ANÁLISE DO GRAU DE SUSTENTABILIDADE DE UMA EMPRESA
DO SETOR DE PETRÓLEO E GÁS EM RELAÇÃO AOS SEUS
FUNCIONÁRIOS
Área temática: Gestão Ambiental e Sustentabilidade
Sara Garcia Oliveira
Resumo: No decorrer dos anos, a sociedade tem tornado o conceito de sustentabilidade
intrínseco e com isso deu-se início a uma cobrança por parte dos consumidores e governo
para que empresas incorporem à sua cultura a sustentabilidade empresarial. O tripé da
sustentabilidade (social, econômica e ambiental) vem sendo utilizado pelas organizações
como um atrativo para adquirir novos clientes e se firmar no mercado, que atualmente tem se
demonstrado extremamente competitivo. Não há espaço para erros no setor de petróleo e gás
onde uma pequena falha pode ocasionar acidentes ambientais, perdas econômicas e sociais.
Assim, o presente trabalho visa analisar a percepção dos funcionários quanto à
sustentabilidade promovida por uma grande empresa do setor petrolífero afim de identificar
oportunidades de melhorias em algumas das ações implementadas pela organização. Para
que isso fosse possível, foram utilizadas ferramentas de pesquisa para levantamento de dados
e os mesmos foram analisados através de ferramentas estatísticas, tendo como auxílio o uso
de um software estatístico.
Palavras-chaves: Sustentabilidade, Petróleo, Ferramentas estatísticas.
2
1. Introdução
Considerando-se que o desenvolvimento sustentável deve ser entendido como um processo
multidimensional tendo como base a equidade social, eficiência econômica e prudência
ambiental, faz-se necessário a busca por instrumentos capazes de influenciar o mercado a
contribuir para a consolidação de práticas de produção e consumo que priorizem o
desenvolvimento sustentável (TEIXEIRA, 2013).
De acordo com Teixeira (2013), uma das passagens mais importantes da Agenda 21,
documento resultante da conferência Rio-92, corrobora que o alcance do desenvolvimento
sustentável e uma melhor qualidade de vida só se tornarão possíveis quando as nações se
comprometerem a reduzir ou eliminar os padrões insustentáveis de produção e consumo.
Segundo Nascimento et al. (2010), para garantir a sobrevivência de uma empresa no mercado
atual, faz-se necessário que ela não só apresente lucratividade econômica, mas também
consciência ambiental e preocupação social.
Mediante o aumento da preocupação com a sustentabilidade, a sociedade tem buscado inserir
no seu dia a dia atitudes mais sustentáveis, consequentemente, a busca por produtos e serviços
de empresas que implementam essas ações vem crescendo exponencialmente.
A motivação para a realização deste trabalho deve-se à intenção de se avaliar a percepção por
parte dos funcionários quanto a sustentabilidade implementada por uma grande empresa do
setor petrolífero.
3
2. Formulação da situação problema
A sustentabilidade, antes vista com um enfoque puramente ambiental, hoje, tem
demonstrado ser uma questão muito mais ampla e complexa. O termo “Desenvolvimento
Sustentável” foi oficializado no Relatório Brundtland, 1987. A partir daí teve suas dimensões
ampliadas, não focando mais somente no ambiental e considerando que um conjunto de
fatores deveriam ser levados em consideração (MOEHLECKE, 2010).
Para que as empresas possam se manter competitivas, necessitam se adequar às novas
exigências dos consumidores, que tem buscado se relacionar com organizações
comprometidas em adotar práticas sustentáveis. De acordo com Exame (2015), o termo
“sustentabilidade empresarial” tem sido utilizado pelas empresas não somente como uma
demonstração de preocupação com o meio ambiente e a sociedade, mas também como uma
forma de atrair novos clientes.
Um dos maiores desafios da sustentabilidade empresarial tem sido que grande parte
das organizações, que se dizem adeptas a ela, têm deixado as iniciativas sustentáveis restritas
apenas na estratégia da empresa e nas campanhas publicitárias (EXAME, 2015). Uma
pesquisa realizada pela consultoria DOM Strategy Partners, que ouviu executivos de 223
companhias de grande porte no país, mostra dados preocupantes quanto à aplicabilidade de
ações sustentáveis dentro das empresas.
É de suma importância ressaltar que a sustentabilidade empresarial não é apenas uma
prática superficial, visando o marketing da empresa e sim uma cultura que necessita ser
difundida internamente entre seus funcionários e externamente, na sociedade.
Desse modo, a avaliação da percepção ambiental por parte dos funcionários de uma
grande empresa do setor petrolífero possibilita analisar se a organização tem sido eficiente no
processo de incorporação da sustentabilidade empresarial à sua cultura.
