Download - METAVISION SENSOR

Transcript
Page 1: METAVISION SENSOR

1

Eduardo Bidese Puhl

DESENVOLVIMENTO DE SENSOR DE

TRIANGULAÇÃO LASER PARA CONTROLE

ADAPTATIVO DE PROCESSOS DE SOLDAGEM DE

UNIÃO DE DUTOS

Projeto de tese submetido(a) ao Programa

de Pós Graduação em Engenharia

Mecânica da Universidade Federal de

Santa Catarina

Orientador: Prof. Dr. Jair Carlos Dutra

Coorientador: Prof. Dr. Tiago Loureiro

Figaro da Costa Pinto.

Florianópolis

2014

Page 2: METAVISION SENSOR

2

RESUMO

A demanda por aumento de produtividade e qualidade na área da soldagem motiva o

desenvolvimento de processos mais robustos e automatizados. Entretanto, desenvolver uma

automação completa para substituir o soldador não é uma tarefa simples, uma vez que este

utiliza muitos dos seus sentidos para realizar o ajuste de parâmetros do processo para alcançar o

resultado esperado.

Atualmente, na maioria das aplicações automatizadas, os robôs de soldagem são

empregados apenas como repetidores de movimento. Os desalinhamentos da junta são

geralmente compensados parcialmente por “seguimento de junta”. Nesta técnica, parâmetros

elétricos do processo de soldagem podem ser monitorados para detectar e corrigir, por exemplo,

os desalinhamentos e a posição da junta.

No caso de uma soldagem manual, o soldador não se restringe a movimentar a tocha

sobre a linha central da junta, mas também atua em diferentes parâmetros do processo como a

velocidade de deslocamento da tocha e movimentos oscilatórios. Aplicar estes controles mais

complexos automaticamente é uma tarefa desafiadora, pois a tomada de decisão do soldador em

alterar determinado parâmetro depende do tipo de material utilizado, formato da junta, processo

de soldagem, tipo de chanfro, posição de soldagem, entre outros.

A capacidade de um equipamento ajustar automaticamente seus parâmetros diante de

mudanças mensuráveis no processo define o controle adaptativo de soldagem. A caracterização

da geometria da junta durante a soldagem é o ponto fundamental para realização do controle

adaptativo e a medição ótica por triangulação laser é a técnica que melhor caracteriza a

geometria da junta. Por ser um processo ótico, o sensor deve ser preparado para resistir às

interferências geradas pela soldagem, como a alta intensidade luminosa, respingos e fumos. Os

sensores comerciais são preparados para trabalhar nestas condições, mas não são flexíveis para

se adaptar a diferentes materiais, acabamento da superfície, tipo de chanfro, estabilidade do

processo, corrente de soldagem e novas aplicações como o controle adaptativo.

O presente trabalho propõe o desenvolvimento de um sensor de triangulação laser

adaptado para trabalhar com procedimentos de soldagem adaptativa, com completo domínio das

tecnologias e ferramentas de software e hardware utilizadas, possibilitando melhorias nas

características de resistência à soldagem e o desenvolvimento de novas aplicações, como a

soldagem de juntas não convencionais. Para a validação dos resultados, o sensor desenvolvido

será integrado a um robô dedicado à soldagem de união de dutos.

Palavras-chave: Soldagem adaptativa, metrologia óptica, automação da soldagem,

triangulação laser.

Page 3: METAVISION SENSOR

3

SUMÁRIO

SUMÁRIO ............................................................................................................................................................ 3

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................. 4 1.1 SOLDAGEM DE DUTOS AUTOMATIZADA .......................................................................................................... 7

1.2 NECESSIDADE DE CORREÇÃO ............................................................................................................................. 8

2 TECNOLOGIAS DE SENSORES EMPREGADOS EM SOLDAGEM ................................................... 11

2.1 SENSORES DE VARIÁVEIS ELÉTRICAS DO ARCO PARA O PROCESSO MIG/MAG .................................. 11

2.2 SENSORES DE TRIANGULAÇÃO LASER ........................................................................................................... 15

2.2.1 Especificações técnicas do STL tipo folha de luz ....................................................................................... 22

2.2.2 Dificuldades impostas aos sensores de triangulação laser que trabalham com soldagem ...................... 23

2.3 SENSORES COMERCIAIS ...................................................................................................................................... 28

2.3.1 Sensor META Vision ................................................................................................................................... 28

2.3.2 Sensor Servo Robo ....................................................................................................................................... 30

2.4 CONTROLE ADAPTATIVO .................................................................................................................................... 31

3 OBJETIVOS.................................................................................................................................................... 37

4 DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE CONTROLE ADAPTATIVO ............................................................... 38

4.1 MANIPULADOR ROBÓTICO ................................................................................................................................. 39

4.2 REQUISITOS DO SENSOR DE TRIANGULAÇÃO LASER ................................................................................. 40

5 CONCLUSÃO ................................................................................................................................................. 43

6 PREVISÃO FINANCEIRA ........................................................................................................................... 45

7 CRONOGRAMA ............................................................................................................................................ 46

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................. 48

Page 4: METAVISION SENSOR

4

1 INTRODUÇÃO

O setor de petróleo e gás tem motivado pesquisas e desenvolvimentos em diferentes

áreas da engenharia. No Brasil em especial, devido ao recente aumento da capacidade produtiva

e a descobertas de novas possibilidades de produção de petróleo. Ao longo de sua história, o

LABSOLDA teve a área de petróleo e gás como motivador de suas pesquisas, em especial, o

laboratório dispendeu esforços no desenvolvimento de equipamentos para automatização de

procedimentos de soldagem de dutos. Estes equipamentos são utilizados na construção de

tubulações empregadas no transporte de produtos, ou dutovias.

Em sua grande maioria, as dutovias são compostas por tubos metálicos de grande

diâmetro (de 4 até 50 polegadas) unidos por soldagem para compor sua extensão. Esta rede de

dutos pode ser utilizada como meio de transporte para petróleo ou derivados. Nos Estados

Unidos da América, no período de 2006-2012, o consumo anual médio de tubos de aço Oil

Country Tubular Goods (OCTG) foi de 9 milhões de toneladas, sendo que a demanda do ano de

2012 foi 11% superior à verificada em 2008 [2]. Assim, fica clara a importância e a

responsabilidade do procedimento de soldagem, que responde por boa parte da integridade das

dutovias. A utilização de dutovias para transporte de gases, petróleo e outros derivados é

bastante vantajosa. Adicionalmente, a segurança nas dutovias é superior à de outros meios de

transporte, sendo indicada para o transporte de produtos perigosos.

A montagem da linha é realizada pela união dos dutos por procedimento de soldagem.

No Brasil, grande maioria destes procedimentos de união é feita por soldagem manual com

eletrodo revestido. O trabalho manual de união de dutos é uma operação delicada, visto que se

trata da soldagem de componentes de alta responsabilidade, como dutos para transporte de

produtos inflamáveis. Neste caso, as normas restringem as condições dos cordões e sujeitam as

soldas a procedimentos de ultrassom e raio-X [4]. Neste sentido são desenvolvidas tecnologias

para aumento da qualidade dos cordões soldados, como processos mais robustos e tecnologias

de automação.

De maneira geral, a soldagem tem ficado para trás quanto aos desenvolvimentos de

automação quando comparada com outras áreas da fabricação. Este atraso se deve ao fato da

soldagem ser mais complexa que muitos outros processos de fabricação [1]. O calor empregado

no processo exerce é um complicador para a automação da soldagem. O aquecimento dos

materiais provoca distorções que alteram a geometria e posição da junta durante o processo. No

caso de união de dutos outros fatores também geram dificuldades. Por se tratar da união de

secções de dutos de grandes diâmetros e comprimentos o perfeito alinhamento das peças pode

ser comprometido. As condições de montagem da linha também influenciam na preparação das

Page 5: METAVISION SENSOR

5

juntas que podem apresentar variações dimensionais. Estes fatores dificultam a tarefa de

automatizar um processo de soldagem.

A presença de um soldador manipulando a tocha, ou vareta de soldagem, faz com que

o formato da junta possa ser percebido e atitudes sejam tomadas para garantir a qualidade da

solda. Um bom soldador utiliza seus sentidos, principalmente visão, audição e tato para perceber

informações sobre o procedimento. Baseado em sua experiência como soldador, estas

informações são interpretadas e transformadas em dados sobre o procedimento de soldagem

naquele momento. Caso seja necessário o soldador atua nos parâmetros de soldagem e

movimentação da tocha para executar o objetivo do processo. [5]

Como mencionado anteriormente, para realizar uma soldagem com sucesso o soldador

precisa ter habilidades e experiência. De maneira geral, o mercado tem sofrido com a baixa

disponibilidade de mão de obra qualificada para soldagem. Em casos de procedimentos com

requisitos de qualidade muito severos esta situação se agrava consideravelmente. A automação

deste tipo de procedimento contribui não só para diminuir o tempo total de operação, tornando o

processo de união dos dutos mais rápido, como para aumento da qualidade da solda. A

utilização de um equipamento com maior autonomia tem como consequência o emprego de

operadores com menos habilidades, aliviando o gargalo de mão de obra especializada na área.

Um sistema automático para soldagem deve exercer o papel de um soldador

experiente quando manipula a tocha de soldagem. Este equipamento deve coletar informações

do processo e/ou da geometria da junta com seus sensores, avaliar estas informações, realizar a

movimentação da tocha e controlar parâmetros do processo de forma adequada. Entre as

grandezas que podem ser medidas estão, a posição da junta, tensão da soldagem, corrente de

soldagem, vibração da poça metálica, emissão acústica do arco de soldagem, frequência de

destacamento de gota, temperatura da poça metálica e intensidade luminosa do arco. Todas estas

grandezas, quando interpretadas de forma adequada, podem revelar a necessidade de correção

do sistema.

Os sistemas de automação da soldagem disponíveis no mercado que oferecem, em sua

maioria, somente o seguimento de junta como técnica de correção. O termo seguimento de junta

se aplica as correções de desvio da linha central do cordão, ou seja, quando a trajetória

programada não está exatamente sobre o chanfro. Estes sistemas corrigem os erros de

posicionamento, distorções da peça ou desalinhamento na montagem.

Os mais novos desenvolvimentos em automação de processos de fabricação, em

especial na soldagem, estão direcionados a processos que possam, não somente corrigir desvios

de posicionamento, como os citados anteriormente, mas também adaptar as variáveis do próprio

processo de forma inteligente, estes processos são chamados de processos adaptativos. Por

exemplo, uma variação no volume do chanfro exige que o sistema realize o ajuste dos

parâmetros para que o cordão não seja desqualificado. Este ajuste deve levar em conta o tipo de

Page 6: METAVISION SENSOR

6

material utilizado, planejamento do preenchimento do chanfro, parâmetros de movimentação da

tocha e de soldagem. As pesquisas por processos de fabricação mais inteligentes tem reflexo

direto na tecnologia de sensoriamento empregada, capacidade dos processadores envolvidos e

principalmente na estratégia de controle aplicada.

