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Liquefação de Resíduos

Otimização de Unidade Semi-Industrial e Valorização dos

Seus Produtos

Flávio Miguel Rocha Oliveira

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Química

Orientadores: Dr.ª Maria Margarida Pires dos Santos Mateus

Dr. Rui Miguel Galhano dos Santos Lopes

Orientador externo: Eng.ª Ângela Maria Jesus de Sequeira Serra Nunes

Júri Presidente: Professor João Carlos Moura Bordado

Orientador: Eng.ª Ângela Maria Jesus de Sequeira Serra Nunes

Vogal: Professor Francisco Manuel da Silva Lemos

Julho 2016

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I. Agradecimentos

Quero agradecer aos meus orientadores Dr.ª Maria Margarida Pires dos Santos Mateus

e Dr. Rui Miguel Galhano dos Santos Lopes, bem como ao Professor Doutor João Carlos Moura

Bordado pela orientação, disponibilidade, comentários e sugestões que me fizeram desenvolver

o melhor trabalho possível.

À Eng.ª Ângela Maria Jesus de Sequeira Serra Nunes o meu muito obrigado por tudo,

desde a oportunidade que me deu de ter estagiado numa grande empresa como a Secil bem

como todo o apoio que me prestou, confiando sempre em mim. Estou-lhe grato por ter tido esta

oportunidade.

À Eng.ª Diana Correia agradeço toda a ajuda que me concedeu. Foi fundamental o seu

contributo no desenvolvimento do meu trabalho.

Uma palavra também para o Eng.º Vítor Vermelhudo, Eng.º Jorge Galvão, bem como

para todo o pessoal do Centro de Desenvolvimento de Aplicações de Cimento e do Laboratório

de Qualidade do Outão pela rápida integração que me proporcionaram e pela disponibilidade

demonstrada.

Agradeço também a todos os meus colegas que me acompanharam durante o percurso

académico, especialmente à Raquel e ao Felipe por todos os momentos que passámos ao longo

do mestrado, os quais nunca esquecerei. Muito obrigado.

Por fim, um enorme obrigado aos meus pais. Sem vocês nada disto teria sido possível.

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II. Resumo

Neste trabalho estudou-se a otimização e valorização do bio-óleo obtido numa instalação

piloto semi-industrial de liquefação de biomassa, tendo como finalidade a utilização deste produto

como biocombustível no forno de produção de clínquer branco da empresa CMP, pertencente

ao Grupo Secil.

De forma a melhorar a qualidade do produto foram feitos diversos melhoramentos à

instalação piloto tais como um novo agitador, aumento de potência de agitação e nova disposição

das serpentinas no reator. Os resultados destas alterações ainda não são conhecidos.

Com o intuito de legalizar o bio-óleo foram estudados diversos enquadramentos

normativos, sendo a norma ASTM D 7544 e a especificação nacional do fuelóleo presente no

Decreto-Lei Nº142/2010 os mais adequados devido à similaridade de aplicações. Para estes

enquadramentos foi feito um guia de caracterização de propriedades físicas com descrição dos

métodos de ensaio, sendo que o LQLO apenas consegue realizar dois métodos: poder calorífico

(ASTM D 240) e teor de água (ASTM E 203). A nível nacional apenas a especificação do fuelóleo

pode ser satisfeita pelas entidades laboratoriais acreditadas. Foi feito o enquadramento do bio-

óleo industrial (cortiça e CDR) nas normas do fuelóleo nacional, gasóleo (EN 590) e biodiesel

(EN 14214), tendo a do fuelóleo gerado melhores resultados.

Nos ensaios laboratoriais fez-se um estudo da influência das variáveis operatórias,

sendo que o melhor rendimento obtido foi de 72%, considerando como condições ótimas estilha

de pinho seca, maior granulometria e 30 minutos de swelling a quente. Fez-se um pré-tratamento

com solução de Al2(SO4)3, tendo-se obtido melhores resultados utilizando biomassas húmidas.

Palavras-chave: liquefação, bio-óleo, instalação piloto, combustível, normas, enquadramento.

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III. Abstract

In this work it was studied the optimization and upgrading of bio-oil obtained in an semi-

industrial pilot plant biomass liquefaction, with the purpose to use this product as biofuel in furnace

for white clinker production from CMP company, which belongs to Secil Group.

In order to improve the quality of the product, several improvements to the pilot plant were

made such as a new stirrer, increased stirring power and new arrangement of the coils in the

reactor. The results of these changes are not yet known.

In order to legalize bio-oil, different regulatory frameworks were studied, with the ASTM

D 7544 and the national specification of fuel oil (Decree 142/2010) proving to be the most suitable

standards due to the similarity of applications. For these standards it was made a guide for

physical property characterization with description of test methods wherein LQLO can only

perform two methods: calorific value (ASTM D 240) and water content (ASTM E 203). Nationally,

only the fuel oil specification can be met by accredited laboratory entities. It was made the

framework of industrial bio-oil (cork and RDF) in the national fuel oil, diesel fuel (EN 590) and

biodiesel (EN 14214) standards, generating better results in the framework of fuel oil standard.

In laboratory tests, a study on the influence of operational variables in the process was

made, in which the best yield was 72%, given as optimal conditions large dried pine chips and 30

minutes of swelling under heat. A pre-treatment with aluminum sulfate solution was made, yielding

best results using wet biomass.

Keywords: liquefaction, bio-oil, pilot plant, fuel, standards, framework.

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IV. Índice

I. Agradecimentos ................................................................................................................... iii

II. Resumo ................................................................................................................................ v

III. Abstract ............................................................................................................................... vii

IV. Índice ..................................................................................................................................... ix

V. Índice de Figuras ................................................................................................................. xii

VI. Índice de Tabelas ................................................................................................................ xiv

VII. Abreviaturas ......................................................................................................................... xv

1. Introdução .............................................................................................................................. 1

Energias Renováveis ......................................................................................................... 1

Biomassa ............................................................................................................................ 2

Definição ...................................................................................................................... 2

Tipos de Biomassa ...................................................................................................... 3

Produtos da Biomassa ................................................................................................ 4

Processos de Conversão de Biomassa ............................................................................. 4

Combustão .................................................................................................................. 5

Gaseificação ................................................................................................................ 5

Pirólise ......................................................................................................................... 6

Liquefação ................................................................................................................... 7

Tipos de Liquefação ............................................................................................. 7

Etapas Físico-químicas do Processo de Liquefação Direta ................................ 8

Parâmetros que Influenciam a Performance da Liquefação Direta ..................... 8

Solventes ............................................................................................................ 12

Liquefação versus Pirólise Rápida ................................................................................... 13

2. Projeto Energreen ............................................................................................................... 14

Enquadramento do Projeto .............................................................................................. 14

Revisão Bibliográfica ........................................................................................................ 14

Instalação Piloto Semi-Industrial ...................................................................................... 15

Descrição do Processo .................................................................................................... 16

Alterações Futuras ao Projeto .......................................................................................... 19

3. Enquadramento Normativo do Produto ............................................................................... 20

Processo de Normalização do Bio-óleo ........................................................................... 20

Normas de Combustíveis ................................................................................................. 22

Combustíveis Fósseis ............................................................................................... 22

GPL .................................................................................................................... 23

GPL Carburante ................................................................................................. 23

............................................................................................................ 23

Petróleos ............................................................................................................ 24

Gasóleos ............................................................................................................ 24

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Gasóleo de Aquecimento ................................................................................... 25

Fuelóleo .............................................................................................................. 25

Jet A-1 ................................................................................................................ 26

Biocombustíveis ........................................................................................................ 26

............................................................................................................. 26

Bioetanol............................................................................................................. 27

Óleos Vegetais ................................................................................................... 27

Bio-óleo de Pirólise (FPBO) ............................................................................... 28

....................................................... 30

Guia de Caracterização de Propriedades Físicas do Bio-óleo Para Enquadramento

Normativo ................................................................................................................................ 32

Homogeneidade e Amostragem ............................................................................... 32

Homogeneização ............................................................................................... 32

Amostragem ....................................................................................................... 33

......................................................................... 33

Homogeneização por Adição de Solvente ......................................................... 34

Métodos de Ensaio .................................................................................................... 35

Entidades Acreditadas a Nível Nacional que Realizam Métodos de Ensaio para os

Enquadramentos Escolhidos ................................................................................................... 40

Bio-óleo de Pirólise (ASTM D 7544) ......................................................................... 41

Fuelóleo (Decreto-Lei Nº142/2010)........................................................................... 42

Resultados do Enquadramento Normativo ...................................................................... 43

Economia Circular ............................................................................................................ 45

4. Atividade Laboratorial .......................................................................................................... 47

Procedimento Experimental ............................................................................................. 47

Materiais .................................................................................................................... 47

....................................................................................... 48

Procedimento ............................................................................................................ 48

Pré-ensaio .......................................................................................................... 48

Determinação da Humidade da Biomassa ......................................................... 48

Pesagem de Reagentes ..................................................................................... 50

Pré-tratamento ................................................................................................... 50

Ensaio Reacional ............................................................................................... 51

Separação .......................................................................................................... 52

Resultados Experimentais................................................................................................ 54

Análise da Influência das Condições Operatórias .................................................... 54

Caracterização dos Liquefeitos e Resíduos .............................................................. 60

5. Conclusões .......................................................................................................................... 62

6. Bibliografia ........................................................................................................................... 65

7. Anexos ................................................................................................................................. 74

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Normas de Combustíveis Fósseis ................................................................................... 74

Normas de Biocombustíveis............................................................................................. 86

Entidades Acreditadas ..................................................................................................... 88

Caracterização de Amostras Laboratoriais ...................................................................... 91

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V. Índice de Figuras

Figura 1.1 - Procura total de energia primária na União Europeia.4 ............................................. 1

Figura 1.2 – Quotas de consumo de fontes de energia renováveis na União Europeia.6 ............ 2

Figura 1.3 - Produção de energia renovável em Portugal no ano de 2014.7 ................................ 3

Figura 1.4 - Tipos de biomassa produzidos em Portugal para fins energéticos em 2014.7 ......... 4

Figura 1.5 - Processos de conversão de biomassa, produtos e aplicações.11 ............................. 4

Figura 1.6 - Passos reacionais básicos para a liquefação direta de biomassa.24 ........................ 8

Figura 2.1 - Instalação piloto semi-industrial (alçado principal). ................................................. 15

Figura 2.2 - Instalação piloto semi-industrial (conjunto em perspetiva). ..................................... 16

Figura 2.3 – Etapas gerais do processo de liquefação ácida. .................................................... 16

Figura 2.4 – Interior do reator – serpentinas e agitador. ............................................................. 18

Figura 2.5 – Display do processo. ............................................................................................... 19

Figura 3.1 - Princípios base do processo de normalização.51 .................................................... 21

Figura 3.2 – Intervalos de destilação com exemplos de pontos de corte (temperaturas

fronteira).53 ................................................................................................................................... 22

Figura 3.3 – Exemplo de um dispositivo de mistura (Inotec VISCO JET VJ350) adequado para

o líquido de pirólise em contentores de 1m3.86 ........................................................................... 32

Figura 3.4 – Exemplo de amostra de bio-óleo homogéneo (uma fase), observado por

microscopia Leica DM LS.86 ........................................................................................................ 34

Figura 3.5 - Exemplo de amostra de bio-óleo não homogéneo (separação de fases), observado

por microscopia Leica DM LS.86 .................................................................................................. 34

Figura 3.6 - Dissolução do material extrativo na matriz de liquefeito. Note-se que alguns dos

extrativos não se dissolvem em álcoois.86 .................................................................................. 35

Figura 3.7 – Esquema resumo do processo de acreditação.102.................................................. 40

Figura 3.8 – Economia circular.105 ............................................................................................... 45

Figura 4.1 - Montagem laboratorial de ensaio reacional. ............................................................ 52

Figura 4.2 - Montagem de filtração a vácuo. ............................................................................... 52

Figura 4.3 – Efeito do tempo de swelling a quente na conversão de estilha de pinho com

proporção DEG:2EH de 1:3. ....................................................................................................... 54

Figura 4.4 – Estilha de pinho. Granulometria (da esquerda para a direita): grossa, média e

fina… ........................................................................................................................................... 55

Figura 4.5 – Efeito da granulometria na conversão de estilha de pinho, sem swelling e com

proporção DEG:2EH de 1:3. ....................................................................................................... 55

Figura 4.6 – Efeito da humidade na conversão de estilha de pinho, sem swelling e com

proporção DEG:2EH de 1:3. ....................................................................................................... 56

Figura 4.7 – Ensaios com otimização das condições operatórias .............................................. 56

Figura 4.8 – Efeito do tempo de pré-tratamento, com posterior swelling de 30 minutos. ........... 57

Figura 4.9 – Condensado obtido pelo pré-tratamento com solução de Al2(SO4)3 ...................... 57

Figura 4.10 – Efeito do tempo reacional na conversão de estilha de pinho, utilizando pré-

tratamento. .................................................................................................................................. 58

Figura 4.11 – Efeito da humidade na conversão de dregs e grits, sem swelling e com proporção

DEG:2EH de 3:1. ......................................................................................................................... 58

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Figura 4.12 – Efeito da humidade e do pré-tratamento na conversão de biomassa de

desmatamento sem swelling e com proporção DEG:2EH de 1:3. .............................................. 59

Figura 4.13 – Resíduo obtido após liquefação. ........................................................................... 60

Figura 4.14 – Liquefeito de estilha de pinho.. ............................................................................. 60

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VI. Índice de Tabelas

Tabela 1.1 – Tipos de biomassa e seus exemplos.9 ..................................................................... 3

Tabela 1.2 – Parâmetros físicos e químicos que influenciam a performance da liquefação

direta.1,16 ........................................................................................................................................ 9

Tabela 1.3 – Vantagens e desvantagens dos tipos de solventes utilizados na liquefação.24 .... 12

Tabela 3.1 – Processos comerciais de produção de bio-óleo por pirólise rápida.77 ................... 28

Tabela 3.2 - Norma ASTM D 7544-12 para bio óleo produzido a partir de pirólise

rápida.48,79,80,81,82,83 ....................................................................................................................... 28

Tabela 3.3 – Composições do bio-óleo.84,85 ................................................................................ 30

Tabela 3.4 – Lista de normas que não se enquadram nas características do bio-óleo

produzido.. ................................................................................................................................... 30

Tabela 3.5 – Enquadramento final do bio-óleo produzido. ......................................................... 31

Tabela 3.6 – Métodos de ensaio, normas aplicáveis, viabilidade e recomendações para uso em

bio-óleo. ....................................................................................................................................... 35

Tabela 3.7 – Propriedades e condições operatórias do bio-óleo industrial utilizado no

enquadramento. .......................................................................................................................... 43

Tabela 3.8 – Resultado do enquadramento do bio-óleo na norma EN 590 (gasóleo). .............. 43

Tabela 3.9 – Resultado do enquadramento do bio-óleo na norma EN 14214 (biodiesel

FAME)….. .................................................................................................................................... 44

Tabela 3.10 – Resultado do enquadramento do bio-óleo na especificação do fuelóleo nº4 BTE,

presente no DL Nº142/2010. ....................................................................................................... 45

Tabela 4.1 – Caracterização da biomassa (estilha de pinho), liquefeito e seu resíduo. ............ 60

Tabela 7.1 - Norma nacional de especificação do GPL.54 .......................................................... 74

Tabela 7.2 - Norma nacional de especificação do GPL carburante.54 ........................................ 75

Tabela 7.3 - Norma nacional de especificação das gasolinas.54 ................................................ 76

Tabela 7.4 - Norma nacional de especificação dos petróleos.54 ................................................. 78

Tabela 7.5 - Norma nacional de especificação dos gasóleos.54 ................................................. 79

Tabela 7.6 - Norma nacional de especificação do gasóleo de aquecimento.54 .......................... 80

Tabela 7.7 – Norma nacional de especificação dos fuelóleos.48,54 ............................................. 80

Tabela 7.8 - Especificações de combustível para turbinas de gás.66 ......................................... 81

Tabela 7.9 – Especificações para combustíveis navais destilados.67......................................... 82

Tabela 7.10 – Especificações para combustíveis navais residuais.67 ........................................ 83

Tabela 7.11 – Norma de especificação do Jet A-1.70.................................................................. 84

Tabela 7.12 – Norma europeia de especificação do biodiesel (FAME) – EN 14214:2012.72 ..... 86

Tabela 7.13 – Norma europeia de especificação do bioetanol – EN 15376:2014.74 .................. 87

Tabela 7.14 – Norma alemã de especificação do óleo vegetal de colza – DIN 51605:2010.76 .. 87

Tabela 7.15 - Entidades acreditadas em diversas áreas de intervenção que realizam os

mesmos métodos de análise impostos pela norma. ................................................................... 88

Tabela 7.16–Atribuição das entidades a cada propriedade imposta pela norma ASTM D7544 89

Tabela 7.17 – Atribuição das entidades a cada propriedade imposta pelo DL Nº142/2010 para o

fuelóleo. ....................................................................................................................................... 90

Tabela 7.18 – Caracterização de liquefeitos laboratoriais feita no LQLO. ................................. 91

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VII. Abreviaturas

(m/m) – Percentagem em massa

(v/v) – Percentagem em volume

2EH – 2-Etilhexanol

5-HMF – Hidroximetilfurfural

Al2(SO4)3 – Sulfato de alumínio

AlCl3 – Cloreto de alumínio

AFQRJOS - Aviation Fuel Quality

Requirements for Jointly Operated Systems

AFNOR – Association Francaise de

Normalisation

ASTM – American Society for Testing and

Materials

ATE – Alto Teor de Enxofre

BtL – Biomass to Liquid

BOCLE - Ball-on-Cyhder Lubricity Evaluator

BTE – Baixo Teor de Enxofre

Cn – Hidrocarbonetos com n átomos de

carbono

Ca – Cálcio

CH4 – Metano

CO – Monóxido de carbono

CO2 – Dióxido de carbono

CDR – Combustíveis Derivados de Resíduos

CE – Comissão Europeia

CEN – European Committee for

Standardization

CENELEC – European Committee for

Electrotechnical Standardization

CFBE – Consumo Final Bruto de Energia

CHN – Carbon, Hydrogen, Nitrogen

CLC – Companhia Logística de

Combustíveis

CMP – Cimentos Maceira e Pataias

DCN - Derived Cetane Number

DEF STAN – United Kngdom Defence

Standard

DEG – Dietilenoglicol

DIN – Deutsche Institut Fur Normung

DL – Decreto-Lei

EG – Etilenoglicol

EIA - Eletrónica Industrial de Alverca

EM | URF - Ensaios e Metrologia | Unidade de

Reação ao Fogo

EMPYRO - Energy & Materials from Pyrolysis

EN – European Standard

ETAR – Estação de Tratamento de Águas

Residuais.

ETSI - European Telecommunications

Standards Institute

FAME – Fatty Acid Methyl Esters

FER – Fontes de Energia Renováveis

FPBO - Fast Pyrolysis Bio-Oil

GPL – Gás de Petróleo Liquefeito

GtL – Gas to Liquid

H/C – Rácio Hidrogénio/Carbono

H2 – Hidrogénio molecular

H2O – Água

HCl – Ácido clorídrico

H2SO4 – Ácido sulfúrico

HTL – Hydrothermal Liquefaction

HTU - Hydrothermal Upgrading

I&D – Investigação e Desenvolvimento

IEA – Internacional Energy Agency

IEC - International Electrotechnical

Commission

INEGI - Instituto de Ciência e Inovação em

Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial

IP – Instalação Piloto

IP – Institute of Petroleum

IPA – Álcool Isopropílico

IPAC - Instituto Português de Acreditação

ISO – International Organization for

Standardization

IST – Instituto Superior Técnico

IT L – Instrução Técnica

JFTOT - Jet Fuel Thermal Oxidation Tester

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JIG - Joint Inspection Group

JIS – Japan Industrial Standards

K – Potássio

K2CO3 – Carbonato de potássio

KF – Karl Fischer

KOH – Hidróxido de potássio

LAB-MI – Laboratório de Materiais Isolantes

LBK - Labcork (Laboratório Central do Grupo

Amorim)

LCE - Laboratório de Calibrações e Ensaios

LFF - Laboratório de Fumo e Fogo

LNEC - Laboratório Nacional de Engenharia

Civil

LQLO - Laboratório de Qualidade do Outão

LRM - Laboratório da Refinaria de

Matosinhos

LUFAA - Laboratório da Unidade Fabril de

Adubos de Alverca

Mg – Magnésio

MON – Motor Octane Number

MSEP – Micro-Separometer

Mtoe - Million Tonnes of Oil Equivalent

Na – Sódio

Na2CO3 – Carbonato de sódio

NaOH – Hidróxido de sódio

ppm – Partes por milhão

ppmv – Partes por milhão em volume

prEN - Draft European Standard

PCI – Poder Calorífico Inferior

PCS – Poder Calorífico Superior

PEG – Polietilenoglicol

PG – Propilenoglicol

PTSO - Ácido p-toluenosulfónico

PTFE – Politetrafluoretileno

RDF – Residue Derived from Fuel

Rh – Ródio

RON - Research Octane Number

RSU – Resíduos Sólidos Urbanos

S/B – Rácio Solvente/Biomassa

S/S – Rácio Solvente/Solvente

SGS - Sociedade Geral de Superintendência

TAN – Total Acid Number

TS - Technical Specification

TSE - Total Sediment Existent

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1. Introdução

Energias Renováveis

As reservas de energia primária fóssil encontram-se limitadas, sendo que necessitam de

ser substituídas num futuro muito próximo. É neste contexto que surgem as energias renováveis

que, como o próprio nome indica nunca se esgotam, uma vez que estão constantemente a ser

restabelecidas. Energia eólica, solar, geotérmica, hidráulica e biomassa são alguns exemplos de

fontes de energias renováveis (FER).1,2

O aumento da utilização de energias renováveis é imprescindível, tanto por questões de

natureza ambiental como a diminuição das emissões de CO2 responsável pelo efeito de estufa,

bem como por questões económicas e demográficas como o aumento do preço do petróleo e o

crescimento da população que fazem aumentar a procura de energia e de bens de consumo. 2,3

Figura 1.1 - Procura total de energia primária na União Europeia.4

Conforme se pode ver na Figura 1.1, existe um crescimento significativo da procura e

produção de energia a partir de FER, sendo este uma consequência da evolução do tratamento

legislativo na União Europeia desde o início do século XXI sobre esta temática (Diretivas

2001/77/CE e 2003/30/CE).

A diretiva mais recente (2009/28/CE) pretende estabelecer um objetivo comum para a

promoção de energia proveniente de FER, fixando objetivos nacionais para a quota global de

energia proveniente destas fontes no consumo final bruto de energia (CFBE) e também para a

quota consumida de FER (biocombustíveis) no setor dos transportes. Também estabelece

critérios de sustentabilidade para os biocombustíveis e biolíquidos usados na produção de calor

e electricidade.5

0 100 200 300 400 500 600 700

Carvão

Petróleo

Gás

Nuclear

Hidro

Bioenergia

Outras renováveis

Mtoe

1990

2013

2030

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Figura 1.2 – Quotas de consumo de fontes de energia renováveis na União Europeia.6

Em termos nacionais, esta diretiva fixou como objetivo de incorporação a percentagem

de 31% de FER no consumo final bruto de energia (CFBE) até 2020 (Figura 1.2). Este contributo

advém do setor de produção de eletricidade (≈55%), aquecimento e arrefecimento nos setores

da industria, de serviços e doméstico (≈30%) e ainda nos transportes (10%) sendo apenas esta

última vinculativa.6 Em 2014 o peso das FER no CFBE foi de 27%.7

A produção de energia a partir de FER deverá ser sustentável (ambientalmente,

economicamente e socialmente), sendo que as disposições na diretiva promovem:

Formas de produção que reduzam substancialmente as emissões de gases com efeito

de estufa (ambiental);

Produção a partir de resíduos, detritos, material celulósico não alimentar, material

lignocelulósico e algas (ambiental);

Investigação e desenvolvimento de tecnologias de energias renováveis (económico);

Disponibilidade de géneros alimentícios a um preço acessível (social).5

Biomassa

Definição

De acordo com a Diretiva 2001/77/CE de 27 de Setembro de 2001, a biomassa constitui

a fração biodegradável de produtos e resíduos da agricultura (incluindo substâncias vegetais e

animais), da floresta e das indústrias conexas, bem como a fração biodegradável dos resíduos

industriais e urbanos.8

Este tipo de matéria-prima é um promissor substituto das matérias-primas fósseis para

produção sustentável de combustíveis e de produtos químicos, tendo como principais vantagens

o seu baixo custo e ser considerado um recurso natural renovável, contribuindo desta forma para

a diminuição da pegada de carbono.

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3

Em Portugal, nos últimos anos, cerca de 50% da produção de energias renováveis

provém da biomassa, sendo que 60% desta foi transformada em outras formas de energia,

nomeadamente em centrais termoelétricas e centrais de cogeração.7

Figura 1.3 - Produção de energia renovável em Portugal no ano de 2014.7

Tipos de Biomassa

Existem vários tipos de biomassa que, devido à sua enorme diversidade têm de ser

tratadas de maneiras específicas para produzirem os mais diversos tipos de produtos. Muitas

fontes de biomassa são produtos sazonais, sendo a madeira lenhocelulósica uma das exceções.9

Os principais tipos de biomassa e respetivos exemplos encontram-se evidenciados na Tabela

1.1, sendo de referir que a biomassa verde não pode ser armazenada.

