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Conto, canto e encanto com a minha história...

Espaço de Muitos Povos

Guarulhos

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ISBN 978-85-7673-122-1

1 – Antigo campo do Paulista Esporte Clube, atual Praça Getúlio Vargas; 2 – Atual Rua Capitão Gabriel;3 – Atual Rua 7 de Setembro; 4 – Atual Rua D. Pedro II; 5 – Atual Rua Felício Marcondes; 6 – Igreja Matriz;7 – EE Capistrano de Abreu; 8 – Atual Rua João Gonçalves; 9 – Cemitério São João Batista.

Centro de Guarulhos em 1940.

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D:\CIDADES\GUARULHOS\Capa final 2008\Capa Guarulhos elton2009.cdrterça-feira, 28 de abril de 2009 14:53:13

Perfil de cores: Perfil genérico de impressora CMYKComposição 175 lpi a 45 graus

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GUARULHOS � Espaço de Muitos PovosCopyright © 2008 by Noovha América

Editor Responsável

Nelson de Aquino Azevedo

Coordenador Editorial

Jefferson Pereira Galdino

Organizadores do Livro

Elton Soares de Oliveira, Maria Cláudia Vieira Fernandes, Gláucia Garcia de

Carvalho, Elmi El Hage Omar, Benedito Antônio Genofre Prézia, Sandra Emi

Sato, William de Queiroz, Márcio Roberto Magalhães de Andrade, Antônio

Manoel dos Santos Oliveira, Lúcia de Jesus Cardoso Oliveira Juliani, Edson

José de Barros, José Elmano de Medeiros Pinheiro, Caetano Juliani e Vagner

Carvalheiro Porto.

Diagramação, Tratamento de Imagens e Capa

Jefferson Pereira Galdino

Mapas

William de Queiroz – Laboratório de Geoprocessamento – UnG

Cesar Cunha Ferreira

Fotografias

Maria Cláudia Vieira Fernandes, Márcia Pinto, Alexandre de Paula,

Elton Soares de Oliveira, João Machado, Aparício Reis (Índio), José Maria Muniz

Ventura, Levi da Silva, acervo de Isabel Borazanian, Gláucia Garcia de Carvalho,

acervo da Casa de Cultura Paulo Pontes, Massami Kishi, acervo do Grupo

Literário Letra Viva, acervo da Prefeitura Municipal de Guarulhos e Arquivo

Histórico de Guarulhos.

Revisão

Arte da Palavra

Sirlene Francisco Barbosa

Agradecimentos

A todos que colaboraram com a cessão de dados e fotos para esta publicação,

especialmente a Maria Genaina de Almeida Reder, Terezinha Missawa

Camurça e Marco Raczka.

www.guarulhostemhistoria.com.br

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Guarulhos: espaço de muitos povos. – 2a ed. – São Paulo: Noovha América, 2008. – (Série conto, canto e encanto com a minha história...)

Vários organizadoresVários fotógrafos

BibliografiaISBN 978-85-7673-122-1

1. Guarulhos (SP) – História – Literatura infanto-juvenilI. Série.

08-11628 CDD-028.5

Índices para catálogo sistemático:1. Guarulhos: São Paulo: Estado: História:

Literatura infanto-juvenil 028.52. Guarulhos: São Paulo: Estado: História:

Literatura juvenil 028.5

2a Edição – 2008

Todos os direitos desta edição reservados à

Noovha América Editora Distribuidora de Livros Ltda.

Rua Monte Alegre, 351 – Perdizes

São Paulo/SP – CEP 05014-000

Telefax: (0xx11) 3675-5488

Site: www.noovhaamerica.com.br

E-mail: [email protected]

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Espaço de Muitos Povos � GUARULHOS

Este livro chega no momento em que os mora-

dores de Guarulhos anseiam por conhecer a histó-

ria local, preservar suas tradições culturais e cuidar

do meio ambiente.

Período ímpar na história, quando surgem falas

que reivindicam ações de fortalecimento da

autoestima das populações locais, em face ao fenô-

meno massificado da globalização.

Certamente, a divulgação da história, a promo-

ção da cultura e da educação, por exemplo, são fato-

res que fortalecem o reconhecimento das pessoas.

Ao resgatar o papel da história como elemento

identitário, esta publicação se reveste de grande

valor humanitário, prestando enormes serviços para

a educação e o aprendizado de nossas crianças, jo-

vens, adultos e para o município como um todo.

Lembramos que em 2010 Guarulhos fará 450

anos de sua fundação e os conteúdos desta publica-

ção, nas áreas de história natural, história social,

aspectos geográficos e culturais, serão de grande

valia para as reflexões no aniversário da cidade.

Com frequência, ouvimos dizer que o brasileiro

não tem memória e não valoriza a história.

Contrariando o senso comum, assumimos o

compromisso de resgatar e divulgar os fatos que nos

dizem respeito, oferecendo, especialmente às nos-

sas crianças e jovens, a oportunidade de se apropria-

rem do conhecimento histórico local.

Certamente, as ações que desenvolvemos hoje

serão o legado que deixaremos para as gerações vin-

douras.

Este trabalho traz consigo a mensagem de que

cada pessoa é responsável pela história e que está

em nossas mãos compreender o presente e o passado

e construir um mundo melhor.

Dedicamos este trabalho à memória de bravos

homens e mulheres que por aqui passaram, viveram

e ajudaram a construir o município de Guarulhos e

também para os que hoje dão continuidade a esse

trabalho e transformam Guarulhos em uma cidade

mais humana, lembrando que nosso cenário urbano

guarda o que temos de melhor: nossa gente, sua

cultura e sua história.

Prefeitura Municipal de Guarulhos

Secretaria Municipal de Educação

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Vista parcial do centro antigo e da Praça Getúlio Vargas, na década de 1950.

Praça Getúlio Vargas, Rua Felício Marcondes, em 2008.

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SumárioIntrodução .......................................................................................................................... 7

Capítulo 1 – Aspectos Físicos e Naturais ........................................................................................ 9

Capítulo 2 – Formação Socioeconômica ...................................................................................... 23

Capítulo 3 – Mudanças Políticas e Administrativas ..................................................................... 51

Capítulo 4 – Circuitos Turísticos – Patrimônios Culturais e Ambientais ............................... 57

Capítulo 5 – Guarulhos – Diversidade Cultural e Religiosa ..................................................... 85

Capítulo 6 – Retrospectiva Histórica ............................................................................................. 97

Capítulo 7 – Sistema de Transportes e Rodovias ......................................................................111

Capítulo 8 – Esporte e Lazer .........................................................................................................115

Capítulo 9 – Educação ....................................................................................................................117

Capítulo 10 – Símbolos Municipais ................................................................................................119

Capítulo 11 – Os Três Poderes ........................................................................................................121

Referências Bibliográficas ...................................................................................................................127

Antiga Igreja da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos –Rua D. Pedro II, igreja demolida no final da década de 1920.

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MINERAÇÃO DE OURO – INÍCIO DA EXPANSÃO URBANA DA CIDADE DE GUARULHOS

Fonte: Instituto Geográfico e Geológico – IGG/Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, 1950.

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uarulhos constituiu-se como aldeia indígena por volta de 1560, mas seu nome, suadata de fundação e até mesmo o nome do padre fundador são alvos de polêmica. Pesquisasiniciais apontavam os nomes dos padres João Álvares, Manuel de Paiva e Manuel Viegas comopossíveis fundadores. Em 1983, a Câmara Municipal votou a Lei no 2.789/83, oficializando onome do padre Manuel de Paiva como o fundador de Guarulhos.

A criação da aldeia de Nossa Senhora da Conceição, atual cidade de Guarulhos, esteve vincu-lada, desde o início, à Vila de São Paulo de Piratininga. A iniciativa dos colonizadores portugue-ses ao fundarem várias aldeias indígenas em São Paulo visava controlar o espaço para impedir apassagem dos espanhóis que rumavam, por terra, em direção às minas de ouro e prata de Potosí,na Bolívia, e também para a proteção contra os ataques dos indígenas Tamoio.

Em 1675, nas terras de São Paulo, a aldeia de Nossa Senhora da Conceição foi elevada àcondição de distrito; dez anos depois, em 8 de maio de 1685, passou à categoria de freguesia.Apenas em 24 de março de 1880 foi elevada à condição de vila, emancipando-se de São Paulo,ocasião na qual teve seu nome abreviado para Conceição de Guarulhos. A atual denominação,por sua vez, foi assumida em 6 de novembro de 1906, quando ganhou o estatuto de cidade.

Introdução

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Fundação de São Vicente. Obra de Benedito Calixto.

Aldeia de tapuias. Johann Moritz Rugendas.

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A origem do topônimo Guarulhos está intimamente relacionadaaos primitivos habitantes do território. Os Maromomi foram os pri-meiros povoadores do lugar; expulsos do litoral paulista pelos Tupi,chegaram à região por volta de 1400 da era cristã; eram nômades eviviam da caça, da pesca e da coleta de frutos. Os Maromomi perten-cem à família dos indígenas Puri e ao tronco linguístico Macro--Jê. Em contato com os colonizadores, foram escravizados e, apartir de 1640, passaram a ser chamados de Guarulhos. Entre1560 e 1623, Guarulhos era chamada de Nossa Senhora da Con-ceição dos Maromomi.

No ano em que Guarulhos completou 448 anos de funda-ção, foram observados pelo menos cinco aspectos para com-preender sua história: seu passado geológico; os primeiros ha-bitantes; os colonizadores portugueses; os imigrantes europeus,árabes e asiáticos e oêxodo rural brasileiro.Tudo isso somado nosfará entender a história dacidade, que muito tem arevelar. Além disso, tam-bém cruzaremos infor-mações sobre economiae globalização com osacontecimentos locais.

Este livro descorti-nará o véu sobre nossopassado e nos fará enten-der o nosso presente.Apresentará nossa cultu-ra e os costumes de nos-so povo, que muito seorgulha de ser o 13o mu-nicípio do País em núme-ro de habitantes e a pri-meira não capital noranking das 100 maiorescidades do Brasil.

Mapa com divisão doterritório brasileiro em

Capitanias Hereditárias.

Indígena Puri, aparentandoaos Maromomi. Ilustração de

Rugendas.

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Aspectos Físicos e Naturais

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RECURSOS NATURAISDa economia natural à exploração econômica comercial, a existência de recursos naturais é

essencial para a fixação de grupos humanos e para o estabelecimento de atividades produtivas ecomerciais. Guarulhos apresenta grandes faixas de terras de baixa qualidade para agricultura,porém possui muitas riquezas minerais em seu subsolo. Um estudo mineralógico da SecretariaEstadual de Agricultura de São Paulo indica a existência de ouro, pedras, areia, argila (ocre,amarela e vermelha), caolim, quartzito, granito, ardósia e argila refratária. Em sua parte de baixadasencontram-se as terras mais férteis para atividades agropastoris.

A história da cidade seria diferente se os recursos naturais fossem outros. Os seres humanos,em sua relação com o meio ambiente, constroem riquezas e desenvolvem habilidades a partir dadisponibilidade da natureza. Nesse sentido, Guarulhos é um espaço territorial privilegiado emrecursos naturais, fato que possibilitou a existência de quatro ciclos econômicos correspondentesao processo de povoamento e expansão territorial urbana.

Serra do Itaberaba – Pico do Gil, com 1.438 metros de altitude.

Palacete Vila Borghese, localizado na Serra da Cantareira, bairro Cabuçu,construído pelo banqueiro paulista Aquiles Lima em data ainda desconhecida,

certamente antes de 1960.

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LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICAGuarulhos está situada ao nordeste da Re-

gião Metropolitana de São Paulo (RMSP) e ficaa 17,7 quilômetros do centro da Capital. Den-tre os 39 municípios dessa região, é apontadapelo IBGE como uma cidade industrial. Com320 quilômetros quadrados, é um município re-lativamente pequeno. Guarulhos tem como li-mites Mairiporã e Nazaré Paulista (N), SantaIsabel (NE), Arujá (E), Itaquaquecetuba (SE)e São Paulo (S, SW, W e NW).

No município, o Sol e a Lua nascem nolado dos bairros de Morro Grande, Bonsu-cesso e Aracília, na zona leste, e põem-se nolado dos bairros de Vila Galvão, Jardim VilaGalvão e Itapegica, na zona oeste. Os bair-ros de Cabuçu de Cima, Tanque Grande eCapelinha estão na zona norte e os bairrosde Jardim Nova Cumbica, Pimentas e Itaimna zona sul.

Guarulhos localiza-se sobre a área de transi-ção entre as zonas tropical e temperada. O Tró-pico de Capricórnio corta o município em duaspartes, de oeste a leste (WE), sentido Vila Galvão– Morro Grande. O município situa-se entre osparalelos 23º16’23" e 23º30’33" de latitude sul, eentre os meridianos 46º20’06" e 46º34’39" de lon-gitude oeste, ou seja, o município encontra-se na

CIDADES CIRCUNVIZINHAS AO MUNICÍPIO DE GUARULHOS

Parque Estadual da Cantareira –Cachoeira Cabuçu, Guarulhos, 2008.

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latitude do Trópico de Capricórnio (23º27’S), queo cruza na altura do quilômetro 215 da ViaDutra.

Estrategicamente posicionada no centro doprincipal eixo econômico do Brasil (São Paulo,

Rio de Janeiro e Minas Gerais), Guarulhos atraiupara seu território empreendimentos de alto im-pacto, o que possibilitou o desenvolvimento re-gional e sua inserção no modo de produção ca-pitalista no período colonial e contemporâneo.

REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

Represa Tanque Grande, construída em 1958.Foto de 2007.

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Represa Tanque Grande,reservatório afetado pela seca de

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HIDROGRAFIA Guarulhos, assim como os outros municí-

pios da RMSP, depende de recursos hídricos li-mitados, considerando a grande demanda relati-va à região, que possui a economia mais ativa doPaís, e sua localização na região das nascentes queformam a Bacia do Rio Tietê. Desta forma,Guarulhos possui quantidades de água superfi-cial e subterrânea que não alcançam 10% das ne-cessidades locais, dependendo do fornecimentodos sistemas produtores Cantareira e Alto Tietê,que captam a água em regiões distantes. Os prin-cipais rios são o Tietê, o Baquirivu-Guaçu e oCabuçu de Cima, sendo este último o único coma nascente em Guarulhos. As águas nas regiõesde nascentes e mananciais são de boa e ótimaqualidade, como no caso das represas do Cabuçue do Tanque Grande.

Estudos hidrogeológicos revelam a existênciade significativos reservatórios de água no subsolo,especialmente na região sul do território, onde ageologia é sedimentar e reconhece-se o AquíferoCumbica, como é o caso dos bairros ao longo daRodovia Dutra, próximos ao centro, ao aeropor-to, ao Jardim Presidente Dutra e a Cumbica.

Os corpos d’água passam a ter péssima qua-lidade quando atravessam áreas urbanizadas,principalmente devido ao lançamento deefluentes poluidores. Em 2007, a Prefeituraanunciou que seriam iniciadas obras para trata-mento de parte do esgoto.

Na paisagem da cidade destacam-se os cur-sos d’água Piracema, Pedrinhas, Canal deCircunvalação, Itapegica, São João, Queroma-no, Cavalos, Cubas, Japoneses, Cocaia, Taboão,Invernada (ou Cachoeirinha), Capão da Som-bra, Água Suja, Tanque Grande, Lavras, Gua-raçau, Taboão (Aracília), Água Chata, MoinhoVelho, Baquirivu-Mirim, Cocho Velho, Parati--Mirim, Popuca e Botinha. Alguns deles desá-guam nos rios Baquirivu-Guaçu e Cabuçu deCima, outros diretamente no Rio Tietê, que é odestino final das águas drenadas das áreas urba-nas de Guarulhos.

Parte do município, em zona rural, aindaapresenta relação com a Bacia Hidrográfica doRio Paraíba do Sul, como é o caso dos ribeirõesTomé Gonçalves e Itaberaba e dos córregosJaguari e Morro Grande, ambos no bairro doMorro Grande.

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Rio Tietê: interface com GuarulhosO Rio Tietê percorre o Estado de São Paulo

de leste a oeste. Nasce em Salesópolis, na Serrado Mar, a 840 metros de altitude e 22 quilôme-tros distante do Oceano Atlântico. Como não con-segue vencer os picos rochosos rumo ao litoral,ao contrário da maioria dos rios, que correm parao mar, o Tietê segue para o interior, atravessa aRegião Metropolitana de São Paulo e percorre1.100 quilômetros até o município de Itapura,em sua foz no Rio Paraná, na divisa com o MatoGrosso do Sul.

Nessa jornada sinuosa, banha 62 municípiosribeirinhos e seis sub-bacias hidrográficas (AltoTietê, Sorocaba/Médio Tietê, Piracicaba/Capivari,Jundiaí, Tietê/Batalha, Tietê/Jacaré e Baixo Tietê),uma das regiões economicamente mais ricas dohemisfério sul. Embora seja apenas um filete deágua em Salesópolis, recebe a vazão de quase 30pequenos afluentes e vai se tornando um rio volu-moso, com uma longa série de corredeiras e ca-choeiras.

Com grande importância histórica como via depenetração do povoamento, foi, durante muito tem-po, a única estrada para o interior do Brasil, servindode caminho para os bandeirantes, que o percorriamem busca de ouro, índios e novas terras.

Nesse contexto socioeconômico, o Rio Tietêdesde os primórdios da colonização interagiucom o processo histórico e com a expansão ter-ritorial urbana de Guarulhos. No cenário da co-lonização portuguesa é muito provável que te-nha sido a via de acesso para as descobertasdas minas de ouro no Ribeirão das Lavras. Noinício do ciclo do tijolo, foi o mais importantecorredor de transporte das olarias e dos portosde areia para atender a demanda da constru-ção civil de São Paulo. Funcionava como

hidrovia. Em uma das citações historiográficassobre Guarulhos, consta que o padre Manuelde Paiva navegou, em 1560, sobre o Rio Anhem-bi, antigo nome do Rio Tietê.

Atualmente, é utilizado, em algumas regiões,como rio de navegação, já que as construções devárias barragens e eclusas regularizaram seu cur-so. As barragens também foram aproveitadas paraa construção de usinas hidrelétricas, que forne-cem energia ao Estado de São Paulo.

CLIMAO município de Guarulhos apresenta um

clima subtropical úmido, com temperatura mé-dia anual entre 17 ºC e 19 ºC; umidade relativado ar média anual de 81,1%; precipitação plu-viométrica anual média de 1.470 mm e ventosdominantes SE-NO-E-O. (Dados cedidos peloMinistério da Aeronáutica – Divisão deMeteorologia.)

RELEVOA topografia da cidade está expressa na sua

paisagem. O município de Guarulhos está lo-calizado no Planalto Atlântico, possui grandesbaixadas e picos elevados com mais de 1.000metros de altura, onde as altitudes variam en-tre: máxima de 1.438 metros, ao norte, na Ser-ra do Itaberaba (Pico do Gil); média de 850metros; e mínima de 660 metros, na foz do

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Córrego Jaguari, divisa com Arujá eSanta Isabel. A parte mais acidentadafica no norte, junto aos limites comMairiporã e Nazaré Paulista.

Podemos observar na região nor-te do município que os morros e mon-tanhas são formados por rochas de ori-gem pré-cambriana (grupos São Ro-que e Serra do Itaberaba), tendo comodestaques as serras da Cantareira e doItaberaba.

Já ao sul, onde encontramos o centro e os bairros mais ocupados da cidade, percebemosque o relevo é formado por colinas, cujas elevações não passam de 40 metros de altitude, eplanícies, que são áreas muito baixas sujeitas às inundações dos rios Tietê, Cabuçu de Cima eBaquirivu-Guaçu. As colinas são formadas por sedimentos terciários e as planícies por aluviõesquaternários.

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Centro de Guarulhos em 1959.1 – Atual Rua João Gonçalves; 2 – Cemitério São João

Batista, antes da construção da biblioteca.

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Guarulhos – Bairros

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VEGETAÇÃOA paisagem antiga de Guarulhos era total-

mente coberta por vegetação arbórea, arbustivae herbácea. Era formada por vegetação flores-tal, compreendendo a Mata Atlântica; arbustivaou cerrados e cerradinho; herbácea de campos evárzea, junto aos rios.

O uso rural, a mineração e a crescente urba-nização da cidade mudaram quase totalmente asituação inicial, restando em maior quantidadea floresta tropical na região serrana, onde pre-dominam a mata secundária, havendo apenasno Núcleo Cabuçu do Parque Estadual da Can-tareira a presença de mata primária, e extensasáreas de campos antrópicos.

Com o crescimento da cidade, restou ape-nas a vegetação da Serra da Cantareira, a maiormata nativa que sobrevive dentro do municí-pio. A Reserva Estadual da Cantareira possuiuma área de 5.674 hectares, dividida entre azona norte da Capital, parte de Guarulhos,Mairiporã e Franco da Rocha. É formada porflorestas latifoliadas tropicais, onde vivem

Casa da Candinha – Serra do Bananal, futuro Centro de Preservação da Memória e Cultura Negra.

serelepes, nhambus, tucanos e outros animais.Quase um terço da extensão do município écomposto por áreas de proteção aos manan-ciais, fontes ou nascentes e reservatórios deágua que são protegidos por lei.

Araucária, proximidades daRepresa Cabuçu.

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RESERVAS ECOLÓGICASO município de Guarulhos participa da Re-

serva da Biosfera do Cinturão Verde de São Pau-lo (RBCV), outorgada pela Unesco como patri-mônio mundial. A RBCV fornece serviços

Represa Cabuçu.

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ambientais importantes para o controle das ilhasde calor, redução de enchentes, poluição atmos-férica e produção de água para Guarulhos pormeio dos seus mananciais da Represa Cabuçu eTanque Grande.

Trilha do Tapiti – Parque Estadual da Cantareira, Guarulhos, 2008.

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Dados Gerais do Município

Aniversário da cidade (fundação): 8 de dezembro.

Distrito: 1675.

Criação da freguesia: 1685 – Denominação daépoca: Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos.

Criação da vila: Lei no 34, de 24 de março de 1880 –Denominação da época: Conceição de Guarulhos.

Alteração do nome: a Lei no 1.021, de 6 de novem-bro de 1906, altera o nome para a denominação atual,Guarulhos.

Santa Padroeira: Nossa Senhora da Conceição.

Distrito Jardim Presidente Dutra: foi criado pela Leino 3.198, de 23 de dezembro de 1981, com sede nobairro do mesmo nome, em território desmembrado dodistrito sede do município de Guarulhos.

Prefeito atual: Elói Alfredo Pietá (PT).

Área: 320 km2 (Seade).

População: 1.236.192 (Fonte: IBGE, 2007).

Densidade demográfica: 3.857,08 hab/km².

Latitude do distrito sede do município: 23º16’23”e 23º30’33” sul.

Longitude do distrito sede do município: 46º20’06”e 46º34’39” oeste.

Limites: ao norte com Mairiporã e Nazaré Paulista; nor-deste com Santa Isabel; ao leste com Arujá; ao sudestecom Itaquaquecetuba; a sul, sudeste, oeste e noroestecom São Paulo.

Altitudes: máxima – 1.438 metros, no Espigão da Serrado Itaberaba (Pico do Gil); média – 759 metros; míni-ma – 660 metros, localizada na foz do Ribeirão Jaguarie com o Rio Jaguari, nas divisas de Guarulhos, SantaIsabel e Arujá; sede – 773,14 metros.

Marco Zero: Praça Tereza Cristina.

Distâncias: São Paulo – 17,7 quilômetros; Atibaia – 67quilômetros; São José dos Campos – 75 quilômetros; Riode Janeiro – 411 quilômetros; Belo Horizonte – 570 qui-lômetros; Brasília – 1.050 quilômetros; Santos (Porto) –90 quilômetros; São Sebastião (Porto) – 183 quilômetros.

Rodovias: Presidente Dutra (BR-116); Fernão Dias (BR-381); Ayrton Senna (SP-70); Hélio Smidt (SP-19/BR-610);Vereador Francisco de Almeida (SP-36).

Avenidas: Guarulhos; Dr. Timóteo Penteado; BrigadeiroFaria Lima; Tiradentes; Presidente Juscelino Kubitschek;Papa João Paulo I; Santos Dumont; Monteiro Lobato; EmílioRibas; Salgado Filho; Octávio Braga de Mesquita; JamilJoão Zarif; Presidente Tancredo Neves; Antônio de Souza;Júlio Prestes; Benjamim Harris Hunnicult; Anel Viário, queliga a Vila Galvão ao Parque Cecap e engloba a Av. Pres.Humberto de Alencar Castelo Branco e parte da Av. Gua-rulhos. Esta via foi construída no local onde passava aE.F. Sorocabana (ramal Guarulhos), conhecida como“Trenzinho da Cantareira”; Av. Pedro de Sousa Lopes,Marginal Baquirivu e Av. Silvestre Pires de Freitas.

Estradas: do Cabuçu, David Corrêa, do Recreio, Ana Diniz,Tanque Grande ou Saboó, do Sacramento, dos Veigas, doMorro Grande, Albino Martello, do Capuava, Ary JorgeZeitune, das Lavras, Água Chata, Guarulhos-Nazaré, Es-trada Velha de Bonsucesso (no bairro Cumbica, Lavras eParque Piratininga e nos municípios de Itaquaquecetuba eMogi das Cruzes), Estrada Velha do Cabuçu, no bairro daPonte Grande, Estrada da Parteira, Estrada da Conceição,na Vila Sabrina, município de São Paulo.

Adjetivo pátrio: guarulhense.

DDD: 11.

Estação Guarulhos em meados de 1930.

Estrada Bonsucesso, em Itaquaquecetuba.

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PASSADO GEOLÓGICO DE GUARULHOSVULCÕES, TERREMOTOS E MAR

Quando andamos pela cidade raramenteprestamos atenção nas formas topográficas dolocal que nos cerca e, geralmente, não vemosmais os rios e suas encostas. Quase tudo se tor-nou urbano.

A Terra se formou há aproximadamente 4,5bilhões de anos, quando nem os continentesnem os oceanos hoje conhecidos existiam. Asuperfície do planeta era tão quente, devido àsatividades vulcânicas e aos impactos de meteo-ritos, que a água não podia nem se condensarna superfície para formar rios, lagos e oceanos.

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Durante a evoluçãogeológica da Terra, conti-nentes inteiros surgiram eforam destruídos por vá-rias vezes e, assim, as for-mas dos continentes quehoje conhecemos são geo-logicamente recentes.

Na região de Guaru-lhos o evento geológicoreconhecido mais antigocorresponde ao desen-volvimento de muitosvulcões, que resultou naformação de derrames delavas há pouco mais de1,5 bilhão de anos. Masessas lavas formaram-se no fundo de um ocea-no profundo, ou seja, para passar naquela épo-ca por onde hoje é Guarulhos, somente comum barco. A formação deste oceano deveu-seà quebra e à separação de um grande conti-nente que hoje não mais existe, e as partes re-sultantes afastaram-se uma da outra, como hojeocorre com a América do Sul e a África, sepa-radas pelo Oceano Atlântico. Nesse antigo oce-ano, onde hoje está Guarulhos, havia muitosvulcões. As rochas formadas nesses vulcões es-tão hoje distribuídas principalmente no sopéda Serra do Itaberaba (ou do Gil), em Guaru-lhos, mas podem também ser observadasmais para nordeste e para sudoeste, até a re-gião de Araçariguama, perto do município deSão Roque. Entretanto, com as mudanças queocorreram no interior da Terra, esses conti-nentes inverteram seu movimento de distan-ciamento e passaram a deslocar-se um emdireção ao outro. Isso ocorreu há cerca de1,2 bilhão de anos, gerando zonas de sub-dução, processo geológico no qual o fundodo oceano penetra a Terra, quando se formouum arco de ilhas (como o Japão dos dias dehoje), com grandes vulcões na superfície e nofundo do mar, e com grandes terremotos.

É interessante obser-var que as rochas, quan-do submetidas a condi-ções de pressão e tempe-ratura como estas, sãodobradas como um pa-pel, sem que se quebrem;muitos registros dessemetamorfismo, suas do-bras e seus minerais po-dem ser vistos nos arre-dores de Guarulhos.

Assim, Guarulhos,nesta época, era comoos Andes são hoje,uma grande cadeia demontanhas, com mui-

tos vulcões e terremotos. Acalmados esseseventos ao longo de milhões de anos, a ero-são causada pelas chuvas, ventos, geleiras erios por milhares de anos foi desgastando asmontanhas, levando os materiais erodidos pe-los rios até lagos e mares.

As chuvas torrenciais levavam grande quan-tidade de pedras, lama e areia das partes maisaltas, acima das escarpas das falhas, para a parteafundada, chamada de bacia sedimentar, geran-do, inicialmente, grandes escorregamentos,cujos depósitos foram retrabalhados por rios,com lagos, pântanos, florestas e matas entre eles.

Hoje, nas partes mais altas, esses materiais,sedimentos do período Terciário, já foram remo-vidos pela erosão, estando preservados quase queexclusivamente nas baixadas.

Como o tempo geológico não para, hojepodemos ver os rios erodindo as encostas eespraiando-se, e as lagoas – aquelas que aindanão foram preenchidas com entulhos – entreeles, na região de Guarulhos. O maior exemploé o Rio Tietê, que originalmente tinha um tra-çado cheio de curvas e hoje está muito alteradopelas obras de engenharia, com uma planície for-mada por sedimentos recentes, conhecidoscomo aluviões.

Fumarola vulcânica de fundo oceânico.

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O contorno do relevo atual da cidade remonta a aproximadamente 60 milhões deanos atrás. Nesta época, a região do Aeroporto de Cumbica sofreu um grande afunda-mento, configurando o formato atual do município.

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Formação Socioeconômica

D e uma aldeia indígena coletora a uma cidade industrial. O que ocorreu para quehouvesse tamanha transformação? A mudança principal ocorreu no modo de organização social,que passou de uma sociedade nômade para a sedentária. Os primeiros habitantes, os Maromomi,eram nômades, viviam da pesca, da caça e da coleta de frutos; o tempo de permanência em umlocal era determinado pela colheita.