Os sensores de triangulação laser podem medir os parâmetros necessários para

caracterizar a junta de soldagem. Adicionalmente, devem ser flexíveis para que sejam

desenvolvidas rotinas de controle que realizem o controle adaptativo. Em virtude de serem

montados junto à tocha de soldagem e operar durante o processo de soldagem os equipamentos

devem ser preparados para resistir ao processo. Equipamentos comerciais de triangulação laser

apresentam limitações nestes dois aspectos, flexibilidade e robustez. O desenvolvimento de

novas aplicações é limitado pelas funcionalidades disponibilizadas pelo fabricante, sendo

possível medir, por exemplo, somente os chanfros previamente programados. Em determinadas

condições de soldagem o equipamento pode ser incapaz de realizar medições como, por

exemplo, quando o acabamento superficial da peça é espelhado impossibilitando a medição.

Neste contexto, o trabalho se propõe a desenvolver um sensor de triangulação laser

aberto a novos desenvolvimentos e com a flexibilidade necessária para realizar o controle

adaptativo. O domínio da arquitetura do sensor permite o estudo de diferentes técnicas para

melhoria das características de resistência do sensor em relação à soldagem. O equipamento será

capaz de ser integrado com diferentes robôs de soldagem através de um protocolo de

comunicação. Neste trabalho o sensor fará parte de um sistema de soldagem dedicado à tarefa

de união de dutos.

Page 7: METAVISION SENSOR

7

1.1 SOLDAGEM DE DUTOS AUTOMATIZADA

A tarefa de automação de um procedimento de soldagem de união de dutos enfrenta

diversos desafios tecnológicos. Na construção de dutovias a soldagem das seções de dutos é

realizada em campo, o que exige robustez dos equipamentos utilizados. A restrição de espaço

físico exige que o equipamento não ocupe muito espaço ao redor do duto. A solução adotada

para este tipo de procedimento é o uso de robôs manipuladores dedicados. Como exemplos de

manipuladores dedicados voltados para soldagem de união de duto estão os equipamentos da

Dynatorque, Polysoude, Magnatech e Tartilope V4 que podem ser visualizados na Erro! Fonte

de referência não encontrada.1 (a), (b), (c) e (d) respectivamente [6, 7, 8, 9]. Na maioria dos

casos estes equipamentos utilizam o processo MIG/MAG (GMAW).

Figura 1. Deslocadores de tocha para soldagem de união de dutos. (a)

DYNATORQUE (b) POLYSOUDE (c) MAGNATECH (d) TARTILOPE V4 [6]

Os manipuladores possuem normalmente de 3 a 5 eixos de movimentação sendo que

um destes é o trilho que envolve o duto. Para o perfeito posicionamento da tocha durante a

soldagem, o manipulador deve ser capaz de realizar o movimento de translação ao longo da

junta de soldagem, além do posicionamento axial e vertical, ângulo de soldagem e ângulo

lateral conforme demonstrado na Figura 2 [10].

Page 8: METAVISION SENSOR

8

Figura 1 Graus de liberdade para soldagem orbital de duto [10]

As juntas de soldagem, mesmo que preparadas com cuidado apresentam na maioria

dos casos variações dimensionais. A dificuldade de montagem e alinhamento dos dutos pode

provocar erro de posicionamento em uma das seções dos dutos e resultar em desalinhamento.

Estas variações geométricas da junta podem ocasionar falhas no cordão de solda. Em uma

soldagem realizada por um manipulador robótico, o equipamento está programado para executar

um procedimento com determinados parâmetros de soldagem e movimentação. Quando ocorre

uma variação da junta, estes parâmetros devem ser ajustados.

1.2 NECESSIDADE DE CORREÇÃO

Como mencionado anteriormente os procedimentos de união de dutos por soldagem

automatizada utilizam manipuladores dedicados à aplicação. Eles são fixados ao duto por trilhos

de forma que consigam posicionar a tocha sobre toda a circunferência da junta. Por se tratar de

uma junta de união de dutos, em um mesmo cordão de solda o processo ocorre em diferentes

posições de soldagem. A Figura 3 apresenta as posições de soldagem plana, sobre cabeça,

vertical descendente e vertical ascendente. Cada posição tem um conjunto de parâmetros ideal

para a qualidade e produtividade do processo. Um equipamento automático deve realizar o

ajuste destes parâmetros para o melhor desempenho. [6] [10] [11]

Page 9: METAVISION SENSOR

9

Figura 3 Posições de soldagem em um procedimento orbital de união de dutos [10]

O trilho serve de guia para que o manipulador se desloque ao redor do duto, entretanto

se não for fixado paralelo à junta, em determinada secção do cordão, a tocha pode sair da

posição correta para a soldagem. Quando a junta é mal preparada, o formato do chanfro pode ser

comprometido e o ângulo do chanfro, nariz do chanfro, gap, entre outros, podem apresentar

variações ao longo da junta.

A Figura 4 apresenta uma junta reunindo alguns dos possíveis defeitos ligados à

preparação do chanfro. O ângulo (α) é menor que (α’), o que implica na área (A) ser menor que

a área (A’), desta forma, a quantidade de material depositado no lado de (A’) deve ser maior.

Outro exemplo é a diferença entre (a) e (a’), que pode comprometer a qualidade da solda de

raiz. Erros de montagem e ovalização ou amassamento do duto provocam o desalinhamento (x)

entre as duas secções. Os parâmetros do passe de raiz e acabamento devem ser ajustados para

compensar estes defeitos da junta. A ovalização do duto também pode provocar alteração da

distância entre a ponta da tocha e o duto. O deslocamento do manipulador pode implicar na

variação a distância entre a tocha de soldagem e a superfície do duto. Todas estas variações

podem ser causadoras de uma falha e devem ser compensadas.

Posição plana

Verticalascendente

Verticaldescendente

Sobre cabeça

Page 10: METAVISION SENSOR

10

Figura 4 Erros de preparação e montagem de uma junta em "V"

O calor gerado pela soldagem provoca tensões e distorções nas peças soldadas. Estas

distorções podem acontecer de seis formas diferentes: contração longitudinal, contração

transversal, distorção angular, abaulamento, flambagem e torção [1]. No decorrer da soldagem,

as peças vão aquecendo e trocando calor, assim, sua geometria e posição podem ser alteradas.

Em um sistema automatizado, os sensores são responsáveis por detectar estas variações. Os

erros de montagem tem característica estática e permanecem constantes durante a soldagem.

Entretanto, como as distorções provenientes do calor apresentam característica dinâmica, o

sensor deve medir a junta durante o processo de soldagem.

A Figura 5 apresenta um caso de uma junta de chapas finas de alumínio com

aproximadamente 300 mm de comprimento. Antes de realizar a soldagem o autor mediu o gap

da junta ao longo do seu curso, atingindo o valor máximo de 2,3 mm. A soldagem foi realizada

por um equipamento automático equipado com um sensor capaz de medir a largura do gap

durante o procedimento. Durante a soldagem o gap atingiu o valor máximo de 3,3 mm,

significativamente maior que na medição anterior. De fato, esta variação é dependente do

material de base, processo utilizado, formato da peça e corrente de soldagem. Em ensaios

realizados no LABSOLDA foi constatado que para a aplicação de união de dutos,

principalmente na soldagem de raiz, existe variação significativa do gap justificando o emprego

de um sensor para medição online da junta.

Page 11: METAVISION SENSOR

11

Figura 2. Variação do gap antes e durante a soldagem [1]

A evolução do seguimento de junta deu origem a sistemas mais inteligentes

denominados de “soldagem adaptativa”. A soldagem adaptativa se propõe a ajustar parâmetros

do processo para compensar variações como o formato da junta e posição de soldagem. Para

realizar o seguimento de junta e a soldagem adaptativa podem ser utilizados sensores

mecânicos, elétricos, sonoros, magnéticos e sensores óticos. Entretanto, duas tecnologias se

destacam para esta aplicação, o sensoriamento por variáveis do arco e os sensores de imagem

por triangulação ativa.

2 TECNOLOGIAS DE SENSORES EMPREGADOS EM SOLDAGEM

Trabalhos acadêmicos mostram que é possível utilizar medições do processo para

realimentar um sistema automatizado [12] [13] [1] [10] [14] [15]. Entre as tecnologias de

sensores aplicadas estão os probes de contato, sensores acústicos, sensores de luminosidade

sensores de variáveis elétricas, sensores de imagem entre outros. Atualmente as tecnologias

mais aplicadas são estes dois últimos.

2.1 SENSORES DE VARIÁVEIS ELÉTRICAS DO ARCO PARA O PROCESSO MIG/MAG

A técnica de sensoriamento por variáveis elétricas do arco consiste na leitura e analise

da tensão e corrente elétrica durante o procedimento de soldagem. Esta técnica é aplicada a mais

de 20 anos com sucesso na indústria. No processo MIG/MAG, para uma fonte de tensão

constante e velocidade de arame constante, o valor da corrente media tem relação com a

distância entre o bico de contato e a peça (DBCP), Figura 6. O comprimento do arco é

Durante a soldagem

La

rgu

ra d

o

(m

m)

gap

Distância ao longo da junta de soldagem (mm)

Antes dasoldagem

Page 12: METAVISION SENSOR

12

fortemente influenciado pela tensão utilizada no processo que, como dito anteriormente, é

constante. A extensão do eletrodo apresenta uma característica resistiva que quando a tocha se

aproxima da peça seu valor de resistência diminui. A variação na impedância total do sistema

implica no aumento da corrente elétrica. Esta característica do processo caracteriza no um

potencial de auto regulagem do processo que é utilizado para medir a DBCP com a leitura da

corrente.

Figura 6 Elementos do processo MIG/MAG [16]

Partindo deste princípio é possível controlar, por exemplo, a altura da tocha.

Observando o valor médio de corrente, o sistema pode fechar uma malha de controle para

manter a DBCP no valor de referência. Analisando as condições da solda e o sinal de corrente,

esta relação entre DBCP e corrente de soldagem pode ser aplicada para realizar o seguimento de

junta.

Considerando por exemplo um procedimento de enchimento de um chanfro em “v”,

uma técnica bastante aplicada é o movimento de oscilação transversal da tocha. A Figura 7

apresenta a secção transversal de uma junta em “v” onde o movimento oscilatório se dá ente (a),

(b) e (c). Ao realizar a soldagem variando a tocha nas posições apresentadas na Figura 7 a

DBCP se altera. Interpretando o sinal de corrente é possível realizar a correção na posição da

tocha [10] [1]. A metodologia mais aplicada para interpretação do sinal consiste na leitura da

corrente nas laterais do chanfro, ilustradas na Figura7 (a) e na Figura 7 (c), onde são medidas as

correntes Ia e Ic. Estas correntes são comparadas a corrente de referência Iref a fim de realizar

o controle de altura da tocha.

