ME
ST
RA
DO MAXIMO LEON FEITAL
TRABALHO OU ENSINO SUPERIOR?
A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA INTEGRADA DE
NÍVEL MÉDIO DO IF-SUDESTE MG/JF E AS ESCOLHAS
DO CONCLUINTE
2011
Mestrado em Educação – Campus Centro I
Avenida Presidente Vargas 642, 22º andar – Centro
20071-001 Rio de Janeiro – RJ
Telefones: (21) 2206-9740 / 2206-9858
ii
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
TRABALHO OU ENSINO SUPERIOR?
A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA INTEGRADA DE NÍVEL MÉDIO
DO IF-SUDESTE MG-JF E AS ESCOLHAS DO CONCLUINTE
MAXIMO LEON FEITAL
RIO DE JANEIRO
2011
iii
F311 Feital, Maximo Leon
Trabalho ou ensino superior? A educação profissional técnica integrada de nível médio do IF Sudeste MG-JF e as escolhas do concluinte. /Maximo Leon Feital. – Rio de Janeiro, 2011.
107 f. ; 30 cm.
Dissertação (Mestrado em Educação)– Universidade
Estácio de Sá, 2011.
1. Ensino Médio. 2. Ensino profissional. 3. Educação, Legislação. I. Título.
CDD 373
iv
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
TRABALHO OU ENSINO SUPERIOR?
A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA INTEGRADA DE NÍVEL MÉDIO
DO IF-SUDESTE MG-JF E AS ESCOLHAS DO CONCLUINTE
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em
Educação da Universidade Estácio de Sá, como requisito
parcial à obtenção do título de Mestre
ORIENTADOR: Profa Dr
a Laélia Carmelita Portela Moreira
RIO DE JANEIRO
2011
vi
DEDICADO
A todos os jovens que participam da grande
aventura da formação profissionalizante e,
especialmente, aos alunos do Instituto Federal de
Educação Ciência e Tecnologia Sudeste de
Minas Gerais – Campus de Juiz de Fora.
vii
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus, Criador que concedeu mais esta Graça.
Agradeço a meus pais, Jovito e Zilpa, que com sua dedicação e carinho sempre foram
exemplos de independência, coragem e persistência.
Agradeço também à Maria Olímpia, ao Tarcísio, à Andréia, à Fabrícia, à Luíza, à Mell
e à Clarisse, minha adorada esposa, meus queridos filho e filhas e minhas especialmente
queridas netas por terem aceitado se privar de minha companhia durante todo o tempo deste
empreendimento e terem dado todo seu precioso apoio, mesmo nos momentos mais difíceis.
Agradeço especialmente à Professora Laélia Carmelita pela sua inestimável ajuda na
orientação e, mais do que isto, por ter aceitado a orientação em momento conturbado da
pesquisa, transformando previsível fracasso em sucesso.
Agradeço também e particularmente à Professora Lúcia Vilarinho pelo seu incentivo e
apoio, sempre eficiente e oportuno.
Agradeço aos colegas do IFSudeste MG-JF, particularmente do Departamento de
Eletricidade, pelo seu apoio e por nunca terem se queixado de meus afastamentos para
atendimento ao programa.
Agradeço a todos os Professores da UNESA participantes do Projeto e a todos os
demais colegas do Projeto Minter pelo carinho e pelos bons momentos de fraterno convívio.
Agradeço ao Professor Paulo Rogério A. Guimarães, ao Professor Wilson dos Santos
Almeida e ao Professor Célio Alves Espíndola, Coordenador do Projeto Minter, por terem
conseguido viabilizar os meios de realização de mais este sonho.
Agradeço, finalmente, a todos que direta ou indiretamente tornaram possível a
realização deste trabalho.
viii
RESUMO
FEITAL, Maximo Leon. Trabalho ou ensino superior? A educação profissional técnica
integrada de nível médio do IF Sudeste MG-JF e as escolhas do concluinte. Rio de Janeiro,
2011, Dissertação (Mestrado em Educação). Programa de Pós-Graduação em Educação,
Universidade Estácio de Sá, 2011.
A pesquisa trata da Educação Profissional Técnica Integrada ao Ensino Médio implantada no
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, Campus
Juiz de Fora – IF Sudeste MG-JF em 2008, e teve como objetivo compreender a influência do
currículo e das atividades pedagógicas nas decisões tomadas pelos alunos concluintes dos
diversos cursos integrados relativas ao seu futuro profissional: se o ingresso no mundo de
trabalho ou o prolongamento da formação escolar. Para alcançar estas respostas, além de
analisar a literatura existente sobre as obrigações do ensino médio, sobre a orientação
profissional no ensino médio propedêutico e sobre as aspirações de sua população, buscou-se
conhecer a visão dos alunos quanto à influência da formação propiciada pelo Colégio, bem
como a percepção das ações convenientes e/ou necessárias para a obtenção dos resultados por
eles almejados, tendo como eixo a seguinte questão: Como as atividades pedagógicas
praticadas nos cursos profissionais técnicos de nível médio da rede federal afetam e são
afetadas pelos projetos pessoais dos alunos em sua definição pelo ingresso no ensino superior
ou ingresso no mundo do trabalho? A investigação foi realizada com alunos das terceiras
séries dos seguintes cursos do Ensino Médio Integrado ao Ensino Técnico Profissionalizante:
Eletrotécnica, Eletromecânica, Mecânica, Edificações, Informática e Metalurgia. Além de
análise da documentação relativa ao Colégio, um questionário com questões de múltipla
escolha foi respondido por 60 alunos, dez de cada curso. A pesquisa de campo incluiu a
realização de entrevistas. Nas considerações finais, observa-se a possibilidade de que, ao
término do curso, o aluno, ciente dos conhecimentos, competências e habilidades
desenvolvidas ao longo dos estudos e em detrimento dos estudos profissionalizantes, venha
agir de forma a obter do colégio procedimentos voltados ao atendimento dos exames de
seleção ao ensino superior. Aponta-se a possibilidade de que, enquanto a seleção para os
cursos de educação profissionalizante de nível médio for efetuada pela escolha dos mais
preparados, grande parte de seus alunos terá intenção, com sucesso, de acessar aos cursos
superiores. Faz outras avaliações.
Palavras-Chave: Ensino médio profissionalizante: Escolhas profissionais: Projeto pedagógico
ix
ABSTRACT
FEITAL, Maximo Leon. Labor or Higher Education? The technical professional education
at the Brazilian High School level in the Federal Institute of Southeast Minas Gerais – JF and
the students‟ choices. Rio de Janeiro, 2011, Dissertation (Masters Degree in Education).
Postgraduate Program in Education, Estacio de Sa University, 2011.
This research approaches the Technical Professional Education at the Brazilian High School
level, carried out in the Federal Institute of Education, Science and Technology of Southeast
of Minas Gerais state, Campus of Juiz de Fora – FI Southeast MG-JF in 2008. The purpose
was to understand the influence of curriculum and educational activities in the decisions
undertaken by students enrolled in final periods of integrated technical courses related to their
professional future: they are expected to decide between labor market entry or an upper-level
course for continuing education. Aiming to achieve these responses besides reviewing the
existing previous literature concerning the obligations related to High School level, the
professional orientation in propaedeutic High School education and the students‟ expectations
the goal was to understand students' views concerning the influence of training provided by
the Institution as well as their perceptions regarding the appropriate and necessary actions to
obtain the results they are expecting, drawing up as our guideline the following questions:
How do educational activities developed in technical courses at the High School level in
federal institutes affect and are affected by students‟ personal projects concerning their
decision to continuing education or entrying the productive market? The research was carried
out with students enrolled in the third grade of the following courses of technical education:
Electrotechnics, Electromechanics, Mechanics, Building, Computer and Metallurgy. Besides
the analysis of the documentation referred to the Institute, a questionnaire with multiple
choice questions was answered by 60 students, considering ten students from each course.
The field research also included some interviews. In the final chapter it is remarked the
possibility that the student being aware of all knowledge, skills and abilities acquired
throughout the school years and in detriment of professional studies would be able to get from
the school in his final period the procedures about the university entry exams. It is also
observed that as long as the selection process for professional education courses in High
School level is carried out based on the choice among the most prepared students most of the
students will show eager interest to get access successfully to Higher Education. Other
evaluations are undertaken.
Keywords: Brazilian professional High School; career choices; educational project
x
LISTA DE GRÁFICOS1
Gráfico 1: Composição familiar................................................................................................41
Gráfico 2: Escolaridade Comparada dos Pais (%)....................................................................41
Gráfico 3: Renda Familiar.........................................................................................................43
Gráfico 4: Idade ao Ingressar no Instituto.................................................................................44
Gráfico 5: Trajetória Escolar.....................................................................................................45
Gráfico 6: Motivos que levaram a cursar o Ensino Técnico Profissionalizante.......................49
Gráfico 7: Avaliação da idéia de cursar o Ensino Médio Integrado ao Ensino Técnico
Profissionalizante. Múltipla Escolha......................................................................50
Gráfico 7a: Avaliação da idéia de cursar o Ensino Médio Integrado ao Ensino Técnico
Profissionalizante. Justificativa.............................................................................50
Gráfico 8: Avaliação do Ensino Médio Integrado ao Ensino Técnico Profissionalizante –
Múltipla Escolha.....................................................................................................51
Gráfico 8a: Avaliação do Ensino Médio Integrado ao Ensino Técnico Profissionalizante –
Justificativa............................................................................................................51
Gráfico 9: Avaliação do Ensino Médio Recebido do Instituto Múltipla Escolha....................54
Gráfico 9a: Avaliação do Ensino Médio Recebido do Instituto Justificativas.........................54
Gráfico 10: Avaliação do Ensino Técnico Profissionalizante recebido no Instituto –
Múltipla Escolha....................................................................................................55
Gráfico 10a: Avaliação do Ensino Técnico Profissionalizante recebido no
Instituto – Justificativa.........................................................................................55
Gráfico 11: Avaliação do Ensino Médio e do EnsinoTécnico Profissionalizante recebidos no
Instituto – Comparação das Respostas de Múltipla Escolha................................57
Gráfico 11a: Avaliação do Ensino Médio e do Ensino Técnico Profissionalizante
recebidos no Instituto – Comparação das Justificativas.......................................57
Gráfico 12: Áreas pretendidas na Educação Superior...............................................................59
Gráfico 13: Planos dos alunos concluintes para 2011...............................................................61
Gráfico 14: Os professores estão preparados para atender os objetivos dos cursos?................63
Gráfico 15: Os professores são focados nos objetivos dos cursos?..........................................64
Gráfico 16: Os professores estão empenhados nos objetivos dos cursos?................................64
Gráfico 17: Os professores estimulam os alunos para que alcancem seus objetivos?..............65
1 Exceto onde indicado de outra forma, os gráficos, tabelas e figura exibidos neste trabalho foram elaborados
pelo pesquisador a partir de dados da pesquisa.
xi
LISTA DE TABELAS E FIGURA
Tabela 1: Distribuição das idades de ingresso nos diversos cursos............................................5
Tabela 2: Influência por gênero e por tipo de escola sobre as alternativas escolhidas...............6
Tabela 3: Comparação do número de matrículas no ensino profissionalizante........................25
Tabela 4: Ensino superior – situação das vagas no Brasil - 2009.............................................26
Tabela 5: Cursos Técnicos Integrados – Primeiras Turmas - Ingressantes e Concluintes........38
Tabela 6: Cursos Técnicos Integrados – Primeiras Turmas – Gênero......................................39
Tabela 7: Autodeclaração de cor/raça.......................................................................................40
Tabela 8: Escolaridade dos Pais................................................................................................42
Tabela 8 A: Comparação Renda Familiar X Escolaridades do Pai e da Mãe..........................43
Tabela 8 B: Atividades Extra-escolares....................................................................................45
Tabela 8 C: Hábitos Pessoais....................................................................................................46
Tabela 9: Comparação – Avaliações Negativas........................................................................58
Tabela 10: Comparação – Avaliações Positivas........................................................................58
Tabela 11: Cursos Técnicos Integrados – Primeiras Turmas – Retenção e Evasão..................67
XXXXXXXXXX
Figura 1: A Lei 4.024/61 e as trajetórias ao Ensino Superior..................................................11
xii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CEB Câmara de Educação Básica
CF Constituição Federal
CFE Conselho Federal de Educação
CNE Conselho Nacional de Educação
CONFEA Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura
CREA Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura
CTU Colégio Técnico Universitário
DL Decreto Lei
EJA Educação de Jovens e Adultos
ENEM Exame Nacional do Ensino Médio
FGV Fundação Getúlio Vargas
FUNDEB Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica
e Valorização dos Profissionais da Educação
FUNDEF Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
Fundamental e da Valorização do Magistério
IES Instituição de Ensino Superior
IF SUDESTEMG JF Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Sudeste de Minas Gerais – Campus Juiz de Fora
IFES Instituição Federal de Ensino Superior
LDB Lei de Diretrizes e Bases
LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
MEC Ministério da Educação e Cultura
PISA Programa Internacional de Avaliação de Alunos
( Programme for International Studente Assesstment)
PISM Programa de Ingresso Seletivo Misto
PL Projeto de Lei
PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
PREAL Programa de Promoción de la Reforma Educativa en
América Latina
SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SENETE Secretaria Nacional de Educação Tecnológica
xiv
SUMÁRIO
1 NTRODUÇÃO......................................................................................................................1
2 ASPECTOS LEGAIS DO ENSINO MÉDIO....................................................................9
2.1 DO ENSINO MÉDIO E DO ENSINO TÉCNICO PROFISSIONALIZANTE
INTEGRADO: FUNÇÕES E DESAFIOS PRINCIPAIS.......................................................15
2.2 DO ENSINO PROFISSIONALIZANTE..........................................................................21
3 O JOVEM E SUAS ESCOLHAS AO FIM DO ENSINO MÉDIO................................28
4 A PESQUISA NO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E
TECNOLOGIA DO SUDESTE DE MINAS GERAIS-CAMPUS JF..............................34
4.1 RESULTADOS DA PESQUISA......................................................................................38
4.1.1 Caracterização Socioeconômica dos Sujeitos da Pesquisa.............................................39
4.1.2 A Escolha da Educação Profissional Técnica Integrada de Nível Médio do
IF-Sudeste MG-JF e Sua Avaliação................................................................................46
4.1.3 Analisando o Componente “Ensino Médio (Propedêutico)” do Ensino Médio Integrado
à Educação Profissional Técnica....................................................................................53
4.1.4 Analisando o Componente “Ensino Profissionalizante” do Ensino Médio Integrado à
Educação Profissional Técnica......................................................................................54
4.1.5 A Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrada do IFSudesteMG-Jf e
as Metas dos Alunos..............................................................................................................58
4.1.6 Os Professores da Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrada do
IF Sudeste MG-JF e as Metas dos Alunos.....................................................................62
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................68
6 REFERÊNCIAS................................................................................................................ 74
7 ANEXOS................................................................................................................. ...........80
1 INTRODUÇÃO
As recentes e profundas transformações no mundo do trabalho e seus reflexos
nas mudanças na legislação sobre o ensino médio e educação técnica profissionalizante
orientaram muitas das reflexões existentes neste trabalho. Estas reflexões abordam os mais
diversos aspectos do tema, desde a análise das alterações e dos modelos de produção
econômica até as tensões existentes entre a formação geral e a formação profissional.
Etapa final da educação básica conforme a LDB 9.394/96, sinalizador de
definição marcante na vida dos jovens na sua opção pelo mundo do trabalho ou
continuidade dos estudos, o ensino médio é tempo de escolhas. Aparentemente apenas mais
uma escolha é, porém, de difícil efetivação, uma vez que envolve conhecimentos e
significados que ainda não estão disponíveis para a maioria desses jovens. As escolhas
realizadas neste momento apresentam implicações que os impactarão ao longo de toda a
vida. Mesmo a mais imediata delas, o prolongamento dos estudos ou opção pelo mundo do
trabalho pode originar conflitos de difícil solução.
Segundo Balbinotti et al (2004, p. 2), é entre os 14 e 18 anos, justamente a
faixa etária regular dos alunos do ensino médio, que, basicamente, ocorre a cristalização de
uma preferência profissional; é o momento em que o adolescente se engaja na conquista da
própria identidade. Na mesma direção, Neiva (2003, p. 101) afirma que é entre a segunda e a
terceira série do ensino médio que se manifesta significativo aumento da maturidade para a
escolha profissional; é quando os alunos se responsabilizam mais pelas suas escolhas e
empreendem mais ações para efetivá-las.
O Ensino Médio, descrito no art. 21, inciso I da LDB 9.394/96 como parte
integrante da Educação Básica, deve ser entendido na sua origem como momento de
educação, palavra que em seu sentido original – ex-ducere indica sair de um estado ou
condição para outro e refere-se à possibilidade de os seres humanos se colocarem num
determinado caminho, envolvendo ato de vontade enquanto forma de decisão entre vários
impulsos. (MARTINS, 1992)
Definido no art. 35 da referida lei como “etapa final da educação básica”,
2
situa-se entre o Ensino Fundamental e o Ensino Superior. Configura-se estrategicamente
como o “ensino do meio” (GOMES et al, 2006, p. 13). Tornado obrigatório pela Emenda
Constitucional 59 de 11 de novembro de 2009 que modificou o art. 208 da Constituição
Federal, o “ensino do meio” destina-se aos que, tendo concluído o ensino fundamental,
aspiram (ou não) a alcançar o ensino superior.
O art. 35 já referido, além de classificá-lo como “etapa final”, sugere de
imediato duas trajetórias básicas possíveis: a consolidação dos conhecimentos adquiridos no
ensino fundamental para prosseguimento dos estudos ou sua preparação básica para o mundo
do trabalho e a cidadania. Nesta linha, Ramos (2010) destaca que o ensino médio apresenta o
problema de ser historicamente subordinado a dois projetos que estão fora dele – o mundo do
trabalho e o ensino superior.
Ao se tornar trajeto/destino obrigatório e receber a diversidade crescente de
alunos concluintes do Ensino Fundamental, praticamente universalizado, o Ensino Médio não
sabe, nos dizeres de Castro (2009), o que fazer com eles e se torna um nível de ensino em
crise permanente. Essa crise bem se expressa tanto nos baixos índices de aproveitamento
obtidos nos exames padronizados e em larga escala e nos altos índices de retenção e de evasão
de alunos, quanto no alto número de jovens fora dos bancos escolares nessa importante etapa
da vida escolar, estimado, segundo dados do PNAD 20092, em mais de 17 milhões.
Informações recentes, como as obtidas em Pesquisa de Neri (2009)3 e os já
citados dados do PNAD 2009 surpreendem e são preocupantes. Segundo a pesquisa de Néri
(2009), o espantoso motivo “falta de interesse” para 40,29% do total de evadidos do ensino
médio se mostra superior aos 27,09% atribuído ao motivo “Renda/Trabalho”, quase sempre
considerado o grande vilão desta situação, e aos 21,73% atribuído a um genérico “Outros
Motivos”. Em entrevista ao Jornal Nacional4 o mesmo autor, coordenador da pesquisa
declarou: “A questão da educação é uma batalha complicada. Não se trata apenas de atender
uma demanda existente por educação, que o governo abra escolas, mas ele tem que convencer
o jovem de que a escola vale a pena”.
Se estes são os problemas conhecidos de todos os que de alguma forma
militam nas lides da educação, quais seriam as obrigações do ensino médio?
2 Disponível em
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2009/sintese_defaultzip_indicador
es.shtm . Acesso em 14/08/2010. 3Motivos da evasão escolar – Centro de Políticas Sociais – FGV, disponível em
<http://www.fgv.br/cps/tpemotivos/>. Acesso em 09/2009 4 Disponível em <http://www.fgv.br/cps/tpemotivos/> no link VÍDEOS – Principais Resultados. Acesso em
09/2009.
3
As finalidades do Ensino Médio, descritas nos incisos I a IV do art. 35 da LDB,
acrescidas ainda das funções indicadas no art 36-A e seguintes, que tratam da Educação
Profissional Técnica de Nível Médio, vão desde a preparação básica para o trabalho e de sua
educação para o exercício de profissões técnicas até a formação acadêmica e conhecimentos
sobre o mundo real e o mundo do vestibular. (CASTRO, 2009).
O próprio Ministério da Educação (MEC), conforme seu documento “Plano de
Desenvolvimento da Educação: Razões, Princípios e Programas”, mostra-se sensível a estas
situações, às dimensões continentais do país e às diversidades culturais e aponta que:
O PDE oferece uma concepção de educação alinhada aos objetivos
constitucionalmente determinados à República Federativa do Brasil.
Esse alinhamento exige a construção da unidade dos sistemas educacionais
como sistema nacional – o que pressupões multiplicidade e não
uniformidade. [...], única forma de garantir a todos e a cada um o direito de
aprender até onde o permitam suas aptidões e vontade. (BRASIL a, 2007, p.
5)5
Porém, de forma lastimável, como argumenta Castro (2009), grande parcela
dos jovens vai ao mundo do trabalho apenas com o que recebeu no ensino médio, isto se não
constituir parte dos 30% que o abandona antes do término, uma vez que o ensino médio não
consegue cumprir sua missão. Desse modo, se as dificuldades de exercício destas muitas
funções são grandes, no momento em que se referem às possibilidades de os seres humanos se
colocarem num determinado caminho envolvendo atos de vontade, enquanto forma de decisão
entre vários impulsos, não de um, mas dos vários atores, estas dificuldades passam a ser mais
e mais complexas.
Dentre as muitas situações configuradas na literatura consultada como causas
dos problemas acima apontados, a definição das escolhas dos concluintes nos pareceu
representar fator de peso e tema de importância inequívoca. Devido à natureza e variedade
dos muitos agentes envolvidos nas ações e políticas dos diversos sistemas de educação e
ensino, estes talvez se esqueçam de considerar situações e preocupações daqueles que são,
desta peça, seus principais atores – os discentes e suas escolhas.
A literatura corrente sobre o tema ensino médio e educação técnica
profissionalizante, na qual salientamos as obras de Saviani (1997, 2007), Frigotto (1999a,
1999b, 1988, 2007), Frigotto e Ciavatta (2003), Frigotto, Ciavatta e Ramos (2005a, 2005b) e
Kuenzer (2000a, 1988, 2007, 2006, 2000b), Deluiz (1996, 2001), Ramos (2009, 2002),
Ferretti (1997) revela que os textos predominantes focalizam basicamente comentários e
críticas à legislação e à educação profissionalizante e reflexos de suas sucessivas alterações
5Disponível em <http://portal.mec.gov.br/arquivos/livro/livro.pdf>. Acesso em 15/03/2011
4
nas últimas duas décadas. Constatou-se a escassez de pesquisas que tratassem dos aspectos
pedagógicos e que trouxessem a visão dos alunos e professores sobre as escolhas a serem
feitas quando da conclusão do ensino médio profissionalizante.
Manifestando preocupação semelhante à nossa, Kober (2008), citando trabalho
de Corrochano e Nakano, comenta a ausência de pesquisas sobre a temática “escolhas
profissionais”, assunto que embora não seja novo nas áreas ligadas à sociologia da educação e
do trabalho, não tem sido suficientemente abordado, pois “[...]apenas 8 (10%) teses e
dissertações defendidas da área, em 18 anos, se referiam às escolhas profissionais”. (KOBER,
2008, p. 10).
Esta pesquisa trata da Educação Profissional Técnica Integrada ao Ensino
Médio implantada no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de
Minas Gerais, Campus Juiz de Fora (IF Sudeste MG-JF) em 2008, e tem como objetivo
compreender a influência do currículo e das atividades pedagógicas nas decisões tomadas
pelos alunos concluintes dos diversos cursos integrados relativas ao seu futuro profissional: se
o ingresso no mercado de trabalho ou o prolongamento da formação escolar.
A investigação teve o propósito de analisar, a partir de estudo documental,
levantamento de dados e entrevistas, de que maneira os alunos do ensino profissionalizante
praticado no IF Sudeste MG-JF gerenciam a escolha entre o ingresso no mundo do trabalho
ou na universidade, a partir das possibilidades que lhes são oferecidas pela legislação vigente
e pela prática pedagógica do Instituto Federal, na forma concreta do projeto pedagógico, do
currículo e das atividades docentes dos cursos. Em suma: como estes fatores influenciam suas
decisões.
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas
Gerais – Campus Juiz de Fora, sucessor do Colégio Técnico Universitário da Universidade
Federal de Juiz de Fora – CTU/UFJF, criado em fevereiro de 1957 e transformado em
Instituto Federal pela Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008, ao longo de sua existência
tem praticado o ensino técnico profissionalizante nas modalidades previstas na legislação
oportunamente em vigor, atuando conforme a Lei 4.024/1961; o Parecer CFE 45/72 após a
promulgação da Lei 5.692/71 e a resolução CNE/CEB N° 04/99 e seus Quadros Anexos, após
promulgação da LDB 9.394/96 e dos Decretos Lei 2.208/97 e 5.154/04.
A investigação foi realizada com alunos das terceiras séries dos seguintes
cursos do Ensino Médio Integrado ao Ensino Técnico Profissionalizante: Eletrotécnica,
Eletromecânica, Mecânica, Edificações, Informática e Metalurgia. Após etapa exploratória,
num segundo momento da pesquisa, um questionário semi-estruturado foi respondido por 60
5
alunos, total formado por dez alunos de cada curso, tomados de modo aleatório, em cada uma
das turmas concluintes dos cursos integrados do Instituto.
Como motivo indutor inicial da pesquisa, as escolhas dos jovens no ensino
médio, ao observar a idade de ingresso dos alunos, a Tabela 1 abaixo, levantada a partir de
registros das matrículas nos diversos cursos do IF Sudeste MG-JF, podemos notar que mais
de 80% dos alunos ingressa no Colégio com idade igual ou inferior a 15 anos.
