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 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE COMUNICAÇÃOCURSO DE COMUNICAÇÃO COM HABILITAÇÃO

EM PRODUÇÃO CULTURAL 

ALINE TRETTIN QUEIROZ

CARNAVAL DOS MASCARADOS

Memória do Livro Fotográfico 

Salvador

2010

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 ALINE TRETTIN QUEIROZ

REGISTRO FOTOGRÁFICO DO CARNAVAL DOSMASCARADOS DE MARAGOGIPE

Memória do Livro Fotográfico

Memória do trabalho de Conclusão de

Curso de graduação em ComunicaçãoSocial com habilitação em ProduçãoCultural da Universidade Federal daBahia.

Prof. Orientador: José Mamede

Salvador

2010

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 AGRADECIMENTOS

Reservo este espaço para agradecer a todos aqueles que contribuíram para a minha

formação pessoal e profissional e fizeram com que a realização deste trabalho fossepossível.

Primeiramente agradeço aos meus pais Ivan e Renate, padrinhos Cilene e Tato, irmãosAlex, Amanda e Adriano e a toda a minha família que sempre esteve presente dandoapoio e incentivo.

A todos os meus amigos, que reclamaram mas sem dúvida compreenderam a minhaausência. Em especial aos amigos CCS, as Fecas: Nat, Clara e Sara, as Divas: Poly,Juli e Carol e a minha Véa, Magali.

A Gustavo pelo seu apoio mais do que especial e a toda sua família, Kitty, Marcelo eMarcela. E aos tios Lúcia e Valdir por toda a ajuda.

Aos colegas de Faculdade, aos monitores do Labfoto, a equipe administrativa do Labe a todos os instrutores dos cursos de extensão.

Ao Coordenador do Labfoto, Professor José Mamede, um agradecimento especial, portodas as oportunidades concedidas, desde que entrei no Labfoto até hoje, pelasexperiências trocadas e convivência, pelo didatismo e direcionamento tanto na minhacondição de monitora como produtora dos cursos, pelas palavras que me fizeramamadurecer tanto na formação profissional quanto pessoal.

A todos os moradores da cidade de Maragogipe, em especial a Janda, Cremilda,Bebinho, Marquinhos, Lica, Lú, Gerson, Heitor, Junior Major, Ronaldo, Rodrigo,Rosa, Edmilson, Angelina, Florisval, Edna, Alexandro, Dica, Mássimo e grupoGRAMMA, a todos os artesãos: Edmilson, Magno, Lico, Barbudo, Bafão, Raimunda,Márcia e Dulce, aos integrantes do Grupo das Almas, das Piranhas, do B.P.M, doFilho de Peixe Peixinho É, e a todos os outros grupos e Mascarados do carnaval queme receberam de braços abertos.

Aos profissionais que se dedicaram e ajudaram na construção deste projeto: MarceloReis, Rosa Vieira, Benedito Carvalho, Marcella Haddad, Aristides Alves, AlbertoViana, Anderson Menezes, Sergio Sobreira e Lis Nogueira.

Aos professores da Facom que acompanharam a minha vida acadêmica, a Facom, aUFBA e a todos que acreditaram e continuam a acreditar no meu trabalho.

Muito Obrigada. 

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“Se suas fotos não são boas o suficiente,você não está perto o suficiente.”

(Robert Capa)

“O carnaval de Maragogipe, assim comoos carnavais de modo geral no Brasil

foram se modificando, porque estáimplícito na cultura o seu dinamismo,mas a essência da festa, sobretudo na

cidade da qual falamos, continua viva.” (Rosa de Mello)

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RESUMO

Carnaval dos Mascarados: memória do livro fotográfico inicialmente  faz uma

abordagem do tema Carnaval de Maragogipe e procura classificar o registro

desenvolvido como fotografia documental, refletindo sobre aspectos do “real” e

estético, documento e representação, explanando o trabalho de alguns autores e

fotógrafos, clássicos e contemporâneos, que tiveram contribuição na construção do

projeto. Em seguida, a presente memória relata o desenvolvimento prático do projeto,

desde o trabalho de pesquisa, visitas à cidade de Maragogipe, preparação para o

registro e dificuldades técnicas encontradas, até a montagem e finalização do livro

fotográfico Carnaval dos Mascarados, produto final apresentado como trabalho de

Conclusão de Curso de Graduação da Universidade Federal da Bahia.

Palavras-chave: Fotografia; Documental;  Carnaval; Mascarados;  Cultura;

Manifestação; Recôncavo baiano; Maragogipe.

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 SUMÁRIO

1.  APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 07 

2.  INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 09 

2.1 Sobre o tema .......................................................................................................................... 09

3. CLASSIFICAÇÃO DO PROJETO CARNAVAL DOS MASCARADOS............ 13 

3.1 Memória e materialidade da fotografia ...................................................... ......................... 19

4. A FOTOGRAFIA DOCUMENTAL E A RELAÇÃO COM O PROJETO.......... 21 

4.1 Trabalhos dentro da fotografia documental ....................................................................... 21

4.2 Fotógrafos clássicos e contemporâneos, referências para o meu trabalho ........................ 215. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO CARNAVAL DOS MASCARADOS ... 27 

5.1 Em busca de informações sobre o tema ...................................................... ......................... 27

5.2 Visitas à cidade de Maragogipe ........................................................................... ................. 27

5.3 Preparativos para registro ....................................................... ............................................. 28

5.4 Chegando à cidade ................................................................................................................ 29

5.5 A abordagem.......................................................................................................................... 30

5.6 Registro dos artesãos, o desafio técnico ...................................................... ......................... 30

5.7 Registro do grupo das almas ................................................................................................ 335.8 Registro do carnaval ............................................................................................................. 34

5.9 De volta a Maragogipe .................................................... ...................................................... 39

5.10 O livro fotográfico .................................................................. ............................................. 40

6. CONCLUSÃO ............................................................................................................ 45 

7. ORÇAMENTO DO PROJETO CARNAVAL DOS MASCARADOS .................. 47 

8. REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 48 

9. ANEXOS ..................................................................................................................... 50 10. APÊNDICES ............................................................................................................... 62 

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 ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Acervo Rosa Vieira de Mello, “Os Assustados” 1910................................................. 16

Figura 2. Carnaval de Maragogipe, 2006. Autor: Álvaro Villela ................................................ 16

Figuras 3 e 4. Fotografias do Livro Êxodos, 2000. Autor: Sebastião Salgado ............................ 22

Figuras 5 e 6. Fotografias do Livro Canudos, 100 anos, 1997. Autor: Evandro Teixeira ...........23

Figuras 7 e 8. Fotografias do Livro Máscaras da Bahia, 2001. Autor: Aristides Alves ..............24

Figuras 9 e 10. Fotografias do Livro A Corte vai Passar: Um olhar sobre o Carnaval dePernambuco, 2001. Autores: Luis Santos e Celso Oliveira ........................................................... .....25

Figuras 11 e 12. Fotografias do Carnaval de Maragogipe, 2008. Autor: Álvaro Villela ............. 26

Figuras 13 e 14. Fotografias do Carnaval de Maragogipe, 2008. Autor: Junior Major ............... 26

Figura 15. Confecção das Máscaras, 2010. Atelier Barbudo. Autora: Aline Trettin ................... 31

Figura 16. Confecção das Fantasias, 2010. Loja de Dulce. Autora: Aline Trettin ......................32

Figuras 17 e 18. Confecção das Máscaras, 2010. Casa dos Artesão Edmilson e Magno. Autora:Aline Trettin ....................................................................................................................................... 33

Figuras 19 e 20. Carnaval de Maragogipe, Grupo das Almas, 2010. Autora: Aline Trettin ........33

Figuras 21 e 22. Carnaval de Maragogipe, Grupo das Almas, 2010. Autora: Aline Trettin ....... 33

Figuras 23 e 24. Carnaval de Maragogipe, 2010. Autora: Aline Trettin ..................................... 35

Figuras 25 e 26. Carnaval de Maragogipe, 2010. Autora: Aline Trettin .................................... 36Figuras 27 a 30. Carnaval de Maragogipe, 2010. Autora: Aline Trettin ........... ......................... 36

Figuras 31 a 34. Carnaval de Maragogipe, 2010. Autora: Aline Trettin ........... ......................... 37

Figuras 35 a 38. Entorno de Maragogipe. Carnaval, 2010. Autora: Aline Trettin ..................... 38

Figuras 39 e 40. Praça de Maragogipe. Carnaval, 2010. Autora: Aline Trettin ......................... 38

Figura 41. Programa Booksmart. Foto ilustrativa. ...................................................................... 43

Figura 42. Capa e contracapa do livro Carnaval dos Mascarados. Foto ilustrativa. .................... 44

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1. APRESENTAÇÃO

Graduanda da Faculdade de Comunicação com habilitação em Produção

Cultural, desde o ano de 2006.2, pude percorrer diversos caminhos do conhecimento,dentre os quais, por alguns tive maior afinidade e prazer.

Duas das áreas que sempre me motivaram dentro da Universidade são as que

dizem respeito ao estudo da fotografia e ao estudo da cultura. Desta forma, pensava

em um Trabalho de Conclusão de Curso que fosse relevante para a sociedade,

contemplasse a cultura e me desse a possibilidade de trabalhar com uma linguagem

que me fosse mais familiar e pela qual eu tivesse maior apego; a fotografia.

A minha relação com a fotografia teve inicio em 2007, com a oficina deAudiovisual, onde desenvolvi um projeto de narrativa visual que me fez ingressar no

Laboratório de Fotografia. A partir dai, experimentei a fotografia de maneira

diversificada, passando pelos seus diversos segmentos e adquirindo aprendizado e

conhecimento na área, aumentando o meu desejo em trabalhar com esta linguagem.

Munida da vontade e da idéia, bastava agora decidir sobre qual manifestação,

grupo, ou aspecto cultural eu iria investigar, pesquisar, e iniciar um longo trabalho de

campo e clicks, que me proporcionariam a aproximação com o objeto e o seu registro,para ter como finalidade um produto que tivesse importância na área da fotografia e

por conseguinte servisse como valorizador da cultura da Bahia.

Deste modo, depois de pensar em alguns folguedos e manifestações do

Recôncavo Baiano, assim como em algumas figuras que são muito conhecidas no

estado, decidi pelo estudo do Carnaval dos Mascarados de Maragogipe, como tema do

meu projeto fotográfico.

A escolha do registro dos Mascarados de Maragogipe, se deu pela

possibilidade técnica e riqueza estética do Carnaval dos Mascarados, que preserva

aspectos que podem ser melhores contemplados pela fotografia, como a utilização de

fantasias e máscaras repletas de cores vivas e adereços ricos em detalhes e beleza.

Outro aspecto levado em conta foi a proximidade geográfica de Salvador e

Maragogipe, o que facilitou o contato com o objeto de estudo.

A idéia do projeto Carnaval dos Mascarados, a princípio, foi pensada como

uma contribuição fotográfica ao carnaval tradicional de Maragogipe, que parecia ser,

segundo Rosa de Mello “a pérola dentro da ostra”. Concomitante a idéia e as

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pesquisas surgiu a informação de que o carnaval de Maragogipe havia se tornado

Patrimônio Imaterial do estado. Mesmo com “a ostra” tendo sido aberta para

conhecimento do mundo, não desisti da idéia de contribuir com a cultura desta cidade,

presenteando-a com um livro fotográfico sobre os mascarados e o seu carnaval.

Desta forma, comecei a me dedicar ao projeto do livro Carnaval dos

Mascarados que é resultado de um semestre de pesquisa 2009.2, e registro do

Carnaval de Maragogipe durante o período de 05 a 16 de fevereiro de 2010.

O livro é apresentado como produto referente ao Trabalho de Conclusão de

Curso em Comunicação Social com habilitação em Produção Cultural da

Universidade Federal da Bahia.

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2. INTRODUÇÃO

2.1 Sobre o tema

O município de Maragogipe localizado na Baía de Todos os Santos, numa

região constituída por mangues, baixios e tabuleiros mais conhecida como

Recôncavo, possui hoje uma das mais significantes festas de carnaval tradicional da

Bahia. Com registros que apontam para uma festa centenária, e relatos que apontam

para quase trezentos anos de festa, o carnaval de Maragogipe tem influências de

origem européia (Portugal, Veneza, Grécia) e Africana.

A tradicional festa Momesca, que remontava a Antiguidade Grega

homenageando ao Deus Baco (deus das festas, do vinho, do lazer e do prazer) é marcada

pela presença secular dos caretas e dos pierrôs, que desfilam pelas ruas e remetem ao

carnaval Europeu do século XIX, seja pelos instrumentos musicais típicos e bandas de

sopro ou pelos costumes dos cantos e máscaras de origem Africana, herança de

escravos africanos que habitavam a região (AMORIM, 2006).

Como conseqüência da chegada da Família Real e colonizadores portugueses

no Brasil, a partir do século XIX, o carnaval assume a característica do Entrudo,

folguedo de origem portuguesa festejado de forma sagrada e profana nos conventos e

nas ruas (ARAÚJO, 2009).

