado de
conservação das espécies alvo deve
ser assegurado por verbas dos próprios
Estados-membros. Assim, neste
momento Portugal conseguirá definir os
valores de referência, mas para continuar
a assegurar o cumprimento dos seus
compromissos legais, terá que encontrar
novos mecanismos de financiamento
paralelos ao programa LIFE, algo que terá
que ser acautelado no âmbito do Plano
de Monitorização da DQEM, atualmente
em discussão nacional e para o qual a UA
tem competências relevantes.
Predadores de topo do meio marinho
estão entre os grupos mais sensíveis a
alterações do bom estado ambiental,
porque podem ser afetados por uma série
de fatores de pressão que vão desde
causas naturais (como tempestades) até
fatores de pressão de origem humana
(poluentes, lixo, pescas, etc). Ao longo dos
últimos anos com a melhoria dos meios
de investigação, com a criação de redes
de arrojamentos profissionalizadas, com
a criação de bancos de tecidos, centros
de reabilitação e desenvolvimento de
métodos autónomos de monitorização
(sistemas acústicos, de seguimento por
satélite, etc) o conhecimento sobre a
bio-ecologia destas espécies aumentou
de forma significativa. Este aumento de
conhecimento tem permitido verificar
que diversas espécies destes grupos
faunísticos funcionam como verdadeiros
organismos sentinela do meio marinho,
havendo cada vez mais evidências em
diversas relações causa-efeito, tais
como: isolamento populacional do boto e
especiação devido a alterações climáticas
nos últimos 300 anos; declínio e quase
extinção de comunidades reprodutoras
de airos e tordas devido ao advento da
pesca com redes de nylon; alterações
na distribuição e uso de espaço por
cetáceos, e aves marinhas, devido
à depleção de recursos alimentares;
alterações significativas na composição
da dieta em cetáceos e aves devido
à modificação da disponibilidade de
recursos alimentares; aumento de
zoonoses infeciosas devido ao aumento
da acumulação de poluentes perigosos
(cádmio, mercúrio, PCB's); diminuição
da condição fisiológica e de taxas
reprodutivas devido a biotoxinas. Assim,
nos últimos anos tornou-se evidente
que predadores de topo, como alguns
cetáceos, aves marinhas e tartarugas
são extremamente sensíveis a alterações
específicas no meio marinho, mas acima
de tudo são um dos melhores indicadores
para alterações crónicas e de carácter
generalista e difuso (que muitas vezes
passam completamente despercebidas
quando monitorizados por outros
parâmetros) do bom estado ambiental.
A UA, através dos seus investigadores
e pela recente criação do AIMare, da
PTM e do ECOMARE terá cada vez
mais um papel crucial na coordenação
e investigação nesta área, contribuindo,
mais uma vez, para que a tal aposta
nacional e estratégica no Mar seja algo
solidamente ancorado no desenvolvimento
e aplicação do conhecimento científico
das várias valências do mar.
"Nos últimos anos tornou-se evidente que os
predadores de topo são extremamente sensíveis
a alterações específicas no meio marinho,
mas acima de tudo são um dos melhores
indicadores para alterações crónicas e de caráter
generalista e difuso do bom estado ambiental"
7 opinião
linhas maio 2014
Foi publicada, no passado dia 14 de
abril, a Lei de Bases do Ambiente, Lei
19/2014. O diploma, que revoga a Lei
n.º 11/87, alterada pela Lei n.º 13/2002,
foi aprovado apenas com os votos da
maioria PSD/CDS.
A revisão da anterior Lei de Bases
do Ambiente (LBA), aprovada em 7
de abril de 1987 pela Assembleia da
República, justificou-se plenamente
porque a primeira LBA foi concebida
numa época em que praticamente não
existia política de ambiente em Portugal
e o país estava ainda nos primórdios da
integração europeia. Ela surgiu 11 anos
depois da consagração do artigo 66º,
sobre o ambiente, na Constituição da
República Portuguesa.
Esta LBA foi considerada, à época,
avançada quanto ao seu conteúdo e
opções que tomou, se bem que muitas
delas só tardiamente foram executadas
e outras nunca saíram do papel.
Tal não significa que não se lhe
reconheça mérito e vantagens na sua
existência. A LBA de 1987 constituiu
um marco de grande importância nas
políticas de ambiente em Portugal
e assumiu um papel pedagógico,
definindo termos e estruturando
conceitos que ainda hoje prevalecem
no direito do ambiente português.
Volvidos 27 anos, Portugal dispõe de
um extenso quadro jurídico-institucional
em matéria de política ambiental. O país
conheceu inúmeras melhorias em termos
de política e qualidade do ambiente,
como foi reconhecido pela revisão do
desempenho ambiental da OCDE em 2011.
Contudo, Portugal enfrenta ainda vários desafios importantes.
Desde logo, importa concluir o processo de infraestruturação
nos domínios da água e saneamento, ou seja, a implementação
de políticas de primeira geração. Por outro lado, é fundamental
também garantir uma maior eficácia na gestão das políticas
e sistemas ambientais, em particular numa ótica de gestão
integrada do ambiente. Portugal precisa assim de consolidar as
políticas ambientais de segunda geração, como as alterações
climáticas e o desenvolvimento sustentável.
No entanto, a política ambiental evoluiu sobremaneira nas
últimas duas décadas. É hoje considerada geradora de
desenvolvimento económico moderno e competitivo.
Acresce que princípios de política ambiental como os
princípios da integração e da precaução são, hoje, património
incontestado da política europeia de ambiente, com
consagração nos Tratados europeus.
Por isso, a revisão da LBA foi útil e necessária. Mas uma
revisão ambiciosa da LBA deveria assentar necessariamente
num processo participado que refletisse as melhores práticas
da política ambiental e visar a obtenção de um amplo consenso
político e social em torno das suas opções. Isso não aconteceu,
por culpa das forças partidárias. Todos se mantiveram nas suas
posições (leia-se, nas suas propostas de lei…), esquecendo o
interesse nacional e que o ambiente é demasiado importante
para servir interesses partidários. Mais uma vez o interesse
nacional foi esquecido pelos partidos.
A lei contém princípios básicos para resistir à erosão do tempo.
Por isso, os planos nacionais estratégicos na área do ambiente
não foram ali acolhidos, sendo preferencialmente aprovados por
outras leis. Em termos de componentes ambientais naturais,
nota-se a relevância dada ao recurso ar, em que a sua gestão
engloba a preservação e melhoria da qualidade do ar ambiente
e a garantia da sua boa qualidade no interior dos edifícios.
A mesma lógica de princípios gerais foi seguida para a área das
Alterações Climáticas. Defende que a política de combate às
alterações climáticas implica uma visão integrada dos diversos
setores socioeconómicos e dos sistemas biofísicos através de
uma estratégia de desenvolvimento assente numa economia
Lei de Bases do Ambienterevista: simples e sucinta,mas controversa
Carlos BorregoProfessor Catedrático eDiretor do Departamento de Ambiente e Ordenamento da UA.Membro do Conselho Consultivo para a revisão da LBA, fevereiro a julho 2012
9 opinião
competitiva de baixo carbono, de acordo com a adoção
de medidas de mitigação e medidas de adaptação.
Uma das apostas da nova lei é a de reforçar os instrumentos
económico-financeiros ambientais, através de princípios, como o
princípio do poluidor-pagador e do utilizador-pagador, que foram
tidos em conta na regulamentação de outros domínios. Também
contempla a necessidade de todos os planos estratégicos terem
uma avaliação de risco a longo prazo, baseados em cenários
sobre o futuro, bem como, no caso da avaliação ambiental, os
projetos suscetíveis de causarem impactos ambientais adversos
significativos estarem sujeitos a análise do ciclo de vida.
A Lei de Bases do Ambiente responde aos grandes desafios
futuros, mesmo havendo aspetos em que poderia ser mais
ousada. Como acontece com muitas leis, não são as opções de
fundo que estão erradas, mas sim a aplicação que é inexistente
ou por vezes distorcida, o que leva ao descrédito das leis e
da autoridade do Estado. Que não aconteça com esta o que
aconteceu com a anterior neste campo!
É uma lei simples, sucinta, que serve de guião, e não uma lei
regulamentadora. Mas foi controversa. Podia, e devia, ter sido
uma manifestação de maturidade do Parlamento, mas foi a
oportunidade perdida pela Assembleia da República de ter
aprovado também esta lei sem votos contra, como aconteceu
com a anterior!
"Uma revisão ambiciosa
da LBA deveria assentar
necessariamente num processo
participado que refletisse as
melhores práticas da política
ambiental e visar a obtenção de
um amplo consenso político e
social em torno das suas opções"
9 opinião
linhas maio 2014
A Associação dos Antigos Alunos da Universidade de Aveiro
(AAAUA) tem tido alterações substanciais nos últimos anos, fruto
das mudanças dos tempos, das necessidades, das vontades das
gentes, das crises e modas, e dos seus dirigentes.
Todos temos a consciência de que as coisas não estão fáceis,
e que nos momentos difíceis é que a união e solidariedade
são absolutamente necessárias, e também por isso a AAAUA
deve ter um papel ainda mais ativo, na ajuda à superação de
dificuldades dos antigos alunos, e apresentar-se como uma
associação que tem sentido existir.
Estamos certos disto, mas, no entanto, encontramos uma
dificuldade extrema, que atravessa transversalmente toda a
sociedade, que é a crise do movimento associativo, como
sussurrando que não vale a pena a união por coisas importantes,
que a união não faz a força. Estamos cientes das dificuldades
do dia-a-dia dos antigos alunos e do seu provado desinteresse
numa participação mais ativa, mas certos que uma associação
só se faz com associados, que superar dificuldades e obstáculos
se faz com união e vontade, com posições flexíveis e tendo como
lema, que amanhã, qualquer um poderá estar do outro lado da
linha que separa os bens sucedidos dos restantes.
Na vida, esta linha não depende, muitas vezes, de algo que
fizemos, da nossa vontade, do nosso empenho no sucesso
e na felicidade, mas de fatores exógenos a nós e, por isso, a
existência de redes é um amparo de aconchego para todos.
Os que estão bem, deveriam ajudar os que pior estão, e os que
necessitam agradeceriam, devendo saber ambos que facilmente,
feliz ou infelizmente, poderão trocar de posição, e muito
rapidamente, como em tudo, neste novo milénio.
Poderá haver maior alegria ou ventura que estar na
rede, sempre a dar, sem nunca necessitar de buscar por
necessidade, dar sem pensar receber, e por isso mesmo
receber a recompensa incomensurável de se ser útil?
O drama é que a maior parte de nós não tem essa consciência
e age como se existisse um predestino que atira uns para o
insucesso e uma sorte que catapulta outros para o sucesso.
Pois, mas não é assim, nada está determinado, nem os sucessos
nem os contrários, mas certo é que juntos somos mais fortes e,
conectados em rede, tocamos mais pontos e encontramos os
caminhos por mais difíceis que eles possam parecer. Não há
impossíveis e é isto que queremos demostrar nesta rede que
gostaríamos que crescesse e se tornasse cada vez mais forte.
No ano passado a AAAUA esteve
envolvida na organização da
comemoração do dia do antigo aluno,
integrada nas atividades do 40 anos
da UA, tendo tido um papel crucial no
sucesso desta iniciativa a repetir, que
serviu também para reforçar as ligações
com a equipa Reitoral e perceber quem
está de facto na rede.
Organizámos cinco sessões sobre
Empreendorismo e Internacionalização,
do Porto a Lisboa, convidando
personalidades nacionais e
internacionais de relevo, mostrando
que, com uma boa rede de contactos,
podemos juntar quem quisermos e onde
quisermos. Durante dois meses tivemos
no ar, uma vez por semana, um programa
de rádio, na Terranova, designado Rede
Alumni UA, que serviu para mostrar o
que é a AAAUA e o papel da nossa rede
e da nossa marca UA.
Este ano iremos continuar com as
tertúlias, convidando antigos alunos
que se destacaram na UA, e tentar
fazer um roteiro dos locais simbólicos
da academia dos anos 90 e 2000 para
memória futura, com concursos de
ideias e ainda focar a nossa atenção
na Responsabilidade Social e todos os
modelos que giram à sua volta.
A criação, dentro da AAAUA, de um
núcleo de Responsabilidade Social é já
uma realidade, e o suporte à Plataforma
(4iS) de interação multissetorial para a
criação de projetos de Inovação Social
também foi já formalizado.
Este é um balanço simples do que fizemos
e iremos fazer neste mandato, sendo que
o mais difícil tem sido a mobilização dos
antigos alunos e da sociedade em geral
que se esquece que o futuro somos nós e
que o presente já passou.
AAAUA – Um percurso não linear
Carlos Pedro FerreiraPresidente da Associação dos Antigos Alunos da UA
11 opinião11 distinções
DISTINÇÕES
DESIGN DA UA É UM DOS 50
MELHORES CURSOS DA EUROPA
Pelo segundo ano consecutivo o curso
de Design da Universidade de Aveiro
foi selecionado para figurar na restrita
lista da revista Domus como um dos
50 melhores cursos na área a nível
europeu. A listagem com referência
à Licenciatura e Mestrado em Design
do Departamento de Comunicação e
Arte (DeCA) da academia de Aveiro
foi publicada numa edição da revista
italiana, uma das mais importantes
publicações mundiais dedicadas não só
ao design como também à arquitetura
e à arte.
A renovada presença do Design da UA
na edição da Domus especialmente
dedicada aos melhores cursos e
escolas “é o reconhecimento da aposta
séria que a Universidade fez há quase
duas décadas na área do design, mas
também a valorização da singularidade
da formação que prestamos”. Álvaro
Sousa, diretor do Mestrado em Design
da UA, garante que o curso se afirmou
“muito para além da área geográfica
de influência da Universidade, sendo
hoje identificado como uma marca de
formação de excelência”.
SELOS DE QUALIDADE ECTS E DS ATRIBUÍDOS NOVAMENTE À UA
A Universidade de Aveiro conseguiu a renovação da certificação Europeia ECTS
(European Credit Transfer and Accumulation System) e DS (Diploma Supplement) até
2016. O selo de qualidade ECTS atesta a qualidade da informação prestada sobre a
oferta formativa e a gestão da mobilidade de estudantes, por parte de instituições de
ensino superior. O selo DS certifica a qualidade da informação constante do suplemento
ao diploma entregue ao estudante no final de um ciclo de estudos.
Estes selos de qualidade são concedidos pela Comissão Europeia, através da Agência
Executiva para a Educação, Audiovisual & Cultura. De referir que a UA detém o ECTS
Label (Selo ECTS) desde 2004 e o DS Label (Selo DS) desde 2009 (os diplomados pela
UA recebem desde essa data um suplemento ao diploma que cumpre as regras da
Comissão Europeia).
Em Portugal, obtiveram renovação do ECTS Label apenas a Universidade do Minho e o
Instituto Politécnico de Tomar, além da UA. A renovação do DS Label aconteceu na UA,
Universidade do Minho, Instituto Politécnico de Tomar, Universidade da Beira Interior e
Instituto Superior de Psicologia Aplicada.
linhas maio 2014
INVESTIGADOR NOMEADO
DISTINGUISHED MICROWAVE
LECTURER PELO IEEE
José Carlos Pedro foi nomeado
Distinguished Microwave Lecturer pelo
Institute of Electrical and Electronics
Engineers (IEEE). A distinção atribuída
ao cientista e docente no Departamento
de Eletrónica, Telecomunicações e
Informática da Universidade de Aveiro
segue-se à sua nomeação como IEEE
Fellow Member, o maior grau a que
um membro pode ascender na mais
importante e representativa organização
mundial na promoção do conhecimento
nos campos da engenharia eletrotécnica,
eletrónica e da computação.
UA PERMANECE ENTRE AS 100
MELHORES E MAIS JOVENS DO
MUNDO SEGUNDO O THE
A Universidade de Aveiro integra o
ranking Times Higher Education (THE)
das 100 melhores universidades
com menos de 50 anos, pelo terceiro
ano consecutivo e está entre as 500
melhores no ranking de Leiden.
A UA surge na posição 79 no ranking
THE das universidades com menos de 50
anos, sendo muito evidente a subida das
instituições de ensino superior asiáticas,
como reconhece a própria equipa de
investigadores que concebe esta lista
ordenada. A Pohang University of Science
and Technology (Postech), da Coreia do
Sul lidera o ranking.
No ranking de Leiden 2014, a UA aparece
na posição 446. As seis universidades
portuguesas que são classificadas neste
ranking, colocam-se entre a posição 379,
da Universidade do Minho, e a posição
513, da Universidade de Coimbra.
Neste ranking, a UA lidera a nível nacional
quanto ao número de citações em
relação ao total de publicações na área
“Matemática, Ciência de Computadores
e engenharia” e quanto a publicações
em colaboração com empresas,
contabilizando todas as áreas científicas.
em Engenharia Eletrotécnica, também
pela academia de Aveiro, em 1993, José
Carlos Pedro é atualmente professor
catedrático no DETI.
DOCENTE DA UA ELEITO PARA
COMITÉ DE GESTÃO DAS
PLATAFORMAS TECNOLÓGICAS
EUROPEIAS
Rui Aguiar, professor da Universidade
de Aveiro e investigador do Instituto
de Telecomunicações, foi eleito para
o Comité de Gestão das Plataformas
Tecnológicas Europeias (PTE)
Net!Works e ISI (Plataforma Tecnológica
Europeia em Comunicações Móveis).
O investigador é um dos seis membros
académicos – e único de nacionalidade
portuguesa – de um comité que irá
liderar, ao longo da próxima década,
toda a investigação europeia em
comunicações móveis.
“Esta nomeação vem permitir que tanto
eu, como toda a comunidade científica
portuguesa, possamos ter uma posição
privilegiada e uma palavra a dizer no
processo de definição das linhas de
investigação e desenvolvimento para
os próximos anos”, congratula-se Rui
Aguiar. Ao fazer parte do Comité europeu
envolvido na definição da Agenda
Estratégica de Investigação, participará
também na definição da matriz
orientadora para a Associação 5G-PPP,
uma parceria público-privada ligada à
investigação na área das Tecnologias de
Informação e Comunicação (TIC).
FC PORTUGAL 3D É TRICAMPEÃ DA
EUROPA DE FUTEBOL ROBÓTICO
A equipa FC Portugal 3D, projeto
conjunto das Universidades de Aveiro,
Porto e Minho, venceu o RoboCup
German Open 2014, que equivale a
um Campeonato Europeu de Futebol
Robótico, na liga de Futebol Robótico
Simulado 3D. O RoboCup German
Open 2014 decorreu entre 3 e 5 de abril,
em Magdeburgo, Alemanha. Esta foi a
terceira vitória consecutiva da equipa FC
Portugal 3D nesta prova anual.
Como DML, José Carlos Pedro terá a
missão, durante três anos, de divulgar
em palestras e discussões perante os
grupos regionais do IEEE a nível global
o estado-da-arte dos vários ramos
da engenharia eletrotécnica e as suas
previsíveis direções futuras. Doutorado
13 distinções
A FC Portugal 3D mostrou uma eficácia
a toda a prova, marcando 83 golos, sem
sofrer nenhum. A equipa teve 12 vitórias e
dois empates nos 14 jogos disputados.
Na fase final, a equipa FC Portugal derrotou
a equipa Photon (Rússia) por 9-0 na meia-
-final, e venceu a equipa magmaOffenburg
(Alemanha) por 2-0 na final. A Liga de
Simulação 3D é uma competição em que
duas equipas de 11 robôs humanoides
virtuais jogam futebol através de um
simulador. Os robôs simulados são
totalmente autónomos durante os jogos,
não havendo qualquer intervenção humana
depois do jogo começar. A liga desafia
os investigadores a encontrar a melhor
forma de movimentar um robô humanoide
de forma estável. Desafia também os
investigadores a criarem metodologias de
coordenação de equipas de robôs, tais
como formações, trocas de posições,
táticas ou jogadas estudadas.
Symposium on Corusology, Choral Art
- Singing - Voice", pelas instituições que
organizaram o evento: a Associação de
Maestros de Coro da Croácia e o Instituto
Internacional de Canto Coral.
Os três autores desta joelheira gostariam
agora de encontrar parceiros de
negócios para tornar este projeto viável e
disponibilizar este dispositivo no mundo
da Fisioterapia.
FILIPA LÃ RECEBE PRÉMIO PELA
CONTRIBUIÇÃO CIENTÍFICA NO
ESTUDO DA VOZ
Filipa Lã, professora de música na
Universidade de Aveiro, recebeu
um prémio do “International Choral
Institution” em colaboração com a
“Croatian Choral Directors Association”,
numa conferência na Croácia, dia 25 de
abril, homenageando a sua contribuição
científica no estudo da voz em contextos
performativos de ensamble.
Trata-se de um diploma de
reconhecimento do contributo do seu
trabalho ao longo dos anos na progressão
das áreas de pedagogia e ciência vocais.
O prémio foi atribuído na conferência
"ARS CHORALIS 2014 – “International
MEMBROS DA COMUNIDADE UA
VENCEM SAPO CODEBITS 2014
Uma equipa de três pessoas que inclui
uma aluna e um antigo aluno e funcionário
da Universidade de Aveiro venceu a
edição de 2014 do concurso Sapo
Codebits com uma joelheira inteligente
que pretende melhorar a qualidade
de vida (e indiretamente o tempo de
recuperação) das pessoas que precisam
de usar um “joelho metálico” para curar
ou recuperar o joelho.
Trata-se do projeto “500 Nelo: Wearable
Open Hardware for Polio Patients”,
da autoria de Pedro Leite (atual aluno
do Departamento de Eletrónica,
Telecomunicações e Informática e antigo
colaborador dos Serviços de Tecnologias
de Informação e Comunicação da UA)
e Ana Carolina Correia (antiga aluna de
Novas Tecnologias de Comunicação e
atual aluna do Mestrado em Comunicação
Multimedia, também na UA).
Da equipa vencedora faz também parte
o programador Basílio Vieira.
O projeto NeLo é uma joelheira inteligente
que tem vários modos de mobilidade e
consegue alternar automaticamente entre
estes modos graças a um giroscópio e a
um sensor de pressão que conseguem
detetar se a intenção é caminhar,
repousar ou apoiar.
JOÃO ROCHA NO CONSELHO
EDITORIAL DO PERIÓDICO
“CHEMISTRY – A EUROPEAN
JOURNAL”
O diretor do Centro de Investigação
em Materiais Cerâmicos e Compósitos
(CICECO), laboratório associado da
Universidade de Aveiro, é novo membro do
Conselho Editorial do periódico “Chemistry
– A European Journal”, sendo João
Rocha o único português entre quase 70
membros, originários de vários países do
mundo, entre os quais dois prémios Nobel.
Esta é uma das mais prestigiadas revistas
europeias na área geral da Química, sendo
patrocinada pelas sociedades de química
de 16 países europeus.
