1
Manual «Modelos de Participação de Jovens»
BePart 2020®
2
Autores
Desenvolvimento liderado pela juventude para a gestão participativa nas escolas — BE PART [Programa
Erasmus+, Comissão Europeia (ação principal: apoio à reforma de políticas; tipo de ação: inclusão social através do ensino, da formação e da juventude)]
Consórcio
Rita Sousa | Andreia Monteiro
Mentortec — Serviços de Apoio a Projetos Tecnológicos,
S.A., Portugal (coordenação)
Ifigenia Georgiadou | Kostas Balaskas | Anastasia Balaska
Action Synergy, Grécia
Enrique Vergara Gasulla
Escola Virolai, Espanha
José Valentim Teixeira | Adelina Silva
Escola Secundária de Paços de Ferreira, Portugal
Elena Silvestrini | Marta Anducas | Olivier Schulbaum | Francesca Campana
Platoniq Sistema Cultural, Espanha
Viktors Litaunieks | Ilze Brice | Daiga Cepurnièce
Valmieras Pargaujas sakumskola, Letónia
Corinna Pertsinidou | Natassa Detsika | Georgia Pritsiouli
2 Gymnasio Geraka, Grécia
Equipa UPORTO/CIIE (coordenação de tarefas)
Rita Manuela de Almeida Barros (investigação de pós-doutoramento)
Carlinda Leite (coordenadora da equipa portuguesa)
Angélica Monteiro
Amélia Lopes
Amélia Veiga
Mariana Rodrigues
Preciosa Fernandes
O apoio da Comissão Europeia à presente publicação não constitui a aprovação dos conteúdos, os quais vinculam apenas o autor, e a Comissão não se
responsabiliza por qualquer utilização que possa ser feita da informação contida na presente publicação (projeto n.º 612175-EPP-1-2019-1-PT-EPPKA3-IPI-SOC-
IN).
Fotografias: Freepik.com
1. INTRODUÇÃO 1
2. O QUE É A PARTICIPAÇÃO LIDERADA PELA JUVENTUDE E QUAL É A SUA IMPORTÂNCIA? 5
3. MODELOS PARTICIPATIVOS QUE PROMOVEM A INCLUSÃO DOS JOVENS 9
4. CENÁRIOS DE PARTICIPAÇÃO E CAPACITAÇÃO LIDERADAS PELA JUVENTUDE 10
5. SUGESTÕES DE AÇÃO: CONSIDERAÇÕES FINAIS 10
REFERÊNCIAS 10
Conteúdo
1
O assunto da participação jovem remete para várias definições, enquadramentos teóricos e
práticas, o que dificulta a seleção de uma definição ou abordagem consensual.
Esta é uma definição possível:
A diversidade dos conceitos de participação depende do foco e do ponto de vista privilegiado. Por
exemplo, se o foco estiver nos direitos humanos, a participação jovem pode ser definida como «o
direito dos jovens de serem incluídos e de assumirem deveres e responsabilidades no quotidiano
ao nível local, bem como de influenciarem democraticamente os processos das suas vidas»
(Boukobza, 1998).
Os modelos da participação jovem incluídos neste manual são a prova da referida diversidade. De
qualquer modo, alguns princípios, baseados nos desafios, na conetividade e nas capacidades da
juventude, podem ser considerados como a garantia de uma participação jovem eficaz em
organizações ou comunidades. Assim, a participação jovem tem de:
* Carta Europeia revista sobre a participação dos jovens na vida local e regional, Congresso dos Poderes Locais e Regionais
do Conselho da Europa, maio de 2003. A definição foi adotada mais recentemente pelo Departamento da Juventude e pela
Direção da Cidadania e Participação Democráticas do Concelho da Europa numa publicação de 2015 (manual «HAVE YOUR
SAY!» sobre a Carta Europeia revista sobre a participação dos jovens na vida local e regional, p. 12).
«A participação na vida democrática de uma comunidade representa mais do que
votar ou concorrer às eleições, embora estes elementos sejam importantes. A
participação e a cidadania ativa relacionam-se com o facto de ter à sua disposição
o direito, os meios, o espaço, a oportunidade e, se necessário, o apoio para
participar e influenciar decisões e para se envolver nas ações e atividades,
contribuindo para uma sociedade melhor.»*
1. Introdução
2
a. Estar disponível para todos os jovens;
b. Ser voluntária;
c. Estar relacionada com as necessidades reais dos jovens;
d. Ser inclusiva em relação a cada contribuição;
e. Ser benéfica para todos os participantes;
f. Oferecer várias formas de participação;
g. Ser sustentada com os recursos necessários;
h. Estar baseada numa parceria real entre jovens e adultos;
i. Ser clara para todos ao nível das suas finalidades e limitações;
j. Ter por base várias políticas e estratégias planeadas no seio das organizações ou
comunidades;
k. Ser agradável.
No contexto escolar, as formas mais comuns de participação jovem são os conselhos de turma ou
escolares, que envolvem, normalmente, os representantes estudantis eleitos. No entanto, algumas
formas de participação parecem ser mais apelativas aos jovens, como as redes de entidades
homólogas, a assinatura de petições, a participação em movimentos sociais, grupos de apoio,
demonstrações culturais e artísticas, reuniões internacionais e, principalmente, a utilização da
Internet e das redes sociais digitais.
3
Existe um reconhecimento cada vez maior das abordagens participativas baseadas em ativos, não só
no domínio da investigação, mas também no contexto das comunidades e das organizações,
incluindo as escolas. A participação jovem tem como finalidade o envolvimento democrático e ativo
dos jovens no seu ambiente social. Apesar deste reconhecimento, a integração das contribuições
dos jovens nas práticas e rotinas das escolas é frequentemente a exceção e não a regra. Os jovens
são muitas vezes vistos como o problema a resolver e não como o recurso ativo a incluir no processo
participativo, incluindo na criação de soluções para abordar os problemas das escolas. Os domínios
relevantes da gestão escolar e das decisões curriculares e pedagógicas estão particularmente
fechados à participação dos estudantes.
O manual «Modelos de participação de jovens» (Models of Youth Participation, MYP), um resultado
do projeto BE PART — Desenvolvimento liderado pela juventude para a gestão participativa nas
escolas (contrato de subvenção n.º 612175-EPP-1-2019-1-PT-EPPKA3-IPI-SOC-IN), pretende
explorar o desenvolvimento liderado pela juventude na gestão participativa das escolas. Para
descrever o processo de envolvimento num ambiente escolar real, os parceiros do projeto
propuseram estes modelos da participação jovem e também realizaram entrevistas com os diretores
das escolas dos respetivos países, tendo em conta as especificidades e/ou a diversidade do contexto,
as atividades e os aspetos positivos e negativos da participação dos alunos da escola. Os modelos
foram organizados por períodos, de acordo com a sua data de publicação/disseminação (capítulo 3).
A recolha de dados, orientada por um guião de entrevistas, foi alvo de uma análise qualitativa que
permite a apresentação da cocriação liderada pela juventude e de cenários participativos e
capacitativos na secção escolar (capítulo 4). Em particular, a participação dos alunos nas atividades
de gestão e na tomada de decisões na escola foi explorada tendo em conta as contribuições de
Crowley e Moxon (2017) e foi ilustrada com excertos retirados de entrevistas com os diretores das
escolas. Todos estes dados permitem definir sugestões de ações, um conjunto de recomendações
práticas que podem ser utilizadas como um guia para alunos e professores no processo de
implementação do projeto (capítulo 5).
A mudança de um pensamento centrado nos adultos para um desenvolvimento
liderado pela juventude no que toca à participação das escolas, requer o aumento
de relações de igualdade entre alunos e outros agentes escolares, o estímulo da
expressão das opiniões dos jovens e a apreciação das suas perspetivas e
experiências reais.
No entanto, por que motivo é que a participação dos estudantes é fraca e, em
muitos casos, disfarçada de formas simuladas de participação, como a
manipulação ou o tokenismo?
Os sistemas escolares têm receio da radicalização da juventude ou
do surgimento de sentimentos antirracistas?
4
Estrutura do manual O manual apresenta uma exploração concetual de modelos participativos de liderança e capacitação
da juventude para responder às seguintes questões: o que é o desenvolvimento liderado pela
juventude na gestão participativa das escolas? Qual é a importância do desenvolvimento liderado
pela juventude na gestão participativa das escolas?
Uma outra secção consiste na descrição de um conjunto de 28 modelos da participação jovem,
identificado pelos parceiros.
A secção «Cocriação liderada pela juventude e cenários participativos e capacitativos nas escolas»
apresenta várias formas através das quais os alunos participam nos processos de tomada de decisões
nas escolas e descrevem atividades e tarefas que materializam o processo participativo num contexto
real.
Sugestões de ação e recomendações práticas concluem o Manual.
5
A participação dos alundos na organização e gestão escolares tem impacto nos resultados da
educação para a cidadania. Por isso, a participação é fundamental para uma aprendizagem eficaz da
educação para a cidadania e para desenvolver atitudes e capacidades transversais essenciais, como
a expressão de opiniões, a negociação, a resolução de conflitos, o pensamento crítico, a análise de
informação, ter a coragem de defender um ponto de vista, o respeito e a tolerância e a vontade de
ouvir e defender os outros (Citizenship Foundation, 2006).
A liderança com a participação da juventude baseia-se no axioma «nada acerca de nós, sem nós»
(Libby, Rosen e Sedonaen, 2005) e atribui novos papéis aos jovens presentes em organizações,
permitindo-lhes desafiar os papeis tradicionais que lhe são conferidos.
Foram criados vários modelos da participação jovem com diferentes tipologias e graus de
participação jovem para a promover. Independentemente da sua maior ou menor complexidade,
estes modelos idealizam hierarquias da participação, mas não têm em conta os padrões culturais,
políticos ou éticos que podem ter impacto nos processos participativos (Cahill e Dadvand, 2018).
Os alunos identificaram os traços dos líderes: «consideração, prestabilidade, capacidade de seguir
direções/regras importantes, ter uma atitude positiva, ser capaz de criar mudanças positivas nas
vidas das pessoas, ser simpático, enérgico, respeitoso, trabalhador, inteligente, de confiança,
Princípios do desenvolvimento liderado pela juventude*:
a juventude define os seus próprios objetivos de desenvolvimento,
a juventude possui um espaço social e físico para participar no desenvolvimento e ser
regularmente consultada,
a mentoria dos adultos e de pares é incentivada,
os jovens são considerados modelos que devem ajudar outros jovens a se envolverem no
desenvolvimento,
a juventude é incluída em todos os programas e quadros de desenvolvimento locais e
nacionais.
* UN-HABITAT (2012)
2. O que é a participação
liderada pela juventude e qual é
a sua importância?
6
destemido, corajoso e criativo» (Shosh, 2019, p. 406).
Práticas da participação dos alunos
Um enquadramento analítico para uma análise mais holística das práticas participativas oferece
dimensões e conceitos fundamentais no estudo e avaliação da participação dos alunos na escola
(Pérez-Expósito, 2015), o qual se encontra resumido da figura 1:
7
Domínios:
A tomada de decisões vinculativa está relacionada com a gestão da escola, com as decisões
curriculares e pedagógicas e com a definição dos problemas da comunidade, permitindo aos alunos
tomarem decisões sobre o projeto académico da escola e respetivos objetivos e procedimentos, para
utilizarem os recursos e o orçamento da escola, participarem nas reuniões da direção e dos
professores, avaliarem o desempenho da escola, estabelecerem políticas e regras para a organização
do funcionamento da escola, participarem na definição estratégica da resolução de conflitos,
enquanto construção de conhecimento e resolução dos problemas da comunidade e, por último,
participarem na divulgação e construção da sua identidade no seio da escola.
Agências:
As agências são espaços e organizações mais ou menos formais, onde ocorre a participação.
Algumas possuem regulamentos legais ou predefinidos (por exemplo, os concelhos) e outras, como
os clubes de estudantes, possuem uma organização horizontal e flexível.
Repertórios:
A Internet e as redes sociais, ou mesmo as encenações dramatúrgicas e outros tipos de expressão
artística, facilitam a partilha dos seus pontos de vista sobre os problemas da escola.
Qualidade da participação dos alunos:
A participação não é tudo e é importante determinar a sua qualidade, a qual resulta da inter-relação
de três componentes: a autenticidade, a autonomia e a eficácia. A autenticidade refere-se ao
conhecimento e sensibilização dos alunos sobre a participação, os seus conteúdos, objetivos, nível
de resultados e impactos. A autenticidade e a autonomia são dimensões inter-relacionadas, uma vez
que a participação depende do grau de controlo dos alunos sobre as várias fases do processo
participativo em relação aos seus interesses. Por fim, a eficácia da participação dos alunos resulta da
crença interna na sua capacidade de fazerem a diferença na escola e do sentimento de que as
autoridades da escola irão considerar as suas propostas.
8
As abordagens participativas baseadas em ativos são recomendadas através dos processos de
capacitação e cocriação. A cocriação e a capacitação são o centro dos desenvolvimentos atuais das
pedagogias flexíveis. A colaboração participativa deriva principalmente da cocriação e a implicação
mais relevante da cocriação nos alunos é o aumento da satisfação (Ribes-Giner et al., 2016). «(…) A
cocriação está diretamente relacionada com o ser e o agir, com a razão e a emoção, com o
pensamento e a ação, não enquanto ações separadas, mas enquanto algo intrínseco ao ser humano
numa relação» (Taylor e Bovill, 2018.p. 126). A cocriação é uma prática personificada, integrada e
relacional que, inter-relacionada com a capacitação, promove a sociabilidade e a geração mútua da
ação e do significado da ação.
A capacitação não é apenas uma construção psicológica, como outras, como a autoestima, a
autoeficácia ou o controlo localizado. É, normalmente, definida como um processo contínuo de
aumento do poder pessoal, interpessoal ou político para agir de modo a melhorar situações da vida.
A capacitação engloba recursos, intencionalidade e compreensão de como agir. No contexto da
escola, através da capacitação, os alunos podem aumentar o controlo pessoal, social, económico e
político que têm sobre as suas vidas, participar democraticamente na vida escolar e, ao mesmo
tempo, criar uma visão pessoal e crítica do ambiente escolar. O desenvolvimento do respeito mútuo,
da reflexão crítica, do sentimento de pertença e da participação do grupo é a base de uma maior
acessibilidade e controlo sobre recursos valorizados, especialmente para os jovens que se encontram
em situações de desvantagem e que acreditam que não têm qualquer controlo sobre as suas vidas.
A capacitação e a cocriação são processos inter-relacionados e oferecem aos alunos uma maior
margem para que sejam intervenientes educativos.
9
3. Modelos participativos que
promovem a inclusão dos
jovens
Estes modelos encontram-se devidamente descritos na literatura e em vários estudos, artigos e livros.
Todos podem ser aplicados quer num espaço físico (na escola) ou num ambiente online, através das
redes sociais, por exemplo.
Antes de escolher um modelo ou uma combinação de modelos, é preciso pensar no seguinte:
1) Que tipo de poder terão os jovens na tomada de decisões?
2) Quem serão os indivíduos líderes/facilitadores?
3) Irão os jovens decidir que problemas abordar ou que projetos
desenvolver?
4) Irão os jovens escolher as táticas a utilizar para implementar o projeto?
5) Irão os jovens definir os objetivos do projeto?
6) Em que tipo de atividades participarão e que tipo de atividades serão
organizadas/disseminadas?
