0
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
MAITÊ SANTOS DA SILVA
JOINVILLE, 2019
1
MAITÊ SANTOS DA SILVA
SÍNTESE DE DERIVADOS DO RESVERATROL E ESTUDOS DE
INTERAÇÃO COM O DNA
Dissertação apresentada ao Curso de
Pós-graduação em Química Aplicada do
Centro de Ciências Tecnológicas da
Universidade do Estado de Santa
Catarina como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em Química.
Orientador: Prof. Dr. Samuel Rodrigues
Mendes
Joinville, SC
2019
2
3
4
5
À minha família, meus eternos orientadores,
por sua capacidade de acreditar, nutrir e
investir na realização deste sonho.
6
7
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer e mencionar cada uma das pessoas que se fizeram
presentes e importantes durante essa longa jornada, porém, minha mente cansada
está vindo de intermináveis capítulos e correções e não me permite. O risco de
minha memória me pregar uma peça é enorme e eu tenho medo de não ser
perdoada e/ou de não me perdoar.
No entanto alguns nomes não podem ficar de fora e eu gostaria de começar
falando de família. E ao falar de família é imprescindível citar a minha família de
Joinville, uma vez que a UDESC me acolheu e tem sido meu porto seguro, e meu lar
em Joinville atende pelo nome de Laboratório de Síntese e Catálise – SINCA;
agradeço imensamente a todos os integrantes pela criação desse ambiente cheio de
companheirismo e desenvolvimento mútuo; me orgulho em dizer que o SINCA é
meu lar.
Agradeço todos os dias por essa escolha que fiz, pois sei que não poderia ter
escolhido um melhor curso, ou um melhor grupo de pesquisa, ou um melhor
orientador. Pode parecer clichê agradecer ao apoio do seu orientador uma vez que
um trabalho de mestrado deve ser feito em conjunto. No entanto, gostaria de
expressar tamanho o orgulho que tenho do meu pai científico, e espero que um dia
te faça tão orgulhoso quanto. Obrigada por ser um orientador excepcional e por ter
sido capaz de me ajudar a vencer todas as barreiras (imaginárias ou não) nessa
caminhada. Saiba que se um dia alguém me disser que lembra ligeiramente de ti ao
me ver, estarei grata.
Para continuar falando de família, preciso agradecer ao ser humano que eu
mais amo nessa vida e que vem sendo meu parceiro há longos anos, obrigada meu
irmão, Fernando, por estar sempre pronto pra receber uma Maitê chorosa, pra
conversar sobre as aleatoriedades da vida, pra compartilhar um vídeo de gatinho.
Obrigada por todos os cafés, por todos os conselhos, por me fazer sentir como a
irmã mais nova por tantas vezes, por todas as viagens ao som de snapcasting...
Saiba que eu não teria conseguido sem você.
8
Agradeço imensamente aos meus pais, Dirceu e Sandra, que me mostraram
a sabedoria de permitir que seu filho saia do ninho, que souberam dizer que eu
poderia voltar quando (e se) precisasse, mas que meu lugar era no mundo, voando
e correndo atrás dos meus sonhos. O apoio de vocês é e sempre será fundamental,
mesmo de longe, vocês estão sempre por perto, e eu ainda sei que não importa
aonde quer que eu vá, e mesmo que esteja há milhões de quilômetros de distância,
eu sempre poderei voltar pra casa.
Agradeço a todos os meus familiares, principalmente aos Guarapados por
todo o apoio, pela nossa união, tenho muito orgulho desta família, do jeito com o
qual nós suportamos uns aos outros, da forma que enxergamos que juntos nós
somos mais fortes e podemos ir mais longe. Também gostaria de registrar
secretamente um agradecimento ao meu b.f. secreto T. F. R., seu apoio e sua
companhia me fizeram mais feliz e mais forte.
Gostaria de estender este agradecimento ao corpo docente do Programa de
Pós-Graduação em Química Aplicada, em especial ao professor Fernando Xavier,
que apesar de não me ter sob sua orientação, ajudou-me inúmeras vezes a
entender os resultados de meus experimentos, juntamente de sua então mestranda
Patrícia Tessaro, que me ensinou a realizar os ditos experimentos.
Agradeço também aos alunos de Iniciação Científica que me foram confiados:
obrigada por me ensinar a ensinar! Agradeço a todos os ICs que “passaram por
minha tutela” e em especial à Bruna, que ficou e tem me ajudado imensamente. Não
menos importante, sou muito grata às psicólogas e psiquiatras que estiveram
comigo ao longo desse processo.
Por fim, agradeço à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior – CAPES, ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico – CNPq e à Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de
Santa Catarina – FAPESC pelo fomento à pesquisa, sem o qual dificilmente teria
sido capaz de executá-la.
9
“Estudar é um ato solitário, difícil e doloroso. No entanto é simples, basta sentar a bunda na cadeira e estudar!”. (Antonio Gramsci,apud Samuel Mendes)
10
11
RESUMO
Estudos acerca do resveratrol vêm crescendo nos últimos anos devido às suas
propriedades benéficas. Até o dado momento aceita-se que este não apresenta um
grau de toxicidade podendo ser administrados sem um controle de consumo. No
entanto, sua baixa solubilidade em água torna-o pouco biodisponível para
efetivamente promover os efeitos benéficos ao organismo tratado. Sendo assim,
estudos de derivatização visando um aumento de sua biodisponibilidade e/ou uma
potencialização de suas propriedades são promovidos. Além disso, é descrito na
literatura que o resveratrol é capaz de interagir com o DNA por via intercalativa.
Tendo isso em mente foram sintetizados derivados do resveratrol a partir de reações
de alquilação, bem como análogos contendo o átomo de selênio
(benzo[b]selenofenos) a fim de avaliar de que forma tais alterações em sua estrutura
modificam sua forma de interagir com o ssDNA. Todos os compostos sintetizados
tiveram sua estabilidade verificada no meio empregado para os estudos de
intercalação. Após, realizou-se o estudo de interação com o ssDNA apenas com os
compostos estáveis, infere-se que todos os derivados sintetizados interagem por
vias intercalativas. Dentre todos o composto que apresentou o melhor resultado foi o
4-Cloro-2-(4-hidroxifenil)benzo[b]selenofeno-5,7-diol, o qual apresentou uma
constante de ligação intrínseca quarenta vezes maior quando comparada a do
resveratrol. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior -Brasil (CAPES) - Código de
Financiamento 001.
Palavras-chave: Resveratrol. Benzo[b]selenofenos. Agentes Intercalantes de DNA.
12
13
ABSTRACT
Studies on resveratrol have been growing in recent years because of their beneficial
properties. Until the given moment it is accepted that it does not present a degree of
toxicity, so it can be administered without a control of consumption. However, its low
solubility in water makes it poorly bioavailable to effectively promote the beneficial
effects to the treated organism. Thus, derivatization studies aiming at an increase of
its bioavailability and a potentialization of its properties are promoted. In addition, it is
established in the literature that resveratrol can interact with the DNA via the
intercalation route. With that in mind, derivatives of resveratrol were synthesized from
alkylation reactions as well as analogs containing the selenium atom
(benzo[b]selenophenes) to evaluate how such changes in their structure modify their
way of interacting with ssDNA. All the synthesized compounds had their stability
verified in the solvent used for the intercalation studies. Afterwards, the interaction
study with ssDNA was performed only with the stable compounds.It is inferred that all
synthesized derivatives interact by intercalation mechanisms. Among all of the
compounds the one who presented the best result was 4-Chloro-2-(4-
hydroxyphenyl)benzo[b]selenophen-5,7-diol, which had an intrinsic binding constant
forty times higher when compared to resveratrol. This study was financed in part by
the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil
(CAPES) -FinanceCode 001.
Keywords: Resveratrol. Benzo[b]selenophenos. DNA Intercalating Agents.
14
15
LISTA DE ESQUEMAS
Esquema 1 – Biossíntese do resveratrol -------------------------------------------------------- 36
Esquema 2 – Síntese do resveratrolproposta por Ho e colaboradores (1999) -------- 41
Esquema 6 – Condição de alquilação do resveratrol ---------------------------------------- 47
Esquema 7 – Condições para a síntese de benzo[b]selenofenos ------------------------ 49
Esquema 8 – Condições para a síntese de benzo[b]selenofenos tri-alquilados ------ 50
Esquema 9 – Alquilação do resveratrol ---------------------------------------------------------- 55
Esquema 10 – Rota sintética dos benzo[b]selenofenos ------------------------------------- 60
16
17
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Fórmula estrutural do trans-3,4’,5-trihidroxiestilbeno com numeração de
acordo com as normas IUPAC ................................................................. 23
Figura 2 – Objetivos .................................................................................................. 27
Figura 3 – Interações que estabilizam a dupla hélice ................................................ 31
Figura 4 - Representação esquemática de possíveis de interações com o DNA ...... 32
Figura 5 - Exemplos de compostos que fazem intercalação ou ligação pelo sulco ... 33
Figura 6 - Doxorrubicina ............................................................................................ 33
Figura 7 - Estruturas gerais (a) dos flavonoides, (b) dos estilbenos e (c) dos ácidos
fenólicos (n>1). ......................................................................................... 34
Figura 8 - Estrutura dos melhores resultados quanto à inibição da topoisomerase I 35
Figura 9 - Estrutura da genisteína e da curcumina .................................................... 35
Figura 10 - Previsão da melhor condição de interação do resveratrol com b-DNA ... 40
Figura 11 - Compostos com os melhores resultados quanto a ativação da proteína
quinase C alpha (PKC) ........................................................................... 42
Figura 12 - Estrutura dos compostos propostos por Panzella e colaboradores (2015)
................................................................................................................. 43
Figura 13 - Estrutura dos compostos propostos por Panzella e colaboradores (2015)
................................................................................................................. 43
Figura 14 – Possíveis variações de absorvância de um espectro ............................. 52
Figura 15 - Espectro de RMN de ¹H do (E)-1,3-octiloxi-5-(4-octoxiestiril)benzeno em
CDCl3 a 400 MHz. Padrão interno: TMS .................................................. 57
Figura 16 - Espectro de RMN de ¹³C do (E)-1,3-octiloxi-5-(4-octoxiestiril)benzeno em
CDCl3 a 100 MHz. Padrão interno: TMS .................................................. 58
Figura 17 – Ampliação da região alifática do espectro de RMN de ¹³C do (E)-1,3-
octiloxi-5-(4-octoxiestiril)benzeno em CDCl3 a 100 MHz. Padrão interno:
TMS .......................................................................................................... 59
Figura 18 - Espectro de RMN de ¹H do 2-(4-hidroxifenil)benzo[b]selenofeno-5,7-diol
em DMSO-d6 a 400 MHz. Padrão interno: TMS ....................................... 62
Figura 19 - Espectro de RMN de 13C do 2-(4-hidroxifenil)benzo[b]selenofeno-5,7-diol
em DMSO-d6 a 100 MHz. Padrão interno: TMS ....................................... 63
18
Figura 20 – Espectro de RMN de 1H 4-Cloro-2-(4-hidroxifenil)benzo[b]selenofeno-
5,7-diol em DMSO-d6 a 400 MHz. Padrão interno: TMS .......................... 64
Figura 21 - Espectro de RMN de 13C do 2-(4-hidroxifenil)benzo[b]selenofeno-5,7-diol
em DMSO-d6 a 100 MHz. Padrão interno: TMS ...................................... 64
Figura 22 – Resveratrol e compostos sintetizados submetidos ao teste de
estabilidade .............................................................................................. 66
Figura 23 – Resultados dos testes de estabilidade realizados ................................. 67
Figura 24 – Concentrações de cada composto e do ssDNA .................................... 68
Figura 25–Teste de interação do resveratrol comercial (1) com o ssDNA ................ 69
Figura 26 – Teste de interação do resveratrol tri-metilado (2) com o ssDNA ........... 70
Figura 27 – Teste de interação da mistura (1 : 2 resveratrol: selenofeno (6) com o
ssDNA ...................................................................................................... 71
Figura 28 – Teste de interação do selenofeno (7) com o ssDNA ............................. 72
Figura 29 - Perspectivas do trabalho ........................................................................ 77
19
LISTA DE ABREVIATURAS
CC Cromatografia em coluna
CCD Cromatografia em camada delgada
ctDNA Ácido desoxirribonucleico de timo de bezerros (do inglês
Calf-thymus deoxyribonucleic acid)
DIPEA N,N-Diisopropiletilamina
DMF N,N-Dimetilformamida
DMSO Sufóxido de dimetila
DMSO-d6 Sufóxido de dimetila deuterado
DNA Ácido Desoxirribonucleico (do inglês deoxyribonucleic acid)
HEPES Ácido 4-(2-hidroxietil)-1-piperazinoetanossulfônico (do
inglês 4-(2-hydroxyethyl)-1-piperazineethanesulfonic acid)
IUPAC União Internacional de Química Pura e Aplicada
Ka Constante de dissociação ácida
Kb Constante de ligação intrínseca
MEM-Cl Cloreto de 2-metoxietoximetila
RMN de 1H Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio
RMN de 13C Ressonância Magnética Nuclear de Carbono
ssDNA Ácido desoxirribonucleico de esperma de salmão (do inglês
salmon sperm deoxyribonucleic acid)
THF Tetraidrofurano
TMS Tetrametilsilano
20
US-NCI Instituto Nacional do Cancer dos Estados Unidos (do inglês
United States – National Cancer Institute)
UV-Vis Ultravioleta visível
21
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 23
2 OBJETIVOS ................................................................................................... 27
2.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 27
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... 27
3 REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................... 29
3.1 CÂNCER E INTERCALADORES DE DNA ...................................................... 29
3.2 POLIFENÓIS .................................................................................................. 34
3.3 RESVERATROL E SEUS DERIVADOS ......................................................... 36
4 METODOLOGIA ............................................................................................. 45
4.1 MATERIAIS .................................................................................................... 45
4.2 MÉTODOS E INSTRUMENTAÇÃO ................................................................ 45
4.1.1 Cromatografia em camada delgada (CCD) ................................................. 45
4.1.2 Cromatografia em coluna (CC) .................................................................... 45
4.1.3 Espectroscopia eletrônica – UV/Vis ............................................................ 46
4.3 CARACTERIZAÇÃO ....................................................................................... 46
4.4 SÍNTESE DOS COMPOSTOS E ESTUDOS DE INTERAÇÃO ....................... 46
4.4.1 Alquilação do Resveratrol ............................................................................ 47
4.4.2 Síntese de benzo[b]selenofenos ................................................................. 48
4.4.3 Síntese do benzo[b]selenofenos alquilados .............................................. 50
22
4.4.4 Estudos de interação com o DNA via UV-Vis ............................................ 51
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 55
5.1 ALQUILAÇÃO DO RESVERATROL ............................................................... 55
5.1.1 Discussão dos Resultados Obtidos ........................................................... 55
5.1.2 Apresentação e Discussão dos Dados Espectrais ................................... 56
5.2 SÍNTESE DE BENZO[B]SELENOFENOS ...................................................... 60
5.2.1 Discussão dos Resultados Obtidos ........................................................... 60
5.2.2 Apresentação e Discussão dos Dados Espectrais ................................... 61
5.3 ESTUDOS DE INTERAÇÃO COM O DNA ..................................................... 65
5.3.1 Testes de estabilidade dos compostos sintetizados ................................ 65
5.3.2 Testes de interação com o ssDNA .............................................................. 67
6 CONCLUSÕES .............................................................................................. 75
7 PERSPECTIVAS ............................................................................................ 77
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 79
APÊNDICE A – Espectros Selecionados .............................................................. 87
23
1 INTRODUÇÃO
O trans-resveratrol (trans-3,4’,5-trihidroxiestilbeno) é uma fitoalexina de
origem vegetal e foi primeiramente isolado em 1940 das raízes do lírio heléboro-
branco (Veratumgrandiflorum), e em 1963 foi encontrado nas raízes de
Polygonumcuspidatum (ORALLO, 2006). Posteriormente foi identificado em uma
grande variedade de produtos alimentícios como o vinho tinto, uvas, amendoins,
amoras, e em mais de 70 espécies de plantas (BAUR e SINCLAIR, 2006).
