Download - LONA 476- 29/04/2009

Transcript

Curitiba, quarta-feira, 29 de abril de 2009 - Ano X - Número 476Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected]

DIÁRIO

do

BRASIL

Divulgação

Coluna

Página 3Página 3Página 3Página 3Página 3

Urbs promove audiência pública

Página 3Página 3Página 3Página 3Página 3

O Memorial da Cidade foi o local escolhidopara acontecer a Audiência Pública do Trans-porte Coletivo convocada pelo presidente daURBS, Marcos Isfer. A participação da popula-ção será primordial para aprimorar o sistemade transporte da cidade.

Página 7Página 7Página 7Página 7Página 7

Preconceito atinge tambémmulheres do mundo musical

Gripe suína podegerar epidemia

globalglobal

Quatro casos suspeitos da gripe suína foram detectados no Paraná nesta semana.Três já foram descartados, mas um ainda aguarda análise laboratorial para saber sehá infecção pelo vírus. Os riscos de a doença virar uma epidemia global existem,como revelou o secretário de Saúde do Paraná Gilberto Martins, ontem à tarde ementrevista à imprensa. Pesquisas sobre a mutação do vírus mostram que a doençaé resultado de uma mistura de características de vírus que afetam os seres huma-nos e os animais, de forma parecida com o que aconteceu com a gripe espanholano início do século XX. A situação causada pela doença já é considerada de Emer-gência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). As ações de vigilân-cia tomadas pelo plano de preparação para enfrentamento da pandemia já estãosendo tomadas, inclusive no Brasil.

Curitiba, quarta-feira, 29 de abril de 20092

Opinião

Expediente

O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalis-mo da Universidade Positivo – UP,

Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. CampoComprido. Curitiba-PR - CEP 81280-30. Fone (41) 3317-3000

Reitor: Oriovisto Guimarães. Vice-Reitor: José Pio Martins.Pró-Reitor Administrativo: Arno Antônio Gnoatto; Pró-Reitorde Graduação: Renato Casagrande; Pró-Reitora de Extensão:Fani Schiffer Durães; Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesqui-sa: Luiz Hamilton Berton; Pró-Reitor de Planejamento e Ava-liação Institucional: Renato Casagrande; Coordenador do Cur-so de Jornalismo: Carlos Alexandre Gruber de Castro; Profes-sores-orientadores: Ana Paula Mira, Elza Aparecida e Mar-celo Lima; Editores-chefes: Antonio Carlos Senkovski, Cami-la Scheffer Franklin e Marisa Rodrigues.

“Formar jornalistas comabrangentes conhecimentosgerais e humanísticos, capa-citação técnica, espírito cria-tivo e empreendedor, sólidosprincípios éticos e responsa-bilidade social que contribu-am com seu trabalho para oenriquecimento cultural, so-cial, político e econômico dasociedade”.

Missão do cursode Jornalismo

A pirataria deve ser liberada?

NãoSim

Rodrigo de Oliveria Muniz

Caro leitor, não podemosnos alienar e pensar apenasno próprio bolso e no consu-mo, sem pensar nas conse-quências. Já dizia o ditado:“o barato sai caro”. A condi-ção financeira da maioria dapopulação brasileira não éboa, mas um erro não podejustificar o outro. Que o go-verno deve dar condiçõespara a população mantersuas necessidades básicas(alimentação, moradia, vestu-ário) e principalmente a edu-cação e a cultura, é inegável.Mas enquanto cidadãos, de-vemos nos informar e buscaroutros meios para enriquecer-mos nossa cultura de manei-ra correta e sem prejudicar osartistas.

É fácil detectar em termi-nais de ônibus ambulantesvendendo produtos ilegaispor preços mínimos, o que

certamente atrai o consumidor.Ao cair na tentação e comprar,além de a pessoa que com-prou ser prejudicada por levarum produto de qualidade da-nificada, é “roubado” o di-nheiro daqueles que produzema cultura (artistas, produtores,gravadoras, editoras) e quemperde é o público. A grandedecadência, principalmente docenário fonográfico, está dire-tamente ligada ao fácil acessoà pirataria (downloads gratui-tos de músicas na internet). Éraro hoje uma gravadora inves-tir seu projeto em um artistaem início de carreira. Investe-se apenas em artistas já consa-grados e com a certeza de su-cesso, os quais não precisamtanto dessa ajuda externa, poispodem mais facilmente “andarcom as próprias pernas”. Ar-tistas iniciantes, talentosos,não têm apoio das gravadorase dos produtores qualificadosdo mercado, pois esses não

podem investir em algo aindaincerto e que provavelmentenão dará retorno. Se artistasrenomados sofreram uma que-da brusca nas vendas de seusdiscos (hoje é praticamentenula a chance de um artistachegar ao disco de diamante –500 mil cópias no Brasil), ima-gina quem não tem ainda a vi-sibilidade de seu trabalho.