Tabela 1.1 – Tipos de biomassa e seus exemplos.9

Tipo de Biomassa Exemplos

Lenhocelulósica Madeira e plantas lenhocelulósicas

Oleaginosas Soja e colza

Culturas de açúcar Beterraba sacarina e cana-de-açúcar

Culturas de amido Milho e trigo Biomassa verde Erva, luzerna e trevo

Culturas aquáticas Algas, ervas daninhas aquáticas e

jacinto-de-água

Bio resíduos

Resíduos e subprodutos agrícolas, palha, resíduos urbanos e domésticos, bio lamas,

águas residuais com matéria orgânica, óleos vegetais usados e gorduras animais

Em território nacional, os principais tipos de biomassa utilizados para fins energéticos

são as lenhas e resíduos vegetais/florestais (maior quota), licores sulfitivos (provenientes da

indústria papeleira), pellets e briquetes, biogás e outros tipos de biomassa como frações

renováveis de resíduos sólidos urbanos (RSU).7

44%

5%

49%

2%

Energia eletrica

Biocombustíveis

Biomassa

Outros renováveis (incluisolar térmico e geotermia debaixa entalpia)

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4

Figura 1.4 - Tipos de biomassa produzidos em Portugal para fins energéticos em 2014.7

Produtos da Biomassa

Podem ser produzidos três tipos de combustível primário a partir da biomassa:

Líquido (Etanol, biodiesel, metanol, óleo vegetal e bio-óleo);

Gasoso (biogás (CH4, CO2), gás de produção (CO, H2, CH4, CO2), gás de síntese (CO,

H2) e gás natural (CH4));

Sólido (carvão e biomassa torrificada).

Destes, podem ser definidas quatro categorias principais de produtos para aplicação:

Químicos (metanol, fertilizantes e fibras sintéticas);

Energia (calor);

Eletricidade;

Combustível para transporte (gasolina e diesel).10

Processos de Conversão de Biomassa

A biomassa necessita de ser convertida a combustíveis sólidos, líquidos ou gasosos que

serão usados para gerar eletricidade, fornecer calor ou para mover automóveis. Essa conversão

é feita através de processos termoquímicos, bioquímicos e/ou mecânicos. Na Figura 1.5 são

mostrados os diversos processos de conversão e seus possíveis produtos.

Figura 1.5 - Processos de conversão de biomassa, produtos e aplicações.11

44%

34%

15%

3%

4%Lenhas e resíduosvegetais/florestaisLicores sulfitivos

Pellets e briquetes

Biogás

Outra biomassa

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5

Os processos mecânicos não são exatamente um processo de conversão, uma vez que

eles não alteram o estado físico da biomassa, apresentando como exemplos a compactação de

resíduos na forma de pellets, extração mecânica de óleo em filtro prensa e moagem de palha.

Os processos bioquímicos envolvem a utilização de enzimas, bactérias e outros

microrganismos para decompor a biomassa. A fermentação para converter açúcares em etanol

e a digestão anaeróbia para produção de biogás são alguns exemplos deste tipo de processos.11

Os processos termoquímicos utilizam calor para converter a biomassa. Possuem

eficiências maiores face aos processos biológicos em virtude de apresentarem menores tempos

de reação e serem capazes de degradar um maior número de compostos orgânicos, sendo por

isso preferenciais em termos industriais. A combustão, gaseificação, pirólise e liquefação são

considerados os principais processos termoquímicos.11,12

Como exemplo da aplicação de alguns destes processos termoquímicos tem-se a

conversão de biomassa lenhocelulósica em combustíveis líquidos, a produção de etanol obtido

a partir da hidrólise da biomassa, que produz monómeros de açúcar, seguida de fermentação, o

processo BtL (“biomass to liquid”), obtido a partir da gaseificação da biomassa seguida da síntese

de Fischer-Tropsch, e a produção de bio-óleo através de pirólise rápida ou liquefação de

biomassa.13

Combustão

A combustão representa, talvez, a utilização mais antiga da biomassa, uma vez que a

civilização se iniciou com a descoberta do fogo. Quimicamente a combustão é originada por uma

reação química entre oxigénio e matéria orgânica, originando dois compostos muito estáveis:

dióxido de carbono (CO2) e água (H2O).10

Este processo é largamente utilizado na produção de calor para o aquecimento de

ambientes e na geração de vapor em caldeiras que pode ser usado para movimentar turbinas a

vapor com o intuito de gerar eletricidade.14

Tem como principal vantagem a aplicação de tecnologia bem desenvolvida

comercialmente, possuindo inúmeros casos de sucesso na Europa e América do Norte,

utilizando resíduos florestais, agrícolas e industriais. Por outro lado, a queima de combustível

com alto teor de humidade, emissões de monóxido de carbono devido à queima incompleta, o

manuseio de cinzas e dificuldade de fornecer e salvaguardar o fornecimento suficiente de

biomassa para centrais termoelétricas modernas ainda são problemas técnicos passíveis de

serem melhorados.14,15

Gaseificação

A gaseificação é um processo em que um líquido ou sólido à base de carbono, como

biomassa, carvão, bio-óleo ou gasóleo, reage com o ar, oxigénio puro ou vapor, produzindo um

gás intitulado por gás de síntese ou de produção, podendo conter diversos compostos como

monóxido de carbono, dióxido de carbono, hidrogénio, metano e azoto nas mais variadas

proporções.13

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6

A gaseificação com o ar produz gás de produção, possuindo baixo poder calorífico

(≈5MJ/m3) devido à diluição com azoto, sendo por isso utilizado na queima em turbinas de vapor

para gerar eletricidade ou em caldeiras de vapor.14 A gaseificação com oxigênio puro ou com

vapor origina gás de síntese. Este gás é constituído principalmente por monóxido de carbono e

hidrogénio, possui um poder calorífico médio (12 a 20 MJ/m3 com oxigénio e 15 a 20 MJ/m3 com

vapor), sendo que pode ser convertido em hidrogénio, combustíveis como gasolina, diesel e

outros químicos de valor acrescentado como metanol e fertilizantes.14,16

A gaseificação de biomassa compreende as seguintes etapas sequenciais: secagem

para evaporação da humidade; pirólise para obtenção de gases, vapores do alcatrão ou óleos e

resíduos sólidos de carvão; gaseificação ou oxidação parcial do carvão, alcatrão e gases gerados

na pirólise.

As tecnologias de gaseificação de biomassa têm sido demonstradas com sucesso em

larga escala e em vários projetos, contudo, o seu custo ainda é elevado quando comparado com

a energia produzida a partir dos combustíveis fósseis. A integração da gaseificação com outros

sistemas processuais como por exemplo, uma biorrefinaria, é fundamental para viabilizar

economicamente este processo termoquímico.14

Pirólise

A pirólise é um processo que envolve a decomposição térmica de matéria na ausência

de oxigénio. Trata-se da primeira etapa dos processos de combustão e gaseificação. A pirólise

da biomassa produz gás, líquido e sólido em várias proporções, dependendo do tipo e das

condições do processo de pirólise. O gás é constituído por monóxido de carbono, dióxido de

carbono e hidrocarbonetos leves. O líquido de coloração escura é denominado de bio-óleo e o

sólido de carvão vegetal.14

Dependendo das condições operatórias utilizadas, o processo de pirólise da biomassa

pode operar em condições rápidas ou lentas. Na pirólise lenta são utilizados longos tempos de

residência, favorecendo a produção de carvão vegetal ou de gases conforme se opere a baixas

ou altas temperaturas respetivamente. Temperaturas moderadas e baixos tempos de residência

favorecem a produção de bio-óleo através de reações homogéneas que ocorrem na fase gasosa,

sendo este designado por processo de pirólise rápida.14,16

As principais características do processo de pirólise rápida são:

Elevadas taxas de aquecimento e de transferência de calor, requerendo uma biomassa

finamente moída;

Temperatura de reação controlada em torno de 500°C na fase de vapor, com tempos de

residência curtos, tipicamente menores que 2 segundos;

Rápido arrefecimento e condensação dos vapores (quenching) de forma a originar o bio-

óleo.17

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7

Liquefação

Neste processo termoquímico, a biomassa é convertida em produtos liquefeitos através

de uma complexa sequência de estruturas físicas e mudanças químicas, resultando em

moléculas mais pequenas. Estas pequenas moléculas são instáveis e reativas e podem

repolimerizar em compostos oleosos (bio-óleo) com uma vasta gama de distribuição molecular.

No caso da liquefação, as macromoléculas presentes na matéria-prima são decompostas em

fragmentos de moléculas leves na presença de um catalisador adequado. As mudanças durante

o processo de liquefação envolvem vários tipos de reações tais como solvólise,

despolimerização, descarboxilação, hidrogenólise, hidrogenação entre outras.18

A matéria lenhocelulósica é o tipo de biomassa mais utilizado para a produção de bio-

óleo através do processo de liquefação.19

Tipos de Liquefação

Existem dois principais tipos de liquefação:

Liquefação Indireta (GtL) – A biomassa é gaseificada, obtendo-se gás de síntese que

posteriormente é convertido em combustíveis líquidos pelo processo de Fischer-Tropsch

com consequente refinação.1,20

Liquefação Direta – Conversão completa da biomassa em combustíveis líquidos sem a

existência do passo de gaseificação.1

Dependendo do tipo de condições operatórias empregues, existem duas variantes

principais para o processo de liquefação direta, nomeadamente:

Liquefação Hidrotérmica (HTL) - utiliza água ou solvente em estado aquoso a

temperaturas entre 180 e 370°C e pressões elevadas variando entre 4 e 25 MPa.16 Uma

das variantes mais conhecidas deste processo, chegando mesmo à fase de

demonstração comercial é o método Hydrothermal Upgrading (HTU), que utiliza

pressões elevadas (120 a 180 bar), temperaturas entre 300 e 350ºC e tempos de

residência entre 5 e 20 min.13

Solvólise – Processo que dissolve a biomassa em solventes orgânicos reativos tais como

fenol, álcoois polihídricos, carbonato de etileno, entre outros. São aplicadas

temperaturas moderadas (100 a 250ºC), podendo ser utilizado com e sem catalisador.21

Este processo tem atraído uma atenção considerável devido a não ser necessário impor

elevadas pressões nem processos de secagem, sendo realizado a temperaturas

moderadas.22

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8

Etapas Físico-químicas do Processo de Liquefação Direta

A conversão de biomassa lenhocelulósica em hidrocarbonetos líquidos compreende os

seguintes passos básicos:

1. Preparação da matéria-prima com adequado teor de humidade e tamanho de partícula

(tipicamente <0,5mm);

2. Envolver a matéria-prima com um solvente (reciclo de bio-óleo, solvente em específico

ou simplesmente um sistema aquoso);

3. Aquecer a mistura até às condições reacionais;

4. Adição de gás redutor (H2 ou H2/CO a pressões elevadas com o objetivo de aumentar o

rácio hidrogénio/carbono e diminuição do teor em oxigénio);

5. Reação principal;

6. Separação do produto (equilíbrio líquido-vapor usado para separar os condensados dos

gases não condensáveis);

7. Separação sólido-líquido (por destilação, centrifugação e/ou extração) e recuperação do

solvente.1,20

A biomassa é composta por diferentes componentes, gerando por liquefação direta

inúmeros tipos de espécies químicas. Apesar desta variedade, as etapas reacionais podem ser

descritas brevemente como um mecanismo composto por três fases: despolimerização da

biomassa originando monómeros (glucose, entre outros), decomposição dos monómeros da

biomassa produzindo fragmentos instáveis e por último rearranjo dos fragmentos reativos (Figura

1.6).23

Figura 1.6 - Passos reacionais básicos para a liquefação direta de biomassa.24

Parâmetros que Influenciam a Performance da Liquefação Direta

A performance deste processo termoquímico pode ser caracterizada através da análise

de diversos fatores como rendimento em bio-óleo, formação de carvão, propriedades físico-

químicas do bio-óleo como a sua composição, valor de pH, rácio H/C, teor de oxigénio e poder

calorífico superior.

Existem diversos parâmetros físicos e químicos ou condições operatórias que

influenciam a performance da liquefação direta, nomeadamente o seu rendimento, estando

explicitado os principais na Tabela 1.2.

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9

Tabela 1.2 – Parâmetros físicos e químicos que influenciam a performance da liquefação direta.1,16

Parâmetros Físicos Parâmetros Químicos

Temperatura Pressão

Rácio mássico solvente/biomassa (S/B) Concentração de catalisador

Tempo de residência

Tipo/composição da biomassa Solvente

Catalisador Atmosfera

De seguida são explicitados alguns aspetos e recomendações a utilizar em relação a

cada um destes parâmetros, baseados em diversos artigos científicos publicados nesta área.

Tipo/composição da biomassa

Biomassa com elevados teores de celulose e hemicelulose favorece altos rendimentos

em bio-óleo.19 Pelo contrário, altos teores de lenhina fazem decrescer o rendimento em bio-óleo

e aumentam a formação de carvão. Isto deve-se ao facto de a lenhina ser uma macromolécula

com uma estrutura complexa, que por decomposição térmica acima de 252°C forma radicais

livres de fenol através de reações de condensação e repolimerização, formando desta forma

resíduos sólidos.25

A quantidade de celulose e hemicelulose não é muito relevante visto que são compostos

com estruturas relativamente mais simples face à lenhina e, são por isso, mais facilmente

despolimerizados (hemicelulose 120 a 180°C, celulose > 240°C).1

Os compostos aromáticos presentes na biomassa são relevantes no que toca ao

aumento da densidade e viscosidade do bio-óleo.26

Alguns tipos de biomassa como algas e desperdícios animais são constituídos por

lípidos, proteínas e hidratos de carbono. A eficiência da conversão deste tipo de compostos em

bio-óleo é exibida na ordem de lípidos > proteínas > hidratos de carbono, levando a que maiores

teores de lípidos e proteínas originem maiores rendimentos em bio-óleo.27,28

Solvente

Existe menos resíduo sólido utilizando álcoois simples, tais como metanol e etanol. Têm

como principal desvantagem o seu baixo ponto de ebulição, evaporando-se antes da biomassa

ser liquefeita.1

Os álcoois polihídricos (poliálcoois) promovem a formação de produtos de elevado peso

molecular, bem como de uma maior formação de resíduos. Isto deve-se ao facto de uma única

molécula de poliálcool poder-se combinar com diversos fragmentos intermediários resultantes

decomposição da biomassa, originando assim produtos de maior peso molecular, promovendo

a formação de resíduos.29

Solventes quimicamente semelhantes tais como propilenoglicol (PG), etilenoglicol (EG)

e dietilenoglicol (DEG) apresentam distintos comportamentos na liquefação, pelo que o

rendimento pode variar significativamente (entre 16 e 32% (m/m)).1

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10

O uso de polietilenoglicol (PEG) na liquefação promove reações de recondensação dos

produtos líquidos, aumentando desta forma o teor de resíduos sólidos.30

A adição de glicóis de baixo peso molecular (10 a 30% de glicerol) previne as reações

de recondensação, só sendo estas observadas aquando da presença de celulose e lenhina na

mistura reacional.31

Catalisador

São utilizados normalmente catalisadores ácidos, orgânicos ou inorgânicos na liquefação

por solvólise.

A adição de catalisador em baixas concentrações acelera as reações de degradação da

biomassa. Para concentrações acima da concentração crítica, as reações de condensação e de

repolimerização são favorecidas, implicando uma diminuição do rendimento da liquefação.1

Na liquefação por solvólise (glicerol/EG) de resíduos de madeira utilizou-se ácido

sulfúrico como catalisador, sendo que a concentração ótima alcançada foi de 3%.32

A adição de catalisadores alcalinos como K2CO3, KOH, Na2CO3 e NaOH podem melhorar

o rendimento, suprimindo a formação de carvão.23

Catalisadores ácidos, incluindo ácidos inorgânicos (HCl e H2SO4) e sais ácidos (AlCl3)

podem aumentar a formação de compostos solúveis em água, tais como ácidos carboxílicos e

hidroximetilfurfural (5-HMF).33

Catalisadores homogéneos exibem maior atividade catalítica face aos heterogéneos.

Ácidos orgânicos levam a menores resíduos e sais como fosfatos, sulfatos e carbonatos exibem

menor atividade catalítica face ao NaOH. São utilizados usualmente como catalisadores diversos

metais como cobre, níquel, cloreto de zinco e hidróxido de ferro, alguns carbonatos e

bicarbonatos como carbonato de sódio, e catalisadores heterogéneos de níquel e ruténio que

auxiliam na hidrogenação preferencial.13

Atmosfera

Tem um menor impacto em termos de capacidade redutora face ao uso de solventes,

pois foram obtidos resultados similares tanto na presença de hidrogénio como de azoto.34

Menores proporções entre solvente e biomassa podem tornar o tipo de gás usado mais

relevante.1

Temperatura

Uma temperatura intermédia é a mais recomendada. A desfragmentação dos polímeros

aumenta com o incremento de temperatura até atingir um ponto crítico, sendo este diferente

consoante o tipo de biomassa utilizada.1 A partir deste ponto a competição entre as reações de

hidrólise e de repolimerização é mais evidente, sendo que a biomassa é decomposta e

despolimerizada (hidrólise) em fragmentos mais pequenos que, ao subir em demasia a

temperatura os leva a repolimerizar e à formação de resíduo, diminuindo assim a conversão.25

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11

A temperatura também influencia outras propriedades do bio-óleo tais como a

viscosidade, valores hidroxilo e ácido.35

Pressão

Quanto maior for a pressão no sistema, menor a probabilidade de componentes do

liquefeito serem gaseificados (como os solventes empregues).1

A pressão influencia a densidade do solvente, modificando a sua densidade. Em região

subcrítica, com o aumento de pressão a densidade do solvente (água) aumenta, podendo

penetrar na estrutura da biomassa de forma mais eficiente, o que aumenta a sua degradação e

consequente produção de bio-óleo.36

Rácio Solvente/Biomassa (S/B) e Solvente/Solvente (S/S)

Com a utilização de maiores rácios S/B obtém-se menos resíduo sólido, o que pode ser

explicado pela maior facilidade de despolimerização da biomassa em virtude de uma maior

quantidade de solvente.1 O aumento da quantidade de biomassa (diminuição do rácio S/B)

conduz a um aumento da viscosidade do bio-óleo, dificultando a agitação, mistura, limitando

assim a velocidade da reação.35

A mudança no rácio S/S influencia propriedades como a viscosidade do bio-óleo. Numa

mistura de solventes DEG/glicerol, o aumento de concentração de DEG diminui a viscosidade,

permitindo o uso do bio-óleo em motores de pistão ou de turbina de combustão interna. Maiores

quantidades de glicerol aumentam a viscosidade do bio-óleo, podendo este ser apenas usado

em motores de combustão externa com maior tolerância à baixa qualidade do combustível.37

Concentração do catalisador homogéneo

O aumento da concentração privilegia a menor formação de resíduo sólido, pois acelera

a reação de degradação da biomassa, mas apenas até um certo valor (concentração crítica).

Acima da concentração crítica, as reações de condensação e repolimerização são favorecidas,

levando a um decréscimo da conversão.1

Tempo de residência

Tal como a concentração do catalisador, também existe um limite de tempo reacional

para o qual o rendimento da liquefação é máximo. Passando desse tempo, o rendimento diminui

devido à ocorrência de reações de condensação e repolimerização decorrentes de um maior

grau de fragmentação da biomassa em compostos gasosos, sendo repolimerizados de seguida

para formação de resíduo sólido.1

O impacto dos parâmetros físico-químicos no rendimento da liquefação direta só pode

ser analisado em termos qualitativos, uma vez que existem grandes dificuldades em obter

comparações quantitativas entre diferentes experiências de liquefação direta devido a fatores

como:

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12

Definições de rendimento sólido e líquido podem variar;

A pressão do sistema durante a liquefação muitas vezes não se encontra documentada;

O tratamento do produto antes da sua análise difere significativamente entre os

diferentes grupos de pesquisa (diferentes tipos de separações sólido-líquido, extração

com diferentes solventes, entre outros).1

Solventes

A principal diferença entre a tecnologia de liquefação e os restantes processos de

conversão termoquímicos reside na utilização de solventes como meio reacional durante o

processo de liquefação, sendo considerado um dos parâmetros-chave que determinam o

rendimento e a composição do bio-óleo, o que faz com que se torne necessário abordar este

tema.24

Em meio orgânico, a química da liquefação irá depender da natureza das interações

substrato-solvente. Como primeiro passo para a liquefação, a solvatação ocorre por via de

aceitação/doação de pares de eletrões entre o solvente e substrato, sendo que em sistemas

aquosos é necessária uma boa penetração do solvente na estrutura microfibrilar das cadeias

celulósicas para alcançar uma boa solvatação.20

Visto que a celulose é o principal componente da biomassa, os solventes devem ser

escolhidos com base na sua capacidade de interagir com a celulose, facilitando a sua

solubilização, promovendo assim as reações de solvólise, hidratações que ajudam a alcançar

uma melhor fragmentação da biomassa bem como reforçar a dissolução dos intermediários

reativos.20,24

De acordo com a sua polaridade, os solventes podem ser classificados em três

categorias: polares próticos, dipolares apróticos e apolares. Geralmente, e neste processo

termoquímico específico, os solventes podem ser divididos em duas classes principais, água e

solventes orgânicos, apresentando cada uma delas vantagens e desvantagens (Tabela 1.3).24

Tabela 1.3 – Vantagens e desvantagens dos tipos de solventes utilizados na liquefação.24

Tipos de Solventes

Vantagens Desvantagens

Água

- Recurso natural, fácil de obtenção e baixo custo; - Evita o passo de secagem da biomassa; - Facilita a recuperação de inorgânicos contidos na biomassa.

- Pontos críticos elevados, provocando condições reacionais severas; - Baixos rendimentos em bio-óleo insolúvel em água; - Bio-óleo com teor elevado em oxigénio e baixo poder calorífico (a água promove a repolimerização do bio-óleo, tornando-o instável).

Solventes Orgânicos

- Baixo ponto crítico, permitindo condições reacionais mais suaves; - Altos rendimentos em bio-óleo insolúvel em água; - Bio-óleo com baixo teor em oxigénio e elevado poder calorífico.

- São materiais sintéticos, implicando custos de aquisição elevados se comparados com a água; - Pode resultar em alguns problemas ambientais quando não é reciclado.

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13

Na liquefação por solvólise, são utilizados preferencialmente solventes que possam ser

reciclados e, por conseguinte, provavelmente estes encontram-se limitados aos derivados de

hidratos de carbono ou lenhina. Nesta categoria foram encontrados fenóis, derivados fenólicos,

álcoois simples e poliálcoois.20

Liquefação versus Pirólise Rápida

Os dois processos termoquímicos mais relevantes para obter bio-óleo a partir de

biomassa são a liquefação hidrotérmica e a pirólise rápida. Contudo, existem diferenças entre

ambos os processos que influenciam a qualidade do produto final. Algumas dessas diferenças

são:

Pirólise Rápida

Como vantagem, o processo de pirólise rápida é realizado com tempos de residência

baixos (30ms a 1,5s), elevadas taxas de transferência de calor (1000 a 10.000ºC/s),

originando bio-óleos com baixa viscosidade, baixos teores de cinzas e de enxofre devido

a ser utilizado apenas calor para decompor a biomassa.13,16,38

Como desvantagem necessita de passo de secagem da biomassa (devido ao calor de

vaporização da água).13 Requer temperaturas operatórias elevadas (450 a 550ºC).16 O

elevado teor em oxigénio concede ao bio-óleo menor poder calorífico, má estabilidade

térmica, menor volatilidade, maior corrosividade e tendência de polimerização ao longo

do tempo, originando problemas de armazenamento e transporte.39 O bio-óleo é miscível

em água.40

Liquefação Hidrotérmica

O bio-óleo produzido por liquefação hidrotérmica não necessita do passo de secagem

da biomassa, apresenta maior poder calorífico, menor teor de humidade e de oxigénio e

não é miscível em água. Temperaturas operatórias relativamente baixas (250 a 450°C).

39,40

As condições operatórias implicam altas pressões (50 a 200 atm) e tempos de residência

elevados.13,39 O bio-óleo apresenta maiores viscosidades.13 Os custos de capitais

associados a este processo são maiores.39

Em alternativa a estes dois processos, os trabalhos de (Kunaver et. al., 2012) propõem

um método alternativo de liquefação de biomassa na presença de poliálcoois (solvólise), sendo

realizado a temperaturas entre 160 e 200ºC, à pressão atmosférica e na presença de um

catalisador ácido.37,38

Estas condições operatórias suaves acabam por simplificar este processo em

comparação com os outros acima mencionados, servindo como base ao processo industrial e

laboratorial de produção do bio-óleo, descritos nesta tese nos capítulos que se seguem.

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14

2. Projeto Energreen

Enquadramento do Projeto

A CMP (Cimentos Maceira e Pataias), pertencente ao Grupo Secil, é uma empresa

produtora de cimento e, como tal, preocupa-se não só com a qualidade dos seus produtos, bem

como a forma como a consegue.