O Entrudo era marcado por brincadeiras violentas e desagradáveis que

consistiam em sujar as pessoas com líquidos mau-cheirosos das mais diversas

procedências. Esta prática assume um caráter popular. Por conta das brincadeiras

desagradáveis que atingiam principalmente as famílias tradicionais, esta prática, assim

como o uso da máscara na rua passou a ser reprimida pelos municípios, imprensa e

famílias mais nobres.

Esse carnaval de rua, essencialmente barroco, visível pela bagunça, pelo

excesso do riso, das danças e da sensualidade, apresentou-se como incômodo às elites

que sempre demarcaram os espaços públicos. Desta forma, era preciso acabar com o

Entrudo e fazer surgir outro meio de diversão. A partir dai, a elite passou a adotar o

carnaval existente em terras civilizadas. Neste contexto surgem os grandes bailes de

máscaras carnavalescos como forma de acabar com o Entrudo. Trazendo a exaltação

ao luxo, esses bailes surgem numa tentativa de importar o carnaval de Veneza e Nice àcena do carnaval de brancos e crioulos de classe média. As fantasias e as máscaras

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venezianas eram inspiradas na elegância e bom gosto dos trajes dos séculos XVII e

XVIII. Porém, o espaço dos clubes não estavam ao alcance de todos, por isso, nas

ruas o “povo” continuaria a fazer a sua festa.

O carnaval de Maragogipe, nascido em fins do século XIX1, paralelo aos

tempos áureos do carnaval da Bahia, conserva a tradição dos mascarados,

personagens principais desta festa. Na década de 1910 já eram freqüentes os clubes e

cordões2  assim como os luxuosos bailes de máscaras em recintos fechados

promovidos pela Rádio Clube, Associação Atlética, Bacuráu, dentre outos,

freqüentados pela alta sociedade que fazia o carnaval de forma mais “civilizada” e

conservadora. Nas ruas, o povo fazia o carnaval do entrudo, bastante criticado pela

classe alta que considerava aquela prática abusiva.

Em virtude de algumas pessoas ainda terem idéias do carrancismo, em

adoptarem, pelo carnaval, o brinquedo funestro, triste e grosseiro, do

entrudo, e sahirem a rua, com embrulhos de farinha de trigo, tintas e

garrafas cheias d’água, molhando e empolhearando, quase sem excepção

de classe, aos transeuntes, chamamos a atenção da policia, afim de que se

prohiba, terminantemente, tão miserável meio de diversão!(Jornal Cidade

de Maragogipe, 02 de fevereiro de 1913, anno II, num.85)

O brinquedo das tintas que fique para os mais atrazados do que nós.(Jornal

Cidade de Maragogipe, 26 de janeiro de 1913)

Com o passar dos anos, seja pelo fim dos mais famosos bailes de máscaras na

cidade ou pelo gosto que a “classe alta” adquiriu pelo contagiante carnaval de rua, o

fato é que, a festa se misturou em um só carnaval, movido pelos blocos e trios,

mascarados e filarmônicas, com a única intenção transcendental de promover a

brincadeira e o riso e esquecer as lamentações da vida cotidiana.

A cidade durante os três dias, foi povoada de muitos caretas, alguns com

espírito e graça, outros, porém, medíocres, todos, em geral, procurando

esconder as aflições da vida hodierna, quando o salário e vencimento não

chegam para cobrir um terço das despesas inadiáveis. Contudo o carnaval,

1 Jornal Nova Era de 1897, 1898 e 1899 apontam para os carnavais promovidos pela filarmônica “Club Filhos da Terpsychore”. 

2

 Grupos de foliões mascarados que saiam às ruas conduzidos por um conjunto instrumental que costumava ser exclusivamente de percussão.

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é, isto mesmo, disfarce, máscara da verdade. Rir. Gargalhar. Esquecer.

Mentir a si mesmo, numa ventura que dura pouco, efêmera. Três dias

apenas de alegrias à-toa, de loucura.(Jornal Arquivo; 14 de março de 1965,

ano VIII, n°66) 

O carnaval da Bahia, vem sofrendo transformações que o configuram cada vez

mais como um projeto empresarial que exige uma gama de articulações entre poderes

públicos e entidades carnavalescas. Muita coisa do passado vai se perdendo na

medida em que a montagem do espetáculo é cada vez mais estimulada pelo que traz

faturamento. Com tantas mudanças ocorrendo, com o passar dos anos, é quase

impossível não sofrer influências e reconfigurações. O carnaval de Maragogipe, certo

ano, por uma ação política imprudente, tentou ser transformado em micareta. A

resposta do povo foi, assim que acabou a tentativa da micareta, sair as ruas de forma

espontânea, fantasiados, brincando ao som das marchinhas e fazendo o carnaval como

de costume.

Embora o carnaval de Maragogipe absorva novas tendências, que podem ser

observadas nos materiais utilizados para as máscaras e fantasias, na presença de

personagens midiáticos e nas músicas do momento, ele ainda dialoga com o passado.

A cidade adotou o tema “Nosso Carnaval, nosso orgulho”, entrando no

clima dos antigos carnavais. Dividindo espaço com os trios, os

organizadores do evento promoveram, entre outras atrações, um concurso

de máscaras e fantasias [...]. (Cidades e Povoados, 2005)

Na sexta-feira, à meia noite, o Bloco do Silêncio, chamado hoje de Grupo das

Almas sai em procissão pela cidade ao som de gritos e gemidos, aterrorizando os

moradores principalmente as crianças. Este grupo, que era tradição no carnaval, haviadesaparecido. Alguns moradores resolveram se unir e formar novamente o grupo,

tentando resgatar este antigo costume do carnaval, antecedendo à festa.

A abertura oficial do Carnaval de Maragogipe acontece na praça principal, no

sábado, onde se reúnem prefeito, políticos e população e a chave da cidade é entregue

ao Rei Momo, que em companhia da Rainha e Princesas, governará simbolicamente a

cidade durante os três dias de festa. Na manhã seguinte, primeiro dia de carnaval,

começam a surgir pelas ruas de Maragogipe os primeiros caretas e mascarados, que,

 juntamente com os blocos e charangas, tomam conta da praça, deixando-a repleta de

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cores e animando toda a população. Estes personagens, adultos e crianças, chegam

aos grupos, vestidos a caráter e anunciam a chegada do carnaval.

É desta forma que o carnaval é festejado, planejado e executado pela gente de

Maragogipe. E é a pedido dessas mesmas pessoas que, no ano de 2007, a Secretaria

de Cultura, Turismo e Esporte, do município de Maragogipe, encaminhou ao Instituto

do Patrimônio Artístico e Cultural - IPAC, a solicitação para o Registro do Carnaval

daquela cidade. A demanda veio acompanhada de documentos e registros dessa

manifestação que datavam a partir do século XIX. De posse dessas informações foi

elaborado pela equipe técnica da Gerência de Pesquisa, Legislação Patrimonial e

Patrimônio Intangível (GEPEL) parecer favorável ao estudo para registro do

Carnaval. A partir de então foram desenvolvidas várias pesquisas que resultaram em

um dossiê, que foi encaminhado para Secretarias de Cultura e Conselho, para o

reconhecimento do Carnaval de Maragogipe como Patrimônio Imaterial da Bahia, que

teve esse reconhecimento em 23 de fevereiro de 2009. Com isso, fica evidente que os

moradores de Maragogipe têm uma grande preocupação com a continuação e a

preservação desta manifestação que é herança cultural da cidade.

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3. CLASSIFICAÇÃO DO PROJETO CARNAVAL DOS MASCARADOS

Classificar um projeto fotográfico e definir em qual categoria ele está inserido

não é uma tarefa tão simples quanto parece. Esta complexidade se dá pelo fato das

fronteiras tênues que envolvem as discussões sobre fotografia. Se lembrarmos um

pouco da história da fotografia, veremos que o Brasil sempre teve uma enorme e

importante produção fotográfica, mas uma necessidade e carência de textos

reflexivos. Muito já se tem publicado, mas ainda é difícil chegar a certos consensos

nesta área.

Nesta parte da memória, cito alguns autores e fotógrafos cujos trabalhos me

ajudaram a compreender a que ramo da fotografia pertencem as minhas imagens,

mesmo não tendo isto inteiramente delimitado, na medida em que estamos tratando de

um campo flexível que é a fotografia.

Quando iniciei o meu projeto de fotografia sobre o Carnaval dos Mascarados

de Maragogipe, acreditava que a sua classificação estaria dentro do que é considerado

como Fotografia Documental.

Historicamente, tanto o fotojornalismo como o fotodocumentarismo surgem

em um contexto de retratar a realidade, como por exemplo, com as fotografias de

guerra, sendo tratadas como prova incontestável da mesma. Desta forma, a fotografia

documental tinha como principal característica retratar um fato social, porém, mais do

que ter um caráter momentâneo de denúncia, pretendia ser ferramenta de

desenvolvimento e transformação social e política. As diferenças entre os gêneros

fotojornalismo e fotodocumentarismo se dão tanto pelos métodos de trabalho quanto

pelos produtos finais, sendo o fotodocumentarismo um projeto que requer um

engajamento maior entre fotógrafo e objeto.

Desta forma, identificava no meu projeto semelhanças com o

fotodocumentarismo no que dizia respeito a possuir um engajamento com o tema,

fazer um trabalho de pesquisa para possuir um conhecimento prévio sobre o assunto,

ir em busca de informações, conversar com atores locais, ter a possibilidade de pensar

no equipamento a ser utilizado e ter disponibilidade de tempo para registro. Porém,

ainda me sentia incomodada com uma questão que dizia respeito a liberdade técnica e

utilização de elementos na imagem, que poderiam conferir a elas aspectos maisplásticos e estéticos e que poderiam distanciar o meu trabalho do documental. Desta

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forma me perguntava até que ponto minhas imagens poderiam ser consideradas como

documentos.

Atrelada a idéia de que a palavra documento deve comprovar a existência de

um fato, a exatidão ou a verdade de uma afirmação e que um trabalho documental

sobre uma manifestação cultural necessariamente teria que servir como fonte de

pesquisa, sendo fiel ao real, ainda não conseguia resolver a questão de uma certa

“liberdade artística” das fotos, e me desvencilhar da idéia de que as fotos deveriam ser 

“puras” já que estariam retratando o “real”. Será que pesquisadores ligados as ciências

humanas e sociais, poderiam futuramente utilizar o meu livro para suas pesquisas

sobre o carnaval de Maragogipe? As minhas fotografias teriam esse poder de

evocação, realismo, precisão? Existia a certeza de que minhas fotografias serviriam,

como objetos materializados que tornariam perene aquele instante fugaz. Mas ainda

existia a dúvida sobre a serventia ou não dessas imagens.

Depois de ver o meu trabalho pronto, algumas imagens aumentavam a minha

dúvida em relação a este questionamento. Fotografar uma careta indo ao banheiro

seria fotodocumentarismo ou processo criativo, foto arte ou qualquer outra coisa que

não documental? Será que para ser documental esta foto precisaria de contextos que

mostrassem onde a careta está inserida? No caso do carnaval, trio elétrico, marchinhas

e pessoas?

Nesta busca, encontrei como alicerces, que pudessem esclarecer e resolver as

questões a meu ver até então embaraçosas, alguns autores como Borris Kossoy, Kátia

Lombarde, dentre outros, e alguns fotógrafos que tenho o trabalho como referência.

O Gênero de fotografia documental é bastante extenso e sempre foi muito

discutido, admitindo-se diferentes interpretações. As discussões acerca da fotografia

documental transitam entre o clássico e o contemporâneo, entre seu valor indicial e

subjetivo. 

A idéia de  Documentário Imaginário, proposta no texto “Documentário

 Imaginário: reflexões sobre a fotografia documental contemporânea” da autora Katia

Lombardi, foi fundamental para que pudesse compreender melhor a fotografia

documental na contemporaneidade.

Lombardi (2008) traça um panorama de como era considerada a fotografia

documental até meados dos anos 50, ainda seguindo o que a autora chama de “tripé

verdade, objetividade e credibilidade”. Uma fotografia tinha o objetivo de instruir einformar de forma objetiva. A partir dos anos 50, com o surgimento de novos

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fotodocumentaristas, surgem novas formas de explorações imagéticas e outros pontos

de vista dentro deste campo. A fotografia documental distancia-se da sua objetividade

e volta-se para a  polissemia (todos os sentidos possíveis). A esta nova visão da

fotografia documental, a autora vai chamar de  Documentário Imaginário, a busca por

novas linguagens, por novas formas de representação mais voltadas para a expressão

da sociedade contemporânea.

No Documentário Imaginário o caráter indicial da fotografia pode ser menos

atrelado à noção de realidade, testemunho e objetividade. O fotógrafo procura

explorar todo o potencial conotativo da imagem durante o ato fotográfico,

desprendendo-as dos seus traços indiciais.