Figura 1 - Fórmula estrutural do trans-3,4’,5-trihidroxiestilbeno com numeração de
acordo com as normas IUPAC
Fonte: Adaptado COMMODARI et al., 2005.
A primeira rota sintética para o resveratrol foi proposta por Spath e Kromp
(1941) por meio de uma reação de Wittig. No entanto, o interesse da comunidade
científica neste composto cresceu consideravelmente quando, em 1992, ele foi
identificado como o responsável pelo efeito cardioprotetor do vinho, onde o consumo
moderado de vinho tinto estaria relacionado com a não incidência de doenças
cardíacas, tornando-se fator determinante na explicação do “Paradoxo Francês”
(ALVES, 2015).
O “Paradoxo Francês” é uma expressão utilizada para descrever o fato de a
população francesa apresentar baixa predisposição para o desenvolvimento de
doenças cardíacas, apesar de possuir uma alimentação rica em gorduras saturadas
e não costumar praticar exercícios físicos. Sendo assim, atribuiu-se ao consumo
regular de vinho tinto uma justificativa para a premissa de que a população francesa
apresenta uma incidência de infartos 40% inferior quando comparada aos outros
povos europeus (CHACHAY et al., 2011; SMOLIGA, BOST, e MAROON, 1997;
TIMMERS, AUWERX e SCHRAUWEN, 2012).
24
Por outro lado, Jang et al. (1997) concluíram que o resveratrol possuía
propriedades quimiopreventivas, inibindo os principais estágios da carcinogênese, e
a primeira demonstração de clivagem do DNA com o resveratrol foi reportada por
Fukuhara eMiyata (1998). Após tais descobertas, inúmeros estudos têm sido
realizados evidenciando os efeitos cardioprotetores e anti-cancerígenos, bem como
os efeitos antioxidante, anti-inflamatório, antienvelhecimento e neuroprotetor
(AGARWAL e BAUR, 2011). Stivala et al. (2001) concluíram que o grupo hidroxila na
posição 4’ associado a conformação trans é essencial a atividade antiproliferativa
em células cancerígenas.
O resveratrol é produzido na uva devido ao estresse oxidativo causado por
fungos ou irradiação de luz ultravioleta ocorrendo na natureza nas formas cis- e
trans- resveratrol, sendo a última a mais abundante (ACERSON et al., 2013). Dentre
as três classes principais de polifenóis, o resveratrol é considerado um estilbeno
uma vez que é um derivado de 1,2-difenileteno. (AFONSO et al., 2015; GORAN et
al.,2017).
Commodari e colaboradores (2005) determinaram o ângulo de diedro entre os
carbonos 2-1-1’-2’ como sendo 12,6±1,1 indicando assim que a orientação espacial
relativa entre os dois anéis fenólicos é próxima da planaridade. Sabe-se que
moléculas planares costumeiramente atuam como agentes intercaladores de DNA,
uma vez que são capazes de se inserir entre os pares de bases nitrogenadas
promovendo uma mudança na sua conformação. Sendo assim, o resveratrol é um
forte candidato a tal atuação (PALCHAUDHURI e HERGENROTHER, 2007).
Por outro lado, compostos contendo selênio, que já eram conhecidos como
uma ferramenta sintética versátil para a preparação de intermediários, vêm se
consolidando também como produtos finais, apresentando atividade biológica
importante. Estudos recentes demonstraram que os compostos organosselênio
apresentam propriedades farmacológicas, podendo agir como mimetizadores da
glutationa peroxidase, inibidores da tiorredoxina redutase a também como potentes
antioxidantes (NOGUEIRA et al., 2004).
Existem alguns estudos na literatura a respeito da utilização do trans-
resveratrol como agente intercalante. No entanto, não existem estudos que avaliem
de que forma modificações em sua estrutura podem alterar seu comportamento
frente ao DNA. Sendo assim, serão sintetizados derivados alquilados do resveratrol
25
e também compostos contendo o átomo de selênio com o intuito de avaliar sua
interação frente ao DNA.
26
27
2 OBJETIVOS
Nesta sessão serão apresentados os objetivos geral e específicos deste
trabalho conforme apresentado na Figura 2.
2.1 OBJETIVO GERAL
Sintetizar derivados do resveratrol alquilados e contendo o átomo de selênio e
realizar estudos da interação destes com ssDNA.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
i. Preparar derivados do resveratrol a partir de reações de alquilação.
ii. Sintetizar benzo[b]selenofenos a partir do resveratrol.
iii. Realizar um estudo para avaliar o tipo de interação entre os compostos
preparados e o ssDNA.
Figura 2 – Objetivos
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
28
29
3 REVISÃO DA LITERATURA
Neste capítulo será descrita uma revisão da literatura acerca de como se dá e
como tem sido tratado o câncer, com enfoque especial nos compostos que podem
se comportar como agentes intercaladores com o DNA, bem como polifenóis, em
especial o resveratrol. Para tal este capítulo será dividido em câncer e intercaladores
de DNA, polifenóis, resveratrol e síntese e derivatizações do resveratrol.
3.1 CÂNCER E INTERCALADORES DE DNA
O câncer é definido como a proliferação descontrolada de células devido a
inibição de processos apoptóticos (MBELE, HULL e DLAMINI, 2017). De acordo com
o Instituto Nacional Americano de Câncer (US-NCI), quando este crescimento ocorre
em órgãos, músculos ou ossos, tal enfermidade é chamada de tumor, que por sua
vez pode ser benigno, pré-maligno ou maligno (US-NCI).
Tumores não são necessariamente cânceres, uma vez que os ditos benignos
apesar de serem apresentados de diversos tamanhos, não são capazes de se
espalhar e, portanto, permanecem em sua forma inicial e uma vez removidos,
costumeiramente não reaparecem. Por outro lado, tumores pré-malignos, ou pré-
cancerosos, apesar de não são considerados canceres, são descritos como tumores
na iminência de apresentar propriedades cancerosas e devem ser removidos e
monitorados com frequência. Por fim, tumores malignos são chamados tumores
cancerosos e diferente dos tumores benignos, estes apresentam um crescimento
rápido e podem se espalhar entre órgãos em um processo denominado metástase
(US-NCI).
De acordo com a Agencia Internacional de Pesquisa em Câncer, é estimado
que novos casos alcancem a marca de 14,1 milhões e que o número de mortes
nesses casos pode chegar a 8,2 milhões (CHEUNG e DELFABBRO, 2016;
CancerIAfRo, 2014). Sendo assim, o câncer é a segunda principal causa de
mortalidade e morbidade no mundo, atrás apenas de doenças cardiovasculares
(BANYDEEN et al., 2015; CHEUNG e DELFABBRO, 2016; MANGALAGIU, TURA e
LUCA, 2010).
De acordo com a Sociedade Americana de Câncer (American Cancer
Society), a probabilidade de desenvolvimento de câncer ao longo de vida é de 41%
30
para homens e de 38% para as mulheres (SIEGEL et al., 2014; Cancer Facts and
Figures, 2017).
O principal problema com relação às células cancerosas é a sua incapacidade
de sofrer apoptose, que é a morte celular programada, devido a mutações não
identificadas, resultando assim em seu acúmulo, podendo então em estágios mais
avançados, migrar para outras partes do corpo (MBELE, HULL e DLAMINI, 2017).
Os primeiros tratamentos desenvolvidos foram determinados através de uma
combinação de casualidade, observação e raciocínio dedutivo. Devido ao
conhecimento limitado a nível molecular sobre a doença ou sobre o modo de ação
das drogas, desenvolveram-se combinações terapêuticas baseadas na não
toxicidade do somatório de drogas administradas obtendo remissões mais longas e
até mesmo a cura, embora muitos pacientes tenham vindo a óbito na utilização
destes tratamentos (MAYERS e HEIDEN, 2017).
Nas últimas três décadas, a descoberta tanto da oncogênese, que é a
denominação dada aos genes relacionados com o surgimento de tumores, quanto
dos genes supressores de tumores, resultou em um aperfeiçoamento do
entendimento do papel genético no surgimento do câncer, possibilitando assim uma
mudança na abordagem que se utiliza no desenvolvimento de novos tipos de
tratamentos (HANAHAN e WEINBERG, 2000; NOTTA et al., 2016).
A descoberta de que o câncer se dá por mutações que corrompem os
caminhos existentes para o desenvolvimento, crescimento e proliferação celular,
sugere que estes caminhos devem ser tomados como alvo no tratamento do câncer
(HANAHAN e WEINBERG, 2011; GARRAWAY, 2013).
Existe uma grande variedade de cânceres descritos na literatura, fazendo
com que o tratamento seja dificultado e, por vezes, ineficiente, devido principalmente
ao desenvolvimento de resistência às drogas. Dentre os principais métodos de
tratamento estão as cirurgias, o tratamento por radiação e a quimioterapia, sendo
que dentro da quimioterapia, as vertentes mais importantes e promissoras são os
agentes alquilantes e intercaladores de DNA (SZAKÁCS, 2006; ZHANG e YANG,
2009; CHEN et al., 2009).
Durante as últimas décadas, houve um progresso significante no
desenvolvimento de novas drogas e terapias, através de descobertas como a cis-
platina. Como consequência, o tratamento eficaz de algumas formas de neoplasmas
31
foi alcançado, apesar de muitos pacientes sofrerem com efeitos colaterais
desconfortáveis (MANGALAGIU, TURA e LUCA, 2010).
Uma das estratégias mais efetivas são drogas que tem o DNA como alvo,
como os agentes alquilantes e intercalantes. No entanto, as drogas mais utilizadas
em quimioterapia são, em sua maioria, compostos que interagem diretamente com o
DNA ou previnem a relaxação do DNA através da inibição das topoisomerases
(PALCHAUDHURI e HERGENROTHER, 2007).
O DNA possui conformação de dupla hélice. Este biopolímero é formado por
duas fitas em sentidos opostos, uma de 5’→ 3’ e outra de 3’→ 5’, mantendo-se
unidas por dois tipos de forças: As ligações de hidrogênio entre os pares de bases
complementares mantem a conformação de dupla hélice e as interações de
empilhamento das bases (π-stacking) mantem a estabilidade (Figura 3) (NELSON;
COX, 2010).
