1 INTRODUÇÃO
A modelagem é uma das etapas mais importantes do ciclo de desenvolvimento de
um produto na Indústria do Vestuário, pois é ela quem dá vida as criações dos estilistas.
Mesmo diante de tantas tecnologias e softwares, o processo manual se faz necessário até
mesmo para que se conquiste uma maior desenvoltura para realizar esta tarefa utilizando os
sistemas CAD (Computer aided design ou desenho assistido por computador)
Este material didático, desenvolvido para o Curso de Superior de Tecnologia em
Design de Moda - Unipê, serão expostos uma série de conhecimentos teóricos que darão
suporte à prática da modelagem. Sendo assim será discutido um breve histórico da
modelagem em geral, recomendações para obter as medidas do corpo humano, tipos de
medidas, tipos e técnicas de modelagem, informações que devem constar nos moldes, dentre
outros dados relacionados às técnicas de modelagem.
A partir daí iniciam-se os exercícios práticos de modelagem feminina e masculina,
construídas na disciplina de Modelagem Básica. Ao longo do desenvolvimento dos diagramas
e dos moldes, você vai aprender a usar cada um dos materiais apresentados anteriormente.
Estes conhecimentos práticos proporcionarão então as noções necessárias para se usar a
modelagem na modelagem industrial.
2 O QUE É MODELAGEM?
A modelagem é uma técnica muito utilizada na construção de peças do vestuário e é
desenvolvida a partir de leitura de imagens, fotos ou desenhos técnicos e, posteriormente, na
interpretação de um modelo específico como bem representa a Fig. 1. Esta técnica é
multidisciplinar, sendo assim, abrange diversos estudos como morfologia (estudo das formas),
anatomia (estudo da silhueta do corpo humano), antropometria (mensuração dos corpos
humanos, dando surgimento as tabelas de medidas) e tecnologia têxtil (compreender as
propriedades dos tecidos e seu comportamento em diferentes tipos de modelagem e corpos
humanos).
Figura 1 – Processo da técnica de modelagem (desenho estilístico – desenho técnico – modelagem)
Fonte: Google
3 TÉCNICAS DE MODELAGEM
A modelagem pode ser dividida em dois planos, a Bidimensional e a Tridimensional.
A modelagem Bidimensional ou plana, pode tanto ser realizada manualmente como de forma
computadorizada e utiliza apenas as variáveis largura e altura, já a modelagem
Tridimensional, pode ser executada pela Moulage ou de forma computadorizada e utiliza as
variáveis altura, largura e a profundidade ou volume.
O plano bidimensional ou modelagem plana, utiliza os princípios da geometria para
o traçado de diagramas que resultarão em formas a envolver o corpo humano como mostra a
Fig. 2 e 3. Para o desenvolvimento da mesma, é necessário ter conhecimento da estrutura
anatômica do corpo humano, bem como de medidas que deem suporte a construção do
diagrama. Pode ser produzida manualmente sobre a base de papel ou utilizando sistema
CAD/CAM (Computer aided design/Computer aided manufacturing), denominada Modelagem
Computadorizada ou Modelagem Assistida por Computador.
Figura 2 - Modelagem bidimensional manual
Fonte: Google
Figura 3 - Modelagem bidimensional computadorizada
Fonte: Google
Já quanto o plano tridimensional, as modelagens são construídas a partir das
dimensões largura, altura e profundidade. Pode ser realizada manualmente – a partir de um
manequim ou busto de modelagem, ver Fig. 4, ou de forma computadorizada – por softwares
como o Audaces 3D, ver Fig. 5. Quando realizada manualmente, é chamada de Moulage que
é derivada da palavra moule, que significa forma. Outro termo conhecido para essa técnica é
a palavra inglesa Draping, que significa drapear e se refere à modelagem no corpo como os
antigos gregos faziam. Moulage ou draping são as palavras mais usadas para designar a
técnica de modelagem tridimensional, que consiste em moldar a roupa, a partir das formas
do corpo humano ou de um manequim, somando aos conhecimentos e técnicas da
modelagem plana.
Figura 4 – Modelagem tridimensional manual – Moulage
Fonte: Google
Figura 5 - Modelagem tridimensional computadorizada
Fonte: Google
Ainda no âmbito da modelagem tridimensional, temos a modelagem
computadorizada desenvolvida pelo software Audaces 3D, que permite visualizar a
modelagem em construção em dois ambientes, o 2D – que visualiza a modelagem plana – e o
3D – permite que a modelagem que está sendo desenvolvida no ambiente bidimensional seja,
em paralelo, representada em forma de roupa sob um corpo conforme a Fig. 6.