“A minha nomeação para o
Conselho Editorial do Chemistry é o
reconhecimento natural da atividade
científica do meu grupo ao longo de
mais de duas décadas sendo, portanto,
acolhida com grande satisfação”, afirma
João Rocha que tem amplos interesses
científicos nas áreas da Química
Inorgânica e de Materiais, Nanociências,
Ressonância Magnética Nuclear,
Difração de Raios-X e Fotoluminescência.
Considera ainda que “a visibilidade e as
excelentes condições" que encontra no
Laboratório Associado CICECO "terão
certamente ajudado” à sua nomeação.
linhas maio 2014
TERAPIA FOTODINÂMICA DA UA
EM DESTAQUE NO GREEN PROJECT
AWARDS PORTUGAL 2013
O projeto de investigação dá pelo nome
de “Terapia fotodinâmica na inativação
de microrganismos em águas residuais:
uma tecnologia eficaz, de baixo custo
e de reduzido impacto ambiental” e
acaba de ganhar uma menção honrosa
na 6ª edição do Green Project Awards
Portugal 2013. Coordenado por Adelaide
Almeida, docente do Departamento de
Biologia e investigadora do Centro de
Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM)
da Universidade de Aveiro, o projeto foi
distinguido na categoria 'Investigação e
Desenvolvimento .̀ Este projeto resulta
de uma colaboração com uma equipa
da Unidade de Investigação QOPNA do
Departamento de Química da UA.
A terapia fotodinâmica já é usada há
muito tempo na clínica, em particular
no tratamento de alguns tipos de
cancro. Nas duas últimas décadas o
conhecimento obtido na área oncológica
tem estado a ser aplicado na inativação
de microrganismos.
EQUIPA COORDENADA POR VÍTOR
TEDIM CRUZ VENCE 1º PRÉMIO
COMUNICAÇÃO ORAL NO 8º
CONGRESSO PORTUGUÊS DO AVC
Uma equipa coordenada por Vítor
Tedim Cruz, membro do Gabinete de
Investigação Clínica (GIC) e docente
da Secção Autónoma de Ciências da
Saúde da Universidade de Aveiro (SACS),
venceu o 1º Prémio Comunicação Oral
no 8º Congresso Português do Acidente
Vascular Cerebral (AVC), com o trabalho:
“Impacto do feedback vibratório no
desempenho de tarefas motoras
após enfarte cerebral: ensaio clínico
aleatorizado”.
O prémio foi atribuído no 8º Congresso
Português do AVC, organizado pela
Sociedade Portuguesa do Acidente
Vascular Cerebral, que decorreu na
cidade do Porto nos dias 6, 7 e 8 de
Fevereiro e onde estiveram presentes
preletores nacionais e estrangeiros de
formação multidisciplinar.
O desenvolvimento do dispositivo
médico descrito na comunicação
premiada, que resulta de um trabalho
foi realizado no Serviço de Neurologia
do Centro Hospitalar Entre Douro e
Vouga, está a ser continuado pela
Endeavour Lab, uma startup da
Universidade de Aveiro.
ESTUDANTES DE FÍSICA DA UA
ARRASAM NA EUROPEAN BEST
ENGINEERING COMPETITION
A Universidade de Aveiro é a grande
vencedora da fase nacional dos European
Best Engineering Competition (EBEC).
Ventoinhas de papel e um motor elétrico
que geram energia para iluminar um
hospital durante um corte de luz e
um barco salva-vidas inspirado em
caranguejos para permitir um acesso
seguro às turbinas eólicas através de
garras e de um sistema elevatório foram
os projetos made in UA que conquistaram
o primeiro lugar, respetivamente, nas
categorias Team Design e Case Study
daquela competição europeia. Da autoria
de duas equipas de estudantes de Física
e de Engenharia Física da academia
de Aveiro, os jovens cientistas vão
representar Portugal na fase final europeia
da competição que se realiza em Riga,
Letónia, no próximo mês de agosto.
ECOINCER VENCE 1º PRÉMIO NA
CATEGORIA “CRIAR FUTURO(S)”
A EcoInCer, ideia de negócio em
desenvolvimento na Incubadora de
Empresas da Universidade de Aveiro
(IEUA), que se dedica à transformação,
valorização e comercialização de matéria-
prima cerâmica resultante da incineração
de resíduos sólidos urbanos venceu o 1º
prémio do concurso “CriAtividade 2014”,
organizado pelo Sines Tecnopolo.
Os vencedores do concurso foram
conhecidos no evento final “Prova
Criatividade”, que se realizou no dia 16
de abril. A EcoIncer foi a vencedora na
categoria “Criar Futuro(s)”, que leva o
projeto vencedor a uma cidade europeia
para acompanhamento, consultoria e
apoio à internacionalização pela equipa
técnica de uma das incubadoras da rede
EBN (European Business Innovation
Centre Network), a maior rede na Europa
dedicada a incubadoras com base na
inovação, abrangendo mais de 200 locais
operacionais.
NYSE EURONEXT LISBON DISTINGUE
TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO
REALIZADO EM COAUTORIA POR
DOCENTES DA UA
O estudo do efeito do sentimento dos
investidores no mercado bolsista motivou
a atribuição do prémio de melhor artigo
científico da NYSE Euronext Lisbon
a “Does sentiment matter for stock
market returns? Evidence from a small
European market”, publicado no Journal
of Behavioral Finance, da autoria de
Carla Fernandes do Instituto Superior
de Contabilidade e Administração da
UA (ISCA-UA), Paulo Gama Gonçalves
(Universidade de Coimbra) e Elisabete
Vieira (ISCA-UA). O NYSE Euronext
Lisbon Award de melhor dissertação de
mestrado foi para “O Herding Behavior
e o Sentimento: Evidência no Mercado
Português”, de Márcia Pereira, trabalho
realizado no âmbito do mestrado em
Economia da UA, ramo Finanças, sob
orientação de Elisabete Vieira.
Neste artigo analisa-se em que
medida o sentimento dos investidores
apresenta capacidade de previsão das
rendibilidades do mercado acionista
português, ao nível agregado e setorial,
15 distinções
e se existem efeitos de contágio do
sentimento dos investidores americanos
no mercado português.
científica, usando o modelo de um
cérebro e a falar da relação entre o
neocórtex e o número de amizades que
conseguimos estabelecer, um tema que
há algum tempo a atraía.
Marta Santos conseguiu, em três minutos,
o tempo atribuído a cada participante,
sem ajuda de PowerPoint, explicar a
relação entre o tamanho do neocórtex,
a parte exterior do nosso cérebro, e o
número de amizades ou relações sociais
que conseguimos estabelecer e ainda
abordou as grandes questões que ainda
se colocam a esta área de estudo. Para
além da clareza da explicação, teve
apenas o apoio de um modelo do cérebro
cedido pela Escola de Saúde da UA.
A investigadora e divulgadora consultou
os estudos do antropólogo e biólogo
evolucionista Robin Dunbar, que
fundamentaram o chamado número de
Dunbar, fixado em 150, que representa
uma média nos humanos, um limite
cognitivo de indivíduos com quem se
consegue estabelecer uma relação
estável. Para pessoas mais extrovertidas
e sociáveis, este número de relações
estáveis pode ser superior, pessoas
mais tímidas não conseguirão manter um
número tão elevado.
A investigadora de pós-doutoramento
desenvolve trabalho na área dos sistemas
complexos, aplicando a Teoria dos Jogos,
sob orientação dos investigadores Sergey
Dorogovtsev e José Fernando Mendes,
no Departamento de Física da UA. Ao
vencer o concurso nacional, Marta Santos
foi escolhida para representar Portugal na
final internacional de 3 a 5 de junho, em
Cheltenham, Inglaterra.
competição europeia “Best Content
for Kids – European Award”, depois de
ter ganho a nível nacional, na categoria
de Profissionais Adultos. O prémio foi
entregue, a 11 de fevereiro de 2014, em
Bruxelas, numa cerimónia promovida
pela Comissão Europeia e pelos Centros
Internet mais Segura, que visou assinalar
o Dia da Internet Segura e premiar os
melhores conteúdos disponíveis na
Internet para crianças, a nível nacional
e europeu.
Nesta iniciativa europeia estiveram
representados 27 países, que
apresentaram conteúdos considerados
benéficos para o desenvolvimento
educativo das crianças.
Criada em 2010, a Edubox S.A., é
uma empresa de base tecnológica e
de Investigação & Desenvolvimento,
especializada no desenvolvimento de
software educativo e na conceção de
recursos educativos digitais. É uma das
empresas graduadas da Incubadora de
Empresas da UA.
UA EM DESTAQUE NAS JORNADAS
DA FUNDAÇÃO PARA A COMPUTAÇÃO
CIENTÍFICA NACIONAL
A equipa dos Serviços de Tecnologias
de Informação e Comunicação (sTIC)
da Universidade de Aveiro alcançou
o primeiro lugar nos "The Security
Games", um concurso organizado pelas
Jornadas de 2014 da Fundação para a
Computação Científica Nacional (FCCN)
que decorreram na Universidade de
Évora a 5, 6 e 7 de fevereiro e onde a
academia de Aveiro apresentou cinco
comunicações. O encontro, que no ano
passado se realizou na UA, reuniu os
representantes dos serviços e centros de
informática de todas as instituições de
ensino superior que têm um papel ativo
na FCCN.
Estas jornadas, promovidas pela FCCN
e pela Fundação para a Ciência e a
Tecnologia constituíram a continuidade
dos Encontros de Centros de Informática
que tiveram início no final da década de
90 e têm sido um motor do espírito de
partilha e cooperação de conhecimento
interinstitucional na prestação dos
serviços TIC (Tecnologias da Informação
e Comunicação) de suporte ao ensino e
à investigação.
APLICAÇÃO DA EDUBOX CONQUISTA
2º LUGAR NO “BEST CONTENT FOR
KIDS – EUROPEAN AWARD”
A aplicação Centum Square, criada
pela Edubox, spin-off da Universidade
de Aveiro, conquistou o 2.º lugar na
INVESTIGADORA DE "PÓS-DOC" EM
FÍSICA VENCE CONCURSO FAMELAB
Investigadora de pós-doutoramento da
Universidade de Aveiro (UA) a desenvolver
investigação numa área da Física que se
dedica ao estudo de sistemas complexos
e, neste caso, aplicando a Teoria dos
Jogos, Marta Santos venceu a edição
nacional do concurso Famelab.
A investigadora, que adora o desafio
de explicar temas de ciência, venceu
a versão portuguesa do concurso
internacional mais popular de divulgação
linhas maio 2014
Não foi no campo que a princesinha Isabel veio à luz mas
é o verde a cor que recorda ter pintado a sua infância. O
centro de Coimbra dos anos 40 do século passado era então
um mundo feito de árvores e jardins onde a pequena Isabel
cresceu. Passou a infância num sorriso do Jardim da Sereia
para o Botânico, de lá para cá e de cá para lá nos baloiços, na
vertigem dos escorregas e nas imensas tardes a defender (ou a
tentar) os remates à baliza dos irmãos no quintal da casa.
“Era um bocadinho a princesinha da família. Mas isso não
quer dizer que tenha sido estragada com mimo”, avisa desde
já Isabel Alarcão. A infinita quantidade de beijos e abraços
com que a benjamim foi brindada pelos pais e pela rapaziada
lá de casa durante toda a infância não a 'estragaram'. Mas
marcaram-lhe indelevelmente o rosto com um ar de menina
que, sem esforço, torna fácil imaginá-la traquinas com as
trancinhas rebeldes atrás da bola. “O que eu gostava mesmo
era de andar na brincadeira com os meus irmãos”, descreve.
Depois, e já lá vamos aos pormenores, a pequena Isabel saiu
da infância igualmente tocada para sempre na forma como
admirava os irmãos e como achava estar aquém das qualidades
(nomeadamente das intelectuais) de cada um deles.
Isabel Alarcão “Se queremos mudaro mundo, temos de apostarna Educação”Nelson Mandela
Nasceu menina de ouro. Pois que outro título poderia ter uma bebé com cinco irmãos rapazes que a
rodeavam de mimos? Mas davam-lhe bonecas e não sabia brincar com elas. “Não me interessavam
porque eu gostava era de jogar à bola com os meus irmãos”, recorda. Por isso a pequena Isabel até tinha
uns sapatos para estragar, mesmo que um guarda-redes - posição de qualquer garoto sem jeito de pés
para assuntos de bola – não precise muito de os usar. Enganaram-se os irmãos nos motivos pelos quais
a colocavam a irmã à baliza. Mas acertaram na posição. Uma equipa só ganha, um professor só ensina,
um líder só avança e faz avançar se na retaguarda sentir segurança. A missão sempre assentou que nem
uma luva a Isabel Alarcão, antiga Reitora da UA e referência nacional na área da Educação e Formação de
Professores, que só muito a custo deu na vida a cara às luzes da ribalta.
17 percurso singular
educadora de infância”. Fugia assim à Universidade de
Coimbra e apontava o destino para Lisboa, pois só aí havia
escolas que qualificavam aquelas profissionais. Mas uma
apendicite com peritonite trocou-lhe as voltas à vontade. Aos
14 anos esteve seis dias em perigo de vida e no ano seguinte
teve de regressar à sala de operações. Muito fragilizada
durante meses, os pais viam com preocupação a ideia da
jovem ir estudar para longe. Aquiesceu, disse não a Lisboa e à
educação de infância e resolveu terminar o secundário. Mas o
bichinho da educação estava lá…
Terminou o liceu na área de Letras/Línguas. Um pouco
contrariada, ingressou mesmo em Germânicas na Faculdade
de Letras da Universidade de Coimbra. Corria o ano de 1957.
1960 – Cortejo da Queima das Fitas em Coimbra (à direita, Isabel Alarcão)1941 – Isabel Alarcão ao colo do irmão mais velho
Sorri de novo. Sorri muito. “Éramos muito felizes e tínhamos
muita liberdade mas éramos uma família muito disciplinada
onde até imperava uma certa austeridade”, recorda Isabel
Alarcão. Numa família de seis filhos, num cenário económico
e social pautado pela II Guerra Mundial, as dificuldades e os
condicionamentos para alimentar uma mesa enorme, porém,
não chegaram para quebrar lá em casa nenhum sorriso e muito
menos nenhum futuro. Pelo contrário, se há uma trave mestra
na vida de Isabel Alarcão, para além do rosto iluminado, é a
organização que aprendeu a ver em casa e a usar desde então
como uma valiosa ferramenta na vida.
A Universidade de Coimbra, e o consequente meio académico,
serviram igualmente de bússola a Isabel Alarcão. A referência, uma
constante na vida da jovem conimbricense não só pela presença
física da academia mas também nas carreiras académicas que
todos os irmãos foram seguindo à semelhança do avô e do pai,
não constituía, no entanto, fonte de desejo. Pelo contrário. “Achava
que a Universidade era para os meus irmãos pois eles é que eram
muito bons, eles é que eram os intelectuais. Eu, em termos de
intelectualidade, achava que era um bocado a ovelha ranhosa da
família”, graceja. As circunstâncias da época, que levaram cada
um dos irmãos a estudar no Liceu D. João III, uma referência
nacional do ensino, cujo acesso era, ao tempo, vedado a raparigas,
atiraram-na, no final do ensino primário, para uma outra escola de
Coimbra bem menos conceituada.
“Todos eles tiveram excelentes professores e cresci
maravilhada a ouvir as histórias que traziam das aulas”, lembra.
Por outro lado, também era a mais nova da casa e, por isso,
“sabia sempre muito menos coisas do que eles”.
As voltas do destino
Talvez influenciada por alguma tendência genética numa
família com propensão para o professorado “queria ser
Poderia ter escolhido outro curso superior? Claro que sim.
Ao contrário do que pensava, podia ter escolhido qualquer um
porque aptidões não lhe faltavam. Na Matemática, por exemplo, era
excelente. “Os professores diziam que nos números eu era muito
boa, mesmo”, lembra. Causou por isso no colégio um espanto geral
por não ter seguido aquela área. “De facto eu adorava matemática
mas para seguir ciências tinha de ter Química que eu detestava,
porque os meus professores só me faziam decorar fórmulas”,
justifica-se. Ainda hoje, reconhece, tem alguma pena de não ter ido
para Matemática. Relembra o gosto pela geometria no espaço: “Via
aqueles planos todos à minha frente”, diz.
Quanto às forçadas Germânicas, estas foram, como previa,
uma certa desilusão. “Não gostei do curso”, recorda. Porém,
gostou de viver a universidade nos anos 60 em que tudo
estava em ebulição. Fora das salas de aula, Coimbra fervilhava.
“Gostei muito da vida académica mas mais a da parte
extracurricular”, aponta. Conheceu muita gente, conversou
muito, muito e envolveu-se intensamente na vida associativa,
principalmente na Juventude Universitária Católica (JUC)
onde diz ter ganho competências no trabalhar em equipa, na
linhas maio 2014
responsabilização do trabalho individual em prol do grupo e
no pensar nos outros. “Era uma altura em que sentíamos que
havia qualquer coisa que ia ser diferente. Em Coimbra era difícil
escolher o que se ia ver. A riqueza de conferências, de reuniões,
de filmes nos cinemas era tanta, tanta, tanta que tínhamos
dificuldade em escolher. Foi uma grande escola de vida”,
recorda Isabel Alarcão.
Não tinha ainda concluído o curso e já um professor lhe
indicava uma vaga de trabalho na empresa alemã Bayer, nos
escritórios de Lisboa. Recusou. Afinal queria mesmo era ser
professora. Assim foi. Nos sete anos seguintes lecionou na
Póvoa de Varzim, na Figueira da Foz e em Coimbra. Não se
enganou. "Vi logo nos primeiros anos enquanto professora que
era mesmo isso que queria fazer para o resto da vida", lembra
Isabel Alarcão. À paixão por ensinar os jovens estudantes juntou
igualmente o prazer da formação de professores. Mais do que
uma vocação, o amor por esta última área descobriu-o quando
foi colocada no Liceu D. João III – o tal em que não pode
estudar à semelhança dos irmãos por ser menina – e o Reitor da
instituição lhe confiou a orientação de estágios de alemão, com
o seu grande mestre, o professor Leitão de Figueiredo. Adorou
a experiência de acompanhar e ensinar futuros docentes,
"uma forma indireta de se chegar aos alunos trabalhando com
adultos". E o amor foi tal que cedeu ao desafio de concorrer
a uma bolsa para fazer o mestrado em "Curriculum and
Instruction" na Universidade do Texas. Viajou para os Estados
Unidos em agosto de 1974 "com pena de não poder continuar no
país para viver a construção pós-25 de abril".
Um ano depois regressa para dar aulas no Liceu da Figueira da
Foz. Mas por pouco tempo. Uma nova etapa se avizinhava, mais
uma vez empurrada pelas circunstâncias. “Lembro-me bem de
ter visto um anúncio para assistente convidada na UA na área da
didática de línguas”, diz. Não concorreu mas o mapa estava-lhe
já traçado para lá. Pouco tempo depois recebeu um telefonema.
Do outro lado da linha um dos membros da Comissão
Instaladora da UA, que a conhecia do curso de Coimbra e que,
muito bem informado, sabia que Isabel Alarcão tinha feito um
mestrado na área da didática das línguas, disse-lhe que a jovem
academia precisava muito dessas suas qualificações.
A caminho de Aveiro
Aceitou o desafio e chegou a Aveiro em abril de 1976 com a
premissa de dar um contributo no arranque da academia e de
voltar em seguida para a docência no ensino secundário. “Isso era
ponto assente, pois para continuar na Universidade teria de fazer o
Doutoramento e eu já estava farta de estudar”, lembra.
Mas o destino uma e outra vez… “Comecei a envolver-me muito
na área da formação de professores e a dada altura o Professor
Fernandes Thomaz, Vice-reitor à época, disse-me que gostavam
muito de mim mas que para continuar na UA tinha mesmo de fazer
o doutoramento”. E o coração, que batia já forte pela UA ganhou,
como sempre, à razão. Não resistiu e foi para a Universidade de
Liverpool, em Inglaterra, doutorar-se em Educação. E ficou, até
se aposentar, na UA como uma das grandes obreiras do trabalho
que tornou a academia um farol nacional na área da didática e
formação de professores. Uma referência que começou a ser
construída em 1977, ano em que a UA foi visitada por peritos do
Banco Mundial que, face ao modelo de formação de professores
em vigor na instituição e ao empenhamento e ideias manifestados
nas reuniões, decidiu propor ao Ministério da Educação um
projeto inovador: a criação do Centro Integrado de Formação de
Professores (CIFOP). O novo organismo interdisciplinar da UA, de
cujo nascimento Isabel Alarcão foi uma das parteiras no papel de
membro do primeiro grupo de trabalho e, mais tarde, presidente
da primeira comissão coordenadora e de gestão, assumia a
missão de organizar e coordenar a formação de professores
de todos os níveis de ensino, a relação com as escolas e a
investigação educacional.
Professora catedrática desde 1990, Isabel Alarcão desempenhou
igualmente cargos de gestão universitária de grande
responsabilidade na UA. Para além dos que assumiu no CIFOP,
foi presidente do Conselho Científico, Vice-reitora e Reitora na
1961 – O colega David Vieira ensina Isabel Alarcão a fazer o grelo corretamente depois de lhe ter dado nas unhas com a colher de pau como manda a praxe
1967 – No dia da formatura, a praxe de cortar a gravata às raparigas. Isabel Alarcão (à esquerda) com a colega Adelaide Pegado, o vizinho e amigo Barbosa de Melo e o irmão Rui
19 percurso singular
sequência da nomeação, para Ministro da Educação, de Júlio
Pedrosa. Na vice-reitoria coordenou o importante processo de
desenvolvimento curricular intitulado Repensar os Currículos e
incentivou a introdução do modelo de aprendizagem à base de
projetos na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda.
Integra, desde a sua criação em 1993, a Unidade/Centro
de Investigação Didática e Tecnologia Educativa na Formação
de Formadores.
Com intensa atividade na orientação de assistentes,
mestrandos e doutorandos, tem participado em inúmeros júris
de provas académicas, desenvolvido projetos de investigação,
apresentado comunicações e proferido conferências em
reuniões científicas no país e no estrangeiro. De entre as
suas publicações destacam-se nove livros, 35 capítulos de
livros e cerca de uma centena de artigos. Paralelamente,
Isabel Alarcão tem também exercido funções de consultoria
e peer review e atuado como membro de instituições com
destaque para a American Educational Research Association,
a British Educational Association, a Sociedade Portuguesa de
Ciências da Educação ou o Centro de Investigação, Difusão
e Intervenção em Educação. É membro do Conselho Editorial
de revistas nacionais e internacionais e codiretora da Coleção
NovaCIDInE, editada pela Porto Editora.
Pesada uma vida inteira dedicada à causa da Educação,
não admira que Isabel Alarcão, que em menina achava que a
Universidade não era para ela, seja hoje uma referência, no país
e no estrangeiro, na concetualização do papel das didáticas
específicas na formação de professores e na área da Supervisão.