Por isso, embora pese umpouco mais no bolso, há de sepensar duas vezes antes decomprar qualquer produto pi-rateado. Com certeza, você, es-tudante, trabalhador, não gos-taria de ter seu produto/traba-lho, que você produziu comseu suor, sendo comercializa-do por aí de forma ilegal, tal-vez até desmotivando-o paracontinuar a trabalhar comqualidade e esforço. Artistassobrevivem disso e necessitamdo apoio dos fãs. Não financiea pirataria, quem será prejudi-cado no final é você.

Leonardo Schenato Barroso

O dinheiro já se tornou umdos maiores símbolos do imagi-nário de felicidade da socieda-de. Não é raro começarmos fra-ses para descrever um futuroque consideramos perfeito coma expressão “quando eu forrico”. Grandes eventos, como aExpo Money, apresentam todoano palestras e livros falandosobre como enriquecer e criaruma fortuna que, supostamen-te, garantiria por si só uma boavida. Essa busca incessante porbens materiais é geradora deinúmeros problemas pessoais esociais, mas pouca gente conse-gue relacioná-la à pirataria.

Ao assistirmos a um DVDoriginal, é comum vermos aspropagandas de conscientiza-ção mostrando o quanto a pi-rataria está ligada à violência,às drogas e ao crime organiza-do em geral. O problema é que,em nenhuma delas, a posiçãodas grandes produtoras e gra-vadoras é questionada. Se elaspensassem um pouco menosno quanto vão ganhar com umfilme, com uma música ou comum videoclipe e mais com omaior acesso do público aosseus produtos, fariam tudosair mais barato. Com produ-tos sendo baratos, o consumi-dor teria menos motivos parabuscá-los na pirataria.

Não apenas ajudando a fi-nanciar o crime organizado,essa ganância leva à banaliza-ção dos produtos culturais detoda uma geração. Bandas mu-sicais são tratadas como minasde ouro: assim que deixam deser extremamente lucrativas,são abandonadas pelos gran-des nomes do mercado de gra-vação e, com o tempo, caem noesquecimento do público, que

é bombardeado com um tipode produção voltado somentepara a geração de lucros. To-dos saem perdendo. Exceto,claro, as grandes gravadoras.

Agora, quando o assunto éo consumidor indo atrás des-ses produtos gratuitamente nainternet, o que afeta direta-mente nos ganhos empresari-ais, a coisa é tratada pela jus-tiça como crime. E isso não énenhum exagero. Em 2003, ojovem americano Joel Tenen-baum foi processado pelaRIAA (Record Industry Asso-ciation of America – Associa-ção Americana de IndústriaFonográfica) por ter baixadomúsicas sem pagar. O proces-so está aberto até hoje e, casoperca, Tenenbaum será obri-gado a pagar um milhão dedólares à RIAA. Se isso fosseem nome da justiça, e não dodinheiro, essa multa teria umvalor mais coerente.

Talvez devêssemos nos pre-ocupar menos com o dinheiro emais com formas alternativas deconsegui-lo sem afetar a quali-dade da cultura. Um bom exem-plo é o que a banda Radiohead– que, inclusive, será chamadaa depor a favor de Tenenbaumno processo – fez com seu últi-mo álbum, intitulado In Rain-bows: deixaram o CD disponí-vel para download no site e osfãs pagavam o quanto quises-sem pelas músicas, recebendoassim um retorno do públicosobre a qualidade do trabalho.E para quem acha que isso vaicontra a lógica de lucros, o dis-co rendeu mais dinheiro à ban-da do que seus trabalhos ante-riores, vendidos da forma co-mum. Medidas como essa, mui-to além do dinheiro, valorizamo público, os artistas e a cultu-ra de forma geral.