Este novo olhar sobre a fotografia documental, e o conceito de  Documentário

 Imaginário proposto por Lombardi, me trouxeram fundamentos teóricos e me fizeram

ter mais clareza sobre minhas próprias imagens. Apesar do meu trabalho não estar

diretamente atrelado ao que possa ser considerado  Documentário Imaginário, que

procura distanciar a imagem ao máximo dos seus traços referenciais, não sendo o caso

das minhas imagens, pensar que é possível fazer um registro documental, que sofra

influências do inconsciente e imaginário do fotógrafo, e que se distancie de um

reflexo puro da realidade, como era considerada a fotografia documental em outras

épocas (certo purismo que ainda pairava nos meus pensamentos de forma ingênua),

me fez perceber que é possível a utilização de recursos técnicos que permitissem

novos efeitos estéticos, construindo novas formas de representação. Estaria livre para

utilizar a minha imaginação e técnica e compor a cena me despindo de amarras até

meio inconscientes ou inocentes, fazendo desta forma um registro documental

contemporâneo. Desta forma, poderia atribuir a imagem da careta no banheiro e todas

as minhas imagens o caráter de documental. 

Entendendo essas nuances da fotografia documental, seu enfoque e mudanças,

é possível notar, entre as fotografias de época e as de hoje, diferenças não apenas

técnicas mas também ideológicas. O contexto em que estamos inseridos, o

comportamento predominante em certas épocas, a maneira de ver o mundo, as

mudanças políticas, econômicas e de pensamentos em geral, tudo isso influência nas

imagens do “real”. 

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Fotografias do Carnaval de Maragogipe; mesma sociedade, mesmo tema,

diferentes épocas e portanto diferentes leituras do “real”. 

Fig. 1. Acervo Rosa Vieira de Mello - “Os Assustados” 1910.

Fig. 2. “Carnaval de Maragogipe”, 2006. Autor: Álvaro Villela. 

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Desde a sua invenção a fotografia era um meio distinto das outras artes visuais

por conta do seu referente real. Ao longo da sua história, os fotógrafos trabalharam

esse referente de inúmeras maneiras, fazendo com que se estenda a compreensão

deste meio como arte. Uma possível “estética” fotográfica inevitavelmente teria que

tratar da semelhança com o real e essa “junção” sempre provocou inúmeras reflexões

acerca dos limites entre o “real” e a liberdade artística/estética para mostrá-lo ou

representá-lo.

Refletindo sobre a condição das minhas imagens, que apesar de se utilizarem

de certa liberdade técnica e estética não se distanciavam do seu referente, e buscando

compreender como seria possível um registro documental que aliasse a realidade do

assunto em si com o processo de criação do fotógrafo, recorri a autores como Kossoy.

Apesar do conceito de realidade ser bastante complexo, Kossoy (2002)

acredita que a fotografia pode ser considerada como um documento do real, na

medida em que em função da materialidade do registro se tem gravado em uma

superfície fotossensível o vestígio/aparência de algo que se passou na realidade

concreta, em dado espaço e tempo. Desta forma a fotografia pode ser considerada

como uma fonte histórica. Ao mesmo tempo ele entende a imagem fotográfica como

uma representação a partir do real, na medida em que é resultado de um processo de

criação/construção do fotógrafo, acreditando que, desta forma, documento e

representação têm uma relação indissociável.

Partindo da idéia de Kossoy (2002) apresentada em seu livro "Realidades e

 Ficções na Trama Fotográfica” pude compreender que o meu trabalho está

classificado como fotografia documental na medida em que o objeto fotografado está

inserido dentro de um contexto social, histórico, político e que é um fato conectado ao

real, independente da ação e interferência que sofra por mim (fotógrafo) no momento

ou após o registro, tornando-o também representação.

Para que uma fotografia seja feita, materializada, é preciso que haja um

assunto (a ser fotografado), um fotógrafo, e tecnologia (equipamentos). Na medida

em que esses três elementos são essenciais para que a fotografia se concretize,

dificilmente não haverá interferências por parte desses elementos que influenciem no

documento.

Quando escolho como tema o Carnaval de Maragogipe, já estou fazendo um

recorte espacial, selecionando um fragmento do real: o assunto. Quando escolhofotografar dentro deste carnaval os Mascarados, estou subdividindo este real em

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possibilidades ainda mais restritas. Desta forma começo a compreender que o

fotógrafo vai estar interferindo diretamente o tempo inteiro nas suas imagens, desde a

sua concepção até a finalização, nunca exercendo um registro completamente puro e

livre do todo. Escolher determinados enquadramentos em detrimento de outros,

inserir na imagem elementos que as torne mais plásticas, geométricas, gráficas, ou

optar por modos de fotometria ou técnica, não faz com que o meu trabalho deixe de

ser um documento do Carnaval de Maragogipe.

Na imagem fotográfica encontram-se indissociáveis recursos técnicos,

indispensáveis para a materialização da fotografia e os de ordem imaterial que são os

mentais e culturais. A seleção do assunto, a escolha dos equipamentos, a preferência

por determinada composição, a seleção do momento, dos produtos para revelação,

cópias e ampliações, interferências na imagem durante o tratamento com o intuito de

atenuar ou dramatizar, tudo está inserido neste processo de criação por parte do

fotógrafo. Estão inseridas assim nas minhas imagens meu repertório pessoal, minha

bagagem cultural, acadêmica, estética, técnica, as motivações que me levaram até a

cidade de Maragogipe, dentre outras abstrações. Este complexo processo de criação é

que origina, segundo Kossoy (2002), a representação fotográfica. O fotógrafo é quem

idealiza e elabora a fotografia, e desta forma registra um micro aspecto do contexto.

Então, mesmo que a fotografia seja construída, “realidade inventada”, não

deixa de possuir também o que Kossoy (2002) chama de  primeira realidade, ou seja,

a realidade do assunto em si, o próprio passado, a dimensão da vida passada e a

história particular do assunto independente da representação. Ainda assim, ela não

deixa de ser o elo material entre passado e presente, não deixa de ser documental.

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3.1 Memória e Materialidade da Fotografia De todos os meios de expressão, a fotografia é o único que fixa para

sempre o instante preciso e transitório. Nós fotógrafos, lidamos com coisas

que estão continuamente desaparecendo e, uma vez desaparecidas, não hámecanismo no mundo capaz de fazê-las voltar outra vez.

Não podemos revelar ou copiar uma memória.( Henri Cartier-Bresson) 

A fotografia desde o seu início está atrelada à idéia de memória. Em grande

parte essa remissão quase que obrigatória da foto à memória vem do suporte em que a

imagem é fixada. O pedaço de papel com uma imagem durante muito tempo foi tido

como um traço do real passado, parte da realidade física capturada durante o ato

fotográfico (GOVEIA; 2007). Desta forma, pode-se dizer que a fotografia possibilita,dentro deste sentido, materializar um bem imaterial como o carnaval e torna possível

conservar sua memória. Segundo Kossoy, a materialidade da fotografia foi

fundamental para a atividade dos historiadores que as utilizavam para resgate e

pesquisa de memórias. O autor atenta para a questão do cuidado que se deve ter no

arquivamento de tais fotografias, pois, o perfeito e cuidadoso arquivamento faz com

que se tenha uma interpretação mais fiel da realidade que será investigada pelos

historiadores. A memória da fotografia deve ser preservada.

Enquanto registro da aparência dos cenários, personagens, objetos, fatos,

documentando vivos ou mortos, é sempre memória daquele preciso tema

num dado instante de sua existência/ocorrência. É assunto ilusoriamente

re-tirado de seu contexto espacial e temporal, codificado em forma de

imagem.(KOSSOY, 2007, p. 131) 

A Casa de Cultura da cidade de Maragogipe, junto com os moradores, uniram

documentos que comprovassem a existência da festa para que fosse reconhecida como

Patrimônio Imaterial da Bahia. Dentre estes documentos, um acervo de fotografias foi

entregue como fonte investigativa que ajudaria no processo de avaliação para

reconhecimento da manifestação. Desta forma, pode-se perceber o importante papel

da fotografia, na documentação e preservação das manifestações como fonte de

pesquisa histórica.

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Os historiadores estão vivendo um longo e rico processo de descoberta das

várias fontes passíveis de investigação para revelar o passado. Entre elas,

está a fotografia, que ao mesmo tempo é fonte e objeto. Reveladora das

representações sociais e dos códigos de comportamento em vários tempos

e em todos os lugares. São experiências, lembranças, emoções, flagrantesda cultura e do povo em diferentes épocas. São várias as leituras possíveis

e a foto surge como um documento mais revelador do que muitos textos ou

narrativas.(GUERREIRO, 2006, p.9)

Esta dimensão palpável da imagem permitiu que muitas partes da história

fossem descobertas, remontadas, investigadas mais a fundo e recontadas. Para

Kossoy, além do cuidado com a complexa leitura da imagem, o trabalho de

reconstrução da realidade por meio dessa memória dependia em grande parte docuidado com o arquivamento das fotografias, de forma a que desse a compreender

seus elementos constitutivos: assunto, fotógrafo e tecnologia. Sabe-se hoje, com o

avanço das tecnologias e chegada da digitalização, que o modelo de armazenamento

dessas informações iconográficas e sua preservação sofreram grandes alterações,

ainda muito discutidas por ser acontecimento recente. O fato é que se sabe que o

suporte, a materialidade da fotografia, é fundamental na preservação e resgate de

memórias contribuindo para a transmissão de uma dada manifestação cultural.A certeza que tenho é que mesmo tendo feito um recorte do tema, dando

preferência aos mascarados e não fotografando os aspectos gerais do carnaval, deixei

registrado este momento, os tecidos, fantasias e cores, os mascarados na praça e

entorno. Acredito que, assim como as fotografias a que tive acesso em Maragogipe

me ajudaram a conhecer melhor o meu objeto de estudo e a formular métodos para o

registro, servindo-me delas como fonte de pesquisa, meu trabalho possa servir

futuramente como referência, fonte de pesquisa ou reconhecimento para outros, sejamestudiosos, fotógrafos ou pessoas que apenas tenham curiosidade em conhecer um

pouco mais do carnaval daquela região no Recôncavo Baiano.

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4. A FOTOGRAFIA DOCUMENTAL E A RELAÇÃO COM O PROJETO

CARNAVAL DOS MASCARADOS

4.1 Trabalhos dentro da Fotografia Documental

Como integrante do Laboratório de Fotografia da UFBA e aluna de algumas

disciplinas optativas de fotografia, desenvolvi dentro da área trabalhos experimentais

de diferentes ramos passando pela fotografia de estúdio, locação, eventos,

espetáculos, fotojornalismo e documental. Este leque de opções para quem estuda

fotografia é de grande aprendizado e enriquecimento técnico. Mesmo desenvolvendo

diferentes tipos de trabalho na área da fotografia e nunca tendo feito um trabalho tão

extenso na área documental, como este projeto sobre o Carnaval de Maragogipe,

sempre gostei bastante deste tipo de trabalho, participando do registro de festas

populares da Bahia como Dois de Julho, Iemanjá, Conceição da Praia, Bonfim, dentre

outras, que me serviram como uma espécie de treinamento e workshop para o

trabalho que desenvolvi em Maragogipe, fazendo aumentar ainda mais a minha

paixão por este tipo de fotografia.

4.2 Fotógrafos clássicos e contemporâneos, referência para o meu trabalho

Esta parte da memória é dedicada a apresentar de forma breve o trabalho de

alguns fotógrafos fotojornalistas ou fotodocumentaristas que de algum modo tiveram

interferências na construção das imagens do meu projeto.

Dentro do Labfoto, e cursando algumas disciplinas de fotografia, pude

conhecer o trabalho de alguns fotógrafos, dos mais clássicos aos mais atuais, como

Cartier Bresson, Jacob Riss, Dorothea Lange, Eugene Smith, Ansel Adams, Pierre

Verger, Sebastião Salgado, Marcos Aurélio Martins, Evandro Teixeira, Walter Firmo,

dentre outros, cujas obras partilham de significativo reconhecimento nesta área. O

trabalho destes fotógrafos ficam fixados na memória e sem dúvida são bagagens

imagéticas que interferem no fazer fotográfico. Reconhecendo a importância destes

fotógrafos, cito, aqui, alguns que interferiram mais diretamente na concepção do meu

projeto.

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Tendo definido o projeto Carnaval dos Mascarados na linha do

fotodocumentarismo, atribuo a ele uma função social. Porém, diferentemente do

trabalho de alguns fotógrafos como Sebastião Salgado e Evandro Teixeira, dentre

outros, meu projeto não está atrelado a uma função social engajada, de transformação,

documentando dramas humanos e situações de desigualdade social. O meu projeto

neste caso, estaria mais atrelado a função sócio-cultural, com um caráter de memória

e preservação.

Sebastião Salgado3, um dos fotógrafos mais respeitados do mundo, desenvolve

grandes trabalhos de fotografia documental. Salgado é um fotógrafo que mostra-se

engajado com o tema e a comunidade em que fotografa e que possui uma alta

sensibilidade artística. Uma característica marcante no seu trabalho é unir em suas

fotografias elementos artísticos e documentais resultando em imagens fortes e com

uma beleza plástica singular. Considero esta união do documental com o artístico a

principal influência da obra de Salgado no meu trabalho.

Fig.(s) 3 e 4. Fotografias do Livro Êxodos, 2000. Autor: Sebastião Salgado. Projeto realizado ao longo de seis

anos, em viagens por quarenta países.