Com isto em mente, poderemos ter de definir os passos a seguir em relação à participação jovem
em três níveis:
1. Compromisso organizacional/escolar
O pessoal de apoio na participação jovem
Realizar uma apresentação ao pessoal sobre os benefícios da participação jovem na
escola/comunidade?
Afetação de recursos
É necessário um orçamento?
Oferecer papéis reais e problemas relevantes aos jovens
Como podemos envolver os jovens (experiência e interesses) nos problemas/decisões?
Valorizar a contribuição dos jovens
Como podem as contribuições dos jovens ser reconhecidas e a sua participação celebrada?
10
Envolver os jovens do início ao fim do processo
Como podemos envolver os jovens no desenvolvimento dos objetivos e na avaliação do projeto?
2. Criar espaço para o envolvimento dos jovens
Reconhecer as crenças e valores culturais dos jovens
Como podemos despertar o seu interesse e reter os jovens de diferentes contextos culturais?
Convidar uma grande diversidade de jovens a participar
Pedir o parecer dos «alunos chave» sobre como incluir os jovens que, normalmente, não se
envolvem?
Garantir que as oportunidades de participação estão ao seu alcance
Quais serão o momento e o local ideais para consultar os jovens na nossa escola?
Informar os jovens das oportunidades e que não são obrigados a participar
Disponibilizamos informações valiosas aos jovens sobre os compromissos e expectativas do seu
envolvimento?
Reconhecer que a participação é benéfica para os jovens
O que é que os jovens poderão retirar do seu envolvimento nas oportunidades de participação
abertas aos jovens?
3. Criar um ambiente propício aos jovens
Construir relações positivas entre a nossa escola e os jovens
Que oportunidades poderão ter os jovens em relação aos principais decisores políticos na nossa
escola?
Desenvolver um sentimento de pertença e de segurança nos jovens
Que tipo de ações pode a nossa escola tomar para desenvolver a confiança?
Criar uma participação jovem divertida e desafiante
Que tipo de quebra-gelos e aquecimentos podemos utilizar em atividades do focus group?
Oferecer aos jovens informações sobre os problemas e os processos de tomada de
decisões
Que tipo de informação, orientação e formação poderemos ter de oferecer para ajudar os jovens
a desenvolver opiniões informadas e incentivar a sua total participação?
Oferecer aos jovens feedback atempado sobre o processo de tomada de decisões e
a forma como as suas contribuições foram utilizadas
Como poderemos manter os jovens atualizados e informados em relação ao processo de
tomada de decisões?
11
Isto leva-nos aos dez princípios da construção de comunidades:
Princípio Explicação
Finalidade Uma comunidade existe porque os membros partilham uma finalidade comum,
a qual apenas pode ser atingida em conjunto.
Identidade Os membros podem identificar-se mutuamente e construir relações.
Reputação Os membros constroem uma reputação com base nas opiniões expressas em
relação aos outros.
Gestão Os facilitadores e membros da comunidade atribuem-se mutuamente deveres
de gestão, permitindo o crescimento da comunidade.
Comunicação Os membros devem ser capazes de interagir uns com os outros.
Grupos Os membros da comunidade agrupam-se de acordo com interesses específicos
ou tarefas específicas.
Ambiente Um ambiente sinérgico permite que os membros da comunidade atinjam a sua
finalidade.
Limites A comunidade conhece o motivo da sua existência e o que existe dentro e fora
da mesma.
Confiança A confiança entre os membros e nos facilitadores da comunidade aumenta a
eficácia do grupo e permite a resolução de conflitos.
Partilha A comunidade reconhece formas de partilha de valores, como o conhecimento,
experiência, apoio, permutas ou dinheiro.
Expressão A própria comunidade possui uma «alma» ou «personalidade». Os membros
sabem o que os outros membros da comunidade estão a fazer.
História A comunidade deve registar os eventos passados e reagir e mudar em resposta
aos mesmos.
12
Tendo em consideração a informação e os princípios apresentados acima, consulte o seguinte
esquema de tomada de decisões para o ajudar a escolher os modelos que podem ser
implementados na sua escola, considerando os seus interesses na participação liderada pela
juventude.
13
14
Os 28 modelos da participação jovem apresentados neste capítulo foram
selecionados pelos parceiros do BE PART. A abordagem inovadora à participação
jovem concebida no decorrer do projeto e a implementação de todas as iniciativas
serão baseadas em alguns dos modelos da participação jovem integrados neste
capítulo.
Os modelos foram organizados por períodos, de acordo com a sua data de
publicação/disseminação. Em cada um destes períodos, a apresentação destes
modelos foi organizada por ordem alfabética do nome do modelo. Esta seleção
reflete os vários enquadramentos teóricos e as várias práticas apresentadas abaixo.
13
1. Graus de participação (Degrees of participation) — Phil Treseder (1997)
2. Escala da participação infantil (Ladder of children participation) — Roger Hart
(1992)
DE 1
99
2
A 1
99
9
15
1) Graus de participação (Degrees of participation) — Phil Treseder (1997)
Este modelo baseia-se em cinco condições que devem ser satisfeitas para alcançar a participação
e a capacitação jovens. Os jovens precisam de ter acesso a informação para tomarem decisões
reais. Devem ser apoiados por uma pessoa independente, não só para desenvolverem a
capacitação, as também para se manifestarem caso algo não corra bem.
As principais componentes do modelo foram concebidas como graus de participação:
atribuída, mas informada,
consultada e informada,
decisões iniciadas por adultos partilhadas com crianças,
decisões iniciadas por crianças partilhadas com adultos,
iniciadas e orientadas por crianças.
Não existe uma hierarquia progressiva nem uma sequência particular na qual a participação
deva ser sempre desenvolvida. Os jovens precisam de ser capacitados e orientados por alguém
independente e de confiança para alcançarem uma forma de participação total.
Embora não existam limites à participação jovem, a influência dos adultos neste modelo da
participação é decisiva.
Consulte informação mais aprofundada em:
https://www.ungdomogfritid.no/wp-content/uploads/Participation-handbook.pdf
DE 1
99
2
A 1
99
9
Como aplicar este quadro na sua escola?
Questões:
1) A sua escola está pronta para trabalhar no envolvimento dos
jovens na gestão da escola?
2) Os jovens têm acesso às pessoas que estão no poder?
3) Têm acesso a informação relevante?
4) Podem fazer uma escolha entre várias opções?
5) Contam com o apoio de alguém de confiança e independente?
Se sim, então verifique o método e implemente-o na sua escola.
16
2) Escala da participação infantil (Ladder of children participation) — Roger Hart (1992)
Este modelo foi construído com base no modelo de Sherry Arnstein (1969) para desenvolver uma
escala da participação jovem. Estabelece cinco graus de participação, organizados
hierarquicamente:
1) Atribuída, mas informada;
2) Consultada e informada;
3) Decisões iniciadas por adultos partilhadas com crianças;
4) Iniciadas e orientadas por crianças;
5) Decisões iniciadas por crianças partilhadas com adultos.
Com base no pressuposto de que, mesmo nas fases iniciais do desenvolvimento humano, os
indivíduos descobrem o seu poder de influenciar o curso dos eventos da sua vida, este modelo
apresenta os passos em níveis democráticos de participação numa escala da participação jovem.
Este é o pressuposto que apoia o aumento gradual de oportunidades para que os jovens
participem democraticamente em diferentes domínios públicos: escola, grupos comunitários,
outras organizações ou grupos informais. Este modelo destaca o papel dos adultos no processo
participativo, mesmo no nível de participação mais elevado.
Consulte informação mais aprofundada em:
https://www.ungdomogfritid.no/wp-content/uploads/Participation-handbook.pdf
Como aplicar este quadro na sua escola?
Questões:
Acredita que o seu país é um país democrático? Encontra alguma razão para aumentar as
oportunidades de participação infantil numa aspiração à democracia? Os seus alunos
conseguem falar por si mesmos? Que papel desempenham os jovens na tomada de
decisões na gestão da sua escola? É-lhes solicitado que participem ou podem iniciar
projetos?
Para ter a possibilidade de partilhar ou iniciar decisões com adultos, analise este modelo,
veja em que ponto se encontra e vá avançando na escala.
DE 1
99
2
A 1
99
9
17
DE 2
00
0 A
20
05
1. Quadro da participação digital (E-Participation Framework) — Nações Unidas (2003)
2. Modelo de cinco etapas da participação online (Five stages model of online
participation) — Gilly Salmon (2000)
3. Escala da participação voluntária (Ladder of Volunteer Participation) — Adam
Fletcher (2003)
4. O percurso da participação (Pathway to participation) — Harry Shier (2001)
5. Quadro RMSOS (RMSOS Framework) — Concelho da Europa (2003)
6. Os sete domínios da participação (Seven realms of participation) — Francis e Lorenz
(2002)
7. Uma abordagem estratégica à participação (A strategic approach to participation) —
UNICEF (2001)
8. Modelo de participação de Trilla e Novella (Trilla and Novella Participation Model)
— Trilla e Novella (2001)
9. Continuum do envolvimento jovem (Youth Engagement Continuum) — FCYO,
Funders’ Collaborative on Youth Organizing (2003)
18
1) Quadro da participação digital (E-Participation Framework) — Nações Unidas (2003)
Com base no modelo de participação da OCDE, as Nações Unidas desenvolveram este quadro
da participação digital, que pode ser considerado tanto um processo quanto uma escala da
participação. A participação digital é sustentada por ferramentas digitais e permite uma
estreita colaboração em processos envolvidos no governo e na gestão, incluindo a
administração, as prestações de serviços, a tomada de decisões e a formulação de políticas.
A coprodução de políticas e serviços públicos envolve três passos sequenciais:
1) Informação digital: permitir o acesso do cidadão a tudo o que precisa de
saber sobre um tópico específico, disponibilizando toda a informação
necessária;
2) Consulta digital: permitir aos cidadãos fazerem parte das deliberações
relativas às decisões que serão tomadas em relação às políticas e serviços
públicos;
3) Tomada de decisões digital: incluir os cidadãos na cocriação de políticas e
serviços públicos.
A implementação bem-sucedida de um processo de participação digital significa a realização
das seguintes três ações online:
1) Sensibilizar os alunos sobre o tópico no qual será solicitado o seu parecer
(os dados abertos devem ser: completos, primários, atempados, acessíveis,
legíveis eletronicamente, não discriminatórios, não proprietários e sem
licença);
2) Permitir o debate entre alunos de forma neutra e livre para gerar um
debate rico;
3) Capacitar os alunos oferecendo-lhes a possibilidade de expressar a sua
preferência em relação à decisão final (este é o passo que mais capacita
os alunos, uma vez que é aqui que integram o processo de tomada de
decisões, não se limitando a participar no debate).
DE 2
00
0
A 2
00
5
Como aplicar este quadro na sua escola?
Para aplicar este quadro, precisa de uma plataforma digital de participação, como a Decidim
(https://decidim.org). Esta plataforma oferece componentes que apoiam as três etapas do
processo. Em primeiro lugar, terá de instalar a plataforma e escolher o tópico sobre o qual
os alunos irão tomar uma decisão. Em seguida, planifique as atividades, as componentes
digitais e a duração de cada fase com os alunos. Tenha em conta que a participação é mais
abrangente e rica quando realizada offline em combinação de atividades digitais.
19
Consulte informação mais aprofundada em:
https://www.citizenlab.co/blog/e-government/framework-will-make-you-
understand-e-participation/
20
2) Modelo de cinco etapas da parti pação online (Five stages model of online participation) — Gilly Salmon (2000)
Este modelo, concebido para a construção de comunidades online, inclui princípios
fundamentais que foram implementados em todo o mundo para permitir formas totalmente
colaborativas de aprendizagem e participação. As novas tecnologias oferecem uma forma
genuinamente nova de alcançar pessoas, apoiando a sua participação e oferecendo respostas,
resoluções e recompensas em tempo real. Na participação jovem, ocorre tanto uma mudança
de atitudes e comportamentos despoletada pela tecnologia quanto uma disponibilização de
ferramentas e redes para que as suas vozes sejam ouvidas e levem a mudanças nos problemas
que são do seu interesse. O pressuposto colaborativo do modelo, permite a sua transposição
para a questão da participação jovem. A participação em comunidades online pode ser
integrada na gestão do conhecimento e da cidadania ativa por parte da juventude. Os
participantes devem ser apoiados por um processo de desenvolvimento estruturado, fazendo
parte de uma comunidade cujos membros comuniquem principalmente online: as atividades
digitais baseiam-se grandemente na compreensão dos materiais por meio de interações com os
pares e moderadores digitais. Todas as etapas do modelo incluem uma resposta às mensagens
de outros para começarem a construir a participação.
As etapas do modelo são as seguintes:
Etapa 1
Acesso e
motivação
Nesta etapa, os participantes são incentivados a aderir à comunidade.
Compreendem os benefícios que irão ganhar com a respetiva adesão e
estão curiosos sobre as outras pessoas que irão conhecer e as atividades
que serão organizadas.
Etapa 2
Socialização
online
Os participantes da comunidade trazem consigo a sua bagagem,
ansiedades, esperanças e experiências. Os participantes vivem a
socialização online e criam a base da sua própria microcomunidade.
Etapa 3
Troca de
informação
Os participantes envolvem-se numa troca de informação e realizam
tarefas cooperativas. Interagem com o moderador digital, mas ganham
cada vez mais confiança e interagem cada vez mais com os pares do
grupo de aprendizagem.
Etapa 4
Construção do
conhecimento
Os participantes assumem o controlo da sua aprendizagem. Participam
na construção do conhecimento da comunidade. O moderador digital
oferece orientação, mas os participantes aprendem principalmente uns
com os outros.
Etapa 5
Desenvolvimento
Os participantes podem desenvolver as ideias geradas através das suas
atividades digitais e aplicá-las e integrá-las no seu contexto.
DE 2
00
0
A 2
00
5
21
Consulte informação mais aprofundada em: https://www.gillysalmon.com/five-stage-model.html
Como aplicar este quadro na sua escola?
Atividades: Os alunos podem criar uma comunidade online entre si próprios e/ou com os alunos de
outras escolas e, também, criar cartazes online e outras campanhas online, utilizando
ferramentas colaborativas online, sobre questões sociais e outros problemas relevantes para
a comunidade escolar. Podem criar vídeos que poderão carregar para o canal de YouTube
e para a página de Facebook da escola, onde todos poderão deixar o seu comentário.
Questões:
1) Os professores apoiam a utilização de ferramentas colaborativas digitais
(ferramentas Web 2.0)? De que formas?
2) A escola apoia a utilização de redes sociais? A escola tem, por exemplo, um canal
de YouTube? Os alunos carregam vídeos para o mesmo? Recebem comentários
sobre os vídeos?
3) Os professores apoiam a utilização de grupos de alunos no
Messenger/Viber/WhatsApp?
4) De que forma os alunos tomam decisões sobre a gestão da escola utilizando
ferramentas online?
5) De que forma podem os papéis do facilitador e dos alunos darem as mãos e
estarem em harmonia em termos de maturidade e alcance de objetivos?
6) Ferramentas?
7) De que forma podem os papéis do facilitador e dos alunos darem as mãos e
estarem em harmonia em termos de maturidade e alcance de objetivos?
