MAURICE MERLEAU-PONTY
(1908-1961):
É errado conceber relação de causalidade entre:
•Consciência e corpo•Sujeito e mundo•Homem e sociedade
ObjetivoObjetivo Oferecer uma visão geral do pensamento Oferecer uma visão geral do pensamento
de Maurice Merleau-Ponty. de Maurice Merleau-Ponty.
Tema de fundo de seuPensamento:
“A relação entre consciênciaE o mundo”.
MAURICE MERLEAU-PONTY (1908-1961) 1. Relação entre: (consciência e corpo; homem e 1. Relação entre: (consciência e corpo; homem e
mundo);mundo); 2. Ponty é existencialista influenciado:2. Ponty é existencialista influenciado:
a) Fenomenologiaa) Fenomenologia b) Psicologia científicab) Psicologia científica c) Biologia c) Biologia
Afirma Reale citando Chiodi:Afirma Reale citando Chiodi: ““Ele não se deixa aprisionar pelas ciências naturais, mas Ele não se deixa aprisionar pelas ciências naturais, mas
simplesmente (...) tem na devida conta os seus resultados e simplesmente (...) tem na devida conta os seus resultados e submete a investigações adequadas seus métodos e os seus submete a investigações adequadas seus métodos e os seus pressupostospressupostos”.”.
Porém, não permanecem aqui suas análises Porém, não permanecem aqui suas análises (usadas para enriquecer o discurso).(usadas para enriquecer o discurso).
Evitam os discursos feitos no ArEvitam os discursos feitos no Ar
• Existência:Existência:– Também para Merleau-Ponty é “ser-no-mundo”;Também para Merleau-Ponty é “ser-no-mundo”;
• Ou seja: existência é certa maneira de enfrentar o mundo.Ou seja: existência é certa maneira de enfrentar o mundo.
Existência Alma
Corpo Atributos
É anterior àContraposição
Psíquico
Físico
Entre
A interpretação causal dasRelações entre alma e corpo
É rejeitada por Ponty
É a alma que gera o corpo ou vice-versa?
Existência ou Ser-no-mundo:Existência ou Ser-no-mundo: É anterior à contraposição entre: É anterior à contraposição entre:
““O Ser-no-mundo é anterior à contraposição entre alma e O Ser-no-mundo é anterior à contraposição entre alma e corpo, entre o psíquico e o físico”.corpo, entre o psíquico e o físico”.
A relação corpo e alma é uma dualidade dialética de A relação corpo e alma é uma dualidade dialética de comportamentos: comportamentos:
alma e corpo indicam níveis de comportamento do homem, alma e corpo indicam níveis de comportamento do homem, dotados de significados diversos.dotados de significados diversos.
Em outras palavras: Em outras palavras: Existência é anterior (ao corpo, à alma). Existência é anterior (ao corpo, à alma).
São modos que a existência se dá.São modos que a existência se dá. Existência: Existência:
Corpo e alma pertencem a ‘essência’, da existência, são Corpo e alma pertencem a ‘essência’, da existência, são como seus atributos. como seus atributos.
Escreve Ponty em sua obra: Escreve Ponty em sua obra: “A estrutura do comportamento”:“A estrutura do comportamento”:
“Nem o psíquico em relação ao vital, nem o espiritual em relação ao psíquico podem ser considerados como substâncias ou mundos novos. A relação que toda ordem tem com a ordem superior é a relação do parcial com o total. O homem normal não é corpo portador de certos instintos autônomos unidos a vida psicológica definida por alguns processos característicos – prazer e dor, emoção, associação de ideias –, tendo tudo isso por cima um espírito que realizaria os seus próprios atos sobre essa infraestrutura. A realização das ordens superiores, à medida que se realiza, suprime como autônomas as ordens inferiores e confere aos processos que as constituem novo significado. É por isso que preferimos falar de nova ordem humana, ao invés de nova ordem psíquica ou espiritual. Consequentemente, não é possível falar do corpo e da vida em geral, mas somente do corpo animal e da vida animal, do corpo humano e da vida humana”.