Page 13: METAVISION SENSOR

13

Figura 7. Variação da distância bico de contato peça (DBCP) com o movimento de

oscilação da tocha de soldagem

(1)

Caso a Equação 1 não seja satisfeita o sistema de controle atua corrigindo a altura da

tocha. Estes dois valores de corrente são também utilizados para corrigir desvio da posição

central da junta e realizar o seguimento de junta. A Metodologia utilizada para verificar o

alinhamento da tocha com a junta é a comparação dos valores de Ia e Ic. Como pode ser

observado na Erro! Fonte de referência não encontrada.7 quando a junta esta alinhada o

movimento de oscilação entre as posições (a) e (c) implica em distâncias DBCP e valores de

corrente iguais para as duas posições. Caso a Equação 2 não seja satisfeita o sistema de controle

atua para corrigir a posição central da oscilação.

(2)

Os valores de corrente comentados anteriormente correspondem a valores médios

instantâneos. No processo GMAW a forma de onda da corrente de soldagem é influenciada pela

forma de transferência aplicada no processo. Na maioria das aplicações de soldagem de união

de dutos é observada a transferência por curto circuito. Observando a forma de onda da corrente

sem nenhum tratamento, como na Figura 8, não é fácil determinar a necessidade de correção, de

modo que o sinal precisa ser filtrado. Em vermelho aparece a corrente média de soldagem e em

azul os instantes de inversão de sentido do movimento oscilatório referentes aos pontos (a) e (c)

da Figura 7.

Page 14: METAVISION SENSOR

14

Figura 8 Oscilograma da corrente para a soldagem com transferência por curto-circuito.

[10]

O sinal de corrente é convertido por um conversor analógico digital para ser tratado

por um filtro digital. Em seguida o controlador compara as leituras de corrente referentes às

posições (a) e (c) da Figura 7 e atua na posição de referência como mostra a Figura 9. O

controlador recebe um sinal de sincronismo do robô de soldagem que informa o instante em que

a aquisição da corrente média corresponde às posições desejadas.

Figura 9. Processamento do sinal se corrente.

Page 15: METAVISION SENSOR

15

Esta tecnologia permite realizar o seguimento de junta utilizando um sensor de

corrente. Um sensor deste tipo é barato quando comparado a outras tecnologias e é imune ao

ambiente agressivo da soldagem. O sistema como um todo não é complexo, entretanto vários

fatores perturbadores podem comprometer o seu funcionamento. A estabilidade do processo

pode comprometer o seguimento da junta, uma vez que tem relação direta com o seguimento da

junta. Deste modo uma perturbação no gás de proteção pode resultar em falha no seguimento da

junta.

Esta técnica é baseada na variação da corrente de soldagem causada por uma variação

de DBCP, assim, para que seja possível medir a junta a DBCP deve variar significativamente.

Uma limitação desta técnica de seguimento é o tipo de junta utilizado, sendo aplicada somente

em juntas em “V”. Em ensaios realizados no LABSOLDA foi verificado que mesmo para o tipo

de chanfro apropriado a técnica era aplicada com êxito somente nos primeiros passes do

enchimento, onde a lateral da junta provoca a variação necessária da DBCP. A dinâmica do

processo também é um limitante, uma vez que a variação da DBCP demora alguns instantes

para resultar na variação da corrente média. Em frequências de oscilação elevadas o processo

tende a estabilizar em um valor de corrente e não apresentar os picos utilizados para o controle.

2.2 SENSORES DE TRIANGULAÇÃO LASER

O sensor de triangulação laser (STL) é o tipo de sensor óptico mais aplicado em

medições tridimensionais de juntas em procedimentos de soldagem [16] [1]. Entre os

dispositivos opto eletrônicos, os STL são mais robustos e capazes de medir a geometria e a

posição das juntas de soldagem durante o processo. Ao contrário de outros métodos, como a

leitura de variáveis do arco, os STL permitem a medição completa do perfil da junta, podendo

ser extraídos valores de gap, ângulo do chanfro, área da seção transversal do chanfro entre

outros [17] [19].

Os principais componentes deste sensor são a câmera para captura das imagens, uma

fonte de luz estruturada e uma unidade de processamento de imagem. A fonte de luz estruturada

projeta uma “folha de luz” de encontro à peça que será medida. A montagem do sensor é feita

de modo que a luz projetada atravesse o campo de visão da câmera. A geometria da peça é

medida com base na posição da projeção da fonte de luz na imagem capturada. Como

apresentado na Figura 10, quando uma superfície atravessa a folha de luz dentro do campo de

visão da câmera, a imagem capturada carrega a informação da geometria e posição desta

superfície. Compreendendo a distância entre câmera e emissor de luz, o ângulo entre o eixo

ótico da câmera e plano da folha de luz e características óticas da câmera é possível definir um

Page 16: METAVISION SENSOR

16

modelo matemático para transformar a informação contida na imagem capturada em dimensões

da peça medida [20].

Figura 10 Princípio de funcionamento do sensor de triangulação laser

O modelo pinhole considera que a projeção de uma imagem em um anteparo através

de uma lente, pode ser descrita projetando-se pontos 3D em um plano, através de um ponto

central denominado de centro de projeção ou pupila Figura 11. Desta forma, para qualquer

ponto M no espaço 3D, sua representação m na imagem encontra-se onde a reta que une M ao

centro de projeção C intercepta o plano da imagem π [18] [19] [20] [17].

Figura 11 Modelo de câmera pinhole [23]

Folha de luz Imagem Capturada

CâmeraEmissor Laser

Folha de luz Imagem Capturada

CâmeraEmissor Laser

Sensor

Page 17: METAVISION SENSOR

17

A projeção m = (x.w,y.w,w)T de um ponto tridimensional qualquer M = (X,Y,Z,1)

T no

plano π pode ser descrita pela Equação 3 [21] [18] [19] [22].

(3)

Onde P é a matriz de projeção que relaciona a posição de um ponto M no sistema de

coordenadas da medição, com a posição do ponto m no sistema de coordenadas da imagem. A

matriz P pode ser dividida em parâmetros intrínsecos e extrínsecos. Os parâmetros intrínsecos A

se referem a características da câmera que capturou a imagem, os parâmetros extrínsecos estão

relacionados à posição e orientação desta câmera no espaço. R representa a matriz de rotação e

T o vetor de translação do sistema de coordenadas da medição para o sistema de coordenadas da

imagem.

[ ] (4)

A Matriz A pode ser descrita de acordo com a Equação =[

]

.

[

] (5)

Onde:

e : representam os fatores de escala dos eixos u e v.

: representa o erro de alinhamento angular entre u e v, (normalmente desprezado).

e Coordenadas do ponto P0.

O modelo pinhole relaciona a posição de um ponto no espaço 3D com a posição da

imagem deste ponto no plano da imagem 2D. Desta forma é necessária alguma informação

adicional para encontrar as coordenadas o ponto M a partir do ponto m e da matriz de projeção

P. No caso dos sensores de triangulação laser esta informação vem da característica de luz

Page 18: METAVISION SENSOR

18

estruturada do laser. É projetado então um plano de luz através do campo de visão da câmera.

Infinitos pontos tridimensionais M podem ser definidos sobre uma reta que liga o ponto m na

imagem a pupila da lente, mas somente um pertencerá simultaneamente ao plano matemático

definido pela "folha de luz". A folha de luz projetada pelo emissor laser pode ser descrita pela

Equação 6. Assim é possível encontrar as coordenadas (X,Y, Z) do ponto M a partir da posição

m (u,v) na imagem. A Figura 12 ilustra este princípio [23] [24].

6

Figura 12 Modelo de câmera pinhole e folha de luz aplicada em sensor de triangulação

laser. Adaptado de [23].

A configuração de STL mais aplicada em soldagem utiliza uma lente cilíndrica para

projetar uma folha de luz contra a peça a ser medida. Neste caso, a imagem capturada pelo

sensor corresponde a uma linha que carrega as informações de geometria e posição de

determinada secção da junta. O modelo apresentado anteriormente se aplica para cada ponto M

da linha da imagem gerada no sensor da câmera.

A Figura 13 apresenta em (a) uma representação uma imagem capturada por um STL

onde a peça medida é uma junta em V. A imagem é composta por uma matriz de pixels

organizados em linhas e colunas. As colunas, representadas pela letra “i”, estão dispostas ao

longo da largura da imagem, e ao longo da altura da imagem estão dispostas as linhas “j”. A

imagem projetada pela folha de luz é representada em vermelho. Devido ao ângulo entre o eixo

ótico da câmera e o plano da folha de luz, a imagem retrata a linha luminosa distorcida pelo

formato da junta.

x

yz

Plano da Imagem Folha de luz

M(X,Y,Z)

m(u,v)

XY Z

Page 19: METAVISION SENSOR

19

Figura 13 Representação de uma imagem capturada por um STL e distribuição da

intensidade luminosa ao longo j-ésima linha de pixels do CCD, adaptado de [25].

Para realizar os cálculos da triangulação é necessário definir para cada linha “j” da

imagem onde é a posição da linha luminosa. Em (b) está representada a intensidade luminosa ao

longo da j-ésima linha. É possível observar que ao longo da linha a intensidade luminosa sobre

cada pixel da imagem varia, e o ponto de maior intensidade é o centro da linha luminosa. A

posição do pico de intensidade pode ser encontrada através da formula do centroide [25].

Onde:

: posição do centro do pico de intensidade luminosa.

: intensidade luminosa do i-ésimo pixel.

A posição do feixe luminoso para cada linha da imagem será dada por ( . O

cálculo pode ser repetido para cada linha de pixels da imagem. Com base no modelo

Page 20: METAVISION SENSOR

20

matemático do sensor e nas informações de calibração estes pontos da imagem são

transformados em coordenadas (X, Y, Z) de pontos na superfície da junta.

Sensores de triangulação laser realizam a medição de diversos pontos da superfície da

peça medida ao longo da linha laser. Para a soldagem este conjunto de pontos não é a

informação necessária para o controle do processo. Diferente de um scanner tridimensional o

sensor de triangulação aplicado em soldagem deve informar ao sistema, por exemplo, a posição

central da junta, o gap, desalinhamentos entre as chapas, volume total da junta, entre outros.

Para isso o sensor deve reconhecer os tipos de chanfros utilizados. A Figura 14 apresenta os

diferentes exemplos de juntas comumente encontradas em procedimentos de soldagem de

chapas finas, chapas grossas e procedimentos de inspeção. Cada perfil tem um conjunto de

pontos de interesse específicos, onde o ponto central é utilizado para o seguimento da junta e

está marcado com um “X” e os demais pontos de interesse estão marcados com “+”. Os perfis

apresentados na Figura 14 podem ser aplicados no sensor da empresa META Vision.