Pague quanto vale Valorize a cultura

Debate

Curitiba, quarta-feira , 29 de abril de 2009 3

SaúdeGripe suína

Camila Scheffer Franklin

Em entrevista coletiva reali-zada ontem na Secretaria de Es-tado da Saúde do Paraná(SESA), o secretário GilbertoMartins esclareceu dúvidasquanto à gripe suína. Segundoo que foi exposto, o vírus da In-fluenza Suína é novo, datadode março de 2009, e sofreu mu-tações para atingir o homem,pois normalmente não o afeta.Uma vez que o vírus atingeuma pessoa, ele é transmitidode uma a outra por meio detosse ou espirro e secreçõesrespiratórias infectadas.

No cenário mundial, deacordo com a Organização PanAmericana de Saúde, no Méxi-co, país em que a doença come-çou a ser disseminada, já foramnotificados 1840 casos de gripesuína. Desses, 26 foram confir-mados e ocorreram setemortes. Nos EstadosUnidos, os casos con-firmados somam 40;no Canadá, 20 casossuspeitos e 6 confirma-

dos. No Brasil, 22 casos da do-ença foram notificados, mas ne-nhum ainda foi confirmado.

A doença se assemelha auma gripe comum. Para definirse um caso é suspeito, deve-seobservar a apresentação de fe-bre alta repentina, superior a38ºC, acompanhada de tosse,dor de cabeça, dores muscula-res e articulares, principalmen-te se o suspeito esteve nos últi-mos dias nos Estados Unidos,México e Canadá. O tempo deincubação do vírus é de 10 diase aglomeração de pessoas faci-lita o contágio.

ParanáEm Curitiba, quatro casos

foram notificados. Três deles fo-ram descartados e um esperaconfirmação por exames labora-toriais. O resultado vai chegarapenas na próxima quarta-feira,dia 6 de maio, e o possível do-

ente encontra-se internadoem isolamento em um

hospital particularda capital. O exa-

me é feito peloLaboratório

Central doE s t a d o

( L a -

cen) a partir da coleta de mate-rial naso-faríngeo e encaminha-do ao laboratório Fio Cruz, emSão Paulo, por determinação doMinistério da Saúde. Para o Mi-nistério, apenas os laboratóriosFio Cruz, de São Paulo, e Evan-dro Chagas, do Pará, estão ap-tos a realizar os exames.

A SESA dispõe de um pla-no de contingência da gripesuína baseado no plano reali-zado contra a gripe aviária etambém de um Centro de Infor-mações Estratégicas em Vigi-lância Sanitária (CIEVS), quefunciona como retaguardapara esse tipo de situação. To-das as informações necessári-as estão disponíveis no site dasecretaria. Além disso, ela con-ta com um comitê de acompa-nhamento da influenza suínano Paraná com integrantes deórgãos públicos e da socieda-de civil, e também um grupotécnico-operacional que realizareuniões diárias para monito-rar informações e notificá-lasao Ministério da Saúde.

Se houver suspeita da doen-ça, a pessoa deve se dirigir a umdos quatro hospitais da rede dereferência da secretaria: Hospi-tal Universitário de Londrina,Hospital de Clínicas da UFPR(Curitiba), Hospital do Traba-lhador (Curitiba) e HospitalCosta Cavalcanti (Foz do Igua-çu). É recomendado que sejam

adiadas viagens para o Mé-xico e países com casos con-firmados da doença.

Quatro casos degripe suína sãonotificados emCuritibaTrês foram descartados e um continua internado à espera de resultados laboratoriais

Extensão

Marisa Rodrigues

A Pró-Reitoria de Extensãoda Universidade Positivo estácom inscrições abertas para ocurso de extensão de Designde Superfície. Voltado para osprofissionais e estudantes dedesign, moda, artes, ilustração,artesanato e áreas comuns, ocurso será ministrado pela de-signer de superfície e especia-lista em cores Renata Rubim,uma das precursoras destetipo de trabalho no país.

O design de superfície já ébastante conhecido no exteri-or, onde é chamado de surfa-ce design, e utilizado princi-palmente no mercado de de-coração de interiores, móveise vestuário.