A fotografia de Salgado possui um estilo visual que destaca fortemente tanto a

narrativa social quanto a plasticidade. Desta forma, ele consegue documentar um fato

e atribuir às suas imagens valores estéticos. Através do conhecimento e visualização

das obras de Salgado pude compreender e conceber esta relação entre criação e

documentação, fundamentais para o meu trabalho.

3 Sebastião Ribeiro Salgado, nascido em Minas Gerais em 1944, é um fotografo brasileiro com fama mundial. Seus trabalhos sobre a vida de

pessoas excluídas, rendeu-lhe a publicação de vários livros e exposições. Fotojornalista internacionalmente reconhecido, recebeu vários prêmios ehomenagens na Europa e no continente americano. As imagens de Salgado são uma rica contribuição para o mundo e para a fotografia.

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Outro fotógrafo que considero ter tido contribuição para o meu projeto foi

Evandro Teixeira4, fotojornalista que desenvolveu um importante trabalho na área

documental com o projeto “Canudos, 100 anos”. Teixeira fez inúmeras viagens ao

sertão baiano percorrendo lugares que foram cenário da Guerra de Canudos e

registrando em imagens P&B as pessoas daquelas regiões.

Fig.(s) 5 e 6. Fotografias do Livro Canudos, 100 anos - 1997. Autor: Evandro Teixeira. Registro histórico do

cenário da guerra, seus sobreviventes e herdeiros.

Para mim o traço mais marcante deste trabalho de Evandro Teixeira está na

sua sensibilidade como fotógrafo e como pessoa. No documentário “ Evandro Teixeira

 – Instantâneos da Realidade” é possível acompanhar através de fotos e depoimentos

algumas partes do trabalho desenvolvido em Canudos. Evandro após o lançamento do

livro “Canudos, 100 anos”, voltou a região de Canudos levando exemplares dos seus

livros para oferecer àquelas pessoas humildes que foram as principais responsáveis

para que o projeto do fotógrafo se concretizasse. Desta forma, Evandro demonstra um

envolvimento e respeito com a comunidade a qual fotografou, explicitando uma

relação de paixão que é possível através da fotografia, mas vai além dela, é uma

experiência de vida. Acredito ser esta relação de convívio e responsabilidade social

um traço forte e apaixonante da fotografia documental.

4 Evandro Teixeira, nascido na Bahia, começou a sua carreira de fotógrafo em 1958 no jornal DIÁRIO DA NOITE, no Rio. Em 1963, ingressou no

JORNAL DO BRASIL, onde está até hoje, cobrindo os principais episódios políticos, sociais e esportivos do país e eventos mercantes do cenário

mundial. Evandro editou dois livros: "Evandro Teixeira - Fotojornalismo", lançado em 1982 e "Canudos 100 Anos", em 1997, onde eterniza,através da fotografia, os vestígios e os sobreviventes da Guerra de Canudos.

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Utilizando como referência trabalhos voltados para o registro de festas

populares que envolvem máscaras, tema principal do meu projeto, passo a comentar o

trabalho de Aristides Alves, Celso Oliveira e Luiz Santos.

O Carnaval de Maragogipe, assim como o carnaval de algumas regiões do

Recôncavo baiano, possui na sua essência o uso de máscaras e fantasias produzidas

pelos próprios moradores. Muitas destas máscaras são retratadas no livro de fotografia

 Máscaras da Bahia – Masks of Bahia (2001) do autor/fotógrafo Aristides Alves5. O

registro de Aristides capta de forma singela e sem muitos aparatos estas máscaras

festivas. Aristides procurou capturar em seu trabalho, a princípio, o sentido da

manifestação. Depois, procurou fixar esta fugaz existência perecível desses adereços

cheios de volumes, cores, desenhos, texturas e formas. Com um ponto de vista bem

objetivo, Aristides registra essas manifestações ao longo de quatro anos, em eventos

festivos em que as máscaras são utilizadas. Apesar de ter chegado bem perto da

cidade de Maragogipe (já que esteve em Cachoeira, cidade vizinha), Aristides por

alguma razão, não retratou os mascarados maragogipanos. Porém, deixou uma valiosa

contribuição imagética e cultural sobre o tema.

Fig.(s) 7 e 8. Fotografias do Livro Máscaras da Bahia – Masks of Bahia - 2001. Autor: Aristides Alves. 

5 Aristides Alves, nasceu em Belo Horizonte no ano de 1949 e se radicou na Bahia em 1972. Formado em Biologia e Jornalismo pela UFBA, foi o

idealizador do grupo Fotobahia. Fundou a primeira agência baiana de fotografia, a ASA, e dirigiu o Núcleo de Fotografia da Fundação Cultural doEstado. Aristides tem vários livros publicados, de fundo artístico, ecológico e antropológico.

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Outra contribuição neste sentido – trabalho fotográfico voltado para o registro

de manifestações culturais que envolvam máscaras – é deixada pelos fotógrafos Celso

Oliveira6 e Luiz Santos7, no livro:  A Corte Vai Passar  (2001). Neste trabalho,

considerado uma documentação do carnaval de Pernambuco, os fotógrafos buscam

fugir de um imediatismo da imagem com uma dimensão meramente objetiva. Para

isso, utilizam-se de cortes no enquadramento, desfocamentos, borrões e diferentes

ordenações dos elementos no plano, dentre outros artifícios que são hoje muito

utilizados nos gêneros fotográficos, inclusive documental.

Fig.(s) 9 e 10. Fotografias do Livro A Corte Vai Passar: Um olhar sobre o Carnaval de Pernambuco  –  2001.

Autores: Luis Santos e Celso Oliveira.

No período que antecedeu o registro do carnaval, através de pesquisas na

internet e na cidade de Maragogipe, encontrei fotógrafos com trabalhos específicos

sobre o tema. Álvaro Villela e Junior Major fizeram registros do carnaval de

Maragogipe sob pontos de vista diferenciados, que serviram como fontes de

investigação e inspiração para as minhas imagens.

6 Celso Oliveira, nasceu no Rio de Janeiro no ano de 1957. Fotógrafo, iniciou sua carreira em 1975. Fotojornalista, em 1994, junto com o fotógrafo

Tiago Santana (1966), cria a agência e editora Tempo D'Imagem, com o objetivo de desenvolver ensaios documentais e livros de fotografia. Seu

trabalho está voltado, sobretudo, para o registro de manifestações culturais e festas populares do Nordeste.

7 Luiz Carlos dos Santos, nasceu em Recife em 1959 e começou a atuar como fotógrafo em 1984. Dedica-se, com especial atenção, à área da

fotografia editorial, realizando ensaios autorais para livros que enfocam a cultura brasileira, sobretudo sua gente, seus hábitos, costumes, religiões,bem como tem atuação como coordenador editorial e editor de imagens em projetos culturais.

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Conheci o trabalho de Álvaro Villela8 através da sua galeria no Flickr9. Villela

utiliza-se de elementos que conferem a suas imagens um trabalho de composição

distinto, nos remetendo a um campo mais subjetivo e poético da imagem.

Fig.(s) 11 e 12. Fotografias do Carnaval de Maragogipe, 2008. Autor: Álvaro Villela. Galeria Flickr.

As imagens do fotógrafo Junior Major10, diferente daquelas de Villela, têm

uma finalidade publicitária. As fotos de Major são veículos de divulgação do Carnaval

de Maragogipe e, portanto, apresentam um trabalho de cores e nitidez impecáveis.

Imagens limpas e objetivas, produtos do carnaval.

Fig.(s) 13 e 14. Fotografias do Carnaval de Maragogipe. Autor: Junior Major. Casa da Cultura.

Todos os trabalhos citados foram fundamentais no processo de pesquisa e construção

das minhas imagens. Durante este percurso tive o prazer de conhecer fotógrafos como

Aristides Alves, Álvaro Villela e Junior Major com os quais pude ter valiosas conversas.

8 Álvaro Villela, nasceu em Salvador e trabalha a mais de 15 anos com fotografia. Sua principal atuação é no mercado publicitário. Villela participou de diversas exposições

e prêmios, tendo seus materiais publicados a nível internacional. Atualmente, trabalha com fotografia de estúdio nas cidades de Aracaju e Salvador. Gosta de fotografar em

suas viagens gente, manifestações populares e natureza.

9 http://www.flickr.com/photos/alvarovillela/ 

10 Junior Major, nasceu em Maragogipe – Bahia em 1975 e começou a atuar como fotógrafo em 1990. Dedica-se, com especial atenção, à área da fotografia social e, como

funcionário e fotógrafo da Secretaria de Cultura de Maragogipe, realiza projetos fotográficos para veiculação e publicação de imagens do patimônio cultural e artístico dasua cidade, como o Carnaval de Maragogipe, pr ojeto em que se dedica há cinco anos.

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5. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO CARNAVAL DOS MASCARADOS

Esta parte da memória é dedicada a relatar todo o trajeto percorrido para a

concretização do projeto Carnaval dos Mascarados. Desde os primeiros contatos,

realização das fotografias, até a montagem e impressão do livro.

5.1 Em busca de informações sobre o tema

Tendo definido o meu objeto de estudo, fui em busca de informações que

pudessem me ajudar a conhecê-lo melhor. À procura de informações na internet

percebi o quão escasso é o material que se tem sobre o Carnaval de Maragogipe. As

poucas notas que achei só existiam pelo fato desta manifestação ter se tornado

Patrimônio Imaterial. Notas de órgãos vinculados ao governo, que falavam

rapidamente sobre a festa e seu registro.

Devido a pouca quantidade de material disponível, fui buscar informações

diretamente no Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural  –  IPAC, órgão que fez o

estudo sobre o carnaval de Maragogipe para reconhecimento do mesmo como

Patrimônio Imaterial da Bahia. Dentro do IPAC, conheci Luiz Rosa Ribeiro, da

Gerência de Pesquisa, Legislação Patrimonial e Patrimônio Intangível  – GEPEL, que

colaborou com este trabalho não apenas com os documentos de registro, textos sobre

a festa, fotos, etc, como também me colocou em contato com moradores de

Maragogipe que poderiam me ajudar com a pesquisa.

Considerava de grande importância para o trabalho e registro fotográfico que,

antes do início das sessões, o fotógrafo conhecesse melhor o tema, o local (região,

cidade, rua) em que iria fotografar, assim como as pessoas que seriam fotografadas,

características intrínsecas de um projeto de cunho documental.

5.2 Visitas à cidade de Maragogipe

A partir destes contatos e etapa de pesquisa inicial, fiz a minha primeira visita

ao município, no período de 9 a 12 de novembro de 2009 a fim de conhecer o locus da

pesquisa e levantar o máximo de materiais sobre a festa, dados, documentos, fotos e

bibliografias, conseguidos através da Prefeitura, Secretarias de Cultura, Instituições edos próprios moradores.

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Nesta primeira viagem, tive contato com os funcionários da Secretaria de

Cultura, que me deram acesso a todos os materiais disponíveis sobre o carnaval, que

se resumiam a alguns jornais datados de 1912 até 2009 e fotos recentes da festa,

tiradas por fotógrafos da própria Secretaria. Informaram serem esses os únicos

documentos existentes no município. Outros documentos informativos sobre o

carnaval, como acervo de fotos e textos, encontravam-se em mãos da museóloga e

pesquisadora Rosa Vieira de Mello, documentos ao qual já tinha tido acesso através

de Luiz Ribeiro do IPAC.

Desta forma, pude conhecer melhor a cidade de Maragogipe, estabelecer

contatos, colher informações textuais e imagéticas e depoimentos de moradores, que

me fizeram compreender melhor o tema do meu projeto.

5.3 Preparativos para registro

O tema escolhido, Carnaval dos Mascarados, apresentava-se arriscado para um

Trabalho de Conclusão de Curso, pois, teria apenas os três dias de carnaval para

executar os registros e conseguir uma determinada quantidade de fotografias,

suficiente para montar o meu produto, o livro, e obter um trabalho consistente. Não

haveria a chance de voltar ao mesmo “cenário” e refazer as fotografias, caso fosse

necessário. Por esta razão, o trabalho preparatório, nos dias que antecederam o

carnaval, foi planejado com uma maior cautela.

A partir desta condição, surgiu a idéia de não fazer apenas o registro da festa

em si, mas, chegaria antes à cidade e tentaria registrar também os preparativos para o

carnaval: ornamentação e arrumação das praças e ruas, montagem das barracas, palco

e estruturas necessárias para a festa, trabalho de confecção das máscaras e fantasias.

Esta “alternativa” poderia ser interessante e dar consistência ao trabalho final, mas, de

qualquer forma, o foco continuaria sendo o momento da festa, o registro dos

mascarados no carnaval.

A escolha dos equipamentos também seguiu a mesma linha de pensamento. Já

havia visitado a cidade antes e sabia das suas precárias condições de acesso à internet,

mídias e outros equipamentos. Precisava de equipamentos para backup, pois sabia que

seria difícil encontrar suporte, principalmente fotográfico, e seria inviável retornar

para Salvador para buscar algo.