DE 2
00
0
A 2
00
5
22
3) Escala da participação voluntária (Ladder of Volunteer Participation) — Adam Fletcher (2003)
A finalidade deste modelo é fazer do voluntariado um mecanismo relevante e intencional para
a democracia e para as comunidades sustentáveis de hoje e, ao fazê-lo, criar uma sociedade
vibrante e objetiva no futuro. A escala da participação voluntária foi desenvolvida no
entendimento de que o voluntariado deve ser emancipatório para todos os stakeholders
envolvidos — o voluntariado e, também, a comunidade. É desta forma que este modelo
representa a sua visão da democracia e da comunidade — uma participação orientada para
todos (conforme exemplificado pelo projeto The Freechild). Os indivíduos e as organizações
podem aplicar este modelo para começar a pensar sobre a forma como os voluntários de todas
as idades podem ser integrados como participantes capazes e objetivos na sociedade. Esta
escala não é uma ferramenta estática que se destina a descrever programas inteiros ou toda a
experiência dos indivíduos. Em vez disso, destina-se a ajudar os indivíduos a identificarem o
ponto em que se encontram no seu percurso de voluntariado e as suas aspirações em relação
ao mesmo. Os indivíduos podem estar em vários pontos da escala ao mesmo tempo e as
organizações podem envolver vários voluntários de forma diferente para satisfazerem as suas
necessidades. Estes projetos capacitam os membros da comunidade enquanto lhes permitem
ter acesso aos e aprender com os voluntários mais experientes.
DE 2
00
0
A 2
00
5
Como aplicar este quadro na sua escola?
Atividades: Finalidade: fazer do voluntariado um mecanismo relevante e intencional para a democracia
e para as comunidades sustentáveis de hoje e, ao fazê-lo, criar uma sociedade vibrante e
objetiva no futuro.
Atividades: debate entre os alunos sobre as várias formas de fazer voluntariado e aliviar a
dor. Por exemplo, decidirem recolher alimentos e roupa para mercearias sociais e para
efeitos de intercâmbio social. Decidem agir em favor das crianças mais desfavorecidas e de
pessoas com necessidades especiais. Elaboram um plano de ação sobre a organização
destas atividades de voluntariado, tendo em conta todos os passos da escala da
participação voluntária e sobre a forma como podem cooperar com a sua escola e outras
organizações relevantes.
Questões:
1) A sua escola apoia o voluntariado? Que tipo de voluntariado?
2) Que papel desempenham os alunos na tomada de decisões relativas ao
voluntariado?
3) Os pais apoiam estas iniciativas?
4) De que forma difundem os alunos o impacto do voluntariado na sociedade local?
5) Inspiram os seus pares?
6) Como podem os voluntários evitar serem manipulados ou tokenizados?
7) Como se podem os stakeholders envolvidos emancipar?
23
Consulte informação mais aprofundada em:
https://adamfletcher.net/purpose-empowerment-and-the-experience-of-volunteerism-in-
community/
24
4) O percurso da participação (Pathway to participation) — Harry Shier
(2001)
O percurso da participação é um modelo que prevê níveis de participação hierarquicamente
organizados:
1. As crianças são ouvidas;
2. As crianças são incentivadas a expressar os seus pontos de vista;
3. Os pontos de vista das crianças são tidos em consideração;
4. As crianças estão envolvidas no processo de tomada de decisões;
5. As crianças partilham do poder e das responsabilidades na tomada de
decisões.
Para além dos níveis e percursos de participação, o modelo engloba três etapas de compromisso:
1) aberturas — uma abertura ocorre quando você ou a sua equipa estão prontos para e dispostos
a trabalhar a este nível; 2) oportunidades — uma oportunidade ocorre quando dispõe das
capacidades e recursos necessários para poder trabalhar a este nível; 3) obrigações — uma
obrigação é estabelecida quando a política aceite pela organização requer que trabalhe a este
nível.
À medida que os níveis aumentam, a intensidade do compromisso e as alterações no equilíbrio
do poder também aumentam incrementalmente.
Este modelo é, na verdade, uma ferramenta prática de planificação e avaliação. Ajuda os adultos
a identificar o nível dos termos de participação da criança em cinco níveis. Em relação aos adultos,
o modelo mostra que estes poderão não estar prontos a partilhar o poder com os jovens, pelo
que também precisam de ser capazes de mudar o seu modelo de vida. Este modelo é sustentado
por alguns princípios, que podem ser abordados das seguintes formas:
1) Não podemos capacitar os outros, mas podemos contribuir para que a
capacitação ocorra;
2) Podemos compreender a exclusão e a discriminação e organizar-nos
solidariamente para fazermos face às mesmas;
3) Podemos facilitar uma interação dinâmica entre os espaços de segurança
das crianças e os espaços de ação dos adultos, nos quais são tomadas as
decisões;
4) Podemos apoiar (e oferecer recursos) às crianças para que atuem sobre
as questões que lhes dizem respeito, bem como as questões que nos
dizem respeito.
DE 2
00
0
A 2
00
5
25
Consulte informação mais aprofundada em:
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/chi.617 e
https://ucc.dk/sites/default/files/pathways_to_participation.pdf
Como aplicar este quadro na sua escola?
Questões:
1) Qual é o papel que os alunos têm atualmente nos projetos de gestão da escola?
2) Qual é a posição da sua escola quanto às aberturas para a cooperação e às
oportunidades de cooperação?
3) Atribui obrigações a ambos os lados?
4) Precisa de uma ferramenta prática para a planificação da participação?
5) Tem em prática um sistema de avaliação para medir o envolvimento dos alunos na
cooperação entre crianças e adultos?
Este modelo oferece-lhe uma ferramenta prática de planificação e avaliação a aplicar no
processo participativo.
DE 2
00
0
A 2
00
5
26
5) Quadro RMSOS (RMSOS Framework) — Concelho da Europa (2003)
O quadro RMSOS aborda cinco fatores principais que devem estar presentes para que ocorra uma
participação significativa por parte dos jovens. Estes elementos
integram uma abordagem holística ao envolvimento jovem e são:
Right (direitos), Means (meios), Space (espaço), Opportunity
(oportunidades) e Support (apoio).
DIREITOS: a juventude deve promover ativamente os seus
direitos, incluindo o seu direito implícito à participação.
MEIOS: para incentivar o envolvimento dos jovens, é necessário
garantir que as suas necessidades básicas são satisfeitas. Estas
incluem uma segurança social suficiente, ensino, alojamento,
cuidados de saúde, transporte, conhecimento especializado e
acesso à tecnologia.
ESPAÇO: os jovens precisam de um espaço físico para se encontrarem, mas também de espaço
para participarem no quadro institucional da formulação de políticas. Isto significa que os pontos
de vista, recomendações e conclusões dos jovens devem ter um impacto real nas decisões
tomadas.
OPORTUNIDADES: a juventude tem de poder aceder facilmente a informação sobre como se pode
envolver, que oportunidades estão disponíveis e onde se encontram essas oportunidades, para
que possam tomar decisões informadas sobre o seu envolvimento. Os eventos e os processos e
sistemas de tomada de decisões têm de ser adequados aos jovens e é necessário garantir que os
jovens têm a oportunidade de participar, ou seja, que têm tempo livre suficiente e acesso a
estruturas de apoio.
APOIO: os jovens possuem muito talento e potencial para participarem, mas sem o apoio
necessário, o seu envolvimento pode não ser tão eficiente quanto poderia. Deverão ter acesso a
várias formas de apoio: financeiro, institucional, moral e aconselhamento. A instituição ou
comunidade tem de apoiar e reconhecer a importância e a contribuição da participação jovem,
não apenas dos jovens, mas também das autoridades públicas e da sociedade em geral.
Como aplicar este quadro na sua escola?
Questões:
1) Que papel desempenham os jovens na tomada de decisões na gestão da sua
escola?
2) Quais são os meios mais importantes de que os jovens precisam no seu contexto
local para que possam participar plenamente num projeto de gestão da escola?
3) De que forma podem os jovens ter um impacto real no resultado das decisões que
influenciam a sua vida educativa? De que forma é que a sua escola capacita os
jovens a expressarem os seus pontos de vista, opiniões, desejos e preocupações
sobre o desenvolvimento do processo?
4) Quais são as oportunidades de participação jovem na sua escola? De que forma(s)
dá o seu processo aos jovens a oportunidade de praticarem a democracia e a
cidadania? Que tipo de jovens pode participar? Estes jovens já ocupam posições de
liderança?
5) De que forma apoia a sua escola a participação dos jovens? O seu processo pode
melhorar a situação? De que forma? Que capacidades precisam os jovens para
participarem ativamente?
DE 2
00
0
A 2
00
5
27
Consulte informação mais aprofundada em: https://rm.coe.int/16807023e0 e https://www.ungdomogfritid.no/wp-content/uploads/Participation-handbook.pdf
6) Os sete domínios da participação (Seven realms of participation) —
Francis e Lorenz (2002)
Este modelo foi criado com base no interesse dos decisores políticos na participação jovem para
o planeamento e conceção de cidades, o qual é apoiado pela investigação das áreas da psicologia
ambiental e da conceção de cidades.
No âmbito do planeamento de ambientes urbanos e com base numa revisão histórica e crítica da
participação infantil e jovem no planeamento e conceção de cidades, apresentamos sete
abordagens/etapas da participação jovem hierarquicamente organizadas:
Sete abordagens/etapas da participação:
1. O domínio romântico: as crianças e os jovens enquanto planificadores;
2. O domínio da advocacia: planificadores para as crianças e os jovens;
3. O domínio das necessidades: cientistas sociais para as crianças e os jovens;
4. O domínio da aprendizagem: as crianças e os jovens enquanto aprendizes;
5. O domínio dos direitos: as crianças e os jovens enquanto cidadãos;
6. O domínio institucional: as crianças e os jovens enquanto adultos;
7. O reino da proatividade: participação com visão.
Apesar da sua estreita relação, cada abordagem pode ser um ponto de partida útil para uma
participação jovem mais eficaz. O desenvolvimento de cada domínio pode ser associado às
alterações do contexto político e cultural.
A prática proativa com crianças e jovens é uma atividade educativa que articula os princípios e
conceitos ambientais com métodos que favorecem a participação jovem no processo de
planeamento.
Consulte informação mais aprofundada em:
Francis, M. e Lorenzo, R. (2002). Seven Realms of Children’s Participation. Journal of
Environmental Psychology, 22, 157-169
Como aplicar este quadro na sua escola?
Questões:
1) Quais são os elementos que criam um bom ambiente? Qual é a melhor forma de
planear o ambiente urbano circundante?
2) Qual é a linha de pensamento do processo comunicativo e criativo atual? As
crianças e os jovens são planificadores em si? A sua participação é feita com os seus
respetivos pontos de vista?
Aplique este modelo e será capaz de criar processos nos quais as crianças e os jovens
poderão participar, criando um excelente ambiente com os princípios e métodos
certos.
DE 2
00
0
A 2
00
5
28
7) Uma abordagem estratégica à participação (A strategic approach to
participation) — UNICEF (2001)
O modelo tem por objetivo promover a participação significativa dos jovens (10-19 anos) aos
níveis global, nacional e da comunidade. Sugere uma condição prévia para a participação:
ambientes seguros e favoráveis onde as capacidades e oportunidades de participação são
desenvolvidas em quatro eixos distintos de forma gradativa e progressiva: 1) o papel dos jovens
(da escuta à tomada de decisões), 2) níveis de participação (da manipulação ao envolvimento dos
adultos iniciado pelas crianças), 3) contextos institucionais (da casa aos conselhos) e 4) o contexto
geográficos (do contexto doméstico ao global).
Consulte informação mais aprofundada em:
https://www.unicef.org/Participation_Rights_of_Adolescents_Rajani_2001.pdf
DE 2
00
0
A 2
00
5
Como aplicar este quadro na sua escola?
Questões:
Os jovens têm um papel participativo ao nível coletivo/social/nacional/global? São
realizados debates entre stakeholders, defensores e ativistas? Os recursos estão disponíveis
para que seja possível um processo participativo de sucesso? A adesão não é
arbitrariamente recusada nem compulsória, mas voluntária?
A abordagem estratégica em quatro eixos da UNICEF demonstra um processo
participativo significativo.
Exemplos práticos:
Os alunos preparam e dão uma aula;
Os alunos preparam aulas para o final do dia ou atividades de turismo;
Os alunos preparam e realizam um evento (questionário, competição, memorial).
29
8) Modelo de participação de Trilla e Novella (Trilla and Novella
Participation Model) — Trilla e Novella (2001)
Com base na escala de Hart, Trilla e Novella propõem quatro tipos de participação infantil. Cada
tipo de participação é definida pelas suas características. Estas são diferentes aos níveis qualitativo
e fenomenológico, mas todas oferecem elementos importantes para o desenvolvimento das
competências participativas. Cada uma inclui subtipos ou diferentes graus de participação. As
diferenças estão principalmente relacionadas com quatro fatores moduladores: o grau de
envolvimento, a sensibilização sobre a informação, a capacidade de tomada de decisões e o
compromisso/responsabilidade. A proposta de Trilla e Novella é:
1) Uma participação simples, que consiste em participar numa atividade enquanto
espectador sem a intervenção das crianças na preparação, nos conteúdos ou no
desenvolvimento. Limitam-se a seguir instruções;
2) Uma participação consultiva, que implica ter em conta a opinião dos alunos no que diz
respeito às suas competências ou interesses e uma escuta ativa por parte dos adultos;
3) Uma participação projetiva, na qual as crianças se tornam responsáveis pelo projeto e
agentes da mudança. Este tipo de participação é mais complexo e pode estar presente em
vários momentos do projeto;
4) A metaparticipação, na qual os alunos reclamam o seu direito à participação, o que
requer a criação de mecanismos e espaços para a participação, bem como um clima de
confiança onde tal seja possível. Da participação simples à metaparticipação, existe um
aumento progressivo da complexidade da participação. As experiências participativas podem
envolver mais do que um tipo de participação. Assim, estes tipos de participação não
excludentes, mas sim completos e multidimensionais.
Como aplicar este quadro na sua escola?
Questões:
1) Qual é o envolvimento dos alunos na sua escola, independentemente da gestão da
escola?
2) Participam enquanto espectadores sem tomar qualquer decisão?
3) São ouvidos?
4) As suas opiniões são tidas em consideração?
5) São responsáveis pelos projetos de gestão da escola? Ou são suficientemente
capacitados para reclamarem o seu direito a participar?
6) Se não se encontrar na última etapa, reflita e planifique um processo com os seus
alunos, que lhe permita aumentar progressivamente o envolvimento dos jovens na
sua escola. Avance passo a passo na direção do desenvolvimento e da capacitação
liderada pela juventude.
DE 2
00
0
A 2
00
5
30
9) Continuum do envolvimento jovem (Youth Engagement Continuum) —
FCYO, Funders’ Collaborative on Youth Organizing (2003)
Este modelo tem em vista o desenvolvimento da juventude, a liderança pela juventude, o
empenho cívico através da capacitação coletiva e a organização jovem. A FCYO define a
organização jovem como «a estratégia de desenvolvimento jovem e de justiça social que forma
os jovens na organização e defesa das comunidades e que os ajuda a aplicar estas capacidades
para alterar as relações de poder e criar uma mudança institucional significativa».
O continuum do envolvimento jovem ajuda a situar a mudança social liderada pela juventude em
relação a outras abordagens ao trabalho jovem que prevalecem. Este continuum foi desenvolvido
englobando cinco grandes categorias: 1) abordagem aos serviços para jovens, 2) desenvolvimento
jovem, 3) liderança pelos jovens, 4) empenho cívico, 5) organização jovem.
Cada uma das cinco categorias oferece serviços e programas de ajuda aos jovens e desempenha
um papel importante que apoia o seu crescimento e desenvolvimento saudáveis enquanto
indivíduos. A promoção intencional das organizações a cada nível do continuum beneficia tanto
indivíduos quanto comunidades, uma vez que os jovens têm acesso a oportunidades significativas
para se envolverem na
liderança cívica e na mudança social.
