UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
LUCAS DA SILVA MANEIA
O NÍVEL DE ATIVAÇÃO DOS MÚSCULOS DO TRONCO DURANTE O AGACHAMENTO COM DIFERENTES BASES DE ESTABILIDADE
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
CURITIBA
2019
LUCAS DA SILVA MANEIA
O NÍVEL DE ATIVAÇÃO DOS MÚSCULOS DO TRONCO DURANTE O AGACHAMENTO COM DIFERENTES BASES DE ESTABILIDADE
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Educação Física, no Curso de Educação Física do Departamento Acadêmico de Educação Física (DAEFI) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dra. Cintia de Lourdes Nahhas Rodacki
CURITIBA
2019
Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Campus Curitiba Departamento Acadêmico de Educação Física
Curso de Bacharelado em Educação Física
TERMO DE APROVAÇÃO
O NÍVEL DE ATIVAÇÃO DOS MÚSCULOS DO TRONCO DURANTE O AGACHAMENTO COM DIFERENTES BASES DE ESTABILIDADE
Por
LUCAS DA SILVA MANEIA
Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) foi apresentado em 05 de junho de
2019 como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharelado em Educação
Física. O candidato foi arguido pela Banca Examinadora composta pelos
professores abaixo assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou
o trabalho aprovado.
.
Prof. Dra. Cintia de Lourdes Nahhas Rodacki Orientadora
Prof. Dr. Adriano Eduardo Lima da Silva Membro titular
Prof. Dr. Anderson Caetano Paulo
Membro titular
* A folha de aprovação com assinaturas se encontra arquivada na coordenação do curso.
RESUMO
MANEIA, Lucas da Silva. O nível de ativação dos músculos do tronco durante o agachamento com diferentes bases de estabilidade. 49f. Monografia de Graduação (Bacharelado em Educação Física) – Departamento Acadêmico de Educação Física. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2019. O exercício agachamento é utilizado em programas de condicionamento físico e reabilitação, para ganho de força muscular, e melhora na performance de vários movimentos esportivos. Este exercício possui diferentes variações, o que pode influenciar no padrão de ativação dos músculos do tronco e membros inferiores. O presente estudo tem o objetivo de identificar o nível de ativação dos músculos do tronco durante o exercício agachamento e afundo com diferentes bases de estabilidade. Metodologia: participaram desse estudo 15 voluntários do sexo masculino, com a idade de 20 ± 40 anos. Os participantes realizaram a contração isométrica voluntária máxima (CIVM) (Flexão e extensão do tronco, e extensão do joelho) afim de normalizar os dados, e as três variações do exercício, com o monitoramento da eletromiografia de superfície posicionada nos músculos, reto do abdômen, obliquo externo, eretores do tronco da região lombar, reto femoral, vasto lateral, todos do lado direito. As variações do exercício foram: A) Agachamento simples B) afundo com base estável e C) afundo com base instável com o pé posterior em uma bola suíça. Os sinais eletromiográficos foram retificados, filtrados (com frequências de corte de 20 e 500 Hz) e o nível de ativação muscular foi determinado pelo cálculo da raiz quadrada da média (RMS) durante a CIVM e em todos os exercícios. O RMS da CIVM serviu para normalizar (em porcentagem) os valores observados nos três exercícios. Os dados sobre as características da amostra foram submetidos a uma análise descritivo padrão (média e desvio-padrão), a análise de variância (one-way ANOVA) foi empregada para comparar as porcentagens dos RMS dos exercícios para cada músculo. As variáveis foram testadas com um nível de significância de p<0,05. O teste post-hoc de Bonferroni foi utilizado quando diferenças significativas foram detectadas. As análises estatísticas foram realizadas utilizando o software Statistica (Statsoft Inc., versão 7.0). Resultados- Os níveis de ativação (RMS normalizada pela CIVM) do músculo Reto Femoral (RF) e Vasto Lateral (VL) foram similares (p>0,05) durante os agachamentos: simples (RF= 58 ± 5.3 %; VL= 59 ± 5.0 %), afundo (RF= 61 ± 6.2%; VL=61 ± 6.3%) afundo com base instável (RF= 63 ± 6.1 %; VL= 63 ± 5.9 %). O nível de ativação do músculo reto do abdômen foi similar (p>0,05) (simples = 2,8 ± 1,8 %; afundo = 3,1 ± 2,2 %; afundo com base instável 2,9 ± 1,2%) em todos os exercícios. Entretanto o músculo oblíquo externo apresentou o nível de ativação significativamente maior durante o agachamento afundo com base Instável (16,1 ± 4,5%; p<0,05) quando comparado com os outros exercícios (agachamento = 10,9 ± 3,1 % e afundo = 13,9 ± 3,6 %) Os níveis de ativação do músculo Eretor do Tronco foram similares nos agachamentos simples (56 ± 9.3%) e afundo com base instável (55 ± 8.8%) (p>0.05) e significativamente menor (p<0.05) quando comparados ao agachamento afundo com base estável (44 ± 8.3 %). Ficou evidente que os níveis ativação muscular dos eretores da região lombar não são maiores com o aumento da instabilidade, sem alterações significativas dos músculos dos membros inferiores.
Palavras-chave: Eletromiografia. Músculos do tronco e Agachamento.
ABSTRACT MANEIA, Lucas da Silva. The level of activation of the trunk muscles during the caching with different bases of stability. 49lf. Undergraduate’s monography (Bachelor Course in Physical Education) – Academic Department of Physical Education, Federal University of Technology – Paraná. Curitiba, 2019.
Physical exercise is used in programs of physical conditioning and rehabilitation, to gain muscle strength, and to improve physical exercise performance. The game can be made with the same changes, which can influence the movement pattern of the mind and the bottom tree. The present study aims to identify the level of activation of the trunk muscles during the squatting and sinking exercise with different stability bases. METHODOLOGY: Participated in the study 15 of the male, with an age of 20 ± 40 years. The participants performed a voluntary isometric contraction (flexion and extension of the trunk and extension of the knee) in order to normalize the data, as well as the physical exercise, with the monitoring of energy electromyography in the muscles, rectus abdominis, external oblique, erector of the trunk of the lumbar region, rectus femoris, vastus lateralis, all on the right side. The bases of the exercise were: A) Simple squatting based on the stable scenario and C) sinking with unstable base with the hind foot in a Swiss ball. The electromyographic cycles were rectified, filtered (with cutoff frequencies of 20 and 500 Hz) and the level of muscle activation was measured during IMC and in all exercises. The RMS of the CIVM served to normalize (in percent) the values observed in the three exercises. Data on the characteristics of the sample were submitted to a standard descriptive analysis (mean and standard deviation), a one-way ANOVA was used to compare the RMS percentages of the exercises for each muscle. The variables were tested with a significance level of p <0.05. The Bonferroni post-hoc test was used when differences were detected. Statistical software (Statsoft Inc., version 7.0) was used as analysis. RESULTS: The levels of activation (RMS normalized by the CIVM) of the Femoral Reto (RF) and Vasto Lateral (VL) muscles were similar (p> 0.05) during the squats: simple (RF = 58 ± 5.3%; VL = 59 ± 5.0%), inflow (FR = 61 ± 6.2%, VL = 61 ± 6.3%) inflow with unstable basis (FR = 63 ± 6.1%, VL = 63 ± 5.9 %). The level of activation of the rectus abdominis muscle was similar (p> 0.05) (simple = 2.8 ± 1.8%, baseline = 3.1 ± 2.2%, baseline with unstable base 2.9 ± 1 , 2%) in all exercises. On the other hand, the external oblique muscle presented the highest level of performance during squatting with an unstable base (16.1 ± 4.5%, p <0.05) when compared to other exercises (squatting = 10.9 ± 3.1% (56 ± 9.3%) and inflow with unstable base (55 ± 8.8%) (p> 0.05) ) and linguistic minor (p <0.05) when compared to stable-based squatting (44 ± 8.3%). It was evident that the muscular levels of the countries of the region are not greater with the increase of the instability, but also of the average of the inferior members.
Key words: Electromyography. Trunk muscles and Squat.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Agachamento simples ............................................................................ 31
Figura 2: Afundo com base estável........................................................................ 31
Figura 3: Afundo com base instável....................................................................... 31
Figura 4: Nível de Ativação Muscular do músculo Reto Femoral e Vasto Lateral .33
Figura 5: Nível de Ativação Muscular do músculo Reto Abdominal e o Obliquo
externo ................................................................................................... 34
Figura 6: Nível de Ativação Muscular do músculo Eretores do Tronco ................ 35
LISTA DE ABREVIATURAS OU SIGLAS
CIVM: Contração Isométrica Voluntária Máxima
EMG: Eletromiografia
RMS: Atividade Elétrica
RF: Reto Femoral
VL: Vasto Lateral
RA: Reto abdominal
UTFPR: Universidade Tecnológica Federal do Paraná
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 13
1.1 JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 14
1.2 PROBLEMA ......................................................................................................... 15
1.3 OBJETIVO GERAL .............................................................................................. 15
1.3.1 Objetivo(s) Específico(s) ................................................................................... 15
2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 16
2.1 ESTRUTURA DO TRONCO ................................................................................ 16
2.1.1 FUNÇÃO FUNCIONAL DA COLUNA VERTEBRAL ........................................ 16
2.1.2 MÚSCULOS DO TRONCO .............................................................................. 17
2.2 AGACHAMENTO ................................................................................................. 18
2.2.1 ARTICULAÇÕES ENVOLVIDAS NO AGACHAMENTO .................................. 19
2.2.2 MUSCULATURA ENVOLVIDA NO AGACHAMENTO ..................................... 20
2.2.3 ERROS NA EXECUÇÃO DO AGACHAMENTO .............................................. 21
2.2.4 COMO REALIZAR UM AGACHAMENTO CORRETO ..................................... 22
2.3 AFUNDO .............................................................................................................. 22
2.4 TREINAMENTO FUNCIONAL ............................................................................. 23
2.5 CORE .................................................................................................................. 24
2.6 CONCEITO DE ESTABILIDADE E INSTABILIDADE .......................................... 25
2.7 ELETROMIOGRAFIA .......................................................................................... 27
3 METODOLOGIA DE PESQUISA ........................................................................... 28
3.1 TIPO DE ESTUDO .............................................................................................. 28
3.2 PARTICIPANTES ................................................................................................ 28
3.2.1 Critérios de Inclusão ......................................................................................... 28
3.2.2 Critérios de Exclusão ........................................................................................ 31
3.3 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS ............................................................ 29
3.3.1 Instrumentos ..................................................................................................... 29
3.3.2 Procedimentos .................................................................................................. 30
3.4 ANÁLISE DOS DADOS ....................................................................................... 31
4 RESULTADOS ....................................................................................................... 33
5 DISCUSSÃO ........................................................................................................... 36
6 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 41
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 42
ANEXOS ................................................................................................................... 48
13
1 INTRODUÇÃO
O exercício agachamento é utilizado em programas de reabilitação e
condicionamento físico, para ganho de força muscular dos membros inferiores e
melhora na performance de vários movimentos esportivos como o salto vertical e
corrida (WISLOFF et al., 2004; CONTRERAS, 2015). É um exercício de grande
complexidade, com vários segmentos corporais envolvidos na execução do
movimento (tornozelo, joelho e quadril) onde os músculos do grupo tríceps surral,
quadríceps e glúteo máximo atuam de forma dinâmica (BOYLE, 2015).
