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Caminhos cruzados: Etnografia do povo cigano na umbanda1
Lívia Alves dos Santos Macedo, USP/São Paulo; UFPB/Paraíba.
Resumo: Entre palavras e imagens se formam muitas etnografias, como a que foi construída durante a
pesquisa “Estradas sem fim: a linha do Oriente e o povo cigano na umbanda” e revisitada diante o
encontro com a antropologia visual. A pesquisa faz um breve levantamento bibliográfico sobre a
antropologia visual, dialogando com a Etnopsicologia. Campo ousado e inovador, que trabalha sobre
processos de subjetividade e cultura, como a linha de ciganos na umbanda. O objetivo foi evidenciar a
contribuição da fotografia durante o trabalho de campo, dando diferentes perspectivas às imagens e
relatos das entidades ciganas, entrevistadas e fotografadas abertamente nas festas rituais deste povo, no
terreiro Pai Benedito. A análise de dados foi feita a partir da confluência e da identificação dos pontos
entre a antropologia visual e da caracterização do povo cigano na umbanda recapitulada nesta pesquisa.
Nota-se que a fotografia é uma ferramenta que tem a potencialidade de representação, de problematizar o
olhar sobre as relações transculturais, realçando o grupo social. Ela executa um poder „atemporal‟,
envolve o imediatismo e o congelamento da cena efêmera, sendo belo e poético. Com potências
assimétricas a serem exploradas, a imagem circula em distintos âmbitos, inclusive no campo científico,
podendo carregar emoção e intelectualidade, ao mesmo tempo. Nesta pesquisa, as fotografias feitas para
„fins científicos‟, deixaram registrado a existência da linha dos ciganos nos cultos umbandistas, que por
sua vez, pede que o fiel se implique em suas próprias escolhas, convidando-os a uma formulação clara do
seu querer. Além de „performáticas‟ e falarem „espontaneamente por si‟, auxiliaram na elaboração de uma
análise substancial ao pensamento teórico.
Palavras-chave: etnopsicologia, umbanda, linha de ciganos, fotografia.
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Este artigo busca, primeiramente, situar o leitor sobre a história e método da
antropologia visual fotográfica; serão trabalhados diversos autores, como Mead e
Bateson (1942), Malinowski (1967), Samain (1995 e 2004), Edwards (2016), Ribeiro
(2004). Será exemplificado também, por meio de fotografias, tiradas por mim e pela
pesquisadora e fotógrafa Raquel Rotta da pesquisa “Estradas sem fim: a linha do
Oriente e o povo cigano na umbanda” realizada por mim na graduação de Psicologia, na
USP Ribeirão Preto (SP), sobre a linha de ciganos nos terreiros de umbanda em 2014.
Ambas fotografas pertenciam ao laboratório de Etnopsicologia do Departamento de
Psicologia da USP Ribeirão Preto na época. Além de explorar alguns conceitos da
antropologia visual, este trabalho dialoga com a Etnopsicologia2, trabalha
com processos de subjetividade e cultura, área que tange a psicologia e antropologia. A
etnopsicologia, assim como a antropologia usa a imagem como recurso para
complementar a etnografia, refletindo diretamente na análise da pesquisa. Por fim, será
feita uma discussão da relação destes campos de pesquisa e a interdisciplinaridade da
antropologia visual.
Vale ressaltar que este trabalho possui diálogo rico e direto com o campo da
etnopsicologia, já que foi por meio deste laboratório que a etnografia da pesquisa
1 “Trabalho apresentado no III Encontro de Antropologia Visual da América Amazônica, realizado entre os dias 19 e 21 de setembro de 2018, Belém/PA
2 Para mais informações: http://sites.usp.br/etnopsicologia/. Será brevemente explicado no item a seguir.
2
“Estradas sem fim: linha do oriente e o povo cigano na umbanda” foi realizada, sendo a
fotografia uma das ferramentas exploradas. Além disso, não visa aprofundar ou refazer
a análise das fotografias ou dos resultados já obtidos, apenas evidenciar sua
contribuição delas para a escrita, na etnografia construída e no campo diversificado da
antropologia visual.
Sobre a história e método da antropologia visual fotográfica:
A imagem na antropologia e na área de humanas, em geral, ainda parece mostrar
um campo em exploração e definição. Muitas vezes, a uso dela está associado como
uma forma analítica para complementar o texto escrito, que por sua vez, são
indispensáveis para a realização de qualquer pesquisa no campo acadêmico. Para este
trabalho a utilização da fotografia não será diferente.