Consulte informação mais aprofundada em: https://fcyo.org/
Como aplicar este quadro na sua escola?
Questões:
1) Qual é o papel que os alunos têm atualmente nos projetos de gestão da escola?
São apenas clientes? Participantes ativos? Talvez liderem este tipo de projetos? Ou
são eles mesmos os organizadores?
2) A sua escola está pronta para dar um passo em frente no continuum do
envolvimento jovem? Nesse caso, leia sobre o próximo «papel da juventude» no
continuum e pense em desenvolver as ações propostas no âmbito do projeto de
gestão escolar que será implementado e do seu plano de ação.
DE 2
00
0
A 2
00
5
28
DE 2
00
6 A
20
10
1) Grelha do comportamento (Behavior Grid) — BJ Fogg (2010)
2) Os quatro «C» da participação online (Four C’s of Online Participation) —
Derek Wenmoth (2006)
3) Os quatro «L» do modelo do envolvimento (Four L Engagement Model) —
Tony Karrer (2006)
4) As principais dimensões da participação (Key Dimensions of Participation) —
Driskell e Neema (2009)
5) Escada da participação online (Ladder of Online Participation) — Bernoff e Li
(2010)
6) A matriz da participação (Matrix of Participation) — Tim Davies (2009)
7) A árvore da participação (The Participation Tree) — Harry Shier (2010)
8) O modelo de participação CLEAR (The CLEAR Participation Model) —
Lawndes e Pratchett (2006)
9) Abordagem à participação em três perspetivas (Three-Lens approach to
Participation) — DFID-CSO (2010)
29
1) Grelha do comportamento (Behavior Grid) — BJ Fogg (2010) Este modelo foca-se na mudança de comportamentos. Trata-se de um modelo generalista da
mudança de comportamentos, que não se foca especificamente em questões relativas à
participação jovem, mas que serve de base à mudança comportamental que levará a uma maior
participação jovem no futuro. A grelha do comportamento inclui 15 formas através das quais o
comportamento pode ser alterado e ajuda os criadores e investigadores a trabalharem de forma
mais eficaz. A sua inovação vai além da identificação dos 15 tipos de mudanças
comportamentais, sabendo que cada tipo de comportamento tem a sua própria psicologia, pelo
que as técnicas de psicologia e de persuasão (como o reforço, a simplificação, o autocontrolo, a
sugestão, a vigilância, a personalização ou o efeito de túnel) têm de ser diferentes. A grelha do
comportamento tem em consideração a frequência e a intensidade do comportamento, pelo
que pode ser vista como uma ferramenta para orientar intervenções focada no comportamento
participativo, nomeadamente, da juventude.
DE 2
00
6
A 2
01
0
Como aplicar este quadro na sua escola?
Questões:
1) É possível alterar a forma como alguém se comporta e se envolve em
processos ou vice-versa?
2) Os comportamentos são diferentes? Um tipo de comportamento leva ao
seguinte?
3) Há alguma forma de o ajudar a trabalhar mais eficazmente? Existem
estratégias e técnicas psicológicas?
Esta grelha do comportamento apresenta passos específicos para alcançar o
padrão comportamental pretendido.
30
Consulte informação mais aprofundada em:
https://www.behaviorgrid.org/ e
https://www.researchgate.net/publication/220962749_Successful_Persuasive_Technology_for_Beh
avior_Reduction_Mapping_to_Fogg's_Gray_Behavior_Grid
31
2) Os quatro «C» da participação online (Four C’s of Online Participation) — Derek Wenmoth (2006)
Este modelo aborda o tipo de participação em comunidades online ao observar a participação
das pessoas em blogs e fóruns. Identifica quatro fases hierárquicas da participação em
ambientes online: 1) consumidor, 2) comentarista, 3) contribuinte, 4) comentador. A motivação,
os comportamentos e os resultados são diferentes em cada uma destas várias fases.
Na primeira fase (consumidor), os participantes limitam-se a ler e a explorar as publicações de
outras pessoas. Longe de terem uma atitude passiva, conforme sugerido pela palavra lurker
(alguém que lê as discussões em fóruns, grupos de notícias, chats etc., mas nunca ou raramente
participa de forma ativa), os consumidores podem ser participantes muito ativos numa
comunidade online, apenas não muito visíveis para as outras pessoas.
Na segunda fase (comentarista), as pessoas deixam comentários em publicações (blogs ou
fóruns de discussão) frequentemente à procura de esclarecimentos, para concordar com uma
declaração ou para oferecer uma sugestão ou uma hiperligação que remeta para um assunto
semelhante.
Na terceira fase, os contribuintes são aqueles que criaram um blog ou que iniciaram novos
tópicos em fóruns de discussão. São confiantes e expõem as suas ideias. Na última fase, um
comentador é alguém que tem, frequentemente, uma visão «meta» do que se passa, assumindo
um nível de liderança no seio da comunidade. As suas contribuições remetem, frequentemente,
a atenção para o quadro geral, criando relações entre outros trabalhos — analisando e
resumindo as contribuições de outras pessoas.
Os indivíduos não operam apenas numa destas fases. Pelo contrário, a maioria dos indivíduos
parece operar predominantemente numa ou outra fase no seu percurso para se tornarem
cidadãos online, existindo um certo tipo de progressão que caracteriza este crescimento.
O modelo pressupõe quantos participantes em ambientes online passam pelas várias fases à
medida que adquirem uma maior perceção e confiança e progridem através destas fases.
DE 2
00
6 A
20
10
DE 2
00
6
A 2
01
0
32
Consulte informação mais aprofundada em:
http://blog.core-ed.org/derek/2006/11/participation_online_the_four_.html
Como aplicar este quadro na sua escola?
Atividade:
Para iniciar esta atividade, os alunos devem ser informados sobre as quatro diferentes
categorias de participantes de um blog. Em seguida, os alunos são divididos em quatro
grupos de cinco ou seis pessoas e é-lhes dada a hiperligação de um blog educativo. Cada
grupo terá de identificar as várias formas de participação dos membros. Adicionalmente,
terão de identificar as características especiais que cada grupo de participantes possui. Com
esta observação, poderão compreender os diferentes tipos de ação dos participantes, mas
também perceber a sua própria forma de participação nos respetivos blogs. Cada grupo,
em seguida, irá apresentar as suas descobertas à turma e partilhar experiências pessoais e
opiniões.
Questões:
1) Porque é que os utilizadores participam em comunidades virtuais? Porque deixam
comentários?
2) Quais são as motivações por trás da participação dos utilizadores em comunidades
sociais?
3) De que formas podem as comunidades online ultrapassar as desigualdades na
participação e aumentar a participação dos utilizadores?
4) Os próprios alunos participam em comunidades online?
5) Que papel acham desempenhar? Quais são as principais características de cada
papel? O seu papel num blog mantém-se estável ou altera-se? E em que casos?
6) No caso de criar uma comunidade online para a sua turma com conteúdos
educativos, que papel gostaria de ou poderia ter? Aceitaria, tal como os seus
professores, envolver-se? Desempenhando que papéis?
DE 2
00
6
A 2
01
0
33
3) Os quatro «L» do modelo do envolvimento (Four L Engagement Model) — Tony Karrer (2006)
Este modelo foi concebido a partir da análise a papéis desempenhados e interações realizadas
em comunidades online. Apesar dos papéis não serem estritamente definidos, podem ser
identificadas algumas características básicas:
1) Relação — Estes são os visitantes que encontram uma comunidade através de uma
outra e que estão a verificar se estão ou não interessados nessa comunidade;
2) Camuflagem — Estas pessoas prestam atenção à atividade do grupo e, ocasionalmente,
participam em várias atividades. Poderão estar interessados num maior envolvimento, mas
podem pensar que não têm esse direito ou não sabem como o fazer;
3) Aprendizagem — Aqui estão incluídos os visitantes regulares que contribuem
regularmente na comunidade. São considerados «membros» da comunidade;
4) Liderança — São os líderes centrais de uma comunidade. A liderança baseia-se no
compromisso e na vontade de contribuir constantemente. O papel dos líderes é estimular
o ambiente online para envolver mais pessoas e aumentar a participação.
Ao eliminar as fronteiras entre cada tipo de papel, é refletida a natureza da participação dos
membros nestas comunidades, sendo os membros quem define a natureza da sua participação.
DE 2
00
6
A 2
01
0
DE 2
00
6
A 2
01
0
Como aplicar este quadro na sua escola?
Questões:
1) Cada pessoa possui um papel na sociedade ou numa dada comunidade?
2) Quem o determina? O aluno em modo de teste ou um periférico legítimo que
contribui para a comunidade ou que, talvez, desempenha um papel de liderança?
Os quatro «L» do modelo do envolvimento determinam a posição de um individuo
numa comunidade e mostram claramente a situação dessa comunidade.
Exemplos práticos:
Supervisão regular (conversas num formato específico, análises, conselhos, momentos
criativos, avaliações, decisões, trabalhos de casa) organizada para o concelho de
alunos (e não só), onde podemos ver e analisar o nosso progresso na gestão escolar,
na execução do trabalho e de decisões e no seu planeamento e organização.
A supervisão seria liderada pelo professor numa fase inicial, mas ao longo do tempo,
esse poder seria transmitido aos alunos.
34
4) As principais dimensões da participação (Key Dimensions of Participation) — Driskell e Neema (2009)
O modelo foca-se na participação prática nas comunidades, nomeadamente em programas
desenvolvidos por instituições e organizações baseadas em comunidades, escolas, órgãos
municipais e outras entidades nas quais e através das quais a participação ocorre. A participação
é vista como uma prática espacial (os espaços para a participação são criados ou limitados por
práticas organizacionais), modelada por cinco dimensões fundamentais sobrepostas e inter-
relacionadas. Estas dimensões, cada uma delas estruturada em relação a outra, resultam da
análise e do debate sobre fatores organizacionais que apoiam ou limitam uma participação
jovem significativa.
O modelo apresenta cinco dimensões sobrepostas fundamentais: 1) normativa, 2) estrutural, 3)
operacional,
4) física e 5) comportamental.
Uma participação jovem significativa e sustentada só pode ser desenvolvida e sustentada na
presença de todas as cinco dimensões, sem que seja impedida pela ausência de uma delas.
DE 2
00
6 A
20
10
DE 2
00
6
A 2
01
0
35
Consulte mais informação em:
Kudva, N. e Driskell, D. (2009). Creating Space for Participation: The Role of Organizational
Practice in Structuring Youth Participation. Community Development, 40(4), 367-380, DOI:
10,1080/15575330903279705
Como aplicar este quadro na sua escola?
Este modelo estimula os alunos a envolverem-se nos processos democráticos da tomada
de decisões. Os professores têm o papel de facilitador e apoiam os alunos a organizarem-
se em grupos, onde cada grupo apresenta uma área de intervenção na escola, que considere
dever ser melhorada. Os alunos irão pensar num projeto e apresentar uma proposta, tendo
em conta várias dimensões (orçamento, prazos, volume de trabalho, etc.). Existe uma fase
na qual irão realizar uma campanha eleitoral para cada ideia. No dia das eleições, é escolhida
a melhor proposta. Todos os alunos votarão e a proposta vencedora será, então,
implementada pelos alunos e pelos órgãos de gestão da escola.
Se os alunos tiverem a oportunidade de decidir ou de dar a sua opinião, e se sentirem
ouvidos, terão atitudes mais construtivas em relação a tudo e assumirão um maior
compromisso.
Questões:
1) Como promover a iniciativa dos alunos?
2) Neste tipo de participação, há lugar para todos os tipos de alunos (extrovertidos,
tímidos, espontâneos)?
3) Que tipos de tarefas poderão ter neste tipo de participação?
DE 2
00
6
A 2
01
0
36
5) Escada da participação online (Ladder of Online Participation) — Bernoff e Li (2010)
O modelo apresenta uma escala da participação online baseada no conceito de tecnografia
social, que observa a atividade online de acordo com várias formas de participação (do
espectador ao criador). Os níveis de sobreposição são perfis e não segmentações, refletindo a
natureza da participação: 1) inativos, 2) espectadores, 3) aderentes, 4) coletores, 5) críticos, 6)
conversadores, 7) criadores.
Consulte mais informação em:
http://faculty.cbpp.uaa.alaska.edu/afef/mapping_participation_in_activit.htm
DE 2
00
6
A 2
01
0
Como aplicar este quadro na sua escola?
Atualmente, a maioria dos jovens participa em atividades de computação social. No entanto,
o seu nível de participação nas tecnologias sociais pode ser diferente. Este modelo
apresenta níveis crescentes de participação que podem ou não se sobrepor, mas que
podem ser aplicados nas escolas ao reunir um grupo de alunos (consumidores online,
leitores de blogs, visualizadores de vídeos, ouvintes de podcasts) e permitir-lhes que criem
e giram um blog escolar, um podcast, etc. Cabe-lhe a si examinar o nível de participação
dos alunos na escola e ver quem são os criadores, os críticos, os coletores, os aderentes, os
espectadores e os inativos. Os professores e o conselho escolar têm a função de apoiar os
alunos no desenvolvimento do seu projeto, inclusive com as instalações escolares e recursos
técnicos de que precisem.
DE 2
00
6 A
20
10
DE 2
00
6
A 2
01
0
37
6) A matriz da participação (Matrix of Participation) — Tim Davies (2009)
A matriz da participação combina a escala da participação de Hart (nível de participação) no seu
eixo vertical com o tipo de abordagem (de abordagens únicas, a curto prazo ou informais, a
abordagens mais estruturadas e a longo prazo) no seu eixo horizontal. Este modelo defende
que ambos os eixos são importantes para alcançar a capacitação da juventude e iniciativas
lideradas pela juventude. O centro da matriz é o ponto chave do percurso da participação jovem.
A grelha é uma ferramenta, uma representação gráfica das práticas individuais ou
organizacionais, que apresenta as forças e as fraquezas do processo participativo num
determinado momento. O envolvimento da juventude em atividades (a forma como exprimem
a sua criatividade, se expõem em diferentes fóruns, planificam, falam, assumem
responsabilidades, desenvolvem redes para além dos pares e descobrem como
as mudanças acontecem) cria oportunidades que servem de base ao processo de mudança.
Consulte mais informação em:
http://www.timdavies.org.uk/2009/05/18/can-social-networks-bridge-the-participation-gap/ e
https://www.ungdomogfritid.no/wp-content/uploads/Participation-handbook.pdf
Como aplicar este quadro na sua escola?
Questões:
Pense nas atividades participativas que está a desenvolver na sua escola e coloque-as na
matriz. Já o fez? Perfeito. Agora tem uma imagem instantânea do seu contexto atual, que,
no entanto, serve apenas de referência. Pergunte-se: será que a escola poderia e estaria
disposta a dar um passo em frente? Verdadeiramente? Então, avance uma casa para cima
e/ou para a direita. Pense, investigue e crie com os alunos um processo que inclua este nível
de participação (eixo vertical) com este tipo de abordagem (eixo horizontal) e implemente-
o.
DE 2
00
6
A 2
01
0
38
7) A árvore da participação (The Participation Tree) — Harry Shier (2010) Este modelo, enquadrado numa
abordagem ascendente, representa a
participação como uma árvore, onde cada
parte representa várias funções, grupos de
stakeholders, funções, espaços e processos.
O modelo da árvore da participação
descreve várias etapas da participação,
liderança e tomada de decisões dos jovem
nas organizações e comunidades. Trata-se
de um modelo da prática para apoiar e
promover várias formas de participação,
para que os jovens possam influenciar o
desenvolvimento, principalmente ao nível
dos valores (respeito, igualdade, paz, etc.).