Variações na execução do agachamento tais como diferentes
posicionamentos dos pés (ESCAMILLA, 1998; PAOLI, 2009; PEREIRA, 2010),
implementação de cargas ou pesos externos (PAOLI, 2009) e apoios dos pés em
bases instáveis (WILLARDSON et al., 2009; ANDERSON; BEHM, 2005) são
constantemente pesquisadas na literatura como forma de aumentar o recrutamento
dos músculos envolvidos no movimento, tornando assim o exercício mais ou menos
efetivo para determinados grupos musculares (CATERISANO, 2002).
Por outro lado, as variações de execução e as cargas externas utilizadas nos
exercícios de agachamento podem produzir sobrecargas, aumentar a instabilidade e
a pré-disposição a lesões em alguns segmentos corporais como exemplo o tronco
(HAMLYN et al., 2009). De fato, várias pesquisas relataram o aumento da
sobrecarga (forças de compressão e cisalhamento), fadiga e instabilidade dos
músculos do tronco durante a execução de algumas variações de agachamento
(BRESSEL et al., 2009; ANDERSON; BEHM, 2005), onde até mesmo o cinturão é
sugerido como forma de aumentar a estabilidade e prevenir algum tipo de lesão
deste segmento (BRESSEL, et al., 2009; CLARK et al., 2012).
A eletromiografia (EMG) é um instrumento que tem por objetivo verificar a
ativação dos músculos durante os movimentos (COSCRATO, 2002; MATOS, 2000;
BURDEN, 2010). A eletromiografia de superfície (EMG) permite medir os sinais
elétricos emitidos pelos músculos durante a contração, com isso pode-se identificar
quais os músculos recrutados durante a execução dos exercícios, tempo em que o
músculo permanece em contração, intensidade da contração além de mostrar sinais
de fadiga muscular (TAKAHASHI, 2006; BOMPA et al., 2000).
O estudo de Zink et al., (2001) não encontrou diferenças no nível de ativação
dos músculos do tronco, ou aumento na instabilidade deste segmento, em relação
14
ao posicionamento dos pés durante a execução do agachamento. Entretanto
maiores níveis de ativação dos músculos do tronco foram observados com aumento
das cargas externas imposta no movimento (BRESSEL et al., 2009). Porém ainda
não está claro na literatura o efeito de diferentes bases de apoio dos membros
inferiores durante a execução do agachamento no nível de ativação dos músculos
do tronco (ZINK et al., 2001). Sabe-se que exercícios tais como o agachamento, que
venham a exigir um maior recrutamento dos músculos do tronco, causados pela
instabilidade ou sobrecarga, podem aumentar as chances de lesões neste segmento
(MAWSTON; BOOCOCK, 2012).
Portanto o objetivo desse estudo busca identificar o nível de ativação dos
músculos extensores e estabilizadores do tronco durante o exercício de
agachamento e afundo com diferentes bases de estabilidade. Dentre as variações
do exercício, foram analisadas A) Agachamento simples B) afundo com apoio
estável e C) afundo apoio com o pé posterior uma bola suíça.
1.1 JUSTIFICATIVA
Variações de execução e cargas externas utilizadas nos exercícios de
agachamento podem produzir sobrecargas, aumentar a instabilidade e a pré-
disposição a lesões no tronco. De fato, várias pesquisas relataram o aumento da
sobrecarga (forças de compressão e cisalhamento), fadiga e instabilidade dos
músculos do tronco durante a execução de algumas variações de agachamento.
Porém ainda não está claro na literatura o efeito de diferentes bases de apoio dos
membros inferiores durante a execução do agachamento no nível de ativação dos
músculos do tronco. Sabe-se que exercícios tais como o agachamento, que venham
a exigir um maior recrutamento dos músculos do tronco, causados pela instabilidade
ou sobrecarga, podem aumentar as chances de lesões neste segmento.
Desta forma, a presente pesquisa teve como objetivo contribuir com
informações importantes, principalmente para os profissionais de educação física e
da área da saúde, a respeito do nível de ativação do músculo de acordo com as
varações de execução do exercício agachamento, permitindo assim um maior
conhecimento da diferença de intensidade entre eles proporcionando um melhor
controle das variáveis que um programa de treinamento possui, como por exemplo,
15
a seleção de exercícios de acordo com as necessidades e o nível de treinamento do
aluno/paciente.
1.2 PROBLEMA
Qual o nível de ativação dos músculos extensores e estabilizadores do tronco
durante o agachamento e afundo com diferentes bases de estabilidade?
1.3 OBJETIVO GERAL
Identificar e comparar o nível de ativação dos músculos extensores e
estabilizadores do tronco no exercício agachamento com diferentes bases de
estabilidade.
1.3.1 Objetivo(s) Específico(s)
Quantificar o nível de ativação muscular, no grupo muscular quadríceps
(vasto lateral e reto femoral), abdominais (reto do abdômen e oblíquo externo) e
eretores do tronco da região lombar durante a execução do agachamento simples,
afundo com base estável e afundo com base instável com o pé posterior sobre a
bola suíça.
Comparar o nível de ativação muscular, no grupo muscular quadríceps (vasto
lateral e reto femoral), abdominais (reto do abdômen e oblíquo externo) e eretores
do tronco da região lombar durante a execução do agachamento simples, afundo
com base estável e afundo com base instável com o pé posterior sobre a bola suíça
16
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 ESTRUTURA DO TRONCO
A estrutura da coluna vertebral é constituída por vértebras, discos, ligamentos
e músculos, ela é o principal eixo de suporte do corpo responsável pela sustentação
da posição bípede e também serve como suporte de proteção da medula espinhal.
Ela deve ser capaz de atender a funções distintas como estabilidade estrutural e
mobilidade funcional (NORKIN; LEVANGIE, 2001).
A coluna vertebral é formada por uma sobreposição de 33 vertebras, que vai
da base do crânio até a pelve, é dividida em região cervical, torácica, lombar, sacral
e coccígea. Esse conjunto de vertebras juntamente com os arcos costais, esterno e
cabeça compõem o esqueleto axial. Dentre as trinta e três vértebras, vinte e quatro
são móveis e separadas pelo disco intervertebral, arranjo que contribui para o
movimento do tronco (HALL, 2009).
A coluna vertebral apresenta quatro curvaturas fisiológicas que proporcionam
equilíbrio e flexibilidade à coluna e são importantes no mecanismo de dissipação de
forças e absorção de choques. Entre as curvaturas há as curvaturas cifóticas
(apresentam uma convexidade posterior, região torácica e sacral) e as curvaturas
lordóticas (apresentam uma concavidade posterior, região cervical e lombar)
(MIELE; PANJABI; BENZEL, 2012).
2.1.1 FUNÇÃO FUNCIONAL DA COLUNA VERTEBRAL
Os movimentos da coluna vertebral flexão e extensão ocorrem em três
planos, sagital, frontal e transverso, os movimentos de flexão e extensão ocorrem no
plano sagital sobre o eixo látero lateral, a flexão ou inclinação lateral no plano frontal
ou coronal sobre o eixo anteroposterior e a rotação se dá no plano transverso sobre
o eixo longitudinal ou crânio-caudal (HALL, 2009).
Como a região lombar deve sustentar todo o tronco posicionado acima, existe
um aumento progressivo no tamanho vertebral desde a cervical até a lombar onde
as vértebras e os discos intervertebrais são maiores e mais espessos do que nas
regiões superiores. Essa especificidade se explica pelo propósito funcional,
reduzindo o estresse articular (ADAMS; HUTTON, 1985).
17
As cargas compressivas são transmitidas vértebra a vértebra por meio dos
discos intervertebrais durante os movimentos de flexão, extensão e flexão lateral
(FROBIN et al., 1997). Possíveis danos causados em qualquer parte da unidade
funcional podem afetar a função dos segmentos móveis adjacentes e
consequentemente as funções da coluna como um todo (RIEGGER-KRUGH;
KEYSOR, 1996).
Maus hábitos posturais, excesso de treinamento que exige hiperextensão
lombar repetida e deformidade vertebral congênita podem aumentar o estresse
compressivo nas estruturas posteriores da coluna vertebral, resultando em lordose
excessiva e possível fator de risco para o desenvolvimento de lombalgias (HALL,
2009; SPENCE, 1991). Por isso os músculos exercem um papel fundamental na
proteção das estruturas da coluna vertebral, participam dos mecanismos de
absorção de impactos protegendo a coluna de grandes sobrecargas e dando
estabilidade, equilíbrio, e mobilidade suficiente para a movimentação dos membros
(COSTA; PALMA, 2005).
A região lombar deve apresentar a característica de ser forte e rígida para
absorver e dissipar as cargas decorrentes do peso corporal, da ação muscular e das
forças aplicadas externamente, mas também precisa ser flexível para permitir o
movimento (EBRAHIMI et al., 2005).
2.1.2 MÚSCULOS DO TRONCO
A musculatura do tronco, de forma geral, contribui para o suporte da coluna
vertebral como os músculos profundos, que são os oblíquos internos, o transverso
abdominal e os multífidos; e o músculos superficiais, que são os oblíquos externos,
os eretores espinhais e o reto abdominal entre outros músculos que compõem o
conjunto de sustentação central. Os músculos abdominais, localizados na face
anterior do tronco, oferecem estabilização nos três planos de movimento e são os
principais flexores da coluna vertebral. A produção de tensão unilateral (HALL,
2009).
O grupo muscular dos eretores espinhais encontrados na região posterior da
coluna torácica e lombar, incluindo o espinhal, longuíssimo e o iliocostal, principais
extensores e hiperextensões do tronco, responsáveis por manter o dorso com as
curvaturas adequadas e, portanto, a postura. Dentre outros músculos importantes da
18
face posterior do tronco os multífidos são profundos e pequenos, estabelecendo
íntimo contato com os músculos interespinhais, rotadores curtos e intertransversos
(HALL, 2009).
A falta de estabilidade produz uma exacerbação dos movimentos da coluna
quando esta é submetida a determinadas forças. A manutenção da estabilidade da
coluna requer uma coordenação dos elementos que atuam no movimento, e a falta
de estabilidade gera movimentos ineficientes que podem levar a ocorrência de
lesões (CADÓ et al., 2013).
2.2 AGACHAMENTO
Agachar é um movimento natural dos seres humanos, realizamos esse
movimento ao sentar/levantar em uma cadeira, sofá, poltrona ou privada. Portanto o
exercício agachamento nada mais é que uma adaptação desse movimento básico,
que já realizamos a muito tempo de forma simples. A posição baixa é a postura que
a natureza entende que devemos ficar para estar sentado, e ao erguer-se (sair da
posição sentada) é o método biomecânico programado para levantarmos. A
diferença é que o exercício tem uma conotação de adaptação, ou seja, ele é feito
com o objetivo de melhorar alguma valência física, seja com o objetivo de saúde,
reabilitação, estética ou desempenho (BOYLE, 2015).