Figura 3 – Interações que estabilizam a dupla hélice
Fonte: KARABIYIK et al., 2014
As interações entre a droga e o DNA podem ser do tipo covalente ou não-
covalente. As interações covalentes podem ser a ligação à base nitrogenada ou ao
grupo fosfato, enquanto as interações não-covalentes podem ser subdivididas em
32
intercalação, interação com os sulcos e interação eletrostática (Figura 4) (RUIZ-
AZUARA et al., 2013).
Figura 4 - Representação esquemática de possíveis de interações com o DNA
Fonte: BARRA, 2015
Atualmente um dos modos de interação mais estudados de moléculas com o
DNA é via intercalação, que é definida como inserção de uma molécula aromática
policíclica planar de carga positiva entre dois pares de bases adjacentes de DNA.
Esta interação é estabilizada pela sobreposição das nuvens eletrônicas π do
intercalador e as nuvens π das nucleobases vizinhas que resulta no alongamento,
enrijecimento e desenrolamento da hélice do DNA (PAGES et al., 2015).
Apesar da intercalação ser normalmente associada a moléculas contendo
anéis aromáticos fundidos em sua estrutura, alguns intercaladores atípicos
apresentam sistemas aromáticos não fundidos (Figura 5). Agentes intercaladores
são extensamente utilizados como antitumorais, antineoplásicos, antimalária e
agentes antifungos (PALCHAUDHURI e HERGENROTHER, 2007).
Ao contrário da intercalação, a interação pelo sulco não induz grandes
mudanças conformacionais no DNA, e é realizada por moléculas com cadeias
grandes que se ligam aos sulcos do DNA, conforme Figura 4. Assim como os
agentes intercalantes, compostos que fazem ligação pelo sulco se mostram eficazes
como agentes antibacteriais e anticancer (BISCHOFF e HOFFMANN, 2002).
33
Figura 5 - Exemplos de compostos que fazem intercalação ou ligação pelo sulco
Fonte: Adaptado PALCHAUDHURI e HERGENROTHER, 2007
No entanto, cabe ressaltar que uma droga pode interagir das duas maneiras
com o DNA, como é o caso das antraciclinas, uma classe de compostos importantes
com propriedades antibacterianas e antineoplasicas que apresentam uma unidade
intercalativa somada a uma cadeia lateral capaz de promover ligação com o sulco do
DNA como por exemplo a doxorrubicina, de nome comercial adriamicina (Figura 6)
que é utilizado no tratamento de canceres de mama, pulmão, ovário, fígado e tiróide
(PALCHAUDHURI e HERGENROTHER, 2007).
Figura 6 - Doxorrubicina
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
34
3.2 POLIFENÓIS
Polifenóis são compostos orgânicos com um ou mais grupos hidroxila ligados
a um anel fenólico, são biossintetizados a partir da fenilalanina ou da tirosina e,
apesar de não estarem envolvidos no processo de crescimento e desenvolvimento
natural das plantas, os polifenóis desempenham papéis importantes no mecanismo
de defesa das plantas contra vírus, bactérias, fungos e herbívoros (GORAN et al.,
2017).
Os polifenóis podem ser divididos em três classes principais (Figura 7): (a) os
flavonoides, (b) os estilbenos e (c) os ácidos fenólicos. Os flavonoides são
componentes de baixa massa molar que tem em sua estrutura dois anéis fenólicos
(A e B) e um anel oxigenado (C) que dá à estrutura geral um esqueleto de quinze
carbonos. Dentre os estilbenos, alguns podem apresentar, como 1,2-difenileteno, um
esqueleto composto por 14 carbonos, tais compostos são considerados polifenóis e
podem apresentar-se na forma monomérica, oligomérica e polimérica. Já os ácidos
fenólicos são compostos derivados do ácido benzoico ou do ácido cinâmico
(GORAN et al.,2017).
Figura 7 - Estruturas gerais (a) dos flavonoides, (b) dos estilbenos e (c) dos ácidos
fenólicos (n>1).
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Na última década foi comprovado que os polifenóis produzidos pelas plantas
possuem impactos positivos na saúde humana, reduzindo processos oxidativos,
inibindo o crescimento de inúmeras patogêneses causadas por vírus (NAKAYAMA et
al., 1993; SONG et al., 2005), bactérias (SHIN e CHUNG 2007; KOHDA et al., 2008)
e fungos (PARK et al., 2006). Também são capazes de estimular o crescimento de
parasitas e bactérias benéficas (CARDONA et al., 2013) e previnem doenças
crônicas (YANG e HONG, 2013) incluindo o câncer (CASADO et al., 2016).
35
Flavonoides e outros polifenóis são capazes de inibir a topoisomerase IB
humana por meio tanto de inibição e relaxação quanto da estabilização do complexo
formado (EBELER e WEBB, 2004). Por fim, alguns flavonoides são capazes de
intercalar-se ao DNA além de inibir a topoisomerase (GORAN et al.,2017).
Ebeler e Webb (2004) testaram 34 compostos polifenólicos com relação a sua
habilidade de inibir a topoisomerase I e intercalar com o DNA por meio do método de
eletroforese em gel in vitro. Neste estudo foi demonstrado que os melhores
resultados são atribuídos aos compostos apresentados na Figura 8, uma vez que
tais compostos foram envenenadores potentes das topoisomerase I e a podem ser
considerados agentes intercalantes de DNA.
Figura 8 - Estrutura dos melhores resultados quanto à inibição da topoisomerase I
Fonte: Adaptado EBELER e WEBB, 2004
Tajmir-Riahi e colaboradores (2015) estudaram de que forma antioxidantes
como o resveratrol, a genisteína e a curcumina (Figura 9) interagem com o DNA e
determinaram através de modelos estruturais que a intercalação é a interação
preferencial para o resveratrol e a genisteína, uma vez que estes devido a
deslocalização de elétrons, interagem principalmente via π-stacking, enquanto a
curcumina, por apresentar uma cadeia grande, interage via ligação com o sulco do
DNA.
Figura 9 - Estrutura da genisteína e da curcumina
Fonte: Elaborado pela autora, 2019
36
3.3 RESVERATROL E SEUS DERIVADOS
O resveratrol pertence ao grupo das fitoalexinas, as quais representam uma
parte importante dos mecanismos de defesa das plantas (KUNDU eSURH, 2008),
sendo um grupo de metabolitos secundários de baixa massa molar produzidos pelas
plantas como resposta a lesões, ataques microbiológicos, estresse ambiental,
radiação ultravioleta ou exposição ao ozônio (ACERSON et al., 2013).
A biossíntese do resveratrol (Esquema 1) é catalisada pela enzima estilbeno
sintetase, e consiste na condensação descarboxilativa de um resíduo de p-
cumarilcoenzima A com três unidades CO2 provenientes de moléculas de
malonilcoenzima A, levando a biossíntese do resveratrol na área afetada (JEANDET
et al., 2002).
Esquema 1 - Biossíntese do resveratrol
Fonte: adaptado JEANDET et al., 2002
O resveratrol possui comprovadas propriedades antioxidantes sendo
encontrado em uma diversidade de uvas, vinhos tintos e amendoim, e tem
demonstrado proporcionar proteção contra uma série de doenças, incluindo o
câncer. (REAGAN-SHAW, MUKHTAR e AHMAD, 2008; AZIZ, KUMAR e AHMAD,
2003; AHMAD et al., 2004).
Em 1997, Jang et al., publicaram o primeiro artigo sobre quimioprevenção de
cânceres utilizando o resveratrol e, desde então, inúmeros estudos pré-clínicos,
incluindo in vitro e in vivo foram realizados sugerindo que o resveratrol atua como
quimiopreventivo e terapêutico contra vários tipos de cânceres (NDIAYE et al.,
2011). Sendo assim, o uso do resveratrol como suplemento e complemento vem
aumentado significativamente nos últimos anos, bem como um tratamento
37
alternativo para diversas doenças e condições, incluindo câncer, diabetes,
obesidade e doença de Alzheimer (NDIAYE et al., 2011).
O resveratrol apresenta baixa toxicidade podendo ser administrado em doses
relativamente altas sem apresentar efeitos colaterais aos seres humanos, fazendo
com que este seja um excelente candidato para o tratamento de doenças (NDIAYE
et al., 2011).
Para determinar se o resveratrol pode ou não ser utilizado como ingrediente
em alimentos, deve-se avaliar sua estrutura em diferentes concentrações e valores
de pH. O resveratrol é solúvel em etanol, DMSO e outros solventes orgânicos, no
entanto, diversos autores citam sua baixa solubilidade em água (<1 mgmL-1),
limitando assim a sua utilização na indústria alimentícia, uma vez a absorção dele é
dificultada.
Estima-se que a atividade biológica apresentada pelo resveratrol e seus
derivados depende significativamente de sua estrutura, como o número e a posição
dos grupamentos hidroxila, ligações de hidrogênio intermoleculares, estereoisomeria
e a ligação dupla. Diversos grupos de pesquisa que estudaram o papel dos
grupamentos hidroxila do resveratrol, relatam que a hidroxila na posição 4’ é
essencial às atividades como citogenética, eliminação de radicais, antioxidantes e
antiproliferativas (LÓPEZ-NICOLÁS e GARCÍA-CARMONA, 2008).
O hidrogênio mais ácido da estrutura pertence ao grupamento hidroxila da
posição 4’, quando comparado aos grupamentos nas posições 3 e 5, indicando que
é mais fácil retirar o hidrogênio da posição 4’ devido ao efeito de deslocalização de
elétrons (CAO et al., 2006).
Com relação à constante de dissociação ácida (Ka) do resveratrol, diferentes
resultados são apresentados na literatura com relação aos três valores de pKa e
estes são apresentados na Tabela 1.
38
Tabela 1– Diferentes valores de pKa para o resveratrol encontrados na literatura
Autor(es) pka1 pka2 pka3
Igarashi et al., 2005 8,1 9,9 10,5
Cao et al., 2006 9,49 * *
Díaz et al., 2007 8,2 9,7 *
López-Nicolás e García-
Carmona, 2008 8,8 9,8 11,4
* Valor de pKa não informado no estudo.
Igarashi e colaboradores (2005) testaram várias misturas entre água e
solventes orgânicos como metanol, etanol, acetona e THF a fim de aumentar a
solubilidade do resveratrol possibilitando assim a determinação dos valores de pKa.
Dentre os solventes testados pelos pesquisadores, o metanol apresentou os
melhores resultados e a partir da determinação dos valores de pKa para misturas
com porções conhecidas de água-metanol, os autores utilizaram-se de regressão
linear para determinar o pKa em um meio livre do solvente orgânico empregado.
Sendo assim, os autores determinam os valores de pka1, pka2 e pka3 como 8,1, 9,9
e 10,5 respectivamente.
Já Cao e colaboradores (2006) calcularam por meio de eletroforese
utilizando-se de um método validado através da confirmação do pKa de compostos
com valores conhecidos na literatura. Estes autores relataram o pka1 como 9,49,
porém, não apresentaram valores para pka2 e pka3.
Díaz e colaboradores (2007) afirmam que o pKa deste polifenol é altamente
influenciado pela utilização de meio alcoólico, sendo assim, este grupo propôs uma
derivatização do resveratrol visando a formação de um composto fluorescente para
então realizar a determinação dos valores de pka em meio aquoso. Desta forma, os
autores inferem valores de pka1 e pka2 como 8,2 e 9,7, respectivamente.
Por fim, López-Nicolás e García-Carmona (2008) determinaram por meio de
espectroscopia de fluorescência e de absorvância, valores de pka1, pka2 e pka3
para o resveratrol como 8,8, 9,8 e 11,4, respectivamente. Tais autores realizaram
suas análises em meio aquoso trabalhando com concentrações muito pequenas de
resveratrol e fazendo o uso de técnicas de espectroscopia de absorvância, excitação
e emissão.
39
Com relação as propriedades quimiopreventivas do resveratrol, estima-se que
estas são um reflexo de sua habilidade de bloquear a ativação de vários agentes
carcinogênicos ou de estimular sua detoxificação, além de prevenir danos oxidativos
ao DNA, reduzir respostas inflamatórias e diminuir a proliferação de células
cancerosas. Por outro lado, a indução da apoptose em várias células cancerosas
indica o potencial do resveratrol tanto como quimiopreventivo, como
quimioterapêutico (KUNDU e SURH, 2008).
Zhang e colaboradores (2011) estudaram a interação do resveratrol com
ctDNA (ácido desoxirribonucleico de timo de bezerros) sob condições fisiológicas,
por meio de métodos de espectroscopia, fluorescência e medição de viscosidade, e
assim apontaram evidências que comprovam que a intercalação é o tipo de
interação predominante entre o resveratrol e o ctDNA (ZHANG et al, 2011).
Gao et al. (2014) estudaram o comportamento do resveratrol e a sua
interação com DNA de cadeia dupla de esperma de peixe, por meio de estudos de
voltametria cíclica e do espectro no UV-Vis. Neste estudo, os autores indicam que o
resveratrol interage com o DNA de modo a intercalar-se na dupla hélice.
Por fim, uma vez que o modo de interação do resveratrol com o DNA é
conhecido, Tajmir-Riahi e colaboradores (2015) propuseram o modo de ligação e a
localização da ligação entre diversos polifenóis com o DNA, dentre eles o resveratrol
(Figura 10).
