Auto-estima e saúde dos professores:
o tamanho dos seus problemas os seus contornos e as soluções possíveis
Lucia MourãoDocente do Curso de Fonoaudiologia UNICAMP
7o Fórum - Desafios do magistério
Professor Profissional da disfonia
O ensino -> a atividade profissional de alto risco vocal
Saúde vocal
Financeira
Saúde emocional
Valorização profissional
Saúde geral
Ambientetrabalho
Professor
Distúrbios de Voz Relacionados ao Trabalho Laringopatias Relacionadas ao Trabalho
Distúrbios de Voz Relacionados ao Trabalho Laringopatias Relacionadas ao Trabalho
Alteração vocal relacionada ao uso da voz pela atividade profissional que diminua,
comprometa ou impeça a atuação e/ou a comunicação do trabalhador.
Riscos ambientais e organizacionais do trabalhoque freqüentemente ocasiona incapacidade laboral temporária.
Pode ou não haver uma lesão histológica nas pregas vocais secundária ao uso vocal”
(CEREST/SP, 2005).
Alteração vocal relacionada ao uso da voz pela atividade profissional que diminua,
comprometa ou impeça a atuação e/ou a comunicação do trabalhador.
Riscos ambientais e organizacionais do trabalhoque freqüentemente ocasiona incapacidade laboral temporária.
Pode ou não haver uma lesão histológica nas pregas vocais secundária ao uso vocal”
(CEREST/SP, 2005).
PROFESSOR
Riscos de natureza não ocupacional conhecido
Riscos de natureza ocupacional conhecidos
Riscos de natureza ocupacional conhecidos
Físicos Químicos
Ambientais
CONDIÇÕES DE TRABALHO
Riscos de natureza não ocupacional conhecidos
Ivas
Hormonais
Hábitos
Alergias
Hidratação
Idade
Laringe adulta - feminina
FF
RR
Porção fonatória
Linha de
base
Porção
respiratória
FFRR
11
Laringe adulta - masculina
FFRR
1,31,3
FF
RR
Porção fonatória
Linha de base
Porção
respiratória
Nódulos: Idade X SexoNódulos: Idade X Sexo
N = 181N = 181
FUGITA e ColFUGITA e Col
0505 1010 1515 2020 2525 3030 3535 4040 4545 5050 5555 6060 6565
Homens Homens MulheresMulheres
CULPAR O PROFESSOR
3º CONSENSO NACIONAL VOZ PROFISSIONAL (2004)
Classificação: grau de intensidade e limitação vocal
;
Leve Disfonia eventual
quase imperceptível
ModeradoDisfonia contínua
esforço, falhas, fadiga necessidade de interrupções
IntensoDisfonia Constante
grande esforço, intensa fadiga e grandes interrupções
Extremo Afonia
Incapaz de exercer suas funções
SAPIR et al (1993):
237 professores Objetivo: avaliar o desgaste vocal em sua profissão
Resultados: mais da metade deles referiu desgaste vocal, 1/3 acha que há interferência na habilidade de lecionar, 1/3 perdeu horas de serviço, 1/5 procurou ajuda médica e 1/5 diz que “a voz desgastada é causa de estresse e
frustração”.
Contudo, muitos salientam o desgaste como fator inerente à profissão
Qualidade de vida
Situação cotidiana
Alteração vocal
Professor
Formação Ambiente de trabalho História Vocal
Medidas
Dinâmica de aula
Cuidados Com a voz
Tratamentos
Licenças
Readaptação
Alteração Vocal
Qualidade de vida de professores afastados da sala de aula por alterações vocais.
Pavioti (2005): Objetivos:
Conhecer a história pregressa da alteração vocal; Levantar as atitudes do professor frente ao diagnóstico; Identificar as conseqüências e repercussões que o afastamento do
trabalho trouxe a esse profissional no âmbito emocional, social e nas relações de trabalho.
Metodologia: Critérios de inclusão foram ser professor afastado da sala de aula por
alteração vocal (não importando o tempo decorrido desde o afastamento até a realização da pesquisa)
Entrevista e questionário (VAPP)
(CEP no 312/2005)
Qualidade de vida de professores afastados da sala de aula por alterações vocais.
Três do sexo feminino (15 e 23 anos de magistério):
Sujeito 1 (S1): professora afastada da sala de aula por alteração vocal por dois anos consecutivos; quando entrevistada encontrava-se readaptada exercendo funções na secretaria da escola;
Sujeito 2 (S2): professora afastada da sala de aula por alteração vocal por inúmeras vezes e que na ocasião da entrevista encontrava-se de licença premium;
Sujeito 3 (S3): professora afastada da sala de aula por alteração vocal por inúmeras vezes ao longo de 10 anos, readaptada por dois anos e quando entrevistada encontrava-se aposentada.