Também representa oportunidades para
que os jovens possam progredir no seu
envolvimento com uma organização e
verificar a forma como esse progresso é realizado.
As três etapas sequenciais do desenvolvimento são: 1) o tronco (processos sustentados através
dos quais as crianças adquirem consciência delas mesmas enquanto membros de uma sociedade,
detentoras de direitos, competentes e capazes e adquirem capacidades de expressão e
organização), 2) os ramos (vários grupos e espaços de atividades nos quais é desenvolvida a
participação ativa e proativa em harmonia com a aquisição de conhecimento e de experiência) e
3) as folhas (juventude capacitada, a juventude a desempenhar papéis
com impacto e significado enquanto educadores da comunidade, defensores de direitos e
representantes).
Consulte mais informação em:
https://www.ipkl.gu.se/digitalAssets/1429/1429869_shier-et-al---how-cyp-ifluence-policy-
makers.pdf
DE 2
00
6
A 2
01
0
Como aplicar este quadro na sua escola?
Tendo em mente o perfil do aluno dos dias de hoje, apercebemo-nos de que queremos
alunos com iniciativa, que saibam comunicar, trabalhar em equipa e que tenham uma visão
da sua responsabilidade a vários níveis: família, saúde, comunidade e sociedade. Por isso, é
fundamental aumentar a sua autoestima e a sua consciência de que têm direitos enquanto
membros da sociedade e incentivar a sua participação. Este modelo permite-lhe fazer isso,
acompanhando o progresso dos alunos envolvidos no projeto ou nas atividades da escola.
Por exemplo, pode criar uma tabela digital para cada grupo ou turma e registar todos os
eventos, os seus objetivos principais e se foram ou não atingidos, o que foi feito e por quem
e acompanhar a forma como podem progredir. Pode selecionar as conquistas mais
importantes e tornar estas tabelas públicas (afixá-las na entrada da escola, partilhá-las no
website da escola, programar um dia para a apresentação de projetos), o que permitirá que
os alunos se envolvam nas atividades e que queiram participar mais.
39
40
8) O modelo de participação CLEAR (The CLEAR Participation Model) — Lawndes e Pratchett (2006)
O modelo de participação CLEAR oferece uma ferramenta de diagnóstico que permite antecipar
obstáculos à capacitação e que os relaciona com as respostas políticas. Enquanto ferramenta de
autoavaliação dos governos locais dos Estados-membros do Concelho da Europa, foi utilizada
pelos municípios para diagnosticar as forças e fraquezas das suas iniciativas de participação
pública. Este modelo permite e incentiva a reflexão com foco em práticas e permite aos decisores
políticos questionarem as capacidades dos seus cidadãos, o seu sentido de comunidade e as
suas organizações civis. Reconhecendo que as estratégias de participação têm de ser sensíveis
aos contextos e dinâmicas locais ao longo do tempo, o modelo permite que os cidadãos avaliem
as estruturas da comunidade no âmbito da sua participam nos processos de tomada de
decisões.
O modelo estabelece cinco fatores dinamizadores principais que permitem uma participação
impactante e significativa, com base no que os participantes «podem fazer», «gostam de fazer»,
«têm permissão para fazer», no que lhes é «pedido que façam» e nas «respostas que recebem».
A aplicação da ferramenta requer, inicialmente, o afinamento das questões e dos desafios a
abordar em qualquer contexto em particular. Em seguida, é necessário haver um compromisso
com uma avaliação que inclua várias perspetivas sobre o estado da participação dos alunos na
escola. Por fim, é necessário estabelecer prioridades e identificar os fatores e estratégias que
devem ser alterados.
Consulte mais informação em:
https://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.523.6104&rep=rep1&type=pdf
DE 2
00
6 A
20
10
DE 2
00
6 A
20
10
DE 2
00
6
A 2
01
0
41
Como aplicar este quadro na sua escola?
Primeiro, a administração escolar deverá escolher o tópico no qual os alunos irão participar
e tomar decisões. Prepare uma tabela com cinco colunas com os fatores CLEAR: o que os
alunos «podem fazer» (Can do), «gostam de fazer» (Like to do), «têm permissão para fazer»
(Enabled to do), no que lhes é «pedido que façam» (Asked to do) e nas «respostas que
recebem» (Responded to). Com os alunos, preencha a primeira linha com a situação atual da
participação escolar em relação ao tópico selecionado. Reflita e preencha a linha abaixo
com o cenário ideal exequível. Ao analisar esta tabela, consegue planificar e implementar
um processo que lhe permita alcançar o segundo cenário?
Atividade: Os alunos, enquanto membros da comunidade escolar (membros da comunidade
da sua turma, mas também da comunidade escolar), têm direitos, obrigações e visões que
pretendem realizar. Os alunos são divididos em cinco grupos de quatro a cinco pessoas e
cada grupo terá de responder a um pequeno conjunto de perguntas. O representante de
cada grupo, em seguida, comunica à turma as ideias desenvolvidas pelo seu grupo com
base nas respostas às questões que tiveram de responder anteriormente. A turma debate
as posições apresentadas, retira conclusões e compromete-se com ações relacionadas com
o desenvolvimento da comunidade escolar.
Questões:
1) O que podem os alunos oferecer à comunidade escolar, em que áreas e com que
equipamento técnico?
2) Que projetos gostariam de implementar para contribuir para o desenvolvimento da
comunidade escolar com efeitos positivos na comunidade local e alargada?
3) Poderão participar em redes e, em caso afirmativo, em que redes de modo a
implementarem as suas políticas de desenvolvimento para desfrutarem de novas
políticas e práticas, mas também para as disseminarem nestas redes?
4) Quais acha serem as expectativas de outros membros da comunidade escolar e
como as pode satisfazer e desenvolver ações para as melhorar e promover?
5) Como poderá envolver a restante comunidade escolar tendo por objetivo a sua
maior participação, criando uma equipa educativa com objetivos, desafios e
exigências superiores?
DE 2
00
6
A 2
01
0
42
9) Abordagem à participação em três perspetivas (Three-Lens approach to Participation) — DFID-CSO (2010)
Esta abordagem envolve o trabalho em benefício da juventude (como beneficiários alvo),
envolvendo a juventude enquanto parceiros e sendo moldado pela juventude enquanto líder.
Estas são as três práticas participativas do modelo (não mutuamente exclusivas) que tem como
finalidade uma participação eficaz que incentive a capacidade de ação da juventude, as suas
competências e a sua capacidade de mudar as suas próprias vidas.
O modelo pretende incentivar o envolvimento informado e voluntário dos jovens na tomada de
decisões e na vida das suas comunidades, tanto ao nível local quanto ao nível global. A
intervenção do desenvolvimento de uma perspetiva particular depende do contexto e podem ser
utilizadas várias perspetivas com vários grupos no contexto de uma intervenção em particular. É
por este motivo que o modelo é considerado dinâmico.
DE 2
00
6
A 2
01
0
43
Consulte mais informação em:
https://youtheconomicopportunities.org/sites/default/files/uploads/resource/6962_Youth_
Participation_in_Development.pdf
Como aplicar este quadro na sua escola?
É importante considerar todas as três perspetivas uma vez que podem ser utilizadas várias
perspetivas com diferentes grupos de jovens no decorrer de um projeto, dependendo do
contexto local. Neste modelo, pode considerar os jovens alunos como parceiros e líderes
ativos, objetivos, com capacidade de agir, competentes e com capacidade de mudar as suas
próprias vidas.
Os alunos desempenham diferentes papéis em termos da participação jovem:
1. Os jovens são informados para facilitar a ação coletiva e individual;
2. Os jovens são consultados e interagem com uma organização que poderá integrar o seu
feedback e perspetivas;
3. Os jovens podem deter o processo de tomada de decisões ou partilhar esse papel com
outros sobre determinadas questões específicas de um projeto;
4. Os jovens são proativos e capazes de tomar iniciativa.
Considerando os diferentes tipos papéis, os alunos podem pôr em prática a participação e
agirem, avançando para um nível mais informativo, tendo iniciativa e atuando enquanto
parceiro ou líder. Incluir a juventude na tomada de decisões relativas a atividades de
desenvolvimento, estimula as capacidades que modelam a sua vida adulta e desenvolv a
sua capacidade de dar voz às suas perspetivas.
Questões:
1) Porque é que a sua organização põe em prática a participação jovem?
2) Que tipo de perspetivas fazem mais sentido utilizar no contexto da sua escola?
DE 2
00
6
A 2
01
0
38
DE 2
01
1 A
20
15
1) Seis princípios da participação online (Six Principles of Online Participation)
— Tim Davies (2011)
2) O modelo yin-yang da participação jovem (The Yin-yang Model of Youth
Participation) — Shier et al. (2012)
3) Tipologia da participação jovem (Typology of Youth Participation) — Wong
et al.
4) A participação jovem na Finlândia (Youth Participation in Finland) (2011)
45
1) Seis princípios da participação online (Six Principles of Online Participation) — Tim Davies (2011)
Este modelo tripartido baseia-se na Convenção da ONU sobre os direitos da criança. Os
princípios da participação online enquadram-se em três categorias principais de direitos: direito
a prestações, direito à proteção e direito à participação. Os seis princípios da participação online
referidos estão incluídos na ordem do dia. Estes ajudam-nos a identificar orientações específicas
para responder às vidas online dos jovens. Estes princípios são:
— Apoiar os cidadãos digitais: reconhecer o potencial da Internet para a relação entre os jovens
e participar ativamente em todas as formas de comunidades online e locais. Este princípio
pretende envolver interações online inovadoras e éticas e originar uma mudança eficaz;
— Capacitar os jovens: aumentar a consciência sobre os espaços online para oferecer
experiências online seguras e positivas. A participação é uma forma de autoproteção, uma
forma de expressar as preocupações dos jovens e uma forma de lutar pelos seus direitos;
— Responder a riscos: tendo processos e políticas claras e proporcionais em vigor;
— Promover a resiliência: reconhecer situações de risco online e criar mecanismos para
ultrapassar esses riscos é uma forma de aumentar o desenvolvimento pessoal;
— Oferecer espaços positivos: oferecer oportunidades para experimentar e explorar os meios
digitais de várias formas de acordo com o desenvolvimento de espaços online adequados à
idade (abordando questões de consentimento, privacidade e segurança na criação de software
ou dispositivos sociais).
— Criar serviços moldados à juventude: a disponibilização e a proteção devem ser informadas
pela participação ativa dos jovens. Esta disponibilização deve ter em conta parcerias entre os
jovens e os adultos na definição de prioridades dos serviços da era digital.
Estes princípios podem estar linha com respostas criativas às vidas online dos jovens, as quais
são compatíveis com outras políticas e respostas práticas.
Este modelo tenta resolver a dicotomia entre oportunidade e risco, incentivando respostas às
questões «O que estamos a fazer para analisar a proteção dos jovens, a disponibilização de
oportunidades positivas e a participação dos jovens em relação às suas próprias vidas?»
Consulte mais informação em:
https://tinyurl.com/ycm2dckf
DE 2
01
1
A 2
01
5
46
Como aplicar este quadro na sua escola?
Atividade:
Novos direitos (News Rights de Nick Wilson — Branka Emersic, «Handbook International
Amnesty Education for the Human rights»).
Finalidade:
Esta análise e discussão ajuda os alunos a reconhecer direitos e a enquadrar os direitos
humanos em situações do dia a dia.
• Leia o seguinte texto aos alunos: «No mundo de hoje, todos temos acesso a informação.
Para a maioria, esta informação é disponibilizada nos meios de comunicação social e,
especialmente, através das notícias. Todos os dias, os ecrãs de televisão e os jornais estão
cheios de histórias e situações que são, por vezes, úteis, trágicas, felizes, tristes, simples ou
complexas. Normalmente, vemos histórias tristes e sentimo-nos fracos.
No entanto, se observarmos atentamente a aplicação das ideias relativas aos direitos
humanos, iremos verificar taxas de sucesso de 100%, onde todos os direitos humanos são
protegidos e executados, bem como níveis de problemas onde os direitos foram violados.
»;
• Divida os alunos em pequenos grupos de quatro;
• Distribua revistas e jornais aleatoriamente. Desenhe um círculo no quadro. No círculo
escreva as seguintes três afirmações:
— direitos que são violados, — direitos que são protegidos, — direitos que são aplicados;
• Peça aos alunos para observarem os seus jornais e revistas para encontrarem elementos
que comprovem estas três afirmações;
• Depois dos alunos terem concluído a atividade, peça-lhes que observem a Declaração
Universal dos Direitos Humanos ou a respetiva versão simplificada para encontrarem artigos
relacionados com as histórias ou imagens que encontraram nos jornais; • Agora, peça a cada
grupo que, à vez, afixe os recortes das notícias no quadro.
Questões:
1) Foi fácil encontrar exemplos de direitos que são violados, protegidos e
executados? Houve alguma afirmação mais difícil de provar? Porquê?
2) Houve algum artigo ou outro exemplo sobre o qual puderam dizer que todas as
três frases estavam relacionadas? Quais? Porquê?
3) Houve algum exemplo no qual os direitos de um indivíduo ou grupo eram
protegidos como resultado da infração dos direitos de outro? Seria a afirmação
«Os direitos dos outros terminam onde começam os seus e vice-versa» aplicável a
este exemplo? Representaria esta afirmação uma solução para todos? Porquê?
Porque não?
Opções:
Aborde o assunto dos direitos humanos com a turma e desenvolva ideias sobre como
disseminar este conhecimento na escola.
DE 2
01
1
A 2
01
5
47
2) O modelo Yin-Yang da participação jovem (The Yin-Yang Model of Youth Participation) — Shier et al. (2012)
Este modelo integra duas abordagens complementares: uma abordagem baseada nos direitos
humanos e uma abordagem baseada no desenvolvimento humano. Em vez de oferecer aos
indivíduos coisas que são identificadas como lhes estando em falta, as organizações que adotam
uma abordagem baseada nos direitos humanos trabalham direitamente com os cidadãos e
atores sociais, ajudando-os a identificar as violações dos seus direitos humanos, que os
impedem de poder satisfazer estas necessidades. Os indivíduos podem utilizar este
conhecimento para formular exigências e gerar ações coletivas para a restituição e proteção
destes direitos.
O nível de participação depende da capacitação. A capacitação foi definida como uma
combinação de condições favoráveis, capacidades e atitudes. Ou seja, para ser considerada
«capacitada», uma criança, ou um jovem, deverá ter à disposição as condições que a levarão à
mudança, deve ter o conhecimento e a capacidade necessários para o fazer e, principalmente,
deve sentir que é capazes de gerar mudanças.
As crianças e os jovens que atingem uma advocacia eficaz são, normalmente, autocapacitados,
mas podem contar com um bom apoio e uma boa facilitação por parte dos adultos. Trabalham
em coordenação com as autoridades e não em conflito com as mesmas, precisam de garantir
um acompanhamento eficaz se pretenderem que os políticos cumpram as suas promessas.
DE 2
01
1
A 2
01
5
48
Consulte mais informação em:
Como aplicar este quadro na sua escola?
Atividade indicativa: O país fantástico (The Fantastic Country de Nick Wilson — Branka
Emersic, «Handbook International Amnesty Education for the Human rights»)
Finalidade: A atividade apresenta aos alunos a ideia de direitos baseados em necessidades
e familiariza-os com a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Aborda questões como
a avaliação de direitos e oferece sugestões para a criação de uma lista dos «direitos da
turma».