José Ribeiro (2004) em seu livro “Antropologia Visual: Da minúcia do olhar ao
olhar distanciado” traz uma reflexão sobre a evolução da antropologia, diferenciando
em três momentos: o primeiro, na segunda metade do século XIX, se deu com a criação
a fotografia e do cinema juntos também com o nascimento da antropologia, marcado
pela funcionalidade de documentar, isto é, registrar algo da realidade que seja
„observável e verificável‟ (p. 8); o segundo momento, durante a década de 20, com
Flaherty, Malinowski, Dziga Vertov que trabalham com metodologias semelhantes que
envolvem a imagem na antropologia e de experiências vividas no plano social e político
também; e por fim, os anos 60, com a presença do cineasta inovador e antropólogo Jean
Rouch que mesclou o „exótico‟ com o cotidiano, e a publicação de Claudine France.
Enfim, nota-se uma época em que houveram mudanças radicais na antropologia e no
cinema.
Edwards (2016) fortalece a “(...)história da fotografia na prática antropológica,
interpretando- a enquanto uma série de interações transculturais, agências,
engajamentos e potenciais de evidência”. (p.153); em sua obra ela relembra de autores
importantes no campo antropológico, como Malinowski, Mead e Bateson, que
sustentaram suas pesquisas em fotografias também.
Em primeiro momento, Edwards lembra que as fotografias têm sido usadas em
direção ao realismo e aos valores de „verdade‟, dialogando também com Ribeiro (2004).
Sendo que tais ideias estão, diretamente, associadas ao campo de evidências, integridade
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cultural, observação e verdade. A partir desta perspectiva, a inserção da fotografia em
diversos campos da ciência, como na etnopsicologia.
Num segundo momento, a fotografia está associada ao passado, da importância
de estar registrado e ser objeto de exploração do conhecimento antropológico. Vista por
este ângulo, reforço a importância também o uso da imagem em outros campos de
conhecimento e interdisciplinar.
Na história da antropologia, em 1936 até 1939, Mead e Bateson, se uniram para
fazer uma pesquisa em Bali, para analisar o comportamento dos indivíduos pertencentes
a aldeia Bajoeng Gede e seus arredores. Esta imersão etnográfica resultou no livro
“Balinese Character: A Photographic analysis,” (1942). Esta obra tem relevância na área
da antropologia visual, pois criou acesso para sua formalização; já que os autores
defendem o uso da imagem, como documento „irrefutável‟ para análise aprofundada do
estudo do caráter balinês; através da observação de ações, gestos, olhares e movimentos
que não são vistos na escrita. Ou como relata Samain (1995):
“(...) que Margaret Mead, dessa maneira, pressentia e intuía na época, é que chegava o momento
onde não bastaria “falar e discursar” em torno do homem, apenas “descrevendo-o”. Haver-se-ía
de “mostrá-lo”, “expô-lo”, “torná-lo visível” para melhor conhecê-lo, sendo a objetividade de
tal empreendimento não mais ameaçada pelo “visor” da câmara do que pelo “caderno de
campo” do antropólogo.” (p. 25)
Samain (1995) argumenta da importância e aproximação do antropólogo e do
fotógrafo, considerando que ambos tentam através da imagem e do ato fotográfico o
dizer e fazer. E José Ribeiro (2005) fortalece em sua obra, reflexiva e teórica, a análise
dos sistemas visuais e as metodologias discursivas, relacionando-se com os processos
sociais e políticos da época.
Lembrando também que Malinowski, em 1914, desembarca em Nova Guiné
para realizar sua pesquisa com seu equipamento., mesmo que o pesquisador relate que
não tenha proximidade para manusear a câmera fotográfica, não abandonou as
fotografias, que inclusive corroboraram com sua etnografia. Ou seja, além de estar
relacionada com a construção do vínculo entre ele e os nativos, também serviu para
análise do trabalho. Como relata o próprio autor em seu Diário (1967):
“ Vou na aldeia com a esperança de fotografar várias fases do bara [dança]. Distribuo meias
barras de fumo, e olho algumas danças; depois, começo a fotografar – com péssimos resultados.
Falta de luz para instantâneos; mais ainda: eles se recusam em manter a pose o tempo suficiente
para que eu possa tomar os clichês(p.80)” “(...) Carrego as câmaras […] Em Kaaulaka, olho um
pouco em torno de mim, anotando as coisas a serem fotografadas” (p. 251)
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E Samain (1995) reforça:
“(...) fica patente que, para Malinowski, o verbal e o pictórico (desenhos, esquemas e
fotografias) são cúmplices necessários para a elaboração de uma antropologia descritiva
aprofundada. Tal osmose é capital para ele. O texto não basta por si só. A fotografia, também
não. Acoplados, inter-relacionados constantemente, então sim, ambos proporcionarão o sentido
e a significação.” (p.33)
A imagem, muitas, vezes, fala por si, não está inscrita no olhar automático. Mas
não podemos negar de como a fotografia dá, certa, autoridade na comprovação da
etnografia e do campo observado. Como no trabalho de Margaret Mead e Gregory
Bateson, que apesar de muitas das fotografias terem sido posadas e ser motivo de
discussões, discordâncias, ainda sim, são reconhecidos enquanto antropólogos
importantes.