Figura 6 - Audaces 3D
Fonte: Adaptado do Google
Bidimensional Tridimensional
4 COMPARATIVO ENTRE AS TÉCNICAS DE MODELAGEM
Figura 7 - Comparativo entre modelagem plana, computadorizada e moulage
Fonte: Elaborado pelo autor
POSITIVO: Permite: Mais criatividade; Melhor caimento; Visualização do
produto; Já inclui os volumes;
NEGATIVO: Precisa planificar para
armazenar a modelagem;
É mais lento que o processo computadorizado;
Gera mais volume no armazenamento;
Desperdício de tecido; Depende do uso de
papéis e réguas.
POSITIVO: Não depende nem
de computador, nem de energia.
NEGATIVO: Mais lento; Não permite
visualização do produto;
Precisa adicionar os volumes;
Mais suscetível a erros;
Gera mais volume no armazenamento;
Depende do uso de papéis e réguas.
POSITIVO: Mais rápido; Mais preciso; Permite visualização do
produto; Já inclui os volumes; Gera mais lucratividade; Não depende do uso de
papéis e réguas; Simplifica as etapas; Permite prova virtual do
produto; Reduz o desperdício de
papel (mais ecológica); Faz encaixes automáticos; Maior aproveitamento;
NEGATIVO: Necessita de energia,
computador, mesa digitalizadora ou quadro digiflash e plotter.
5 TIPOS DE MODELAGEM
Existem dois tipos de modelagem, o primeiro é a Modelagem personalizada ou Sob
medida e a segunda, Modelagem industrial. A modelagem sob medida, Ver Fig 8, é utilizada
pelos alfaiates e pelos ateliês, qual utilizam para confecção das peças de roupas as medidas
específicas de um cliente, além de possuir uma pequena escala por modelo.
Figura 8 - Modelagem personalizada
Fonte: Google
Já a modelagem industrial tem sua produção em grande escala, ou seja, produz um
ou mais modelo(s) específico(s) em grande quantidade conforme a Fig. 9. Além de ter seus
produtos baseados em tabelas de medidas, que permite atender a um maior número de
pessoas por serem produzidos por médias corporais.
Figura 9 - Modelagem industrial
Fonte: Google
Modelagem industrial
6 BREVE HISTÓRICO DA MODELAGEM
A modelagem tridimensional vem sendo utilizada desde os primórdios da antiguidade.
É a primeira técnica de modelar de que se tem notícia na história do vestuário, não
exatamente na forma como a conhecemos hoje, evidentemente.
No período da Pré-história tinha-se o hábito de curtir as peles dos animais e utilizá-
las para confeccionar as roupas, estas sendo moldadas sobre o próprio corpo. Foi ainda nesse
período que surgiu a invenção da agulha de osso, que auxiliava na confecção das vestimentas.
Ainda na Pré-história, no Período Neolítico, os homens passaram a manipular as fibras. Como
exemplo deste processo, surgiu a feltragem de lã ou pelos, material mais maleável que a pele
curtida, permitindo, assim, mais facilidade no processo de confecção de roupas.
Com o avanço da humanidade, surgiu o processo de tecelagem e as fibras passaram
a ser entrelaçadas dando origem aos tecidos. Ainda assim, as modelagens ainda eram feitas
sobre o próprio corpo.
Já na antiguidade, a modelagem passou por uma grande evolução, pois os tecidos
passaram a serem planejados antes mesmo do processo de envolvê-los no corpo. Os tecidos
eram cortados em retângulos e envolvidos no corpo formando várias dobras ou drapeados.
Mas, somente em 600 a.C surge no Oriente a tesoura, possibilitando o
aperfeiçoamento das técnicas de modelar por meio do corte. Técnica a qual possibilitou que
as partes das vestimentas pudessem ser cortadas cada vez menores, permitindo cada vez mais
a aproximação da roupa ao corpo, assumindo formas anatômicas como: cintura, mangas,
golas, capuzes e calções. Outro fato importante dessa época é o surgimento do “gibão”,
conhecido como o precedente do casaco masculino. Em contraposição a toda essa evolução,
o Ocidente só aprimorou a técnica do corte na época das Cruzadas.