Tabela 1: Distribuição das idades de ingresso nos diversos cursos.
Pode-se indagar, então, se o projeto inicial que os leva a escolher o ensino
médio profissionalizante seria seu ou imposição de seus pais ou responsáveis. Cabe ressaltar
que tal situação também é assinalada pelo próprio MEC, que considera que a escolha do
ensino médio profissionalizante nas instituições federais, muitas vezes sequer é escolha
vocacional, configurando apenas a oportunidade de obtenção de ensino médio de qualidade e
gratuito:
Nas regiões em que a oferta de bom ensino de segundo grau
preparatório para o vestibular era escassa, as escolas técnicas
tradicionais acabaram se tornando a opção pessoal de estudos
propedêuticos, distorcendo a missão dessas escolas técnicas.
(BRASIL b, 1999. p. 577).
Nesta mesma linha de questionamento, outras pesquisas, como o levantamento
conduzido por Sparta e Gomes (2005, p. 49), do qual foi extraído a Tabela 2 seguinte,
demonstram que dentre os alunos de uma escola pública, 77% se interessam em participar do
exame vestibular, 64,2% desejam ingressar no mercado de trabalho, mas que 35,5%6 dos
alunos das escolas públicas manifestam interesse pelos cursos profissionalizantes.
6 - Para melhor entendimento do conteúdo da Tabela 2, é importante considerar a observação do autor, presente
na página 49 da obra, de que as alternativas apresentadas não são mutuamente excludentes.
ANO 13 ANOS 14 ANOS 15 ANOS >15 ANOS
2008 0,54% 31,72% 58,06% 9,70%
2009 0,52% 36,72% 47,67% 15,54%
2010 1,52% 34,34% 46.,97% 17,17%FONTE: Arquivos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sudeste de Minas
Gerais - Campus Juiz de Fora. Levantamento a partir das matrículas.
TABELA 1
6
Tabela 2: Influência por gênero e por tipo de escola sobre as alternativas escolhidas
Ainda dentro da preocupação de entendimento das escolhas dos jovens no
ensino médio, também Gomes et al (2006, p.18), em levantamento realizado em escola da
rede pública do Distrito Federal constataram que 72,9% dos alunos do ensino médio almejam
um diploma universitário, porém, em contrapartida, 72,6% dos que haviam retornado à escola
na modalidade EJA, o haviam feito sob influência do trabalho, em uma situação que sinaliza a
existência de forte tensão no campo trabalho-educação na vida dos estudantes. Assim, o
trabalho tanto retira quanto traz o aluno de volta às salas escolares.
Nas palavras dos pesquisadores:
[...] pesquisa realizada por Castro (1980) já demonstrava que o
ingresso no curso superior motiva a maioria dos alunos do ensino
médio. Branco e Novais (2001), em pesquisa a respeito de
representações de jovens no ensino médio, comprovam esse
resultado.
Do exposto, manifesta-se a possibilidade de que se apresentem duas aspirações
principais simultâneas aos alunos do ensino médio, que podem ser estendidas aos alunos do
ensino médio profissionalizante: acesso à universidade e acesso ao mundo do trabalho.
Entretanto, observamos que a literatura existente sobre o tema das escolhas profissionais
refere-se, em sua quase absoluta maioria, a sujeitos à saída do ensino médio propedêutico,
portanto já direcionados ao ensino superior, focando suas dificuldades de opção entre as
várias carreiras disponíveis neste nível de ensino. Tal constatação evidencia que a temática da
escolha entre o prolongamento dos estudos e o ingresso no mundo do trabalho, por parte dos
concluintes da modalidade de ensino médio profissionalizante, pode ser considerada
importante lacuna à espera de estudos como o que aqui apresentamos.
A duplicidade de oportunidades indicada, se presente em uma escola de
formação profissional, assume outra proporção. Mais do que aspectos apenas psicológicos ou
administrativos envolve procedimentos que, mesmo não sendo mutuamente excludentes,
GÊNERO ESCOLA
N F M PÚBLICA PARTIC.
% % % % %
86,2 85,3 87,2 0,46 77 95,4 0,00
34,6 34,3 33,6 0,78 43 24,9 0,00
20,2 20,5 19,8 0,75 35,5 4,9 0,00
47,6 49,6 45,3 0,20 64,2 31 0,00
5,5 3,9 7,4 0,02 5,8 5,2 0,57
659 361 298 330 329
Fonte: Sparta e Gomes (2005, p. 49)
Outros
n
p p
Curso Profissionalizante
Ing. Mercado Trabalho
TABELA 2
ALTERNATIVAS
Vestibular
Curso Pré-Vestibular
7
concorrem no empenho do aluno e constituem fator complicador um para o outro.
Consolidam-se ao longo do curso e se agravam na terceira série, quando o estudante, sempre
com perdas, qualquer que seja sua opção, necessita estabelecer prioridades e dividir tempo,
escasso por natureza, entre os estudos de profissionalização e os estudos propedêuticos,
mesmo estes em duas frentes: o colégio propriamente dito e o “cursinho pré-vestibular”.
Questiona-se, portanto: na última série do ensino médio integrado ao ensino técnico
profissionalizante, maior dedicação ao ensino médio (leia-se: exame vestibular) ou ao ensino
profissionalizante? Qual o vetor privilegiado no IF Sudeste MG-JF?
Estas perguntas simples implicam o exame de situações que se referem
diretamente ao projeto político pedagógico do Instituto e que desafiam grande parte dos
alunos e mesmo dos professores. Constituem assim indagações que buscamos responder por
meio da investigação cujos resultados apresentamos.
Para responder às questões acima, buscamos conhecer a visão dos alunos
quanto aos motivos que os levaram a ingressar no Instituto, quanto à possibilidade do colégio
atender suas expectativas, assim como sua percepção das ações convenientes e/ou necessárias
para a obtenção de formação que concilie as funções de uma escola de formação
profissionalizante com as expectativas próprias dos alunos, tendo como eixo a questão: Como
as atividades pedagógicas praticadas nos cursos técnicos profissionalizantes de nível médio do
IF Sudeste MG-JF afetam e são afetadas pelos projetos pessoais de seus alunos na definição
pelo ingresso no ensino superior ou ingresso no mundo do trabalho? Não está em discussão o
número de horas-aula de um ou outro curso, ambos definidos em lei, mas, sim, o currículo
praticado e o nível de empenho dos alunos e de exigências dos professores na consecução
desses objetivos.
Considerando o ingressar no IF Sudeste MG-JF como parte integrante de um
projeto de vida do estudante, qual deverá ser o comportamento dos professores ao
identificarem em seus alunos significativas potencialidades de acesso à universidade:
obstaculizar essa evolução, não consoante com o projeto pedagógico do curso, ou incentivá-
los ao prolongamento dos estudos, mesmo correndo os riscos inerentes de entrar numa disputa
acirrada como o vestibular?
Desta forma, entender como se concretiza o projeto pedagógico do Ensino
Médio Integrado à Educação Profissional Técnica de Nível Médio praticado no IF Sudeste
MG-JF a partir da percepção dos alunos no que se refere à preparação para o ingresso no
mundo do trabalho ou no ensino superior torna-se ferramenta poderosa para a avaliação e o
estabelecimento de adequada correlação entre o projeto político pedagógico da instituição e os
8
anseios de suas comunidades discente e docente.
A questão apresentada e outras dela derivadas nortearam nossa pesquisa de
Mestrado. Pretendemos assim que nossa investigação contribua para orientar o plano
pedagógico desses cursos a partir da identificação, em certa medida, de vieses e caminhos que
já não deram certo, apontados por diversos autores envolvidos com a organização, a
administração e o financiamento do ensino médio.
Leituras de muitas obras, entre livros, artigos, dissertações e teses sinalizaram
para a existência de implicações que polemizam o tratamento do tema educação
profissionalizante, ou seja, a atuação das escolas de formação profissional em geral e das
instituições federais de educação profissional técnica de nível médio em particular, o nosso
caso.
Dentre as implicações envolvidas e de maior monta salientamos primeiramente
as de caráter legal, decorrentes da promulgação da Constituição Federal de 1988 e da
promulgação da LDB 9394/96, documentos que promoveram grandes modificações no
sistema de educação nacional, principalmente no alargamento da base das populações do
ensino fundamental e do ensino médio.
Outro conjunto de implicações a ser apontado é aquele originado na
modificação do modo de produção capitalista, cuja transição do modo de produção taylorista-
fordista para o modo de produção denominado de acumulação flexível de capital resultou em
grande reflexo o mundo do trabalho. Situação que implicou tanto na criação de novas
modalidades de trabalho como também na destruição de inúmeros outros postos de trabalho.
Um terceiro conjunto de implicações, de caráter psicopedagógico, relaciona-se
com as origens sociais e familiares dos alunos e suas expectativas pessoais e sociais. Neste
conjunto se agregam aquelas implicações das escolhas profissionais, tão custosas aos
adolescentes.
Finalmente, o último e mais controverso conjunto de implicações, aquele que
envolve questões de caráter filosófico e ideológico. Discutem o trabalho, somente aceitando-o
em sua dimensão ontológica, de formador da própria natureza humana . Em decorrência desta
posição, apresentam restrições igualmente radicais à educação profissionalizante.
Por nos atermos de forma específica ao Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia Sudeste de Minas Gerais, Campus Juiz de Fora, desenvolveremos nosso trabalho
apenas considerando as implicações de caráter legal e aquelas de caráter psicopedagógico.
9
2 ASPECTOS LEGAIS DO ENSINO MÉDIO
A educação nacional, dividindo o ensino médio e o ensino superior como
responsabilidade da União e o ensino primário e o ensino profissional como responsabilidade
dos Estados, sempre teve sua orientação fragmentada até começar a ser regulamentada através
dos diversos Decretos- Lei da Era Vargas, denominados Leis Orgânicas do Ensino.
Nos dizeres de Romanelli (2009, p. 154) referindo-se à legislação que então
normalizava o ensino:
[...] ficavam assim reorganizados o ensino primário e o ensino médio:
a) Decreto-lei n. 4.073, de 30 de janeiro de 1942: - Lei Orgânica do Ensino
Industrial;
b) Decreto-lei n. 4.048, de 22 de janeiro de 1942: - Cria o Serviço Nacional
de Aprendizado Industrial;
c) Decreto-lei n.4.244 de 9 de abril de 1942: - Lei Orgânica do Ensino
Secundário;
d) Decreto-lei n.6.141, de 28 de dezembro de 1943: - Lei Orgânica do
Ensino Comercial;
Após a queda de Vargas [...]
a) Decreto-lei n. 8.529, de 02 de janeiro de 1946: -Lei Orgânica do Ensino
Primário;
b) Decreto-lei 8.530, de 02 de janeiro de 1946: - Lei Orgânica do Ensino
Normal;
c) Decretos-lei n 8.621 e 8.622, de 10 de janeiro de 1946 – criam o Serviço
Nacional de Aprendizagem Comercial;
d)Decreto-lei n. 9.613 de 20 de agosto de 1946 – Lei Orgânica do Ensino
Agrícola.
Esta legislação destinava ao ensino superior apenas os egressos do ensino
secundário, ramo da educação concebido para ser a educação das elites dirigentes – as
individualidades condutoras – enquanto nos demais ramos de ensino – industrial, comercial e
agrícola, existiam dois níveis, um fundamental e outro técnico, que se destinavam apenas a
formar força de trabalho. Não havia comunicação entre os três cursos profissionalizantes nem
entre esses e o secundário. Caso o aluno desistisse dos estudos em um ramo de
profissionalização e quisesse trocá-lo por outro, deveria começar novamente desde o estágio
inicial, não havendo chance de aproveitamento de conhecimento prévio. Porém o aluno
oriundo do curso ginasial, a caminho do curso colegial secundário, podia transferir-se, sem
10
restrição, para quaisquer dos cursos técnicos: industrial, comercial ou agrícola e mesmo para o
2º ciclo do curso normal. Aos formados nestes outros ramos somente era permitido aspirar
acesso a cursos superiores relacionados à sua área de formação (MANFREDI, 2002, p.
99/100).
Romanelli (2009, p. 159) chama a atenção para a rigidez e seletividade do
ensino secundário, que incluía até mesmo educação militar para os alunos do sexo masculino,
nos moldes definidos pelo Ministério da Guerra, realmente caracterizando a “formação das
individualidades condutoras”.
Nos dizeres de Romanelli (2009, p.170), a nova Constituição de 1946,
elaborada logo após o fim do Estado Novo da Era Vargas, atribuiu à União a prerrogativa de
legislar sobre as diretrizes e bases da educação nacional e, o então Ministro da Educação
Clemente Mariani constituiu comissão com este fim.
A longa discussão sobre a nova lei da educação fez com que as Leis Orgânicas
do Ensino prevalecessem por, pelo menos, mais 19 anos, até ocorrer a promulgação da
primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei 4.024 de 20 de
dezembro de 1961, que, entre outras definições, aliviou a separação legal então existente entre
a dita educação para elites dirigentes e a educação para os demais trabalhadores. Nos dizeres
de Manfredi (2002, p. 103), a dualidade estrutural ainda persistia, “embora se tivesse
garantido maior flexibilidade na passagem entre o ensino profissional e o secundário”.
Em uma outra modificação favorável, a nova lei, ao acrescentar disciplinas do
curso secundário às disciplinas do curso técnico, passou a permitir que seus egressos
alcançassem o ensino superior, suplantando as limitações acima citadas, originalmente
existentes nas Leis Orgânicas.
Nos trechos a seguir, em transcrição até extensa, para melhor entendimento dos
arranjos efetuados entre as disciplinas do secundário e dos cursos técnicos, inclusive com a
criação do pré-técnico que estendia o 2º Ciclo do técnico para quatro anos, mostra como foi
superada a separação entre os cursos técnicos e o curso secundário.
Art. 41. Será permitida aos educandos a transferência de um curso de ensino
médio para outro, mediante adaptação, prevista no sistema de ensino.
Art. 46.
§ 2º A terceira série do ciclo colegial será organizada com currículo
diversificado, que vise ao preparo dos alunos para os cursos superiores e
compreenderá, no mínimo, quatro e, no máximo, seis disciplinas, podendo
ser ministrada em colégios universitários.
Art. 49. Os cursos industrial, agrícola e comercial serão ministrados em dois
ciclos: o ginasial, com a duração de quatro anos, e o colegial, no mínimo de
três anos.
11
§ 1º As duas últimas séries do 1° ciclo incluirão, além das disciplinas
específicas de ensino técnico, quatro do curso ginasial secundário, sendo
uma optativa.
§ 2º O 2° ciclo incluirá além das disciplinas específicas do ensino técnico,
cinco do curso colegial secundário, sendo uma optativa.
§ 4º Nas escolas técnicas e industriais, poderá haver, entre o primeiro e o
segundo ciclos, um curso pré-técnico de um ano, onde serão ministradas as
cinco disciplinas de curso colegial secundário.
§ 5º No caso de instituição do curso pré-técnico, previsto no parágrafo
anterior, no segundo ciclo industrial poderão ser ministradas apenas as
disciplinas específicas do ensino técnico. 7(BRASIL, 1961, p. 9 )
Figura 1: A Lei 4.024/61e as trajetórias ao ensino superior
Fonte: LDB 4024/61
Uma arquitetura bastante complexa como pode ser vista na figura anterior,
elaborada a partir da LDB 4024/61, que funcionou durante algum tempo.
Pelo exposto, verifica-se que o ensino secundário e os cursos técnicos eram
7 Disponível em <http://wwwp.fc.unesp.br/~lizanata/LDB%204024-61.pdf >. Acesso em 25/04/2011
12
equivalentes entre si em termos de acesso ao ensino superior, fato garantido pelas disciplinas
comuns. Assim, os egressos dos cursos técnicos, de qualquer forma, tinham possibilidade de
acesso ao ensino superior.
Numa guinada, dez anos depois, esta lei foi sucedida pela Lei 5.6928 de 11 de
agosto de 1971, que, de forma surpreendente, tornou compulsória a formação profissional e
formalizou a igualdade de formação entre o secundário e os cursos técnicos. Essa situação
levou Manfredi (2003, p. 105) a comentar que “Pretendeu-se, segundo Cury (1982), fazer a
opção pela profissionalização universal do 2º grau, transformando o modelo
humanístico/científico no modelo científico/tecnológico”.
Conforme a nova Lei , a educação de 1º e 2º Graus passou a ter nova
atribuição, uma vez que passou a incluir a qualificação para o trabalho:
[...] tem por objetivo geral proporcionar ao educando a formação necessária
ao desenvolvimento de suas potencialidades como elemento de auto-
realização, qualificação para o trabalho e preparo para o exercício
consciente da cidadania. (BRASIL, 1971, p. 1)
Compromisso inquestionável, entretanto Romanelli (2009, p. 236-7) observa
que no decurso de suas realizações surgem condicionantes, dos quais o mais importante para
efeito de nossa pesquisa é o que afirma que educação não decorre somente do meio escolar,
mas também da forma de vida da sociedade na qual se situa a escola. Observa ela que, nessas
condições, é possível que a preparação feita na escola se torne mera “fórmula oca” de
memorização de regras sociais.
Os fatos e a história comprovam sua observação. Por motivos econômicos o
modelo não foi aceito pelos empresários de ensino e, por motivos ideológicos e para a
manutenção de regalias existentes desde os tempos de Império, também não foi aceito por
parcelas da sociedade, sendo que a obrigatoriedade de profissionalização, depois de
relativizada pelo Parecer CFE 76/75, foi revogada pela Lei 7.044 de 18 de outubro de 1982.
Segundo Manfredi (2002, p. 107), a velha dualidade voltava a se manifestar,
sem qualquer constrangimento legal. Porém, o ensino técnico profissionalizante praticado
pela Lei 5.692/71 era reconhecido como equivalente ao ensino secundário propedêutico e
permitia aos seus egressos matricularem-se no Ensino Superior. De forma curiosa, não só
permitia o acesso ao nível de ensino citado, como nos casos de ensino médio de quatro anos,
havia a possibilidade de aproveitamento de conteúdos no ensino superior, conforme o exposto
8 Referida por alguns como LDB, ela apenas fixou novas diretrizes e bases para o ensino de 1º e 2º graus.
13
na legislação:
Art. 23. [...]
a) a conclusão da 3ª série do ensino de 2º grau, ou do correspondente
no regime de matrícula por disciplinas, habilitará ao prosseguimento de
estudos em grau superior;
b) os estudos correspondentes à 4ª série do ensino de 2° grau poderão,
quando equivalentes, ser aproveitados em curso superior da mesma área ou
de áreas afins. 9 (BRASIL, 1971, p.5 )
Esta situação que apesar de eliminar, pelo menos legalmente, toda uma história
de discriminação e preconceito também originou uma série de críticas às instituições federais
de ensino técnico profissionalizante, sob a alegação de que, devido à qualidade dos cursos
ministrados, elas já não formavam jovens interessados no mundo do trabalho e sim
interessados no acesso às instituições de ensino superior. Situação sintetizada nos dizeres de
Castro (2005, p. 155):
[...] Era um beco sem saída. Quanto melhor elas foram ficando, em tudo,
inclusive laboratórios e cursos profissionalizantes, menos os alunos se
interessavam pela dimensão técnica. Isso se deu porque elas também foram
ficando igualmente boas na parte acadêmica. Eram escolas caras, que
custavam de cinco a dez vezes mais que as escolas secundárias públicas
locais.
Pressionado pela demanda popular por educação, provocada pela
universalização do ensino fundamental, bem como pelas transformações ocorridas no sistema
produtivo, em fase de migração do sistema de produção taylorista-fordista para o sistema de
acumulação flexível de capital, em 20 de dezembro de 1996, a Lei 5.692/71 foi substituída
pela Lei 9.394/96, que modificou profundamente o sistema educacional nacional,
principalmente no que diz respeito ao ensino médio e ensino profissionalizante.
A Lei 9.394/96, atualizada pela Lei 11.741/2008, que incorporou à LDB/96 as
modificações introduzidas pelas leis e decretos a ela posteriores, de forma a “redimensionar,
institucionalizar e integrar as ações da educação profissional técnica de nível médio, da
educação de jovens e adultos e da educação profissional e tecnológica” brasileira, em sua
Seção IV, Art. 35, estabelece ser o ensino médio a etapa final da educação básica, tendo como
finalidades explícitas:
I – a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no
ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento dos estudos;
II – a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para
continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade
a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamentos posteriores;
III – o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a
9 Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5692impressao.htm , acessado em 25/04/2011.
14
formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do
pensamento crítico;
IV – a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos
produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada
disciplina. (BRASIL, 1996, p. 24/25)
Todas estas responsabilidades são completadas com uma outra, da Seção IV-A
– Da Educação Profissional Técnica de Nível Médio, expressa no Art. 36-A, que finaliza:
“Sem prejuízo do disposto na seção IV deste Capítulo, o ensino médio, atendida a formação
geral do educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões técnicas”(Idem, p. 25).
De apresentação original vaga e plena de lacunas no que diz respeito ao ensino
profissionalizante, a LDBEN 9.394/96 foi rapidamente regulamentada por decretos – Decreto
Lei 2.208 de 17 abril de 1997, por portarias – Portaria MEC nº 646 de 14 de maio de 1997 e
por resoluções – Resolução CNE/CEB nº 4 de 26 de novembro de 1999.
Devido a vários motivos que fogem aos propósitos desta pesquisa e também às
regulamentações introduzidas pelo DL 2.208/97 e pela Portaria MEC nº 646/97, esta LDBEN,
desde sua publicação em 1996, sempre foi alvo de pesadas críticas de diversos autores
(FRIGOTTO, CIAVATTA E RAMOS, 2005a; KUENZER, 2000a), quanto a impropriedade
da formação profissionalizante no ensino médio, considerando-a como fragmentada, não
emancipadora e formadora de mão-de-obra alienada.
Estes autores, fundamentados em Marx e Gramsci, ao defenderem a
centralidade do trabalho na vida do ser humano, atividade formadora de sua existência e de
sua personalidade, defendem uma mesma formação, igual para todos os cidadãos, que tenha o
trabalho como principio educativo. Consideram a educação profissionalizante como estratégia
das classes dominantes, como atividade de divisão social do trabalho a partir da educação,
reservando às elites dirigentes a educação que permite a atividade criativa, intelectual e de
mando e aos demais o treinamento para o trabalho manual, mortificador e aviltante.
Quanto ao Decreto Lei 2.208/97, nas palavras de Christophe (2005), o Governo
Fernando Henrique Cardoso, descontente com a atuação do ensino profissionalizante
conduzido por meio da Lei 5.692/71, pretendia reformá-lo e, para tanto, havia enviado ao
Congresso o Projeto de Lei (PL) 1.603/96, baseado no Planejamento Político Estratégico
1995/1998. Entre outras providências pretendia separar o ensino regular e o ensino técnico,
bem como extinguir os Curso Técnicos de Nível Médio (CHRISTOPHE, 2005). Muito mal
recebido no Congresso, este PL ficou paralisado, sendo retirado de pauta por ocasião da
aprovação do Substitutivo Darcy Ribeiro da nova Lei de Diretrizes e Bases de 1996. Os
pontos mais polêmicos do PL 1.603/96, entre eles a separação do ensino regular do ensino
15
profissionalizante, a reorganização curricular e a redução de vagas para o ensino médio na
rede federal de ensino foram então introduzidos na legislação da educação através do Decreto
Lei 2.208/97 e da Portaria MEC nº 646/97.
A educação foi regida pela Lei 9.394/96, regulamentada pelos DL 2.208/97 e
demais instrumentos citados até ser modificada em 23 de julho de 2004 com a promulgação
de novo Decreto Lei nº 5.154/2004, que novamente interferiu no ensino profissionalizante,
revogando o DL 2.208/97. Em 16 de julho de 2008 foi promulgada a Lei nº 11.741, alterando
redação e dispositivos da LDB 9.394/97 de forma a incorporar na forma de lei aquilo que
antes fora modificado por decretos e outras formas de legislação. O Decreto Lei 5.154/2004
restabeleceu a educação profissional técnica de nível médio, inclusive na modalidade
integrada, sem restringir as modalidades anteriormente existentes concomitante e
subsequente.
Com a situação de alguma forma pacificada, a educação no Brasil continua
ambiente em permanente e franca ebulição, devendo ainda sofrer grandes modificações, como
aquelas previstas no Projeto de Lei (PL) N° 8.035 de 2010, enviado ao Congresso Nacional
em 20 de dezembro de 201010, que apresenta o Plano Nacional da Educação 2011-2020.
2.1 DO ENSINO MÉDIO E DO ENSINO TÉCNICO PROFISSIONALIZANTE
INTEGRADO: FUNÇÕES E DESAFIOS PRINCIPAIS
Na atualidade, a base do currículo e do plano político pedagógico das escolas
particulares de forma geral, e das escolas públicas de forma mais específica, é sem dúvida a
LDB 9.394/96 e toda a legislação a ela associada, as Diretrizes Curriculares Nacionais
(DCN), os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), os Pareceres e Resoluções dos diversos
órgãos do Ministério da Educação tais como Conselho Nacional de Educação (CNE) e
Câmara de Educação Básica (CEB). Substituindo a Lei 5.692/71, a promulgação da LDB
9.394/96, oito anos após a Constituição Federal de 1988, teve efeito deflagrador de
monumental série de reformas de grande porte na educação nacional.
