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Material para um debate de sociologia
Documento 01
Orientaes
Documento elaborado por Jacob (J.) Lumier, em Maro de 2012
O autor Jacob J. Lumier
Plano do documento:
(A)Linhas bsicas das oficinas
(B) Linhas bsicas para a Sugesto de tema n01
(C)Linhas bsicas do Texto subsdio ao Tema 01
(D)Textos
(D.1)Texto completo em subsdio ao Tema 01
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Preparao das Oficinas
Documento 01
Orientaes
(A)Linhas bsicas das oficinas
Tema eixo:
Sociologia e Solidariedade
As oficinas em pauta compartilham a aspirao em contribuir pararelacionar as questes ecolgicas, sociais e democrticas, diante das orientaes
conservadoras que no alteram o status quo nem tocam no modelo produtivista e
consumista que j esgotou a capacidade de recarga do planeta.
O problema da relao entre sociologia e solidariedade, como vocao de
socilogos, ser debatido sob os diversos aspectos e questes que suscita, e
teremos em vista a subjetividade, a dominao e a emancipao.
Nos resultados de nossas atividades, pretendemos chegar a uma concluso
que tenha aplicao nos princpios de Responsabilidade Universal.
***
Um problema sociolgico na desmontagem doprodutivismo.
Ter em vista a subjetividade, a dominao e a emancipao significa
compreender que a desmontagem do produtivismo implica vrios nveis, e um
dentre estes diz respeito a certos efeitos negativos diferenciados no mbito da
civilizao tcnica, como universal analogia de todo o produzido massivamente,
coisas e homens.
Vale dizer, h um problema sociolgico no artificial, mas relevante, j
apontado na sociologia crtica da cultura i, ao sculo vinte, que surge em
decorrncia do culto do instrumento.
O C a de
adorao, vlido porque, no exagero da civilizao tcnica, o instrumento
tomado como separado de toda a destinao objetiva incluindo a afeco
fetichista em possuir perfeitos equipamentos de toda a natureza.
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Notem que o culto do instrumento abrange mais do que os recursos
inertes, mas inclui a manipulao tcnica (controle) da subjetividade e aspiraes
humanas, como veremos especialmente em nossa crtica da vantagem diferencial
como mecanismo do sistema das desigualdades em um regime capitalista dado.
Vale dizer, o culto do instrumento levou ao desaparecimento da
contraposio do que hoje em dia chamam bens culturais intangveis, por um lado
e, por outro lado, a natureza como paisagem, como criao sem dominar mais
alm da sociedade, termos esses dos quais se concebia, como tema central da
filosofia burguesa e maneira do romantismo mtico, a suprema reconciliaoii, o
absoluto de toda a aspirao.
Em consonncia com o desaparecimento do tema reconciliador, desponta oesquema de uma dessubjetivao pura, como problema sociolgico, no caso, o
problema de equacionar os planos de certas involuesj existentes no cotidianoda civilizao tcnica e da sociedade em regime avanado do capitalismoorganizado.
A hiptese da crtica da cultura com certeza bastante operativa e ser levadaem conta em nossas atividades, a saber: para a dessubjetivao concorreminvolues que tendem a se converter em disposies utilitrias, isto , prestamserventia na cultura de massa, seja (a) como maneira de organizar e harmonizar asnecessidades, seja (b) como maneira de cristalizar o tempo livre em um Standarddo infantilismo (os modos infantis), atravs das grandes mdias como o cinema e ateleviso.
Certamente, o alcance desse Standard faz mais impactante a dessubjetivao edeixa os indivduos e grupos mais subservientes, j que a tal Standard doinfantilismo que se identificam os sujeitos/objetos em alguns de seus modos maisespessos, seguintes: (a) em sua incapacidade para perceber e pensar o que no como eles mesmos; (b) em sua autossuficincia cega de sua prpria existncia; (c)em sua imposio da pura utilidade subjetiva.
Finalmente, ser com ateno ao alcance e aplicao do mencionado
esquema de uma dessubjetivao pura, como problema sociolgico, que
desenvolveremos nossa crtica das desigualdades sociais.
***
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Preparao das Oficinas
Documento 01Orientaes
(B)Linhas bsicas para a Sugesto de tema n01
Foco principal:
O problema das desigualdades sociais na perspectiva do fim dos
contrastes entre opulncia e pobreza.
1.A cpula dos povos na Rio+20 instaura o marco em que a relao entresociologia e solidariedade implica ligar as questes ecolgicas, sociais e
democrticas, diante das orientaes conservadoras que no alteram o
status quo nem tocam no modelo produtivista.
2.Do ponto de vista dos que sofrem os efeitos da mercadorizao das relaeshumanas tornou-se impossvel permanecer inerte diante do estado de coisas.
A exigncia de questionamento do produtivismo revelou-se uma atitude
conforme aos princpios de responsabilidade universal iii, na medida em que
pe em relevo os diversos aspectos da subjetividade individual e coletivaafirmada na aspirao aos valores ideais.
3.Como se sabe, a mercadorizao, a ingerncia do lucro dominando como umabsoluto no somente as atividades produtivas, mas os esforos coletivos que
servem ao bem-estar, melhoria da qualidade de vida, defesa da natureza e
do planeta implica um dispositivo praticista que, para sua imposio, exige e
perpetuam as desigualdades sociais.
4.Em compensao, possvel fazer contrapeso a tal dispositivo de controlecapitalista, somando esforos junto com as indispensveis plataformas deconjunto do altermundialismo, dentre as quais se destaca a defesa de uma
taxao forte sobre as transaes financeiras, com impacto desestimulante
sobre a especulao (em vista de somar recursos para combater a pobreza em
escala globaliv).
5.Para fazer contrapeso, basta ter em conta que uma das maneiras disponveisde afirmao da solidariedade do socilogo passa pela desmontagem das
categorias que reduzem a estratificao social ao estatus quo, incumbindo
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fomentar a renovao dos estudos das desigualdades para alm dos
mecanismos em que o sistema capitalista as reproduz indefinidamente.
6.Neste sentido, devem levar em conta o problema das desigualdadespropriamente sociais e empreender a crtica da distribuio e procura de
vantagem diferencialv, categoria esta que, funcionando em detrimento das
aspiraes ao bem-estar e ao bem viver, se revela um mecanismo de serventia
unilateral, orientado unicamente para descrever o eficiente desempenho do
sistema capitalista.
7.Por contra, o que imprime s desigualdades o carter propriamente social ,como se sabe, o impulso para a alterao e mudana em profundidade de seus
prprios quadros, cuja percepo implica colocar em perspectiva o fim dos
contrastes entre opulncia e pobreza.
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Preparao das Oficinas
Documento 01Orientaes
(C)Linhas bsicas do Texto subsdio ao Tema 01
Ttulo:
O problema das desigualdades propriamente sociais e a crtica do critrio de
Ementa:
A aplicao da vantagem diferencial nos estudos sobre desigualdades refora o
estatus quo e deve ser questionada como mecanismo de controle capitalista e
estandardizao cultural.
Justificativa do texto subsdio ao tema 01
1.O estudo sociolgico das desigualdades deve situar-se para alm da simplesdescrio dos mecanismos da vantagem diferencial. Para obrar com alcance
crtico, deve ser empreendido com ateno a certos efeitos recorrentes da
civilizao tcnica no plano da psicologia coletiva, notadamente, a
dessubjetivao.
2.Quando centrado nos mecanismos da vantagem diferencial, o estudosociolgico corre o risco de limitar-se reificao dos papis e posies sociais,com o que acrescenta um aval teortico ao controle capitalista das aspiraes
humanas ao bem-estar (mercadorizao).
3.Embora a especificidade das desigualdades seja de ordem econmica, ondeso recorrentes e, em sua dinmica, concorrem como fatores do
desenvolvimento, trata-se de um fenmeno propriamente social trao
caracterstico da estrutura de classes que, como todo o fenmeno social, est
em marcha para o fim, sofre alteraes nos seus prprios quadros e traz em si a
mudana em perspectiva.
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4.A incluso do efeito de dessubjetivao, oriundo da civilizao tcnica, comofator de explicao da recorrncia do controle capitalista permite enfocar as
desigualdades em escala global e, notadamente, ao pr em relevo o amplo
alcance da psicologia coletiva, coloca em perspectiva o fim dos contrastes entre
opulncia e pobreza, ampliando a compreenso dialtica das desigualdades.
***
Resumo:
1. A vantagem diferencial no passa de uma converso da categoria -se na percepode eficcia da imposio das desigualdades como um controle racional (domnio
que se constitui por si e se desenvolve voltado para seu prprio equilbrio lgico,tornando-se um controle cada vez mais denso), a vantagem diferencial no servecomo critrio de estratificao propriamente socialpor deixar de lado o impulsopara a alterao e mudana em profundidade de seus prprios quadros, quecaracteriza todo o fato social.