(CEP no 312/2005)
Análise dos dadosFormação profissionalFormação profissional
Contexto escolarContexto escolar
Trabalho vocalTrabalho vocal
Alteração VocalAlteração Vocal
Licença MédicaLicença Médica
Alteração EmocionalAlteração Emocional
READAPTAÇÃOREADAPTAÇÃO
Questionário VAPP (MA & YIU, 2001)
012345678
S1: Ai, foi por amor. É amor (...) Hoje em dia, se o
professor não tiver amor, fala assim “não, isso aqui não
é pra mim, essa profissão não” (...) acima de tudo
gostar. (...) Me formei em 79 (...) Fiquei de 80 até 95
dando aula direto. De 1ª a 4ª série. Aí em maio de 95
entrei com o processo de readaptação.
(CEP no 312/2005)
Formação profissionalFormação profissional
S1: Você não pode trabalhar desse jeito!” (...) Eu
nem liguei né, porque nunca doeu! Nunca doeu!
Nada! Só perdia a voz, e um cansaço, isso sim,
né um cansaço, mas dor nenhuma, então quer
dizer que não tava ali né.“S., eu gosto tanto da
sala de aula, eu não quero parar!”
(CEP no 312/2005)
Alteração VocalAlteração Vocal
S3: Nos últimos 10 anos de profissão foi que eu comecei a sentir que
tinha calo (...) Nos últimos anos, eu dava aula 2ª, 3ª, na 4ª feira eu
já não conseguia mais (...) Nunca tive dor. Raspava, muitas vezes,
eu tossia bastante e começava a raspar e sumia (...) Na classe era
assim também, de repente eu estava falando, aí eu começava a
engolir as últimas letras, eu já não pronunciava mais o final das
palavras (...) No começo eu tinha muito medo, porque eu tinha
aquela impressão que esse negócio (leva mãos ao pescoço) que
fica aqui, parece que fica muito inchado. Muitas vezes eu pensei,
né, vai que é o pior, já pensou um câncer aqui (. ..) agora eu já sei
(...)
(CEP no 312/2005)
Alteração VocalAlteração Vocal
S3: Tudo que ensinaram eu usei. Fazia gargarejo
com vinagre, fazia repouso de voz, tudo que me
ensinaram. Fui a muitos otorrinos, fiz muitas
vezes aquele exame que coloca a fibra óptica,
fiz muito tratamento. Tudo que mandavam eu
fazia.
TratamentosTratamentos
S2: No tempo que eu fazia fono, ela me orientava, né. Mas
na escola não tinha não, o Estado não faz nada não,
não tem como.
S3: Por parte da escola? Imagina que na escola do Estado
tem isso. Eu tive alguma preparação enquanto
freqüentei a fono.
(CEP no 312/2005)
Trabalho vocalTrabalho vocal
S2: Com o barulho, a gente tem que falar mais, tem que
falar mais alto e aí a gente vai se agoniando e você não
tem como agir, porque o que fazer pra eles pararem, né.
E a escola era num lugar de barulho, barulho, era
avenida, uma avenida tenebrosa que passava ali, então
era um barulho terrível também ... E como o giz
prejudicava ... o giz tampava tudo, era pior.
(CEP no 312/2005)
Ambiente de trabalhoAmbiente de trabalho
S2: ....a diretora me deu uma sala assim que tinha muitos
alunos assim com problemas, e acho que daí eu fiquei
assim assustada, porque eu não conseguia trabalhar
como eu sempre trabalhei. Acho que no 1º dia já
comecei a ter aquela ansiedade muito grande (...) aí eu
me afastei, tirei licença Premium. Agora estou fazendo
acompanhamento com um psiquiatra também por causa
da ansiedade. Aí comecei a ter Síndrome do Pânico (...)
Alteração EmocionalAlteração Emocional
S3: Depois de 10 anos, daí que eu comecei a afastar, a tirar as
licenças (...) aí eu tirava licença, ficava um mês em casa, voltava,
tirava outra licença, foi onde eu tirei 8 meses de licença seguida (...)
Aí eu fui duas vezes pro hospital em São Paulo, pra fazer perícia lá
e daí decidiram me readaptar porque eu não tinha condição de
trabalho. Eu não lembro qual foi o laudo, só lembro que pediram
readaptação por falta de condição de serviço.