Figura 14. Exemplos de juntas e pontos de interesse [26]

O conjunto de pontos medidos pelo sensor de triangulação laser deve ser interpretado de

forma adequada para que sejam extraídas as informações importantes ao processo como, o gap,

desalinhamentos e volume da junta por exemplo. A informação da posição destes pontos

Page 21: METAVISION SENSOR

21

medidos está relacionada ao sistema de coordenadas da medição (SCM). Para que o ponto

medido seja utilizado pelo controlador do robô, a informação do ponto de interesse deve ser

transformada para o sistema de coordenadas do robô (SCB).

A Figura 15 apresenta, de forma esquemática, os processos de transformação da

informação de um ponto medido para o SCB. Também estão representados o sistema de

coordenadas da interface do robô (SCI), sistema de coordenada da medição do sensor (SCM) e o

ponto medido pelo sensor. Este ponto pode ser, por exemplo, a posição do centro de uma junta

de soldagem. Ao capturar a posição do ponto, esta informação é descrita em função do SCM.

Para que o robô compreenda este ponto ele deve ser descrito em função do SCB. A

transformação necessária para caracterizar um ponto medido em função do SCB é TBM

. Esta

transformação pode ser definida em função de TIM

e TBI, que respectivamente representam a

matriz de transformação que relaciona o SCI com o SCM, e a matriz que relaciona o SCB com

SCI. TBI é conhecida pelo controlador do robô e é utilizada para calcular as trajetórias da

interface do robô. TIM

é função da fixação entre o STL e a interface do robô. O procedimento

que define TBM

é chamado de calibração extrínseca do sensor e deve ser realizado sempre que a

fixação do sensor for alterada [30] [31].

Figura 15 Transformação do ponto medido para o sistema de coordenadas do

robô.

Page 22: METAVISION SENSOR

22

2.2.1 Especificações técnicas do STL tipo folha de luz

As Especificações de um STL se dividem em três grupos, requisitos metrológicos,

requisitos de robustez contra soldagem e requisitos mecânicos. Os requisitos metrológicos

abrangem a área “A” de medição do sensor, como mostrado na Figura 16, a profundidade de

medição (faixa que o sensor consegue medir longo do eixo z) e a largura de medição

(comprimento da medição realizada ao longo da linha projetada). A câmera é posicionada no

sensor com um ângulo entre seu eixo focal e o plano da folha de luz, assim, a ampliação da

imagem varia de acordo com secção da profundidade de medição. Desta forma, a largura de

medição pode variar ao longo da profundidade de medição, sendo mais larga próxima ao plano

2, e mais estreita próxima ao plano 3. A especificação da largura de medição pode ser

apresentada com valores máximos e mínimos ou em valor médio. A profundidade e a largura de

medição definem a área em que a medição pode ser realizada. No caso da soldagem, a secção da

junta ou o cordão de solda a ser medido deve ser posicionado na área de medição. Outro

parâmetro metrológico é o Stand-off que representa a distância entre início da faixa de medição

e o cabeçote do sensor. Esta característica é fundamental em operações com restrição de espaço,

como a soldagem de união de dutos em campo [27] [25].

Figura 3 Representação de parâmetros do sensor de triangulação laser

Page 23: METAVISION SENSOR

23

A resolução de um equipamento representa a menor variação que pode ser percebida

por este. No caso deste tipo de sensor, ela pode ser apresentada como resolução lateral e

resolução em z. Como o sensor realiza medições bidimensionais a incerteza de medição pode

apresentar valores diferentes para as coordenadas y e z.

A taxa de medição é a frequência com que o sensor consegue realizar medições. No

caso da soldagem esta taxa de medição está ligada à velocidade máxima de deslocamento da

tocha enquanto realizando um procedimento de soldagem. Quanto maior esta frequência o

equipamento detecta variações do chanfro com dinâmica maior.

2.2.2 Dificuldades impostas aos sensores de triangulação laser que trabalham com

soldagem

Os STL são movimentados sobre a junta de soldagem para realizar medições do

chanfro. Como descrito anteriormente, no caso da soldagem de união é necessário que se realize

a medição do chanfro durante o procedimento. Usualmente o sensor é fixado junto à tocha de

soldagem e posicionado a frente da mesma, desta forma a região medida pelo sensor fica a

aproximadamente 40 mm de distância do centro da tocha. O posicionamento do sensor próximo

à tocha de soldagem possibilita que o sistema determinar as condições da junta logo antes de

realizar a soldagem, entretanto o processo pode atrapalhar o funcionamento do sensor. As

dificuldades impostas ao sensor pelo processo de soldagem são diversas, entre elas, as mais

relevantes são intensidade luminosa do arco, calor, respingos de metal fundido e os fumos da

soldagem. Adicionalmente o ambiente em que se realiza este tipo de procedimento apresenta

partículas solidas suspensas no ar que podem prejudicar a medição e danificar o sensor. O

sensor também esta sujeito a aplicações em diferentes materiais com acabamentos superficiais

diferentes. Materiais como o alumínio ou o aço usinado tem predominante reflexão especular o

que prejudica a medição.

Sensores apropriados para trabalhar com a soldagem tem seu projeto adaptado para suportar, ou

amenizar, a influência do processo de soldagem na medição. Alguns sensores possuem sistema

de refrigeração a água para resfriar o sensor como demonstrado na Figura 17 [26]. A água é

levada até o sensor por mangueiras e circula em uma placa de troca de calor. Ainda para

suportar o ambiente da soldagem com fumos e partículas suspensas alguns cabeçotes são

pressurizados, impedindo que os circuitos eletrônicos e componentes óticos entrem em contato

com o ambiente. Adicionalmente, quanto mais próximo da tocha, maior a influência do calor e

da iluminação gerada pelo arco no sensor. A Figura 17 destaca o escudo anti-respingo para

contenção parcial dos respingos e da luz do arco.

Page 24: METAVISION SENSOR

24

Figura 17. Exemplo de cabeçote de medição por triangulação laser aplicado em

soldagem. [26]

O escudo é capaz de conter parcialmente a luminosidade do arco e os respingos, mas

não é suficiente. Uma técnica bastante aplicada para diminuir significativamente a intensidade

luminosa do arco é o emprego de filtros passa banda. Este tipo de filtro atenua os comprimentos

de onda da luz que estiverem fora da sua janela de especificação. A Figura 18 (a) apresenta

principio da filtragem da luz do arco com filtro passa banda [10]. É possível observar, que para

determinada condição, a faixa de comprimento de onda que tem maior intensidade é de 500 a

780 nm. O laser utilizado no artigo de referência utiliza como fonte de luz estruturada um

LASER de cor vermelha com comprimento de onda de 830 nm. Isso permite utilizar um filtro

passa banda que atenue os comprimentos de onda indesejados. A Figura 18 (b) mostra o

espectro de luz do arco atenuado por um filtro e a luz do laser não é alterada significativamente.

Uma parcela de luz do arco ainda aparece nas medições.

Figura 18. (a) Luz do arco sem filtro (b) luz do arco com filtro Passa-Banda [10]

Page 25: METAVISION SENSOR

25

O sensor SLS 50 da empresa META vision foi testado à exposição da intensidade

luminosa do arco. De maneira geral, quando respeitadas às orientações do fabricante, a

luminosidade do arco não interfere na medição. Além do filtro de cor que atenua a intensidade

luminosa do arco o escudo anti-respingo se mostrou fundamental para a contenção da

luminosidade do arco. Sem este aparato a luminosidade do arco satura o sensor e impede a

medição.

O controle do tempo de exposição da câmera também é utilizado como mecanismo para

atenuar a intensidade do arco. Com um tempo de exposição reduzido a imagem capturada fica

escurecida, atenuando a luz do arco. Neste caso, a luz proveniente do emissor laser também é

atenuada. Para compensar este efeito, a intensidade do emissor laser é aumentada quando o

tempo de exposição é reduzido, mantendo assim, a linha laser destacada na imagem. A Figura

19 apresenta o sensor montado sobre um perfil semelhante a um chanfro de soldagem. Com

auxilio de uma lanterna foi criada uma perturbação da luz ambiente (em (a) medição sem

perturbação, e (b) medição com perturbação).

Figura 19 Interferência de luminosidade no funcionamento do STL

Nas duas situações o sensor consegue realizar as medições com sucesso. O

equipamento controla do tempo de exposição e intensidade luminosa do laser compensando a

perturbação luminosa imposta na Figura 19 B. No modo de controle automático, o sensor é

capaz de realizar medições com interferência de luminosidade externa. Quando este controle é

desabilitado, com apenas a intensidade luminosa de uma lanterna, o sensor é incapaz de realizar

a medição a menos que os parâmetros de shutter e intensidade sejam ajustados manualmente.

A Figura 20 apresenta as imagens do software do sensor onde a imagem capturada pelo

sensor é apresentada com o controle automático da câmera em (a), e sem controle automático

em (b). É notável a influência da estratégia de controle no resultado de uma imagem com menos

ruídos. Somente em (a) o sensor era capaz de realizar medições do chanfro.

Page 26: METAVISION SENSOR

26

Figura 20 Imagem capturada com controle automático (a) e sem controle automático (b)

Outro complicador para os sensores de medição por imagem é a característica de

reflexão das superfícies. Especialmente na soldagem, as superfícies medidas são metais como

alumínio e aço. A preparação da junta pode tornar a superfície com característica predominante

de reflexão especular, refletindo a luz do laser com uma direção preferencial. O ideal para este

tipo de sensor é realizar medição em superfícies com reflexão difusa onde a luz é refletida sem

uma direção preferencial. No caso de uma superfície com predominante reflexão especular a luz

do laser é refletida e pode aparecer com intensidade muito baixa na imagem capturada pelo

sensor. A luz refletida também pode atingir a junta de soldagem em outra região do campo de

visão da câmera, gerando uma imagem dupla que pode gerar um erro na medição. A imagem

gerada pelo reflexo da luz aparece distorcida e fora de foco. Alguns equipamentos fazem uso de

filtros digitais para eliminar os reflexos das imagens. Filtros de polarização também podem ser

utilizados para atenuar os reflexos.

O sensor SLS 50 foi experimentado em condições de alta reflexão para testar seu

comportamento nestes casos. Com o auxilio de um espelho (Figura 21(a)) o reflexo da linha

laser foi projetado sobre a faixa de medição do sensor gerando uma imagem dupla (Figura21

(b)). É possível observar que o reflexo gerado pela presença do espelho aparece na imagem

capturada. O reflexo não impede que o sensor realize a medição.

Figura 21 Reflexo da linha laser na área de medição

Espelho

Page 27: METAVISION SENSOR

27

Reflexos mais intensos podem atrapalhar o funcionamento do sensor. A Figura 22 (a)

apresenta um chanfro em V usinado por esmerilhamento em chapas de alumínio, e em (b) a

imagem capturada pelo sensor operando em modo de controle automático da câmera. Como é

possível observar na imagem, a superfície do chanfro é bastante irregular e gera muitos reflexos.