Entre os objetivos estratégicos da empresa destacam-se a qualidade e a maximização

da utilização de combustíveis alternativos (resíduos sólidos) nos fornos de cimentos. Contudo,

esta combinação não tem sido possível de conciliar na fábrica CMP de Pataias no que diz

respeito à linha de produção de cimento branco (clínquer), pois tratando-se de um processo com

um grau de complexidade superior face à produção de clínquer cinzento, o clínquer branco sofre

facilmente contaminações de cor, nomeadamente pela presença de cinzas provenientes da

queima, alterando desta forma os índices de brancura impostos bem como a qualidade do

produto final, não sendo por isso utilizado qualquer combustível alternativo sólido nesta linha.

É neste âmbito que surge o Projeto Energreen. Situado na fábrica CMP de Pataias, este

projeto consiste na obtenção de um novo biocombustível (bio-óleo) através de um processo de

liquefação ácida de diversos tipos de biomassa para ser posteriormente utilizado somente no

forno de produção de clínquer branco.

Este biocombustível destaca-se por ser limpo (líquido e com baixo teor de cinzas),

estável quimicamente (baixo teor em oxigénio) e apresentar maior poder calorífico face à

utilização de resíduos sólidos, aumentando assim a eficiência de combustão, resultando numa

minimização de eventuais alterações na qualidade do produto, nomeadamente de cor.

Assim sendo, a possibilidade de utilizar um combustível processado quimicamente a

partir de resíduos, normalmente não utilizáveis neste processo, económicos, permite minimizar

efetivamente as emissões de CO2, bem como a utilização de combustíveis fósseis, contribuindo

assim para uma redução significativa da pegada ecológica deste tipo de cimento.

Revisão Bibliográfica

Aproximadamente metade do CO2 resultante da produção de cimento resulta das

reações químicas que convertem a pedra calcária em clínquer, o ingrediente ativo no cimento.41

Esta reação química é responsável por cerca de 540 kg de CO2 por tonelada de clínquer.42 Cerca

de 40% das emissões resultam da queima de combustível e os restantes 10% são devido ao

transporte e eletricidade.43

O clínquer é feito por aquecimento do calcário, argila, bauxite e ferro a temperaturas de

mais de 1400ºC em fornos rotativos que requerem grandes quantidades de energia. O

combustível utilizado nos fornos é responsável por cerca de 86% de toda a energia necessária

no processo produtivo. Neste processo, os combustíveis mais utilizados são o carvão e o coque

de petróleo, e a sua combustão é responsável pela maioria das emissões, sendo crucial a curto

prazo a sua substituição por combustíveis alternativos para diminuição das emissões.

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15

Os produtores de cimento na União Europeia obtêm 66% da energia térmica a partir de

combustíveis fósseis, com taxas baixas em países como a Áustria (34%) e na Alemanha (38%).

Nos Estados Unidos, a média em 2011 foi de 84%.41

De acordo com relatórios da Agência Internacional de Energia (IEA) e da Comissão

Europeia (CE), os combustíveis alternativos típicos usados na indústria do cimento incluem

resíduos municipais e industriais pré-tratados, óleos residuais, solventes, plásticos não-

recicláveis, resíduos de papel e têxteis, bem como biomassa como farinhas de origem animal,

resíduos de madeira, casca de arroz, serradura, lodo de esgoto, pneus não recicláveis e resíduos

de construção e demolição.44

Devido aos controlos de fabrico requeridos ao produzir cimento, nem todos os materiais

são adequados para substituição do combustível. Combustíveis adequados são aqueles com

elevado poder calorífico, com constituição química consistente e conhecida, e com

disponibilidade previsível. Os riscos e os impactos no transporte, descarregamento, e

armazenamento dos combustíveis são também considerações relevantes. Os impactos dos

combustíveis sobre a produção do clínquer e as emissões das instalações devem ser avaliados.45

Instalação Piloto Semi-Industrial

A instalação piloto semi-industrial de liquefação encontra-se atualmente nas instalações

da CMP de Pataias, apresentando-se tal como na Figura 2.1.

Figura 2.1 - Instalação piloto semi-industrial (alçado principal).

Esta instalação encontra-se dentro de um contentor com 12,24 metros de comprimento,

sendo que apenas uma parte se encontra protegida pelo toldo, nomeadamente a zona de

abastecimento de matérias-primas e retenção de condensados de forma a evitar ao máximo a

interferência de humidade provocada pelas águas pluviais. Existem diversos equipamentos que

integram esta instalação, sendo descritos pela Figura 2.2.

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16

Figura 2.2 - Instalação piloto semi-industrial (conjunto em perspetiva).

Legenda:

1. Caldeira (utiliza óleo Transcal N como fluido para transferência de calor);

2. Reator (volume útil de 5 m3);

3. Parafuso sem fim (caudal volúmico de 3,2 m3/h);

4. Tremonha de alimentação de biomassa – tremonha 1 (caudal volúmico até 2,5 m3/h);

5. Tremonha de alimentação de catalisador – tremonha 2 (caudal volúmico de 0,018 m3/h);

6. Reservatório de solventes (volume útil de 3,6 m3);

7. Condensador (volume útil de 0,05 m3);

8. Tanque de condensados (volume útil de 1m3).

Como descrito anteriormente, o objetivo central deste projeto reside na obtenção de um

combustível líquido para substituição dos combustíveis fósseis atualmente utilizados na

produção de clínquer branco, matéria-prima central da produção de cimento branco. Com este

objetivo em mente, durante os últimos anos as entidades participantes no projeto Energreen

(CMP/SECIL e IST), têm vindo a desenvolver um novo processo de liquefação ácida de diversos

tipos de biomassa lenhocelulósica sobre a forma de materiais residuais, pelo que todos os

equipamentos da instalação foram dimensionados com base neste propósito.

Nestas condições e tendo em consideração os volumes estimados para cada

equipamento, pretende-se produzir cerca de 8 toneladas de bio-óleo por 8 horas de trabalho,

considerando resíduos com baixo teor em humidade.

Descrição do Processo

O esquema global de liquefação ácida desenvolvido durante o projeto pode ser descrito

segundo as seguintes etapas gerais:

Figura 2.3 – Etapas gerais do processo de liquefação ácida.

Resíduo com componente

lignocelulósico

Resíduo pré-tratado

Combustível líquido em

crude

Pré-tratamento Liquefação Filtração Combustível líquido

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Alimentação do resíduo

Nesta instalação piloto, o processo será iniciado com a descarga e armazenamento dos

resíduos previamente à sua valorização.

Os resíduos utilizados atualmente são “resíduos florestais”, pó de cortiça, combustíveis

derivados de resíduos (CDR), estando também previsto a utilização de lamas de suinicultura,

lamas secundárias provenientes da produção de papel e lamas de ETAR.

Posteriormente os resíduos, com granulometria máxima de 30 mm, serão alimentados à

tremonha 1 que alimenta um desagregador em parafuso. Em simultâneo, é acrescentado o

catalisador ácido na tremonha 2.

Pré-tratamento

Através de uma válvula rotativa, o catalisador é doseado e acrescentado ao resíduo na

proporção pretendida. De seguida, a mistura resíduo/catalisador é alimentada ao parafuso sem

fim principal, onde lhe é injetada uma mistura de solventes.

O parafuso sem fim é uma peça de equipamento muito relevante porque é a responsável

pelo transporte da mistura reacional até ao reator, ocorrendo em simultâneo um pré-aquecimento

da mesma através da passagem em contracorrente dos vapores formados na reação (água

maioritariamente). Após a injeção de solventes no parafuso sem fim é também efetuado neste o

pré-tratamento da mistura designado por swelling, consistindo na pulverização do resíduo

(maioritariamente de origem lenhocelulósica) com o solvente para que este o absorva,

provocando um aumento de volume das células, quebrando assim a estrutura (principalmente

da lenhina) para facilitar o acesso do catalisador a todos os componentes do resíduo.

Para ocorrer a injeção de solventes no parafuso sem fim principal, é necessário ter um

tanque de solventes e uma serie de injetores capazes de introduzir a mistura de através de um

sistema de common-rail para que a pulverização seja feita de forma automática.

Liquefação

No parafuso, a mistura reacional é encaminhada para o reator. O reator é fabricado em

aço inox 316L para resistir à corrosão provocada pela presença do catalisador ácido. É de cabeça

torisférica e de fundo duplamente copado ou auto-limpante. Este tipo de fundo prende-se com a

necessidade de evitar a acumulação de matéria sólida ao longo da reação, promovendo a sua

constante movimentação através da utilização de um agitador. O agitador usado é mecânico do

tipo turbina de 6 pás em aço inox, permitindo uma boa homogeneização da mistura reacional.

(Figura 2.4).

Sendo que a reação é endotérmica, existe a necessidade de fornecer calor para que ela

ocorra, por isso existe no interior do reator um sistema de serpentinas onde passa óleo térmico,

proveniente de uma unidade de fornecimento de calor (caldeira).

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Figura 2.4 – Interior do reator – serpentinas e agitador.

Para um maior aproveitamento do calor proveniente da caldeira, o reator tem uma camisa

externa onde circulam os gases de combustão antes de serem enviados para atmosfera.

Este processo ocorre sempre à pressão atmosférica, por isso existem válvulas de

segurança de alívio de pressão no reator que serão acionadas sempre que exista aumento de

pressão.

Dependendo do teor em humidade dos resíduos, vai ocorrer a libertação de vapor, sendo

este utilizado para pré-aquecer a alimentação no parafuso antes de ser adicionada ao reator.

Consoante esta humidade, existe um condensador que utiliza água industrial com um caudal

máximo de 5 m3/h para condensação do restante vapor.

Filtração

Para remoção do conteúdo no reator, no fundo deste existe uma válvula de cogumelo,

sendo que a sua abertura é feita com a tampa a abrir para o interior do reator, por forma a evitar

que o peso do conteúdo dificulte o manuseamento da válvula. Após a abertura desta válvula, o

conteúdo do reator passa por um filtro de partículas, do tipo cestas auto-limpantes. Este filtro é

um equipamento fundamental, não só para separar o material que ainda não foi liquefeito do seio

reacional, mas também porque permite dar indicações acerca da extensão da reação, isto é, se

ainda existir muito material sólido significa que a conversão de liquefação ainda não ocorreu

totalmente. Neste caso, o resíduo que ainda não está liquefeito é realimentado ao reator,

enquanto a fase líquida é injetada no parafuso, de forma a provocar o swelling do resíduo

entretanto adicionado.

Quando a liquefação do resíduo sólido atingir a conversão pretendida (reação completa),

o bio-óleo obtido é bombeado para cubas de 1 m3, para posterior caracterização física e química

(avaliação do potencial como combustível). As cubas são armazenadas em local coberto e

pavimentado (com meios de contenção de eventuais derrames).

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Controlo do processo

Todo o controlo de variáveis operatórias associadas ao processo tais como caudais,

temperaturas, potência de agitação, é feito através de um display, que se encontra no

compartimento da caldeira (Figura 2.5).

Figura 2.5 – Display do processo.

Alterações Futuras ao Projeto

Tal como foi projetada e construída, esta instalação piloto consegue realizar a liquefação

de resíduos, mas, nos diversos ensaios efetuados, houve diversas dificuldades associadas à

obtenção de bio-óleo como produto final para armazenamento. Algumas dessas dificuldades são:

Bio-óleo muito espesso e viscoso, contendo elevado teor de sólidos, provocando a

colmatação imediata do filtro;

Fraca potência de agitação, provocando encravamentos frequentes do agitador;

Acumulação de resíduos entre as serpentinas e a parede do reator, afetando a sua

agitação e liquefação;

Temperatura de reação controlada através da temperatura dos gases de saída.

Face a todas estas dificuldades, nos últimos meses foram planeadas e efetuadas

diversas intervenções na instalação piloto com vista à melhoria do processo. Algumas das

alterações efetuadas foram:

Alteração do modelo do agitador para um do tipo helicoidal com vista à melhoria do

processo de mistura;

Aumento do nível de potência de agitação;

Alteração da posição das serpentinas no reator, estando agora dispostas junto à parede

do reator para evitar a acumulação de resíduo;

Colocação de sonda de temperatura para medição da temperatura de reação.

Todas estas alterações ainda não tiveram efeitos práticos pois ainda não foram

efetuados quaisquer ensaios, estando previsto serem feitos num futuro próximo.

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3. Enquadramento Normativo do Produto

Processo de Normalização do Bio-óleo

O Projeto Energreen embora se trate apenas de uma unidade piloto industrial de

investigação e desenvolvimento (I&D), esta carece de vários licenciamentos, nomeadamente ao

nível do produto obtido (bio-óleo).

Este produto pode ser usado diretamente nos fornos de produção de clínquer cinzento,

mas não no de clínquer branco (aplicação principal) pois, sendo considerado um produto

inovador, este apresenta diferentes propriedades face aos combustíveis líquidos convencionais

(usados na produção de clínquer branco) e até mesmo aos biocombustíveis presentes no

mercado. Posto isto, para este bio-óleo ser utilizado no forno de produção de clínquer branco,

seria necessária uma alteração da sua licença de queima (não possui licença para queimar

resíduos), pois o bio-óleo produzido é, para todos os efeitos, considerado um resíduo. Como a

alteração de licença de queima é inviável devido a diversos fatores tais como a morosidade do

processo, é necessário encontrar alternativas tais como o licenciamento do produto.

Tanto para a finalidade proposta, bem como para uma subsequente comercialização,

(implementação no mercado como um novo biocombustível), é necessário licenciar o bio-óleo.

Este processo é iniciado através da uniformização da sua qualidade, sendo por isso necessário

adotar especificações e métodos de análise adequados que culminam na formulação de normas

técnicas.

As normas técnicas incluem-se na definição de documento normativo, que se designa

por todo o documento que fornece regras, linhas de orientação ou disposições para a realização

de ensaios, calibrações ou exames, incluindo-se nesta definição, nomeadamente normas,

especificações técnicas, regulamentos, diplomas legais ou procedimentos internos.46 O seu

desenvolvimento inclui as seguintes etapas:

Recolha de feedback dos produtores e dos utilizadores finais sobre a qualidade do bio-

óleo;

Definição de qualidade e das especificações para o bio-óleo;

Definição de normas e padrões para métodos de amostragem e de análise;

Normalização do bio-óleo como combustível.47

O desenvolvimento e publicação de normas técnicas é feito por organismos de

normalização reconhecidos. Estes organismos podem ser internacionais, como a ISO

(Organização Internacional para Padronização), ASTM (Sociedade Americana de Testes e

Materiais), EN (Normas Europeias) ou nacionais como a IP no Reino Unido, AFNOR em França,

DIN na Alemanha e JIS no Japão.48

As normas EN são documentos que foram ratificados por um dos três Organismos

Europeus de Normalização (OEN): CEN (Comité Europeu de Normalização), CENELEC (Comité

Europeu de Normalização Eletrotécnica) ou ETSI (Instituto Europeu de Normas de

Telecomunicações), organismos esses que são reconhecidos como competentes na área da

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normalização técnica voluntária, como descrito pelo regulamento sobre normalização Europeia

Nº1025/2012.49,50

Para determinação de uma dada propriedade podem existir diversas normas

equivalentes entre si (como por exemplo a ASTM D 240 e ISO 1716 para determinação do calor

de combustão por bomba calorimétrica), sendo indiferente a que se aplicar pois, mesmo que

difiram em algum detalhe é de esperar que, se forem adequadamente seguidas, ambas

produzam resultados equivalentes.

Ultimamente as normas nacionais estão sendo integradas nas normas ISO (mais

especificamente EN-ISO), isto porque existe uma exigência legal da União Europeia em publicar

todas as normas EN como sendo padrões nacionais, retirando assim todas as normas

conflitantes existentes.48

Em suma, para um processo de normalização ser bem-sucedido tem que existir o

contributo de quatro fatores. A normalização tem que ter a aprovação por unanimidade dos

membros do grupo de trabalho (consenso), todas as partes interessadas podem participar na

tarefa (democracia), o organismo de normalização sinaliza as etapas do processo de aprovação,

dividindo o projeto em si com as partes interessadas (transparência) e os padrões são a

referência que todas as partes assumem espontaneamente (voluntariedade).51

Figura 3.1 - Princípios base do processo de normalização.51

Embora existam algumas tecnologias de liquefação direta com instalações piloto

implantadas (processo HTU), as suas variáveis operatórias diferem significativamente no que

toca ao Projeto Energreen (solventes, pressão), o que faz com que este seja um projeto pioneiro

nas suas condições atuais, estando por isso sujeito a limitações de implantação e

desenvolvimento da sua tecnologia produtiva.

Devido a todas estas restrições não existem, presentemente, dados empíricos

suficientes para permitir o desenvolvimento de normas específicas para este tipo de

biocombustível, tendo que ser enquadrado normativamente noutro tipo de combustível líquido

existente no mercado para poder ser utilizado para o propósito que foi concebido: utilização como

combustível nos fornos de produção de clínquer branco.

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Normas de Combustíveis

Existem diversos tipos de combustíveis fósseis e biocombustíveis cujas normas foram

equacionadas para fazer o enquadramento do bio-óleo produzido, tendo sido considerados

diversos parâmetros para a sua escolha, nomeadamente:

Campo de aplicação (combustíveis);

Tipo de produto (combustíveis fósseis e biocombustíveis);

Estado físico (combustíveis líquidos);

Legislação nacional (prioritário);

Legislação internacional (no caso de inexistência de legislação nacional).

Combustíveis Fósseis

Nesta secção apresentam-se as normas dos combustíveis produzidos em refinarias a

partir do petróleo bruto, formado lentamente durante milhões de anos através da decomposição

a alta pressão de matéria vegetal, sendo estes combustíveis considerados fontes de energia

não-renováveis tendo em conta o período da humanidade.52

Os tipos de produtos obtidos são ordenados e classificados em função do seu intervalo

de destilação.

Figura 3.2 – Intervalos de destilação com exemplos de pontos de corte (temperaturas fronteira).53

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Quase todos os combustíveis fósseis líquidos possuem legislação nacional, estando

compiladas todas as suas especificações no Decreto-Lei N°142/2010. Este Decreto-Lei (DL)

reúne as especificações técnicas dos combustíveis, nomeadamente de gases de petróleo

liquefeitos (GPL), GPL carburante, gasolinas, petróleo de iluminação e carburante), gasóleos,

gasóleo de aquecimento e fuelóleo1.54

GPL

Os gases de petróleo liquefeitos (GPL) são misturas derivadas do petróleo bruto,

constituídas por hidrocarbonetos C3 e C4 (principalmente propano, n-butano, isobutano, propileno

e butilenos), gasosos à temperatura ambiente, mas que são facilmente liquefeitos através da

aplicação de pressões moderadas, normalmente até à sua pressão de vapor (entre 200 e 900

kPa). O GPL é obtido nas refinarias através de processos de destilação, craqueamento e

reforming, sendo armazenados e distribuídos em recipientes sob pressão.52,55

A principal aplicação do GPL a nível mundial é na cozedura de alimentos, sendo também

utilizado no setor petroquímico (fabrico de borracha, polímeros, álcoois e éteres), como

combustível industrial (nas etapas de secagem na indústria do papel e da cerâmica), siderúrgico

(na fundição, corte e solda de metais) e agropecuário (na secagem de grãos, controle de pragas

e queima ervas daninhas, aquecimento e esterilização de ambiente de criação de animais).56

As especificações do GPL a nível nacional são dadas em anexo pela Tabela 7.1. Estas

especificações envolvem a determinação de propriedades como a composição (compostos C3,

C4 ou de mercaptanos), podendo este fator constituir um entrave ao enquadramento do bio-óleo

segundo esta norma.

GPL Carburante

O GPL carburante é uma variante do GPL, tendo como principal aplicação o seu uso

como combustível automóvel, sendo a mistura entre propano (C3) e butano (C4) feitas em

percentagens variáveis consoante o clima do país (maior percentagem de propano em países

frios e de butano em países quentes) e também para que o índice de octano (indicador de

resistência à detonação) seja sempre superior ao valor presente na norma. 52,57

Devido à sua limitada aplicabilidade, todos os limites de especificação presentes na

norma (dada em anexo pela Tabela 7.2) foram pensados de forma a cumprir com os requisitos

em termos de combustível automóvel, podendo não ser satisfeitos pelo bio-óleo (nomeadamente

índice de octano) em virtude do seu distinto uso.

Gasolinas

É a primeira fração líquida a ser destilada do petróleo bruto à pressão atmosférica (entre

20 a 210ºC), tendo composições de hidrocarbonetos entre C4 a C12.58

1 Algumas normas possuem notas associadas, pelo que podem ser consultadas no respetivo documento normativo.

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Tem como principal aplicação o uso em motores de combustão interna de ignição por

faísca.59

Os tipos de gasolinas comercializadas na Europa são designados por Euro super e

Super plus (anexo Tabela 7.3). Diferenciam-se entre si principalmente pelo valor de RON

(Research Octane Number), parâmetro importante nos motores de ignição por faísca, uma vez

que dá a medida da resistência à autoignição por parte do combustível (maior valor, melhor

resistência, melhor qualidade do combustível), fundamental no processo de compressão do

mesmo antes da sua ignição.53

Tal como o GPL carburante, o seu uso encontra-se limitado aos motores de combustão

internos, podendo ser inviável o enquadramento do bio-óleo neste tipo de combustível.

Petróleos

É uma fração estilada do petróleo bruto, mais pesada em relação às gasolinas, sendo

comercializada em Portugal sob a forma de petróleo carburante e queroseno.

Petróleo Carburante

Também designado por Tratol, este combustível líquido, de cor vermelho-rosada

apresenta um índice inferior de octanas face à gasolina e uma menor capacidade de vaporização

e queima. É principalmente utilizado como carburante na agricultura, em alguns motores de

combustão interna.60

Queroseno

É um combustível líquido de cor vermelho-rosada obtido entre 180 e 250ºC durante a

destilação fracionada do petróleo bruto. Os uso mais comum do queroseno é em iluminação,

sendo também usado em combustível para aviões após outras etapas de tratamento/upgrading

do queroseno. Apresenta a particularidade da característica ponto de fumo estar limitada a um

valor mínimo (25 mm).59,60

As especificações dos petróleos destinados ao mercado interno nacional estão

presentes em anexo na Tabela 7.4, não existindo diferenciação entre petróleo carburante e

queroseno.

O aspeto visual pode ser um dos fatores limitantes ao enquadramento do bio-óleo

segundo esta norma.

Gasóleos

O gasóleo, vulgarmente também conhecido por diesel, é obtido entre 180 a 370ºC

durante a destilação fracionada do petróleo bruto, contendo hidrocarbonetos entre C12 e C24.58

Tem como principal aplicação o uso em motores de combustão interna de ignição por

compressão, que requerem pressões de injeção muito altas e baixas temperaturas de

autoignição e respetivo atraso, dado pelo índice de cetano (maiores valores, menor atraso,

melhor qualidade do combustível).59

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25

As suas especificações encontram-se em anexo (Tabela 7.5). Devido a requerer o teste de

propriedades específicas para o uso nos motores de combustão internos como ponto de

congelamento (temperatura limite de filtrabilidade), índice de cetano, pode não ser fácil o

enquadramento normativo nestas especificações.

Gasóleo de Aquecimento

Este tipo de gasóleo, similar ao diesel, distingue-se pela sua coloração vermelha

conferida pela adição de corante e marcador. As suas características definidas para o mercado

nacional (anexo, Tabela 7.6) não permitem a sua utilização em motores de combustão interna,

destinando-se por isso exclusivamente a equipamentos de aquecimento industrial, comercial e

doméstico.61,62

Algumas das suas vantagens são melhor combustão, promovendo a eficiência

energética (preserva o meio ambiente e reduz custos), maior limpeza do sistema de aquecimento

(devido ao seu poder dispersante, funcionando também como detergente), melhor prevenção

contra a corrosão no sistema de alimentação e restante equipamento, maior economia de

manutenção, o que faz com que prolongue o tempo de vida da instalação que o utiliza.63

Este tipo de combustível pode resultar num bom enquadramento do bio-óleo, pois não

existem qualquer tipo de restrições a características como a aparência e composição, muitas

vezes limitativas do bio-óleo.

Fuelóleo

O fuelóleo constitui das frações mais pesadas a serem destiladas do petróleo bruto,

podendo também ser obtido sob a forma de fuelóleo residual, existindo muitas vezes uma mistura

de ambos os tipos para obter a viscosidade pretendida. Embora seja um combustível de

qualidade constante, económico (mais barato que o diesel) e de elevado poder calorífico, apenas

é usado para aplicações industriais e marinhas devido ao seu difícil manuseamento (precisam

de ser decantados, pré-aquecidos e filtrados, deixando uma lama no fundo dos tanques).52,64

Existem vários tipos de fuelóleo, diferenciados pelo nível de viscosidade requerido por

cada uma das aplicações destinadas ao uso deste combustível. Assim sendo, para o uso do

fuelóleo como combustível destinado à marinha existem as categorias de fuelóleos destilados e

residuais, especificados pela norma ISO 8217. Para produção de energia elétrica a partir de

motores estacionários de cogeração (turbinas de gás) utiliza-se fuelóleo de cogeração

especificado pela norma ASTM D 2880. Para instalações de queima em fornos ou caldeiras para

produção de água quente ou vapor utilizam-se os fuelóleos nº3 - Thin Fuel e nº 4 ATE e BTE,

dados pela norma nacional presente em anexo (Tabela 7.7).65

O campo de aplicação deste combustível bem como as suas características (aspeto

irrelevante, elevada viscosidade) são similares às do bio-óleo produzido, constituindo por isso

uma boa possibilidade de enquadramento.