Em trabalho publicado em 1991, o Banco Mundial havia indicado a
profissionalização no ensino médio como a fórmula com maior número de insucessos em sua
operacionalização (CASTRO, 2005). No Brasil esta situação era substantivada pelas escolas
técnicas e pela profissionalização do currículo do ensino médio. Decorrência ou não deste
estudo e de necessidade de financiamento, desde o início da década de 1990, o Ministério de
16
Educação e Cultura (MEC), através da criação em 1990 da Secretaria Nacional do Ensino
Tecnológico (SENETE) tinha a intenção de reestruturar o ensino técnico profissionalizante
sob sua responsabilidade. Conforme Oliveira (2003, p. 96), contudo, esta reestruturação não
objetivava mudança radical no ensino técnico federal. “A questão posta não era uma
„mudança de fundo‟ no sistema de ensino, mas principalmente de forma”.
Para Castro (2005, p. 160 a 165), porém, a possibilidade de empréstimo de 250
milhões de dólares fez a diferença e a aprovação da nova LDB 96 veio simplificar muitas
coisas na negociação das condicionalidades com o Banco Interamericano de
Desenvolvimento, agente do empréstimo.
A Constituição Federal de 1988 em seu Artigo 22, Inciso XXIV, define como
competência privativa da União legislar sobre as bases da educação nacional e, dessa forma,
desde imediatamente após sua promulgação, foi iniciado trabalho de elaboração de projeto
que unificasse a base da educação nacional, fragmentada por pelo menos quatro leis 4.024/61,
5.540/68, 5.692/71 e 7.044/82.
Ramal (1997, p. 5)10
traça em linhas rápidas o evolver das negociações que
resultaram na edição da Lei. Segundo a autora, este esforço, de iniciativa do Deputado Federal
Octávio Elísio, foi substancializado pelo Projeto de Lei nº 1.258/88, de 28 de novembro de
1988. Segundo seu próprio autor, constituía o ponto de partida para um amplo debate.
Lobo Neto (2010, p. 1) salienta que, ainda na Câmara, o Deputado José
Lourenço indicou “a necessidade de um „novo substitutivo a fim de tornar a proposição mais
compatível com a realidade nacional‟ [...] uma Lei de Diretrizes e Bases não deve ser tão
normativa, para evitar dificuldades ao próprio êxito do ensino no País”, levando a crer em
extensão e nível de minúcias incompatíveis com a natureza do documento.
Seu texto foi aprovado na Câmara em 1993 e, após receber ao longo de sua
negociação 1263 emendas, foi enviado ao Senado com 298 artigos. Aprovado pela Comissão
de Educação do Senado, se torna Projeto de Lei 101/93 em novembro de 1994.
Devido a alegados problemas de constitucionalidade, entre os quais o de dispor
sobre o Conselho Nacional de Educação, atribuição do Executivo (RAMAL, 1997), o projeto
é retirado da apreciação do Senado e é substituído por três outros, dois deles bases do projeto
retirado – o primeiro, o projeto enviado ao Senado e, o outro, um seu substitutivo submetido a
Comissão de Educação, denominado Relatório Cid Sabóia e um terceiro, substitutivo de
autoria do Senador Darcy Ribeiro.
10
Disponível em <http://www.pedroarrupe.com.br/upload/ldbceap.pdf >. Acesso em 23/02/2011
17
Designado Relator do Processo, Senador Darcy Ribeiro toma como referência
seu substitutivo e seus conceitos de educação. Seu novo substitutivo apresenta apenas 91
artigos. Este seu Parecer nº 30/96 é aprovado no Senado em fevereiro de 1996 e é aprovado
sem vetos pela Presidência da República em 20 de dezembro de 1996.
Ramal(1997) aponta esta tramitação como possível negação do processo
democrático estabelecido entre a Câmara e setores da população, amplamente utilizado na
elaboração do projeto originário da Câmara e recusado pelo Senado, opinião compartilhada
por Rezende Pinto (2002, p. 108):
O projeto originário da Câmara e fruto de longa discussão é substituído por
outro, elaborado, a toque de caixa, na “cozinha” do MEC, mas com a
paternidade assumida pelo senador Darcy Ribeiro. Esse projeto é aprovado
em fevereiro de 1996 no plenário, de onde retorna para a Câmara, que
introduz pequenas alterações e o aprova em 17 de dezembro de 1996. De lá
segue para sanção presidencial e é promulgado como lei em 20 de
dezembro do mesmo ano, sem qualquer veto presidencial, fato raro em
nossa história.
Simultaneamente à tramitação desse substitutivo, havia na Câmara o Projeto de
Lei (PL) 1.603/96 que visava reformar o ensino profissional. Devido à forte rejeição havida,
este PL foi retirado antes mesmo da aprovação do Substitutivo Darcy Ribeiro. Nos dizeres de
Oliveira (2003, p. 102 a 104), os pontos mais controversos deste PL foram retomados na
forma do DL 2.208/97 e da Portaria MEC 646/97.
Ponto de nosso interesse, a Seção IV do Capítulo II, “do Ensino Médio”,
artigos 35 e 36, bem como o Capítulo III, “da Educação Profissional e Tecnológica”, artigos
39 a 42, que tratam do ensino médio e do ensino profissionalizante, concentraram grande
parte das controvérsias que aconteceram entre os estudiosos do assunto.
Como referência, uma vez que normalmente a superposição utilizada para
atualização das informações em documentos, pela necessidade das sucessivas revisões a que
são submetidas, dificultam o entendimento e análise, transcrevemos abaixo o trecho da LDB
9394/96 referente à educação profissional técnica de nível médio:
Seção V – Do Ensino Médio
Art. 36 – O currículo ...
§ 2 – O ensino médio, atendida a formação geral do educando, poderá
prepara-lo para o exercício das funções técnicas .
§ 3 – Os cursos do ensino médio terão equivalência legal e habilitarão ao
prosseguimento dos estudos.
§ 4 - A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação
profissional, poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de
ensino médio ou em cooperação com instituições especializadas em
18
educação profissional. (BRASIL, 1996, p.13 )
Apenas isto constava por ocasião de sua promulgação. Não indicava como
fazer, não normatizava, não orientava. A Educação Profissional, todo o Capítulo III, embora
tenha se estendido por quatro Artigos e dois Parágrafos Únicos, era igualmente lacônica e sem
informações mais detalhadas.
A nova LDB, apontada por Saviani (1997) como minimalista por atender as
condições de desobrigação do estado em condição de estado mínimo, naquilo que toca a
formação para o trabalho, era campo preparado para ser logo utilizado. Assim breve
desnudou-se o motivo causador dessa situação. Nos artigos mencionados, todos referentes à
formação profissional, as grandes lacunas de início percebidas, não apresentavam nos dizeres
expressos no “Documento Base da Educação Profissional Técnica” (BRASIL c, 2007, p.18)
redação nem inocente nem desinteressada. Objetivavam separar o ensino médio e a educação
profissional específica. Para tanto, estas lacunas foram completados com a edição do Decreto
Federal 2.208/1997, que em seu art. 5º separou as organizações curriculares do ensino médio
e da educação profissional técnica de nível médio; com a edição da Portaria MEC nº 646/97,
que em seus art. 3º e 4º limitou a oferta de vagas para o ensino médio nas escolas técnicas
federais em no máximo 50% do praticado no ano de 1997 e criou os Centros de Formação
Tecnológica e, com a edição da Resolução CNE/CEB nº 04/99, normatizou o ensino
profissionalizante, introduziu o conceito de educação por habilidades e competências, bem
como definiu as cargas horárias mínimas exigidas para obtenção de cada habilitação
profissional.
Conforme sintetizado por Porto Júnior (2008) estas modificações
caracterizaram retrocessos de grande monta na educação nacional, a ponto de serem
caracterizadas por muitos autores na condição de contrarreforma. Contrarreforma porque as
modificações que foram introduzidas configuraram reforma com sentido totalmente contrário
ao que vinha sendo conduzido até então. Temas e consequências largamente tratados na
literatura das pesquisas específicas desta área da educação.
Quanto aos fins do ensino médio definidos na LDB em seu Art. 35, o Inciso I é
definitivo na elucidação da primeira e principal função do ensino médio – visa preparar o
aluno, pelo aprimoramento e aprofundamento dos conhecimentos auferidos ao longo do
ensino fundamental, de forma a possibilitar o prosseguimento exitoso de sua caminhada
durante o ensino superior.
Por que principal função? Primeiro porque esta é a mais tradicional função do
19
ensino médio desde os tempos do Império, e depois, porque esta função não é transferível a
nenhuma outra modalidade de formação, resguardada a convicção de que preparar para o bom
desempenho no ensino superior é bem diferente de apenas preparar para passar no exame
vestibular.
Passar no exame vestibular é uma disputa entre pares, com melhor ou pior
estado de preparação, em diferentes estados de espírito resultantes de diferentes pressões
sofridas. Bom desempenho no ensino superior significa superação, disputa consigo mesmo,
estar preparado para o bom e correto uso de conhecimentos, ocorrência e empenho na
aquisição independente de conhecimentos e do adequado exercício da vontade de aprender ao
longo de todo o curso. Um exame vestibular feito em um ou dois dias ou mesmo durante uma
quinzena é muito diferente do esforço efetuado ao longo de anos seguidos para a obtenção de
uma, no mínimo, boa formação.
Os Incisos II e IV se completam na definição de outra importante função – a
formação básica do homem para o mundo real e sua preparação básica para o mundo do
trabalho, incluindo-se aí a compreensão dos fundamentos científicos e tecnológicos exigidos
pelo uso intensivo de recursos eletrônicos e de informática, tornados usuais no mundo atual.
De formação generalista, desde que praticadas de forma adequada, as prescrições destes dois
incisos não consistem na preparação para atuação em subemprego. Entretanto, devido ao
modelo único do ensino médio voltado ao vestibular, não são, de fato, priorizadas.
O Inciso III trata de relevante função esperada do ensino médio. A
responsabilidade deste Inciso talvez seja mais uma esquecida. É a da formação do ser humano
completo, que compreende o seu tempo e seu mundo e é instado a participar dele; que forma e
desenvolve seu raciocínio crítico e sua visão analítica, concluindo pela formação de sua
postura emancipada e emancipadora. Em suma, forma o homem que se integra, se completa e
se unifica a cada um dos dois perfis já definidos, ao do jovem que escolheu a universidade e
ao do jovem que escolheu o caminho não universitário, e os torna a ambos e cada um
cidadãos concretos, cidadãos envolvidos com seu tempo e com seu mundo.
As funções, todas importantes, concorrem para a consecução de um único
objetivo a ser alcançado por cada um dos educandos. Na realidade, os quatro incisos
concorrem para a função única do ensino médio, aquela de formar o homem cidadão concreto,
cônscio de suas atribuições, responsabilidades, possibilidades e limitações na sociedade em
que vive, qualquer que seja a rota de escolaridade do trabalho que tenha escolhido.
O que se observa, então, é que na LDB são previstas para o ensino médio
aquelas atribuições de preparar as crianças e os jovens para suas responsabilidades perante a
20
ordem social – a cidadania e aprender a trabalhar (ARANOWITZ, 2005).
Porém, com relação a este “aprender a trabalhar”, na seção IV observa-se que a
LDB não prevê a formação profissional específica como atividade do ensino médio, apenas
“sua preparação básica para o trabalho” no art. 35, inc. I e a sua preparação para “a
compreensão dos fundamentos científicos e tecnológicos dos processos produtivos”, no art.
35, inc. IV.
Como atividade adicional ao ensino médio, a seção IV-A introduziu a
regulamentação da Educação Profissional Técnica de Nível Médio. O art. 36-A determina que
“sem prejuízo do disposto na seção IV deste capítulo, o ensino médio, atendida a formação
geral do educando, poderá prepará-lo para o exercício das profissões técnicas” (BRASIL,
1996, p. 13), e nos artigos seguintes normatiza a prática dessa formação.
A diferença entre a formação geral para o trabalho e a específica educação
profissional técnica não é sutil, já tendo sido esclarecida de forma adequada pelo Parecer
CNE/CEB Nº 39/2004, uma vez que na LDB “o § 4º do Artigo 3611
faz uma clara distinção
entre a obrigatória „preparação geral para o trabalho‟ e a facultativa „habilitação
profissional‟ no âmbito do Ensino Médio” (BRASIL, 2004, p. 2), tendo sido inclusive
classificadas no “Documento Base da Educação Profissional Técnica” (BRASIL c, 2007, p.16
e 23) como, respectivamente, formação profissional lato sensu e stricto sensu.
Nesta complexa ambientação das muitas alternativas proporcionadas pelo
sistema de ensino e das muitas expectativas vividas pelos jovens estará a concretização de
cada um dos projetos de vida dos sujeitos. Ao contrário do estabelecido inicialmente na
extinta Lei 5.692/71, esta formação para a profissão técnica é voluntária e facultativa,
resultado da decisão e escolha pessoal do próprio aluno ou de seus responsáveis.
Na realidade, as modificações introduzidas nas seções IV e IV-A da LDB
9.394/96 não conseguiram resolver alguns dos grandes problemas do ensino médio, quais
sejam, primeiro tornar o ensino médio atraente a todos os concluintes do ensino fundamental e
depois, torná-lo útil e prático, de forma a nele garantir a permanência do jovem até sua
completa e adequada formação.
Levantamentos mostram que o principal motivo a animar os alunos do ensino
médio é a vertente propedêutica aos cursos superiores, a preparação para os exames
vestibulares, tornado então caminho natural e único deixado aos egressos do ensino
fundamental, mesmo para aqueles que, de forma definitiva, não o desejam. Assim o mostram
11
Revisada na LDB 9394/96 pela Lei nº 11.741/2008 para – Art.36-A – Parágrafo Único.
21
Marcelino et al, (2009), Barreto; Aiello-Veisberg (2007), Sparta; Gomes (2005) Gomes et al
(2006) e Bastos ( 2005).
Tal modalidade de ensino passa a instruir no mais das vezes um currículo e um
projeto político pedagógico institucional, não escrito, a orientar toda a atividade escolar, que
inclusive motiva suas comemorações de sucesso, nos quais índices são computados a partir do
número de alunos bem sucedidos neste ou naquele exame de acesso a curso de graduação,
sendo os não aprovados, no mais das vezes, esquecidos pela história dos colégios.
São currículos e projetos pedagógicos institucionais, que formam horizonte
sem valores intermediários visíveis e sem nuances suavizadoras, ambiente comparável com o
de práticas esportivas de parcos vencedores e muitos derrotados. Horizonte no qual o
estudante do ensino médio tem que fazer suas opções.
2.2 DO ENSINO PROFISSIONALIZANTE.
O discurso da divisão do ensino e do trabalho sempre dominou a história da
educação no Brasil e, verdadeira ou falsa, deixou um rastro de discriminação, reproduzindo-se
de forma amplificada nas diversas atividades, inclusive na educação para o trabalho, esta
classificada com frequência apenas como formadora de mão-de-obra. Situação que conduz ao
extremo de se “considerar o ensino normal e a educação superior como não tendo nenhuma
relação com a educação profissional” (BRASIL, 1999, p. 566/567).
A separação do ensino profissionalizante do ensino médio, introduzida no seio
da LDB 9.394/96 pelo DL 2.208/97, serviu como base para novos e profundos ataques ao
ensino profissionalizante, sempre lastreados pela divisão social ensino e trabalho, de forma a
reforçar a divisão social entre o trabalho intelectual e o trabalho manual.
Poli (1999) assinala a grande distância entre o previsto na LDBEN 96 e o
praticado de acordo com o DL 2.208/97 e a Portaria MEC nº 646/97. Sua dissertação antecede o
DL 5.154/2004, mas suas considerações sobre o imbricamento educação profissional, trabalho e
juventude continua atual e mostra a discriminação da forma como a preparação para o trabalho
é vista por uma ala de educadores:
Não resta dúvida de que a educação voltada para a formação profissional
reforça a dualidade entre o trabalho manual e o trabalho intelectual, mesmo
com toda aquela roupagem de promoção integral do cidadão em formação
incluída na LDB (9394/96).[...] O técnico, portanto, presta um papel
imprescindível de bucha de canhão do capital, estabelecendo e reforçando a
divisão social do trabalho, garantindo o andamento da produção, e sendo uma
22
mão-de-obra especializada e barata (o uso do técnico evita a utilização de
engenheiros, que encareceriam mais a produção) (POLI, 1999, p. 94 - 95).
[Destaque da autora]
A autora, considerando a formação da educação básica como completa e
adequada, desconsidera a diferença entre preparação para o trabalho e a educação
profissionalizante e chega a considerar esta forma de ensino profissional, bem como a criação
e manutenção de escolas para este fim, sem sentido e contraditória, por se preocupar em
formar desempregados em potencial.
Na realidade este discurso de separação do ensino e do trabalho, associado ao
discurso de aumento obrigatório de escolaridade, pode ser um dos responsáveis também pela
alta taxa de abandono e evasão escolar expressa nos levantamentos de censo e estudadas por
Néri (2009) já comentados na página 15 deste estudo. Situação em que estudantes, por
quaisquer motivos, não interessados no ensino superior, preferem sequer ingressar no ensino
médio direcionado ao vestibular, uma vez que para eles esta etapa se torna, então, inútil e sem
sentido.
Ponto interessante a ser observado este da identificação da educação
profissional técnica de nível médio como formação fragmentada para formação de mão-de-
obra barata a ser empregada em trabalho vil e degradante.
Nos Institutos Federais, assim como nas Escolas Técnicas Federais, nas
Escolas Técnicas Vinculadas a Universidades e outras unidades que lhes deram origem, o
ensino médio, de forma geral, é considerado de boa qualidade, sempre associado a bons
resultados nos exames vestibulares na unidade de Ensino Superior mais próxima – situação
configurando medida de qualidade normalmente aceita.
Quanto às bases tecnológicas, conforme Lemos (2002, p.34), tecnologia é
expressão polissêmica por natureza e origem; “Tekhnè é poièsis, é produção”, é criação.
Citando Heidegger, é modo de desvelamento do homem no mundo.
Historicamente podemos dizer que a técnica precedeu a ciência. A técnica
foi, durante séculos, impulsionada por tentativas e erros, sem
necessariamente ter nenhuma explicação teórica cientificamente
controlável. [...] A técnica é o fazer transformador humano que prepara a
natureza à formação da espécie e da cultura humana. [...] o que chamamos
hoje de tecnologia é o produto da radicalização dessa segunda natureza, da
naturalização dos objetos técnicos e da sua fusão com a ciência. Não
sabemos mais onde começam e onde terminam a ciência e a técnica.(Idem,
idem, p. 37).
A partir dessas palavras, constata-se o caráter múltiplo e multifacetado da
tecnologia. Leroi-Gourhan, Stiegler e Simodon (apud LEMOS, 2002) relacionam a técnica
23
com o fazer humano, com a existência da própria espécie humana – não se sabendo ao certo
quem é o inventor e quem é o inventado. Conclui-se pela não coerência da imputação de
formação tecnológica fragmentada, uma vez que para que seja fragmentada é necessário que
haja uma formação tecnológica completa, inteira, de forma a permitir sua exata medida.
Repito Lemos (2002, p. 34), citando Heidegger – “O que é exato não é ainda verdadeiro”.
Enguita, citado por Oliveira (2004, p. 1127) esclarece que profissionalização é
expressão de posição social e de inserção ocupacional em um determinado tipo de produção e
de processo de trabalho, numa situação de privilégio monopolista. A autora informa ainda que
Enguita indicava a proletarização como a perda do controle do trabalhador sobre seu processo
de trabalho.
A profissão de técnico industrial, alegada ser mão-de-obra barata para
execução de trabalho vil e degradante é atividade profissional regulamentada pela Lei nº
5.524/1968, que lhe atribuiu funções específicas, com direitos e deveres.
Em 1985, sua regulamentação foi revisada por meio do Decreto nº 90.922 de
06 de fevereiro, que dispôs sobre o exercício da profissão de técnico industrial e técnico
agrícola de nível médio ou 2º grau e vinculou o exercício da profissão à fiscalização do
Sistema CONFEA / CREA. Sua formação, atribuições, atividades e competências passaram a
ser regulamentadas pela Resolução CONFEA nº 1010 de 22 de agosto de 2005 e seus anexos.
Dessa forma, a educação profissional técnica de nível médio é educação de
formação a partir de sólidas bases científicas e tecnológicas, não podendo ser considerada
treinamento para posto de trabalho. Ser técnico industrial de nível médio é exercer atividade
econômica relevante e emancipadora, cujo profissional goza de prestígio social e desfruta de
significativa autonomia profissional. Autonomia fruto de sua formação e que apresenta limites
de responsabilidade que no exercício da profissão jamais podem ser delegados ou
ultrapassados – imperícia, imprudência e negligência, esteja ele atuando como autônomo ou
como assalariado. Não é trabalho proletarizado.
Muitas críticas e pouca ou nenhuma palavra houve a favor das inovações
trazidas pela nova Lei 9394/96, mesmo observado seu conceito básico de nova Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, exceto aquelas da literatura oficial. Os ataques a ela
dirigidos estiveram centrados nas seções 2, 3 e 4 do artigo 36, Seção IV do Ensino Médio e no
Capítulo III da Educação Profissional. Ataques que somente foram amainados com a edição
do DL 5.154/2004.
24
Vale ressaltar que este próprio decreto também foi bastante criticado12
, tanto
pelo conteúdo, por manter a profissionalização no ensino médio e pela inclusão da
modalidade profissionalização integrada ao ensino médio, como pela forma de promulgação,
pelo uso do instrumento autoritário do Decreto Lei. Ressalte-se que para muitos estudiosos, a
única forma de preparação para o trabalho admissível é a escola para o trabalho, identificada
como escola unitária, pretendida por Gramsci.
Antonio Gramsci (1891–1937), intelectual italiano, militante do Partido
Comunista da Itália, apresenta forte influência sobre os intelectuais de educação no Brasil. De
pensamento marxista defende entre outras coisas o trabalho como fundamento da educação,
como princípio educativo.
Gramsci não aceitava a escola profissionalizante, considerando-a obedecer a
lógica do capitalismo, portanto não deveriam existir escolas profissionalizantes, uma vez que,
a escola unitária, escola única de cultura geral, equilibrando o desenvolvimento da capacidade
intelectual e habilidade manual, forneceria a adequada orientação profissional, formando-o
para o trabalho produtivo e, ao mesmo tempo, prepararia o indivíduo para o prosseguimento
dos estudos (GONZALEZ, 1996).
Conforme Nascimento e Bardelotto (2008, p.276), Gramsci defendia uma
escola “comum, única e desinteressada” onde comum significaria uma escola para todos,
única seria uma escola não hierarquizada de acordo com classes sociais, que preparasse todos
os indivíduos igualmente para todas as oportunidades profissionais. Sua idéia de escola
desinteressada estaria vinculada à educação que permitisse o acesso de todos ao passado
cultural da sociedade na qual o indivíduo está inserido.
Em Gonzalez (Idem) observamos que Gramsci13
defende que, na etapa inicial
de implantação da escola unitária, apenas um grupo reduzido de alunos tenha acesso a ela. A
seleção para ingresso seria efetuada por concurso ou a partir de indicações por instituições
idôneas.
Polêmicas à parte, ao acrescentar o ensino médio integrado à educação
profissional e manter as formas iniciais previstas de desenvolvimento da educação
profissionalizante como a concomitante, simultânea e articulada ao ensino médio e a
subseqüente ao ensino médio, a LDB consolidou importante conquista real inicialmente
introduzida pelo extinto Decreto Federal 2.208/97 e que não foi retirado pelo Decreto Lei
12
Ler FRIGOTTO, CIAVATTA E RAMOS. A gênese do Decreto nº 5.154/2004. Um debate no contexto da
democracia restrita. Rev. Trabalho Necessário. Ano 3. n. 3, 2005 13
GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a organização da cultura. Rio de janeiro :. Civilização Brasileira, 1979,
p.117. (Citação da autora)
25
5.154/2004 – a educação profissional técnica de nível médio concomitante e a educação
profissional técnica de nível médio subsequente ao ensino médio.
Pouco ou nunca mencionada, a separação entre ensino médio e ensino
profissionalizante imposta pelo Decreto Federal 2.208/97 e pela Portaria MEC nº 646/97
trouxe como consequência natural e favorável estas duas modalidades de educação
profissional técnica de nível médio, mesmo que este grande mérito que nunca lhe tenha sido
reconhecido.
O primeiro mérito foi trazer aos egressos do ensino médio, que tivessem tido
sua trajetória rumo ao ensino superior abortada por qualquer dos muitos motivos, a
possibilidade de fazer um curso técnico a ele subsequente, com sólidas bases científicas e
tecnológicas, o que antes do DL 2.208/97 lhes era vedado.
Aos jovens nesta condição, além do desestímulo da carreira interrompida,
restava somente continuar tentando ingresso nos cursos superiores de cada vez mais difícil
acesso ou os cursos de treinamento com pouca ou nenhuma base científica e tecnológica,
simples treinamento para postos de trabalho. A possibilidade surgida com a criação da
formação profissional técnica subseqüente ao ensino médio, associada à conseqüente
expansão das matrículas dos cursos técnicos, ressaltando-se aquelas instituições que aderiram
aos cursos noturnos, tornou-se situação que lhes trouxe novo alento e, acenando com
insuspeitadas chances, abrindo-lhes novas, ricas e gratificantes experiências e oportunidades.
Dados do Censo Escolar 200914
indicam o número de matrículas no ensino
técnico profissionalizante nas modalidades integrada ao ensino médio, subseqüente (pós-
médio) e concomitante, que podem então ser comparadas com o ensino integrado e
observadas em sua importância. Os números de matrículas nas modalidades concomitante e
subseqüente somam quase cinco vezes (4,9 vezes) o número das matrículas do ensino técnico
profissionalizante na modalidade integrada ao ensino médio.