No Brasil, a atividade ain-da não é muito difundida,mas, segundo a professora docurso de Design da Universi-dade Positivo, Eliza Sawada,sua utilização tende a crescernos próximos anos. “A in-dústria moveleira tem absor-vido as tendências estrangei-ras com bastante rapidez. Umdos casos é a substituição da

lâmina que imita madeira poruma sobreposição de formasgeométricas e de cores, criandonovas realidades para os mó-veis. Relevo é outro caso que sedestaca no mercado. No entan-to, ainda falta mão-de-obra es-pecializada para trabalhar comesses itens por aqui”, comenta.

Além dos móveis, há umagrande diversidade de objetosque podem receber as técnicasde design de superfície. De lou-ças e papéis de parede a teci-dos, calçados e tapeçarias.

ServiçoCurso de extensão Design de

SuperfícieLocal: Universidade Positi-

vo – Bloco Vermelho – Ateliê 1(Rua Prof. Pedro Viriato Parigotde Souza, 5300 – Campo Com-prido)

Datas e horários: De 7 a 9 demaio; quinta e sexta-feira, das14h às 18h, e sábado, 9h às 13he das 14h às 18h

Mais informações e inscri-ções pelo site: http://extensao.up.edu.br ou pelostelefones (41) 3317-3092 e3317-3201

Curso de Extensão daUniversidade Positivo traz

tendências do design mundial

A indústria moveleira é uma das que mais utilizam os recursos da inovação pelo design

Fotos: Divulgação

Curitiba, quarta-feira, 29 de abril de 20094

Especial

Fernando Castro

“Alô? Fernando? Rapazaqui é o Dante, você não sabeo que me aconteceu, estou pre-so no meu estúdio, minha mu-lher saiu com a chave e devevoltar em meia hora, me espe-ra no Distinto?”. Foi assim meuprimeiro contato pessoal comDante Mendonça, autor do li-vro “Curitiba – Melhores defei-tos, piores qualidades”. O diá-logo mediado pela voz metali-zada que saía do interfone doestúdio do escritor parece pecu-liar, mas ao longo da obra ficaevidente que situações como arelatada são das mais comunsquando o alvo em questão é ocidadão curitibano.

Dante Mendonçaresgata história de

Livro “Curitiba – Melhores defeitos, piores qualidades” trata com humor aspectos da cidade

Literatura

É bem verdade que a certi-dão de nascimento do autorentrega sua origem: NovaTrento, Santa Catarina. Mes-mo assim, Dante explica: “Ca-tarinauta, tenho CidadaniaHonorária do Paraná. De Cu-ritiba sou diplomado, com o tí-tulo comprobatório assinadopor minha mulher, jornalistaMaí Nascimento”. Tal autori-dade, inicialmente conferidapor Maí, pode ser comprovadanas 287 páginas do novo livrodo “Bardo emérito de Curiti-ba”, como bem definiu o ex-prefeito de Curitiba, Jaime Ler-ner. Sobre o apurado retrato deCuritiba e seus singulares ha-bitantes, Dante revela: “O li-vro é importante para reunir

muito do que já se vinha falan-do de Curitiba, mas por outroviés”.

A ideia desse apanhado daterra das araucárias tem pelomenos oito anos e, quando con-cebida, veio com título e capa;ao longo dos anos Dante arqui-tetou cuidadosamente seu con-teúdo. Falando em capa, estamerece menção especial. A fotode Erony Santos mostra umchurrasco realizado em come-moração à canalização do RioIvo, em 1971. O detalhe que cha-ma a atenção é o local do even-to, o buraco da obra, repleto deautoridades locais que não per-dem a fleuma diante do inusita-do buffet. Alheios à curiosa situ-ação, os transeuntes seguem seu

caminho pelo centro da cidade.Utilizando bastante o re-

curso da ironia, Dante passeiapor sua Curitiba, a Curitiba deLerner, a de Dalton Trevisan,a de Ernani Buchmann, RenéDotti, entre outras notáveiscrias da terra. Durante a obra,são resgatados textos, crôni-cas e entrevistas destes diver-sos personagens que com-põem e caracterizam, cada umà sua forma, o curitibano e seuhabitat.

Tudo se transformaLogo no início da obra, Dan-

te apresenta a polêmica crônicado jornalista Fernando Pessoa.Escrita em 1967, “Curitiba, aFria” é um marco no que se dizrespeito a Curitiba e seus habi-tantes. “De 1967 em diante, to-das as ironias vêm da mesmafonte, nada mais se cria, tudo secopia ou se transforma”. É as-sim que Dante introduz a crô-nica, que, nas palavras do mes-mo, “colocou Curitiba na frentedo espelho”.