O agachamento é dito como um exercício combinado, pois utiliza mais de
uma articulação para realizar um bom movimento, entre as articulações exigidas
estão a do tornozelo, joelho e quadril. O tornozelo realiza movimentos de flexão
plantar, flexão dorsal (ou dorsiflexão), eversão e inversão, e essa articulação (e os
músculos correspondentes) tem um papel fundamental para a manutenção do
equilíbrio e manutenção da postura do corpo nos exercícios principalmente no
agachamento (SILVA et al., 2017).
O agachamento é considerado um dos melhores exercícios de musculação e
outros métodos de treinamento. Ele é muito eficiente em desenvolver os músculos
anteriores e posteriores da coxa (ARRUDA, 2000). Pelos inúmeros benefícios do
agachamento, ele é utilizado comumente em inúmeros métodos de treinamento
(BOYLE, 2015).
19
2.2.1 ARTICULAÇÕES ENVOLVIDAS NO AGACHAMENTO
A articulação do joelho realiza movimentos de flexão e extensão. Tomando
como posição inicial a anatômica (extensão), a flexão do joelho é um movimento
posterior, ao contrário de outras articulações como a coluna, quadril, ombro e
cotovelo onde a flexão é um movimento anterior. A articulação do joelho depende
dos componentes (ligamentos e músculos), para preservar lesões durante os
movimentos. O que determina a importância do fortalecimento dos músculos que
cruzam está articulação para aumentar o grau de estabilidade e diminuir o risco de
lesões ligamentares (SILVA et al., 2017).
A articulação do quadril é formada pela união da fossa do acetábulo da pelve
com a cabeça do fêmur. Esta articulação do tipo esferoide possui 3 graus de
liberdade: flexão/ extensão no plano sagital, adução/abdução no plano frontal e
rotação lateral/medial no plano transversal. Dentre as funções do quadril é suportar
o esqueleto axial e apendicular superior, durante a postura anatômica, durante as
posturas dinâmicas como na marcha, por exemplo, proporciona uma via de
transmissão de forças entre a pelve e as extremidades inferiores. A pelve se articula
com a coluna vertebral através da articulação sacro- ilíaca e realiza os movimentos
de retroversão (ou inclinação posterior), antero versão (ou inclinação anterior) e
inclinação lateral. Quando a coluna lombar realiza rotação, a pelve,
consequentemente, roda no mesmo sentido da coluna. Devido à grande
interdependência entre a pelve, o quadril e a coluna (SCHOENFELD, 2010; SILVA et
al., 2017).
A articulação do tornozelo permite a dorsiflexão e flexão plantar do pé, bem
como algum grau de pronação e supinação. Uma vez que está sob grande estresse
mecânico, o tornozelo é propenso a lesões que podem afetar os ligamentos da
articulação. Na posição neutra a anatomia óssea da articulação do tornozelo é
responsável pela estabilidade. A estabilidade óssea é incrementada pelas cargas
compressivas na posição de carga corporal (RENSTRÖM, 1999).
Durante a descida do agachamento (fase excêntrica) o indivíduo flexiona as
articulações e quando a amplitude desejada é atingida inicia-se a fase de subida
(fase concêntrica), realizando a extensão das referidas articulações (SCHOENFELD,
2010).
20
Na posição inicial do exercício as articulações acetábulo-femorais (quadris)
encontram-se estendidas, as articulações do joelho estendidas e os tornozelos em
flexão plantar, ou seja, durante a fase concêntrica do quadríceps os movimentos
realizados são de flexão dos quadris, flexão dos joelhos e flexão dorsalmente
(MARCHETTI et al., 2013).
2.2.2 MUSCULATURA ENVOLVIDA NO AGACHAMENTO
Para o movimento do exercício são solicitados a ação de alguns músculos em
flexão e extensão, dependendo da fase do agachamento, para isso são solicitados
os seguintes grupos musculares: extensores do quadril que são formados pelos
músculos glúteo máximo, semitendinoso, semimembranoso e bíceps femoral;
extensores do joelho formados pelos músculos vasto medial, vasto intermédio, vasto
lateral e reto femoral; e, pelos flexores plantares formados pelos músculos sóleo e
gastrocnêmios (lateral e medial) (DIONISIO; ALMEIDA; DUARTE, 2008). E outros
músculos são ativados de forma dinâmica ou isométrica (incluindo abdominais,
eretores de coluna, trapézio, romboides, etc.) (CATERISANO et al., 2000;
MARCHETTI et al., 2013).
Para o entendimento da ação muscular em cada exercício e posição é
importante conhecer a anatomia dos músculos envolvidos em um agachamento. O
músculo glúteo máximo se origina no ílio, posteriormente à linha glútea posterior,
nas faces dorsais do sacro, cóccix e ligamento sacrotuberal, na aponeurose do
eretor da espinha e na aponeurose glútea (MARCHETTI et al., 2013). O glúteo
máximo atua quando há necessidade de força como no levantar-se a partir da
posição sentada (MARCHETTI, 2007) e é grandemente influenciado pela
profundidade do agachamento, principalmente durante os agachamentos profundos
(CATERISANO et al., 2000).
Os músculos semitendíneo, semimembranáceo e bíceps femoral formam o
grupo muscular chamado isquiotibiais. Eles atravessam as articulações do quadril e
do joelho e constituem-se dos extensores do quadril e flexores do joelho. Os
músculos que exercem função ao joelho são os isquiotibiais e o quadríceps femoral.
As quatro partes do músculo quadríceps femoral são reto femoral, vasto medial,
vasto intermédio e vasto lateral. No caso do agachamento os músculos envolvidos
21
tornozelo o gastrocnêmio (lateral e medial) e o sóleo. O gastrocnêmio juntamente
com o sóleo formam o tríceps sural (MARCHETTI et al., 2013).
O princípio da sobrecarga progressiva refere-se em aumentar continuamente
o estresse muscular, para que ele se torne cada vez mais eficiente, seja produzindo
maior força ou se tornando mais resistente. Existem inúmeros métodos de
sobrecarga progressiva, um dos mais comuns é a aumentar a carga para realizar
uma determinada quantidade de repetições. Outras formas de sobrecarga é o
aumento no volume do treinamento, ou seja, aumentar o número de séries e/ou de
repetições, aumento na velocidade de execução de cada repetição, alterar ordem de
exercícios, alterar o período de recuperação entre as séries e exercícios, aumentar o
período de recuperação para o treinamento de força ou potência, e diminuir o
período de recuperação para aumentar a resistência aeróbica (FLECK E KRAEMER,
2006).
A partir da imersão do agachamento como exercício em inúmeros métodos de
treinamento, e a utilização de sobrecargas para melhorar alguma valência física, se
faz necessário técnicas e posturas adequadas para que se evitem acidentes e
lesões. Dessa forma foi-se estudados e elaborados protocolos com os passos a
passos para se realizar um bom agachamento e diminuir os riscos de acidentes e
lesões, e os erros a serem evitados (BOYLE, 2015).
Uma técnica de execução precária e/ou por falta de estrutura muscular das
articulações mais exigidas são causas de diversos tipos de lesões, principalmente
na coluna vertebral (ARRUDA, 2000).
2.2.3 ERROS NA EXECUÇÃO DO AGACHAMENTO
Alguns dos erros são comuns nos praticantes iniciante, e esses erros podem
de alguma forma prejudicar na execução e potencializar alguma lesão, é importante
corrigir esses erros na fase inicial do praticante, na adaptação dos exercícios, pois a
partir do momento em que ele tornar esses erros comuns na sua execução, e
começar a utilizar cargas e o princípio da sobrecarga progressiva, pode de forma
intensificada prejudicar e ocasionar em uma lesão séria (BOYLE, 2015). Então
alguns dos erros geralmente cometidos pelos praticantes iniciantes cometem são: a
curvatura lombar ceder na posição abaixada, não ultrapassar o plano paralelo com
as coxas, olhar para baixo, projetar o tórax ou os ombros para frente, virar os joelhos
22
para dentro, não estender o quadril completamente quando subir e levantar os
calcanhares (D'Elia, 2007).
A causa de muitos erros é a falta de flexibilidade, glúteo e isquiotibiais fracos
e a execução desleixada, com pouca concentração (BOYLE, 2015).
2.2.4 COMO REALIZAR UM AGACHAMENTO CORRETO:
De acordo com o D'Elia, Guia Completo de Treinamento Funcional, 2 edição,
2007, um bom agachamento tem os seguintes critérios:
1. Inicie o movimento de forma conduzida;
2. Flexione o quadril e os joelhos;
3. Mantenha a coluna alinhada;
4. Mantenha o core ativado durante todo o movimento;
5. Mantenha a cabeça alinhada com a coluna e um olhar para frente;
6. Pés paralelos, posicionada largura dos ombros e levemente rodados
externamente;
7. Todas áreas dos pés devem estar em contato com o solo;
8. Flexione os joelhos até 90º;
9. Estabilize a posição final;
10. Inicie o movimento até a posição inicial (D'ELIA, 2007).
2.3 AFUNDO
Os exercícios unilaterais podem ser mais benéficos do que os exercícios
bilaterais sob o princípio da especificidade do treinamento, uma vez que a maioria
das atividades diárias, ocupacionais e esportivas são unilaterais (BEHM, 2013).
Entre os exercícios de agachamento há variações, e uma delas é o agachamento
com base alternada, mais conhecido como afundo, ele enfatiza uma perna de cada
vez, de maneira que as sobrecargas utilizadas são menores diminuindo assim a
compressão na coluna, mas mantendo o estímulo, e exige mais equilíbrio do que o
agachamento tradicional, e permite que a articulação do quadril consiga maior
amplitude de movimento (FLECK, 2006).
O afundo é um ótimo exercício para o desenvolvimento de força. Nos anos de
1980 o búlgaro Spassove se referiu ao agachamento unilateral com a perna de trás
23
elevada em um apoio como, agachamento Spassove, nesse caso ele se referia ao
apoio de um banco. No agachamento em questão tem-se, um ponto estável de
apoio no solo (perna da frente) e um ponto com um pouco menos estável no banco
ou outras formas de apoio (perna de trás), isso proporciona uma ligeira diminuição
na estabilidade do agachamento comparado com o afundo e aumento da
dificuldade, pois a maior parte do peso corporal está concentrado no pé da frente e a
estabilidade é menor devido a posição do pé de trás (BOYLE, 2015).
Resistência unilateral fornece um torque elevado ao corpo, contribuindo para
os desafios de instabilidade. A ativação do maior eretor da espinha ocorre durante o
aumento da atividade abdominal com a pressão torácica unilateral. As contrações
unilaterais também podem estimular a atividade neural no membro inativo
contralateral conhecido como educação cruzada, podendo levar a fadiga do membro
contralateral exercitado pelo membro cruzado (BEHM, 2013).
2.4 TREINAMENTO FUNCIONAL
Um método de treinamento que tem sido muito utilizado, é o treinamento
funcional, ele visa melhorar a capacidade funcional, coordenação e melhora da
postura (LEAL et al., 2009). Os exercícios do método estimulam os receptores
proprioceptivos melhorando o desenvolvimento da consciência sinestésica e controle
corporal, atuando no equilíbrio muscular estático e dinâmico, diminuindo assim a
incidência de lesões e aumentando a eficiência dos movimentos (GUIMARÃES,
2003).