Uma cidade industrial caracteriza-se por um tipo de organização social sedentarizada, quepossui habitações e atividades econômicas fixas. Guarulhos atualmente possui característicasessencialmente urbanas: concentração densa de população e farta infraestrutura – rede de forne-cimento de água, coleta de esgoto, gás, eletricidade, telefonia, transporte, escolas, postos desaúde, áreas de lazer, vias de acesso, praças, moradias etc. Qual o caminho percorrido?

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EVOLUÇÃO DO VALOR ADICIONADO FISCAL 2000 – 2005,SETORES ECONÔMICOS (EM BILHÕES DE REAIS)

Fonte: Secretaria Estadual de Negócios da Fazenda (2006).

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Soldados com índios. Jean Baptiste Debret.

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O processo de urbanização e expansão terri-torial da cidade começou com o ciclo do ouro. Amineração concentrou a força de trabalho na re-gião da Serra do Itaberaba, de Bananal, Tanque

INDÍGENAS MAROMOMIOS PRIMEIROS HABITANTES

DE GUARULHOSOs primeiros habitantes do território foram

os indígenas Maromomi, um povo pertencente àfamília Puri, do tronco linguístico Macro-Jê, queeram nômades. A família Puri ocupava o imensoterritório entre a Serra do Mar, o Vale do RioParaíba do Sul e a Serra da Mantiqueira.

Os Maromomi passaram a frequentar a re-gião de Guarulhos por volta do ano 1400 daera cristã, após serem expulsos do litoralpaulista pelos indígenas de língua tupi-guarani.Segundo os registros, esses indígenas eram há-beis andarilhos, troncudos, muito fortes e de pe-quena estatura, o que lhes dava uma aparênciaum tanto distinta dos Tupi.

Grande e Lavras. Passado o ciclo do ouro, acon-teceu a ocupação das várzeas da cidade para pro-dução de tijolos cozidos, atividade situada próxi-ma aos rios Tietê, Baquirivu-Guaçu e Cabuçu deCima. A grande expansão da cidade veio com aconsolidação do processo industrial.

Quanto ao povoamento do município,pode-se verificar a presença indígena, dos co-lonizadores portugueses, de etnias africanas, deimigrantes europeus, árabes, asiáticos e dos pró-prios trabalhadores rurais brasileiros. Atualmen-te, mais de 40 etnias habitam o município deGuarulhos.

Um dos canais de garimpo de ouro doRibeirão das Lavras.

Trecho da certidão de aldeamento de índios – 1721-1810.Arquivo Público do Estado de São Paulo.

Uma família de indígenas Puri em viagem àsmargens do Paraíba, outubro de 1815.

Gravura de Maximilian Alexander Philipp.

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Fruto da sapucaia.

Os Maromomi são citados por todos ospesquisadores da História de Guarulhos, po-rém são ilustres desconhecidos. Estudo recen-te feito por Benedito Prézia, linguista douto-rado pela Universidade de São Paulo, traz con-tribuições das mais importantes para se conhe-cer a nação Maromomi.

Os Maromomi eram nômades e viviam dacaça, da pesca e coleta de frutos. A partir de1640, aproximadamente, os colonizadoresportugueses passaram a chamá-los deGuarulhos, possivelmente devido àsemelhança física e cultural com osparentes que habitavam o litoralnorte do Rio de Janeiro, na fre-guesia de Santo Antôniode Guarulhos. O terri-tório dos Guarulhoscompreendia toda a

área situada entre a margem do Rio Paraíbado Sul, os municípios de São João da Barra,Itaperuna, Cambuci, São Fidélis e o Estadodo Espírito Santo. Outra hipótese possível éque, com o advento da mineração de ouroem Guarulhos, em 1602, o governador-geraldo Brasil, d. Francisco de Sousa, trouxe paraas minas de ouro paulistas 200 índios do Es-pírito Santo. Das minas de ouro paulistas fa-ziam parte as de Guarulhos, descoberta feita

por Afonso Sardi-nha, em 1597.

Os Maromominão praticavam a agricul-

tura, pois eram coletores.Mantinham-se com a coleta dopinhão, da castanha da sapucaiae do mel silvestre, além da caçae da pesca.

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Pinhões, frutos da araucária.

Viviam em peque-nos grupos, deslocando--se de acordo com a ex-tração das frutas e mo-rando em abrigos provi-sórios (tapuísas). Porisso, esses grupos cole-tores e, posteriormente,os que não falavam a lín-gua tupi, foram chama-dos de Tapuia. Não usa-vam redes, preferindo dormir no chão, sobrefolhas. Há registros de um contingente de apro-ximadamente 3 mil Maromomi nas imediaçõesde São Paulo.

Os missionários tentaram aldeá-los, mashouve muita resistência. Os poucos que foramlevados para as missões fugiram, pois não seacostumaram com uma vida sedentária.

Mesmo assim, os paulistas tentaram escra-vizá-los. Com o abandono das missões, o que

hoje é a cidade de Guaru-lhos se transformou emuma vila portuguesa. Fren-te à escravização, os Ma-romomi tiveram três atitu-des: aceitar como um malinevitável, reagir de formaviolenta ou fugir para osertão. Muitos reagiram deforma violenta e várias re-voltas ocorreram: em

1652, atearam fogo na fazenda de João Sutil deOliveira; oito anos depois, em 1660, a Câmarade São Paulo registrou uma nova rebelião en-volvendo Guarulhos.

Do idioma falado pelos Maromomi foramconservadas apenas duas palavras: arê, que sig-nifica padre, e Nhamã nhaxê muna, que signifi-ca Deus.

“Foi o padre Manuel Viegas quem melhorconheceu o idioma, chegou a traduzir para essa

língua o catecismo Tupi, usado nos al-deamentos, e concluiu a gramática ini-ciada por Anchieta. Confrontandooutros idiomas de povos da região,como os Puri e os Coroado, chega-mos à conclusão, pela semelhança queexiste entre eles, que os Maromomipertenciam à família linguística Puri.”(Benedito Prézia.)

Homem de Capelinha: crânio encon-trado em sambaqui de rio, no Vale doRibeira, revela a cultura mais antigade São Paulo – meio homem do mar,meio homem do mato, membro deum povo singular, com traços nãomongoloides, semelhante a Luzia.

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Rio Paraíba do Sul – território dos indígenas Guarulhos em Campos dos Goytacazes, RJ.

Os Primeiros Brasileiros. Como chegaram a Guarulhos?No tempo em que o Brasil ainda não era Brasil, quem eram seus habitantes?

Quando chegaram? De onde vieram? Como chegaram a Guarulhos?Com certeza, essas quatro indagações são difíceis de responder. Mesmo não tendo

respostas conclusivas, de forma resumida abordaremos a temática a partir dos estudosrealizados. Motivo a mais, que com certeza servirá de estimulo à nossa curiosidade eajudará o aprofundamento de nossas pesquisas. Se você pensou que foram os portu-gueses, ou mesmo os atuais indígenas, errou.

De acordo com o pesquisador Eduardo Bueno, “a complexa e fascinante questão sobrequem foram os ‘primeiros brasileiros’ passa, evidentemente, pela indagação primordial:quem foram os primeiros seres humanos a colonizar a América?” Sabendo-se que jamaisexistiram, no continente, grandes primatas que pudessem evoluir para a forma humana,arqueólogos e antropólogos cedo partiram da premissa de que os primeiros povoadoreshaviam chegado ao novo mundo vindos de outro (ou outros) continentes. Mas de onde e quando?

Em 1974, no Sítio da Lapa Vermelha IV, município de Pedro Leopoldo, MG, a equipe da arqueólogaAnnette Laming-Emperaire encontrou várias ossadas, inclusive o crânio de uma mulher, mais tarde batizadade Luzia. Luzia teria morrido há cerca de 11.500 anos. O que mais surpreendeu o mundo acadêmico foiquando o arqueólogo Walter Neves, da Universidade de São Paulo, demonstrou que o crânio encontradotratava-se de uma pessoa com traços negroides, o que foi confirmado pela reconstituição facial feita pelo dr.Richard Neave, da Universidade de Manchester, na Inglaterra, em 1999.

Segundo Neves (1999) e Pucciarelli (2004) a hipótese melhor documentada na literatura postula que aAmérica foi povoada a partir de duas ondas migratórias. A mais recente foi constituída por populações asiáticas,cujo DNA é o mesmo das populações indígenas atuais. Anterior a esta, houve uma migração de povos nãomongoloides, cujas características nos remetem aos atuais africanos e aborígines australianos. Esse grupo an-cestral, que também povoara a Austrália, teria chegado ao Brasil possivelmente através do Estreito de Bering emuma época de grandes modificações na paisagem terrestre por consequência da última glaciação.

Esse grupo viveu “tranquilamente” até a chegada da migração asiática, que ocorreu a partir de oito milanos atrás. Com o tempo, esses primeiros povoadores, em menor número, foram sendo assimilados oumortos, o que levou à sua total extinção.

Os primeiros brasileiros – a maior parte de hábito coletor – percorreram muitas regiões do Brasil em busca dealimentos e melhores climas. É provável que parte desse grupo tenha se deslocado para o litoral, onde haviamais fartura, tornando-se os homens do sambaqui. Ocuparam todo o litoral sul, sudeste e leste vivendo, sobre-tudo, de coleta de mariscos, peixes e pequena caça. Muitos dos registros das populações litorâneas podem estarsubmersos, pois ocorreram transgressões e regressões do nível relativo do mar durante o Holoceno, episódio quetem a duração de aproximadamente 12.000 anos (Suguio, 1985).

As variações do nível do mar começaram por volta de 7.000 anos atrás e vêm até os dias atuais.Como os Maromomi são supostamente descendentes dessas populações dos sambaquis, podemos fazer

uma ligação entre a história desses primeiros ocupantes de Guarulhos com os primeiros povoadores do Brasil.

Reprodução docrânio de Luzia.

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CICLO DO OUROCOLONIZAÇÃO PORTUGUESA NO

TERRITÓRIO GUARULHENSEComprovadamente, a primeira atividade

econômica/comercial da cidade foi a extraçãode ouro. A descoberta ocorreu no final do sé-culo XVI na Serra do Jaguamimbaba, em 1597,e o feito é atribuído a Afonso Sardinha, o ve-lho, estendendo-se até 1812. No início do sé-culo XVII, Geraldo Corrêa também descobriuouro no Rio Baquirivu-Guaçu e recebeu cartade sesmaria em 1611. Do início ao fim da mi-neração foram mais de 200 anos deatividade.

Toda atividade econômicaprodutiva induz outras; a ativida-de principal só se realiza satisfa-toriamente se existir comércio,prestação de serviços, agricultu-ra, força de trabalho, meios detransporte, estradas etc., por issoa produção econômica é um atoeminentemente social.

Quando os colonizadores por-tugueses chegaram à antiga Aldeiade Nossa Senhora da Conceiçãodos Maromomi, vindos daVila de São Paulo, e inicia-ram a extração de ouro, nadado que existe hoje, em ter-mos de infraestrutura urba-na, havia. Guarulhos, nestaépoca, era mata fechada. Oslugares onde atualmente an-damos, moramos, trabalha-mos e nos divertimos sãoobras humanas.

A caça ao ouro foi o início doprocesso de expansão urbana da lo-calidade e das atividades comerciais.Os locais onde antes só existiam ma-tas passaram a sofrer interferênciahumana com fins comerciais. Parainiciar a extração de ouro, o

minerador precisava dispor derecursos financeiros para ga-rantir o sucesso do empreen-dimento. Escravos, ferramen-tas de trabalho, abertura deestradas, mercúrio, transportede carga, alimento, vestiário,

senzala, armas de fogo, mu-nição e impostos contabili-zavam custos e benefícios.Muito do que se comprava

era pago em ouro.O garimpo de ouro

de Nossa Senhora daConceição estava loca-

lizado no centro da Vila deSão Paulo de Piratininga, ou

seja, entre a Vila de São Paulo e assaídas para o Rio de Janeiro e Minas

Gerais. Os mineradores precisaramabrir caminhos para integrar-se à Ca-pitania de São Vicente. Guarulhosinterligava-se às atividades da Ca-pitania por três estradas: um

Benguela.

Escravo. JeanBaptiste Debret.

Ouro em grãos, encontra-sena terra em depósito de

areia ou cascalho. A explo-ração é feita com a bateia

ou por dragagem.

Veios de ouro em meio a rochade quartzo. São extraídos por

trituração. No sítio arqueológicodo Ribeirão das Lavras verifica-

-se ouro nas duas formas,quartzo e cascalho.

Congo.

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caminho pela região leste, Bonsucesso-Itaqua-quecetuba-São Miguel Paulista; outro pelo ladosul, Ponte Grande-Penha; e pelo lado norte,Cabuçu-Santana. Guarulhos, através dessesacessos, ligava-se à Vila de São Paulo, ao litoralpaulista e carioca, bem como às minas velhasdo sertão de Taubaté.

Ouro, caminhos, tropeiros e pousos, Guaru-lhos começou assim em seu processo econômico.Um dos pousos de tropeiros mais conhecidos daregião leste guarulhense fica na pequena Vila de Bon-sucesso, pouso onde se arranchavam os tropeirosem local que era dotado de água (Rio Baquirivu--Guaçu) e vegetação para alimentar animais etc. Nolocal confluem a Estrada das Lavras, Estrada Ve-lha de Bonsucesso e a do Caminho Velho. Ostropeiros costumavam descansar apósmarchar de 15 a 20 quilômetros, a 18quilômetros do pouso de Bonsucesso,onde fica o sítio arqueológico do garim-po de ouro do Ribeirão das Lavras.

De modo geral, em torno dospousos de tropeiros formaram-sepequenos povoados dotadoscom pequeno mercado co-berto com folhas de pin-doba, uma igreja, umapraça e poucas casas.Algo muito seme-lhante a Bonsucesso,onde no pequeno largo dapraça existem a Igreja deNossa Senhora de Bonsuces-so, construída em taipa de

pilão; e a Capela de São Benedito, onde há maisde 250 anos é realizada a romaria e a Festa daCarpição. O lugar compõe parte do cenário dociclo do ouro na cidade.

O mais importante sítio arqueológico, paracompreender os métodos de mineração de ourono Brasil, encontra-se em Guarulhos. Trata-sedo Sítio Arqueológico do Garimpo de Ourodo Ribeirão das Lavras. Para o geólogo da Uni-versidade de São Paulo, Caetano Juliani, “...olocal pode ser considerado um laboratório portudo que oferece em termos de conhecimentomineralógico, histórico, geológico e ambiental”.

A mineração de ouro, entre outros fatores,trouxe a Guarulhos duas novas etnias: os colo-nizadores portugueses e os negros africanos.

Nesse período, índios, brancos e negros, unscomo escravos e outros como senhores,

foram os principais atores da Histó-ria da cidade.

Cacos de cerâmica com estiloe gravura de influência africana, o

cemitério de escravos no adroda Igreja da Irmandade deNossa Senhora do Rosáriodos Homens Pretos, na RuaD. Pedro II, bem como os

topônimos Estrada das La-vras, Campo do Ouro, Catas

Velhas, Córrego dos Entu-lhos etc., existentes na pai-sagem da cidade, dimen-sionam a importância damineração em Guarulhos.

Quilombolas da Conceição dos Guarulhos “Martim Lobo Sardinha em 1776 mandava que o sargento-mor Teotônio José Zuzarte sem perda de

tempo convocasse os auxiliares necessários para dar combate aos quilombolas que se encontravam na

saída da cidade, na aldeia Pinheiros e Sítio da Ponte...” “Mandava aquela autoridade que o capitão-mor

providenciasse ‘Capitães-do-mato e Sertanejos’ para desinfestar os caminhos.”

“Mas, ao que parece, as coisas não iam muito bem. Os quilombolas continuavam desafiando as autori-dades. Daí ter sido organizado um plano de proporções bem maiores para combatê-los. O governadorCunha Meneses enviou ofício aos capitães-mores dos bairros da Penha, Cotia, Santo Amaro, Conceição dosGuarulhos, Cangussu e São Bernardo. No documento dava instruções para que fosse executado um plano devasta envergadura contra os escravos fugidos.”(Clovis Moura, 228)

Escravo trabalhando com a bateia.

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Transcrição de trecho da Carta de sesmarias –Livro I do Arquivo Público do Estado.

“Carta de data de terras de sesmaria de Geraldo Corrêa dada pelo capitão Gaspar Conqueiro, aos 19dias do mês de setembro de 1611.”

Em Guarulhos chegaram a existir pelo me-nos seis garimpos de ouro: bairro das Lavras,Catas Velhas, Monjolo de Ferro ou Lavras Ve-lhas do Geraldo, Campo dos Ouros, Bananal eTanque Grande.

O ouro tornou-se base monetária internacio-nal em 1445 e, justamente por isso, possuía signifi-cado especial para o império português. Neste con-texto colonial, Guarulhos foi um dos locais a com-por o mercantilismo português durante a IdadeModerna. As minas de São Paulo, entre elas as deGuarulhos, foram o laboratório para os bandei-rantes paulistas acumularem experiência para as

Filho de escrava, não escravo. Joaquim doEspírito Santo ou Joaquim Antônio dos Santos,

apelidado Nhô Quim de Ferro, era filho daescrava Josepha, que foi vendida pelo dr. JoãoÁlvares de Siqueira Bueno para sua irmã, Ana

Maria de Castro. Teria sido o últimoremanescente da escravidão da Fazenda

Bananal. Fonte: Guarulhos Século XX imagense histórias, autor: Massami Kishi.

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Ideia MetalistaO que se convencionou como Idade Moderna ocorreu na Europa, a partir de 1453, com a Tomada de

Constantinopla pelos turcos otomanos; no Brasil, a partir da chegada das caravelas de Pedro Álvares Cabrala Porto Seguro, no dia 19 de abril de 1500; e em Guarulhos, com a fundação da aldeia, o ciclo do ouro, otrabalho escravo indígena e africano.

O mercantilismo caracterizou-se como uma política de intervenção do Estado na economia. A riqueza deum país era medida pela quantidade de metais preciosos, portanto, a riqueza era entendida como a acumu-lação de ouro e prata. A fim de colocar em prática a ideia metalista, uma das medidas mais comuns adotadaspelos Estados europeus foi a de estimular a exportação e desestimular a importação. Desse modo, procurava--se favorecer a entrada de metais preciosos e impedir a sua saída.

(Fonte: Luiz Koshiba e Denise Manzi Frayze Pereira in: História do Brasil.)

Provavelmente aventureiro inglês esteve em Guarulhos, em 1597“Em muitos desses córregos encontramos pequenas pepitas de ouro do tamanho de uma noz, e muito

ouro em pó feito areia. Depois disso, chegamos a uma região bonita onde avistamos uma enorme monta-

nha brilhante à nossa frente.” 7 ( p. 116).

7 A montanha brilhante, segundo Teodoro Sampaio, seria a Serra de Itaberaba, um prolongamento da Mantiqueira, entre osmunicípios de Nazaré Paulista e Santa Isabel. Itaberaba, em Tupi, quer dizer “montanha reluzente”. Gabriel Soares de Sousa, emseu tratado descritivo do Brasil, 1587, dá testemunho semelhante,... “E não há dúvida senão que entrando bem pelo sertãodesta terra há serras de cristal finíssimo, que enxerga o resplendor delas de muito longe.” Fonte: As incríveis aventuras e

estranhos infortúnios de Anthony Knivet, Sheila Moura Hue, organização, introdução e notas. Jorge Zahar Editor.

Parte da parede de taipa da Casa Grande do bairro das Lavras.

descobertas e mineração em Minas Gerais. A mi-neração em Guarulhos e São Paulo antecede em100 anos as descobertas em Minas Gerais.

Durante os três primeiros séculos de presen-ça colonial portuguesa no planalto paulista, asconstruções de casas, igrejas, câmaras, cadeiasetc., eram feitas em taipa de pilão. A taipa repre-sentava um modo construtivo barato, seguro eduradouro, por isso utilizado pela comunidadelusa, sendo a terra a principal matéria-prima.

Da época das construções emtaipa de pilão restou pouco emGuarulhos. Em 1685, foi erguidaa Igreja de Nossa Senhora da Con-ceição, atual Igreja Matriz, quemantém paredes de taiparevestidas com tijolos e todas asparedes do altar em taipa de pi-lão. No bairro de Bonsucesso, aIgreja de Nossa Senhora de Bon-sucesso foi construída, com essatécnica. No bairro das Lavras, nomeio da mata, resta um pedaço de

parede que os moradores afirmam ser de uma anti-ga senzala, haja vista que há pouco tempo foramretiradas argolas de ferro da referida parede.

Ao esgotamento das atividades de minera-ção de ouro em Guarulhos sucedeu o ciclo dotijolo cozido. Entre essas duas fases, no iníciodo século XIX, teve destaque a plantação decana-de-açúcar, direcionada para a produção ecomercialização de cachaça e rapadura, contan-do inclusive com a força de trabalho escravo.

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Arqueologia em GuarulhosA Arqueologia tem uma função social bastante importante, pois interage

com a comunidade desde o momento de localização de um sítio arqueológicoaté o momento em que se integra a ela para o trabalho de Educação Patrimonial.No caso de Guarulhos, mais propriamente no sítio arqueológico do Ribeirãodas Lavras, propomo-nos a mostrar como a Arqueologia se faz imprescin-dível para a reconstrução do passado guarulhense. Além de que o trabalhoarqueológico também nos permite ajudar na preservação, não só dos vestí-gios materiais removíveis, mas das estruturas maciças.

O trabalho arqueológico permitirá, tomando como exemplo o caso do Ri-beirão das Lavras, uma reconstituição do contexto da mineração, do trabalhonas lavras de ouro pelos trabalhadores indígenas e africanos, conjugando deforma interdisciplinar a pesquisa arqueológica com a Geologia, GeografiaFísica, Biologia e com a Educação Patrimonial, um dos principais expoentes dotrabalho do arqueólogo no Brasil e no mundo.

Por fim, o intuito final da Arqueologia para a região de Guarulhosdeve passar pela criação de um espaço educativo que possa se cons-tituir em uma referência para pesquisadores, universitários e estudan-tes da rede estadual e municipal de Guarulhos. A reconstrução daHistória de Guarulhos não somente passa pela importante documen-tação textual deixada por jesuítas, viajantes ou historiadores do passa-do, como também pelos veios de ouro do Ribeirão das Lavras, e é aíque a Arqueologia se apresenta como fundamental para se recontaressa história. Arqueólogos – Vagner Carvalheiro Porto e Lúcia Juliani.

Caco de cerâmicaencontrado no sítio

arqueológico doRibeirão das Lavras.

bairro das Lavras –Guarulhos.

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Bandeirantes. Obra de Jean Baptiste Debret.

Entradas e bandeiras – busca do ouro e a interface com GuarulhosAs entradas e bandeiras eram expedições colonizadoras feitas pelo interior do Brasil nos séculos XVI, XVII e

XVIII. As entradas eram expedições de caráter oficial, visando à conquista da terra e à consolidação dodomínio português, combatendo as tribos indígenas rebeldes.

As bandeiras, por sua vez, de caráter particular, tinham objetivos nitidamente econômicos. Foram empre-endidas, sobretudo por paulistas, para capturar índios para utilizá-los no trabalho escravo e descobrir jazidasde pedras e metais preciosos. Os bandeirantes, al-guns deles nascidos ou donos de terras em Santanade Parnaíba, e suas ações levaram à expansão doterritório brasileiro, ao povoamento do interior e aolevantamento dos recursos naturais. Mas eles tam-bém dizimaram muitas populações indígenas e ata-caram missões jesuíticas para aprisionar nativos.

Entre os bandeirantes paulistas constatam-se emGuarulhos as presenças do bandeirante Afonso Sardi-nha e de Geraldo Corrêa, ambos envolvidos diretamentecom a mineração de ouro e a escravidão indígena.

AGRICULTURA EPECUÁRIA EM GUARULHOS

A atividade em meio rural na cidade passabasicamente por três momentos. De coletora àagricultura de subsistência e posteriormenteà comercialização do excedente produzido. Emseu último período, com base em dados dispo-níveis, não chegou a constituir um ciclo econô-

mico nos moldes da pujante agricultura no Es-tado de São Paulo, onde se pode observar opredomínio do plantio de café, cana-de-açúcar,soja e laranja, por exemplo.

Na época da ocupação indígena, os Maro-momi se restringiam à coleta do fruto dasapucaia, do pião da araucária, mel, raízes etc. Comodescrito em capítulo anterior, os Maromomi

Produção de hortaliças – margens do Rio Baquirivu-Guaçu.

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são de uma comunidade indígena nômade, quenão chegou a desenvolver técnicas produtivasno tocante a agricultura e muito menos quantoa domesticação de animais.

Segundo pesquisas, houve uma transição gra-dual na qual a economia de caça e coleta coexis-tiu com a economia agrícola: algumas culturaseram deliberadamente plantadas e outros alimen-tos eram obtidos da natureza.

Sobre a agricultura de subsistência em Gua-rulhos, não existe data precisa de seu início. Sa-bemos que desde o começo da colonização emSão Paulo as famílias portuguesas viviam da agri-cultura de subsistência. Em Guarulhos, a pri-meira atividade econômica dos colonizadoresfoi a mineração de ouro. É provável que nasproximidades dos garimpos do município, aexemplo do que aconteceu em Minas Geraisdurante o ciclo do ouro, tenham existido plan-tações voltadas para o abastecimento dos tra-balhadores envolvidos na mineração e das res-pectivas famílias proprietárias.

De modo geral, a agricultura comercial ga-nha força com a evolução das técnicas agríco-las, fator essencial, que possibilitou a produçãode excedente de mercadorias no meio rural.Com isso, foi possível a formação de merca-dos de consumo de produtos agropecuários.

A existência de muitas olarias e o aumentopopulacional em Guarulhos e São Paulo favo-receu a diversificação da economia local, inclu-sive a ampliação da atividade agrícola: logo após

a mineração de ouro, o produto de maior des-taque da agricultura no município era a cana--de-açúcar. No final do século XIX chegaram aexistir na cidade 30 engenhos situados nas re-giões de Ituverava, Tapera Grande, Pirapora eBonsucesso. A diversificação aconteceu com acriação de gado, aves, equinos, suínos e caprinos.

Em 1901, com uma população de 4 mil pes-soas residentes em Guarulhos, constata-se a quan-tidade de 300 cabeças de gado, 20 caprinos, 100porcos, pouca produção de feijão e arroz e boasafra de milho. Em 1942, com mais de 10 mil ha-bitantes, relatórios apontavam apenas a existênciade 800 cabeças de gado e cultivo de cereais.

Após 1950, com o avanço da industrializa-ção e o crescimento urbano da cidade, ganha im-portância a produção hortifrutigranjeira, tendoà frente do processo famílias imigrantes asiáticase europeias, principalmente. Ao longo das vár-zeas se percebe a ocupação dos leitos dos rios ecórregos com pequenas glebas para produçãode hortaliças. No sopé da Cantareira se obser-vam muitas plantações de chuchu, uva, tomate,entre outras culturas. Entre as várzeas e a Serrada Cantareira, muitas famílias se dedicam à cria-ção de porcos e aves. Os produtos hortifru-tigranjeiros de Guarulhos, além do mercado lo-cal, eram e continuam sendo vendidos no mer-cado da Capital paulista. Segundo dados dadeclaração para o índice de participação dosmunicípios (Dipam, 2006), atualmente em Gua-rulhos existem apenas 54 unidades produtivasem meio rural.

Matadouro Municipal inaugurado em 13 de maiode 1929 – local atual do Tiro de Guerra.

Matadouro e Frigorífico Mercantoni, inauguradoem 1954 – localizado na Av. Monteiro Lobato.

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CICLO DO TIJOLOCHEGAM OS IMIGRANTES

ITALIANOS, ALEMÃES,LIBANESES E JAPONESES

Ao conversarmos com aspessoas mais idosas sobre aHistória da cidade, muitas selembram das olarias. A ativi-dade oleira foi tão significati-va que marcou a memória dosmais antigos e a paisagem dacidade. Placas de ruas e tijo-los timbrados com iniciais defamílias proprietárias de ola-rias podem ser um dos cami-nhos para compreender a im-portância da produção de ti-jolos cozidos na história e naeconomia locais. O que talvezalguns moradores e mesmopesquisadores não expliquemé como começou, quais as al-terações ocorridas e as mudan-ças que a produção de tijolostrouxe para o desenho arqui-tetônico, a vida cultural e po-lítica da cidade.

Uma das muitas olarias existentes ao longo da várzeado Rio Tietê, exploradas na sua maioria por

imigrantes europeus.

Reunião na Fazenda Bananal. Da direita para esquerda: Nicola Rinaldi, ArnaldoSantoni, Olegário Barbosa (dono da fazenda), Juvenal Ramos Barbosa,José Luis Prata e Ulisses Tavares. Seis fazendeiros, donos da metade

das terras do município. Foto de 1924.

Remanescente de olaria no bairro das Lavras, em 2008.

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A introdução do tijolo como material cons-trutivo, em substituição à taipa de pilão, alteroua função das olarias e fez com que Guarulhosreencontrasse seu espaço na economia paulista.O uso do tijolo impôs alterações na forma tra-dicional de funcionamento das olarias, que alémde telhas, passaram a produzir tijolos cozidos.De poucas unidades artesanais nos bairros da Pon-te Grande, Vila Augusta e Gopouva, o fenôme-no se espalhou por todos os cantos do municí-pio, coexistindo duas formas produtivas: a arte-sanal, através das olarias, e a industrializada.

A atividade, além de todos os significadoshistóricos, aconteceu no período de transiçãoda escravidão para a forma de trabalho assala-riado. A expansão do mercado consumidor,aliada ao conhecimento técnico dos imigranteseuropeus na área da construção civil e à revolu-ção tecnológica no mundo do trabalho fizeram

com que o sistema produtivo artesanal das ola-rias sofresse alterações, tanto na forma de pro-dução de tijolos como no sistema de transpor-te. Em 1911, foi implantada em Guarulhos aprimeira indústria voltada à produção de telhase tijolos (Cerâmica Paulista) e logo em seguidafoi inaugurada a estação do Trenzinho da Can-tareira, ambos em Vila Galvão.