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Desta forma os equipamentos levados foram: Câmera Nikon D70s, câmera

Nikon D100, bateria reserva para câmera, 2 carregadores com cabos para bateria das

câmeras, Flash SB 80DX, baterias para flash recarregáveis e descartáveis, lentes

fixas: AF 24mm f2.8 D; AF MICRO NIKKOR 60mm f2.8 D; AF MICRO NOKKOR

105mm f2.8 D. Lentes zoom: DX AF-S 18-70mm f3.5-4.5 G ED; 70-210mm f4-5.6

D, 4 CompactFlash (Lexar 8G e 1G; Extreme 2G; San Disk 1G); 1 extensão, 1 kit de

limpeza de lentes, 6 DVDs, 6 CDs, 2 cabos USB, 1 Macbook para fluxo de imagens,

1 HD externo 10 GB para backup, 3 pen drives, 1 mini-modem. As lentes e sensores

das câmeras passaram por uma limpeza e todos os equipamentos foram testados antes

de viajar.

5.4 Chegando à cidade

Cheguei a Maragogipe no dia 05 de fevereiro e, desde o primeiro dia, já sai

com o meu equipamento em busca de imagens e informações. Restabeleci contato

com a equipe da Casa da Cultura, que me forneceu todo apoio necessário para os dias

que passaria na cidade (internet, credenciais de acesso a palco, mesa para trabalho,

etc). Conversei com moradores, fui em busca de nomes de artesãos e costureiras que

estivessem confeccionado fantasias para o carnaval e procurei informações quanto aos

horários da ornamentação das ruas e praças e toda a programação do carnaval.

Algumas tentativas foram feitas para fazer o registro da decoração da cidade,

porém, os horários eram incertos, as peças que vinham da cidade de Cachoeira às

vezes não chegavam e, por diversas vezes, o serviço era feito de madrugada. Como

sempre carregava o equipamento comigo, de vez em quando, fotografava os

funcionários contratados pela prefeitura colocando as lâmpadas para a festa,

pendurando as placas, podando as árvores e arrumando a cidade para o carnaval.

Enquanto isso, procurava informações sobre os artesãos (que pensava que me renderia

um trabalho mais interessante e estava mais inserido no contexto do livro).

O trabalho em busca de artesãos foi entusiasmante, cansativo e desafiador.

Para saber onde essas pessoas estavam confeccionando as máscaras e fantasias, era

um longo “bate papo” com moradores, funcionários da Prefeitura, Casa da Cultura

etc. Primeiro, porque as fantasias em Maragogipe são de extremo sigilo, então, às

vezes, não se tem conhecimento das casas que as estão produzindo. Os moradoresfazem-nas escondido. Outro problema é que já não existem muitos artesãos

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confeccionando máscaras, pois muitas são compradas prontas ou são confeccionadas

em outras cidades. Haviam artesãos que já não estavam mais fazendo fantasias e

haviam os que estavam, mas preferiram manter o sigilo e se manter distante das

minhas lentes. Então, foram poucos os artesãos e costureiras que encontrei à mostra e

que se deixaram fotografar.

Desta forma, do dia 06 ao dia 13 de fevereiro, fiz o registro do trabalho de

confecção de 8 artesãos: Edmilson Pereira, Magno Pereira, Erialdo Santos (Lico

Arte), Dulcinéia Marques (Dulce), Raimundo Santos (Bafão), Márcia Soares,

Raimunda Souza e Bartolomeu dos Anjos (Barbudo).

5.5 A abordagem

Assim que  ficava sabendo que  alguém  estava trabalhando na confecção de

fantasias, imediatamente ia à casa da pessoa para estabelecer o contato, fotografar e

tentar, se possível, remarcar a sessão de fotos.

Fazia o meu roteiro começando pelos lugares mais distantes e percorrendo o

caminho de volta passando pelas casas onde sabia que poderia encontrar alguma

produção. Ao chegar ao local desejado, me apresentava, conversava sobre o meu

trabalho e deixava claro o que estava fazendo ali, pedindo informalmente permissão

para fotografar. Também trazia referências da pessoa que havia me indicado o local,

isso fazia com que me tornasse “da casa”, facilitando o trabalho. Muitas vezes a

câmera intimida, então, é preciso ir conversando, fotografando e, aos poucos, fazer a

pessoa entender que o que você está buscando é uma postura mais natural. Desta

forma, perguntava sobre o trabalho de confecção, deixava um pouco a câmera “de

lado”, tornava a clicar, até me tornar quase que imperceptível, fazendo o meu trabalho

enquanto o artesão fazia o dele.

5.6 Registro dos artesãos; o desafio técnico

O maior desafio, no registro da confecção das máscaras e fantasias, se deu por

conta do local de trabalho desses artesãos e da precária condição de luz.

Como não tinha visita marcada, chegava sem conhecer o local, já preparada

para fotografar. Não se podia perder um minuto, pois, além de estarmos às vésperasdo carnaval, nem sempre o artesão iria poder fazer fantasias em outro horário e, às

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vezes, não tinha como voltar por conta do tempo e distância. Era chegar e fotografar.

Alguns lugares eram galpões ou garagens escuras e sem janelas, onde só

existia uma entrada de luz que não era suficiente para o ambiente. Nestes casos, a

utilização de objetivas luminosas, com grandes aberturas de diafragma, aliadas à alta

sensibilidade ISSO, foram essenciais. Com lentes fixas f2.8, foi possível extrair muito

da pouca luz disponível, sem elevar muito o ISO. Apesar de algumas câmeras digitais

apresentarem excelentes resultados mesmo com a utilização de alto ISO, utilizando

uma Nikon D70s, que tem uma sensibilidade de até ISO 1.600, procurei não

ultrapassar o ISO 600, pois a qualidade da imagem nesta câmera com essas condições

não são muito favoráveis e o ruído ou granulação já se tornam evidentes na imagem.

Fig. 15. Confecção das máscaras, 2010. Imagem interior do atelier de Barbudo; condição precária de luz. Câmera

Nikon D70s, ISO 400,1/60, f.2.8, 24mm. Autora: Aline Trettin.

Outro tipo de ambiente comum, eram lugares internos, de sombra, com janelas

e portas por onde entrava uma alta luz. São lugares de difícil fotometria, já que a

diferença da luz interna e externa pode significar uma mudança de até 3 pontos de

diafragma. A mudança de um ponto no diafragma significa o dobro da entrada de luz

pela objetiva, desta forma, era preciso tomar cuidado para que a subexposição ousuperexposição de algumas áreas não prejudicasse a foto ou o assunto principal.

Nesta condição de iluminação, é preciso fazer uma escolha de onde vai ser

feita a leitura da luz e qual área vai ser “privilegiada”. Como o formato Raw tem

melhor capacidade de recuperação das áreas mais claras, que são as áreas em que o

sensor captura uma quantidade maior de informação, é mais vantajoso superexpor a

foto do que subexpor. Nesta superexposição, é preciso tomar cuidado com os picos

muito altos ao lado direito do histograma, pois, apesar do Raw recuperar áreas dealtas luzes, se o histograma atingir o branco total, haverá perdas irrecuperáveis de

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detalhes.

Desta forma, procurei encontrar um equilíbrio na exposição, sempre cuidando

para que o objeto principal fosse iluminado de forma satisfatória e deixando com que

as áreas de menor interesse estourassem um pouco mais. O uso da contra-luz, neste

caso, também pode ser uma solução e trazer um efeito interessante à imagem.

Fig. 16. Confecção das Fantasias, 2010. Imagem interior da loja de Dulce; contra-luz. Câmera Nikon D70s, ISO

400, 1/100, f.5.0, 24mm. Autora: Aline Trettin.

Em ambientes fotografados no final da tarde ou à noite, em que a luz natural

era escassa, ou já não existia, foram testadas outras opções de balanço de branco,além do automático, para se tentar obter melhores resultados nas fotografias.

O princípio do conceito do balanço de branco automático11 é que o branco

deve aparecer branco, não importando se está sob sombra, luz do sol, incandescente

ou outra fonte de luz. Porém, as câmeras digitais têm dificuldade em corrigir luzes

artificiais e julgar o que é branco em certas situações de luz. A utilização do White

 Balance  –  Balanço de Branco WB automático ou não, nas minhas fotografias, não

seguiu o padrão de conseguir o branco perfeito, mas, apenas como opção disponívelque deveria ser testada, principalmente em ambientes onde só havia como fonte de

iluminação uma lâmpada fluorescente ou tungstênio.

11 O balanço de branco é o processo de remoção de cores não reais, de modo a tornar brancos os objetos que aparentam ser brancos para os nossos

olhos. O correto balanço de branco deve levar em consideração a "temperatura de cor" de uma fonte de luz, que se refere a quão 'quente' ou 'fria' é

esta fonte. Temperatura de cor - escala que exprime a qualidade da cor e o conteúdo de uma fonte de luz. Esta escala é calibrada em graus Kelvin e

podem variar entre 2000ºK até mais de 10000º K. Quanto maior for o número K, mais fria é a cor da lâmpada. Ex.: uma lâmpada de temperatura decor de 2700K tem tonalidade quente, uma de 7000K tem tonalidade muito fria.

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 Fig.(s) 17 e 18. Confecção das Máscaras, 2010. Casa dos artesãos Edmilson e Magno: fim de tarde, pouca luz.Teste, WB automático e Tungstênio. Autora: Aline Trettin.

Fig.(s) 19 e 20. Carnaval de Maragogipe, Grupo das Almas, 2010. Autora: Aline Trettin. Fotos tiradas à noite sob

luz tungstênio. Câmera Nikon D70s, ISO 1.600, 1/30, f.2.8, 24mm. WB automático: a luz refletida no objeto

(almas), prevaleceu, de acordo com a sua fonte de iluminação, deixando a imagem amarelada (foto esquerda).

Correção do WB no tratamento de imagem (foto direita): apesar da foto da direita obter o WB correto, a utilização

perfeita da técnica nem sempre significa melhor resultado de imagem no conceito final do trabalho, motivo pelo

qual optei pela utilização da foto amarelada.

5.7 Registro do Grupo das Almas

O registro do Grupo das Almas, que sai à meia noite, da igreja em direção ao

cemitério, também foi um desafio técnico no meu trabalho. As fotos foram feitas à

noite, no interior de uma igreja, com lâmpadas fluorescentes e na rua com iluminação

dos postes. O máximo de recursos da câmera foi testado, para se tentar conseguir uma

boa imagem.

Fig.(s) 21 e 22. Carnaval de Maragogipe, Grupo das Almas, 2010. Autora: Aline Trettin. Igreja da Boiada. CâmeraNikon D70s, 1/60, f.2.8, 24mm. ISO 800 (foto da esquerda) e ISO 1.600 (foto da direita).

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Na rua, devido às péssimas condições de luz para fazer o registro, ainda piores

do que dentro da igreja, tive de usar a maior sensibilidade (ISO 1.600), maior abertura

de diafragma (2.8) e, na maioria das vezes, baixa velocidade de obturação (como na

foto mostrada anteriormente em que estava com 1/30 para tentar captar o máximo da

luz existente). A baixa velocidade, neste caso, não é tão perigosa se pensarmos no contexto

da foto, afinal, um borrão entre as almas pode dar um efeito fantasmagórico favorável. O que

mais incomodou no resultado final dessas imagens foi a alta granulação. 

5.8 Registro do Carnaval

Todas as dificuldades encontradas nos registros feitos, entre os dias 05 e 13 de

fevereiro, serviram como preparação e treinamento para o carnaval que aconteceria

nos dias 14, 15 e 16.

A escolha dos equipamentos e forma de trabalho já haviam sido pensadas

desde Salvador. Apesar de nunca ter trabalhado com dois corpos e lentes,

simultaneamente, esta foi a escolha que fiz para não perder nenhum momento da festa

e flagrar, ao máximo, os instantes que poderiam ser perdidos caso ainda tivesse de

trocar lentes.

Desta forma, optei na maioria das vezes, em utilizar em uma das câmeras a

lente grande angular 24mm12, me dando um ângulo aberto e visão geral da festa e, na

outra câmera, uma teleobjetiva 105mm, fazendo closes e exaltando detalhes. Quando

fazia esta escolha, a 24mm me servia também “como a 60mm”. Para isso,

aproximava-me do objeto, mas é claro que o resultado não é o mesmo, uma vez que a

aproximação da 24mm com o objeto causa distorções.

Algumas vezes, optava por usar, em uma das câmeras, a lente normal 60mm,

ou a zoom 70-200mm quando as condições de iluminação eram favoráveis, já queesta zoom tem abertura f5.6.

12Deve-se levar em consideração o Fator de Corte de 1.5x das câmeras que foram utilizadas: Nikon D100 e D70s, alterando no desempenho das

lentes. Nas câmeras de filme, a área da película que capturava as imagens em uma SLR tinha um tamanho padrão de 35mm, mas nas câmeras

digitais nem todos os sensores possuem o mesmo tamanho. A fabricação de sensores de medida similar à de uma película de 35mm é muito cara,

por esta razão, os sensores menores são bastante utilizados, e por isso foi criado o Fator de Corte, um fator de multiplicação da distância focal. Com

este fator de corte, uma mesma objetiva pode se comportar de forma diferente em câmeras diferentes. Desta forma, utilizando como exemplo a

D70s, que tem um fator de corte de 1,5x, a lente de 24mm na verdade se comporta equivalente a uma 36mm (24x1.5), isto ocorre justamente porcausa do tamanho menor do sensor, que aproveita uma menor área da luz projetada pela objetiva sobre ele. As câmeras chamadas de Full Frame,

não possuem fator de corte, pois têm um sensor equivalente a 35mm.