Treinamento funcional é aquele que objetiva o desenvolvimento integrado das
capacidades biomotoras promovendo a melhora da habilidade e capacidade
funcional para realização das funções cotidianas e/ou esportivas com autonomia
(TEIXEIRA et al., 2016).
O treinamento funcional tem como característica principal estimular a
adaptação do sistema de controle e coordenação do movimento humano, e não
somente realizar a adaptação de funções fisiológicas e morfológicas (TEIXEIRA et
al., 2016).
Programas de exercícios, como pilates e o próprio treinamento funcional, e
programas de reabilitação, é comum o uso da bola suíça com diversos benefícios
documentados na literatura (LOPES; MACEDO, 2015). A bola suíça oferece uma
24
superfície instável, que desafia os músculos do core melhorar a estabilidade,
equilíbrio e propriocepção. Porém a bola suíça não é indicada para o
desenvolvimento e aumento de força do core, restringindo apenas no
desenvolvimento de estabilidade (BEHM; ANDERSON; CURNEW, 2002).
No estudo de Sekendiz, Cug, Korkusuz (2010), que tinha por objetivo,
investigar os efeitos da bola suíça na força dos flexores e extensores do tronco, do
quadríceps e bíceps femoral, na flexibilidade e no equilíbrio dinâmico de mulheres
sedentárias durante 12 semanas, com treinos 3x por semanas 45 minutos cada
sessão. Os resultados demonstraram melhoras significativas em todas as variáveis
analisadas, o que na opinião dos autores corrobora com o benefício da bola suíça na
melhora da estabilidade do core e dos músculos analisados.
2.5 CORE
Core é definido como o complexo lombo-pélvico dos quadris, onde localiza-se
o centro de gravidade e onde têm início todos os movimentos. Um core estável
garante saúde corporal, resistência, controle postural dinâmico e garante a eficiência
neuromuscular (CLARK; ELLENBECKER, 2002).
Os músculos do tronco, servem como protetores da coluna, promovendo base
estável para que os músculos dos membros executem sua função. O recrutamento
inadequado dessa musculatura gera sobrecarga excessiva sobre todos os
componentes da coluna vertebral (CADÓ et al., 2013).
O Core possui 29 pares de músculos que agem no complexo quadril-pélvico-
lombar que fazem o suporte dessa área prevenindo a instabilidade, proporcionando
a quem leva em consideração o treinamento dessa região uma melhor eficiência
neuromuscular. Está também associado à estabilização central, que é formada pela
musculatura do abdômen, das vértebras lombares e pelve (MARÉS et al., 2012). A
definição simples de estabilidade do core consiste na capacidade de criar
movimentos nos membros superiores e inferiores sem movimento compensatório na
coluna vertebral ou pelve (BOYLE, 2015).
A estabilidade do core é extremamente importante para a diminuição da
incidência de leões e do aparecimento da dor lombar, além de que a estabilidade da
região central do corpo é um componente fundamental para aperfeiçoar a eficiência
nos exercícios físicos (LOPES, 2011).
25
Existem algumas divergências na comprovação dos benefícios no
treinamento do core para alto rendimento. Alguns estudos demonstram que o
treinamento de core, tem consequências positivas para a performance (BEHM et al.,
2010) outros refutam essa ideia (OKADA HUXEL; NESSER, 2011). Porém a
estabilidade muscular parece ser fundamental para o aumento da performance e
redução de incidência de lesões em quase todos os esportes (ROETERT, 2011).
Leetun et al., (2004) analisou 139 jogadores de basquete e praticantes de
atletismo e constatou que 48 deles apresentavam dor lombar referida, e que esses
indivíduos foram justamente os que apresentaram os piores resultados em relação
aos testes de estabilidade de core.
Segundo Hibbs et al., (2008) existe diferença entre treinamento voltado para
estabilidade de core e o treinamento direcionado para força de core. A estabilidade
de core é indicada para minimizar a incidência de lesões e dores lombar ferida.
2.6 CONCEITO DE ESTABILIDADE E INSTABILIDADE
Estabilidade pode ser definida como a habilidade para deslocar e manter a
integridade da estrutura (WILLSON et al., 2005). O objetivo chave da estabilização é
proporcionar força, potência e controle neuromuscular eficiente de forma
antecipatória nos músculos (SANTOS; FREITAS, 2010). A estabilização central
depende da integração entre o controle neuromuscular; sistema ativo (muscular); e
sistema passivo (cápsulo-ligamentar) (AKUTHOTA; NADLER, 2004).
A instabilidade da coluna e das articulações durante os movimentos pode
gerar lesões e dores, geralmente a instabilidade está associada à falta de força e
resistência dos grupamentos musculares responsáveis pela estabilidade de tronco
(HIBBS et al., 2008).
O treinamento de resistência à instabilidade é frequentemente utilizado para
aprimoramento do desempenho, reabilitação e saúde musculoesquelética geral. O
uso de bases instáveis associada ao de força pode potencializar a ativação dos
músculos do core, proporcionar melhora do desempenho em tarefas funcionais e
aprimorar o equilíbrio e a estabilidade (BEHM, 2013).
A instabilidade é uma ferramenta para desafiar a capacidade de estabilização.
Utilização de bases/situações instáveis para melhorar a capacidade de controle
neuromuscular e a estabilização pode oferecer numerosas vantagens tanto sobre a
26
melhora do rendimento esportivo como para prevenção de lesões. Porém, a
instabilidade também apresenta limitações e pode não resultar em benefícios
quando os objetivos do treinamento estão relacionados à força máxima e potência
(BEHM, 2013).
É possível promover condições instáveis com massa corporal ou cargas
externas como resistência. A instabilidade pode ser induzida com bolas suíças ou
bosu, rolos de espuma, placas oscilantes, correntes suspensas, cordas e bandas.
Superfícies naturais (areia e cascalho) também podem fornecer uma superfície de
treinamento instável. A redução da base de sustentação (bipedal para postura
unipedal) também fornecerá um desafio ao equilíbrio (por exemplo, afundo) (BEHM,
2013).
Foi analisado o agachamento comparando uma superfície instável (bosu) e
estável, verificando as diferenças na força de reação do solo utilizando uma
plataforma de força. As situações envolveram a realização do exercício de
agachamento com bosu e sem bosu, concluiu-se que não houve diferença na força
de reação do solo para o exercício de agachamento afundo em diferentes situações
(AMADO et al., 2014).
Uma extensa revisão relatou que, quando os exercícios são realizados em
condições instáveis, a ativação muscular do tronco aumenta em 47,3% (BEHM,
2012). Uma queda de 70,5% na força de extensão de perna em um ambiente
extremamente instável foi implementada contra uma diminuição de 20,2% com um
exercício de flexão plantar em uma superfície moderadamente instável. A ativação
dos quadríceps diminuiu com extrema instabilidade em 40,3%, enquanto a ativação
dos flexores plantares diminuiu em 3% em uma superfície moderadamente instável
(BEHM, 2002).
Para atingir ou manter uma ativação muscular suficiente, o grau de
instabilidade deve ser moderado. A realização de exercícios instáveis pode dificultar
o desenvolvimento de força e potência, enquanto a resistência à instabilidade com
forças inferiores pode aumentar a ativação do tronco e dos membros (BEHM, 2013).
Evidências demonstram que exercícios tradicionais de treinamento de
resistência com resistência típica (isto é, 70% a 80% de 1 RM) produzem uma maior
ativação dos músculos eretores da espinha do que exercícios instáveis de calistenia
(COLADO et al., 2011). Reto abdominal e transverso do abdome, atividade oblíqua
interna não apresentaram diferenças significativas para os oblíquos externos e
27
eretores da espinha quando executado com a sobrecarga sob condições estáveis
em comparação com uma bola suíça ou BOSU (WILLARDSON, 2009).
Os exercícios de instabilidade podem afetar adversamente a velocidade do
movimento e a amplitude de movimento durante a realização de um agachamento
(DRINKWATER et al., 2007).
A especificidade do treinamento sugere que aqueles que treinam com
ambientes instáveis teriam melhor desempenho em condições instáveis. Os
participantes treinados em instabilidade podem exercer forças maiores em um
ambiente instável (SPARKES; BEHM, 2010).
2.7 ELETROMIOGRAFIA
A eletromiografia (EMG) pode ser definida como uma técnica que registra a
atividade elétrica no músculo, durante uma ação muscular, o que possibilita a
análise do sistema neuromuscular (CORREA et al., 2011). Sua análise fornece
informações sobre o recrutamento e sincronização de unidades motoras, fadiga
neuromuscular e alterações na velocidade de propagação dos potenciais de ação
tanto no repouso como em situações de exercício. A eletromiografia de superfície é
um método não invasivo que possibilita averiguar os processos bioquímicos e
fisiológicos dos músculos esqueléticos (De Luca, 1993). O sinal obtido da atividade
elétrica é o somatório dos potenciais de ação gerados nas unidades motoras ativas
que se propagam para a superfície da pele, podendo ser analisado tanto no domínio
do tempo como no da frequência. A amplitude do sinal eletromiográfico está
relacionada com o recrutamento das unidades motoras. É representada por uma
onda de sinais positivos e negativos. Unidades motoras representam estruturas
formadas pelos neurônios motores e as respectivas fibras musculares inervadas
(IDE et al., 2012).
28
3 METODOLOGIA DE PESQUISA
3.1 TIPO DE ESTUDO
Segundo Thomas et al., (2009), um estudo transversal ocorre quando a
relação exposição-doença em uma população é investigada em um momento
particular, fornecendo um retrato da situação naquele momento, grupos são
formados apenas na realização da análise de dados, pois só nesta etapa é possível
identificar quem são os doentes e não doentes e expostos e não expostos.
Em pesquisas qualitativas Esclarece Fonseca (2002), diz que a pesquisa
quantitativa se centra na objetividade. Influenciada pelo positivismo, considera que a
realidade só pode ser compreendida com base na análise de dados brutos,
recolhidos com o auxílio de instrumentos padronizados e neutros.
Dessa forma, o presente estudo tem caráter de pesquisa quantitativa
transversal, pois os indivíduos foram avaliados no mesmo momento do teste,
evidenciando os resultados obtidos através da realização dos exercícios.
3.2 PARTICIPANTES
O presente estudo foi realizado com 15 voluntários do sexo masculino, com
idade entre 20 e 40 anos, com pelo menos 1 ano de prática em musculação e/ou
treinamento funcional.
3.2.1 Critérios de Inclusão
Para serem incluídos na pesquisa os voluntários deverão apresentar os
seguintes critérios:
- Homens com a idade entre 20 e 40 anos de idade;
- Estar apto para a prática de exercícios físicos (liberação médica particular);
- Ser familiarizado com a execução correta dos movimentos;
- Ter disponibilidade de participar do experimento (1 sessões de 40 minutos).
- Não apresentar lesões, próteses ou dores lombares, quadril e joelhos ou patologias
conhecidas entre os últimos oito meses que procederem ao estudo e que impeça a
execução correta dos exercícios.
29
3.2.2 Critérios de Exclusão
Foram perdidos da pesquisa os participantes que sentirem algum desconforto
durante o procedimento experimental; e por alguma razão não realizam todos os
procedimentos (Testes) experimentais.