Tabela 3: Comparação do número de matrículas no ensino profissionalizante
14
Disponível em <http://portal.inep.gov.br/basica-censo-escolar-sinopse-sinopse>. Acesso em 22/06/2010
TABELA 3 INTEGRADO CONCOMITANTE SUBSEQUENTE TOTAL
MATRÍCULAS 175.831 306.035 555.079 861.114
RELAÇÃO % 100% 174,05% 315,69% 489,74%
Fonte: MEC/INEP - Censo escolar 2009
26
Observe-se que tal como a edição da Educação de Jovens e Adultos (EJA),
importante modalidade de educação que permite o resgate de jovens e adultos fora de ocasião
de escolarização, constante da seção V da mesma LDB, a possibilidade da formação
profissional técnica de nível médio subseqüente ao ensino médio constituiu também
importante meio de resgate de possibilidades educacionais para aqueles jovens que, uma vez
concluído o ensino médio, não percebiam para si oportunidade real de extensão da
escolaridade, implicando em críticas limitações perante o mundo do trabalho.
Quanto ao outro mérito citado, considerando que o ensino profissional técnico
na modalidade integrada nas instituições federais, com ainda pequeno número de vagas
oferecidas, contempla turmas fechadas que se iniciam e terminam monolíticas, a modalidade
concomitante de tal ensino profissional, ao permitir a inserção de alunos do ensino médio a
partir da segunda série, também se mostrou com forte potencial de expansão da
profissionalização técnica, abrindo inédita oportunidade de opção àqueles alunos do ensino
médio que, não havendo logrado êxito na agregação as turmas de ensino profissionalizante na
modalidade integrada, continuaram fazendo seu ensino médio na instituição de origem e, ao
mesmo tempo, cursam o ensino profissionalizante numa escola técnica federal em outro turno.
Constituem-se, portanto, em novas oportunidades para parte daqueles
excluídos por um sistema que obriga a todos, de forma indistinta, a disputar um lugar no
ensino superior que, de antemão já se sabe, não tem lugar para todos.
O Censo do Ensino Superior de 200915
mostra dados conforme Tabela 4
seguinte.
Tabela 4: Ensino superior – situação das vagas no Brasil - 2009
Observe-se que menos de 25% dos candidatos inscritos conseguiram a tão
almejada vaga na universidade, mesmo tendo sobrado mais de 50% das vagas disponíveis,
distribuídas em aproximadas 10% das vagas na rede pública e quase 60% das vagas da rede
15
Disponível em http://portal.inep.gov.br/web/censo-da-educacao-superior/resumos-tecnicos acessado em
25/08/2010
INGRESSOS
BRASIL 3.164.679 6.223.430 1.511.388 24,29% 47,76%
REDE PÚBLICA 393.882 2.589.097 354.331 13,69% 89,96%
REDE PRIVADA 2.770.797 3.634.333 1.157.057 31,84% 41,76%
CANDIDATOS
INSCRITOSTABELA 4
(Fonte - MEC/INEP - Sinopse da Educação Superior 2009)
%
CANDIDATOS
%
VAGAS BRUTOS
VAGAS
OFERECIDAS
27
privada.
Porém, a desproporção numérica das escolhas entre as várias opções possíveis
efetuadas pelos alunos concluintes do ensino médio é manifesta, uma vez que a grande
maioria dos alunos concluintes do ensino médio indica primeira opção pelo ensino superior e
somente residualmente optam por outra atividade – Forças Armadas ou futebol (SPARTA;
GOMES, 2005).
Considerando que a idéia de diversidade esteja ligada aos conceitos de plural,
de múltiplo, de diferentes ângulos de visão ou de abordagem, a perspectiva de ensino superior
culmina por se constituir hegemônica no ensino médio, pelo menos para aqueles que o
terminam, e exclui toda a expectativa de diversidade do ensino médio. O próprio discurso da
divisão entre educação e trabalho prima pela exclusão de qualquer opção que não inclua o
ensino superior.
Diante de tantas indefinições, restam questões: como se situa o jovem? Como
são feitas suas escolhas?
Analisaremos a seguir algumas pesquisas sobre o assunto.
28
3 O JOVEM E SUAS ESCOLHAS AO FIM DO ENSINO MÉDIO
Fenômeno da segunda metade do século XX, a adolescência com a qual nos
acostumamos a conviver foi primeiro nomeada por Erick Erikson, constituindo-se num
fenômeno criado socialmente (NASCIMENTO apud TEODORO, 2005), que se tornou
motivo de pesquisas. Apesar de ser um estágio da vida noticiado desde Aristóteles (apud
TEODORO, 2005), somente no período indicado estabeleceu-se o que passou a ser chamado
“cultura juvenil”, com características e toda uma série de problemas próprios. Um dos
problemas dessa época de transição, com a responsabilidade de ser um dos elementos que
caracteriza sua transmutação para o status de adulto, a escolha profissional é uma das difíceis
decisões impostas ao adolescente.
Pretendemos até aqui caracterizar que o ensino médio, contemporâneo da
adolescência, é tempo de escolhas e de escolhas difíceis.
Motivos de vários estudos nos campos da psicologia, da sociologia e da
pedagogia, em nossa pesquisa analisamos quatro estudos (MARCELINO et al, 2009,
BARRETO; AIELLO-VAISBERG, 2007; SPARTA; GOMES, 2005; GOMES et al, 2006)
que nos pareceram emblemáticos das nuances presentes na pesquisa envolvida em nosso
tema.
Marcelino et al (2009, p. 547), comparando as representações sociais de dois
grupos de alunos, um com representantes de uma escola pública e outro com representantes de
uma escola privada, ambas situadas na cidade de João Pessoa, capital da Paraíba, não
consideram que a adolescência, etapa da vida dos jovens envolvidos quando na idade escolar
de ensino médio, configure necessariamente um momento de crise, consideram-na apenas o
momento em que suas escolhas começam a ser feitas e seus projetos de vida elaborados.
Projetos de desenvolvimento que configuram uma construção social de caráter pessoal, que
contêm as visões que os jovens têm de si mesmos e do mundo. Ao observar o projeto de vida
como uma construção psico sócio-histórica, consideram-no como “a intenção de
transformação da realidade, orientado por uma representação do sentido dessa transformação,
em que são consideradas as condições reais na relação entre passado e presente na perspectiva
29
de futuro”.
Ponto importante em seu trabalho, as citadas autoras consideram a área de
atividade escolar privilegiada de forma particular para a observação das representações
sociais, uma vez que ela normalmente reproduz com clareza as relações existentes nas
sociedades onde estão inseridas.
Na análise por elas desenvolvida na pesquisa, verificou-se por meio de técnicas
de análise do discurso, que a classe16
“concepções do projeto de vida” foi capturada em
ambos os grupos formados por alunos de cada escola, enquanto a classe “inclusão social e
melhoria de vida” somente foi observado no grupo formado por alunos da escola pública; a
classe “dificuldades na construção do projeto de vida” surgiu apenas no grupo formado por
alunos da escola particular.
As autoras, ao abordarem o comportamento dos alunos da escola pública sobre
a construção do projeto de vida, o observam como conhecimento elaborado e com conotação
positiva, mesmo que no contexto se apreendam as limitações e dificuldades do processo,
enquanto que no grupo de alunos da escola particular a mesma construção é vista como
“tarefa complicada e complexa devido aos difíceis e diversos aspectos a configurar”
(MARCELINO et al, 2009, p. 554), podendo mesmo ser observada a emergência de ilações
negativas na construção de seus projetos de vida.
Para os alunos da escola pública, a condição de construção do projeto de vida,
mesmo que envolvendo esforços e limitações é vista como oportunidade, enquanto para os
alunos da escola particular esta mesma construção, ainda que favorecida por outras situações,
é vista como situação envolvendo riscos.
Este comportamento dos sujeitos chama por duas análises – a primeira, dos
alunos da escola pública, considerados como alunos que por suas limitações podem ser
caracterizados como sujeitos de uma situação onde prevalece a condição do “aluno concreto”
apontado por Saviani (2008a), capaz de sintetizar as múltiplas situações existentes nas
relações sociais e transformá-las. Conforme analisado por Bock (2008, p.36), tais sujeitos
confirmam a superação da tese que afirma a escolha profissional como configurando a
situação de “o indivíduo escolhe e não escolhe a sua profissão ao mesmo tempo” devido às
16
Tipo de estratificação utilizado na análise de conteúdo do discurso a “Classe” pode ser definida como
um agrupamento constituído por várias Unidades de Contexto Elementar – UCE - definidas segundo critérios de
tamanho do texto (número de palavras analisadas) e pontuação. . “É a partir do pertencimento das palavras de
um texto a uma UCE, que o programa Alceste vai estabelecer as matrizes a partir das quais será efetuado o
trabalho de classificação” (REINERT, 1998, p. 17).
30
injunções e limitações presentes em seu meio social.
Ao mesmo tempo, a situação observada nos sujeitos oriundos da escola
particular, indica que, ao se deixarem paralisar pela observância a interesses de terceiros – seu
histórico familiar, sua classe social, ou outro poder influente, deixa clara a situação em que a
escolha passa a caracterizar uma não escolha.(BOCK, 2008; TEODORO, 2005).
Em uma segunda análise, situação semelhante foi observada por Barreto e
Aiello-Vaisberg (2007) que fazem outras constatações também interessantes ao avaliar casos
de insatisfação e de insuficiência criados pelos programas de aprovação compulsória no
ensino fundamental e pelos programas de expansão do ensino superior.
No caso dos programas de aprovação compulsória, o sistema de organização
do ensino em ciclos, adotados por algumas unidades da federação, é acusado de efetuar uma
formação deficiente, resultando seus alunos nos chamados analfabetos funcionais, situação
em que a “certificação” obtida não se revela como passaporte para as situações almejadas no
mundo do trabalho, implicando transformar seus portadores em potenciais desempregados ou
subempregados.
Quanto aos programas de incentivo ao ensino superior, ocorre situação
semelhante, na qual as universidades também são acusadas de se transformarem em fábricas
de diplomas. Passam a formar profissionais que dificilmente serão absorvidos pelo mercado
de trabalho nas funções típicas de sua graduação. Profissionais que serão considerados super
qualificados para as demais funções disponíveis, resultando novamente em potenciais
desempregados ou subempregados.
Na análise em foco, desenvolvida envolvendo 32 alunos de cursos de
Psicologia e Pedagogia, alguns, nos termos dos autores, já bem maduros, eles concluem sobre
a existência de três campos17
principais na prática da escolha profissional: o da indecisão, o
do desejo parental e o da falta de confiança em si, todos tendo como pano de fundo a
“insegurança concreta da vida cotidiana” (BARRETO; AIELLO-VAISBERG, 2007, p.11).
Os autores associam esse comportamento à situação, que a escolha parece
estabelecer, de uma clara e brusca divisão entre a vida infantil e a vida adulta, favorecendo o
surgimento de situações de medo do futuro e de incapacidade de estabelecimento de metas,
que marcam de modo profundo a escolha profissional. O estudo observa ainda que o aumento
das possibilidades de escolha trouxe a reboque mais dificuldades, pois “parece haver uma
retro-alimentação das angústias que, sendo paternas afetam diretamente aos filhos que,
17
Também instrumento da Análise de Conteúdos do Discurso.
31
assumindo-as como suas, afetam diretamente aos pais” (Idem, idem, p. 11).
Ainda num outro estudo, Sparta e Gomes (2005), visando observar o
comportamento e escolhas de jovens concluintes do ensino médio, tendo como objetivo
verificar a importância atribuída pelos jovens ao ingresso no ensino superior, efetuaram
levantamento junto a 659 alunos de oito escolas públicas e particulares de Porto Alegre,
capital do estado do Rio Grande do Sul.
Sparta e Gomes (2005) salientam que estudos anteriores lhes indicavam o
estudante brasileiro considerando a universidade como extensão natural do ensino básico e
único caminho possível a conduzir ao mundo do trabalho. Estes mesmos estudos
demonstraram ainda que este comportamento obrigava ao ensino médio limitar-se ao
exercício do ensino propedêutico, abandonando suas outras obrigações de preparo do jovem
ao ingresso no mundo adulto.
A pesquisa conduzida por Sparta e Gomes (2005) sintetizada na Tabela 2 (p.
19), já apresentada, indicou a predominância pela escolha dos cursos superiores tanto nos
alunos das escolas particulares (95,4%) quanto nos alunos das escolas públicas (77,0%). A
relevância do ingresso imediato no mundo do trabalho foi mais anotada pelos alunos das
escolas públicas (64,2%) do que pelos alunos das escolas particulares (31,0%).
Anotação importante foi a indicação de 35,5% dos alunos concluintes do
ensino médio das escolas públicas manifestarem interesse pela educação profissional contra
apenas 4,9% dos alunos concluintes do ensino médio das escolas particulares. As escolhas que
não passavam por estudos de graduação indicavam a escolha de carreira de jogador de futebol
ou de carreira nas Forças Armadas para sujeitos do sexo masculino e concursos públicos e
cursos de línguas para sujeitos do sexo feminino.
É significativa sua informação indicando que apenas 13,8% dos alunos se
manifestaram de forma explicita não interessados no ingresso ao ensino superior, quando
informações de estudos anteriores davam 20,7% de alunos indicando tal interesse,
explicitando o incremento gradual de interessados no ensino superior.
Os autores concluíram pela realidade da pressão exercida pela exigência de
preparo para o ensino superior presente no ensino médio, que “faz com que o ensino médio
deixe de lado seu papel de formação integral para centrar-se na preparação bem ou mal
sucedida para o concurso vestibular das principais universidades, principalmente as públicas”
(SPARTA; GOMES, 2005, p. 51), o que confirma a existência na sociedade brasileira de
concepções antiquadas sobre os ensinos médio e superior, desvalorizam a educação
profissional e conduzem jovens à formação superior em “campos de trabalho à beira da
32
saturação ou para o bacharelismo” (Idem, idem, p. 51).
Gomes et al (2006), em artigo que contrasta duas pesquisas distintas, analisam
as representações de alunos e professores do ensino médio, a primeira delas focando 30
professores e 155 alunos do ensino médio na modalidade EJA de estabelecimento de ensino
do Distrito Federal e, na outra, alunos participantes do Exame Nacional do Ensino Médio
(ENEM) em agosto de 2004 avaliando entre outros aspectos suas opções profissionais.
Ao responder às perguntas que moviam a pesquisa – O que representa a
educação de jovens e adultos? O que buscam os alunos e egressos do ensino médio?
Observaram que, enquanto 72,6% dos alunos da modalidade EJA indicaram o retorno aos
bancos escolares com a escolha do curso por acreditarem que o mesmo lhes proporcionaria
melhoria salarial ou representaria instrumento para rápida inserção no mercado de trabalho,
72,9% desses alunos indicaram pretender obter diploma universitário, considerado como
importante meio de ascensão social ou por sua eficácia no ingresso no mundo do trabalho.
Quanto aos alunos participantes do ENEM, a pesquisa considerou mais de um
milhão de respondentes. Diploma universitário é a meta de 63% deles, sempre visando
alcançar um bom emprego. Destes alunos 10% disseram optar por abrir um negócio próprio,
enquanto outros 10% pretendiam trabalhar no setor público.
Com respeito à escolha da carreira, 60,1% disseram que a escola pouco ou
nada havia ajudado na decisão e que “os meios de comunicação influenciaram mais na
decisão que os pais. [...] mostrando a grande influência da mídia nas decisões dos jovens
brasileiros” (GOMES et al, 2006, p. 22)
Nesse trabalho, duas importantes conclusões são enfatizadas pelos
pesquisadores:
A primeira é a de que o aumento da escolaridade passou a ser observado como
condição essencial para ingresso e permanência no mundo do trabalho, caracterizando como
outra faceta do ensino médio, seu aspecto certificador de qualificações fundamentais, tornadas
indispensáveis no mundo do trabalho, onde a própria universalização do ensino médio e a
escalada de qualificações criou a figura da “inflação educacional”, desqualificando ainda mais
os não (ou menos) qualificados. A segunda é a de que esta necessidade atua de forma
poderosa como elemento de retenção dos jovens na escola, em compasso de espera, até a
conclusão do ensino médio, reforçando sua caracterização de certificação fundamental,
“valendo mais o continente que o conteúdo” (GOMES et al, 2006, p. 12).
A faixa etária dos envolvidos, as consequências dessas escolhas para os
sujeitos e para seus familiares; a própria quantidade de opções, agravadas pelas situações de
33
prestígio e de dificuldade inerentes a cada opção; a urgência da consecução dos planos
desenvolvidos, tudo conspira para aumentar a dificuldade ou o sofrimento dessa escolha,
“escolher pressupõe sempre ser ou ter uma coisa e deixar outra. Em geral o que deixamos de
escolher provoca mais dor do que o fato de escolher algo ou alguma coisa” (TEODORO,
2005, p. 18).
Do que foi observado, infere-se que ocultos na raiz dessas escolhas subjazem
problemas de projetos e de valores, por si só objeto de várias pesquisas, relacionados em suas
condições iniciais a tudo o que diz respeito ao modo de ser do próprio ser humano, pois “de
fato, em sentido humano, a própria vida pode ser identificada como um contínuo pretender
ser, uma tensão em busca de uma pretensão” (MARÍAS apud MACHADO, 2000, p. 1).
Contínuo pretender ser que, enquanto metáfora de percurso, se configura na
própria educação – sair do ser com destino ao dever ser, passando por um poder ser.
(SCHEUERL apud MARTINS, 1993). Percurso no qual se constrói o homem.
34
4 PESQUISA NO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E
TECNOLOGIA DO SUDESTE DE MINAS GERAIS-CAMPUS JF
Esta pesquisa foi realizada com alunos das terceiras séries, portanto
concluintes, da educação profissional técnica integrada ao ensino médio, dos cursos
oferecidos pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sudeste de Minas Gerais,
Campus Juiz de Fora (IF Sudeste MG-JF), que constituíram as primeiras turmas de tal
modalidade de ensino.
O IF Sudeste MG-JF, sucessor do Colégio Técnico Universitário da
Universidade Federal de Juiz de Fora – CTU/UFJF, criado em fevereiro de 1957 e
transformado em Instituto Federal pela Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008, ao longo
de sua existência tem praticado o ensino técnico profissionalizante nas modalidades previstas
na legislação oportunamente em vigor, atuando nos termos do Parecer CFE 45/72, após a
promulgação da Lei 5.692/71 e de acordo com a resolução CNE/CEB N° 04/99 e seus
Quadros Anexos, após promulgação da LDB 9.394/96 e dos Decretos Lei 2.208/97 e
5.154/04.
Com a edição do DL 2.208/97 e em atendimento às suas exigências, já em
1998 o ensino médio foi separado do ensino profissionalizante, tendo sido implantadas cinco
turmas de ensino médio diurno, com aspirações propedêuticas. Nos anos de 1998 e 1999, o
Instituto operou com o ensino médio separado do ensino profissionalizante. O ensino técnico,
separado do ensino médio, foi mantido em três séries anuais e exercido em paralelo ao ensino
médio, até o ano de 1999, enquanto a instituição se reestruturava para atendimento ao
disposto no citado Decreto-Lei e suas regulamentações.
Visando atender o citado DL, no ano 2000 foi implantado o ensino técnico
praticado em módulos, conforme nele determinado, com a profissionalização exercida em
módulos semestrais. Nessa ocasião, o Colégio oferecia seis cursos técnicos profissionalizantes
em diversas áreas: um na área Construção Civil com duas habilitações, quatro na área
Indústria com uma habilitação cada e um na área de Informática com uma habilitação,
situação que prevaleceu até o ano de 2008.
35
Ainda atendendo as exigências legais da ocasião, o ensino médio e o ensino
técnico eram praticados com acessos e matrículas independentes. O acesso aos cursos era por
meio de exames de seleção independentes, um para acesso ao ensino médio e outro para
acesso aos cursos profissionalizantes. A exigência para ingresso no Ensino Médio era a
conclusão do Ensino Fundamental, enquanto a exigência para ingresso nos Cursos Técnicos
era estar cursando, no mínimo, a segunda série do ensino médio em qualquer estabelecimento
de ensino. Mesmo os alunos já matriculados no Ensino Médio do Colégio, para acessarem os
Cursos Técnicos, eram obrigados a concorrer nos exames de seleção aos mesmos.
Dessa forma, o ensino técnico profissionalizante praticado sob a égide do DL
2.208/96 tinha seus alunos inscritos em uma das modalidades abaixo, então denominadas:
1. Concomitância Interna, quando o aluno cursava o Ensino Médio e o Ensino
Profissionalizante nas dependências do Colégio, apresentando duas matrículas
distintas: uma para o Ensino Médio e outra para o Ensino Profissionalizante;
2. Concomitância Externa, quando o aluno praticava o ensino médio em outro
estabelecimento de ensino e o Ensino Profissionalizante nas dependências do
Colégio e;
3. Pós-Médio ou Subsequente, quando o aluno já era portador do diploma do ensino
médio, e praticava o Ensino Profissionalizante nas dependências do Colégio.
É importante salientar que as turmas do ensino profissionalizante incorporavam
alunos nas três situações.
Esta prática se estendeu do ano 2000 até o ano 2007 quando, após consulta à
Comunidade do Colégio, ficou definida a substituição da prática da modalidade Ensino
Profissionalizante em Regime de Concomitância Interna pela prática da Educação
Profissional Técnica Integrada de Nível Médio18
, com a denominação de Ensino Médio
Integrado, deixando-se então de praticar o Ensino Médio isolado. Foi mantida a Educação
Profissional Técnica para alunos estudantes de outras entidades de ensino médio, que
caracterizavam a Concomitância Externa e para aqueles já formados no ensino médio, que
caracterizavam o Subseqüente (nova denominação do Pós-Médio) e que continuou a ser
praticado com a denominação de Curso Técnico Modulado.
No ano de 2008 foram iniciadas as primeiras turmas de Ensino Médio
Integrado para os cursos técnicos de Eletrotécnica, Eletromecânica, Mecânica, Metalurgia,
Edificações e Informática.
18
O aluno matriculado no ensino médio integrado ao ensino profissionalizante deveria apresentar uma só
matricula, por se tratar de um único curso.
36
Resumindo: a partir de 2008, já sob vigência do DL 5.154/04 e atendendo suas
exigências;
deixou-se de praticar o ensino médio independente do ensino técnico;
o ensino médio passou a ser exercido integrado à Educação Profissional Técnica
de Nível Médio com a denominação de Ensino Médio Integrado, praticado em dois
turnos – manhã e tarde, com uma só matrícula; e
as práticas da Concomitância Externa e Subsequente (Pós-Médio) passaram a ser
exercidas com a denominação de Ensino Técnico Modulado, da mesma forma
como vinham sendo exercidos anteriormente, praticadas no turno noturno.
Os formandos destas turmas de ensino médio integrado são os sujeitos de nossa
pesquisa.
No início dos anos 1990 a rede federal de ensino profissionalizante estava
sendo questionada pelos altos custos de operação e distorção na composição social de seu
alunado e pelo fato de a maioria de seus concluintes optarem pelo prosseguimento dos estudos
no ensino superior (CHISTOPHE, 2005), fato que levou Lima19
, em seu “Relatório Final –
CTU-UFJF20
– Administração 89/94” (1995, p. 3), encerrando seu período na direção do
então Colégio Técnico Universitário (CTU), a apontar como problema básico a indefinição de
sua proposta pedagógica e ressaltar a gravidade da distorção de finalidade do Colégio ao
potencializar o encaminhamento de seus egressos ao 3º grau ao invés de levá-los ao mundo de
trabalho. Concluía: “É óbvio que não existe nenhuma intenção de impedir que os ex-alunos do
CTU acessem à formação de nível superior, todavia não é este o escopo principal de uma
escola técnica de 2º grau, principalmente de caráter pública”.
Esta indefinição, que persistiu ao longo dos últimos anos e, de forma
paradoxal, somente foi relativizada durante a vigência do DL 2.208/97, que lhe retirou
temporariamente o projeto pedagógico fundamental da formação técnica ao estabelecer a
coexistência do ensino médio independente (e propedêutico) com a prática da formação
técnica profissional.
Esta interessante situação não foi resolvida com a edição do também DL
5.154/04, pois este manteve a mesma estrutura e situações do decreto anterior, ocasião em que
introduziu a modalidade integrada ao ensino médio do ensino profissionalizante, tendo
19
Prof. Azelino Cesar de Lima, Diretor do Colégio Técnico Universitário da Universidade Federal de Juiz de
Fora no período de nov. 1989 até 1994. 20
O Colégio Técnico Universitário, originalmente uma escola técnica vinculada a Universidade Federal de Juiz
de Fora, com a Lei 11.892/08 passou a fazer parte da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e
Tecnológica.
37
mantido a convivência entre o ensino médio com finalidades propedêuticas e o ensino
profissionalizante.
O projeto político pedagógico original do Colégio, agora Instituto Federal,
somente voltou a ser definido com clareza após a promulgação da Lei nº 11.892, em 29 de
dezembro de 2008, que instituiu a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e
Tecnológica, vinculada ao Ministério da Educação, trazendo nova luz às práticas do Instituto.
Voltou-se assim, 15 anos depois, àquela mesma situação já apontada por Lima: orientação
pedagógica indefinida, já que pelo artigo 6º, Inciso I, da citada Lei nº 11.892, seu projeto
pedagógico fundamental, que lhe havia sido retirado pelo DL 2.208/97 e que não lhe havia
sido devolvido pelo também DL 5.154/04, foi restabelecido, na medida em que deveria
oferecer exclusivamente educação profissional e tecnológica, em todos os seus níveis e
modalidades.
