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Manuel Antonio de Almeida

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As Memórias de um Sargento de Milícias são um dos livros mais singulares da literatura brasileira.

Trata-se, basicamente, de um romance de humor popular, fundado nas aventuras de tipos da sociedade carioca do começo do século passado.

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O humor explorado por Manuel Antonio de Almeida é semelhante ao das peças de Martins Pena, autor de O Noviço (encenada em 1845, sete anos antes do início das Memórias).

Destinadas às páginas de um jornal, as Memórias apresentam capítulos unitários, quase todos um episódio completo.

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O conjunto desses episódios reconstitui a vida de Leonardo Pataca e de seu filho Leonardo, em meio a um vivo retrato das camadas baixas do Rio de Janeiro de D. João VI.

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O romance dá muita atenção às festas, encontros, instituições e profissões populares da cidade, cujas ruas são descritas com a animação de uma verdadeira narrativa de costumes.

É um romance muito agitado e festivo, não há praticamente nenhuma página sem um incidente ou surpresa espantosa.

A linguagem é coloquial.

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As Memórias de um Sargento de Milícias foram publicadas em folhetins anônimos entre 1852 e 1853, no suplemento dominical do Correio Mercantil, a Pacotilha.

Em livro, a obra saiu nos anos de 1854 e 1855, em dois volumes.

Cada volume correspondia a uma das partes da obra.

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No final do século XIX, o crítico José Veríssimo interpretou as Memórias de um Sargento de Milícias como um romance pré-realista.

Mário de Andrade aproximou-as do romance picaresco espanhol.

Antonio Candido demonstrou que se trata de um romance propriamente romântico, com particularidade, excentricidade.

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As Memórias distanciam-se da média da sensibilidade romântica pelas seguintes razões:A estória não envolve personagens da classe

dominante, mas sim pessoas de baixa renda.A personagem central não é herói nem vilão,

trata-se de um anti-herói malandro, de natureza picaresca, isto é, próximo do pícaro espanhol.

As cenas não são idealizadas, mas reais, e apresentam aspectos pouco poéticos da existência.

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Ausência de moralismo e recusa da ideia de que as ações humanas se dividem necessariamente entre boas e más.

Troca do sentimentalismo pelo humorismo, do estilo elevado e poético pelo estilo tosco e direto, sem torneios embelezadores.

O estilo é oral e descontraído, diretamente derivado da conversa ou do estilo jornalístico do tempo.

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Apresenta o estilo descontraído do jornal ao romance.

Todas as suas personagens pertencem às camadas populares.

É simples, direta, praticamente sem metáforas ou refinamentos retóricos.

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As descrições da obra apontam para duas direções: ora para um retrato vivo da indumentária,

costumes, logradouros públicos e instituições do velho Rio;

ora para a exageração dos traços físicos das pessoas e das situações.

O exagero configura as caricaturas, que tornam o romance popular.

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As Memórias de um Sargento de Milícias têm foco narrativo em terceira pessoa.

O romance possui algumas propriedades de romance histórico: se detém na captação de cenas e costumes do passado.

Trata-se também de um romance de costumes com propriedades picarescas.

Sua ação é episódica, parcelada.

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O romance picaresco, expressão derivada do termo pícaro, espécie de personagem marginal que vive ao sabor do acaso.

As personagens são tipos sociais: várias não possuem nome no livro, designam-se pela profissão ou condição social que possuem: o barbeiro, a cigana, a parteira, o fidalgo, o mestre-de-cerimônias, etc.

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Leonardo: anti-herói, herói às avessas, herói picaresco - desde a infância é esperto, vagabundo e mulherengo,  assemelha-se ao protagonista, Macunaíma.

Leonardo-Pataca: oficial de justiça, sentimental, sempre enroscado em suas paixões.

Maria-da-Hortaliça: mãe do herói

Major Vidigal: temido e respeitado por todos.Severo punidor, é, ao mesmo tempo, policial e juiz.

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Comadre: protetora de Leonardo, vive tentando livrá-lo dos enroscos em que se metia.