Além de Malinowski, Evans Pritchard, em sua etnografia, “Bruxaria, oráculos e
magia entre os Azande (1937) fez igualmente o uso de fotografias, mesmo que este
carregue uma „marca‟ visual própria.
Estas etnografias comprovam que é possível para análise do trabalho de campo,
considerar tanto o diário de campo, teorias como as fotografias, sendo estas, legendadas.
Como cita Edwards (2016) “(...) os valores dominantes de tradução imediata da visão e
da experiência moldaram tanto a metodologia fotográfica quanto a análise
subsequente” (p.157). Apesar das fotos tiradas no terreiro não terem sido encenadas,
elas me auxiliaram e foram fundamentais para a análise da pesquisa.
Ainda assim, Ribeiro (2005) traz uma discussão rica sobre a imagem.
Desenvolve e reforça em sua obra que as imagens constituem excelentes instrumentos
de trabalho e de investigação em ciências sociais, “na compreensão das atividades
humana e dos processos de relações sociais e com a natureza, além da educação e
formação” (p.183).
Ribeiro (2004) inova dialogando com Geerts sobre descrição densa, isto é,
„aquilo‟ que não é dito é resgatado através do observável. Segundo Ribeiro, o aspecto
visual está assim relacionado com as diferentes formas de reprodução do “ver” (p.12),
veiculando inclusive “aos diferentes gêneros que podem utilizar as mesmas linguagens
ou inventar novas” (p.12)
Mesmo depois de várias décadas, Ribeiro (2005) aponta que, ainda hoje, a
imagem é pouco creditada em meios científicos, o que resiste é o modelo pedagógico
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tradicional da escrita e da valorização extrema do modo, eurocêntrico, clássico
científico de se fazer pesquisa e trabalhos acadêmicos.
Neste sentido, a antropologia visual surge a partir de uma demanda e da „falha‟
que a escrita possui; já que não oferece ao leitor/pesquisador vários sentidos que
perpassam sob olhar. Ao mesmo tempo, torna-se uma ferramenta de grande valor para a
compreensão do texto.
Brevemente sobre etnopsicologia e da pesquisa “Estradas sem fim: linha do oriente e o
povo cigano na umbanda”3:
O trabalho de conclusão de curso foi realizado junto ao grupo de pesquisa em
Etnopsicologia, que trabalha sobre processos de subjetividade e cultura do
Departamento de Psicologia – FFCLRP, sob orientação do Prof. Miguel Bairrão. A
etnopsicologia é um campo ousado e inovador, surge do encontro da antropologia com a
psicologia. A forma de trabalhar do laboratório se dá através de pesquisa de campo, que
por sua vez, conta com fotos e vídeos arquivadas no banco de dados do Laboratório de
Etnopsicologia, podendo ser (re)visitas para complementar ou dar seguimento a novas
pesquisas. Além do diário de campo.
Neste sentido, o objetivo da pesquisa foi caracterizar a representação dos
ciganos no panteão umbandista, sendo o método utilizado foi o etnográfico (pesquisa de
campo em terreiros e consulta a entrevistas e registros audiovisuais de festas rituais de
espíritos ciganos arquivadas no banco de dados do Laboratório de Etnopsicologia) e
pesquisa bibliográfica referente à etnia cigana. Participaram seis guias espirituais da
linha de ciganos (ou seja, seis médiuns em estado alterado de consciência- em estado de
“transe”), sendo cinco guias ciganas e um cigano por meio de entrevistas abertas em
cultos umbandistas. Dentre os quais estão: Lola, Marguerita, Lagartira e outros três que
não se identificaram por nomes. Participaram do estudo também Cleuza (médim do
terreiro Tenda de Umbanda Soldados da Mata-TUSMA); Joana e Meire (dirigentes do
terreiro Pai Benedito) e Orestes (médium do terreiro Pai Benedito). Os locais das
entrevistas dos guias ciganos foram durante a festa ritual nos terreiros Tenda de
Umbanda Soldados da Mata e Tenda do Cacique Vermelha em São Paulo; e terreiro Pai
Benedito em Jardinópolis (S.P.).