As especificações referentes à aplicação do fuelóleo como combustível destinado à

marinha e em turbinas de gás encontram-se em anexo (Tabelas 7.8, 7.9 e 7.10).66,67 Como estas

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26

normas apresentam aplicações diferentes é de esperar um enquadramento mais difícil de se

obter, mas a variedade de classes existentes em cada uma destas normas permite alargar o

leque de opções, diminuindo a probabilidade de não adaptação.

Jet A-1

O Jet A-1 é um combustível de aviação utilizado em aeronaves comerciais com motor a

jato. É composto essencialmente por queroseno (compreendendo cadeias de hidrocarbonetos

entre C9 e C15), além de conter também alguns aditivos especiais que lhe conferem uma

qualidade superior tais como inibidores de corrosão, anticongelantes, anti-incrustantes e

antiestáticos.52

Os combustíveis para aviação obedecem às mais rigorosas especificações

internacionais, entre elas as previstas pelo Aviation Fuel Quality Requirements for Jointly

Operated Systems (AFQRJOS).68 Esta é uma lista conjunta emitida pelo grupo de inspeção

conjunto (JIG), responsável pelo estabelecimento de padrões para o manuseamento seguro e

controlo da qualidade dos combustíveis de aviação a nível global, sendo reconhecidos e

aprovados por todas as partes com participação na indústria.69

A lista conjunta AFQRJOS para o Jet A-1 incorpora as exigências conjuntas da norma

britânica DEF STAN 91-91 e da norma americana ASTM 1655-15, estando especificada na

Tabela 7.11 presente em anexo.70 Os aditivos e as propriedades que apenas necessitam de

reportar o valor obtido não foram inseridos nesta tabela.

Devido à sua aplicação, ao número elevado de ensaios a realizar e a algumas

propriedades como o aspeto, não é de esperar que o enquadramento do bio-óleo nesta norma

seja algo provável e fácil de ocorrer.

Biocombustíveis

Os biocombustíveis são definidos como sendo qualquer combustível sólido, líquido ou

gasoso produzido partir de matéria orgânica, quer diretamente a partir de material vegetal ou

indiretamente a partir de resíduos industriais, comerciais, urbanos, agrícolas ou florestais. Desta

forma, os biocombustíveis podem ser derivados de uma ampla variedade de matérias-primas e

produzidos de diversas formas, sendo a energia proveniente destes combustíveis (bioenergia)

geralmente considerada como uma série de muitas combinações de matéria-prima/tecnologia

diferentes.71

Para o enquadramento normativo, recorreu-se a alguns dos biocombustíveis líquidos

mais relevantes presentes no mercado, tais como biodiesel, bioetanol, óleos vegetais e bio-óleo

de pirólise.

Biodiesel

O biodiesel é um combustível derivado da biomassa, sendo mais seguro, limpo,

renovável, não tóxico, e biodegradável face ao diesel fóssil, sendo o seu substituto direto nos

motores de combustão interna de ignição por compressão. É composto por uma mistura de

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ésteres monoalquílicos obtida a partir de óleos naturais (triglicéridos), sendo atualmente

produzida por um processo chamado transesterificação.52

As especificações presentes na norma europeia EN 14214:2012 (anexo Tabela 7.12)

adequam-se ao biodiesel FAME (ésteres metílicos de ácidos gordos), obtido usando metanol

como álcool na reação de transesterificação. Estas especificações adequam-se ao uso do

biodiesel FAME como combustível nos motores diesel e para aquecimento, quer numa

concentração de 100% (usada em equipamentos projetados ou adaptados para o efeito), quer

em misturas com combustível para motores diesel (até 7% em volume em território nacional

como descrito na especificação do gasóleo – Tabela 7.5).72

Prevê-se difícil o enquadramento do bio-óleo nestas especificações, dado que é

necessária uma composição em ésteres muito elevada.

Bioetanol

O etanol obtido a partir de biomassa é designado por bioetanol. É preferencialmente

produzido a partir de biomassa lenhocelulósica em detrimento de matéria-prima tradicional mais

cara como as culturas de amido.52

O bioetanol é usado em diversas aplicações tais como matéria-prima química, solvente

e biocombustível, sendo utilizado neste último caso como substituto da gasolina como mistura

parcial, sendo a prática mais comum a adição de, até 20% (v/v) à gasolina para evitar a

modificação dos motores.52,71

As especificações europeias para o etanol dadas pela norma EN 15376:2014 (anexo

Tabela 7.13) definem os requisitos para a utilização deste composto como um extensor para

combustível automóvel com motor a gasolina, tornando-o utilizável em teores até 85% em

volume.73,74

Devido ao elevado teor em etanol requerido, apresenta-se inviável o enquadramento

deste combustível no bio-óleo obtido.

Óleos Vegetais

Os óleos vegetais são geralmente produzidos por extração mecânica de óleo a partir de

biomassas oleaginosas (sementes), provenientes principalmente de culturas dedicadas como

girassol, colza, soja, entre outros. São compostos na maior parte dos casos por 95% de

triglicéridos e 5% de ácidos gordos livres, esteróis, ceras e várias impurezas.

Têm como aplicações principais o uso como combustível alternativo para motores diesel

(como mistura) e para aplicações estacionárias no campo da agricultura, geração de energia e

indústria (como óleo de aquecimento em queimadores).75

Devido ao renovado interesse em usar óleos vegetais como combustível, foi formulada

em 2006 pelo Instituto Alemão de Normalização (DIN) uma norma que determina a qualidade do

óleo vegetal de colza para uso específico em motores de combustão (anexo, Tabela 7.14).76 Na

realidade, trata-se de uma pré-norma, uma vez que não existe nenhuma norma genérica para os

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28

óleos vegetais qualquer que seja a natureza do óleo, necessitando por isso que esta pré-norma

sofra alguns ajustamentos para ser aplicável a qualquer tipo de óleo vegetal.

Esta norma apresenta potencial para o enquadramento no bio-óleo visto que ambos os

combustíveis podem servir o mesmo propósito (uso em queimadores industriais). Contudo, o

facto de ser uma norma concebida para o uso exclusivo em motores de combustão interna, fez

com que a sua elaboração fosse baseada na norma do gasóleo, sendo de esperar

incompatibilidades com outro tipo de aplicações. Aguarda-se o surgimento de uma nova versão

ou outro documento normativo similar que abranja para além de diversos tipos de óleos vegetais,

também outras aplicações.

Bio-óleo de Pirólise (FPBO)

Este tipo de combustível é produzido pelo processo termoquímico de pirólise rápida,

descrito no Capítulo 1. Trata-se de um novo combustível líquido que está a entrar no mercado,

estando em fase de comissionamento as primeiras instalações de tamanho comercial na

Finlândia e na Holanda, e em fase de projeto no Brasil (Tabela 3.1).77

Tabela 3.1 – Processos comerciais de produção de bio-óleo por pirólise rápida.77

Organização País Tecnologia Capacidade

(kg biomassa seca/h)

Capacidade (kg FPBO/h)

Aplicações

Ensyn/Fibria Brasil Leito

fluidizado circulante

16 667 11 470 Combustível

Fortrum Finlândia Leito

fluidizado 10 000 6 313 Combustível

BTG BioLiquids/ EMPYRO

Holanda Cone rotativo 5 000 3 200 Combustível

Após duas décadas de pesquisa na análise das propriedades físicas dos líquidos obtidos

por pirólise (testes de Round Robin)78, surgiu, em 2009, uma norma para bio-óleo produzido a

partir de pirólise, a norma ASTM D 7544 (Tabela 3.2).

Tabela 3.2 - Norma ASTM D 7544-12 para bio óleo produzido a partir de pirólise rápida.48,79,80,81,82,83

Propriedade Unidade Gama típica

Métodos de Ensaio Classe G Classe D

Poder Calorífico Superior

MJ/kg 15 min. 15 min. ASTM D 240 / IP 12 / ISO

1716/ DIN 51900 / AFNOR M07-030

Teor de Água % (m/m) 30 máx. 30 máx. ASTM E 203 / ISO 760

Teor de Sólidos % (m/m) 2,5 máx. 0,25 máx. ASTM D 7579

Viscosidade Cinemática a 40ºC

mm2/s 125 máx. 125 máx.

ASTM D 445 / IP 71-1 / ISO 3104 / DIN 51562 /

JIS K 2283 / AFNOR T60-100

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29

Propriedade Unidade Gama típica

Métodos de Ensaio Classe G Classe D

Densidade a 20ºC kg/dm3 1,1-1,3 1,1-1,3

ASTM D 4052 / IP 365 /

ISO 12185 / DIN 51757D /

JIS K 2249D / AFNOR

T60-172

Teor de Enxofre % (m/m) 0,05 máx. 0,05 máx. ASTM D 4294 / IP 336 /

ISO 8754 / AFNOR M07-053

Teor de Cinzas % (m/m) 0,25 máx. 0,15 máx. ASTM D 482 / IP 4 / ISO

6245 / JIS K 2272 / AFNOR M07-045

pH - Reportar Reportar ASTM E 70-07

Alternativa: ISO 10523

Ponto de Inflamação ᵒC 45 min. 45 min. ASTM D 93B / IP 34 / ISO 2719 / DIN 51758 / JIS K 2265 / AFNOR M07-019

Ponto de Escoamento ᵒC -9 máx. -9 máx. ASTM D 97 / IP 15 / ISO 3016 / DIN 51597 / JIS K 2269 / AFNOR T60-105

Esta norma, atualizada em 2012, adequa-se ao bio-óleo produzido ser utilizado como

combustível em queimadores comerciais e industriais, possuindo duas classes distintas para o

efeito, substituindo desta forma o fuelóleo utilizado convencionalmente.

Classe G - Usada em queimadores industriais, equipados para lidar com biocombustíveis

líquidos de pirólise que cumpram os requerimentos listados na Tabela 3.2. Este biocombustível

não se destina ao uso em aquecedores residenciais, pequenas caldeiras comerciais, motores ou

aplicações marítimas.

Classe D - Projetada para uso em queimadores comerciais/industriais que necessitem

de baixo teor de sólidos e cinzas, e que estão equipados para lidar com biocombustíveis líquidos

de pirólise que cumpram os requerimentos listados na Tabela 3.2. Este biocombustível não se

destina ao uso em aquecedores residenciais, pequenas caldeiras comerciais, motores ou

aplicações marítimas que não estejam modificados para lidar com este tipo de combustíveis.79

Uma vez que os limites legais de emissão e de legislação são díspares entre a América

do Norte e a Europa, é necessária uma normalização a nível europeu para que cada estado

membro implemente a sua respetiva legislação nacional. Em 2013 o CEN recebeu um mandato

da CE para o desenvolvimento de normas para bio-óleo produzido através de pirólise. Foi criado

em inícios de 2014 um grupo de trabalho, tendo como objetivo, entre outros, a elaboração de

uma norma europeia para o bio-óleo de pirólise, tendo em vista a substituição do fuelóleo pesado.

A norma europeia está prevista ser posta em prática em 2017.77

Em virtude do já referido, é de relevo interesse efetuar análises ao bio-óleo obtido pela

instalação piloto para os métodos impostos pela norma ASTM D 7544, pois mesmo que não seja

uma norma aprovada pelo CEN e não dar para ser utilizada diretamente para o liquefeito da IP

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30

por se tratar de pirólise, é relevante fazer a comparação com um produto produzido por uma via

termoquímica que apresenta características físico-químicas similares (propriedades como a

aparência deixam de ser relevantes) e têm propósitos comuns como a utilização em queimadores

industriais.

Análise Comparativa das Normas de Combustíveis

O bio-óleo resultante é uma mistura de vários compostos orgânicos, podendo apresentar

aspeto castanho, vermelho escuro ou preto.39 As suas propriedades físicas variam

significativamente consoante o tipo de biomassa utilizado (Tabela 3.3), resultando em diferentes

composições químicas face aos combustíveis presentes no mercado.

Tabela 3.3 – Composições do bio-óleo.84,85

Matéria-prima Composição do bio-óleo

Monossacáridos (glucose, frutose, galactose, etc.)

5-Hidroximetilfurfural, 2-furaldeído glicoladeído, dihidroxiacetona, gliceraldeídos, 1,2,4-benzenotriol,

piruvaldeído, ácido láctico, ácido acrílico, acetaldeído, ácido fórmico, ácido acético, ácido glicólico e acetona

Celulose Ácidos, celobiose, eritrose, 1-6 anidroglucose e

5-Hidroximetilfurfural

Geral Ácidos, álcoois, aldeídos, ésteres, cetonas, fenóis e oligómeros derivados de lenhina

Após a análise a cada um dos parâmetros requeridos pelas normas, lista-se abaixo

(Tabela 3.4) as principais razões pelas quais algumas normas de combustíveis fósseis e

biocombustíveis nunca poderão ser satisfeitas pelo bio-óleo produzido.

Tabela 3.4 – Lista de normas que não se enquadram nas características do bio-óleo produzido.

Combustível e Norma

Propriedade Motivo de não cumprimento

FAME EN 14214:2012

Teor em ésteres

Tendo em conta a variedade de produtos obtidos (Tabela 3.14), é pouco provável que o bio-óleo produzido tenha

um teor de ésteres mínimo de 96,5% (m/m).

Bioetanol EN 15376:2014

Etanol + teor de álcoois

muito saturados

Face à grande variedade de produtos obtidos (Tabela 3.14), é muito improvável que o bio-óleo produzido tenha

um teor de álcoois mínimo de 98,7% (m/m).

Aparência O bioetanol tem que se encontrar limpo e incolor, o que não acontece no caso do bio-óleo, sendo um líquido de

aparência negra.

Óleos Vegetais DIN 51605:2010

Inspeção visual

Os óleos vegetais têm que se encontrar limpos, sem água nem contaminantes visíveis, o que não acontece no caso do bio-óleo, pois sendo um líquido negro com algum teor

de sólidos não é sinónimo de ser “limpo”.

GPL DL Nᵒ142/10

Composição C3 e C4

É necessária uma concentração elevada em termos de propano e butano, algo impensável de ocorrer no bio-óleo

devido à sua grande diversidade de produtos (Tabela 3.14).

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Combustível e Norma

Propriedade Motivo de não cumprimento

Gasolinas DL Nᵒ142/10

Aspeto Cor

É necessário ter aspeto claro e límpido, e cores específicas consoante o tipo de gasolina, algo que não é

possível obter no bio-óleo.

Petróleos DL Nᵒ142/10

Aspeto Necessita de ser límpido e isento de matérias em

suspensão, o que não é possível de obter em virtude das características físicas do bio-óleo

Jet A1 ASTM D 1655

Aspeto visual Necessita de ser claro, brilhante e visivelmente livre de

matéria sólida, características que o bio-óleo normalmente não acompanha.

Verifica-se que, devido principalmente a parâmetros como a composição e o aspeto, o

bio-óleo não pode ser enquadrado na maior parte dos combustíveis fósseis e biocombustíveis

presentes no mercado. Contudo, existem dois tipos de combustível fóssil que, devido às suas

características e similaridade de aplicações, podem ser dados como aptos a testar o

enquadramento do bio-óleo nas suas normas, como é o caso do gasóleo de aquecimento e o

fuelóleo.

No entanto, o uso de gasóleo de aquecimento requer baixos valores de viscosidade (7

mm2/s máximo) e, visto que o valor limite no caso do fuelóleo é bem mais elevado (cerca de

40mm2/s máximo) e comparando com o valor máximo da norma ASTM D 7544 (125 mm2/s) dá

a indicação que o bio-óleo tende a ser um produto viscoso, pelo que seria provável o não

cumprimento deste requisito imposto pelo gasóleo de aquecimento, sendo assim descartado em

detrimento do fuelóleo.

Para além dos aspetos referidos, muitas destas normas que apresentam parâmetros que

inviabilizam o enquadramento do bio-óleo podem também não se enquadrar noutros parâmetros

não mencionados na Tabela 3.4. Isto deve-se sobretudo ao facto destas normas, nomeadamente

GPL carburante, gasolina, gasóleo, óleos vegetais e jet A-1 terem sido elaboradas com base

numa aplicação em específico (uso em motores de combustão interna e jato no caso do jet A-1),

tendo por isso que ser analisadas propriedades que se consideram irrelevantes considerando o

uso do bio-óleo em queimadores industriais, tais como índices de cetano, octano, aditivos, entre

outras.

Posto isto, os melhores enquadramentos previstos para o bio-óleo serão os dados pelo

Decreto-Lei N°142/2010 referente à especificação do fuelóleo e o documento normativo ASTM

D 7544 referente ao bio-óleo de pirólise.

Tabela 3.5 – Enquadramento final do bio-óleo produzido.

Produto Tipo de

Combustível Documento Normativo

Local de aplicação

Fuelóleo Combustível

fóssil Decreto-Lei N°142/2010

Nacional

Bio-óleo de pirólise

Biocombustível ASTM D 7544-12 Internacional (América)

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Guia de Caracterização de Propriedades Físicas do Bio-óleo Para

Enquadramento Normativo

Existem uma variedade de parâmetros que o bio-óleo produzido necessita de cumprir

para se enquadrar segundo as normas definidas como as que melhor enquadramento suscitam,

nomeadamente o bio-óleo produzido a partir do processo de pirólise rápida (ASTM D 7544-12) e

o fuelóleo (DL Nº142/2010).

Algumas das considerações que irão ser feitas nos subcapítulos seguintes foram

indicadas para o bio-óleo produzido a partir de pirólise rápida. No entanto faz sentido adaptá-las

ao bio-óleo obtido por liquefação, pois apesar de algumas diferenças que possam apresentar

entre si (Capítulo 1.4), trata-se de um produto enquadrado na mesma categoria (biomassa

liquefeita), e tipo de aplicação (queima), e estando na iminência a sua colocação no mercado, as

recomendações para o seu tratamento e métodos de análise podem ser consideradas uma

referência na área.

Homogeneidade e Amostragem

Normalmente o bio-óleo encontra-se numa única fase. Contudo, as diferentes

composições químicas da biomassa (alto teor de extrativos (ácidos gordos, resinas ácidas,

poliálcoois, esteróis), de lenhina, substâncias neutras), as condições de processamento e o seu

armazenamento podem causar separação de fases em etapas, podendo originar problemas na

sua combustão.

Para minimizar este tipo de problemas e antes de se efetuar a caracterização do bio-

óleo, é necessário avaliar a qualidade do mesmo, realizando algumas etapas prévias,

nomeadamente uma homogeneização e amostragem adequadas, evitando também desta forma

eventuais erros de análise nos métodos de ensaio a realizar.86

Homogeneização

As amostras de bio-óleo de pequeno volume são homogeneizadas em agitadores de

laboratório durante cerca de uma hora à temperatura ambiente.

Bio-óleos armazenados em barris ou grandes contentores como é o caso do Projeto

Energreen (>1m3) podem ser homogeneizados montando na parte superior um agitador de

hélice, recomendado para misturas muito viscosas e não homogéneas (Figura 3.3).86

Figura 3.3 – Exemplo de um dispositivo de mistura (Inotec VISCO JET VJ350) adequado para o

líquido de pirólise em contentores de 1m3.86

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33

Se existir circulação, a bomba (ex.: bomba pistão ou centrífuga de baixa velocidade) é

conectada por mangueiras desde o fundo até ao topo do contentor, sendo acoplada uma válvula

de amostragem na abertura de fundo. O bio-óleo é bombeado a partir do fundo do contentor e

permanece em circulação durante um dia. Se a viscosidade do bio-óleo for demasiado elevada

para permitir o correto bombeamento pode ser aplicada circulação de água quente (30 a 40ºC)

na descarga do contentor.86

Amostragem

As amostras de bio-óleo podem ser recolhidas à temperatura ambiente através de uma

bomba pistão de boca larga, ou utilizando uma seringa grande, recolhendo na parte superior (10

a 20% em volume abaixo da superfície) e inferior (10 a 20% em volume acima do fundo) do bio-

óleo.

O bio-óleo recolhido pode ser armazenado em recipientes de polipropileno, polietileno

de alta densidade, PTFE, outros materiais poliméricos resistentes, aço inoxidável e vidro.86

Verificação da Homogeneidade

A verificação da homogeneidade é assegurada pela análise do teor de sólidos e água

existentes no topo e fundo da amostra. Estas análises são feitas por microscopia e titulação de

Karl Fischer (KF).

Na análise por microscopia retiram-se amostras de várias camadas do bio-óleo

homogeneizado (superfície, 5% em volume abaixo da superfície, meio, 5% em volume acima do

fundo e fundo), sendo analisadas de seguida cada uma destas camadas. A superfície e o fundo

da amostra (sólidos) podem ser diferentes do resto do líquido, o que é aceitável.

Para a análise do teor de água, o bio-óleo homogeneizado é colocado em garrafas de

100 ml, selado e deixado à temperatura ambiente cerca de 7 dias (teste de permanência 7 dias).

Decorrido esse tempo, é analisado o teor de água por titulação de KF a partir da camada de topo,

intermédia e fundo. Se a diferença no teor de água entre a camada de topo e fundo for superior

a 5% prolonga-se a homogeneização. Caso contrário a amostra é aceite.

Considera-se que o bio-óleo é de boa qualidade (homogéneo) se a análise por

microscopia feita às diversas camadas revelar que o bio-óleo está numa única fase (Figura 3.4)

e se a diferença no teor de água após o teste de 7 dias for inferior a 5% em massa. Prossegue-

se com o teste de permanência de 7 dias até à sua utilização final (para fazer ensaios, etc.),

fazendo uma nova verificação da homogeneidade antes do seu uso.86

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34

Figura 3.4 – Exemplo de amostra de bio-óleo homogéneo (uma fase), observado por

microscopia Leica DM LS.86

Considera-se que o bio-óleo é de má qualidade (não homogéneo) se a diferença no teor

de água encontrado no teste de 7 dias for superior a 5% em massa e se for observada separação

de fases por microscopia (Figura 3.5). O bio-óleo não pode ser armazenado, prosseguindo-se

com a homogeneização. Se a separação de fases for observada visualmente o bio-óleo é

prontamente rejeitado.86

Figura 3.5 - Exemplo de amostra de bio-óleo não homogéneo (separação de fases), observado

por microscopia Leica DM LS.86

Homogeneização por Adição de Solvente

Para se efetuar a homogeneização de bio-óleos difíceis de homogeneizar podem ser

adicionados solventes polares como por exemplo álcoois (IPA).86

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35

Figura 3.6 - Dissolução do material extrativo na matriz de liquefeito. Note-se que alguns dos

extrativos não se dissolvem em álcoois.86

Métodos de Ensaio

Nesta secção são apresentados em forma de tabela os métodos de ensaio realizados

para o enquadramento do produto.

É especificado a norma do combustível a que se destina, a viabilidade da sua realização

na Secil (no Laboratório de Qualidade do Outão (LQLO), com o objetivo de reduzir custos de

análise em entidades externas) e algumas recomendações na aplicação destes métodos de

ensaio ao bio-óleo, visando a minimização de eventuais erros de análise passíveis de ocorrer

em virtude das propriedades invulgares que o bio-óleo possa apresentar (não aparentes nos

combustíveis líquidos convencionais que serviram de base ao desenvolvimento da maioria

destes métodos).

Todas as recomendações em termos de tamanho da amostra referem-se à quantidade

mínima de bio-óleo necessário para realizar a análise, incluindo duplicados.80,86

Tabela 3.6 – Métodos de ensaio, normas aplicáveis, viabilidade e recomendações para uso em

bio-óleo.

Método de Ensaio

Norma aplicável

Viabilidade88 Recomendações

ASTM D 240 - Método de Teste

Padrão para Determinação do

Calor de Combustão de Combustíveis

Líquidos Hidrocarbonados

por Bomba Calorimétrica 87

ASTM D 7544-12 Bio-óleo de pirólise

Pode ser realizado no LQLO. Ensaio acreditado.

Utilizar amostras de 1 ml.

Se o teor de água for elevado (problemas de ignição) usar fio de algodão fino como pavio para a ignição, sendo subtraído do resultado final o calor do fio.80,86

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36

Método de Ensaio

Norma aplicável

Viabilidade88 Recomendações

ASTM E 203 -Método de Teste

Padrão para Determinação do

Teor de Água Usando uma

Titulação Volumétrica de Karl Fischer 89

ASTM D 7544-12 (Bio-óleo de pirólise)

O LQLO utiliza a norma ASTM D 5530 (ensaio acreditado), que é semelhante à requerida para determinação do teor de água em bio-óleo de pirólise (ASTM E 203) pois ambos utilizam uma titulação volumétrica de KF, sendo a única diferença a utilização de um sistema automático de titulação na ASTM E 203 ao invés do sistema manual utilizado na ASTM D 5530. Em princípio pode-se efetuar este ensaio no LQLO.

Utilizar amostras de 1g (0,25g se o teor de água for superior a 20% em massa).

Usar metanol:clorofórmio como solvente (3:1), utilizando na totalidade 50mL para duas determinações.

Realizar previamente o método de adição de água para calibração.