Entretanto, com a reunificação dos ensinos médio e profissionalizante, para
configurar o novo Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnica de Nível Médio,
verificou-se a manutenção das possibilidades e perspectivas propedêuticas nesta modalidade
de ensino, situação evidenciada pela manutenção de diretrizes do Programa de Ingresso
Seletivo Misto da Universidade Federal de Juiz de Fora (PISM/UFJF)21
– em algumas
cadeiras que formam a base comum dos diversos cursos de formação integrada.
Decorridos dez anos, desde 1998 até 2008, ocasião do restabelecimento do
ensino médio integrado em nosso Instituto, resta a questão de saber qual será o real interesse
de nossos alunos ao procurar a educação profissional técnica integrada ao ensino médio do
Instituto Federal, o ensino profissionalizante ou o ensino médio de qualidade? Resposta
necessária para que se identifiquem os reais desejos da comunidade escolar, de forma a
impedir que a dubiedade do plano político pedagógico da escola implique novamente nas
situações acima apontadas ou para impedir que se repita o que também está nos dizeres de
Mello ([s.d], p. 6): “Quando se melhorava a educação profissional técnica a escola se tornava
propedêutica; quando se tentava introduzir a profissionalização na escola propedêutica ela se
tornava um arremedo de escola técnica.”
A observação de Mello passa a ter maior implicação ao ser observada junto
com outro instigante comentário de Castro (2009, p. 159) que afirma “não haver nada mais
profissionalizante do que uma boa formação acadêmica”.
21
Vestibular Seriado da UFJF, disponível em http://www.vestibulandoweb.com.br/vestibular-
parcelado/vestibular-pism.asp - acessado em 01/04/2010
38
4.1 RESULTADOS DA PESQUISA
A pesquisa foi realizada com alunos que constituíram as primeiras turmas do
ensino médio integrado ao ensino profissionalizante nos moldes indicados na LDB 9.394/96
revisada pelo DL 5.154/2004.
São alunos que ingressaram em 2008 nos seis cursos então oferecidos:
eletrotécnica, eletromecânica, mecânica, edificações, informática, metalurgia. Cada curso
matriculou 35 alunos, totalizando 210 ingressantes.
Desses alunos, observadas a evasão e reprovações, os concluintes de cada
curso ficaram como indicado na Tabela 522
seguinte:
A pesquisa foi realizada em duas etapas.
Na primeira etapa, por ser Coordenador do Curso de Eletrotécnica e professor
de turma concluinte do Ensino Médio Integrado, com bom trânsito junto aos alunos, foi feita
uma reunião exploratória com a turma da 3ª Série Eletrotécnica Integrado, muito produtiva,
por ser turma com ótimo espírito de equipe, pensamento independente e grande capacidade de
expressão e comunicação. As definições e afirmativas surgidas nesta reunião nos remeteram
diretamente a Elias (1994) e seu entendimento fundamental de que o indivíduo só é aquilo que
é enquanto inserido numa sociedade e num grupo social que tem história, ou seja, do homem
como sujeito e objeto de suas relações sociais.
As percepções obtidas nesta primeira etapa serviram de orientação para
22
- Exceto onde indicado de outra forma, os gráficos e tabelas deste trabalho foram elaborados pelo pesquisador
a partir de dados da pesquisa.
CURSOS TÉCNICOS INTEGRADOS
PRIMEIRAS TURMAS
CURSOS INGRESSANTES CONCLUINTES
ELETROTÉCNICA 35 27
ELETROMECÂNICA 35 25
MECÂNICA 35 22
EDIFICAÇÕES 35 28
INFORMÁTICA 35 32
METALURGIA 35 32
TOTAL 210 166
TABELA 5
Fonte: Arquivos do IF Sudeste MG - JF
39
elaboração de questionário semi-estruturado com questões de múltipla escolha,
complementadas com uma justificativa dissertativa curta. A finalidade desta justificativa à
resposta múltipla escolha baseou-se na idéia de possível verificação de consistência de
respostas, o que acabou se confirmando. Elaborado o questionário e obtida a autorização da
Direção do Instituto para sua realização, passou-se à segunda parte da pesquisa, a coleta de
dados entre os alunos das terceiras séries dos diversos cursos. O questionário foi respondido
por 60 alunos alcançando-se 36,15% da população sob análise.
4.1.1 Caracterização Socioeconômica dos Sujeitos da Pesquisa
Como primeiro tópico da avaliação em nossa pesquisa, procuramos identificar as
características sócio econômicas de nossos alunos. Mortimore et al (2008), Soares (2005),
Menezes Filho; Ribeiro (2009) indicam a influência dos vários fatores nos resultados
cognitivos (ler, escrever, contar) e não-cognitivos (comportamento, assiduidade) no resultado
da escola. Consideramos então importante avaliá-los para determinação de seu papel na
decisão de nossos sujeitos.
Gênero
Os sujeitos de nossa pesquisa são os caracterizados na Tabela 6 seguinte:
A Tabela 6 mostra que há predomínio do gênero feminino nos cursos de
Edificações (75%) e de Metalurgia (68,75%) e que nos demais cursos a freqüência que
predomina é masculina e sempre superior a 65%.
CURSOS TÉCNICOS INTEGRADOS
PRIMEIRAS TURMAS - GÊNERO
CURSOS % MASCULINO % FEMININO
ELETROTÉCNICA 70,37 29,63
ELETROMECÂNICA 76,00 24,00
MECÂNICA 68,18 31,82
EDIFICAÇÕES 25,00 75,00
INFORMÁTICA 65,63 34,38
METALURGIA 31,25 68,75
TOTAL 54,82 45,18
Fonte: Arquivos do IF Sudeste MG - JF
TABELA 6
40
Origem geográfica
A cidade de Juiz de Fora respondeu por 68,3% dos alunos, sendo que os
demais 31,7% são oriundos de cidades próximas de Juiz de Fora e mesmo de cidades de
outras unidades da federação, como Rio de Janeiro e São Paulo.
Observou-se a área de influência do Instituto como bastante abrangente, uma
vez que 10% dos alunos moram no centro da cidade, de localização próxima ao Instituto, 5%
dos alunos moram em cidades próximas a Juiz de Fora e os demais 85% encontram-se
espalhados nos mais diversos bairros locais.
A proximidade geográfica não se mostra fator primordial de escolha do
Instituto.
Autodeclaração de Cor/Raça
A autodeclaração de cor indicou predominância dos autodeclarados brancos,
havendo uma autodeclaração de origem indígena:
Composição familiar
Observou-se que 71,6% dos alunos são oriundos de famílias completas,
consideradas como tais aquelas formadas por pai e mãe vivos e vivendo juntos, 6,7% são
oriundos de famílias com pai ou mãe falecidos e 21,7% deles são de famílias cujos pais vivem
separados.
O tamanho da família mostrou-se também importante fato a ser avaliado:
prevalecem as famílias pequenas: 53,4%, se considerarmos aquelas com até dois irmãos e
90,1%, se considerarmos aquelas com até três irmãos. O Gráfico 1, ilustra a situação descrita.
TABELA 7 AUTODECLARAÇÃO DE COR / RAÇA
BRANCO
PARDO,
MESTIÇO OU
MULATO
NEGRO ÍNDIO
66,70% 18,30% 13,30% 1,70%
Ver nota 1
41
Ver nota 1
Corseil, Santos e Foguel (2001) indicam a repartição da disponibilidade
financeira e de tempo de assistência familiar como tradicionalmente dependente do porte da
família. Quanto maior a quantidade de filhos, menor a qualidade da educação proporcionada
de forma individual a cada filho.
Escolaridade dos pais
Importante informação aflorou da pesquisa sobre a escolaridade dos pais.
A escolaridade dos pais também é apontada como responsável pelo
crescimento do interesse dos jovens pelo ensino superior, uma vez que “pais mais educados
teriam mais informações sobre a importância da educação e tenderiam a atribuir maior valor
ao tempo gasto pelos filhos em atividades escolares”. (CORSEIL, SANTOS e FOGUEL,
2001, p. 4).
Ver Nota 1
Uma primeira constatação é que a baixa escolaridade dos pais, considerada
GRÁFICO 2 - Escolaridade Comparada dos pais (%)
13,38,3 10,0
55,0
0,0
8,33,3 1,7
16,7
6,7 6,7
40,0
1,7
15,011,7
1,7
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
Fund.
Incompleto
Fund.
Completo
Médio
Incompleto
Médio
Completo
Sup.
Incompleto
Sup.
Completo
Pós-
Graduação
Não
Declarou
Pais Mães
GRÁFICO 1 - Composição Familiar
11,7
41,7
36,7
3,3 5,0
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
FilhoÚnico 2 Filhos 3 Filhos 4 Filhos 5 Filhos
%
42
como aquela estendida somente até o ensino médio incompleto, mesmo sendo significativa
não é predominante, representando menos do que 33% dos casos. Entre pais, a escolaridade
dominante é o ensino médio completo. Ao se observar pais e mães, a alta escolaridade,
considerada como o ensino superior e os estudos de pós-graduação, que alcança 19,17%, é
presença significativa. Reagrupando os dados do levantamento dentro de conceitos de baixa
escolaridade – até ensino médio incompleto, de média escolaridade – ensino médio completo
até ensino superior incompleto e de alta escolaridade – ensino superior completo e pós-
graduação, obtivemos os dados do Tabela 8, que nos surpreende pela escolarização dos pais –
67,5% com média ou alta escolaridade contra 30,8% dos pais com baixa escolaridade.
Soares (2005) informa a escolaridade dos pais como um dos quatro indicadores
de posição socioeconômica e cultural enquanto Menezes-Filho e Ribeiro (2009, p.182)
indicam que a proficiência do aluno é maior quando os pais apresentam maior escolaridade,
mas é máxima quando ambos os pais apresentam o ensino médio completo.23
Renda familiar
Estendendo esta análise à renda familiar dos alunos, verificamos que 51,7%
das famílias apresentarem renda igual ou inferior a quatro salários mínimos24
, e 45%
indicaram renda familiar superior a quatro salários mínimos, e 11,7% renda familiar superior
a oito salários mínimos.
23
Sem configurar uma contradição ao exposto, afirmando que o capital escolar nunca está dissociado de uma
experiência escolar, Lahire (2004, p. 345) alerta, porém, que o papel do capital escolar depende do uso que lhe é
dado e da forma com que este capital cultural é apropriado pelos pais e transmitido aos filhos, fato que explicaria
a ausência de vínculos diretos entre graus de sucesso escolar dos filhos e graus de escolarização dos pais. Esta
perspectiva não foi considerada nesta pesquisa. 24
Considerado o valor vigente a época da coleta - R$510,00
ESCOLARIDADE DOS PAIS BAIXA
ESCOLARIDADE
MÉDIA
ESCOLARIDADE
ALTA
ESCOLARIDADE
NÃO
DECLAROU
C. INCIDÊNCIA 19 33 7 1
% 31,6 55 11,6 1,7
C. INCIDÊNCIA 18 25 16 1
% 30,1 41,7 26,7 1,7
C. INCIDÊNCIA 37 58 23 2
% 30,8 48,3 19,2 1,7
Ver nota 1
TABELA 8
MÃE
PAI
TOTAL
43
GRÁFICO 3 - Renda Familiar
3,3
15,0
36,733,3
6,75,0
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
Não
Declarou
Até 2 Sal.
Mínimos
Até 4 Sal.
Mínimos
Até 8 Sal.
Mínimos
Até 12 Sal.
Mínimos
Mais do
que 12
Sal.
Mínimos
%
Ver Nota 1
Estabelecendo relação entre as duas características socioeconômicas,
mostradas na Tabela 8A a seguir, observamos que na faixa das famílias com renda entre 2 e 8
SM mensais se concentram 81% dos casos de média escolaridade e 60,9% dos casos de alta
escolaridade verificados.
Tabela 8 A – Comparação Renda Familiar x Escolaridade do Pai e da Mãe
A partir destes dados, considerando que os casos de média escolaridade e alta
escolaridade que somam 67,5% dos pais do campo amostral, podemos entender nossos alunos
dessa modalidade de Ensino Técnico Profissionalizante como um conjunto heterogêneo,
englobando uma parcela mais pobre (15%), percebendo até 2 SM, e de menor escolaridade,
com 29,7% dos casos de baixa escolaridade e apenas 8,6% dos casos de média e alta
escolaridade, portanto associando situação de baixa escolaridade e baixa renda. Uma parcela
Ate 2
SM
Ate 4
SM
Ate 8
SM
Ate 12
SM
Mais 12
SM
Não
Declarou
Fundamental Incompleto 7 6 4 1 0 0 18
Fundamental Completo 2 5 1 1 0 0 9
Medio Incompleto 2 4 1 1 0 2 10
Medio Completo 6 24 23 1 2 1 57
Superior Incompleto 0 0 0 0 1 0 1
Superior Completo 0 3 5 4 2 0 14
Pos-Graduação 1 1 5 0 1 1 9
Não Declarou 0 1 1 0 0 0 2
18 44 40 8 6 4 120
Ver Nota 1
Total
TABELA 8A
Renda Familiar
Total
Escolaridade do
Pai e da Mãe
44
mais larga, intermediaria, em melhor situação financeira (70%), percebendo entre 2 e 8 SM,
na qual prevalecem (75,3%) situações de média e alta escolaridade e uma pequena parcela
(11,7%) com boa situação sócio econômica, percebendo mais do que 8 SM, e cuja
escolaridade se distribui nas três classes de escolaridade definidas: 8,1% dos casos de baixa
escolaridade, 13,6% dos casos de média e de alta escolaridade. Os mais pobres (15%) e os
mais ricos (11,7%) são minoria. Resumindo: os alunos apoiados por famílias com renda
situada entre 2 SM e 8 SM (81%) são os mesmos que apresentam a melhor retaguarda de
escolaridade com 75,3% dos pais indicando média ou alta escolaridade.
Profissão dos pais
A profissão dos pais e das mães dos alunos, distribuída em largo espectro de
variação dentro da amostra considerada, não possibilitou categorização e posterior
estratificação. Variou desde aquelas de maior remuneração e maior reconhecimento social até
aquelas humildes, associadas a idéia de pura subsistência.
Idade ao ingressar no Instituto
A idade à época da inscrição, em 2008, é indicada no Gráfico 4 a seguir. A
grande incidência de idades entre 14 e 15 anos, indica que os alunos estão na idade correta de
acesso ao Ensino Médio. Dois alunos indicaram ter abandonado o Ensino Médio em outra
escola para vir reiniciá-lo no Instituto Federal, situação que justifica os casos de idade mais
elevada, embora estes ainda não pudessem ser considerados como fora da faixa etária.
Ver nota 1
GRÁFICO 4 - Idade ao Ingressar no Instituto
3,3
53,3
41,7
1,7
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
Não Declarou 14 ANOS 15 ANOS 16 ANOS
%
45
Trajetória escolar
Apesar desse indicativo inicial de sucesso escolar, através do qual os alunos
indicaram haver terminado o Ensino Fundamental no tempo esperado, este ensino
fundamental foi cursado totalmente em escola pública por 63,33% dos alunos, parcialmente
em escola pública por 11,67% dos alunos e 25% dos alunos são procedentes do ensino
fundamental cursado integralmente em escolas particulares.
Ver Nota 1
Respondendo a perguntas sobre seus hábitos e atividades extra-escolares,
verificamos que nossos sujeitos são jovens que gostam mais de esportes (50%) do que de artes
(10%), mesmo que 45% deles façam alguma forma de estudo de música. Grande parcela deles
(41,7%) não estuda nenhuma língua estrangeira fora da escola.
GRÁFICO 5 - Trajetória Escolar
63,33%
25%
11,67% Totalmente no Ensino
Público
Parcialmente no Ensino
Público
No Ensino Privado
TABELA 8 B
ATIVIDADE SIM NÃONÃO
DECLAROU
ESTUDO DE LINGUAS 43,3 41,7 15,0
ESTUDO DE ARTES
(MUSICA)45,0 41,7 13,3
ESTUDO DE ESPORTES 50,0 28,3 11,7
Ver Nota 1
ATIVIDADES
EXTRA-ESCOLARES
46
Nossos sujeitos leem livros (31,7%) mais do que revistas (16,7%) ou jornais
(13,3%), veem TV e vão ao cinema e tem acesso bastante generalizado (86,7%) ao
computador e a internet.
Outro fator importante observado foi a forte integração social criada entre os
alunos, a despeito das diferenças familiares. Nas respostas à Questão 41da pesquisa: Qual é
ou foi a melhor coisa da escola? Observou-se a grande incidência de resposta do tipo “a
melhor coisa da escola foram as amizades” ou “o círculo de amizades”.
4.1.2 A Escolha da Educação Profissional Técnica Integrada de Nível Médio do IF-Sudeste
MG-JF e Sua Avaliação
A escolha é questão fundamental na educação profissional de nível médio
integrada ao ensino médio. Acusada, desde os tempos de vigência da Lei 5692/71, de
disfarçar interesse restrito ao ensino médio público de qualidade, mostrou-se imperioso
analisar os motivos que levaram os alunos a procurar o ensino oferecido pelo IF Sudeste MG
– JF, situação objetivada na questão “Por que foi decidido que você deveria estudar em curso
técnico profissionalizante?”. Observou-se que grande quantidade dos alunos manifestaram
total desconhecimento das mudanças introduzidas no currículo e no projeto político
pedagógico da escola, situação tornada pública no Edital de Abertura do Exame de Seleção25
e nos meios de comunicação, e as respostas, de alguma forma, confirmaram a expectativa.
25
Anexo 1- Edital de Abertura do Exame de Seleção
ATIVIDADE SEMPRE AS VEZES NUNCA
LEITURA LIVROS 31,7 56,7 11,7
LEITURA REVISTAS 16,7 76,7 5,0
LEITURA JORNAIS 13,3 70,0 16,7
ASSISTÊNCIA À TV 45,0 51,7 3,3
IR AO CINEMA 26,7 70,0 46,7
PRÁTICA RELIGIOSA 23,3 30,0 46,7
ACESSO AO
COMPUTADOR E WEB86,7 13,3 0,0
Ver Nota 1
TABELA 8 C HÁBITOS PESSOAIS
47
Desde 1998, em obediência a LDB 9.394/96, DL 2.208/97 e Portaria MEC
686/97, o então Colégio Técnico Universitário (CTU) vinha operando o ensino médio e o
ensino técnico profissionalizante de forma articulada, porém independentes entre si, tendo seu
ensino médio, com finalidades propedêuticas, deixado uma trajetória de sucessos no
imaginário estudantil, com altos índices de aprovação de seus alunos nos processos seletivos
para a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e outras IFES e IES. Esta tradição tinha
sua origem desde os tempos de ensino técnico equivalente ao ensino médio, previsto na Lei
5.692/71, quando seus alunos já apresentavam uma elevada taxa de aprovação nos exames de
ingresso às diversas entidades de ensino superior públicas.
A decisão de alterar as modalidades do ensino médio então praticado para
ensino médio integrado à educação profissional técnica integrada de nível médio, de forma a
trazer reflexos favoráveis diretos no financiamento do Colégio, foi efetivada em 2007, para
implementação já em 2008, em Reunião de Congregação26
da Unidade Acadêmica após
consulta à comunidade escolar. Apesar do fato haver sido amplamente divulgado nos meios
de comunicação local, esta divulgação não foi suficiente para muitos pais e alunos atentassem
para o significado prático da nova situação.
Muitos alunos e pais não sabiam o significado da expressão “Educação
Profissional Técnica Integrada de Nível Médio” indicada no Edital do exame de seleção,
situação agravada pelo fato de no mesmo edital ainda haver convocação para seleção de
algumas séries de ensino médio.
Houve grande incidência de respostas tais como – “O colégio só oferecia o
Ensino Médio Integrado (18,3%)”, “Não sabia que o curso era integrado (10%)”. Alguns
alegaram “que só queria o Ensino Médio e não o Ensino Técnico”, “que aderiu por que o
CTU sempre tinha sido um bom Colégio”, “que não queria o fazer o curso profissionalizante”
e que “queria mesmo era um Ensino Médio de qualidade, grátis”. Cada uma dessas quatro
respostas teve incidência de 1,7%. Ao mesmo tempo, 46,7% dos alunos informaram “que
tinham interesse no Ensino Profissionalizante”, “para poder entrar logo no mercado de
trabalho”, “para sair do Ensino Médio com alguma formação profissional”, uma vez “que com
tal formação teriam maiores oportunidades de emprego”, e que esta formação “oferecia uma
boa oportunidade de carreira”, inclusive “para se ter uma profissão no caso de não poder
cursar o ensino superior”.
Houve quem apontasse que o curso de educação profissional técnica integrada
26
Órgão deliberativo máximo da então Unidade Acadêmica, conforme Estatuto da UFJF.
48
de nível médio do IF Sudeste MG não deveria dar tanta atenção ao ensino profissionalizante e
que o ensino profissionalizante estava atrapalhando a preparação para o vestibular. Em duas
ocasiões chegaram a afirmar que o ensino profissionalizante estava tirando a qualidade do
ensino médio praticado na instituição e que era necessário o urgente retorno à prática do
ensino médio tradicional (exclusivamente propedêutico).
Apesar desta queixa soar estranha, de alguma forma, ela não estava, na íntegra,
desprovida de razão.
Ao questionar sobre quem teria tomado a decisão de escolher o Ensino Médio
Integrado no Instituto, Questão 23 do Instrumento de Pesquisa, 75% dos alunos informaram
que esta decisão teria sido sua, os demais 25% informaram que esta decisão teria sido tomada
pelos responsáveis, em conjunto ou não com eles.
A análise dos motivos da escolha pelo ensino do IF Sudeste MG trouxe a tona
situações do Decreto Lei 2.208/97 que não foram alteradas pela edição do DL 5.154/04 e sua
adoção pelo currículo do Instituto Federal, de 1998 até 2007, quando o colégio acolhia alunos
para o Ensino Médio, tanto na modalidade Ensino Médio propedêutico, quanto na modalidade
Ensino Médio articulado ao Ensino Técnico Profissionalizante, na forma da Educação
Concomitante. O Gráfico 6 mostra a incidência das diversas aspirações.
Ao serem questionados sobre o interesse que os havia levado ao IF Sudeste de
Minas (Questão 24), Campus Juiz de Fora, 88,3% dos alunos se manifestaram interessados no
ensino médio oferecido pela Escola, porém, desses, somente a parcela de 53,3% manifestou
interesse simultâneo no ensino médio e no ensino técnico profissionalizante, enquanto outra
parcela de 35% manifestou que somente tinha interesse no ensino médio. Para esclarecer este
desdobramento, é importante observar que, pelo Edital, somente foi oferecido a estes alunos o
ensino médio integrado à educação profissional técnica, perfazendo um único objetivo
educacional. O desdobramento desses objetivos foi definição assumida pelos alunos e
manifestada nas respostas ao questionário.
49
De uma outra forma, estavam dizendo como viam o colégio, que apesar de já
estar operando nos termos do DL 5.154/04, com o ensino médio integrado ao ensino
profissionalizante perfazendo um só curso, 35% dos alunos ainda estavam enxergando (ou
desejando) o colégio como operando nos moldes do DL 2.208/97, disponibilizando o ensino
médio de qualidade, com finalidades estritamente propedêuticas, totalmente independente do
ensino profissionalizante de nível médio.
A indicação de opção pelo ensino profissionalizante por parte de 53% dos
inscritos confirma a existência de alunos oriundos de escola pública interessados no ensino
profissionalizante, fato anotado em 35,5% por Sparta e Gomes (2005) na Tabela 2,
apresentada na página 2 deste documento. A diferença entre os valores indicados talvez possa
ser creditada ao fato de o Instituto se tratar de unidade especializada no ensino técnico
profissionalizante, portanto com maior apelo neste sentido.
Indagou-se por meio de questão de múltipla escolha, seguida de justificativa,
como os alunos haviam qualificado a escolha do exercício do Ensino Médio Integrado ao
Ensino Técnico Profissionalizante (Questão 31 do Instrumento de Pesquisa). As respostas do
Gráfico 7 confirmaram a leitura do parágrafo anterior, pois para 38,3% dos alunos a escolha
deve ter parecido má ou péssima idéia, talvez para aqueles que desde o início haviam
escolhido o Instituto Federal pelo seu histórico de sucesso no ensino médio propedêutico.
Observa-se a partir de leitura do Gráfico 7 uma situação de aceitação de 50% e
uma situação de desagrado de 38,3% ao considerá-lo “Má idéia” e “Péssima Idéia”. 11,7%
dos entrevistados se manifestaram “Indiferentes”.
GRÁFICO 6 - Motivos que levaram a cursar o
Ensino Técnico Profissionalizante
53,3
35,0
10,01,7
,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
Tinham
interesse no
ETP
Tinham
interesse no EM
de qualidade,
gratuito
Não informou ou
não soube
justificar
Outros
%
Ver Nota 1Legenda
ETP - Ensino Técnico Profissionalizante Integrado
EM - Ensino Médio
50
Avaliando as justificativas da resposta anterior, elas foram agrupadas em
quatro categorias principais, de acordo com o sentido atribuído pelos sujeitos, como se pode
observar no Gráfico 7a. Estas justificativas mostram dados que vão além da opção da múltipla
escolha. As opiniões se fragmentaram de forma intensa e 29,5% se abstiveram de opinar.