Baseando-se em modelos moleculares, os autores concluíram que a
intercalação é a interação predominante entre o resveratrol e o DNA, além de
determinar que a intercalação forma adutos DNA-polifenol mais estáveis do que
quando comparado com o formado pela ligação com os sulcos do DNA, propondo
assim que a interação intercalativa pode ser a razão pela qual o resveratrol é capaz
de prevenir danos causados por radicais livres ao DNA. (TAJMIR-RIAHI et al., 2015).
40
Figura 10 - Previsão da melhor condição de interação do resveratrol com b-DNA
Fonte: Adaptado TAJMIR-RIAHI et al., 2015.
Apenas um restrito número de plantas produz o resveratrol e, uma vez que
este é produzido como resposta a estresses, normalmente não é encontrado em
quantidades que viabilizem sua obtenção unicamente através de procedimentos de
extração (GUISO, 2002).
Com os vários benefícios oferecidos pela molécula do resveratrol (LEE,
2004), diversos pesquisadores têm direcionado seus estudos para a sua síntese
(MORENO-MANAS et al., 1985; ORISINI et al., 1997; YUS et al., 1997; HO et al.,
1999; GUISO et al., 2002).
Inicialmente, as rotas sintéticas propostas para o resveratrol geralmente
empregam a reação de Wittig para formar a ponte etilênica (MORENO-MANAS et
al., 1985; ORSINI et al., 1997), como no trabalho de Ho e colaboradores (1999),
onde estes sintetizaram diversos derivados de estilbenos, dentre eles o resveratrol.
A rota sintética proposta é ilustrada no Esquema 2 e inicia-se com o tratamento do
álcool p-metoxibenzilíco com ácido bromídrico em benzeno, fornecendo assim o
brometo de p-metoxibenzila. Após purificação, o intermediário recém formado é
aquecido com excesso de trietilfosfito até 130ºC levando à liberação de brometo de
etila. Quando ela cessa, a solução é resfriada à 0ºC e são adicionados DMF e
metóxido de sódio. Em seguida o composto 3,5-dimetoxibenzaldeído é adicionado à
solução e esta é lentamente aquecida à temperatura ambiente pelo período de uma
ΔG ligação = − 4,62kcalmol-1
41
hora. Após tal período, a reação é aquecida a 100ºC e é mantida nesta temperatura
por cerca de uma hora e então é deixada por uma noite à temperatura ambiente.
Após tal período, os autores adicionam uma mistura 2:1 de água:metanol e o
estilbeno A precipita no meio. Após purificação do composto A obtendo um
rendimento de 95%, adiciona-se cloridrato de piridina sob agitação à 190ºC por
quatro horas. Em seguida, o óleo escuro formado é derramado em HCl 2M, extraído
com acetato de etila e purificado por coluna cromatográfica, eluindo-se com
clorofórmio e metanol em uma mistura 15:1, obtendo assim um rendimento de 45%
do produto desejado.
Esquema 2–Síntese do resveratrolproposta por Ho e colaboradores (1999)
Fonte: Adaptado Ho et al., 1999.
Em 2002, Guiso e colaboradores desenvolveram uma rota sintética que
utilizou uma reação de Heck para a formação da ponte etilênica. Já Lara-Ochoa e
colaboradores (2015) sintetizaram o resveratrol em uma síntese de quatro etapas
partindo de uma reação de acoplamento de Sonogashira para a formação da ponte
etilênica.
Apesar dos resultados tanto in vitro quanto em animais serem extremamente
promissores com relação aos efeitos anti-proliferativos do resveratrol, a baixa
biodisponibilidade do resveratrol no organismo se apresenta como um problema,
uma vez que este é muito rapidamente eliminado do organismo dificultando a
manutenção de uma quantidade terapêutica a um nível relevante na corrente
42
sanguínea (SINGH, NDIAYE e AHMAD, 2014; FRANCIOSO et al., 2014; WALLE,
2011).
De acordo com Delmas e colaboradores (2011), modificações na estabilidade
do resveratrol, em sua estrutura química ou em seu metabolismo, poderiam
ocasionar mudanças em sua resposta biológica, e assim, alterar as propriedades
quimiopreventivas do composto. Sendo assim, existem inúmeros estudos que visam
ampliar as propriedades do resveratrol utilizando-se de modificações estruturais do
mesmo (DELMAS et al, 2011).
Sendo assim, grupos de pesquisadores têm apostado em derivações na
molécula de resveratrol buscando aumentar sua biodisponibilidade no organismo.
Substituições nos grupos hidroxila da molécula de resveratrol por grupos metóxi
apresentaram um aumento na atividade antitumoral superando os resultados do
resveratrol. Outros derivados fluorados também mostraram atuação superior ao
resveratrol contra o câncer (LEE et al., 2003; MORAN et al., 2009).
Uma vez que um dos possíveis mecanismos pelos quais o resveratrol atua na
quimioprevenção é através da ativação da sinalização celular envolvendo a proteína
quinase C alpha (PKC), Das, Panye Majhi (2011) sintetizaram diversos derivados
do resveratrol para avaliar a relação entre a estrutura e a atividade dos compostos.
Dentre os compostos estudados, os derivados que mostraram melhores resultados
ligando-se a PKC, apresentando menores efeitos citotóxicos e promovendo uma
maior ativação da membrana, são apresentados na Figura 11 (DAS, PANY e MAJHI,
2011).
Figura 11 - Compostos com os melhores resultados quanto a ativação da proteína
quinase C alpha (PKC)
Fonte: Adaptado DAS et al., 2011.
43
Em 2015, Panzella e colaboradores desenvolveram uma nova classe de
derivados do resveratrol, visando obter propriedades antioxidantes em estruturas
versáteis capazes de serem utilizadas na biomedicina. Neste trabalho, Panzella e
colaboradores (2015) sintetizaram compostos contendo o esqueleto de 2-
fenilbenzo[b]selenofenos (Figura 12), sendo que todos se mostraram mais eficientes
que o resveratrol, e o melhor dentre eles (composto 1) apresentou uma atividade
antioxidante comparável ao Trolox, que é um análogo da vitamina E solúvel em
água, produzido pela Hoffman-Laroche, utilizado em aplicações bioquímicas e
biológicas para redução do estresse oxidativo (PANZELLA, 2015).
Figura 12 - Estrutura dos compostos propostos por Panzella e colaboradores (2015)
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Nesta perspectiva, Puksassok e colaboradores (2017) sintetizaram uma série
de derivados de metóxi- e etóxi- resveratrol e outra série de derivados alquilados
(Figura 13), os quais foram avaliados quanto a inibição da proteína amiloide-β, suas
atividades antioxidantes, neuroprotetoras e neuritogenicidade. Os resultados
mostraram que alguns desses derivados foram até 20 vezes mais potentes quando
comparados ao resveratrol. Os resultados também indicaram que o grupo -OH livre
tem papel essencial para a atividade antioxidante dos derivados de alquil-resveratrol.
Figura 13 - Estrutura dos compostos propostos por Panzella e colaboradores (2015)
Fonte: Adaptado de Puksassok et al., 2017.
44
45
4 METODOLOGIA
Neste capítulo, será apresentada a descrição dos equipamentos e dos
métodos utilizados para a síntese e caracterização dos compostos apresentados
neste trabalho, bem como o procedimento para se determinar a interação entre tais
dos compostos e o DNA.
4.1 MATERIAIS
Os seguintes reagentes e solventes utilizados nas sínteses foram adquiridos
de fontes comerciais e utilizados após purificação prévia quando necessário
(PERRIN, 1980). Os solventes foram evaporados em um rotaevaporador Büchi
modeloR-114, operando à pressão reduzida (~30 mmHg), sendo que o solvente
remanescente foi eliminado em uma linha de vácuo, equipada com uma bomba de
alto-vácuo SYMBOL, modelo E21.
4.2 MÉTODOS E INSTRUMENTAÇÃO
4.1.1 Cromatografia em camada delgada (CCD)
As reações foram acompanhadas por cromatografia em camada delgada,
utilizando-se cromatofolhas de sílica gel 60 (Whatman – AL SIL G/UV – N° 4420222
com 0,2 mm de espessura) sobre lâminas de alumínio. Como eluente, utilizou-se
hexano ou soluções de hexano/acetato de etila e acetato de etila/metanol em
diferentes proporções. Os reveladores utilizados foram: luz ultravioleta, iodo e
solução ácida de vanilina submetida à aquecimento.
4.1.2 Cromatografia em coluna (CC)
A purificação dos compostos foi feita através de cromatografia em coluna,
utilizando-se silicagel 40-63 m (230-400 mesh) e, como eluente empregou-se
hexano ou soluções de hexano/acetato de etila em diferentes proporções.
46
4.1.3 Espectroscopia eletrônica – UV/Vis
Os espectros eletrônicos nas regiões do ultravioleta, visível e infravermelho
próximo foram obtidos utilizando-se um espectrofotômetro SHIMADZU UV3600plus,
situado no Laboratório de Análise Instrumental – LAI do Departamento de Química –
CCT/UDESC. As análises foram realizadas utilizando solventes de grau
espectroscópico e cubetas de quartzo com capacidade para 4 mL e 1,00 cm de
caminho óptico. Os valores do coeficiente de absortividade molar ε serão expressos
em mol L-1 cm-1.
4.3 CARACTERIZAÇÃO
Os compostos sintetizados foram caracterizados por meio da técnica de
ressonância magnética nuclear de hidrogênio e de carbono. Para tais análises,
utilizou-se um espectrômetro FT-NMR Bruker ASCEND400, operando na frequência
de 400 MHz, pertencente ao Laboratório de Análise Instrumental – LAI do
Departamento de Química deste centro. Os deslocamentos químicos foram
relacionados em parte por milhão (ppm), em relação ao tetrametilsilano (TMS,
utilizado como padrão interno para os espectros de RMN de 1H e CDCl3 e DMSO-d6
(para os espectros de RMN de 13C). Colocando-se entre parênteses a multiplicidade,
o número de hidrogênios deduzido da integral relativa e a constante de acoplamento
J, expressa em Hertz (Hz).
4.4 SÍNTESE DOS COMPOSTOS E ESTUDOS DE INTERAÇÃO
Nesta sessão serão descritos os métodos utilizados para a execução de cada
síntese proposta nos objetivos deste trabalho, bem como o método utilizado para a
determinação do grau de interação de cada composto estudado com o DNA.
47
4.4.1 Alquilação do Resveratrol
A alquilação do resveratrol foi realizada utilizando-se o procedimento descrito
na literatura por Das, Pany e Majhi (2011), conforme Esquema 6.
Esquema 3 - Condição de Alquilação do Resveratrol
Fonte: Adaptado DAS, PANY e MAJHI, 2011.
Em um balão de 100 mL adicionou-se o resveratrol (5 mmol, 228,25 gmol-1,
1,141 g) e a acetona previamente tratada, seguido do carbonato de potássio (45
mmol, 166,0 gmol-1, 7,47 g) e levou-se a agitação sob refluxo. Após cinco minutos de
agitação, acoplou-se um sistema de adição de líquidos e adicionou-se o haleto de
alquila1 lentamente ao meio reacional. Após 24 h de agitação, adicionou-se cloreto
de amônio saturado para neutralizar o meio e realizou-se a extração da reação com
acetato de etila e água destilada, onde a fase orgânica foi separada e seca com
sulfato de magnésio anidro e o solvente removido sob pressão reduzida. A
purificação do produto foi realizada por cromatografia em coluna sobre sílica gel
diluída em hexano.
(E)-1,3-dimetoxi-5-(4-metoxiestiril)benzeno
RMN de 1H (400MHz / DMSO-d6 / TMS) (ppm): 3,78 (s, 9H); 6,40 (t, J = 2,2 Hz,
1H); 6,75 (d, J = 2,2 Hz, 2H); 6,95 (d, J = 8,8 Hz, 2H); 7,02 (d, J = 16,4 Hz, 1H); 7,22
(d, J = 16,4 Hz, 1H); 7,53 (d, J = 8,8Hz, 2H).
1 Composto 2: Iodometano (45,0 mmol; 141,94 gmol-1; 2,28 gmL-1; 2,80 mL); Composto 3: 1-bromobutano (30,0 mmol; 137,02 gmol-1; 1,27 gmL-1; 3,24 mL); Composto 4: 1-bromooctano (30,0 mmol; 193,12 gmol-1; 1,11 gmL-1; 5,20 mL).
48
RMN de 13C (100 MHz / DMSO-d6/ TMS) (ppm):55,0; 55,1; 99,4; 104,1; 114,1;
126,1; 127,8; 128,5; 129,5; 139,4; 159,0; 160,6.
(E)-1,3-dibutoxi-5-(4-butoxiestiril)benzeno
RMN de 1H (400MHz / DMSO-d6 / TMS) (ppm): 0,94 (t, J = 7,6 Hz, 9H); 1,41-1,47
(m, 6H); 1,69 (quint, J = 8,0 Hz,6H); 3,95-3,99 (m, 6H); 6,36 (t, J = 2,1 Hz,1H); 6,71
(d, J = 2,1 Hz,2H); 6,92 (d, J = 8,8 Hz,2H); 6,98 (d, J = 16,4 Hz,1H); 7,19 (d, J = 16,4
Hz,1H); 7,50 (d, J = 8,8 Hz,2H).