2. Do ponto de vista da insero de indivduos e grupos, a vantagemdiferencial se aplica a todas as coisas que contam pontos em um curriculum vitaeou em portflios. Essa aplicao de carter econmico se traduz nos conceitos de
economia (desigualdades de oportunidades, de nveis de vida, de acesso aosconhecimentos, bens e valores desejados, de realizaes pelo trabalho, noexerccio dos direitos sociais e das liberdades, etc.) e relacion-las em hierarquiasvariadas, a fim de descrever um sistema estratificado caracterstico de um dadoregime capitalista (estratos econmicos e sociais).
3. A aplicao preferencial da vantagem diferencial como categoria deanlise do funcionamento capitalista refere-se realizao do valor econmicona comercializao dos produtos, implicando qualidade, em uma suposta e desejada relao de concorrncia, e foi propostapelo economista americano MEPV
CCEC
4. Em face da eficincia na aplicao da vantagem diferencial paradescrever o funcionamento de um sistema de estratos econmicos e sociais nombito de um regime capitalista, e a aparncia de sociologia positiva que dadecorre, o presente texto subsdio lana algumas linhas para resgatar a aesquecida vocao solidria da atividade do socilogo e, por esta via, visadestacar que o enquadramento capitalista das desigualdades em um sistema queas reproduz indefinidamente, em nome do desenvolvimento, revela umadisposio negativa que deve ser criticada e denunciada como mercadorizao das relaes humanas.
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Preparao das Oficinas de SSFL na Cpula dos Povos em 17 e 19 de Junho
Documento 01Orientaes
(D)Textos
(D.1)Texto completo em subsdio ao Tema 01
Ttulo
O problema das desigualdades propriamente sociais e a crtica do critrio de
Epgrafe
As classes subalternas esto mais expostas ao processo geral de subordinao em razo dos
mecanismos de reproduo das desigualdades sociais, notadamente os mecanismos de
busca e distribuio da vantagem diferencial, bem como o receio do desemprego, queimpulsiona para a subordinao, notando que atravs desses mecanismos de psicologia
coletiva que o controle pelo capitalismo tem eficcia.
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(D.1)Texto completo em subsdio ao Tema 01
O problema das desigualdades propriamente sociais e
A
Sumrio
UI ........................................................................... 14UCC ............................................................. 14 ......................................................................................................... 14
O saber estabelecido sobre as desigualdades sociais ................................................... ....... 15Em contexto de capitalismo organizado. ................................................................................. 15
Desigualdades e Condicionamento ...................................................................................... 16Notas crticas sobre a distribuio de vantagem diferencial como mecanismo de controlecapitalista e estandardizao cultural. ................................................................................. 16rismo normativo ............................................................................... 16.................... 17O ......................................................................................... 18 ................................... 19 .................................................. 20vantagem diferencial .............................................................. 20 ............................... 22Os caminhos de uma crtica. ............................................................................................ 22
A Vantagem Diferencial como Condicionamento e a Produo do Complexo de
Impotncia.............................................................................................................................. 23O.................................. 23O Complexo de Impotncia ................................................................................................. 24A cultura de massa organiza o tempo livre para fazer deste um standard do infantilismo. ... 25
Impotncia e Condicionamento .............................................................................................. 26A arcaica iloquacidade ........................................................................................................ 26
Glossrio (Notas Complementares) ......................................................................................... 27Nota sobre o Produtivismo .......................................................................................... 27Nota sobre o bem-estar. .............................................................................................. 29Nota sobre o controle do sistema financeiro................................................................ 29Nota sobre o utilitarismo normativo ............................................................................ 30Nota sobre Reificao .................................................................................................. 30Nota sobre a transformao das necessidades............................................................. 32Nota sobre os princpios de responsabilidade universal ............................................... 33
Perfil do autor ......................................................................................................................... 35Notas de fim ....................................................................................................................... 36
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(D.1)Texto completo em subsdio ao Tema 01
O problema das desigualdades propriamente sociais e a crtica do critrio de distribuio e procura
O Saber da Burguesia
Na origem, a crtica sociolgica das desigualdades econmicas esociaisvi relaciona o saber da burguesia como aceitao da
especializao estreita, implicando uma estratgia que justifica
dissimulando e dissimula justificando.
Uma Imagem de destino que dissimula.
De fato, a perpetuao das desigualdades econmicas e sociais tem origem
em uma falsa crena na irredutibilidade da diviso capitalista do trabalho que, no
comeo do sculo vinte, projetou um saber com as seguintes caractersticas:
(a) representou a especializao cada vez mais estreita na diviso
capitalis destino da nossa
poca
(b) propagou tal imagem de destino que dissimula o fenmeno de
dominao expresso nas desigualdades sociais, e, ao mesmo tempo, as
justifica como questes sociais e histricas.
Um saber da contradio entre Campo e Cidade.
O saber da burguesia na poca da decadncia do liberalismo, que se nota no
incio do sculo XX (anos de 1920), cotejado e integrado no conjunto da diviso do
trabalho em regime capitalista, posto em correlaes funcionais com o todo social
que impulsiona a estrutura de classes, de tal forma que se revela um saber das duas
situaes crticas do capitalismo, as regularidades tendenciais negativas da
estrutura de classes:(1) a contradio entre o campo e a cidade e,
(2) - a separao entre o trabalho fsico e o trabalho intelectual.
Atitude no crtica.
Em suas representaes de cientificidade e de romantismo, o saber da
burguesia preservar uma a atitude acrtica em relao quelas duas tendncias
negativas da estrutura.
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Da deixar despercebida que a separao do trabalho espiritual leva a tipos
particulares de especialistas com sua psicologia peculiar, como a psicologia dos
juristas, dos tcnicos, etc., e que essa separao vai alm da estrutura de classes,
constituindo um elemento psicossociolgico do prprio tipo de fenmeno do todo
da sociedade capitalista concorrencial e de sua estrutura global, de tal maneira quealma as quais por
sua vez aparecem, depois, de diversas maneiras nas distintas manifestaes do
carter desses grupos sociais mais humanos como a famlia, os grupos locais, as
oficinas e fbricas, etc.
O saber estabelecido sobre as desigualdades sociais
Em contexto de capitalismo organizado.
A mudana de contexto das desigualdades sociais na segunda metade dosculo XX marcada pelo fato de que o mundo da comunicao, disseminandoa reproduo do Sempre Igual da produo em massa a estandardizao dossmbolos sociais , veio a ser imposto sobre a vida social em correlaes com osmecanismos da autorregulao do capitalismo organizado, predominante desdeos anos quarenta, quando se constata o fim definitivo da economia de mercadoliberal e tem lugar a hegemonia burguesa que a est, agravada com umneoliberalismo orientado para implantar um sistema financeiro todo poderososem nenhum controle social realvii.
Lembrem que, desde os anos 40/50, deixou de existir definitivamente omercado da economia liberal, que cedeu lugar ao papel regulador do Estadoatravs de polticas econmicas, inclusive com polticas de incentivo aoinvestimento (Livre Mercado!!!), associadas ao fortalecimento de organismosmultilaterais de cooperao comercial, a exemplo da OCDE.
Quando se fala em regulao do capitalismo em sentido geral, consideram osesforos para evitar agravamento das crises: poltica fiscal (keynesianismo),poltica cambiria, sistema e regulao financeira, sistema de bancos centrais(poltica monetria), basicamente. O Federal Reserve Bank, dos EUA, primeiroBanco Central, foi criado em 1913, na sequncia da crise de 1907 semelhante
grande depresso dos anos de 1930 , dando incio ao Federal ReserveSystem, foco da poltica monetria das naes, que, na mencionada dcadade quarenta, possibilitou a reconstruo mundial.
Alm disso, o culto do instrumento tomado como separado de toda a destinaoobjetiva incluindo a afeco fetichista em possuir perfeitos equipamentos detoda a natureza , no mbito da civilizao tcnica, como a universal analogia detodo o produzido massivamente, coisas e homens, levou ao desaparecimento dacontraposio do que hoje em dia chamam bens culturais intangveis, por um ladoe, por outro lado, a natureza como paisagem, como criao sem dominar mais
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alm da sociedade, termos esses dos quais se concebia, em maneira mtica, asuprema reconciliao viii.
***
Desigualdades e Condicionamento
Notas crticas sobre a distribuio de vantagem diferencial como
mecanismo de controle capitalista e estandardizao cultural.
Nesse contexto de um mundo estandardizado, o estudo das desigualdades
sociais desde o ponto de vista da procura e distribuio de vantagem diferencial
realmente bastante injusto para com os indivduos e os grupos, dessa maneira
reduzidos a qualidades reificadas.