No início do Renascimento, por volta do século XIV, o luxo se propagou, ocasionando
um grande aumento e fortalecimento do ofício de fazer roupas. Diante da necessidade de
mercado, aparece a figura do alfaiate, que trabalhava a serviço da corte, bem como surge a
modelagem plana para atender essa demanda. Os alfaiates então passaram a ter noções de
conhecimentos sobre a geometria, aritmética e proporções do corpo humano, e utilizavam
como instrumentos a tesoura, as réguas e os compassos. Mas, somente no século XVI é
percebido do uso de diagramas para a confecção das modelagens.
A arte de desenvolver técnicas de projetar a roupa em planos bidimensionais, os
chamados diagramas – (por isso o nome “modelagem plana bidimensional”), foi aliada à
prática da indústria desde o início do prêt-à-porter. E isto justifica o reconhecimento e
importância da modelagem plana até hoje pelas confecções em geral. Ainda assim, percebe-
se que a modelagem plana teve grandes avanços a partir de 1800, devido a invenção da fita
métrica e do manequim, a publicação de métodos de modelagem e o desenvolvimento da
máquina de costura.
Já em 1850, Charles Frederich Worth, resgatou a antiga técnica de moldar a roupa
sobre o corpo, no intuito de introduzir a alta costura em seu trabalho, trazendo o conceito de
roupas assinadas e limitadas. Surge então a Moulage como a conhecemos hoje.
Em contraponto a alta costura e a ideia de exclusividade, a modelagem plana ganhou
grande importância a partir dos anos 1950 com o surgimento do prêt-à-porter. Em 1980 as
indústrias do vestuário começaram a se expandir e tornou-se setor fundamental da economia
mundial. Diante dessa necessidade do mercado e a velocidade que o mesmo impõe, surge a
informatização da modelagem.
A modelagem passou a ser confeccionada diretamente no computador por meio do
uso de softwares desenvolvidos a partir do sistema CAD/CAM (Computer Aided Desing -
Projeto Assistido por Computador/Computer Aided Manufacturing - Fabricação Assistida por
Computador). A sigla CAD foi utilizada pela primeira vez no início dos anos 60 pelo pesquisador
do Massachussetes Institute of Technology (M.I.T.) Ivan Sutherland.
Devido a esta evolução tecnológica, hoje já é possível criar, copiar, graduar e
programar encaixe para matrizes de corte a partir de sistemas computadorizados. No Brasil já
existem softwares desenvolvidos em território nacional e dentre eles se destaca o Audaces,
além dos estrangeiros Lectra e Gerber.
7 TABELA DE MEDIDAS
Diante de tanta evolução e novas tecnologias, a tabela de medidas no século XXI ainda
é uma grande incógnita para as confecções, varejo de moda e consumidores. Essa falta de
padronização das medidas gera inúmeros problemas, como por exemplo: coleções com
distorções entre os mesmos tamanhos, principalmente quando há mais de um modelista
freelancer, clientes confusos quanto a numeração real das suas roupas, lojas virtuais que têm
dificuldade em conquistar e fidelizar o cliente em uma venda online, dentre outros.
A padronização é uma missão árdua e complexa, pois o Brasil possui uma
heterogeneidade muito grande em sua população. No Brasil existe a Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT), que tem como objetivo tentar padronizar medidas utilizadas em
diversas áreas, assim como o vestuário. Atualmente existem a NBR 15800, lançada em 2009,
intitulada como referência de medidas para vestibilidade de roupas para bebê e infanto-
juvenil, e em 2012 lançou a NBR 16060 como referência para vestibilidade para homens corpo
tipo normal, atlético e especial.
Já quanto as tabelas de medidas femininas, estão bastante desatualizadas, visto que a
a ABNT lançou sua última no ano de 1995, a NBR 13377 – Medidas do corpo humano para
vestuário – Medidas referenciais. A NBR 13377, além de não estar acompanhando as
mudanças corporais da sociedade, é considerada também incompleta por não comtemplar
todas as medidas e, consequentemente, acaba dificultando o trabalho das indústrias e
modelistas..
Contudo, é importante considerar que o estudo da padronização das medidas é
dividido por grupos de acordo com a estrutura corporal como feminino, masculino e infantil.
Mais especificamente, são também considerados a faixa etária, etnia, postura física, dentre
outros.