Reformada há 10 anos não parou. “Tenho muitos convites para
escrever livros e capítulos de livros, artigos e conferências e às
vezes ainda pedem para dar uma ou outra aula de mestrado e
doutoramento”. Como gosta de citar, Nelson Mandela escreveu
um dia: “Se queremos mudar o mundo, temos de apostar na
Educação”. E estamos a consegui-lo? “Não sei… Acho que
temos de ser mais exigentes”.
2001 – O ministro da Educação Júlio Pedrosa e a Reitora Isabel Alarcão durante a sessão de comemoração do aniversário da UA
“Costumo dizer que passei pela
Reitoria”, graceja. Os seis meses em
que teve nas mãos os destinos da UA,
que este ano comemora 40 anos de
vida, talvez sirvam para compreender
a fugaz e modesta análise da antiga
Reitora que apenas faz jus à quantidade
de tempo e não à qualidade do trabalho
desenvolvido. De julho de 2001 a janeiro
do ano seguinte, a Vice-reitora Isabel
Alarcão, substituindo Júlio Pedrosa, que
no último terço do segundo mandato
foi chamado pelo então Primeiro-
Ministro António Guterres para liderar
o Ministério da Educação, assumiu a
missão que se viria a tornar “uma das
experiências mais gratificantes” da sua
vida: ser Reitora da UA.
Peixe na água na retaguarda dos líderes,
tremeu com o convite repentino. “Fui
apanhada por um telefonema a meio
de uma viagem de autocarro entre
Londres e Oxford onde ia participar
numa conferência”, recorda. Do dia
lindo, “daqueles raros em Inglaterra”,
esperava tudo menos um recado para
falar urgentemente com o Reitor Júlio
A primeira senhora Reitora da UA
Pedrosa. A boa disposição, um estado
que lhe assenta em permanência,
sofria naquele e nos próximos dias um
interregno abrupto.
– ”Não me digam que o Reitor vai para
ministro!?”, respondeu uma surpreendida
Isabel Alarcão lembrando-se dos “zuns
zuns” que já circulavam no país.
– “Não me faça perguntas”, disse-lhe
enigmaticamente Lurdes Ventura da
Reitoria e portadora da missiva.
Curiosa mas muito receosa com o pedido
urgente – estava mesmo a suspeitar que
uma trovoada estava a caminho – entra em
contacto com o Reitor que do outro lado da
linha não perde tempo:
linhas maio 2014
- “Isabel, queria que me substituísse na
Reitoria”, atira-lhe. Confirmava-se. Júlio
Pedrosa aceitara o convite de António
Guterres. O Ministério da Educação era a
próxima paragem de um Reitor que ainda
tinha alguns meses de mandato na UA e
a preocupação primeira de que o trajeto
da academia em nada sofresse com a
mudança (ver Linhas nº20).
Não conseguiu dormir nesse dia. “Foi
a única noite da minha vida que não
preguei olho”, recorda hoje Isabel
Alarcão. “Adoro ser a segunda figura e
detesto ser a primeira porque não tenho
confiança em mim para sentir toda
a responsabilidade”, confessa quem
quase sempre fez trabalho de retaguarda
porque, por outro lado, tem “muita
confiança para ajudar a pessoa que está
em primeiro plano”.
Na pesada insónia dessa noite gritava-
lhe ao ouvido a certeza de que não
podia negar o pedido. Do confronto da
razão e emoção, desse “dilema terrível”
entre o não e o sim, decidiu um coração
aberto ao desafio para o qual muito
contou com o apoio da restante equipa
reitoral. “Devo dizer que foi para mim
extraordinariamente difícil aceitar. Mas
disse que sim porque senti uma enorme
responsabilidade e um compromisso
com uma espécie de cidadania
universitária”, lembra.
Uma experiência gratificante
Os receios da nova Reitora, a primeira
na UA e uma das pioneiras a assumir
tamanho cargo no ensino superior
português, revelaram-se, afinal,
infundados. “Foi uma experiência muito
boa. As pessoas ajudaram-me imenso”,
recorda. Sentir o coletivo de pedra e cal
em seu redor é mesmo a memória mais
grata que guarda no baú de mais de 30
anos ao serviço da UA: “Creio que toda
a comunidade universitária percebeu
que eu aceitei o desafio porque, ainda
que eu quisesse dizer que não, não tinha
coragem para o recusar”.
“Senti que a comunidade académica,
quer os professores, quer os
funcionários e os estudantes, esteve
ao meu lado. E os meus colegas
vice-reitores e pro-reitores foram
extraordinários e ajudaram-me imenso a
fazer uma reitoria muito colegial, a única
que se impunha, uma vez que eu vinha
de entre eles”, homenageia.
E que estratégia adotou enquanto
Reitora? “Seria muito estranho dizer que,
naquelas circunstâncias de transição,
eu implantei uma linha estratégica
minha”, aponta. Assim, em cima da
mesa da nova Reitora estiveram dois fios
condutores de trabalho. “O primeiro era
continuar o caminho que estávamos a
seguir desde a fundação da UA e de que
o próprio Professor Júlio Pedrosa era
partidário”, descreve. A segunda missão
abraçada por Isabel Alarcão “consistiu
em criar as condições para que se
realizassem eleições para eleger o novo
reitor”, um escrutínio que acabou por
acontecer em dezembro de 2001 e que
fez de Helena Nazaré a Reitora que se
seguiu na cadeira maior da academia.
Houve, contudo, uma premissa que
Isabel Alarcão, e toda a restante equipa
reitoral, assumiu durante aqueles seis
meses: a Universidade não podia ficar
parada à espera das eleições. “Sendo
um período de interregno poderia haver
a tendência para se aguentar o barco no
mesmo local à espera que o novo reitor
fosse eleito para decidir. Pelo contrário,
nós achámos que a UA não podia
parar e que tinha de continuar na sua
dinâmica”, afirma.
Com o leme nas mãos de Isabel Alarcão,
ainda que a prazo, a equipa reitoral tomou
todas as decisões como se o mandato
fosse continuar. No final, soltou as rédeas
da instituição, entregou-as a Helena
Nazaré, e regressou ao não menos
importante segundo plano da academia
onde sempre gostou de estar. A Didática
e a Supervisão, as áreas da sua paixão, –
o que seria da escola e dos professores
sem as redes que na retaguarda os
suportam? – aguardavam-na. “É mesmo
longe dos holofotes que gosto de
trabalhar”, sublinha entre risos.
Vestir a camisola da UA
Olhando para trás, até 1976, ano em que
chegou à UA, Isabel Alarcão faz “uma
avaliação de excelente do caminho que
a academia aveirense tem percorrido,
quer em termos da qualidade do ensino,
quer em termos da investigação que
aqui se tem produzido”. A antiga Reitora
não esquece também a forma como
a UA se tem ligado à comunidade,
nomeadamente ao tecido empresarial,
uma ponte cujos primeiros alicerces
foram plantados há 40 anos “numa altura
em que não era muito habitual fazer-se
isso nas universidades”.
A osmose recíproca entre a UA e o
meio que a envolve, sublinha, é mesmo
a chave do sucesso de uma academia
que soube crescer e afirmar-se dentro
e além-fronteiras. “Na sua constante
abertura à comunidade, a UA influencia a
sociedade mas, por outro lado, também
deixa que a sociedade a influencie. Esta
é uma casa que tem estado sempre
muito aberta ao que está a acontecer
para se poder adaptar e ter a resposta
certa”, aponta Isabel Alarcão.
Nesse sentido, e de olho no futuro,
Isabel Alarcão “gostava que a UA
continuasse na trajetória que tem
seguido, uma trajetória com visão, que
visa a qualidade e em que as pessoas
se sentem empenhadas na participação
na vida universitária”. Mais, a antiga
responsável “gostava que no futuro
as pessoas continuassem a vestir
a camisola da Universidade como
até aqui tem sido vestida”. E deixa o
repto: “É preciso que todos se sintam
identificados com a ideia da UA para a
poderem continuar a construir”.
EDIÇÕES
A UNIVERSIDADE DE AVEIRO E OS SEUS
CONTEXTOS (1973-2013)
Autoria Jorge Carvalho Arroteia, docente
aposentado do Departamento de Educação da UA
Edição UA Editora
ISBN 978-972-789-390-4
Ano 2013
MANUAL DE GUIONISMO
Autor João de Mancelos, docente do curso livre
de Escrita Criativa na UA
Edição Edições Colibri
ISBN 9789896893668
Ano 2013
FAZ-ME ACREDITAR
Autor Lia Costa, investigadora do CESAM,
laboratório associado da UA
Editora Chiado Editora
ISBN 978-989-51-0873-2
Ano 2013
"FORMA BREVE" – EDIÇÃO Nº 10 DEDICADA
À NOVELA
Diretor António Manuel Ferreira, docente
no Departamento de Línguas e Culturas da ua
Edição Universidade de Aveiro/Departamento
de Línguas e Culturas
ISSN 1645927x
Ano 2013
DESIGN et AL – DEZ PERSPECTIVAS
CONTEMPORÂNEAS
Autor Francisco Providência e Vasco Branco,
docentes do Departamento de Comunicação e
Arte da UA, entre outros, com coordenação de
Emílio Távora Vilar, docente na Faculdade de
Belas Artes da Universidade de Lisboa
Editora Dom Quixote
ISBN 9789722053969
Ano 2014
UNIVERSIDADE DE AVEIRO – QUARENTA
ANOS DE ARQUITETURA
UNIVERSITY OF AVEIRO – FORTY YEARS OF
ARCHITECTURE
Autor(es) Jorge Arroteia, Nuno Portas e Michel
Toussaint (texto); Rui Morais de Sousa (fotografia)
Edição Mainvision
ISBN 978-989-20-4629-7
Ano 2014
O SEGREDO DOS CANDEEIROS
Autor Filipe Monteiro, antigo aluno da UA
Editora Chiado Editora
ISBN 978-989-51-0828-2
Ano 2014
PETRÓLEO E ENERGIAS RENOVÁVEIS:
PORTUGAL NA ENCRUZILHADA
Autor José Lopes Velho, docente no
Departamento de Geociências da UA
Editora Ex-Libris
ISBN 978-989-98577-8-0
Ano 2014
PRODUTOS E COMPETITIVIDADE DO
TURISMO NA LUSOFONIA Vol. I
Autor Carlos Costa, Rui Costa e Zélia Breda,
docentes no Departamento de Economia, Gestão
e Engenharia Industrial da UA e Filipa Brandão,
docente na área de Turismo na Universidade
Portucalense Infante D. Henrique.
Editora Escolar Editora
ISBN 9789725924112
Ano 2014
TURISMO NOS PAÍSES LUSÓFONOS:
CONHECIMENTO, ESTRATÉGIA E
TERRITÓRIOS Vol. II
Autor Carlos Costa, Rui Costa e Zélia Breda,
docentes no Departamento de Economia, Gestão
e Engenharia Industrial da UA e Filipa Brandão,
docente na área de Turismo na Universidade
Portucalense Infante D. Henrique.
Editora Escolar Editora
ISBN 9789725924105
Ano 2014
SERMÕES DE INCIDÊNCIA POLÍTICA DA
OBRA COMPLETA DO PADRE ANTÓNIO
VIEIRA – Volume XII
Autor Padre António Viera; direção de José
Eduardo Franco e Pedro Calafate; introdução
por Luís Machado de Abreu, docente do
Departamento de Línguas e Culturas da UA
Editora Círculo de Leitores
ISBN 9789724248745
Ano 2014
SERÁ MESMO INADMISSÍVEL “DESPEDIR
FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS”? – REFLEXÕES
EM TORNO DO ACÓRDÃO DO TRIBUNAL
CONSTITUCIONAL Nº474/2013, DE 29 DE
AGOSTO
Autor Miguel Lucas Pires, docente do
Departamento de Ciências Sociais, Políticas
e do Território da ua
Editora Almedina
ISBN 978-972-40-5575-6
Ano 2014
ESTÓRIAS QUE O DEMO ME SOPROU
Autor Pedro Fontoura, aluno de mestrado da ua
Editora Sinapsis Editores
ISBN 978-989-691-194-2
Ano 2014
linhas maio 2014
É investigadora no Joint Research Centre (JRC) da Comissão Europeia onde integra a
equipa do Centre for Research on Lifelong Learning, um grupo que se dedica a estudos
maioritariamente quantitativos relacionados com a área da Educação na União Europeia
(UE). Chama-se Patrícia Albergaria Almeida, tem 37 anos, e em 1999 licenciou-se em
Biologia e Geologia (Ensino de) na UA. A Didática, área na qual tirou um doutoramento e
um pós-doutoramento na academia de Aveiro, é uma paixão que abraça todos os dias
em Ispra (Itália), cidade na qual está sediado o JRC onde chegou em maio de 2013.
Na Comissão Europeia em prol de mais e melhor Educação
Patrí
cia
Alb
erga
ria A
lmei
da
23 percurso antigo aluno
Após a conclusão da licenciatura em
1999, Patrícia Almeida deu aulas durante
um ano no ensino básico. “Fui professora
de Ciências Naturais na Escola Básica de
Montargil. No ano seguinte dei aulas na
Escola Superior de Educação (ESE) de
Leiria. Este foi um ano desafiante por ter
a meu cargo seis disciplinas pelas quais
era totalmente responsável”, lembra a
antiga aluna da UA.
Outro dos desafios que nessa época
teve de enfrentar relacionavam-se com
a pouca diferença etária entre a jovem
professora e os seus alunos. “Acabei
por saber usar o que poderia ser uma
desvantagem a meu favor e criar um
ambiente de proximidade que contribuiu
para um ambiente de sala de aula
descontraído e responsável”, recorda.
Estava a trabalhar na ESE de Leiria e
concorreu a um lugar de bolseira de
investigação na UA. Foi aceite.
De regresso à casa que a formou
integrou a equipa de um projeto que
estudava o questionamento dos
estudantes no ensino universitário.
Entretanto candidatou-se a uma
bolsa de doutoramento da Fundação
para a Ciência e a Tecnologia (FCT).
Assim, foi bolseira de doutoramento
até 2007, altura em que concluiu a
tese intitulada “Questões dos alunos
e estilos de aprendizagem – um
estudo com um público de Ciências
no ensino universitário”. Seguiu-se um
pós-doutoramento, de 2007 a 2009,
onde também se debruçou sobre
estratégias de ensino e aprendizagem
no ensino superior. De 2009 a 2013 foi
equiparada a Investigadora Auxiliar
no Centro de Investigação Didática e
Tecnologia na Formação
de Formadores da UA.
Timor: uma experiência inesquecível
Em 2011, recorda, teve a experiência
de trabalho mais enriquecedora do seu
percurso profissional: “integrei uma
equipa de docentes e investigadores da
UA que se deslocou a Timor-Leste para
dar formação a professores timorenses
de Ciências”. Da missão, é-lhe difícil
explicar por palavras o significado
dessa experiência, especialmente a
quem não conhece Timor-Leste. “Senti
que o trabalho que desenvolvi em
Timor-Leste era verdadeiramente útil e
valorizado”, resume.
Dos seus alunos timorenses, eles
próprios também professores,
lembra que “estavam sedentos de
conhecimento”, apesar de todas as
dificuldades profissionais e pessoais
com que tinham de lidar. “Não foram
os meus melhores alunos em termos
de resultados de aprendizagem, mas
foram, os meus melhores alunos”,
regozija-se. Foi a forma como esta
experiência em Timor-Leste a marcou
que fez Patrícia Almeida submeter à FCT
um projecto de investigação relacionado
com a reestruturação do ensino
secundário em Timor-Leste.
O projeto recebeu financiamento, mas
a investigadora acabou por abandonar
a UA antes da missão arrancar. “Apesar
de o trabalho que desenvolvia na UA me
preencher, dada a conjuntura nacional,
acabei por tomar a decisão de sair do
país”, justifica.
Investigar em Itália para a UE
A próxima paragem seria a Itália onde,
no Centre for Research on Lifelong
Learning, tem desenvolvido investigação
na área da educação. “A título de
exemplo, terminei recentemente um
estudo sobre a literacia de leitura nos
países da UE e estou agora a iniciar um
novo trabalho de investigação sobre
estratégias de ensino também nos países
da UE”, explica.
O dia-a-dia de trabalho de Patrícia
Almeida assemelha-se ao de qualquer
investigador: leitura, brainstorming,
análise, escrita de artigos e relatórios,
reuniões de trabalho, participação
em encontros científicos. “Por
ser investigadora da Comissão
Europeia tenho também, com alguma
frequência, reuniões em Bruxelas
onde, trabalhos em desenvolvimento,
são discutidos”, acrescenta.
Com a UA no coração
“A licenciatura na UA forneceu-me
as bases essenciais para entrar no
mercado de trabalho, bem como a
capacidade de me adaptar a diferentes
situações. Forneceu-me ainda a
capacidade de iniciativa necessária para
não ter receio de correr riscos, assim
como capacidade de perseverança”,
lembra a investigadora Patrícia
Almeida. “Considero que desenvolvi
a capacidade de reflexão necessária
para ir aprendendo ao longo do
meu percurso profissional e tirar o
máximo partido de todas as situações
profissionais com que me deparei,
incluindo as menos boas”, adianta.
E o que mais marcou Patrícia Almeida
na passagem pela UA? “O professor
José Teixeira Dias, do Departamento de
Química, que me acompanhou de forma
muito próxima durante o doutoramento e
que me permitiu colaborar com ele, mais
recentemente, enquanto equiparada a
Investigadora Auxiliar, é claramente a
pessoa que mais me marcou na UA”,
refere já que “o contacto próximo que
durante vários anos tive com o professor
Teixeira Dias permitiu-me crescer
enquanto pessoa e aprender muito”.
“Muito mais do que conhecimentos
científicos, com o professor
Teixeira Dias aprendi a escutar, a
refletir, a ponderar, a saber que
independentemente das dificuldades
com que me possa vir a deparar, não
há outra opção a não ser ser fiel aos
meus princípios”, lembra. Patrícia
Almeida aponta também a professora
Isabel Martins, do Departamento de
Educação, que diz ser “uma pessoa
muito especial”. “O seu bom senso e
a confiança que depositou em mim
foram-me fundamentais para os
momentos menos sorridentes”,
diz a investigadora.
linhas maio 2014
Fábi
o S
ilva
Há um ano Fábio Silva revelava a origem do nome da maior montanha de Portugal
continental. O arqueoastrónomo desvendava que as entradas dos dólmens construídos há
seis mil anos em volta da maior montanha da Serra da Estrela estão todas viradas para o
lugar onde, no horizonte, a estrela Aldebarã nascia em abril. Um facto que, segundo Fábio
Silva, físico pela UA, explica o nome da Serra. Investigador no Institute of Archaeology da
University College London e professor na University of Wales, recebeu na passagem pela
UA as bases para se tornar uma figura incontornável da arqueoastronomia europeia.
O físicoque abraçoua Arqueologia
25 percurso antigo aluno
Em criança tinha fascínio por duas
coisas: civilizações antigas e o espaço.
“Durante o ensino secundário estive
indeciso entre seguir Biologia [a
Genética também o fascinava] ou Física,
especialmente Astronomia”, lembra
Fábio Silva que, aconselhado por amigos
e professores acabou mesmo por rumar
à UA para tirar a Licenciatura em Física
concluída em 2006.
Quando tomou a decisão de seguir
Astronomia/Astrofísica os únicos cursos
que tinha ao alcance estavam no Porto
ou em Lisboa. “Nesse mesmo ano abria
o curso de Física em Aveiro que iria ter
várias cadeiras de astronomia. Como
tinha um gosto pela Física mais vasto do
que a Astronomia resolvi dar uma chance
a outras áreas para me convencerem e,
como nasci e cresci em Ílhavo, resolvi
fazer o curso na UA”, lembra.
E o curso correspondeu às expectativas
de Fábio Silva? “Superou-as”, afirma
a pés juntos. “Adorei o curso, em
particular devido à diversidade de
conteúdos, temas e abordagens”,
descreve. A licenciatura proporcionou-
lhe um background num vasto leque de
métodos matemáticos, computacionais e
laboratoriais “invejável”.
“A abrangência de conteúdos da
licenciatura, desde física teórica a
computação e programação, deu-me
um vasto leque de conhecimentos e
métodos que podem ser aplicados em
diversas áreas, incluindo a Arqueologia”,
descreve. Mas, mais do que isto, Fábio
Silva, hoje com 29 anos, diz que a Física
“é uma forma especial de ver, e pensar,
o mundo, os objetos e as relações entre
os mesmos”. O investigador não tem
dúvidas: “Esta forma de ver o mundo
segue-nos para o resto da vida”.
Anos marcantes em Aveiro
Dos anos que passou na UA Fábio
Silva recorda com especial apreço
“a irmandade que foi criada entre os
estudantes” do curso. “Como fomos
pioneiros na licenciatura, e não éramos
muitos, rapidamente estabelecemos uma
forte relação entre nós, e mesmo com os
professores do departamento”, diz.
Episódios made in UA que jamais sairão
da memória de Fábio Silva existem
vários, “centenas mesmo”, envolvendo
colegas e até professores. “As situações
eram de tal modo hilariantes que um
colega nosso criou um blogue onde
colocava as então chamadas Daily
Jokes, mas onde todos os intervenientes
tinham um nome de código, para não
serem identificados por terceiros”,
lembra. “Ainda hoje se procurarem no
Google por “Daily Jokes O Livro” irão
encontrar a compilação de quatro anos
de episódios”, desafia divertido.
Formado em Física, no entanto, “hoje
já não me considero um Físico, mas
confesso que nunca suspeitei que viria a
trabalhar em Arqueologia”, diz Fábio Silva.
Em Inglaterra rumo às estrelas
Quando terminou a licenciatura obteve
uma bolsa da Fundação para a Ciência
e a Tecnologia (FCT) e mudou-se para
Portsmouth, em Inglaterra, para fazer
um doutoramento em Astrofísica. “No
terceiro ano iniciei, em paralelo e à
distância, um mestrado em Astronomia
Cultural, isto é o estudo interdisciplinar
da relação entre o céu e diferentes
culturas e sociedades”, descreve.
Em 2010, com o término do
doutoramento, rumou para Londres
onde conseguiu uma posição como
investigador no Institute of Archaeology
da University College London.
Entretanto também foi contratado pela
University of Wales para dar aulas no
mestrado em Astronomia Cultural,
especificamente para dirigir a cadeira
de Arqueoastronomia.
Atualmente divide o seu tempo entre as
aulas que leciona e a investigação que,
dentro da Arqueologia, tem abrangido dois
temas. “Por um lado estudo a relação entre
os monumentos megalíticos pré-históricos,
as sociedades que os construíram e o céu.