RMN de 13C (100 MHz / DMSO-d6/ TMS) (ppm): 13,6; 18,7; 30,7; 67,0; 100,1;
104,5; 114,5; 126,0; 127,7; 128,3; 129,4; 139,2; 158,4; 160,0.
(E)-1,3-octiloxi-5-(4-octoxiestiril)benzeno
RMN de 1H (400MHz / CDCl3/ TMS) (ppm): 0,89 (t, J= 7,2 Hz, 9H); 1,28-1,34 (m,
24 H); 1,43-1,47 (m, 6H); 3,93-3,97 (m,6H); 6,35 (t, J= 2,2 Hz, 1H); 6,61 (d, J= 2,2
Hz, 2H); 6,84-6,88 (m, 3H); 7,01 (d, J = 16,2 Hz,1H); 7,39 (d, J = 8,7 Hz,2H).
RMN de 13C (100 MHz / CDCl3 / TMS) (ppm): 14,0; 22,6; 26,0 (C3); 26,1 (C3’); 29,2
(C4); 29,3 (C4’); 29,3; 29,4; 31,8; 68,1, 100,6; 104,9; 114,7; 126,6; 127,7; 128,6;
129,9; 139,6; 159,0; 160,5.
4.4.2 Síntese de benzo[b]selenofenos
Os benzo[b]selenofenos foram sintetizados de acordo com a metodologia de
Panzella e colaboradores (2015), conforme Esquema 7.
49
Esquema 4 - Condições para a síntese de benzo[b]selenofenos
Fonte: Adaptado PANZELLA et al., 2015.
A vidraria utilizada foi previamente seca em uma estufa a 100ºC por cerca de
1h. Em um balão de 20mL adicionou-se o selênio (1,0 mmol; 78,9 gmol-1; 0,079 g)
previamente ativado em uma estufa a 100 ºC por aproximadamente 1 hora. Em
seguida, acoplou-se um sistema de adição de líquidos ao balão e, lentamente,
realizou-se a adição do cloreto de sulfurila recém destilado (0,9 mmol; 134,96 gmol-1;
1,67 gmL-1; 0,073 mL) ao selênio sob atmosfera inerte de Argônio. Após 10 minutos
de agitação, utilizando uma seringa de 5 mL, adicionou-se 2,5 mL de THF anidro ao
balão e a mistura reacional permaneceu sob agitação por uma hora. Em seguida,
em um béquer pesou-se o resveratrol (0,4 mmol; 228,25 gmol-1; 0,091 g) e
dissolveu-se em 0,8mL de DMF previamente tratado. Então, utilizando uma seringa,
a solução de resveratrol foi adicionada à mistura reacional, mantendo a atmosfera
inerte de argônio.
Após 24 horas, realizou-se a extração preparando uma mistura de celite com
acetato de etila em um funil de placa porosa e filtrando a mistura reacional. O filtrado
foi extraído com acetato de etila e água destilada, onde a fase orgânica foi separada
e seca com sulfato de magnésio anidro e o solvente removido sob pressão reduzida.
Finalmente, a mistura obtida foi purificada por cromatografia em coluna sobre
sílica gel diluída em hexano/acetato de etila 4:1 obtendo assim o 2-(4-
hidrofenil)benzo[b]selenofeno-5,7-diol, que será chamado de composto 6, bem
como o 4-chloro-2-(4-hidroxifenil)benzo[b]selenofeno-5,7-diol que será chamado de
composto 7.
50
2-(4-hidroxifenil)benzo[b]selenofeno-5,7-diol
RMN de 1H (400MHz / DMSO-d6 / TMS) (ppm): 6,26 (s, 1H); 6,66 (s, 1H); 6,80 (d,
J = 6,6 Hz, 2H); 7,47 (d, J = 6,6 Hz, 2H); 7,58 (s, 1H); 9,18 (s, 1H); 9,73 (s, 1H);
10,03 (s, 1H).
RMN de 13C (100 MHz / DMSO-d6/ TMS) (ppm): 98,9; 101,9; 115,7; 116,2; 121,4;
126,8; 127,5; 144,8; 146,9; 153,8; 156,6; 157,7.
4-Cloro-2-(4-hidroxifenil)benzo[b]selenofeno-5,7-diol
RMN de 1H (400MHz / DMSO-d6 / TMS) (ppm): 6,53 (s, 1H); 6,84 (d, J = 8,6 Hz,
2H); 7,54 (d, J = 8.6 Hz, 2H); 7,68 (s, 1H); 9,82 (s, 1H); 9,87 (s, 1H); 10,32 (s, 1H).
RMN de 13C (100 MHz / DMSO-d6/ TMS) (ppm): 99,5; 104,5; 115,9; 117,1; 118,8;
126,3; 127,8; 141,9; 148,9; 151,7; 152,2; 158,1.
4.4.3 Síntese do benzo[b]selenofenos alquilados
Numa tentativa de sintetizar derivados alquilados de benzo[b]selenofenos,
utilizou-se novamente a metodologia descrita por Panzella e colaboradores (2015)
partindo dos derivados alquilados previamente sintetizados, conforme Esquema 8.
Esquema 5 – Condições para a síntese de benzo[b]selenofenos tri-alquilados
Fonte: Adaptado PANZELLA et al., 2015.
51
4.4.4 Estudos de interação com o DNA via UV-Vis
Os estudos de interação entre os compostos e o DNA extraído do esperma de
salmão (ssDNA) foram realizados utilizando-se um espectrofotômetro SHIMADZU
UV3600plus por meio de um experimento de titulação espectrofotométrica, onde a
concentração inicial de cada composto foi ajustada e mantida constante enquanto
adições de volume conhecido de ssDNA fizeram sua concentração variar,
fornecendo assim, os espectros que evidenciam tal interação.
A concentração de DNA por nucleotídeo foi determinada considerando a
absortividade molar (ε) desta biomolécula em 260 nm como 6600 M-1 cm-1
(NAGARAJ et al., 2014). O meio adotado foi acetonitrila/tampão 50% v/v, sendo que
a força iônica deste foi mantida constante utilizando-se cloreto de sódio 50 mM e o
pH fixo em 6,99 através do tampão biológico HEPES 50 mM. A absorção
proveniente do DNA foi subtraída dos resultados por meio da adição de quantidades
iguais deste tanto na cubeta da amostra analisada quanto na cubeta contendo a
solução de referência.
Antes da realização dos testes referidos acima, cada um dos compostos
sintetizados foi submetido a um teste de estabilidade, onde este foi preparado
conforme o procedimento do teste de interação, no entanto, não houve adição de
alíquotas de ssDNA, tampouco quaisquer adições às cubetas. Estas foram avaliadas
por um período de duas horas, onde um espectro foi medido a cada 15 minutos.
Cada composto foi determinado estável ou instável com base na variação na
absorvância e comprimento de onda dos espectros obtidos, sendo que tal magnitude
foi avaliada a partir de uma adaptação do cálculo de erro relativo percentual,
conforme equação apresentada abaixo:
erro relativo percentual (%) = |Abs final − Abs inicial|
Absinicial× 100
Onde a diferença em módulo entre a absorvância final e inicial é dividida pelo
valor inicial e então multiplicada por cem fornecendo assim o quanto os dados
divergem entre si. Compostos com variações de até 10% foram considerados
estáveis e submetidos ao teste de interação com o ssDNA. Por outro lado,
compostos com variações superiores a 10% foram determinados instáveis.
Para determinar o tipo de interação do composto com o DNA levou-se em
consideração o tipo de variação da absorvância, uma vez que mudanças na
52
estrutura química ou no meio levam a mudanças no espectro de absorção das
mesmas. A terminologia empregada para descrever tais variações leva em
consideração quatro possíveis mudanças no espectro, conforme Figura 14.
Figura 14 – Possíveis variações de absorvância de um espectro
Onde, batocromismo se refere às variações deslocando a banda para menor
energia ou maior comprimento de onda; hipsocromismo é definido pelo
deslocamento da banda para maior energia ou pra menor comprimento de onda;
hipercromismo se refere às variações deslocando a banda de modo à aumentar a
absortividade molar; enquanto hipocromismo é definido pelo deslocamento da banda
de modo à diminuir a absortividade molar (SIRAJUDDIN; ALI; BADSHAH, 2013).
Com base na variação da absorbância, a constante intrínseca de ligação (Kb)
do composto estudado com o DNA foi determinada de acordo com a equação de
Benesi-Hildebrand que fornece a intensidade da interação entre determinado
composto e o DNA (SIRAJUDDIN; ALI; BADSHAH, 2013):
𝐴0
(𝐴 − 𝐴0)=
𝜀𝐹
𝜀𝐵 − 𝜀𝐹+
𝜀𝐹
𝜀𝐵 − 𝜀𝐹
1
𝐾𝑏[𝐷𝑁𝐴]
Onde: A0 é a absorvância inicial do composto anterior à adição das alíquotas
do DNA, A é a absorvância do mesmo após as adições de DNA, [DNA] é a
concentração de DNA presente no meio após cada adição; εF é a absortividade do
composto e εB é a absortividade do composto interagindo com DNA. Assim, a
Hipercromismo
Hipocromismo
Batocromismo Hipsocromismo
Fonte: Elaborado pela autora, 2019
λ (nm)
Ab
so
rvân
cia
(u.a
.)
53
constante Kb é a razão entre os coeficientes angular e linear de um ajuste linear
entre A0/(A – A0) em função de [DNA]-1 (BARRA; NETTO, 2015; MOHAMADI et al.,
2015).
54
55
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo, serão apresentados e discutidos os resultados obtidos no
estudo das reações de derivatização do resveratrol. Inicialmente serão apresentados
os resultados das sínteses dos compostos, bem como a caracterização das
estruturas a partir dos respectivos espectros de RMN, seguidos dos resultados
obtidos com relação aos estudos de interação com o DNA através do UV-Vis.
Finalmente, os espectros de RMN de ¹H e de ¹³C encontram-se no Apêndice A.
5.1 ALQUILAÇÃO DO RESVERATROL
Para realizar as reações de alquilação do resveratrol optou-se por adaptar o
procedimento descrito na literatura por Das, Pany e Majhi (2011). Os autores
mencionados preconizavam a alquilação de apenas uma hidroxila, sendo assim,
para alquilar as três posições do resveratrol, utilizou-se o triplo da base e do haleto
de alquila descritos.
5.1.1 Discussão dos Resultados Obtidos
Para realizar a alquilação do resveratrol, utilizou-se um excesso de base e de
haleto e acompanhou-se a evolução da reação através de cromatografia em camada
delgada, observando assim o consumo do resveratrol, bem como do produto mono-
e di-alquilado (Esquema 9).
Esquema 6 - Alquilação do Resveratrol
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
56
Dentre as sínteses apresentadas acima, a reação entre o resveratrol e cloreto
de 2-metoxietoximetilo (MEM-Cl) que formaria o composto 5 resultou em uma
mistura complexa com diversos subprodutos, o que impossibilitou sua purificação.
Por outro lado, os rendimentos das reações de alquilação para a formação
dos compostos 2, 3 e 4 foram de aproximadamente 99%, uma vez que se utilizou
um excesso de agente alquilante levando a formação do produto de interesse em
maior proporção.
5.1.2 Apresentação e Discussão dos Dados Espectrais
Os espectros de RMN de 1H apresentaram os sinais característicos do
resveratrol, com exceção dos sinais das hidroxilas, provando assim a alquilação.
Outro fator que corrobora a premissa de que o produto de interesse foi formado, são
os sinais dos hidrogênios alifáticos, principalmente o sinal em aproximadamente 4
ppm característico de hidrogênios próximos a átomos eletronegativos como o
oxigênio.
O espectro de RMN de 1H do composto 4 (Figura 15) proveniente da reação
entre resveratrol e 1-bromooctano, apresentou um tripleto em 0,89 ppm, com
constante de acoplamento de 7,6 Hz e integral relativa a 9 hidrogênios, referente as
metilas da ponta da cadeia alquílica. Já os hidrogênios metilênicos da cadeia
alifática mais afastados do átomo de oxigênio do composto apresentaram-se em
dois multipletos, em 1,31 e 1,45 ppm, com integrais referentes a 6 e 24 hidrogênios
respectivamente. Finalizando a parte alifática da estrutura, tem-se os hidrogênios
próximos ao oxigênio apresentando um multipleto com integral relativa a 6
hidrogênios em 3,95 ppm.
Com relação à parte aromática da estrutura, tem-se em um tripleto em 6,35
ppm, com constante de acoplamento de 2,2 Hz e integral relativa a 1 hidrogênio,
referente ao H4, seguido de um dupleto com constante de acoplamento de 2,2 Hz
pertencente aos hidrogênios H2 e H6 em 6,61 ppm. Outro multipleto foi evidenciado
com integral relativa a 3 hidrogênios (dois aromáticos H3’ e H5’ e o hidrogênio
vinílico Hα) em 6,86 ppm; o outro hidrogênio vinílico (Hα’) apresentou-se como um
dupleto, com constante de acoplamento de 16,2 Hz e integral relativa a um
hidrogênio em 7,01 ppm.