8 ANTROPOMETRIA
A antropometria é uma ciência que mensura, identifica e compara diferentes
características do corpo humano e tem como propósito estudar as variações entre as
características físicas dos homens de um grupo e de grupos comparados entre si.
A história do vestuário é também uma história das formas corporais e deverá levar em
consideração as diversas representações do corpo humano, no tempo, no espaço e no interior
das diversas camadas sociais. Durante a evolução da sociedade, diferentes formas de
vestuário modelaram o corpo, destacando suas características plásticas e evidenciando, por
meio dos investimentos de que era objeto, o valor do corpo humano segundo propósitos e
normas culturais.
Para que se atinja o conforto em uma peça de vestuário, são aplicados critérios
técnicos na prática do traçado dos diagramas básicos, que representam a forma anatômica do
corpo humano e são usados para a interpretação da modelagem do vestuário. O conforto
proporciona ao usuário a liberdade de movimentos, bem estar, posicionamento correto, etc.
Atendendo os fatores ergonômicos e obedecendo as medidas antropométricas,
consequentemente a roupa será bem projetada, possuirá um perfeito caimento sobre a forma
do corpo e proporcionará a sensação de bem-estar em todos os aspectos que envolvem a sua
interação com o usuário.
9 MEDIDAS DO CORPO HUMANO
O fator mais importante para o desenvolvimento de uma modelagem é a exatidão
das medidas, pois são elas que dão perfeição ao molde e economizam o tempo. Quando
trabalhamos com a moulage, utilizamos o manequim como base para construção de uma
peça. Certamente então, já estamos utilizando medidas nele contidas. Porém precisamos ter
consciência de como extrair as medidas também do corpo e como usá-las quando não
utilizamos a silhueta do manequim. Para tanto, contamos com dois tipos de medidas: as
fundamentais e as complementares.
9.1 MEDIDAS FUNDAMENTAIS
As medidas fundamentais devem ser exatas e aferidas rente ao corpo ou ao
manequim. Acima de tudo, necessárias ao desenvolvimento das bases. Sendo assim, segue
abaixo o posicionamento correto de como obtê-las.
Figura 10 - Circunferência do busto
Circunferência do busto: contornar o corpo na altura do busto, na
parte superior da circunferência. Atenção para que a fita métrica
não escorregue pelas costas, descendo em direção à cintura, e nem
pressione o busto.
Fonte: Google
Figura 11 - Altura do busto
Altura do busto: posicionar a fita métrica no ponto de encontro do
ombro e do pescoço e registrar a medida deste ponto até o mamilo.
Fonte: Google
Figura 12 - Circunferência da cintura
Circunferência da cintura: contornar a cintura (espaço de menor
circunferência entre o busto e o quadril) com a fita métrica, sem
apertar e sem deixar folga.
Fonte: Google
Figura 13 - Contorno do quadril
Contorno do quadril: contornar o corpo com a fita, na altura dos
glúteos, na parte de maior circunferência. Para ter certeza da posição
correta, observe de lado.
Fonte: Google
Figura 14 - Altura do quadril
Altura do Quadril: posicionar a fita na cintura e medir até a parte mais
alta do glúteo, que vai corresponder com o local onde se aferiu a medida
de contorno do quadril.
Fonte: Google
Figura 15 - Altura da frente
Altura da frente: posicionar a fita métrica no ponto de encontro
entre o ombro e o pescoço e medir até a linha da cintura.
Fonte: Google
Figura 16 - Altura das costas
Altura das costas: posicionar a fita métrica no ponto de encontro
entre o ombro e o pescoço e medir até a linha da cintura.
Fonte: Google
Figura 17 - Largura das costas
Largura das costas: com os braços cruzados pela frente e as mãos
apoiadas sobre os ombros, medir a distância da cava esquerda até
a cava direita das costas.
Fonte: Google
Figura 18 - Separação do busto
Separação do busto ou seio a seio (entre seios): medir a distância
entre os mamilos.
Fonte: Google
Figura 19 - Largura do ombro
Largura do ombro: posicionar a fita no ponto de encontro do
ombro com o pescoço e medir até o final do ombro.
Fonte: Adaptado do Google
Figura 20 -Degolo
Pescoço ou degolo: contornar a fita em volta do pescoço, na
parte mais próxima do tronco.