Em particular tenho-me focado nas antas
e dólmens do nosso país, principalmente
as da região centro-norte embora tenha
agora também começado a estudar as
do Alentejo”, explica. Estes estudos,
descreve, “envolvem muito trabalho de
campo que implicam medir a orientação
da entrada das antas, a análise desses
dados e a reconstrução virtual dos céus
pré-históricos”.
Por outro lado, e num campo mais
teórico, “tenho desenvolvido métodos
computacionais para simular as grandes
migrações humanas pré-históricas,
como seja a difusão da prática agrícola,
através de dados arqueológicos,
nomeadamente bases de dados de
datações por radiocarbono”. Este
trabalho “envolve a colaboração com
especialistas locais na elaboração das
bases de dados e subsequente análise
estatística e modelação informática”.
Um local de trabalho fantástico
A University College London onde
investiga é considerada umas das cinco
melhores universidades do mundo. O seu
campus principal, tal como o da UA, “é
um lugar vibrante e cheio de vida, onde
estudantes e investigadores de todas as
áreas se cruzam todos os dias”.
Do Institute of Archaeology diz ser
também um excelente local para
fazer investigação. “Não só é um dos
maiores departamentos de Arqueologia
do mundo mas também um dos mais
antigos. A variedade de locais e épocas
que são investigadas no departamento
é complementada pela pluralidade
metodológica”, diz.
“É um local onde a multidisciplinariedade
é encorajada o que, para alguém com um
background numa ciência exata como
eu, é bastante motivador”, congratula-se.
linhas maio 2014
Car
los
Gom
es d
a C
osta
Queria ser engenheiro. O sonho do pequeno Carlos era irreal para quem, como ele, tinha
nascido na Póvoa do Paço, uma pequena localidade de Aveiro, “onde há 50 anos atrás
se trabalhava e brincava descalço”. Estudar era um luxo. As universidades de Coimbra e
Porto, as mais próximas, estavam demasiado longe para a modesta família pensar sequer
em ter um dos quatro filhos a estudar fora de casa. Mas como no poema de Gedeão, o
sonho comanda a vida. Hoje, o menino que ousou sonhar alto, é empresário, investidor e
dinamizador de associações que têm em mãos a missão de “alavancar o nosso Portugal”.
O menino que ousou ser engenheiro quer alavancar Portugal
27 percurso antigo aluno
“Fui um dos três privilegiados da minha
turma que saíram da então 4ª classe para
fazer o exame de admissão à Escola
Industrial e ao Liceu”, lembra Carlos
Gomes da Costa. Escolheu a Escola
Industrial e tirou o designado Curso de
Formação de Montador Eletricista. “Tinha
15 anos e empreguei-me na Companhia
Portuguesa de Celulose (CPC), em Cacia,
enquanto terminava curso”, diz.
Mas a sorte abençoa sempre os audazes.
Nascida em 1974, a UA mudou o rumo da
vida de Carlos Gomes da Costa. “Foi para
mim uma grande sorte a academia ter
nascido pois proporcionou-me frequentar
o ensino superior” sem necessidade de ir
para fora da cidade onde vivia
e trabalhava.
“Devido à política da CPC, que
incentivava os seus trabalhadores a
estudarem obtive uma classificação
superior a 14 valores no 7º ano, o
que conjuntamente com o privilégio
de ser trabalhador, me permitiu a
matrícula direta na UA após uma pré-
-seleção realizada por uma entrevista
conduzida pelo Professor António
Ferrari em 1975”, conta. Entrou na
licenciatura de Engenharia Electrónica e
Telecomunicações da UA, um curso que
concluiria em 1980. Anos mais tarde, já
em 2007, voltaria à academia para realizar
um Mestrado em Gestão da Tecnologia,
Inovação e Conhecimento.
“A licenciatura correspondeu às minhas
expectativas”, garante. “Esperava
aprender a teoria e a prática na
Universidade e isso aconteceu com
professores brilhantes, esforçados
e laboratórios com equipamentos e
componentes de excelência”, recorda
Carlos Gomes da Costa que nos dois
últimos anos da licenciatura chegou
mesmo a ser monitor da UA. O percurso
na academia aliada à prática que o
trabalho que exercia lhe facultou deu-me
“capacidades técnicas extraordinárias
para o desenvolvimento” quer da
empresa onde trabalhava na altura quer
da sua posterior fulgurante carreira como
empresário.
Colegas extraordinários
“O que mais me marcou na UA foi a
generosidade dos meus colegas mais
inteligentes”, faz questão de dizer. “Estes,
de forma gratuita, generosa com espírito
de partilha, sem competição, tiravam
apontamentos nas aulas que facultavam
aos colegas que os solicitassem”.
Assim, Carlos Gomes da Costa deixa
a homenagem: “A minha licenciatura
deve-se principalmente a dois colegas,
hoje docentes na UA: a Beatriz Santos
e o José Alberto Fonseca”. A primeira,
“além de tirar exímios apontamentos,
também traduzia os livros em inglês de
eletrónica e tudo facultava aos colegas”.
Quanto a José Alberto Fonseca, este
“dava explicações em casa”. E tudo
isto, sublinha, “sem vaidades e sem
cobranças monetárias ou morais”.
Carreira profissional notável
Com a licenciatura concluída
começou a assumir cargos de grande
responsabilidade na CPC. De 2005
até hoje, deixou de trabalhar por conta
de outrem e passou a ser empresário,
investidor em empresas e dinamizador
de associações.
Em 2006 formou uma empresa
de consultadoria em contratação
internacional. Em 2007, a convite do
grupo Bresimar, adquiriu 20 por cento da
empresa Exatronic. Apoiado pelo Export
Group do Báltico fundou também em
2007 a Optieng Soluções Otimizadas, uma
empresa que exporta conhecimento na
área do controlo de processo e energia.
Ficou por aí? “Nada disso!”. Em 2013,
levou a Optieng para Moçambique
e, com um conjunto de acionistas e
com o know-how do engenheiro da
UA Jorge Tavares, fundou a Harpia
Tech, uma empresa que se dedica ao
ID&T de naves pilotadas remotamente.
Nesse ano de grandes negócios, Carlos
Gomes da Costa integrou o conjunto de
novos sócios que adquiriu a empresa
Eixometria que se dedica ao fabrico de
componentes para a aeronáutica
e biomédica.
Projectar Portugal no mundo
Com a formação da Associação
de Embaixadores Tecnológicos –
Geisertech, criada em 2014 por empresas
que querem construir um cluster
tecnológico HITECH, Carlos Gomes da
Costa, fundador e um dos responsáveis
pela instituição, muda o foco das suas
atenções profissionais.
“A minha atividade atual é preenchida
com a missão de projetar globalmente
nos negócios HITEC a região de Aveiro
através da excelência dos quadros
formados na nossa Universidade, escolas
profissionais, escolas secundárias e
principalmente da excelência dos nossos
empresários”, descreve. Dentro desse
desígnio “luto para que os empresários
e as empresas se aproximem das
universidades e centros do saber, de
modo a criar uma partilha lucrativa para
todos e principalmente para o nosso
maravilhoso país”.
Assim, para além de embaixador
tecnológico na geisertech, Carlos Gomes
da Costa ajudou a fundar em 2014 a
Associação de Business Angels Clube. A
organização, onde faz igualmente parte
dos corpos gerentes, nasceu para injetar
capital nas ideias e projetos que surgem
da criatividade de quem não tem dinheiro.
“Estou agora a iniciar a coordenação do
núcleo de Aveiro da Associação Cristã
de Empresários e Gestores, para que
tudo no mundo empresarial se faça com
ética e respeito pelo outro”, diz. Não
se esqueça ainda que “deu formação
profissional, na ESTGA e na UA, quer
como assistente convidado no DEGEI
quer como formador dos Cursos de
Especialização Tecnológico na ESTGA”.
E o futuro só agora começou para Carlos
Gomes da Costa.
linhas maio 2014
A posição de liderança da Universidade de Aveiro no conjunto
das universidades portuguesas quanto ao número de pedidos
de proteção de propriedade intelectual, por cada 100 docentes,
entre 2008 e 2012, está em linha com o também maior número
de pedidos com entrada no Instituto Nacional de Propriedade
Intelectual (INPI) em 2013, em número de 19. Entre 1994 e 2013,
contabilizando pedidos de registo de propriedade intelectual,
incluindo pedidos nacionais e internacionais, a UA soma um
total de 272 na vertente “invenções” (patentes e modelos de
utilidade), 267 na vertente “marcas e logotipos”, 61 no tipo
“direitos de autor” e 22 em “desenho ou modelo (design)”. Esta
dinâmica muito deve à atividade da Unidade de Transferência de
Tecnologia da UA (UATEC) – ver esquema 1 e caixa.
Estes números são indissociáveis da posição, também de
liderança no conjunto das universidades portuguesas, da
UA quanto ao número de publicações per capita. Em abril foi
conhecida a mais recente edição do ranking de Leiden (http://
www.leidenranking.com/ ), que de Leiden atribui a liderança
nacional à UA considerado o indicador MCS (Mean Citation
Score: “The average number of citations of the publications of
a university”) na área “Mathematics, computer science, and
engineering”, que mede o impacto (citações) das publicações
da universidade. Por outro lado, Aveiro lidera ainda no critério
que mede a proporção de publicações em colaboração
com empresas, considerando todas as áreas científicas,
designado indicador PP (UI collab) proportion of collaborative
publications with industry: “The proportion of the publications
of a university that have been co-authored with one or more
industrial partners”.
A evolução do Sapo e a recente projeção e bom desempenho
da impressora 3D são expressão das conquistas e da excelência
nas áreas de intervenção da UA, considera José Paulo Rainho,
UA, ninho de inovaçãoe valorização do conhecimentoDo Sapo, há cerca de 20 anos, à recente impressora 3D, passando pelo Vital Jacket, apenas
para referir algumas das mais emblemáticas criações de membros da comunidade académica da
Universidade de Aveiro, muito aconteceu e mudou quanto à estratégia de promoção da inovação e
apoio ao empreendedorismo. De facto, a marca "universidade geradora de inovação e valorizadora do
conhecimento por si produzido" tem raízes na génese da instituição, desde o início ligada ao tecido
económico, mas tem vindo a colar-se cada vez mais à performance e ao dia-a-dia da Universidade.
29 dossier
coordenador da UATEC. Há 40 anos, a
UA começou com a Engenharia Eletrónica
e Telecomunicações que se tornou uma
área de referência. É neste contexto que
surge o Sapo – Serviços de Apontadores
Português. As outras áreas de aposta
ainda não tinham reconhecimento
internacional. “A atual Impressora 3D inova
nos materiais, no design, tem implicações
sociais. É expressão da evolução que
a UA teve noutras áreas para além
das TICE: Materiais, Design, Energia,
Ambiente, Agroalimentar, entre outras. As
áreas de ponta articulam-se com outras
e isso traduz-se em novos projetos de
investigação, em produtos e serviços
a transferir para a sociedade, quer em
termos de licenciamento, quer de novas
empresas”. O próprio Francisco Mendes,
criador da impressora 3D com Jorge
Pinto, é formado em Engenharia Eletrónica
e Telecomunicações e pós-graduado em
Engenharia de Automação Industrial, dois
cursos da UA.
De facto, a maior presença da UA
em redes nacionais e internacionais
de investigação e inovação, neste
caso envolvendo também agentes
económicos, e uma ainda mais estreita
ligação à sociedade e à região têm
sido uma constante nas prioridades
da Reitoria e tido correspondência
na estratégia adotada interna e
externamente, de acordo com os
responsáveis por estas áreas
na Universidade.
Aposta na formação
Nesta linha, a posição invejável da
UA muito deve ao que Carlos Pascoal
Neto, Vice-Reitor da UA, designa
“adequada articulação da cadeia de
geração, transferência e valorização do
conhecimento”. Esta alteração inclui
um “esforço para promover o registo
de propriedade intelectual e aposta
na valorização dessa propriedade”, o
incentivo à “interação com o tecido
empresarial” – no qual destaca o
Portefólio de Competências e Serviços
da UA” – a formação, um novo programa
de incubação de ideias de negócio e
um quadro comunitário que “facilitou e
apoiou essa transferência e valorização
do conhecimento”. A UATEC tem feito
um esforço para a maior articulação
entre a equipa da UATEC e o grupo
de investigação na identificação de
invenções passiveis de proteção
através de mecanismos de registos de
propriedade intelectual.
No contexto da formação para o
empreendedorismo e de apoio às ideias
de negócio dos membros da Academia,
alunos ou docentes, Carlos Pascoal
Neto refere várias medidas. Nos últimos
anos introduziu-se o ensino formal do
empreendedorismo numa boa parte dos
cursos de todos os ciclos de estudo.
Ao nível da formação, a UA ministra
11 unidades curriculares relacionadas
com a temática do empreendedorismo
frequentadas por mais de 600 alunos.
Treinar para criar negócio
Entre várias outras, surgem iniciativas
de formação e promoção de ideias
de negócio. O Laboratório de
Empreendedorismo (LabE) pretende
formar potenciais empreendedores,
facultando-lhes competências que lhes
permitam empreender a sua própria
ideia de negócio, sendo uma iniciativa
no âmbito das atividades da Incubadora
de Empresas da Região de Aveiro
(IERA) e um projeto envolvendo a UA
e os 11 municípios da Comunidade
Intermunicipal da Região de Aveiro. O
curso CEBT Ibérico – Competências
Empreendedoras de Base Tecnológica
envolve as Universidades de Aveiro,
Beira Interior e Coimbra, em parceria
com o Conselho Empresarial do Centro
(CEC), com a Fundación General de la
Universidad de León y la Empresa, com
a Fundación General de la Universidad
de Salamanca, com a Fundación General
de la Universidad de Valladolid e a
Universidad Pontificia de Salamanca. Boa
parte das ideias surgidas nestas iniciativas
de formação, evoluem para projetos
empresariais na Incubadora da UA (IEUA).
A IEUA, que não se resume à cedência
de espaços para projetos empresariais.
A Incubadora da UA tem, como missão,
incentivar a criação, o desenvolvimento
e o crescimento sustentado de ideias
de negócio inovadoras, através da
promoção de ações de capacitação,
Proteção e gestãode direitos
de propriedadeintelectual
uatec
Apoio à criaçãode empresas
de basetecnológica
Valorizaçãoda propriedade
intelectual
Apoio àpromoção
da inovaçãoempresarial
Esquema 1: áreas de intervenção da UATEC
linhas maio 2014
de disponibilização de espaços, de serviços e de uma rede de
parceiros para criação de valor. A estratégia está implementada
há cerca de três anos. Com tal sucesso, que a estratégia se
alargou à região, através da IERA.
“Notei uma evolução muito grande nos últimos três anos”, afirma
Francisco Mendes, CEO da Beeverycreative que comercializa a
impressora 3D Beethefirst. “Percebeu-se que a estratégia deve
passar por um apoio muito maior, ajudando não só spin offs
mas também start ups. Nestes últimos três anos, aumentaram
os recursos humanos da IEUA, com profissionais de diversas
áreas que dão apoio administrativo, contabilístico, entre
outros, investiu-se nas condições logísticas e de acolhimento,
reabilitando um espaço antigo (Edifício 1 do campus de Santiago
e expansão para o antigo edifício da Fábrica de Moagens) e a
IEUA tem agora mais espaço. Por outro lado, as parcerias que a
IEUA foi estabelecendo permitem agora um apoio mais eficaz aos
projetos, mais especializado e dedicado. Todas essas condições
associadas ao trabalho da direção, que tem uma rede vasta de
contactos, e que se disponibiliza para usar essa rede sempre que
há uma situação nova… Tudo isto tem melhorado ao longo do
tempo”, conclui o empresário e antigo aluno da UA.
Situação muito diferente do que se passava há 20 anos, quando
surgiu o Sapo. “Hoje há financiamentos, há oportunidades,
programas, capital de risco… Nada disso existia. Nós criámos
uma empresa que funcionou onde está hoje instalada a
IEUA, mas não existia incubadora”, recorda Benjamim Júnior,
membro da equipa criadora do Sapo. “O apoio tecnológico,
a rede nacional em que a UA estava inserida e o facto de
sermos trabalhadores-estudantes no Centro de Informática
da UA, foi muito importante”. “A UA estava integrada na rede
nacional e tinha acesso a tecnologia que não existia noutros
meios. E houve abertura, da parte dos responsáveis da UA,
para que essa tecnologia fosse usada com criatividade. Isso é
muito importante! É muito diferenciador!”, sublinha. Para além
da ponta de sorte, que existe em todos os casos de sucesso
e expresso, para o Sapo, no contexto institucional favorável
a novas ideias, Benjamim Júnior identifica mais dois fatores
fundamentais para o sucesso, que podem ser entendidos como
conselhos para quem começa a trilhar estes caminhos: uma
equipa apta e com saberes para resolver os problemas que
surgem; pessoas determinadas.
Ninho acolhedor e pontes para o exterior
O processo de apoio ao empreendedorismo e às ideias de
negócio, atualmente, pressupõe várias fases e avaliações
periódicas. Após o preenchimento da apresentação da ideia de
negócio ao “consultório de empreendedorismo” e do diagnóstico
subsequente, há lugar a uma proposta de adesão ao programa
de incubação “IEUA Start”, durante um máximo de 150 semanas
O que é a propriedade intelectual?
Em termos gerais, a propriedade intelectual protege os
direitos inerentes às criações da mente humana. Compreende
criações de caráter técnico (invenções), criações estéticas
(design), sinais distintivos do comércio (marcas, logótipos,…)
e obras do domínio literário, científico e artístico.
Que modalidades de propriedade intelectual existem?
As invenções, dependendo das suas características, podem
ser protegidas através do pedido de registo de patente e/
ou modelo de utilidade. Os sinais distintivos de comércio
são contemplados nos registos de marcas, logótipos,
denominações de origem, indicações geográficas. O design é
protegido através do registo de desenho e modelo. As obras
do domínio literário, científico e artístico são contempladas
pelos direitos de autor. Os direitos de PI têm carater territorial,
pelo que o seu registo pode ser de âmbito nacional e/ou
internacional.
Porquê e para quê pedir o registo de Propriedade
Intelectual? O que se pretende defender com o registo
e que vantagens tem?
Embora o registo (pedido de proteção) junto das entidades
competentes não seja obrigatório, este confere inúmeras
vantagens. De facto, o registo confere um direito exclusivo
que permite impedir que terceiros, sem o consentimento do
titular do direito, produzam, fabriquem, vendam ou explorem
economicamente a criação protegida. Por outro lado, permite
valorizar o esforço financeiro e o investimento em capital
humano e intelectual utilizado na conceção de novos produtos
ou processos e impede que outros protejam o mesmo
produto ou processo ou utilizem os meios o processo objeto
de proteção. É também através do registo que se garante a
possibilidade de transmitir o direito ou de conceder licenças
de exploração a favor de terceiros, a título gratuito ou oneroso.
Como pedir? A quem? O que se deve fazer para pedir o
registo?
O processo de proteção dos direitos de propriedade
intelectual na Universidade de Aveiro é efetuado através da
UATEC, e inicia-se com o preenchimento da Comunicação de
Invenção/Criação/Obra. A UATEC interage com as entidades
oficiais (ex. INPI) e com os inventores/criadores durante todo
o processo.
DUAS OU TRÊS COISAS SOBRE PROPRIEDADE INTELECTUAL
31 dossier
(ver esquema 2). Se aceite, inicia-se
o programa IEUA Start. Dependendo
da fase de desenvolvimento, poderá
haver a passagem pela fase Pre start,
de pré-incubação, ou avançar logo para
a fase Start up, seguindo-se as fases
Start play e Start go. As empresas que
concluem este processo com sucesso
estão capacitadas para desenvolverem
a atividade autonomamente, podendo,
ainda, “alavancarem-se” através do
programa IEUA Graduate, ao longo de um
período máximo de 100 semanas.
As 17 empresas em incubação na IEUA,
a 31 de dezembro de 2013, garantiam
100 postos de trabalho, quase o dobro
de 2012, e registavam um volume de
negócios de quase 4 milhões de euros.
Alcançou em três anos um crescimento
exponencial de um número de empresas
em incubação (+231%), do volume de
negócio (+681%) e do número de postos
de trabalho criados (+370%).
Trata-se de toda uma estratégia que
tem vindo a ser construída nos últimos
anos que consolida uma dinâmica
assente desda a génese da instituição
– o primeiro curso começou logo em
articulação com uma empresa, a Portugal
Telecom – e na estrutura orgânica da
UA, também considerada influente
nestes resultados pelo Vice-Reitor da
UA. As Plataformas Tecnológicas que
têm vindo a ser apresentadas – Agro-
alimentar, Alta Pressão, Mar, Moldes e
Plásticos, Comunidades Inteligentes, já
apresentadas, e as previstas nas áreas
de mobilidade suave, bicicleta, Design
Thinking e Habitat – são a tradução,
no concreto, da relação da UA com o
tecido económico nos vários setores ou
fileiras. “A UA criou os departamentos
para as necessidades pedagógicas, as
unidades investigação para investigação,
mas o mundo mudou e há necessidades
do exterior que requerem respostas
multidisciplinares para as soluções de
mercado, respostas que já não dependem
tanto de um só departamento, mas de
equipas multidisciplinares focadas num
determinado setor. As Plataformas são
redes e estruturas informais, sobretudo de
valorização dos intangíveis, competências
e recursos humanos, que já existem e
trabalham em conjunto para responder às
necessidades do mercado”, explica José
Paulo Rainho.
O Creative Science Park – Aveiro Region,
gerido pela Sociedade Anónima PCI –
Parque de Ciência e Inovação, é uma
espécie de “corolário desta estratégia de
longo prazo que a UA tem vindo a seguir”,
assinala Carlos Pascoal Neto. “Passamos
a ter uma estrutura em que a UA tem uma
presença muito forte, parte integrante
do campus, em proximidade física e
contiguidade, que são fundamentais, que
reforça a relação da UA com as empresas
e a região, promove a inovação e o
crescimento económico.”
Esquema 2: programa de incubação da IEUA
linhas maio 2014
Música: esse grande coração!O entusiasmo com que toda a plateia da pequena sala se levantou
a aplaudir a atuação, associado ao genuíno agradecimento de uma
das vozes da assistência, em nome dos que “amarguram” na prisão
expressavam a importância que a música pode desempenhar, para
além das funções que lhe são habitualmente atribuídas. Música
na comunidade… e no coração, dir-se-ía. O conceito tem vindo
a ser estudado e trabalhado por um grupo do Departamento de
Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro.
33 investigação
O espetáculo no Estabelecimento Prisional de Aveiro (EPA)
decorreu a 20 de fevereiro de 2013, por ocasião do 20º
aniversário da Magna Tuna Cartola, e nele participaram
ativamente alguns reclusos do EPA, para além dos músicos e
amigos da “Cartola”. Participou também um grupo ligado aos
cursos de Música do Departamento de Comunicação e Arte da
UA, que tem vindo a realizar vários projetos na comunidade, e
um grande conjunto de atividades e de criações que envolvem
música dirigida a públicos específicos.