57
Por fim, em 7,39 ppm observou-se um dupleto com constante de acoplamento
de 8,7 Hz e integral relativa a dois hidrogênios (H2’ e H6’).
Figura 15 - Espectro de RMN de ¹H do (E)-1,3-octiloxi-5-(4-octoxiestiril)benzeno em
CDCl3 a 400 MHz. Padrão interno: TMS
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Da mesma forma, o espectro de RMN de 13C do composto 4 (Figura 16)
comprova a formação do produto esperado, através da confirmação do número de
carbonos da molécula, apresentando os sinais alifáticos entre 14 e 68 ppm e
aromáticos e vinílicos de 100 a 160 ppm. Por fim, vale destacar os carbonos vinílicos
em 126,6 e 128,6 ppm (COMMODARI et al., 2005).
58
Figura 16 - Espectro de RMN de ¹³C do (E)-1,3-octiloxi-5-(4-octoxiestiril)benzeno em
CDCl3 a 100 MHz. Padrão interno: TMS
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Cabe salientar que é possível observar a presença de 20 sinais de carbono
no espectro acima apresentado. Considerando os três substituintes alquila
quimicamente equivalentes, seriam esperados 18 sinais de carbono não
equivalentes. Isto pode ser explicado através de um olhar atento à região dos sinais
alifáticos da estrutura (Figura 17), onde pode-se perceber que dois carbonos do
centro da cadeia alquílica apresentaram sinais diferenciados, mostrando que os
substituintes do resveratrol não são totalmente equivalentes (26,05 e 26,08 ppm;
29,24 e 29,28 ppm) (COMMODARI et al., 2005).
59
Figura 17 – Ampliação da região alifática do espectro de RMN de ¹³C do (E)-1,3-
octiloxi-5-(4-octoxiestiril)benzeno em CDCl3 a 100 MHz. Padrão interno: TMS
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
60
5.2 SÍNTESE DE BENZO[b]SELENOFENOS
Para sintetizar os benzo[b]selenofenos utilizou-se a metodologia descrita por
Panzella e colaboradores (2015) (Esquema 10), onde através da variação das
proporções de [selênio : cloreto de sulfurila : resveratrol] direcionava-se a reação
para a formação dos produtos A, B ou C.
Esquema 7 - Rota sintética dos benzo[b]selenofenos
Fonte: Adaptado PANZELLA et al., 2015.
5.2.1 Discussão dos Resultados Obtidos
Os autores citam que a condição ideal para a formação do composto 6 tem a
proporção de selênio, cloreto de sulfurila e resveratrol de 1,0:0,8:0,4, e que tal
reação levaria a um rendimento de 50%. Entretanto, ao realizar a reação na
condição acima citada, não foi possível isolar o produto de interesse 6, uma vez que
este exibiu o mesmo fator de retenção apresentado pelo resveratrol tanto na
cromatografia em coluna quanto na cromatografia em camada delgada.
Sendo assim, visando o consumo completo do resveratrol e,
consequentemente, facilitando a purificação, aumentou-se a quantidade de cloreto
de sulfurila no meio reacional. Apesar de Panzella e colaboradores relatarem que a
utilização de 1 mmol de cloreto de sulfurila levaria a um rendimento de 85:15 dos
compostos 7 e 7a respectivamente, ao realizar a reação em tais condições, notou-se
61
o consumo do resveratrol por completo, além da formação dos compostos 6 e 7 (em
uma proporção de aproximadamente 2:1) e a ausência do produto 7a. Por fim, após
purificação por cromatografia em coluna, o rendimento obtido para os compostos 6 e
7 foi de 40% e 20%, respectivamente.
Por fim, com o intuito de sintetizar benzo[b]selenofenos alquilados, os dos
derivados alquilados sintetizados foram submetidos às condições reacionais
definidas anteriormente. No entanto, após análise do espectro de RMN de ¹H dos
compostos, não se evidenciou a formação dos produtos de interesse, comprovando-
se assim que tal condição proposta por Panzella e colaboradores (2015) não se
mostra eficiente para derivados alquilados.
5.2.2 Apresentação e Discussão dos Dados Espectrais
As análises dos espectros de RMN de 1H confirmam a formação do produto
de interesse, uma vez que as hidroxilas das posições 3 e 5, que no resveratrol são
quimicamente equivalentes apresentando-se como um único pico referente a dois
hidrogênios, passaram a desdobrar o sinal, sugerindo que um novo composto com
três hidroxilas quimicamente diferentes foi formado. Outra evidencia que corroborou
a obtenção do benzo[b]selenofeno foi o desaparecimento do sinal dos sinais dos
hidrogênios vinílicos do material de partida.
O espectro de RMN de 1H do benzo[b]selenofeno (Figura 18) apresenta o
sinal do hidrogênio H3 em 7,58 ppm, em 7,47 e 6,80 ppm dois dupletos referentes
aos hidrogênios do substituinte 4-hidroxifenil, em 6,66 e 6,26 os hidrogênios H4 e H6
respectivamente, por fim os sinais referentes as três hidroxilas do composto em
9,18, 9,73 e 10,03 ppm (ARSENYAN et al., 2016).
62
Figura 18 - Espectro de RMN de ¹H do 2-(4-hidroxifenil)benzo[b]selenofeno-5,7-diol
em DMSO-d6 a 400 MHz. Padrão interno: TMS
Fonte: Elaborado pela autora, 2019
O espectro de RMN de ¹³C do composto 6 (Figura 19) comprovou a formação
do produto esperado, através da confirmação do número de carbonos da molécula,
12 sinais, já que existem dois pares carbonos quimicamente equivalentes. Cabe
destacar a ausência dos sinais dos carbonos vinílicos do material de partida, os
quais agora pertencem ao anel contendo o átomo de selênio e apresentam-se em
146,87 e 121,38 ppm.
H2O
DMSO
63
Figura 19 - Espectro de RMN de 13C do 2-(4-hidroxifenil)benzo[b]selenofeno-5,7-diol
em DMSO-d6 a 100 MHz. Padrão interno: TMS
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Já o espectro de RMN de 1H do composto 7, apresentado na Figura 20,
mostra sinais bastante semelhantes ao do composto 6, com exceção de um sinal de
hidrogênio, o qual apresentava-se em 6,66 ppm sendo, neste caso, substituído pelo
átomo de cloro (CAPPERUCCI et al., 2015).
64
Figura 20 – Espectro de RMN de 1H 4-Cloro-2-(4-hidroxifenil)benzo[b]selenofeno-
5,7-diol em DMSO-d6 a 400 MHz. Padrão interno: TMS
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Do mesmo modo, o espectro de RMN de 13C do composto 7 (Figura 21)
comprova a formação do produto esperado, através da confirmação do número de
carbonos da molécula e, principalmente, pela mudança de deslocamento do carbono
4 de 101,94 (no composto 6) para 104,53 ppm devido a presença do átomo de cloro.
Figura 21 - Espectro de RMN de 13C do 2-(4-hidroxifenil)benzo[b]selenofeno-5,7-diol
em DMSO-d6 a 100 MHz. Padrão interno: TMS
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
H2O
DMSO
65
5.3 ESTUDOS DE INTERAÇÃO COM O DNA
Estudos de interação de compostos e ácidos nucleicos são comumente
realizados através de titulações espectrofotométricas na região do ultravioleta-visível
do espectro eletromagnético (MISHRA et al., 2014). Este estudo tem por objetivo
verificar se o composto de interesse interage com o DNA por vias intercalativa ou
pela ligação com os sulcos (MAHADEVAN; PALANIANDAVAR, 1998).
Nesta sessão serão apresentados os resultados obtidos com relação aos
testes de interação de cada composto sintetizado com o ssDNA, onde
primeiramente serão discutidos os testes de estabilidade de cada composto e em
seguida, para cada composto considerado estável, serão apresentados os testes de
interação com suas respectivas constantes de ligação intrínseca (Kb).
5.3.1 Testes de estabilidade dos compostos sintetizados
Dentre os dez compostos que se propôs sintetizar, apenas 5 foram
sintetizados com sucesso, porém, após a análise do espectro de RMN de ¹H,
evidenciou-se que não foi possível purificar totalmente o composto 6, e este
apresentou-se como uma mistura contendo 70% do produto esperado e 30% de
resveratrol, sendo assim, foi possível determinar apenas uma constante intrínseca
aparente (Kbaparente) desta mistura.
Tais compostos foram submetidos ao teste de estabilidade juntamente do
resveratrol (Figura 22), para assim determinar a confiabilidade dos dados para um
posterior teste de interação com o ssDNA.
66
Figura 22 – Resveratrol e compostos sintetizados submetidos ao teste de
estabilidade
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
O teste de estabilidade foi realizado fixando-se para cada composto o
comprimento de onda (λ) na absorvância máxima para o espectro no tempo zero, ou
seja, sem adição de ssDNA, em seguida acompanhou-se o quanto a absorvância
neste ponto variou com o tempo (Figura 23).
Apesar da linearidade do gráfico apresentado na Figura 23 evidenciar a
estabilidade e instabilidade dos compostos, utilizou-se também do cálculo do erro
relativo percentual para reafirmar tais dados. Sendo assim, os compostos 1, 2, 6 e 7
são considerados estáveis uma vez que o erro relativo percentual entre as medições
foi de 2,4%, 1,1%, 5,3% e 0,5% respectivamente. Por outro lado, os compostos 3 e 4
são considerados instáveis uma vez que apresentaram um erro relativo percentual
de 18% e 67% respectivamente.
67
Figura 23 – Resultados dos testes de estabilidade realizados
0 20 40 60 80 100
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
A
bso
rvâ
ncia
(u
.a.)
tempo (min)
Composto 1 (220nm) Composto 2 (220nm)
Composto 3 (221nm) Composto 4 (237nm)
Composto 6 (218nm) Composto 7 (220 nm)
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
5.3.2 Testes de interação com o ssDNA
Os quatro compostos estáveis foram submetidos ao teste de interação com o
ssDNA, cada um dos testes foi realizado em duplicata obtendo-se assim um
resultado com maior confiabilidade.
A concentração de DNA por nucleotídeo foi determinada considerando a
absortividade molar (ε) desta biomolécula em 260 nm como 6600 M-1 cm-
1(NAGARAJ et al., 2014).
As concentrações de cada composto foram ajustadas visando a melhor
visualização de seu espectro no UV-vis, sendo apresentadas na Figura 24.
68
Figura 24 – Concentrações de cada composto e do ssDNA
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Os espectros de cada um dos compostos foram acompanhados na ausência
e na presença de quantidades crescentes de ssDNA e serão ilustrados nas Figuras
25, 26, 27 e 28, bem como seus respectivos tratamentos pelo método de Benesi-
Hildebrand de A0/(A-A0) versus 1/[DNA].
O primeiro espectro de cada composto apresenta seu comportamento em um
meio livre de ssDNA, seguidos dos dados obtidos após adições de ssDNA de
concentração conhecida conforme apresentado na Figura 24.
69
Figura 25–Teste de interação do resveratrol comercial (1) com o ssDNA
a) Variação espectral do composto1 após sucessivas adições de ssDNA. Condições: CH3CN/HEPES 50% v/v; pH 6,99, I = 50 mM (NaCl); 25 oC. b) Regressão linear A0/(A-A0) x 1 / [DNA]. λmáx: 216nm.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
70
Figura 26 – Teste de interação do resveratrol tri-metilado (2) com o ssDNA
a) Variação espectral do composto 2 após sucessivas adições de ssDNA. Condições: CH3CN/HEPES 50% v/v; pH 6,99, I = 50 mM (NaCl); 25 oC. b) Regressão linear A0/(A-A0) x 1 / [DNA]. λmáx: 219 nm
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
71
Figura 27 – Teste de interação da mistura (1 : 2 resveratrol: selenofeno (6) com o ssDNA
a) Variação espectral do composto 6 após sucessivas adições de ssDNA. Condições: CH3CN/HEPES 50% v/v; pH 6,99, I = 50 mM (NaCl); 25 oC. b) Regressão linear A0/(A-A0) x 1 / [DNA]. λmáx: 216nm
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
72
Figura 28 – Teste de interação do selenofeno (7) com o ssDNA
a) Variação espectral do composto 7 após sucessivas adições de ssDNA. Condições: CH3CN/HEPES 50% v/v; pH 6,99, I = 50 mM (NaCl); 25 oC. b) Regressão linear A0/(A-A0) x 1 / [DNA]. λmáx: 218nm
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
73
Observa-se nas Figuras 25a, 26a, 27a e 28a que à medida em que se
adicionam alíquotas de ssDNA, não há uma alteração significativa no valor do λmax
uma vez que o batocromismo observado foi de 4, 8, 4 e 2 nm para os compostos 1,
2, 6 e 7 respectivamente. Desta forma, pode-se presumir que uma das formas de
interação entre os compostos estudados e o ssDNA é pela ligação ao sulco uma vez
que resultados similares foram reportados por Souza e colaboradores (2010).