Sobre a origem das olarias em territóriopaulista, uma pesquisadora diz: “A primeira no-tícia que se tem a respeito da instalação de umaolaria em São Paulo data de 1575, ano em que ooleiro Cristóvão Gonçalves requereu à CâmaraMunicipal terreno para a implantação de um for-no destinado ao cozimento de telhas de barro...;...entretanto não pode haver dúvida de que emfins do século XVI – em torno de 1590 – já ha-via muitas casas cobertas de telha, pois, em 1593,os oleiros tinham até a sua organização e o seujuiz de ofício na povoação”. (D’Alambert, p. 74.)

Antes de começar a falar do ciclo do tijoloem Guarulhos, devemos pensar que sem argilanão é possível produzi-lo. A argila, pelas quali-dades maleáveis e plásticas que possui, desde oinício da Antiguidade era utilizada na Mesopo-tâmia e no Egito como material construtivo.Argilas são sedimentos minerais normalmenteencontrados próximos aos rios e córregos. Aexistência de grandes jazidas de argila em Guaru-lhos explica-se pelo relevo da cidade. Guarulhosestá localizada no fundo do Vale do PlanaltoPaulista e da Serra da Cantareira, planície poronde correm os rios Tietê, Cabuçu de Cima,Baquirivu-Guaçu, além de inúmeros córregos eribeirões; e, da lavagem do solo, resultou a for-mação argilosa na camada sedimentar.

Quanto à importância do tijolo cozido noEstado de São Paulo, veja o que diz a pesquisa-dora Clara Correia D’Alambert: “A expansãoferroviária na década de 1860 e a imigração es-trangeira trazem, principalmente, alemães e ita-lianos – colaboraram muito para a difusão douso da alvenaria de tijolos no Estado de SãoPaulo. As fazendas de café do interior paulista

Argila das margens do Rio Baquirivu-Guaçu.

Famílias alemãs – bairro Torres Tibagy.

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foram pioneiras na utilizaçãodo tijolo em suas instalações,na primeira metade do séculoXIX. Os cafeicultores impor-taram para as cidades a novi-dade tecnológica do tijolo,que tão bem solucionou pro-blemas técnicos e construti-vos nas suas fazendas”.

Ao esgotamento das ativi-dades de mineração de ouro emGuarulhos sucedeu outro mo-delo de ocupação do espaço.O povoamento e as atividades econômicas deslo-caram-se dos morros, nas regiões norte e leste dacidade, para as áreas próximas aos rios Tietê,Cabuçu de Cima e Baquirivu-Guaçu. A partir de1870, a imigração subvencionada trouxe milharesde imigrantes europeus para o território paulista;muitos italianos, alemães, espanhóis e portugue-ses vieram para Guarulhos. As condições naturaisexistentes em Guarulhos (água, argila, madeira,areia e pedra) e a proximidade com a Capital pau-lista possibilitaram o desenvolvimento de um novociclo econômico, baseado no tijolo cozido.Outro fator importantíssimo para o ciclo do tijo-lo foi a extração da cal no território paulista,mineral responsável pela feitura da massa.

O consumo de tijolos cozidos na região me-tropolitana, utilizados em galpões industriais, vi-las operárias, pontes, igrejas, prédios, moradias etc.,fez aumentar a demanda, concorrendo para aampliação do número de olarias, fábricas e,consequentemente, para a diversificação econô-mica constatada na cidade. No bairro da PonteGrande existiu o Porto da Igreja de Nossa Senho-ra da Conceição. Local de escoamento da produ-ção de tijolos e areia, via Rio Tietê, para a cidadede São Paulo, propiciou a abertura de novas es-tradas, ampliação do comércio, incremento do re-banho bovino e grande número de engenhos vol-tados para a produção de cachaça.

Correspondendo ao momento econômico,além da chegada dos imigrantes europeus, inicia--se a imigração de turcos, libaneses e japoneses. Ociclo do tijolo, entre outras coisas, trouxe três ele-mentos novos para o cenário político da cidade, asaber: implantação das primeiras indústrias, o mo-delo assalariado para a remuneração do trabalhoe o aparecimento dos primeiros operários urba-nos. Na Inglaterra, as oficinas artesãs precederama indústria; em Guarulhos, o processo industrialfoi antecedido pelas olarias, também chamadas deproto-indústrias.

O ciclo industrial guarulhense começou a seformar paralelamente ao ciclo do tijolo. Em1911, a primeira fábrica instalada em Guarulhosfoi a indústria Cerâmica Paulista, no bairro deVila Galvão, que produzia tijolos cozidos e te-lhas. A presença dos povos que chegaram no se-gundo momento da imigração externa – turcos,libaneses e japoneses – contribuiu para a Histó-ria local, fato que pode ser constatado nas áreas

Tijolo feito em olarias guarulhenses, de 1884, acervo doMuseu Histórico de Guarulhos, 2008.

Barco no Rio Tietêtransportando tijolos, em 1945.

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do comércio, da agricultura e do setor hortifru-tigranjeiro. Em 1950, o ciclo econômico da ci-dade já era considerado industrial, conforme ve-remos a seguir.

A produção de tijolos guarulhense foi fun-damental para a nova configuração arquitetônicada cidade de São Paulo, expressa em monumen-tos como Museu do Ipiranga, Pinacoteca doEstado, Palácio das Indústrias e Teatro Municipal.Os tijolos cozidos substituíram a tradicionaltécnica construtiva da taipa de pilão.

CICLO INDUSTRIALPROCESSO DE METROPOLIZAÇÃO

Guarulhos faz parte do seleto grupo dasdez cidades brasileiras responsáveis por 25%do Produto Interno Bruto (PIB).

A cidade conta com mais de 2.890 indús-trias, 11.835 estabelecimentos comerciais, 6.662empresas prestadoras de serviços e 54 unida-des produtivas em meio rural (Dipam, 2006).Em 2006, atingiu o 9o maior PIB do País, sendoos dez maiores: São Paulo, Rio de Janeiro,Brasília, Manaus, Belo Horizonte, Campos deGoytacazes, Curitiba, Macaé, Guarulhos e Du-que de Caxias. Como se deu o processo?

A expansão econômica e urbana no perío-do industrial da cidade pode ser compreen-dida a partir do estudo que envolve a combi-nação de fatores políticos e sociais, e de re-cursos naturais do município, aspectos quepossibilitaram a inserção da cidade no con-texto do desenvolvimento produtivo local,regional, nacional e mundial, tendo como basea indústria estabelecida.

Nossa reflexão destaca os efeitos comerciaisda Primeira e da Segunda Guerra Mundial noBrasil e em Guarulhos. Concomitante à indus-trialização, ocorreu a implantação da estrada deferro e a ocupação do espaço aéreo para fins

EMPREGOS FORMAIS – SETORES ECONÔMICOSD

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Pedras utilizadas para calçamento de ruas.

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estratégicos militares, e o embrionário modalde transporte de carga aérea, a partir da baseaérea de Cumbica. Nos dias atuais, analisamosos impactos da política neoliberal.

Para o estudo da evolução da indústria na ci-dade, bem como a formação do proletariado ur-bano, entre outros aspectos, é importante periodizara análise, e para isso definimos três momentos.

Primeiro momento, de 1911 a 1945; segun-do momento, de 1946 a 1989; terceiro momen-to, de 1990 aos dias atuais.

INDUSTRIALIZAÇÃO:PRIMEIRO MOMENTO – PROCESSO

ECONÔMICO ENTRE ASDUAS GUERRAS MUNDIAIS

No primeiro momento, de 1911 a 1945, a ci-dade começa seu processo de industrialização em1911, com a implantação da Cerâmica Paulista emVila Galvão. Entre 1915 e 1945, o município avan-ça em seu processo fabril, contabilizando 58 uni-dades produtivas, empregando 624 operários. Im-portante destacar que as primeiras indústrias fo-ram instaladas na região do centro antigo, no eixoque vai da Vila Galvão ao bairro do Macedo. Emtermos de Brasil, no primeiro censo econômicoposterior à Primeira Guerra, realizado em 1920,o levantamento aponta a existência de 13.336estabelecimentos industriais. Do total, 5.936foram implantados no quinquênio 1915-1919.

Ao avanço da industrialização em Guaru-lhos corresponde, também, a implantação doRamal da Tramway Cantareira, trecho ferro-viário que trouxe o trem de ferro ao centro deGuarulhos, bem como a implantação das pri-meiras fábricas ao longo das imediações da li-nha da rede ferroviária na cidade. A primeiraindústria a se instalar em Guarulhos foi a Ce-râmica Paulista, em 1911, implantada no bair-ro de Vila Galvão, e as indústrias produtorasde bens de consumo na região do centro ex-pandido, por onde passava o trem da Canta-reira, posteriormente chamada de Rede Fer-roviária Sorocabana.

O trem da Cantareira foi tão importante paraa industrialização do município quanto a Estra-da da Conceição no ciclo do ouro, a HidroviaTietê no início do ciclo do tijolo cozido, ou mes-mo as rodovias Dutra e Fernão Dias, a partir dadécada de 1950. O ramal do trem da Cantareiraem Guarulhos foi um dos principais facilitado-res da indústria nascente. Nos primeiros anosdo século XX, Guarulhos se insere no contex-to paulista como fornecedora de produtos paraconstrução civil, produtos agrícolas, alimentí-cios e bens de consumo.

As barreiras naturais (Rio Tietê e a Serra daCantareira) representavam um impedimento aodeslocamento da produção guarulhense, quetinha caminhos de ligação com a Capital porBonsucesso, Penha e Jaçanã. O Rio Tietê, até1915, era o principal corredor de transporte demercadorias.

Foto da primeira cerâmica mecânica,instalada em 1911.

Parte da parede da primeira fábricade Guarulhos – Vila Galvão.

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A região da Ponte Grande, localizadaestrategicamente na via de ligação com omercado paulista, em 1912 abrigava 45 das137 casas do município e as 12 olarias exis-tentes. Do Porto da Igreja de Nossa Senho-ra da Conceição saíam os materiais para oporto da Capital, localizado na atual Pontedas Bandeiras.

A construção do Ramal da Tramwayaté o centro de Guarulhos possibilitou a di-versificação da economia local e o desloca-mento do eixo produtivo para outros bairrosda cidade, principalmente para as regiões aten-didas pelo trem. Integrando Guarulhos pelaZona Norte da Capital, o trem tornou-se a prin-cipal via de transporte de passageiros e de mer-cadorias do município.

Nessa fase aconteceu a implantação de fá-bricas de bens de consumo para o atendimentoda demanda criada com a rápida urbanizaçãoda cidade de São Paulo e para substituição dasimportações, interrompidas pela PrimeiraGuerra Mundial. A inauguração da Estação deTrem Cabuçu, posteriormente denominada deVila Galvão, favoreceu a expansão industrial domunicípio.

A Cerâmica Paulista, localizada ao lado daestação de trem da Vila Galvão, segunda maiorempresa do ramo do Estado de São Paulo, eolarias tradicionais transportavam sua produ-ção de tijolos e materiais cerâmicos para aten-dimento da demanda da urbanização da cidade

de São Paulo, através do trem da Cantareira. APrimeira Guerra Mundial desorganizou o siste-ma de abastecimento dos mercados dependen-tes de produtos da economia europeia.

Guarulhos, nesse contexto histórico, rece-be investimentos em indústrias, que foram im-plantadas ao longo do ramal do trem da Canta-reira, surgindo assim as primeiras fábricas naregião do centro expandido. Por volta de 1920,sua economia contava com as seguintes empre-sas: Empresa Carbonel de Henrique Carbonel,inaugurada em 1923, tecelagem situada próxi-mo a Estação Guarulhos; mais duas empresasdos srs. Gíacomo Candenuto e Evaristo Bi-sognini; duas fábricas de polainas, sandálias eartigos de couro; uma de propriedade de JoséSaraceni, situada nas proximidades da Estaçãode Vila Augusto; uma Fábrica de alpargatas dosr. Cerdam Galvez, também na Vila Augusta;Moinhos Reisa, de moagem de grãos e fabrica-ção de farinha dos irmãos Fiúza, na Vila Augusta;e um matadouro municipal, de propriedade deGino Montagnani, inaugurado em 1929 no lo-cal onde hoje é o Tiro de Guerra.

Nas palavras do então prefeito José Maurí-cio de Oliveira, a Estrada de Ferro foi funda-mental para a expansão urbana do município.

“Apesar da falta de comodidade que severifica na Estrada de Ferro do Tramway daCantareira, que diariamente nos dá 14 trens,é extraordinário o progresso que esta estra-da trouxe ao município não só à sede e seusarredores como também às estações vizinhas.

Fábrica de Tecidos Carbonel,edificada em 1917.

Porto da Igreja, em 1930 – bairro Ponte Grande.

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Assim é que por ocasião da inauguração doRamal da Estrada de Ferro da Cantareira, a4 de fevereiro de 1915, eram completamentedesabitados os lugares onde hoje floresceme prosperam as estações de Vila Galvão eVila Augusta, cheias de habitações, desdecasas operárias até os palacetes luxuosos.”(Oliveira Sobrinho, 1920 in: Santos, 2006.)

Sem corresponder ao desenvolvimento deuma tecnologia nacional, os investimentos in-dustriais foram principalmente de empreen-dedores imigrantes europeus e grandes pro-prietários agrícolas. Os investimentos de ca-pital estrangeiro, principalmente inglês, con-centraram-se nos setores de serviços públi-cos, como transporte ferroviário, energia elé-trica, telefonia etc.

A imigração europeia foi o principal fa-tor de crescimento populacional do período,constituindo um contingente de força de tra-balho envolvida nesse primeiro momento daindustrialização. Em Guarulhos, tanto nasolarias como nas indústrias, eram os italianos,portugueses, espanhóis, alemães, japoneses,turcos e libaneses que exerciam funções pro-dutivas e comerciais, transformando matéria--prima e mercadorias para venda no crescen-te mercado paulista.

Os efeitos da Primeira Guerra Mundial,além de induzir à ampliaçãodo parque industrial, acar-retaram também em SãoPaulo a eclosão de três gre-ves gerais, em que os traba-lhadores buscavam soluçãopara o problema da cares-tia, denunciavam a especu-lação com gêneros alimen-tícios e as condições precá-rias de trabalho, gerandogreves em 1917.

Chegam as primeiras multinacionaisNo início da década de 1930, o estímulo à

industrialização da cidade passou pela edição daprimeira lei, isentando empresários do pagamentode impostos ao governo municipal, Lei no 20, de24/3/1937. No ano seguinte, em 11 de março de1938, chegam ao município as primeiras multina-cionais. Tratava-se das fábricas Norton Meyer S.A.e a Harlo do Brasil Indústria e Comércio S.A., si-tuadas no bairro do Macedo, nas proximidadesda Estação Ferroviária Guarulhos e futuras insta-lações da Rodovia Presidente Dutra. No início dadécada de 1940 Guarulhos contabilizava apro-ximadamente 58 fábricas, que empregavam 624trabalhadores em atividades industriais.

O movimento grevista foi duramente re-primido pela polícia. Não temos informaçõesse houve a participação de trabalhadores deGuarulhos nas greves gerais de 1917. Nessecontexto de formação e crescimento do pro-letariado urbano, aparece o primeiro movi-mento social de Guarulhos, em 1928, e surgea comissão popular pela regularização e au-mento do número de auto-ônibus no trans-porte coletivo.

A necessidade de força de trabalho paraconstrução da base aérea de Cumbica e a ViaDutra, entre os anos de 1944 e 1950, foi atendi-da pela migração nacional, principalmente nor-destina. A liberação da população rural e consti-

AbrasivosNorton Meyer S.A.

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tuição de um mercado de reserva de trabalha-dores nos centros urbanos foi condição impres-cindível para concretização da política de desen-volvimento capitalista brasileira, a partir dos anosde 1930. Além disso, foi necessária também aintegração do País através de uma rede de rodo-vias que possibilitasse o deslocamento popula-cional para os principais centros urbanos e deinvestimentos governamentais para favorecer amigração interna.

As transformações econômicas e sociaisocorridas nas décadas seguintes alteraram aconfiguração populacional, com a chegadamaciça de imigrantes nacionais, vindos prin-cipalmente do interior de São Paulo, MinasGerais, Paraná, Bahia e outros Estados, am-pliando a zona urbana e configurando novosespaços de convivência, que causaram estra-nhamento aos moradores estabelecidos, gran-de parte imigrantes estrangeiros, e aos guaru-lhenses natos.

As experiências culturais preservadas namemória de antigos moradores e materializa-das na geografia da cidade demonstram umaapropriação do espaço pelos moradores ante-riores ao processo de imigração interna, mani-festações e expressões culturais ainda hoje pre-sentes na cidade. Experiências de sociabilidadeque possibilitaram a formação de um sentimen-to de pertencimento à vida local.

A partir da década de 1950, quando a popu-lação ultrapassou 35 mil habitantes, o fato co-meçou a causar estranhamento às famílias maisantigas do município. A nova composição socialgerou uma situação conflituosa entre as famíliasde imigração europeia, asiática, libanesa,guarulhenses natos e os imigrantes nacionais. Apresença dos imigrantes nacionais implicou emnovas práticas culturais e hábitos sociais.

O período em análise abre com a implanta-ção da primeira indústria, a Primeira Guerra Mun-dial e a implantação do trem da Cantareira e fechacom a construção da base aérea de Cumbica. Doismodais de transportes, o sistema Cantareira e aBase Aérea de Cumbica, modificaram o cenárioda cidade. O primeiro com grande influência naexpansão da economia local. O segundo, que alémda ocupação do vasto espaço na Fazenda Cumbi-ca significou também a ocupação do espaçoaéreo do município, para finalidades militares einício do transporte de carga aérea, processo quese ampliará com a construção do AeroportoInternacional de Cumbica.

Os efeitos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) impulsionaram a industrialização do Brasile de Guarulhos. Além da produção para o mer-cado interno, muitos grupos empresariais brasi-leiros passaram a vender seus produtos para ospaíses em guerra; com isso, a indústria cresceu.Isso é o que veremos nas páginas seguintes.

Estação Vila Galvão, em 1950.

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Estação Ferroviária de Cumbica – Base Aérea.

Estrada de Ferro – Em 1896, VereadoresDiscutem a Implantação do Trem

“A partir do final da década de 1860, com a im-plantação da primeira ferrovia em São Paulo – a ‘SãoPaulo Railway’, em 1868 – surge um novo e importanteelemento articulador do desenvolvimento econômico daprovíncia, responsável pelo progresso que marcou pro-fundamente a sociedade paulista e a sua civilização ma-terial.” (D’ Alambert, p. 7.)

No final do século XIX, em 1896, já se discutia naCâmara Municipal de Guarulhos a necessidade de a re-gião ser servida por uma estrada de ferro, ligando Gua-rulhos à estação do bairro da Penha. A justificativa recaíasobre a farta quantidade de recursos naturais da região,mais especificamente à produção de madeira e pedra,além da produção de tijolos. Toda a produção estavadirecionada às crescentes edificações da Capital, justificando a implantação do ramal ferroviário que seefetivou somente em 1915, com a inauguração do Ramal Guapira – Guarulhos, o trem da Cantareira.

Existiram seis estações e uma parada de trem em Guarulhos: Vila Galvão, Torres Tibagy, Gopouva, VilaAugusta, Parada Sorocabanos, Estação Guarulhos e Estação Cumbica, na Base Aérea.

O ramal de Guarulhos começou como uma extensão da Estrada de Ferro da Cantareira, que, aberto em15 de novembro de 1910, saía da Estação do Areal e atingia o Asilo dos Inválidos, no Guapira (depoisJaçanã). Somente em 1913 foi aberta a primeira estação intermediária, Tucuruvi, e aos poucos outras estaçõespassaram a ser abertas na linha que atingiu Guarulhos, em 1915. Em 1947, a linha teve a bitola ampliada de60 cm para 1 metro, quando esta já atingia o Aeroporto Militar de Cumbica. Em 31 de maio de 1965, otráfego do ramal foi suprimido, um ano depois de o trecho Areal - Cantareira ter sido extinto. Os trilhos foramretirados e logo depois diversas estações foram demolidas.

A Estação Guarulhos foi inaugurada em 1915, como terminal do ramal de Guarulhos. A partir daprimeira metade dos anos 1940, passou a sair de lá um ramal – na verdade, a continuação da linha – paraa Base Aérea de Cumbica. Esse ramal foi extinto aparentemente junto com o ramal de Guarulhos, em 1965.A Estação Guarulhos foi desativada em 1965, com o ramal.

A Estação Guarulhos, atualmente, serve de sede para a Guarda Civil Metropolitana, na Praça IV Cen-tenário, situada no Jardim Santa Francisca. A praça é um dos logradouros mais antigas do município eabrigava a antiga estação de trem Guarulhos.

Hoje, a estação não existe, mas as instalações que ela possuía foram restauradas e colocada na praçauma locomotiva antiga, da Usina Tamoio, em Araraquara que, segundo consta, foi resgatada pela Prefeitura,que a deixou exposta em frente à plataforma da antiga estação. Junto a ela, de um lado, fica a casa queabrigava o chefe da antiga estação de trem e foi restaurada, apresentando-se em perfeitas condições.É conhecida como “Casa Amarela”, que hoje é a sede do arquivo municipal.

Parada Sorocabanos, atual Praça LuizMatheus Maylaski.

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INDUSTRIALIZAÇÃO:SEGUNDO MOMENTO – OFERTA DE

EMPREGO, EXPLOSÃO DEMOGRÁFICA ECRESCIMENTO DESORDENADONo segundo momento, de 1946 a 1989,

cabe destacar que as indústrias passaram a se ins-talar na região de Cumbica. Entre muitos fato-res, cinco foram essenciais para o avanço da in-dustrialização guarulhense nesse período: con-clusão das obras da Base Aérea de Cumbica;implantação da Estrada de Rodagem Rio - SãoPaulo; força de trabalho disponível com a maci-ça migração interna; implantação do loteamentoCidade Satélite Industrial de Cumbica, em 1946,pela família Guinle; e a disponibilidade de águado Aquífero Cumbica. Esses fatores foram es-senciais para a próxima fase da industrializaçãoda cidade, sem desconsiderar os demais.

“As obras federais da Base Aérea de Cum-bica e da Estrada de Rodagem Rio - São Pau-lo, cujo traçado atinge a parte mais baixa dacidade, têm concorrido também para o pro-gresso crescente que se verifica, principalmen-te pela grande valorização de propriedades.”(Oliveira, 1943 in: Santos, 2006).

A transferência da Base Aérea do Campode Marte, em São Paulo, para Guarulhos, comoparte do Plano Quinquenal de Desenvolvimen-to do governo Getúlio Vargas, modificou radi-calmente a vida da cidade. Até aquele momen-to as atividades econômicas se davam em terra.A chegada do equipamento militar significou

também o início da ocupação do espaço aéreopara fins militares e comerciais; parte dos pousose decolagens na pista da base aérea era voltadapara o transporte de carga.

A implantação do loteamento Cidade Saté-lite Industrial de Cumbica e a respectiva infra-estrutura vinda com a Base Aérea mudaram oeixo de implantação de indústrias e a logística nacidade. O eixo produtivo da cidade, que era lo-calizado na Região Central, definido pela Estrada

Via Dutra.Antigo caminhão Chevrolet.

Foto da Base Aérea de Cumbica, trecho da antigarodovia Rio - São Paulo e do loteamento da cidade

Industrial Satélite de Cumbica, em 1948.

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de Ferro Sorocabana, trans-fere-se para Cumbica, zo-nas sul e leste, nas proximi-dades da Rodovia Presi-dente Dutra.

A partir da SegundaGuerra Mundial, investi-mentos do capital estrangei-ro, principalmente norte--americano, impulsionaramo desenvolvimento do se-tor industrial de bens deconsumo duráveis e capital,caracterizando uma novafase do processo industrialbrasileiro. A predominânciado modelo de desenvolvi-mento dependente sobre odesenvolvimento naciona-lista se configurou com oPlano de Metas de Jusceli-no Kubitschek (1956 -1961). Com o lema “50anos em 5”, acelera o desen-volvimento com a entradamaciça de capital estrangei-ro na implantação da cha-mada indústria pesada.

Guarulhos, nesse contexto histórico, éfavorecida por sua localização geográfica na Re-gião Metropolitana de São Paulo e por estar no prin-cipal eixo industrializado, entre Belo Horizonte, Riode Janeiro e São Paulo. O ciclo industrial, diferente-mente dos ciclos do ouro e do tijolo, que dispu-nham de sua matéria-prima no próprio município,passou a contar com matérias-primas vindas deoutras regiões. Para isso, as duas principais artériasrodoviárias, a Rodovia Presidente Dutra e a FernãoDias, foram também importantes fatores de estí-mulo à industrialização do município.

Além da localização no triângulo entre MinasGerais, São Paulo e Rio de Janeiro, o AquíferoCumbica foi essencial para o pleno desenvolvi-mento do ciclo industrial na cidade. Nas palavras

do geólogo dr. Hélio Nóbile Diniz: “...a regiãode Guarulhos e de Arujá é industrializada e neces-sita de grande quantidade de água para suas ativi-dades e processos. A ausência de um sistema mu-nicipal efetivo de abastecimento de água fez comque as perfurações de poços aumentassem bas-tante durante a década de 1960. Os aquíferos nun-ca antes explorados favoreciam boas vazões”.

O sucesso do desenvolvimentismo associa-do pode ser observado na quantidade e veloci-dade da instalação do parque industrial na ci-dade. Em 1953, eram 27 grandes indústrias; em1956, eram 90 grandes fábricas e 80 pequenas.Ao processo de implantação das indústrias degrande porte nas décadas de 1950, 1960 e 1970correspondeu uma aceleração do processo

Mapa do loteamento da cidade Industrial Satélite de Cumbica, de 5de novembro de 1945 – Implantado pelo Decreto Municipal no 14.

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migratório para a cidade de Guarulhos, provo-cando profundas mudanças na sua estrutura ur-bana e social. A cidade vê multiplicada sua po-pulação, como podemos verificar na tabelademográfica:

de, entre outras. Para criação da infraestruturanecessária à indústria houve a socialização dosgastos e até financiamento pelo Estado; porém,para a satisfação da demanda surgida pela ocu-pação desordenada, decorrente do processo in-dustrial, os gastos foram assumidos priorita-riamente pelo poder público.

Com o intuito de ordenar o crescimento e ocu-pação do solo, a Lei municipal no 1.503, de 1969,define as zonas de expansão urbana da cidade, in-cluindo nela vários bairros, tais como: Jardim Rosade França, Cocaia, Taboão, Cidade Serôdio, San-tos Dumont, Jardim Maria Dirce, Jardim Presiden-te Dutra, Vila Nova Bonsucesso, Jardim Leblon,Parque São Miguel, entre outros.

Em 1950, havia em Guarulhos 35.523 mo-radores; em 1990, a cidade contava 787.866 ha-bitantes. Em 40 anos vieram para Guarulhos752.343 novos moradores. A maioria absolutados novos moradores da cidade foi morar nosloteamentos populares da periferia, áreas de ocu-pação e favelas, nas proximidades dos locais detrabalho. Os baixos salários pagos aos trabalha-dores e as precárias condições dos bairros leva-ram à formação de movimentos reivindicatóriosde bairros e sindicatos.

INDUSTRIALIZAÇÃO:TERCEIRO MOMENTO – DAS MEDIDAS

NEOLIBERAIS AOS DIAS ATUAISPeríodo que vai de 1990 aos dias atuais; mo-

mento em que tratamos como a economia dacidade foi impactada pela política neoliberal eo quadro atual. Em 1990, algumas grandes em-presas faliram e outras se mudaram do municí-pio. Nesse período falava-se que a cidade haviadeixado de ser industrial e se tornava uma cida-de de serviços. O que aconteceu em Guarulhosreflete uma tendência mundial das economiasperiféricas frente à política neoliberal nos mar-cos da globalização.

Em 1989, na cidade de Washington, repre-sentantes das oito maiores economias do mun-do se reuniram e elaboraram um plano para osFábrica de Casimiras Adamastor S/A.

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Fontes: IBGE/Prefeitura de Guarulhos.

Conforme observa o economista PaulSinger: “...o desenvolvimento capitalista da eco-nomia brasileira foi profundamente marcadopor esta ampla mobilização do exército indus-trial de reserva, que deu lugar a um abundantesuprimento de força de trabalho pouco qualifi-cada, mas dócil e de aspirações modestas”.

A concentração de indústrias foi acompa-nhada pela aglomeração de força de trabalhoem loteamentos populares e ocupações de ter-ras públicas e particulares, criando uma deman-da por serviços públicos de abastecimento deágua, transporte, pavimentação, educação, saú-

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para amplo desenvolvimento dos setores deserviços e comércio. Esperando a grande mu-dança de rota econômica, o município passoua receber muitos hotéis na região central e oincentivo ao turismo de negócio.

A repercussão das falências de algumasempresas no início da década de 1990 (gover-no Collor), e a instalação de vários hotéis nocentro da cidade levou à construção do mitoda mudança de perfil econômico do município.Para o censo comum, a economia da cidadehavia deixado de ser industrial e se tornara deserviços.

A confusão sobre o destino da economiabrasileira e a vocação econômica do municípiodurou, aproximadamente, dez anos. A vitóriados movimentos sociais no plebiscito em 2002,onde 10 milhões de pessoas votaram contra aAlca, e a publicação de um estudo do IBGE,em 2005, favoreceram a compreensão sobre asituação e os rumos da economia da cidade.

Segundo estudo: “Onde se instalam indús-trias concentra serviços e população. Tal con-centração é reflexo direto do nível de industri-alização. Além do próprio peso da atividade, aindústria agrega uma série de serviços em tor-no de si, o que faz crescer a economia local”.

demais países capitalistas. A es-tratégia visava resolver a crise desuperprodução de mercadorias eexcedentes de capitais constata-dos entre eles.