3.3 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS
3.3.1 Instrumentos
A eletromiografia de superfície (EMG) foi utilizada para quantificar o nível de
ativação do reto do abdômen, oblíquo externo, reto femoral, vasto lateral, eretores
da região lombar, todos do lado direito, durante a execução da contração isométrica
voluntária máxima (CIVM) e durante a execução dos exercícios (agachamento e
afundos).
Em cada participante foram utilizados os eletrodos de disco de superfície
bipolar (AgeAgCl, Meditrace, Mansfield, MA, EUA), medindo 10 mm de diâmetro e
estes eletrodos foram posicionados nos músculos.
Os eletrodos foram colocados a uma distância de 2 cm na maior porção da
massa muscular seguindo a orientação das fibras musculares, mas antes de o
eletrodo ser colocado, a pele foi tricotomizada (aparelho de barbear descartável),
esfregada e limpa com algodão e álcool 70% para reduzir a impedância, técnicas
descritas por Basmajian; Deluca (1985).
A frequência de aquisição da EMG foi fixada em 2000 Hz. Filtro passa pela
banda com frequência de corte de 20 e 500 Hz e foi aplicado ao dado bruto. O nível
de ativação muscular foi determinado pelo cálculo da raiz quadrada da média da
ativação muscular (RMS), em torno de 500 rms do pico máximo do sinal de EMG
durante a contração isométrica máxima e em todo o sinal da fase excêntrica e
concêntrica do movimento dos exercícios usando software específico (EMGsystem).
A medida da contração isométrica voluntária máxima dos músculos foi realizada
para fins de normalização dos sinais eletromiográficos.
O início da atividade eletromiográfica foi considerado quando o valor
ultrapassou dois desvios padrão do valor da média observada da linha de base
(silêncio eletromiográfico). Os eletrodos foram fixados nos músculos do lado direito,
30
e os exercícios afundo foram feitos com a perna direita à frente. Todos os
procedimentos para o registro eletromiográfico seguiram as recomendações da
International Society of Electromyography and Kinesiolog (BASMAJIAN; DE
LUCA,1985).
3.3.2 Procedimentos
Após os voluntários assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido,
a pele foi preparada para a colocação dos eletrodos (na maior porção do ventre
muscular) nos músculos: reto do abdômen, oblíquo externo, reto femoral, vasto
lateral, eretores do lado direito. O pesquisador, posicionou os eletrodos nos
voluntários em uma área reservada no laboratório. Em seguida os participantes
realizaram 3 contrações isométrica voluntaria máxima (CIVM) com a duração de 6
segundos. Em cada um dos testes a seguir:
A) realizou, em decúbito ventral, a extensão do tronco contra uma força nos ombros
que impediu o deslocamento ou movimento.
B) em decúbito dorsal, realizou a flexão do tronco contra uma força colocada nos
ombros que impediu o deslocamento ou movimento.
C) sentado em uma cadeira, realizou a extensão do joelho contra uma força
posicionada contra a perna, que impediu o deslocamento ou movimento da perna.
Os valores do sinal do EMG durante estas contrações servirão para normalizar (em
porcentagem) os sinais observados nos 3 exercícios analisados.
Cada participante realizou o exercício agachamento e afundo, de modo que o
aparelho de eletromiografia possa registrar a atividade elétrica durante a execução
do exercício. Com os eletrodos devidamente posicionados os voluntários realizaram
3 tipos diferentes de exercícios com intervalos de 5 minutos entre eles. Os
participantes realizaram os seguintes procedimentos:
Executar o agachamento simples, em um ritmo de 40 batimentos por minuto
(bpm) (3 repetições), figura 1.
31
Figura 1- Agachamento simples.
Executar o afundo com base estável, em um ritmo de 40 batimentos por
minuto (bpm) (3 repetições), figura 2.
Figura 2- Afundo com base estável.
Executar o afundo com base instável, em um ritmo de 40 batimentos por
minuto (bpm) (3 repetições), figura 3.
Figura 3- Afundo com base instável.
Todos os participantes foram orientados durante os exercícios a manter uma
postura adequada da coluna vertebral, dos joelhos e dos pés. Agachamento com
base simétrica: Pés afastados na mesma largura dos ombros e com os pés em
posição ligeiramente aberta. Olhar para frente, inspirar, arquear as costas
discretamente realizando uma ante versão da pelve, e realizar a flexão dos joelhos.
Levante os braços para cima e para fora ao realizar a flexão de joelhos. Quando o
joelho se encontrar em uma angulação de 90º, realizar uma extensão dos joelhos
32
para retornar à posição inicial. Expirar no final do esforço. Da mesma forma ocorreu
para os agachamentos e afundo com base estável e instável.
3.4 ANÁLISE DOS DADOS
Após a confirmação da normalidade e homogeneidade dos dados pelo teste
de Levene e Shapiro Wilk, foi aplicada com a análise de variância (ANOVA) - medidas
repetidas, para comparar os valores (RMS) entre as porções musculares. Uma
análise de variância (one-way ANOVA) observou os fatores: A) Agachamento simples
B) afundo com base estável e C) afundo com base instável com o pé posterior em
uma bola suíça. O teste post-hoc de Bonferroni foi utilizado quando foram detectadas
diferenças significativas. As variáveis foram testadas com um nível de significância de
p<0,05. As análises estatísticas foram realizadas utilizando o software Statistica
(Statsoft Inc., versão 7.0).
33
4 RESULTADOS
Participaram do estudo 15 voluntários do sexo masculino, com a idade de 20
± 40 anos. A eletromiografia de superfície (EMG) foi utilizada para quantificar a raiz
quadrada da média da ativação (RMS) do reto do abdômen, oblíquo externo, reto
femoral, vasto lateral, eretores da região lombar, ambos do lado direito, durante a
execução da contração isométrica voluntária máxima (CIVM) e durante a execução
dos exercícios: A) Agachamento simples B) afundo com base estável e C) afundo
com base instável com o pé posterior em uma bola suíça. Os níveis de ativação
(RMS normalizada pela CIVM) do músculo Reto Femoral (RF) e Vasto Lateral (VL)
foram similares (p>0,05) durante os agachamentos: simples (RF= 58 ± 5,3 %; VL=
59 ± 5,0 %), afundo (RF= 61 ± 6,2%; VL=61 ± 6,3%) afundo com base instável (RF=
63 ± 6,1 %; VL= 63 ± 5,9 %), os resultados encontram-se representados na figura 4.
Figura 4: Nível de Ativação Muscular (RMS normalizado pela CIVM) do músculo Reto
Femoral e Vasto Lateral do lado direito durante o Agachamento Simples, Afundo com base
estável e Afundo com base Instável realizado por 15 voluntários (N=15). Uma ANOVA com
uma via foi aplicada para identificar diferenças entre os exercícios. O teste de Bonferroni foi
utilizado para determinar onde as diferenças ocorreram (p< 0.05). Os valores indicam média
± DP.
Agach Afundo Afundo Inst.0
20
40
60
80
100
% R
MS
CIV
M
Nível Ativação MúsculoReto Femoral
Agach Afundo Afundo Inst.0
20
40
60
80
100
% R
MS
CIV
M
Nível Ativação MúsculosVasto Lateral
34
Na Figura 5 pode-se observar que durante a execução dos três
agachamentos, que o nível de ativação do músculo reto do abdômen foi similar
(p>0,05) (simples = 2,8 ± 1,8 %; afundo = 3,1 ± 2,2 %; afundo com base instável 2,9
± 1,2%). Entretanto o músculo oblíquo externo apresentou o nível de ativação
significativamente maior durante o agachamento e afundo com base Instável (16,1 ±
4,5%; p<0,05) quando comparado com os outros exercícios (agachamento = 10,9 ±
3,1 % e afundo = 13,9 ± 3,6 %).
Figura 5: Nível de Ativação Muscular (RMS normalizado pela CIVM) do músculo Reto do Abdômen e
Oblíquo Externo do lado direito durante o Agachamento Simples, Afundo com base estável e Afundo
com base Instável realizado por 15 voluntários (N=15). Uma ANOVA com uma via foi aplicada para
identificar diferenças entre os exercícios. O teste de Bonferroni foi utilizado para determinar onde as
diferenças ocorreram (p< 0.05). Os valores indicam média ± DP.
Os níveis de ativação (RMS normalizada pela CIVM) do músculo Eretor do
Tronco foram similares nos agachamentos simples (56 ± 9,3%) e afundo com base
instável (55 ± 8,8%) (p>0.05) e significativamente menor (p<0.05) quando
comparados ao agachamento e afundo com base estável (44 ± 8,3 %) os resultados
encontram-se representados na figura 6.
Agach Afundo Afundo Inst.0
2
4
6
% R
MS
CIV
M
Nível Ativação Músculo Reto do Abdômen
Agach Afundo Afundo Inst.0
5
10
15
20
25
% R
MS
CIV
M
Nível Ativação MúsculoOblíquo Externo
p< 0,02
35
Figura 6: Nível de Ativação Muscular (RMS normalizado pela CIVM) do músculo Eretor do Tronco na
região lombar do l/ado direito durante o Agachamento Simples, Afundo com base estável e Afundo
com base Instável realizado por 15 voluntários (N=15). Uma ANOVA com uma vias foi aplicada para
identificar diferenças entre os exercícios. O teste de Bonferroni foi utilizado para determinar onde as
diferenças ocorreram (p< 0.05). Os valores indicam média ± DP.
Agach Afundo Afundo Inst.0
20
40
60
80
% R
MS
CIV
MNível Ativação Músculos
Eretores do Tronco
p< 0,01p< 0,03
36
5. DISCUSSÃO
O agachamento é considerado um dos melhores exercícios para fortalecer os
músculos anteriores da coxa e posteriores do quadril (ARRUDA, 2000), desta forma
é vastamente utilizado em inúmeros métodos de treinamento (BOYLE, 2015). O
agachamento simples, afundo e afundo com base instável são as variações de
agachamento mais utilizadas nos programas de treinamento (FLECK, 2006).
Variações de execução e cargas externas utilizadas nos exercícios de agachamento
podem produzir diferentes sobrecargas, aumentar a instabilidade, o nível de ativação
muscular e a pré-disposição a lesões no tronco. Desta forma, o presente estudo
buscou identificar o nível de ativação dos músculos do tronco durante o
agachamento com diferentes bases de estabilidade. Os níveis de ativação (RMS normalizada pela CIVM) do músculo Reto
Femoral (RF) e Vasto Lateral (VL) e reto do abdômen (AB) foram similares para os
três agachamentos: simples (RF= 58 % CIVM; VL= 59 % CIVM, AB= 2,8% CIVM),
afundo (RF= 61 % CIVM; VL=61 % CIVM, AB=3,1% CIVM) afundo com base
instável (RF= 63 % CIVM; VL= 63 % CIVM, AB= 2,9% CIVM) estes resultados foram
similares ao estudo de Reiser et al., (2013). Os exercícios do presente estudo resultaram em diferentes níveis de
ativações dos músculos. O músculo oblíquo externo, apresentou nível de ativação
significativamente maior no exercício afundo com base instável, quando comparado
com os outros dois exercícios (agachamento e afundo estável). E o músculo eretor
do tronco da região lombar, apresentou nível de ativação significativamente maior no
exercício afundo com base instável, quando comparado com o afundo simples, e
não apresentou diferenças significativas quando comparado com o agachamento
simples. Considerando o exercício agachamento simples como um exercício de
estabilidade quando comparado com os outros dois exercícios do estudo, e o afundo
com base instável um exercício de mais instabilidade quando comparado com os
dois outros exercícios, é possível afirmar que o estudo não apresentou diferenças
significativas para o nível de ativação do músculo eretor do tronco com o aumento
da instabilidade no exercício.