A crônica cita aspectos cha-ve do cotidiano curitibano comoo inverno constante, as chuvas,o sotaque, o tradicionalismo,além, é claro, da frieza. Escritacom o conhecimento empíricode quem viveu pelo menos 10

anos na cidade, a crônica des-pertou a ira dos viventes daépoca. Na opinião de FernandoPessoa, isso reflete como o curi-tibano é exagerado.

É interessante analisar aolongo da obra de Dante oquanto os textos dele e de Fer-nando Pessoa se assemelhamnas temáticas. A grande dife-rença reside na forma de abor-dagem. Enquanto Pessoa colo-ca sua visão de maneira satí-rica e por vezes ofensiva, Dan-te explora os fatos de maneirasimpática, qualificando os de-feitos como os melhores, e asqualidades como as piores.Dessa forma, o efeito dos tex-tos de Dante são bem vistospelos curitibanos. Em ambosos casos, há justificada identi-ficação, mas o enfoque deMendonça é mais agradávelaos ferozes olhares locais.

Na entrevista realizada nobar Ao Distinto Cavalheiro,Dante Mendonça confessouque convidou Fernando Pes-soa para o lançamento do li-vro, porém, como não poderiadedicar 100% de atenção, nãoinsistiu.

As piores qualidadesÉ nesse quesito que o livro

“Curitiba – Melhores defeitos,

Curitiba

Hendryo André

Curitiba“ O livro é importante para reunirmuito do que já se vinha falando deCuritiba, mas por outro viés”DANTE MENDONÇA

Hendryo André

Curitiba, quarta-feira , 29 de abril de 2009 5

Especial

Hendryo André

piores qualidades” atinge seuponto máximo. Valendo-se dofato da fleuma e do orgulho docuritibano, Dante Mendonçaexplora os fatos bons e ruins,com uma ironia e delicadezaímpares. O pétit-pavet das cal-çadas da cidade vira tema re-corrente na obra. Tido comovanguarda em termos arquite-tônicos, o autor brinca com adificuldade de andar sobre opiso em vários momentos daobra, sem nunca desmerecertão estimado exemplar da his-tória local. A arquitetura, ali-

O livro de Dante Mendonça traz três ilustrações que ajudam a compreen-der a intenção do autor.As ilustrações não poderiam deixar de ser um ponto referencial do livro.Cartunista em período sabático, Dante se vale das obras de artistas daestirpe de Poty Lazzarotto, Tiago Recchia e Solda para transmitir suavisão sobre Curitiba. Jaime Lerner definiu o livro como “a passagem doDante do desenho para a crônica”, mas nem por isso as três ilustraçõesimpressas perdem importância. A charge do prefácio é um desenho de Tiago Recchia que ilustra a indecisãode dois turistas sobre entrar em uma Curitiba representada por um castelosombrio, rodeado de névoa e morcegos, ou seguir estrada rumo a Florianó-polis ou Porto Alegre. Classificada por Dante como “uma obra-prima”, acharge reflete exatamente o tom irônico que o autor usa quando trata daimagem da cidade quando vista sob o olhar forasteiro.Na contracapa, o autor nos brinda com uma ilustração de Poty Lazzarot-to. O desenhista curitibano, autor de murais, painéis e ilustrações emvários lugares do Brasil, apresenta nesta ocasião um mapa de suas obrasespalhadas pela capital paranaense. Chamada de Potylândia por DanteMendonça, o complexo esboçado por Lazzarotto chama a atenção pelasimplicidade dos traços e pelo humor embutido nas referências e indica-ções do autor. Dentre as obras citadas, estão as fachadas e painéis doTeatro Guaíra, do Hotel Residência e do aeroporto Afonso Pena.A terceira ilustração também faz referência a Poty. Uma caricatura dobigodudo desenhista curitibano, de autoria do desenhista Solda, ocupatoda a página 95. Uma singela homenagem de Dante àquele que elemesmo denomina como a oitava maravilha de Curitiba. Essa caricaturavem acompanhada da crônica que, além da história, traz também curio-sidades sobre o artista e suas obras. Em um livro cuja espinha dorsal sãoas referências aos personagens locais, a homenagem prestada por DanteMendonça encontra plena justificativa.