Trata-se de uma abordagem por economistas conservadores desprovidos de
qualquer sentido de solidariedade, j que fazem valer as expectativas cristalizadas
, em detrimento
dasaspiraes ao bem-estar.
Quer dizer, toma-se, equivocadamente, uma projeo exterior conscinciacoletiva, tal qual a vantagem diferencial, que no passa de uma converso da
estabelecendo a partir desta coisa
de procura e distribuio de vantagem, cuja aplicao preferencial, na verdade,
refere-se realizao do valor econmico na comercializao dos produtos,
implicando , em uma suposta e desejada
relao de concorrncia ix.
Reduo pelo utilitarismo normativo
O saber estabelecido sobre os estudos das desigualdades sociais, como
referidas realizao do valor econmico na comercializao dos produtos,
implicando vantagem diferencial , revela-
se um coerente saber das hierarquias industriais financeiras.
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Desde o ponto de vista de vantagem diferencial
-significaes econmicas, e traz consigo certa
terminologia prestante para disfarar a hegemonia do capitalismo financeiro
economia de
mercadox que j deixou de prevalecer no mundo estandardizado.Desta forma, descreve-se unicamente o desempenho da dominao capitalista,
com a suposta dinmica das desigualdades sociais sendo fomentadas, em fato,
pelas hierarquias industriais - financeiras tomadas como agencias no de uma
suposta concorrncia que, em realidade, no passa de distribuio materialmente
incentivada (empreendedorismo, competitividade), mas sim reprodutoras do
Sempre Igualda produo em massa.
Da, a anlise pela vantagem diferencial, ao invs de crtica hegemonia
burguesa pelo capitalismo financeiro organizado e dirigista, com seu mundo
estandardizado, chega concluso previamente estabelecida de que o sistema
das organizaes empresariais inclui a dinmica das desigualdades em estratificao
por nveis de renda, e que isto seria um fator positivo do desenvolvimento.
Trata-se de uma reduo pelo utilitarismo normativo xi em que o quadro de
referncia global do capitalismo com seu mundo estandardizado vem a ser
substitudo por um de seus fetichesvantagem diferencialD
nada mais faz do que reencontrar a iluso dos neoliberais ao proclamarem seu
delrio pr mercadorizao das relaes humanas (tornando-as fatores de lucro) de
O saber estabelecido sobre os estudos das desigualdades sociais, como
referidas realizao do valor econmico na comercializao dos produtos,
implicando vantagem diferencial , revela-
se um coerente saber das hierarquias industriais e financeiras pr mercadorizao
das relaes humanas (tornando-as fatores de lucro) xii. Da o alto peso atribudo
categoria da vantagem diferencial, tida como foco integrador da populao no
capital humano e capital cultural.
Reificao e funo de representao no psiquismo da estrutura de
classes
Na estrutura de classes, o psiquismo coletivo e individual revela trsdimenses: a necessidade, o trabalho, a posse, e se desdobra a partir da reflexocoletiva exercida na diviso do trabalho social, projetando regras de anlise
efetiva.
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Em relao ao coerente saber das hierarquias industriais e financeiras note-seque no somente a categoria da vantagem diferencial que implica a qualidade.Antes disso, a busca por qualidade est presente na funo de representao detoda a vida psquica da estrutura de classes, penetrada pela reificao dasqualidades e das atividades. Isto , a reificao como uma sorte de fora material daanlise efetiva da prtica social nas sociedades capitalistas. Neste sentido a funode representao constitui o psiquismo da classe burguesa.
Isto se compreende ao levar em conta que, na estrutura de classes, o psiquismocoletivo e individual revela trs dimenses: a necessidade, o trabalho, a posse, ese desdobra a partir da reflexo coletiva exercida na diviso do trabalho social,projetando regras de anlise efetiva.
Tal dissociao parcial dos trs aspectos ou dimenses do psiquismo liga-se aofato de que a burguesia comea por reduzir necessidade as dimenses dohomem no perodo chamado de acumulao primitiva, onde dominava oascetismo, a abstinncia, a economia em sentido estrito, ou seja, a acumulao
propriamente dita, onde a classe burguesa perquiria com ardor e recalcava aomesmo tempo o desejo da posse.
Posto isso, saltou-se para a posse pura, que no se pode alcanar. Quer dizer, opsiquismo dissociado nos trs aspectos, o psiquismo da estrutura de classesdesenvolve-se como um aprofundamento na passagem de uma economia fundadasobre a acumulao na austeridade e pela abstinncia, at uma economia dedesperdcio e despesas suntuosas - sem que isso correspondesse satisfao decertas necessidades essenciais.
O processo de unilateralizao
No h maneira de examinar as desigualdades sociais sem levar emconsiderao o processo de unilateralizao e a consequente supresso dareciprocidade que ligava os interesses privados e o interesse geral no espao
pblico.
A diferenciao do psiquismo da estrutura de classes decorre do fato de que afetichizao da mercadoria, do dinheiro, do capital, efetuando-se ao nvel daeconomia, reage sobre a mediao constituda entre os interesses privados e o
interesse geral, reage sobre o Estado como espao pblico.
Passa-se um processo de unilateralizao que (a) implica a generalizao dasnecessidades, em que, sob a cobertura dos aparelhos organizados do Estado, asclasses se representam; (b) por essa via, leva absoro pelo e no Estado dosinteresses privados e do interesse geral, com a supresso da reciprocidade que os
ligava.
Desta forma, os trs aspectos do psiquismo se dissociam parcialmente e,assim distinguidos
representados como tais no Estado, e se representam assim na conscincia e nas
ideiasxiii. Da o esquema pelo qual (a) h uma classe do trabalho; (b) incumbindo,
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todavia, a outros a posse, (c) com os mais desfavorecidos representando anecessidade em estado puro. Finalmente, compreende-se que, em boasociologia, no h maneira de examinar as desigualdades sociais sem levar emconsiderao o processo de unilateralizao e a consequente supresso dareciprocidade que ligava os interesses privados e o interesse geral no espaopblico. As desigualdades expressam exatamente a reproduo desse processo deunilateralizao caracterstico da estrutura de classes.
A sabedoria de frieza na contradio do complexo de impotncia
O saber da grande burguesia como economia do lucro esconde o dogma dosempre foi assim e sempre ser igual, em que se resume a crena de que ohomem no capaz de Bem suficiente na Terra, portanto a melhoria do
mundo se deforma em maldadexiv
.
Uma vez incorporada a funo de representao, e posto diante dapercepo do contraste entre opulncia e pobreza, o saber da burguesiano somente feito na generalizao das necessidades, mas, por essa via,revela um acentuado distanciamento da solidariedade, como disposio aocompromisso pela diminuio das desigualdades.
Trata-se de uma sabedoria de frieza bem delineada na atitude da grandeburguesia ao afirmar soberanamente que defende a sobrevivncia da economiase eles
no tivessem que trabalhar tanto no saberiam o que fazer com o tempo livre
Est-se, portanto, diante da ideologia como sabedoria de frieza, quecarece de contedo cognitivo por coisificar no o mundo, mas os homens,tomando-os como dados exteriores.
Dessa mesma sabedoria fria releva a fico do futuro, releva o cartera desgraa que poderia infringir ao homem a
Por sua vez, essa fico do futuro esconde uma transposio da culpapelas desigualdades do presente aos que ainda esto por nascer; esconde odogma do sempre foi assim e sempre ser igual, em que se resume a crena
de que o homem no capaz de Bem suficiente na Terra, a melhoria domundo se deforma em maldade.
Desta sorte, destaca-se um esquema vazio inevitvel, a saber: adisposio de que (a) a transformao dos homens no podendo sercalculada, e escapando imaginao antecipatria, (b) adota-se a escolhaem substitu-la pela caricatura dos homens de hoje.
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A satisfao das necessidades e a disposio praticista.
Para que haja um sistema de desigualdades centrado na vantagemdiferencial preciso que seja constante a necessidade em produzir para as
necessidades harmonizadas pelo Sempre Igual da produo de massa e daindstria cultural.
Mas no tudo. Na desmontagem da ideologia como sabedoria de frieza,
O enquadramento das desigualdades em uma hierarquia deestratificao econmica e social pela categoria da vantagem diferencialno transparente, mas opaca, no deixa passar luz sobre a racionalidadeque as desigualdades atendem.
Toma-se por suposto e admite-se suficiente a conhecida "lei" do
mercado, a combinao de oferta e procura, estabelecida na projeo deque as necessidades sempre estaro l e sempre sero cada vez mais. Ouseja, as desigualdades refletiriam no somente o estado da satisfao dasnecessidades, mas tambm o grau de necessidade em buscar a satisfaodas necessidades. E isto, essa compulso, seria uma caracterstica objetivado mercado (objetividade da satisfao), um efeito da combinao deoferta e procura capaz de impelir para a vantagem diferencial.