• Na representação das relações entre alma e Na representação das relações entre alma e corpo: corpo: – ““Ponty não aceita nenhum modelo materialista, Ponty não aceita nenhum modelo materialista,
mas também nenhum modelo espiritualista, como mas também nenhum modelo espiritualista, como o contido na metáfora cartesiana do artesão e do o contido na metáfora cartesiana do artesão e do seu utensílio. Não se pode comparar o órgão a seu utensílio. Não se pode comparar o órgão a instrumento, como se ele existisse e pudesse ser instrumento, como se ele existisse e pudesse ser pensado à parte do seu funcionamento integral, pensado à parte do seu funcionamento integral, nem se pode comparar o espírito a artesão que o nem se pode comparar o espírito a artesão que o use: isso seria recair em relação puramente use: isso seria recair em relação puramente extrínseca (...). O espírito não utiliza o corpo, mas extrínseca (...). O espírito não utiliza o corpo, mas atua através deleatua através dele (...)”. (...)”.
– Ponty não defende um espiritualismo que distinga Ponty não defende um espiritualismo que distinga o espírito e a vida como potências de ser. Na o espírito e a vida como potências de ser. Na realidade, escreve ele, “trata-se de oposição realidade, escreve ele, “trata-se de oposição funcional que não pode ser transformada em funcional que não pode ser transformada em oposição substancial”.oposição substancial”.
• Relação entre o homem e o mundo:Relação entre o homem e o mundo:– O homem está no mundo e é no mundo que ele se O homem está no mundo e é no mundo que ele se
conhece;conhece;– O homem se revela como presença ativa no mundo e O homem se revela como presença ativa no mundo e
para os outros:para os outros:– Escreve Merleau-Ponty em “Escreve Merleau-Ponty em “A Fenomenologia da
Percepção”:”:• ““A verdade não habita somente o homem interior, ou
melhor, não há homem interior: o homem está no mundo e é no mundo que ele se conhece. Quando retorno a mim, vindo do dogmatismo do senso comum ou do dogmatismo da ciência, não encontro um núcleo de verdade intrínseca, mas um sujeito voltado para o mundo”.”.
O homem não se revela como ‘olhar desinteressado’, como objetividade ociosa e inacessível:
Vejamos o que nos afirma Ponty: “O mundo fenomenológico não é ser puro, mas o
sentido que aparece na intersecção das minhas experiências com as dos outros, graças à inserção de umas nas outras: portanto, ele é inseparável da subjetividade e da intersubjetividade, que realizam a sua unidade através da retomada das experiências passadas nas minhas experiências presentes, das experiências alheias nas minhas”.
A Percepção faticidade torna-se A Percepção faticidade torna-se fundamental:fundamental: a) A fenomenologia é o estudo das essências:a) A fenomenologia é o estudo das essências:
1) Essência da percepção1) Essência da percepção 2) Essência da consciência2) Essência da consciência
Mas a fenomenologia também é uma filosofia que Mas a fenomenologia também é uma filosofia que repõe as essências na existência e pensa que não se repõe as essências na existência e pensa que não se pode compreender o mundo e o homem senão com pode compreender o mundo e o homem senão com base em sua faticidadebase em sua faticidade..
• A centralidade do tema da percepção:– Deixemos que Ponty nos explique:
• “Todas as ciências se inserem em mundo completo e real, sem se dar conta de que a experiência perceptiva tem valor constitutivo em relação a este mundo. Assim, nos encontramos diante de um campo de percepções vividas que são anteriores ao número, à medida, ao espaço, à causalidade e que, porém, não se apresenta como uma visão prospectiva de objetos dotados de propriedades estáveis, de mundo e de espaço objetivos. O problema da percepção consiste em ver como é que, através desse campo, se chega ao mundo intersubjetivo, do qual, pouco a pouco, a ciência precisa as determinações”.
O Corpo:O Corpo: O meu corpo é o meu ponto de vista do O meu corpo é o meu ponto de vista do
mundo:mundo: O corpo é o nosso meio geral de ter um mundo;O corpo é o nosso meio geral de ter um mundo; A percepção é a inserção do corpo no mundo;A percepção é a inserção do corpo no mundo;
Afirma Ponty: Afirma Ponty: ““O corpo está no mundo como o coração no
organismo: ele mantém continuamente em vida o espetáculo visível, anima-o e alimenta-o internamente, formando com ele um sistema”.”.
Reale expressa assim: “E se, por um lado, a percepção tem o caráter da
totalidade (basta pensar na psicologia da forma), por outro lado ela permanece sempre aberta, remetendo sempre a um além de sua manifestação singular, prometendo-nos sempre outros ângulos de visão e, com isso, algo mais a ver. Assim, o significado das coisas no mundo e do próprio mundo permanece aberto ou (...) ambíguo”.
“A existência que percebe é sempre novidade e abertura. A abertura é constitutiva da existência”.
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