4
3. Objetivo
O objetivo geral deste presente trabalho consiste em analisar a percepção dos
funcionários de uma empresa petrolífera quanto à sustentabilidade implementada na
organização.
Os objetivos específicos são:
Coletar dados através da aplicação do questionário, previamente elaborado, baseado no
Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), uma ferramenta de análise comparativa da
performance das empresas listadas na Bolsa de Valores, Mercadorias e
Futuros (BM&FBOVESPA);
Analisar o desempenho da empresa, de acordo com a percepção dos funcionários, em
relação ao Tripé da Sustentabilidade;
Identificar os fatores mais importantes para a implantação da sustentabilidade na
empresa;
Elaborar índices, com o auxílio de ferramentas estatísticas, que identificam os fatores
mais impactantes.
5
4. Referencial teórico
4.1 Desenvolvimento sustentável
O presente modelo de desenvolvimento econômico tem gerado grandes desequilíbrios.
Se, por um lado, o mundo tem crescido em vários aspectos como tecnologia e produção de
bens com o objetivo de melhorar a qualidade de vida, por outro, o uso desenfreado de
recursos da natureza, a crescente desigualdade social e crises econômicas mais atenuantes têm
causado transtornos a várias nações. Diante das atuais dificuldades enfrentadas pelos países e
um temor do agravamento destes problemas num futuro próximo, o termo desenvolvimento
sustentável vem ganhando força, já que tem sido visto como uma ferramenta que auxiliará na
busca pelo equilíbrio do desenvolvimento econômico com a preservação do meio ambiente
além de promover a equidade social (LEVEK,2006).
Após o término da Segunda Guerra Mundial, 1945, foi criada a Organização das
Nações Unidas (ONU), com o intuito de unir todas a nações em prol da paz e do
desenvolvimento com base nos princípios de justiça, dignidade humana e bem-estar de todos
(LEVEK, 2006).
Em 1972, a Conferência de Estolcomo ou Coferência das Nações Unidas, destacou a
importância da gestão ambiental, o que representou um avanço para a criação do termo
desenvolvimento sustentável, além de frisar que o desenvolvimento econômico, até antão
vigente, deveria sofrer mudanças (SIENA, 2002). Segundo Siena (2002), no mesmo período,
o Clube de Roma, grupo composto por cientistas políticos e empresários, se reuniu com o
intuito de realizar debates acerca das questões da crise ambiental. O resultado desta reunião
foi um trabalho chamado “Limites do Crescimento”.
De acordo com Oliveira (2012), Limites do crescimento refere-se a um relatório
elaborado pelo Instituto Tecnológico de Massachussets (MIT) a pedido do Clube Roma.
Abordava resumos não-técnicos de estudos do MIT, sua publicação tinha como objetivo
chamar atenção da população quanto aos problemas ambientais resultantes do crescimento
insustentável da sociedade.
Por fim, a oficialização da expressão “Desenvolvimento Sustentável” pode ser
atribuída à Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), que buscou
consolidar a expressão através do relatório Our Commom Future (Nosso Futuro Comum),
também conhecido como Relatório Brundtland, 1987 (MOEHLECKE, 2010).
6
A famosa definição de desenvolvimento sustentável contida no Relatório Brundtland,
1987, afirma que: “ sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes,
sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.
De acordo com Santana (2013), o desenvolvimento sustentável traduz-se em ações que
contemplam o crescimento, a equidade, a ética profissional e ambiental, a cultura, a
conscientização, a educação, a responsabilidade ambiental entre outros.
Pouco antes da divulgação do Relatório Brundtland, o inglês Jonh Elkington já havia
tecido o conceito de sustentabilidade ao fundar a consultoria SustainAbility em 1987. Tempos
depois, em 1994, esse conceito foi reformulado, se tornando um modelo de mudança social e
posteriormente conhecido como "Triple Bottom Line" ou “Tripé da Sustentabilidade”, que
significa a integração dos segmentos social, ambiental e econômico (ELKINGTON, 1999
apud D’ANGELO, 2009).
Com a disseminação do termo sustentabilidade, o conceito Triple Bottom Line (TBL)
ou Tripé da Sustentabilidade, tornou-se mais evidente, consequentemente, conquistou espaço
no meio acadêmico e se transformou em um dos conceitos mais utilizados nas estratégias
empresariais ao redor do mundo (MASCARENHAS; ALEX, 2013).
De acordo com Barbosa (2007), os alicerces do desenvolvimento sustentável são
compostos pelo crescimento econômico, preservação do meio ambiente e equidade social.
Estes três componentes aliados à mudança de comportamento das empresas dão origem ao
TBL. A figura 1 demonstra o conceito de sustentabilidade, segundo o Tripé da
Sustentabilidade, em suas três dimensões.