Assim, para que haja um sistema de desigualdades centrado na vantagemdiferencial preciso que a necessidade em buscar a satisfao dasnecessidades seja constante, isto , aumente cada vez mais (o mercado
como um crculo vicioso em expanso que, de mais a mais, diro servir deesquema a um correspondente crescimento sem limite do consumo).
Mas a coisa no bem assim. A compulso satisfao das necessidadesimplica a necessidade em produzir para as necessidades harmonizadas peloSempre Igual da produo de massa e da indstria cultural (incluindo nestaltima, notadamente, as mdias como o rdio, o cinema, a televiso e osmeios digitais), desconhecido o Sempre Igual na aplicao da vantagemdiferencial.
O equvoco desta aplicao faz passar a suposio de que, em outrocontexto que no o mundo da comunicao e da produo de massa, tal
compulso satisfao das necessidades possa permanecer atuando emcorrente. Menos que um saber, trata-se de um dispositivo praticista xvimpondo a adaptao das necessidades ao padro harmonizado peloSempre Igual da produo de massa, ou silenciando, como algo intil, asnecessidadesainda no satisfeitaspela sociedade xvi.
A funo conservadora da vantagem diferencial
Neste ponto, deve-se ter em vista que uma das linhas de desarticulao damentalidade ideolgica implica desmontar a projeo de que a compulso satisfao possa permanecer atuando na nova sociedade.
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falsa compulso satisfao das necessidades decorrendo automaticamente das
necessidades imposta pelo Sempre Igual da produo de massa e do mundo dacomunicao.
Ao operar silenciando como algo intil as necessidades ainda no satisfeitaspela sociedade, e no contexto simblico neoliberal que preserva a equivocadasuposio de objetividade da satisfa, a aplicao da vantagem diferencial,em sua funo conservadora, no permite se reconhea juntamente como estudodas desigualdades, a exigncia de questionar o praticismo por trs daquelecontexto.
Desta forma, o estudo das desigualdades que dali resulta deixa passarinadvertidamente a falsa crena que atribui tal estado de coisas (suposio deobjetividade da satisfaao predomnio da cultura material sobre a intelectual
e, assim procedendo, traz recorrente impulso para o falso pressuposto de umacontraposio rgida entre a vida cultural e a vida prtica.
Toma relevo, em decorrncia, o problema da neutralizao da cultura pelasociedade de capitalismo organizado e produo de massa, recorrente no desprezodos bens culturais da tradio.
Afuno social de reconciliar os homens com as ms condies de vida.
Quer dizer, a aplicao da vantagem diferencial como aspecto do
condicionamento sobre as aspiraes que o mundo administrado impe, fazsobressair uma conexo entre a cultura massificada e a funo social de reconciliaros homens com as ms condies de vida, e afast-los da crtica destas ms
condies.
Por sua vez, como aspecto da tendncia domesticao das classessubalternas pelo condicionamento, o mecanismo da vantagem diferencial na basedas desigualdades permite a dcil subordinao em face do processo que, semcrtica, o mundo Sempre Igual da produo de massa se fixa cristalizado.
Quer dizer, na base das desigualdades e sua reproduo, houvera umadistribuio e procura de vantagem diferencial impulsionando
(condicionando) indivduos e grupos a entrarem em competio uns com outros
r na hierarquia de posieseconmicas e sociais sob um regime capitalista.
Neste sentido preciso de imposio de uma hierarquia de estratoseconmicos e sociais, o mecanismo da vantagem diferencial d lugar mercadorizao das relaes humanas, tanto em relao aos consumidores quantoaos produtores e assalariados, em maneira semelhante contratao de mo deobra, onde os perfis humanos adquirem um preo e, conforme os estratos
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econmicos e sociais a que esto submetidos, as presenas das pessoasrepresentam um retorno de lucro.
A questo crtica sobre a cultura de massa no se reduz a censur-la porqued demasiado ao homem, ou porque lhe torne a vida bastante segura; tampouco se
reduz afirmao, como invarivel, da necessidade de intensificao e refinamentoda conscincia.
A vantagem diferencial no esvaziamento das significaes
humanas.
Quando se toma por objeto o conflito entre o homem vivo e as petrificadascircunstncias deve-se evitar construir humanidade e coisificao em rgidacontradio (T. W. Adorno).
Na promessa humanista da civilizao, o humano inclui em si, junto com acontradio da coisificao, tambm a coisificao mesma. Da porque omecanismo da vantagem diferencial revela-se perverso: se impe a partir doesvaziamento das significaes humanas.
A caracterstica da condio humana em incluir em si a coisificao mesmavale no somente como a anttese que introduz a condio da rotura libertadora,mas vale tambm positivamente, isto , vale como forma que realiza o abalo dosujeito. Em suma: Ao incluir em si a coisificao, a condio humana detm oexclusivo procedimento de objetivar a comoo subjetiva: inclui umadessubjetivao (T. W. Adorno), que, de ordinrio, se reconhece na ataraxia,alcanando a personalidade vazia de sentimento.
O mecanismo da vantagem diferencial na base das desigualdades, como
aspecto do condicionamento pelo Sempre Igual, faz exatamente por ocultar nosomente que o indivduo com sua possesso ou personalidade j produto dacoisificao, mas, por via de tal ocultao, afasta os homens do conhecimento dadessubjetivao, compreenso que os poderia levar crtica do sistema.
Os caminhos de uma crtica.
Sem embargo, algumas precises neste ponto se fazem necessrias.Notadamente em relao atitude ingnua que projeta a coisificao comomaldio sobre o futuro, j que isto implica no penetrar na presena do futuro,fechar-se quilo que salvao no passado.
Podemos nos alimentar do pensamento artstico para descrever aexclusividade em incluir em si, junto com a contradio da coisificao, tambm acoisificao mesma.
o caso de observar o paralelo entre a atitude artstica diante do sofrimento ea psicanlise (freudismo). A busca do marco zero do pensamento artstico,caracterizando a instncia em que esse pensamento encontra seu material, e podeento se exercer, mostra que esse material (os atos falhos, os sonhos e os sintomasneurticos), por sua vez, fornecido pelo sofrimento humano, isto , pelos estadosabalados, pesarosos ou comocionados que a sociedade evanescente causa aoshomens e trata como desperdcio (o sofrimento inaproveitvel, sem utilidade na
produo capitalista).
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Os atos falhos, os sonhos e os sintomas neurticos (a) na medida em que sofornecidos pelos estados comocionados, e (b) na medida em que esses estadoscomocionados dos homens so causados pela sociedade evanescente (evanescenteaqui no sentido de decadncia da conscincia ou deteriorao das significaeshumanas), (c) constituem o material meramente existente do pensamento artstico.
Ser exatamente esse meramente existente detectado com a cada daconscincia (isto , em cujo mbito passa a funo no representacional advindapor efeito dos estados comocionados) que sobressai na anlise da dessubjetivaolevando ataraxia, entendida esta ltima como subjetividade estacionria(regresso da aspirao aos valores, no indivduo) xvii.
A Vantagem Diferencial como Condicionamento e a Produo
do Complexo de Impotncia
O fato da ataraxia suscita o problema do complexo de impotncia
A i d e o l o g i a d o f u t u r i s m o c o r r e s p o n d e a o m u n d o d a c o m u n i c a o , c o m o
i n s t n c i a d e r e p r o d u o d o S e m p r e I g u a l e h a r m o n i z a o d a s n e c e s s i d a d e s a o
c h a m a d o m e r c a d o , e n t e n d i d o e s t e p o r s u a v e z c o m o p a d r o d e m e r c a d o r i z a o
e s t a b e l e c i d o p e l a s h i e r a r q u i a s i n d u s t r i a i s e f i n a n c e i r a s e m c o n t e x t o d e c a p i t a l i s m o
o r g a n i z a d o .
O complexo de impotncia ultrapassa o psiquismo individual, tem dimensocoletiva. um fenmeno no redutvel aos transtornos da libido por si s, comonos estudos sobre o complexo de dipo xviii, mas combina-se a certos efeitos de umambiente com smbolos estandardizados e condutas cristalizadas , implicandonotadamente a domesticao, como docilidade na obedincia. Tem sua boadescrio na desmontagem da ideologia do futurismo como representao, oumelhor, neste caso, precisamente, uma fico do futuro xix que no somentecorresponde ao mundo da comunicao, mas segregada pela indstria cultural.
O futurismo implica uma corrente artstica e literria que cedeu espao fico desdobrada com a indstria cultural, cuja projeo ideolgica foidesenvolvida no romance "Brave New World", de Aldous Huxley.
Nessa projeo, a fico se limita aos prolongamentos de linhas j existentesna civilizao tcnica, compondo, ento, nesses prolongamentos do Sempre Igualda produo em massa, uma montagem que se afirma inseparvel da utopianegativaum futuro onde o dj-vu coletivo se prolonga indefinidamente.