Houve variadas manifestações de restrição à profissionalização. De “atrapalhou a preparação
para o vestibular (6,7%)”, passando pelo “perdeu-se a qualidade do ensino médio (3,3%)” até
chegar a declarações como “forma mão de obra barata”, “apertador de parafusos” até
finalizar em um franco “odeio o curso”. Houve também manifestações favoráveis à
profissionalização, desde uma ponderada “esta avaliação depende da intenção do aluno (5%)”,
passando por um “gostei do curso” e por um otimista “você começa com um diferencial
favorável (3,4%)” até um prático “é uma forma de sair da escola empregado”.
A dificuldade apontada foi a grande carga escolar imposta pelo sistema – a
junção ensino médio propedêutico, com no mínimo de 2400 horas (400 horas por semestre) e
o ensino profissionalizante de área industrial, mínimo 1200 horas com grande concentração
GRÁFICO 7a - Avaliação da idéia de cursar o Ensino
Médio Integrado ao Ensino Técnico Profissionalizante
18,6
10,2
37,333,9
,05,0
10,015,020,025,030,035,040,0
Foi uma boa
escolha
Em termos,
depende da
intenção do
aluno
Foi uma má
escolha, tira o
foco de quem
quer o
vestibular
Outras ou não
declarou
%
GRÁFICO 7 - Avaliação da idéia de cursar o
Ensino Médio Integrado ao Ensino Técnico
Profissionalizante
15,0
35,0
11,7
18,3 20,0
,05,0
10,015,020,025,030,035,040,0
Otima Ideia Boa Ideia Indiferente Ma Ideia Pessima
Ideia
%
Ver Nota 1
Ver Nota 1
51
nas 2ª e 3ª séries (aproximadas 300 horas por semestre). Declarações como “não dá tempo
para se dedicar aos dois (3,4%)”, “prático, porém muito cansativo” culminam por indicar que
dessa forma “não cumpre bem nenhum dos dois papeis”.
O Gráfico 8 apresenta a incidência das respostas à questão “Como você
classifica seu relacionamento com o ensino médio integrado a formação profissional que você
está concluindo?”. Também a resposta a esta questão teve que ser justificada. Estas respostas
serão avaliadas no Gráfico 8a.
Convém observar que no Gráfico 8, o percentual de alunos com respostas não
favoráveis ao Ensino Médio Integrado ao Ensino Técnico Profissionalizante alcançou 51,7%,
ao passo que o percentual de respostas explicitamente favoráveis alcançou 46,7%27
.
Após grupar as respostas abertas, no Gráfico 8a observamos que 74,1% dos
27
As alternativas “Apenas suportei” e “Mal vejo a hora de terminar” foram expressões cunhadas pelos alunos na
fase exploratória da pesquisa.
GRÁFICO 8a - Avaliação do Ensino Médio Integrado
ao Ensino Técnico Profissionalizante
19
6,9
74,1
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Valeu a pena Foi sofrido, mas valeu
a pena
Não valeu a pena,
atrapalhou o vestibular
%
GRÁFICO 8 - Avaliação do Ensino Médio Integrado
ao Ensino Técnico Profissionalizante
10,06,7
30,025,0
6,7
20,0
1,7
0,05,0
10,015,020,025,030,035,0
Gostei
Muito
Foi
Melhor do
que eu
esperava
Gostei Apenas
Suportei
Não
Gostei
Mal vejo a
hora de
terminar
Não
Declarou
%
Ver Nota 1
52
alunos declararam que o ensino médio profissionalizante atrapalhou o vestibular. Somente
25,9% dos alunos aprovaram o curso profissionalizante. Cabe lembrar que no Gráfico 6,
53,3% dos entrevistados manifestaram interesse no Ensino Técnico Profissionalizante.
Como pode ser verificado no Gráfico 8a, esta aprovação, mesmo com as
restrições ao esforço despendido, aumenta para, no máximo, 25,9%, enquanto 74,1%
reclamam que este esforço atrapalhou o esforço de preparação para o vestibular.
Configurando situação a ser devidamente avaliada, alunos que de início se
manifestaram interessados no curso técnico, por ocasião do fim do curso, manifestam-se
também altamente interessados no exame vestibular, ao ponto de considerar o ensino técnico
profissionalizante como um problema.
Percebe-se uma clara movimentação de interesses no sentido de preferência
por ensino superior. Há um grupo de 25,9% de alunos que persiste no intento do ensino
profissionalizante, mas, ao chegarem na 3ª série, 74,1% passam a querer o vestibular.
A indicação de interesse nos exames vestibulares por parte de 74,1% dos
inscritos confirma a opção preferencial pelo ensino superior também entre os alunos oriundos
de escola pública, fato anotado por Sparta e Gomes (2005) na Tabela 2, levando a crer que o
fato de o Instituto ser unidade especializada no ensino técnico profissionalizante pouco afetou
as escolhas dos concluintes. Os citados autores em seu estudo sintetizado na referida tabela,
indicam 95,4% dos alunos das escolas particulares apontando como sua meta principal os
exames vestibulares ao ensino superior, enquanto 77% dos alunos das escolas públicas
manifestam o mesmo anseio.
Da mesma forma que as respostas da Questão 31 (Como você classifica a escolha pelo
ensino médio integrado ao ensino profissionalizante ao invés do ensino médio tradicional?), as
respostas da Questão 32 (Como você classifica seu relacionamento com o ensino médio
integrado à formação profissional que você está concluindo?) também apresentaram um grande
índice de abstenção de comentários (26,7%), com as demais observações se dispersando em
largo leque de opções. Outro grande índice de convergência foi quanto ao desgaste causado
pelo curso (19,8%) – “muito desgastante”, “grande carga horária prejudicou o ensino médio e o
ensino técnico profissionalizante”, “foi proveitoso, mas foi muito cansativo” e “apesar de
desgastante abre portas no mercado de trabalho” foram observações presentes.
Surgiram críticas inesperadas – “Não foi voltado nem para o técnico nem para
o médio”, “o ensino técnico profissionalizante ficou prejudicado”, “ampliou oportunidades de
aprendizado” e até “alunos desinteressados baixam o nível do curso”.
Estas manifestações sinalizam para a possível divisão de interesses dentro do
53
grupo pesquisado, indicando a possibilidade de existência de alunos que aspiram acesso ao
ensino superior e observam o ensino propedêutico como fundamental e indispensável e
também a existência de grupo de alunos interessados no ensino técnico profissionalizante que,
da mesma forma, consideram como fundamental e indispensável o ensino das cadeiras do
profissionalizante.
4.1.3 Analisando o Componente “Ensino Médio (Propedêutico)” do Ensino Médio Integrado à
Educação Profissional Técnica
Para lançar luz sobre os fatos observados, foram feitas perguntas para
avaliação independente do ensino médio e do ensino profissionalizante, sempre com questões
de múltipla escolha seguidas de justificativa, que foram agrupadas de acordo com as
categorias observadas.
O Gráfico 9 apresenta a frequência das respostas à Questão 33 do Instrumento
de Pesquisa: como você avalia o ensino médio recebido no Instituto? Questão que foi
complementada pela solicitação de uma justificativa. Observa-se o nível de rejeição de 20%
expresso pelo “Fraco” e “Muito Fraco” e o de aceitação de 36,7% expresso pelo “Excelente”
e “Muito Bom”, sendo que a maioria dos respondentes, 41,7%, o classificou de “Regular”.
As justificativas foram categorizadas e demonstradas no Gráfico 9a, no qual a
aprovação permaneceu em 35%, muito próxima dos 36,7%, indicada no Gráfico 9.
Informação nova, a categoria “Não Gostaram” alcançou 35% contra 20% de “Fraco” e “Muito
Fraco” do Gráfico 9. Como nas avaliações anteriores, foi alto (30%) o número de
respondentes que se abstiveram de comentar.
Os comentários acerca do ensino médio praticado no Instituto, da mesma
forma que os comentários apresentados para as questões anteriores, variaram de um extremo a
outro. Ao lado das críticas “Alguns conteúdos deixaram a desejar” e “Prepara pouco para o
ensino superior” surgiram elogios “Melhor que das demais escolas públicas ou privadas” e “A
maioria dos professores são muito bons”. As críticas se referiram de forma mais direta à
estrutura do curso “Foca demais no ensino técnico”, “Por causa do técnico, o nível do médio
foi diminuído”, “Carga horária pesada atrapalha o ensino técnico profissionalizante e o ensino
médio”.
54
Concluída esta avaliação do ensino médio, procedeu-se da mesma forma para a
avaliação do Ensino Técnico Profissionalizante oferecido pelo Instituto. Suas respostas estão
sintetizadas na próxima seção.
4.1.4 Analisando o Componente “Ensino Profissionalizante” do Ensino Médio Integrado à
Educação Profissional Técnica.
Prosseguindo na análise das respostas às questões fechadas do questionário, no
Gráfico 10 apresentamos a avaliação do Ensino Técnico Profissionalizante, obtida a partir da
Questão 34: “Como você avalia o ensino técnico profissionalizante recebido no Instituto?”.
Da mesma forma que as questões anteriores, a escolha deveria ser seguida de uma
justificativa.
GRÁFICO 9 - Avaliação do Ensino Médio
Recebido no Instituto
5,0
31,7
41,7
13,3
6,71,7
0,05,0
10,0
15,020,025,030,0
35,040,045,0
Excelente Muito
Bom
Regular Fraco Muito
Fraco
Não
Declarou
%
GRÁFICO 9a - Avaliação do Ensino Médio
Recebido no Instituto
13,3
21,7
35,030,0
0,05,0
10,015,020,025,030,035,040,0
Gostaram Gostaram, mas
Apontaram
Restrições
Não Gostaram Não
Comentaram
%
Ver Nota 1
Ver Nota 1
55
Novamente os índices de avaliação positiva suplantam os índices da negativa.
Podemos considerar favorável o índice de aprovação 41,7%. Considerando o
“Regular” como central da escala, observa-se que “Muito Bom” (35%), suplanta o “Fraco”
(11,7%), o “Muito Fraco” (6,7%) e o “Péssimo” (1,7%).
O Gráfico 10a apresenta a incidência das justificativas. Neste Gráfico 10a
confirmaram-se os índices de avaliações positivas e negativas indicados no gráfico 10.
Os índices de “Excelente” e “Bom”, 41,7% do Gráfico 10, de forma
consistente, sinalizam concordância com aqueles de “Gostaram” e “Gostaram com
Restrições” 47,76% do Gráfico 10a. Da mesma forma o “Fraco” e o “Muito Fraco” do
Gráfico 10, com 18,4%, se fazem representar nos 18,64% dos “Não Gostaram” do Gráfico
10a. De novo se mostra alto (33,9%) o nível de respondentes que se abstém de qualquer
comentário.
As respostas apresentadas indicaram críticas do tipo “Carga horária excessiva”
GRÁFICO 10- Avaliação do Ensino Técnico
Profissionalizante Recebido no Instituto
6,7
35,038,3
11,7
6,71,7
0,05,0
10,0
15,020,025,030,0
35,040,045,0
Excelente Muito
Bom
Regular Fraco Muito
Fraco
Péssimo
%
GRÁFICO 10a - Avaliação do Ensino Técnico
Profissionalizante Recebido no Instituto
16,95
30,51
18,64
33,90
0,005,00
10,0015,0020,0025,0030,0035,0040,00
Gostaram Gostaram, mas
Apontaram
Restrições
Não Gostaram Não
Comentaram
%
Ver Nota 1
Ver Nota 1
56
(6,8%), “Professores descomprometidos, falta de laboratórios e visitas técnicas” (5,1%),
“Tudo muito corrido”, porém, também apresentaram elogios: “O curso é muito completo”, “A
maior parte dos conteúdos foi dada com êxito” e “Melhor do que as demais escolas
semelhantes”.
Persistiram as críticas de caráter estrutural, “Carga horária excessiva” (6,8%),
“Foi necessário dividir a atenção entre o ensino médio e o ensino técnico profissionalizante”
e “Alta carga horária reduz rendimento”.
Para melhor entendimento dos dados levantados nestes blocos de análise, dos
índices de avaliação positiva ou negativa por modalidades de ensino, inclusive compreensão
dos altos níveis de abstenção às justificativas solicitadas, bem como das críticas a elas
emitidas, julgamos elucidador fazer uma comparação de contraste entre as respostas às
questões fechadas e respostas abertas categorizadas apresentadas para ambas as atividades,
mostradas nos Gráficos 11 e 11a a seguir.
Partindo deste princípio, observamos o percentual de respondentes que se
manifestaram favoravelmente nos Gráficos 8, 9 e 10 se mostrar coerente com o percentual de
aprovação dos gráficos 8a, 9a e 10a. Da mesma forma, o percentual de respondentes que se
manifestou não favorável também se manifestou coerente com o percentual de respondentes
nos Gráficos citados.
O Gráfico 11 compara índices dos Gráficos 9 e 10, respostas às questões
múltipla escolha, enquanto o Gráfico 11a compara os índices dos Gráficos 9a e 10a, respostas
justificativas às mesmas questões anteriores. Observemos os resultados.
Nesta montagem, pode-se observar o nível de aceitação semelhante para as
duas atividades, o ensino médio e a educação profissionalizante.
É interessante observar que não se trata de simples divisão nas turmas. As
questões e respostas não eram excludentes. Cada aluno respondeu duas questões tipo múltipla
escolha, uma questão avaliando o ensino médio e outra questão avaliando o ensino técnico.
Os alunos de forma geral enxergaram méritos e restrições em ambas as finalidades. Observa-
se a avaliação favorável recebida por ambos os componentes do ensino. Considerando a
avaliação “Regular” como central, há mais classificações “Muito Bom” (33,3%) do que
“Fraco” (12,5%) ou “Muito Fraco”.
57
Observemos agora o Gráfico 11a, que considera as justificativas às mesmas
questões.
Observando valores absolutos, percebe-se que apesar de 74% dos alunos se
manifestarem indicando que o ensino profissionalizante era um problema para a preparação
para o vestibular, este mesmo ensino técnico profissionalizante tem aceitação maior e menos
restrições do que o ensino médio.
Nas Tabelas 9 e 10 a seguir, comparamos os índices de avaliação negativa e
positiva expressas nos Gráficos 11 e 11a:
Ver Nota 1
Ver Nota 1
GRÁFICO 11 - Avaliação do Ensino Médio e Ensino
Técnico Profissionalizante Recebidos do Instituto
5,0
31,7
41,7
13,36,7
1,76,7
35,038,3
11,76,7
1,7
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
%
EM 5,0 31,7 41,7 13,3 6,7 1,7
ETP 6,7 35,0 38,3 11,7 6,7 1,7
Excelente Muito Bom Regular Fraco Muito Fraco Péssimo
GRÁFICO 11a - Avaliação do Ensino Médio e Ensino
Técnico Profissionalizante Recebidos do Instituto
13,3
21,7
3530
16,95
30,51
18,64
33,9
0
10
20
30
40
%
EM 13,3 21,7 35 30
ETP 16,95 30,51 18,64 33,9
Gostaram Gostaram com
RestriçõesNão Gostaram Não Comentaram
58
Observa-se a preponderância de restrição ao ensino médio, 35% de “Não
Gostaram”, que se manifesta ao se considerar as justificativas agrupadas. A dúvida que se
manifesta é: Se o ensino profissionalizante era problema para a boa preparação para o
vestibular, por que o desagrado maior com o ensino médio e não com o ensino
profissionalizante?
A partir desta constatação optamos também por passar a analisar os resultados
a partir de comparação dos resultados das avaliações positivas e negativas.
4.1.5 A Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrada do IF SudesteMG-Jf e as
Metas dos Alunos
Antes de comentar o próximo gráfico, é interessante analisar ainda dois dados
adicionais obtidos dos questionários: o primeiro deles é que 100 % dos alunos constantes da
amostra, ou seja, todos os alunos da amostra, ao responderem as Questões 38 (Você pretende
fazer algum curso superior universitário?) e 45 (Você prestou exame de ENEM 2010?),
indicaram que irão prestar exames vestibulares em alguma modalidade de ensino superior,
assim como 95% deles já se submeteram ao exame do ENEM/2010, objetivando suas
TABELA 9 Avaliações negativas
Gráfico 11 Fraco + Muito Fraco
Ensino Médio 20,0%
Ensino Tec. Profissionalizante 18,4%
Gráfico 11a Não Gostaram
Ensino Médio 35,0%
Ensino Tec. Profissionalizante 18,6%
Ver Nota 1
TABELA 10 Avaliações positivas
Gráfico 11 Excelente + Muito bom
Ensino Médio 36,7%
Ensino Tec. Profissionalizante 41,7%
Gráfico 11a Gostaram + Gost. C/ Restrições
Ensino Médio 35,0%
Ensino Tec. Profissionalizante 47,5%
Ver Nota 1
59
escolhas de forma inquestionável. Há manifesto interesse pelo ensino de nível superior entre
os alunos concluintes do ensino profissionalizante no IF Sudeste MG-JF
Analisando o Gráfico 12, observamos a natureza dos cursos superiores
pretendidos pelos nossos alunos. O gráfico demonstra que 60% dos alunos pretendem curso
superior em exatas – engenharias e campos da informática e os demais 40% se dividem entre
as áreas de saúde e humanas.
A configuração dessa situação lançou mais luz sobre os conflitos identificados
no exame das Tabelas 9 e 10. A partir das declarações de interesses no ensino superior, dá
para identificar a existência de dois grupos de alunos, bem distintos e definidos, bem cientes
de seus interesses, um voltado estritamente ao ensino propedêutico e outro voltado também ao
ensino profissionalizante.
O grupo voltado ao ensino profissionalizante, por características próprias,
também poderá ser dividido em dois grupos não muito distintos entre si, identificados como
os que estão interessados na atividade de técnico industrial e aqueles interessados na atividade
profissional universitária da área técnica.
A partir deste fato, consideramos a possibilidade de que os alunos interessados
nos vestibulares das áreas de saúde e de humanas, de alguma forma, sempre questionem o
currículo do ensino médio profissionalizante não voltado para sua área, pleiteando um ensino
propedêutico “puro”, voltado de forma prioritária para o vestibular de seu interesse. Quanto
aos alunos interessados no ensino profissionalizante, conforme já descrito, também estão
interessados nos exames vestibulares da área de exatas, formando um grupo de interessados
tanto num bom ensino propedêutico quanto num bom ensino profissionalizante, e que, quando
GRÁFICO 12 - Áreas Pretendidas na Educação Superior
60,0
15,0
23,3
1,7
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
Exatas Saude Humanas Não Declarou
%
Ver Nota 1
60
questionados, manifestam-se observando duplo interesse – fazem com afinco o ensino técnico
e também fazem com o mesmo afinco o ensino voltado para o vestibular. Este grupo
manifesta-se com alguma dubiedade quando a questão atinge qualquer dos dois interesses,
talvez sendo o fato que dá origem ao verificado alto índice de abstenções às justificativas.
Talvez não queiram com suas críticas atacar o curso propedêutico e tampouco o curso
profissionalizante. Nas respostas ao questionário são muitas as manifestações do tipo “gostei
da carreira, vou continuar no curso superior”, “me interessei ainda mais pela área”, “Conheci
a minha profissão”, “Ajuda a amadurecer a escolha da profissão”, finalizando com “Aumenta
a oportunidade e define o campo de trabalho”.
O grupo voltado de forma exclusiva ao vestibular sempre criticará o ensino
médio profissionalizante que, segundo eles, não atende suas necessidades. Dois dados
adicionais obtidos a partir do levantamento, permitirão entender melhor a situação de conflito
latente anteriormente comentada.
Na resposta à Questão 39 da pesquisa: se o aluno acredita na existência de
alguma boa carreira profissional, passível de ser exercida sem a necessidade de alguma forma
de graduação, 76,7% dos alunos manifestaram sua convicção na existência de carreiras com
estas características, ou seja, parte significativa dos alunos enfrenta o vestibular de alguma
forma consciente que, caso não sejam nele bem sucedidos, sempre haverá outros caminhos
que não aqueles que obrigatoriamente passam pelas universidades. Situação semelhante à
observada por Bock (2008, p. 145/146) ao analisar a escolha profissional de sujeitos de baixa
renda egressos do ensino médio.
Os jovens escolhem profissões que não são consideradas as mais
prestigiadas nos tempos atuais. Não creditamos o fato à percepção de maior
dificuldade de ingresso nesses cursos, pois é pequeno o conhecimento que
detêm a respeito da cultura do vestibular. Talvez se deva atribuir ao
distanciamento social que têm em relação a essas carreiras, e ao fato de que
escolhem dentre as profissões que estão em seu universo vivencial. [...]
Como diz uma jovem, “um dia vou conseguir passar no vestibular”. Na fala
não aparece ansiedade. O projeto de um curso superior constitui uma
possibilidade, mas não ameaça a continuidade de sua vida como a classe
média acredita acontecer.
Estes alunos configuram a situação do aluno “concreto”, apontada por Saviani
(2008, p.143), na qual
o que é do interesse do aluno concreto diz respeito às condições em que ele
se encontra e que ele não escolheu. [...] A sua criatividade vai expressar-se
na formas como ela assimila essas relações e as transforma.
61
Os alunos, de forma objetiva, se apropriam de uma situação não criada por eles
para definir, da melhor forma possível, a utilização de um bom curso: o prolongamento dos
estudos.
O ensino profissionalizante, nessas condições, passa a ser um trunfo de reserva
enquanto ele se arrisca, sem receio, em empreitada maior, com altas chances de vitória e sem
risco de perdas, pois esta não era, se presume, sua meta original,
Um outro dado confirma esta inferência. O Gráfico 13, no qual foram
enumerados os planos do aluno para depois do vestibular, resposta à Questão 47 da pesquisa,
sobre seus planos para o próximo ano (2011), observa-se que exceto na terceira coluna, todas
as demais expressam trajetos que envolvem estágio, ou seja grande parte dos egressos têm por
meta, se não exercer a profissão de técnico industrial, pelo menos obter seu diploma. A figura
do estágio, sendo curricular obrigatório, assumiu caráter sinalizador de opções, pois somente
após sua conclusão o aluno obterá seu diploma de técnico de nível médio.
De outra forma: ao término da educação profissional técnica de nível médio, é
disponibilizado um diploma de profissionalização que dependerá apenas da conclusão de um
estágio para ingresso no mundo do trabalho. É disponibilizado também um diploma de ensino
médio junto com a chance de prolongamento dos estudos no ensino superior, numa carreira
socialmente mais valorizada.
Observa-se na primeira coluna, 11,7% dos sujeitos pesquisados, não
consideram o exame vestibular / ensino superior como alternativa fundamental em seu projeto
de vida.
Já na terceira coluna, 21,7% dos alunos ao desconsiderar a figura do estágio
GRÁFICO 13 - Planos dos alunos concluintes para 2011
11,7 10,0
21,7
48,3
5,0,0 1,7 1,7
,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
Estagiar,
depois
trabalhar
Estagiar e
fazer
cursinho
Se entrar
na
faculdade,
so estudar
Se entrar
na fac,
estudar e
estagiar
Se nao
entrar fac,
estagiar e
depois
trabalhar
Se nao
entrar fac,
só
estagiar
Se nao
entrar fac,
fazer
cursinho e
estagio
Outros
%
Ver Nota 1
62
rejeitam o Ensino Técnico Profissionalizante. Observe-se a consistência deste valor presente
nos diversos momentos da pesquisa.
Todos os demais 65% dos alunos admitem a possibilidade de estagiar.
É importante ressaltar que uma das variáveis apresentadas para escolha dos
alunos no questionário, expressa na sexta coluna do Gráfico 13, foi a possibilidade de, no caso
de não aprovação no exame vestibular, só fazer cursinho preparatório, opção que não foi
marcada por qualquer aluno. Ou seja, podemos entender que os alunos consideram o resultado
do vestibular importante, mas é observado como uma das alternativas existentes e não a única
alternativa existente.
4.1.6 Os Professores da Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrada do IF
Sudeste MG-JF e as Metas dos Alunos
Outro ponto interessante que aflorou na análise foi a forma como os
professores do ensino médio e do ensino técnico profissionalizante são vistos pelo alunado, a
partir da compreensão de dois focos principais: a preparação para o vestibular e a
profissionalização técnica.
No questionário foram apresentadas questões sobre a atuação dos professores,
seu preparo, sua atuação e sua capacidade de estímulo nos objetivos de preparação para o
vestibular e para a profissionalização técnica.
Nota-se que mais uma vez prevaleceu a desinformação por parte dos alunos
quanto à oficial finalidade do Instituto. Da mesma forma como os projetos dos cursos foram
criticados por incorporarem o ensino profissionalizante, nas respostas à pesquisa, os
professores foram avaliados de forma favorável ou não por grupos de alunos por focarem e
por não focarem seus programas no exame vestibular da UFJF.
O resultado apresentou os grupos de professores, tanto do ensino médio como
do ensino profissionalizante, com avaliações bastante semelhantes, conforme pode ser
observado nos Gráficos 14, 15, 16 e 17 a seguir.
63
O Gráfico 14 mostra avaliação favorável desses professores no atendimento a
formação do Ensino Médio e do Ensino Técnico Profissionalizante. Observe-se que os
comentários desenvolvidos na seção anterior transparecem tanto no índice de aceitação como
no índice de restrição, cujas respostas sempre incluem referências ao vestibular.
Quanto aos elevados índices de avaliação desfavorável, qualquer que seja a
finalidade de ensino observada, mais uma vez parecem envolver o desconhecimento do
currículo e do plano político pedagógico institucional da unidade de ensino, definido pela Lei
9.394/96, revisado e consolidado pelo inc. I do art. 7º da Lei 11.892 de 29/12/2008, que criou
a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, vinculada ao Ministério
da Educação, senão vejamos:
Seção II
Das Finalidades e Características dos Institutos Federais
Art. 6º - Os Institutos Federais têm por finalidades e características:
I – Ofertar educação profissional e tecnológica, em todos os níveis e
modalidades, formando e qualificando cidadãos com vistas a atuação
profissional nos diversos setores da economia, com ênfase no
desenvolvimento socioeconômico local, regional e nacional; [...]