Para os quatro compostos estudados é observado hipocromismo nas bandas
de absorção destes a cada adição de ssDNA. Ao final dos experimentos, os
compostos 1, 2, 6 e 7 apresentaram um hipocromismo de 19, 21, 15 e 21%,
respectivamente. Tal comportamento é usual para interação por meio de
intercalação. A intensidade do hipocromismo é comumente consistente com a
afinidade da interação de intercalação (LIU, 2002; NIKOLIS; METHENITIS;
PNEUMATIKAKIS, 2003). Neste sentido, é possível afirmar que uma das formas
pela qual tais compostos interagem com o DNA é por vias intercalativas.
A partir dos dados apresentados é possível determinar as constantes de
ligação intrínseca (Kb) de 1,1x103, 8,2x103 e 4,5x104 para os compostos 1, 2 e 7,
respectivamente. Por outro lado, para o composto 6, é possível determinar apenas a
constante de ligação intrínseca aparente (Kbaparente) de 3,1x103 M-1 uma vez que este
não se encontrava puro.
74
75
6 CONCLUSÕES
Com relação aos objetivos propostos para este trabalho, foi possível realizar a
síntese de derivados alquilados do resveratrol, utilizando-se agentes alquilantes com
uma cadeia carbônica de 1, 4 e 8 carbonos. A síntese de derivados contendo um
átomo de selênio em sua estrutura também se mostrou satisfatória com relação à
síntese utilizando o resveratrol como ponto de partida. Por sua vez, a síntese de
derivados alquilados contendo átomos de selênio em sua estrutura não obteve
resultados promissores.
Dentre os compostos sintetizados, dois se mostraram instáveis frente ao teste
de interação com o ssDNA, no entanto, os compostos testados apresentaram
resultados promissores sugerindo que, de maneira geral, interagem com o ssDNA
tanto por vias intercalativas quanto pela ligação com o sulco.
Dentre os compostos sintetizados, é possível determinar que o composto 7
apresentou os melhores resultados com relação aos testes de interação com o
ssDNA, sendo assim, se mostra pertinente explorar diferentes derivados deste afim
de comparar as respostas obtidas.
76
77
7 PERSPECTIVAS
A partir da evidência de que derivados do resveratrol contendo um átomo de
selênio apresentam bons resultados quanto a interação com o ssDNA, se mostra
pertinente dedicar esforços para a síntese de tais derivados alquilados.
Uma vez determinado a impossibilidade da aplicação da síntese de
benzo[b]selenofenos alquilados pelo caminho (b) (Figura 29), sugere-se a rota
sintética proposta pelo caminho (a), onde o a alquilação se dá após a incorporação
do átomo de selênio na estrutura.
Tal resultado deve enriquecer esta pesquisa uma vez que possibilitará a
comparação de numerosas estruturas com relação à sua interação frente ao ssDNA.
Figura 29 - Perspectivas do trabalho
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
78
79
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACERSON et al. A new synthesis of 4’-resveratrol esters and evaluation of the potential for anti-depressant activity. Bioorganic& Medicinal ChemistryLetters. V 23, p.2941–2944, 2013. AFONSO, Margarida S.; FERREIRA, Susana; DOMINGUES, Fernanda; SILVA, Filomena. Resveratrol production in bioreactor: Assessment of cell physiological states and plasmid segregational stability. Biotechnology Reports. V 5, p. 7-13, 2015. AGARWAL, B.; BAUR, J. A. Resveratrol and life extension. Annals of the New York Academy of Sciences. V 1215. p. 138-143. 2011. AHMAD, Nihal; REAGAN-SHAW, Shannon; AFAQ, Farrukh;AZIZ, Moammir Hasan. Modulations of critical cell cycle regulatory events during chemopreventionof ultraviolet B-mediated responses by resveratrol in SKH-1 hairless mouseskin. Oncogene. V 23. p. 5151–5160. 2004. ALVES, Andreia C. L. O resveratrol como molécula anti-envelhecimento. 2015. 69 fl. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) - Faculdade de Ciências e Tecnologias da Saúde, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa. 2015. ARSENYAN, Pavel; LIEPINSH, Edvards; GULBE, Anita; KANEPE-LAPSA, Iveta; PETROVA, Marina; TUROVSKA, Baiba; DOMRACHEVA, Ilona; PAEGLE, Edgars. Natural-Antioxidant-Inspired Benzo[b]selenophenes: Synthesis, Redox Properties, and Antiproliferative Activity. Chemistry Asian Journal. V 11. p. 1929 – 1938. AZIZ, Moammir H.; KUMAR, Raj; AHMAD, Nihal. Cancer chemoprevention by resveratrol: In vitro and in vivostudies and the underlying mechanisms. International Journal of Oncology. V 23. p. 17-28. 2003. BANYDEEN, Rishika; ROSE, Angela M. C.; MARTIN, Damali; AIKEN, William; ALEXIS, Cheryl; ANDALL-BRERETON, Glennis; et al. Advancing Cancer Control Through Research and Cancer Registry Collaborations in the Caribbean. JournaloftheMoffittCancer Center. V 22. p. 520-530. 2015. BARRA, C. V.; NETTO, A. V. G. Interações entre Complexos Antitumorais e o DNA e suas Ferramentas de Análise: um Enfoque nos Metalointercaladores. Revista Virtual de Química.V 7. p. 1998-2016.2015. BAUR, Joseph A.; SINCLAIR, David A. Therapeutic potential of resveratrol : the in vivo evidence.Nature Reviews Drug Discovery.V 5. p. 493–506. 2006. BISCHOFF, G.; HOFFMANN, S. DNA-Binding of Drugs Used in Medicinal Therapies. Current Medicinal Chemistry. V 9. p. 321-348. 2002.
80
Cancer IAfRo. World Cancer Report 2014. International Agency for Research on Cancer; 2014.
Cancer facts and figures 2017. American Cancer Society. Acesso em 18/02/2019. Disponível em: https://www.cancer.org/content/dam/cancer-org/research/cancer-facts-and-statistics/annual-cancerfacts-and-figures/2017/cancer-facts-and-figures-2017.pdf CAO, Jia; CHEN, Guan-Hua; DU, Yu-Shan; HOU, Fang-Fei; TIAN, Yi-Ling. Determination of Dissociation Constants of Resveratrol and Plydatin by Capillary Zone Electrophoresis. Journal of Liquid Chromatografy& Related Technologies. V 29. p. 1457-1463. 2006. CAPPERUCCI, Antonella; TANINI, Damiano; PANZALLA, Lucia; AMORATI, Riccardo; PIZZZO, Elio; NAPOLITANO, Alessandra; MENICHETTI, Stefano; D’ISCHIA, Marco. Resveratrol-based benzoselenophenes with na enhanced antioxidante and chain breaking capacity. Organic& Biomolecular Chemistry. V 13. p. 5757-5764. CARDONA, Fernando; ANDRES-LACUEVA, Cristina; TULIPANI, Sara; TINAHONES, Francisco J.; QUEIPO-ORTUNO, Maria Isabel. Benefits of polyphenols on gut microbiota and implications inhuman health.Journal of Nutritional Biochemistry. V 24. p. 1415-1422. 2013. CASADO, Francisco; TERUEL, Jose A.; CASADO, Santiago; ORTIZ, Antonio; RODRIGUEZ-LOPEZ, Jose N.; ARANDA, Francisco J. Location and effects of an antitumoral catechin on the structuralproperties of phosphatidylethanolamine membranes.Molecules.V 21. p. E-829. 2016. CHACHAY, Veronique S.; KIRKPATRICK, Carl M. J.; HICKMAN, Ingrid J.; FERGUSON, Maree; PRINS, Johannes B.; MARTIN, Jennifer H. Resveratrol - pills to replace a healthy diet? British Journal of Clinical Pharmacology. V 72. p. 27-38. 2011. CHEN; Ching-Huang; LIN, Yi-Wen; ZHANG, Xiuguo; CHOU, Ting-Chao; TSAI, Tsong-Jen; KAPURIYA, Naval; KAKADIYA, Rajesh; SU, Tsann-Long.Synthesis and in vitro cytotoxicity of 9-anilinoacridines bearing N-mustard residue on both anilino and acridine rings. European Journal of Medicinal Chemistry.V 44. p. 3056–3059. 2009. CHEUNG, Sze Y.; DELFABBRO, Paul. Are you a cancer surviver? A neview on cancer identity. Journal of Cancer Survivorship: Research and Practive. V 10. p. 759-771. 2016. COMMODARI, Fernando; KHIAT, Abdesslem; IBRAHIMI, Sanae; BRIZIUS, Alison R.; KALKSTEIN, Noah. Compareison of the phytoestrogen trans-resveratrol (3,4’,5-trihydroxystilbene) structures from x-ray diffraction and solution NMR. Magnetic Resonance in Chemistry.V 43. p. 567-572. 2005.
81
DAS, Joydip; PANY, Satyabrata; MAJHI, Anjoy. Chemical modifications of resveratrol for improved protein kinase C alpha activity. Bioorganic & Medicinal Chemistry. V 19. p. 5321-5333. 2011. DELMAS, Dominique; AIRES, Virginie; LIMAGNE, Emeric; DUTARTRE, Patrick; MAZUÉ, Frédéric; GHIRINGHELLI, François; LATRUFFE, Norbert. Transport, stability, and biological activity of resveratrol. Annals of The New York Academy of Sciences. p. 48-59. 2011. DÍAZ, Galeano T.; MERÁS, Duran I.; RODRíGUEZ, Airado. Determination of Resveratrol in Wine by Photochemically Induced Second-derivative Fluorescence Coupled with Liquid-liquid Extraction. Anal Bioanal Chem. V 387. p. 1999-2007. 2007. EBELER, Susan E.; WEBB, Michael R. Comparative analysis of topoisomerase IB inhibition and DNA intercalation by flavonoids and similar compounds: structural determinates of activity. Biochemical Society. V. 384. p.527-542. 2004. FRANCIOSO, Antonio; MASTROMARINO, Paola; MASCI, Alessandra; D’ERME, Maria; MOSCA, Luciana. et al., Chemistry, Stability and Bioavailability of Resveratrol. Medicinal Chemistry.V 10. p. 237-245. 2014. FUKUHARA, Kiyoshi; MIYATA, Naoki. Resveratrol as a new type of DNA-cleaving agent. Bioorganic & Medicinal Chemistry Letters. V 8. p. 3187-3192. 1998. GAO, Lin; WEI, Xiaohan; WANG, Fei; ZHANG, Bingying. Electrochemical behaviors of resveratrol and its interaction with DNA. Journal of Chinese Chemical Society. V 61. p. 1141-1146. 2014. GARRAWAY, Levi A. Genomics-Driven Oncology: Framework for anEmerging Paradigm. Journal of Clinical Oncology. V 31. p. 1806-1814. 2013. GORAN, Gheorghe V.; PAPUC, Camelia; PREDESCU, Corina N.; NICORESCU, Valentin; STEFAN, Georgeta. Plant Polyphenols as Antioxidant and Antibacterial Agents for Shelf-Life Extension of Meat and Meat Products: Classification, Structures, Sources, and Action Mechanisms. Comprehensive Reviews in Food Science and Food Safety. V 16. p. 1243-1268. 2017. GUISO, Marcella; MARRA, Carolina; FARINA, Angela. A new efficient resveratrol synthesis.Tetrahedron Letters. v. 43, p. 597–598, 2002. HO, Chi-Tang; WANG, Mingfu; JIN, Yi. Evaluation of Resveratrol Derivatives as Potential Antioxidants and Identification of a Reaction Product of Resveratrol and 2,2-Diphenyl-1-picryhydrazyl Radical. Journal of Agriculture & Food Chemistry. V 47. p. 3974-3977. 1999. HANAHAN, Douglas; WEINBERG, Robert A.The Hallmarks of Cancer. Cell. V 100. p. 50-70. 2000.
82
HANAHAN, Douglas; WEINBERG, Robert A. Hallmarks of Cancer: The Next Generation. Cell. V 144. p. 646-674. 2011. JEANDET, Philippe; BREUIL, Anne-Céline D.; BESSIS, Roger; DEBORD, Sylvain; SBAGHI, Mohamed; ADRIAN, Marielle. Phytoalexins from the Vitaceae: Biosynthesis, phytoalexin gene expression in transgenic plants, antifungal activity, and metabolism.Journal of Agriculture & Food Chemistry. V 50. p. 2731-2741. 2002.