3 Para mais informações sobre a pesquisa, buscar a referência colocado na bibliografia. Acessível em
https://pt.slideshare.net/cbusa/estrada-sem-fimlivia-alvesdossantos
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As entrevistas foram realizadas e gravadas após o esclarecimento aos
colaboradores sobre o estudo mediante a apresentação de Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido. A análise de dados foi feita a partir da identificação dos pontos de
convergência, isto é, dos elementos que se repetiram do material audiovisual, narrativas
transcritas e no diário de campo. Em seguida foi feito uma comparação com o que a
literatura refere relativamente a outras categorias de espíritos, buscando encontrar as
especificidades da representação do cigano na umbanda. Com base neste levantamento,
estabeleceram-se tópicos no intuito de identificar sentidos explícita ou implicitamente
associados regularmente a esse povo, que fornecessem pistas a respeito do papel da
representação cigana neste imaginário. Dentre eles encontraram-se as sete linhas e a
linha do oriente; autonomia e o pertencer ao grupo; relação de troca e a valorização de
bens materiais; amor; liberdade; verdade; caminhos; cores vivas; festa; ouro; técnicas
divinatórias; querer e mistério. Concluiu-se que a linha dos ciganos, aparentemente, não
acrescenta novos sentidos à umbanda. Diferentemente dos demais grupos
marginalizados existentes no panteão umbandista, ela reorienta significados já presentes
no culto, numa perspectiva de futuro. Os espíritos ciganos interpelam os seus fiéis
convidando-os a uma formulação clara do seu querer. Ao requerer que a pessoa se
implique em suas próprias escolhas, o culto aos ciganos na umbanda também contraria a
posição subjetiva de vítima do destino. A relação com o porvir permite também certo
devaneio, favorece o otimismo com o amanhã e alivia angústias e sofrimentos com o
presente.
O encontro: sobre imagem, fotografia e ciganos...
“O futuro é nossa vontade se realizando, o futuro que eu vejo pode não ser o que ela vê”.
Cigana Marguerita, Tenda de Umbanda Soldados da Mata, SP.(TUSMA)
C
om o
enriq
ueci
ment
o do
cine
Figura 1 Festa de Ciganos no Terreiro Pai Benedito, Jardinópolis (SP), maio/2013
7
ma, e a substituição da pintura pela fotografia, ocorre uma ampliação da percepção ótica
e poética, o que influenciou e promoveu a penetração mutua entre arte e ciência.
Colocar as imagens apenas na instância antropológica pode limitar o uso delas,
ao mesmo tempo que não utiliza seu potencial todo. Assim Edwards (2016) aponta que
elas podem ser usadas em outras áreas de conhecimento.
“A natureza mecânica e indicial das fotografias, enquanto inscrições aparentemente não
mediadas, fez com que elas se tornassem centrais para o estabelecimento e articulação do
método objetivo e do desejo de objetividade por uma ampla gama de disciplina” (p.155)
Ribeiro (2004) associa a natureza da imagem com representações que podem ser
mentais, estarem ligado ao pensamento ou externamente. Ou seja, diferenciando- se
entre dois processos, que ele chama de intra subjetivos de pensamento e memória; e
intersubjetivos por meio das modificações dos ambientes comum. Logo, percebe-se que
existe um número infinito de imagens ao nosso redor.
A fotografia é uma categoria de „imagem fixa e animada, signo, prática,
dispositivo, médium‟ (Ribeiro, 2004, p.23), capaz de congelar diversos simbologias e
corpos em performance4.
A figura 1, 2 e 3 trazem diversos
elementos que tangem a festa da linha dos
ciganos no terreiro de Jardinópolis. Dentre
aqueles que se destacam encontra-se a taça,
o vestido vermelho, a vela branca e
amarela, a toalha dourada, as pulseiras
brilhantes. Símbolos que foram trabalhados
durante a análise da pesquisa. E que foram
categorizados nas cores vivas, festa e ouro.
4 As performances artísticas revelam identidades, reorientam o tempo, modulam e recompõem o corpo, ressignificando histórias e
vivências. Tais intervenções, nada mais são, que comportamentos restaurados e/ou duas vezes experienciados seja na vida cotidiana,
na cura, nos ritos, em ações, e nas artes; que acontece enquanto ação, interação e relação. (Schechner, 2006).
Figura 2 Festa de Ciganos no Terreiro Pai Benedito, Jardinópolis
(SP), maio/2013.
Cigana A*:“Gosto muito de dançar, de vermelho, dourado (...))
gosto também de muita jóia, muita pulseira, brinco, muito
ouro””
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Claro que para esta análise, foram consideradas também as narrativas que coincidem
com tais elementos, como:
Cores vivas: representam muita cor nos rituais, traz o simbolismo do sol e da
intensidade. Visto também nas roupas das ciganas e utensílios. Como lembra a Cigana
Lola: “(...) assim pedimos ao fogo que ilumine novas paixões, que ilumine todos os
inimigos, para que ele nunca mais nos atrapalhe, para que nunca mais nos queira mal.
Que fiquem com
a força do
fogo...” (Terreiro
Cacique Pele
Vermelha, SP).
Festa: A música
é algo sempre
presente nesta
festa também, o
viver o „aqui e
agora‟ é valorizado. Além da alegria. A cigana Marguerita relatou durante a festa do
terreiro Tenda de Umbanda Soldados da Mata (TUSMA): “Os ciganos vivem em festa,
eu gosto de tocar castanholas. Tem ciganos que tocam pandeiro, outros violinos. Cada
cigano gosta do seu instrumento... não é? E quando nós nos reunimos, fazemos uma
grande festa. Gostamos muito de comer, de dançar de festejar”
Ouro: Existe nitidamente fartura nas festas ciganas, os médiuns usam joias, as mesas
enfeitadas, todos os fiéis comem e bebem a vontade. O ouro por si só brilha, não precisa
de outros elementos para brilhar. A cigana Marguerita fortalece: “Eu gosto do meu
cigarro, do meu baralho e do meu brilho”
Figura 3: Mesa de comida da
Festa de Ciganos no Terreiro Pai Benedito,
Jardinópolis (SP),
maio/2014
Figura 4 Dona Joana e sua irmã Meire, incorporada na cigana. Terreiro Pai Benedito, Festa de ciganos. Maio/2013.