Fonte: Adaptado do Google
Figura 21 - Comprimento do braço
Comprimento do braço: com a mão apoiada no quadril, medir
do final do ombro até o osso saliente do punho.
Fonte: Adaptado do Google
Figura 22 - Altura do joelho
Altura do joelho: medir da cintura até a rótula do joelho.
Fonte: Google
Figura 23 - Circunferência do joelho
Circunferência do joelho: contornar o joelho na altura da rótula.
Fonte: Google
Figura 24 - Altura do gancho
Altura do gancho: Com a pessoa sentada, com a
postura elegante, meça a distância entre a cintura e o
assento da cadeira pela lateral do corpo.
Fonte: Google
Figura 25 - Circunferência do punho
Circunferência do punho: passar a fita em torno da mão
fechada, na parte mais larga.
Fonte: Adaptado do Google
Figura 26 - Circunferência do pé
Circunferência do pé: com a fita na posição inclinada, contorne
o pé da ponta do calcanhar até a junta do dorso, aferindo a
medida da circunferência.
Fonte: Google
9.2 MEDIDAS COMPLEMENTARES
As medidas complementares são as folgas e todas as variações de medidas relativas
ao modelo, como: as definições de comprimento de manga, saia, vestido e calça, medidas de
golas e punhos, altura de cintura, nível de gancho, bocas de calça e tudo o mais que se fizer
necessário para a execução da peça de acordo com a Fig.27. Como exemplo temos o volume
em uma saia, manga ou abertura de boca de calça boca de sino.
Figura 27 - Medidas complementares
Fonte: Adaptado do Google
10 DIAGRAMA
O diagrama é o traçado em um plano bidimensional, como por exemplo em um papel,
qual é constituída por várias formas geométricas, bem como por linhas retas e curvas que, por
meio de medidas individuais ou padronizadas, dão origem a um molde com o formato do
corpo humano ou de um modelo conforme a Fig. 28.
É com base neste diagrama que surgem os moldes. Para que se “retire” o molde do
diagrama é necessário que reproduza o traçado desejado para outro papel com o auxílio da
carretilha, papel carbono, alfinetes e fita crepe.
Figura 28 - Diagrama
Fonte: Google
11 MOLDE
É proveniente do diagrama ou traçado, sendo assim, obtido por meio da
transferência de informações com o uso do carbono e da carretilha. O mesmo representa a
base do corpo humano ou modelo de roupa a ser confeccionado e é composto por
informações que norteiam tanto o próprio modelista quanto o cortador e a costureira na sua
confecção conforme a Fig. 29. Ainda assim, são acrescidos de uma margem de costura, sendo
esta de acordo como a máquina e largura do calcador a ser costurado, da bainha, dos
transpasses, etc.
Figura 29 - Molde
Fonte: Adaptado do Google
Margem de costura (1cm)
Bainha (4cm)
12 INFORMAÇÕES DO MOLDE
Todas as modelagens ao serem finalizadas devem ser identificadas por informações
essenciais ou códigos afim de facilitar o processo de comunicação entre todos os envolvidos
em uma confecção de vestuário. Essa linguagem é interna de cada empresa de confecção, e
todos os funcionários envolvidos no processo produtivo devem reconhecê-los. Sendo assim,
citamos abaixo todas as informações.
Referência ou descrição do modelo: nome ou código que identifica um modelo dentro da
coleção. Por exemplo: VES001V07 ou Vestido Jade Verão 2007. Este número pode ser o
mesmo que aparece no código de barras do produto na loja.
Tamanho: número ou letra do tamanho do respectivo molde. Ex. 40 ou Tam: M.
Parte componente: descreve-se no molde que o nome da peça faz parte do conjunto de
partes do modelo. Ex: Frente, centro da frente, babado costas.
Quantidade: informa quantas vezes o molde deve ser cortado para obter um produto
completo.
Fio: linha reta que deverá será delineada no centro do molde no intuito de identificar o
sentido em que a modelagem deverá ser posicionada sobre o tecido para o corte. O sentido
de um fio está diretamente relacionado ao caimento que o tecido terá sobre o corpo do
usuário. Geralmente, o fio do molde segue os fios de construção do tecido, em especial os de
urdume (fio no sentido do comprimento do tecido, ou seja, paralelo à ourela) conforme a Fig.