De forma resumida, a políti-ca neoliberal consiste em abertu-ra comercial, estado mínimo egarantia de contratos por partedo Estado nacional. A economiaguarulhense, nesse contexto, foiafetada com a política de abertu-ra econômica. A falência de em-presas e a redução da participa-ção das exportações do Brasil nomercado internacional trouxe-ram consequências para a vida dacidade.

Amplos setores passaram a apostar na pers-pectiva de abertura da economia brasileira coma implantação da Área de Livre Comércio dasAméricas (Alca) e na otimização das atividadesaeroportuárias, como elemento privilegiado

Vista panorâmica do centro expandido da cidade.

Família Saraceni, em 1951 – imigrantes italianos.

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É a indústria, e não diretamente o Aero-porto Internacional, a grande responsávelpelo Produto Interno Bruto de Guarulhos.A produção se reflete na receita do municí-pio: cerca de 60% da arrecadação vêm, se-gundo a Prefeitura, das atividades industriais.(Estudo IBGE/Ipea-2005.)

Atualmente, o município ocupa a 9a posi-ção no cenário econômico, sendo responsável por1,03% do PIB Brasileiro (IBGE-2006). Com umparque industrial diversificado, conta com 91.847trabalhadores e mais de 2.890 indústrias. A pro-

dução chega a R$ 12,06 bilhões anuais no setorindustrial, e a cidade figura no cenário nacionalcom um PIB de R$ 18.194.924 bilhões. O em-prego no setor formal contabiliza 227.914 tra-balhadores. Os setores de comércio e serviçoscompletam os números do PIB local.

Segundo informações da Prefeitura, o se-tor de serviços é o que cresce em ritmo maisintenso. “Seja em função das indústrias, que cadavez mais terceirizam serviços, como entregas,contratação de pessoal, manutenção, ou da pre-sença do aeroporto, que impulsiona a implan-tação de uma série de serviços de transporte elogística, hotelaria, turismo e eventos. Atualmen-te, são mais de mil empresas dos setores detransporte e logística atuando em Guarulhos.

Shopping Internacional de Guarulhos – antiga Fábrica Olivetti.

Era industrial – modelo automobilísticotransporte rodoviário de cargas.

Antiga Fábrica Olivetti, 1958.

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Além disso, a privilegiada localização atraiu, nosúltimos anos, importantes centros de distribui-ção e logística.”

Para atender às exigências da produção lo-cal e de outros polos econômicos regionais,estão em andamento a modernização do ter-minal de cargas do Aeroporto de Cumbica, aconstrução do terceiro terminal, obras parainterligação do Porto de Santos ao Aeroportode Cumbica, através da extensão da Av. Jacu-Pêssego, São Paulo a Guarulhos e a revitalizaçãoda Cidade Satélite Industrial de Cumbica.

A industrialização na região metropolita-na, e especialmente em Guarulhos, gerou enor-me contraste social, criou riquezas e, também,muita pobreza, inclusive um grande passivosocioambiental. Junto com a industrialização

Mulheres metalúrgicas, início de 1970. Foto extraída do livro: Philips 80 Anos à Frente.

Trabalhadores em frente ao Fórum.

Vista aérea da Philips, 1960. No local atual abrigao Campus da Universidade de Guarulhos.

se deram a formação do operariado urbano ea organização dos seus membros em sindica-tos, partidos políticos, associações etc. No mu-nicípio registram-se inúmeras greves e protes-tos, conduzidos por trabalhadores nas fábri-cas e nos bairros. Que se têm registros, a fun-dação do primeiro sindicato na cidade ocor-reu em 1958 (Sindicato dos Condutores). Aprimeira greve operária ocorreu em 1963, por100% de aumento salarial.

Do processo de desenvolvimento e da for-ma como se deu a expansão territorial urbanadecorre a quantidade de problemas ambientais esociais: de acordo com o IBGE, 10% da popula-ção habitam em favelas – o IBGE considera nú-cleos de favelas aqueles com menos de 50 unida-des habitacionais. Quanto às questões ambientais,as mais graves são o desmatamento, a água e o

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Lutas Sociais e Resistência Cultural em GuarulhosCom o processo de ocupação territorial e a expansão urbana de Guarulhos, os trabalhadores, vistos

como força de trabalho, empregaram a energia essencial para a concretização da produção da riqueza, partena condição de escravos, parte como agregados, meeiros, trabalhadores e operários assalariados.

Para além do processo produtivo, percebe-se nas diversas formas de manifestações da cultura religiosa,gastronômica, na oralidade e na toponímia como se deu, de forma ativa, a assimilação dos diferentes sujeitos.A resistência das populações indígenas, negras e dos operários imigrantes estrangeiros e nacionais aconteceu,

pelo menos, em dois níveis: napreservação de suas culturas comofatores essenciais de resistência enas lutas diretas contra o sistema.

A primeira resistênciaveio dos indígenas, que não acei-taram docilmente a tentativa dealdeamento feita pelos coloniza-dores. Diante da insistência emaldeá-los e escravizá-los, em 1640,os indígenas Maromomi reagiramde forma violenta, ateando fogoem duas fazendas e expulsandoseus proprietários.

Com o advento da es-cravidão da população negra, po-demos constatar, no mapa da mi-

neração do município, a existência do Ribeirão dos Quilombos; é provável que no local tenha existido umquilombo. A presença da Igreja da Irmandade de NossaSenhora do Rosário dos Homens Pretos, no centro anti-go, revela uma expressiva organização dos afro-brasi-leiros em Guarulhos. Em 1750, a referida igreja foi ben-ta oficialmente.

A implantação da indústria na cidade trouxe con-sigo a formação da classe operária e a expansão urba-na de forma desordenada. Ao período corresponde osurgimento das primeiras lutas de bairros e nos locais detrabalho. Contrariando o mito de um operariado dócil,os trabalhadores rapidamente amadureceram como clas-se e se organizaram em comissões de bairro, associa-ções, partidos políticos, sindicatos e outras formas.

A partir da década de 1970, aparecem novas es-tratégias de organização entre os trabalhadores, commovimentos sociais voltados para a defesa dos direitos das mulheres, negros, homossexuais, crianças e ado-lescentes, idosos, meio ambiente, saúde, educação etc., todos com grande representatividade em Guarulhos.

solo contaminados e a poluição atmosférica. Olocal onde está o município é farto em água sub-terrânea e escasso em corrente de ar, o que agra-va ainda mais a dispersão dos poluentes. A cida-de aproveita apenas 8% da água utilizada, e quan-do considerados os indicadores de desenvolvi-

mento humano, renda, longevidade e educação,apenas a educação se mantém em níveissatisfatórios, com Índice de DesenvolvimentoHumano (IDH) de 0,0798, o que coloca a cida-de na 191a posição entre os municípios paulistase 607a entre os municípios da federação.

Jornal O Repórter de Guarulhos,de novembro de 1979.

Oposição sindical metalúrgica de Guarulhos, em 1982.

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Mudanças Políticas e Administrativas

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a fundação aos dias atuais, Guarulhos passou por cinco momentos em sua históriapolítica e administrativa: foi aldeia indígena, distrito, freguesia, município e cidade.

Em 8 de dezembro de 1560, ocorre a fundação da aldeia de Nossa Senhora da Conceição dosGuarus, pelo padre jesuíta Manuel de Paiva, de acordo com pesquisa do memorialista João Ranali.Para o pesquisador Benedito Prézia, a aldeia de Nossa Senhora da Conceição dos Maromomi foifundada, provavelmente, em 1606, tendo como superior o padre Manuel Viegas. Ainda segundoele, em 1604 os jesuítas de São Paulo pediram ao superior-geral em Roma autorização para implan-tar o aldeamento para os Maromomi, noPlanalto Paulista.

No início do século XVII, é feita aconcessão de datas de terras na regiãodas minas descobertas por GeraldoCorrêa, próximas ao Rio Baquirivu--Guaçu, localidade conhecida por La-goas Velhas do Geraldo, através de cartade sesmaria. A carta de sesmaria cons-titui um importante documento que ates-ta a antiguidade da mineração de ouroem Guarulhos. Sesmaria é um lote deterras inculto ou abandonado, que osreis portugueses cediam a sesmeiros quese dispusessem a explorá-la.

Por volta de 1640, havia na missãoMaromomi cerca de 800 famílias e umapopulação com mais de 3 mil pessoas.Nessa época, os Maromomi passarama ser chamados de Guarulhos. Nesse

Câmara e Prefeitura Municipal,em prédio construído entre 1921 e 1923.

Igreja Matriz e Praça Tereza Cristina, em 1958.

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mesmo ano, os jesuítas são expulsos de São Pau-lo, por sua posição intransigente contra a escravi-zação indígena na região. Sem os padres, os Ma-romomi passaram a ser usados em trabalhos nasfazendas, realizando transporte de carga. Quandoos jesuítas retornaram a São Paulo, em 1653, nãoreassumiram a missão dos Maromomi.

Em 1652, houve um levante dos índiosque trabalhavam na fazenda de João Sutil deOliveira, ocasião em que foram mortos osmoradores e a propriedade incendiada. Maistrês fazendas foram incendiadas no final damesma década, em rebeliões com participa-ção dos Guarulhos. De acordo com Noronha(p. 116), em 1675 deu--se a criação do distri-to. “Por sinal, foi nes-sa época que se consti-tuíram as principaiscircunscrições distri-tais da capitania, geral-mente denominadasbairros nos documen-tos oficiais.” No dia 8de maio de 1685, ocor-re a mudança de distri-to para freguesia deNossa Senhora da Con-ceição dos Guarulhos.

Para o historiador Carlos José,“O território do futuro muni-cípio de Guarulhos, por pos-suir lavras de ouro, atraiu oscolonizadores para a região. Éprovável que estes minerado-res tenham atuado para a cria-ção da freguesia, tendo em vis-ta que eles apropriaram-se deterras pertencentes antes aosíndios aldeados e para melhoratender a seus interesses comoproprietários, algo bem carac-terístico do processo de ex-ploração colonial”. No mes-

mo dia e ano, ocorre a fundação da paróquiade Nossa Senhora da Conceição dos Guaru-lhos, atual Igreja Matriz, localizada na PraçaTereza Cristina.

A terceira mudança, de freguesia para vila,ocorreu em 1880, de acordo com a Lei Provin-cial no 34, de 24 de março de 1880. Foi aprovadapela Assembleia Legislativa Provincial e sancio-nada pelo então presidente Laurindo Abelardode Brito, constando do texto publicado o nomede Francisco Ignácio de Toledo Barbosa, comoredator, e de José Joaquim Cardoso de Melo,como secretário do Governo Provincial.

A presença de grandes latifundiários ruraisda época influenciou, pes-soalmente, que ocorresse atransformação, pois vila éuma povoação superior àsduas categorias anteriores einferior à cidade. A vila ca-racteriza-se pela existênciade um conjunto de casas,construídas em volta de umapraça e com poucas ruas deacesso, dotada com Câma-

Vista interna da Igreja Matriz –Nossa Senhora da Conceição.

Paço Municipal, em 1976.

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ra de Vereadores, intendente municipal e outrosequipamentos públicos.

É muito provável que dois homens públi-cos da cidade nesta época – o padre João Vi-cente Valadão e João Álvares de Siqueira Bueno,guarulhenses que foram, durante muitos anos,o vigário desta paróquia e deputado –, tenhaminfluenciado a tomada de decisão. No entanto,apenas João Bueno fora eleito para a legislaturade 1880/1881, em cujo início apareceu o pro-jeto de lei criando o município. Levando-se emconta o espírito dinâmico e hábil de João Bueno,dada a sua condição de filho da terra e residen-te, deve-se presumir que foi dele a providencialiniciativa.

O projeto de lei foi apresentado à mesada Assembleia na sessão de 14 de fevereirode 1880, sob o no 21, tendo como signatá-rios Reis França; Oliveira Braga; CamposToledo; C. Gavião; Antônio Carlos, o ba-rão de Pinhal; Luiz Carlos; João Clímaco deCamargo; Tito Correia de Mello e FerreiraBraga. João Bueno não assinou o projeto enão estava presente à sessão em que foi apre-

sentado o documento, talvez por conve-niência política.

A lei não fixou as divisas do município,posto que as mesmas devessem coincidircom os limites das paróquias que o integra-vam. A instalação do município deu-se coma presença dos vereadores de São Paulo. Aata lavrada na ocasião é a seguinte: “Aosvinte e quatro dias do mês de janeiro demil oitocentos e oitenta e um, nesta Vila deNossa Senhora da Conceição dos Guaru-lhos, Comarca da Imperial Cidade de SãoPaulo, na Casa destinada para sessões daCâmara Municipal da mesma, ao meio-dia,compareceram os srs. presidente e verea-dores da Câmara Municipal da Capital, drs.João Mendes de Almeida Júnior, AméricoBrasiliense Almada Mello, Antônio Francis-co Aguiar Castro, Augusto de SouzaQueirós, tenente-coronel Antônio JoséFernandes Braga, para instalação da Câma-ra Municipal da Vila de Nossa Senhora daConceição dos Guarulhos, e dar juramen-to e posse aos vereadores eleitos da Câma-

Esquina onde foi instalada a primeira sede da Câmara Municipal e também a Intendência, em imóvelconstruído em taipa de pilão. Na Rua D. Pedro II, postando-se de frente, a casa legislativa ficava na

esquina do lado direito da Rua Felício Marcondes (antiga Estrada do Cabuçu), local da primeira sededa Casa Poli (1916) e onde passou a funcionar o armazém Mesquita Marques, em 1944.

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ra Municipal, capitão Joaquim Francisco dePaula Rabello, Francisco Soares da Cunha,Joaquim Rodrigues de Miranda, José deSant’Anna, Marciano Ortiz de Camargo eJosé Alves de Almeida Pinho”.

A ata foi lavrada por Antô-nio Joaquim da Costa Guimarães,secretário da Câmara paulistana.Em ata seguinte, lavrada no mes-mo dia, consta a eleição do capi-tão Joaquim Francisco de PaulaRabello para presidente da Câma-ra local. O prédio da Câmara, nes-sa ocasião, ficava na Rua D. PedroII, na esquina da Rua Felício Mar-condes, no lado direito de quemsobe por esta.

Em 3 de maio de 1886, pela Lei Provincialno 71, Guarulhos perdeu a Paróquia da Penha,que se reintegrou ao município da Capital. Em

27 de março de 1889, pela Lei Provincial no 66,perdeu Juqueri (atual Mairiporã), que se consti-tuiu município independente.

Antigamente era comum dizer-se Conceiçãodos Guarulhos ou, simplesmente, Conceição.

Mas, no Governo Tibiriçá, pelaLei no 1.021, de 6 de novembrode 1906, passou a denominar-se,oficialmente, Guarulhos.

Logo a seguir, em 19 de de-zembro de 1906, pela Lei Estadualno 1.038, a Vila de Guarulhos foielevada à categoria de cidade,quando possuía população de qua-se 5 mil habitantes. Finalmente, aLei Estadual no 2.456, de 30 de de-zembro de 1953, criou a Comarca

(Poder Judiciário local), com jurisdição no terri-tório municipal, cuja instalação se deu, solenemen-te, a 18 de fevereiro de 1956.

Capitão Joaquim Franciscode Paula Rabello.

Lago de Vila Galvão em 1950.

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De capela a município – interfaces com GuarulhosDa formação de uma capela ao estabelecimento de um município, existe um percurso de denominações.

Entendam melhor quais são e o que significam:Capela: pequeno templo erigido ou fundado pelos nobres ou senhores nas terras de sua propriedade,

geralmente ao lado de sua casa; convertia-se muitas vezes em paróquia, cuja povoação originava a vila.De acordo com o historiador John Manuel Monteiro, Guarulhos teve uma Capela em 1666, edificada na

Fazenda Bonsucesso, em terras de Francisco Cubas.Distrito: divisão territorial e administrativa em que certa autoridade administrativa, judicial ou fiscal

exerce sua jurisdição. Em 1675 Guarulhos foi distrito de São Paulo. Em 23 de dezembro de 1981, foi criadoo distrito do Jardim Presidente Dutra, já no município de Guarulhos.

Freguesia: sede de uma igreja paroquial, que servia também para a administração civil; categoria oficial,institucionalmente reconhecida, a que era elevado um povoado quando nele houvesse uma capela curada(ministrada em caráter permanente por um pároco) ou paróquia, na qual pudesse manter um padre à custadesses paroquianos, pagando a ele a côngrua anual. Em 1685 Guarulhos foi declarado freguesia.

Vila: unidade político-administrativa autônoma equivalente a município, trazida de Portugal para o Brasilno início da colonização, tendo perdurado até fins do século XIX; toda vila deveria possuir Câmara e cadeia,além de um pelourinho – símbolo da autonomia. Termo empregado em substituição a município, pois este nãopodia ser usado na colônia, ou seja, em terras não emancipadas. Guarulhos foi elevado a Vila de NossaSenhora da Conceição dos Guarulhos em 1880.

Termo: território da vila, cujos limites são imprecisos; tinha a sua sede nas vilas ou cidades respectivas; eradividido em freguesias, limite, raia ou marco divisório que extrema uma área circunscrita. De acordo com adefinição, os bairros da Penha e Juquery se enquadram na descrição.

Cidade: título honorífico concedido até a Proclamação da República, pela Casa Imperial, às vilas emunicípios, sem nada acrescentar à sua autonomia; a partir da Constituição de 1891, este poder é delegadoaos Estados, que podem tornar cidade toda e qualquer sede de município; nome reconhecido legalmente paraas povoações de determinada importância.

Município: divisão administrativa de origem romana, levada pelos romanos para a Península Ibérica, ede Portugal trazida para o Brasil; equivalente à vila; menor unidade territorial político-administrativa autôno-ma; entre os romanos, cidade que possuía o direito de se administrar e governar por suas próprias leis; noBrasil substitui definitivamente o termo “vila” a partir da República, tendo aparecido pela primeira vez nalegislação através da Carta Régia de 29 de outubro de 1700.

Rua D. Pedro II, 1930 – Praça Conselheiro Crispiniano. Prédio à direita: Clube Recreativode Guarulhos; primeiro sobrado à esquerda: Cine e Teatro D. Pedro II,

posteriormente Cine República.

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A ORIGEM DO NOMEHá muito tempo vem sendo considerada a

informação definida por Teodoro Sampaio emO Tupi na Geografia Nacional: guaru significa o indi-víduo que come – o comedor, em alusão ao for-mato do peixe desse nome, cuja parte ventral ésaliente. Consideramos que os colonizadores eu-ropeus, na tentativa de resolver as dificuldades decomunicação e compreensão da diversidadelinguística dos povos indígenas, criaram umatupinologia amadora, sistematizada na língua ge-ral e expressa na toponímia nacional e local.

Ainda sobre a origem do nome Guarulhos,são consideradas significativas as consideraçõesdo historiador John Manuel Monteiro: “A par-tir da Independência do Brasil, o tupi começoua ser um instrumento importante da nacionali-dade, tudo era chamado de nomes tupis, e mes-mo em lugares em que não existiam populaçõestupis, como no caso de Guarulhos, quase todosos nomes são de língua geral, são tupis. Issosugere evidentemente que são nomes que foramatribuídos posteriormente, e às vezes é um exer-cício enganoso, porque muitas vezes a genteacha que tem um nome indígena porque os ín-dios deram esse nome, a maior parte dos luga-res no Brasil tem nomes indígenas que foramdados por não índios, e muito posteriormente.No caso dos Guarulhos é muito curioso por-que Guarulhos é o nome que ficou de fato, a

partir do século XVII (não se sabe exatamentequando), mas que pegou e substituiu o nomeanterior para designar um certo grupo indíge-na, esses que eram chamados Maromomi e quemais tarde foi corrompido para guaru-mirim,que em tupi guaru significa pequeno, ou seja,uma corruptela para marumirim. É algo bas-tante revelador desses processos de mudança ea gente tem que ter bastante atenção”. (Montei-ro, 2006.)

A atribuição do nome Guarulhos reflete oprocesso de colonização portuguesa na tentati-va de generalização da cultura Tupi através dalíngua geral.

Antigo coreto da Igreja Matriz e, ao fundo, Igrejada Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos

Homens Pretos, em 1926.

Trecho da Estrada da Conceição.Livro: IV Centenário – Guarulhos.

Autor: Adolfo de Vasconcelos Noronha.

Av. Conceição, antiga Estrada da Conceição, viade ligação entre o bairro de Santana, em São

Paulo, e Guarulhos. Nome em referência à Igrejade Nossa Senhora da Conceição dos

Guarulhos, atual Igreja Matriz.

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Circuitos Turísticos – Patrimônios

Culturais e Ambientais

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CIRCUITO 1 – CENTRO HISTÓRICO – COLINASob a colina do centro, no triângulo formado pelas ruas Capitão Gabriel, D. Pedro II, Luiz

Gama e João Gonçalves, reconhecido pela Lei no 6.253, de 24 de maio de 2007, como ZonaCentral Histórica, encontra-se grande parte da História da cidade com seus patrimônios: Cate-dral da Cidade – Igreja de Nossa Senhora da Conceição, Marco Zero, Rua D. Pedro II, Cemitériodos Homens Pretos, antigo prédio do Colégio Claretiano e o Shopping Poli.

Rua D. Pedro II – Antiga Rua DireitaSeu atual nome, atribuído em 1932, deve-se à possível passagem e pernoite de d. Pedro II e

sua esposa Tereza Cristina, em uma casa nesta rua.

Praça ConselheiroCrispiniano, calçadão daRua D. Pedro II – marca

escura no piso demarca oantigo local da Igreja e do

cemitério da Irmandadede Nossa Senhora doRosário dos Homens

Pretos. Calçadãoinaugurado em 8 dedezembro de 2008.

Nascente do Ribeirão das Lavras.

Praça Conselheiro Crispiniano no final dadécada de 1950. Ao fundo, a Igreja Matriz,a Rua D. Pedro II, e a segunda sede da CasaPoli, hoje Shopping Poli.

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Praça Tereza Cristina, Igreja Nossa Senhora daConceição e Colégio Claretiano

Em homenagem a Imperatriz do Brasil,Tereza Cristina, nela localiza-se a Catedral deGuarulhos, a Igreja Nossa Senhora da Concei-ção, mais conhecida como Igreja Matriz. Cons-truída no século XVII, a data provável da cons-trução da Catedral é 1685. Sua construção ori-ginal é de taipa de pilão, porém passou por vá-rias reformas que a descaracterizaram. Foi ele-vada a Catedral em 1981, com a criação da CúriaDiocesana de Guarulhos, quando as paredes detaipa foram revestidas de tijolos.

Ao fundo da Matriz localiza-se o prédio doantigo Colégio Claretiano e uma das primeirasfaculdade da cidade, a Farias Brito.

Igreja da Irmandade de Nossa Senhora doRosário dos Homens Pretos, Cemitério dosPretos e Rua Luiz Gama

Localizada na Praça Conselheiro Crispinia-no, atual calçadão da Rua D. Pedro II, a Igrejada Irmandade de Nossa Senhora do Rosáriodos Homens Pretos e o Cemitério dos HomensPretos abrigavam as manifestações religiosas ede tradição popular dos negros e pobres. Umprojeto de revitalização do centro, executadopelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha, propõea construção de um monumento em memóriadas vítimas da escravidão, relembrando a igreja,demolida por volta de 1928.

“Luiz Gama (1830-1882), nasceu em Salva-dor, filho de um fidalgo português com a negraLuiza Mahin. Apesar de livre, seu pai o vendeucomo escravo em São Paulo. Foi escrivão, poeta,

“Aos primeiro de outubro de mil oitocentos edezoito faleceo de idropizia de idade de mais desecenta annos, com os sacramentos da Penitenciae Extrema Unção Narcizo cazado com Gertrudesescravos de Francisco Mariano de Oliveira freguezdesta, seo corpo involto em pano branco jaz noRozario de onde he Irmão sendo encomendado

O Vigro José Branco Teixa”Certidão de Óbito de escravo enterrado no

cemitério da Igreja do Rosário – Livro no 5 – CúriaDiocesana de Guarulhos, em grafia da época.O brasão do Império encontra-se sob a cruz

da Igreja Matriz.

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jornalista e ‘advogado’ de escravos, sem diplo-ma – tinha apenas uma provisão do governo.Em 1881, criou a Caixa Emancipadora LuizGama para a compra de alforrias”. Fonte: Re-

vista Nossa História, no 19, maio de 2005, Edito-ra Vera Cruz.

Rua Sete de SetembroData comemorativa da Independência do

Brasil. Até a década de 1970 era uma ruaresidencial.

Marco ZeroLocalizado na Rua D. Pedro II, em frente

à Igreja Matriz, o marco zero orienta geogra-ficamente a localização e distâncias dos bair-ros e principais estradas. A nova placa foi inau-gurada em 8 de dezembro de 2008.

cada de 1970. Entre 1973 e 2001 abrigou oFórum, Secretaria de Obras Particulares, Juntade Alistamento Militar e Museu Histórico Mu-nicipal. Foi tombado pelo Decreto no 21.143,de 28 de dezembro de 2000.

Antigo Paço MunicipalConstruído no início da década de 1920,

abrigou, simultaneamente, a Câmara Munici-pal e a Biblioteca Municipal até 1958. Foi sededa Delegacia de Polícia, Conservatório de Mú-sica, Secretaria de Administração e, atualmen-te, da Guarda Civil Metropolitana. Foi tom-bado pelo Decreto no 21.143, de 28 de dezem-bro de 2000.

Antigo Paço Municipal.

Casa do ex-prefeito JoséMaurício de Oliveira.

Casa do Ex-prefeito José Maurício de OliveiraLocalizada na esquina da Rua Sete de Se-

tembro com a Rua Felício Marcondes, foi cons-truída em 1935 e utilizada como moradia dafamília Maurício de Oliveira até o início da dé-

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Escola Estadual Capistrano de Abreu Rua Capitão GabrielGabriel José Antônio foi vereador e prefei-

to indicado pela Câmara Municipal de 1908 a1915. Em 15 de abril de 1913, a Câmara Muni-cipal autorizou a abertura de algumas ruas nocentro e deu o nome do prefeito e presidenteda Câmara a uma delas.

Rua Felício MarcondesComerciante na região de Bonsucesso, foi

intendente de 1891 a 1894 e vereador de 1911 a1919. Em 15 de abril de 1913, a Câmara, ten-do-o como presidente, aprovou a abertura dealgumas ruas e uma delas recebeu seu nome, mes-mo estando vivo – antiga Estrada do Cabuçu.

Praça Getúlio Vargas e Prédio Antigo daCâmara Municipal

Tombada pelo Decreto no 21.143, de 28 dedezembro de 2001, a praça foi construída na dé-cada de 1950. No local do antigo campo do Es-porte Clube Paulista, ainda nos anos 1950, rece-beu o prédio do Paço Municipal que, em 1976,foi transferido para o Bom Clima, passando afuncionar ali a Câmara Municipal.

Inaugurada em 1935, abrigou o primeiroGrupo Escolar de Guarulhos, que funcionavana Rua Luiz Faccini desde 1926. Em 1948, re-cebeu o nome de Capistrano de Abreu em ho-menagem ao historiador cearense. Foi tomba-da pelo Decreto no 21.143, de 28 de dezem-bro de 2000.

Prédio antigo da Câmara Municipal – Praça Getúlio Vargas.

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Cemitério São João Batista

Tombado pela Lei no 3.642, de 1990, peloprocesso de Tombamento no 10.763/90. Rece-beu esse nome pela Lei no 370, de 28 de agosto de1956. Os primeiros registros são do final do sécu-lo XIX. Em 1924, Francisco Antunes doou umaárea de terreno para ampliação e, em troca, rece-beu jazigo perpétuo. Na década de 1960 teve par-

te de seus jazigos removidos e transferidos para oCemitério São Judas Tadeu para a construção daBiblioteca Municipal. Relatos orais afirmam queapenas o local onde eram enterrados os negros epobres foi removido; as famílias tradicionais or-ganizaram-se e impediram a violação dos túmulosde seus familiares, permanecendo no cemitérioque possui o nome de São João Batista.

Prédio da Biblioteca Municipal Monteiro LobatoConstruída em 1968, em terreno do Cemi-

tério São João Batista, para abrigar o acervo daBiblioteca Municipal criada em 1940, recebeuo nome do escritor Monteiro Lobato em 1978.O Auditório Pedro Dias Gonçalves foi palcode importantes acontecimentos culturais da ci-dade nas décadas de 1970 e 1980, como o Gru-po Literário Letra Viva, Cine Clube PopularPaulo Pontes, Festival de Teatro e Temporadade Arte e Cultura (TAC).

Biblioteca PúblicaMunicipal, construída em1968, sobre as ruínas do

antigo cemitério, partedestinada ao sepultamentodos brancos pobres, índios

e negros. Em 1978recebeu o nome de

Monteiro Lobato.

Primeira Biblioteca Pública Municipal, criada em 20 dejunho de 1939 pelo ato no 232, funcionou inicialmenteno antigo espaço da Câmara Municipal e Prefeitura,situada na esquina da Rua Felício Marcondes com aRua Sete de Setembro, inaugurada em 26 de novembrode 1940.

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Largo e Igreja do Rosário.

Rua João GonçalvesFoi vereador de 1908 a 1916. Em 15 de abril

de 1913, a Câmara Municipal, tendo-o comovice-presidente, aprovou a abertura de algumasruas e uma delas recebeu seu nome.

Largo e Igreja do RosárioConstrução da década de 1930 para substi-

tuir a Igreja da Irmandade de Nossa Senhorado Rosário dos Homens Pretos, demolida porvolta de 1928, para alargar a Rua D. Pedro II.Foi construída em terreno da chácara de TúlioBrancaleone, doado para este fim.

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Rua da EstaçãoAtual Rua Cerqueira César, aberta em 1914

para ligar a estação à Rua D. Pedro II. João Álva-res de Cerqueira César nasceu em Guarulhos, nobairro de Tapera Grande, em 1835, filho de Ben-to Alves de Cerqueira Bueno, descendente deAmador Bueno, grandes proprietários agrícolas.