Seção III
Dos Objetivos dos Institutos Federais
Art. 7º - Observadas as finalidades e características definidas no Art. 6º
desta Lei, são objetivos dos Institutos Federais:
I – ministrar educação profissional técnica de nível médio, prioritariamente
na forma de cursos integrados, para os concluintes do ensino fundamental e
para o público da educação de jovens e adultos.(BRASIL, 2008, p. 3/4 )
Os Gráficos 15 e 16, avaliando o foco e o empenho dos professores no
atendimento a formação do Ensino Médio e do Ensino Técnico Profissionalizante, mostram
altos índices de avaliações favoráveis e desfavoráveis, configurando a existência de dois
GRÁFICO 14 - Os professores estão preparados
para atender os objetivos do curso?
60
11,7
28,3
53,3
15
31,7
0
10
20
30
40
50
60
70
sim em termos não
%
ensino profissionalizante ensino médio
Ver Nota 1
64
grupos de alunos com interesses distintos, que apresentam forte polarização na aceitação ou
não aceitação das práticas docentes. Condição em que transferem aos professores a
responsabilidade de suas restrições ao currículo institucional. Aparentemente, são reflexos da
situação já avaliada em seções anteriores. A diferença de intensidade da restrição pode ser
atribuída a natureza da atividade de ensino avaliada.
Criticar empenho e foco de professores é bem mais fácil do que criticar os
conhecimentos dos mesmos. É conveniente ressaltar que a origem do problema não está
localizada no conhecimento dos professores. O colégio apresenta bons professores, fato
comprovado e reconhecido pelos seus resultados. O que transparece na pesquisa é o
questionamento sobre o foco e o empenho do professor para alcançar objetivos, no caso
priorizados sob duas perspectivas conflitantes: a formação profissional e a preparação para o
vestibular.
Ao comentar os Gráficos 15 e 16, estas situações afloram nos índices
Ver Nota 1
GRÁFICO 15 - Os professores são focados nos
objetivos do curso?
55
10
35
44,1
11,8
44,1
0
10
20
30
40
50
60
sim em termos não
%
ensino profissionalizante ensino médio
GRÁFICO 16 - Os professores estão
empenhados nos objetivos do curso?
43,3
18,4
38,343,3
22,7
34
0
10
20
30
40
50
sim em termos não
%
ensino profissionalizante ensino médio
Ver Nota 1
65
praticamente iguais de avaliações positivas e negativas. Salienta-se no Gráfico 15, o mesmo
índice de 44,1% de aceitação e restrição para os professores do ensino médio no quesito
“Foco no Objetivo”.
Nossa avaliação será encerrada pela análise do Gráfico 17, que trouxe
informações conclusivas para nossa pesquisa.
A partir do Gráfico 17 vamos observar que para ambos os blocos de
professores, do ensino médio e do ensino profissionalizante, o índice de restrição a esta
habilidade excede, e em muito, o índice de aprovação aos mesmos. Considerando valores
médios para ambos os grupos de professores, verificamos que a rejeição com índice de 55,8%
é mais do dobro da aceitação, em torno de 25%. Este último quadro, muito expressivo, mostra
os professores vistos com muito baixa capacidade de estímulo para qualquer que seja a meta
do aluno.
Entretanto, respostas do tipo “Foca demais no ensino técnico” e “foi necessário
dividir a atenção entre o ensino médio e o técnico profissionalizante” apresentadas em
respostas a questões anteriores permitem que, pelo menos nesta análise, isentemos os
professores e nos aproximemos de resultados mais amplos e nos permitem inferir que cada
grupo de alunos considera desfavoravelmente os professores voltados para o interesse do
outro grupo.
Esta avaliação, considerada em conjunto com as avaliações anteriores, nos
permitirá emitir uma primeira idéia de como os alunos da educação profissional técnica de
nível médio gerenciam a definição da escolha entre o prolongamento dos estudos escolares e
o ingresso no mundo do trabalho.
A primeira premissa a ser observada é que, na 3ª série dos cursos avaliados,
Ver Nota 1
GRÁFICO 17 - Os professores estimulam os
alunos para que alcançem seus objetivos?
26,720
53,3
23,318,4
58,3
0
10
20
30
40
50
60
70
sim em termos não
%
ensino profissionalizante ensino médio
66
todos os alunos do campo amostral já estão definidos pelo prolongamento da vida escolar e
acesso ao ensino superior. Isto foi informado de forma direta na resposta à Questão 38 da
pesquisa, que indaga sobre as pretensões de ingresso nos cursos universitários, e manifestado
nas diversas respostas apresentadas ao questionário.
Os esforços para que fossem vencidas as 1ª e 2ª séries foram muito grandes e
envolveram muitos sacrifícios, não sendo justificável que, agora, ao completar a 3ª Série, a
possibilidade de se alcançar um patamar superior de escolaridade seja abandonada. Então, não
havendo riscos de perdas, somente de ganhos, por que não arriscar?
Com a boa formação garantida pelo ensino dos Institutos Federais, há mais
chances de se ganhar mais e pouca ou nenhuma chance de se perder o já conseguido. Por que
não pleitear esta vaga?
Na 3ª série a estratégia adotada passa a ser então prestigiar as disciplinas
envolvidas com este passo de acesso ao ensino superior. As demais disciplinas são
gerenciadas apenas para evitar que se comprometa a finalização do ensino médio, de cujo
diploma dependem em ambas as alternativas. Finalização importante mesmo em caso de
insucesso no ingresso ao ensino superior, situação em que o diploma abrirá portas e permitirá
a obtenção de habilitação legal de técnico de nível médio.
Concluindo a avaliação dos dados apresentados no Gráfico 17, teremos então
identificado os alunos e professores envolvidos com cadeiras de interesse imediato, que
configuram dois grupos, identificados pela sua aspiração maior, vestibular ou
profissionalização. Essa situação certamente evoluirá para a definição de dois grupos de
alunos, de interesses opostos, identificados pelos professores como aqueles participantes e
interessados em sua disciplina e os outros. Os alunos, da mesma forma, também classificam
os professores e disciplinas de acordo com o atendimento à sua meta.
Esta constatação sugere que os alunos orientam o foco de sua preocupação,
relegando a segundo plano o ensino não desejado, estudando para as disciplinas do outro
grupo apenas o necessário para garantir sua aprovação no curso como um todo (obtenção da
credencial) e concentram sua capacidade e empenho nas cadeiras da modalidade de curso do
seu real interesse, seja ele o dirigido ao vestibular ou ao profissionalizante.
Este duplo movimento, da exigência de novos níveis ou de novos conteúdos
dentro do currículo vigente por parte dos alunos, assim como de sua possível concessão por
parte de alguns professores, pode ser considerado, inclusive, como o estabelecimento de um
currículo contrafacção ao institucional e que atrairá, nas próximas oportunidades, mais alunos
apenas interessados nos vestibulares. Para estas turmas avaliadas e que incorporam os sujeitos
67
de nossa pesquisa, podemos estender nossa exploração considerando que o possível
desconhecimento do currículo, na ocasião recentemente alterado, assim como a crença na
validade de um currículo que então já não existia mais, levou os alunos a exigirem dos
professores este novo direcionamento curricular não condizente com o instituído, mas em
parte condizente com seus interesses de alunos (e de professores) e que não lhes era devido,
mas que em alguns casos foi atendido.
Esta hipótese talvez possa ser reforçada pela observação da Tabela 11, que
mostra os índices de reprovação e evasão de alunos observados nos cursos. Acreditamos que
os índices de evasão e reprovação superiores a 20% representem uma primeira reação à nova
configuração escolar de ensino médio integrado ao ensino técnico profissionalizante adotado
pelo Instituto, principalmente observando nos registros que estas retenções e evasões
ocorreram em sua maioria nas primeiras séries.
Muitos alunos podem ter abandonado os cursos tão logo perceberam a
incompatibilidades destes com seus respectivos projetos escolares e de vida.
Devido ao êxito demonstrado pelos alunos do Instituto Federal nos exames
vestibulares, esta prática de desvio da finalidade do currículo apresenta como problema
principal sua capacidade de atração de bons alunos, desde o início interessados apenas no
ensino superior. Este processo mesmo podendo ser considerado legítimo, não é condizente
com a finalidade do instituto. Implica em mais e mais bons alunos, interessados apenas em um
bom ensino médio, sendo atraídos a cada ano, até se apropriarem da maioria ou da totalidade
das vagas. Este fato impede que outros interessados (em princípio) na formação profissional,
utilizem-se desse recurso disponibilizado pelo governo federal como alternativa ao ensino
superior e de acesso ao mundo do trabalho.
PRIMEIRAS TURMAS
CURSOS RETENÇÃO E EVASÃO %
ELETROTÉCNICA 22,86
ELETROMECÂNICA 28,57
MECÂNICA 37,14
EDIFICAÇÕES 20,00
INFORMÁTICA 8,57
METALURGIA 8,57
TOTAL 20,95
Ver Nota 1
TABELA 11CURSOS TÉCNICOS
INTEGRADOS
68
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A promulgação da Constituição Federal de 1988 trouxe modificações no ensino
nacional, entre elas a ampliação do Ensino Fundamental, hoje, em termos práticos,
universalizado para a população em idade escolar. Os problemas de falta de equidade
existente em todos os níveis de ensino, porém, se apresentam também neste nível inicial de
aprendizado. Esforços de criação de creche escola, incrementos na educação infantil e, mesmo
no ensino fundamental, anos iniciais e finais, tentam acabar com estas diversidades.
Resultado desta universalização do ensino fundamental, a necessária e
consequente expansão do ensino médio, expressa na Emenda Constitucional 59 de 11/11/2009
e consolidada na modificação do Art. 208 da Constituição Federal, trouxe ao ensino médio
problemas adicionais aos que já eram enfrentados antes mesmo da instituição de sua
obrigatoriedade. Alguns oriundos das mazelas do ensino fundamental, classificada por Castro
(2009, p. 157) como “A herança maldita do fundamental”; outros advindos da própria
ambiguidade de suas muitas obrigações ditadas pelos artigos 35 e 36-A da LDB 9394/96, já
amplamente enunciados no corpo deste trabalho, e outras ainda geradas pelo contraste com
sua obrigação histórica de preparação para o ensino superior (MANFREDI, 2002;
ROMANELLI, 2009).
A universalidade do Ensino Fundamental, sem a necessária equidade, resultou
em grande heterogeneidade de seus egressos, o que implicou grandes problemas para o
Ensino Médio que deve acolhê-los. Castro (2008) indica como inevitável que o Ensino Médio
reproduza estas variações.
Além de se adequar para resolver os problemas trazidos do Fundamental, o
Ensino Médio, em fase de universalização, necessita resolver sua crise, que na realidade é
uma crise de identidade.
O primeiro e mais importante aspecto trazido pela política de universalização
do Ensino Médio é o de que ele perdeu seu caráter de orientação exclusiva para o ensino
superior, deixou de ser a educação exclusiva para formação das elites dirigentes, espírito que
o anima desde os tempos de Colônia e ganhou um caráter novo, de orientação geral, de muitos
69
destinos, inclusive para o mundo do trabalho, em suas muitas vertentes.
Séculos de prática, desde os tempos de Brasil Colônia, sempre associaram o
ensino médio à preparação das elites dirigentes para o ensino superior. Sua origem jesuítica
(ROMANELLI, 2009, p. 23) sempre dirigiu sua orientação no sentido humanista e da cultura
letrada, quando se pretendia “formar o espírito ilustrado, não o espírito criador”. Seu cerne
não é inovador.
Séculos de prática de cultura escravista também deixaram seu legado de
tradição e de considerar o trabalho manual como trabalho vil, de considerar a atividade não
intelectual como atividade menor:
O ensino que os padres jesuítas ministravam era completamente alheio à
realidade da vida da Colônia. Desinteressado, destinado a dar cultura geral
básica, sem qualificar para o trabalho, uniforme e neutro, [...] Por outro
lado, a instrução em si não representava grande coisa na construção da
sociedade nascente. [...] O ensino, assim, foi conservado a margem, sem
utilidade prática visível para uma economia fundada na agricultura
rudimentar e no trabalho escravo. (Idem, idem, p. 34)
Fatos que resultaram no discurso de separação social da educação e do
trabalho. Discurso que tornado hegemônico, contribuiu e contribui para engessar ainda mais o
ensino médio em um único modelo, a despeito de sua regulamentação.
É importante observar este aspecto modernizador da LDB 9.394/96.
Outro ponto já comentado no corpo do trabalho e que merece ser enfatizado é a
importância da criação da educação profissional técnica de nível médio nas modalidades
concomitante e sequencial (posteriormente denominada subsequente), trazidas pelo Art. 5 do
DL 2208/97 e não revogadas pelo DL 5.154/2004.
A importância das modalidades de educação profissional técnica de nível
médio, o ensino técnico, não está na possibilidade de aliviar a demanda por vagas no ensino
superior, mas na de abrir um itinerário novo, independente daquele nível de ensino, para os
que assim o desejarem. Pelos dados da Tabela 3 mostrados na página 39 deste relatório,
observamos sua procura, que nas duas modalidades é 4,9 vezes a procura pela educação
profissional técnica integrada ao ensino médio.
O aumento de vagas na educação profissional técnica integrada ao ensino
médio, hoje na propaganda oficial em 500.000 vagas28
, talvez diminua a procura pelo ensino
médio profissionalizante na modalidade concomitante, mas não podemos nos esquecer que
tais vagas, mantido o caráter propedêutico do ensino médio, provavelmente serão apropriadas
28
Disponível em http://redefederal.mec.gov.br/index.php acessado em 15/10/2009
70
pelas classes mais favorecidas, historicamente mais competentes na sua conquista.
Note-se que estas vagas serão disponibilizadas no período diurno e são de
unidades públicas que pretendem alta qualidade de ensino, com bons investimentos na infra-
estrutura, prevendo que a qualidade da infra-estrutura tenha influência no rendimento escolar
dos alunos mais carentes. Nesta situação, se confirmado Soares (2005, p.108) “os alunos das
classes mais favorecidas, apropriam-se de forma mais eficiente da melhoria das condições da
escola.”.
Estes alunos ao freqüentar estas escolas são os que, por determinação de
herança cultural de suas famílias, naturalmente pretendem ir além do ensino médio. Herança
cultural comprovada na pesquisa empírica aqui desenvolvida pelos índices de baixo número
de filhos, pais (pai e/ou mãe) com ensino de nível médio ou superior completos e pelo nível
de renda familiar.
Esta divergência de finalidades – ensino superior x mundo do trabalho, uma
vez definida a priori, será causa de possível contrafluxo de interesses na prática diária,
atuando como grave elemento de desgaste e de desmotivação, para ambos – professores e
alunos.
Estas últimas análises escondem ponto controverso observado em toda esta
pesquisa.
A pesquisa sócio demográfica mostrou o perfil das famílias na retaguarda dos
alunos concluintes do ensino médio profissionalizante do Instituto. Formam conjunto
heterogêneo. São indicadas famílias com renda que vão de menos de dois até mais de doze
salários mínimos, ao lado de profissões maternas que vão de doméstica (não dona-de-casa) até
médica e pedagoga com pós-graduação e de profissões paternas que vão de cobrador de
ônibus até engenheiro e tesoureiro de firma de porte. As famílias mais pobres constituem
minoria.
Além de apontar problemas, esta situação, porém parece configurar um salutar
“„efeito de pares‟, observado quando alunos privilegiados social e culturalmente freqüentam a
mesma escola” (SOARES, 2005, p. 103) induzindo comportamentos favoráveis ao melhor
aproveitamento escolar, que, no caso em análise, podemos dizer que tenha elevado o
rendimento de todo o grupo. Nas respostas à Questão 41 da pesquisa: Qual é ou foi a melhor
coisa da escola? Observou-se a grande incidência de resposta do tipo “a melhor coisa da
escola foram as amizades” ou “o círculo de amizades”. Este círculo social virtuoso certamente
influiu para que muitos alunos, que originalmente não se sabiam capazes, passassem a aspirar
o ingresso no ensino superior. Uma grande maioria obteve sucesso na tentativa de tal acesso.
71
Com números ainda incertos pela proximidade dos resultados, podemos
afirmar que grande número de alunos do Instituto ingressou no ensino superior. Fato
comemorável, indicativo de sucesso em qualquer unidade de ensino médio, porém, que exige
reflexões.
Primeira dúvida - Seria ética esta mudança da função da educação profissional
técnica de nível médio integrada ao ensino médio, afastando-o da formação profissional,
mesmo que para a obtenção de sucesso no acesso ao ensino superior?
Outra dúvida – Como ficaria a função social do Instituto se o considerássemos
de outra forma, observando que grande parte do esforço de formação de técnicos de nível
médio, de alguma forma, foi perdido?
Aprofundando esta dúvida - Como ficaria a função social do Instituto se o
considerássemos de outra forma, observando que igual parcela de jovens que realmente
necessitava dessa formação profissionalizante para alcançar inserção na sociedade e nível
mais digno de vida ficou impedida de obtê-la?
Outra dúvida – Observando nossos alunos atuais, alguns de certa forma,
também carentes, que necessitam apenas de um pequeno “empurrão” para dar o grande salto
qualitativo de acesso à educação superior, seria ético privá-los deste pequeno empurrão?
Análise menos acurada indicaria que este problema poderia ser facilmente
resolvido por adequação ou melhoria do método de ingresso adotado.
O método de ingresso no Instituto continua sendo o mesmo praticado pelo
Colégio Técnico Universitário/UFJF ao longo de sua atuação – exame de seleção universal
dos alunos melhores e mais preparados (prática de inclusão dos incluídos?), no qual a única
exigência é a conclusão do ensino fundamental. Sendo democrático por um viés de
interpretação, permite a apropriação de suas vagas por alunos que talvez dela não necessitem
e pretendem utilizar seu ensino apenas como meio de acesso ao ensino superior. Fato já
comentado e que, apesar de aceito como normal, exclui de seus bancos parcela de alunos de
formação mais deficiente e que certamente fariam deles uso mais acorde com seu projeto
político pedagógico institucional, conforme também já indicado.
Mesmo esta avaliação, porém, ainda deixa dúvidas.
Se, por mais justo, o critério de seleção privilegiasse alunos de formação mais
deficiente e mesmo mais carentes de recursos educativos e financeiros, estes talvez tirassem
mais proveito da formação profissional, mas, com certeza, mesmo este procedimento traria
consigo efeitos bastante desagradáveis, alguns certamente de considerável monta.
Antigo diretor alertou que processos de ingresso que não implicassem na
72
seleção dos melhores teriam, de imediato, dois efeitos colaterais: o primeiro, com a queda da
qualificação dos alunos ingressantes, haveria a necessidade de aumento de empenho e de
horas de aula dos professores para conseguir, se conseguissem, melhorar seus níveis de
aprendizado. Haveria acréscimo de repetências e deterioração na qualidade dos pontos obtidos
no ENEM. A redução no número de aprovados nos vestibulares implicaria perda de
importância e representatividade do Instituto no ranking escolar e queda de sua atratividade.
O segundo, e mais grave, ainda em decorrência das perdas acima, critérios de
responsabilização levariam ao sub-financiamento da unidade, com efeitos imprevisíveis.
O financiamento do ensino médio, mesmo com o FUNDEB – Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação criado pela Emenda Constitucional nº 53/2006 e regulamentado pela Lei nº
11.494/2007 e pelo Decreto nº 6.253/2007, em substituição ao Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério - FUNDEF, que
vigorou de 1998 a 200629
, continua campo de disputa, com várias correntes tentando fazer
prevalecer suas opiniões. Pressões decorrentes de maus resultados em testes tipo PISA e
PREAL orientam a ações de responsabilização (accountability) por parte de dirigentes e
professores.
Qual procedimento a ser adotado?
Finalizando esta análise observamos que os alunos concluintes das primeiras
turmas de educação profissional técnica de nível médio, praticadas em nosso Instituto Federal,
prioritariamente na forma de cursos integrados, conforme definido na Seção II, Art. 7º, Inc. I
da Lei 11.892/2008, da mesma forma que verificado em todas as demais pesquisas
observadas, para os vários tipos de escolas pública ou particulares, a despeito de sua formação
profissionalizante, procuraram ingresso no ensino superior. Grande parte obteve sucesso.
Concluímos também que, pelas análises desenvolvidas, este provavelmente
será o comportamento padrão das próximas turmas, pelo menos enquanto o processo de
seleção de ingressantes for o de seleção dos alunos de melhor rendimento.
A partir desta situação, estas turmas tendem a apresentar bons resultados e
terão como subproduto meritório um grande número de alunos aprovados em exames
vestibulares de unidades de ensino superior.
Como vimos, estes cursos continuarão atraindo jovens de classes mais
favorecidas em busca de ensino médio gratuito e de qualidade, mas darão abrigo também a
29
Conforme Ministério da Educação, disponível em http://www.fnde.gov.br/index.php/financ-fundeb , acessado
em 23/04/2011
73
alguns dos jovens mais brilhantes oriundos de famílias mais pobres.
Pela natureza politécnica de sua formação terão mais chances de sucesso nos
exames vestibulares que seus colegas oriundos de cursos meramente propedêuticos.
Estes cursos continuarão a formar um baixo índice de estudantes interessados
no ingresso direto no mundo do trabalho, pois dos poucos que ingressarem com esta
disposição, a maioria será seduzida, conforme indicado por Castro (2005, p. 157) pela
oportunidade e pela possibilidade de acesso ao ensino superior:
[...] cerca de cem escolas federais estavam preparando técnicos que
rarissimamente se tornavam técnicos. Eles vinham cada vez mais das
classes média e alta, [...]. Os poucos alunos de origens mais modestas que
conseguiam se matricular eram rapidamente convencidos de que buscar o
ensino superior era a melhor opção, [...].
Como subproduto vicioso, estes cursos continuarão negando aos alunos
oriundos de classes menos favorecidas, formados em escolas de ensino fundamental de
qualidade mais heterogênea, a legítima oportunidade de inserção social por meio de
escolarização adequada simultânea a uma boa formação profissional.
Quinze anos após a contestada promulgação da atual LDBEN, a modalidade
educação profissional integrada ao ensino médio continua sofrendo os mesmos males que a
afligiam nos tempos da Lei 5.692/71, que a precedeu, com os mesmos desvios de função e a
constatação de que o ensino médio ainda não sabe, ou ainda não conseguiu, ou mesmo, ainda
não quer, preparar seus alunos para o mundo do trabalho.
74
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______. Emenda constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009. Acrescenta o § 3º ao art. 76 [...],
dá nova redação aos incisos I e VII do art. 208, de forma a prever a obrigatoriedade do ensino de
quatro a dezessete anos [...]
______.Decreto-lei n. 4.073, de 30 de janeiro de 1942, que organizou o ensino industrial;
______.Decreto-lei n. 4.048, de 22 de janeiro de 1942, que instituiu o Senai
______.Decreto-lei n.4.244, de 9 de abril de 1942, que organizou o ensino secundário em dois ciclos:
o ginasial, com quatro anos, e o colegial, com três anos;
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nacional;
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80
ANEXOS
Anexo 1 – Edital
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA COLÉGIO TÉCNICO UNIVERSITÁRIO
- EDITAL -
De ordem do Pró-Reitor de Graduação, faço público que, nos termos da legislação
vigente, estão abertas as inscrições para o Exame de Seleção do COLÉGIO TÉCNICO
UNIVERSITÁRIO (CTU) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA (UFJF), para
matrícula do ano letivo de 2008, dos Cursos abaixo relacionados, obedecendo às instruções do
presente Edital.
1. DAS MODALIDADES DOS CURSOS, TURNOS, NÚMERO DE VAGAS E DURAÇÃO:
1.1. Cursos de Educação Profissional Técnica Integrada de Nível Médio: serão oferecidos aos alunos que concluíram o Ensino Fundamental.
Modalidade CURSOS Turno Nº de vagas
Duração do Curso
Educação Profissional
Técnica Integrada de Nível Médio
Edificações Diurno 35 3 anos mais estágio
Eletromecânica Diurno 35 3 anos mais estágio
Eletrotécnica Diurno 35 3 anos mais estágio
Informática Diurno 35 3 anos mais estágio
Mecânica Diurno 35 3 anos mais estágio
Metalurgia Diurno 35 3 anos mais estágio
1.2. Cursos de Educação Profissional Técnica de Nível Médio com Concomitância: serão oferecidos aos
alunos que concluíram o Ensino Médio ou que estarão cursando pelo menos a 2ª Série do Ensino Médio no ano letivo de 2008.
Modalidade CURSOS Turno Nº de vagas
Duração do Curso
Educação Profissional
Técnica de Nível Médio
com Concomitância
Design de Móveis Diurno 20 1 ano e meio mais estágio
Edificações Noturno 30 2 anos mais estágio
Eletromecânica Noturno 25 2 anos mais estágio
Eletrotécnica Noturno 25 2 anos mais estágio
Metalurgia Noturno 30 2 anos mais estágio
Transporte e Trânsito Noturno 30 1 ano mais estágio
Transações Imobiliárias (*) Noturno 25 1 ano mais estágio
Turismo Noturno 30 1 ano e meio mais estágio
(*) Idade Mínima: 18 anos. a) Curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio Subseqüente: será oferecido aos
81
alunos que concluíram o Ensino Médio.