Cigana Dulce: “Vamos trazer para terra, coisas que são tão corriqueiras na vida de vocês, e que passam despercebidas, para nós que não tivemos o direito de ter escolhas foi sofrido. Eu tenho o livre arbítrio, nós
tivemos o livre arbítrio de fazer escolhas, depois das
escolhas. Para que percebam que a felicidade está diante de vocês, e que nós não podemos colocar para vocês, você tem que entender isso. Trabalhamos para isso, para que as nossas frustações não sejam a de vocês também.”
9
(TUSMA).
Ademais
Ribeiro considera
a fotografia em
três dimensões,
que são elas:
como dispositivo
e ato fotográfico;
como imagem
fotográfica
(semelhança com
o real) e por fim
como uso 4
processo social
Figura 5 Festa de Ciganos no Terreiro Pai Benedito, Jardinópolis (SP), maio/2014.
“O cigano tem em sua grande maioria uma essência de frustação. Porque no seu traçar
de caminhos, não pude seguir um caminho de escolhas, porque as escolhas foram
predestinadas, são feitas por ti antes de ti. A frustação do amor é uma grande barreira,
uma pedra que carregamos nas costas, todos nós, vivemos um amor escondido ao lado
de alguém que não amávamos” – Cigana Dulce
10
. Na primeira
dimensão, a
fotografia
transmite
informações
com
aconteciment
o real, num
tempo
determinado,
constituindo
assim prova de
existência do
ocorrido, como
visto das figuras
4, 5 e 6. Além
de constituir
prova de existência de diversos signos, que Peirce chamou de índice (apud Ribeiro,
2004), englobando conceitos de singularidade (que aconteceu em um tempo
determinado), designação (traço demonstrativo e sintético que aponta uma situação de
referencial determinado) e testemunho (certifica, ratifica e autentica).
Já a figura 8,
carregado de diversos
símbolos da linha de
Ciganos na Umbanda.
Despertando curiosa para
quem o leigo,
evidenciando o mistério
que a umbanda apresenta
enquanto religião afro-
brasileira.
Considero a
existência do diálogo com Figura 8 Altar do Terreiro Pai Benedito, Festa Ciganos, maio/2013. As sete linhas carregam características da ancestralidade brasileira. Os guias ciganos entram na linha do oriente
que não são das sete linhas. É uma linha a parte.
Figura 6 Convidada da festa de Ciganos no Terreiro Pai Benedito, Jardinópolis (SP), maio/2013
Figura 7 Festa de Ciganos no Terreiro Pai Benedito, Jardinópolis (SP), maio/2013
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a fotografia como forma de dar certa orientação às imagens e as narrativas dentro do
universo científico; formas de articulação e de construção entre diversas imagens,
palavras e grupos.
No segundo âmbito, Ribeiro (2004) atribui para fotografia a questão do símbolo,
como sendo simultaneamente „motivado e construído‟; ou seja, inferindo ao sentido da
própria coisa e não apenas por alguma convenção. O que permite o reconhecimento do
mesmo em culturas em que os „estereótipos não estão implantados‟ (p.30) e pode ser, ao
mesmo tempo, ambíguo e bivalente. Como figura 7 e 9.
E por fim, a terceira dimensão da fotografia explorado por Ribeiro consiste no
sistema de escolha que precede o ato fotográfico, ou seja, a intenção de fotografas,
escolha do tema, qual câmera usou e depois o tratamento das fotos. Enfim, neste caso,
todas as fotos apresentadas
neste ensaio foram feitas
livremente, por mim e por
Raquel Rotta (etnopsicóloga
e fotógrafa), durante a festa
dos Ciganos em maio de
2013 no Terreiro de Pai
Benedito, no munícipio de
Jardinópolis (SP). Sem
objetivos concretos, tendo
em vista que na época o uso
de fotografias era feito por nós, por termos prazer nesta arte. No entanto, coincidiu que
o laboratório de etnopsicologia considera tais imagens corroboram com a análise.
Figura 9 Festa de Ciganos no Terreiro Pai Benedito, Jardinópolis. Maio/2013.