Em casos extremos como este, o sensor não foi capaz de realizar medições de forma adequada.

Em determinadas regiões da junta, onde a reflexão da chapa era desfavorável, como na Figura

22, era impossível realizar medições.

Figura 22 Imagem capturada de chanfro com superfície irregular

O processo de soldagem GMAW, mesmo bem regulado, pode apresentar respingos.

Estes são partículas de metal fundido que se desprendem do arame de solda e saltam para fora

da poça de fusão. Estas partículas com diâmetro entre 1 e 2 mm estão em temperaturas elevadas

e emitem radiação. Quando projetadas para fora da poça de fusão podem atravessar o campo de

visão da câmera. Estas goras de metal fundido viajam com uma velocidade alta o suficiente para

resultar em uma linha na imagem capturada, o que pode atrapalhar a medição. Devido à tocha

de soldagem ser posicionada atrás da linha do sensor o centro da tocha fica a uma determinada

distância da linha de medição. Os respingos são projetados radialmente com origem na posição

central da tocha, implicando na trajetória do respingo ser aproximadamente perpendicular a

linha de medição. Na prática os traços gerados pelos respingos têm até 25º de inclinação com

relação a perpendicular da linha do laser. Esta característica pode ser utilizada por um filtro

digital dedicado a eliminar a influência dos respingos na medição.

Page 28: METAVISION SENSOR

28

2.3 SENSORES COMERCIAIS

O emprego de sensores de triangulação laser na soldagem não é tão difundido quanto os

outros tipos de sensores. A pesar do desenvolvimento da tecnologia de medição ótica, não é

comum ver sensores deste tipo operando industrialmente. De fato, realizar medições óticas em

um ambiente de soldagem é um desafio, mas, como exposto anteriormente, existem técnicas que

o tornam possível. Em meio a diversos fabricantes de sensores óticos, apenas poucos arriscam

propor uma solução para esta tarefa. Os dois principais fornecedores de sensores de triangulação

laser (STL) para seguimento de junta durante procedimentos de soldagem no mundo são as

empresas META Vision e SERVOROBO. De maneira geral, as informações sobre os modelos

de sensores não são de livre acesso na internet, o que dificulta a realização de uma leitura

completa dos modelos oferecidos no mercado.

2.3.1 Sensor META Vision

Os sensores da série SLS da empresa META Vision são aptos a trabalhar próximos a

procedimentos de soldagem. Eles dispõem de placa de refrigeração a água, pressurização do

cabeçote, escudo contra respingos e janela de proteção contra respingos. A Figura 23 apresenta

a bancada onde se encontra o sensor SLS-050 V1 disponível no LABSOLDA. Também

compõem a bancada, um robô de soldagem equipado com tocha, o controlador do robe e um

computador para configuração do sensor.

Figura 23 Sensor SLS-050 V1 MetaVision.

Page 29: METAVISION SENSOR

29

A tabela abaixo apresenta as especificações fornecidas pelo fabricante para os quatro

modelos da linha SLS 050. Os modelos tem variação quanto à área de medição e incerteza de

medição. A incerteza de medição é apresentada pelo fabricante como erro máximo de

seguimento, ou seja, o erro que o sensor apresenta na medição do ponto central da junta. A

Tabela 1 apresenta as especificações do sensor.

Tabela 1 Sensores comerciais META Vision [26]

Meta

Modelo

SLS-025

V1

SLS-050

V1

SLS-050 LR

V1

SLS-100 LR

V1

Campo de visão (mm) 25 50 50 100

Profundidade de visão (mm) 32 70 60 125

Standoff (mm) 45 65 150 150

Horizontal Pixel Resolution (mm) 0,025 0,05 0,05 0,1

Vertical Pixel Resolution (mm) 0,025 0,08 0,08 0,15

(no Standoff nominal)

Seguimento:

Erro máximo Horizontal (mm) ± 0,05 ± 0,1 ± 0,1 ± 0,25

Erro máximo Vertical (mm) ± 0,05 ± 0,1 ± 0,1 ± 0,25

Características Dimensionais:

Largura 39,5 39,5 39,5 39,5

Altura 118 118 118 118

Profundidade 75 75 132 132

Peso 650 650 750 750

Câmera:

Frame rate 25 até 100 fps

Tecnologia do sensor CMOS

Laser:

Potência 30mW

Comprimento de onda (nm) 685 (660-699)

Classe de segurança 3B (IEC60825-2001)

Interface de comunicação Ethernet+ CAN

Comprimento máximo do cabo 50m

Page 30: METAVISION SENSOR

30

Os sensores comerciais disponibilizam integração com equipamentos industriais de

forma simples. No caso de robôs industriais os sensores utilizam atualmente a porta de

comunicação Ethernet para interligar os dois sistemas. Os sensores enviam para o controlador

do robô apenas as informações necessárias para o seguimento e correções da soldagem. Toda

interpretação da imagem é realizada no cabeçote do sensor. O fabricante do robô disponibiliza

uma funcionalidade do software do robô específica para os STL com seguimento de junta,

correções e calibração extrínseca do sensor. O seguimento consiste em utilizar as informações

vindas do sensor para alterar a trajetória da tocha.

No caso de robôs dedicados à soldagem, como os orbitais utilizados em procedimentos

de união de dutos, a META Vision disponibiliza um conjunto de softwares e bibliotecas em

linguagem C# e C++. Com estas bibliotecas é possível desenvolver de um novo software para

integração com outros dispositivos.

2.3.2 Sensor Servo Robo

As características técnicas dos sensores de triangulação são semelhantes, variando a

área de medição e outras características metrológicas. A Figura 24 apresenta o sensor PN026950

oferecido pela empresa Servo Robo. É possível observar na imagem as conexões de refrigeração

e pressurização do cabeçote. ATabela Tabela 2 apresenta as especificações fornecidas pelo

fabricante.

Figura 24 Sensor ServoRobo

Tabela 2 Sensores comerciais ServoRobo

ServoRobo

Modelo PN026950

Campo de visão (mm)

Máximo e Mínimo

( 27 – 76 )

Page 31: METAVISION SENSOR

31

Profundidade de visão (mm) 140

Standoff (mm) 70

Horizontal Pixel Resolution (mm) 0,09

Vertical Pixel Resolution (mm) 0,05

(no Standoff nominal)

Características Dimensionais:

Largura 33

Altura 94

Profundidade 58

Refrigeração Ar

Interface de comunicação Ethernet + RS232

+ 4 Portas analógicas

Comprimento máximo do cabo 30m

O equipamento da empresa Servo Robô também pode ser integrado a robôs industriais.

Entretanto, para que esta integração seja possível, é necessária além do cabeçote de medição,

uma unidade de controle. Esta tem a função de interpretar os dados vindos do sensor e

estabelecer a comunicação com o robô. A empresa Servo Robô disponibiliza soluções

dedicadas, oferecendo seus próprios robôs manipuladores. Oferece também um software

proprietário para programação integrada do sensor com seus robôs. O software é bastante

semelhante à programação de um robô industrial, com marcações de pontos e funções

específicas para o seguimento da junta e outras correções. A integração com robôs de outros

fabricantes não se da de forma simples.

2.4 CONTROLE ADAPTATIVO

Um procedimento automático de soldagem é dependente do posicionamento e formato

da junta, caso alguma destas características se altere de forma não prevista a soldagem pode

resultar em falha. Para alcançar um procedimento completamente automatizado o sistema deve

realizar o controle adaptativo. Este controle tem por características adaptar-se, ou ajustar o

comportamento para lidar com novas circunstâncias [28]. No caso da soldagem, as variáveis de

entrada são características geométricas das juntas e variáveis do processo de soldagem. O

controle deve ajustar a movimentação da tocha e variáveis do processo para garantir as

características desejadas da solda.

Page 32: METAVISION SENSOR

32

Análogo ao trabalho realizado por um soldador, o sistema deve ser capaz de, por

exemplo, identificar o aumento no ângulo do chanfro e rapidamente atuar nas variáveis do

sistema. Por exemplo, diminuir a corrente de soldagem, posicionar a tocha em uma altura

adequada para a tensão de soldagem e realizar a movimentação adequada da tocha. Este tipo de

procedimento é denominado soldagem adaptativa, e tem sido foco de muitos estudos pelo o

mundo [1].

A soldagem é um processo de múltiplas variáveis o que dificulta o controle

automático do processo. Geralmente este tipo de controle não é utilizado na soldagem de raiz e

se restringe aos passes de enchimento. Para os passes de enchimento a soldagem adaptativa é

realizada com bons resultados na indústria [11] [30] [15] [14] [31]. Trabalhos acadêmicos

mostram aplicações de procedimentos de enchimento de chanfro em “V” para união de chapas

na posição plana. Esta configuração elimina alguns perturbadores do processo, como a posição

de soldagem fator que influência na sustentação da poça de metal fundido em procedimentos de

soldagem de raiz [14].

A estratégia utilizada nos procedimentos de enchimento com processos adaptativos

consistem em compensar a variação de forma do chanfro que deve ser preenchido atuando na

quantidade de material depositado por unidade de comprimento da junta. A Figura 25 (A)

apresenta o desenho de um corpo de prova com um chanfro variável, a geometria da parte

inicial do chanfro diferente da geometria da parte final.

Em desenvolvimentos recentes do LABSOLDA em parceria com o instituto de

pesquisa SLV München foram realizados procedimentos de soldagem com controle adaptativo

em soldagem de união de chapas com chanfro em V [29]. Neste desenvolvimento foram

realizadas soldagens de passe de raiz e enchimento na posição plana.

O sistema utilizado neste trabalho é comercializado pela empresa Servo-Robô e é

composto pelos módulos de robô de soldagem, STL, módulo de comunicação com fonte de

soldagem e módulo de controle adaptativo [30] [31] [29]. O modulo de comunicação com a

fonte de soldagem faz a integração do módulo de controle adaptativo e a fonte de soldagem.

Toda lógica de controle presente no sistema foi desenvolvida no módulo de controle adaptativo.

O controle adaptativo foi desenvolvido para soldar duas chapas posicionadas lado a

lado com um pequeno desalinhamento, conforme a Figura 25 (A) de modo que o chanfro

variasse durante a soldagem. Como pode ser observado na Figura 25 (B), tanto o gap entre as

chapas, como secção transversal do chanfro, varia ao longo da junta (B1 e B2). Para alcançar

um resultado satisfatório a trajetória da tocha e as variáveis de soldagem devem ser ajustadas ao

longo da junta. Em azul está ilustrada a trajetória da tocha de soldagem para o passe de raiz.