Córrego dos CavalosO nome do córrego vem da época dos

tropeiros e era um dos pontos onde paravampara alimentar os animais e descansar. A partirda implantação do trem de ferro, passou a ser-vir de fonte de abastecimento da linha férrea.O Córrego dos Cavalos está canalizado embai-xo da Praça IV Centenário.

Praça IV Centenário, Estação Guarulhose Casa Amarela

A praça recebeu esse nome em 1960, nascomemorações dos 400 anos da fundação dacidade. Abriga a Estação Guarulhos e a casado chefe da estação, transformada em arquivohistórico do município. Existe também no lo-cal uma locomotiva semelhante às utilizadas naEstrada de Ferro Tramway Cantareira, inaugu-rada em 1915 e, após 1941, Estrada de FerroSorocabana.

Praça IV Centenário, em 2008.

CIRCUITO 2 – CENTRO HISTÓRICO EXPANDIDO – SOPÉ DA COLINA

Patrimônios situados no sopé da colina cen-tral, exceto a Praça dos Estudantes: Bosque Maia,Teatro Adamastor, Córrego dos Cavalos, PraçaIV Centenário, Arquivo Histórico, Rua da Esta-ção, Praça dos Estudantes, EE ConselheiroCrispiniano, Rua Nossa Senhora Mãe dos Ho-mens Pretos (de acordo com a tradição oral).

Local da fundação de GuarulhosConforme apontamento do memorialista

Adolfo de Vasconcelos Noronha, em 1560,neste local, situado entre a Av. Guarulhos, aRua Silvestre Calmon e a Rua Barão de Mauá,teriam sido erguidas uma capela, bem comoum cemitério indígena, aldeia que veio origi-nar a cidade de Guarulhos. Os relatos, tantosobre este local quanto de outra aldeia, situa-da entre Bonsucesso e Pimentas e até mesmo

Av. Guarulhos com a Rua Silvestre Calmon.

os índios aldeados são objeto de grande polê-mica historiográfica.

Parque Estrela, atualPraça IV Centenário, antigo

Córrego dos Cavalosou Lava-pés.

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Centro Municipal de Educação AdamastorLocalizado na Av. Monteiro Lobato, no

antigo prédio da Fábrica de Casimiras Adamas-tor, inaugurada em 1946. No passado havia sidochácara – até 1941 – e olaria, a Cerâmica Brasil,de 1941 a 1946. Hoje, é importante monumen-to de preservação da memória dos ciclos dotijolo e industrial, funcionando como um cen-tro cultural, que abriga biblioteca, teatro e cen-tro de memória.

Bosque Maia.

Centro Municipal de Educação Adamastor.

to utilizado pela população nos fins de semana econta com brinquedos, pistas de caminhada, tri-lhas, pistas de skate, espaços de shows, quadraspoliesportivas e tradicional praça ambulante dealimentação.

Capela do Bom Jesus de PiraporaLocalizada no bairro do Macedo, ao lado

do Centro Educacional Adamastor, foi cons-truída com tijolos em data indefinida, substitu-indo a antiga edificação em taipa de pilão.

Bosque MaiaSituado na Av. Paulo Faccini, possui trechos

da Mata Atlântica. Com mais de 100 mil metrosquadrados, reúne vários equipamentos de cultu-ra, lazer e educação ambiental. O bosque é mui-

Praça dos Estudantes e Escola EstadualConselheiro Crispiniano

João Crispiniano Soares nasceu em Gua-rulhos, em 24 de julho de 1809. Foi conselhei-ro do Império e presidente das províncias deMato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro eSão Paulo. O primeiro Ginásio Estadual deGuarulhos, criado em 1961, ganhou instalações

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Cemitério Islâmico – Picanço.

projetadas pelos arquitetos João Batista VilaNova Artigas e Carlos Cascaldi. Consideradopatrimônio cultural e arquitetônico, tambémrecebeu um mural do artista Mário Gruber.

No roteiro pode ser visitado também o pri-meiro cemitério islâmico da América Latina,construído por volta de 1965, localizado naAv. Timóteo Penteado.

EE Conselheiro Crispiniano.

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CIRCUITO 3 – SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DOOURO – ESTRADAS E CAMINHOS

Área de aproximadamente 45 quilômetrosquadrados que comporta o Sítio Arqueológico doGarimpo de Ouro do Ribeirão das Lavras e cons-titui um dos raros exemplares conhecidos de sítiosarqueológicos associados à mineração de ouro noperíodo colonial preservado no planalto paulistano.Inscrito no Cadastro Nacional de Sí- tios Arqueo-lógicos, localiza-se no bairro da Capelinha, a cercade 18 quilômetros do centro de Guarulhos. Localrico, tanto em história geológica como em inédi-tas estruturas do processo de mineração no pe-ríodo Colonial. Acesso pela Estrada de NazaréPaulista. No bairro das Lavras também é possí-vel observar remanescentes de olarias.

Sítio arqueológico do Ribeirão das Lavras,ouro no veio de quartzo.

Pico do ItaberabaÉ o mais alto da cidade, com 1.438 metros

de altura em relação ao nível do mar. A vegeta-ção é exuberante, contando com inúmeras es-pécies de animais, além da Bacia Hidrográficado Córrego Jaguari. Seu acesso se dá pela Es-trada de Nazaré Paulista.

Casa da CandinhaTrata-se da casa da família de d. Cândida Rodri-

gues Barbosa. O casarão está localizado na FazendaBananal, no atual bairro Bananal. Compõe o cenáriodo ciclo do ouro de Guarulhos, situado nas proxi-midades do Campo dos Ouros, Estrada do Saboo.Construída em taipa de pilão, é provável que sejauma das mais antigas casas da cidade. Por muitosanos funcionou na Serra do Bananal um garimpo deouro e conta-se que no porão da casa existia umasenzala de escravos. Segundo o pesquisador dr. EudesCampos, do Arquivo Histórico Washington Luís, SãoPaulo, certamente houve uso de mão-de-obra escra-va na Fazenda Bananal. Sobre a utilização do porãoda Casa Sede como senzala, carece de esclarecimen-to e comprovação. A Casa da Candinha foi desa-propriada para abrigar o Centro de Preservaçãoda Memória e Cultura Negra.

Capela de Nosso Senhor do Bom JesusLocalizada no bairro da Capelinha, na Estrada

de Nazaré, quilômetro 36. Fechada à visitação pú-blica, pois a mesma é construída em terreno parti-cular. Data provável de fundação: 1919.

Estrada das Lavras eGarimpo de Ouro do Tanque Grande

O topônimo diz tudo. A Estrada das Lavras,como é conhecida atualmente, é uma bifurcaçãoda Estrada de Nazaré Paulista para acesso dobairro das Lavras à Vila de Nossa Senhora deBonsucesso. Ao longo da Estrada das Lavrasexistem alguns sítios arqueológicos da época da

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Garimpo de ouro do Tanque Grande –vala talhada em trecho de montanha.

mineração de ouro; sítios situados no semináriodos padres e no Jardim Hanna e, inclusive, umaparede de taipa de pilão de uma antiga casa co-lonial chamada de Casa Grande, do bairro dasLavras, com vários pés de jabuticabeiras, comoera o costume das famílias na época; além daEstrada Velha de Bonsucesso, entrando pelo Jar-dim Hanna e Jardim Santa Paula.

Cachoeira da Macumba ou Maiomba.

Cachoeira Tanque GrandeO local foi desapropriado pela Prefeitura para

servir de espaço aos adeptos das religiões de ori-gem africana, em suas práticas e devoções religio-sas. O local é muito frequentado por pessoas de-votas do candomblé. A Cachoeira da “Macum-ba”, como é chamada pelos seus frequentadores,compõe o circuito do ouro, local em que possivel-

mente tenha existido trabalho escravo. No mesmocenário pode ser visto um terreiro de candomblé,remanescente do ciclo do ouro, e a raridade am-biental expressa na Represa do Tanque Grande.

Horto Florestal Municipal Burle MarxCriado em 1977, somente em 1981 passou

a se chamar Burle Marx, em homenagem ao pai-sagista considerado dos mais importantes donosso século. É um centro de educaçãoambiental com 60% de mata nativa e 40% deviveiro de plantas. O horto fica situado na Es-trada do Morro Grande – Mato das Cobras.Aberto à visitação com agendamento monito-rado pela Secretaria do Meio Ambiente.

Sítio Arqueológico do Tanque Grande No local se deu escavação de ouro; o tra-

balho de garimpo perfurou uma rocha ao meio,abrindo um canal de aproximadamente 30metros de extensão. Além do canal, existiu la-vagem de ouro em canais construídos com pe-dras ao longo do Córrego Tanque Grande. Oacesso ao local se dá pela Estrada do Saboo.

Vista aérea do Horto Florestal Municipal Burle Marx.

Lago Azul em 2008.

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Represa do Tanque GrandeLocal aberto à visitação pública, a referida

represa foi construída em 1958 em um convê-nio da Prefeitura com o Governo do Estadode São Paulo. Inicialmente, o sistema TanqueGrande serviu como fonte de abastecimento das

indústrias da Cidade Satélite Industrial de Cum-bica. Atualmente, através do Saae, o TanqueGrande abastece a população do Jardim SãoJoão. O local é um bonito cenário para visitar--se, pois além dos recursos hídricos, a vegeta-ção é exuberante.

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CIRCUITO 4 – SANTUÁRIO DE NOSSASENHORA DE BONSUCESSO

Na região dos bairros Pimentas e Bonsucessopodemos encontrar espaços contemporâneos quetestemunham e preservam o passado histórico.

O Santuário Nossa Senhora de Bonsucessocompreende a Igreja de Nossa Senhora de Bon-sucesso, a Capela de São Benedito e a praça daigreja, com um casario que abriga as famíliasatuais e os romeiros que participam das tradicio-nais festas da Carpição e de Nossa Senhora de Bon-sucesso, eventos que acontecem no mês de agos-to. Localizada em uma das rotas de tropeiros que

se deslocava para a Capital paulista e para o Riode Janeiro, onde se formou um povoado que, mes-mo após modificações, pode ser reconhecido nasestruturas de taipa de pilão, que foram preserva-das. Segundo depoimentos, o lugar contava, tam-bém, com uma cadeia que foi demolida para cons-truir a casa paroquial e o cemitério. A Capela deSão Benedito era frequentada pelos escravos, queeram proibidos de entrar na Igreja de Nossa Se-nhora de Bonsucesso.

Estrada do Caminho Velho e UniversidadeFederal do Estado de São Paulo (Unifesp)

O topônimo Estrada do Caminho Velhopermaneceu, preservando o antigo caminho deacesso entre São Paulo, passando por Itaqua-quecetuba, sentido Litoral Norte, onde recen-temente foi instalado o Teatro Adamastor Pi-mentas e a Unifesp.

Unifesp – Trecho da Estrada do Caminho Velho.

Teatro Adamastor Pimentas.

Fábrica de pólvora – Guarulhos no contexto da Segunda Guerra Mundial: localizada no bairro dosPimentas, na divisa com São Miguel Paulista. De acordo com fontes orais, construída em 1945, comnome de Produtos Químicos e Rayon ou Fábrica de Baixo, de propriedade da Companhia Nitro –Química Brasileira. Em 1946, um dos departamentos da fábrica explodiu, matando 46 operários eferindo gravemente muitos outros. Pela importância histórica que possui, cerca de mil moradoresingressaram com um abaixo-assinado reivindicando o tombamento das ruínas da fábrica junto àPrefeitura de Guarulhos.

Igreja de Nossa Senhora de Bonsucesso,construída em 1800.

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Cemitério de BonsucessoNa Vila de Bonsucesso, o cemitério é im-

portante fonte histórica sobre as famílias que ha-bitaram a região.

Shopping BonsucessoAlém de um centro comercial é um espaço

de lazer e cultura. No local existe cinema, praçapara shows e outros atrativos.

Shopping Bonsucesso.

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to do aeroporto e de mais de 500 empresas. Orelevo que podemos observar ao longo do RioBaquirivu-Guaçu é resultado do afundamentoda terra que ocorreu há 60 milhões de anos,aproximadamente.

Base Aérea de Cumbica

Em 1934, neste espaço existia o ClubePaulista de Planadores. A Base Aérea foiinaugurada em 1945, em terreno da Fazen-da Cumbica doado pela família Guinle, pas-sou a funcionar como importante estruturado Ministério da Aeronáutica Brasileira. Apartir de 1946, o ramal Cumbica da Estradade Ferro Sorocabana passou a transportarexclusivamente os militares. As instalaçõesda Estação de Cumbica são as únicas pre-servadas até hoje.

AeroportoInaugurado em 1985 com instalações moder-

nas, comércio diversificado e salões de exposi-ção, além de sua função principal, que é o em-

CIRCUITO 5 – CUMBICA Na região de Cumbica estão localizados im-

portantes patrimônios culturais e ambientais,entre os quais se destaca o Marco do Trópico deCapricórnio, latitude 23º 27’ Sul, colocando Gua-rulhos em destaque na geografia internacional.

Base Aérea de Cumbica, inaugurada em 1945.

Rio Baquirivu-Guaçu.

Monumento ao Trópico de Capricórniolocalizado na Via Dutra, quilômetro 215,4,

sentido Rio - São Paulo.

Rio Baquirivu-Guaçu e Aquífero Cumbica

O Rio Baquirivu-Guaçu nasce na cidade deArujá e corre para Guarulhos. Desde o inícioda colonização, no ciclo do ouro, o rio passoua figurar nos escritos portugueses em carta desesmaria que doou terras a Geraldo Corrêa,onde o mesmo explorou ouro. Sob terras pro-fundas encontra-se o Aquífero Cumbica, ma-nancial de águas, responsável pelo abastecimen- Aeroporto Internacional de Guarulhos.

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barque de mais de 12 milhões de pessoas porano, para mais de 60 cidades em todo o mundo,é importante espaço de convivência e visitação.

Parque Cecap – Praça Mamonas AssassinasProjeto do arquiteto João Batista Vila

Nova Artigas para abrigar mais de 10 mil fa-mílias de operários que migraram para Gua-rulhos no processo de industrialização, nadécada de 1960. Projetado com uma concep-ção arquitetônica que buscava proporcionarmaior convivência coletiva e previa um im-

Praça Mamonas Assassinas – Parque Cecap, 2008.

portante centro de convivência com praça decomércio, clube etc. Cecap significa Caixa Es-tadual de Casas para o Povo.

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CIRCUITO 6 – ESTAÇÕESDO TREM DA CANTAREIRA

Em 1911, em frente à estação existia a pri-meira indústria da cidade, a fábrica de tijolose telhas Cerâmica Paulista que, posteriormen-te, trocou de nome, passando a chamar-seCompanhia Agrícola e Industrial de Guaru-lhos, formando no local a primeira vila de ope-rários da cidade.

Praça Santos Dumont, fragmentos da antigaEstação Vila Galvão. No entorno da estação,casas da primeira vila operária de Guarulhos.

A Estação Cabuçu foi inaugurada em 1915,situada na Praça Santos Dumont; posteriormen-te passou a chamar-se Estação Vila Galvão.

Estação Torres TibagyO nome da estação foi dado em homena-

gem ao pai do engenheiro responsável pela im-plantação das estações da Tramway da Canta-reira, dr. José Carlos de Almeida Torres Tibagy.Inaugurada em 24 de maio de 1931, ela era umapequena estação.

O grande fluxo de pessoas ocorria apenasnos fins de semana, quando os funcionários daBolsa de Valores de São Paulo e seus familiaresse deslocavam para o Clube da Bolsa, atualmen-te chamado de Clube Vila Galvão.

Estação de GopouvaLocalizada na esquina das atuais avenidas

Emílio Ribas e Anel Viário (Av. Marechal Hum-berto de Alencar Castelo Branco), na Praça deGopouva, havia uma estação de grande porte.De suas edificações resta apenas uma pequenaconstrução que servia de moradia para o chefeda estação. A estação foi um dos fatores quemuito contribuíram para o crescimento da re-gião. Após o seu funcionamento vieram muitascasas de comércio, o complexo do Sanatório

Local da antiga Estação de Gopouva.

Placa informativa sobre a história da Vila Galvão.

Estação de Vila Galvão na década de 1930.

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Padre Bento, o prédio da Sociedade Amigosde Gopouva etc.

Sanatório Padre Bento

Cine-Teatro Padre BentoPor sua importância histórica, foi tomba-

do como patrimônio cultural da cidade, em7 de março de 1990, conforme a Lei no 3.587/90,que também tombou o prédio da igreja católi-ca, ambos no interior do hospital. Localiza-sena Av. Emílio Ribas, no 1.573, no bairro JardimTranquilidade.

Estação Vila AugustaFoi a terceira estação do ramal, inaugurada

em 1o de fevereiro de 1916. Apesar de bastantemodificado, ainda existe no local o prédio daantiga estação. A estrutura fica situada na es-quina do Anel Viário com a Rua Augusta, defrente para a Praça Carlos Dengler. No entor-no da estação estabeleceram-se moradias, fábri-cas, cinema e uma agência do Correio. Entre osempreendimentos, destacamos a fábrica da fa-mília do imigrante italiano Giuseppe Saraceni.

Estação Vila Augusta.

Complexo hospitalar situado na regiãoentre o bairro de Gopouva e o Jardim Tran-quilidade. É dotado de hospital, campo defutebol, pequeno povoado, igreja, teatro, pis-cina, escola etc. No início, era uma institui-ção particular para tratamento de saúde men-tal. Em maio de 1931, foi adquirida peloGoverno paulista e destinada ao tratamentode portadores de hanseníase (lepra), sendoinaugurada no dia 5 de junho de 1931. Seunome é uma homenagem ao padre Bento DiasPacheco, por sua dedicação assistencial aoshansenianos.

Teatro Padre Bento em 2008.

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Casa José Saraceni

Giuseppe Saraceni, italiano de Castiglio-ne, chegou ao Brasil em 1895. Em 1919, ad-quiriu um terreno entre a Penha e Guarulhos,onde construiu sua residência e no porão dacasa instalou uma fábrica de perneiras e cal-çados, que se transferiu de São Paulo paraGuarulhos. Em 1973, a Chácara Saraceni foivendida para a Indústria de Máquinas de Es-crever Olivetti. Tombado pelo Decreto no

21.143, atualmente o imóvel pertence ao In-ternacional Shopping Guarulhos, localizadona Rua José Saraceni, no 162, no bairroItapegica.

Parada SorocabanosNão chegava a ser uma estação e começou

a existir depois que o sistema de trens passoupara a propriedade do complexo Sorocabana,a partir de 1942. A companhia construiu 140casas para os funcionários, complexo que rece-beu o nome de Núcleo Ferroviário Vila dosSorocabanos, implantado em 12 de junho de1954. Ao passar pelo local, o trem parava paraembarque e desembarque dos funcionários daSorocabana, onde hoje fica a Praça LuizMatheus Maylaski.

Estação GuarulhosLocalizada na atual Praça IV Centenário, no

Jardim Santa Francisca, teve sua construção ini-ciada em 1914, sendo inaugurada em 4 de feve-reiro de 1915. A inauguração oficial aconteceucom a viagem que transportou o arcebispo deSão Paulo, d. Duarte Leopoldo da Silva. Após adesativação do sistema de trens de ferro da So-rocabana, no local passou a funcionar uma Es-cola Municipal de Educação Infantil, que atual-mente é a sede do Arquivo Histórico de Guaru-lhos. Todas as estações de Guarulhos foramprojetadas pelo engenheiro Torres Tibagy.

Réplica da Estação Guarulhos.

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Estação CumbicaSituada dentro da Base Aérea de Cumbi-

ca, foi inaugurada em 1942, antes mesmo dofuncionamento da base. O fato explica-se pelanecessidade de transportar materiais para aconstrução da base. Para atender os militaresda Aeronáutica eram realizadas duas viagenspor dia: uma às 6h45 da manhã, que partia daEstação Tamanduateí, em São Paulo, e outra àtarde, às 16h30, saindo da base. O trem da So-rocabana foi desativado em 31 de maio de

1965, deixando mágoas e saudades na memó-ria da cidade.

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CIRCUITO 7 – VILA GALVÃONa região da Vila Galvão são encontrados

importantes equipamentos públicos de lazer ecultura.

Lago de Vila GalvãoNo local ficam os prédios do Teatro Nelson

Rodrigues, Museu Histórico e Biblioteca Muni-cipal, projetados por Ramos de Azevedo, quefoi sede da Fazenda Cabuçu, de propriedade deFrancisco Galvão Vasconcelos até 1918, e, pos-teriormente, restaurante e instalações do ParqueBalneário Vila Galvão. Na década de 1980, a Pre-feitura passou a utilizar esses equipamentos paraa função atual. Com pista de caminhada, quios-ques de alimentação, restaurantes e equipamen-tos de cultura, o Lago dos Patos recebe aproxi-madamente 3 mil visitantes nos fins de semana.

Lago de Vila Galvão.

Completam o Complexo Cultural da VilaGalvão o Centro Permanente de Exposição JoséIsmael, a Academia Guarulhense de Letras e oEstádio Cícero Miranda.

Zoológico Municipal eMuseu de Ciências Naturais

Criado em 1981, em área de 70.000 metrosquadrados, no Jardim Rosa de França, o espa-ço mantém aproximadamente 300 animais de80 espécies. Em 2005, recebeu o Museu de Ci-ências Naturais Sylvio Ourique Frajoso e o Cen-tro de Educação Ambiental.

Animal do Zoológico Municipal.Estádio Cícero Miranda em 2008.

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Entrada do Zoológico Municipal. Av. Timóteo Penteado na década de 1940,altura da caixa-d’água.

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CIRCUITO 8 – CABUÇU – TABOÃOCapela do Senhor Bom Jesus da Cabeça

Situada no Cabuçu, às margens da estrada,foi construída em 1850 pelo negro RaymundoFortes, conhecido por mestre Raymundo, emterras de Joaquina Fortes Rendon de Toledo,na fazenda onde Raymundo era escravo.

A origem da cabeça do Bom Jesus foi e con-tinua sendo motivo de polêmicas. Há dúvidas

sobre a sua origem e como veio parar na Igrejado Cabuçu. No mês de agosto acontece a festaem devoção ao Bom Jesus da Cabeça.

Estrada do CabuçuObserva-se um diferencial quando se fala

em estrada: todas elas são estreitas e com mui-tas curvas, o trajeto obedece a topografia doterreno e, normalmente, quando possui o nomede estrada é porque é muito antiga. A Estradado Cabuçu localiza-se no meio da Serra da Can-tareira, ligando os bairros de Vila Galvão eTaboão; ao longo dela localizam-se vários pa-trimônios culturais e ambientais.

Parque Estadual da CantareiraO parque possui 7.916 hectares, sendo a

maior floresta tropical em meio urbano domundo. Abrange os municípios de Guaru-lhos, Caieiras e Mairiporã, com vegetação deMata Atlântica, importantes nascentes deágua e variadas espécies de animais. É a maiorriqueza ecológica que o município possui. Den-tro do Parque, em 1907, foi construída a

Parque Estadual da Cantareira em Guarulhos.Praça 8 de dezembro – Taboão, 2008.

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Represa do Cabuçu e, segundo consta, foi aprimeira obra no estilo edificada com cimen-to e ferro, importados da Inglaterra. Outrospontos da região considerados relevantessão: Cachoeira da Macumba, Estrada dosVeigas, Casa da Vila Burguese, Portão e aEstrada dos Veigas.

Cachoeira da Macumba – bairro Taboão.

Arqueduto de 1,2 metros de diâmetro e16,6 quilômetros de comprimento, paratransporte de água da Represa Cabuçu.

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CIRCUITO 9 – BOM CLIMA – COCAIACúria Diocesana

Desde sua construção, no início da déca-da de 1980, guarda em seus arquivos livros detombo, certidões de óbito e de batismo de co-lonizadores portugueses, escravos índios e ne-gros, bem como inventários e demais docu-mentos que formam importante acervo paraa reconstituição da história local. A Cúria Di-ocesana localiza-se na Av. Gilberto Dini, nobairro Bom Clima.

Paço MunicipalLocal de onde pode ser vista uma bela

paisagem, aliada a um clima maravilhoso, daíveio seu topônimo, Bom Clima. Em 1975, afazenda foi desapropriada para receber a sededa Prefeitura. Depois da transferência da Pre-feitura da Praça Getúlio Vargas para o BomClima, o bairro passou a crescer. O gabinetedo prefeito ocupa a antiga sede da fazenda.

Parque Jornalista J. B. MacielUm bom motivo para conferir a paisagem

do Bom Clima é conhecer o Parque J. B. Maciel,

Paço Municipal.

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Parque Jornalista J. B. Maciel.

inaugurado no dia 12 de outubro de 2005 eque, ao lado da sede da Prefeitura, ocupa 33mil metros quadrados de área, com pista paracaminhadas, parque infantil, mesa de jogos, áreade eventos e mirante.

Igreja São João Batista dos MorrosConstruída na década de 1940, fica localiza-

da na Praça Nello Poli, bairro Cocaia, no final daAv. Faria Lima. Seu prédio foi tombado pelo De-creto Municipal no 21.143, de dezembro de 2000.Está aberta aos cultos e visitação. Igreja São João Batista dos Morros.

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CIRCUITO 10 – PONTE GRANDETraçado da antiga Estrada da Conceição,

via Penha, trecho da Estrada do Cabuçu,bairro do Porto da Igreja de Nossa Senhorada Conceição, a sede do Clube Tietê e oShopping Internacional de Guarulhos.

Estrada da ConceiçãoNome de uma das primeiras estradas de li-

gação entre a aldeia de Nossa Senhora da Con-ceição e a Vila de São Paulo de Piratininga; vin-do pelo bairro da Penha, alguns trechoscorrespondem ao traçado da Av. Guarulhos.Existe, também, a Estrada da Conceição, quevem de Santana para Guarulhos.

Ponte Grande / Rio Tietê

A travessia por terra de Guarulhos à Penhademandou, historicamente, a construção de gran-des pontes. Do tamanho da ponte, que já tevevárias versões, surgiu o nome do bairro. Hoje sechama Viaduto dos Imigrantes Nordestinos, inau-gurado após a retificação do Rio Tietê, em 1982.

Porto da IgrejaDurante o ciclo do tijolo, antes da implan-

tação da linha férrea em Guarulhos, o Rio Tietêera utilizado como hidrovia para transporte decargas e pessoas. Daí surgiu a necessidade deum local para carregamento dos barcos quetransportavam tijolos, areia, pedra e madeirapara a Ponte das Bandeiras, em São Paulo. Porisso, o bairro foi batizado com o nome de bair-ro do Porto da Igreja de Nossa Senhora da Con-

ceição. No local existiu, entre outras coisas, umapequena indústria de fabricação de barcos.

Estrada Velha do Cabuçu

No Rio Tietê, no bairro da Ponte Grande,deságua o Rio Cabuçu de Cima. Entrando no Jar-dim Munhoz, consta em uma placa, num pequenotrecho de rua, o nome da Estrada Velha doCabuçu, provável caminho de ligação que se for-mou através dos rios.

Clube TietêNo tempo em que o Rio Tietê não era po-

luído, a população usava-o também para suasatividades de lazer. Piqueniques, banho, pesca-ria e caça eram algumas das formas de diversãodos moradores. Nesse espírito, organizou-se, nobairro da Ponte Grande, o Clube do Tietê, quemantém atividades com o mesmo intuito. Pró-ximo ao Clube Tietê, a Prefeitura mantém ati-vidades esportivas e de lazer, no Estádio Arnal-do José Celeste.

Clube Tietê.

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Parque Ecológico do Tietê.

Parque Ecológico do TietêLocalizado entre a Rodovia Ayrton Senna e

a Av. Assis Ribeiro, proporciona espaços de edu-cação ambiental e de lazer que podem ser apre-

ciados pela população de São Paulo e Guaru-lhos. Dentro da área do Parque Ecológico foiinaugurado, em 27 de fevereiro de 2005, o campus

da Universidade de São Paulo (USP Leste).

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Guarulhos – DiversidadeCultural e Religiosa

F

5

Evento de hip-hop realizado peloEspaço Cultural Florestan Fernandes.

alar da cultura e da religiosidade guarulhenses é identi-ficar os fios de um rico tecido social que durante todo o processo deocupação humana do território foi sendo urdido com muitas cores etexturas. Através do mapeamento cultural e religioso podemos verifi-car as contribuições dos diferentes grupos étnicos que, no processo deevolução urbana, instalaram-se na cidade.

As diferentes formas de organizar a vida social, de conceber eexpressar a realidade dos Maromomi, dos portugueses, dos italia-nos, japoneses, árabes, dos paulistas do interior, dos mineiros, baianos,pernambucanos, paraibanos, entre outros, ganham forma nas mani-festações culturais e religiosas existentes na cidade.

A multiplicidade religiosa no município expressa-se através doCristianismo, que além da Igreja Católica se faz presente através demuitas outras igrejas oriundas do Protestantismo. O universo reli-gioso amplia-se com outros segmentos religiosos de origem africa-na e asiática.

São inúmeras igrejas protestantes e ramificações religiosas: Presbiteriana, Batista, Metodista,Luterana, Brasil para Cristo, Congregação Cristã do Brasil, Pentecostal e ramificações religiosas comoSeicho-No-Iê, Perfecty Liberty, Igreja Messiânica, Budista, Umbanda, Candomblé, Espiritismo etc.

A pluralidade cultural e religiosa abre um leque deatividades que têm origem nos diferentes momentos dahistória da cidade e demonstram como os sujeitos so-ciais vivenciam seus costumes e experiências culturais.Para uma melhor sistematização, dividiremos a questãocultural em cinco tópicos: manifestações de tradição re-ligiosa, de tradição caipira, de tradição estrangeira, mo-vimentos culturais, casas de cultura e instituições públi-cas de cultura.

Igreja Assembleia de Deus,fundada em 1947 –

foto de 1953.