Figura 1- Tripé da sustentabilidade
Fonte: D’Angelo (2009, pg. 27)
7
4.2 O impacto da indústria do petróleo na região de Macaé
A crescente demanda energética vem intensificando as atividades das empresas do
setor de petróleo e gás fazendo com que os impactos negativos causados pela atividade
petrolífera e por toda infraestrutura associada a ela seja posta em segundo plano (MONIÉ,
2003).
De acordo com Monié (2003), o setor de petróleo acredita que apesar da intensa
exploração de matérias primas e produtos de origem não renovável, é possível a
implementação de iniciativas que minimizem o impacto de suas operações. Grandes
companhias deste setor têm buscado compensar seu passivo ambiental através de projetos
sustentáveis que atentam as dimensões ambiental e social. Devido às condições geológicas da
Bacia de Campos, houve um acúmulo de grandes quantidades de petróleo em sua plataforma
continental. Posteriormente, a região de Macaé passou a receber investimentos empresariais
voltados para o setor (CAETANO FILHO, 2003).
O setor petrolífero passou a representar a economia regional onde, paralelamente,
inúmeras oportunidades e restrições quanto à inserção da população local na cadeia produtiva
do setor começaram a surgir.
Alguns impactos desta mudança repentina foram percebidos pela população local, figura 2.
8
Figura 2 - Impactos percebidos pela população de municípios da Bacia de Campos
Fonte: RAMOS (2009) adaptado do Projeto Pólen UFRJ/UENF
O aumento da demanda por produtos oriundos do petróleo tem incentivado a produção
da indústria petrolífera e consequentemente uma elevação da arrecadação de divisas mas
também consequências como o aumento da desigualdade social na região e a degradação
ambiental (RAMOS, 2009). Ainda segundo a autora, pressões externas exercidas pela
sociedade, clientes, consumidores e órgãos ambientais fazem com que as empresas busquem
priorizar iniciativas sustentáveis.
4.3 Confiabilidade de questionário
Segundo Richardson (1999), a validade de um instumento de medição é de extrema
importância para que sua eficiência possa ser avaliada. Ainda de acordo com o autor, o
instrumento pode ser considerado válido se conseguir mensurar o que se deseja. Para que seja
válido, há a obrigatoriedade de que o instrumento seja confiável. (RICHARDSON, 1999).
O coeficiente de alfa Cronbach pode ser obtido através da seguinte equação:
(1)
9
Sendo [0, 1] e o número de itens no questionário, é a variância do item e
é a variância total do questionário.
Segundo Policani et al. (2005), pode-se definir o grau de confiabilidade do
instrumento utilizado na pesquisa através da análise da tabela 1.
Tabela 1 - Classificação da confiabilidade a partir do coeficiente de alfa de Cronbach
Valor de Confiabilidade
Muito baixa
Baixa
Moderada
Alta
Muito alta
Fonte: Adaptado de Policani et al. (2005)
4.4 Análise de dados
4.4.1 Estatística descritiva
A estatística descritiva visa a organização dos dados levantados podendo ser através de
tabelas, gráficos ou de medidas descritivas. De acordo com Montgomery e Runger (2014), um
dos aspectos mais importantes no manejo dos dados é a organização de forma que facilite a
interpretação e análise futura. Esse é o papel da estatística descritiva.
4.4.2 Análise multivariada de dados
Segundo Escofier e Pages (1992), têm se comprovado que os métodos de análise de dados
multivariados são amplamente eficazes quando aplicados a estudos com uma grande
variedade de variáveis. Os métodos que permitem a análise de duas ou mais variáveis ao
mesmo tempo são chamados de multivariados.
A estatística multivariada tem como finalidade de aplicação a redução de dados ou a
simplificação, a classificação ou agrupamento, investigação da dependência entre variáveis e
a elaboração de hipóteses (JOHNSON; WICHERN, 1992).
10
4.4.3 Análise fatorial
A Análise Fatorial (AF) consiste em um método estatístistico no qual tem o objetivo
de descrever a estrutura de dependência, através da criação de fatores, dentro de um conjunto
de variáveis (CRUZ; TOPA, 2009).
Segundo Cruz e Topa (2009), analisando-se o conjunto das variáveis, as quais devem
ser correlacionadas com as variáveis originais, a carga fatorial tem como finalidade
possibilitar a análise de como a variável impacta o fator no qual ela está inserida.
A Análise Fatorial possui como objetivo apresentar as variáveis que podem pertencer a
um mesmo grupo e as que mais influenciam na análise. Assim, o método gera conjuntos com
variáveis correlacionadas, os fatores (JOHNSON et al., 1992). Esses fatores estão
relacionados com os dados originais e a estrutura dos seus pesos da-se através dos
componentes principais (MINGOTI, 2005).