A ideologia do futurismo corresponde ao mundo da comunicao, comoinstncia de reproduo do Sempre Igual e harmonizao das necessidades aochamado mercado, entendido este como padro de mercadorizao ou modelo
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de fazer lucro estabelecido pelas hierarquias industriais e financeiras em umcontexto de capitalismo organizado.
O Complexo de Impotncia
Neste ponto cabe lembrar certos efeitos negativos diferenciados no mbito dacivilizao tcnica como universal analogia de todo o produzido massivamente,coisas e homens.
Vale dizer, h um problema sociolgico no artificial, mas relevante, j
apontado na sociologia crtica da cultura da T. W. Adorno xx, ao sculo vinte, que
surge em decorrncia do culto do instrumento.
O C
adorao, vlido porque, no exagero da civilizao tcnica, o instrumento
tomado como separado de toda a destinao objetiva incluindo a afeco
fetichista em possuir perfeitos equipamentos de toda a natureza.
Notem que o culto do instrumento abrange mais do que os recursos
inertes, mas inclui a manipulao tcnica (controle) da subjetividade e aspiraes
humanas, como veremos especialmente em nossa crtica da vantagem diferencial
como mecanismo do sistema das desigualdades em um regime capitalista dado.
Vale dizer, o culto do instrumento levou ao desaparecimento da
contraposio do que hoje em dia chamam bens culturais intangveis, por um lado
e, por outro lado, a natureza como paisagem, como criao sem dominar mais
alm da sociedade, termos esses dos quais se concebia, como tema central da
filosofia burguesa e maneira do romantismo mtico, a suprema reconciliaoxxi,
o absoluto de toda a aspirao.
Em consonncia com o desaparecimento do tema reconciliador, desponta oesquema de uma dessubjetivao pura, como problema sociolgico, no caso, oproblema de equacionar os planos de certas involuesj existentes no cotidiano
da civilizao tcnica e da sociedade em regime avanado do capitalismoorganizado.
A hiptese da crtica da cultura com certeza bastante operativa e ser levadaem conta em nossas atividades, a saber: para a dessubjetivao concorreminvolues que tendem a se converter em disposies utilitrias, isto , prestamserventia na cultura de massa, seja (a) como maneira de organizar e harmonizar asnecessidades, seja (b) como maneira de cristalizar o tempo livre em um Standarddo infantilismo (os modos infantis), atravs das grandes mdias como o cinema e ateleviso (diferente do ldico em sentido amplo, que caracteriza a espontaneidadedas crianas, os modos infantis de que se trata aqui corresponde ao lazer fabril,
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cujo comportamento limite a jogatina como indstria, onde o brincar atende auma produo).
Certamente, o alcance desse Standard faz mais impactante a dessubjetivao edeixa os indivduos e grupos mais subservientes, j que a tal Standard dos
modos infantis que se identificam os sujeitos/objetos em alguns de seus modosmais espessos, seguintes: (a) em sua incapacidade para perceber e pensar o queno como eles mesmos; (b) em sua autossuficincia cega de sua prpriaexistncia; (c) em sua imposio da pura utilidade subjetiva.
A cultura de massa organiza o tempo livre para fazer deste um
standard do infantilismo.
A crtica da cultura dominante examina a universal analogia de todo o
produzido massivamente, coisas e homens, situando as correlaes da ideologiafuturista Brave New World. Ao trat-las em modo sociolgicocomo referncias objetivamente possveis, e delineando o quadro quecorresponde situao limite de certas involues j existentes no cotidiano dacivilizao tcnica, a crtica assinala que essa equiparao de coisas e homens seestende at a produo da conscincia estandardizada de inmeros homens pelacommunication industry.
Quer dizer,o mundo da ideologia futurista assenta-se na CI . Seus truques respectivos so: (a) todo o indivduo est World
Controller -secom uma questo problemtica; (b) as diferenas individuais tm sua anulaogarantida pela Identitycombinada (c) Stability, como o final de toda a dinmicasocial.
Estendendo a estandardizao total pr-formao do homem, o mundoesttico da negativa ideologia do futurismo assenta- World Controller trade Community, Identity, Stability.
A panacia que efetua essa garantia de esttica social, observadasociologicamente como estandardizao, o Conditioning.
Neste ponto alcanamos o elemento central da descrio do complexo de
impotncia como alguma coisa que produzida a partir do Conditioning.
Tal "condicionamento" visa produo de determinados reflexos, ou modosde comportamento, por modificaes planejadas no mundo circundante,mediante o controle tcnico das chamadas condies de vida.
A ideologia do futurismo estende o controle total pr-formao do homem,desde a gerao artificial dos embries e a direo tcnica da conscincia e do
inconscient death conditioning
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training que suprime das crianas o medo da morte, com o procedimento de faz-las contemplar agonias, ao mesmo tempo em que se as faz degustar doces, paraque sempre associem a ideia de morte aos mesmos.
Na utopia negativa desse mundo gerado no Conditioning, se pe em relevo os
seguintes aspectos, que se aplicam domesticao como produo da docilidadena obedincia:
(a) o efeito final do Conditioning, como adaptao sobre si mesmo, ainteriorizao e a aprovao da presso e da opresso sociais por cima da os homens se submetem a amar o que tm de fazer sem sequer
saberem que isso submisso - assim se assegura subjetivamente sua felicidadee se preserva a ordem;
(b) a penetrao dessa ordem torna ultrapassadas todas as ideias de que ainfluncia da sociedade no indivduo seja uma influncia mediada pela famliadomstica e a psicologia;
(c) como filhos da sociedade no sentido mais literal, os homens coincidemsubstancialmente com ela, tornados dceis expoentes da totalidade coletiva eestando condicionados socialmente (no sentido em que os behavioristas exerciama domesticao pela manipulao dos instintos), isto , no simplesmenteequiparados ao sistema dominante por um desenvolvimento posterior, mas emuma relao eternizada em nvel biolgico. Da o complexo de impotncia.
A interpretao crtica de que a ideologia do futurismo indica que areproduo da estupidez, anteriormente realizada inconscientemente no ditame
da mera misria vital, est nas mos da triunfal cultura de massa, uma vezeliminada aquela misria.
Impotncia e Condicionamento
Desta sorte, a misria como fixao racional da irracional relao de classesque o complexo de impotncia ressente, anuncia a superfluidade dessa relaomesma, a superao de seu carter natural como iluso na histria descontroladada humanidade, ficando a subsistncia de classes para a diferenciaoadministrativa na distribuio do produto social.
Tal a imagem da utopia negativa ao manter os embries e as crianaspequenas das castas inferiores em uma atmosfera rarefeita em oxignio, como seos mantivesse na mesma atmosfera dos bairros de barracos, s que construdosartificialmente.
A arcaica iloquacidade
Ou seja, o complexo de impotncia se revela na estupidez em que, deixada seu
produto social, a situao de misria passa a ser reproduzida por merocondicionamento, na fixao racional da irracional relao de classes.
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Desta forma, o complexo de impotncia se estende na classe superior: aconscincia daqueles que desfrutam sua prpria individuao est submetida estandardizao por causa de sua identificao com o in-group, isto , por umasorte de identificao heteroptica que, ao invs de levar aos contedos daconscincia coletiva, levam aos juzos pelo condicionamento (conditioning),estando o grupo constitudo sobre a virtude de no entender, sobre o vazio designificao (o dj vu se experimenta l onde h ausncia de significao). Tal ocircuito estpido da hegemonia burguesa e financeira, que aponta unicamente adegradao dafala, a decadncia do dom de exprimir o pensamento pela palavra.
****
Glossrio (Notas Complementares)
Nota sobre o Produtivismo
A questo pblica da ecologia desdobrando-se na indispensvel crtica ao
produtivismo revela-se um marco de recorrncia para contestar devidamente aequivocada atribuio ideolgica de valor absoluto ideia de que "mais bensmateriais fazem crescer a felicidade", lema produtivista este em que participa outilitarismo moderno, como filosofia pblica do que tem utilidade para o maior
nmero.
Expandindo-se como mensagem cativante aos progressistas da poca, (asideias de democracia, progresso e de direito escolha so trs ideias que podiamser explicadas em termos utilitaristas liberais) a influncia do utilitarismo nosculo 19 e comeos do sculo 20 no foi somente uma ideologia restrita aos
economistas xxii.
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Pelo contrrio, na medida em que colocou em pauta a questo dos critriosde valor de uma norma, relacionando-a a sua utilidade como imagem defelicidade para o maior nmero, como se sabe, o utilitarismo suscitou reaes emvrios meios intelectuais, notadamente entre os socilogos diligentes como mileDurkheim (1858 1917), o mestre fundador da sociologia, que em sua conhecidaobra datada de 1893, De la division du travail social, ali contestou acertadamenteo eudemonismo.