Entretanto, em diferentes agachamentos poderia ocorrer um aumento da
demanda de força e de níveis de ativação muscular dos músculos analisados. No
estudo de (Amado et al., 2014) analisou-se diferenças na força de reação do solo
37
em uma superfície instável (bosu) e estável, utilizando uma plataforma de força, no
estudo em questão, os participantes realizaram 2 variações do afundo, na primeira
situação foi feito o movimento do afundo sem o bosu e na segunda situação foi
realizado o movimento com uma perna sobre a plataforma de força e a outra perna
no bosu, no entanto não foram observadas diferenças significativas entre 2
variações do afundo, o que corrobora com o presente estudo. Entretanto, uma
redução de 70% na produção de força quando realizando extensões de perna em
uma superfície instável em comparação com uma superfície estável (BEHM et al.,
2005).
Reiser et al., (2013) também encontrou resultados similares até certo ponto
ao presente estudo onde o afundo com base instável gerou maior ativação dos
músculos Eretores, dando subsídios para o aumento de resistência (endurance) a
este músculo.
Estudo que analisou a ativação do músculo eretor no exercício agachamento
e suas variações, e obtiveram resultados semelhantes com o presente estudo,
McBride et al., (2010) analisaram o agachamento em base estável e instável e o
nível de atividade dos eretores, em dez homens entusiastas do treinamento resistido
com pesos. A condição de estabilidade obteve atividade muscular semelhante à
instabilidade, e a carga absoluta levantada foi significativamente menor na condição
instável.
Saeterbakken et al., (2013), constataram que em 15 indivíduos treinados; e
com quatro condições para a execução do agachamento. Entre as condições
analisadas, três utilizaram equipamentos para aumentar a instabilidade no exercício,
entre eles o bosu (meia-bola suíça) e a quarta condição foi realizada em estabilidade
sobre piso sólido. E o estudo concluiu que a atividade muscular de eretores da
coluna, não tiveram nenhuma alteração significativa entre as condições. Wahl; Behm
(2008), compararam a atividade eletromiográfica do músculo reto abdominal, no
exercício agachamento com alguns equipamentos que proporcionam a instabilidade
e na superfície estável, foram encontradas atividades similares para os músculos
eretor da espinha, reto femoral e bíceps femoral. O estudo concluiu que, esses
resultados não parecem ser relevantes para aqueles que visam melhorar os
parâmetros relacionados à força.
No afundo uma perna é posicionada a frente do corpo (com uma flexão do
quadril e joelho) enquanto a outa fica alinhada (longitudinalmente) ao quadril com o
38
joelho flexionado (FLECK, 2006). Durante a execução do afundo o tronco se
mantem ereto e em equilíbrio (uma vez que a base é assimétrica onde as pernas
estão posicionadas de forma antero-posterior). Os músculos Eretores e oblíquo
externo produzem um nível de ativação isométrica baixa (44% da CIVM e 13 %
CIVM) apenas para manter o alinhamento e estabilidade do tronco (BEHM, 2013).
No Agachamento simples as pernas estão paralelas onde o quadril e joelhos
realizam a flexão e extensão durante as fases excêntrica e concêntrica do
movimento. O tronco é levemente projetado à frente (pequena flexão do quadril) e os
músculos eretor e oblíquos externo mantem uma contração isométrica durante a
fase excêntrica do agachamento. Durante a fase concêntrica os músculos glúteos
máximo e eretores realizam a extensão do quadril e elevação do tronco. No presente
estudo observou-se que a ativação muscular ficou em torno de 56% CIVM para os
Eretores e 10% CIVM para o oblíquo externo. O posicionamento do tronco nos
exercícios de agachamento pode influenciar no recrutamento das fibras dos
eretores.
Quanto maior a inclinação do tronco à frente maior a ativação muscular dos
eretores. O agachamento anterior (barra posicionada anteriormente) impõe menor
sobrecarga à coluna vertebral comparado ao agachamento posterior (barra
posicionada posteriormente) possivelmente em virtude de uma menor inclinação da
coluna vertebral, o que é determinante na magnitude de compressões e
cisalhamentos no disco intervertebral (REISER et al., 2013).
No presente estudo não houve diferença significativa no nível de ativação
muscular do eretor quando comparado o agachamento simples com o afundo com
base instável, isso ocorreu possivelmente, pelo posicionamento do tronco no afundo
com base instável, por se mantem mais inclinado, semelhante ao do agachamento
simples, isso se ocorreu devido a utilização da bola suíça para provocar a
instabilidade como apoio, pois como o pé do indivíduo estava elevado e apoiado na
bola, o que exige para a execução do movimento um tronco mais inclinado, quando
comparado com o afundo com base estável. E essa mesma dificuldade da bola não
existe no afundo com base estável. No agachamento simples com a flexão do
quadril projetado para trás e para baixo, se faz necessário um peso para frente para
equilibrar e permitir o movimento, e esse peso é feito pela inclinação do tronco. O
estudo de Capozzo et al., (1985), está de acordo com os achados do presente
estudo, em que avaliaram a solicitação de eretores da coluna no agachamento. E
39
concluíram que conforme o tronco é inclinado à frente, à solicitação de músculos dos
membros inferiores diminui; enquanto o músculo eretor da coluna aumenta, contudo,
a sobrecarga articular imposta na coluna lombar aumenta o que necessita de uma
maior resistência e fortalecimento dos músculos do tronco.
Assim como a inclinação do tronco pode influenciar na ativação dos músculos
eretores o efeito da postura da coluna, pode influenciar na ativação dos eretores, no
estudo de Vakos et al., (1994), analisou o agachamento, e os efeitos de duas
posturas diferentes da coluna lombar, foram mensuradas a atividade dos músculos
do tronco; como eretores da coluna, latíssimo do dorso, reto do abdome e oblíquo
externo do abdômen. A atividade muscular dos eretores da coluna diminuiu na fase
final quando comparada a fase inicial do movimento, a postura em lordose favoreceu
a sua atividade nos estágios iniciais do movimento. Os músculos; latíssimo do dorso,
reto do abdome e oblíquo externo do abdome, obtiveram valores semelhantes em
todas as condições.
E ainda o presente estudo encontrou resultados semelhantes com o mesmo
estudo de Saeterbakken et al., (2013), que em ambos analisaram o nível de ativação
muscular do reto abdominal, e não tiveram nenhuma alteração significativa entre as
variações de agachamento.
E contrariando o mesmo estudo de Saeterbakken et al., (2013) que não
obteve diferença significativa no nível de ativação do músculo obliquo externo, o
presente estudo apresentou o nível de ativação significativamente maior durante o
afundo com base Instável quando comparado aos outros exercícios. No exercício
afundo com base instável, houve um nível de ativação do músculo obliquo externo
em torno de 20% maior comparado com o afundo simples, e 47% maior comparado
com o agachamento simples. Isso se deve pela utilização da musculatura do obliquo
externo para manter o equilíbrio no movimento, a partir do desequilíbrio que a bola
suíça proporciona.
No afundo com base instável observou-se o maior nível de ativação dos
músculos eretor (55% CIVM) e oblíquo externo (16% CIVM) afim de garantir a
estabilidade do tronco durante a execução do movimento achados similares também
foram descritos no estudo de Boyle (2015). O grupo muscular dos eretores espinhais
encontrados na região posterior da coluna torácica e lombar, são responsáveis por
manter o dorso com as curvaturas adequadas e, portanto, manter a postura correta
(HALL, 2009). A falta de estabilidade produz uma exacerbação dos movimentos da
40
coluna quando esta é submetida a determinadas força e a uma maior ativação
muscular (CADÓ et al., 2013). No exercício afundo com base instável, houve um
nível de ativação do músculo eretor em torno de 19% maior comparado com o
afundo simples.
Portanto, dentre as variações do exercício utilizado a) agachamento com base
simétrica (simples), b) afundo com base estável e c) afundo com base instável, com
base nas referências encontradas e relatadas neste estudo, fica evidente que os
níveis ativação muscular dos eretores não são maiores com o aumento da
instabilidade.
41
6 CONCLUSÃO
No presente estudo pode-se observar que dos três exercícios analisados o
afundo com base instável, produz um maior nível de ativação do músculo eretor da
coluna na região lombar quando comparado com o afundo com base estável, e não
apresenta diferenças estatisticamente significativas de nível de ativação do músculo
eretor da coluna na região lombar quando comparado agachamento simples. E
também produz um maior nível de ativação do músculo obliquo externo no afundo
com base instável, quando comparado com o agachamento simples e o afundo com
base estável. E os músculos reto do abdômen, reto femoral e vasto lateral não
apresentaram diferenças estatisticamente significativas.
Considera-se que o estudo conseguiu abordar o tema que foi proposto,
identificando, e analisando a influência de uma base estável comparada com uma
instável no nível de ativação de alguns músculos de certos indivíduos. Porém,
poderia se considerar a instabilidade na perna da frente nos exercícios de afundo,
utilizando um bosu ou outro material para gerar instabilidade. Portanto entende-se
que mais pesquisas podem ajudar com o entendimento do assunto escolhido
42
REFERÊNCIAS
AKUTHOTA, V.; NADLER, S. F. Core strengthening. Archives of Physical Medicine and Rehabilitation, v. 85, n. 1, p. 86-92, 2004. AMADO, G. M.; GOMES, J. R.; NAGATA, E.Y.; LIVRAMENTO, W. R. ANÁLISE DA FORÇA DE REAÇÃO DO SOLO NO EXERCÍCIO AGACHAMENTO AFUNDO EM SUPERFÍCIE ESTÁVEL E NO BOSU. Congresso Brasileiro de Engenharia Biomédica – CBEB, 2014. ANDERSON, K.; BEHM, D. G. Trunk muscle activity increases with unstable squat movements. Can J Appl Physiol, v. 30, p. 33–45, 2005. ARRUDA, Maurício. C. Biomecânica da Musculação. Livro, 2000. ASCENSÃO, A.; MAGALHÃES, J.; OLIVEIRA, J.; DUARTE, J.; SOARES, J. Fisiologia da fadiga muscular. Delimitação conceptual, modelos de estudo e mecanismos de fadiga de origem central e periférica. Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física Universidade do Porto, Portugal, 2003. BASMAJIAN, John, V.; DELUCA, Carlo. J. Muscle alive: their functions revealed by electromyography. Baltimore: Williams & Wilkins, 1985. BEHM, D. G.; ANDERSON, K.; CURNEW. R. S. Força muscular e ativação sob condições estáveis e instáveis. J Res. Cond, v. 16, p. 3, p. 416-422, 2002. BEHM D. G; COLADO J. C. The effectiveness of resistance training using unstable surfaces and devices for rehabilitation. Int J Sports Phys Ther, v. 7, n. 2, p. 226-226-241, 2012. BEHM, D. G.; COLADO, J. C. Instability resistance training across the exercise continuum. Sports Health, v. 5, n. 6, p. 500-503, 2013. BEHM, D. G.; LEONARD, A. M.; YOUNG, W. B.; BONSEY; MACKINNON, S. N. Trunk muscle electromyographic activity with unstable and unilateral exercises. J Strength Cond Res, v. 19, p. 193-201, 2005. BOYDEN, G; KINGMAN, J; DYSON, R. The comparison of quadriceps electromyographic activity with the position of the foot during the parallel squat. J Strength Cond Res, v. 14, p. 379-382, 2000. BRESSEL, E; WILLARDSON, J.M; THOMPSON, B; and FONTANA, F.E. Effect of instruction, surface stability, and load intensity on trunk muscle activity. J Electromyogr Kinesiol, v. 19, p. 500-504, 2009. BUCCI, M.; VINAGRE, E. C.; CAMPOS, G. E. R.; CURI, R.; PITHON-CURI, T. C. Efeitos do treinamento concomitante hipertrofia e endurance no músculo esquelético, 2005.