Pontos de aprendizagem: Os documentos relativos aos direitos humanos baseiam-se nas
nossas próprias necessidades inerentes. — Pode considerar alguns direitos mais
importantes do que outros com base na sua própria experiência, mas cada direito é
importante para alguém. Siga os passos abaixo:
1. Divida os alunos em pequenos grupos de cinco ou seis pessoas; 2. Leia o seguinte cenário
em voz alta: «Imaginem que descobrem um novo país onde nunca ninguém viveu e onde
não existem leis nem regulamentos. Todos os membros da equipa irão instalar-se neste
novo território. «Não sabem que estatuto social terão neste novo país.»; 3. Peça a cada
grupo de alunos que dê um nome ao seu país e que defina 10 direitos à sua escolha numa
folha de papel ou no quadro, de modo a que todos os possam ver; 4. Cada grupo irá
apresentar a sua lista à turma; 5. Depois de todos os grupos terem criado a sua lista,
identifique os direitos que estão repetidos ou que entram em conflito. Esta lista pode ser
organizada racionalmente? Os direitos semelhantes podem ser classificados na mesma
categoria?
Opções: • Se tiver tempo, peça aos alunos que marquem um ponto ao lado dos três direitos centrais
da lista que pensam ser os mais importantes ou que pensem que poderiam viver sem eles;
• Esta atividade foi realizada em muitos países. «Acham que a situação do vosso país
influenciou as escolhas dos vossos direitos? Porquê? Porque não?»;
• Como tarefa, esta atividade pode ser adaptada de modo a que os alunos possam criar
uma lista dos «direitos da turma» que acreditam que melhoraria o ambiente escolar. Por
exemplo, o direito de trabalhar em paz, o direito ao respeito das opiniões dos outros, o
direito de salvaguardar propriedades pessoais. Seja recetivo às sugestões dos alunos, mas
sublinhe que todos os direitos estão acompanhados de obrigações. Este «documento vivo»
deve ser apresentado à turma e atualizado sempre que necessário.
Pergunte aos alunos «O que acham que aconteceria se alguém violasse estes direitos?».
Questões: 1) Quais são os principais problemas enfrentados pelas crianças e jovens que procuram
influenciar a ordem pública?
2) Que condições prévias aumentam as oportunidades das crianças e dos jovens de
influenciar políticas?
3) Que espaços ou formas de organização ajudam as crianças e os jovens a influenciar
políticas?
4) Que métodos e abordagens dos apoiantes adultos/facilitadores aumentam a
influência das crianças e dos jovens sobre os decisores políticos?
DE 2
01
1
A 2
01
5
49
https://www.ipkl.gu.se/digitalAssets/1429/1429869_shier-et-al---how-cyp-ifluence-policy-
makers.pdf
3) Tipologia da participação jovem (Typology of Youth Participation) — Wong et al. (2011)
Este modelo articula várias configurações do controlo entre os jovens e os adultos que reflete
os tipos de participação ideal para a capacitação jovem. Neste modelo, os jovens e os adultos
partilham a responsabilidade pela capacitação da juventude e da comunidade. Uma abordagem
igualitária à consciência crítica capacita tanto jovens quanto adultos a ultrapassarem esta
dinâmica. Implica a facilitação do diálogo crítico, a sensibilização e a construção de capacidades
para a consciência crítica em parceria com os jovens. Existem cinco tipos de participação jovem:
recipiente, simbólica, pluralista, independente e autónoma.
O espetro da participação determinada pelos adultos inclui desde os adultos que detêm pleno
controlo das tomadas de decisões, aos adultos que ouvem as perspetivas dos jovens, mas que
tomam as decisões finais. Estes tipos de participação são respetivamente identificados como
recipiente e simbólica. Devido à falta de envolvimento dos jovens, a participação recipiente tem
um fraco potencial de capacitação. Ainda que os jovens possam adquirir capacidades e
conhecimento útil, existem poucas oportunidades para que possam contribuir com as suas
próprias ideias.
O modelo assume que o tipo de participação pluralista pode ser alcançado independentemente
da idade de desenvolvimento. Por outro lado, no tipo de participação autónoma, a juventude
poderá não ser capaz de beneficiar do conhecimento dos adultos sobre a história da
comunidade organizacional, as melhores práticas e as lições aprendidas. Neste caso, a memória
intergeracional corre o risco de se perder.
Consulte mais informação em:
Wong, N. T.; Zimmerman, M. A. e Parker, E. A. (2010). A Typology of Youth Participation and
Empowerment for Child and Adolescent Health Promotion. American Journal of Community
Psychology, 46, 100–114; DOI 10.1007/s10464-010-9330-0
DE 2
01
1
A 2
01
5
50
Como aplicar este quadro na sua escola?
Um dos raciocínios para o desenvolvimento deste modelo é evitar uma má interpretação comum
dos modelos de desenvolvimento da participação, presentes nos formatos graduados
hierárquicos ou verticais.
Os professores precisam de identificar na sua escola os graus de participação existentes
entre os jovens e os adultos, tendo em conta o potencial de desenvolvimento em cada tipo
de participação: recipiente, simbólica, pluralista, independente e autónoma. Estes graus
estão organizados em três categorias de participação jovem na tomada de decisões
organizacionais e da comunidade: controlo pelos adultos, controlo pelos jovens ou controlo
partilhado. Inclui relações intergeracionais e considera os desenvolvimentos recentes na
investigação sobre as parcerias entre os jovens e os adultos, mas também implica uma
parceria com os jovens para facilitar o diálogo crítico e capacitar competências, como a
consciência crítica e o autoconhecimento.
Para utilizar este modelo, precisa de se colocar a seguinte questão: a sua escola incentiva o
envolvimento tanto de adultos quanto de crianças? Pensa que esta abordagem permite um
desenvolvimento positivo da juventude? Quanto poder está disposto a dar aos jovens? É capaz
de os deixar ser responsáveis pelos seus próprios projetos e deixar que os adultos sejam apenas
facilitadores e/ou apoiantes?
Este modelo destina-se a ser utilizado como uma ferramenta descritiva, analítica e estratégica,
para além do grau de participação dos adultos e dos jovens. Por exemplo, ao nível autónomo,
os alunos têm a ideia inicial e decidem a forma como o projeto será realizado e os adultos
estarão disponíveis para os apoiar, não estando encarregados pelo projeto.
DE 2
01
1
A 2
01
5
DE 2
01
1 A
20
15
51
4) A participação jovem na Finlândia (Youth Participation in Finland) (2011)
O modelo descreve a forma como as crianças e os jovens participam na consulta pública
e nos processos de tomada de decisões na Finlândia.
Existem muitas estruturas participativas para crianças e jovens aos níveis nacional, regional e local,
incluindo o Parlamento Nacional de Crianças, concelhos jovens locais e o centro de clubes
escolares. Todos estes organismos alegam oferecer direitos iguais para que todas as crianças possam
participar. Na Finlândia,
A participação jovem, incluindo formas de envolvimento direto e representativo, ocorrem,
principalmente, em estruturas «formais». Estes incluem concelhos jovens locais (para jovens acima dos
12 anos), concelhos escolares,
parlamentos infantil nacionais e locais (para crianças entre os 7-12 anos), mediadores para crianças e
pesquisas
realizadas junto de crianças em toda a Finlândia, o que representa uma força do sistema participativo
finlandês.
A finalidade dos estudos é recolher os pontos de vista dos jovens sobre a forma como acreditam que
podem fortalecer a sua voz em relação à participação democrática.
Adicionalmente, o sistema finlandês inclui:
Formação sobre a participação infantil: a formação foi organizada para vários órgãos e profissionais,
tendo sido realizados cursos todos os anos para professores que supervisionem concelhos de alunos. A
formação também foi
organizada para vários responsáveis municipais e decisores políticos, incluindo assistentes sociais,
e foca-se na consideração do ponto de vista da criança.
Foi disponibilizada às crianças e aos jovens informação adequada aos mesmos em serviços locais
sob a forma de um guia intitulado «Mitä tekisin?» (O que devo fazer?), que contém uma
descrição abrangente de muitos serviços diferentes.
Consulta às crianças: as crianças foram consultadas em relação ao design de parques infantis, ao
planeamento de parques em Tampere e a creches locais ou outros locais com crianças muito pequenas.
52
Consulte mais informação em: Child and youth participation in Finland — A Council of Europe policy review, https://rm.coe int/168046c47e, 2011, relatório elaborado pelo Concelho da Europa
Como aplicar este quadro na sua escola?
Atividade: Estas atividades ajudam os alunos a descobrir se as suas perspetivas são tidas em consideração
pelos adultos da sua escola.
As crianças são divididas em quatro focus group, onde cada um deles debate várias tarefas com
base no caleidoscópio da experiência. A primeira tarefa envolve a escrita de detalhes sobre as
várias atividades nas quais as crianças foram envolvidas. A segunda tarefa envolve a escrita de
detalhes sobre cada uma dessas atividades, sublinhando as atividades nas quais os seus pontos
de vista são tidos em consideração, antes que seja tomada uma decisão que afete as suas vidas,
e destacando aquelas em que tal não acontece. A terceira tarefa inclui um debate sobre as razões
pelas quais os seus pontos de vista não são considerados. A quarta tarefa resume-se ao debate
sobre o que pode ser feito para melhorar esta situação e sobre o que é que as crianças e os
jovens podem fazer eles mesmos. A última tarefa é debater sobre a forma como nos sentimos
quando não somos ouvidos.
A cada criança é atribuída a letra A, B, C ou D. Depois da realização da tarefa, as crianças mudam
de mesa: as crianças A, B e C mudam-se para outra mesa para falar sobre as conclusões dos
relatórios redigidos na primeira sessão, enquanto que as crianças D atuam como secretárias e
se mantêm na mesma mesa. As crianças D resumem os resultados das várias sessões e
apresentam-nos à restante turma.
Questões: 1) Acham que os adultos, especialmente os seus professores, vos ouvem?
2) Sentem que os vossos pontos de vista são levados a sério?
3) Sentem que influenciaram decisões tomadas em vários contextos escolares?
4) Que organismos podem ajudar a proteger os direitos das crianças e dos jovens
para que sejam ouvidos e levados a sério?
5) Estão informados sobre o vosso direito de serem ouvidos e levados a sério?
6) Quais são os canais dos métodos de participação que acham serem de grande
importância e porquê?
7) Como podem estes canais contribuir um avanço nesta direção?
8) Indiquem algumas sugestões que gostariam de dar aos vossos professores e a
vocês mesmos sobre como melhorar a participação infantil e jovem e sobre como
levar os seus pontos de vista a sério.
9) Pensam que o Parlamento dos Adolescentes que existe no vosso país trabalha
corretamente?
10) Como pode um Parlamento Infantil ser criado e como deve funcionar?
DE 2
01
1 A
20
15
43
DE 2
01
6 A
20
20
1) «Curiosiómetro» (Curiosity-ometer) — Les Robinson (2016)
2) Modelo EAR (EAR Model)
3) Modelo SEDIN (SEDIN Model) — Métodos criativos
para uma inclusão bem-sucedida em escolas multiculturais
4) Modelo yMIND (yMIND Model)
44
1) «Curiosiómetro» (Curiosity-ometer) — Les Robinson (2016)
Este modelo localiza os objetivos de consultas num espetro que vai da «procura de
apoio» à «recetividade» e que traça os métodos correspondentes. Trata-se de um
espetro alternativo ao modelo do espetro da participação pública (IAP2 — 2007) que
se destinava à identificação eficaz dos objetivos e das táticas de envolvimento da
comunidade. Este espetro, com apenas duas categorias (consulta e
envolvimento/colaboração) estaria mais próximo da realidade. Sobretudo, sugere que
existe uma categoria em falta, a escuta. O envolvimento de qualquer comunidade
bem-sucedida depende do seu compromisso para com a escuta. E este depende de
algo que não é medido nos modelos formais: a verdadeira curiosidade.
Consulte mais informação em:
https://changeologyblog.wordpress.com/2016/08/02/is-the-spectrum-dead/
Como aplicar este quadro na sua escola?
Seja honesto e verifique o quão curioso está sobre o que os alunos pensam ou querem para a
sua escola. Está à procura de apoio? Tem uma mente aberta? Ou será que se encontra numa
posição mais central?
Depois de responder sinceramente às questões, verifique o método que corresponde à sua
curiosidade, encontre informação sobre ele e proponha a sua implementação na escola.
Este modelo destina-se a ser utilizado como uma ferramenta descritiva, analítica e estratégica,
para além do grau de participação dos adultos e dos jovens. Por exemplo, ao nível autónomo,
os alunos têm a ideia inicial e decidem a forma como o projeto será realizado e os adultos
estarão disponíveis para os apoiar, não estando encarregados pelo projeto.
DE 2
01
6
A 2
02
0
45
2) Modelo EAR (2020) Este modelo pretende introduzir o método dialético no ensino escolar como uma característica
fundamental que promove a participação ativa dos alunos numa sociedade democrática, com o
apoio de técnicas de teatro.
Assim, o modelo combina a utilização do método dialético socrático com técnicas de teatro, como
o teatro de fórum, o teatro participativo e o teatro documental. Por um lado, o método dialético
estimula o pensamento crítico (incluindo o raciocínio, a análise e a descoberta), apoia a interação
eficaz e construtiva com os outros e sugere a tomada de ações democráticas e socialmente
responsáveis. Por outro lado, as técnicas de teatro permitem
uma abordagem emocional às questões sociais e sustentam o
desenvolvimento da empatia.
Esta abordagem permite a criação de um ambiente seguro, no
qual os alunos poderão aprender a expressar
o seu raciocínio e os seus argumentos mais livremente e, desta forma,
praticar uma cidadania ativa.
.
Como aplicar este quadro na sua escola? 1. O conceito principal — Onde os jovens abordam um conceito (por exemplo, justiça, direitos,
liberdade, etc.) e tentam encontrar o verdadeiro significado desse conceito num contexto real;
2. Estímulo — Onde o artigo de um jornal, poema, texto literário, fotografia, carta, diário, objeto,
música, vídeo ou filme relacionado com o conceito principal é debatido entre os jovens; 3.
Técnicas de teatro — Onde os alunos exploram o tópico através de atividades de teatro
experimental de vários tipos, seja o teatro do oprimido ou outro método; 4. Acompanhamento
— Onde os jovens saem do seu papel de atores e falam sobre a forma como se sentiram
primeiramente em comparação com a forma como se sentem agora; 5. Debate dialético a
aprofundar — Onde o jovens realizam um debate dialético baseado em perguntas essenciais
para desenvolver as capacidades de pensamento crítico; 6. Investigação por parte dos jovens
— Onde os jovens trabalham individualmente ou em pequenos grupos, com base em questões
colocadas pelos colegas na etapa anterior para encontrar mais argumentos que sustentem uma
visão (mesmo que seja uma visão ligeiramente diferente da sua visão inicial). Os alunos passam,
então, a aplicar uma aprendizagem autodirigida e autónoma e investigam em livros, Internet,
literatura, vídeos, banda desenhada, etc.; 7. Debate em sessão plenária — Onde diferentes
grupos, de acordo com as visões partilhadas, apresentam as suas opiniões e pedem feedback
crítico e real; 8. Personalização — Onde o debate se torna pessoal de modo a que os jovens
possam estar mais envolvidos e mobilizados; 9. Mudança de atitude — Onde os jovens
registam os seus sentimentos e opiniões atuais, depois de terem aprofundado o tópico; 10.
Plano de ação — Onde os jovens criam o seu plano de ação pessoal ou de grupo de modo a
gerir este tópico quando o experimentarem nas suas vidas reais.