Page 33: METAVISION SENSOR

33

Figura 25 Desenho do corpo de prova para soldagem adaptativa

Neste caso a soldagem de raiz foi realizada sem backing, sendo o principal desafio

sustentar a poça metálica sem que o material escorra e manter o perfil da raiz aceitável. Backing

é o nome dado ao anteparo colocado atrás da junta de soldagem para ajudar na sustentação da

poça metálica durante a soldagem. O controle desenvolvido relaciona o gap (b), parâmetros do

processo e o percentual do volume do chanfro que se pretende preencher no determinado passe.

Este percentual está diretamente relacionado à quantidade de passes necessários para o

preenchimento do chanfro.

A velocidade de arame é um parâmetro fundamental para o controle da penetração da

solda. Para um chanfro com gap estreito a velocidade de arame deve ser maior garantindo que a

penetração da raiz. Um gap maior dificulta a sustentação da poça de material. Assim, uma

velocidade de arame menor contribui para que a poça não escorra. Em uma junta com o chanfro

variável a velocidade de arame deve ser ajustada ao gap. Neste desenvolvimento a velocidade

de arame foi controla em função do gap de acordo com a Equação 7.

(7)

Em alguns casos onde o gap assume valores maiores ou iguais 1 mm é necessário

acrescentar o movimento de oscilação transversal da tocha. A amplitude deste movimento

( deve ser ajustada de acordo com o valor medido do gap conforme Equação 8.

representa o raio do arame de soldagem utilizado.

(8)

Page 34: METAVISION SENSOR

34

O gráfico da Figura 26Figura foi construído para melhor ilustrar as relações entre

velocidade de arame, amplitude de movimento e gap utilizados por Kindermann [29]. Estas

relações respeitam as características do processo e da junta de soldagem.

Figura 26 Velocidade de arame e amplitude de oscilação em função do gap

Quando se planeja preencher um chanfro com uma determinada quantidade de

material é importante respeitar um determinado percentual de preenchimento para cada passe.

Assim, para um chanfro com gap estreito se teria uma velocidade de alimentação de arame

elevada, onde é depositado mais material sobre a junta. Para que este primeiro passe não

preencha o chanfro demasiadamente a velocidade de soldagem compensa este aumento de

material depositado. Com o objetivo manter o mesmo percentual de preenchimento do passe a

velocidade de soldagem ajustada de acordo com a Equação 9. A variável representa a

área do chanfro que deverá ser preenchida no passe atual. Ela é definida com base na leitura da

área do chanfro e no percentual de enchimento destinado aquele passe.

(9)

Esta metodologia foi aplicada com sucesso na soldagem os corpos de prova na posição

plana. O mesmo corpo de prova quando colocado em posições de soldagem diferentes pode não

ter resultados positivos com o mesmo controle adaptativo. Como comentado anteriormente, a

soldagem orbital experimenta o processo em posições diferentes e para realizar uma soldagem

adaptativa seria necessário um controle que contemplasse as diferentes situações em que o

processo é exposto. O trabalho apresentado anteriormente [29] relata o controle aplicado a um

Page 35: METAVISION SENSOR

35

único caso com um chanfro, posição e processo específico. Os parâmetros utilizados na posição

plana devem ser diferentes dos empregados na vertical ascendente, por exemplo.

Soluções comerciais para controle adaptativo de soldagem são disponibilizadas pelas

empresas Fanuc, Meta, ABB e Motoman. O MOTOEYE-LT é o pacote de softwares da empresa

MOTOMAN com funcionalidades para correções com sensores laser. Estes softwares são

responsáveis por fazer a comunicação com sensores laser e tratar as informações recebidas para

realizar as correções. Esta ferramenta permite realizar o seguimento de junta controlando a

posição da tocha e mantendo o alinhamento e distância entre a tocha e a peça. Permite também

realizar o controle adaptativo da velocidade de soldagem, posição da tocha, frequência e

amplitude da oscilação da tocha, tensão de soldagem e corrente de soldagem.

O controle adaptativo é realizado neste sistema utiliza somente o gap entre os dois

lados do chanfro como variável de entrada. A Figura 27 representa a tela de condições de

controle adaptativo onde, para os valores de gap previstos são definidos parâmetros como,

tensão, corrente, posição da tocha ao longo do eixo z do sistema de coordenadas da tocha e

velocidade de soldagem. No exemplo da Figura 27, quando o gap assumir valor igual a 0,1 mm

a tensão, corrente e velocidade assumem valor igual a 100% do valor ajustado para o

procedimento. Esta seria a condição ideal, onde os parâmetros de soldagem e movimentação

ajustados no sistema resultam em uma soldagem satisfatória. Conforme o gap assume valores

maiores como 0,4 mm a tensão deve ser ajustada para 120%, a corrente para 110% e a

velocidade de soldagem para 85% do valor de referência. A tocha também é deslocada 0,5 mm

no sentido negativo do eixo z afastando a tocha da peça [32]. Esta nova configuração de

parâmetros é a ideal para o gap 0,4 mm.

Figura 27 Representação da tela de parametrização de uma condição de controle

adaptativo [32]

É possível programar diferentes condições de controle para atuar quando desejado. O

desenvolvimento destes parâmetros é de responsabilidade do integrador do robô. No caso de

compra de um sistema como este é necessário realizar uma serie de ensaios para definir os

parâmetros utilizados em cada condição.

Page 36: METAVISION SENSOR

36

A patente requerida pela empresa norte americana McDermott no ano de 2012 nos

Estados Unidos da América protege o desenvolvimento de um sistema de soldagem adaptativa

para dutos [33] [34]. O sistema em questão é constituído de no mínimo dois robôs de soldagem

equipados cada um com um cabeçote de soldagem. Os cabeçotes são fixados a uma cinta orbital

e se deslocam ao longo da junta conforme mostra a Figura 28. Estes cabeçotes são compostos

por uma tocha de soldagem e um sensor de triangulação laser. Em uma primeira etapa os

cabeçotes circulam ao redor do duto realizando o escaneamento da superfície da junta sem

realizar nenhuma operação de soldagem. Os dados são enviados para um computador onde as

aquisições da geometria do duto são combinadas para formar um modelo completo da junta. A

partir deste modelo são definidos os parâmetros de do processo. Com este processamento

realizado a soldagem pode ser iniciada.

Figura 28 Disposição dos cabeçotes ao redor do duto

Neste documento o requerente da patente indica a utilização de até seis cabeçotes de

soldagem e escaneamento. Esta indicação é justificada pela compensação do tempo gasto no

procedimento de escaneamento da junta onde o equipamento se desloca por todo duto sem

soldar. Esta estratégia implica em aumento do custo do equipamento e o tempo gasto em uma

operação de união. Não são apresentadas as estratégias de controle aplicadas para realizar as

correções adaptativas neste equipamento. O sistema disponibiliza apenas ferramentas para a

criação das estratégias de controle que devem ser desenvolvidas para cada aplicação.

Este fator, aliado com o custo elevado deste tipo de sistema, explica o fato da

tecnologia não ser difundida. De fato, estes módulos são apenas ferramentas que viabilizam o

desenvolvimento do controle adaptativo, entretanto o controle em si é fundamentado na base de

conhecimento sobre o processo. Desta forma a aquisição de um sistema deste tipo implica em

um desenvolvimento específico para cada aplicação.

Page 37: METAVISION SENSOR

37

3 OBJETIVOS

Os desenvolvimentos na área de soldagem adaptativa de união de dutos são bastante

escassos na literatura. Como mencionado anteriormente, a bibliografia em forma de livros,

artigos e patentes se limita muitas vezes às aplicações da soldagem adaptativa na posição plana

e não são completamente demonstradas as estratégias de controle utilizadas no sistema. Os

relatos de soldagem orbital com esta técnica de controle demonstram que as aplicações em duto

são realizadas com o escaneamento prévio da junta. Este fator limita o controle a condição

inicial da junta e aumenta o tempo de operação com um procedimento a mais. A leitura

simultânea à soldagem permite também verificar o resultado do passe de raiz e de cada passe do

enchimento do chanfro com a possibilidade de realização das correções pertinentes.

Adicionalmente, grande parte dos trabalhos que apresentam o controle adaptativo se limita aos

passes de enchimento do chanfro. Diante da problemática apresentada, este trabalho tem como

objetivo principal desenvolver um sistema para soldagem automática de união de dutos

utilizando um sensor de triangulação laser para realizar a soldagem adaptativa orbital de união

de dutos com a leitura da junta sendo realizada simultaneamente ao o processo de soldagem.

O desenvolvimento de novas aplicações para soldagem utilizando as informações de

um sensor de triangulação laser é dificultado pela dependência de um equipamento comercial e,

muitas vezes, limitado pelas características do equipamento. Os sensores de triangulação laser

disponíveis no mercado apresentam limitações para o desenvolvimento de novas aplicações,

permitindo somente funcionalidades previstas pelo fabricante do sistema. Para se conseguir a

flexibilidade necessária para o desenvolvimento de uma tecnologia inovadora como o sistema

proposto, é fundamental o completo domínio do sensor. Sendo assim, são objetivos deste

doutoramento:

Desenvolver um STL com projeto óptico e mecânico adaptado para

possibilitar a medição simultânea à soldagem robotizada. O equipamento

deve dispor de pressurização, trocador de calor, anteparo, filtros ópticos,

filtros de processamento imagem, controle de potência do laser e controle do

shutter;

Integrar STL com robôs de soldagem incluindo protocolo de comunicação e

desenvolvimento de uma rotina de calibração extrínseca.

Desenvolvimento de algoritmos para interpretação das juntas de soldagem

convencionais e não convencionais.

Dominar a tecnologia de filtros e processamento de imagem que permitem a

aplicação da metrologia ótica por triangulação laser em aplicações de

soldagem. Desenvolver novas estratégias para melhorar a resistência do STL

aos procedimentos de soldagem.

Page 38: METAVISION SENSOR

38

Integrar o sensor a um manipulador robótico e a uma fonte de soldagem

desenvolvidos no LABSOLDA para compor um sistema de controle

adaptativo.

Desenvolver uma ferramenta de auxílio ao desenvolvimento das regras do

controle adaptativo e estudo das distorções geradas pela soldagem da peça

durante o processo.

Adicionalmente, a nacionalização desta tecnologia proporciona à indústria brasileira uma

solução de alta tecnologia somente desenvolvida e aplicada industrialmente no exterior.

4 DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE CONTROLE ADAPTATIVO

Em uma soldagem adaptativa, por exemplo, ao mesmo tempo em que é realizada uma

medição da junta a corrente de soldagem é ajustada e a velocidade de movimentação da tocha

também é alterada. O perfeito funcionamento do sistema depende dos parâmetros de controle e

da integração dos elementos que compõem o sistema. Esta integração só é possível devido ao

domínio das tecnologias envolvidas. O LABSOLDA desenvolve tecnologias para soldagem e

sua automação como, fontes de soldagem, processos de soldagem e manipuladores robóticos.