43
BURDEN, A. How should we normalize electromyograms obtained from healthy participants? What we have learned from over 25 years of research. J Electromyogr Kinesiol, v. 20, p. 23-35, 2010. CADÓ, T.; ATAUALPA, A.; SCHUSTER, D.; CABRAL, J.; BRAZ, M.; ZAMBARDA, S.; BASTIDES, S.; KRAPF, T. AVALIAÇÃO DA ATIVAÇÃO DOS MÚSCULOS DO CORE DE ACADÊMICOS DO CURSO DE FISIOTERAPIA. Revista Contexto & Saúde, 2013. CAMPOS, Maurício A. Biomecânica da Musculação. Editoração: F.A. Editoração, 2000. CAPPOZZO, A.; FELICI, F.; FIGURA, F.; GAZZANI, F. Lumbar spine loading during half-squat exercises. Med Sci Sports Exerc, v. 17, p. 613-620, 1985. CATERISANO, A.; MOSS, R. F.; PELLINGER, T. K.; WOODRUFF, K.; LEWIS, V. C.; BOOTH, W.; KHADRA, T. The effect of back squat depth on the EMG activity of superficial hip and thigh muscles. J Strength Cond Res, v. 16, p. 428-432, 2002. CLARK, D. R.; LAMBERTM. I.; HUNTER, A. M. ACTIVATION IN THE LOADED FREE BARBELL SQUAT: A BRIEF REVIEW Journal of Strength and Conditioning Research, v. 26, n. 4, p. 1169, 2012. COLADO, J. C.; PABLOS, C.; GARCIA-MASSO, X.; FLANDEZ, J.; BEHM, D. G. A progressão da intensidade do recrutamento muscular paraespinhal em exercícios de treinamento de força localizados e globais não se baseia apenas na instabilidade. Arch Phys Med Rehabil, v. 92, n. 11, p. 1875-1883, 2011. CORREA, Cleiton, S.; SILVA, Bruna. G. C.; ALBERTON, Cristine, L.; WILHELM, Eurico, N.; MORAES, Antonio, C.; LIMA, Cláudia S.; PINTO, Ronei, S. Análise da força isométrica máxima e do sinal de EMG em exercícios para os membros inferiores. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum, 2011. COSTA, D.; PALMA, A. O efeito do treinamento contra resistência na síndrome da dor lombar. Revista Portuguesa de Ciência do Desporto, v. 5, n. 2, p. 224-234, 2005. DE LUCA, Carlos J. The use of surface electromyography. Centro de Pesquisas NeuroMuscular e do Departamento de Engenharia Biomédica e do Departamento de Neurologia da Universidade de Boston. Julho, 1993. DELAVIER, Frédéric. Guia dos Movimentos de Musculação: abordagem anatômica. 2º edição Revista e aumentada, p. 77-81. DIONISIO, V. C.; ALMEIDA, G. L.; DUARTE, M.; HIRATA, R. P. Kinematic, kinetic and EMG patterns during downward squatting. Journal of Electromyography and Kynesiology, 2008. DRINKWATER, E.; PRITCHETT, E.; BEHM, D. G. Effect of instability and resistance on unintentional squatting: lifting kinetics. Int J Sports Physiol Executar, 2007.
44
EBRAHIMI, I et al. Clinical Trunk Muscle Endurance Tests in Subjects with and Without Low Back Pain. Medical Journal of the Islamic Republic of Iran, v. 19, n. 2, p. 95-101, 2005. EDWARDS, R. H. T. Human muscle function and fatigue. Londres. Edic. Whelan, 1981. ESCAMILLA, R. F.; FLEISIG, G. S.; LOWRY, T. M.; BARRENTINE, S. W.; ANDREWS, J. R. A three-dimensional biomechanical analysis of the squat during varying stance widths. Med Sci Sports Exerc, v. 33, p. 984-998, 2001. FLECK, Steven, J.; KRAEMER, Willian, J. Fundamentos do treinamento de força muscular. 3 ed., 2006. FLECK, S. J.; KRAEMER, W. J. Fundamentos do treinamento de força muscular. Porto Alegre: Artmed, 2006. FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. GUIMARÃES, Neto, W. M. G. Musculação para mulheres. São Paulo: Phorte, 2003. HALL, S. J. Biomecânica Básica. 5 ed. Barueri, SP: Manole, 2009. HAMLYN, N.; BEHM, D. G.; YOUNG, W. B. Trunk muscle activation during dynamic weight-training exercises and isometric instability activities. J Strength Cond Res, v. 21, p. 18, 2007. HIBBS, A. E et al. Opitimizing performance by improving core stability and core strength. Sports. Med, v. 38, p. 995-1008, 2008. HUGHES, V. A.; FRONTERA, W. R.; WOOD, M.; EVANS, W. J.; DALLAL, G. E.; ROUBENOFF, R.; FIATARONE, Singh, M. A. Longitudinal muscle strength changes in older adults: influence of muscle mass, physical activity, and health. J Gerontol Biol Sci, 2001. IDE, Bernardon.; RAMARI, Cintia.; MURAMATSU, Lucio V; VIEIRA, Willians F; BIANCHI, Stefania.; RISSI, Renato.; MACEDO, Denise, V.; PALOMARI, Evanisi, T. ELETROMIOGRAFIA DE SUPERFÍCIE - APLICAÇÕES NA FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO. Rev. Acta Brasileira do Movimento Humano, v. 2, n. 4, p. 60-78, 2012. LEAL, S. M. O.; BORGES, E. G. S.; FONSECA, M. A.; ALVES, E. D.; CADER, S.; DANTAS, E. H. M. Efeitos do tratamento funcional na autonomia funcional, equilíbrio e qualidade de vida de idosas. R. Bras. Cie e Mov, v. 17, n. 3, p. 61-69, 2009. LOPES, Alexandre; MACEDO, Jônatas. Treinamento Funcional e Core Training - Exercícios Práticos Aplicados. Livro, 2011.
45
MARCHETTI, P. H.; CALHEIROS, Neto, R. B.; CHARRO, M. A. Biomecânica Aplicada: Uma abordagem para o treinamento de força. São Paulo: Phorte, 2007. MARCHETTI, Paulo, H.; GOMES, Willy, A.; JUNIOR, Danilo, A. L. GIAMPAOLI, Bruna.; AMORIM, Mariana, A.; BASTOS, Heloise, L.; ITO, Daniel, T.; VILELA, Guanis, B. J.; LOPES, Charles, R.; BLEY, André, S. ASPECTOS NEUROMECÂNICOS DO EXERCÍCIO AGACHAMENTO. Artigo de Revisão. Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida, 2013. MARCONI, Marina. A.; LAKATOS, Eva. M. Fundamentos da Metodologia Cientifica. 5 ed. São Paulo: Editora Atlas, 2003. MAWSTON, G. A.; BOOCOCK, M. G. The effect of lumbar posture on spi- nal loading and the function of the erector spinae: implications for exercise and vocational rehabilitation. New Zeal J Physiotherapy, v. 40, p. 134-140, 2012. MCBRIDE, J. M.; LARKIN, T. R.; DAYNE, A. M.; HAINES, T. L.; KIRBY, T. J. Effect of absolute and relative loading on muscle activity during stable and unstable squatting. Inter J Sport physi perform, 2010. MIELE, V. J.; PANJABI, M. M.; BENZEL, E. C. Anatomy and biomechanics of the spinal column and coordination. Handbook of Clinical Neurology, p. 31-43, 2012. NORKIN, C. C.; LEVANGIE, P. K. Articulações, estrutura e função – uma abordagem prática e abrangente. Rio de Janeiro: Revinter, 2001. PAOLI, A.; MARCOLIN, G.; PETRONE, N. The effect of stance width on the electromyographical activity of eight superficial thigh muscles during back squat with different bar loads. J Strength Cond Res, v. 23, p. 246-250, 2009. Pereira, GR, Leporace, G, Chagas, DV, Furtado, LF, Praxedes, J, and Batista, LA. Influence of hip external rotation on hip adductor and rectus femoris myoelectric activity during a dynamic parallel squat. J Strength Cond Res v. 24, p. 2749–2754, 2010. PICK, J.; BECQUE, D. M. The relationship between training status and intensity on muscle activation and relative submaximal lifting capacity during the back squat. J Strength Cond Res, 2000. REISER, Fernando, C.; SOUZA, William, C.; MASCARENHAS, Luis, P. G. Cinética e Cinemática do Agachamento na Coluna Vertebral: Estudo de Revisão. Revista UNIANDRADE, v. 16, n. 1, p. 7, 2013. RENSTRÖM, A. F. H. Ligament injuries of the ankle. REVIEW ARTICLE, 1999. RIEGGER-KRUGH, C.; KEYSOR, J. L. Skeletal malalignments of the lower quarter: correlated and compensatory motion and postures. Journal of Orthopaedic Sports Physical Therapy, v. 23, p. 164-170, 1996.