Com certeza trata-se de um aspecto pouco explorado no estudo da obra deDurkheim. Alm de deix-lo contra a corrente, sua conhecida oposio aoutilitarismo como questo pblica, bem referenciada por seus continuadores xxiii,tivera notado alcance em sua elaborao intelectual, especialmente para asociologia da vida moral, de tal sorte que um comentrio aprofundado a respeitodisto pudera revelar o interesse deste mestre da sociologia para os movimentossociais, em poca de justo questionamento da ideologia produtivista, como hojeem dia, tanto mais que, ao pesquisar a realidade da conscincia coletiva,
Durkheim antecipou o fato de que no h comunicao sem o psiquismo coletivo.
Com efeito, a lcida crtica ao produtivismo comporta preliminarmenteduas orientaes que simplificando podemos designar no seguinte: (a)"capitalismo verde": admite um crescimento mais desmaterializado, com menosCO2, por exemplo; e (b) "new deal verde": preconiza como necessrio umpequeno decrescimento econmico nos pases mais ricos. O problema que desafiaa ambos superar o imperativo da busca de crescimento constante a que se
costuma associar o Homo Faber.
Faz-se a justa crtica de que todas as formaes polticas de direita ou deesquerda partilharam at o comeo dos anos 1980 a noo de que a vocao dohomem produzir, fazendo da tcnica e da tecnologia o principal instrumento desua emancipao. O "ideal" entre aspas dessas formaes que o investimentoaumente a produtividade do trabalho, e diminua pela utilizao das mquinas otempo socialmente necessrio produo de bens.
Neste sentido, haveria a superar com urgncia um culto da produo e daabundncia associado revoluo Industrial, com seus efeitos negativos cada vezmais acentuados, tais como a destruio da biodiversidade, a rarefao dosrecursos, o aquecimento global, a acumulao de poluies e dejetos para almdo limite crtico de regenerao da biosfera, da gua dos rios, e de toda a
capacidade de recarga do planeta xxiv .
Questionam-se os socilogos histricos pela contemplao da sociedadeindustrial em suas pesquisas: um 1 teria se limitado a assinalar no Ocidente ascaractersticas necessrias ao capitalismo, a que correspondeu o desenvolvimentoprodutivista, hoje centrado no clculo do PIB como indicador principal da
economia.
Outro 2 tido por ambivalente, seja ao considerar positivo, por um lado, odesenvolvimento das foras produtivas alimentado pela tcnica combinada
1 Max Weber.2
Karl Marx.
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cincia, seja, por outro lado, ao tomar por negativo cada progresso da produo
como acentuando a opresso dos trabalhadores.
A tomada de conscincia dos perigos do produtivismo no teria se anunciadoat os anos 1970 quando o paradoxo entre um mundo finito e a constrio de um
crescimento sem fim emergiu nas conferncias internacionais
xxv
.Desta forma, a crtica ao produtivismo tem alcance profundo, mostra-se
ao transformadora nem s das estruturas, mas dos quadros operativos da aohistrica, como conscincia da liberdade: ao concentrada que no somentealmeja dirigir a mudana das estruturas a partir de modelos e estratgias, masbusca notadamente redirecionar a economia e o planejamento econmico para osreferenciais e medidas ecolgicas, em vista de ultrapassar pela implementaodos indicadores "fsicos" da ecologia poltica os procedimentos ecologicamenteinsuficientes xxvi relacionados ao modelo produtivista de clculo do Produto
Interno BrutoPIB xxvii.
Nota sobre o bem-estar.
O Bem-Estar inclui a relao entre Sociologia e Direitos Humanos que afirma aefetividade da Declarao Universal dos Direitos Humanos (ONU) e pe emperspectiva as quatro liberdades que se compreendem por elas prprias por seremliberdades humanas essenciais, a saber: Liberdade de Expresso, Liberdade deCulto, Liberdade para Querer, Liberdade contra o medo (Four Freedoms: Freedomof Speech, Freedom of Worship, Freedom from Want, and Freedom from Fear). Istosignifica que no pode haver bem-estar nem, muito menos, a correspondenteampliao dos direitos sociais (notadamente a remunerao digna para todos) ou a
melhor qualidade de vidaque so fundados na mencionada liberdade para quererl onde prevalece o regime das desigualdades sociais.
Alm disso, a compreenso sociolgica do bem-estar como uma questopblica no exclui, evidentemente, os demais aspectos psicolgicos ou de qualidadede vida (sade, personalidade, meio ambiente, sociabilidade), em que,frequentemente, o bem-estar desejado na experincia dos indivduos e dosgrupos sociais. Pelo contrrio, os inclui e os afirma, mas os relaciona precipuamenteaos Direitos Humanos, dos quais tais aspectos so desdobramentos, posto que oimportante distinguir entre bem-estar e desenvolvimento, notadamente, repelir a
Pode haver bem-estar sem crescimento do consumo desde que as desigualdades
sociais sejam poucas. negativa a crena de que as desigualdades impulsionam oconsumo (conspcuo) e que o aumento deste seria necessrio para odesenvolvimento e sada da atual crise. Tal modelo est esgotado pelos limites doplaneta que no admite mais o aumento de gs carbnico.
Nota sobre o controle do sistema financeiro
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Um sistema financeiro sem controle social significa que a sociedade foidespossuda do controle da moeda como bem coletivo e elemento fundamentalda coeso social. Atualmente, o controle da moeda est em mo dos bancoscentrais e dos bancos ordinrios. A criao monetria foi posta ao servio quaseexclusivo da reestruturao permanente do capital e da especulao. Da osentraves que o sistema financeiro impe ao livre curso das democracias, com ascrises das dvidas e com a imposio de medidas de austeridade contra os direitossociais e trabalhistasmedidas que aumentam as desigualdades sociais, de que asituao recente da Grcia o exemplo mais cortante.
Em face de tal descontrole, na esteira da proposta da Taxa Tobin e muito almdas microtaxas sobre transaes financeiras (TTF), a conscincia democrticadefende a exigncia de um controle coletivo mediante a implantao de taxaselevadas e impactantes sobre os fluxos de capitais especulativos (os que no soaplicados nas atividades da economia real tais como importao, exportao,investimentos), a fim de obter recursos pblicos para recuperar da pobreza acidadania e baixar as desigualdades sociais.
Nota sobre o utilitarismo normativo
Na medida em que colocou em pauta a questo dos critrios de valor de umanorma, relacionando-a sua utilidade como imagem de felicidade para o maiornmero, como se sabe, o utilitarismo doutrinrio ou normativo de JeremyBentham (1748-1832) e John Stuart Mill (1806 - 1873), que gozava de excepcionalprestgio nos meios progressistas da poca, suscitou reaes em vrios meiosintelectuais, notadamente entre os socilogos diligentes como mile Durkheim(1858 1917), que em sua conhecida obra datada de 1893, De la division dutravail social, ali contestou acertadamente o eudemonismo.
Fora-lhe essencial sua recusa da "utilidade" como critrio ltimo das aeshumanas e como base mensurvel de anlise das questes polticas, sociais eeconmicas. Da mesma maneira, ao repelir toda a tentativa em estabelecer umabsoluto para a vida moral com imposio aos fatos sociais, tornou- se igualmenteindispensvel ao notvel socilogo repelir como eudemonismo a pretensoutilitarista em reduzir o valor de uma norma unicamente a sua utilidade como critriode felicidade para o maior nmero.
Oposio sociolgica esta tanto mais consequente quanto se sabe que outilitarismo liberal est longe de ser uma proposta inconsistente. A ideia de queuma das funes da poltica promover o bem-estar humano encontra no mesmouma justificao terica adequada (a democracia podendo ser vista como umaespcie de Utilitarismo aplicado, na medida em que, sendo o governo da maioria,defender os interesses do maior nmero).
Nota sobre Reificao
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A anlise da reificao decorre da interpretao do modelo de sociedadeliberal clssica, produtora para o mercado, como comportando umainterpenetrao do aspecto econmico e do aspecto psicolgico, por diferenadas formas sociais anteriores, onde a estrutura mental da mediao no observvel, j que a economia considerada natural.
A referncia sociolgica principal a constatao de que a regulao daproduo e do consumo, em termos de oferta e demanda, se faz por um modo
implcito no claramente percebido, impondo-se conscincia dos indivduos como
a ao mecnica de uma fora exterior.
Desta forma, todo um conjunto de elementos fundamentais da vida psquicadesaparece das conscincias individuais, no setor econmico, para delegar suasfunes categoria preo, que aparece como uma propriedade nova e puramentesocial dos objetos inertes, os quais, por sua vez, passam ento a guardar asfunes ativas dos homens.