Curitiba ilustrada porquem entende do assunto

ás, é um dos quesitos que me-lhor refletem esse viés da obrade Dante Mendonça. Ele citaem uma das crônicas uma his-tória fictícia hilariante sobre afundação de Curitiba, na qualo índio Tindiquera, ao chegarna região da praça Tiradentes,marco zero da capital, decre-tou: “Taki-Keva”. Posterior-mente um tradutor tingui teriadecifrado o mistério: “Arquite-to faz o resto” era a sentençado cacique. Tudo isso para in-troduzir as 7 maravilhas da ci-dade, guia que por si só valea leitura do livro.

Dante Mendonça explora os fatos bons eruins, com uma ironia e delicadezaímpares. O pétit-pavet das calçadas dacidade vira tema recorrente na obra.

Dante explora os fatos de maneirasimpática, qualificando os defeitoscomo os melhores, e as qualidadescomo as piores.

Joâo Pedro Schonarth

Curitiba, quarta-feira, 29 de abril de 20096

ColunasMúsica Cultura

Silvia Guedes

Rosto branco, olhos pinta-dos, roupa colorida, sapatosenormes e tão coloridos quanto,além do famoso e indispensávelnariz vermelho - que ultima-mente pode ser encontrado nopreto. Você pode ser um tam-bém, você pode aprender a en-cantar uma enorme plateia e nooutro dia não ser reconhecidopor ninguém sem a sua fantasia.

Mas não é somente isso.Você pode se pendurar no trapé-zio, jogar malabares com umaenorme destreza, subir numaperna-de-pau, se equilibrar comoutro alguém e todas as outrashabilidades circenses. Ser umartista de circo na cidade das ca-ras amarradas.

A Companhia Trip Circodesenvolve aulas para quemtem interesse em aprender, seapresentar ou simplesmenteconhecer as atividades deum picadeiro. Periodica-mente, apresentações nobarracão da Companhiasão feitas para um públicomuito variado. Crianças, jo-vens, adultos e idosos. Algu-mas vezes, uns entendem a pi-ada, outros não. Ás vezes, unsentendem a arte, outros não.Mas, mesmo assim, ela encan-ta os olhos.

Respeitável público:

o circo chegou!chegou!

Para quem pretende se tornarum “Malabarista Palhaço”, pro-fissão reconhecida no Ministériodo Trabalho, a Companhia dosPalhaços oferece cursos para seformar um artista e tanto. Asapresentações, também periódi-cas, enchem de sorrisos as carasamarradas dos curitibanos.

Para se tornar um artista cir-cense é preciso muito preparo -

mental, físico e até teórico. Paraser um palhaço, há de se encon-trar o seu “eu ridículo”. Aquiloque todos querem esconder. Exis-te coisa melhor do que você mes-mo se aceitar?

Curitiba, cidade das carasamarradas, é palco de manifes-tações de artes cômica e circen-se, embora poucos saibam dis-so. No próximo mês, por exem-plo, acontece a 3ª Edição doFestival Curitibano de Circo.

Até quem torce o nariz nasruas estica o pescoço para

ver uma apresentação naXV de Novembro e se en-canta ao ver um corpodespencando do alto

amarrado a um tecido.Não é espetáculo sópara crianças. Todosapreciam apresenta-

ções circenses.

Periodicamente,apresentaçõesno barracão daCompanhia sãofeitas para umpúblico muitovariado

Grasiela Piasson

Ontem, ao ouvir uma rádio local, percebi um tí-pico comentário subsequente entre os meios de co-municação de profissionais que se acham “enten-didos” no assunto. O locutor, ao fazer a chamadade uma nova cantora, comentou, de forma infeliz,que a tal era apenas mais uma dessas “que estãosurgindo aos montes” e que virou febre porque émoda.

Na Idade Média, mais conhecida como Idadedas Trevas, as mulheres eram proibidas de fazerpraticamente tudo, culpadas pelo pecado original- nem tão original assim - que Eva cometeu ao ofe-recer o fruto proibido a Adão.

Mulheres, em alguns momentos da história, fo-ram consideradas a própria encarnação do demô-nio, temidas pelos monges e queimadas nas foguei-ras da Santíssima Inquisição.