Entre os músicos desse espetáculo estava Paulo Maria
Rodrigues, docente da UA que há anos tem vindo a trabalhar o
conceito de “música na comunidade”, e Pedro Costa, membro
da Magna Tuna Cartola que apresentou recentemente uma
dissertação de mestrado nesta área, na qual o workshop e
subsequente espetáculo da “Cartola” foi uma das ações.
Entre os convidados para o espetáculo estava também a
estudante de doutoramento Inês Lamela que tem vindo a
trabalhar com reclusas em Santa Cruz do Bispo (EPESCB).
Inês Lamela e Pedro Costa, com orientação de Paulo Maria
Rodrigues, têm vindo a construir um corpo de conhecimento
e de práticas, na UA, em que a música desempenha funções
sociais e psíquicas para além das que habitualmente lhes
estão associadas, envolvendo públicos com necessidades
específicas. O docente de Música no Departamento de
Comunicação e Arte (DeCA), um agrónomo doutorado pela
Universidade de East Anglia em Bioquímica e Genética
Aplicada que optou por aprofundar a formação adquirida em
Canto no Conservatório de Lisboa, foi responsável pelo Serviço
Educativo da Casa da Música até 2010 e autor de diversas
criações no âmbito da chamada “música na comunidade”.
É compositor residente da Companhia de Música Teatral,
tendo criado recentemente a “constelação” “Anatomia do
Piano” (que além do espetáculo homónimo inclui ainda a
instalação “Pianoscópio”, ambos dedicados aos mais jovens),
e várias peças do projeto “Opus Tutti”. Na UA foi responsável
pelo projeto "Bach2Cage", que entre 2001 e 2003 teve um
espetáculo em digressão pelo país, e mais recentemente pelo
“Projeto X”. Paulo Maria Rodrigues estudou em Londres, na
Royal Academy of Music, onde realizou uma pós-graduação
em Ópera. Ainda em Inglaterra, participou como cantor
em inúmeras óperas, concertos e recitais; em Portugal, foi
membro do Coro de Câmara de Lisboa e do Coro Gulbenkian.
Na área da composição, Paulo Maria Rodrigues foi premiado
no Concurso de Jovens Compositores da Juventude Musical
Portuguesa, passando a dedicar-se à composição durante os
seus estudos em Inglaterra, sob a orientação de Rolf Gehlhaar.
Música como veículo para reorganização pessoal
O “Projeto X”, citando o texto de apresentação, parte do
princípio segundo ao qual “as atividades educativas nos
estabelecimentos prisionais são instrumentos importantes
para o processo de reeducação. As experiências musicais,
em particular, são ferramentas para a (re)construção da
individualidade e para a ligação do ser humano com o mundo
exterior, e a música tem a capacidade de poder chegar todos
os indivíduos, independentemente da sua condição social,
idade, género ou cultura. Está largamente documentado o
poder da música em contexto prisional enquanto promotor de
bem-estar, desenvolvimento humano e meio reconciliador de
culturas, funcionando como um mecanismo de recuperação/
reorganização pessoal”.
Com a disciplina de Música, Comunidade e Educação, uma
opção no plano curricular do Mestrado em Música, os alunos
têm a oportunidade de realizar trabalhos de música na
comunidade. "O Projeto X" pretende articular e aprofundar as
Paulo Maria Rodrigues, Inês Lamela e Pedro Costa junto a um piano
desconstruído usado em "Pianoscópio"
linhas maio 2014
valências desenvolvidas quer no DeCA, quer no EPESCB e
no EPA, cruzando estes três universos na construção de uma
experiência profunda de música na comunidade. O projeto
desenvolve-se em três núcleos autónomos numa primeira
fase, que depois se encontram numa segunda, que dá origem
a apresentações públicas onde o palco é partilhado por
reclusos do EPA, reclusas do EPSCB e alunos da UA. “No
universo hermético que é cada um dos estabelecimentos
prisionais, o poder emocional da música enquanto ferramenta
de desenvolvimento humano é singular: cataliza emoções, abre
canais de comunicação e interação entre indivíduos fechados
ao mundo e sobre si mesmos, dá uma identidade única a cada
participante”, explica-se num texto sobre o "Projeto X".
Na perspetiva dos músicos, estas experiências são um desafio
à “formatação” do habitual ensino musical de conservatório
e de escolas de música e apelam a aptidões mais fundas,
considera Paulo Maria Rodrigues; tudo a ver com a “relação
entre a música e as pessoas”, portanto…
No trabalho individualizado, à volta do piano, que tem vindo a
fazer com quatro reclusas de Sta. Cruz do Bispo, no âmbito
do seu doutoramento, Inês Lamela não partiu de um programa
pré-definido, resultando antes de uma conjugação entre a
vontade das alunas e o que tem para lhes ensinar. Algo que
a doutoranda considera extremamente gratificante, sendo
recebida com sinais de grande simpatia e de agradecimento.
Como já lhe explicaram as reclusas, as aulas de piano são
vistas como recargas de autoestima e de ânimo para enfrentar
as agruras do dia-a-dia numa prisão.
Também no caso de Pedro Costa e do trabalho no
Estabelecimento Prisional de Aveiro as expectativas foram
superadas, resultando num grande envolvimento dos reclusos,
na construção de algumas composições próprias e na gravação
de um CD que acaba por ser mostrado a amigos e familiares dos
reclusos. A música neste caso, sublinha Pedro Costa, funciona
como meio para dar empowerment aos participantes, ou seja,
para lhes dar esperança e fazer com que acreditem novamente.
O papel do “chuvador” e do “chilreador”
Nas criações de Paulo Maria Rodrigues são também comuns
as atividades e espetáculos especialmente dirigidos a crianças
e no seu léxico surgem termos como "música cénica" e "teatro
musical" que definem a amplitude das estéticas exploradas
pela Companhia de Música Teatral. Ou instrumentos como
o “rugidator”, o “chuvador”, ou o “chilreador”, construídos e
usados pelas próprias crianças.
“Opus Tutti” é um projeto artístico e educativo que visa a
conceção de boas práticas de intervenção na comunidade
dirigidas à infância e primeira infância e que conta com o apoio
da Fundação Calouste Gulbenkian. Integra ações dirigidas
a diversos públicos-alvo para criar modelos de trabalho
direcionados à primeira infância, oferece oportunidades de
fruição artística e interação social, desenvolve modelos de
formação “imersiva” e “implosiva” na área artística e intervem
ao nível das práticas culturais e educativas das famílias e
profissionais de forma a contribuir para o seu sucesso e
enraizamento social. O Jardim de Infância do Roseiral, em
Lisboa, tem vindo a servir de unidade piloto deste projeto,
onde se testa a reação do público – as crianças – às propostas
criativas que vão sendo idealizadas.
Para além de “Anatomia do Piano”, “AliBaBach”, “Andakibebé”
ou “Bebé PlimPlim” apresentados em festivais nacionais
e internacionais e na UA, no âmbito da Semana Aberta da
Ciência e Tecnologia e dos Festivais de Outono, outro projeto
emblemático é o “Gamelão de Cerâmica e Cristal”, exposto e
experimentado nos jardins da Gulbenkian, no Museu de Aveiro
e no Centro Cultural de Belém. O instrumento resulta de uma
parceria entre o DeCA, o Departamento de Engenharia de
Materiais e Cerâmica da UA e a Vista Alegre.
O escritor António Lobo Antunes disse um dia que “o
objetivo da educação é dotar as pessoas com instrumentos
de construção de felicidade para a vida”. A frase inspira
assumidamente o projeto Opus Tutti, mas também, de certo
modo, todas as outras atividades de música na comunidade.
"Anatomia do Piano" nos Festivais de Outono
35 investigação
Programa Doutoral da UAe UMinho forma primeirosdoutorados
Investigação-ação de Estudos Culturais alarga-seao empreendedorismono terceiro setor
Uma espécie de novo
ecossistema académico de
investigação e ação começou
a estruturar-se há quatro anos,
em torno da cultura e das suas
muitas possibilidades de estudo
e intervenção, tal a diversidade
dos elementos que constituem o
Programa Doutoral e as redes que
tem vindo a estabelecer. O estudo
das questões culturais alarga-se
agora ao empreendedorismo no
terceiro setor.
linhas maio 2014
É como se de uma “conceção ecológica”
de Programa Doutoral se tratasse,
ou seja, um ambiente académico de
investigação, expressão usada pela
coordenadora na UA e professora do
Departamento de Línguas e Culturas,
Maria Manuel Baptista, dado que os
doutorandos imergem num ambiente
diverso e dinâmico. Associados ao
Programa estão uma rede de instituições
e espaços culturais, jornadas, congresso
anual, revista digital bilingue e uma
página Internet, numa permanente
atitude de troca entre diferentes
percursos académicos e diversas
experiências de vida.
Os primeiros “organismos vivos”
deste ecossistema, os primeiros
doutorandos, estão agora a sair do
ambiente de ensino-investigação
e começam a demonstrar as suas
aptidões na investigação, na gestão e
programação cultural, na comunicação,
na estruturação de políticas culturais,
na criação artística, na educação e,
dentro de pouco tempo, também no
empreendedorismo social.
O Programa Doutoral em Estudos
Culturais nasceu num ambiente de
multidisciplinaridade através de uma
parceria entre as universidades de Aveiro e
do Minho. “Este é o primeiro doutoramento
verdadeiramente em Estudos Culturais,
com todas as condições para abrir uma
novíssima abordagem aos estudos da
cultura em Portugal, superando uma visão
clássica, quase estereotipada, das ciências
sociais e humanas sobre a relação entre
a cultura e a sociedade”, considera outro
aluno, Manuel Costa, diretor da Biblioteca
da Póvoa do Varzim, num testemunho
incluído no trabalho de pós-doutoramento
na UA, é o “espectro muito largo”
onde confluem um vasto leque de
áreas do saber, tanto ao nível do
corpo docente, quer da formação
académica dos estudantes, o que
implica equipas muito coesas na
orientação das teses concebidas à
medida dos interesses e da experiência
de cada doutorando. Tal como a “alta-
-costura” concebe “vestuário à medida”,
graceja Maria Manuel Baptista. Neste
Programa Doutoral confluem não só
a comunicação e a sociologia, áreas
naturais da Universidade do Minho,
como as humanidades, que constituem
o contributo direto da Universidade de
Aveiro, mas também a arte e história
de arte, a antropologia, o jornalismo, a
animação cultural, entre várias outras.
Os títulos das teses, algumas já
defendidas, são os mais diversos: “A
importância das religiões na literatura
moçambicana”; “Envelhecimento e
luto em idosos institucionalizados”;
“Identidade nacional no cinema de João
Canijo”; “Políticas públicas para a cultura
– o caso de Serralves”, entre outros.
Os participantes chegam ao Programa
com formação académica em todas
essas áreas e procuram competências
de investigação e reflexão nas áreas em
que já trabalham, mas também buscam
maiores competências para ação cívica
Culturas em diálogo nos Estudos Culturais: simbologia amazónica no quatrocentista claustro do Museu de Aveiro.
40 ANOS DE LIBERDADE
EM CONGRESSO
O IV Congresso Internacional em Estudos
Culturais: Colonialismos, Pós-colonialismos e
Lusofonias decorreu no Museu de Aveiro, no
final de abril, foi marcado pelos 40 anos da Re-
volução dos Cravos, e precedido por um ciclo
de curtas-metragens intitulado “A Liberdade
que Temos”, em parceria com o Cineclube de
Avanca e a recém-criada IRENNE, ONG para
promoção do empreendedorismo na área de
Estudos Culturais.
em Estudos Culturais de Wladilene Lima.
Esta encenadora, atriz e cenógrafa, mas
também professora e investigadora na
Universidade Federal de Belém do Pará,
Brasil, conduz um estudo sobre a formação
de investigadores nesta área em Portugal.
Espectro largo de saberes,
orientação focada
Um dos pontos fortes do Programa
Doutoral, na perspetiva da coordenadora
37 investigação
e política. “Eu acho que quem estuda no
Doutoramento de Estudos Culturais ou
mesmo trabalha na investigação na área
de Estudos Culturais, vem com vontade
de adquirir essa densidade da ação
política mesmo, com esta perspetiva
de intervenção.”, explica a escritora
brasileira e investigadora Anne Ventura,
uma das alunas do Programa Doutoral
em Estudos Culturais.
Anne Ventura é uma das doutorandas
brasileiras, entre vários outros de países
lusófonos, expressão do “forte vínculo
com a Lusofonia”: para além da revista
(que é lusófona), dos congressos, livros
e artigos já publicados em colaboração
com investigadores lusófonos, há alunos
de Portugal, Brasil, Cabo Verde, Angola,
Moçambique e até de língua materna
inglesa e francesa, a quem foram
atribuídas bolsas FCT, mas também
financiados pelos organismos de apoio
à investigação dos seus países, “num
claro reconhecimento da relevância e
qualidade deste Programa Doutoral”,
considera a coordenadora na UA.
Preparar empreendedores
para o terceiro setor
No próximo ano letivo vai iniciar-se
uma nova disciplina: trata-se de
empreendedorismo cultural e social,
com a colaboração do Departamento de
Economia, Gestão e Engenharia Industrial
da UA, para dotar os participantes do
Programa Doutoral de competências
ao nível do chamado terceiro setor,
contribuindo também para uma
colocação mais fácil no mercado de
trabalho nos casos em que os doutorando
ainda não têm ocupação profissional.
É neste âmbito que surge, na esfera
dos Estudos Culturais, a primeira spin
off, designada IRENNE – Associação
de Investigação, Prevenção e Combate
à Violência e Exclusão. Trata-se de
associação de direito privado sem fins
lucrativos que pretende apoiar projetos
e impulsionar o empreendedorismo
na área do terceiro setor e cuja equipa
e órgãos diretivos é composta por
alunos e professores do Programa
Doutoral em Estudos Culturais UA/
UMinho. A atividade da IRENNE
visa compreender mais e melhor as
sociedades e os cidadãos, bem como
os lugares de conflito e as relações
de poder que aí se desenvolvem, para
propor e implementar estratégias de
reequilíbrio e diminuição da violência
e da exclusão. Por isso a IRENNE
privilegia projetos de investigação-ação
multidisciplinar com ênfase nos estudos
culturais, sociais, e artísticos, mas em
colaboração transversal com todas as
áreas do conhecimento científico. As
estratégias de ação passam pelas artes
performativas, comunicação e TIC,
audiovisual, de entre outras linguagens.
O caso das rotas museológicas na
região de Aveiro, estruturadas por Sara
Vidal Maia, também doutoranda, são
um caso curioso de empreendedorismo.
Os conteúdos foram concebidos e
podem ser disponibilizados para uso dos
interessados em diversos suportes. Uma
empresa de Coimbra está a preparar
uma plataforma para disponibilizar os
conteúdos na Internet. Sara Maia procura
neste Programa Doutoral o debate que
resulta da multidisciplinaridade depois
da passagem pela História de Arte e pelo
mestrado em Gestão e Planeamento em
Turismo, ramo Turismo e Cultura na UA:
“Eu venho da História da Arte, passo
pelo Mestrado em Turismo Cultural,
mas não queria ficar presa numa área
específica, queria um doutoramento que
me permitisse conjugar várias áreas.
E a multidisciplinaridade dos Estudos
Culturais permite precisamente isso.”
Ao Programa Doutoral está ainda
associada uma rede de espaços
e promotores culturais. A Rede de
Estudos Culturais, assim designada,
envolve instituições do Norte e Centro
do país e mais duas de abrangência
nacional – Culturgest e Fundação
Calouste Gulbenkian. Pretende-se,
explica Maria Manuel Baptista, que
contribua para a divulgação de eventos,
para o estudo e reflexão sobre questões
culturais em estreita articulação com o
Programa e ainda para a realização de
estágios doutorais.
O Programa Doutoral em Estudos
Culturais – UA/UM, que no próximo ano
lectivo entra na sua 5ª edição, conta já
com mais de uma centena de alunos
em doutoramento, estágio doutoral
e pós-doutoramento, envolvendo de
cerca de seis dezenas de docentes de
ambas as universidades, bem como
de duas dezenas de investigadores
internacionais que co-orientam as
investigações em curso. Entre os alunos
está o aluno mais idoso da UA: Brasilino
Godinho, de 86 anos.
Anne Ventura
Manuel Costa
Sara Vidal Maia
linhas maio 2014
UNAVE e UINFOC unem-se em prol da excelência
na formação contínua
Valoriza-te: vem, vive e voltaHá 28 anos no mercado da formação contínua, a Associação para a Formação
Profissional e Investigação da Universidade de Aveiro (UNAVE) está a associar a sua
longa experiência ao vasto know-how da Unidade Integrada de Formação Continuada
(UINFOC), em matéria de creditação de formações, de modo a dar forma – e conteúdo
– ao conceito de “University Lifelong Learning”, entendido como aprendizagem ao longo
da vida de nível universitário. Daí, o lema: "Valoriza-te: vem, vive e volta".
Centrada na oferta de formação contínua de nível universitário, com o selo de
qualidade e a excelência do ensino da Universidade de Aveiro, a equipa da UNAVE/
UINFOC, liderada, desde dezembro do ano passado, por José Alberto Fonseca –
docente no Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática da UA
–, está apostada em proporcionar aos formandos todas as condições, no seio da
instituição, para que se sintam "verdadeiramente em casa", salienta o diretor.
A equipa da UNAVE, afirma José Alberto
Fonseca, está ciente de que existem
arestas por limar, mas muito trabalho já
foi feito desde a sua nomeação. Algumas
ideias foram surgindo e vários projetos
estão a decorrer com o intuito de
39 ensino
proporcionar aos formandos o acesso às
mesmas ferramentas e infraestruturas de
que dispõem todos os estudantes da UA.
De forma a potenciar a ligação "que se
pretende cada vez mais forte e transversal
entre a oferta formativa da UNAVE e as
múltiplas áreas científicas da UA", José
Alberto Fonseca escolheu uma equipa
pluridisciplinar, constituída por pessoas
com formações diversas, com qualidades
e caraterísticas que se complementam.
José Alberto Fonseca é proveniente da
área das engenharias e tem ligações ao
mundo empresarial; Luís Miguel Ferreira é
docente do Departamento de Economia,
Gestão e Engenharia Industrial e tem
um forte vínculo à área da gestão de
cadeias de abastecimento; Maria Eugénia
Pereira é docente do Departamento de
Línguas e Culturas e detém uma larga
experiência na coordenação de cursos
livres e de formações de Português
Língua Estrangeira; e Lucília Santos é
docente do Departamento de Física,
possui uma inigualável experência na
formação contínua de professores, e está
ligada, há anos, à investigação na área do
“University Lifelong Learning”.
Pessoas e empresas
Focada nas pessoas e nas necessidades
das empresas, a nova oferta formativa
da UNAVE contempla três áreas
fundamentais – comportamental, técnica
e cultural – e três regimes –presencial,
blended-learning e e-learning –,
multiplicando, deste modo, a liberdade
de escolha dos formandos.
A transversalidade é outra das marcas
que a equipa de gestão da UNAVE
pretende introduzir na sua oferta
formativa, promovendo o envolvimento
dos diversos departamentos da UA –
embora não se pretenda abandonar
a formação em áreas específicas,
fortemente especializadas.
Estranho seria isso não acontecer numa
universidade que reúne saberes de
diferentes áreas científicas – e muito
diversas.
A proposta de ações de formação
transversais a várias áreas do saber
passa, assim, a ser uma constante da
oferta formativa da UNAVE, sendo que
o acesso a bibliotecas e mediatecas,
onde é possível consultar informação
específica ou mais abrangente, a
laboratórios e demais infraestruturas
disponíveis no campus é uma mais-
-valia para este tipo de formação.
Transversalidade que a direção pretende
estender para além dos limites físicos
da UA, conquistando-se a comunidade
envolvente, através do estabelecimento
de protocolos de colaboração e
parcerias estratégicas com empresas,
escolas e outras entidades formadoras,
com municípios e respetivas associações
regionais, ou de fim específico, e
movimentos associativos.
pessoal, como, por exemplo, nas TIC”.
“Esta é uma aposta estratégica para
a UNAVE por se tratar de uma área a
que os professores são habitualmente
expostos, durante a sua formação
inicial”, argumenta José Alberto
Fonseca, acrescentando ainda que “a
formação com imersão nas empresas é,
pois, um objetivo a alcançar.”
Créditos ECTS para ações de formação
Entretanto, a UNAVE, através da
UINFOC, está a dar os primeiros passos
no sentido de poder vir a atribuir créditos
de formação universitária (ECTS) às
ações de formação contínua que não
conferem grau académico.
Esses ECTS poderão, mais tarde,
ser utilizados pelos formandos, na
eventualidade de ingressarem numa
licenciatura ou num mestrado da UA.
Por forma a contrariar eventuais inibições
no momento do ingresso ou no regresso
à Universidade, os formandos da UNAVE
vão passar, muito em breve, a usufruir
de um novo espaço, destinado a ações
de complemento à formação, situado no
centro da cidade de Aveiro.
O conhecimento da realidade física e
a identificação dos formandos com a
cultura da instituição que frequentam
é outro desígnio da UNAVE, pelo que
a receção aos novos alunos incluirá,
sempre que possível, afirma José
Alberto Fonseca, visitas ao Campus
Universitário de Santiago, conhecido
pela sua arquitetura única e assinada
pelos melhores arquitetos nacionais, aos
laboratórios e demais espaços da UA
(ver texto na secção Campus Exemplar
neste número da Linhas), dos quais
poderão vir a usufruir.
No dizer do presidente da direção da
UNAVE, “a relação entre a instituição
e as pessoas é fundamental”, quer-se,
pois, continuada e em linha com o lema
“Valoriza-te: vem, vive e volta”, que a
UNAVE ostenta.
A UNAVE está a dar os
primeiros passos no sentido
de poder vir a atribuir
créditos de formação
universitária (ECTS) às
ações de formação
contínua que não conferem
grau académico.
“Paralelamente, estamos, por exemplo,
a preparar ações de formação
mais técnicas, direcionadas para a
reconversão profissional de professores,
uma classe profundamente afetada
pelo desemprego, já que a oferta é
nitidamente superior à procura”, refere
José Alberto Fonseca.
Para o presidente da Comissão
Executiva da UNAVE, faz sentido “fazer
a reconversão de professores em
áreas onde, nas empresas com quem
a UA trabalha de perto, existe falta de
linhas maio 2014
Manuel António Assunção sonha com uma Universidade Cívica
Reitor da UA inicia segundo mandato
Reeleito Reitor da Universidade de Aveiro,
Manuel António Assunção acredita que ter sido
candidato único pode refletir, de alguma forma, o
reconhecimento do trabalho feito. Para enfrentar
os grandes desafios do mandato iniciado, não
se cansa de insistir no reforço da qualidade da
investigação e do ensino e da ligação à sociedade,
da internacionalização e na necessidade de falar
mais inglês no campus. Não esconde que gostaria
que o conhecimento das universidades estivesse
mais presente na sociedade e na formulação e
concretização das políticas e confessa o sonho de
uma Universidade Cívica. Com um gosto especial
por plantas e bicicletas, Manuel Assunção tem
esperança que, no Verão, possa vir mais vezes
sobre duas rodas para a UA.