KARABIYIK, Hande; SEVINÇEK, Resul; KARABIYIK, Hasan. -Cooperativity effect on the base stacking interactions in DNA: is there a novel stabilization factor coupled with base pairing H-bonds? Physical Chemistry Chemical Physics. V 16. p. 15527. 2014. KOHDA, Chikara; YANAGAWA, Yoko; SHIMAMURA, Tadakatsu. Epigallocatechin gallate inhibits intracellular survival of Listeria monocytogenes in macrophages. Biochemical and Biophysical Research Communications. V 365. p. 310-315. 2008. IGARASHI, Shukuro; TAKAHASHI, Atsushi; TASHIRO, Tomoyasu; KOBAYASHI, Hidetoshi; KUBOTA, Toshio; TAKAGAI, Yoshitaka. Adsorption and desorption properties of trans-Resveratrol on cellulose cotton. Analytical Sciences. V 21. p. 183-186. 2005. KUNDU, Joydeb K.; SURH, Young-Joon. Cancer chemopreventive and therapeutic potential of resveratrol: Mechanistic perspectives. CancerLetters. V 269. p. 243–261. 2008. LARA-OCHOA, Francisco; SANDOVAL-MINERO, Leticia C.; ESPINOSA-PÉREZ, Georgina. A new synthesis of resveratrol. Tetrahedron Letters. V 56. p. 5977-5979. 2015. LEE, Sang Kook; NAM, Kyung Ae; HOE, Yeon Hoi; MIN, Hye-Young; KIM, Eun-Young; KO, Hyojin; SONG, Soyoung; LEE, Taeho; KIM, Sanghee. Synthesis and evaluation of cytotoxicity of stilbene analogues. Arch. Pharm. Res., 2003, 26, 253–257. LEE, Hyun Jung; Seo, Jai Woong; LEE, Bong Ho; CHUNG, Kyoo-Hyun; CHI, Dae Yoon. Syntheses and Radical Scavenging Activities of Resveratrol Derivatives. Bioorganic & Medicinal Chemistry Letters. V 14. p. 463–466. 2004. LIU, J. et al. DNA-binding and cleavage studies of macrocyclic copper(II) complexes. Journal of Inorganic Biochemistry, v. 91, p. 269–2-76, 2002. LÓPEZ-NICOLÁS, José Manuel; GARCÍA-CARMONA, Francisco. Agregation state and pKa values of (E)-Resveratrol as determined by fluorescence spectroscopy and UV-visible absorption. Journal of Agricultural and Food Chemistry. V 56. p. 7600-7605.2008.
83
MANGALAGIU,Ionel I.; TURA, Vasile V.; LUCA, Michaela Catalina C. Considerations concerning design and mechanism of action of a new class of anticancer dual DNA intercalators. Medical Hypoteses. V.75. p. 627-629. 2010. MAYERS, Jared R.;HEIDEN, Matthew G. V. Nature and Nurture: what determines tumor metabolic phenotypes? Cancer Research. V 77. p.3131-3134. 2017. MBELE, Mzwandile M.; HULL, Rodney R.; DLAMINI, Zodwa Z. African medicinal plants and their derivatives: Current efforts towards potential anti-cancer drugs. Experimental and Molecular Pathology. V 103. p. 121-134.2017. MOHAMADI, Maryam; AFZALI, Daryoush; ESMAEILI-MAHANI, Saeed; MOSTAFAVI, Ali; TORKZADEH-MAHANIE, Masoud. Spectroscopic and electrochemical studies of the interaction between oleuropein, the major bio-phenol in olives, and salmon sperm DNA. Spectrochimica Acta - Part A: Molecular and Biomolecular Spectroscopy, v. 148, p. 260–265, 2015. MORAN, Brian W.; ANDERSON, Frankie P.; DEVERY, Aoife; CLOONAN, Stephen; BUTLER, William E.; VARUGHESE, Sunil; DRAPER, Sylvia M.; KENNY, Peter T.M. Synthesis, structural characterisation and biological evaluation of fluorinated analogues of resveratrol. Bioorg. Med. Chem., 2009, 17, 4510–4522. MORENO-MANAS, M.; PLEIXATS, R. A new synthesis of resveratrol, a phytoalexin of Vitis vinifera. Anales de Quimica, Serie C: QuimicaOrganica y Bioquimica. V. 81. p. 157-161. 1985. NAGARAJ, Karuppiah et al. Influence of self-assembly on intercalative DNA binding interaction of double-chain surfactant Co(III) complexes containing imidazo[4,5-f][1,10]phenanthroline and dipyrido[3,2-d:2’-3’-f]quinoxaline ligands: experimental and theoretical study. Dalton Transactions, v. 43, p. 18074-18086, 2014.
NAKAYAMA, Mikio; SUZUKI, Kenji; TODA, Masako; OKUBO, Sachie; HARA, Yukihiko; SHIMAMURA, Tadakatsu. Inhibition of the infectivity of influenza virus by tea polyphenols. Antiviral Research. V 21. p. 289–299. 1993. National Cancer Institute – United States Department of Health And Human Services. Acesso em 18/02/2019. Disponível em https://www.cancer.gov/ NDIAYE, Mary; KUMAR, Raj; AHMAD, Nihal. Resveratrol in cancer management: where are we and where we go from here?Annals of The New York Academy of Sciences. V 1215. p. 144-149. 2011. NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de bioquímica de Lehninger. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010 NIKOLIS, N.; METHENITIS, C.; PNEUMATIKAKIS, G. Studies on the interaction of altromycin B and its platinum(II) and palladium(II) metal complexes with calf thymus DNA and nucleotides. Journal of Inorganic Biochemistry, v. 95, n. 2-3, p. 177-193, 2003.
84
NOGUEIRA, C. W.; ZENI, G.; ROCHA, J. B. T. Organoselenium and Organotellurium Compounds: Toxicology and Pharmacology. Chem. Rev. 2004, 104, 6255. NOTTA et al., A renewed model of pancreatic cancer evolutionbased on genomic rearrangement patterns. Nature. V 538. p. 378-382. 2016 ORALLO, F. Comparative studies of the antioxidant effects of cis-and trans-resveratrol. Current Medicinal Chemistry. V 13. p. 87-98. 2006 ORISINI, Fulvia; PELIZZONI, Francesca; BELLINI, Barbara; MIGLIERINI, Giuliana. Synthesis of biologically active polyphenolic glycosides (combretastatin and resveratrol series). Carbohydrate Research. V 301. p. 95–109. 1997. PAGES, Benjamin J.; ANG, Dale L.; WRIGHT, Elisé P.; ALDRICH-WRIGHT, Janice R. Metal complex interactions with DNA. Dalton Transactions, V 44, n. 8, p. 3505–3526. 2015. PALCHAUDHURI, Rahul; HERGENROTHER, Paul J. DNA as target for anticancer compounds: methods to determine the mode of binding and the mechanism of action. Current Opinion on Biotechnology. V 18. p. 497-503. 2007. PANZELLA, Lucia; TANINI, Damiano; AMORATI, Riccardo; CAPPERUCCI, Antonella; PIZZO, Elio; NAPOLITANO, Alessandra; MENICHETTI, Stefano; D’ISCHIA, Marco. Resveratrol-based benzoselenophenes with enhanced antioxidant chain breaking capacity. Organic & Biomolecular Chemistry.V 13. p. 5757-5764. 2015. PARK, Bong J.; PARK, Jong-Chul; TAGUCHI, Hideaki; FUKUSHIMA, Kazutaka; HYON, Suong-Hyu; TAKATORI, Kosuke. Antifungal susceptibility of epigallocatechin 3-O-gallate (EGCg) on clinicalisolates of pathogenic yeasts. Biochemical and biophysical research communications. V 347. p. 401–405. 2006. PERRIN, D. D.; ARMAREGO, W. L. ''Purification of Laboratory Chemicals'', 3a Edição. Pergamon Press, New York, 1980. PUKSASOOK, Thanchanok; KIMURA, Shinya; TADTONG, Sarin; JIARANAIKULWANITCH, Jutamas; PRATUANGDEJKUL, Jaturong; KIPHATI, Worawan; SUWANBORIRUX, Khanit; SAITO, Naoki; NUKOOLKARN, Veena. Semisynthesis and biological evaluation of prenylated resveratrol derivatives as multi-targeted agents for Alzheimer’s disease. J. Nat. Med., 2017. DOI: 10.1007/s11418-017-1097-2. REAGAN-SHAW, Shannon; MUKHTAR, Hasan; AHMAD, Nihal Resveratrol Imparts Photoprotection of Normal Cells and Enhances the Efficacy of Radiation Therapy in Cancer Cells. PhotochemistryandPhotobiology. V 84. p. 415–421. 2008. RUIZ-AZUARA, Lena; CORTÉS-GUZMÁN, Fernando; GALINDO-MIRULLO, Rodrigo; GARCÍA-RAMOS, Juan Carlos.Metal-Based Drug-DNA Interactions. Journal of Mexican Chemical Society.V 57. p. 245-259. 2013.
85
SHIN, Jung-Sook; CHUNG, Ha-Sook.Antibacterial activities of phenolic components from Camellia sinensis L. on pathogenic microorganisms. Journal of Food Science and Nutrition. V 12. p. 135–140. 2007 SMOLIGA, James M.; BOST, Jeffrey; MAROON, Joseph C.Potential Benefits of Resveratrol Supplementation for Optimizing Health and Preventing Chronic Disease.Anti-Aging Therapeutics. V11. p. 361-368.1997. SIEGEL, Rebecca; MA, Jiemin; ZOU, Zhaohui; JEMAL, Ahmedin. CA Cancer J Clin. V 64. p. 9. 2014. SIRAJUDDIN, Muhammad; ALI, Saqib; BADSHAH, Amin. Drug-DNA interactions and their study by UV-Visible, fluorescence spectroscopies and cyclic voltammetry. Journal of Photochemistry and Photobiology B: Biology, v. 124, p. 1–19, 2013. SONG, Jae-Min; LEE, Kwang-Hee, SEONG, Baik-Lin. Antiviral effects of catechins in green tea on influenza virus. Antiviral Research. V 68. p. 66–74. 2005 STIVALA, Lucia A.; SAVIO, Monica; CARAFOLI, Federico; PERUCCA, Paola; BIANCHI, Livia; MAGA, Giovanni; FORTI, Luca; PAGNONI, Ugo M.; ALBINIL, Angelo; PROSPERI, Ennio; VANNINI, Vanio. Specific structural determinants are responsible for the antioxidant activity and the cell cycle effects of resveratrol. Journal Biological Chemistry. V 276 p. 22586–22594. 2001. TAJMIR-RIAHI, H.A.; BEKALE, L.; MANDEVILLE, J.S.; BOURASSA, P.; N’SOUKPOÉ-KOSSI, C.N. Structural modeling for DNA binding to antioxidants resveratrol, genistein and curumin. Journal of Photocheistry and Photobiology B: Biology. V 151. p. 69-75. 2015. TIMMERS, Silvie; AUWERX, Johan; SCHRAUWEN, Patrick. The journey of resveratrol from yeast to human. Aging. V 4. p. 146-158. 2012. WALLE, Thomas. Bioavailability of resveratrol. Annals of The New York Academy of Sciences. V 1215. p. 9-15. 2011. YANG, Chung. S.; HONG, Jungil. Prevention of chronic diseases by tea: Possible mechanisms and human relevance. Annual Review of Nutrition. V 33. p. 161-181. 2013. YUS, Miguel; ALONSO, Emma; RAMÓN, Diego J. Simple Synthesis of 5-Substituted Resorcinols: A Revisited Family of Interesting Bioactive Molecules. Journal of Organic Chemistry. V 62. p. 417-421. 1997. ZHANG, Ning; YANG, Qifeng. 2009;Primary tumor resection may improve prognosis for nonoperable advancedbreast cancer. Medical Hypotheses. V 73. p. 1058-1059. 2009. ZHANG, Shufang; SUN, Xuejun; JING, Zhihong;QU, Fengli. Spectroscopic analyson the resveratrol-DNA binding interactions at physiological pH.Spectrochimica Acta Part A. V 82. p. 213-216. 2011
86
87
APÊNDICE A – Espectros Selecionados
88
89
Espectro de RMN de ¹H do resveratrol em DMSO-d6 a 400 MHz. Padrão interno: TMS
Espectro de RMN 13C do resveratrol em DMSO-d6 a 100 MHz. Padrão interno: TMS
H2O
DMSO
90
Espectro de RMN de ¹H do (E)-1,3-dimetoxi-5-(4-metoxiestiril)benzeno em DMSO-d6 a 400 MHz.
Padrão interno: TMS
Espectro de RMN 13C do (E)-1,3-dimetoxi-5-(4-metoxiestiril)benzeno em DMSO-d6 a 100 MHz.
Padrão interno: TMS
H2O
91
Espectro de RMN de ¹H do (E)-1,3-dibutoxi-5-(4-butoxiestiril)benzeno em DMSO-d6 a 400 MHz.
Padrão interno: TMS
Espectro de RMN 13C do (E)-1,3-dibutoxi-5-(4-butoxiestiril)benzeno em DMSO-d6 a 100 MHz.
Padrão interno: TMS
H2O
DMSO
92
Espectro de RMN de ¹H do (E)-1,3-octiloxi-5-(4-octoxiestiril)benzeno em CDCl3 a 400 MHz.
Padrão interno: TMS
Espectro de RMN 13C do (E)-1,3-octiloxi-5-(4-octoxiestiril)benzeno em CDCl3 a 100 MHz.
93
Espectro de RMN de ¹H do 2-(4-hidroxifenil)benzo[b]selenofeno-5,7-diol em DMSO-d6 a 400 MHz.
Padrão interno: TMS
Espectro de RMN 13C do 2-(4-hidroxifenil)benzo[b]selenofeno-5,7-diol em DMSO-d6 a 100 MHz.
Padrão interno: TMS
H2O
DMSO
94
Espectro de RMN de ¹H do 4-Cloro-2-(4-hidroxifenil)benzo[b]selenofeno-5,7-diolem DMSO-d6 a 400
MHz. Padrão interno: TMS
Espectro de RMN 13C do 4-Cloro-2-(4-hidroxifenil)benzo[b]selenofeno-5,7-diol em DMSO-d6 a 100
MHz. Padrão interno: TMS
H2O DMSO
Top Related