Se a titulação estiver a desvanecer (ponto final de difícil visualização) usar o reagente Hydranal K (“Composite 5K” e “Working Medium K”), prevenindo desta forma reações entre aldeídos e cetonas com álcoois que originam cetais, acetais e água responsáveis pelo desvanecimento.

Reservar 30 segundos de tempo de estabilização.

Assegurar que a amostra é representativa e que se encontra homogénea.

Usar agentes de secagem e solventes secos e evitar fugas de ar para a célula de titulação por forma a evitar o desvanecimento do ponto final da titulação.80,86

ASTM D 7579 -Método de Teste

Padrão para Determinação do Teor de Sólidos em Líquidos de

Pirólise por Filtração de Sólidos em

Metanol

É um método de ensaio elaborado recentemente, utilizado apenas para análise de bio-óleo produzido a partir de pirólise. Mesmo não sendo realizado no LQLO, pode ser efetuado sem grandes custos económicos.88

Utilizar sistemas de filtração múltiplos, com filtros de 1µm devido à presença de partículas finas residuais no bio-óleo.

Amostras de 1 a 15 g por forma a obter 10 a 20 mg de resíduo.

Recomenda-se um rácio amostra:solvente de 1:10, efetuando diversas lavagens.

Usar etanol como solvente polar para bio-óleos provenientes de palha, madeira macia e dura.

Usar uma mistura de metanol:diclorometano (1:1) como solvente para bio-óleo proveniente de resíduos florestais e de casca de árvore, sendo também usado como solvente padrão, pois foi o que se revelou mais eficiente para diferentes tipos de bio-óleo testados.80,86,91

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Método de Ensaio

Norma aplicável Viabilidade88 Recomendações

ASTM D 445 Método de Teste

Padrão para Determinação da

Viscosidade Cinemática de

Líquidos Transparentes e

Opacos 92 ASTM D 7544-12

(Bio-óleo de pirólise)

Decreto-Lei N°142/2010

(especificações do fuelóleo)

No LQLO não fazem este tipo de ensaio, contudo, é relativamente simples de se efetuar, embora seja um pouco dispendioso a aquisição de um viscosímetro.

Fazer amostras de 80 ml.

Aconselha-se o uso de viscosímetros Cannon-Fenske, pois a direção do fluxo nestes tubos comparada com os tubos Ubbelohde

garante resultados mais precisos com líquidos de tonalidade escura como o bio-óleo.

Não é necessário pré-filtração se a amostra estiver homogénea.

Eliminar as bolhas de ar antes da realização da amostragem.

Tempo de equilíbrio de 15 minutos.80,86

ASTM D 4052 Método de Teste

Padrão para Determinação da Densidade e da

Densidade Relativa de Líquidos por

Medidor de Densidade Digital 93

No LQLO não fazem este tipo de ensaio. Contudo, é relativamente simples de se efetuar e o densímetro digital é de fácil aquisição.

Fazer amostras de 4 ml.

Realizar com cuidado a agitação/rotação de bio-óleos de origem florestal que sejam propensos a formar espuma, a fim de evitar a formação de bolhas de ar (mais suscetível de ocorrer à temperatura ambiente, sendo as bolhas facilmente evitadas a temperaturas mais elevadas (50ºC)).80,86

ASTM D 4294 Método de Teste

Padrão para Determinação do

Teor de Enxofre em Produtos Petrolíferos por Espectroscopia de Fluorescência de

Raios X por Dispersão de

Energia 94

ASTM D 7544-12 (Bio-óleo de pirólise)

Ensaio não realizável no LQLO. É utilizado um método distinto para a análise desta propriedade (ASTM D 1552). Necessita de um espectrômetro de fluorescência de raios X por dispersão de energia, que é uma variante do espectrômetro de fluorescência de raios X utilizado em análise química quantitativa (IT L 04 74 03). Em princípio deve-se recorrer a laboratório externo acreditado.

-

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Método de Ensaio

Norma aplicável Viabilidade88 Recomendações

ASTM D 482 Método de Teste

Padrão para Determinação do

Teor de Cinzas de Produtos Petrolíferos

95

ASTM D 7544-12 (Bio-óleo de pirólise)

Decreto-Lei N°142/2010

(especificações do fuelóleo)

No LQLO só se efetuam análise de cinzas a combustíveis sólidos.

No entanto pode-se efetuar esta análise sem grandes custos.

Fazer amostras de 40 ml.

A presença de quantidades significativas de água na amostra pode provocar a formação de espuma e salpicos durante o aquecimento, originando resultados errados.

Fazer inicialmente evaporação controlada da água e de outros componentes voláteis por intermédio de placa de aquecimento ou banho de areia para evitar formação de espuma.

Para evitar salpicos, adicionar isopropanol ou papel de filtro sem cinzas para absorver a água.80,86

ASTM E 70-07 Método de Teste

Padrão para Determinação do pH de Soluções Aquosas com

Elétrodo de Vidro 96

ASTM D 7544-12 (Bio-óleo de pirólise)

Método de ensaio não realizado no LQLO.88

Contudo pode ser feito recorrendo a um simples medidor de pH, uma vez que não existe, segundo a norma ASTM D 7544, um valor atribuído especificamente para o pH, tendo este apenas que ser reportado e ter em conta se o material que entrar em contacto com o bio-óleo for suscetível a corrosão.77

Fazer amostras de 50 ml.

O pH fornece apenas nível de acidez (o quão corrosivo o bio-óleo consegue ser), não indicando a concentração dos compostos ácidos.

O Número de Acidez Total (TAN) fornece valores mais precisos para a acidez, fazendo a determinação da totalidade de compostos ácidos.

Frequentemente fazer a calibração do medidor de pH.

Em alternativa pode-se efetuar a medição com um simples medidor de pH.86

Selecionar materiais resistentes à corrosão devido ao valor baixo de pH normalmente apresentado pelo bio-óleo.79

ASTM D 93B Método de Teste

Padrão para Determinação do

Ponto de Inflamação por Medidor de

Pensky-Martens de Copo Fechado 97

ASTM D 7544-12 (Bio-óleo de pirólise)

Decreto-Lei N°142/2010

(especificações do fuelóleo)

É necessário um medidor automático Pensky-Martens

de copo fechado, equipamento esse que o LQLO não tem, pois não efetua este método de ensaio. Seria recomendado efetuar esta análise em laboratório externo acreditado.

Fazer amostras de 150 ml.

Eliminar as bolhas de ar antes de se efetuar a amostragem.86

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39

Método de Ensaio

Norma aplicável Viabilidade88 Recomendações

ASTM D 97 Método de Teste

Padrão para Determinação do

Ponto de Escoamento de

Produtos Petrolíferos 98

ASTM D 7544-12 (Bio-óleo de pirólise)

Ensaio não realizável no LQLO.

Necessário equipamento adequado para medição do ponto de escoamento. Seria recomendado efetuar esta análise em laboratório externo acreditado.

Fazer amostras de 80 ml.

Sem pré-aquecimento da amostra.86

ASTM D 2622 Método de Teste

Padrão para Determinação do

Teor de Enxofre em Produtos Petrolíferos por Espectroscopia de Fluorescência de

Raios X com Dispersão por

Comprimento de Onda

Decreto-Lei N°142/2010

(especificações do fuelóleo)

Comparando com outros métodos de ensaio para a determinação do teor de enxofre, o método ASTM D 2622 apresenta alto rendimento, preparação mínima da amostra e excelente precisão, sendo capaz de determinar teores de enxofre numa vasta gama de concentrações. Contudo, o equipamento especificado para este teste tende a ser mais caro do que o exigido para os métodos de ensaio alternativos (ASTM D 4294), sendo este o método abordado preferencialmente.99 Ensaio não realizável no LQLO. É utilizado um método distinto para a análise desta propriedade (ASTM D 1552). Necessita de um espectrômetro de fluorescência de raios X com dispersão por comprimento de onda. Deve-se recorrer a laboratório externo acreditado.

-

ASTM D 95 Método de Teste

Padrão para Determinação do Teor de Água em

Produtos Petrolíferos e Materiais

Betuminosos por Destilação 100

Ensaio não realizável no LQLO.88

É utilizado um método distinto para a análise desta propriedade (ASTM D 5530). No entanto, face ao equipamento necessário, é possível fazer esta análise sem grandes custos.

-

ISO 10307-1 Produtos petrolíferos -- Sedimentos totais

em óleos combustíveis

residuais -- Parte 1: Determinação por

filtração a quente101

Ensaio não realizável no LQLO.

Montagem algo complexa de ser realizada, sendo recomendado recorrer a laboratório externo acreditado.

-

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40

Entidades Acreditadas a Nível Nacional que Realizam Métodos de

Ensaio para os Enquadramentos Escolhidos

A legalização do bio-óleo produzido implica a necessidade de fazer a avaliação da sua

conformidade, de forma a cumprir com os requisitos que lhe são aplicáveis, neste caso por

intermédio de normas. Esta avaliação de conformidade passa pela realização de ensaios em

entidades competentes para os efetuar, designadas por entidades acreditadas.

A atividade de acreditação consiste na avaliação e reconhecimento da competência

técnica de entidades para efetuar atividades específicas de avaliação da conformidade (ensaios,

calibrações, certificações e inspeções), estando sujeita a legislação comunitária que obriga a um

funcionamento harmonizado, que é dado pela norma EN ISO/IEC 17011.

Em Portugal, o organismo nacional de acreditação é designado por Instituto Português

de Acreditação (IPAC), estando assim em conformidade com o regulamento (CE) Nº765/2008

que estabelece os requisitos de acreditação e fiscalização do mercado relativos à

comercialização de produtos.102

Figura 3.7 – Esquema resumo do processo de acreditação.102

O esquema de acreditação abrange 3 tipos de entidades ou de laboratórios: de ensaio,

de calibração e clínicos. Para o caso em análise, os laboratórios de ensaio são os mais

relevantes, uma vez que são responsáveis pela determinação de parâmetros ou características

num produto, realizada de acordo com um método descrito num documento normativo.

Para fins de harmonização e sistematização, os laboratórios de ensaios encontram-se

divididos em 3 setores de acreditação, diferenciando-se entre si pelas nuances aplicadas no

produto a analisar, tipo de ensaio e método adotado. Estes setores são:

Descrição Fixa – implica a designação do produto a ensaiar (tendo em conta o campo

de aplicação do documento normativo), a identificação do parâmetro a ensaiar e método de

ensaio contendo a identificação do documento normativo e respetiva versão.

Descrição Flexível Intermédia – admite a capacidade do laboratório para implementar

novas versões do documento normativo. Omite a indicação da data de emissão do método de

ensaio.

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41

Descrição Flexível Global – Não existe discriminação dos ensaios de forma individual

(como acontece na descrição fixa), sendo reconhecidas competências técnicas ao laboratório de

atuação numa larga gama de tipos de ensaios e produtos. Esta pode ser de dois tipos:

Tipo A – capacidade para implementar métodos normalizados.

Tipo B – capacidade para implementar métodos desenvolvidos internamente ou

adaptados pelo laboratório.

Este tipo de descrição permite diversas vantagens, incluindo a flexibilidade no produto,

permitindo a sua alteração dentro do mesmo setor (de natureza equivalente); inclusão de novos

parâmetros a determinar dentro de um mesmo tipo de ensaios e a possibilidade de adicionar ou

alterar os documentos normativos em causa, isto tudo desde que não se altere a técnica de

medição.46

Efetuou-se uma pesquisa na IPAC sobre laboratórios de ensaios a nível nacional nas

áreas que se considerou serem as mais adequadas ao enquadramento do produto nas normas

do bio-óleo de pirólise e do fuelóleo, sendo o principal critério de seleção a escolha de entidades

que apliquem métodos de ensaio idênticos aos impostos pela norma de enquadramento para as

diversas propriedades a analisar.

Bio-óleo de Pirólise (ASTM D 7544)

Tratando-se de um padrão americano, a aplicabilidade da norma ASTM D 7544 em

território nacional é praticamente desconhecida e, podendo o bio-óleo apresentar distintos

aspetos e aplicações para além do seu uso como combustível, foi alargada a base de pesquisa

para esta norma a outros setores de acreditação além da área dos combustíveis, evidenciados

de seguida.

Asfalto, betume, alcatrão, piche e materiais betuminosos

Em diversas ocasiões o bio-óleo produzido apresenta más propriedades filtrantes, sendo

muito viscoso e contendo um teor de sólidos elevado, assemelhando-se, por isso, em aspeto

visual a betumes e alcatrões. Contudo não existem entidades nesta área com métodos de análise

que sejam compatíveis com os pretendidos.

Combustíveis, óleos e lubrificantes

Nesta área encontram-se diversas entidades com métodos de análise similares aos

praticados pela norma. Isto deve-se ao facto de esta ser a área de aplicação principal do bio-óleo

(combustíveis fósseis e biocombustíveis), sendo por isso a mais adequada ao enquadramento na

norma. Existem entidades acreditadas na área dos combustíveis que apenas realizam métodos de

análise para combustíveis sólidos, tendo por isso optado pela sua omissão.

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42

Efluentes líquidos

Como só foi possível encontrar uma entidade para realizar testes de pH de acordo com

o método de ensaio indicado na norma, procurou-se por um método alternativo (ISO 10523),

tendo sido descobertas várias entidades nesta área para realizar os testes segundo este método.

A aplicação de métodos alternativos para medição do pH pode ser realizada, visto que apenas é

necessário reportar o valor obtido.

Fertilizantes e fitofármacos

Nesta área foi possível encontrar uma entidade com o método adequado ao

enquadramento do produto na referida norma em termos de teor de água.

Químicos e produtos químicos

O bio-óleo, para além da sua aplicação como combustível, também é considerado um

produto químico, podendo deste serem extraídos compostos químicos de valor acrescentado

como ácido levulínico, furfural, açúcares, entre outros. Nesta área foi possível encontrar uma

entidade com o método adequado ao enquadramento do produto na referida norma em termos

de viscosidade cinemática.

Resistência e reação ao fogo

Nesta área foi possível encontrar entidades com o método adequado ao enquadramento

do produto na referida norma em termos de poder calorífico superior.

Em anexo encontram-se todas as entidades acreditadas que realizam os métodos de

análise referentes à norma ASTM D 7544, estando estas organizadas por área de intervenção e

por propriedade a analisar (Tabelas 7.15 e 7.16).

Verificou-se que não existem entidades a nível nacional que realizem a totalidade dos

métodos de ensaio impostos pela norma, evidenciando mesmo a falta de entidades para a

realização de ensaios acreditados na determinação do teor de sólidos suspensos, pois o seu

método de análise foi especificamente elaborado para o uso nesta norma, dificultando assim a

obtenção de enquadramento do produto em Portugal com base nesta norma.

Importante frisar que as entidades com descrição flexível global, como o caso da SGS,

podem ser uma mais valia, tanto a nível nacional como internacional, no sentido de oferecerem

maiores possibilidades de realização dos ensaios que se pretende devido à sua flexibilidade.

Fuelóleo (Decreto-Lei Nº142/2010)

Tratando-se de um combustível largamente usado e testado em território nacional

(produzido pela GALP e comercializado também pela mesma e também pela REPSOL,

Petroibérica entre outras), para o enquadramento do bio-óleo nas especificações do fuelóleo

recorreu-se apenas a entidades na área dos combustíveis, óleos e lubrificantes que conseguem

realizar os mesmos métodos de ensaio impostos pela norma nacional do fuelóleo (anexo, Tabela

7.17).

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43

Verificou-se que a Petrogal (com os seus laboratórios Galp de Lubrificantes e o da

refinaria de Sines) é a única entidade nacional que consegue realizar todos os métodos de ensaio

presentes na norma.

Resultados do Enquadramento Normativo

Foram efetuados diversos ensaios de liquefação na instalação piloto, com diferentes

tipos de resíduos, tendo sido escolhidas algumas amostras para testar o enquadramento legal

do bio-óleo produzido em diversas normas de combustíveis líquidos presentes no mercado, de

forma a cumprir com a legislação em vigor. Optou-se pelo uso de bio-óleos resultantes da

liquefação de cortiça e de CDR, apresentando as características dadas pela Tabela 3.7.

Tabela 3.7 – Propriedades e condições operatórias do bio-óleo industrial utilizado no enquadramento.

Condições operatórias ou Propriedades

Tipo de resíduo

Cortiça CDR

Humidade do resíduo (%) 8,4 24,6

Teor de resíduo (% m/m) 20 20

Rácio de solventes (Dietilenoglicol:2-etil-hexanol)

~3:1 ~3:1

Teor de catalisador (% m/m) ~1-3 ~1-3

Tempo de reação (h) ~8 ~8

Temperatura de reação (°C) ~160 ~160

As análises ao bio-óleo foram realizadas num laboratório de ensaios externo

especializado (Saybolt). As amostras de bio-óleo foram misturadas com gasóleo (blending),

tendo sido testado o seu enquadramento em três documentos normativos de combustíveis

líquidos: gasóleo (EN 590), biodiesel FAME (EN 14214) e fuelóleo (DL Nº142/2010).

Tabela 3.8 – Resultado do enquadramento do bio-óleo na norma EN 590 (gasóleo).

Propriedade Método de

Ensaio Unidade

Limites Resultados do

Bio-óleo

Mínimo Máximo Cortiça CDR

Índice de cetano EN ISO 5165 - 51,0 - 51,1 49,8

Índice de cetano calculado

EN ISO 4264 - 46,0 - 52,3 52.1

Massa volúmica a 15ºC

EN ISO 12185

kg/m3 820,0 845,0 834,5 834,3

Viscosidade cinemática a 40 °C

EN ISO 3104 mm2/s 2,0 4,50 2,844 2,773

Destilação: - Recuperado a 250ºC - Recuperado a 350ºC - 95% de Recuperado

EN ISO 3405

% (v/v)

% (v/v)

°C

-

85 -

65

-

360,0

36.1

92.3

361.6

36,9

92,8

359,1

Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos

EN 12916 % (m/m) - 8,0 1,8 1,8

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44

Propriedade Método de

Ensaio Unidade

Limites Resultados do

Bio-óleo

Mínimo Máximo Cortiça CDR

Teor de enxofre ISO 13032 mg/kg - 10,0 92,6 36,4

Temperatura limite de

filtrabilidade

EN 116 °C - 0 -15 -8

Ponto de inflamação

EN ISO 2719 °C 55 - 64,0 64,0

Resíduo carbonoso

(no resíduo 10% da destilação)

ASTM D 4530 / D 86

% (m/m) - 0,30 <0,1 <0,1

Teor de cinzas EN ISO 6245 % (m/m) - 0,01 0,027 <0,001

Teor de água EN ISO 12937

% (m/m) - 0,02 0,173 0,088

Contaminação total

EN 12662 mg/kg - 24 Filtração

incompleta Filtração

incompleta

Corrosão da lâmina de cobre

(3h a 50ºC) EN ISO 2160 - Classe 1 1ª 1a

Estabilidade oxidativa a 95ºC

- Total de Insolúveis

EN ISO 12205

g/m3 - 25 Não filtra Não filtra

Lubricidade EN ISO 12156-1

µm - 460 339 286

Teor de FAME (gama B)

EN 14078 % (v/v) - 7,0 0,12 0,12

Tabela 3.9 – Resultado do enquadramento do bio-óleo na norma EN 14214 (biodiesel FAME).

Propriedade Método de

Ensaio Unidade

Limites Resultados do

Bio-óleo

Mínimo Máximo Cortiça CDR

Densidade a 15ºC EN ISO 12185

kg/m3 860 900 1141,2 1101,8

Viscosidade cinemática a 40ºC

EN ISO 3104 mm2/s 3,5 5,0 31,83 16,10

Ponto de inflamação EN ISO 2719 °C 101 - 96,0 89,0

Teor de enxofre ISO 8754 % (m/m) 0,001 0,47 0,51

Corrosão de banda de cobre

EN ISO 2160 - Classe 1 1a 1a

Estabilidade oxidativa a 110ºC

EN 14112 h 8,0 - 2,8 2,4

Valor ácido EN 14104 mg KOH/g - 0,50 16,4 11,2

Valor de iodo EN 14111 g I2/100g - 120 6 5

Teor de metanol EN 14110 % (m/m) - 0,20 0,01 0,01

Metais do grupo I (Na+K)

EN 14538 mg/kg - 5,0 >200 >200

Metais do grupo II (Ca+Mg)

EN 14538 mg/kg - 5,0 >200 >200

Teor de fosfatos EN 14107 mg/kg - 4,0 <1 <1

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45

Tabela 3.10 – Resultado do enquadramento do bio-óleo na especificação do fuelóleo nº4 BTE,

presente no DL Nº142/2010.

Propriedade Métodos de

Ensaio Unidade

Limites Resultados do

Bio-óleo

Mínimo Máximo Cortiça CDR

Massa volúmica a 15ºC

EN ISO 12185

kg/m3 A relatar 1141,2 1101,8

Viscosidade cinemática a 40ºC

EN ISO 3104 mm2/s - 40 31,83 16,1

Ponto de inflamação EN ISO 2719 °C 65 - 96,0 89,0

Teor de água ASTM D 95 % (v/v) - 1,0 16,0 10,0

Sedimento total ISO 10307-1 % (m/m) - 0,25 1,27 -

Teor de enxofre ISO 8754 % (m/m) - 1,0 0,47 0,51

Teor de cinzas EN ISO 6245 % (m/m) - 0,20 1,59 1,60

Nos testes realizados até ao momento, chegou-se à conclusão que a norma que se

enquadra melhor a este tipo de produto é a do fuelóleo e, embora não cumprindo com alguns

limites impostos pela norma, prevê-se que se possam enquadrar brevemente em futuros ensaios

em virtude das várias alterações a serem implementadas na unidade piloto industrial.

Economia Circular

A legalização do bio-óleo por intermédio do enquadramento normativo não é certa, sendo

necessário promover alternativas que o aceitem como produto.

Ao longo dos tempos, a economia mundial tem sido construída com base num modelo

linear de negócios (extrair-fabricar-descartar), levando a que esteja nos dias de hoje sob ameaça

em virtude da disponibilidade limitada de recursos naturais. Face à necessidade de utilizar os

recursos de uma forma mais inteligente e sustentável (ambiental e economicamente), foi criado

o modelo de economia circular.103,104

A economia circular trata-se de um novo modelo de desenvolvimento económico que

garante que o valor dos produtos e materiais é mantido durante o maior tempo possível,

diminuindo a produção de resíduos e a utilização de recursos, e quando os produtos atingem o

final da sua vida útil os recursos mantêm-se na economia para serem reutilizados e voltarem a

gerar valor.103

Figura 3.8 – Economia circular.105

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46

Este modelo de desenvolvimento económico é assente em diversos conceitos tais como

o “cradle to cradle” que defende que a inovação é o caminho para transformar os resíduos de

uma cadeia produtiva em componentes e materiais para outra, e o conceito de ecologia industrial

que visa a criação de processos de ciclo fechado, desenhando sistemas de produção adaptados

aos ecossistemas locais.105

É neste tipo de conceitos que se enquadra o bio-óleo produzido, pois os diversos tipos

de matéria-prima que lhe dão origem são resíduos provenientes de outras indústrias, constituindo

assim uma excelente oportunidade de fechar ciclos produtivos de diversas industrias.

Para estimular a transição da Europa para um modelo de economia circular, a CE

apresentou recentemente um plano de ação que contém um pacote de medidas destinadas a

“fechar o ciclo” e diversas ações incidentes nos obstáculos de mercado em setores específicos.

Algumas dessas medidas e ações influenciam diretamente produtos como bio-óleo, tais como:

Mercado das matérias-primas secundarias (conversão de resíduos em recursos),

existindo obstáculos na sua integração na economia devido à incerteza da sua

composição, sendo uma das medidas a elaboração de normas de qualidade aplicáveis

às matérias-primas secundárias.

Promoção de uma utilização eficiente dos recursos de base biológica por meio de uma

série de medidas como a orientação e a divulgação das melhores práticas da utilização

de biomassa em cascata (dar prioridade a usos de maior valor) e o apoio à inovação na

bioeconomia (potencial de inovação para novos materiais, produtos químicos e

processos tais como o bio-óleo).103

É um modelo com bastante potencial para ser adaptado ao bio-óleo. Contudo, apesar

das variadas vantagens inerentes a este modelo de negócio são necessárias mudanças ao nível

dos vários setores das sociedades, desde governos, sociedade civil, empresas, ou seja, uma

mudança de mentalidade das pessoas, com pessoas e para as pessoas, pelo que poderá

demorar algum tempo até à existência de um modelo sólido que favoreça todas as partes.104

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47

4. Atividade Laboratorial

Paralelamente à instalação piloto industrial, efetuou-se uma operação de montagem laboratorial

de liquefação, servindo de apoio às atividades de arranque e otimização do processo.

Procedimento Experimental

Materiais

Geral

Balança técnica (capacidade de leitura até 0,1 g);

Balança analítica (capacidade de leitura até 0,0001 g);

Estufa;

Funis;

Copos;

Erlenmeyers de 250mL;

Cadinhos de porcelana ou vidros de relógio;

Espátulas.

Ensaio reacional

Placa de aquecimento com agitação magnética:

Agitador magnético;

Vaso reacional - Balão de fundo redondo de 500mL com 3 bocas;

Tacho de alumínio;

Óleo de silicone - Momentive Element 14 PDMS 350;

Suporte universal;

Garras e nozes;

Mangueiras;

Água de refrigeração;

Equipamento de retenção de condensados, Dean-Stark;

Condensador;

Parafilm/rolhas de borracha/tampas;

Termómetros de mercúrio - gama de temperaturas de -10 a 200ºC.