12
Assim, nota-se que, a fotografia apresenta várias perspectivas, tornando-se uma
ferramenta útil do real; bem como na identificação do mundo subjetivo, através da
projeção e representações mentais; permitindo
identificar intenções e razões de escolha da
imagem. Além de seu uso social, a fotografia torna-
se parte da vida e do processo social, fortalecendo
também a visibilidade do grupo pesquisado. Em
relação a função da imagem no sentido de método e
análise no âmbito científico, Ribeiro (2004) reforça
a democratização das tecnologias e a ramificação
desta ferramenta em vários outros âmbitos, não só
da antropologia.
O aspecto funcional (Ribeiro, 2004) da
fotografia serve para tornar o mundo visível, tendo
um valor de testemunho; também, para a
exploração do aspecto interior e exterior, como
método de descoberta; para esquematizar; e por
fim, torna a fotografia como documento de
memória.
A função da imagem durante a história estabelece a relação com o mundo, sendo
separadas em função simbólica, predominante nas sociedades religiosas (como fica
nítido noss ícones distribuídos no altar dos ciganos na figura 10 e 16); de função de
conhecimento, assegurando, fortalecendo, consolidando e tornando-se preciso a relação
com o mundo visual (esta função também foi usado durante a pesquisa, por estar
associado a USP uma Instituição de Pesquisa); e também como função estética, que
mostra grande variedade de
sentidos, como na figura
11, associadas as emoções e
sentimentos produzidos no
espectador pela arte
fotográfica. Neste último
como em outros, vemos que
não temos controle sobre a
Figura 10: Imagem de Cigano no altar do Terreiro Pai Benedito, Jardinopólis, SP.
Maio/2013
Figura 11 Festa de Ciganos no Terreiro Pai Benedito, Jardinópolis (SP), maio/2013
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interpretação que cada pessoa ou o que causa ao ver a fotografia.
Em geral, o que estes estudos relatam é um cenário em que a fotografia é uma
ferramenta que tem a potencialidade de problematizar o olhar sobre as relações
transculturais. Vemos também que a autoconsciência da cultura através também do
audiovisual em tribos indígenas e demais comunidades tradicionais. No entanto, está
discussão não será aprofundada neste ensaio.
Partindo destes pressupostos, fica evidente como estas perspectivas abrem
campo para o uso da fotografia não só em etnopsicologia, como também em demais
áreas.
Considerações finais:
O que tange as duas
áreas abordadas, é possível
perceber que vários
trabalhos etnográficos,
inclusive a pesquisa
realizada com os guias
ciganos, traduzem a
experiência da observação
participante para objetivos
inter-relacionados de
registros, foto-entrevista,
síntese e analise. O que se
torna também um valor
Figura 12 " O que você deseja?" pergunta da cigana ao fiel. Terreiro Pai Benedito, maio/2013.
Cigana Lola: “Tem que ter calma, tem que ir buscar, tem que querer.
Porque se não queremos as coisas ruins ou boas, nada acontece.”
14
assumido da fotografia (Edwards, 2016), sendo que ela pode ser vista por diversas
interpretações.
Nesta perspectiva, Ruby (1976) Beker (1981), Edwards (1997) e Grimshaw
(2001) (apud Edwards, 2016), apontam a existência de fronteiras fluidas entre a
antropologia e outras práticas visuais, não sendo possível haver um isolamento
interdisciplinar.
Mead (1942) foi uma pensadora que mudou através de seu trabalho a forma de
se ver a imagem, a maneira que a fotografia era posta em cena; tornando-se ponto
central na „mudança do visual enquanto metodologia e análise de dados para uma
antropologia dos sistemas visuais” (p. 166). Concomitantemente, a fotografia começa a
ser usada como metáfora de pensamento.
Esta perspectiva vai de encontro com a etnopsicologia, que apoia também ideia
de Edward (2016) em que afirma que a própria natureza da fotografia, enquanto traço
mecânico e químico do corpo do sujeito, a transformou num instrumento poderoso, em
metáfora e uma força retórica .
A fotografia executa um poder „atemporal‟, envolve o imediatismo e o
congelamento da cena efêmera. Sendo belo e poético. Bem como mostra-se com grande
potência assimétricas a serem exploradas, podendo ser dialogado em distintos âmbitos.
Importante também salientar a
importância dos detalhes da fotografia,
como visto na foto 13, em que mostra a
vela por detrás da mulher com a mão na
testa, além também evidenciar de como a
imagem no campo científico é carregada
de emoção e intelectualidade. Agora,
sempre me pergunto, por que, mesmo na
área de antropologia visual, a imagem em
si, ainda fica à „margem‟ do discurso
teórico intelectual? Ocupando, muitas
vezes, os anexos do trabalho, sendo posto
como complementação junto aos discursos
Figura 13 Convidada da festa dos Ciganos, Terreiro Pai Benedito, maio/2016.
Cigana A*: “(...) Você quer que eu diga qual é sua missão? O que você mais gosta é sua missão.”
15
e escrita.