Este contexto permite o desenvolvimento de sistemas complexos e multidisciplinares como o

proposto neste trabalho. A Figura 29 apresenta, de forma esquemática, os principais elementos

do sistema proposto e o fluxo de informações. O controlador do manipulador robótico

estabelece relação com todos outros elementos, ele envia os parâmetros de soldagem para a

fonte que realiza o processo. O manipulador robótico também movimenta a tocha de soldagem,

e consequentemente atua diretamente no processo de soldagem. O sensor laser, quando

solicitado pelo manipulador robótico, realiza medições da junta que está sendo soldada. As

medições do sensor laser indicam a atual condição da junta. Com esta informação o

manipulador busca em sua base de dados o melhor conjunto de parâmetros para realizar a

soldagem na condição atual. Os parâmetros de movimentação da tocha e de soldagem são

ajustados garantindo o resultado do procedimento.

Page 39: METAVISION SENSOR

39

Figura 29 Diagrama esquemático do sistema de controle adaptativo.

A integração dos equipamentos envolvidos com certeza é um ponto importante para o

funcionamento do sistema, porém criação desta base de dados específica para cada condição de

soldagem e a metodologia utilizada para organizar e comparar estes dados com a medição atual

é o que torna possível o controle adaptativo.

4.1 MANIPULADOR ROBÓTICO

Neste sistema o manipulador robótico tem a função de deslocar a tocha de soldagem ao

longo da junta. No caso da soldagem orbital o manipulador deve ser fixado por cintas que

abraçam o duto e servem de guia para o movimento. O equipamento desenvolvido no

LABSOLDA para a esta aplicação é o Tartílope V4 [6] [35]. A Figura 30 apresenta o

manipulador robótico Tartilope V4 em (A), gabinete de controle em (B), Interface homem

máquina em (C), e controle para correção manual.

Figura 30 Tartílope V4: (A) Manipulador, (B) Gabinete de controle, (C) Interface

homem-máquina e (D) Controle para correção manual [35]

Page 40: METAVISION SENSOR

40

A arquitetura do controle do Tartilope V4 foi desenvolvida baseada no CNC (controle

numérico computadorizado) muito aplicado em máquinas automáticas de usinagem e corte. É

característico deste tipo de sistema executar uma trajetória programada e não permitir alterações

durante o funcionamento da máquina. Para a soldagem esta condição dificulta realizar as

correções, e a arquitetura do sistema foi modificada para um controle proprietário que

possibilitou novos desenvolvimentos e integração com sensores de diferentes tipos. Atualmente

o equipamento é bastante flexível e permite correções manuais em todos os eixos e integração

com sensores.

4.2 REQUISITOS DO SENSOR DE TRIANGULAÇÃO LASER

Para possibilitar a soldagem adaptativa proposta será desenvolvida o sensor de

triangulação laser com o conjunto de características necessárias para realizar medições durante o

procedimento. A área de medição deve ser dimensionada para que possa realizar a medição das

juntas previstas e comportar variações de forma e posição da junta. O campo e a profundidade

de medição devem permitir o deslocamento da junta dentro da área de medição. Este

deslocamento está diretamente ligado ao desvio angular máximo do centro junta. No caso da

soldagem de união de dutos este desvio não é significativamente alto, mas com o objetivo de

projetar um sensor flexível para outras aplicações este fator deve ser considerado. A Figura 31

apresenta uma tocha de soldagem e a folha de luz de um STL sobre um chanfro em “v”. Em (A)

a tocha está posicionada sobre uma secção reta no início da junta. Na posição (B) existe um

ângulo na linha central da junta na região entre a tocha e a linha laser. Neste caso, é possível

observar que o perfil do chanfro está posicionado na extremidade da linha laser. Para que o

sensor encontre a posição é necessário que toda junta seja compreendida na imagem capturada.

Neste caso o desvio angular da junta deve ser menor que α.

Page 41: METAVISION SENSOR

41

Figura 31 Variação angular máxima admitida para o seguimento de junta

O erro vinculado a uma medição de posição ou geometria de uma junta de soldagem

pode comprometer o desenvolvimento do controle adaptativo. No caso do seguimento de junta a

incerteza de medição pode levar o sistema a não posicionar a tocha no centro da junta. No

controle adaptativo estes erros podem ter consequências variadas dependendo do controle

empregado.

A frequência de aquisição do sensor deve ser compatível com a velocidade de

soldagem. O intervalo entre medições deve ser curto o suficiente para que a distância entre

medições não ultrapasse o valor de 5 mm. Em procedimentos de união de dutos as velocidades

de deslocamento a tocha são baixas, mas, para garantir que o sensor seja flexível para

procedimentos com velocidades de até 3 m/min a frequência mínima de aquisição necessária

seria de 10 Hz. A Tabela 3 apresenta os requisitos metrológicos e dimensionais do sensor para a

aplicação. As características dimensionais (Altura, Largura, e profundidade) são

respectivamente referentes aos eixos (X, Y e Z) da Figura 16.

Tabela 3 Requisitos do sensor

Campo de visão (mm) 120

Profundidade de visão (mm) 100

Stand-off (mm) 150

Erro máximo Horizontal (mm) ± 0,1

Erro máximo Vertical (mm) ± 0,1

Largura (mm) < 50

Altura (mm) < 150

Profundidade (mm) < 160

Peso (g) <800

Page 42: METAVISION SENSOR

42

Frequência de aquisição (Hz) >10

Comprimento mínimo do cabo 30m

Para garantir o desempenho das aquisições de imagem, serão empregadas as técnicas

de resistência à soldagem apresentadas na bibliografia como, o filtro de cor, escudo anti-

respingo, controle do shutter, controle da potência do laser, filtros de processamento de imagem

entre outros. O novo sensor será capaz de realizar a técnica de sincronização o controle do

shutter com a intensidade luminosa do laser. Esta funcionalidade já apresentou bons resultados

em equipamentos comercias. Outras propostas serão aplicadas para superar a interferência da

luminosidade do arco elétrico como a subtração de imagens e a sincronização da captura de

imagens com parâmetros de soldagem.

A técnica de subtração de imagens consiste em primeiramente capturar uma imagem

de referência com o laser completamente desligado. Nesta imagem aparecerão somente os

ruídos que não foram eliminados pelos filtros anteriores do sensor. Uma segunda imagem é

capturada com o laser ligado. Se os ruídos forem constantes nas duas imagens a diferença entre

elas é a imagem do laser. Esta técnica pode ser aplicada considerando que, no processo de

soldagem, a luminosidade do arco é responsável por grande parte dos ruídos da imagem e pode

apresentar variação de uma imagem para outra.

A técnica de sincronização considera que é possível ter um indicativo da intensidade

luminosa do arco pelas variáveis elétricas do processo. Esta característica pode ser utilizada para

sincronizar a captura da imagem com as variáveis elétricas. No caso de um procedimento

pulsado, em determinados instantes, a potência do processo é reduzida e como consequência a

intensidade luminosa do arco também diminui. Outros processos podem ainda provocar o curto-

circuito entre o eletrodo e a peça praticamente extinguindo a emissão de luz. A técnica proposta

procura fazer uso destes momentos para diminuir as interferências da luminosidade do arco nas

imagens capturadas.

4.3 DESENVOLVIMENTO DO CONTROLE ADAPTATIVO

Para validar o funcionamento do sensor e a integração do sistema, será aplicado o

controle adaptativo apresentado por Kindermann [37]. Este controle foi desenvolvido baseado

na observação de e um soldador experiente, bem como, na tentativa e erro de diferentes regras

de controle. Como ferramenta para auxiliar desenvolvimento de novos procedimentos

adaptativos o sistema será dotado de um modo de avaliação do soldador. Neste modo, um

operador irá controlar o sistema de soldagem equipado com o sensor laser da mesma forma que

faria com um procedimento mecanizado. Neste caso, o operador é responsável por observar as

Page 43: METAVISION SENSOR

43

variações da junta e ajustar os parâmetros da soldagem. O sistema realiza o escaneamento da

junta e plota um gráfico com as leituras de parâmetros do processo e característica dimensional

da junta ao longo de seu comprimento. O gráfico exemplo da Figura 32 apresenta a área da

junta, Gap, e um Parâmetro de Soldagem de interesse. Quando o sistema identifica uma

intervenção do operador no parâmetro de interesse é adicionada ao gráfico uma marcação de

ajuste manual no parâmetro.

A solda resultante deste procedimento pode ser confrontada com gráfico de variáveis

para identificar se a atuação do soldador foi correta. Podem ser realizadas repetidas soldas para

definir as equações de controle do processo. Esta ferramenta não realiza automaticamente o

equacionamento do controle adaptativo para o sistema, mas relaciona as variáveis do processo

auxiliando neste desenvolvimento. Adicionalmente, esta ferramenta também pode ser utilizada

na avaliação e treinamento de soldadores que utilizam os robôs de soldagem sem o controle

adaptativo.

Figura 324 Gráfico de avaliação do operador

5 CONCLUSÃO

O desenvolvimento de novas tecnologias em automação da soldagem é dependente

dos sensores utilizados no processo. As dificuldades impostas pela soldagem muitas vezes

limitam a aplicação de sensores. Os sensores de triangulação laser, em especial, sofrem com o

ambiente da soldagem, irradiação de calor, e alta intensidade luminosa do processo. Os

equipamentos comerciais que utilizam esta tecnologia apresentam limitações quanto à

resistência à soldagem e flexibilidade para novas aplicações. O desenvolvimento de um sensor

de triangulação laser com arquitetura aberta permite que novas tecnologias como o controle

adaptativo sejam aplicadas.

Page 44: METAVISION SENSOR

44

Na soldagem de união de dutos, por exemplo, o controle adaptativo pode contribuir

para que o resultado de um procedimento automatizado seja menos vulnerável a variações da

junta. Adicionalmente, processos de soldagem e equipamentos com maior autonomia são

alternativas para o emprego de soldadores com menos habilidade manual, o que pode atenuar o

atual cenário de falta de mão de obra qualificada.

Os desenvolvimentos em soldagem e sua automação, realizados no LABSOLDA, dão

suporte aos desafios de adaptação e integração do sensor com os equipamentos de soldagem. A

parceria com o LABMETRO, laboratório que é referência no desenvolvimento de tecnologia em

metrologia óptica dá o suporte tecnológico para a pesquisa e desenvolvimento do STL.

Page 45: METAVISION SENSOR

45

6 PREVISÃO FINANCEIRA

O presente trabalho trata do desenvolvimento de novas tecnologias para soldagem e

sua automação. Ao longo da sua história o LABSOLDA tem trabalhado em diferentes projetos

nesta mesma linha. Por este motivo, muitos dos equipamentos necessários para este trabalho já

estão disponíveis no laboratório. Além dos recursos financeiros para compra de equipamentos e

insumos, este trabalho conta com o corpo de colaboradores do laboratório composto por

técnicos e engenheiros com especialidades em áreas como eletrônica, automação industrial,

projeto mecânico entre outros. O Quadro 1 apresenta uma breve descrição dos itens necessários

para previsão financeira do projeto, bem como, a fonte dos recursos e o valor estimado.