30. O fio enviesado é bastante utilizado em roupas que tem como proposta a fluidez, portanto,
deve ser marcado no sentido de 45° em relação ao fio de urdume. Quando se trata tecidos
com estampa de sentido único ou de tecido com felpa, como é o caso do veludo, a marcação
do fio manter a mesma direção para todas as partes da modelagem.
Figura 30 - Fio do tecido
Fonte: Google
Marcações: são detalhes que possuem a finalidade de auxiliar a confecção de uma peça,
facilitando todo o processo de montagem das peças, principalmente a costura. Como exemplo
temos os piques, que marcam posições de pences, pregas, bitolas de bainhas ou detalhes para
encaixe de costura. Também são marcações de furos de bolso, linhas de dobras, aumentos de
bainhas, costuras, dentre outros, que servem de guia para riscadores, cortadores e
costureiras.
Responsável: é o nome ou assinatura do modelista responsável pelo desenvolvimento do
molde. É aconselhável identificar o responsável que desenvolveu o trabalho, em especial no
caso de empresas que utilizam mais de um profissional para que em caso de gargalos ou
alterações o responsável identifique-as.
Data: para monitorar as peças que foram alteradas, testadas ou não, é importante identificar
o molde por meio de datas de execução.
13 PIQUE
A função do pique é mostrar o local de união das partes do molde, determinar a
posição de etiqueta, botões, bolsos, bem como sinalizar para costureira o número de paradas
que ela poderá efetuar durante uma determinada costura referentes a junção das partes
conforme a Fig. 32.
Figura 32 -Piques
Fonte: Adaptado do Google
É muito comum, nas empresas de confecções, vermos costureiras que fazem duas,
três e até quatro paradas para fechar uma lateral ou fechar entre pernas de uma calça, o que
aumenta bastante o tempo da operação em questão. Com uso dos piques as paradas irão
reduzir, pois as costureiras terão os piques para alinhar as peças evitando também o
retorcimento das mesmas.
O pique do molde na Figura 33 tem o objetivo de identificar o local de união do
dianteiro com o traseiro da calça, para evitar torção de tecido ou malha, caso não sejam bem
distribuídos, além de determinar o número de paradas durante a costura.
Utilizando este método para todas as costureiras, consequentemente é criado um
padrão entre as peças, além da redução do tempo da operação de 7 a 10%, melhorando assim
a performance do funcionário e indústria.
Figura 33- Pique de união
Fonte: Audaces
14 GRADUAÇÃO OU GRADAÇÃO DOS MOLDES
A graduação de tamanhos é o processo que constitui em aumentar ou diminuir o
tamanho base conforme as Fig. 35 e 36, é também o momento em que se define a grade de
tamanhos a ser cortada. Esse processo tem sido utilizado, de forma manual, por empresas que
ainda não possuem meios tecnológicos para desenvolver a tarefa, porém o processo
computadorizado além de ser mais rápidos são mais precisos.
Figura 34 -Graduação manual
Fonte: adaptado do Google
15 PEÇA PILOTO
A peça-piloto é essencial ao processo produtivo de uma confecção, pois representa o
primeiro momento em que a roupa começa a ser materializada conforme a Fig. 36. É nessa
fase que o modelo é testadp quanto a sua funcionalidade, estética, caimento, conforto, entre
outros aspectos. Porém, destaca-se o fato de nem sempre a roupa ser aprovada na primeira
peça-piloto, o que faz necessário uma segunda, terceira, quarta, quinta, quantas peças forem
preciso até alcançar o resultado final desejado. O processo de faz, refaz e torna a fazer a peça-
piloto, faz com que haja gastos excessivo, com a produção de roupas testes, gasto de tempo
e desperdício de material. Uma solução interessante para reduzir a quantidade de peças testes
fabricadas e os custos é a utilização de sistemas de simulação tridimensional de modelagem,
esta não elimina o processo de pilotagem, mas reduz a quantidade de vezes para teste.
Figura 36 - Peça piloto
Fonte: Google
REFERÊNCIAS
htpp://www.audaces.com.br
ALDRICH, Winifred. Modelagem Plana para Moda Feminina. Porto Alegre: Bookman, 2014.
DUARTE, Sonia, SAGGESE, Sylvia. Modelagem Industrial Brasileira. Rio de Janeiro: Letras &
Expressões, 1998.
GRAVE, Maria de Fátima. Modelagem Tridimensional Ergonômica. São Paulo: Escrituras Editora,
2010.
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