(CEP no 312/2005)
Licença MédicaLicença Médica
S2: Ficava muito sentida. Nossa foi difícil, foi difícil aceitar isso viu. Eu
sempre gostei de cantar com as crianças na escola, na igreja, no
clube que eu ia levar as crianças, e eu tive que parar com tudo (...)
agora eu estou de licença, mas olha a minha voz como está! Eu
cheguei à conclusão que eu vou me readaptar porque eu não tenho
condição de dar aula (...) é tudo que eu quero agora (...) não dá
mais pra agüentar tudo isso não porque mexeu com o emocional.
(CEP no 312/2005)
Licença MédicaLicença Médica
S3: O pior foi o período das licenças, porque daí você
atrapalha as crianças (...) quando você mexe com
criança, você tem obrigação de passar o melhor. E eu
estava sentindo que eu não estava mais passando
nada, quanto mais o melhor (...) Eu já estava sentido
que estava sendo uma péssima professora. Isso estava
me deixando no chão. Você se formou pra fazer o
melhor e daí você não consegue fazer nada.
ReadaptaçãoReadaptação
Medidas educativas
Preventivas
Curativas
SOLUÇÕES POSSÍVEIS
Intervenção
multidisciplinar
Preservação
da saúde vocal da população
SOLUÇÕES POSSÍVEIS
Formação técnica
Competências dos profissionais diretamente atuantes
Prevenção Diagnóstico Tratamento Capacitação Aperfeiçoamento dos trabalhadores que usam e
dependem da voz
SOLUÇÕES POSSÍVEIS
O acesso a exames deve ser garantido
a todos os indivíduos que usam a voz
profissional
SOLUÇÕES POSSÍVEIS
SOLUÇÕES POSSÍVEIS
Ampliar
Serviços e programas:
Educação
Tratamento
Capacitação
Aperfeiçoamento Vocal
Facilitando o acesso e estimulando a adesão dos indivíduos que utilizam-se de voz profissional a estas iniciativas
Comentários finais....
Distúrbios da voz relacionados ao trabalho: Leis Lei nº 2.198/00 – MS Ementa: Criação do Programa Estadual de Saúde
Vocal do Professor da Rede Estadual de Ensino (idealizado pelo Fonoaudiólogo Ademir G. Baena e apresentado pelo Dep. Est. Murilio Zauith – PSDB)
Lei nº 12.046/01 – PE
Ementa: Criação do Programa Estadual de Saúde
Vocal do professor da Rede Estadual de Ensino
Distúrbios da voz relacionados ao trabalho: Leis Lei nº 10.893/01 - SP
PL nº 497/98, da Deputada Maria Lúcia Prandi – PT
Ementa: Criação do Programa Estadual de Saúde Vocal do Professor da Rede Estadual de Ensino
Lei nº 8.996/03 – Maringá – SP
Autor: Silvana Maria Ribeiro Borges Ementa: Institui o Programa Municipal de Saúde Vocal, voltado aos professores da rede pública municipal de ensino.
Distúrbios da voz relacionados ao trabalho: LeisLei nº 3.630/03 - RJ PL nº 794, de 2002, do Vereador Guaraná Ementa: Cria o cargo de Fonoaudiólogo Perito no âmbito da
Secretaria Municipal de Administração e dá outras providências I - emitir laudo fonoaudiólogo; II - emitir pareceres relacionados a comunicação oral e escrita, voz e audição; III - planejar, elaborar, implantar e executar programas de educação e saúde relacionados a prevenção da voz e audição; IV - solicitar exames e avaliações complementares a quaisquer profissionais da área de saúde, que auxiliem no diagnóstico e na evolução do tratamento fonoaudiólogo
Distúrbios da voz relacionados ao trabalho: Leis
Lei nº 13.778/04 – SP (município)
Ementa: criação do Programa Municipal de Saúde Vocal do Professor da Rede Municipal de Ensino (Projeto de Lei nº 205/02, Vereador Paulo Frange - PTB) Art. 3º - Caberá às Secretarias Municipais da Saúde e da Educação a formulação de diretrizes para viabilizar a plena execução do Programa Municipal de Saúde Vocal, ficando a coordenação a cargo de profissional de fonoaudiologia.
Distúrbios da voz relacionados ao trabalho: Leis
Lei nº 1560/04 – AC
Autor: Helio Lopes
Ementa:Criação do Programa Estadual de Saúde vocal do professor da rede estadual de ensino
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