Compadre Barbeiro: outro protetor. Cria o menino como se fosse o seu filho, sonhando um próspero futuro para ele; só que isso não acontece.

D. Maria: velha, rica e bondosa. Era apaixonada por causas judiciais. Tia e tutora de Luisinha, amiga da comadre e do compadre.

Luisinha: primeiro amor de Leonardo. Suas características fogem da idealização dos modelos românticos: era feia, pálida e desajeitada.

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D. Maria: velha, rica e bondosa. Era apaixonada por causas judiciais. Tia e tutora de Luisinha, amiga da comadre e do compadre.

Luisinha: primeiro amor de Leonardo. Suas características fogem da idealização dos modelos românticos: era feia, pálida e desajeitada.

José Manuel: caça-dotes, representa uma crítica à burguesia.

Vidinha: cantora de modinas, segunda paixão de Leonardo.Chiquinha: filha de D. Maria e esposa de Leonardo-Pataca.

Maria-Regalada: amante de Vidigal.

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Além desses, há outros como: A vizinha, a cigana, o mestre-de-rezas, Tomás, etc.

Os personagens encaixam-se na categoria de tipos alegóricos, pois não possuem profundidade psicológica e são como caricatura de uma classe social: o povo, a classe média carioca da época.

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Toda vez que o narrador das Memórias apresenta um episódio da vida de Leonardo ou de outra personagem, ele traça, antes, o painel social do cenário em que se desenvolverá a peripécia.

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Há, no livro, constantes alusões a instrumentos, danças e modinhas da época retratada. Chega mesmo a transcrever três trechos de modinhas populares no tempo: uma cantada por Leonardo, durante a festa do batizado do filho; duas outras cantadas por Vidinha, numa de suas patuscadas com os primos e amigos.

Em mais de uma passagem, fornece detalhes sobre o fado, apresentado como dança típica do Brasil. 

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Os namorados das Memórias tratam-se por senhor e senhora.

"– A senhora... sabe... uma coisa?E riu-se com uma risada forçada, pálida e tola.Luisinha não respondeu. Ele repetiu no mesmo tom:– Então... a senhora... sabe ou... não sabe?E tornou a rir-se do mesmo modo. Luisinha conservou-se muda.– A senhora bem sabe... é porque não quer dizer... Nada de resposta.– Se a senhora não ficasse zangada... eu dizia... Silêncio.– Está bom... eu digo sempre... mas a senhora fica ou não fica zangada?Luisinha fez um gesto de quem estava impacientada.– Pois então eu digo... a senhora não sabe... eu... eu lhe quero...

muito bem."

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A mãe de Vidinha, no capítulo 8 da segunda parte, dirige-se informalmente à filha na segunda pessoa do plural, dizendo: “Ai, criatura, quereis que vos reze um responso para cantardes uma modinha?”

Leonardo age mais do que fala.

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Um dos importantes traços estilísticos de Memórias é a constante referência do narrador ao leitor. Isso certamente tem a ver com o propósito de estabelecer um suposto diálogo amigável com o público do jornal, isto é, esse traço revela o interesse de facilitar a recepção da obra, como deixa ver o seguinte fragmento: 

 “Dadas as explicações do capítulo precedente, voltemos ao nosso memorando, de quem por um pouco nos esquecemos. Apressemo-nos a dar ao leitor uma boa notícia: o menino desempacara do F, e já se achava no P, onde por uma infelicidade empacou de novo.”

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Essa é a razão de suas constantes referências metalinguísticas, chamando a atenção do leitor para acontecimentos apresentados anteriormente ou para os que está prestes a apresentar.

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Manuel Antônio faz questão de manter o equilíbrio emocional, primando pela clareza e ridicularizando todo e qualquer transbordamento emotivo em suas personagens.

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Origens e Infância do MemorandoLeonardo Pataca, a Cigana e o VidigalO Padrinho e a VizinhaO Mestre-de-CerimôniasLuisinhaGraves InfortúniosVidinha em CenaDiaburas do Novo Granadeiro

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