Nada era permitido, principalmente a liberda-de de sentir. Não podiam atuar no teatro e muitomenos cantar, já que a liberação da voz femininaera considerada profana. Somente os homens, nocaso monges, tinham o privilégio de espantar seusmales por meio do canto gregoriano.

Atualmente, a situação é diferente neste senti-do. Cada vez mais as mulheres estão soltando avoz e o verbo na defesa de seus direitos. São inú-meras cantoras que estão surgindo no mundo damúsica, desde as regiões polares até as regiõesmais quentes do globo. Elas exibem em suas vo-zes e interpretações diferentes estilos e expressões,sentimentos que jamais imaginávamos. Sim, por-que para cada personalidade existe um “feeling”e para cada sentimento há uma forma de expres-são vocal, que está relacionado ao timbre, ritmo equantidade de ar liberada pelos pulmões. O ar écontido e liberado alternadamente, pois é do peitopara fora que o sentimento se propaga, respira,vive e se desprende em forma de som.

O canto, por sua vez, ecoa da boca para fora nosentido literal, porém com o coração pulverizado epermeado de sentidos. Nós, mulheres, nunca fomosconsideradas santas - e não somos de fato -, ao pas-so que os nobres, os santos, os convictos líderes dahistória, foram para sempre idealizados e eterniza-dos em molduras doiradas. Quando estes profissi-onais irão considerar com naturalidade o fato de asmulheres poderem se expressar, cantar, atuar, ouseja lá o que for, sem colocá-las, deliberadamente,num patamar inferior aos dos homens ?

Hoje, as mulheres cantam mais e eu respiro ali-viada, contudo me pergunto: quando os críticos ecomentaristas de rádio cessarão suas colocaçõestolas a respeito das cantoras, sendo que são inca-pazes de sentir como elas?

A Voz Profana

Curitiba, quarta-feira , 29 de abril de 2009 7

EsporteProjetos

Luiz Fernandes

Foi de balançar as estrutu-ras do Ginásio. A inauguraçãodo projeto Centro de Excelênciado Basquetebol contagiou o pú-blico, que foi ao delírio com achegada da rainha HortênciaMarcari no Ginásio Joval dePaula Souza, Parque Cachoeira.A inauguração do projeto acon-teceu na segunda (27).

A ex-atleta do basquete bra-sileiro Hortência, juntamentecom Rogério Sampaio, Ouro noJudô nos Jogos Olímpicos deBarcelona, e o tetracampeãoMundial de Futebol e ídolo doSão Paulo, Raí, desembarcaramna capital paranaense na ma-nhã de segunda.

“É muito bom poder inau-gurar mais um Centro de Ex-celência, agora em Araucá-ria”, disse Hortência.

Por volta das 14h, os três,juntamente com o presidenteda Federação Paranaense deBasquete, Amarildo Rosa e o

Projeto inauguralocal para treinaratletas de basqueteHortência Marcari, Rogério Sampaio e Raí estiveram na cerimônia

secretário de Esporte e Lazer,Wanderley Haddad, seguirampara Araucária onde foi inau-gurado o projeto. Na chegada,muita aglomeração para ver osídolos brasileiros.

“Uma alegria muito grandepoder estar participando desteprojeto, com muitas praças emuitos atletas, pois é a inclusãosocial para muitos jovens”, dis-se o judoca Rogério Sampaio.

Com o ginásio completa-mente lotado, a expectativa fica-va em torno dos ídolos. O mo-mento foi único. Na entrada deHortência, Rogério Sampaio eRaí, todo o público se levantoue ovacionou os atletas.

Um dos primeiros a fazer ouso da palavra, o secretário Ha-ddad falou da importância doprojeto e agradeceu o prefeitoAlbanor Zezé Gomes. “As cri-anças são a razão deste proje-to. E agradeço ao prefeito Zezépor abraçar esse projeto e acre-ditar no esporte”.

Já o prefeito disse que proje-

to traz grandes benefícios aosjovens do município. “Chega-mos à conclusão de que é mui-to útil aos jovens de Araucária.Temos que mostrar para nossajuventude que o esporte é im-portante”, falou Zezé.

O presidente da FederaçãoParanaense de Basquete, Ama-rildo Rosa, foi além da inclu-são social e falou em revelarnovos atletas. “Com certeza,de Araucária sairão jogadorese jogadoras para a seleçãobrasileira até onde Hortência,Rogério e Raí chegaram. O im-portante é que todos estejamengajados neste projeto”, ava-liou Amarildo Rosa.