Grupo Os favoritos da catira, durante a Festa de Nossa Senhora de Bonsucesso.

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GUARULHOS � Espaço de Muitos Povos

MANIFESTAÇÕES DA CULTURATRADICIONAL DE INFLUÊNCIA CATÓLICAA presença da Igreja Católica como princi-

pal instituição orientadora e reguladora da vidasocial durante todo o processo de evolução domunicípio possibilitou a reelaboração de mani-festações da cultura popular com forte influên-cia religiosa. Desse processo podemos destacaras festas de Bonsucesso, da Carpição e do Santu-ário de Bom Jesus da Cabeça, a Procissão doCristo Morto (Corpus Christi) e a Folia de Reis.

Santuário leva milhares de devotos, todos osanos, a buscar um punhado de terra que é joga-da a poucos metros de distância ou levada comoamuleto pelos devotos. Com o calçamento doterreiro, permaneceu apenas um tanque para co-

Festa da Carpição, 2007.

Festas de Bonsucesso e CarpiçãoAcontecem anualmente entre a Igreja de

Nossa Senhora de Bonsucesso, uma das maisantigas do município, construída em taipa depilão, e a Capela de São Benedito. Segundo dataoficial da igreja, em 2008 a festa completou sua268a edição. A festa tem dois momentos: o pri-meiro é a Festa da Carpição, que acontece naprimeira segunda-feira do mês de agosto. Inicial-mente, ocorre a carpição do terreiro da igrejacomo preparação para a Festa de Nossa Senho-ra de Bonsucesso, que acontece no último fimde semana do mesmo mês. Com o passar dosanos, ganhou outros significados e importân-cia. A crença no poder milagroso da terra do

Capela de São Benedito, erguida em 1800.

Foto

João M

ach

ado.

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locação da terra utilizada no ritual. O segundomomento é a Festa de Nossa Senhora de Bon-sucesso, que termina no último fim de semanado mês de agosto com romarias, cavalgadas, fo-lia de reis, cantorias, procissões, missas e feiras.As novenas e preparações acontecem durantetodo o mês de agosto. Além das atividades re-ligiosas, a Prefeitura promove eventos culturaispara atendimento ao grande público e o forta-lecimento da cultura tradicional, com apresen-tações de folias de reis, catira e cantores popu-lares como Inezita Barroso, Renato Teixeira,Almir Sater, Pena Branca, entre outros.

Festa do Santuário SenhorBom Jesus da Cabeça

Localizada na Estrada do Cabuçu, é consi-derada a terceira mais antiga capela do municí-pio. A festa acontece no início de agosto, com arealização de missa caipira, procissão e outrasmanifestações culturais que contam com a par-ticipação de romeiros de várias cidades. A ori-gem da cabeça está cercada por lendas: “...aprimitiva cabeça do Bom Jesus de Pirapora foiseparada do corpo e recolhida à sacristia doSantuário, onde permaneceu até que a respeitá-vel senhora paulista, d. Joaquina Fortes Rendon

de Toledo, (...) proprietária do latifúndio doCabuçu, consegue posse da sagrada relíquia,removendo-a para sua fazenda, onde a venerouem oratório particular. Por morte de d. JoaquinaFortes, passou a imagem para o poder do pre-to crioulo Raymundo Fortes, ex-escravo e pa-jem da fazendeira, e daquele para o de outroRaymundo Fortes, neto do primeiro econtinuador da devoção por d. Joaquina, insti-tuída, tornada pública e difundida com a cons-trução da ‘capelinha’, por volta de 1850”.(Freitas, 1934 in: Santos, 2006.)

Atualmente, a festa é organizada pelas ir-mãs servas do Sagrado Coração de Jesus Ago-nizante, que assumiram o Santuário localizadoem área da Serra da Cantareira, em 1985.

Procissão do Cristo MortoA celebração é realizada pela Igreja Matriz

Nossa Senhora da Conceição, fundada em 1685.A principal atividade da comemoração é a pro-cissão da imagem do Cristo Morto pelas ruasdo centro histórico. Conforme os depoimentosdo sr. Álvaro Mesquita e de d. Celina, a procis-são percorria as ruas D. Pedro II e Sete de Se-tembro. No passado recente, as famílias enfeita-vam as janelas com toalhas de renda, colocavamimagens de santos, enfeitando a passagem do cor-dão religioso com altares e contavam com o

Igreja Matriz, em 1906.

Capela do Senhor Bom Jesus da Cabeça –Região Cabuçu.

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acompanhamento da Corporação Musical Lyrade Guarulhos. A procissão continua sendo reali-zada, anualmente, no Corpus Christi, mas as resi-dências cederam lugar às casas comerciais, e atradição de enfeitar as janelas desapareceu. Porfalar em Banda Lyra, grupo musical criado em1908, completou 100 anos em 2008 e atualmen-te anima todos os meses o Baile da Melhor Ida-de e outras atividades culturais do município.

MANIFESTAÇÕES DA CULTURATRADICIONAL DE INFLUÊNCIA

SERTANEJACom o processo de urbanização e desloca-

mento das populações rurais para os centros ur-banos, as vivências culturais sertanejas manifes-tam-se na recriação de espaços de convivência eatividades coletivas. A presença sertaneja expres-sa-se em Guarulhos na música de raiz, catira, ca-sas do norte, casa de danças regionais, festas nor-destinas e grupos de repentistas.

Música de RaizMuitas iniciativas possibilitaram a produ-

ção e a difusão da moda de viola, música deraiz do sudoeste. As principais foram a cria-ção da Associação Guarulhense de ArtistasSertanejos (Agas), por Manuel Resende, queoriginou a Orquestra de Viola da Agas e di-

vulgou artistas como Pena Branca e Xavan-tinho, Oliveira e Olivaldo, entre outros; a As-sociação Uma Viola na Cidade, por OrlandoRamos, que continua reunindo os amantes damúsica de raiz; e o Viola Viva, coordenadopor Áurea Fontes, que reúne violeiros e can-tores, todo último domingo do mês. Os prin-cipais representantes desse gênero foram Alei-xinho, da dupla Aleixo e Aleixinho, PenaBranca e Xavantinho e Índio Vago, composi-tor da música Mágoa de Boiadeiro.

Os Favoritos da CatiraO grupo de dança criado em 1983, co-

ordenado por Edson Fontes e formado por

Festa da Nossa Senhora de Bonsucesso –apresentação de Áurea Fontes e o

grupo Viola Viva.

Corporação Musical Banda Lyra de Guarulhos, fundada em 1908.

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Uma das casas do norte da cidade –bairro Bela Vista.

homens e mulheres de várias idades, reafir-ma a tradição cultural das famílias que vie-ram do campo; atualmente é um dos maisconhecidos grupos do Brasil, participando,inclusive, do filme “Tapete Vermelho”. OsFavoritos da Catira, ao som da moda de vio-la de Oliveira e Olivaldo, divulgam a tradi-cional dança, um sapateado marcado combatidas de palmas e pé, no ritmo da viola.

As Casas do Norte

Símbolo da presença nordestina na cidade,estão em todo o município, principalmente nosbairros que surgiram a partir da década de1960, nas zonas norte e oeste da cidade. Ven-dem produtos alimentícios e oferecem comi-das típicas como favada, buchada, carne-seca,sarapatel, baião-de-dois e outros produtos nor-destinos.

Casas de Danças RegionaisTambém é forte a presença de casas de

forró na cidade. As mais conhecidas atualmen-te são a Mansão Danças, na Av. Tiradentes; eo Canecão, na confluência da Av. MonteiroLobato com Otávio Braga de Mesquita, queoferece shows de bandas e artistas de forró esertanejo. Nas décadas de 1980 e 1990, as fes-tas nordestinas realizadas na Praça GetúlioVargas e posteriormente na Praça Oito deDezembro, no Taboão, foram legitimadaspelo poder público municipal, possibilitan-do a assimilação e o reconhecimento das tra-dições nordestinas como forte elemento cul-tural do município.

Forró no Mansão Danças.

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Espaço CulturalFlorestan Fernandes.

MANIFESTAÇÕES CULTURAISTRADICIONAIS DAS COLÔNIAS FORMADAS

POR IMIGRANTES ESTRANGEIROS

A cidade é formada por povos de maisde 40 nações. A presença cultural desses po-vos originou colônias de imigrantes que sereúnem, organizam eventos e mantêm vivastradições culturais de seus países de origem.Em Guarulhos as escolas celebram a Festadas Nações em homenagem aos vários po-vos que convivem no território. Os gruposétnicos organizam festas ou semanas culturaispor meio de suas colônias, com exposições eapresentações de dan-ças, músicas e comidastípicas. Anualmente,eventos desse tipo sãoorganizados principal-mente pelo Círculo Ita-liano, Liga Árabe Cul-tural e Associação daCultura Nipônica.

MOVIMENTOS CULTURAISE CASAS DE CULTURA

As décadas de 1960 e 1970 corresponderamao período de maior repressão política da dita-dura militar. Os espaços públicos de convivên-cia social na cidade de Guarulhos e demais cen-tros urbanos desapareceram devido ao controlerepressivo. No final da década de 1970, os mo-vimentos culturais assumiram um papel funda-mental para dar voz ao povo por meio de lin-guagens artísticas. Os Centros Populares de Cul-tura, as Casas de Cultura e Associações Cultu-rais tiveram papel importante no processo de

Casa São Jorge Guerreiro – artigos religiososafro-descendentes.

Desfile de carnaval em Guarulhos – final de 1970.

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Espaço de Muitos Povos � GUARULHOS

democratização, anistia e posterior abertura po-lítica, como instrumentos de discussão e divul-gação dos problemas sociais, além de consti-tuir-se importante espaço de fruição artísticae cultural para jovens estudantes, professorese operários. As principais iniciativas registradasna cidade de Guarulhos nos últimos 30 anosforam: Temporada de Arte e Cultura (TAC),Casa de Cultura Paulo Pontes (1977) e GrupoCultural Letra Viva.

Temporada de Arte e Cultura (TAC)

Realizada no mês de agosto pela Prefeiturade Guarulhos, regulamentada pelo Legislativoem 8 de junho de 1973, era realizada inicialmen-te na Biblioteca Municipal Monteiro Lobato.Principal ação pública de cultura nas duas últi-mas décadas do século XX, promovia apresen-tações de música e cinema, entre outras mani-festações artísticas.

Casa de Cultura Paulo PontesMovimento cultural que propunha reunir

pessoas e grupos interessados no desenvolvi-mento artístico e cultural para, por intermédiodo trabalho coletivo, criar opções de lazer nacidade de Guarulhos. A história da Casa de Cul-tura Paulo Pontes tem dois momentos.

O primeiro, de 1977 a julho de 1978, no qual,de forma itinerante, aproximadamente 18 pessoasorganizavam atividades culturais nos bairros; eramos domingos de lazer. Com o objetivo de mapearos problemas e organizar os trabalhadores, o gru-po organizava o jornal mural, atividades de músi-ca, capoeira, teatro, artes plásticas e brincadeiraspopulares que culminavam em um domingo deatividades, além do Cine Clube Popular.

O segundo momento, de 1978 a 1980, corres-pondeu ao período de inauguração das instalaçõesfísicas no bairro de Vila Fátima, ao lado da igreja, eampliação das ações nos movimentos sociais. Alémdas atividades culturais, a Casa de Cultura PauloPontes insere-se nas lutas e movimentos sociaisurbanos. A CCPP constituiu-se ponto de encon-tro para as lideranças inseridas em várias lutas so-ciais locais e nacionais, tais como o Comitê pelaLibertação de Presos Políticos (Anistia), o Movi-mento Feminista e a Oposição Sindical Metalúrgicade São Paulo e Guarulhos. Em 1980, parte de seuscomponentes organizaram o primeiro núcleo doPT em Guarulhos e participaram da fundaçãonacional do Partido dos Trabalhadores.

Teatro da Biblioteca Municipal Monteiro Lobato,em 1981.

Foto

Isabel

Bora

zania

n.

Domingos de Lazer – teatro de rua. Atores Celso Fratesch e Scapi, 1977.

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GUARULHOS � Espaço de Muitos Povos

Academia Guarulhense de LetrasEm dezembro de 1978, um grupo de escrito-

res e profissionais liberais fundou a AcademiaGuarulhense de Letras. O ato, coordenado pelosr. Gasparino José Romão, contou com a presen-ça de autoridades e personalidades como AdolfoVasconcelos Noronha, Nicolina Bispo, JoãoRanali, Oscar Gonçalves, Geraldo Penteado deQueiroz, entre outros. A Biblioteca MonteiroLobato tornou-se sede da Academia nos primei-ros tempos. Atualmente, a Academia conta com37 cadeiras, algumas vagas, e está sediada no Cen-tro Permanente de Exposições José Ismael, na VilaGalvão. Anualmente publica uma revista literária.Em 2007, publicou a revista de número 9.

Grupo Literário Letra VivaA criação da Folha Literária, um caderno do-

minical da Folha Metropolitana, divulgou poemasde autores da cidade e possibilitou o encontrodesses poetas na Igreja Matriz e, a partir de no-vembro de 1980, em recitais literários no Au-ditório Pedro Dias Gonçalves, da Biblioteca

Municipal. Antologia Letra Viva, lançada em1982, marca a criação do grupo, com a partici-pação dos poetas Álvaro Levadinha, ÂngeloMacedo, Anita Borazanian, Carlos Alberto deAlmeida, Castelo Hansen, Ciça B. Lima,Edinaldo Couto, Isabel Borazanian, Nefi Tales,Nelson Alves de Carvalho, Oscar Gonçalves,Pedro Brito, Valdeli Jerunian e Wanderley B.Carvalho. Além dos poetas da antologia, parti-ciparam do Letra Viva César Magalhães Borges,Alfredo Ibrahim Khouri, José Alaércio Za-muner e Bosco Maciel. A influência do LetraViva estimulou a realização de certames depoesia e, mais recentemente, o projeto A Pala-

vra em Prisma, pelo Sistema Municipal de Bi-bliotecas.

Movimento de Juventude da Cultura Hip-HopGrande parte dos jovens guarulhenses se

identifica com o movimento de cultura hip-hop.A cidade possui muitos grupos que participamdo movimento nas linguagens de dança, músi-ca, poesia, grafite e skate.

Grupo Literário Letra Viva – acervo Castelo Hansen.

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Espaço de Muitos Povos � GUARULHOS

Podemos destacar,ainda, a presença da Asso-ciação dos Artistas Plásti-cos de Guarulhos, a Orga-nização para o Desenvol-vimento Econômico eSociocultural dos Afro--descendentes (Odesca) edas ligas Regional e Na-cional de Capoeira. Existeuma forte presença de es-paços culturais alternati-vos, como a Casa de Cul-tura do Jardim São João,Espaço Cultural FlorestanFernandes, Espaço Cultu-ral Zumbi dos Palmares, Casa de Cultura Águae Vida, Margarida Alves e Estação VilaAugusta. Recentemente, em parceria com oMinistério da Cultura, foram instalados osPontos de Cultura.

Semana da Consciência NegraAtividade que vem ganhando importân-

cia pelo volume e qualidade dos eventospromovidos pelos grupos afro-descenden-tes da cidade.

A pastoral afro-descendente da diocesede Guarulhos realiza há mais de vinte anos amissa afro-brasileira. Por ocasião da missa, ocenário da capela é totalmente modificado;entram em cena atabaques, tambores, agogôs,incenso, cânticos, roupas e cores, tudo se mo-difica em relação às missas tradicionais.

Há sete anos a Prefeitura municipal orga-niza a Semana da Consciência Negra. As ativi-dades da semana consistem na realização dedebates, mostra de filmes, shows e caminhadas.As atividades acontecem nos dias que antece-dem o dia 20 de novembro, data em homena-gem a Zumbi dos Palmares.

Além da pastoral afro-brasileira e da Pre-feitura, muitas outras entidades, grupos e mo-

vimentos também organizam atividadesenfocando a cultura e os direitos da populaçãoafro-descendente.

Evento de 1o de maio, em 1997.

Semana da Consciência Negra, em 2007.

Missa afro-brasileira – Igreja Jardim São João,em 2007.

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GUARULHOS � Espaço de Muitos Povos

INSTITUIÇÕES PÚBLICAS DE CULTURAAs principais instituições públicas de cultu-

ra mantidas pelo poder municipal são: Biblio-teca Municipal Monteiro Lobato, Conservató-rio Municipal de Música, teatros municipais, cen-tros de exposição de artes, museus e ArquivoHistórico Municipal.

Biblioteca Pública Monteiro LobatoFundada em 1940, funcionou inicialmente

no antigo Paço Municipal, localizado na RuaFelício Marcondes, sendo transferida para o pré-dio atual, na Rua João Gonçalves, em 1968. A cons-trução resultou na remoção dos restos mortais denegros, índios e famílias pobres, sepultadas emparte do cemitério São João Batista.

Com o único auditório público da cidade,tornou-se referência para os movimentos cul-turais, como Cine Clube Popular Paulo Pontes,Grupo Literário Letra Viva, Festival de TeatroAmador, Festival de Música e demais manifes-tações culturais.

Atualmente, é sede do Sistema Municipalde Bibliotecas, que é integrado por sete biblio-tecas públicas, um espaço de troca de livros euma biblioteca de música do Conservatório. Acidade conta, também, com duas bibliotecas deEducação, mantidas pela Secretaria de Educa-ção, e espaços de leitura nos Centros de EducaçãoAmbiental do Jardim City e Zoológico Municipal.

Biblioteca Pública Municipal Monteiro Lobato, em 2007.

Foto

Isabel

Bora

zania

n.

Teatro da Biblioteca Municipal MonteiroLobato, em 1981.

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Vista aérea do Centro Educacional Adamastor.

Apresentação do Conservatório Municipal. Teatro Nelson Rodrigues.

Conservatório Municipal de Música

Criado em 1961, oferece cursos regularesde violão, piano, flauta, saxofone, clarinete, vi-olino, viola caipira, trompete, trombone, can-to, percussão e monitores de coral. Além deformação individual, mantém projetos de for-mação de grupos musicais e a Orquestra JovemMunicipal. A ação do Conservatório Munici-pal de Música colaborou para a formação deuma geração de músicos, cantores e composi-tores clássicos e populares da cidade.

Teatros Municipais

A cidade conta com o Teatro Nelson Rodri-gues (antiga sede da Fazenda Cabuçu), que dis-põe de 197 lugares e fica no bairro da VilaGalvão; o Teatro Padre Bento (Sanatório PadreBento), no bairro da Tranquilidade, que atual-mente passa por restauração; o Teatro Adamas-tor, na Av. Monteiro Lobato (antiga Fábrica deCasimiras Adamastor), com 670 lugares; e oAdamastor Pimentas, na Estrada do Caminho Ve-lho, para 670 pessoas. A ocupação desses espaços

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Casa Amarela – antiga casa do chefe da Estação Guarulhos, atual Arquivo Histórico, em 2008.

Museu Municipal.

acontece com atividades culturais promovidaspela Secretaria de Cultura, locação por grupos,atividades educacionais e políticas da Adminis-tração Pública e grupos particulares.

Centros de Exposição de ArteA cidade conta com três principais espaços

públicos de exposição: o Centro de ExposiçõesProfessor José Ismael, no Complexo Culturalda Vila Galvão; o espaço de Exposição da Bi-blioteca Monteiro Lobato e o Espaço de Ex-posição Adamastor, na Av. Monteiro Lobato.Além dos espaços públicos, a cidade possui vá-rios espaços de exposição em hotéis e centrosde convenções, no aeroporto e no ShoppingInternacional.

Museus e Arquivo Histórico MunicipalA cidade conta com acervo museológico,

em exposição no Lago da Vila Galvão. Um pré-

dio projetado por Arthur Azevedo foi, até1918, salão de baile da Fazenda Cabuçu e, apartir de 1920, restaurante do Parque Balneá-rio de Vila Galvão.

O Arquivo Histórico de Guarulhos possuiacervo de imagens, jornais e documentos da admi-nistração pública, os quais estão reunidos na CasaAmarela, que foi, até 1965, a casa do chefe daEstação Guarulhos, na Praça IV Centenário.

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Retrospectiva Histórica

6

60 milhões de anos atrás – Geologia: nesse período formou-se o espaço com as caracte-rísticas atuais do território da cidade, época em que ocorreu o afundamento da região ondeatualmente localiza-se o Aeroporto Internacional de São Paulo - Guarulhos, ao longo do RioBaquirivu-Guaçu.

1400 – Povoamento indígena: por volta do ano de 1400, guerreiros Tupi, vindos do Paraguai,ocuparam o Sudeste, expulsando os antigos habitantes do litoral. Os Maromomi deslocaram-separa as serras do Mar, da Mantiqueira e da Cantareira, Vale do Rio Paraíba e região norte do Riode Janeiro.

20 de janeiro de 1535 – Capitania de São Vicente: doada por d. João III a Martim Afonsode Souza, por alvará.

25 de janeiro de 1554 – Fundação de São Paulo: é inaugurado pelos jesuítas o Colégio dePiratininga, com missa celebrada pelo padre Manuel de Paiva no local chamado, atualmente, dePátio do Colégio.

EVOLUÇÃO DO DESMATAMENTO NO ESTADO DE SÃO PAULO

Situação primitiva

Situação em 1886

Situação em 1935

Situação em 2000

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Pistas do Aeroporto Internacional de São Paulo, Guarulhos, Cumbica.

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8 de dezembro de 1560 – Guarulhos al-

deia: fundação da Aldeia de Nossa Senhora daConceição dos Guarulhos, de acordo com osmemorialistas Adolfo Noronha, GasparinoRomão e João Ranali. De acordo com a Lei no

2.789/83 foi oficializado o nome do padreManuel de Paiva como fundador. Sobre o localde fundação, veja a página 63.

1597 – Ouro em Guarulhos: o bandeiran-te paulista Afonso Sardinha descobre ouro emGuarulhos, atividade econômica que se esten-deu por mais de 200 anos.

1599 – Visita do governador-geral do Bra-

sil: a descoberta de ouro nas cinco minas paulis-tas (Pico do Jaraguá, Guarulhos, Paranaguá,Santana de Parnaíba e Sorocaba) fez com que ogovernador-geral do Brasil, d. Francisco de Sou-za, visitasse as áreas de mineração, entre elas a deGuarulhos, em 1599 e em 1601.

1600 – Estrada Geral: ocorre a aberturada Estrada Geral, hoje Estrada de Nazaré eAv. João Paulo I.

1611 – Carta de Sesmaria: GeraldoCorrêa recebe Carta de Sesmaria; um dos ga-rimpos de ouro em Guarulhos possuiu onome de Lavras Velho do Geraldo; o perso-nagem é um dos bandeirantes paulistas.

1640 – Aparecimento da palavra Gua-

rulhos: os primeiros habitantes da Aldeia deNossa Senhora da Conceição, os indígenasMaromomi, passaram a ser chamados de Gua-rulhos.

1666 – Capela: após Francisco Cubas par-ticipar de expedição, provavelmente à Serra daMantiqueira, trouxe para Guarulhos grandequantidade de índios para sua propriedade emBonsucesso. Em 1670, fundou uma capela queficou como referência deste bairro até os diasde hoje.

1675 – Guarulhos distrito: divisão terri-torial e administrativa ligada a São Paulo.

8 de maio de 1685 – Guarulhos fregue-

sia: Nossa Senhora da Conceição dos Guaru-lhos é elevada à categoria de freguesia.

1685 – Igreja Matriz: fundação da Paró-quia de Nossa Senhora da Conceição dos Gua-rulhos, atual Igreja Matriz, localizada na PraçaTereza Cristina.

1741 – Festa da Carpição: é a mais antigamanifestação cultural do catolicismo popular,que, há mais de 250 anos, acontece na Igreja deBonsucesso. São dois eventos: Festa da Carpição,que acontece na primeira segunda-feira de agos-to, e a da Nossa Senhora de Bonsucesso, no últi-mo final de semana do mesmo mês.

1750 – Igreja da Irmandade de Nossa

Senhora do Rosário dos Homens Pretos:

nesta data, a referida igreja, que ficava entre aPraça Conselheiro Crispiniano e a Rua D. PedroII, foi benta. Essa igreja foi demolida no finalde 1920.

1800 – Igreja de Bonsucesso: edificaçãoda atual Igreja de Nossa Senhora de Bonsuces-so, por Antônio Xavier D’Ávila.

1812: visitado em 1888um dos locais de mineraçãoem Guarulhos, foi consta-tada a paralisação da ativi-

Igrejas de Nossa Senhora deBonsucesso à esquerda ede São Benedito ao fundo,no final da rua. Segundofontes da Igreja, edificadasem 1800.

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dade em 1812, devido ao desabamento que vi-timou diversos escravos, tendo havido nova ten-tativa, com prejuízo, em 1859, quando JoaquimCalbot tentou extrair ouro do “botado dos an-tigos”, rejeito das lavras anteriores.

1815 – Fase de transição econômica:

fim da exploração de ouro em Guarulhos edo tráfico negreiro no Brasil. Quando cessoua mineração de ouro em Guarulhos, muitosescravos foram levados com seus senhores, oque causou redução do contingente popula-cional.

1860 – Imigração: a partir desta época, SãoPaulo e suas freguesias passam a receber mui-tos imigrantes europeus; mais para o final desseséculo, árabes e asiáticos. Data aproximada doinício do ciclo do tijolo na econo-mia local.

24 de março de 1880 –

Emancipação política: Guaru-lhos é elevada à condição de vila,mediante Lei no 34, e deixa depertencer ao município de SãoPaulo.

24 de janeiro de 1881 – Pri-

meiros vereadores e intendente:

tomam posse os primeiros verea-dores da Câmara Municipal da Vilade Nossa Senhora da Conceiçãodos Guarulhos. No mesmo dia,

realizou-se a sessão que elegeu seu presidente eintendente municipal (prefeito), o capitão Joa-quim Francisco de Paula Rabello.

8 de abril de 1883 – Italiano em Guarulhos:

no dia 8 de abril de 1883, aparece nos registrosoficiais da Vila de Nossa Senhora da Conceiçãodos Guarulhos o nome do italiano FranciscoMuro, requerendo ser aliviado de multa.

11 de maio de 1884 – Primeira ilumina-

ção pública: a Câmara aprova a colocação deoito lampiões nas ruas da freguesia.

13 de maio de 1888 – Quilombo: ocorrea assinatura da Lei Áurea e a libertação dosescravos. É provável que em Guarulhos tenhaexistido um quilombo, no Pico do Itaberaba.Na localidade existe um ribeirão com o nome

de Quilombo ou Ribeirão dosPinheiros.

24 de novembro de 1889 –

Proclamação da República:

Guarulhos toma conhecimentoda Proclamação da República.

1905 – Libaneses: chega aGuarulhos o libanês Antônio Jor-ge, que iniciou sua atividade pro-fissional como mascate, voltoupara o Líbano e retornou a Gua-rulhos em 1910, estabelecendo-seno centro da cidade como donoda loja de tecidos Dois Irmãos.

Automóveis antigos em Guarulhos,início do século XX.

Antônio Jorge, um dosprimeiros imigrantes

libaneses de Guarulhos.

Igreja Matriz, década de 1930.

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GUARULHOS � Espaço de Muitos Povos

6 de novembro de 1906 – Apenas Gua-

rulhos: de acordo com a Lei no 1.021, NossaSenhora da Conceição dos Guarulhos passou achamar-se apenas Guarulhos. Em 19 de dezem-bro de 1906, Guarulhos é elevada à categoriade cidade pela Lei Estadual no 1.038.

1908 – Japoneses: chegam ao Brasil as pri-meiras famílias japonesas que vieram a bordodo navio Kasato Maru, desembarcando no Por-to de Santos. Entre as famílias encontra-se o jo-vem Naoê Sonoda, que viajou na condição defilho adotivo. Em 1923, vindo de Andradina,Naoê vem para Guarulhos e compra uma glebade terra no bairro do Macedo. Posteriormentemuitas famílias japonesas vieram para a cidadee se estabeleceram na região próxima aos bair-ros de Taboão, Cumbica, Bonsucesso e JardimAcácio, dedicando-se à produção de verduras,flores, ovos etc.

29 de dezembro de 1908: a Tramway daCantareira foi autorizada pelo Governo do Es-tado a construir um ramal até o bairro Guapira,e daí passando por Guarulhos, Bonsucesso eTomé Gonçalves.

1908 – Luz e Telefone: início da implanta-ção da rede de telefonia e de energia elétrica.

1911 – Primeira fábrica: entra em funciona-mento a primeira fábrica; trata-se da empresa deprodução de tijolos Cerâmica Paulista, posterior-mente Companhia Agrícola e Industrial de Guaru-lhos, instalada no bairro de Vila Galvão. Devido àPrimeira Guerra Mundial (1914-1918), aumentouo número de indústrias instaladas na cidade.

19 de maio de 1913 – Iluminação: é apro-vada a lei que autoriza a Light & Power a exe-cutar serviços de iluminação pública em Gua-rulhos por 30 anos. Em 30 de maio de 1914, éinaugurada a luz elétrica em Guarulhos.

24 de fevereiro de 1915 – Trem da Can-

tareira: inauguração do ramal da Estrada deFerro Tramway da Cantareira, ligando Guaru-lhos à zona norte da cidade de São Paulo, pormeio do trem da Cantareira.

18 de agosto de 1922 – Imprensa escrita:

entra em circulação o primeiro jornal da cida-de, o Tribuna de Guarulhos, sendo o pioneiroBenedito Antônio Trama. Em 1934, MiguelParente funda o Correio do Povo. A Tribuna circu-lou durante um ano e o Correio por vários anos.

1o de julho de 1926 – Primeira Escola

Estadual: inaugurado pelo Governo do Es-tado, o Grupo Escolar de Guarulhos locali-zava-se na antiga Rua São Paulo (atual RuaLuiz Faccini). Em 1935, foi transferida parao local em frente à Praça Getúlio Vargas. Onome Capistrano de Abreu foi dado em 1947,por ocasião dos 50 anos de existência doGrupo (Decreto no 16.720, de 15 de janeirode 1947).