46
SAETERBAKKEN, A. H; FIMLAND, M. S. Muscle Force Output and Electromyographic Activity in Squats with Various Unstable Surfaces. J Streng Cond Res, 2013. SANTOS, J. P. M.; FREITAS, G. F. P. Métodos de treinamento da estabilização central. Seminário: Ciências Biológicas da Saúde, Londrina, v. 31, n. 1, p. 93-101, 2010. SCHOENFELD, B. J. Squatting kinematics and kinetics and their application to exercise performance. J Strength Cond Res, 2010. SEKENDIZ, Betül.; CUĞ, Mutlu.; KORKUSUZ, Feza. Effects of Strength Training of the Swiss Nucleus on Strength, Resistance, Flexibility, and Balance in Sedentary Women. Revista de Pesquisa de Resistência e Condicionamento, 2010. SILVA, Weder, A.; BORGES, Cezimar C.; OLIVEIRA, Rodrigo, A.; JÚNIOR, Roosevelt, L.; SANTOS, Patrícia, R. O exercício de agachamento e suas variações: um estudo descritivo com praticantes universitários. Arquivos de Ciências do Esporte, v. 5, n. 1, p. 9-12, 2017. SPARKES, R, BEHM, D. G. Adaptações de treinamento associadas a um programa de treinamento de resistência a instabilidades de 8 semanas com indivíduos recreativamente ativos. J Res. Cond, v. 24, n. 7, p. 1917-1924, 2010. TEIXEIRA, C. V. L. S; EVANGELISTA, A. L; PEREIRA, C. A; GRIGOLETTO, M. E. S. Short roundtable RBCM: treinamento funcional. R. bras. Ci. E Mov, v. 24, n. 1, p. 200-206, 2016. THOMAS, Jerry, R.; NELSON, Jack, K.; SILVERMAN, Stephen, J. Métodos de pesquisa em atividade física. Artmed Editora, 2009. Vakos JP, Nitz AJ, Threlkeld AJ, Shapiro R, Horn T. Electromyographic activity of selected trunk and hip muscles during a squat lit. Effect of varying the lumbar posture. Spine, 1994. WAHL, M. J.; BEHM, D. G. Not all instability training devices enhance muscle activation in highly resistance-trained individuals. J Strength Cond Res, 2008. WILLARDSON, J. M.; FONTANA, F.; BRESSEL, E. Effect of surface stability on core muscle activity for dynamic resistance exercises. Int J Sports Physiol Perform, v. 4, n. 1, p. 97-109, 2009. WILLSON J. D. et al. Core stability and relationship to lower extremity functio and injury. Journal of the American Academy of Orthopaedic Surgeons, v. 13, n. 5, p. 316-325, 2005. WISLOFF, U.; CASTAGNA, C.; HELGERUD, J.; JONES, R.; HOFF, J. Strong correlation of maximal squat strength with sprint performance and vertical jump height in elite soccer players. Br J Sports Med, v. 38, p. 285-288, 2004.
47
ZINK, A. J.; WHITING, W. C.; VINCENT, W. J.; MCLAINE, A. J. The effects of a weight belt on trunk and leg muscle activity and joint kinematics during the squat exercise. J Strength Cond Res, v. 15, p. 235-240, 2001.
48
ANEXO 1
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Título da pesquisa: O nível de ativação dos músculos do tronco durante o agachamento com diferentes bases de estabilidade
Pesquisador (es/as) ou outro (a) profissional responsável pela pesquisa, com Endereços e Telefones:
Lucas da Silva Maneia. Rua Saldanha Marinho, 3005, Curitiba - PR. Tel: (41) 99648-0188
Professora Dra. Cintia de Lourdes Nahhas Rodacki.– Rua Heitor de Andrade n 922, Jardim das Américas, Curitiba – PR. Tel:. (41) 99192-0308
Avaliação do risco da pesquisa: Risco baixo.
Endereço, telefone do local: Rua Pedro Gusso, 2601 – Neoville – CEP: 81310-900 Curitiba/PR – Telefone: (41) 3268-1749 | (41) 3247-0966
A) INFORMAÇÕES AO PARTICIPANTE
1.Apresentação da pesquisa.
Você está sendo convidado a participar da pesquisa intitulada O nível de ativação dos músculos do tronco durante o agachamento com diferentes bases de estabilidade. Esse estudo tem como objetivo mostrar o nível de ativação muscular (RMS) dos músculos do tronco no exercício agachamento com diferentes bases de estabilidade. A eletromiografia de superfície (EMG) será utilizada para quantificar o nível de ativação dos músculos do tronco.
2. Objetivos da pesquisa.
Identificar e comparar o nível de ativação dos músculos do tronco durante o agachamento com diferentes bases de estabilidade
3. Participação na pesquisa.
Desta forma, se você concordar em participar deste estudo, você deverá comparecer apenas UMA (1) VEZ ao laboratório de biomecânica da UTFPR- Neoville, no horário agendado, já vestindo calção de banho (para os homens) por baixo da vestimenta própria para a realização da atividade física. A atividade terá a duração de no máximo 40 minutos. Você primeiramente será informado e familiarizado com todos os exercícios;
49
Em seguida, serão posicionados os eletrodos, descartáveis de superfície, na pele, medindo 2 cm de diâmetro, a uma distância entre eles de 2 cm na porção central dos músculos: reto do abdômen, oblíquo externo, reto femoral, vasto lateral, eretores do lado direito. Para a melhor fixação do eletrodo e captação do sinal, antes da colocação dos eletrodos, será realizado a tricotomia (retirada dos pelos) com um aparelho de barbear descartável, uma leve abrasão com algodão e limpeza da pele com álcool 70%. Um pesquisador, irá posicionar os eletrodos nos voluntários homens em uma área reservada no laboratório.
Com os eletrodos devidamente posicionados você deverá realizar 3 tipos diferentes de exercícios com intervalos de 5 minutos entre eles:
1) Contração Isométrica Voluntária Máxima (CIVM)
A) realizar, em decúbito ventral, a extensão do tronco contra uma força nos ombros que impede o deslocamento ou movimento.
B) em decúbito dorsal, realizar a flexão do tronco contra uma força colocada nos ombros que impede o deslocamento ou movimento.
C) sentado em uma cadeira, realizar a extensão do joelho contra uma força posicionada contra a perna, que impede o deslocamento ou movimento da perna.
2) Os Agachamentos:
A) Executar agachamento com base simétrica (simples) durante 40 segundos (3 repetições) com apoio estável.
B) Executar o afundo com apoio estável, durante 40 batimentos por minuto (3 repetições).
C) Executar o afundo com apoio instável com a perna de trás na bola suiça, durante 40 batimentos por minuto (3 repetições).
Foram convidados a participar da pesquisa 15 homens, dentro de uma faixa etária entre vinte e quarenta anos. Você não terá nenhum gasto, e nem ganho financeiro por participar desta pesquisa. Você poderá manter uma via impressa do presente documento (TCLE) como garantia.
4. Confidencialidade
O participante não será identificado em nenhum momento, os resultados
foram utilizados para o Trabalho de Conclusão de Curso, mantendo a identidade em
sigilo.
50
5. Riscos e Benefícios
5a) Riscos: Os riscos da pesquisa são mínimos, como as atividades realizadas são eventualmente de baixa intensidade, os voluntários serão já familiarizados com os movimentos, o risco de lesão também se torna baixíssimo, porém, o pesquisador terá o cuidado de esclarecer a técnica de execução de cada exercício, minimizando assim qualquer risco de desconforto ou lesão. Pode haver o risco do constrangimento, durante o preparo e posicionamento dos eletrodos, porém, para evitar constrangimentos, o pesquisador irá instruir os participantes a comparecer no laboratório, já vestindo calção de banho (para os homens) por baixo da vestimenta própria para a realização da atividade física. Além disto, o pesquisador, irá posicionar os eletrodos nos voluntários homens em uma área reservada no laboratório, em todas as sessões. As coletas serão individualizadas e em um local próprio e reservado no Laboratório de Biomecânica da UTFPR. Existe o rico indireto de exposição das informações coletadas, porém, somente o autor e a orientadora do estudo terão acesso a elas.
5b) Benefícios: Os resultados dessa pesquisa serão fornecidos aos participantes da pesquisa e aos profissionais de educação física e fisioterapeutas, mostrando a diferença no recrutamento dos músculos do tronco nas variações de agachamento. Estas informações poderão auxiliar na escolha dos exercícios que melhor se adaptem aos objetivos dos alunos/pacientes.
6. Critérios de inclusão e exclusão
6a) Inclusão: Para serem incluídos na pesquisa os voluntários deverão apresentar
os seguintes critérios:
- Homens com a idade entre 20 e 40 anos de idade;
- Estar apto para a prática de exercícios físicos (liberação médica particular);
- Ser familiarizado com a execução correta dos movimentos;
- Ter disponibilidade de participar do experimento (1 sessões de 40 minutos).
- Não apresentar lesões, próteses ou dores lombares, quadril e joelhos ou patologias
conhecidas entre os últimos oito meses que procederem ao estudo e que impeça a
execução correta dos agachamentos.
6b) Exclusão:
Foram perdidos da pesquisa os participantes que sentirem algum desconforto
durante o procedimento experimental; e por alguma razão não realizam todos os
procedimentos (Testes) experimentais.
51
7. Direito de sair da pesquisa e a esclarecimentos durante o processo.
Os (as) participantes poderão deixar a pesquisa a qualquer momento sem nenhum prejuízo ou coação, tendo o direito a receber esclarecimentos em qualquer etapa da pesquisa, assim como recusar ou retirar o consentimento sem penalização.
Você pode assinalar o campo a seguir, para receber o resultado desta pesquisa, caso seja de seu interesse:
( ) quero receber os resultados da pesquisa (email para envio :_________________)
( ) não quero receber os resultados da pesquisa
8. Ressarcimento e indenização.
O (a) participante não terá nenhum gasto nem ganho financeiro por participar na pesquisa. Em necessidade de ressarcimento e / ou de indenização, a responsabilidade será da pesquisadora Professora Drª. Cintia de Lourdes Nahhas Rodacki em providenciar o mesmo, de acordo com a Resolução 466/2012 (legislação brasileira)
ESCLARECIMENTOS SOBRE O COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA:
O Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos (CEP) é constituído por uma equipe de profissionais com formação multidisciplinar que está trabalhando para assegurar o respeito aos seus direitos como participante de pesquisa. Ele tem por objetivo avaliar se a pesquisa foi planejada e se será executada de forma ética. Se você considerar que a pesquisa não está sendo realizada da forma como você foi informado ou que você está sendo prejudicado de alguma forma, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (CEP/UTFPR). Endereço: Av. Sete de Setembro, 3165, Bloco N, Térreo, Bairro Rebouças, CEP 80230-901, Curitiba-PR, Telefone:(41) 3310-4494, e-mail: [email protected].
B) CONSENTIMENTO
Eu declaro ter conhecimento das informações contidas neste documento e ter recebido respostas claras às minhas questões a propósito da minha participação direta (ou indireta) na pesquisa e, adicionalmente, declaro ter compreendido o objetivo, a natureza, os riscos, benefícios, ressarcimento e indenização relacionados a este estudo.
Após reflexão e um tempo razoável, eu decidi, livre e voluntariamente, participar deste estudo. Estou consciente que posso deixar o projeto a qualquer momento, sem nenhum prejuízo.
52
Nome Completo:______________________________________________________
RG:_____________ Data de nascimento:___/___/_____Telefone:_______________
Endereço:___________________________________________________________
CEP: ________________ Cidade:____________________ Estado: _____________
Assinatura: ______________________________ Data: ___/___/______
Eu declaro ter apresentado o estudo, explicado seus objetivos, natureza, riscos e benefícios e ter respondido da melhor forma possível às questões formuladas.
Nome completo: Lucas da Silva Maneia
Assinatura pesquisador (a): __________________Data:___/___/__
(ou representante)
Para todas as questões relativas ao estudo ou para se retirar do mesmo, poderão se comunicar com Lucas da Silva Maneia, Rua Saldanha Marinho 3005, Curitiba - PR. Tel: (41) 99648-0188
via e-mail: [email protected]
Contato do Comitê de Ética em Pesquisa que envolve seres humanos para denúncia, recurso ou reclamações do participante pesquisado: Comitê de Ética em Pesquisa que envolve seres humanos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (CEP/UTFPR) Endereço: Av. Sete de Setembro, 3165, Bloco N, Térreo, Rebouças, CEP 80230-901, Curitiba-PR, Telefone: 3310-4494. E-mail:
Top Related