41 entrevista
No contexto atual de incerteza de
dificuldades de gestão orçamental
– redução da dotação que vem da
administração central e consequente
redução de despesas para acomodar
os cortes, com reflexos nas verbas
destinadas a manutenção de
infraestruturas, por exemplo –,
é preciso coragem para, se
candidatar a um novo mandato! Terá
sido por estas dificuldades que não
surgiram outras candidaturas, ou
porque é institucionalmente aceite
que deve haver um segundo mandato
de cada reitor?
Cada pessoa, neste contexto de
abertura e de possibilidade de
candidaturas de professores ou
investigadores, de várias proveniências,
nacionais ou estrangeiros, fará a sua
avaliação. Eu apenas posso referir os
motivos da minha recandidatura: dar
continuidade ao percurso que a UA vem
fazendo há quatro anos; dar sequência
a diversas linhas de atuação destes
últimos quatro anos, que permitiram,
por exemplo, proceder a um significativo
reequipamento científico e recrutar
investigadores, através do MaisCentro,
contribuindo assim para minorar o efeito
da redução do número de posições de
Investigador FCT. Mas também, olhando
para o futuro, afirmar a UA como
escola reconhecida de pós-graduação,
contribuir para que a UA aproveite
da melhor formas as oportunidades
que os programas 2020 representam
e torná-la ainda mais internacional,
atraindo mais estudantes estrangeiros,
proporcionando mais oportunidades
de mobilidade à Comunidade UA,
participando de forma mais ativa nas
redes já estabelecidas, criando novas
parcerias estratégicas. Ter sido o
único candidato interno talvez possa
representar também, de alguma forma,
o reconhecimento do trabalho feito no
primeiro mandato.
Nos desafios expressos no Programa
de Ação 2014-2018, refere-se à crise
demográfica: onde pode e deve a UA
ir buscar os seus alunos para manter
os níveis de qualidade, tendo em
conta que para isso é preciso escala
mínima? Os alunos estrangeiros
podem ajudar? O Estatuto do
Estudante Internacional pode vir
a cumprir esse objetivo? Se assim
for, é preciso haver mais aulas em
inglês… (Entre os seus objetivos
consta “Mais UC em língua inglesa
(80% no 3º ciclo, 30% nos mestrados,
mobility windows de ≥ 30 ECTS
no 1º ciclo)”).
A questão demográfica tem duas
componentes: uma quebra no número
de jovens em idade de ingressar no
ensino superior, que já ocorreu, e uma
outra que ocorrerá a prazo. No entanto,
se tivermos em consideração que dois
terços da população que conclui o
9.º ano não acede ao ensino superior,
vemos que há uma considerável
margem de atuação para aumentar
a frequência do ensino superior,
essencial, aliás, para aproximar o
nível de qualificação dos portugueses
do resto dos europeus. Mas há
outra questão, talvez mais profunda,
que é a conjugação da distribuição
geográfica da população com o facto
das universidades, designadamente por
razões económicas, recrutarem na sua
região envolvente a grande maioria dos
estudantes. E, neste aspeto, a UA sofre
os efeitos de estar inserida uma bacia
de recrutamento muito menor que as do
Porto, Minho ou Lisboa, nomeadamente.
As estratégias de captação de
alunos são várias mas passam todas,
necessariamente, por uma oferta de
grande qualidade, em todas as áreas.
Claro que há vários instrumentos de que
temos que tirar melhor partido, desde
o dar a conhecer o que fazemos, e
sobretudo o que fazemos de diferente,
a melhorar as nossas condições de
acolhimento e a programas de estímulo
ao recrutamento dos melhores alunos.
O trabalho na frente internacional,
recorrendo ao estatuto referido, é um
dos elementos importantes, se bem
que o tempo de preparação disponível
para este ano letivo que se avizinha
seja muito escasso. A política de língua
que preconizo inclui mais aulas em
inglês, que funciona como fator de
atração para estudantes provenientes
de algumas áreas do globo; mas isto –
adquirir mais competências em inglês
-, é também muito relevante para os
estudantes nacionais, um requisito
praticamente indispensável. Contudo,
a questão das línguas não se esgota
aqui: a possibilidade de proporcionar
aos estrangeiros que nos escolhem
um domínio da língua portuguesa é
uma mais-valia com crescente procura
internacional, que devemos valorizar
como política e como fator de atração;
de modo análogo, proporcionar uma
aprendizagem de uma outra língua
estrangeira, seja o russo, o chinês, o
árabe, ou outra, tem cada vez mais valor
no mundo global em que nos movemos,
e deve ser posto crescentemente ao
serviço dos nossos estudantes.
UA RESISTE AOS “ABANÕES”
Que reflexos práticos teve a
readaptação às novas exigências
orçamentais? Foi apenas na redução
das despesas de manutenção e
subsequente degradação em alguns
aspetos das instalações, como já
referiu? Conseguiu-se “cortar nos
anéis e poupar nos dedos”?
Desde muito cedo introduzimos uma
estratégia de grande rigor em termos
de gestão de recursos humanos, com
alguma redução na massa salarial
global da UA, delegando nos Diretores
responsabilidades neste domínio.
Também houve ajustes noutras
despesas e aqui importa elogiar o
comportamento da UA no seu todo.
De facto, a grande consequência
da redução continuada, ao longo
de anos, da dotação orçamental
real, incidiu nas outras despesas
linhas maio 2014
de funcionamento. Isto porque foi
necessário optar, e a nossa opção foi
não deixar de realizar investimento no
reequipamento científico - replicando
de algum modo o programa Ciência
de três décadas atrás - porque
entendemos ser uma das condições
um número significativo de edifícios
e orgulhamo-nos de ter sido possível
não descontinuar nenhuma atividade
essencial no cumprimento da missão
da universidade, aí incluindo as
componentes da intervenção cultural e
da divulgação científica.
A UA surge pelo terceiro ano
consecutivo no ranking THE
para as universidades com menos
de 50 anos, ocupando a segunda
posição entre as universidades
portuguesas. Lembro-me de
o Reitor ter dito que a boa
prestação a UA e outras instituições
portuguesas de ensino superior se
devia a um aposta consistente e
continuada na ciência nos últimos
anos e que ainda deu frutos até há
um ou dois anos atrás. Será que as
dificuldades orçamentais recentes
já se estão a refletir nas avaliações
mais atuais, nomeadamente na
última? Como manter – ou melhorar
– os níveis de qualidade neste
contexto e voltar à posição cimeira
que a UA já teve?
A UA tem estado a par, com outras
universidades portuguesas, nos
principais rankings internacionais, não
só no THE, mas no de Leiden, no de
Taiwan ou no mais recente U-Multirank,
promovido pela União Europeia. Aliás,
em termos de valor absoluto, temos
melhorado os nossos indicadores.
A área dos materiais, por exemplo,
situa-se em 20.º lugar na Europa. E se
se reparar, as melhores universidades
portuguesas aparecem, sempre,
muito próximas umas das outras.
Trata-se de um aspeto muito positivo
para o ensino superior português (o
ranking de Melbourne coloca-o no
24.º lugar mundial), transmitindo uma
imagem muito positiva do que se faz
em Portugal e funcionando como
um elemento de atratividade. Cada
ranking tem a sua metodologia própria
e deve ser, naturalmente, analisado em
conformidade. Dando a devida atenção
aos rankings há que não lhe atribuir
importância excessiva. Há elementos
relacionados com a reputação que têm
um peso significativo no ranking do THE
e outros aspetos que requerem trabalho
"A área dos materiais
da UA, por exemplo,
situa-se em 20.º lugar
na Europa".
necessárias de sustentabilidade
no médio prazo. Não fazê-lo seria
comprometer o futuro! A redução em
mais de 30% das outras despesas
de funcionamento foi conseguida
quer à custa da eliminação de alguns
desperdícios (há que reconhecê-lo) ou
de despesas de segunda prioridade,
quer através de um maior integração
entre ensino e investigação, quer,
ainda, pela redução nas despesas de
manutenção, “os anéis”, já referidas.
Apesar de tudo conseguimos reabilitar
43 entrevista
ao longo de um tempo significativo.
Um dos elementos comuns à maioria
dos rankings é a qualidade da
investigação produzida, aferida através
do número de citações que cada
publicação científica recolhe; e aqui
é preciso uma atenção permanente e
redobrada para manter o nível onde nos
situamos, promovendo o impacto da
investigação e valorizando, cada vez,
mais a qualidade do que se publica
e as revistas onde se publica. Um
decréscimo na nossa posição relativa,
que pode ser pontual, não deixa de
constituir uma chamada de atenção e
um elemento de reflexão. Por outro lado
é claro que nós, como a generalidade
das universidades em Portugal, temos
muito trabalho pela frente em matéria
de sucesso escolar e no que respeita
ao número de anos que os estudantes
demoram a terminar os cursos.
MELHORAR NOVO MODELO
DE GOVERNO E GESTÃO
Que balanço faz da gestão sob o
regime fundacional? Deve manter-se?
Tenho afirmado repetidamente, em
público e em diversos círculos, que este
regime, no que refere à autonomia, não
deve ser alterado; ainda menos sem
uma avaliação séria sobre a experiência
destes últimos anos. Não devemos, em
Portugal, continuar a mudar sem avaliar,
porque isso é um processo em que se
gasta imensa energia, tempo e dinheiro,
por um retorno demasiado incerto.
Nenhum país desenvolvido tem as
nossas taxas de alteração dos termos
de referência com que nos governamos.
A tutela já afirmou publicamente que,
na essência, este será um regime para
manter. Naturalmente não esquecemos
que a opção tomada foi devidamente
contratualizada com o Governo,
que este, ou melhor, os sucessivos
governos, não cumpriram a sua parte
e que, mesmo assim, a UA superou os
objetivos estipulados.
No mandato que terminou o que terá
corrido menos bem e o que acha que
poderia ter corrido melhor?
Há sempre aspetos que poderiam ter
corrido melhor. Uma das questões
que muitas das pessoas referem
é a necessidade de melhorar a
comunicação interna, em particular
sob este novo modelo de governo e
gestão, com órgãos de menor dimensão
e processos de decisão com menos
intervenientes. É algo que merece uma
atenção particular mas que requer a
participação de todos: a comunicação
não tem, não deve ter, um único
sentido. Pretendemos também reforçar
instituições de ensino superior têm
pela frente, nomeadamente o desafio
demográfico?
Defendo que cada instituição deve ter
o seu projeto próprio, a sua identidade.
No projeto UA fez sentido, e continua
a fazer, construir e desenvolver uma
rede regional de ensino, de cooperação
e, crescentemente, de investigação,
como forma de mobilizar as valências
da UA para responder às necessidades
da região e do País, e delas tirar mais
partido. Esta organização permite
colocar alternativas mais diversas
aos estudantes, não só no momento
inicial de escolha, mas ao longo
a vertente da qualidade em todos os
domínio da missão da Universidade e
nos serviços de apoio, algo que não
foi possível dinamizar com a rapidez e
os meios que desejaríamos. E temos,
todos, que ter sempre a humildade de
reconhecer que em muitos aspetos se
poderia ter feito diferente e melhor.
Esta vocação dupla da UA de ensino
universitário e ensino politécnico tem
dado bons resultados? Aconselharia
a outras instituições, tendo em
conta os grandes desafios que a
de todo o seu percurso formativo.
Simultaneamente, permite oferecer
diferentes perfis aos empregadores,
bem como dinamizar uma rede que
se estende a todas as atividades. Foi
o caminho que escolhemos, no qual
continuamos a acreditar e para o qual
vimos trazendo um número sempre
crescente de parceiros empenhados:
autarquias, empresas, associações.
Mas é um caminho que exige, também,
uma cultura e motivações próprias,
que foram sendo apuradas, e que não
resultaria por decreto.
linhas maio 2014
Já disse que é necessário clarificar
a solução de Cursos Superiores
Tecnológicos que está proposta
para o ensino politécnico… Clarificar
em relação à oferta de CET que
poderão ser oferecidos fora do
ensino superior… Mas, em princípio,
concorda com a nova oferta.
Que vantagens poderão vir dos
Cursos Superiores Tecnológicos?
A formação mais longa – dois anos
em vez de 1,5 ano – poderá ser uma
vantagem?
Os TESP, novos ciclos de ensino
superior curtos, poderão vir a ter o seu
lugar próprio, à semelhança do que
sucede noutros países. Gostaria que
o processo tivesse sido conduzido
de modo diferente, com um tempo
que nos permitisse, eventualmente,
pensar adequadamente numa oferta já
para o próximo ano letivo e em que a
diferenciação e as semelhanças entre
CET e TESP fossem claras desde início,
não apenas para as instituições, mas em
especial para os potenciais estudantes
e para os potenciais empregadores.
Aliás, a coexistência dos dois tipos de
cursos curtos não faz, quanto a mim,
qualquer sentido.
SAÚDE: TIRAR MAIS PARTIDO
DO QUE JÁ EXISTE
Dos objetivos estratégicos
apresentados no Programa de
Ação, entre outros, surge: agregar
e consolidar a área da saúde. Que
perspetiva tem para a área da Saúde na
UA? “Agregar” e “consolidar” como?
Tenho dito que a área da saúde é uma
das áreas em que existe mais trabalho
feito, mais competências e maior
potencial na UA. A grande maioria
dos nossos departamentos inclui
investigação em saúde e investigação
relacionada com a saúde mobilizando
conhecimentos que vão desde a
química e biologia, naturalmente, à
física, à eletrónica, telecomunicações
45 entrevista
e informática, aos materiais, à gestão
e às políticas públicas, ao ambiente,
às línguas e à educação, não se
esgotando nesta lista. O que proponho,
e esse foi o desafio que lancei a um
grupo coordenado pelo Professor
Júlio Pedrosa, é tirar mais partido
do que já existe de forma ainda algo
fragmentada, ganhando capacidade
de trabalho em conjunto, escala e
visibilidade, para responder de forma
melhor às necessidades da sociedade,
não só no presente, mas num futuro já
muito próximo. E em que a utilização
integrada de conhecimentos de
diferentes áreas é a chave. A UA já
demonstrou fazer isto bem em muitos
domínios. Entendo que é absolutamente
prioritário fazermos isto em saúde e as
Unidades de Investigação na área da
Saúde, entretanto candidatadas, são um
exemplo, bom, desse tecer em conjunto
que importa concretizar. E que não
deixará de ter consequências benéficas
nas Unidades Prestadoras de Cuidados
de Saúde à nossa volta.
José Veiga Simão disse numa
das últimas entrevistas que deu
– publicada na revista Linhas
nº20 – que “As universidades têm
um papel crucial a desempenhar
na situação em que o país se
encontra”. Concorda? Como pode ser
desempenhado esse papel crucial?
As universidades são instituições
especiais, trabalhando na fronteira
do que é humanamente conhecido,
debatendo, criando novo conhecimento,
transmitindo-o, fomentando a sua
BALANÇO DE 37 DOS 40 ANOS DA UA
Que avaliação faz destes primeiros 40
anos da UA (com especial enfoque na
atualidade da academia)?
A UA soube construir uma ideia
coerente de Universidade que cresceu
através de um processo evolutivo
sem descontinuidades. Um projeto
que se baseou, desde o momento
inicial, na procura do pioneirismo e
da complementaridade: fazer o que é
antecipado como necessidade, futura,
da sociedade; e que as escolhas que
fazemos, em lugar de constituírem
repetições do que já há, possam trazer
algo de novo ao que o País já possui.
E realizar com a preocupação pela
qualidade de tudo o que fazemos e
da gente que o faz: hoje como há 40
anos! Esse é o grande mérito da UA: ter
afirmado um projeto universitário, dos
melhores em Portugal e reconhecido
a nível mundial, em que muito pouca
gente acreditava 40 anos atrás! E cá
estamos preparados para outras tantas
décadas e mais.
Que memória mais grata tem
destes anos?
As memórias boas e gratificantes, em
que se misturam afetos, realizações
pessoais e êxitos coletivos, são tantas
que, honestamente, não consigo
singularizar nenhuma: são 37 anos da
minha vida, caramba!
aplicação. Mas muitas vezes este
conhecimento não é usado no debate
público, na formação e informação
das populações, na formulação e
concretização das políticas. É algo que
depende muito da pró-atividade dos
docentes e investigadores, e que gostaria
de ver reforçado. Algo que faz parte de
um conceito de Universidade Cívica, que
tenho avançado. Ainda que tal compita
com tantas outras solicitações que
enfrentamos e dependa, também, da
própria recetividade dos interlocutores e
dos órgãos de comunicação social, bem
como da dinâmica da sociedade de que
fazemos parte, devemos esforçar-nos por
assumir mais e melhor esse papel crucial
de que falava o Prof. Veiga Simão.
Sabemos que tem uma grande paixão
pela bicicleta… E pelas plantas
também… Consegue usar a bicicleta,
pelo menos ao fim de semana? Tem
pena de não poder vir de bicicleta
para a UA? A Plataforma Tecnológica
da Bicicleta e Mobilidade Suave,
em preparação, terá um significado
especial para si…
Eu tenho, realmente, uma grande paixão
pela bicicleta, não só pelo pedalar com
as minhas pernas mas também pelo
ciclismo, em geral. Costumo dizer que
aprendi a ler com as reportagens sobre
a Volta à França e a Volta a Portugal!
As bicicletas e as plantas estão aliás
muito ligadas porque o ciclismo é um
desporto de espaços abertos que
permite uma grande cumplicidade
com a natureza. E eu sou, ainda, o
rapaz que nasceu e cresceu no campo.
Não ando de bicicleta tanto quanto
gostaria e é, de facto, uma pena que
não haja boas condições para mais
gente vir de bicicleta para o trabalho;
no entanto, com a aproximação do
Verão, vou passar a vir mais vezes.
Quanto às Plataformas Tecnológicas
elas constituem um excelente meio
para pôr em contacto, informal
mas estreito, gente da indústria,
professores e outros agentes, à volta
de uma mesma área de interesse
mútuo. A Plataforma Tecnológica
para a Bicicleta e Mobilidade Suave
é um desses casos que congregará,
desde logo, a ABIMOTA e a Federação
Portuguesa de Ciclismo com gente
nossa da Engenharia Mecânica, do
Design, das Políticas, dos Materiais,
do Desenvolvimento do Produto, etc.,
etc.; e é óbvio que me dará um gosto
especial o êxito, certo, desta iniciativa.
"O que proponho
(na Saúde) é tirar mais
partido do que já existe
de forma ainda algo
fragmentada, ganhando
capacidade de trabalho
em conjunto".
linhas maio 2014
47 cooperação
parcerias para cidades sustentáveis
"Connected Communities"Pessoas e coisas, instituições e entidades públicas, tudo
ligado, equipamentos que assumirão tarefas hoje humanas,
sensores integrados no corpo, processamento de informação
multimodal e redes sociais. O futuro está enunciado. Para
organizar a resposta da Universidade de Aveiro (UA) a estes
desafios da sociedade foi criada a Plataforma Tecnológica
Comunidades Inteligentes/Connected Communities (PTCI).
A PTCI apresentada a 16 de maio, no âmbito do UA Innovation
Clubbing, promovido pelo projeto Aveiro Empreendedor
e em colaboração com o Parque de Ciência e Inovação
(Creative Science Park – Aveiro Region), é a quinta parceria
sectorial/temática a ser apresentada pela UA, organizando
as competências para responder de modo mais eficaz aos
desafios da sociedade do futuro.
A PTCI inclui as várias valências da UA que exploram as
Tecnologias da Informação, Comunicação Eletrónica (TICE)
para respostas societais, tais como Mobilidade, Economia,
Ambiente e Qualidade de Vida, enquadrando-as em
estratégias de Políticas Públicas. Estas competências cobrem
vários Laboratórios Associados, Unidades de Investigação,
Departamentos, Escolas e outras Unidades de Interface
da Universidade de Aveiro. Tal como as restantes quatro
Plataformas Tecnológicas já apresentadas (Mar, Moldes,
Agroalimentar e Altas Pressões), a PTCI é criada para se
assumir como parceiro dos polos e clusters a nível regional e
nacional e terá um papel determinante no aproveitamento das
verbas do próximo Quadro de Financiamento Comunitário –
Portugal 2020.
“This is not rocket science”
A PTCI procurará informar as políticas públicas e conduzir ao
desenvolvimento regional sustentável, articulando múltiplos
centros e diferentes atores, em termos geográficos e temáticos,
aplicando as TICE. A PTCI irá, progressivamente, estabelecendo
relações privilegiadas com entidades externas e terá como
principais áreas de intervenção:
- Competitividade inteligente (smart economy), focando
aspetos como aumento da produtividade, empreendorismo e capacidade de transformação;- Mobilidade integrada (smart mobility), endereçando infraestruturas TICE aplicadas no desenvolvimento de sistemas de mobilidade sustentáveis);
- Ambiente e recursos naturais (smart environment), com gestão sustentável de recursos, prevenção de poluição, proteção ambiental;- Capital social e humano (smart people), melhorando a diversidade, criatividade e a participação na vida pública e associativa;- Qualidade de vida (smart living), com exploração das TICE para melhoria de equipamentos culturais, a qualidade de vida, saúde e segurança;- Gestão e governança das Comunidades (smart governance), englobando perspetivas e estratégias políticas, eficiência, transparência e participação comunitária nos processos de decisão.
Neste enquadramento a PTCI ambiciona desenvolver atividades multidisciplinares, multi-regionais, com capacidade de intervenção nas grandes linhas de desenvolvimento para toda a região, congregando os esforços de diferentes entidades para o lançamento de projetos bandeira para toda a região envolvente. Como sublinhava Rui Aguiar, professor do Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática e coordenador da PTCI na sessão de apresentação, “estamos a falar de TICE para a sociedade, de produtos e serviços transformadores da sociedade envolvente: ‘This is not rocket science’”. Os projetos enquadráveis na PTCI poderão ter financiamento público (nacional ou internacional) e/ou industrial.
Como qualquer recém-nascido, acautelava Rui Aguiar na apresentação, ninguém conseguirá ter certezas sobre o que vai ser, mas as espectativas são sempre grandes. “Ambicionamos que as força vivas da região tenham interesse em envolver-se e nos ajudem a transformar esta criança num adulto muito útil à região”. Entretanto, a PTCI aguarda sugestões e ideias sobre como poderá operacionalizar o relacionamento com todas as entidades interessadas pelo endereço [email protected].
linhas maio 2014
Uma festa que mudou o destino de um bairro
Kola San Jon – Património Cultural Imaterial com o apoio da UA
Tudo começou em Cabo Verde, não
se sabe ao certo quando. As danças,
cantares e artefactos em honra de S.