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 Fig.(s) 23 e 24. Carnaval de Maragogipe, 2010. Autora: Aline Trettin. Lentes mais usadas: 24mm planos abertos

(foto da esquerda); 105 mm planos fechados (foto da direita).

Os mascarados começavam a sair às ruas a partir das 8h da manhã, neste

horário, o movimento ainda era fraco, intensificando aos poucos. Desta forma,começava a trabalhar às 8h terminando, em média, às 17:30h, 18h. Apesar de ter

levado um flash para Maragogipe (mais por precaução), optei por todo o meu trabalho

ser feito com a luz ambiente, desde o registro dos artesãos, almas até o carnaval, não

utilizando o flash nenhuma vez. Portanto, quando escurecia, dava o meu trabalho por

encerrado, tanto pela falta de luz, quanto de condições físicas para continuar.

O primeiro dia de carnaval é o que mais se tem mascarados pelas ruas. Neste

dia a praça fica cheia e acontecem os concursos de fantasias. Dividindo poses com

fotógrafos profissionais e outros muitos curiosos querendo fazer o registro da festa, ia

em busca de alternativas diferentes, mascarados e caretas distraídos, enquadramentos,

ângulos e momentos que fugissem um pouco das repetidas poses que os mascarados o

tempo inteiro faziam para a platéia absorta por clicks. Normalmente, quando os

mascarados faziam pose para eu fotografar, era o momento de ficar apenas

observando. E, quando eles voltavam os olhares para outro fotógrafo, aí sim, colocava

a câmera para funcionar e, desta forma, acredito que obtive melhores resultados de

imagem, não podendo negar que, em alguns casos, algumas fotos posadas foram bem-

vindas.

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 Fig.(s) 25 e 26. Carnaval de Maragogipe, 2010. Autora: Aline Trettin. Foto espontânea (a esquerda); Foto posada

(a direita).

No trabalho de composição das minhas fotografias, utilizei de recursos que

pudessem me trazer uma imagem diferente. Sempre que possível brincava com cores,formas, sombras, grafismos, texturas, contrastes e procurava inserir elementos que

pudessem trazer um resultado atraente.

Trabalho de planos e cores Grafismo

Diagonais Sombras

Fig.(s) 27 a 30. Carnaval de Maragogipe, 2010. Autora: Aline Trettin.

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 Textura Molduras

Perspectiva Inserção de elementos, contraste, cores e diagonais

Fig.(s) 31 a 34. Carnaval de Maragogipe, 2010. Autora: Aline Trettin.

No segundo dia de carnaval, o fluxo de mascarados é menos intenso. As

pessoas não querem repetir a fantasia usada no dia anterior e muitas não têm

condições de fazer uma fantasia para cada dia. Por isso, usam-nas no primeiro e

último dia de carnaval, deixando a praça com menos mascarados. Resolvi, então,

fotografar pelo entorno da cidade, ao invés de ir novamente para a praça. Queria fazer

fotos nesses lugares “esquecidos” e por nos meus enquadramentos outros cenários de

chão de terra batido, prédios antigos, casas simples e coloridas, lugares pelos quais já

havia passado e visualizado mentalmente algumas imagens. Esta experiência foi

ótima, pois é justamente nesses bairros que se pode flagrar um pouco da herança e

brincadeira de carnavais passados, onde os caretas vão nas casas pregar peças aos

moradores e onde se acham algumas figuras atípicas, de cara pintada ou com fantasias

improvisadas mais parecidas com as lendárias mortalhas. Para mim, não resta dúvida

de que essas fotografias nos transportam para lugares e situações diferentes das que

ocorrem na praça. São estéticas distintas e a sensação que tenho é que fotografei dois

carnavais dentro de um.

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Fig.(s) 35 a 38. Entorno de Maragogipe. Carnaval, 2010. Autora: Aline Trettin.

Fig.(s) 39 e 40. Praça de Maragogipe. Carnaval, 2010. Autora: Aline Trettin.

Sempre que os cartões acabavam, voltava para descarregar as fotos e, à noite,dava uma olhada nas imagens para ver o que poderia melhorar e ser refeito no dia

seguinte. Todas as imagens eram importadas para o  Adobe Lightroom, programa de

gerenciamento e fluxo de imagens, que permite com que se organize os arquivos de

várias maneiras, criando coleções, estabelecendo critérios de seleção para as melhores

imagens, excluindo as imagens ruins e fazendo tratamentos simples, mas com

resultados satisfatórios e sem alterar o arquivo original. Utilizando os recursos que o

programa oferece, fazia uma rápida seleção das melhores imagens e exportava oarquivo original direto para um HD externo no qual fazia backup. Depois desse

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procedimento, tinha os arquivos garantidos no meu computador e no HD, o que me

dava segurança para formatar os cartões de memória e fazer novas fotos. Todos os

equipamentos foram suficientes para a cobertura do carnaval. Porém, para uma

segunda oportunidade de continuidade do projeto, levaria uma maior quantidade de

cartões de memória e com mais GB de espaço. No intenso trabalho durante o

carnaval, os cartões de 1 e 2 GB, fotografados em Raw, não demoravam muito a

acabar e quando estavam cheios precisava voltar em casa, esperar descarregar e voltar

a fotografar. Isso, às vezes, demorava um bom tempo.

No terceiro dia de carnaval, voltei a fotografar na praça, procurando

aperfeiçoar o meu trabalho com base na observação das imagens dos dias anteriores.

5.9 De volta a Maragogipe

Depois do carnaval, estive de volta à cidade do dia 02 a 05 de maio de 2010.

Tinha um débito com a cidade e artesãos, precisava voltar para entregar as fotografias

que havia prometido e recolher os depoimentos que iriam compor uma parte do livro.

Desta forma, visitei todos os artesãos e aproveitei para levar termos de liberação de

uso de imagem. Apesar das fotos não serem usadas para fins comerciais e sim

acadêmicos, preferi pedir a autorização para cada artesão, já que eles são as únicas

pessoas que podem ser identificadas no meu livro. Fiz pequenas entrevistas para que

contassem um pouco sobre o processo de trabalho na confecção das máscaras e

fantasias, trechos que estão transcritos no livro e entreguei as fotografias com a qual

ficaram muito felizes. Agora o débito que tenho com a cidade é entregar um exemplar

do livro Carnaval dos Mascarados para a Casa da Cultura. Já havia sido prometido

desde a primeira vez que fui fazer pesquisas na cidade, que um livro seria doado para

a Casa, a fim de que outras pessoas possam utilizá-lo como fonte de pesquisa. Esta

promessa será cumprida após ressalvas da banca e impressão da versão final do livro.

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5.10 O livro fotográfico

Optando por um trabalho de conclusão de curso que resultaria em um produto,

e não monografia, e estando ciente das possibilidades de produtos que poderiam ser

desenvolvidos dentro da Faculdade de Comunicação, tive em mente que o meu

projeto seria um livro de fotografias.

A idéia surgiu após a apresentação do TCC da aluna Luciana Batista, que teve

como produto final o livro fotográfico intitulado “Samba dá foto”. Visualizei o

produto de Luciana como algo palpável para a fotografia e cultura e, pensando no

meu tema, na dificuldade em encontrar informações e em alguma contribuição que

deveria deixar para a cidade de Maragogipe, acreditei que o suporte livro, a princípio,

seria mais interessante do que uma exposição, que é pensada como projeto posterior

ao livro.

Em reuniões com o meu orientador pude compreender que a elaboração de um

produto não depende só de mim e deveria ser feita juntamente com profissionais

qualificados para a realização de determinadas tarefas. Não era possível que eu fizesse

tudo sozinha, o meu trabalho (como fotógrafa) já havia sido feito. Agora, precisaria de

um curador para fazer a seleção final das imagens, um profissional para tratamento de

imagens, um designer para o projeto gráfico do livro e estudiosos para concepção dos

textos. Este contato com outros profissionais e mercado externo fazem com que o

produto se distancie de um nível mais amador e busque alcançar o máximo de

profissionalismo, proporcionando para nós formandos e futuros profissionais valiosas

trocas de experiência.

O primeiro passo foi a escolha de um curador, que iria fazer a seleção das

imagens para compor o livro. Era preciso um olhar diferenciado e desapegado da

imagem, que pudesse julgar a fotografia. Dentre os nomes sugeridos em reunião de

orientação, surgiu o do fotógrafo Marcelo Reis, professor e diretor da Casa da

Photographia, com trabalhos desenvolvidos também na área da Fotografia

Documental. O primeiro contato foi feito por telefone, no qual fui muito bem

recebida. A partir daí marcamos nossa primeira reunião para apresentação do projeto.

Depois que os registros foram feitos, fiz um tratamento básico e pré-seleção do

material bruto. Este material pré-editado foi entregue em um CD a Marcelo, que faria

o seu trabalho de curadoria. Marcelo preferiu, como método de trabalho, escolher asfotografias sozinho, sem interferência da minha opinião sobre as imagens. Depois de

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escolhidas as fotografias, me deu liberdade para incluir as que para mim tinham

algum valor, não digo sentimental, mas principalmente que estivessem inseridas

dentro de algum contexto e que não poderiam ser deixadas de fora do livro.

Enquanto a curadoria das fotos era feita, estava providenciando para que as

outras etapas fossem cumpridas dentro dos prazos previstos. Precisava de textos para

compor o livro e comecei a fazer os convites. A solicitação dos textos específicos

sobre o carnaval foram feitas a Rosa Vieira de Mello, Benedito Carvalho e Ronaldo

Souza, pesquisadores que possuem autonomia para escrever sobre o tema.

Infelizmente, por motivos de saúde, Ronaldo Souza foi o único que não pôde fazer o

texto para o meu livro mas é citado no texto de Rosa pois é um grande intelectual e

poeta da região. Ainda para um texto mais específico sobre fotografia documental

convidei Marcella Haddad e Aristides Alves, mas ambos tiveram que recusar o

convite por questão de tempo. Providenciei também as entrevistas com os artesãos e

transcrição de algumas partes para o livro. Outros textos que compõem o livro são

trechos dos jornais de época de Maragogipe, notas escritas por mim e o texto do meu

curador Marcelo Reis que fala sobre o documental e o meu trabalho. Desta forma

estavam decididos os textos que estariam no livro Carnaval dos Mascarados.

Pedi que o meu orientador me indicasse um profissional para tratamento de

imagens e ele me passou o nome de Anderson Meneses. Já havia visto alguns

trabalhos de Anderson através dos informativos do fotográfo Eduardo Moody. O

trabalho de Anderson é voltado para a publicidade, com um tratamento demorado e

impecável, não era o caso para o meu trabalho e nem para o meu orçamento. Desta

forma, através de algumas conversas que tive com Anderson, expliquei a minha

condição de estudante e o tipo de tratamento para as minhas imagens. Apesar de

querer o resultado do livro lindo, se tratando de um projeto documental as imagens

não precisariam sofrer grandes alterações com pós-produção. Desejava um tratamento

simples, mexendo em comandos básicos como brilho, contraste, exposição e cor e que

feitos por um profissional esses arquivos pudessem ter uma saída correta para

impressão. Anderson foi bastante solicito compreendendo o objetivo das imagens e

aceitando fazer o tratamento. Tivemos algumas reuniões presenciais para que

Anderson gravasse os arquivos originais em um HD externo, trouxesse as fotos

tratadas, discutíssemos os tratamentos, etc. Utilizamos também um site

www.sendspace.com.br para downloads dos arquivos, porém, como algumas fotosprecisavam ser entregues em 60cm (maior largura do livro 33X28 ocupando duas

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páginas), em JPG alta resolução chegando a ocupar 20MB, o fluxo de trabalho apenas

pela internet se tornava inviável, fazendo com que Anderson saísse do seu escritório

em Praia do Forte para resolvermos as pendências das imagens. Entre essas idas e

vindas e a montagem do livro, onde algumas surpresas acontecem e algumas fotos

que eram pensadas para determinadas páginas precisam ser trocadas, de 148 imagens

que fazem parte do livro, tive de fazer o tratamento de 29. Na finalização do trabalho

em conversas com Anderson chegamos à conclusão que algumas fotos podem sofrer

pequenos ajustes para melhorar ainda mais a apresentação delas no livro. Os arquivos

foram entregues em JPG alta resolução, NEF e TIFF. Marcamos uma reunião para

depois que o livro estivesse pronto, para analisarmos a impressão e ajustarmos os

arquivos para a versão final.