16 de junho de 1927 – Matadouro: inicia--se a construção do primeiro matadouro, fican-do o proprietário, Gino Mantovani, por tê-loconstruído, isento do pagamento de taxas mu-nicipais por 30 anos. O matadouro foi inaugu-rado em 13 de maio de 1929.

Reunião da Associação Japonesa deGuarulhos, em 1941.

Olaria no bairro Ponte Grande.

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Espaço de Muitos Povos � GUARULHOS

1928 – Primeiro movimento popular: oprimeiro movimento popular foi a mobilizaçãopor transporte coletivo. Em 1928, existia umacomissão popular pela regularização e aumen-to do número de auto-ônibus.

1930 – Construção da igreja na Praça do

Rosário: com a demolição da Igreja da Irman-dade de Nossa Senhora do Rosário dos Ho-mens Pretos, na Praça Conselheiro Crispinia-no, a mesma foi reconstruída na esquina da Av.Sete de Setembro com a Rua João Gonçalves,na Praça do Rosário.

3 de junho de 1931 – Sanatório Padre

Bento: inauguração do Sanatório Padre Bento,hospital localizado no bairro de Gopouva. Noinício, era destinado exclusivamente ao trata-mento da hanseníase.

1932 – Pronto-Socorro: inauguração do pri-meiro Pronto-Socorro Municipal da VigilânciaSanitária, que ficava localizado na esquina dasruas Luiz Faccini com Siqueira Campos, nos fun-dos da Padaria Barão.

1932 – Primeira escola particular: a pro-fessora Nicolina Bispo, autora do Hino ao Cen-tenário de Guarulhos, abre a primeira escolaparticular. Ela recebia os alunos que concluíamo Grupo Escolar e não tinham como continuaros estudos.

26 de novembro de 1940 – Biblioteca:

inauguração da Biblioteca Pública Municipal,criada pelo Ato no 232, editado pelo prefeitoMoreira Matos.

1942 – Boicotes dos ja-

poneses à Segunda Guer-

ra: de forma organizada, vá-rias famílias da comunidadeasiática retiraram, no dia 19de maio de 1942, todas asmudas de amoreiras que se-riam distribuídas aos agricul-tores guarulhenses e as des-

truíram. O boicote visou a eliminação do bi-cho-da-seda, que seria destinado à produção detecidos a serem utilizados na confecção de ves-tuário para os soldados do bloco aliado.

8 de agosto de 1943: fundou-se a SantaCasa de Misericórdia de Guarulhos.

1944 – Migração: o início da construçãoda Base Aérea de Cumbica e da Via Dutra atraiua Guarulhos milhares de migrantes nordestinos,mineiros, paranaenses, entre outros.

26 de janeiro de 1945 – Base Aérea

Cumbica: inauguração da Base Aérea deCumbica, transferida do Campo de Marte, emSantana, SP. Foi construída no terreno da an-tiga Fazenda Cumbica, doado pela famíliaGuinle.

1o de março de 1946: fundação da Empre-sa de Ônibus Guarulhos S/A.

1947 – Estação Cumbica: prolongamentodo ramal de trem da Sorocabana até a Base Aé-rea de Cumbica, única estação que existe até hoje.

1947: neste ano aconteceu a inauguraçãode uma das primeiras igrejas evangélicas dacidade; trata-se da Igreja Assembleia deDeus.

3 de dezembro de 1949 – Praça Getúlio

Vargas: é declarado de utilidade pública o lo-cal onde hoje se encontra a Praça Getúlio Vargas,para ser construída a sede da Prefeitura. Antesda desapropriação, o local era o campo do Pau-lista Futebol Clube.

Rua D. Pedro II, em 1928 –antigo modelo de ônibus.

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GUARULHOS � Espaço de Muitos Povos

1950 – Ciclo industrial: a economia dacidade passa à sua fase industrial.

25 de março de 1951 – Santa Casa: constru-ção da Santa Casa de Misericórdia de Guarulhos.

15 de julho de 1951 – Via Dutra: no dia 15de julho é inaugurada a Rodovia PresidenteDutra, com duas pistas – trecho Guarulhos.

9 de dezembro de 1953 – Voto direto:

toma posse o primeiro prefeito de Guarulhoseleito com voto da população, Rinaldo Poli.

30 de dezembro de 1953 – Comarca: éimplantada a Comarca em Guarulhos, pormeio da Lei Estadual no 2.456. Após a criação

da Comarca, em 31 de outubrode 1954, foi nomeado o primei-ro juiz de Direito, Sólon Fer-nandes.

1954 – Primeira agência

bancária: o Banco MoreiraSalles inaugura sua agência, sen-do seu primeiro gerente o sr. Re-nato Rinaldi.

1955 – Correio: inaugura-ção da Agência Postal Telegrá-fica, atual Agência do Correio,no bairro de Vila Augusta.

1956 – Dados econômi-

cos: nesse ano, Guarulhoscontabiliza 90 indústrias de gran-de porte, 80 pequenas fábricas,

250 olarias, 40 portos de extração de areia, trêsmatadouros de gado e 30 engenhos voltadospara a produção de cachaça.

28 de março de 1956 – Primeiro cartório:

instalação do Primeiro Cartório de Registro de Imó-veis, sendo o escrivão titular o dr. Lauro de Castro.

28 de agosto de 1956 – Cemitério do

Centro: no final do século XIX, FranciscoAntunes doou uma área de terreno paraampliação do cemitério e, em troca, rece-beu um jazigo perpétuo. Em 28 de agostode 1956, foi dado o nome de Cemitério SãoJoão Batista.

1956 – Comercial Mesquita: é aberta aCasa de Comércio Caça e Pesca, atual Comer-cial Mesquita.

1958 – Sindicatos: o primeiro a ser funda-do foi o Sindicato dos Condutores de VeículosRodoviários, em 1958. Depois vieram o Sindi-cato da Construção Civil, em 1960, e dos Têx-teis, em 1961.

1958 – Rotary: foi constituído pela associ-ação de rotarianos da cidade.

1958 – Prefeitura muda para a Praça Ge-

túlio Vargas: a Prefeitura sai da Rua Felício Mar-condes e vai para o prédio na Praça GetúlioVargas.

Av. Emílio Ribas – antiga caixa-d’água do SAAE –demolida no primeiro semestre de 2007.

Santa Casa de Misericórdia. Inauguradaem 1951, foi um dos primeiros espaços

de atendimento à saúde.

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Espaço de Muitos Povos � GUARULHOS

1960 – Novas bandeiras do movimento

popular: as principais demandas dessa déca-da são por melhorias nas ruas (conservação epavimentação), por água encanada, rede e tra-tamento de esgoto, iluminação pública, trans-porte, escolas e unidades de saúde.

10 de outubro de 1960 – Museu: funda-ção do Museu Municipal de Guarulhos.

1960 – CEF: instalação da agência da Cai-xa Econômica Federal.

8 de dezembro de 1960: Guarulhos come-mora 400 anos de fundação, e é lançado o hinoa Guarulhos.

1961 – Rodovia Fernão Dias: inaugura-ção da Rodovia Fernão Dias.

1961 – Sindicato dos Metalúrgicos: osmetalúrgicos criaram sua associação em 1961,transformada em sindicato no ano de 1963,como subsede do sindicato de São Paulo. Notranscorrer da ditadura, a diretoria foi destituí-da e os militares nomearam Joaquim dos San-tos Andrade interventor.

1962 – Escola Conselheiro Crispiniano:

é inaugurada a Escola Estadual ConselheiroCrispiniano, em prédio projetado pelo arqui-teto Vila Nova Artigas. Os alunos do EnsinoMédio foram transferidos do Grupo EscolarCapistrano de Abreu para a nova escola.

1963 – Primeira greve operária na cidade:

pela primeira vez que se tem notícia, os trabalha-dores do município participaram de um movimen-to grevista. Trata-se da greve geral que aconteceu

em outubro de 1963. Dela participaram cerca de700 mil trabalhadores do Estado, 79 sindicatos equatro federações. A principal reivindicação erade 100% de reajuste salarial.

20 de maio de 1963 – Senai: o governa-dor Adhemar de Barros assina contrato paraimplantação da Escola Senai.

16 de julho de 1963 – Acig: é fundada aAssociação Comercial e Industrial de Guaru-lhos (Acig), sendo seu primeiro diretor-presi-dente Nahim Hassam Rachid.

1964 – Bombeiros: entra em funcionamen-to o grupamento do Corpo de Bombeiros.

31 de maio de 1965 – Suprimido o trem

da Sorocabana: foi suprimido o ramal do trem,sendo doada à Prefeitura a faixa de terra do tri-lho por onde ele circulava – Av. Castelo Bran-co/Av. Tancredo Neves, até a Base Aérea deCumbica (Lei no 1.267).

16 de agosto de 1965 – Faculdade de Di-

reito da Vila Rosália: fundação da SociedadeGuarulhense de Educação (Sage), ou Faculda-des Integradas de Guarulhos, por Adolfo deVasconcelos Noronha e outros. O curso deDireito, instalado no dia 31 de março de 1968,funcionou, inicialmente, em um prédio locadono bairro da Ponte Grande.

16 de janeiro de 1967 – Parque Cecap:

em 1967 ocorreu a inauguração dos primeirosapartamentos no Parque Cecap. Posterior-mente, em 1975 e 1982, foram inauguradas ou-tras unidades. Projeto financiado pelo Banco

Parque Cecap, em 2007.

Comissão do IV Centenário.

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GUARULHOS � Espaço de Muitos Povos

Nacional de Habitação, projetado pelos arquite-tos Vila Nova Artigas e Paulo Mendes da Rocha.

30 de junho de 1967 – SAAE: início das ati-vidades do Sistema de Abastecimento de Águae Esgoto (SAAE), criado pela Lei no 1.286, alte-rado pelas Leis nos 1.841/73 e 2.508/81.

24 de abril de 1968 – Tribuna Livre: é instituí-da a Tribuna Livre na Câmara Municipal.

17 de novembro de 1968 – Delegacia

Seccional: é criada a Delegacia Seccional de Po-lícia, tendo o dr. Tito Maeta como primeiro de-legado.

1970 – Migração: devido ao aumento naoferta de empregos, a cidade atrai grande quan-tidade de migrantes.

13 de junho de 1970 – Prefeito cassado

com base no AI-5: perde o mandato o prefeitoAlfredo Antônio Nader, cassado por ato do pre-sidente da República com base no AI-5. Naderfoi acusado de improbidade na contratação deobra pública, processo tido como kafkiano.

1970 – Faculdade Farias Brito: começa a fun-cionar a segunda faculdade da cidade, a Faculda-de de Filosofia Ciências e Letras Farias Brito, lo-calizada no fundo da Igreja Matriz, com os cursosde Letras, Estudos Sociais, Matemática, Física eBiologia. Em 1985 passa a se chamar UNG.

26 de agosto de 1971 – Figuinha: iníciodas atividades educacionais das Faculdades In-tegradas de Guarulhos (FIG), criadas a partirda Associação Educacional PresidenteKennedy. O primeiro vestibular abriu vagaspara 800 alunos e a primeira sede da Figuinhaficava onde hoje é o Colégio Virgo Potens. Em1972, acontece a mudança para a sede da RuaBarão de Mauá. A instituição foi reconhecidapelo Decreto Federal no 76.444, de 19 de no-vembro de 1976.

7 de setembro de 1971 – Guaru-News:

circula o primeiro número do jornal Guaru-News,do mesmo grupo empresarial que lançou o Me-

trô-News e a Folha Metropolitana.7 de dezembro de 1971 – Hino e Brasão:

são instituídos como símbolos do município oHino a Guarulhos e o Brasão de Armas.

23 de fevereiro de 1972 – Olimpíada Co-

legial: é instituída a Olimpíada Colegial Gua-rulhense, realizada todos os anos entre os me-ses de abril e maio.

26 de junho de 1972 – Funerária: é cria-do o serviço funerário do município, pela Leino 1.729.

15 de dezembro de 1972 – Segundo car-

tório: por meio da Lei Estadual no 67, é criadoo segundo Cartório de Registro de Imóveis.

1º de abril de 1973 – Sindicato dos Quí-

micos: é lançado o projeto para construção dasede do Sindicato dos Trabalhadores do SetorQuímico, na Rua Francisco de Paula Santana.

Brasão alterado pela Lei no 6.357, de 25 de marçode 2008. As imagens do negro e da mulher, bemcomo a justificativa sobre a presença de ambos,

deverá ser definida pela casa legislativa.

1970 – Conjunto habitacional Brigadei-

ro Haroldo Veloso: conjunto de casas cons-truído na cidade com recursos públicos, pormeio da Companhia Metropolitana de Habita-ção (Cohab), contabilizando 470 unidades.

Ladeira Campos Sales, em 1925.

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Espaço de Muitos Povos � GUARULHOS

8 de junho de 1973 – TAC: écriada a Temporada de Arte e Cultura.

10 de outubro de 1973 – Tiro

de Guerra: a Prefeitura recebe auto-rização para implantar o Tiro deGuerra, de acordo com a Lei no

1.888.1973 – FIG na Vila Rosália:

inauguração do campus universitáriodas Faculdades Integradas de Gua-rulhos na Vila Rosália. Início doscursos de Educação Física, CiênciasContábeis e Administração. Em2005, a instituição passa a se chamarCentro Universitário MetropolitanoPaulista (Unimesp/FIG).

15 de dezembro de 1973 – Bata-

lhão de Polícia: é instalado o 15o Ba-talhão Policial, substituindo a 2a Com-panhia Independente.

29 de fevereiro de 1976 – De-

legacia de Ensino: por meio dedecreto, o governador Paulo Egídio Martinscria a Diretoria Regional e duas Delegaciasde Ensino.

12 de agosto de 1976 – IML: entra em fun-cionamento o Instituto Médico Legal (IML),instalado no Cemitério da Vila Rio de Janeiro.

5 de setembro de 1976 – Prefeitura no Bom

Clima: os gabinetes do prefeito e dos secretáriosforam transferidos da Praça Getúlio Vargas paraa Casa Branca, no bairro Bom Clima.

2 de outubro de 1976 – Câmara de Verea-

dores na Praça Getúlio Vargas: realizou-se ses-são solene para a instalação da nova sede da Câ-mara Municipal, na Praça Getúlio Vargas.

29 de outubro de 1976 – OAB: em soleni-dade no Fórum da Comarca de Guarulhos, foiinstalada a Ordem dos Advogados do Brasil.

1977 – Casa de Cultura Paulo Pontes:

em julho de 1977, é fundada, no bairro VilaFátima, a Casa de Cultura Paulo Pontes, or-ganizada por estudantes, donas de casa, pro-fessores e, principalmente, operários. É des-

ta época a Associação de Capoeira RosaBaiana. Por muitas vezes os integrantes doGrupo de Capoeira do Mestre Mirão parti-ciparam das atividades de rua organizadaspela Casa de Cultura.

1977 – Abastecimento de água: Guaru-lhos integra-se ao Sistema Cantareira de Abas-tecimento de Água da Sabesp; 95% da água

Construção de dutos para transporte de águada Represa Cabuçu, em 1905.

Saae Guarulhos – Projeto de estações de tratamento deesgoto. As obras foram iniciadas em 2008.

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GUARULHOS � Espaço de Muitos Povos

consumida na cidade é comprada da Sabesp,sendo o Sistema Cantareira responsável por60% do abastecimento da região da GrandeSão Paulo.

1978 – Greve de metalúrgicos: as grevesde 1978 sacudiram a região da Grande São Pau-lo. Aconteceram no ABC, em São Paulo, Osascoe Guarulhos.

10 de maio de 1978 – Patrimônio: a Leino 2.230 institui o Serviço do Patrimônio His-tórico, Arqueológico, Artístico e Turístico doMunicípio, em consonância com a Lei Federale Lei Estadual no 10.247, de 22 de outubro de1996.

8 de dezembro de 1978 – AGL: é fundadaa Academia Guarulhense de Letras.

22 de maio de 1979 – Proguaru: por meioda Lei no 2.305, foi criada a Proguaru, socieda-de de economia mista, sendo a Prefeitura suasócia majoritária.

1980 – Grandes mobilizações populares

e sindicais: a principal marca da década de 1980foi a retomada da luta dos trabalhadores do cam-po e da cidade. O crescimento desordenadoobrigou a população a lutar por aumento de sa-lário, transporte, água, asfalto, rede de esgoto,creche, escolas, postos de saúde, regularizaçãode loteamentos, urbanização de favelas etc.

15 de julho de 1980 – Condema: é criado,mediante a Lei Municipal no 2.380, o Conselhode Defesa do Meio Ambiente.

22 de outubro de 1980 – Estádio do

Flamengo: o Decreto Municipal no 7.573 cede,a título precário, uma gleba de terra no JardimTranquilidade à Associação Atlética Flamengode Guarulhos, para a construção do EstádioAntônio Soares de Oliveira.

8 de dezembro de 1980: Guarulhos come-mora o centenário de emancipação política(1880-1980).

31 de janeiro de 1981 – Olho Vivo: é lança-do o jornal Olho Vivo, órgão que substituiu apublicação de Comunicação, periódico que eravoltado basicamente aos interesses dos mora-dores do Parque Cecap. Em 2007 o jornal pas-sa a chamar-se Diário de Guarulhos.

5 de abril de 1981 – Fundação da

Diocese: é criada a Diocese de Guarulhos, sen-do seu primeiro bispo d. João Bergese. Ao atode instalação compareceram, aproximadamen-te, 5 mil fiéis nas dependências religiosas doSanatório Padre Bento.

27 de abril de 1981 – Teatro Nelson Ro-

drigues: é reinaugurado o Teatro do Lago dosPatos, na Vila Galvão, com o nome de TeatroNelson Rodrigues.

Moradores do bairro dos Pimentas e região, exigindo melhoratendimento e qualidade na saúde.

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Espaço de Muitos Povos � GUARULHOS

Rio Tietê – trecho retificado.

23 de outubro de 1981: criação do distritodo Jardim Presidente Dutra.

1982 – CUT: fundação da Central Únicados Trabalhadores.

1982 – Retificação do Rio Tietê: ocorre aretificação do Rio Tietê e a inauguração da ViaLeste, atual Rodovia Ayrton Senna da Silva.

20 de janeiro de 1985 – Inauguração do

aeroporto: inauguração do Aeroporto Interna-cional de São Paulo - Guarulhos (Cumbica).

27 de abril de 1985 – Centro Paulo

Canarim: fundação do Centro do Trabalhadorpara Defesa da Terra Paulo Canarim, entidadecriada para assessorar a organização dos mora-dores de favelas e dos loteamentos irregulares.

1985 – Direitos Humanos: fundação doCentro de Defesa de Direitos Humanos PadreJoão Bosco Burnier.

1985 – Surge a UNG: a Faculdade FariasBrito transforma-se em universidade e passa achamar-se Universidade Guarulhos (UNG). Con-ta, atualmente, com 120 cursos e cerca de 20 mil

alunos, divididos em dois campi em Guarulhos,dois em São Paulo e um em Itaquaquecetuba.

1987 – Uges: é fundada a União Guarulhensedos Estudantes Secundaristas (Uges). Seus mem-bros fizeram várias mobilizações pelo passe livrenos ônibus, contra o aumento de mensalidades nasescolas, pela melhoria do ensino público e organi-zação dos estudantes em grêmios estudantis. Noinício dos anos 1990, participou ativamente domovimento “Fora Collor”.

1989 – Neoliberalismo: o efeito da políti-ca neoliberal na cidade foi nefasto e muitasempresas entraram em falência ou deixaram omunicípio, causando aumento do desemprego.Algumas das empresas que desapareceram:Iderol, Olivetti, Nec, Philco, Hatsuta etc.

1989 – Shopping Poli: é inaugurado oShopping Poli, o primeiro da cidade.

18 de setembro de 1990 – Museu de

Ciências: criação do Museu Municipal deCiências Naturais de Guarulhos (Lei no

3.677).

Família Dalphorno passeandode barco no Rio Tietê entre asdécadas de 1940 e 1950.

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GUARULHOS � Espaço de Muitos Povos

Shopping Internacionalde Guarulhos,

em 2007.

16 de agosto de 1992 – HMU: inaugura-ção do Hospital Municipal de Urgências, subs-tituindo o antigo Pronto-Socorro.

22 de outubro de 1995 – Museu do Fol-

clore: inauguração do Museu do Folclore.1997 – Rede hoteleira: implantação de

vários hotéis na cidade, entre eles: Mônaco, Mer-cure, Caesar Park, Comfort, Íbis e Meliá.

1997 – ECFF: fundação do Espaço Cul-tural Florestan Fernandes, entidade promoto-ra de atividades político-culturais.

1998 – Prefeito cassado: Nefi Tales, pre-feito eleito em 1996, após várias denúncias,atraso de pagamentos e greve dos servidorespúblicos municipais, teve seu mandato cassa-do. A cidade viveu momento de intensa agita-ção política.

22 de outubro de 1998 – Presídio: inau-guração do Presídio Estadual Adriano Marrey.

1998 – Shopping Internacional: no mêsde novembro começa a funcionar o Shopping

Internacional, localizado no antigo prédio daFábrica Olivetti.

2000 – Prefeito do PT: após 20 anos deexistência na cidade, o PT elegeu seu prefeito.Trata-se da eleição de Elói Pietá, que superouno segundo turno o concorrente do PV, JovinoCândido da Silva.

2001 – Obras impactantes: pensando emampliar o aeroporto, no início do ano o Consema,a pedido da Infraero, convocou audiência públi-ca, pleiteando o licenciamento para iniciar a cons-trução da terceira pista e o terceiro terminal depassageiros. Posteriormente houve audiência pú-blica sobre o Rodoanel no trecho norte.

2001 – Faculdade Eniac: com o curso deSistemas de Informação, ocorre a implantaçãoda Faculdade Eniac. No ano seguinte são implan-tados novos cursos e hoje estão disponíveis deze-nas de opções, que incluem as novas modalidadesdo ensino presencial e a distância, conectado viasatélite, por internet e ambiente web.

Desenvolvimentismo: presenças do então governadorde São Paulo Carvalho Pinto, do presidente daRepública Juscelino Kubitscheck, do prefeito deGuarulhos Fioravanti Iervolino e autoridadesmilitares, analisando a maquete da antiga FábricaOlivetti, em 1959. Atualmente, prédio doShopping Internacional.

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2002 – Faculdade Idepe: no mês de ju-lho de 2002 acontece a fundação da Facul-dade Idepe, sendo transferida da RodoviaFernão Dias para o antigo Colégio Elite, naRua João Gonçalves. As duas faculdades(Torricelli e Idepe) abrigam mais de 5 milalunos.

2003 – Adamastor: inauguração do Cen-tro Municipal de Educação Adamastor, dota-do de biblioteca, anfiteatro, salas de conferên-cias, espaço de memória, dança etc. Mesmo lo-cal onde, antigamente, funcionava a Fábrica deTecelagem Casimiras Adamastor e, durante ociclo do tijolo, uma olaria.

2003 – Dia da Consciência Negra: nes-te ano a Câmara tornou o dia 20 de novembroferiado municipal, mediante a Lei no 5950/2003, em homenagem à memória de Zumbidos Palmares; o fato gerou grande polêmicana cidade.

2004 – Eleição municipal: Elói Pietá éreeleito prefeito da cidade.

10 de fevereiro de 2006 – Espa: é inau-gurada a Escola Superior Paulista de Admi-nistração.

2006 – Shopping Bonsucesso: na regiãoleste da cidade é implantado o Shopping Bon-sucesso, situado entre a região dos Pimentas eBonsucesso.

15 de setembro de 2006 – Hospital Pi-

mentas/Bonsucesso: é inaugurado o Hospi-tal Público Pimentas-Bonsucesso.

20 de outubro de 2006 – Sítio arqueoló-

gico: por meio do Espaço Cultural FlorestanFernandes, o Movimento Guarulhos Tem His-tória solicita ao Condephaat e ao Ipham o tom-bamento e o registro do Sítio Arqueológico doGarimpo de Ouro do Ribeirão das Lavras.

Canal de mineração do Jardim Hanna.

Canal de mineração no Seminário da IgrejaCatólica – bairro das Lavras.

Hospital Municipal Pimentas-Bonsucesso, em 2008.

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Parque Escola Chico Mendes – bairro dosPimentas, Rua Miguel Ackel, s/n.

20 de novembro de 2006 – Vereadores mu-

dam de prédio: parte das atividades da CâmaraMunicipal, entre elas as seções, foram transferidaspara prédio alugado na Rua João Gonçalves.

2007 – Universidade pública: acontece ovestibular para a recém-criada universidade pú-blica federal na cidade (Unifesp).

2008: Reforma da Rua D. Pedro II e es-cavações arqueológicas visando encontrar asfundações da Igreja e do Cemitério da Irman-

Câmara Municipal de Guarulhos.Escavações arqueológicas na

Rua D. Pedro II, em 2008.

dade de Nossa Senhora do Rosário dos Ho-mens Pretos.

2008: Eleição municipal: Sebastião Almeida(PT) é eleito prefeito para a gestão 2009 a 2012.

10 de novembro de 2008 – Prédio pró-

prio da Câmara Municipal: é votado o Pro-jeto de Lei no 6.436 que autoriza a desafetaçãoe a cessão de área pública à Câmara Municipalde Guarulhos para implantação de sua sede; re-voga a Lei no 2.231, de 15 de maio de 1978.

Praça da Pedra – desafetada para construção dasede própria da Câmara Municipal, em 2008.

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Sistema de Transportes e Rodovias

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ESTRADAS PRINCIPAISVia Dutra

Na manhã do dia 19 de janeiro de 1951, o general Eurico Gaspar Dutra, presidente da Repúbli-ca, descerrou a placa de inauguração da BR-2, a nova Rodovia Rio-São Paulo, em solenidade reali-zada na altura de Lavrinhas, SP, com as seguintes palavras: “Estou encantado com o que vi”.

A rodovia ainda não estava completamente pronta, faltando a pavimentação de 60 quilôme-tros entre Guaratinguetá e Caçapava e de seis quilômetros em um pequeno trecho situado nasproximidades de Guarulhos. Dos 405 quilômetros de extensão total, porém, 339 estavam con-cluídos, junto com todos os serviços de terraplanagem e 115 obras especiais (trevos, viadutos,pontes e passagens inferiores).

Em sua maior porção, a BR-2 contava com pista simples ou “pista singela”, como tratavamos técnicos de então, operando em mão dupla. Em dois únicos segmentos havia pistas separadaspara os dois sentidos de tráfego: nos 46 quilômetros compreendidos entre a Av. Brasil e a Gar-ganta da Viúva Graça (atual Seropédica), no Rio de Janeiro, e nos dez quilômetros localizadosentre São Paulo e Guarulhos.

Via Dutra em 2008.

Rodovia Presidente Dutra, entrada da cidade.

Construção do trevo de acesso Via Dutra-Guarulhos, no início da década de 1950.

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Antiga Rio-São PauloEla começava na Praça Mauá, no Rio, se-

guindo até Santa Cruz pela Estrada dos Jesuí-tas, no traçado da atual BR-465, até Paracam-bi, subindo daí, à esquerda da Dutra de hoje,em direção a Passa Três, São José dos Mar-cos, Pouso Seco, Bananal, Formoso, São Joa-quim, Barreiras, Queluz, Areias, Lavrinhas eSilveiras. Nesse ponto, seguia para a direitado trajeto atual da Dutra, passando porValparaíba, Lorena, Guaratinguetá, Apareci-da, Roseira, Pindamonhangaba, Taubaté,Caçapava e São José dos Campos. Voltavapara a margem esquerda da rodovia atual,passando por Jacareí, Mogi das Cruzes, Su-zano, Arujá, Guarulhos, chegando, por fim,a São Paulo.

(Fonte: Revista 50 anos Rodovia Presidente

Dutra – Edição especial – ano 4 – no 34 – 2001.)

Ayrton SennaA Rodovia Ayrton Senna da Silva, antiga

Rodovia dos Trabalhadores (SP-070), é uma ro-dovia do Estado de São Paulo que se chamouVia Leste durante sua construção e nos primei-ros anos de funcionamento. Começa no fim daMarginal Tietê, no bairro da Penha, zona leste

da cidade de São Paulo, cortando os municí-pios de Guarulhos, Itaquaquecetuba, Mogi dasCruzes e termina no município de Guararema,na confluência com a Rodovia Presidente Dutra.A rodovia continua paralela com a Dutra emdireção ao Vale do Paraíba com a denomina-ção de Governador Carvalho Pinto (tambémSP-070).

Nos primeiros quilômetros, ainda nos li-mites de São Paulo e Guarulhos, cruza o Par-que Ecológico do Tietê, onde foram neces-sárias obras especiais para que a rodovia nãocausasse danos ao meio ambiente e para quepudesse transpor o pântano natural criadopor uma série de canais do Rio Tietê.

Rodovia Ayrton Senna.

Trevo Jacu Pêssego –Ligação São Paulo/

Guarulhos, 2008.

Trecho da antiga Rodovia Rio-São Paulo, em Guarulhos.

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Em 1994, por intermédio da Lei no 9.054,o nome Trabalhadores foi substituído porAyrton Senna, em homenagem ao falecido pi-loto de Fórmula 1, Ayrton Senna da Silva.

No dia 3 de agosto de 1979, o Decreto no

13.756 deu concessão à Dersa para construçãoe exploração da Via Leste, hoje chamada deRodovia Ayrton Senna.

A rodovia, que teve o primeiro trecho SãoPaulo-Guararema construído pela Dersa em22 meses – de junho de 1980 a 30 de abril de1982 –, tem 48,3 quilômetros de extensão, aosquais foram acrescidos cinco, corresponden-tes à interligação com a Rodovia PresidenteDutra. A inauguração ocorreu no dia 1o demaio de 1982.

A obra atendeu a uma necessidade históri-ca, determinada pelo crescimento da RegiãoMetropolitana de São Paulo, com acessos aoParque Ecológico do Tietê, Aeroporto Inter-nacional de São Paulo-Guarulhos e TerminalIntermodal de Cargas.