A categoria preo penetra tudo que era constitudo nas formaes sociais pr-capitalistas pelos sentimentos transindividuais, pelos valores da afetividade queultrapassam o indivduo, incluindo o que significa moral, esttica, caridade, f.
Nas formaes sociais pr-capitalistas a produo era conscientemente regidapelo consumo futuro, isto , pelas qualidades concretas dos objetos. Tal alterao,no plano da conscincia dos homens, se traduz pela supresso de todo o enlaceaos valores de uso.
Desta sorte, na sociedade individualista de produo para o mercado, aimportncia essencial do indivduo e da vida individual na interior das estruturaseconmicas passa por uma reduo ao implcito, por efeito da mediao do
prprio valor de troca.
E
financeiro, observada no fim do sculo XIX e, notadamente, no comeo do sculoXX, tornando-se acentuada a supresso de toda a importncia essencial doindivduo e da vida individual na interior das estruturas econmicas.
N
pela interveno estatal impondo os mecanismos de autorregulao da produoem torno dos bancos centrais independentes, se constata, em modo correlativo supresso progressiva da importncia essencial do indivduo, no somente a
independncia crescente dos objetos, mas a constituio desse mundo de objetosem universo autnomo, tendo sua prpria estruturao xxviii .
Nas formas sociais anteriores a produo para o mercado, em que a estruturamental da mediao no observvel, quando um homem precisava devestimenta, ou o produzia ele mesmo, ou o demandava a um indivduo capaz deproduzi-la. Este ltimo, por sua vez, em virtude de certas regras tradicionais; porrazes de autoridade ou de amizade; ou ainda, em contrapartida de certasprestaes, devia ou podia lhe fornecer tal vestimenta.
Por contra, nas sociedades de mercado, quando se quer obter vestimenta,importa conseguir o dinheiro necessrio a sua compra. Por exemplo: o produtor
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de roupas indiferente aos valores de uso dos objetos que ele produz. A seusolhos, estes no passam de um mal necessrio para obter aquilo que unicamentelhe interessa: um valor de troca suficiente para assegurar a rentabilidade de suaempresa. Da se nota a mediao como substitutivo do aspecto qualitativo dosobjetos e dos seres, caracterizando o predomnio dos valores de troca,quantitativos.
Nada obstante, fato que tal substituio no suprime totalmente os valoresde uso da conscincia coletiva dos homens, de tal sorte que o carter implcito dosmesmos permanece.
Quer dizer, como consumidor ltimo, oposto no ato mesmo da troca aosprodutores, todo o indivduo, em uma sociedade produtora para um mercado(trocas competitivas centradas no lucro), se encontra em certos momentos dajornada em situao de vislumbrar os valores de uso qualitativos, que, semembargo, no pode alcanar, a no ser pela mediao dos valores de troca.
Mas no tudo. Devem observar a ao convergente de quatro fatoresdiferentes.
O primeiro fator pe em relevo que, ao surgir no pensamento dos membrosda sociedade burguesa, a categoria da mediao traz consigo a tendncia implcitaa substituir esse pensamento por uma falsa conscincia total, isto , um modelode orientao no qual o valor mediador se torna valor absoluto, e onde o valormediatizado desaparece inteiramente.
Tendncia-limite esta que se realizaria, praticamente, na propenso a fazerdo dinheiro e do prestgio social os valores absolutos, e no mais simplesmediaes para o acesso aos outros valores, de carter qualitativo.
Sem embargo, considerando o fato de que todo o indivduo, na sociedadeprodutora para o mercado, se encontra em certos momentos da jornada emsituao de vislumbrar os valores de uso qualitativos, torna-se indispensvel levarem conta na compreenso do fenmeno estrito da estratificao social(distribuio desigual da riqueza e do prestgio) e na anlise das desigualdadessociais, a probabilidade de um descontentamento afetivo no conceituado (ouno representado na percepo coletiva), seguinte: a ocorrncia verificvel deuma aspirao afetiva mirada direta dos valores qualitativos, que seriaobservada se desenvolvendo, seja no conjunto da sociedade burguesa, seja,talvez, unicamente entre as classes mdias.
Da decorre no somente a insuficincia, mas a injustia para com indivduose grupos submetidos aplicao da vantagem diferencial como disposiopraticista nos estudos de estratificao e desigualdades sociais.
Nota sobre a transformao das necessidades
P
montagem de uma srie de separaes impostas em torno da esfera da satisfao
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estabelecer a todo o custo a falsa separao maior entre necessidades materiais enecessidades ideais.
O equivoca desta montagem decorre da orientao idealista que, (a)
pretendendo repelir a neutralizao da cultura separada do processo material deproduo, tal como ocorre na cultura de massa com suas necessidadesimaginrias, (b)tenta colocar como correo uma esfera superior de cultura.
Assim procedendo, (c) em molde biolgico e supra-histrico, (d) compreendendo neste conceito aintensificao e o refinamento da conscincia ou ampliao do conhecimento, natrilha da substituio da felicidade pelo Bem supremo.
Por contra, mas na direo dessa aspirao valorizao da cultura, asociologia crtica remarca que, estando toda a necessidade humana mediada emsua concreta manifestao, o aspecto esttico das necessidades -- sua fixao na
I -- algo que corresponde a uma fase daproduo material, a qual assumiu um carter estacionrio devido s restriessobre o mercado e sobre a concorrncia.
No momento em que a produo se ponha ilimitadamente ao servio dasatisfao das necessidades, inclusive daquelas produzidas pelo sistema da as prprias necessidades se transformaro decisivamente".
que lhes subministra a indstria cultu exemplo, necessrio para a reproduo da fora de trabalho ao mesmo ttulo
em que o a habitao e a alimentao no verdadeira seno em um mundoque dispe os homens exclusivamente para a reproduo da fora de trabalho eimpe sobre suas necessidades a harmonia com o interesse da oferta de produtos
Para o socilogo, um equvoco imaginar que, em uma nova sociedade, talcompulso satisfao das necessidades (isto , tal necessidade de produzir paraas necessidades harmonizadas) possa permanecer atuando em corrente.
Portanto, sobre esse esprito praticista impondo a adaptao dasnecessidades, ou silenciando as necessidades ainda no satisfeitas pela sociedade
como algo intil, que se faz a crtica, que se pe em relevo como no tendo sidoquestionado na fantasia futurista, em sua orientao idealista ao preservar a ideiada objetividade da satisfao.
Nota sobre os princpios de responsabilidade universal
A exigncia de questionamento do produtivismo revelou-se uma atitude
conforme aos princpios de responsabilidade universal, notadamente os Itens (1),
(2) (3), marcados na lista abaixo.
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1. O exerccio por cada um de suas responsabilidades a expresso de sualiberdade e de sua dignidade de cidado da comunidade mundial;
2. Cada ser humano e todos em conjunto tm uma co-responsabilidadepara com os outros, com a comunidade prxima e distante, e para com o planeta,
na proporo de seus haveres, de seu poder e do saber de cada um.3. Esta responsabilidade implica em considerar os efeitos imediatos ou
diferidos de seus atos, de evitar ou de compensar os danos, tenham eles sidoprovocados ou no voluntariamente, que eles afetem ou no sujeitos de direito.Ela se aplica a todos os setores da atividade humana e em todas as escalas detempo e de espao.
4. Esta responsabilidade imprescritvel, a partir do momento em que odano for irreversvel.
5. A responsabilidade das instituies, tanto pblicas como privadas,quaisquer que sejam as regras que as rejam, no exonerar de responsabilidade
seus dirigentes e reciprocamente.
6. A posse ou o desfrute de um recurso natural induz a responsabilidade deger-lo para o proveito do bem comum.
7. O exerccio de um poder, no obstante as regras pelas quais ele forconcedido, no ser legtimo se o seu detentor no responder por seus atosdiante daqueles e daquelas sobre os quais exerce tal poder, acompanhado dasregras de responsabilidade altura do poder de influncia exercido.
8. Ningum pode se exonerar de sua responsabilidade em nome de suaincapacidade se no tiver feito o esforo de se unir a outros, ou em nome de sua
ignorncia, se no tiver feito o esforo de se informar.
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Perfil do autor
O autor Jacob (J.) Lumier, em 2010
socilogo profissional e exerceu a docncia, lecionando Sociologia e MetodologiaCientfica junto universidade privada e junto universidade pblica. Exerceu tambm asatividades de pesquisador com o amparo de fundao cientfica.
Seus ensaios sociolgicos buscam contribuir e avanar na reflexo de uma situao de fatoscom grande impacto, em que, sob a influncia do impressionante desenvolvimento das tcnicas decomunicao, passamos num abrir e fechar de olhos pelos diferentes tempos e escalas de temposinerentes s civilizaes, naes, tipos de sociedades e grupos variados.
No dizer de Georges Gurvitch, a unidade do tempo revelou-se ser uma miragem, como nosmostraram, simultaneamente, a filosofia (Bergson) e a cincia (Einstein).