Para o projeto gráfico e montagem do livro convidei Lis Nogueira, colega da

Facom e estudante de design na Faculdade Salvador. Lis, além de ser uma amiga com

quem eu certamente poderia contar para me ajudar nesta empreitada, já possuía

familiaridade com os programas para montagem do livro. O nosso tempo era curto e o

trabalho muito extenso. Montamos o livro todo juntas. Para isso, foram preciso

algumas reuniões, quase todas iniciando às 18:00h, horário em que estávamos livres

do trabalho e terminando por volta das quatro da manhã. Esta forma de trabalho

conjunta apesar de cansativa nos poupou muito serviço, pois todas as decisões e

soluções eram tomadas na hora, eu tendo total noção do que estava sendo feito e Lis

compreendendo perfeitamente o resultado que queria para o meu livro. Depois da

primeira reunião, em que as páginas começaram a ser montadas no Photoshop, já

pensando no tamanho das fotos e deixando os espaços para inseri-las depois (quando

tratadas), tive uma maior noção do trabalho de layout e do corte que algumas imagens

teriam de sofrer para ficar da forma que queríamos em cada página. Com esta noção e

folheando outros livros como referência, ia tendo as idéias para montagem. Em um

bloquinho eu desenhava as páginas com a disposição e numeração das fotos e dos

textos e com esses arquivos separados em uma pasta do computador eu ia para a casa

de Lis para irmos montando. Para mim, o trabalho mais difícil foi pensar cada página,

pensar quais fotos iriam na mesma página e tentar encontrar uma harmonia entre elas.

Apesar de parecer fácil montar fotografias em que o tema é um só, o carnaval, não dá

para fazer uma disposição aleatória, sem critério. É preciso pensar nas cores, nas

combinações, nas cenas para que a página não se torne uma mistura visualmentepoluída. Lis muitas vezes me ajudava a escolher a melhor foto e o tamanho que

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deveria ocupar na página. Como o meu livro é sobre o carnaval, não vi a necessidade

de dividi-lo por capítulos. Desta forma, escolhi dividi-lo em três partes mas sem

nomeá-las: Carnaval - principal parte que mostra a festa; Artesãos - confecção das

máscaras e fantasias e Grupo das Almas - que apesar de sair antes do carnaval, preferi

deixar no final do livro e iniciar o livro com a festa em si. Terminamos de montar o

livro no dia 26/05 e ele foi enviado para impressão no dia 28/05.

A impressão do livro foi feita através de um site norte americano:

www.blurb.com.br. O  Blurb possui um software de simples manuseio chamado

 Booksmart onde o livro deve ser finalizado e enviado para impressão. O livro pode ser

montado diretamente neste programa, ou em outros programas como o Photoshop

fazendo-se depois o upload das páginas para o Booksmart , opção escolhida por Lis.

Conversando com outros colegas e acompanhando trabalhos de Conclusão de Curso

que também utilizaram o Blurb como opção para impressão dos livros, pude constatar

que além dos preços sugeridos pelo site serem mais baratos do que muitas gráficas

brasileiras, o material é de excelente qualidade.

Fig. 41. Programa Booksmart . Foto ilustrativa.

Desta forma, no dia 28 de maio, após revisão final do livro, realizei o pedido

de impressão de dois exemplares para os membros convidados da banca examinadora.

O livro possui 102 páginas, foi feito no tamanho 33X28 cm e solicitado em

papel Permium, fosco, pelo envio Priority que depois de impresso leva cerca de 3 a 5

dias úteis para chegar.

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Recebi o livro em casa no dia 07 de maio. Ao ver as fotos impressas, algumas

pareceram ter perdido um pouco o brilho e estarem mais escuras do que as originais.

Acredito que isto ocorreu por estar habituada a ver as minhas imagens com a retro

luminancia do computador, que claro, as impressas dificilmente sairiam iguais.

Fazendo o livro em uma gráfica próxima, alguns testes poderiam ter sido feitos e esse

processo de impressão poderia ser acompanhado de perto, fato que não ocorre

pedindo um livro pela internet. Porém, acredito que os resultados não teriam sido

muito diferentes. O  Booksmart  apresenta uma compensação no corte das imagens

impressas e em apenas uma foto considerei que este corte foi levemente prejudicial.

Outra preocupação era em relação ao tamanho real que ficariam as fontes utilizadas

nos textos, principalmente as fontes cursivas que optamos por deixar grandes, pois

pequenas poderiam ficar confusas e ilegíveis. No resultado final não acredito que o

tamanho da fonte tenha prejudicado, mas, por questões de gosto elas podem ser

reduzidas. Em algumas páginas os textos e fotos podem ser um pouco afastados do

meio do livro para facilitar a visualização. No geral, folheando as páginas do livro

fiquei muito satisfeita com o trabalho, que apesar de cansativo, foi bastante

gratificante.

Fig. 42. Capa e contracapa do livro Carnaval dos Mascarados. Foto ilustrativa.

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6. CONCLUSÃO

O livro fotográfico Carnaval dos Mascarados, é um trabalho que demandou

tempo, pesquisa e esforços, mostrando-se como um grande desafio, desde o seu

início, até a sua finalização, proporcionando envolvimento com a comunidade de

Maragogipe, pesquisadores, fotógrafos e diversos outros profissionais, ampliando

meus conhecimentos a partir destes diálogos.

Além de desafiador, não tenho palavras para descrever a dimensão que este

projeto teve como experiência profissional e pessoal para mim, e o imenso prazer nas

etapas para o seu desenvolvimento. Todas as etapas de trabalho foram de grande valia,

porém, destaco principalmente, a fase dos registros, em que estive na cidade de

Maragogipe. Após cada dia cansativo de trabalho, refletia sobre tudo o que havia se

passado e sobre o caloroso envolvimento que um projeto documental proporciona,

ampliando a minha vontade em fazer este tipo de fotografia. É inenarrável a

experiência vivida com os moradores da cidade de Maragogipe, o acolhimento e

histórias do Recôncavo, que posteriormente me fizeram compreender o fascínio com

que Luiz Rosa Ribeiro (do IPAC) me descrevia a cidade e sua gente.

Até o presente momento, não se tinha conhecimento de um livro de registro

fotográfico sobre o Carnaval dos Mascarados de Maragogipe, sendo este livro

pioneiro neste sentido. Alguns documentos coletados durante a pesquisa, não se

fizeram pertinentes para serem incorporados a este projeto inicial. Porém, por serem

documentos valiosos sobre a festa, pretendo dar continuar ao projeto, firmando

parceria com outros fotógrafos e pesquisadores, incorporando essas fotografias

antigas do acervo do carnaval de Maragogipe, recortes de jornais, textos e outras

fontes, podendo dar ao livro uma versão ampliada, rica em imagens e informações.

Durante todo este percurso, utilizei como embasamento teórico e fontes de

referência, fotógrafos e autores que me ajudaram a encontrar soluções técnicas e

cognitivas, para exploração e entendimento do campo da fotografia documental e para

toda a construção do projeto.

Este trabalho é resultado de dois semestres de pesquisas, registro e dedicação

ao tema Carnaval dos Mascarados de Maragagogipe. Acredito que o carnaval de

Maragogipe, por ser considerado um dos mais tradicionais carnavais do Estado da

Bahia, e por possuir uma característica peculiar e cada vez mais difícil nos dias dehoje, que é a de tentar conservar a sua originalidade com grande participação popular

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e a presença de mascarados, pierrôs e fantasias nas ruas da cidade, tenha sido um

objeto de estudo de fundamental importância, merecendo ser contemplado com este

registro de natureza documental. O livro Carnaval dos Mascarados, tem o objetivo de

mostrar, através da linguagem fotográfica, a grandiosidade cultural desta festa,

contribuindo assim para a sua preservação.

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7. ORÇAMENTO DO PROJETO CARNAVAL DOS MASCARADOS

ORÇAMENTO DO PROJETO CARNAVAL DOS MASCARADOSMapeamento e reconhecimento do objeto/visitas

Descrição Quantidade Valor Unitário TOTAL

Passagens 6 18,70 112,20

Alimentação, tel, outros 24dias média 25,00 600,00

Fotos Impressas 47 1,20 56,40

TOTAL 768,60

Livro FotográficoDescrição Quantidade Valor Unitário TOTAL

Tratamento deImagens

120 pacote 180,00

Impressão do Livro. Versão para banca.

Blur, Fotmato 33X28 cm,102 páginas

Papel Premium. 

2U$ 92,95R$ 173,81

cotação dólar R$1,87 

U$ 185,90 + freteU$ 102,43 =U$ 288,33 =R$ 539,18

Impressão do Livro. Versão final. Blur, Fotmato

33X28 cm, 102 páginasPapel Premium. 

4U$ 92,95R$ 173,81

cotação dólar R$1,87 

U$ 371,80 + freteU$ 186,10 =U$ 557,90 =R$ 1.043,27

TOTAL 1762,45TOTAL GERAL DO PROJETO 2.531,05

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8. REFERÊNCIAS

ADAMS, Ansel. A Câmera. São Paulo: Ed. SENAC São Paulo, 2000.

ALVES, Aristides. A Fotografia na Bahia (1839-2006). Salvador: Secretaria deCultura e Turismo; Funcultura; Asa Foto, 2006.

ALVES, Aristides. Máscaras da Bahia. Masks of Bahia. Salvador, 2000. 84p.

AMORIM, Sonia Maria Costa de. Carnaval e Máscara: A magia da cena brincanteda cidade de Rio de Contas. Salvador: Autor, 2006.

ANDRADE, Rosane de. Foto e Antropologia: Olhares fora e dentro. 

ARAÚJO, Jônathas. Estação da Lapa: Memória da exposição fotográfica. Trabalho

de Conclusão de Curso. FACOM. 2009.

ARAÚJO, Rita de Cássia Barbosa de. Carnaval no Nordeste do Brasil. Disponívelem: http://www.fundaj.gov.br/. Acesso em Março 2010.

BARTHES, Roland. A Câmara clara. Tradução Manuela Torres. Lisboa: Edições 70,(ca.1980).

BOOTY, Wayne C; COLOMB, Gregory G; WILLIAMS, J. Mark G. A arte da

Pesquisa. Tradução de Henriqueta A. Rego Monteiro. 2. ed. São Paulo: Martins

Fontes, 2005.

BATISTA, Luciana. Samba dá foto  – Um exemplo de documentação do patrimônio

imaterial. Trabalho de Conclusão de Curso. FACOM. 2008.2.

CANEVACCI, Massimo. Antropologia da comunicação visual. 

FARANCHE, Ana. Fotografia: uma experiência entre memória e imaginação. Disponível emhttp://www.uel.br/revistas/uel/index.php/discursosfotograficos/article/view/1504/0.Acesso em: 20 jun.2009.

FÉLIX, Anísio; NERY, Moacir. Bahia, Carnaval.

GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa emCiências Sociais. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 1998.

GONSALVES, Elisa Pereira. Conversas sobre Iniciação à Pesquisa Científica.

4.ed. São Paulo: Alínea, 2007.

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GOVEIA, Fábio. Materialidade e Imaterialidade; memória e fotografia. RevistaStudium. Disponível em: http://www.studium.iar.unicamp.br/. Acesso em 28 março2010.

KOSSOY, Boris. Os tempos da fotografia: o efêmero e o perpétuo. São Paulo,Ateliê Editorial, 2007.Disponível em: http://books.google.com.br/booksborriskossoy. Acesso em 28 jun2009.

KOSSOY, Boris. Realidades e Ficções na Trama Fotográfica. 3.ed. São Paulo:Ateliê Editorial, 2002.

LOMBARDI, Kátia. Documentário Imaginário: reflexões sobre a fotografiadocumental contemporânea. Discursos Fotográficos, Londrina, v. 4, n.4, 2008. 

MARAGÓS. Vídeo Documentário sobre Maragojipe. Direção: Antônio Pastori.Casa do Verso.

NASCIMENTO, Luciene. Nego Fugido de Acupe  – Memória Viva da Escravidão no

Recôncavo. Trabalho de Conclusão de Curso. FACOM. 2007.2.

OLIVEIRA, Celso; SANTOS, Luiz. A Corte vai passar: Um olhar sobre o carnavalde Pernambuco. Tempo D’Imagens.

REVISTA DO PATRIMONIO HISTORICO E ARTISTICO NACIONAL.Fotografia. Organização MARIA, Inez Turazzi. Instituto do Patrimônio Históricoe Artístico Nacional, Rio de Janeiro: n. 27, 1998.

SEMAIN, Etienne (Org.). O fotográfico. São Paulo: Hucitec, 1998.

SOUZA, Jorge Pedro. Uma história crítica do Fotojornalismo Ocidental.Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/pag/_texto.php?html2=sousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1.html. Acesso em 28 jun 2009.

VIANNA, Hildegardes. Do entrudo ao carnaval da Bahia. Revista Brasileira de

Folclore, n° 13, set-dez 1965.

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9. ANEXOS

Textos que compõem o livro

O CARNAVAL DE MARAGOGIPE

Muito se tem falado sobre o Carnaval de Maragogipe na última década. A pérola

dentro da ostra foi retirada e aberta para conhecimento do mundo. Baianos, paulistas,

cariocas, franceses, japoneses, para citar apenas esses, têm se deslumbrado com o que

aparentemente é simples e poético como o abrir de uma flor.

O fato é que o carnaval de Maragogipe contém a alma dos seus foliões, a arte e a

criatividade dos seus atores sociais e a poesia que paira sobre a beleza que advém da

força dos sentimentos mais universais, a união dos desejos de uma comunidade.