Separação

Bomba de vácuo;

Mangueira;

Kitasato;

Funil de Büchner de 75mL.

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48

Matéria-prima e Reagentes

Biomassa

Estilha de madeira de pinho (humidade média de 18%);

Biomassa de desmatamento (humidade média de 36%);

Grits (humidade média de 55%);

Dregs (humidade média de 63%).

Pré-tratamento

Solução de sulfato de alumínio (Al2(SO4)3) - Sapec Química, 43,4 g Al/kg solução;

Solventes

2-Etilhexanol (2EH) - Brenntag Portugal, ≥99,5% de pureza;

Dietilenoglicol (DEG) - Sapec Química, ≥99,5% de pureza;

Catalisador

Ácido p-toluenosulfónico (PTSO) - SAFC, ≥98% de pureza.

Lavagem

Acetona - Carlo Erba, 99,8% de pureza.

Procedimento

Pré-ensaio

1. Seleção prévia do tipo de biomassa, solventes, catalisador e respetivas razões e/ou

percentagens.

2. Estipulação das condições reacionais (tempo de residência, temperatura, tipo de reator

e de aquecimento).

Para seleção do tipo de reator, ter em conta que os reatores de 500mL utilizam

agitadores magnéticos, pelo que não é aconselhável utilizar volumes de mistura superiores a

200mL).

Determinação da Humidade da Biomassa

1. Pesar um recipiente (cadinho ou vidro de relógio) numa balança técnica. Registar o peso.

2. Tarar a balança e colocar biomassa no recipiente. Registar o peso.

3. Secar o recipiente + biomassa numa estufa a 100ºC durante 1 hora.

4. Findado o tempo de secagem, retirar a amostra da estufa e pesar. Registar o peso.

5. Obter os pesos de biomassa seca e do teor de água pelas seguintes expressões:

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49

𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑠𝑒𝑐𝑎 = 𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑠𝑒𝑐𝑎+𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 − 𝑚𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 Equação 1

𝑚á𝑔𝑢𝑎 = 𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 − 𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑠𝑒𝑐𝑎 Equação 2

Onde,

𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑠𝑒𝑐𝑎 – Massa de biomassa seca (g);

𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑠𝑒𝑐𝑎+𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 – Massa do recipiente com a biomassa seca (g);

𝑚𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 – Massa do recipiente (g);

𝑚á𝑔𝑢𝑎 – Massa de água (g);

𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 – Massa de biomassa inicial (g).

A humidade média da biomassa é dada por:

𝐻𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 𝑚á𝑔𝑢𝑎

𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑠𝑒𝑐𝑎 Equação 3

Onde,

𝐻𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 – Humidade média da biomassa (%).

A humidade calculada pela Equação 3 tem como referência a massa de biomassa seca

(𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑠𝑒𝑐𝑎) e, em ensaios subsequentes em que não seja necessário secar a amostra, para

o mesmo tipo de biomassa pretende-se aplicar o teor de humidade calculado num ensaio anterior

à massa de biomassa pesada inicialmente (𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎), tendo como objetivo a determinação da

massa de biomassa seca (𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑠𝑒𝑐𝑎) e da massa de água presente na amostra (𝑚á𝑔𝑢𝑎),

valores esses que servirão de base nas pesagens dos reagentes (solventes + catalisador).

Contudo, não é possível aplicar este valor de humidade diretamente pois foi calculado

numa base diferente à qual se pretende aplicar (𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑠𝑒𝑐𝑎 ≠ 𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎). Existem 2 hipóteses

para o cálculo da 𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑠𝑒𝑐𝑎 e da 𝑚á𝑔𝑢𝑎:

a. No ensaio em que se fizer o cálculo da humidade, fazê-lo em relação à 𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎:

𝐻𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑎 = 𝑚á𝑔𝑢𝑎

𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 Equação 4

Onde,

𝐻𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑎 – Valor de humidade para facilitação de cálculos (%).

No ensaio a realizar, calcular a 𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑠𝑒𝑐𝑎 pela Equação 5:

𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑠𝑒𝑐𝑎 = (1 − 𝐻𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑎) × 𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 Equação 5

Por último calcular a 𝑚á𝑔𝑢𝑎 pela equação 2.

b. Fazer um sistema de equações com a humidade “real” calculada anteriormente

(𝐻𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒), para obtenção direta da 𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑠𝑒𝑐𝑎 e da 𝑚á𝑔𝑢𝑎 :

{𝑚á𝑔𝑢𝑎 + 𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑠𝑒𝑐𝑎 = 𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎

𝑚á𝑔𝑢𝑎

𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑠𝑒𝑐𝑎 = 𝐻𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒

Equação 6

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50

Para os ensaios em que se tenha que humedecer a biomassa até determinado alvo,

utilizar o seguinte sistema de equações:

{

𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 + 𝑚á𝑔𝑢𝑎 𝑎𝑑𝑖𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 = 𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

𝑚á𝑔𝑢𝑎 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + 𝑚á𝑔𝑢𝑎 𝑎𝑑𝑖𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙

𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 −(𝑚á𝑔𝑢𝑎 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + 𝑚á𝑔𝑢𝑎 𝑎𝑑𝑖𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 )= 𝐻𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑎𝑙𝑣𝑜 Equação 7

Onde,

𝐻𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑎𝑙𝑣𝑜 – Humidade que se pretende alcançar (%);

𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 – Valor de biomassa com a água que se pretende adicionar (g);

𝑚á𝑔𝑢𝑎 𝑎𝑑𝑖𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 – Massa de água a adicionar (g);

𝑚á𝑔𝑢𝑎 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 – Massa de água inicial presente na biomassa (g).

Pesagem de Reagentes

1. Pesar os solventes em copos de acordo com a massa de biomassa seca obtida,

aplicando a proporção selecionada previamente, recorrendo à seguinte equação:

𝑅𝑎𝑧ã𝑜 = 𝑚𝑠𝑜𝑙𝑣𝑒𝑛𝑡𝑒

𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑠𝑒𝑐𝑎 Equação 8

Onde,

𝑅𝑎𝑧ã𝑜 – Proporção entre massa de solvente e biomassa seca;

𝑚𝑠𝑜𝑙𝑣𝑒𝑛𝑡𝑒 – Massa de solvente (g).

2. Recorrendo a uma espátula, pesar a quantidade de catalisador a adicionar à mistura,

tendo em conta a percentagem estipulada anteriormente. A massa de catalisador pode

ser obtida recorrendo à seguinte equação:

% 𝑐𝑎𝑡𝑎𝑙𝑖𝑠𝑎𝑑𝑜𝑟 = 𝑚𝑐𝑎𝑡𝑎𝑙𝑖𝑠𝑎𝑑𝑜𝑟

𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑠𝑒𝑐𝑎+𝑚𝑠𝑜𝑙𝑣𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠× 100 Equação 9

Onde,

% 𝑐𝑎𝑡𝑎𝑙𝑖𝑠𝑎𝑑𝑜𝑟 – Percentagem de catalisador utilizado;

𝑚𝑐𝑎𝑡𝑎𝑙𝑖𝑠𝑎𝑑𝑜𝑟 – Massa de catalisador (g);

𝑚𝑠𝑜𝑙𝑣𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 – Massa total de solventes (g).

3. Adicionar todos os reagentes ao vaso reacional, juntando também um agitador

magnético.

Sugere-se o uso de um funil para facilitar a adição dos reagentes ao vaso reacional.

Adicionar o catalisador juntamente com os solventes para evitar perdas. Adicionar todos os

reagentes diretamente no vaso reacional para minimizar perdas, bastando para isso ter um

suporte para colocar o reator sobre uma balança técnica.

Pré-tratamento

Previamente à reação, pode-se fazer dois tipos de tratamento: swelling ou tratamento

com outro tipo de composto (solução de Al2(SO4)3).

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51

Nos ensaios em que se fizer o processo de swelling, deixar a biomassa em contacto com

os solventes durante um certo período de tempo antes de efetuar o ensaio reacional. Simulando

as condições da instalação piloto (nomeadamente no parafuso), o swelling deve ser feito a quente

(entre 60 a 80°C), com agitação e na presença de catalisador, sendo que desta forma o tempo

reacional conta a partir do instante em que é introduzido o catalisador, pois este promove reações

mesmo a baixas temperaturas.

O pré-tratamento com solução de Al2(SO4)3 é feito com o objetivo de desidratar a

biomassa, funcionando como absorvente de humidade. Este tratamento é feito à temperatura

ambiente.

Ensaio Reacional

1. Introduzir óleo num tacho de alumínio até determinado nível para que a mistura reacional

esteja sempre em contacto com o óleo e também para fazer com que este não

transborde. Ao utilizar óleo convencional, este dura à volta de uns 3 a 4 ensaios (começa

a ficar com aspeto/cor escuro), sendo depois recomendado substituí-lo. Ligar a hotte

devido ao odor do óleo (“cheiro a fritos”). Se for utilizado óleo de silicone não é necessário

fazer a sua substituição.

2. Colocar o tacho sob uma placa de agitação e aquecimento. Opcionalmente pode-se

colocar um termómetro no banho térmico.

3. Com a ajuda de um suporte universal, noz e garra, prender o vaso reacional e mergulhá-

lo no óleo para que toda a mistura reacional fique em contacto com o banho térmico.

4. Afixar um termómetro numa das tubuladuras laterais do vaso reacional, de forma a estar

em contacto direto com a mistura reacional. Colocar uma rolha, tampa ou parafilm em

redor da tubuladura para prender o sensor e evitar a libertação de vapor. Tapar da

mesma forma a outra tubuladura lateral.

5. Acoplar o Dean-Stark, na tubuladura central do vaso reacional e prendê-lo recorrendo a

uma noz e garra. Colocar um Erlenmeyer por baixo da válvula de saída de condensados

do Dean-Stark.

6. Juntar um condensador ao encaixe superior do Dean-Stark. Prendê-lo, se necessário.

7. Adaptar mangueiras aos encaixes laterias do condensador e ligar uma delas à rede de

água e a outra deixar no lavatório para saída de água.

8. Ligar a agitação da placa e regular o seu valor para que a agitação seja eficiente

(agitação homogénea ou constante).

9. Ligar o aquecimento da placa. Aquecer a mistura em intervalos de temperatura definidos

(ex.: 80ºC; 100ºC (evaporação da água); 115ºC; 130ºC; 145ºC; 160ºC), por forma a evitar

um rápido aquecimento, podendo provocar a formação de reações secundárias

indesejáveis.

10. Após atingida a temperatura alvo no reator, iniciar a contagem do tempo de reação.

Tentar estabilizar ao máximo a temperatura da mistura reacional com diferenças entre

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52

±5ºC. Fazer o controlo variando o regulador de temperatura da placa de aquecimento

tendo como referência a temperatura do óleo.

11. Após decorrido o tempo reacional, desligar o aquecimento e deixar arrefecer a mistura

reacional até aos 100ºC. Manter a agitação ligada.

Legenda:

1 – Vaso reacional de 500mL (balão de fundo redondo

com 3 bocas paralelas);

2 – Placa de aquecimento e agitação magnética;

3 – Termómetro;

4 – Dean Stark;

5 – Erlenmeyer;

6 – Condensador.

Figura 4.1 - Montagem laboratorial de ensaio reacional.

Separação

1. Preparar uma montagem de filtração a vácuo (Figura 4.2), recorrendo a uma bomba de

vácuo, que por sua vez liga a um kitasato acoplado com um funil de Büchner. Se o funil

de Büchner não for de leito poroso, acrescentar um papel de filtro.

Legenda:

1 – Bomba de vácuo;

2 – Mangueira;

3 – Funil de Büchner de leito poroso;

4 – Kitasato.

Figura 4.2 - Montagem de filtração a vácuo.

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53

2. Desmontar a instalação de liquefação com cuidado para remoção do vaso reacional,

começando por desmontar o condensador, de seguida o Dean Stark, e por último o

reator, desligando também a agitação da placa.

3. Ligar a bomba de vácuo e verter o conteúdo do vaso reacional para o funil de Büchner.

Tentar retirar o máximo de liquefeito e resíduo do vaso reacional, recorrendo a espátulas.

4. Desligar a bomba de vácuo quando já não se verificar a queda de liquefeito para o

kitasato. Para efeitos de quantificação, pode-se pesar previamente o kitasato para o qual

irá verter o filtrado (liquefeito), e pesar após o final da filtração. A massa de liquefeito é

obtida pela subtração das duas pesagens mencionadas.

5. Retirar o funil de Büchner com cuidado (pois contém o resíduo), coloca-lo num suporte

seguro (reator por exemplo) e verter o liquefeito (que se encontra no kitasato) para um

recipiente de vidro, sendo devidamente fechado e rotulado. Este liquefeito serve para

efeitos de caracterização de parâmetros físico-químicos.

6. Acoplar de novo o funil de Büchner ao kitasato, ligar a bomba de vácuo e retirar com

acetona e auxílio de uma espátula, o remanescente dos resíduos que se encontrem nas

paredes do vaso reacional e de acessórios como termómetro, Dean-Stark, e introduzir

no funil de Büchner. Lavar também com acetona o resíduo presente no funil de Büchner,

agitando com uma espátula até verificar uma coloração mais clara do filtrado (incolor –

lavagem bastante eficiente).

7. Pesar um recipiente (cadinho ou vidro de relógio) e colocar com o auxílio de uma espátula

o resíduo presente no funil de Büchner. Se o funil de Büchner não tiver leito poroso, fazer

uma pesagem prévia do papel de filtro que irá conter o resíduo, antes de efetuar a

filtração por vácuo. Pesar também um recorte de folha de alumínio. Neste caso, a massa

do recipiente vai ser o peso do papel de filtro mais o da folha de alumínio.

8. Secar o resíduo numa estufa a 100ºC até ao dia seguinte. No caso do resíduo se

encontrar num papel de filtro, colocar o recorte de folha de alumínio por baixo deste, e

de seguida levar à estufa.

9. Remover o filtrado contido no kitasato e lavar todo o material utilizado no ensaio

laboratorial, recorrendo para isso a etanol e/ou acetona, água, escovilhões e/ou

esfregões.

10. No dia seguinte retirar o resíduo seco da estufa e efetuar a respetiva pesagem.

11. Obter o rendimento de bio-óleo através das seguintes expressões:

𝑚𝑟𝑒𝑠í𝑑𝑢𝑜 𝑠𝑒𝑐𝑜 = 𝑚𝑟𝑒𝑠í𝑑𝑢𝑜 𝑠𝑒𝑐𝑜+𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 − 𝑚𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 Equação 10

𝑅𝑒𝑛𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑠𝑒𝑐𝑎− 𝑚𝑟𝑒𝑠í𝑑𝑢𝑜 𝑠𝑒𝑐𝑜

𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑠𝑒𝑐𝑎× 100 Equação 11

Onde,

𝑚𝑟𝑒𝑠í𝑑𝑢𝑜 𝑠𝑒𝑐𝑜 – Massa de resíduo seco (g);

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54

𝑚𝑟𝑒𝑠í𝑑𝑢𝑜 𝑠𝑒𝑐𝑜+𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 – Massa do recipiente com o resíduo seco (g);

𝑅𝑒𝑛𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 – Percentagem de conversão de biomassa seca em bio-óleo (%).

O rendimento calculado pela Equação 11 encontra-se presente em diversos artigos

científicos22,25,29,32,40, mas este não entra em linha de conta com a quantidade de matéria

inorgânica inicial (cinzas). Assim, para elevadas quantidades de cinzas, o rendimento pode ser

corrigido pela aplicação da Equação 12:

𝑅𝑒𝑛𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜 = (𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑠𝑒𝑐𝑎−𝑚𝑐𝑖𝑛𝑧𝑎𝑠)−(𝑚𝑟𝑒𝑠í𝑑𝑢𝑜 𝑠𝑒𝑐𝑜−𝑚𝑐𝑖𝑛𝑧𝑎𝑠)

𝑚𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑠𝑒𝑐𝑎−𝑚𝑐𝑖𝑛𝑧𝑎𝑠× 100 Equação 12

Onde,

𝑚𝑐𝑖𝑛𝑧𝑎𝑠 – Massa de cinzas ou de matéria inorgânica;

𝑅𝑒𝑛𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜 - Percentagem de conversão de biomassa seca em bio-

-óleo, descontando as cinzas (%).

Resultados Experimentais

Análise da Influência das Condições Operatórias

Nos ensaios laboratoriais levados a cabo, foram testados diversos tipos de condições

operatórias que podem ter influência no rendimento e no funcionamento da instalação piloto

semi-industrial. Contudo, existem outras variáveis que se mantiveram praticamente inalteradas

em todos os ensaios por serem as normalmente utilizadas na instalação piloto, tais como:

20% de biomassa;

Temperatura reacional de 160ºC e 90 min de reação;

3% de catalisador;

Mesmos solventes (DEG e 2EH) e catalisador.

Influência do Swelling

Como descrito anteriormente, efetuou-se o swelling a quente de estilha de pinho para

simular as condições no parafuso da instalação piloto, tendo sido efetuados ensaios para

diferentes tempos (30, 90, 720 min), comparando também com um ensaio sem swelling.

Figura 4.3 – Efeito do tempo de swelling a quente na conversão de estilha de pinho com

proporção DEG:2EH de 1:3.

55

57

59

61

63

65

67

0 200 400 600

Ren

dim

en

to d

a

Liq

uefa

ção

(%

)

Tempo (min)

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55

Na Figura 4.3 observa-se que o tempo de swelling a quente influencia o rendimento da

reação, sendo que não existem grandes melhorias a partir dos 30 minutos, sendo este

considerado o tempo ótimo de swelling.

Influência da Granulometria

Na instalação piloto semi-industrial, os resíduos alimentados à tremonha não devem

exceder os 30 mm de granulometria. Posto isto, foram testados diferentes tamanhos de biomassa

(Figura 4.4), de forma a saber se a granulometria pode afetar o rendimento da liquefação.

Figura 4.4 – Estilha de pinho. Granulometria (da esquerda para a direita): grossa, média e fina.

Figura 4.5 – Efeito da granulometria na conversão de estilha de pinho, sem swelling e com

proporção DEG:2EH de 1:3.

Pode-se comprovar pela Figura 4.5 que existe uma diferença significativa entre baixas e

altas granulometrias, sendo de evitar a estas condições o uso de finos, pelo que o baixo

rendimento pode-se dever à presença de material inorgânico (areia). Tanto a estilha média como

a grossa têm rendimentos semelhantes, sendo que a média pode ser uma melhor opção, pois

sendo pouco provável a necessidade de moagem é assim mais fácil a sua alimentação.

Influência da Humidade

Em virtude das diferentes condições atmosféricas ao longo do ano, a humidade presente

na biomassa sofre alterações. Foram feitos ensaios para estilha de pinho seca (0%), humidade

nas suas condições atuais (18%) e para 40% de humidade, de forma a simular condições de

Inverno.

44

46

48

50

52

54

56

58

60

Fina Média Grossa

Ren

dim

en

to d

a

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uefa

ção

(%

)

Tamanho

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56

Figura 4.6 – Efeito da humidade na conversão de estilha de pinho, sem swelling e com

proporção DEG:2EH de 1:3.

Como se pode ver pela Figura 4.6, a biomassa com 0% de humidade é a que apresenta

melhores rendimentos, sendo também a que necessita de menos tempo de aquecimento (40

minutos) até atingir a temperatura alvo, sendo mais de uma hora nos restantes ensaios.

Ensaios com Otimização das Condições Operatórias

Foram efetuados dois ensaios tendo em conta as condições experimentais daqueles com

melhores rendimentos registados até aqui: estilha de pinho com granulometria normal, 0% de

humidade e 30 minutos de swelling a quente. Variou-se apenas as proporções entre os solventes

utilizados.

Figura 4.7 – Ensaios com otimização das condições operatórias

A Figura 4.7 demonstra que as combinações dos melhores ensaios produzem

rendimentos superiores, sendo semelhantes entre as proporções de solventes utilizadas (72 e

70%). É de referir a maior viscosidade do bio-óleo quando se utiliza a proporção 3:1,

apresentando este uma densidade de 0,94 g/mL, enquanto a proporção 1:3 apresenta 0,81 g/mL.

Este facto encontra-se relacionado com a quantidade de DEG utilizada, pois tratando-se de um

poliálcool, pode dar origem a uma maior quantidade de compostos de elevado peso molecular

(maior densidade) se este solvente estiver presente em grande quantidade na mistura reacional.

50

52

54

56

58

60

62

64

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70

0 10 20 30 40

Ren

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(%

)

Humidade (%)

65

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71

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75

1:3 3:1

Ren

dim

en

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a

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uefa

ção

(%

)

Proporção DEG:2EH

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57

Pré-tratamento com Solução de Al2(SO4)3

Foram efetuados alguns ensaios utilizando como pré-tratamento uma solução de

Al2(SO4)3, usando estilha de pinho como biomassa. Num primeiro ensaio utilizou-se uma

proporção 3:1 entre a solução e a biomassa, sendo os restantes feitos com 10% (m/m).

Figura 4.8 – Efeito do tempo de pré-tratamento, com posterior swelling de 30 minutos.

No ensaio em que se efetuou pré-tratamento por 17 horas não se obteve qualquer

rendimento (sem liquefeito), sendo que nos restantes dois ensaios os rendimentos já foram

aceitáveis, sendo o melhor registado para a proporção DEG:2EH de 3:1 com uma conversão de

70%. De frisar a formação de alguma espuma no início da reação, bem como de alguma

carbonização nas paredes do reator. O condensado obtido apresenta 2 fases (Figura 4.9).

Figura 4.9 – Condensado obtido pelo pré-tratamento com solução de Al2(SO4)3 .

Com o intuito de verificar a funcionalidade do alumínio como catalisador, foram utilizadas

as condições de pré-tratamento com melhor rendimento (verificado na Figura 4.8) para a mesma

biomassa, mas com 0% de humidade, sendo a variável o tempo de reação.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

17 h (1:3) 15 min (1:3) 15 min (3:1)

Ren

dim

en

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ção

(%

)

Tempo de pré-tratamento e proporção DEG:2EH

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58

Figura 4.10 – Efeito do tempo reacional na conversão de estilha de pinho, utilizando pré-

tratamento.

Como se pode observar pela Figura 4.10, existe uma nítida oscilação entre os valores

obtidos, tendo sido obtidos melhores rendimentos para tempos reacionais mais baixos. A menor

conversão para tempos reacionais maiores pode ser explicada pela formação de um produto

sólido que deriva, provavelmente, da caramelização dos açúcares por exposição dos reagentes

reacionais durante largos períodos de tempo a temperaturas superiores a 120ºC e/ou também à

repolimerização de monómeros formados aquando da despolimerização. Nenhum dos ensaios

efetuados chega próximo do rendimento observado no ensaio com biomassa húmida (70%),

dando a entender que este tipo de pré-tratamento funciona melhor em condições de maior

humidade.

Dregs e Grits

O processo de obtenção de pasta de papel utilizando a madeira como matéria-prima

gera uma grande variedade de resíduos sólidos, sendo os grits e dregs dos mais importantes a

nível quantitativo e de impacto ambiental.106 Foram feitos alguns ensaios com estes tipos de

resíduos com 0% de humidade e com a que apresentam inicialmente.

Figura 4.11 – Efeito da humidade na conversão de dregs e grits, sem swelling e com proporção

DEG:2EH de 3:1.

45

47

49

51

53

55

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59

61

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0 20 40 60 80

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(%

)

Tempo (min)

0

2

4

6

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10

12

14

16

Dregs 0% Dregs 63% Grits 0% Grits 55%

Ren

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ção

(%

)

Humidade (%)

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59

Pela análise da Figura 4.11 verifica-se que os rendimentos são muito baixos, sendo

melhores com os resíduos em estado seco. Estas reduzidas conversões podem ser explicadas

pela pouca quantidade de matéria orgânica presente nestes resíduos, sendo constituídos

maioritariamente por sais como carbonatos, sulfatos, silicatos e outros minerais não-

reativos.106,107

Biomassa de Desmatamento

Este tipo de biomassa é proveniente da zona envolvente da pedreira de Pataias, sendo

composta por uma mistura de matéria vegetal contendo cascas de árvores, folhas, ramos, entre

outros. Foi analisada a influência da humidade (0% e a humidade do material (36%)), bem como

o pré-tratamento com solução de Al2(SO4)3.

Figura 4.12 – Efeito da humidade e do pré-tratamento na conversão de biomassa de

desmatamento sem swelling e com proporção DEG:2EH de 1:3.

Pela visualização da Figura 4.12 verifica-se que os rendimentos são mais baixos face

aos de estilha de pinho, podendo ser explicado pelo aumento do teor de lenhina neste tipo de

biomassa. Tal como visto em ensaios anteriores, a secagem da biomassa apresenta melhores

resultados, mas neste caso é superada pelo ensaio em que se efetuou pré-tratamento, realçando

assim a importância deste tipo de tratamento em biomassas com teores de humidade elevados.