João Batista percorreram o oceano e
chegaram a Portugal nos anos 80 do
século passado, trazidas para o bairro
Cova da Moura por imigrantes dessas
ilhas. O que, inicialmente, não passava
de uma prática local é hoje Património
Cultural Imaterial de Portugal e pode ser
o garante da sobrevivência de um bairro,
localizado numa zona muito apetecível
em termos imobiliários. Uma classificação
que antecipa a candidatura a Património
Cultural Imaterial da Humanidade e
que contou com a colaboração da
Universidade de Aveiro, através da
investigadora do polo de Aveiro do
Instituto de Etnomusicologia – Centro de
Estudos em Música e Dança (INET-md),
Ana Flávia Miguel.
Há alguns anos atrás Ana Flávia Miguel
tinha de escolher um tema para a sua
dissertação de mestrado em Música com
especialização em Etnomusicologia. Por
sugestão da professora Susana Sardo,
fez trabalho de campo preliminar no bairro
da Cova da Moura. Nessa altura, durante
uma visita à Associação Cultural Moinho
da Juventude (ACMJ), a pergunta “Quer
ir a Cabo Verde com o Kola San Jon?”
determinou o futuro do seu trabalho.
Escolheu a prática performativa cabo-
verdiana Kola San Jon como tema central
da sua dissertação.
Assim, em 2008 Ana Flávia partiu para a
Cova da Moura onde efetuou um amplo
trabalho de campo. Nesse mesmo ano,
em junho, viajou até Cabo Verde, onde
assistiu in loco ao Kola San Jon.
Desde esse ano, fez trabalho de campo
para a dissertação de mestrado que
concluiu em 2010. Mas o trabalho de
pesquisa no bairro não se esgotou
nessa etapa académica. Ana Flávia
Miguel continuou a estar presente em
momentos importantes da comunidade
cabo-verdiana, a fazer trabalho
de campo e de pesquisa com os
participantes no Kola San Jon e a
acompanhar o grupo em viagens e em
participações em diversos eventos.
49 cultural
No final de 2011, a ACMJ decidiu avançar
com o processo de candidatura de Kola
San Jon a Património Cultural Imaterial
Português. Para tal, constituiu uma
equipa de trabalho e pediu apoio a duas
instituições académicas para a conceção
e realização do processo de identificação,
estudo e documentação da candidatura: o
INET-md polo da Universidade de Aveiro e
o Gestual/Ciaud da Universidade Técnica
de Lisboa. Na UA, Ana Flávia Miguel
trabalhou com outro colega do INET-md,
Rui Oliveira, que captou imagens dos
espaços exteriores do Bairro, recolheu
depoimentos em vídeo, recuperou
imagens de arquivo e editou o filme da
candidatura, tendo também desenvolvido
o conceito de documentário visual.
O culminar desta investigação resultou
na inclusão desta prática performativa no
Inventário Nacional do Património Cultural
Imaterial e a publicação da classificação
em Diário da República, a 16 de outubro
de 2013.
Festa em honra de S. João
O Kola San Jon é uma prática performativa
cabo-verdiana introduzida em Portugal
através de imigrantes que hoje residem
fundamentalmente no bairro da Cova
da Moura, mas “adquiriu um significado
singular porque é feito e partilhado
por todos os habitantes do bairro,
independentemente da sua origem pré-
migratória”, salienta Ana Flávia Miguel.
Esta festa é celebrada em honra de
São João Batista, em junho, e inclui
dança, música e artefactos. Durante a
performance os intervenientes, liderados
por um grupo de tamboreiros dirigidos
pelo toque de um apito, percorrem as
ruas do bairro seguidos de um cortejo
constituído por indivíduos que querem
partilhar a performance. Junto dos
músicos segue o “navio” (um barco de
madeira conduzido por um participante
no ritual que o transporta em torno do
corpo), vários estandartes que ostentam a
imagem dos santos juninos ornamentados
com colares de flores de papel e
historicamente, a comunicação social
apenas se tem interessado por notícias
que são construídas a partir de uma
única e singular perspetiva que coloca
os moradores e o próprio bairro numa
posição fragilizada. Tenho esperança de
que esta candidatura possa contribuir
para a construção de um futuro mais
plural”, defende.
Esta classificação poderá constituir
também o “início de uma nova etapa”. “A
legislação prevê que se coloque em prática
um plano de salvaguarda que foi definido
por todos nós e, daqui a dez anos, será
feita a avaliação deste processo”, explica.
Ou seja, esta classificação, ao ter como
património associado o próprio Bairro,
pode ter “salvo” a Cova da Moura dos
diversos interesses que o tentam destruir…
Ana Flávia Miguel é licenciada em Ensino
de Música (Piano) pela UA. Defendeu a
sua dissertação de Mestrado em Música
em Junho de 2010, na UA, exatamente
sobre a prática performativa Kola San
Jon. Neste momento é investigadora
do projeto "Skopeofonia – Pesquisa
Participativa e Dialógica sobre as
Práticas Musicais no bairro Kova M.".
Paralelamente, está a concluir o
doutoramento em Música, também na
UA, com a orientação de Susana Sardo
(UA) e de Samuel Araújo (Universidade
Federal do Rio de Janeiro).
alimentos, bandeiras diversas (Cabo Verde,
Portugal, PALOP, ACMJ) e as pessoas
que transportam ramos construídos com
alimentos frescos e secos.
Atrás dos músicos seguem as koladeiras,
mulheres que efetuam a dança da
umbigada, às quais se vão juntando os
intervenientes que queiram participar no
ritual. O som dos tambores acompanha
todo o percurso e é, juntamente com o
golpe da umbigada e os movimentos
ondulantes dos navios, um dos elementos
mais distintivos do Kola San Jon.
Todo o processo de organização e prepa-
ração deste ritual é da responsabilidade
da ACMJ.
Assim, a ACMJ foi a instituição
proponente da candidatura da festa
de Kola San Jon a Património Cultural
Imaterial em Portugal. Esta associação
apoiou Ana Flávia Miguel e Júlia Carolino,
do Gestual, que tiveram como tarefa fazer
o processo de identificação, estudo e
documentação da candidatura.
Além das implicações legais com esta
classificação, os moradores do bairro
“sentem que a sua música, a sua
dança, a sua cultura e o lugar onde
vivem é reconhecido e respeitado
pelos portugueses e pelo país de
acolhimento (nalguns casos) e pelo
seu próprio país (noutros casos)”,
frisa a investigadora. “Sabemos que
linhas maio 2014
Na UA encontram-se reunidas num único espaço a maioria das
infraestruturas de estudo e investigação, de apoio, culturais,
desportivas e de lazer, oferecendo condições únicas a todos
quantos fazem parte da comunidade académica.
Com projetos assinados pelos melhores arquitetos nacionais, os
mais de 70 hectares do Campus, área de Santiago e Crasto, são
um autêntico cartão-de-visita da região e uma mostra do que
melhor se faz na arquitetura portuguesa contemporânea
As peças de arte pública de artistas plásticos de renome, como
Paulo Neves, José Penicheiro, Manuel Patinha, Xico Lucena,
entre outros, a marinha Santiago da Fonte onde ainda se produz
sal por métodos tradicionais e as soluções de sustentabilidade
e de eficiência energética adotadas no Campus são outros dos
possíveis motivos para visitar a UA.
Um museu ao ar livre
Assim, a UA conta com edifícios da autoria dos mais
conceituados arquitetos portugueses. Eduardo Souto Moura
(vencedor do Prémio Pritzker 2011, considerado o "Nobel
da arquitetura") é o responsável pelo projeto do edifício do
Departamento de Geociências; Álvaro Siza Vieira (Prémio
Pritzker em 1992) projetou a Biblioteca e o Depósito de Água;
a conceção do edifício da Reitoria coube a Gonçalo Byrne; a
Ponte Pedonal que liga o Campus de Santiago ao do Crasto é
da autoria de João Carrilho da Graça; a arquitetura de alguns
blocos de residências são da autoria de Adalberto Dias; os
Departamentos de Engenharia de Materiais e Cerâmica e de
Química foram projetados por Alcino Soutinho, e o refeitório do
Crasto foi concebido por Manuel Aires Mateus e Francisco Aires
O que leva 65 cidadãos de Taiwan a
visitarem o campus da Universidade de
Aveiro? E o que motiva Rita, de 13 anos,
a vir conhecer a UA com os seus pais,
diretamente de Torres Vedras? E porque vêm
ao campus 250 alunos de Paços de Ferreira
e Leiria? Os primeiros querem conhecer
os edifícios, da autoria de conceituados
arquitetos nacionais. Rita quer experimentar
a ciência que se faz por cá. E os alunos das
escolas secundárias pretendem conhecer
uma universidade com “ótimas instalações”
e “muito dinâmica”. A UA recebe todos com
programas de visitas à medida que permitem
um contacto direto com a Universidade.
UA é visitada anualmentepor milhares de pessoas
Um campus revisitado
linhas maio 2014
51 campus exemplar
Mateus, apenas referindo alguns autores
entre vários outros arquitetos (Rebello
de Andrade & Espírito Santo, Firmino
Trabulo, Pedro Ramalho e Luís Ramalho,
José Maria Lopo Prata, Fernando Gomes
da Silva, Vítor Figueiredo, Jorge Kol de
Carvalho, Alfredo Matos Ferreira, Joaquim
Oliveira, João Almeida e Victor Carvalho,
Bernardo Ferrão, etc), responsáveis pelos
mais de 65 edifícios do Campus. O Plano
do Campus é da autoria de outro nome
internacionalmente reconhecido nas áreas
da Arquitetura e Urbanismo: Nuno Portas,
doutor Honoris Causa pela UA.
Todos os edifícios são motivo de inúmeras
visitas de estudantes e arquitetos de
vários países e até de grupos de turistas
apreciadores de arquitetura. Por exemplo,
um grupo de mais de uma centena de
estudantes da Faculdade de Arquitetura
do Politécnico de Milão, em Itália, visitou
recentemente o Campus. O motivo,
simples: “Como na UA há efetivamente
ótimos exemplos de arquitetura
contemporânea portuguesa, onde temos
obras dos mais importantes mestres
contemporâneos, seja Siza, Souto Moura
ou Alcino Soutinho, este Campus é uma
etapa obrigatória, daí o interesse didático
de estarmos na UA», explicou na altura
Francesco Cancelliere, arquiteto italiano
radicado no Porto e um dos organizadores
da viagem dos alunos até Portugal.
Da Alemanha veio, também, um grupo
de arquitetos propositadamente para
conhecer edifícios de Siza Vieira e Souto
Moura: “O Campus Universitário de
Aveiro é muito conhecido na Alemanha,
porque reúne num único espaço
obras de conceituados arquitetos
portugueses. Siza Vieira e Souto Moura
são dois autores de renome mundial
e não poderíamos deixar de visitar
as suas criações”, justificou Beatrix
Mohri-Diedrich, uma das responsáveis
pela visita.“Estamos fascinados com
a vista e com o conceito. Este é um
Campus aberto, construído para as
pessoas circularem, conviverem e
desfrutarem. Tem espaços de estudo, de
contemplação e de descanso; é muito
diferente da organização que vemos na
Alemanha”, observaram os visitantes.
De muito mais longe (Taiwan) vieram
65 turistas com um interesse particular
pela arquitetura. O grupo passeou-se
pela Alameda da UA e visitou o edifício
da Biblioteca. “Estávamos muito
interessados em conhecer este edifício,
sobretudo pelas formas e pelo partido
que Siza tira da iluminação natural,
através das claraboias. Agora que o
visitámos, estamos muito satisfeitos
por podermos ver estes pormenores;
esta é, de facto, uma Biblioteca muito
interessante", afirmou Henry Chang,
um dos visitantes.
Alunos do ensino secundário
antecipam o seu futuro na UA
Um outro tipo de público procura
regularmente a UA: os estudantes
do ensino básico e secundário. Os
Serviços de Comunicação, Imagem e
Relações Públicas (SCIRP) organizam
e acompanham, as inúmeras visitas
destes estudantes, que procuram o
Campus e são recebidos nos diversos
departamentos, unidades e laboratórios,
pelos docentes e investigadores da UA.
Trata-se essencialmente de grupos de
alunos potenciais candidatos ao ensino
superior, que vêm conhecer a oferta
formativa em áreas tão diversas como
as ciências, as engenharias, o design, as
humanidades e a educação. Mas também
para verem um pouco da investigação
que se faz por cá. Os departamentos
e laboratórios organizam atividades
51 campus exemplar
linhas maio 2014
específicas tendo em conta as áreas de
estudo dos estudantes.
Para todos eles, os SCIRP efetuam
um conjunto de tarefas e contactos
“Os alunos tiveram contacto com algo
que não se consegue transmitir na sala
de aula”, explicava, sublinhando de
seguida: “A proximidade entre a escola e
a universidade deve ser incentivada para
é fantástica, muito boa, agradável e com
professores ótimos! Tem vento, mas é
muito agradável estudar aqui”, frisou.
Também Arlindo Lourenço, professor de
Matemática, que frequentou a UA nos
que o aluno tenha uma ideia do que se
faz e do que se produz na universidade,
porque isto não é puramente teórico.”
Já em março, um outro grupo destacou-
-se: cerca de 250 jovens provenientes
do colégio Dr. Luís Pereira da Costa,
de Monte Redondo, Leiria, e da Escola
Secundária de Paços de Ferreira,
estudantes da área de ciências e
tecnologias, escolheram a UA para a
visita anual a uma universidade. Apesar
de não ser a escolha mais óbvia, tendo
em conta os locais de residência, ambas
as instituições decidiram apostar na
Academia Aveirense. No caso de Paços
de Ferreira, o facto de dois dos docentes
que acompanharam os alunos terem
cá concluído os seus cursos pode ter
influenciado na escolha da UA para a visita.
A professora Célia Oliveira estudou
Biologia e Geologia (ensino de) na UA,
entre 1990 e 1995. E não podia ser
melhor embaixadora da casa que a
formou: “Dizemos aos alunos que a UA
idos de 1982, transmitiu aos alunos de
Paços de Ferreira previamente a ideia de
que a UA tem “ótimas instalações e é uma
universidade muito dinâmica”.
Mas o que acharam estes estudantes
do que viram e viverem num dia inteiro
na UA? O Espetáculo de Química, que
decorreu de manhã, impressionou-os,
com experiências que normalmente não
podem fazer nos laboratórios da escola,
por falta de condições e materiais. Já
de tarde, o Espetáculo de Física, que
percorreu vários ramos desta ciência,
como Ondas, Mecânica, Termodinâmica
e Eletromagnetismo, também encantou
os jovens, principalmente quando foram
chamados para ajudar nas experiências.
Mas o que terá feito mais sucesso junto
destes futuros estudantes universitários
foi o futebol robótico CAMBADA,
do Departamento de Eletrónica,
Telecomunicações e Informática (DETI).
Catarina Costa, aluna do 10º ano de
Paços de Ferreira, considera esta vinda
com unidades internas e externas que
podem incluir reservas de transporte, de
refeições ou outras questões logísticas
como encaminhamento para visitas
guiadas à cidade e à região.
Assim, os laboratórios da UA estão
habituados a receber, com regularidade,
visitas de escolas que procuram
precisamente exemplos de tradução
concreta da ciência aqui feita.
Em fevereiro de 2014, cerca de 60
alunos da Escola Secundária Joaquim
de Carvalho, da Figueira da Foz, que
frequentam a disciplina de Psicologia no
12º ano, visitaram a UA para umas horas de
contacto com a investigação nesta área.
Após visita às Unidades Laboratoriais
Neurolab, Stresslab e Chrono/Basic Lab
do PsyLab (Laboratório de Psicologia
Experimental e Aplicada da UA), jovens e
professores deram por bem empregue o
seu tempo: “Positivíssimo!”, comentava
Fernando Lopes, professor de Psicologia.
53 campus exemplar
OS NÚMEROS DAS VISITAS À UA
Em 2013 a UA recebeu cerca de 2500
visitantes. 65 visitas foram de público
português e as restantes 21 de diversos
públicos estrangeiros (Alemanha;
Angola; Brasil; Bruxelas; China; Escócia;
Espanha; Holanda; Indonésia; Japão
e Polónia). Em termos nacionais,
a maioria dos visitantes veio dos distritos
de Aveiro, seguindo-se o Porto, Braga
e Lisboa.
E esta parece estar a ser uma aposta
ganha pela UA, uma vez que cerca de
90 por cento dos lugares disponíveis em
cursos da UA são ocupados anualmente:
90 por cento em 2012/2013 e 89 por
cento em 2013/2014, entre as duas
tipologias de ensino oferecidas pela
instituição: universitário e politécnico.
à UA como muito importante para o
seu futuro: “Está a ser uma experiência
diferente, que nos permite evoluir e
pensar no nosso futuro. Já cá tinha
estado nas competições de matemática,
mas agora pude ver como funciona
mesmo a UA por dentro, os laboratórios
e instalações. Na escola fazemos
certas experiências, mas aqui o nível é
diferente!”, destacou.
Neste dia, os jovens de Leiria e Paços
de Ferreira visitaram também alguns
laboratórios do Departamento de Biologia,
como o Laboratório de Ecologia Marinha
e Molecular, o Laboratório de Genética e
o Laboratório de Transdução de Sinais,
ficando, assim, com uma vista bastante
ampla da investigação que se faz na UA.
Visitas pela inclusão
Mas também o Gabinete Pedagógico
organiza visitas ao Campus para as
escolas secundárias que tenham alunos
com necessidades educativas especiais
a frequentar o 12º ano e que pretendam,
no ano letivo seguinte, candidatar-se à
UA. A visita é aberta não só aos próprios
estudantes, como também aos respetivos
professores e encarregados de educação
que têm uma tarde inteira para conhecer
uma academia cada vez mais apostada
em ser um espaço acessível a todos.
“Esta ação enquadra-se nas políticas
de inclusão da UA, que tem procurado,
dentro do possível, criar as condições
necessárias para uma melhor educação
e igualdade de oportunidades
para todos”, diz Gracinda Martins,
coordenadora do Gabinete Pedagógico
da academia de Aveiro. E como as
necessidades educativas especiais
assumem formas variadas, a UA prefere
antecipar-se e conhecer as necessidades
dos alunos previamente para fazer as
devidas adaptações ou mudanças antes
do início das aulas.
A mais incomum das visitas veio de
Torres Vedras. Um casal espera há vários
anos que a filha, agora com 13 anos,
possa participar na Academia de Verão.
E porquê a escolha pela UA, quando
não têm qualquer tipo de relação com
Aveiro? Carmelita Osório, mãe da jovem
Rita explica: “Comecei por ver entrevistas
dos alunos da UA nos noticiários, com
experiências novas e apresentações de
projetos. Ficou debaixo de olho. Depois
conheci uma tuna masculina da UA que
veio cantar a Oeiras, ainda a Rita andava
de carrinho de bebé… A posição que a
UA ocupa nos rankings a nível mundial
também influenciou”.
Com a curiosidade aguçada, o passo
seguinte foi consultar a página internet
da UA, onde conheceu a Academia
de Verão. Mas Rita era muito nova.
Entretanto a filha de Carmelita frequentou
uma atividade de tempos livres, na
Escola Secundária Sebastião e Silva, em
Oeiras, “completamente inovadora: os
professores e os melhores alunos eram
os animadores e a Rita delirou com as
experiências e as coisas que aprendeu,
com a matemática a brincar, etc...”.
Assim, finalmente em 2014, e já com
13 anos, a Rita vai poder concretizar
o sonho de frequentar a Academia de
Verão. Apesar de ainda não ter idade
para dormir no Campus da UA, os pais
vêm com ela para Aveiro durante esses
dias, em julho, de modo a poderem
proporcionar-lhe uma experiência única.
Rita, muito provavelmente, fará parte do
futuro desta universidade!
linhas maio 2014
ACONTECEU NA UA
REITOR TOMA POSSE COM UA 2020 NO HORIZONTE E AMBIÇÃO DE MAIOR
COMPETITIVIDADE
Uma espécie de “UA 2020” no aproveitamento dos fundos comunitários; o reforço das
alianças estratégicas com as outras universidades e da internacionalização; uma UA
como referência na formação bilingue ao nível da pós-graduação. Estas são algumas
ideias avançadas pelo Reitor da UA, durante a tomada de posse para o segundo
mandato, que traduzem a vontade em reforçar a competitividade da instituição e de a
tornar ainda mais útil à sociedade.
Antes, o presidente do Conselho Geral dera posse ao Reitor para o novo mandato,
após um discurso apelando à clarificação e reforço da autonomia das instituições de
ensino superior, à maior articulação entre essas instituições, à necessidade de definir
o perfil de quem se forma no país, alertando para o elevado abandono escolar até ao
ensino secundário e para os poucos trabalhadores nas carreiras profissionais. Por
isso, Alexandre Soares dos Santos considerou necessário trazer mais alunos para o
ensino politécnico.
Também o presidente do Conselho de Curadores, que considerou o trabalho
desenvolvido até aqui como prestigiante para a UA e para as universidades
portuguesas, apelou ao reforço da autonomia. “Melhor universidade requer sempre
maior autonomia e maior flexibilidade”, afirmou Murteira Nabo, sendo necessário
ajustar o atual regime fundacional às necessidades de melhor relacionamento entre
os órgãos universitários, aumentando o prestígio da instituição e estreitando a relação
com o mundo empresarial.
O ministro da Educação e Ciência
esclareceu depois: "Gostaria de
transmitir o nosso compromisso de
que não está em causa a autonomia
do regime fundacional, mas apenas
em discussão qual a melhor estrutura
jurídica para garantir que essa autonomia
fundacional não dependa, ano a ano, da
Lei do Orçamento do Estado".
Da nova Equipa Reitoral que tomou
posse nesta sessão, destacam-se dois
novos membros que assumem o cargo
de Pró-reitor: Filipe Teles, professor
do Departamento de Ciências Sociais,
Políticas e do Território, e Marlene
Amorim, professora do Departamento de
Economia e Gestão Industrial.
CONSTRUÇÃO DO ECOMARE TEM
CONCLUSÃO PREVISTA PARA
DEZEMBRO
Em dezembro de 2014 que, se tudo
correr como previsto, será concluído
o ECOMARE, um novo centro de
investigação e transferência de tecnologia
dedicado às questões do mar, com
condução científica da Universidade de
Aveiro e da Sociedade Portuguesa de Vida
Selvagem. Constituído por duas unidades,
o Centro de Extensão e de Pesquisa
Ambiental e Marinha (CEPAM) e a Unidade
de Pesquisa e Recuperação de Animais
Marinhos (UPRAM), irá estar localizado
entre o Porto de Pesca Costeira/Lota e o
Jardim Oudinot, em Ílhavo.