O carnaval de Maragogipe pertence ao povo maragogipano. A resistência que superou

um quase esquecimento da festa comprovou a força que vem da união de um só

querer. Porque o carnaval de Maragogipe não sobreviveu graças aos poderes públicos,

ao seu apoio, à sua administração. Este carnaval sobreviveu graças aos súditos de

Momo, o deus do Riso, que vivem na pequena cidade do recôncavo baiano, à margem

direita do rio Paraguaçu, descendente dos tupinambás, dos portugueses e dos escravos

vindos do Golfo do atual Benin.

A história do carnaval de Maragogipe tem início nos ternos e nas pranchas com suas

alegorias carnavalescas, que circulavam pela cidade com os nomes de A Mariposa, Os

Chineses, Filhos do Sol, As Melindrosas, Os Inocentes, Os Assustados, Macacão,

Mamãe-eu-Caio, Rancho do Jacaré, os Mandús de Dilú, o Terno da Mocidade e o

Terno das Fantasias para citar apenas alguns, organizados por pessoas como Hermano

de Melo e Albuquerque, Bartolomeu Santana, Benigno Rebouças, Filoca Santana,

Oscar Guerreiro, Amelinha Carvalho, Memeu Brito, Maninho Borba. As fantasias

eram iguais ou com formação de mini grupos com indumentárias diferentes, como

ocorre nos ternos de reis. As músicas desses ternos ou pranchas eram próprias,

compostas por autores maragogipanos, poetas como Lulu Nerega, Maninho Borba e

quase sempre musicadas pelo exímio maestro Heráclio Guerreiro. Caretas iam evinham pelas ruas como ainda hoje, e os grupos visitavam as casas das pessoas

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conhecidas, que eram notificadas inclusive através de “telegramas” enviados pelo

Jornal A Pétala.

À noite havia festas nas sedes das Filarmônicas Terpsícore e Dois de Julho, na

Associação Atlética e também na sede do Sindicato dos Operários. Sem esquecer os

alemães que ali chegaram à época áurea da produção do fumo e da Suerdieck e se

renderam à festa, promovendo animados bailes carnavalescos à fantasia no “Deustcher 

Club” sede social dos alemães, hoje conhecida como antiga Rádio Clube. Saraus

também eram realizados em residências.

Ao mesmo tempo na Enseada ocorriam as batucadas e os ternos, como o Terno do

Nagô, com músicas em ritmos advindos dos terreiros de candomblé, como nos revela

em texto o poeta maragogipano Ronaldo Souza: “... A batucada saía no domingo e na

terça de carnaval e era uma fila indiana de foliões, todos negros ou mestiços, que

vinham do bairro das Palmeiras... Já o terno de nagô, que saía na segunda, era um

cortejo formado exclusivamente por índios, pessoas que assim se diziam ser, gente

ligada ao candomblé da nação angola e mesclados com rituais brasileiros de umbanda.

Pois bem, eram duas raças apresentando-se no carnaval, negros da nação keto e

índios...”.

Durante a madrugada do primeiro dia, O Grupo do Silêncio vestido com fantasias de

alma, alardeava a chegada do carnaval, como ainda hoje. Pierrôs, arlequins, cardeais,

diabos, tudo se misturava para vivenciar a festa, brincando, fazendo críticas, porque

são elementos presentes no carnaval de Maragogipe o riso, a fantasia, a máscara, a

sátira, a rua, o teatro, a dança e o sentido burlador.

O carnaval de Maragogipe, assim como os carnavais de modo geral no Brasil foram se

modificando, porque está implícito na cultura o seu dinamismo, mas a essência da

festa, sobretudo na cidade da qual falamos, continua viva. E foi assim, com seus

caretas, seus mascarados, que o nosso carnaval foi se popularizando e se transformou

em Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia.

Desta forma, Aline Trettin, estudante de produção cultural e fotografia, se apaixonoupelo carnaval maragogipano e resolveu fotografar os seus caretas, e mais, resolveu

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torná-los produto do seu trabalho de conclusão do Curso de Comunicação da

Universidade Federal da Bahia.

Assim foi Aline para Maragogipe em busca de descobrir todas as nuances daquele

carnaval, desde sua feitura até a ocorrência da festa, durante os quase quinze dias  

dedicados ao registro do trabalho dos artesãos, e os três dias dedicados a festa do deus

Momo, e sob os auspícios de Baco ou Dionísio, como quer que se chame o deus do

vinho, da alegria.

As fotografias de Aline revelam o olhar esmerado da fotógrafa através dos ângulos

escolhidos, a forma peculiar como mostra os nossos caretas e a manifestação do seu

extraordinário colorido, a nossa cidade, poetizando através da técnica, como faz todo

artista com a sua arte.

O carnaval de Maragogipe em 2010 ganha um estudo documental, um livro

fotográfico sobre a festa, apoiado na pesquisa de Aline, que dedicou meses de trabalho

utilizando todas as formas científicas para a realização do mesmo, a história oral, com

entrevistas a pessoas da cidade, a busca de documentação escrita, fotográfica, para que

pudesse entender e mostrar melhor a festa, a cidade que a promove, e os atores sociais

que fazem com que aconteça. Sem isto tudo, seria impossível para Aline alinhar sua

sensibilidade ao trabalho acadêmico, onde fez transbordar sua capacidade de ver,

entender, conhecer e mostrar o objeto de estudo com paixão e comprometimento.

Rosa Maria Vieira de Mello

Museóloga

Pesquisadora do Carnaval de Maragogipe.

Maio de 2010

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PASSAGENS

Por quanto tempo durara a alegria desse povo? 

Quando a fotografia foi descoberta, os artistas, ainda não chamados de fotógrafos,

acreditavam ter descoberto a técnica que perpetuaria para sempre a alegria do ver. Mas

a alegria foi mudando com o tempo e, com o tempo, também o modo ver. Depois do

modo de ver mudar, mudou a fotografia e a fantasia que nela existia.

A fantasia, por cima do povo de Maragogipe, cidade do Recôncavo Baiano, nos faz

pensar em qualquer lugar, menos Bahia. Assim é a fotografia. Assim é a passagem de

Aline Trettin por Maragogipe, para perpetuar a alegria desse povo. Um povo que

trabalha duramente horas a fio, por alguns dias de felicidade. Assim também é o

trabalho do fotógrafo, por alguns milésimos de segundos de felicidade, a felicidade de

ver uma boa fotografia.

Este ensaio, sobre o qual escrevo, é um espelho do percurso narrativo visual

trabalhado por Aline Trettin, objetivando constituir para nós, agora distante em tempo

e espaço, a festa carnavalesca de Maragogipe.

São pessoas anônimas e outras nem tão anônimas, que nos revelam, de forma íntima,

como se constrói uma felicidade. São cores, cortes, texturas e sonhos que,

amalgamados ao desejo alheio, criam por um tempo uma máscara de alegria,

transformando algumas das vidas secas em mundos encantados.

A fotografia de Aline Trettin transforma a alegria do povo em uma eterna felicidade, a

fotografia perpetuou a memória e os sonhos.

A fotografia de Aline Trettin nos calou, para ouvirmos o som que ecoa por detrás das

máscaras do povo de Maragogipe.

Marcelo Reis

Curador – Maio de 2010

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MÁSCARAS E FANTASIAS

Antigamente a fantasia que predominava no carnaval de Maragogipe era a mortalha,

um lençol costurado do lado, muitas vezes cobrindo todo o rosto, com apenas buracos

nos olhos, nariz e boca. Muitas mães brigavam com seus filhos no período do

carnaval, pois já não havia fronhas ou lençóis sem furos para se forrar a cama ou

colocar os travesseiros. Improvisava-se fantasias de todas as formas para não se perder

a festa. As máscaras feitas de papelão e papel marche, usando a técnica de colagem,

também era comum. Da modelagem no barro, a aplicação da técnica do papel e grude,

saiam as imensas cabeçorras com chifres e feições de animais, que amedrontavam as

crianças e até os adultos. Esta técnica era mais demorada e as máscaras antigas eram

muito pesadas, pois se colocavam excessivas camadas de papel. Todo tipo de material

era válido para aproveitar e brincar o carnaval, ainda mais quando os recursos eram

poucos. Desta forma utilizavam-se panos e roupas velhas, jornais, papelão, sacos de

embalagem de fumo, farinha e cimento, folhas e outros materiais na confecção das

máscaras e cabeçorras.

Hoje vemos de tudo um pouco no carnaval de Maragogipe. Das fantasias mais

luxuosas as mais simples. O plástico e emborrachado já se fazem muito presentes,

 porém, mesmo com a chegada desses materiais “prontos para serem usados”, ainda se

nota um toque especial de trabalho manual na pintura, decoração, e customização

dessas máscaras.  Um filó aqui, botões ali, e os carnavalescos vão montando suas

roupagens ao seu bel prazer.

Personalidade também se observa nas memoráveis máscaras de papel, agora mais

leves e coloridas, e nos remendos e estampas dos lençóis e meias e de todos os outros

tipos de tecidos e materiais, que deixam a mostra mascarados glamorosos, caretinhas

engraçadas, figuras estranhas e misteriosas, palhaços, mendigos, baianas, monstros,

diabos, freiras e muitos outros personagens, que com improviso e criatividade,

brincam o carnaval.

Aline Trettin Queiroz

Maio de 2010

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O GRUPO DAS ALMAS DE MARAGOGIPE

Desde tempos imemoriais, o homem busca uma explicação para a morte. Nessa busca,

nunca se dá por satisfeito e aí então, procura de alguma forma achar um jeito de

conformação, pois tem certeza de que está diante de um fato irreversível.

Temos aqueles que se conformam com sua condição de mortal e, por outro lado, temos

também os que até debocham dessa situação. É dentro desse grupo que estão aqueles

que, até nos folguedos carnavalescos, brincam com a situação.

Brasil a fora, existem manifestações folclóricas que mostram essa nossa observação.

No carnaval, existem pessoas que dão preferência para as caretas que são réplicas de

caveiras, de bruxas, de monstros e outros personagens que, de alguma forma, estão

ligados ao desconhecido, ao sobrenatural. O grupo das almas de Maragogipe tem esse

propósito. Sempre foi um grupo que busca mexer com o sentimento de medo de

alguns a cerca da morte e de entes sobrenaturais. Não é que pretendam desmerecê-la.

Não, é uma forma de demonstrar uma aceitação daquilo que está reservado para todos

os seres vivos.

O grupo das almas propositadamente reúne seus membros e organiza o cortejo, na

porta do cemitério local, para percorrer a cidade quando boa parte dos moradores já

está dormindo. Não resta dúvidas que essa atitude traz um pouco mais de receio entre

as crianças especialmente.

A indumentária é constituída basicamente de um pano branco, que cobre o folião e que

tem apenas dois orifícios para os olhos. No percurso, não é permitido conversar nem

falar, apenas gemer e soltar “uis”, enquanto uma matraca e o bombo vão enchendo o

espaço com seus sons específicos.

Em meio aos figurantes, nunca deve faltar um personagem que tenha traje diferente e

coberto de trapos, esse sim, deve ter como máscara uma figura que cause medo nas

pessoas pelas suas feições de ente sobrenatural. Na maioria das vezes, esse careta tem

os trajes que habita a mente da maioria das pessoas sobre a figura do diabo.

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Na época que em Maragogipe existiam os clubes sociais Associação Atlética e Radio

Club, o grupo das almas fazia uma visita a estes clubes, que já estavam realizando o

baile de abertura do carnaval, logo depois de percorrer toda a cidade e retornar para a

praça principal. Assim é que se ficava conhecendo os componentes do grupo das

almas, pois, nessa ocasião, descobriam-se e recebiam os aplausos dos presentes.

Benedito Jorge Carneiro de Carvalho.

Professor - Maio de 2010

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Acervo de Fotos do Carnaval de Maragogipe

ACERVO DE ROSA VIEIRA DE MELLO - “OS ASSUSTADOS” – DÉCADA DE 10 

ACERVO DE ROSA VIEIRA DE MELLO - “OS CHINESES” – DÉCADA DE 30 

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 ACERVO DE ROSA VIEIRA DE MELLO - “OS CHINESES” – DÉCADA DE 30 

ACERVO DE ROSA VIEIRA DE MELLO – DÉCADA DE 60

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 ACERVO DE ROSA VIEIRA DE MELLO – DÉCADA DE 70

ACERVO DE ROSA VIEIRA DE MELLO – DÉCADA DE 80

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ACERVO DE ROSA VIEIRA DE MELLO – DÉCADA DE 90

ACERVO CASA DA CULTURA MARAGOGIPE – ANO 2003 

ACERVO CASA DA CULTURA MARAGOGIPE – ANO 2006 

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 ACERVO CASA DA CULTURA MARAGOGIPE – ANO 2007 

ACERVO CASA DA CULTURA MARAGOGIPE – ANO 2007 

ACERVO CASA DA CULTURA MARAGOGIPE – ANO 2009 

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10. APÊNDICES

Recortes de Jornais de Maragogipe

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Fotos do Livro Carnaval dos Mascarados

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