Nós, enquanto, pesquisadores que trabalham com imagens, estamos em
constante desafio com a academia cientifica, que insiste em manter a tradição
educacional das palavras. No entanto, ela ainda consegue „ser‟ um espaço produtivo
para repensar as maneiras particulares de “presença, incertezas e contingência que
caracterizam tanto os relatos etnográficos quanto os relatos visuais do mundo” (Poole,
2005, p.159 apud Edwards, 2016, p. 170).
Claro, que este debate, permite reaver o outro enquanto presença, negando
qualquer passividade ou impotência dos indivíduos participante, isto é, dando
autonomia aos grupos. A fotografia, neste sentido, como lembra Edwards (2016) produz
uma leitura complexa e dinâmica dos encontros transculturais.
Assim, a fotografia mostra um grande poder de representação bem como
simbólico nas relações transculturais; exemplificados em vários trabalhos etnográfico
sendo eles que „permitem elaborar uma contribuição substancial ao pensamento
teórico dentro da antropologia‟ (Edward, 2016, p. 173).
Outro ponto importante é a semelhança que ambos campos apresentam em
relação a seu uso. Como lembra Ribeiro (2004), a antropologia visual utiliza da
fotografia como meio para conduzir entrevistas, debates ou diálogos com informantes
ou com as pessoas fotografadas (para a recolha de informação complementar ao
processo fotografado) (p.
26). Ou mesmo
Malinowski (1966, apud
Samain, 1995) em seus
relatos:
“(...)Redigindo meus dados
materiais sobre os jardins [se
refere ao Coral Gardens],
constato que a verificação (o
controle) de meus
apontamentos de campo me
conduziu, graças às
fotografias, a reformular
minhas declarações sobre inúmeros pontos…” p. 461-462.
Figura 14 “Cada um sabe o que quer nesta vida mulher, ao longo desta vida, muitas coisas pode ser verdade para um, mas não ser verdade para muitos outros. Onde há verdade, sempre há força (...)” fala da cigana, durante a festa. Festa de Ciganos no Terreiro Pai Benedito, Jardinópolis (SP). Maio/2013.
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A legenda explicativa da fotografia foi também usada por Mead e Bateson em Bali
(1947), com a finalidade de elucidar tanto ao leitor quanto ao próprio pesquisador para
aprofundar a análise da pesquisa. Neste sentido, a etnopsicologia também parte deste
pressuposto e a usa como processo de aprendizagem na utilização durante o processo de
estudo.
A função da imagem é múltipla e nunca
vem sem nenhuma intenção, ou seja, nunca é
gratuita. Em todas as sociedades elas
foram produzidas visando um fim
determinado: intenção de comunicar,
umas de natureza subjetivas enquanto outras mais objetivamente orientada para
finalidades determinadas implícitos ou explícitos, sendo direcionadas para públicos
específicos (Ribeiro, 2004, p. 36).
Na pesquisa “Estradas sem fim: a linha do Oriente e o povo cigano na umbanda”
as fotografias foram para fins didáticos, deixando registrado a existência da linha dos
ciganos nos cultos umbandistas, além de
trazerem algumas características desta linha.
Na pesquisa realizada fica evidente que
as funções ocupadas pela fotografia colocadas
por Ribeiro (2004) foram: Sinal, testemunho,
rememoração, apresentação e demonstração.
Neste sentido vemos, mais uma vez, os modos e funções diferentes de explorar
a fotografia já exemplificado acima, dialogando entre os autores escolhidos para este
ensaio. Sendo assim, mais um desafio da antropologia visual, em estar em constante
diálogo com demais áreas de conhecimento.
Figura 15 Festa de Ciganos no Terreiro Pai Benedito, Jardinópolis (SP). Maio/2013
Cigana A: “Não posso contar, mas eu posso saber
teu... não vou contar a ninguém...a minha missão
também não é contar segredo de quem me
pede...se me pedem segredo é segredo...ninguém
interessa saber o que tu pede...isso fica entre nós
duas...”
Figura 16 Festa de Ciganos no Terreiro Pai Benedito, Jardinópolis (SP). Maio/2013. Cigano B*:“Cada um sabe o que quer nesta vida mulher, ao longo desta vida, muitas coisas pode ser verdade para um, mas não ser verdade para muitos outros. Onde há verdade, sempre há força (...) O trilhar do caminho e a sua volta têm muito mais coisa que os olhos possam ver ou onde o pensamento alcança, muitas coisas pode não ser dita ou faladas, ou até mesmo escritas. Traz em seu pensamento mais do que vê ou que acredita. Siga sempre o melhor, busque aquilo que traz a verdade naquilo que pensa, quando acredita em algo, os caminhos serão melhores. Quando trilha um caminho daquilo que não acredita ou até mesmo para buscar conhecer, será pior.”
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Partindo da falta de controle do que imagem também pode produzir sobre o
espectador; corroboro com as ideias de Ribeiro (2004), fortalecendo que as imagens são
capazes de criar um mundo de ficção em que o espectador consegue alienar-se, ou
também se reinventar do mundo a sua volta apresentando novos valores. A pesquisa
apresentada, evidencia fotografias que vão além de fins didáticos, mostram-se bem
artísticas e falam por si.