Todos os ensaios realizados apresentam rendimentos um pouco mais baixos face ao

que seria expectável tendo em conta alguns ensaios previamente realizados.108 Fatores como a

inexistência de um controlador de temperatura (controlado de forma manual, provocando por

vezes maiores oscilações de aquecimento/arrefecimento em torno do valor ótimo) e agitação

ineficiente (agitação magnética é inferior à mecânica) podem contribuir para a oscilação e

decréscimo dos valores de conversão, considerando a agitação a principal limitação da

instalação piloto laboratorial.

Para além da realização de novos ensaios, um outro objetivo é fazer o scale-up para um

reator de 2 litros, fazendo ciclos reacionais com incrementos de biomassa de forma a ocupar o

máximo de volume útil do reator, tal como é o objetivo na instalação piloto semi-industrial.

0

10

20

30

40

50

60

0% 36% 36% com Pré-tratamento e swelling

Ren

dim

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ção

(%

)

Humidade (%)

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60

A aquisição de um controlador de temperatura, bem como de um agitador mecânico e

respetiva pá de agitação representam o próximo passo a ser dado para fazer o scale-up, bem

como para ajudar na obtenção de valores mais fiáveis à escala laboratorial e, com isto, serem

passíveis de reproduzir sem grandes desvios na instalação piloto semi-industrial.

Caracterização dos Liquefeitos e Resíduos

Face à capacidade do LQLO de realizar métodos de ensaio para diversos tipos de

materiais (incluindo hidrocarbonetos líquidos e biomassas), foram pedidas diversas solicitações

de ensaio para as biomassas, liquefeitos e resíduos obtidos nos ensaios laboratoriais. São

apresentados na Tabela 4.1 alguns dos resultados obtidos utilizando estilha de pinho.

Figura 4.13 – Resíduo obtido após liquefação. Figura 4.14 – Liquefeito de estilha de pinho.

Tabela 4.1 – Caracterização da biomassa (estilha de pinho), liquefeito e seu resíduo.

Propriedade Método de Ensaio Unidade Biomassa Liquefeito* Resíduo

Humidade total CEN/TS 15414-2:2010 % (m/m) 31,1 - 3,3

Teor em água ASTM D 5530-15 % (m/m) - 3,1 -

Teor em cinza (s) EN 15403:2011 % (m/m) 1,1 - 2,2

Carbono EN 15407:2011

ASTM D 5291-10*

% (m/m) 51,1 62,29 62

Hidrogénio % (m/m) 6,2 11,35 5,7

Azoto % (m/m) <0,84(LQ) <1,70(LQ) <1,11(LQ)

Enxofre EN 15408:2011

ASTM D 5291-10* % (m/m) <0,07(LQ) 0,52 1,3

PCS (V,tq)* (V,s) EN 15400:2011 ASTM D 240-09*

J/g 22390 33690 28480

PCI (P,tq)* (V,s) J/g 21110 31280 27310

Como se pode verificar pela Tabela 4.1, o resíduo apresenta propriedades similares à

biomassa que lhe deu origem em termos de CHN e teor de cinzas, indicando que pode ainda ser

liquefeito mediante, talvez, de outro tipo de condições operatórias.

A caracterização do liquefeito foi obtida nas condições apresentadas na Figura 4.3

referente ao rendimento de 64%, sendo de realçar o seu baixo teor de água, contribuindo desta

forma para um aumento do conteúdo energético face ao material de origem.

*Utilizado para caracterização do liquefeito. Todos os ensaios estão fora do âmbito de acreditação.

(V,tq) – A volume constante e base tal e qual (P,tq) – A pressão constante e base tal e qual (V,s) - A volume constante e base seca (s) – Base seca (LQ) – Limite de quantificação

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61

Tanto o liquefeito como o resíduo apresentam teores de enxofre superiores à biomassa.

Este facto está diretamente relacionado com a utilização no meio reacional de um catalisador

que tem enxofre na sua constituição. Nos ensaios realizados com Al2(SO4)3 também é de esperar

um incremento desta propriedade.

Foram efetuadas outras caracterizações para outro tipo de liquefeitos tais como de

biomassa de desmatamento, grits, dregs, modificando diversas variáveis operatórias,

encontrando-se os seus resultados no capítulo Anexos, na Tabela 7.4. Foi também caracterizado

os resíduos destes liquefeitos, contudo não foi possível obter os seus resultados em tempo útil

de entrega desta tese.

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62

5. Conclusões

O objetivo deste trabalho consistiu na otimização e valorização de um biocombustível

produzido numa instalação piloto semi-industrial através da liquefação de resíduos, instalação

essa desenvolvida no âmbito do projeto Energreen.

Em virtude desta instalação piloto se encontrar parada há alguns meses não foi possível

efetuar melhorias ao seu funcionamento, estando previstas, neste período de inatividade,

diversas intervenções de forma a melhorar a qualidade do bio-óleo produzido, tornando-o menos

espesso, viscoso e com menor teor de sólidos que permita, entre outros, menos problemas de

entupimento, bombeamento e colmatação do filtro de partículas. De entre as alterações

salientam-se a mudança de agitador (helicoidal), aumento de potência de agitação e a disposição

das serpentinas no reator, sendo que irão ser feitos ensaios a breve prazo para avaliar o impacto

destas alterações, nomeadamente na qualidade do bio-óleo final.

Um dos aspetos pouco abordados no decurso deste projeto foi o licenciamento do bio-

óleo produzido, o que tornou impossível de poder ser testado e utilizado na linha industrial de

produção de clínquer branco, acabando por desvalorizar o produto. Em virtude deste facto, foi

feita uma análise da viabilidade de enquadramento normativo do bio-óleo noutros tipos de

combustíveis existentes no mercado, tendo sido comparadas as diversas especificações de entre

todos os combustíveis considerados.

A grande dificuldade em enquadrar o bio-óleo encontra-se deste não se englobar em

nenhum ponto da pauta aduaneira nem do Decreto-Lei nº 142-2010. Em termos de propriedades

físico-químicas, verifica-se que as principais limitações ao enquadramento normativo do bio-óleo

são parâmetros como a composição e o aspeto, presentes na maioria das normas analisadas.

Isto deve-se principalmente ao tipo de aplicação a que se destinam a maioria dos combustíveis,

sendo que, para aplicações similares (queima em fornos industriais) foram encontradas normas

que não apresentam qualquer parâmetro que seja um impedimento imediato ao enquadramento

como é o caso do fuelóleo (DL Nº142/2010) e do bio-óleo de pirólise (ASTM D 7544),

considerando-se estas como as principais alternativas à adequação do bio-óleo como

combustível.

Com o intuito de efetuar análises ao bio-óleo, foi feito um guia de caracterização para

todas as propriedades físicas requeridas pelas normas de enquadramento escolhidas, avaliando

a possibilidade de serem efetuados ensaios no LQLO a fim de minimizar custos. No caso da

norma ASTM D 7544, os ensaios de poder calorífico e teor de água podem ser realizados no

LQLO, sendo que a análise de propriedades como a densidade, viscosidade, teor de cinzas,

sólidos e pH pode ser feita sem grandes dificuldades (equipamento fácil de obter e/ou execução

simples), tendo como única desvantagem estes ensaios não poderem ser acreditados.

Propriedades que requerem equipamento mais especializado como a determinação do ponto de

inflamação, ponto de escoamento e teor de enxofre é aconselhável efetuar em laboratório

externo. De realçar que, em virtude das distintas condições de produção (como diferentes

biomassas), irão ser obtidos bio-óleos com diferentes propriedades, sendo que a realização de

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um bom pré-tratamento (homogeneização e amostragem) antes de serem feitos os ensaios é

muito importante de forma a reduzir eventuais erros de análise.

Para a realização do enquadramento normativo é necessário cumprir com os limites de

especificação dos parâmetros requeridos pelas normas, recorrendo por isso a métodos de

ensaio. Para fins de legalização do bio-óleo, estes métodos de ensaio têm de ser realizados em

entidades competentes para os efetuar (entidades acreditadas), tendo sido feita uma pesquisa a

nível nacional com o intuito de averiguar a disponibilidade das diversas entidades laboratoriais

acreditadas de efetuarem os métodos de ensaio requeridos pelas normas ASTM D 7544 e

fuelóleo (DL Nº142/2010).

Em relação à norma ASTM D 7544 não existe em Portugal nenhuma entidade acreditada

que realize o ensaio relativamente à determinação do teor de sólidos suspensos, sendo explicado

pelo facto do seu método de ensaio ter sido exclusivamente elaborado para esta norma que,

tratando-se de uma norma americana e relativamente recente, ainda não existe uma norma

equivalente europeia, estando previsto para 2017 o aparecimento do primeiro documento

normativo europeu. As especificações relativas ao fuelóleo podem ser todas obtidas em diversas

entidades espalhadas pelo país, sendo que a única que realiza na totalidade todos os ensaios

acreditados é a Petrogal nos seus laboratórios Galp de Lubrificantes e da refinaria de Sines.

Posto isto, neste momento o fuelóleo é o único combustível adequado para o qual se pode

efetuar um enquadramento acreditado a nível nacional, tendo em vista a legalização do bio-óleo

como combustível.

Foram efetuados em laboratório externo algumas análises a bio-óleo obtido a partir de

cortiça e de CDR com vista ao seu enquadramento nas normas EN 590 (gasóleo), EN 14214

(FAME) e Decreto-Lei Nº142/2010 (fuelóleo nº4 BTE). Tal como previsto anteriormente, foi

verificado um melhor enquadramento dos bio-óleos na norma do fuelóleo nº4 BTE (menos

parâmetros fora de especificação face às outras normas analisadas) e, mesmo que ainda não

cumpra com alguns parâmetros como teor de água, cinzas e sedimento total, é de esperar que

estes parâmetros se possam enquadrar futuramente em virtude das várias alterações feitas na

instalação piloto semi-industrial.

Como alternativa ao enquadramento normativo do bio-óleo existe o modelo de economia

circular. Trata-se de um modelo de desenvolvimento económico bastante ambicioso, mas que

para ser implementado de forma eficiente são necessárias diversas mudanças ao nível de vários

setores das sociedades, sendo que pode servir de incentivo o facto de a CE ter adotado

recentemente um pacote de medidas para estimular a Europa para uma economia circular. Este

tipo de incentivos pode ajudar num futuro próximo produtos inovadores produzidos a partir de

resíduos de outras indústrias (como o bio-óleo) de entrar mais facilmente no mercado como

novos produtos, não necessitando assim de qualquer tipo de enquadramento normativo.

Foi efetuada uma operação de montagem laboratorial de liquefação, tendo sido

efetuados diversos ensaios com o objetivo de servir de apoio às atividades de arranque e

otimização do processo industrial. Em termos de influência das condições operatórias do

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processo de liquefação conclui-se que biomassas como a estilha de pinho que estejam secas,

pouco moídas e se forem submetidas a 30 minutos de swelling a quente favorece o rendimento

da liquefação. A conjugação de todas estas condições resultou nos melhores rendimentos

registados, sendo de 72% utilizando a proporção 1:3 entre DEG e 2EH, e de 70% usando a

proporção inversa.

Para além da estilha de pinho, utilizou-se outros tipos de resíduos tais como dregs e grits

provenientes da indústria da pasta e do papel (Portucel), apresentando rendimentos muito

reduzidos (entre 7 e 12%). Estas baixas conversões são justificadas pelo facto deste tipo de

resíduos apresentarem baixos teores de matéria orgânica. O último tipo de biomassa testado foi

a de desmatação, proveniente da vegetação em redor da pedreira de Pataias, apresentando

rendimentos mais baixos face à estilha de pinho, o que pode ser explicado pela sua maior

composição em termos de lenhina, necessitando, pelo menos, de temperaturas mais elevadas

para provocar a sua liquefação.

Por último, foi efetuado um tratamento pioneiro com uma solução de Al2(SO4)3, tendo

sido verificados melhores rendimentos nos ensaios onde a biomassa se encontra húmida, sendo

de salientar o rendimento obtido com a biomassa de desmatamento (55%), que foi o melhor

obtido para este tipo de biomassa. Este facto demonstra o porquê deste composto ter sido

proposto para este processo, pois atua como absorvente de humidade, podendo simular em

parte as condições de swelling, facilitando desta forma todo o restante processo reacional. Foi

testada também a sua capacidade como catalisador, nomeadamente do alumínio, utilizando

biomassa seca e diferentes tempos de reação, tendo sido obtido o melhor rendimento para 30

minutos de reação (63%).

Trabalho Futuro

Existem diversos caminhos e aspetos que podem ser melhorados de forma a maximizar

todo o potencial da instalação piloto semi-industrial, nomeadamente:

Dar início aos ensaios na instalação piloto semi-industrial, fazendo a otimização in situ.

Aquisição de equipamento laboratorial com vista à melhoria dos rendimentos.

Explorar a utilização do Al2(SO4)3 não só como agente de secagem, mas também como

catalisador.

Fazer o scale-up a nível laboratorial para assemelhar às condições industriais

Fazer o enquadramento do bio-óleo industrial na norma ASTM D 7544-12.

Upgrade da instalação piloto semi-industrial, que permita a extração de compostos do

bio-óleo com valor acrescentado – Projeto AlfaGreen.

Mesmo fazendo todas as otimizações possíveis, é fulcral para melhorar o licenciamento

que o CEN elabore ou modifique alguma norma para que inclua o bio-óleo de liquefação como

biocombustível a ser utilizado para queima, tal como acontece com o bio-óleo de pirólise.

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73

[99] – ASTM D 2622. 2016. Standard Test Method for Sulfur in Petroleum Products by Wavelength

Dispersive X-ray Fluorescence Spectrometry. Easton, MD: American Society for Testing and

Materials.

[100] - ASTM D 95. 2013. Standard Test Method for Water in Petroleum Products and Bituminous

Materials by Distillation. Easton, MD: American Society for Testing and Materials.

[101] – ISO 10307-1. 2013. Petroleum products – Total sediment in residual fuel oils – Part 1:

Determination by hot filtration. Geneva, Switzerland: International Organization for

Standardization.

[102] – http://www.ipac.pt, consultado pela última vez no dia 3 de Julho de 2016.

[103] – http://europa.eu/rapid/press-release_MEMO-15-6204_pt.htm, consultado pela última vez

no dia 3 de Julho de 2016.

[104] – http://www.lipor.pt/pt/residuos-conceitos-fundamentais/economia-circular-conceito-e-

beneficio/, consultado pela última vez no dia 3 de Julho de 2016.

[105] – Alcoforado, F. (2015) A Economia Circular Para Evitar a Exaustão dos Recursos Naturais

do Planeta Terra, 2005, [online] Disponível em: http://www.academia.edu/12454308/

A_ECONOMIA_CIRCULAR_PARA_EVITAR_A_EXAUST%C3%83O_DOS_RECURSOS_NAT

URAIS_DO_PLANETA_TERRA, consultado pela última vez no dia 3 de Julho de 2016.

[106] – Burton, Philip Joseph. Towards Sustainable Management of the Boreal Forest. Council

Canada, W. L. Adamowicz. 2003 ISBN: 0660187620.

[107] – Matos, Fátima. Valorização de dregs – Incorporação em cimento Portland. Curso de

Formação Especializada em Gestão ambiental, Materiais e Valorização de Resíduos.

Universidade de Aveiro. 2004.

[108] – CMP e IST. Projeto em Co-promoção (ENERGREEN) – Relatório Técnico Final. Setembro

de 2015.

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74

7. Anexos

Normas de Combustíveis Fósseis

Tabela 7.1 - Norma nacional de especificação do GPL.54

Propriedade Unidade

Gases de Petróleo Liquefeitos Métodos de Ensaio

Propano Butano

Massa Volúmica a 15ºC kg/m3 A relatar A relatar EN ISO 3993 / 8973

Composição: C2 C3 C4 C5

Insaturados Totais Dienos Totais (incluindo

1,3-butadieno

% (molar)

5 máx. 92min. 5 máx.

0,1 máx. 25máx. 0,5 máx

- 15 máx. 85 min. 3 máx. 25 máx. 0,5 máx.

EN 27941 / ISO 7941

Resíduo de Evaporação % (v/v) 0,05 máx 0,05 máx. ASTM D 2158

Tensão de Vapor a 40ºC

kPa 1550 máx 520 máx EN ISO 426 / 8973 / anexo C da EN 589

Sulfureto de Hidrogénio - Negativo Negativo EN ISO 8819

Enxofre de Mercaptanos

ou Etilmercaptano

mg/kg

ppm

6 min.

12 min.

6 min.

12min.

NP 4188 / IP 272

ASTM D 5305

Teor de Enxofre Total (após odorização)

mg/kg 50 máx. 50 máx. EN 24260 /

ASTM D 6667 / ASTM D 3246

Corrosão da Lâmina de Cobre (1h a 40ºC)

Classificação Classe 1 Classe 1 EN ISO 6251

Amoníaco ppmv 1 máx. 1 máx. Tubos de absorção

Água Separada ou em Suspensão

- Isento Isento Inspeção visual

Água Dissolvida - Passa no

ensaio Não

aplicável ASTM D 2713

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Tabela 7.2 - Norma nacional de especificação do GPL carburante.54

Propriedade Unidade Limites

Métodos de Ensaio Mínimo Máximo

Índice de Octano «Motor» (MON)

- 89,0 - EN 589, anexo B

Insaturados Totais Dienos Totais (incluindo

1,3-butadieno) % (molar)

- -

25 0,5 EN 27941 / ISO 7941

Resíduo de Evaporação mg/kg - 60 EN 15470 / EN 15471

Tensão de Vapor Relativa a 40ºC

kPa 1550 EN ISO 426 / 8973 / Anexo C da EN 589

Sulfureto de Hidrogénio - Negativo EN ISO 8819

Enxofre de Mercaptanos

ou Etilmercaptano

mg/kg

ppm

6

12

- -

NP 4188 / IP 272

ASTM D 5305

Teor de Enxofre Total (após odorização)

mg/kg - 50 EN 24260 / ASTM D 6667/

ASTM D 3246

Corrosão da Lâmina de Cobre (1h a 40ºC)

Classificação Classe 1 EN ISO 6251

Amoníaco ppmv - 1 Tubos de absorção

Água Separada ou em Suspensão

- Isento Inspeção visual

Água Dissolvida - Passa no ensaio ASTM D 2713

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Tabela 7.3 - Norma nacional de especificação das gasolinas.54

Propriedade Unidade

Euro super Super plus Métodos de

Ensaio Limites Mínimo Máximo

Limites Mínimo Máximo

Aspeto - Claro e límpido Claro e límpido Inspeção visual

Cor - Violeta Azul Inspeção visual

Massa Volúmica a

15 °C kg/m3 720 775 720 775

EN ISO 3675 / 12185

RON, min - 95 - 98 - EN ISO 5164

MON, min - 85 - 87 - EN ISO 5163 Tensão de

vapor: - de 1 de Maio a 30 de Setembro - meses de Outubro e Abril - de 1 de Novembro a 31 de Março

kPa

45,0

45,0

60,0

60,0

90,0

90,0

45,0

45,0

60,0

60,0

90,0

90,0

EN 13016-1

Destilação: - Evaporado a 70ºC - de 1 de Maio a 30 de Setembro - Meses de Outubro e Abril - de 1 de Novembro a 31 de Março - Evaporado a 100ºC - Evaporado a 150ºC - Ponto Final - Resíduo

% (v/v)

% (v/v)

% (v/v)

% (v/v)

% (v/v)

% (v/v)

°C % (v/v)

20,0

20,0

22,0

46,0

75,0 - -

48,0

50,0

50,0

71,0 -

210 2

20,0

20,0

22,0

46,0

75,0 - -

48,0

50,0

50,0

71,0 -

210 2

EN ISO 3405

Análise de Hidrocarbonetos: - Olefinas - Aromáticos - Benzeno

% (v/v) % (v/v) % (v/v)

- - -

18,0 35,0 1,0

- - -

18,0 35,0 1,0

EN ISO 22854 / EN 15553 /

14517

EN 12177 / 238

/ 14517 / EN ISO 22854

Teor de

Oxigénio

% (m/m) - 2,7 - 3,7

EN 1601 /

13132 / 14517 /

EN ISO 22854

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Propriedade Unidade

Euro super Super plus Métodos de

Ensaio Limites

Mínimo Máximo Limites

Mínimo Máximo

Compostos Oxigenados: -Metanol, devem ser adicionados agentes estabilizadores - Etanol, podem ser necessários agentes estabilizadores - Álcool isopropílico - Álcool Terbutílico - Álcool Isobutílico - Éteres com 5 ou mais átomos de Carbono por molécula Outros Compostos Oxigenados

% (v/v)

% (v/v)

% (v/v)

% (v/v)

% (v/v)

% (v/v)

% (v/v)

- - - - - - -

3,0

5,0

12,0

15,0

15,0

22,0

15,0

- - - - - - -

3,0

5,0

12,0

15,0

15,0

22,0

15,0

EN 1601 / 13132 / 14517 / EN ISO 22854

Teor de Enxofre

mg/kg - 10,0 - 10,0 EN ISO 20846 /

20884

Teor de Chumbo

g/l - 0,005 - 0,005 EN 237

Estabilidade à Oxidação

min 360 - 360 - EN ISO 7536

Gomas Existentes

(lavadas com solvente)

mg/100ml - 5 - 5 EN ISO 6246

Corrosão da Lâmina de

Cobre (3h a 50ºC)

Classificação Classe 1 Classe 1 EN ISO 2160

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Tabela 7.4 - Norma nacional de especificação dos petróleos.54

Propriedade Unidade Petróleos

Métodos de Ensaio Iluminação Carburante

Aspeto - Límpido, isento de água

separada e de matérias em suspensão

Visual

Massa Volúmica a 15ºC kg/m3 A relatar A relatar EN ISO 3675 /

12185 / ASTM D 4052

Ponto de Inflamação, min. °C 40 30 ASTM D 3828 / EN

ISO 13736 / IP 170

Corrosão da Lâmina de Cobre (3h a 50ºC)

Classificação Classe 1 Classe 11 EN ISO 2160 / ASTM D 130

Teor de Enxofre, máx. % (m/m) 0,15 0,15 EN ISO 8754 / ASTM D 2622

Destilação: Evaporado a 150ºC, máx. Evaporado a 250ºC, min. Evaporado a 280ºC, min.

Ponto Final, máx.

% (v/v) % (v/v) % (v/v)

°C

10 -

90 300

10 90 -

300

EN ISO 3405 / ASTM D 86

Ponto de Fumo, min. - 25 - ISO 3014 /

ASTM D 1322

Índice de Octano (MON), min.

- - 50 EN ISO 5163

Corante e Marcador

Nº 3 da Portaria nᵒ 1509/2002, de 17 de Dezembro, com a redação dada pela Portaria nº 463/2004, 4 de Maio, que

considera a Decisão nº 2003/900/CE, de 17 de Dezembro, substituída pela Decisão 2006/428/CE.

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Tabela 7.5 - Norma nacional de especificação dos gasóleos.54

Propriedade Unidade Limites Métodos de

Ensaio Mínimo Máximo

Índice de Cetano - 51,0 - EN ISO 5165 /

EN 15195

Índice de Cetano Calculado - 46,0 - EN ISO 4264

Massa Volúmica a 15ºC kg/m3 820,0 845,0 EN ISO 3675 / EN ISO 12185

Viscosidade a 40ºC mm2/s 2,0 4,50 EN ISO 3104

Destilação: - Recuperado a 250ºC - Recuperado a 350ºC - 95% de Recuperado

% (v/v) % (v/v)

°C

-

85 -

65 -

360,0

EN ISO 3405

Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos

% (m/m) - 8,0 EN 12916

Teor de enxofre mg/kg - 10,0 EN ISO 20846 /

20884 Temperatura Limite de Filtrabilidade

De 1 de Abril a 14 de Outubro De 1 de Março a 31 de Março e de 15 de Outubro a 30 de Novembro

De 1 de Dezembro a 28/29 de Fevereiro

°C °C

°C

- - -

0 -5

-10

EN 116

Ponto de Inflamação °C 55 - EN ISO 2719

Resíduo Carbonoso (no resíduo 10% da destilação)

% (m/m) - 0,30 EN ISO 10370

Teor de Cinzas % (m/m) - 0,01 EN ISO 6245

Teor de Água mg/kg - 200 EN ISO 12937

Contaminação Total mg/kg - 24 EN 12662

Corrosão da Lâmina de Cobre (3h a 50ºC)

Classificação Classe 1 EN ISO 2160

Estabilidade à Oxidação g/m3

h

- 20

25 -

EN ISO 12205 / EN 15751

Lubrificidade-diâmetro Corrigido da Marca de Desgaste (dmd 1,4) a 60ºC

µm - 460 ISO 12156-1

FAME % (v/v) - 7,0 EN 14078

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Tabela 7.6 - Norma nacional de especificação do gasóleo de aquecimento.54

Propriedade Unidade Limites

Métodos de Ensaio Mínimo Máximo

Massa Volúmica a 15ºC kg/m3 - 900 ASTM D 4052 / EN ISO 3675 /

12185

Viscosidade a 40ºC mm2/s - 7 ASTM D 445 / EN ISO 3104

Destilação: 65% em volume 85% em volume 95% em volume

°C

250

- A relatar

- -

A relatar

ASTM D 86 / EN ISO 3405

Teor de Enxofre % (m/m) - 0,10 IP 336 / ASTM D

2622 / EN ISO 8754

Temperatura Limite de Filtrabilidade

°C - -6 IP 309 / EN 116

Ponto de Inflamação °C 60 - ASTM D 93 / EN ISO

2719

Ponto de Turvação °C - 4 ASTM D 2500 / 5772

/ 5773 / ISO 3015

Resíduo Carbonoso (no resíduo 10% da destilação)

% (m/m) - 0,35 ASTM D 4530 / EN ISO 10370

Água e Sedimentos % (v/v) - 0,1 ASTM D 2709

Corrosão da Lâmina de Cobre (3h a 50ºC)

Classificação Classe 2 ASTM D 130 / EN ISO 2160

Corante e Marcador

Nº 2 da Portaria nᵒ 1509/2002, de 17 de Dezembro, com a redação dada pela Portaria nᵒ 463/2004, de 4 de Maio,

que considera a Decisão nº 2003/900/CE, de 17 de Dezembro, substituída pela Decisão 2006/428/CE.