Resultado de uma parceria entre
a Câmara Municipal de Ílhavo, a
Universidade de Aveiro e a Administração
do Porto de Aveiro (APA), este projeto
funciona como um laboratório de
55 aconteceu na ua
espécies marinhas e uma unidade
veterinária para tratamento animais
marinhos, identificando-se como uma
mais valia para a Universidade e como
impulsionador do dinamismo económico
da região. Pretende ainda desenvolver
a prestação de serviços de I&DT+I e
transferência de tecnologia a empresas
e organizações governamentais e
internacionais, no âmbito do mar, com
vista ao aproveitamento sustentável dos
recursos marinhos.
PARCERIA ESTRATÉGICA ENTRE
UA E A REGIÃO ENQUADRA
INVESTIMENTOS DO PRÓXIMO
QUADRO COMUNITÁRIO
A parceria, única no género a nível
nacional, entre a Universidade de Aveiro
e a região, para a elaboração de uma
Estratégia de Desenvolvimento Territorial
que vai enquadrar as candidaturas
aos financiamentos comunitários, está
concluída. O processo, na sequência de
uma relação com a região que já vem de
trás, desenrolou-se ao longo de 2013,
com reuniões em todos os municípios
envolvidos e com diversos stakeholders
regionais que se prolongaram até ao
mês passado.
O documento contém a Estratégia de
Desenvolvimento Territorial e um Plano
de Ação, necessariamente alinhados
com as orientações europeias, nacionais
e regionais do período de programação
que se avizinha. O Quadro Comum
de Investimentos da Região de Aveiro
define, como prioritárias, as áreas de:
Mar e Ria; Tecnologias de Informação,
Comunicação e Eletrónica (TICE); Setor
Agroalimentar e florestal; Materiais.
Tratou-se, assinala Filipe Teles,
coordenador do trabalho, pela UA,
de um caso único a nível nacional de
parceria interinstitucional – envolvendo
uma universidade e a região – para
elaboração de um trabalho destes. Dado
o historial de cooperação existente, o
enquadramento facilitou o processo,
permitindo uma estreita e frutuosa
colaboração entre todos os agentes,
comenta Filipe Teles, também professor
do Departamento de Ciências Sociais,
Políticas e do Território da UA.
elaboração de projetos educacionais
a serem desenvolvidos entre os
participantes dos programas fomentados
pela Capes.
DOCENTES BRASILEIROS EM
FORMAÇÃO INTENSIVA NA UA
A Universidade de Aveiro recebeu,
em janeiro, um grupo de professores
brasileiros para uma formação
intensiva de 15 dias nas áreas da
Física e Educação. A vinda dos
docentes integrou-se no "Programa
de Formação de Professores de Nível
Avançado" da Fundação Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (Capes), Brasil.
Os professores selecionados
participaram no Curso de
Aperfeiçoamento e Atualização de
Física ou no Curso de Aperfeiçoamento
e Atualização de Educadores de
Infância.
O curso teve como coordenadores, no
Departamento de Física, os docentes
Maria do Rosário Correia e António
Luís Ferreira e no Departamento de
Educação, Gabriela Portugal.
A formação teve como objetivos
valorizar os docentes que atuam na
rede pública de educação básica no
Brasil; proporcionar uma experiência
de desenvolvimento profissional noutro
país; estimular o uso de tecnologias
educacionais na construção de
estratégias didático-pedagógicas de
caráter inovador; promover a troca
de experiências entre professores
da educação básica brasileiros e os
docentes portugueses e possibilitar a
ANDRÉ REIS SUBSTITUI TIAGO
ALMEIDA À FRENTE DOS DESTINOS
DA AAUAV
Os novos Órgãos Sociais da Associação
Académica da Universidade de
Aveiro (AAUAv) tomaram posse
dia 17 de janeiro. A cerimónia, que
apresentou igualmente os recém-
-eleitos responsáveis pelos núcleos da
Associação, decorreu no Auditório da
Reitoria da UA. Dos responsáveis pelos
destinos da Associação destaca-se André
Reis, o novo presidente dos estudantes
da academia que ocupa o lugar de Tiago
Almeida. Vencedor das eleições de 17 de
dezembro, o estudante de Economia no
Departamento de Economia, Gestão e
Engenharia Industrial (DEGEI) quer uma
AAUAv que incremente a luta por um
ensino superior mais justo e inclusivo e
aposta no reforço do projeto associativo
dos estudantes da academia de Aveiro.
Natural da Póvoa de Lanhoso (Braga),
André Reis chegou à UA em setembro
de 2010; foi, em junho de 2013, eleito
para o Conselho Geral da UA, órgão
máximo de governo da Universidade,
enquanto candidato pela 1ª circunscrição
(licenciaturas). Em dezembro último,
após três anos na UA dedicados em
grande parte ao associativismo, decide
avançar com uma candidatura à AAUAv
enquanto líder do movimento “Juntos
Somos Academia”, culminando numa
vitória e na respetiva eleição para
presidente da direção da AAUAv.
linhas maio 2014
UA LANÇA PLATAFORMA
TECNOLÓGICA MULTIDISCIPLINAR
DE ALTA PRESSÃO
Com o objetivo de dinamizar e
catalisar a investigação fundamental e
desenvolvimento industrial da aplicação
da tecnologia de alta pressão, a
Universidade de Aveiro (UA) apresentou
a Plataforma Tecnológica Multidisciplinar
de Alta Pressão, baseada numa
tecnologia que tem suscitado elevado
interesse nas últimas duas décadas.
O crescente número de equipamentos
a operar industrialmente por todo o
mundo é prova deste facto sendo a
tecnologia de alta pressão a nova
tecnologia de conservação de alimentos
com maior crescimento na indústria
nos últimos 20 anos. A cerimónia de
lançamento da Plataforma, iniciativa
integrada no Encontro UA Innovation
Clubbing, decorreu no dia 27 de março,
no Auditório da Livraria da UA e contou
com a presença de vários oradores
convidados.
Com esta Plataforma a UA quer
posicionar-se como um parceiro de
excelência a nível internacional para
realizar investigação e desenvolvimento
industrial, possuindo um portefólio
de três equipamentos de elevada
polivalência e abrangência em termos
funcionais, incluindo produção para
testes de mercado.
JÚLIO PEDROSA E ILÍDIO PINHO
NOMEADOS CURADORES DA UA
Júlio Pedrosa, antigo reitor da
Universidade de Aveiro e ex-ministro da
Educação, e Ilídio Pinho, engenheiro,
foram nomeados para o Conselho de
Curadores da Fundação Universidade
de Aveiro por Despacho do Ministério da
Educação e Ciência, com efeitos desde o
dia 7 de fevereiro de 2014.
Além de Júlio Pedrosa e Ilídio Pinho, o
Conselho de Curadores integra também
Francisco Murteira Nabo, Isabel Jonet
e Ricardo Salgado, cujo mandato teve
início em 2009.
A escolha das cinco personalidades
que compõem este órgão tem a ver
com mérito e experiência profissional
especialmente relevantes. São nomeadas
pelo Governo sob proposta da UA.
Ao Conselho de Curadores compete
aprovar os Estatutos da UA, sob
proposta da Assembleia Estatutária, e
sujeitá-los a homologação do ministro
da tutela do Ensino Superior; proceder
à homologação das deliberações
do Conselho Geral de designação e
destituição do reitor; propor ou autorizar,
conforme disposto na lei, a aquisição ou
alienação de património imobiliário da
instituição, bem como as operações de
crédito; nomear e destituir o Conselho de
Gestão e homologar as deliberações do
Conselho Geral.
COMPETIÇÕES NACIONAIS DE
CIÊNCIA EM REDE REÚNE 11800
ALUNOS
As Competições Nacionais de
Ciência em Rede, promovidas pelo
Projeto Matemática Ensino (PmatE)
da Universidade de Aveiro, foram
dinamizadas por 136 escolas de norte
a sul do país, e moveram a participação
de cerca de 11800 alunos distribuídos
por 5916 equipas nas mais diferentes
áreas disciplinares, do primeiro ciclo
ao ensino secundário. Este evento
permitiu a realização de provas,
DEPUTADOS DE TIMOR LESTE NA
UA PARA CONHECER PROCESSO
DE ELABORAÇÃO DOS MANUAIS DO
ENSINO SECUNDÁRIO DAQUELE PAÍS
Uma delegação parlamentar de
Timor-Leste esteve dia 31 de março na
Universidade de Aveiro para se inteirar
do processo final de elaboração dos
manuais do ensino secundário daquele
país; para conhecer um pouco da gestão
financeira da academia aveirense e
para agradecer a colaboração da UA na
criação de uma Faculdade de Ciências
Exatas em Timor Leste. A delegação teve
ainda tempo para conhecer o campus e
encontrar-se com estudantes
bolseiros timorenses.
Após o encontro com o Reitor da UA,
Manuel Assunção, e com a coordenadora
do projeto “Falar Português –
Reestruturação Curricular do Ensino
Secundário Geral em Timor-Leste” na
UA, Isabel Martins, e o coordenador
adjunto, Ângelo Ferreira, os deputados
visitaram o campus, o Centro de
Investigação em Materiais Cerâmicos
e Compósitos (CICECO), reuniram com
estudantes bolseiros timorenses e no
final do dia encontraram-se ainda com
o presidente da Câmara Municipal de
Aveiro, Ribau Esteves.
57 aconteceu na ua
em rede, nas áreas de matemática,
português, física, química, biologia,
geologia e literacia financeira.
Dinamizado localmente pelas várias
escolas, que, apesar de dispersas
geograficamente, se encontravam
nesse dia ligadas on line, este evento
tem como objetivo envolver toda a
comunidade escolar em torno da
promoção e divulgação da ciência,
contribuindo para ajudar a combater
o insucesso e o abandono escolar.
Promover o uso de computadores e da
internet, incentivando a sua utilização ao
serviço da aprendizagem e na difusão
do conhecimento, é outra das grandes
metas das Competições.
jovens refugiados sírios para que
possam continuar os estudos, Ihsan
Khalifa, Ahmad Kalthoum e Hazem Hadla
estão já a frequentar, respetivamente,
o Mestrado em Engenharia Civil,
a Licenciatura na mesma área e o
Doutoramento em Engenharia Eletrónica.
Os três jovens fazem parte do grupo
de meia centena de sírios que chegou
ao país dia 1 de março para prosseguir
os estudos em universidades e escolas
politécnicas portuguesas.
terrenos mais a sul da área total do PCI,
apenas ocorrerá após estar garantida a
ocupação total da área da primeira fase.
CREATIVE SCIENCE PARK TEM
NOVOS ÓRGÃOS SOCIAIS E AVANÇA
DO LADO DE ÍLHAVO
A assembleia geral da Sociedade
Anónima Parque de Ciência e Inovação
que ocorreu a 18 de fevereiro elegeu
novos órgãos sociais e estabeleceu
a estratégia para concretização do
Parque, oficialmente designado Creative
Science Park-Aveiro Region. O Reitor
da Universidade de Aveiro, Manuel
António Assunção, continua a presidir à
Sociedade Anónima e o presidente da
Câmara Municipal de Ílhavo, Fernando
Caçoilo, lidera a Mesa da Assembleia.
Dado que o Creative Science Park fica
localizado parte no município de Ílhavo
e parte no de Aveiro, foi estabelecido
que o projeto será concretizado em duas
fases, avançando a primeira de imediato,
no concelho de Ílhavo. Esta fase incluiu
a criação das condições para instalação
e infraestruturação do Parque em Ílhavo,
a intervenção no município de Aveiro
(cujo processo de licenciamento ainda
está a decorrer) e ainda a conclusão
da infraestruturação no município de
Ílhavo. A segunda fase, que incidirá nos
ESTUDANTES REFUGIADOS SÍRIOS
ACOLHIDOS NA UNIVERSIDADE DE
AVEIRO: NENHUMA GUERRA PODE
MATAR O SONHO
Tal como gerações inteiras de milhões
de jovens sírios, interromperam os
estudos porque colocar um pé na rua
se tornou demasiado perigoso. Ihsan
Khalifa, Ahmad Kalthoum e Hazem Hadla
chegaram recentemente à Universidade
de Aveiro (UA) porque nenhuma
bomba consegue derrubar o essencial:
a esperança num futuro pacífico e
desenvolvido. E acolhidos pela academia
de Aveiro vão continuar a estudar para
concretizarem todos os sonhos que
trouxeram na bagagem.
Recebidos no âmbito da Plataforma
Global de Assistência Académica
de Emergência a Estudantes Sírios,
uma iniciativa do ex-presidente Jorge
Sampaio que quer trazer para Portugal
NEUROCIRUGIÃO ANTÓNIO
TRABULO VENCE PRÉMIO LITERÁRIO
ALDÓNIO GOMES
O vencedor da terceira edição do
Prémio Literário Aldónio Gomes 2014
é o neurocirurgião António Trabulo,
com a coletânea de contos “Ofício de
contar”. A distinção, promovida pela
Universidade de Aveiro, foi anunciada
durante o II Congresso Internacional
“Pelos mares da língua portuguesa” que
decorreu no Departamento de Línguas e
Culturas (DLC) da academia.
António Trabulo, que iniciou a sua
atividade literária em 2003, tem-se
dedicado essencialmente à ficção
com base histórica. O escritor tem 11
livros publicados, entre os quais a obra
“Retornados”, que lhe valeu em 2009 o
Prémio de Ficção “Fialho de Almeida”
atribuído pela Sociedade Portuguesa de
Escritores e Artistas Médicos.
O júri, constituído por Carlos Morais
(presidente e diretor do DLC), Madalena
Pinheiro (em representação da Câmara
Municipal de Aveiro), Gracinda Martins e
Conceição Lopes (em representação da
Reitoria) e Ana Margarida Ramos e Isabel
Cristina Rodrigues (em representação
do DLC) justificou a entrega do prémio
a António Trabulo tendo em conta que
“Ofício de Contar” integra um conjunto
de contos que surpreendem o leitor
e o deixa imerso na descoberta dos
segredos que moram nos seus contos”.
mestradoscursos de especializaçãocursos de formação avançadaprogramas doutorais
pós-graduação
ARTES E HUMANIDADESCurso de EspecializaçãoEstudos Editoriais Tradução Especializada – AlemãoTradução Especializada – EspanholTradução Especializada – Ferramentas de TraduçãoTradução Especializada – FrancêsTradução Especializada – Francês e AlemãoTradução Especializada – Francês e EspanholTradução Especializada – InglêsTradução Especializada – Inglês e AlemãoTradução Especializada – Inglês e EspanholTradução Especializada – Inglês e Francês
MestradoCriação Artística ContemporâneaDesignEstudos EditoriaisLínguas, Literaturas e Culturas*MúsicaPromoção da Literatura e Bibliotecas EscolaresTradução Especializada
Programa DoutoralDesignEstudos Culturais* (em associação com a Universidade do Minho)MúsicaTradução e Terminologia (em associação com a Universidade Nova de Lisboa)
CIÊNCIAS ECONÓMICAS E SOCIAISCurso de EspecializaçãoContabilidade e AuditoriaContabilidade e FiscalidadeContabilidade PúblicaFinançasLínguas e Relações Empresariais*
MestradoAdministração e Gestão PúblicaCiência PolíticaContabilidadeEconomia*Estudos Chineses (em associação com o Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa – Instituto Universitário de Lisboa)GestãoGestão e Planeamento em TurismoGestão e Políticas Ambientais (em associação com as Universidades de Évora e Nova de Lisboa)Línguas e Relações Empresariais*Marketing*Planeamento Regional e UrbanoPsicologia da Saúde e Reabilitação Neuropsicológica
Curso de Formação AvançadaContabilidade e AuditoriaGestão da Tecnologia, Inovação e ConhecimentoGestão Industrial e LogísticaGestão para ExecutivosTurismo
Programa DoutoralContabilidade (em associação com a Universidade do Minho)Estudos em Ensino Superior (em associação com a Universidade do Porto)Marketing e Estratégia (em associação com as Univ. da Beira Interior e do Minho)Políticas PúblicasPsicologiaTurismo
CIÊNCIAS DA ENGENHARIA E TECNOLOGIASCurso de EspecializaçãoComunicação MultimédiaTemas de Engenharia Cerâmica
MestradoBiotecnologiaComunicação MultimédiaEngenharia Civil (mestrado integrado; marca eur-ace)Engenharia de Automação IndustrialEngenharia de Computadores e Telemática (mestrado integrado)Engenharia de MateriaisEngenharia do Ambiente (mestrado integrado)Engenharia e Design de ProdutoEngenharia e Gestão IndustrialEngenharia Eletrónica e Telecomunicações (mestrado integrado; marca eur-ace)Engenharia Física (mestrado integrado; marca eur-ace)Engenharia GeológicaEngenharia Mecânica (mestrado integrado)Engenharia Química (mestrado integrado; marca eur-ace)Estudos Ambientais** (Erasmus Mundus – JEMES em associação com as Universidades de Aalborg, Autónoma de Barcelona e Tecnológica de Hamburgo)Functionalized Advanced Materials and Engineering** (Erasmus Mundus – FAME em associação com o Instituto Nacional Politécnico de Grenoble e com as Universidades de Augsburg, Bordeaux 1, Catholique de Louvain, Liege and Technische Darmstad)GeoinformáticaInternational Master in Advanced Clay Science** (Erasmus Mundus – IMACS em associação com as Universidades de Poitiers, Creta, Ottawa e Porto Alegre)Materiais e Dispositivos BiomédicosSistemas de InformaçãoSistemas Energéticos Sustentáveis
Curso de Formação AvançadaComputação MóvelEficiência Energética e Energias RenováveisGestão Ambiental nas OrganizaçõesPoluição e Gestão AmbientalProjeto de Sistemas Rádio**Sistemas de Gestão Ambiental e Auditoria
Programa DoutoralCiência e Engenharia de MateriaisCiência e Tecnologia Alimentar e Nutrição (em associação com as Universidades do Minho e Católica Portuguesa)Ciências e Engenharia do AmbienteEngenharia CivilEngenharia da Refinação, Petroquímica e Química (em associação com as Universidades de Coimbra, Nova de Lisboa, do Porto e Técnica de Lisboa)Engenharia e Gestão IndustrialEngenharia EletrotécnicaEngenharia Física*Engenharia InformáticaEngenharia Mecânica
candidaturas2ª fase › 14 a 31 de julho de 20143ª fase › 15 a 17 de setembro de 2014
[email protected]. (+351) 234 370 211
investigamosuniversidade de aveiro
Engenharia QuímicaGeotecnologias (em associação com a Universidade de Coimbra)Informação e Comunicação em Plataformas Digitais (em associação com a Universidade do Porto)Informática** (em associação com as Universidades do Minho e Porto)Nanociências e NanotecnologiaTelecomunicações** (em associação com as Universidades do Minho e Porto)Território, Risco e Políticas Públicas (em associação com as Universidades de Coimbra e Lisboa)
CIÊNCIAS EXATAS E NATURAISCurso de EspecializaçãoIlustração Científica
MestradoBiologia Aplicada*Biologia MarinhaBiologia Molecular e CelularBioquímica*Ciências do Mar e das Zonas CosteirasEcologia AplicadaFísicaGeomateriais e Recursos Geológicos (em associação com a Universidade do Porto)Matemática e AplicaçõesMatemática para ProfessoresMeteorologia e Oceanografia Física*MicrobiologiaQuímicaToxicologia e Ecotoxicologia
Curso de Formação AvançadaCiências do MarEstratégias de Avaliação de ContaminaçãoEstratégias de Proteção do SoloGeo-Engenharia de Reservatórios Carbonatados (em colaboração com as Universidades de Lisboa, Técnica de Lisboa, Estadual de Campinas, Estadual Paulista, a Galp Energia e a Petrobras)HidrogeofísicaReabilitação de solos
Programa DoutoralBiologiaBiologia das Plantas (em associação com as Universidades do Minho e Porto)Biologia e Ecologia das Alterações Globais (em associação com a Universidade de Lisboa) Bioquímica*Ciência, Tecnologia e Gestão do Mar (em associação com as Universidades do Minho, de Trás-os-Montes e Alto Douro e a Universidade da Corunha, Vigo e Santiago de Compostela)Ciências do Mar e Ambiente (em associação com a Universidade do Porto)Ciências do Mar** (Erasmus Mundus – MARES em associação com as Universidades de Ghent, Bremen, Bolonha, Algarve, Plymouth, Gdansk, Klaipeda, Pavia, Paris Marie Curie e com os Institutos Galway Mayo Institute of Technology, Flanders Marine Institute and Royal Netherlands Institute for Sea Research)Física** (em associação com as Universidades do Minho e Porto)Geociências (em associação com a Universidade do Porto)Gestão Marinha e Costeira** (Erasmus Mundus – MACOMA em associação com as Universidades de Cádiz, Algarve, Bolonha e Estatal Russa de Hidrometeorologia)MatemáticaMatemática e Aplicações (em associação com a Universidade do Minho)
QuímicaSistemas Energéticos e Alterações Climáticas
CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS DA SAÚDECurso de EspecializaçãoMedicina Farmacêutica
MestradoBiomedicina Farmacêutica*Biomedicina Molecular*Ciências da Fala e da AudiçãoEnfermagem de Saúde Familiar (em associação com o Instituto Politécnico de Bragança e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro)FisioterapiaGerontologia*Tecnologias da Imagem Médica
Programa DoutoralCiências e Tecnologias da SaúdeGerontologia e Geriatria (em associação com a Universidade do Porto)
EDUCAÇÃOMestradoCiências da EducaçãoDidáticaEducação Pré-Escolar e Ensino no 1º Ciclo do Ensino BásicoEnsino de Artes Visuais no 3º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário Ensino de Biologia e de Geologia no 3º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino SecundárioEnsino de Educação Musical no Ensino BásicoEnsino de Educação Visual e Tecnológica no Ensino BásicoEnsino de Física e de Química no 3º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino SecundárioEnsino de Inglês e de Língua Estrangeira (Alemão/Espanhol/ Francês) no 3º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino SecundárioEnsino de Inglês e de Língua Estrangeira (Alemão/Espanhol/ Francês) no Ensino BásicoEnsino de Matemática no 3º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino SecundárioEnsino de MúsicaEnsino do 1º e do 2º Ciclo do Ensino Básico Ensino do Português e de Línguas Clássicas no 3º Ciclo do Ensino Básico e no SecundárioEnsino do Português no 3º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário e de Língua Estrangeira (Alemão/Espanhol/Francês) no Ensino Básico e SecundárioSupervisão
Programa DoutoralEducaçãoHistória das Ciências e Educação Científica (em associação coma Universidade de Coimbra)Multimédia em Educação
todos os cursos da UA são acreditados pela A3ES;a UA possui os ECTS e os DS LABELs;
* cursos parcialmente lecionados em inglês** cursos integralmente lecionados em inglês
linhas maio 2014
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