Tornou-se claro que a unificao dos tempos divergentes em conjuntos de temposhierarquizados, sem o que impossvel nossa vida pessoal e a vida das sociedades, no umaunidade que nos seja dada, mas uma unificao a adquirir pelo esforo humano, onde entra a lutapara dominar o tempo, dirigi-lo em certa forma. Tal o problema da orientao no mundo, quepenetra as expectativas e a sociologia do conhecimento investiga.
O autor Jacob J. Lumier produz seus trabalhos sociolgicos em verso e-book a partir de suaWeb "Leituras do Sculo XX" e os comunica no OpenFSM, de que membro. Os difunde emcooperao junto Web da Organizacin de Estados Iberoamericanos para la educacin, la ciencia yla cultura OEI e na Web do Ministrio da Educao de Brasil (web Domnio Pblico).
A Primeira edio de seu ensaio "A Utopia Negativa" foi publicada em 01 de Setembro de2010, junto Universidade de Mlaga, Espanha (ISBN-13: 978-84-693-6125-2, N de Registro:10/89770).
Seu livro "Comunicao e Sociologia Artigos Crticos/ 2 Edio modificada, ensaio 143pginas, Editorial Bubok Madrid (Es), ISBN 978-84-9981-937-2, finalizado em Junho 2011, um
trabalho recomendado junto aos Sociologists Without Borders International SSFI.
Outros ttulos do autor publicados por Bubok Publishing S.L- Madrid, Espanha:(a) "A Moral do Artista: Leitura de Proust" (Uma Abordagem Inspirada em Samuel Beckett),
ensaio 135 pgs. - ISBN: 978-84-9981-603-6; publicado em 28 de Septiembre de 2010.(b) "A Ideia Tridimensional em Sociologia", Ensaio, 148 pgs. - ISBN (verso em volume):
978-84-9009-129-6; ISBN (verso e-book): 978-84-9009-130-2; publicado em 10 de Agosto de2011.
Copyright 2012 by Jacob (J.) Lumier Todos os direitos reservadosProduo deste e-book realizada pelo autor desde Rio de Janeiro, junto Web Leituras do Sculo XX; Segunda reviso concluda em Maio 2012.
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cone grfico do autor Jacob (J.) Lumier
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Notas de fim
iVeja Adorno, Theodor W. (1903 - Prismas: la Critica de la Cultura y la Sociedad
de Manuel Sacristn, Barcelona, Ariel, 1962, 292 pgs. - (em Alemo: Prismen. Kulturkritik undGesellschaft, Berlin, Frankfurt A.M. 1955.ii
T. W. Adorno assinala que a unidade de natureza e esprito, como tema central da filosofiaburguesa, foi concebida na especulao idealista como a suprema reconciliao.iii
Veja Nota Complementar sobre As Responsabilidades Universais.iv Essa sugesto se refere a uma plataforma de conjunto do altermundialismo e implica subscrever aspropostas oferecidas por Attac.vMEPVCCECampus, 12 edio.vi Desigualdades de oportunidades, de nveis de vida, de acesso aos bens e valores desejados, derealizaes pelo trabalho, no exerccio das liberdades, etc.vii Veja Nota sobre o controle do sistema financeiro no final deste texto.viii
Tema central da filosofia burguesa, a unidade de natureza e esprito foi concebida na especulao idealistacomo a suprema reconciliao.ixMEPVCCEC
x Tendo perdido a conotao liberal, o termo mercado limita-se a designar um aspecto da ordem
monetria e especulativa regulada e protegida pelo Estado e incorporada no sistema dos bancoscentrais, embora preserve a circulao de mercadorias, onde domina o valor de troca e tudo adquireum preo. Veja Nota sobre Reificao, no final.xi
Veja Nota sobre Utilitarismo normativo no final deste texto.xii
A funo de representao de toda a vida psquica penetrada pela reificao das qualidades edas atividades. Isto , a reificao como uma sorte de fora material da anlise efetiva da prticasocial nas sociedades capitalistas. Neste sentido a funo de representao constitui o psiquismo daclasse burguesa. Cf. Lefebvre, Henri (1901 1991): "Psicologia das Classes Sociais", in GurvitcTratado de Sociologia - TPIE(1 edio em francs: Paris, PUF, 1960).xiii
ib. ibidemxiv
Veja a conhecida obra de Max Weber sobre o alcance da tica protestante na formao do
capitalismo.xvAdorno, Theodor W. (1903 - Prismas: la Critica de la Cultura y la Sociedad
Manuel Sacristn, Barcelona, Ariel, 1962, 292 pp. (Original em Alemo: Prismen. Kulturkritik undGesellschaft. Berlin, Frankfurt A.M. 1955). Utilizo neste texto vrios conhecimentos tirados dasociologia crtica da cultura.
xviVeja Nota Complementar sobre a transformao das necessidades.
xvii Veja Adorno, Theodor W. (1903 - Prismas: la Critica de la Cultura y la Sociedad pg.114.xviii
O complexo de impotncia de que se trata nada tem a ver com a impotncia que, no estudo dasfases do desenvolimento psico-sexual - diferenciao do complexo de dipo -, os psicoanalistasrelacionam no final da amamentao para designar a vivncia do beb, quando a me comea asubstituir o peito e tem lugar o processo de separao me/filho. Atribui-se a Melanie Klein adescrio da vivncia do beb, nesse processo de ruptura, como "fase depressiva".
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xixVeja Adorno, Theodor W. (1903 - Prismas: la Critica de la Cultura y la Sociedad
de Manuel Sacristn, Barcelona, Ariel, 1962, 292 pgs. - (em Alemo: Prismen. Kulturkritik undGesellschaft, Berlin, Frankfurt A.M. 1955), pgs. 102, 103 sq.xx Veja Adorno, Theodor W. (1903 - Prismas: la Critica de la Cultura y la Sociedadde Manuel Sacristn, Barcelona, Ariel, 1962, 292 pgs. - (em Alemo: Prismen. Kulturkritik undGesellschaft, Berlin, Frankfurt A.M. 1955.xxi
T. W. Adorno assinala que a unidade de natureza e esprito, como tema central da filosofiaburguesa, foi concebida na especulao idealista como a suprema reconciliao.xxii El utilitarismo fue propuesto originalmente durante los siglos XVIII y XIX en Inglaterra por Jeremy
Bentham (1748 - 1832) e promovido por John Stuart Mill (1806 1873).xxiii Gurvitch, Georges (1894- V vol.II: antecedentes e
ODLC
567 pp. (1 edio em francs: Paris, PUF, 1957).xxiv
Efeitos esses mensurados pela "Ecological Footprint" (Huella Ecolgica ou Marca Ecolgica) de que nos fala o
"Living Planet Report 2008"-http://www.panda.org/about_our_earth/all_publications/living_planet_report/xxv
E L
-dveloppement lanc par Ignacy Sachs au sminaire de Founex en Suisse en 1971,
avec le Rapport Meadows du Club de Rome qui parat en 1972, ou encore avec la Confrence des
N U C Petite histoire du
productivisme, publi le jeudi 3 janvier 2008 na Web Les Verts http://economie-
social.lesverts.fr/spip.php?article281xxvi
Tais como a "Poupana lquida ajustada" (NAS) do Banco Mundial = Adjusted net savings (NAS) of
the World Bank.xxvii
Isto se pode ver no excelente artigo de 19/06/2009 na seo economie junto Web da notvel
Attac France Pr-rapport de la Commission Stiglitz, veja aqui o link:
http://www.france.attac.org/spip.php?article10102
xxviiiAlguns filsofos influentes inseridos nesse contexto do capitalismo de autorregulao,
desconhecedores da reificao, como Karl Popper, acreditando equivocadamente ser assim anatureza das coisas, sustentaram que o mundo dos produtos e recursos, incluindo os acervos doconhecimento, como livros, bibliotecas, teorias, um mundo no humano, que conforma do exterior V P K Conhecimento Objetivo: uma abordagem
evolucionriaEora Itatiaia, 1975.
***
http://www.panda.org/about_our_earth/all_publications/living_planet_report/http://www.panda.org/about_our_earth/all_publications/living_planet_report/http://www.panda.org/about_our_earth/all_publications/living_planet_report/http://economie-social.lesverts.fr/spip.php?article281http://economie-social.lesverts.fr/spip.php?article281http://economie-social.lesverts.fr/spip.php?article281http://www.france.attac.org/spip.php?article10102http://www.france.attac.org/spip.php?article10102http://www.france.attac.org/spip.php?article10102http://economie-social.lesverts.fr/spip.php?article281http://economie-social.lesverts.fr/spip.php?article281http://www.panda.org/about_our_earth/all_publications/living_planet_report/7/23/2019 Materiais Para Debates de Sociologia
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