Entramos, assim, na percepção visual, como lembra Aumont, 1991 “(...)na
nossa apreensão de imagens, antecipamos, agarrando ideias feitas a partir da nossa
percepção (...)” ou seja, como Ribeiro relata que nunca há, pois um “olhar inocente”
(apud R ibeiro, 2004, p.43).
O olhar do espectador pode ser projetiva e esta tendência pode por vezes, tornar-
se excessiva, com predomínio da identificação; podendo conduzir a uma interpretação
fantasiosa, abusiva ou errônea da imagem ou mesmo ser regulado pela nossa percepção,
vivências passadas e a capacidade de organizar a realidade.
Ou mesmo como Baggio (2013) cita “(...) Etienne Samain enxerga a imagem
como coisa viva”, defendendo a ideia que a imagem oferece algo para nós pensar,
ligado ao real ou imaginário são „mensageiras‟ de pensamentos porque veiculam
pensamentos de quem as produziu e absorvem pensamentos daqueles que as
observaram; e „configurando-se como um lugar de memória coletiva‟; e de que as
imagens „são formas que pensam, dialogam e se comunicam, independentemente de
nós‟. (p.213). Como demonstra a figura 14.
Assim como Malinowski também não fiz a maioria das fotografias expostas
neste trabalho, no entanto quando se vê o conjunto não se perde autenticidade; pois
nelas mostram características interessantes. Independentemente de quem as tirou, a
fotografia por si perde-se também „o dono‟ já que pode haver várias interpretações.
É interessante ver a fotografia como facilitadora de processos de aprendizado ou
como também „uma personalidade estendida‟ (Edwards, p.181); sendo a soma das
relações durante o tempo. Como lembra Smith (2003 apud Edwards, 2016, p.181) elas
mesmas podem imitar e agir, diretamente, nas relações sociais.
Neste sentido, este ensaio mostrou que diversos pensadores importantes dos
últimos séculos; que consideram, assim como eu, a fotografia como uma ferramenta que
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possibilita o diálogo com demais áreas. Os trabalhos que utilizam a fotografia têm sido
também distribuídos e alcançando mais acesso no campo das humanas, não sendo
confinadas somente na área de antropologia. Sendo ela, apenas mais uma área que se
utiliza da imagem para a pesquisa.
Apesar das imagens ainda sofrerem intensa retaliação no campo das ciências no
Brasil, fica evidente assim o uso interdisciplinar da fotografia, com inúmeros usos e
significados colaborando para a compreensão de interação social transcultural.
Bibliografia:
Baggio, A. T. Imagens que pensam, que sonham, que sentem. Uma proposta ousada? Galaxia.
(São Paulo, Online), n. 25, p. 211-216, jun. 2013.
Bateson, G.; Mead, M. Balinese character: a photographic analysis. New York: New York
Academy of Sciences, 1942.
Edwards, Elizabeth. “Rastreando a fotografia” In Barbosa, Andrea [et al.]. A experiência da
imagem na etnografia. São Paulo: Terceiro Nome, p. 153-190. 2016.
Malinowski, B. Diário no sentido estrito do termo, 1967
Macedo, L.A.S. Estradas sem fim: a linha do Oriente e o povo cigano na umbanda. TCC, USP.
Ribeirão Preto, 2014
Figura 17 Altar dos Ciganos no Terreiro Pai Benedito, Jardinópolis, maio/2013. A umbanda como um todo é bastante misteriosa, faz parte do imaginário dos brasileiros ao mesmo tempo em que se distancia. Assim como as
narrativas dos ciganos. Parece que sabem dos consulentes, daqueles que participam das giras, sem saber. Guardam segredos, mas não contam os deles. Tal marco parece ser também remanescem da cultura da etnia, uma vez que, o romani não se aprende, como lembra Fonseca (1996) é uma arte, uma brincadeira entre eles que dentre
as finalidades é unir os indivíduos ciganos e afastar os gadjes.
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1. Ribeiro, José da Silva. Antropologia visual: da minúcia do olhar ao olhar distanciado.
Porto: Edições Afrontamento, 2004.
Samain, E. “„Ver‟ e „dizer‟ na tradição etnográfica: Bronislaw Malinowski e a fotografia”. In
Eckert, Cornélia e Godolphin, Nuno. (orgs.) Horizontes Antropológicos. Antropologia
Visual,Porto Alegre, PPGAS/UFRGS, nº 2, p. 19-48, l995.
_____________. “Balinese Character re-visitado” In Alves, Andre. Os argonautas do
mangue.Campinas: UNICAMP/Imprensa Oficial, p. 17-72. 2004.
Schechner, R.. “O que é performance?”, em Performance studies: an introduccion,
second edition. New York & London: Routledge, p. 28-51. 2006
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