Questões: 1) Como compreende e aborda as questões sociais na sua escola?
2) Quando falamos de conceitos fundamentais para a nossa sociedade, como
democracia, liberdade, direitos, igualdade, compreendemos mesmo do que estamos a
falar?
3) Que papel podem os jovens desempenhar face às questões sociais que existem na
nossa sociedade?
4) O diálogo é uma parte fundamental da democracia. No entanto, sabemos dialogar ou
limitamo-nos a impor as nossas opiniões aos outros?
5) Existem professores ou alunos na sua escola que receberam formação sobre a
utilização de técnicas de teatro?
DE 2
01
6 A
20
20
Participação democrática
Técnicas de teatro (coração)
Diálogo socrático (mente)
46
Este modelo foi desenvolvido no âmbito do projeto Erasmus+ «EAR — Formação de cidadãos europeus
ativos através do método dialético e teatro». Consulte mais informação e exemplos de implementação
em www.ear-citizen.eu
47
3) Modelo SEDIN (SEDIN Model) — Métodos criativos para uma inclusão bem-sucedida em escolas multiculturais (2020)
O modelo pretende utilizar a criatividade como ferramenta para promover a participação de
jovens provenientes de contextos desfavorecidos (migrantes, minorias, jovens com dificuldades
de aprendizagem, jovens portadores de deficiências, etc.) e de jovens com dificuldades em se
integrarem socialmente na comunidade escolar (tímidos, com baixa autoestima, etc.).
Tal pode ser alcançado através da introdução de métodos criativos no ambiente escolar, que
promovam os aspetos emocionais da aprendizagem, imaginação e comunicação não verbal,
bem como uma interação positiva entre estes jovens e os jovens provenientes da comunidade
geral. Especificamente, tal pode ser alcançado através da utilização:
- dos princípios de Maria Montessori (ambiente preparado, respeito pela criança,
independência e responsabilidade, movimento e atividade, liberdade e disciplina,
concentração e desenvolvimento social),
- do método de aprendizagem criativa, o qual desenvolve a imaginação dos jovens
e a interação informal através da utilização de técnicas teatro na sala de aula para
atingir obter resultados cognitivos.
DE 2
01
6 A
20
20
Montessori
Ambiente preparado
Respeito pela criança
Independência e responsabilidade
Movimento e atividade
Liberdade e disciplina
Concentração e desenvolvimento social
Aprendizagem criativa
Facilitador enquanto diretor de teatro
Cada aula pode ser transformada num cenário de teatro
Improvisação e participação
Imaginação como principal impulsionador
Atmosfera de inspiração e criatividade
Utilização de personagens e papéis
48
Consulte mais informação em:
O modelo foi desenvolvido no âmbito do projeto Erasmus+ «SEDIN — Métodos criativos para uma
inclusão bem-sucedida em escolas multiculturais». Consulte mais informação, diretrizes sobre a
implementação do modelo e a avaliação da aplicação do modelo em http://sedin-project.eu/
Como aplicar este quadro na sua escola?
Cinco fatores a considerar para aplicar este modelo na sua escola:
1. Com a utilização da imaginação, tudo pode ser transformado em imagens. Isto inclui
a educação para a cidadania, matérias como matemática, física, processos de participação
democrática, etc. Em cada aula, podem ser utilizados pelo menos alguns dos seguintes
elementos de teatro: contexto humano, contexto dramático, personagens e papéis, tensão
e conflito, foco num objetivo, espaço imaginário, tempo imaginário, discurso, movimento,
atmosfera de inspiração e criatividade; 2. Através da criatividade, os jovens podem
descobrir os seus talentos. Jovens diferentes possuem talentos diferentes. Alguns são bons
na escrita, outros possuem talentos artísticos, alguns são bons em trabalhos manuais, outros
na liderança, etc. A utilização de abordagens criativas capacita os jovens a descobrirem os
seus talentos; 3. O facilitador de uma atividade criativa é um pequeno diretor de teatro.
Quem desempenha a função de facilitador (o professor ou até mesmo o próprio grupo de
jovens) acaba por ser um diretor de teatro. Desenvolve um pequeno cenário, reúne todos
os materiais que possam ser necessários, define as personagens e atribui papéis, especifica
o enredo e define as relações existentes entre as crianças e os heróis, elabora um ambiente
encantado, ou inspira-se para o fazer, e dirige a atividade. As personagens não são
necessariamente humanas. As personagens podem ser uma partícula, um elemento da
natureza, etc.; 4. A improvisação e a iniciativa são fundamentais para a participação. Na
implementação de atividades criativas, os jovens não se limitam a seguir orientações.
Podem partilhar ideias, participar numa equipa coletiva, enriquecer as atividades com os
seus contributos, etc. Tomar iniciativa é um grande passo na direção da participação
democrática. Neste contexto, os jovens tendem a participar mais nas atividades escolares,
sentem-se mais capacitados e podem até desempenhar funções de liderança; 5. Os seres
humanos têm cinco sentidos. A participação jovem nas escolas não é apenas uma questão
de escutar e falar. A participação pode vir através do toque, do olfato, do movimento, dos
momentos de brincadeira e das sensações de um modo geral.
Questões?
1) Existem muitos jovens com dificuldades de integração no ambiente da sua escola?
2) Que medidas foram tomadas para aumentar eficazmente a sua participação nas
atividades escolares?
3) De que forma descobre e valoriza os talentos e capacidades que estes jovens
possuem?
4) Os jovens são criativos no seu ambiente escolar?
5) Existem professores ou alunos na sua escola que receberam formação sobre a
utilização de técnicas de teatro?
DE 2
01
6 A
20
20
49
4) Modelo yMIND (2016)
O modelo yMIND baseia-se num projeto participativo inovador que promove uma melhor
inclusão social dos migrantes recém-chegados e de crianças romanichéis através de um ensino
diversificado e abrangente nas escolas e nos ambientes da comunidade.
Este modelo é orientado por:
- uma abordagem participativa centrada nas crianças: a «formação abrangente de
competências em diversidade» procura estabelecer ligações cruzadas para integrar três temas
fundamentais num modelo educativo mais holístico: 1) compreender a diversidade e respeitar as
diferenças, incluindo as relacionadas com a multietnicidade, 2) promover a igualdade de género
e prevenir a violência com base no género e (3) prevenir o bullying e a discriminação,
- um modelo denominado «líder da opinião pública», que identifica e forma pessoas
naturalmente populares e queridas de uma comunidade para que sejam educadores nas suas
redes sociais (espaços e métodos de aprendizagem não formais). O modelo «líder da opinião
pública» baseia-se na ideia da «teoria da difusão social», na qual as novas tendências
comportamentais podem ser estabelecidas quando um número suficiente de pessoas populares,
cujas opiniões são valorizadas pelos outros, são vistas e ouvidas ativamente para apoiar um novo
valor. O modelo identifica três fases sequenciais: 1) identificação de líderes da opinião pública na
população alvo de uma comunidade, 2) ensiná-los a falar com os outros sobre um novo
comportamento, 3) conseguir com que estes líderes da opinião pública se envolvam em diálogos
com os outros.
A eficácia do modelo foi comprovada na mudança de tendências comportamentais em
comunidades fechadas, como a minoria étnica romanichel, e o modelo permite obter resultados
promissores.
.
DE 2
01
6
A 2
02
0
50
O modelo foi desenvolvido como parte do projeto Erasmus+ «Youth MIND Education: inclusão dos
migrantes/minorias jovens, ensino diversificado não violento». Consulte mais informação e
orientações sobre a implementação em http://www.youth-mind.eu/
Como aplicar este quadro na sua escola?
Cinco + três passos a considerar para aplicar este modelo na sua escola:
Formação abrangente de competências em diversidade
1. Comece com um debate do focus group. Aqui poderá explorar juntamente com o grupo
que temas (diversidade, igualdade de género, bullying, discriminação) são particularmente
relevante para eles;
2. Organize workshops com os jovens. Podem ser realizados workshops para avaliação das
necessidades relativas à capacitação, à prevenção e ao desenvolvimento de competências;
3. Utilize questões de resposta aberta. É importante ter um conjunto de questões
exploratórias abertas para estimular e orientar o trabalho individual e de grupo dos
participantes em relação ao tópico abordado;
4. Utilize uma combinação de métodos interativos cuja aplicação vise «aprofundar e
explorar» as questões acima. Alguns exemplos destes métodos incluem técnicas criativas
gráficas, técnicas criativas visuais, técnica de trabalho de grupo interativo, entre outras;
5. Envolva toda a escola. Pode organizar um evento dirigido a toda a escola para partilhar
os resultados da aplicação do modelo e incluir pais, professores e alunos e, também, os
representantes da comunidade local. Esta apresentação pode ser organizada sob a forma
de um seminário de sensibilização para escolas ou professores convidados, um concurso,
um festival de verão, um questionário, uma semana de projetos ou uma exposição.
Líder da opinião pública
O modelo identifica três fases sequenciais: 1) identificar os líderes da opinião pública na
população alvo de uma comunidade, 2) ensiná-los a falar com os outros sobre um novo
comportamento, 3) conseguir com que estes líderes da opinião publica se envolvam em
conversas com os outros.
Questões: 1) Existem problemas na sua escola em relação ao bullying/respeito pela
diversidade/respeito pela igualdade de género?
2) A comunidade geral da sua escola está envolvida nas atividades escolares?
3) De que forma pode a comunidade escolar geral se desenvolver (ainda mais)?
4) Enfrenta algum problema de violência na sua escola?
DE 2
01
6 A
20
20
51
Esta secção irá oferecer vários cenários de cocriação, participação e capacitação lideradas pela
juventude nas escolas. Com base nas entrevistas realizadas aos diretores escolares dos países
parceiros do BE PART, a informação relativa à participação dos alunos nas atividades de gestão e
na tomada de decisões na escola foi classificada de acordo com Crowley e Moxon (2017).
Este estudo oferece informação sobre a forma como os jovens escolhem participar, qual é o seu
papel no processo de tomada de decisões e que práticas podem ser implementadas para
maximizar a democracia. A adoção de novas formas de participação jovem não é melhor do que
as formas de participação mais tradicionais e o grau de inovação de uma determinada forma não
determina a sua eficácia. As abordagens inovadoras à participação jovem podem ser vistas como
abordagens mais eficazes, dependendo da especificidade do contexto.
As formas alternativas de participação representam uma mudança na forma de expressão dos
jovens e não são definidas por metodologias, mas sim pelo seu posicionamento em relação ao
estabelecimento. As formas alternativas não são necessariamente formas inovadoras de
participação. Este é o caso dos conselhos jovens ou estruturas semelhantes, do ativismo e protesto
jovens e do voluntariado. De qualquer modo, existem formas alternativas e, simultaneamente,
inovadoras de participação jovem, como a participação digital, a cogestão, a coprodução, a
participação deliberativa e os espaços de participação. As formas tradicionais também podem
ser inovadoras, ao utilizarem novas metodologias para incentivar a participação tradicional (voto
eletrónico). Por fim, é fácil encontrar exemplos de formas de participação não inovadoras e
tradicionais, como o voto ou a adesão a partidos políticos ou sindicatos.
Para ilustrar os vários cenários de cocriação e capacitação lideradas pela juventude, apresentaremos
excertos das entrevistas realizadas com os diretores das escolas.
4. Cenários de participação e
capacitação lideradas pela
juventude
67
Participação digital, participação deliberativa e coprodução: é disponibilizada uma plataforma baseada no quadro da participação digital para receber as propostas dos alunos e onde todos os alunos podem votar. (S1)
«Vai continuar a utilizar a plataforma digital? Acho que
sim, é necessário. (…) As plataformas digitais são
essenciais porque não são
muito complicadas.» (S1)
«A decisão final é exclusiva
dos alunos, os professores não participam na mesma.»
(S1)
«Pareceu-nos uma boa forma de eliminar e enfraquecer as bases
sólidas e, por vezes, estáveis de uma instituição (…) e deixar
outras pessoas tomarem decisões.» (S1)
«(…) foi o primeiro ano, antes não havia uma cultura
participativa e existem muitos alunos com os quais é preciso
insistir um pouco até obtermos o seu número de
telemóvel, para aderirem, clicarem no link, escolherem,
etc. Somos todos
preguiçosos.» (S1)
ATIVIDADES E TAREFAS IN
OV
AD
OR
E ALTER
NA
TIVO
68
«Verificámos, através de alguns projetos que
realizamos com os alunos no âmbito do Parlamento
Europeu dos Jovens, que estava a ser utilizada uma metodologia nas sessões do Parlamento Europeu dos
Jovens, que poderia oferecer resultados e ser positiva. Por isso, organizámos internamente, em conjunto com
os alunos que participaram nestas sessões parlamentares e que viveram estas dinâmicas,
dispositivos e programas que promovem a participação através da Assembleia de Alunos.» (P7)
Assembleia de alunos com aplicação da metodologia utilizada nas sessões
do Parlamento Europeu dos Jovens. (P7)
ATIVIDADES E TAREFAS IN
OV
AD
OR
E TRA
DIC
ION
AL
69
i. Trabalho da comissão: projeto piloto de três comissões (coexistência e mediação, saúde, ambiente). Um dia por mês, três ou quatro alunos reúnem-se em comissão e planificam atividades para as suas turmas (S3);
ii. Moções (metodologia retirada do Parlamento Europeu dos Jovens): as moções que têm implicações diretas sobre a escola são sempre ouvidas e respondidas. Atualmente, existem frequentemente questões cíclicas e do quotidiano, para as quais, ao mesmo tempo, não existe muito espaço para a mudança. As moções foram passadas, primeiro, pela turma, depois, pela assembleia anual e, no final, pela assembleia escolar, onde as oito moções principais e mais votadas serão discutidas e aprovadas. A organização é feita pelos alunos (P7);
iii. Orçamento da participação jovem: iniciativa nacional. Um processo participativo onde os alunos pensam de forma coletiva, escolhem, decidem e votam num assunto que considerem ser importante para melhorar a escola (P8, P3, P4);
iv. Participação nas atividades da comunidade local (atividades de voluntariado): capacitação de grupos vulneráveis através da participação em mercearias sociais, da oferta de alimentos e outros bens, do intercâmbio social de roupas e outras iniciativas ou da limpeza de uma costa ou de um parque. Orientam alunos de outras escolas. Decidem limpar mensagens negativas que outros possam ter escrito no pátio da escola, limpar o edifício, etc. (G1);
v. Atividades de voluntariado (P4, G7);
vi. Participação democrática num projeto do município com o envolvimento das escolas (P3);
vii. Associações de estudantes (P1, P3, P7);
viii. Parlamento jovem (P6, P8);
ATIVIDADES E TAREFAS
ALTER
NA
TIVO
E NÃ
O IN
OV
AD
OR
70
«(…) recolhem iguarias de toda a região,
vendem-nas a um preço indicativo e o dinheiro reverte a favor de uma fundação
ou instituição sem fins lucrativos. (…) Outra
iniciativa nossa é o Hangar da Escola, onde os alunos deixam as suas roupas velhas e
outras crianças recuperam-nas, se quiserem ou precisarem» (G7)
«(…) o facto de fazerem trabalhos por comissões. (…) Um dia por mês, três ou
quatro alunos de cada turma vão até uma comissão de mediação, outros vão até
instituições de saúde e outros até comissões ambientais. Reúnem-se e
pensam nas atividades realizadas pelas crianças
que participaram nessa comissão e, em seguida, transferem-nas para os seus
grupos de referência» (S3)
«Os alunos do ensino secundário estão representados na assembleia
escolar, nos órgãos de tomada de decisões (…). Existe abertura para
ouvir as propostas e, se possível, implementá-las» (P1)
«(…) os alunos participam enquanto protagonistas,
complementam uma estrutura anterior que seja um regulamento de um regime interno que diga o
que fazer, em caso de conflito no instituto. Por vezes, as pessoas não compreendem que existe
uma comissão de mediação e que os regulamentos internos não se aplicam tal como são. Deste modo, o que fazemos é compreender
que existe uma forma mais participativa de resolver conflitos que não é tão limitada ao nível
da hierarquia.» (S3)
“(…) Sabem da sua existência (orçamento
escolar participativo) desde o início, compreendem o que têm de fazer, têm
acesso a incentivos financeiros que lhes permitem melhorar vários aspetos
relativos à escola e manter-se envolvidos. Criam listas, realizam campanhas,
organizam votações. É algo que lhes
fala.» (P3)
«O orçamento participativo é uma
iniciativa nacional. Em seguida, escolhem, decidem, votam e deixam um
legado na escola que frequentaram
(exemplo da pintura exterior da escola).» (P2)
«O Parlamento Jovem é muito
importante porque se sentem envolvidos. Temos um deputado, por exemplo, que é
cigano. Foi uma grande conquista para nós. (…) É muito facilitador, na verdade,
que o aluno esteja envolvido nas decisões.