Modalidade CURSOS Turno Nº de vagas
Duração do Curso
Educação Profissional
Técnica de Nível Médio
Subseqüente
Transações Imobiliárias (*) Noturno 10 1 ano mais estágio
(*) Vagas específicas destinadas, exclusivamente, a profissionais que já atuam no ramo imobiliário.
1.4. Curso de Ensino Médio: será oferecido aos alunos que já se encontram matriculados na 1ª ou 2ª série do Ensino Médio.
Modalidade CURSOS Turno Nº de vagas
Ensino Médio
2ª série Diurno 05
3ª Série Diurno 05
3ª Série Noturno 08
2. DAS PROVAS E DATAS
2.1. As provas serão realizadas em uma única etapa, nos dias e horários determinados neste Edital, no Colégio Técnico Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora, situado à Rua Bernardo Mascarenhas, 1283 – Bairro Fábrica. Caso haja necessidade de realização das provas em outro local, o candidato será avisado, com antecedência, sobre o endereço em que deverá se apresentar.
Educação Profissional Técnica Integrada de Nível Médio e 2ª e 3ª Séries do Ensino Médio (itens
1.1 e 1.4) Dia 07/01/2008 – segunda-feira – De 8 h às 11 h
Prova I: Língua Portuguesa, Física, Química e Biologia. Dia 08/01/2008 – terça-feira – De 8 h às 11 h
Prova II: Matemática, Geografia e História.
Educação Profissional Técnica de Nível Médio com Concomitância (item 1.2) Dia 07/01/2008 – segunda-feira - De 14 h às 17 h
Prova I: Língua Portuguesa, Física, Química e Biologia. Dia 08/01/2008 – terça-feira – De 14 h às 17 h
Prova II: Matemática, Geografia e História. Educação Profissional Técnica de Nível Médio Subseqüente (item 1.3) Dia 08/01/2008 – terça-feira – De 14 h às 17 h Prova de Conhecimento Específico.
2.2. O Exame de Seleção constará das seguintes provas, para os candidatos inscritos nas modalidades
constantes nos itens 1.1,1. 2,1. 3 e 1.4, elaboradas de acordo com os programas constantes no site do CTU.
82
Nº de questões Itens 1.1 e 1.2
Nº de questões Itens 1.4
Nº de questões Item 1.3
Prova I Língua Portuguesa e Literatura 20 10
Física 10 8
Química 10 8
Biologia 10 8
Prova II Matemática 20 14
História 10 8
Geografia 10 8
Prova de Conhecimento Específico
20
2.3. Da prova de Habilidade Específica para o Curso de Design de Móveis: 2.3.1. A prova de Habilidade Específica será aplicada no Colégio Técnico Universitário, no dia
11/12/2007, no horário de 14 h às 16 h, somente para os candidatos ao Curso Técnico em Design de Móveis, e constará da execução de desenhos, de observação, de interpretação e visão espacial.
2.3.2 Todos os candidatos deverão estar munidos de caneta com tinta preta ou azul, borracha de desenho, lápis ou lapiseira (grafite HB ou 2B) e lápis de desenho (4B a 6B).
2.3.3 O candidato considerado não-apto nessa prova terá o direito de fazer reopção pelo curso indicado em seu requerimento no ato da Inscrição.
2.4. Da prova de Conhecimentos Específicos do Curso de Transações Imobiliárias na modalidade Subseqüente (item 1.3).
2.4.1 A prova constará de 20 (vinte) questões de múltipla escolha, abordando aspectos práticos do cotidiano do profissional corretor de imóveis, valendo 40 (quarenta) pontos. Será eliminado o candidato que faltar ou não obtiver aproveitamento acima de zero.
2.4.2 A prova será realizada no dia 08/01/2008, no horário de 14h às 17h, com caráter eliminatório e classificatório.
2.4.3 Em caso de empate, a vaga será preenchida pelo candidato de idade maior.
3. DA CORREÇÃO E DOS CRITÉRIOS 3.1. As provas previstas nos itens 2.1 serão objetivas, com duração de 3 (três) horas cada e corrigidas
eletronicamente. 3.2. As provas para as 1as séries do Ensino de Educação Profissional Técnica Integrada de Nível Médio (item
1.1) terão por base os programas do Ensino Fundamental, sendo atribuídos 50 (cinqüenta) pontos para a Prova I e 40 (quarenta) pontos para a Prova II.
3.3. As provas para a 2a série do Ensino Médio (item 1.4) e dos Cursos de Educação Profissional Técnico de Nível Médio com Concomitância (Item 1.2) terão por base os programas do Ensino Fundamental e 1ª série do Ensino Médio, sendo atribuídos 34 (trinta e quatro) pontos para a Prova I e 30 (trinta) pontos para a Prova II.
3.4. As provas para as 3as séries (1.4) do Ensino Médio terão por base os programas do Ensino Fundamental, bem como os de 1ª e 2ª séries do Ensino Médio, sendo atribuídos 34 (trinta e quatro) pontos para a Prova I e 30 (trinta) pontos para a Prova II.
3.5. Será eliminado o candidato que faltar a qualquer uma das provas. 3.6. O candidato deverá apresentar-se munido do documento de identificação oficial com foto recente, caneta
esferográfica azul ou preta, lápis e borracha. 3.7. Em qualquer fase do Exame de Seleção, não será permitido ao candidato o uso de qualquer equipamento
eletrônico (calculadora, agenda, diário, relógio de qualquer tipo, celular, MP3, etc), bem com o uso de boné chapéu, óculos escuros, tiaras e similares.
3.8. O candidato só poderá retirar-se do local de aplicação das provas 60 (sessenta) minutos após o início de
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sua realização. 3.9. Não haverá, em hipótese alguma, prova de 2ª chamada.
3.10. No caso de o candidato não poder locomover-se até o local das provas devido a algum tipo de enfermidade poderá fazer a prova onde estiver internado ou domiciliado, desde que esse atendimento seja requerido com apresentação do atestado médico (datado e assinado), e que sejam especificadas e indicadas as condições necessárias para a realização das provas.
3.11. O candidato beneficiado com o disposto no item 3.10 somente poderá submeter-se às provas na mesma data e horário estabelecido para os demais concorrentes.
3.12. Ao CTU, reserva-se o direito de atrasar o horário de início das provas previsto neste Edital, bem como de adiar o Exame de Seleção, por motivos fortuitos ou de força maior.
4. DA INSCRIÇÃO
4.1. As inscrições serão feitas através do site < www.ctu.ufjf.br >, no período de 29 de outubro a 09 de
dezembro de 2007, e nas dependências do CTU, situado à Rua Bernardo Mascarenhas, 1283 - Fábrica - Juiz de Fora/MG, no período de 26 a 30 de novembro de 2007, no horário de 9h às 19horas.
4.2 O candidato que solicitou Isenção da Taxa de Inscrição, no período de 01 a 19 de outubro de 2007, poderá consultar pela Internet o resultado de sua solicitação a partir de 29 de outubro de 2007.
4.3. A Taxa de Inscrição:
TAXA DE INSCRIÇÃO VALOR
(a) Para os candidatos que não participaram, nem foram agraciados no Processo de Isenção
R$50,00
(b) Para os candidatos ao Ensino Médio e Cursos Técnicos com Concomitância R$70,00
(c) Para os candidatos que conseguiram Isenção Parcial e alunos do CTU R$30,00
(d) Para os candidatos que conseguiram Isenção Máxima R$ 5,00
4.4. Para efetuarem suas inscrições, os candidatos ao Curso de Transações Imobiliárias (item 1.3), na
modalidade Subseqüente, deverão se apresentar no período de 26 a 30 de novembro, no Colégio Técnico Universitário, e estar munidos da Carta de Apresentação (Modelo fornecido pelo Colégio), preenchido e assinado, com firma reconhecida em cartório pelo responsável de Empresa do Setor Imobiliário ou pelo profissional autônomo. Tanto o responsável pela Empresa como o profissional autônomo deve ter Registro no Conselho Regional e Corretores de Imóveis (CRECI).
4.5. O candidato poderá consultar no site < www.ctu.ufjf.br >a confirmação de sua inscrição, bem como o
local e sala onde realizará as provas.
4.6. Este Edital, bem como o programa das provas, estarão disponíveis no site < www.ctu.ufjf.br > e na
Secretaria do Colégio Técnico Universitário.
5. DA CLASSIFICAÇÃO E PUBLICAÇÃO DOS RESULTADOS 5.1. As provas serão corrigidas eletronicamente e os candidatos serão classificados em ordem decrescente de
pontos. 5.2. Ocorrendo empate, serão adotados os seguintes critérios de desempate: 1. Maior pontuação em Português (Prova I); 2. Maior pontuação em Matemática (Prova II); 3. Idade maior. 5.3. Os candidatos selecionados, dentro do limite de vagas de cada Curso, terão seus nomes publicados em
listas afixadas nas dependências do Colégio Técnico Universitário e na Internet no seguinte endereço
eletrônico < www.ctu.ufjf.br >, no dia 21/01/2008.
6. DOS RECURSOS:
6.1. Caberá recurso, no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas, contado a partir da data de divulgação tanto do gabarito quanto da classificação final.
6.2. O recurso será dirigido ao Coordenador da COMISSÃO DE SELEÇÃO, em primeira instância, devendo o requerimento ser protocolado na Secretaria do Colégio Técnico Universitário, situado à Rua Bernardo Mascarenhas, 1283 – Bairro Fábrica – Juiz de Fora/MG.
6.3. O recurso deverá ser apresentado em folha separada para cada questão recorrida, com indicação do
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número de questão, da resposta marcada pelo candidato e da resposta divulgada pelo CTU com argumentação lógica e consistente, bem como a indicação clara da bibliografia pesquisada pelo candidato referente a cada questão.
6.4. Admitir-se-á um único recurso por questão por candidato, devidamente fundamentado, sendo que não serão aceitos recursos coletivos.
6.5. Serão rejeitados, liminarmente, os recursos que não estiverem devidamente fundamentados ou, ainda, aqueles que derem entrada fora do prazo.
6.6. Se o exame dos recursos resultar em anulação de questão, o total de pontos possível será reduzido na quantidade de questões anuladas.
6.7. Se houver alteração do gabarito oficial, por força de provimento de algum recurso, as provas serão corrigidas de acordo com o novo gabarito.
7. DA MATRÍCULA
7.1. É vedado o Trancamento de Matrícula na 1ª Série dos Cursos de Educação Profissional Técnica de Nível Médio e nos 1os Módulos dos Cursos de Educação Profissional Técnica de Nível Médio com Concomitância e Subseqüente.
7.2. Será eliminado, e não efetuará matrícula, o candidato aprovado no processo seletivo que não apresentar a documentação comprobatória, conforme a exigência mínima de escolaridade, de acordo com a modalidade do Curso pretendido.
7.3. Não será permitido o registro acadêmico do candidato classificado que já esteja matriculado em outro Curso Técnico no CTU.
7.4. Perderá o direito à vaga o candidato aprovado no Exame de Seleção que não comparecer para efetuar sua matrícula na data prevista.
7.5. As instruções, para a matrícula, serão entregues aos candidatos durante a realização das provas no dia 08 de janeiro de 2008.
8. Os casos omissos serão analisados e resolvidos pela Comissão do Exame de Seleção CTU/2008.
Juiz de Fora, 04 de outubro de 2007.
Prof. Paulo Rogério Araújo Guimarães Visto: Prof. Eduardo Magrone Diretor Geral do CTU Pró-Reitor de Graduação da UFJF
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Anexo 2 – Instrumento de pesquisa
Instrumento de Pesquisa
Caro(a) Aluno(a),
Este questionário foi elaborado para você, aluno(a) do ensino médio integrado ao ensino
técnico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais,
Campus Juiz de Fora, matriculado nos diversos cursos.
Faz parte da pesquisa “Trabalho ou ensino superior? O projeto pedagógico do curso de
ensino médio integrado à educação profissional técnica e as escolhas do concluinte”, desenvolvida
no âmbito da linha de pesquisa “Políticas Públicas e Gestão” do Programa de Pós-Graduação em
Educação da Universidade Estácio de Sá.
Gostaríamos de contar com sua colaboração no sentido de responder ao questionário, para que
possamos conhecer melhor as aspirações de nossos alunos. Por esta razão, queremos saber quais são
suas expectativas neste final de curso e como os nossos esforços de formação são avaliados por vocês.
Sua participação séria e consciente é fundamental para que este perfil seja definido de maneira
real, com vantagens para toda a coletividade. Os respondentes não serão identificados e os dados
obtidos serão mantidos em sigilo.
Os alunos terão pleno acesso à análise das informações coletadas.
Instruções:
1) Responda ao questionário da maneira mais leal e sincera possível, individualmente, sem a
influência de terceiros;
2) Responda todas as questões, sempre utilizando caneta, assinalando com um “x”, escrevendo “sim
ou não” e escrevendo justificativas de forma legível quando for solicitado.
Observação : Caso você se disponha a participar de uma segunda etapa da pesquisa, composta
de entrevista, solicitamos que se identifique no último bloco deste questionário. Suas
informações serão despersonalizadas de forma a manter seu absoluto anonimato. Basta
preencher o bloco indicado, para permitir posterior contato.
Desde já agradecemos sua valiosa participação.
Muito obrigado.
Prof. Maximo Leon Feital
Juiz de Fora, novembro de 2010
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1ª PARTE – INFORMAÇÕES PESSOAIS
1 – Nascimento – mês/ano ________________________________________________________
2 – Sexo – m ( ) f ( )
3 – Natural de (cidade/u.f)_________________________________________________________
4 – Você se autodeclara:
( ) branco; ( ) pardo, mulato, mestiço; ( ) negro (afrodescendente);
( ) amarelo (oriental-descendente); ( ) índio (ameríndio)
5 – Seus pais:
( ) vivem juntos; ( ) um deles é (ou ambos são) falecido(s): ____________________________
( ) são separados.
6 – Número de irmãos, total: ___________ mais novos: ____________ mais velhos:__________
7 – Você mora:
a) em Juiz de Fora, no bairro: ______________________________________________________;
Este bairro é próximo ao instituto? (s/n) _____________________________________________;
b) em outra cidade / UF (qual): ______________________________________________________;
8 – Você mora:
( ) com os pais;
( ) com avós, tios, irmãos ....: ___________________________________________________;
( ) em república, com irmãos, amigos ...: __________________________________________;
( ) sozinho, em residência, hotel, pensão ...: _______________________________________ ;
( ) outros: ___________________________________________________________________.
9 – Qual a profissão/ocupação:
de seu pai: ______________________________________________________________________;
de sua mãe: ____________________________________________________________________:
de seu avô paterno: _______________________________________________________________;
de sua avó paterna: _______________________________________________________________;
de seu avô materno: _______________________________________________________________;
de sua avó materna: _______________________________________________________________;
10 – Qual o grau de escolaridade mais elevado presente em sua família e com o qual você tem
contato _________________________________________________________________________
11 – Quanto tempo você gasta no transporte casa-escola?_______________________________;
12 – Quanto tempo você gasta no transporte escola-casa?_______________________________;
13 – Escolaridade de seu pai: Fundamental: incompleto ( ) completo ( ); médio: incompleto ( )
completo ( ); Superior: incompleto ( ) completo ( ); Pós graduação ( )
14 – Escolaridade de sua mãe: Fundamental: incompleto ( ) completo ( ); médio: incompleto ( )
completo ( ); Superior: incompleto ( ) completo ( ); Pós graduação ( )
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15 – Perfil escolar:
Seu ensino fundamental foi feito em : ____________ anos;
Ensino fundamental – séries iniciais (1ª a 4ª): foi feito em: ____________ anos;
Ensino fundamental – séries finais (5ª a 8ª) : foi feito em: ____________ anos;
Seu ensino fundamental foi cursado em escola: parcial pública ( ) total pública ( ) privada ( )
Seu ensino médio está sendo completado em: ____________ anos;
Você abandonou alguma outra forma de ensino médio para cursar o ensino médio integrado ao ensino
profissionalizante? Sim ( ) não ( ) informe adicional: ________________________________
16 – Você faz diariamente o trajeto casa-escola:
( ) a pé; ( ) de bicicleta; ( ) de transporte coletivo interurbano / urbano; ( ) de carro ou moto;
( ) outro: ____________________________________________________________________.
17 – Você faz diariamente o trajeto escola-casa:
( ) a pé; ( ) de bicicleta; ( ) de transporte coletivo interurbano / urbano; ( ) de carro ou moto;
( ) outro: ____________________________________________________________________.
18 – Renda familiar – salário mínimo (SM) R$510,00
( ) até 2 SM ( ) até 4 SM ( ) até 8 SM ( ) até 12 SM ( ) superior a 12 SM
19 – Com que frequência você lê:
20 – Com que frequência você assiste
21 – Com que frequência você usa:
(se possível, quantifique em horas diárias ou semanais)
MATERIAL 1 - SEMPRE2 - ÀS
VEZES3 - NUNCA
A JORNAIS
B REVISTAS DE INFORMAÇÃO GERAL
CREVISTAS DE HUMOR/
QUADRINHOS/ENTRETENIMENTO
DREVISTAS DE DIVULGAÇÃO
CIENTÍFICA (CIENCIA HOJE,...)
ELIVROS DE LITERATURA
(ROMANCE, FICÇÃO,
1 - SEMPRE 2 - ÀS VEZES 3 - NUNCA
A TELEVISÃO
B CINEMA
C SHOW MUSICAL
D TEATRO
E CULTOS RELIGIOSOS
1 - SEMPRE 2 - ÀS VEZES 3 - NUNCA
A COMPUTADOR
B INTERNET
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22 – Você faz ou já fez alguma(s) desta(s) atividade(s)
2ª PARTE – RELACIONAMENTO COM O CURSO
Considerando seu ingresso no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de
Minas Gerais, Campus Juiz de Fora, antigo CTU:
23 – Quem decidiu que você deveria estudar no Instituto? (você ou outra pessoa - quem)
________________________________________________________________________________
24 – Por que foi decidido que você deveria estudar em curso técnico profissionalizante?
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
25 – Você acha importante cursar o ensino médio? (s/n), por quê?
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
26 – Você acha que o esforço de fazer o ensino integrado valeu a pena? (s/n), por quê?
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
27 – Você acha importante cursar o ensino profissionalizante? (s/n), por quê?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
28 – Você acha importante ingressar no ensino superior? (s/n), por quê?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
29 – Você acha importante começar logo a trabalhar? (s/n), por quê?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
30 – Leia as opções abaixo. Elas são as atribuições do ensino médio conforme Art. 35 e Art. 36
da LDB 1996. Considerando que estas atividades definem a sua formação, influenciando
diretamente sua vida e a de milhões de outros jovens, classifique hierarquicamente a ordem de
importância que você atribui a cada uma delas na sua formação, numerando de (1) – a mais
ATIVIDADE ESPECIFIQUE
ACURSO DE LINGUA ESTRANGEIRA
( INGLES, ESPANHOL,...)
BCURSO DE MÚSICA (VIOLÃO,
PIANO,...)
C
ATIVIDADE ESPORTIVO/CULTURAL
COM ACOMPANHAMENTO
PROFISSIONAL ( FUTEBOL, VOLEI,...)
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importante até (4) – a menos importante:
( ) aprimoramento da formação com conhecimentos gerais consolidados e profundos, adequados aos
exames vestibulares ao ensino superior (Art. 35-Al. I);
( ) formação voltada aos conhecimentos gerais, com orientação profissional, adequada ao ingresso
no mercado de trabalho (Art. 35-Al. II e Al. IV);
( ) formação voltada aos conhecimentos gerais, desenvolvendo sua formação ética, sua autonomia
intelectual e seu pensamento crítico, preparando-o para a convívio social e exercício da cidadania (Art.
35-Al.III);
( ) formação com conhecimentos gerais e específicos, com formação profissionalizante
adequada ao exercício de profissão técnica regulamentada, em nosso caso com registro no
CREA (Art. 36-A).
31 – Como você classifica a escolha pelo ensino médio integrado ao ensino profissionalizante ao
invés do ensino médio tradicional?
( ) ótima idéia; ( ) boa idéia; ( ) indiferente; ( ) má idéia.; ( ) péssima idéia
Por quê: ________________________________________________________________________
32 – Como você classifica seu relacionamento com o ensino médio integrado à formação
profissional que você está concluindo:
( ) gostei muito, ( ) foi melhor do que eu esperava; ( ) gostei;
( ) apenas suportei; ( ) não gostei, ( ) mal vejo a hora de terminar.
Por quê?___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
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33 – Como você avalia o ensino médio recebido no Instituto:
( ) excelente; ( ) muito bom; ( ) regular; ( ) fraco; ( ) muito fraco; ( ) péssimo
Por quê?_________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
34 – Como você avalia o ensino técnico profissionalizante recebido no Instituto:
( ) excelente; ( ) muito bom; ( ) regular; ( ) fraco; ( ) muito fraco; ( ) péssimo
Por quê?______________________________________________________________
________________________________________________________________________________
35 – Você considera que o instituto ofereceu condições para atingir seus objetivos de ensino
médio profissionalizante:
a) Os professores do ensino profissionalizante são / estão:
Preparados para o objetivo? (s/n) ___________Focados no objetivo? (s/n)_________________
Competentes? (s/n) _______________________ Empenhados? (s/n) ________________________
Estimulantes? (s/n) ________________________________________________________________
b) Os professores do ensino médio são / estão:
Preparados para o objetivo? (s/n) ________________Focados no objetivo? (s/n) _______________
Competentes? (s/n) _______________________ Empenhados? (s/n) ________________________
Estimulantes? (s/n) ________________________________________________________________
c) Com relação à administração e órgãos administrativos:
A Direção é eficiente? (s/n) ______________ A organização escolar é eficiente? (s/n)___________
A secretaria é eficiente? (s/n) __________A Coordenação de Curso é eficiente? (s/n) _______
Orientação pedagógica é suficiente? (s/n) _______________ Adequada? (s/n)_________________
d) Com relação ao ensino:
O preparo do ensino profissionalizante é compatível com o mercado de trabalho? (s/n) Por quê ?
________________________________________________________________________________
O conteúdo do ensino médio é compatível com o exigido no vestibular? (s/n) Por quê ?
________________________________________________________________________________
36 – Com relação às suas instalações físicas, você considera que o Instituto oferece condições
adequadas para atingir os objetivos de ensino médio profissionalizante, no que se refere a:
infra-estrutura geral (s/n) _____________________oficinas (s/n) ___________________________
Os laboratórios são adequados? (s/n) __________________________________________________
As salas de estudo são adequadas? (s/n) ________________________________________________
A biblioteca é suficiente e adequada? (s/n) _____________________________________________
O infocentro é suficiente e adequado? (s/n) _____________________________________________
As áreas de convivência são suficientes? (s/n) __________________________________________
37 – Você pretende seguir a profissão do curso escolhido? (s/n) Por quê?
________________________________________________________________________________
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________________________________________________________________________________
38 – Você pretende fazer algum curso superior universitário? (s/n) _______________________
Qual?___________________________________________________________________________
39 – Você julga que exista outra maneira de se ter uma boa profissão sem ser através de curso
superior? (s/n) ________________ Por quê?________________________________________
________________________________________________________________________________
40 – Você acredita o ensino fornecido pelo instituto como suficiente para início da carreira
profissional? (s/n) ____________ por quê? ___________________________________________
________________________________________________________________________________
41 – Qual é ou foi a melhor coisa da escola? _________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
42 – Qual é ou foi a pior coisa da escola? ____________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
43– O que você acha do ensino técnico praticado no Instituto. Caso se interesse em marcar mais
de uma resposta, se julgar necessário, enumere-as atribuindo prioridade.
( ) foi importante, pois capacitou exercer uma profissão;
( ) foi importante, mas não pretendo trabalhar na mesma área do curso;
( ) vai ajudar a entrar no mercado de trabalho;
( ) foi muito fraco, não vai capacitar a uma profissão;
( ) ajudou na escolha do curso universitário;
( ) vai servir para obter um trabalho enquanto faço um curso universitário;
( ) será a base de minha futura profissão;
( ) infelizmente não ajudou em nada.
44 – Você está “fazendo” cursinho pré-vestibular? (s/n) ________________________________
45 – Você prestou exame de ENEM 2010? (s/n) _______________________________________
46 – Qual foi sua nota no ENEM? __________________________________________________
47 – Quais são seus planos para 2011:
( ) estagiar e depois trabalhar; ( ) estagiar e fazer cursinho; ( ) se entrar na faculdade, só estudar
( ) se entrar na faculdade, estudar e estagiar; ( ) se não entrar na faculdade, só estagiar e depois
trabalhar; ( ) se não entrar na faculdade, só fazer cursinho; ( ) se não entrar na faculdade, fazer
cursinho e estagiar; ( ) outros.
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
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48 – o que você costuma fazer nos fins de semana (pode marcar mais de uma opção):
( ) ficar em casa e descansar; ( ) ficar em casa e navegar na internet; ( ) ir a igreja;
( ) sair com amigos; ( ) sair com a família; ( ) ir ao cinema; ( ) ir à balada; ( ) viajar;
( ) praticar esportes; ( ) estudar; ( ) trabalhar; ( ) ir ao cursinho; ( ) participar de atividade
organizada; ( )outros
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
continua no verso
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OUTRAS OPINIÕES:
(Caso você queira manifestar alguma opinião não abordada no questionário, não se acanhe)
_____________________________________________________________________________
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Inscrição:
Prezado aluno,
Caso você concorde em participar da segunda parte desta pesquisa, que consistirá em
entrevista cujos dados serão mantidos em absoluto sigilo, por favor, identifique-se abaixo,
de forma a permitir posterior contato.
Desde já agradecemos.
Muito obrigado.
Nome:
__________________________________________________________________________
Curso:________________________Telefones de Contato:_________________________
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