Tabela 7.7 – Norma nacional de especificação dos fuelóleos.48,54

Propriedade Unidade

Fuelóleo

Métodos de Ensaio N.º3

N.º4 ATE

N.º4 BTE

Massa Volúmica a 15ºC, máx.

kg/m3 A relatar A relatar A relatar

EN ISO 3675 / 12185 / ASTM D 1298 / IP 160 /

DIN 51757H / JIS K 2249H / AFNOR T60-101

Viscosidade a 100ºC, máx.

mm2/s 17 40 40 EN ISO 3104 / ASTM D 445 /

IP 71-1 / DIN 51562 / JIS K 2283 / AFNOR T60-100

Ponto de Inflamação,

min. °C 60 65 65

EN ISO 2719 / ASTM D 93 / IP 34 / DIN 51758 /

JIS K 2265 / AFNOR M07-019

Teor de Água, máx.

% (v/v) 0,8 1,0 1,0 ISO 3733 / ASTM D 95 / IP 74

/ DIN 51582 / JIS K 2275 / AFNOR T60-113

Sedimento Total, máx.

% (m/m) 0,20 0,25 0,25 ISO 10307-1 / ASTM D 4870 /

IP 375

Teor de Enxofre, máx.

% (m/m) 1,0 3,0 1,0 EN ISO 8754 / ASTM D 2622 / DIN 51400T6 / JIS K 2541

Teor de Cinzas, máx.

% (m/m) 0,15 0,20 0,20 EN ISO 6245 / ASTM D 482 /

IP 4 / JIS K 2272 / AFNOR M07-045

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Tabela 7.8 - Especificações de combustível para turbinas de gás.66

Propriedade Classe Métodos de

Ensaio Nº 0-GT Nº 1-GT Nº 2-GT Nº 3-GT Nº 4-GT

Ponto de Inflamação

°C, min 38 38 55 66 ASTM D 93

Água e Sedimentos %(v/v), máx

0,05 -

0,05 -

0,05 -

- 1,0

- 1,0

ASTM D 2709 ASTM D 1796

Temperatura de Destilação °C 90% volume recuperado

min máx

- -

-

288

282 338

- -

- -

ASTM D 86

Viscosidade Cinemática

mm2/s A 40ºC min

máx A 100ºC máx

1,3 2,4 -

1,9 4,1 -

5,5 -

50,0

5,5 -

50,0

ASTM D 445

Resíduo de Carbono em 10%

de resíduo de destilação

% (m/m), máx

0,15 0,15 0,35 - - ASTM D 524

Cinzas % (m/m) máx

0,01 0,01 0,01 0,03 - ASTM D 482

Densidade a 15ºC kg/dm3, máx

- 850 876 - - ASTM D 1298

Ponto de Escoamento

°C, máx - -18 -6 - - ASTM D 97

Nº 0-GT – Inclui nafta, Jet B e outros hidrocarbonetos líquidos voláteis.

Nº 1-GT – Destilados Leves, incluindo algumas frações gasosas.

Nº 2-GT – Destilados mais pesados que a classe Nº 1-GT. Similar ao fuelóleo Nº 2.

Nº 3-GT – Combustível residual que tem apresenta requisitos baixos de teor de cinzas.

Nº 4-GT – Similar à classe Nº 3-GT, mas sem restrições de cinzas.

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Tabela 7.9 – Especificações para combustíveis navais destilados.67

Propriedade Categoria ISO-F- Métodos de

Ensaio DMX DMA DMZ DMB

Viscosidade Cinemática a 40ºC, mm2/s

máx min

5,500 1,400

6,000 2,000

6,000 3,000

11,00 2,000

ISO 3104

Densidade a 15ºC kg/m3, máx

- 890,0 890,0 900,0 ISO 3675 /

12185

Índice de Cetano, min 45 40 40 35 ISO 4264

Enxofre % (m/m), máx

1,00 1,50 1,50 2,00 ISO 8754 /

14596

Ponto de Inflamação °C, min

43,0 60,0 60,0 60,0 ISO 2719

Sulfeto de Hidrogénio mg/kg, máx

2,00 2,00 2,00 2,00 IP 570

Número Ácido mgKOH/g, máx

0,5 0,5 0,5 0,5 ASTM D 664

Sedimento Total por filtração a quente

% (m/m), máx - - - 0,10 ISO 10307-1

Estabilidade Oxidativa g/m3, máx

25 25 25 25 ISO 12205

Resíduo de Carbono: micro método em 10% de

resíduo de destilação % (m/m), máx

0,30 0,30 0,30 - ISO 10370

Resíduo de Carbono: micro método % (m/m), máx

- - - 0,30 ISO 10370

Ponto de Fumo °C máx

-16 - - - ISO 3015

Ponto de Escoamento Qualidade de Inverno,

°C máx Qualidade de Verão,

°C máx

- -

-6 0

-6 0

0 6

ISO 3016

Aparência Claro e brilhante -

Água %(v/v), máx

- - - 0,30 ISO 3733

Cinzas % (m/m) máx

0,010 0,010 0,010 0,010 ISO 6245

Lubricidade, com diâmetro da marca de

desgaste corrigido a 60ºC µm, máx

520 520 520 520 ISO 12156-1

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Tabela 7.10 – Especificações para combustíveis navais residuais.67

Propriedade Unidade Limite

Categoria ISO-F- Métodos de

Ensaio RMA RMB RMD RME RMG RMK

10 30 80 180 180 380 500 700 380 500 700

Viscosidade Cinemática a 40ºC

mm2/s máx. 10,00 30,00 80,00 180,0 180,0 380,0 500,0 700,0 380,0 500,0 700,0 ISO 3104

Densidade a 15ºC kg/m3 máx. 920,0 960,0 975,0 991,0 991,0 1010,0 ISO 3675 / 12185

CCAI - máx. 850 860 860 860 870 870

Enxofre % (m/m) máx. Requisitos legais ISO 8754 / 14596

Ponto de Inflamação

°C min. 60,0 60,0 60,0 60,0 60,0 60,0 ISO 2719

Sulfeto de Hidrogénio

mg/kg máx. 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 IP 570

Número Ácido mgKOH/g máx. 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 ASTM D 664

Sedimento Total envelhecido

% (m/m) máx. 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 ISO 10307-2

Resíduo de Carbono:

micro método % (m/m) máx. 2,50 10,00 14,00 15,00 18,00 20,00 ISO 10370

Ponto de Escoamento

Qualidade de Inverno Qualidade de Verão

°C máx.

0 6

0 6

30 30

30 30

30 30

30 30

ISO 3016

Água %(v/v) máx. 0,30 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 ISO 3733

Cinzas % (m/m) máx. 0,040 0,070 0,070 0,070 0,100 0,150 ISO 6245

Vanádio mg/kg máx. 50 150 150 150 350 450 IP 501 / 470 /

ISO 14597

Sódio mg/kg máx. 50 100 100 50 100 100 IP 501 / 470

Alumínio mais silicone

mg/kg máx. 25 40 40 50 60 60 IP 501 / 470 /

ISO 10478

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84

Tabela 7.11 – Norma de especificação do Jet A-1.70

Propriedade Limites Métodos de Ensaio

IP ASTM

Aparência Aspeto visual Contaminação por partículas mg/L máx

Claro, brilhante e

visualmente livre de matéria sólida e água

não dissolvida à temperatura ambiente

do combustível

1,0

423

D 5452

Composição Acidez Total, mg KOH/g máx Aromáticos, % (v/v). máx ou Total de Aromáticos, % (v/v) máx Total de Enxofre, % (m/m) máx Mercaptano, % (m/m) máx ou Teste Médico

0,015 25,0 26,5 0,30

0,0030 Negativo

354 156 436 336 342 30

D 3242 D 1319 D 6379

D 1266 ou D 2622

D 3227

D 4952

Materiais Casuais Ésteres Metílicos de Ácidos Gordos (FAME), mg/kg máx

50

585 583 590 599

ASTM D 7797

Volatilidade Destilação Combustível Recuperado 10% (v/v) em °C máx Ponto Final, °C máx Resíduo, % (v/v) máx Perda, % (v/v) máx Ponto de Inflamação, °C min Densidade a 15°C, kg/m³

205,0 300,0

1,5 1,5 38,0

775,0 min a 840,0 máx

123

170 ou 523

160 ou 365

D 86

D 56 ou D 3828

D 1298 ou D 4052

Fluidez Ponto de Congelamento, °C máx

Viscosidade a -20°C, mm2/s (cSt) máx

- 47,0

8,0

16 ou

435 ou 528 ou 529

71

D 2386 ou

D 5972 ou D 7153 ou D 7154

D 445

Combustão Poder Calorífico, líquido, MJ/kg min Ponto de Fumo, mm min Ou Ponto de Fumo, mm min E Naftalenos, % vol. máx

42,80 25,0

19,0 3,00

12 ou 355

598

598

D 3338 ou D 4809

D 1322

D 1322 D 1840

Corrosão Corrosão, Tiras de Cobre, classificação (2 horas +/- 5 min. a 100°C +/- 1°C) máx

1

154

D 130

Estabilidade Estabilidade Térmica (JFTOT) Controlo de temperatura, °C min Diferencial de Pressão em Filtro, mm Hg máx Classificação de Deposição em Tubo (Visual)

260 25

Menos que 3,

Sem chamar a atenção ou sem depósitos de

cor anormais

323

D 3241

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85

Propriedade Limites Métodos de Ensaio

IP ASTM

Contaminantes Goma Existente, mg/100ml máx Micro-separómetro (MSEP), classificação Fuel com Aditivo Dissipador de Estática

min Ou

Fuel sem Aditivo Dissipador de Estática min

7

70

85

540

D 381

D 3948

Condutividade Condutividade Elétrica, pS/m

50 min a 600 máx

274 D 2624

Lubricidade Diâmetro de desgaste da cicatriz do BOCLE, mm máx

0,85

D 5001

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86

Normas de Biocombustíveis

Tabela 7.12 – Norma europeia de especificação do biodiesel (FAME) – EN 14214:2012.72

Propriedade Unidade Limites

Métodos de Ensaio Mínimo Máximo

Teor em Ésteres % (m/m) 96,5 - EN 14103

Densidade kg/m3 860 900 EN ISO 3675 / EN ISO 12185

Viscosidade mm2/s 3,5 5,0 EN ISO 3104

Ponto de Inflamação

°C >101 - EN ISO 2719

Teor de Enxofre mg/kg - 10 EN ISO 20846 / EN ISO 20884 / EN ISO 13032

Número de Cetano

- 51,0 - EN ISO 5165

Teor de Cinzas Sulfatadas

% (m/m) - 0,02 ISO 3987

Teor de Água mg/kg - 500 EN ISO 12937

Contaminação Total

mg/kg - 24 EN 12662

Corrosão da Banda de Cobre

Classificado Classe 1 Classe 1 EN ISO 2160

Estabilidade Oxidativa

Horas 8 - EN 14112

Valor Ácido mg KOH/g - 0,5 EN 14104

Valor de Iodo g Iod/100g - 120 EN 14111/ EN 16300

Éster Metílico do Ácido Linolénico

% (m/m) - 12 EN 14103

Polinsaturados (>=4 ligações

duplas) Metiléster % (m/m) - 1 EN 15779

Teor de Metanol % (m/m) - 0,2 EN 14110

Teor de Monoglicéridos

% (m/m) - 0,7 EN 14105

Teor de Diglicéridos

% (m/m) - 0,2 EN 14105

Teor de Triglicéridos

% (m/m) - 0,2 EN 14105

Glicerina Livre % (m/m) - 0,02 EN 14105 / EN 14106

Glicerina Total % (m/m) - 0,25 EN 14105

Metais do Grupo I (Na+K)

mg/kg - 5 EN 14108 / EN 14109 /

EN 14538

Metais do Grupo II (Ca+Mg)

mg/kg - 5 EN 14538

Teor de Fosfatos mg/kg - 4 EN 14107 / prEN 16294

Ponto de Fumo °C Depende do local e

estação EN 23015

Ponto de Congelamento

°C Depende do local e

estação EN 116

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87

Tabela 7.13 – Norma europeia de especificação do bioetanol – EN 15376:2014.74

Propriedade Unidade Limites

Métodos de Ensaio Mínimo Máximo

Etanol + Teor de Álcoois Muito Saturados

% (m/m) 98,7 - EN 15721

Teor de Monoálcoois Altamente Saturados(C3-C5)

% (m/m) - 2,0 EN 15721

Teor de Metanol % (m/m) - 1,0 EN 15721

Teor de Água % (m/m) - 0,300 EN 15489 / EN 15692

Acidez Total (expressa em ácido acético)

% (m/m) - 0,007 EN 15491

Condutividade Elétrica µS/cm - 2,5 EN 15938

Aparência - Limpo e incolor EN 15769

Teor de Cloro Inorgânico mg/kg - 1,5 EN 15492

Teor de Sulfatos mg/kg - 3,0 EN 15492

Teor de Cobre mg/kg - 0,100 EN 15488 / EN 15837

Teor de Fósforo mg/l - 0,15 EN 15487 / EN 15837

Teor de Material não Volátil mg/100 ml - 10 EN 15691

Teor de Enxofre mg/kg - 10 EN 15485/ EN 15486 /

EN 15837

Tabela 7.14 – Norma alemã de especificação do óleo vegetal de colza – DIN 51605:2010.76

Propriedade Unidade Limites

Métodos de Ensaio Mínimo Máximo

Inspeção Visual - Limpa, sem água

nem contaminantes visíveis

-

Densidade a 15 °C kg/m3 910,0 925,0 DIN EN ISO 3675 / 12185

Viscosidade a 40 °C mm2/s - 36,0 DIN EN ISO 3104

Poder Calorífico Inferior MJ/kg 36,0 - DIN 51900-1,-2,-3

Valor de Iodo g

Iod/100g - 125 DIN EN 14111

Valor de Acidez mg

KOH/g - 2,0 DIN EN 14104

Ponto de Inflamação °C 101 - DIN EN ISO 2719

Qualidade de Ignição (DCN)

- 40 - Análogo DIN EN 15195

Estabilidade Oxidativa a 110 °C

h 6,0 - DIN EN 14112

Contaminação Total mg/kg - 24 DIN EN 12662:1998-10

Teor de Enxofre mg/kg - 10 DIN EN ISO 20884 / 20846

Teor de Fósforo mg/kg - 3,0 DIN 51627-6

Teor de Ca mg/kg - 1,0 DIN 51627-6

Teor de Mg mg/kg - 1,0 DIN 51627-6

Teor de Água mg/kg - 750 DIN EN ISO 12937

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Entidades Acreditadas

Tabela 7.15 - Entidades acreditadas em diversas áreas de intervenção que realizam os mesmos

métodos de análise impostos pela norma.

Área de Intervenção

Entidade Acreditação e Sigla

Combustíveis, óleos e lubrificantes

PETRÓLEOS DE PORTUGAL - PETROGAL, SA - Laboratório GALP

de Lubrificantes L0037 - PETROGAL / LRM

SGS Portugal - Sociedade Geral de Superintendência, SA - SGS Multilab -

Laboratório de Ensaios

L0057 - SGS Portugal / SGS Multilab

PETRÓLEOS DE PORTUGAL - PETROGAL, SA - Laboratório GALP

de Lubrificantes

L0093 - PETROGAL / GALP Lubrificantes

PETRÓLEOS DE PORTUGAL - PETROGAL, SA - Laboratório da

Refinaria de Sines L0190 - PETROGAL / Sines

LABELEC - Estudos, Desenvolvimento e Atividades Laboratoriais, S.A. - edp

labelec - Laboratório de Materiais Isolantes

L0247 - LABELEC / LAB-MI

Amorim Cork Research, Lda. - Labcork L0248 - ACR / LBK

Repsol Portuguesa, SA - Laboratório L0282 - REPSOL / LAB

Companhia Logística de Combustíveis, S.A. - Laboratório

L0465 - CLC / LCLC

SECIL - Companhia Geral de Cal e Cimento, S.A. - Laboratório de

Qualidade do Outão L0556 - SECIL / LQLO

Efluentes líquidos

RAIZ - Instituto de Investigação da Floresta e Papel - Laboratório

L0017 – RAIZ – LAB

Navigator Pulp Setúbal, S.A. - Laboratório Central da Navigator Pulp

Setúbal

L0018 – PORTUCEL / SETÚBAL

AGQ Portugal, Lda. L0128 – AGQ

Solvay Portugal - Produtos Químicos, S.A. - Laboratório Solvay Portugal

L0602 - Solvay

Fertilizantes e fitofármacos

ADP Fertilizantes, S.A. - Laboratório da Unidade Fabril de Adubos de Alverca

L0058 - ADP / LUFAA

Químicos e produtos químicos

EIA - Eletrónica Industrial de Alverca, Lda. - Laboratório de Calibrações e

Ensaios L0331 - EIA / LCE

Resistência e reação ao fogo

Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial - Laboratório de Fumo e

Fogo

L0254 - INEGI / LFF

ITeCons - Instituto de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico para a

Construção, Energia, Ambiente e Sustentabilidade -

L0446 - IteCons

Laboratório Nacional de Engenharia Civil - Ensaios e Metrologia | Unidade

de Reação ao Fogo L0488 - LNEC / EM | URF

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Tabela 7.16 – Atribuição das entidades a cada propriedade imposta pela norma ASTM D 7544.

Propriedade Métodos de Ensaio

Aplicáveis Entidade (Acreditação e Sigla)

HHV ASTM D 240 / IP 12 /

ISO 1716/ DIN 51900 / AFNOR M07-030

L0190 - PETROGAL / Sines L0254 - INEGI – LFF

L0446 – IteCons L0488 - LNEC - EM | URF

L0556 SECIL/LQLO

Água ASTM E 203 / ISO 760 L0058 - ADP / LUFAA L0556 SECIL/LQLO

Viscosidade Cinemática a

40ºC

ASTM D 445 / IP 71-1 / ISO 3104 / DIN 51562 /

JIS K 2283 / AFNOR T60-100

L0037 - PETROGAL / LRM L0057 - SGS Portugal / SGS Multilab(Tipo A)

L0093 - PETROGAL / GALP Lubrificantes L0190 - PETROGAL / Sines L0247 - LABELEC / LAB-MI

L0331 - EIA / LCE

Densidade a 20ºC

ASTM D 4052 / IP 365 / ISO 12185 / DIN

51757D / JIS K 2249D / AFNOR T60-172

L0037 - PETROGAL / LRM L0057 - SGS Portugal / SGS Multilab(Tipo A)

L0093 - PETROGAL / GALP Lubrificantes L0190 - PETROGAL / Sines L0247 - LABELEC / LAB-MI

L0282 - REPSOL / LAB L0465 - CLC / LCLC

Teor de Sólidos ASTM D 7579 -

Teor de Enxofre ASTM D 4294 / IP 336 /

ISO 8754 / AFNOR M07-053

L0037 - PETROGAL / LRM L0057 - SGS Portugal / SGS Multilab(Tipo A)

L0190 - PETROGAL / Sines L0282 - REPSOL / LAB

Teor de Cinzas ASTM D 482 / IP 4 / ISO

6245 / JIS K 2272 / AFNOR M07-045

L0037 - PETROGAL / LRM L0093 - PETROGAL / GALP Lubrificantes

L0190 - PETROGAL / Sines

pH ASTM E 70-07

Alternativa: ISO 10523

L0248 - ACR / LBK L0465 - CLC / LCLC L0017 – RAIZ – LAB

L0018 – PORTUCEL – SETÚBAL L0128 – AGQ

L0282 - REPSOL / LAB L0602 - Solvay

Ponto de Inflamação

ASTM D 93B / IP 34 / ISO 2719 / DIN 51758 /

JIS K 2265 / AFNOR M07-019

L0037 - PETROGAL / LRM L0057 - SGS Portugal / SGS Multilab(Tipo A)

L0093 - PETROGAL / GALP Lubrificantes L0190 - PETROGAL / Sines L0247 - LABELEC / LAB-MI

L0282 - REPSOL / LAB L0465 - CLC / LCLC

Ponto de Escoamento

ASTM D 97 / IP 15 / ISO 3016 / DIN 51597 / JIS K 2269 / AFNOR T60-105

L0037 - PETROGAL / LRM L0093 - PETROGAL / GALP Lubrificantes

L0190 - PETROGAL / Sines L0247 - LABELEC / LAB-MI

L0282 - REPSOL / LAB

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Tabela 7.17 – Atribuição das entidades a cada propriedade imposta pelo DL Nº142/2010 para o fuelóleo.

Propriedade Métodos de Ensaio

Aplicáveis Entidades

Massa Volúmica a 15ºC

EN ISO 3675 / 12185 / ASTM D 1298

IP 160 / DIN 51757H / JIS K 2249H /

AFNOR T60-101

L0037 - PETROGAL / LRM L0057 - SGS Portugal / SGS Multilab(Tipo A)

L0093 - PETROGAL - GALP Lubrificantes L0190 - PETROGAL / Sines L0247 - LABELEC / LAB-MI

L0282 - REPSOL / LAB L0465 - CLC / LCLC

Viscosidade a 100ºC

EN ISO 3104 / ASTM D 445 / IP 71-1 /

DIN 51562 / JIS K 2283 / AFNOR T60-100

L0037 - PETROGAL / LRM L0057 - SGS Portugal / SGS Multilab(Tipo A)

L0093 - PETROGAL / GALP Lubrificantes L0190 - PETROGAL / Sines L0247 - LABELEC / LAB-MI

L0331 - EIA / LCE

Ponto de Inflamação

EN ISO 2719 / ASTM D 93 / IP 34 / DIN 51758 /

JIS K 2265 / AFNOR M07-019

L0037 - PETROGAL / LRM L0057 - SGS Portugal / SGS Multilab(Tipo A)

L0093 - PETROGAL / GALP Lubrificantes L0190 - PETROGAL / Sines L0247 - LABELEC / LAB-MI

L0282 - REPSOL / LAB L0465 - CLC / LCLC

Teor de Água ISO 3733 / ASTM D 95 / IP 74 / DIN 51582 / JIS K 2275 / AFNOR T60-113

L0037 - PETROGAL / LRM L0057 - SGS Portugal / SGS Multilab(Tipo A)

L0190 - PETROGAL / Sines

Sedimento Total ISO 10307-1 / ASTM D

4870 / IP 375 L0037 - PETROGAL / LRM L0190 - PETROGAL / Sines

Teor de Enxofre EN ISO 8754 / ASTM D

2622 / DIN 51400T6 / JIS K 2541

L0037 - PETROGAL / LRM L0057 - SGS Portugal / SGS Multilab(Tipo A)

L0190 - PETROGAL / Sines L0282 - REPSOL / LAB

Teor de Cinzas EN ISO 6245 / ASTM D 482 / IP 4 / JIS K 2272 /

AFNOR M07-045

L0037 - PETROGAL / LRM L0093 - PETROGAL / GALP Lubrificantes

L0190 - PETROGAL / Sines

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Caracterização de Amostras Laboratoriais

Tabela 7.18 – Caracterização de liquefeitos laboratoriais feita no LQLO.

Variáveis operatórias constantes:

Catalisador PTSO - 3% (m/m);

Temperatura de reação de 160ºC;

Tempo de reação de 90 minutos.

2 Todos os métodos de ensaio referentes à caracterização do liquefeito encontram-se expostos na Tabela 4.1, aplicando-se as respetivas notas. Todos os ensaios estão fora do âmbito de acreditação.

Variáveis Operatórias Caracterização do Liquefeito2

Biomassa Humidade

(%) Solventes

Tipo de Swelling

Pré-tratamento

(PT)

Tempo de PT

(minutos)

Teor (%) Poder Calorífico

(J/g)

Água Carbono Hidrogénio Azoto Enxofre Superior Inferior

Estilha de pinho

40 DEG:2EH

(1:3) 30 minutos a quente

- - 3,3 64,14 11,7 <1,56 <0,53 33440 30955

18 Solução de Al2(SO4)3

15 2,3 65,12 11,7 <1,64 <0,38 34130 31645

0

DEG:2EH (3:1)

- - 10 47,64 9,33 <1,75 0,61 22790 20810

18 Solução de Al2(SO4)3

15 4,1 51,04 9,26 <1,42 0,72 24520 22555

0

15 3,2 50,4 9,06 <1,37 0,71 25055 23130

Dregs

- - -

3,2 51 10,25 <1,18 0,61 26030 23855

Grits 1,5 49,6 10,15 <1,25 0,66 25355 23200

Desmatamento 0-36 3,4 50 9,56 <1,26 0,64 24495 22465