Quadro 1 Previsão financeira

Descrição Fonte Valor Estimado

Chanfradeira para

dutos

Disponível no

LABSOLDA R$ 30.000,00

Fonte de soldagem Disponível no

LABSOLDA R$ 50.000,00

Robô de soldagem

orbital

Disponível no

LABSOLDA R$ 70.000,00

Sensor de

triangulação LASER

Disponível no

LABSOLDA R$ 45.000,00

Robô Industrial Disponível no

LABSOLDA R$ 120.000,00

Pacote de softwares

para integração

LASER - Robô

Disponível no

LABSOLDA R$ 20.000,00

Insumos de

soldagem LABSOLDA R$ 5.000,00

Chapas para corpos

de prova LABSOLDA R$ 5.000,00

Dutos para corpos de

prova LABSOLDA R$ 5.000,00

Insumos de

usinagem LABSOLDA R$ 3.000,00

Serviços de

usinagem LABSOLDA R$ 10.000,00

Componentes óticos

para construção do

sensor

LABSOLDA R$ 10.000,00

Total

R$ 373.000,00

Page 46: METAVISION SENSOR

46

7 CRONOGRAMA

Etapas

1. Projeto ótico do sensor de triangulação laser. O projeto óptico define os

componentes utilizados para a construção do STL, bem como as posições relativas entre eles.

2. Desenvolvimento do software do sensor. O software do sensor compreende

desde o tratamento da imagem capturada até a transformação dos dados em medições e sua

transmissão.

3. Projeto mecânico do sensor. O Projeto mecânico do sensor deve respeitar o

projeto ótico definido, contemplar os mecanismos de robustez como a refrigeração,

pressurização e escudo anti-respingo.

4. Fabricação do sensor. Nesta Etapa o projeto mecânico é executado.

5. Calibração do sensor e avaliação metrológica. A calibração do sensor é etapa

fundamental para transformação da imagem capturada em dados metrológicos.

6. Integração do sensor com robô de soldagem. Nesta etapa é realizada a

integração de software e hardware entre os dois equipamentos.

7. Avaliação do comportamento do sensor em ensaios com soldagem. Serão

realizados ensaios metrológicos expondo o sensor as condições de soldagem.

8. Ensaios de soldagem para elaboração do controle adaptativo. Nesta etapa será

realizada a soldagem de corpos de prova com variações de forma conhecidas para definir a

resposta do sistema.

9. Criação dos métodos de correção dos processos de soldagem de raiz e

preenchimento. Nesta etapa serão criados métodos para que o sistema aplique as respostas

definidas na etapa 8.

10. Soldagem orbital, raiz e preenchimento, com sensor laser de medição de juntas.

Os métodos serão aplicados em corpos de prova de união orbital de dutos.

11. Qualificação das soldagens realizadas. Nesta etapa as soldagens serão avaliadas

de acordo com a norma [4].

12. Elaboração de artigos e do texto da Tese.

Page 47: METAVISION SENSOR

47

Tabela 2 Cronograma

Page 48: METAVISION SENSOR

48

REFERÊNCIAS

[1] X. Chen, R. Devanathan e A. M. Fong, ADVANCED AUTOMATION TECHNIQUES IN ADAPTIVE

MATERIAL PROCESSING, Danvers: World Scientific Publishing Co. Pte. Ltd., 2002.

[2] P. G. MENDES, “Exploração do gás de xisto revoluciona mercdo norte-americano e impacta operações

das siderúrgicas,” Revista ABM Metalurgia, materiais & mineração, vol. Volume 69, n. Mai/Jun, p. p.

180, 2013.

[3] P. RIBEIRO, LOGÍSTICA E TRANSPORTES: UMA DISCUSSÃO SOBRE OS MODAIS DE

TRANSPORTE E O PANORAMA BRASILEIRO., XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção,

2002.

[4] W. o. P. a. R. Facilities, API Specification 1104, American Pretroleum Institute, 2005.

[5] W. Z. Y. Z. Y.K. Liu, "A tutorial on learning human welder’s behavior: Sensing,modeling, and control.,"

Journal of Manufacturing Processes, 2013.

[6] R. S. CARVALHO, Tartílope V4: Robô CNC para a Automação da Soldagem MIG/MAG em Posições e

Situações de Extrema Dificuldade., Dissertação de Mestrado, Programa de pósgraduação em Engenharia

Mecânica, UFSC, 2009.

[7] “POLYSOUDE,” [Online]. Available: http://pt.polysoude.com/. [Acesso em 14 11 2013].

[8] “DYNATORQUE,” [Online]. Available: http://dyna-torque.com/. [Acesso em 14 11 2013].

[9] “MAGNATECH,” [Online]. Available: http://www.magnatechllc.com/. [Acesso em 14 11 2013].

[10] A. R. C. FILHO, DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE SEGUIMENTO DE JUNTA QUE

UTILIZA O PRÓPRIO ARCO COMO SENSOR, Dissertação de Mestrado, Programa de pósgraduação em

Engenharia Mecânica, UFSC, 2003.

[11] M. A. HOUGHTON, J. J. LUCAS e W. LUCAS, “Vision Systems for Monitorins and Control of Arc

Welding Operations,” Soldagem e Insp, vol. 12, n. 4, pp. 293-299, 2007.

[12] J. C. B. R. R. a. W. M. Agapakis, “Manufacturing applications of a flexible adaptive robotic welding

system,” Proceedings of the Flexible Welding and Cutting Conference, 1987.

[13] H.-S. M. a. R. J. Beattie, “Development of Adaptive Fill Control for Multitorch Multipass Submerged Arc

Welding,” Advanced Manufacturing Tecnology, p. 867–872, 2002.

[14] Y. KANJO, Y. NISHI e Y. SUGITANI, “AUTOMATIC ARC-WELDING METHOD”. Europa Patente

0300369, 14 07 88.

[15] P. Sagues, “Adaptive control techniques advance automatic welding,” Welding Journal, vol. 89, pp. 26-

28, 2010.

[16] E. B. PUHL, DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS NO PROCESSO MIG/MAG PARA

AUMENTO DE PRODUTIVIDADE E MELHORIA DA QUALIDADE MEDIANTE O USO DA

POLARIDADE NEGATIVA, Dissertação de Mestrado, Programa de pósgraduação em Engenharia

Mecânica, UFSC, 2011.

[17] B. ,. L. M. Curless, “Better Optical Triangulation Through SpacetimeAnalysis,” International Conf. on

Computer Vision, n. June, pp. 987-994, 1995.

[18] P. Buschinelli, Desenvolvimento de um Sistema Óptico por Triangulação Cônica para Inspeção do Perfil

Interno de Dutos, Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Metrologia Científica e

Industria, 2007.

[19] R. Gooch, “Optical Metrology in Manufacturing Automation,” Sensor Review, vol. 18, n. 2, pp. 81-87,

1998.

[20] W. P. Kennedy, “The Basic of Triangulation Sensors,” The Journal ofApplied Sensing Technology, 1998.

[21] R. Hartley e A. Zisserman, Multiple View Geometry, Cambrige University Press, 2003.

[22] Z. “. F. N. T. f. C. C. Zhang, Technical Report MSR-TR-98-71, Microsoft Corporation, 1998.

[23] T. Pinto, Medição Óptica, Comparação e Sinalização de Superfícies com Forma Livre de Grande

Extensão, Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica, Universidade

Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2010.

[24] A. C. Hoffman, Sistema endoscópico estereoscópico para medição geométrica de uniões soldadas de

duto, Dissertação, PósMCI, Universidade Federal de Santa Catarina, 2006.

[25] J. S. O. Heikkilä, “A Four-step Camera Calibration Procedure with Implicit Image Correction,”

Proceedings of the 1997 Conference on Computer Vision and Pattern Recognition (CVPR '97), 1997.

[26] J. P. J. B. F. a. A. J. Santolaria, “A One-Step Intrinsic and Extrinsic Calibration Method for Laser Line

Scanner Operation in Coordinate Measuring Machines,” Measurement Science and Technology, IOP

Publishing Ltd., 2009.

Page 49: METAVISION SENSOR

49

[27] T. S. F. A. A. Pinto, “PROJETO E AVALIAÇÃO DE UM SENSOR ÓPTICO POR TRIANGULAÇÃO,”

CONEM Congresso Naciional de Engenharia Mecânica, 2014.

[28] L. A. Nerosky, “Medição de Formas Livres Através da Integração de um Sensor Óptico Tipo"Folha de

Luz" em um Braço de Medição”, Dissertação, PósMCI, Universidade Federal de Santa Catarina, 2001.

[29] M. Vision, Smart Laser Tools User Manual, User Manual, Version 1.0.1, 2012.

[30] C. ,. V. G. W. Bradley, “Free-form Surface Reconstruction for Machine Vision Rapid Prototyping,”

Optical Engineering, vol. 32, pp. 2191 - 2200, 1993.

[31] K. J. W. B. Åström, Adaptive control, Addison-Wesley, 1995.

[32] H. Cary, Modern Welding Technology, Prentice Hall, 1998.

[33] H. Latifi, Advanced Orbital Pipe Welding, Lappeenranta: Master’s Thesis, Lappeenranta University of

Technology, 2012.

[34] N.N, VISUS – Image Processing Software Module for the IT Platform, Operation Manual, SERVO-

ROBOT Inc., (2007)..

[35] N. .N., WeldCom, Operation Manual, SERVO-ROBOT Inc., (2009)..

[36] N.N, ADAP Software Module., Operation Manual, SERVO-ROBOT Inc., (2009)..

[37] R. KINDERMANN, Entwicklung und Erprobung von Algorithmen zum adaptiven lasersensorgestützten

Mehrlagenschweißen von V- und Kehlnähte, mit MSG-Prozess, 2013.

[38] M. YASKAWA, INSTRUCTIONS FOR LASER-TRACKING FUNCTION: MOTOEYE-LT, YASKAWA

Europe Robotics Division, 2012.

[39] T. E. Doyle, C. D. Noel, T. L. Breaux e T. N. Yesso, “ADAPTIVE CONTROL OF ARC WELDING

PARAMETERS”. Estados Umidos Patente US2023/0048619 A1, 29 10 2012.

[40] T. E. Doyle, C. D. Noel, T. L. Breaux e T. N. Yesso, “ADAPTIVE CONTROL OF ARC WELDING

PARAMETERS”. Europa Patente EP 2 340 908 A1, 24 12 2010.

[41] SPS, “Catálogo de Equipamentos,” [Online]. Available: http://www.sps-

soldagem.com.br/catalogo/Catalogo_de_equipamentos_SPS-Soldagem.pdf. [Acesso em 13 12 2013].

[42] T. Rzeznik, “In-Line Laser Measurement in the Assembly Process,” Industrial Robot, vol. 24, pp. 16-23,

1997.