Os atletas entregaram bolasautografadas aos alunos doprojeto. Victor Martins Maga-lhães foi um deles. Com 17anos, ele já disputa campeona-tos pela equipe da Smel. “A pre-sença deles aqui vai motivarmuito a gente, como outros quequeiram começar a jogar bas-quete”, disse.

Madrinha do projeto, Hor-tência agradeceu pela bela orga-nização do evento. “Todos estãode parabéns por esse belo even-to. Estou muito feliz e esperopoder voltar para Araucária”.

Araucária terá cinco polosda escolinha da Hortência. Asaulas serão oferecidas no Nú-cleo Esportivo São Francisco deAssis (CSU), no Caic, no ParqueCachoeira, na Escola MunicipalProfª Azuréia Belnoski (JardimTupi) e na Escola MunicipalIrmã Elizabeth Werka. Meninose meninas de 10 a 17 anos po-dem participar. Para se inscre-ver, basta procurar um dos lo-cais de aula.

Carlos Poly

Camila Scheffer Franklin

Aconteceu nesta segunda-feira (27), no Memorial da Ci-dade, a Audiência Pública doTransporte Coletivo, que foiconvocada no início do mêspelo presidente da URBS, Mar-cos Isfer. Foram convidadospara participar a populaçãoem geral e os representantes deentidades governamentais ounão com interesse no tema.Como previsto na lei número12.597 de janeiro de 2008, apartir da audiência acontece-rá a primeira licitação dotransporte de Curitiba, crian-do um regime jurídico para aconcessão do serviço para ainiciativa privada.

Para Isfer, esse é um mo-mento histórico para o trans-porte público de Curitiba.“Essa é a maior prova detransparência dentro do siste-ma de transporte coletivo dacidade”. Ele lembra que otransporte coletivo da cidadeé exemplo para o país e parao mundo, e acredita que a lici-tação proposta por Beto Richavai fazer com que ele melhoreainda mais em tecnologia,qualidade e custo. Com a au-diência, fica determinado que

a empresa que ganhar a licita-ção tem um prazo de 15 anospara realizar seus serviços. Seobtiver sucesso, pode haveruma prorrogação justificada.Mas os contratos também pode-rão ser encerrados antes dadata definida se aconteceremfalhas na prestação do serviçoou no tratamento de usuários.

Cléver Almeida, presidentedo Instituto de Pesquisa e Pla-nejamento Urbano de Curitiba(IPPUC), acredita que a partici-pação da população na audiên-cia dará diretrizes para aprimo-rar o transporte coletivo na ca-pital paranaense. “O número deveículos particulares é crescen-te, é três vezes maior que o nú-mero de pessoas. Isso é grave.Com a melhoria do transportepúblico e ouvindo a população,podemos melhorar ainda maisseu funcionamento e diminuir ouso de carros.”

O edital de licitação serálançado após a audiência, obe-decendo à legislação nacionalsobre concessões de serviçospúblicos. As empresas que ven-cerem a licitação deverão deta-lhar em seus documentos os di-reitos dos passageiros em rela-ção à segurança e qualidadedos serviços.

Audiência pública debatetransporte coletivo

Pela primeira vez, Urbs promovedebate aberto à população sobre o assunto

Camila Scheffer Franklin

Curitiba, quarta-feira, 29 de abril de 20098

EnsaioIgrejas

A fé transformada

Texto e fotos: Gustavo Krelling

Igrejas. Algumas, além de locais de fé, são exemplos arquitetônicos que marcam época. Em Co-lônia, na Alemanha, está a catedral Kölner Dom. A construção da igreja gótica começou no séculoXIII (1248) e levou mais de 600 anos para ser completada. Quando foi concluída em 1880, era oprédio mais alto do mundo. A catedral é dedicada a São Pedro e a Maria.

Um pouco mais ao sul da Alemanha, em Munique, está a Asamkirche. A igreja foi feita no esti-lo rococó, marcado pela opulência, pela ornamentação exacerbada. A arte do excesso.

Saindo da Alemanha, vamos para Itália, Milão. Lá está a Catedral Duomo, mais uma igreja noestilo gótico, que é marcado pela monumentalidade, pelas ogivais, pelos arcos botantes e vitrais.

em arte arte