Além de aliviar o tráfego que congestiona-va a Rodovia Presidente Dutra no trecho mais

movimentado (São Paulo-Guarulhos), a rodo-via tornou-se há muito tempo a alternativa ne-cessária entre a Capital paulista e o Vale doParaíba e Rio de Janeiro. Passou também a faci-litar o turismo ao Litoral Norte e a Campos doJordão.

Rodovia Fernão DiasFernão Dias é a denominação que a BR-381

recebe no trecho que liga três regiões metropo-litanas importantes: a Grande São Paulo, aGrande Belo Horizonte e o Vale do Aço.

A BR-381 é uma rodovia diagonal admi-nistrada pelo Governo Federal e serve de liga-ção entre os Estados do Espírito Santo, MinasGerais e São Paulo.

A rodovia inicia-se na cidade de São Ma-teus, Espírito Santo, no entroncamento com aBR-101, chegando até a cidade de São Paulo,no entroncamento com a BR-116. Possui, aotodo, 1.181 quilômetros, dos quais 95 são emSão Paulo, 950 em Minas Gerais e 136 no Espí-rito Santo. A rodovia atravessa importantesmunicípios da região Sudeste.

Rodovia Fernão Dias.

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Aeroporto Internacional de São Paulo(Cumbica) – Governador André Franco Montoro

Inaugurado em 20 de janeiro de 1985, o pri-meiro avião a aterrissar no Aeroporto In-ternacional de São Paulo foi o Boeing 747da Varig, procedente de Nova York, se-guido por um Airbus A-300 da Vasp,repleto de autoridades procedentes doAeroporto de Congonhas.

Possui uma área total de 14 quilôme-tros quadrados e 5 quilômetros de exten-são. Com duas pistas, uma de 3.000 metrose outra de 3.700 metros, atende uma mé-dia de 400 voos diários. O Aeroporto deGuarulhos liga São Paulo a 63 países domundo, embarcando e desembarcandopassageiros para 202 cidades dos cincocontinentes, das quais 126 são internacio-nais e 76 brasileiras. Pelos portões de en-trada e saída circulam diariamente 30 milpassageiros, além de acompanhantes e vi-sitantes que, somados, representam umapopulação flutuante próxima de 100 milpessoas.

Desde sua inauguração, milhares depassageiros utilizaram o Aeroporto deCumbica. Desde julho de 1996, tem-seregistrado a média de um milhão de usuá-rios por mês.

Aeroporto Internacional de São Paulo.

Encontram-se em andamento obras de am-pliação da pista de taxiamento PR-A, que pas-sará de 1.050 para 1.450 metros.

Carta de navegação aérea.

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Esporte e Lazer

A

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história dos esportes na cidade compreende iniciativas populares e investimen-tos públicos feitos através da Secretaria Municipal de Esportes. Das iniciativas populares, ofutebol e a capoeira aparecem como as principais práticas.

FUTEBOLA prática do esporte acontece nas peladas

de rua, nos campos de várzea, nas quadras pú-blicas e particulares. O primeiro time da cida-de foi o Paulista Futebol Clube, que tinha seucampo onde hoje é a Praça Getúlio Vargas.

Atualmente, a União das Ligas de Futebolde Guarulhos reúne as cinco Ligas Regionais:de Bonsucesso, São João, Taboão, VilaGalvão e Centro, que, em 2006, reuniram 91times de futebol amador na fase regional do campeonato municipal. Além dos 91 timesamadores, existem dois times profissionais, o Flamengo e a A.D. Guarulhos, ligados à Fede-ração Estadual de Futebol.

Time de futebol da FábricaAdamastor: José Preto, nodestaque, Túlio Alara, ArlindoCardoso, Tião, Walter, Sérgio,Otávio da Silva, Diamantino,Osvaldo, Benedito da Silva,Silva e Renzo.

Futebol na Praça Getúlio Vargas, em 1949– antigo campo do time do Paulista.

Paço Municipal, Parque Jornalista J. B. Maciel.

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GUARULHOS � Espaço de Muitos Povos

CAPOEIRA

A capoeira é uma atividade cultural de re-sistência, jogada e praticada durante muito tem-po na clandestinidade e sem regulamentação,que recentemente foi transformada em espor-te. Na cidade, esta modalidade é bastante di-fundida entre a população, de forma regulamen-tada pelas Ligas Regionais e Nacionais de Ca-poeira, ou sem regulamentação, como perma-nência de um costume tradicional pelos afro--descendentes.

FORMAÇÃO ESPORTIVAAs ações de práticas esportivas desenvol-

vidas pela Secretaria de Esportes do municípioatendem aos objetivos de melhoria da qualida-de de vida, com atendimento de crianças, ado-lescentes e adultos, incluindo a terceira idade e aformação de atletas para competições. O pro-grama inclui formação de atletas e orientação es-portiva em mais de 60 pontos, realização de com-petições como Olimpíadas Colegiais, JogosAdaptados, Jogos da Cidade de Guarulhos e

investimentos em equipes que representam acidade.

As Olimpíadas Colegiais, que tiveram sua37ª edição em 2007, reúnem cerca de 20 mil atle-tas em 15 modalidades e 120 categorias, comum público de mais de 30 mil pessoas.

As ações da Secretaria incluem investimen-tos nos esportes de alto rendimento, em atletas eequipes que participam de competições comoJogos Regionais, Jogos Abertos e competiçõesnacionais e internacionais. Entre os atletas querepresentaram a cidade em competições olímpi-cas temos João do Pulo, Cláudio Cano, AurélioMiguel, Conceição Jeremias, Marli dos Santos,Eguiberto Guimarães, Eduardo Barone, DurvalGuimarães, Edinanci Silva, Wilson David, Ger-son de Andrade e Carlos Domingos Massoni(Mosquito).

ESPAÇOS PÚBLICOS DE ESPORTE E LAZERSão cinco espaços esportivos municipais:

Complexo Esportivo Fioravante Iervolino,Complexo Ponte Grande, Ginásio Poliesporti-vo Bom Clima, Ginásio Bonifácio Cardoso eGinásio João do Pulo.

Quatro campos de futebol utilizados paracampeonatos municipais: Cícero de Miranda,Osvaldo de Carlos, Presidente Dutra e São João.

Além dos espaços particulares, Guarulhospossui 300 praças, 12 parques, 46 áreas de lazer,um zoológico municipal com mais de 300 ani-mais, três centros de educação ambiental, in-cluindo o Museu de Ciências Naturais e biblio-teca especializada em fauna e flora.

Estádio Flamengo em Guarulhos, 2008.Ginásio Poliesportivo Municipal Paschoal

Thomeu (Ginásio Poliesportivo Bom Clima).

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Educação

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EDUCAÇÃO EM GUARULHOSOs jesuítas foram os primeiros educadores que chegaram a Guarulhos, por volta de 1580,

para a catequização dos Maromomi, no núcleo indígena de Nossa Senhora da Conceição. Opadre Manuel de Paiva, fundador da cidade, é considerado pelos historiadores locais como oprimeiro educador da cidade.

A educação em Guarulhos, no século XIX, era bastante precária, como em todo o País. As escolaseram fechadas ora por falta de professores, ora pelos poucos alunos, pois o número mínimo exigidopara o funcionamento das classes era de 16 alunos, além de faltarem recursos de todos os tipos.

As escolas isoladas – classes em que os professores ministravam o ensino para crianças dediversas idades – foram as únicas alternativas de acesso à educação pública no município até1926, com a inauguração do Grupo Escolar Capistrano de Abreu, localizado na Rua Luiz Faccinie posteriormente transferido para a Rua Capitão Gabriel.

A partir de meados do século XX, várias escolas públicas e particulares passam a fazer parte docenário educacional do município. Surgem as primeiras escolas municipais. Nos anos 1970 há umaumento significativo de escolas, nas redes pública e privada, incluindo, nesta última, as primeiras

CMEI Mariazinha Rezende Fusari.

Grupo Escolar de Guarulhos, inaugurado em 1o de julho de 1926, atual EE Capistrano deAbreu. Construído sob os escombros do Cemitério dos Bexiguentos, portadores da varíola,

erguido no início do século XVIII.

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GUARULHOS � Espaço de Muitos Povos

que atendem milhares de alunos em creches,pré-escolas, ensino fundamental e alfabetiza-ção de adultos.

Em 2007, Guarulhos contava com uma redemunicipal com 119 escolas e mais de 3 mil edu-cadores. Em 2008, são 124 escolas e mais de 4mil educadores. Na rede estadual são mais de180 escolas e 1.600 professores.

A cidade apresenta uma taxa de analfa-betismo de 5,8%, ou seja, 94,2% da popula-ção são alfabetizados. Em resposta a esse pro-blema, há 5.000 alunos hoje atendidos peloMova e Brasil Alfabetizado, por parcerias en-tre a Prefeitura e o Governo Federal e enti-dades sociais.

A cidade tem três universidades, sendo umapública e duas particulares, além de várias fa-culdades privadas: Universidade de Guarulhos,Universidade Federal de São Paulo – Campus

de Guarulhos, Universidade Metodista de SãoPaulo – Campus de Guarulhos, Faculdade deTecnologia de Guarulhos, Faculdades Integra-das Torricelli, Faculdade Eniac, Escola Supe-rior Paulista de Administração, FaculdadeIdepe, Faculdades de Guarulhos, Faculdades deCiências de Guarulhos e Centro Federal de Edu-cação Tecnológica de Guarulhos.

Nos últimos anos, a Prefeitura tem feitonotórios investimentos no setor educacional,numa perspectiva inclusiva, com o aumento donúmero de alunos e, sobretudo, com a melhoriado ensino oferecido à população, com um Pro-jeto Pedagógico hoje reconhecido nacional einternacionalmente.

EE Conselheiro Crispiniano – início defuncionamento em 1o de agosto de 1951.

instituições de Ensino Superior da cidade. Umaextensa Rede de Educação é encontrada no finaldo século XX, representada pelas redes Estadu-al, Municipal e Particular, abrangendo todos osníveis de ensino.

Entretanto, adentrando o século XXI, aRede Municipal de Educação era bastante li-mitada, oferecendo vagas principalmente napré-escola, mas ainda assim em número insu-ficiente para a demanda; alguns segmentoseram inexpressivos, como creches e Educaçãode Jovens e Adultos. A partir de 2001, inicia-se um extenso programa de construção e am-pliação de escolas, aumentando em quase 90mil o número de matrículas, além do estabele-cimento de convênios com entidades sociais,

EM Padre João Álvares.

Unifesp – Universidade Federal deSão Paulo – Campus Guarulhos.

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Símbolos Municipais

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BANDEIRAInstituída pela Lei no 1.679, de 7 de dezembro de 1971, de autoria do heraldista e professor

Arcinoé Antônio Peixoto Faria, a bandeira apresenta as seguintes características: esquartejadaem cruz, sendo os quartéis de azul constituídos por quatro faixas brancas carregadas sobre faixasvermelhas, dispostas duas a duas no sentido horizontal e vertical e que partem do vértice de umlosango branco central, no qual o brasão municipal é aplicado. O esquartejamento em cruz, con-forme a tradição heráldica portuguesa, simboliza o espírito cristão do povo de Guarulhos; obrasão central expressa o Governo Municipal, figurando, como sede do município, o losangoaplicado. As faixas representam o Poder Municipal que se expande a todos os quadrantes doterritório, e os quartéis assim formados representam as propriedades rurais existentes no solo deGuarulhos.

As cores da bandeira da cidade identificam-se com as do brasão, simbolizando: o azul,justiça, nobreza, perseverança, zelo, lealdade, recreação e formosura; o branco, paz, trabalho,amizade, prosperidade e pureza; o vermelho, o amor pátrio, dedicação, audácia, desprendi-mento, valor, integridade e coragem. Obedece, o nosso lábaro, às dimensões oficiais adotadaspara a Bandeira Nacional, levando-se em consideração 14 módulos de altura por 20 módulosde comprimento de retângulo. É hasteada obrigatoriamente às 8 horas de cada dia e arreada às18 horas. Quando usada no período noturno, deve permanecer iluminada. Para o seuhasteamento, observam-se as seguintes regras: quando hasteada em conjunto com a Nacional ea Estadual, ficará a Nacional ao cen-tro, a Estadual à direita e a Munici-pal à esquerda. Quando distendida,sem mastro, em rua, praça, entre edi-fícios ou portas, será postada aocomprido, com o lado maior do re-tângulo, em sentido horizontal, e acoroa municipal voltados para cima.

Serra da Cantareira – Trilha do Parque Estadual da Cantareira, Guarulhos.

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BRASÃO DE ARMASFoi instituído, em 1o de fe-

vereiro de 1932, pelo prefeitonomeado, o major reformadona Polícia Militar AriovaldoPanadés, pelo Ato no 87, tor-nando obrigatório o seu usoem todas as repartições e impressos comunais dacidade. Deve-se ao profundo conhecedor dos fei-tos dos paulistas, Affonso D’Escragnole Taunay,a sua composição, assim descrita pelo heraldistaClóvis Ribeiro, na sua obra Brasões e Bandeiras do

Brasil: “Escudo redondo português, encimadopela coroa municipal privativa das municipalida-des. Em campo azul, duas cabeças de índios e duasde brancos, de carnação, afrontadas. Em chefe (aci-ma das duas primeiras cabeças) a Lua crescentede ouro, atributiva de Nossa Senhora da Concei-ção; em abismo, a cruz ‘ancorada’, atributo doapelido Álvares, na antiga heráldica portuguesa.

No listel, enramado de hastes de cana-de-açú-car e de trigo, as mais velhas culturas do município,inscreve-se a divisa: Meu sangue é genuinamentepaulista, ou VERE PAVLISTARVM SANGVIS

MEVS. Como suportes do escudo, duas anhumas,as belas, grandes e ariscas aves que outrora deram

nome ao Tietê de Anhembi (Rio dasAnhumas), nos anos primeiros de

São Paulo. Banha o antigoAnhembi as terras de Guarulhose tem, como todos sabem, omaior significado no conjunto dastradições paulistas, como o ‘Rio

das Monções’”.Neste brasão, escreve Taunay, estão reunidas

as figuras relembradas da fundação do arraialluso-indiático, do século XVI; e a do padre ban-deirante João Álvares, vigário de São Paulo e gran-de benfeitor da antiga aldeia de Nossa Senhorada Conceição, denominação atributiva ao arraial,depois vila e hoje cidade, pois indiferentementechamava-se o lugar Conceição ou Guarulhos.

Consta ter sido o historiador e primoroso pin-tor Wasth Rodrigues quem desenhou o brasãoproposto por Taunay. Artista a quem CarlosDrummond de Andrade assim se referiu: “Wasthnão ostentava ciência, possuía-a simplesmente”.Em 1991, no governo Paschoal Thomeu, o bra-são foi modificado pela Lei no 3.761, de 24 de abril.

Em 25 de março de 2008, foi alterado pelaLei no 6.357, incluindo as figuras de uma mu-lher e de um negro.

HINOAutora da Letra do Hino de Guarulhos: Nicolina Bispo

Música: maestro Vicente Aricó Júnior

Orquestra: Wenceslau Nasari Campos

Sob o céu desta Pátria queridamais cem anos de luta e labor

cingem hoje o teu nome Guarulhos,que se ergueu por seu próprio valor.

Chaminés, como lanças erguidas,nos apontam o caminho a seguir.

Trabalhando, vencendo empecilhos,desfraldando o pendão do porvir.

Tuas praças são livros abertos,onde lemos futuro e glória.

Crispiniano e Bueno fulguramcomo vultos eternos na história...

Que teu nome em mais um Centenárioe na língua tupi proclamado,

seja um hino de paz, de esperança,por teu povo feliz entoado.

Pequenina nasceste, e João Álvares,jesuíta, benzeu-te com fé.

Tu és hoje cidade progresso,uma terra que vence de pé.

Eia, pois, guarulhense, avante,com bravura na luta febril,

por São Paulo e por tudo o que é nosso,e, acima de tudo o Brasil!

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Os Três Poderes

N

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a República Federativa do Brasil, o governo é formado por três poderes: Executi-vo, Legislativo e Judiciário. Eles são independentes entre si, têm papéis bem definidos pela Cons-tituição e formam um tripé que é a base da democracia.

PODER EXECUTIVOÉ exercido pelo presidente, pelos governadores de Estado e pelos prefeitos das cidades.

Eles são eleitos diretamente pelo voto popular para um período de quatro anos, com direito àreeleição para um período de maisquatro anos. Eles têm a responsabili-dade de administrar o País, os Esta-dos e os municípios, criar metas deadministração, investir em saúde e sa-neamento básico e tudo o mais que dizrespeito ao bem-estar da população.

Paço Municipal, antiga casa da sede da Fazenda Bom Clima, em 2008.

Local de funcionamento daCâmara Municipal e Intendência –instalada em 24 de janeiro de1881, na esquina da Rua FelícioMarcondes com aRua D. Pedro II.

Inauguração da sede do PaçoMunicipal, no dia 5 de setembro de

1976 – gabinete atual do prefeito, deacordo com o sr. Décio Pompêo.

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GUARULHOS � Espaço de Muitos Povos

É exercido pelos juí-zes. Compete a eles julgar,executar as leis e zelar pelaCarta Magna, a Constitui-ção. A criação da comarcade Guarulhos data de 30de dezembro de 1953; oprimeiro juiz foi nomeadoem 31 de outubro de 1954.

PODER LEGISLATIVOÉ exercido pelos senadores,

eleitos por um período de oitoanos, e deputados federais no âm-bito federal; deputados estaduaisnos Estados e vereadores nos mu-nicípios, todos eleitos para perío-dos de quatro anos. Senadores edeputados federais estabelecem asleis do País e fiscalizam as açõesdo presidente e dos ministros,enquanto os deputados estaduaiscriam leis no Estado e fiscalizamas ações do governador. Os vere-adores, por sua vez, criam as leisdas cidades e fiscalizam as açõesdo prefeito. Câmara Municipal.

Fórum de Guarulhos,Rua José Maurício, 99,centro.

Administração dos Municípios Através dos TemposA administração dos municípios passou por diversos regimes.

• Intendência Municipal: o responsável pela administração era o intendente, que governava com os

membros ou conselheiros, sendo estes os que escolhiam o chefe, por tempo indeterminado. O primeiro intendente

de Guarulhos foi eleito em 24 de janeiro de 1881; trata-se do capitão Joaquim Francisco de Paula Rabello.

• Regime Ditatorial: com a posse de Getúlio Vargas, os prefeitos ou ditadores passaram a ser escolhi-

dos e nomeados pelo presidente do Estado – nessa época era presidente, e não governador –, não tendo

também tempo determinado. As nomeações também podiam ser feitas pelo interventor.

• Democracia: de acordo com o novo Regime, iniciado em 1946, o prefeito e os vereadores passaram

a ser escolhidos pelo povo, com voto secreto e com mandato de quatro anos de duração. Esse Regime vigora

até nossos dias, variando apenas o tempo do mandato.

PODER JUDICIÁRIO

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Espaço de Muitos Povos � GUARULHOS

INTENDENTES E PREFEITOS

Intendentes1881 a 1890 – Capitão Joaquim Francisco de

Paula Rabello. Eleito pela Câmara Municipal, foi o

primeiro chefe do Executivo guarulhense. Acumula-

va os cargos de presidente da Câmara e do Executi-

vo municipal.

1890 a 1891 – Antônio José Siqueira Bueno. Inte-

rino. Escolhido pela Câmara Municipal.

1891 a 1894 – Após a Proclamação da República, a

Câmara foi dissolvida e o Governo Provisório indicou

quatro intendentes: Vicente Ferreira de Siqueira Bueno, Felício

Marcondes Munhoz, Antônio Dias Tavares e Luiz Dini.

Jesuíno José de Souza e Lúcio Francisco Pereira Paiva fo-

ram indicados para ocuparem as intendências de justiça,

polícia, finanças e obras públicas.

1894 a 1896 – Lúcio Francisco Pereira, eleito pela

Câmara.

1896 a 1902 – Capitão João Francisco da Silva

Portilho. Escolhido e reeleito várias vezes pela Câmara.

1902 a 1906 – Dr. Leonardo Valardi. Eleito vere-

ador em 30 de julho de 1902, foi escolhido intendente

pela Câmara.

1906 a 1907 – Capitão João Teófilo de Assis

Ferreira, escolhido pela Câmara.

Para ser intendente, o postulante tinha que ser

eleito vereador. Eleito pela maioria dos seus pares da

Câmara Municipal, acumulava os cargos de presiden-

te do Legislativo e do Executivo.

Prefeitos Indicados1908 a 1915 – Capitão Gabriel José Antônio. Eleito

pela Câmara. A partir de então a titularidade do Exe-

cutivo passava a denominar-se prefeito. Eleito várias

vezes, faleceu durante o mandato.

1915 a 1916 – Felício Antônio Alves. Escolhido

para substituir o capitão Gabriel.

1917 a 1919 – Zeferino Pires de Freitas, eleito pela

Câmara.

1919 a 1930 – José Maurício de Oliveira Sobri-

nho. Escolhido várias vezes para o cargo de prefeito

pela Câmara.

1930 – João Eduardo da Silva. Com a vitória da

Revolução de 1930, empossou-se no cargo, sendo

deposto por José Maurício.

1930 a 1931 – Delezino de Almeida Franco.

Empossado pela Junta Revolucionária, pertencia

ao Partido Democrático. Dirigiu o município do

dia 11 de novembro de 1930 a 21 de janeiro de

1931.

1931 – Dr. Alberto Cardoso de Melo. Nomeado

pelo Governo do Estado, atuou de 21 de janeiro a 10

de abril de 1931.

1931 a 1933 – Major Ariovaldo Panadés. Nomea-

do pelo Governo do Estado de São Paulo para o pe-

ríodo de 11 de abril de 1931 a 31 de agosto de 1932.

1932 – Dr. Alfredo Ferreira Paulino Filho. Nomea-

do interinamente pelo Governo do Estado para substi-

tuir Ariovaldo Panadés do dia 23 de outubro a 23 de

novembro de 1932.

1933 – Carlos Panadés. Funcionário da Prefeitu-

ra, recebeu o cargo do seu irmão após demissão do

mesmo e permaneceu nele de 31 de agosto a 2 de

setembro de 1933.

1933 a 1938 – Guilhermino Rodrigues de Lima.

Nomeado pelo Governo do Estado, governou do

dia 2 de setembro de 1933 a 11 de julho de 1938.

1936 – Gentil Bicudo. Contador da Prefeitura, foi

nomeado pelo Governo do Estado durante licença de

Guilhermino Rodrigues de Lima e permaneceu no cargo

de 14 a 26 de fevereiro de 1936.

1936 – José Saraceni. Nomeado interinamen-

te pelo secretário da Justiça para substituir Gui-

lhermino Rodrigues de Lima para o período de

26 de fevereiro a 13 de março de 1936.

1938 – Gentil Bicudo. Nomeado para substituir

Guilhermino Rodrigues de Lima devido à sua demis-

são, permaneceu no poder no período de 11 de julho

a 21 de julho de 1938.

1938 a 1940 – Major José Moreira Matos. No-

meado pelo Governo do Estado pelo período de 21

de julho de 1938 a dezembro de 1940.

1940 a 1945 – José Maurício de Oliveira Sobri-

nho. Nomeado pelo Governo do Estado em 19 de

dezembro de 1940.

Page 125: Liv Ro Guarulhos

124

GUARULHOS � Espaço de Muitos Povos

1945 – Gentil Bicudo. Nomeado interinamente

pelo Governo do Estado, devido enfermidade e morte

de José Maurício de Oliveira, para o período de 9 de

janeiro a 23 de maio de 1945.

1945 a 1947 – Dr. Heitor Maurício de Oliveira.

Nomeado pelo Governo do Estado para a gestão de

23 de maio de 1945 a 25 de março de 1947.

1945 – Vasco Elídio Egídio Brancaleoni. Nome-

ado interinamente pelo Governo do Estado.

1947 – Dulce Insuelo Macedo. Antes da posse do

sr. João Mendonça Falcão, a funcionária da municipa-

lidade é nomeada e assume interinamente por 13 dias.

1947 – João Mendonça Falcão. Nomeado pelo

Governo do Estado, permaneceu no cargo de 9 de

abril a 12 de julho de 1947.

1947 a 1948 – Dr. Olivier Ramos Nogueira. No-

meado pelo Governo do Estado para o Executivo

de 12 de julho de 1947 a 4 de setembro de 1948.

1948 a 1952 – Fioravante Iervolino. Nomeado

pelo Governo do Estado, governou de 4 de setem-

bro de 1948 a 3 de janeiro de 1952.

1952 a 1953 – Antônio Prátici. Nomeado pelo

Governo do Estado, de 31 de janeiro de 1952 a 13 de

dezembro de 1953.

Prefeitos Eleitos por Voto Direto1953 a 1957 – Rinaldo Poli. Eleição direta. Exer-

ceu o cargo de prefeito de 13 de dezembro de 1953 a

13 de dezembro de 1957. Primeiro prefeito eleito pelo

voto direto na cidade.

1957 a 1961 – Fioravante Iervolino. Exerceu o

cargo de 13 de dezembro de 1957 a 13 de dezembro

de 1961.

1961 a 1966 – Dr. Mário Antonelli. Teve o mandato

eletivo prorrogado por um ano por decreto do marechal

Castelo Branco, em 23 de dezembro de 1965. Governou

de 13 de dezembro de 1961 a 24 de novembro de 1966.

1962 – Francisco Antunes Filho. Na qualidade de

vice-prefeito, substituiu Mário Antonelli durante licen-

ça médica, entre os dias 15 de outubro e 15 de no-

vembro de 1962.

1966 a 1970 – Waldomiro Pompêo. Governou do

dia 24 de novembro de 1966 a 31 de janeiro de 1970.

1970 – Alfredo Antônio Nader. Assumiu em 31

de janeiro de 1970 e teve o mandato cassado com

base no Artigo 13 do AI-5, por Decreto de 13 de

junho de 1970.

1970 a 1973 – Jean Pierre Hermann de Morais Bar-

ros. Nomeado como interventor pelo Governo Fede-

ral, de 14 de junho de 1970 a 30 de janeiro de 1973.

1973 a 1977 – Waldomiro Pompêo. Governou

de 31 de janeiro de 1973 a 30 de janeiro de 1977.

1977 a 1982 – Professor Nefi Tales. Foi prefeito

durante o período de 19 de fevereiro de 1977 a 13 de

maio de 1982, quando deixou o cargo para disputar o

cargo de deputado estadual, sendo eleito.

1982 a 1983 – Dr. Rafael Rodrigues Filho. Como

presidente da Câmara, em face à desincompatibili-

zação do vice-prefeito Oswaldo de Carlos, assu-

miu em 13 de maio de 1982, indo até 19 de feverei-

ro de 1983.

1983 a 1988 – Dr. Oswaldo de Carlos.

1988 a 1992 – Paschoal Thomeu.

1993 a 1996 – Vicentino Papotto.

1997 a 1998 – Nefi Tales. Foi afastado pela Justiça

e posteriormente cassado pela Câmara Municipal.

1998 a 2000 – Jovino Cândido, como vice de

Nefi Tales, assumiu após a cassação do titular. O pre-

sidente da Câmara, Sebastião Bispo Alemão, assumiu

o cargo de prefeito por alguns dias.

2001 a 2004 – Elói Pietá (PT). Eneide Moreira

Lima assumiu o cargo por algumas vezes, na ausência

do prefeito.

2005 a 2008 – Elói Pietá (PT). Além da vice-

-prefeita Eneide Moreira Lima ter assumido o cargo

por algumas oportunidades, o presidente da Câmara

Municipal, Gilberto Penido, assumiu o cargo de pre-

feito no final do mês de novembro de 2006, por

poucos dias.

2009 a 2012 – Sebastião Almeida (PT) é eleito

prefeito de Guarulhos em 26 de outubro de 2008 para

exercer a função no período acima mencionado.

Page 126: Liv Ro Guarulhos

125

Espaço de Muitos Povos � GUARULHOSGaleria de Prefeitos

Cap. Gabriel JoséAntônio

1908 a 1915

Felício AntônioAlves

1915 a 1916

Zeferino Pires deFreitas

1917 a 1919

José Maurício deOliveira Sobrinho

1919 a 1930 e 1940 a 1945

Guilhermino Rodri-gues de Lima

1933 a 1938

Dr. Alfredo FerreiraPaulino Filho

1932

Carlos Panadés1933

Delezino de AlmeidaFranco

1930 a 1931

João Eduardo daSilva1930

Dr. Alberto Cardosode Melo

1931

Major AriovaldoPanadés

1931 a 1933

Gentil Bicudo1936, 1938 e 1945

José Saraceni1936

Major José MoreiraMatos

1938 a 1940

Vasco Elídio EgídioBrancaleoni

1945

Dulce InsueloMacedo

1947

João MendonçaFalcão

1947

Dr. Olivier RamosNogueira1947 a 1948

Fioravante Iervolino1948 a 1952 e 1957 a 1961

Dr. Heitor Mauríciode Oliveira1945 a 1947

Page 127: Liv Ro Guarulhos

126

GUARULHOS � Espaço de Muitos Povos

Antônio Prátici1952 a 1953

Dr. Mário Antonelli1961 a 1966

Francisco Antunes Filho1962

Paschoal Thomeu1988 a 1992

Dr. Rafael RodriguesFilho

1982 a 1983

Dr. Oswaldo deCarlos

1983 a 1988

Alfredo AntônioNader

1970

Waldomiro Pompêo1966 a 1970 e 1973 a 1977

Jean Pierre Hermannde Morais Barros

1970 a 1973

Profo Nefi Tales1977 a 1982 e 1997 a 1998

Vicentino Papotto1993 a 1996

Jovino Cândido1998 a 2000

Elói Pietá2001 a 2004 e 2005 a 2008

Rinaldo Poli1953 a 1957

Sebastião Almeidaeleito em 26/10/2008 para

a gestão de 2009 a 2012

Page 128: Liv Ro Guarulhos

127

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