Quando o delegado é um líder, acaba por ter o apoio dos seus colegas» (P8)
ALTER
NA
TIVO
E NÃ
O IN
OV
AD
OR
71
i. Assembleia escolar (S2, P3);
ii. Os representantes dos alunos apresentam propostas que são
votadas na assembleia das instituições de ensino (S4);
iii. Representantes dos alunos (G7);
iv. Representantes de turma e representantes de turma assistentes (S5, P4, P6);
v. Conselhos de turma: formados por dois ou três alunos
escolhidos pela turma no início do ano letivo. De dois em dois
meses, todos os conselhos se reúnem com a gestão da escola
para rever acordos e trabalhar sobre propostas, preocupações
e planos de melhoria (S6);
vi. Assembleias de turma: processo participativo para pensar
coletivamente em formas de melhorar a escola (espaços físicos,
infraestruturas, melhor acesso a algumas áreas, mas também,
mudanças de horários, maior interação com a comunidade
local, etc.) (P1, P3);
vii. Assembleias de delegados: processo participativo para pensar
coletivamente em formas de melhorar a escola (espaços físicos,
infraestruturas, melhor acesso a algumas áreas, mas também,
mudanças de horários, maior interação com a comunidade
local, etc.) (P8);
viii. Os alunos são representados no conselho escolar geral (P6);
ix. Conselho escolar (geral) (G1, P3);
x. Conselho estudantil (G1);
xi. Mediadores dos alunos (G5);
xii. Existem escolas onde a participação dos alunos é apenas formal (L1);
ATIVIDADES E TAREFAS
TRA
DIC
ION
AL E N
ÃO
INO
VA
DO
R
72
«(…) está a ser realizada uma tentativa para
melhorar a imagem do delegado de turma. (…) Este é o segundo ano em que, no final do
primeiro trimestre e depois de termos atribuído todas as notas, reunimos todos os
delegados e lhes pedimos um relatório.» (S2)
«Também é verdade que a cultura da
representação ainda não está no ponto certo. Muitos alunos acabam por votar
num delegado, não por acreditarem que esse delegado os possa
defender bem, mas sim porque acreditam que esse delegado é seu amigo e, uma
vez que lhes pediram que votassem nele,
sentem que lhe devem o seu voto.» (S4)
«O sistema é hierárquico e isto significa que, mesmo que eu
queira criar algo, não o posso fazer. Quis criar uma orquestra na
nossa escola. O sistema apenas me permite criar um coro, não
uma orquestra.» (G2)
Outra forma de envolver os alunos é
através das assembleias de delegados,
nas quais eles debatem entre si sobre o que pensam ser bom e mau e a nós,
cabe-nos tentar ir de encontro às suas
ideias, muitas vezes explicando e aceitando sugestões.» (P4)
TRA
DIC
ION
AL E N
ÃO
INO
VA
DO
R
73
«Estão representados no conselho
geral, mas, por muito que tentemos, não é fácil fazê-los participar e tomar
decisões. (…) Na assembleia geral de alunos, tomo notas das queixas
apresentadas sobre certas situações. Em seguida, vou até às respetivas
turmas e ofereço-lhes feedback.» (P6)
«Por vezes, os alunos dizem aquilo que os professores
querem ouvir, o que significa que não se sentem
iguais a eles.» (G1)
«Antes trabalhávamos com um advogado das crianças/mediador das
crianças. Ele tinha uma boa forma de comunicar com os líderes dos alunos.
Num círculo, ele convidava-os a pensar sobre alguns problemas da vida escolar
e sugeria-lhes assumir responsabilidade.» (G5)
74
Este manual faz parte da fase de preparação do projeto «BE PART — Desenvolvimento liderado
pela juventude na gestão participativa das escolas», que se destina ao desenvolvimento de um
modelo inovador para fomentar a participação jovem na tomada de decisões e nos processos
de gestão das escolas. A produção deste manual permitiu identificar os modelos da participação
jovem a utilizar durante a implementação do projeto nas escolas, para apoiar os professores e
alunos na seleção dos modelos de participação jovem e a enquadrar os planos de ação dos
modelos de participação jovem.
O presente manual contribui para o desenvolvimento e implementação de abordagens
inovadoras à participação jovem no ensino regular, promovendo a capacitação dos alunos,
incentivando a cidadania, desenvolvendo competências cívicas e contribuindo para a construção
de escolas e comunidades inclusivas. A produção do manual foi sustentada pela investigação
documental, através da qual todos os parceiros contribuíram para a identificação e análise dos
atuais modelos participativos que promovem a inclusão de jovens, em projetos escolares
liderados pela juventude e na participação ativa dos jovens nas escolas. Os parceiros resumiram
a informação num modelo adequado de modo a organizar todas as contribuições. A
investigação documental foi complementada com um conjunto de entrevistas aos responsáveis
escolares, que ofereceram informação sobre a gestão participativa nas escolas e promoveram o
envolvimento das escolas e dos respetivos profissionais no projeto. Adicionalmente, as
entrevistas relacionaram as abordagem teóricas dos modelos da participação jovem com os
contextos específicos das escolas. A parceria permitiu criar uma imagem do processo de tomada
de decisões em algumas escolas dos países parceiros, com alunos entre os 13-15 anos de idade,
provenientes de contextos desfavorecidos, como condições sociais e económicas fracas e
populações minoritárias e migrantes. A recolha de dados foi apoiada por um guia de entrevistas
fornecido pela equipa do CIIE/Universidade do Porto, o qual foi aprovado por todos os parceiros.
A análise qualitativa dos dados permitiu organizar as atividades de participação na tomada de
decisões e nos processos de gestão das escolas de acordo com formas tradicionais em contraste
com formas alternativas de participação e abordagens inovadoras e não inovadoras à
participação jovem na tomada de decisões e nos processos de gestão das escolas. Apesar da
participação dos alunos solicitada pelos responsáveis escolares, de um modo geral, existe uma
predominância das formas tradicionais e das abordagens não inovadoras nas escolas. Por
exemplo, a falta de formação dos professores para a promoção da participação dos alunos, a
falta de capacidades, interesse e maturidade dos alunos ou o sistema educativo que resiste à
mudança. Fazendo a ponte entre as perspetivas teóricas no campo da participação cívica e
política e o ambiente escolar, parece que a visão ortodoxa da participação jovem (focada
principalmente em formas de participação tradicionais) continua a predominar no contexto
educativo e a sobrepor-se a outras visões (Ribeiro, Neves e Menezes, 2017).
5. Sugestões de ação:
considerações finais
75
Considerando a análise de toda a informação levantada na investigação documental dos parceiros e
nas entrevistas com os responsáveis escolares, é possível destacar algumas conclusões breves, que
podem ser vistas como recomendações práticas para aumentar o desenvolvimento liderado pela
juventude da gestão participativa nas escolas:
não existe um modelo de participação que se adeque às necessidades de todas as escolas
ou um modelo de participação que tenha em consideração todas as dimensões do processo
da participação jovem. De qualquer modo, os modelo de participação podem orientar
algumas atividades e tarefas participativas nas escolas. Permitem organizar e tornar o
processo de participação dos alunos coerente, evitando a desarticulação de ações e esforços
e permitindo a compreensão de várias atividades,
a participação jovem no processo de desenvolvimento significa que toda a comunidade deve
ter consciência da sua importância e aprender a desenvolvê-la,
participar não é apenas ter a oportunidade de ser ouvido. As escolas devem disponibilizar os
espaços físicos e os momentos adequados para envolver os alunos, oferecer ferramentas para
aumentar a participação e desenvolver as competências necessárias para realizarem todas as
fases do processo de tomada e decisões,
a formação dos professores é essencial para aumentar a sensibilização dos professores sobre
a importância da participação dos alunos. Aprender com as atividades realizadas por outras
escolas, conhecer projetos bem-sucedidos e partilhar experiências com os pares podem ser
várias possibilidades a explorar,
os profissionais da gestão escolar pretendem desenvolver escolas inclusivas. Isto apenas
pode ser possível se a escola abrir as suas portas à comunidade circundante. A estratégia
passa pelo estabelecimento de parcerias e pelo reforço de redes consideradas relevantes
pelos alunos. Num mundo global, as relações institucionais são incentivadas para a promoção
de escolas e sociedades inclusivas,
No mundo digital, os alunos estão muito mais abertos à utilização das tecnologias digitais.
As escolas devem oferecer aos alunos oportunidades para o desenvolvimento da sua literacia
digital, o que representa uma possibilidade de envolvimento dos alunos na participação e
gestão da escola. A participação digital nas experiências escolares apresenta-se como uma
opção que pode ser bem aceite pelos alunos.
Para concluir, a participação na tomada de decisões e nos processos de gestão das escolas requer
que os alunos compreendam a importância e as consequências da sua participação. Em suma: a
participação dos alunos requer confiança nos outros (alunos, professores e responsáveis escolares)
e em si mesmos de modo a fazer a mudança acontecer. Essa confiança é gerada por experiências
gratificantes diárias na escola, experiências que surgem a partir de um equilíbrio entre o desafio da
situação participativa e as competências para lidar com a mesma. A participação é necessariamente
um processo inclusivo e participativo.
76
1- Anselma, M.; Chinapaw, M. e Altenburg, T. (2020). «Not Only Adults Can Make Good
Decisions, We as Children Can Do That as Well» Evaluating the Process of the Youth-Led Participatory
Action Research «Kids in Action». International Journal of Environmental Research and Public Health,
17, 625. DOI:10.3390/ijerph17020625
2- Anyon, Y. e Naughton, S. (2003). Youth Empowerment: The Contributions and Challenges of
Youth-Led Research in a High-Poverty, Urban Community. Nota informativa JGC: Youth
Empowerment, 1-8.
3- Battistich, V., Solomon, D., Kim, D. I., e Watson, M. (1995). Schools as communities, poverty
levels of student populations, and students’ attitudes, motives, and performance: A multilevel
analysis. American Educational Research Journal, 32, 627-658.
4- Cahill, H. e Dadvand, B. (2018). Re-conceptualising youth participation: A framework to inform
action. Children and Youth Services Review, 95, 243-253. https://doi.org/10.1016/j. child
youth.2018.11.001
5- Collins, M. E., Augsberger, A. e Gecker, W. (2018). Identifying Practice Components of Youth
Councils: Contributions of Theory. Child and Adolescent Social Work Journal, 35, 599-610.
https://doi.org/10.1007/s10560-018-0551-7
6- Crowley, A. e Moxon, D. (2017). New and innovative forms of youth participation in decision-
making processes. Strasbourg: Council of Europe Youth Department.
7- Eccles, J. S., Midgley, C., Wigfield, A., Buchanan, C. M., Reuman, D., Flanagan, C., e MacIver,
i. D. (1993). Development during adolescence: The impact of stage-environment fit on young
adolescents’ experiences in schools and families. American Psychologist, 48, 90-102.
8- Freire, P. (1979). Conscientização: teoria e prática da libertação — Uma introdução ao
pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Cortez e Moraes.önings, K; Bovill, C.; Woolner, P. (2017).
Towards an interdisciplinary model of practice for participatory building design in education.
European Journal of Education, 52(4), 306-317. DOI: 10.1111/ejed.12230
9- Libby, M., Rosen, M., e Sedonaen, M. (2005). Building youth-adult partnerships for
community change: Lessons from the youth leadership institute. Journal of Community
Psychology, 33(1), 111-120.
10- Pérez-Expósito, L. (2015). Scope and quality of student participation in school: towards
an analytical framework for adolescents. International Journal of Adolescence and Youth, 20(3),
346-374, http://dx.doi.org/10.1080/02673843.2015.1009920
11- Ribeiro, N.; Neves, T. e Isabel Menezes (2017). An Organization of the Theoretical
Perspectives in the Field of Civic and Political Participation: Contributions to Citizenship
Education. Journal of Political Science Education, 13(4), 426-446. DOI:
10.1080/15512169.2017.1354765
12- Ribes-Giner, G., Perello, M. R. e Díaz, O. P. (2016). Co-creation impacts on student
behavior. Procedia — Social and Behavioral Sciences, 228, 72-77.
Referências
77
13- Ruechakul, P., Erawan, P., Siwarom, M. (2015). Empowering Communities in Educational
Management: Participatory Action Research. International Education Studies, 8(9), 65-78,
DOI:10.5539/ies.v8n9p65
14- Ryan A and Tilbury D (2013) Flexible pedagogies: New pedagogical ideas. York, UK:
Higher Education Academy. Disponível em:
www.heacademy.ac.uk/sites/default/files/resources/npi_ report.pdf (acedido a 16 de abril
2020).
15- Shosh, J. (2019). Democratizing knowledge of teaching and learning through student
leadership projects. Educational Action Research, 27(3), 396-413, DOI:
10.1080/09650792.2019.1617762
16- Shriberg, D.; Brooks, K.; Jenkins, K.; Immen, J.; Sutter, C. e Cronin, K. (2017). Using
Student Voice to Respond to Middle School Bullying: A Student Leadership Approach. School
Psychology Forum: Research in Practice, 1(1), 20-33.
17- Sundaram, V. (2016). «You Can Try, But You Won’t Stop It. It’ll Always Be There»: Youth
Perspectives on Violence and Prevention in Schools. Journal of Interpersonal Violence, 31(4),
652-676.
18- Taylor, C.A. e Bovill, C. (2018). Towards an ecology of participation: Process philosophy
and co-creation of higher education curricula. European Educational Research Journal, 17(1)
112-128.
19- UN-HABITAT (2012). The Challenge and Promise of Youth-led Development. Nairobi:
UN-HABITAT Copyright © Programa das Nações Unidas para os Estabelecimentos Humanos
2012.
20- Wilson, M.; Dasho, S.; Martin, A.C.; Wallerstein, N.; Wang, C.C. e Minkler, M. (2007).
Engaging Young Adolescents in Social Action Through Photovoice: The Youth Empowerment
Strategies (YES!) Project. Journal of Early Adolescence, 27(2), 241-261. DOI:
10.1177/027243160629483.
78
Contactos
Mentortec (coordenação)
201, 877 R. Dr. Afonso Cordeiro, Matosinhos,
Portugal [email protected]
Sobre o projeto
http://bepart-project.eu/
Licença Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International
(CC BY-NC-SA 4.0)
Top Related