Através do conjunto de variáveis criado na Análise Fatorial, a carga fatorial é uma
maneira de se interpretar a importância de cada variável dentro de cada fator, o quanto ela o
impacta. Sendo assim, a variável que mais influencia o fator é aquela que possui a maior
carga fatorial, vale ressaltar que quanto maior o valor da carga fatorial, maior correlação tem a
variável com o fator (CRUZ; TOPA, 2009).
Segundo Cruz e Topa (2009), o modelo fatorial pode ser dado por:
Onde,
= Carga fatorial;
= Fatores comuns ou variáveis latentes;
= Erros ou fatores específicos.
11
4.4.4 Suposições da Análise Fatorial
De acordo com Pasquali (1999), existem algumas etapas a serem executadas para que
se possa verificar a possibilidade de os dados serem submetidos à Análise Fatorial. Ainda
segundo autor, dois métodos podem ser aplicados para a avaliação, tais como: o critério de
Kaiser Meyer Olkin (KMO) e o de Teste de Esfericidade de Bartlett.
Critério Kaiser Meyer Olkin (KMO) – consiste em um método que tem como objetivo
identificar se o modelo de Análise Fatorial aplicado está ajustado aos dados de uma forma
adequada (CRUZ; TOPA, 2009). O KMO é calculado através da seguinte equação:
KMO = (3)
Onde, é o coeficiente de correlação simples entre as variáveis , e é o coeficiente de
correlação parcial entre e .
Para a análise do critério de KMO, pode-se ter como referência a tabela 2.
Tabela 2 - Tabela de critério de Kaiser Meyer Olkin KMO
Valor Grau da Adequação da Amostra
1,0 – 0,9 Ótima 0,80 – 0,90 Boa
0,70 – 0,80 Média
0,60 – 0,70 Aceitável
0,50 – 0,60 Inadequada
<0,50 Inaceitável
Fonte: Adaptado de Pestana e Gageiro (2005)
Teste de esfericidade de Bartlett – de acordo com Hair et al. (2005), este teste possui
como finalidade avaliar a significância geral de todas as correlações da matriz de dados. Caso
os valores do teste de esfericidade possuam p<0,05, pode-se concluir que a matriz é fatorável
ao se rejeitar a hipótese nula de que a matriz de dados é correlata à matriz-identidade
(TABACHNICK; FIDELL, 2007).
12
4.4.5 Critérios para o número de fatores extraídos
Segundo Hair (1998), alguns critérios podem auxiliar na identificação de quantos fatores
necessitam serem extraídos. Alguns desses critérios podem ser observados na figura3.
Figura 3 - Critérios para análise de extração de
fatores
Fonte: Elaboração própria
4.4.6 Significância das cargas fatoriais
Durante a interpretação dos fatores, é importante saber quais cargas fatoriais devem
ser consideradas. De acordo com Hair et al. (2005), uma das orientações para analisar a
significância consiste em examinar as cargas fatoriais da matriz fatorial: quanto maior o valor
absoluto da carga, maior importância ela tem na matriz fatorial.
Ainda segundo Hair et al. (2005), cargas fatoriais de ±0,50 ou superiores, são
praticamente significantes. Já as cargas acima de ±0,70, são bastante impactantes, possuem
um indicativo de uma estrutura bem definida.
A tabela 3, mostra os valores mínimos da carga fatorial, a ser considerada significante,
em relação ao tamanho da amostra.
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Tabela 3 - Cargas fatoriais significantes com base no tamanho da amostra
Carga Fatorial Tamanho mínimo da amostra
0,30 350
0,35 250
0,40 200
0,45 150
0,50 120
0,55 100
0,60 85
0,65 70
0,70 60
0,75 50
Fonte: Adaptado de Hair (1998)
5. Método
O presente trabalho pode ser classificado como uma pesquisa descritiva. Segundo Gil
(2002), as pesquisas também podem ser classificadas quanto ao procedimento técnico
utilizado durante o desenvolvimento do projeto. Esse tipo de análise proporciona uma
avaliação dos fatos no ponto de vista empírico onde pode-se confrontar a visão teórica com os
dados da realidade. Sendo assim, o procedimento técnico utilizado no projeto pode ser
classificado como levantamento, no qual consiste na busca pelo conhecimento do
comportamento de um grupo de pessoas.
A metodologia aplicada no presente trabalho teve como base dados colhidos, através
de um questionário, em uma Empresa que atua no ramo de petróleo e gás na cidade de Macaé.
Como o objetivo era realizar uma análise da percepção dos funcionários quanto à
sustentabilidade empregada na empresa Y, etapas foram realizadas conforme a figura 4.
Vale ressaltar que a ferramenta computacional utilizada para a obtenção dos resultados
apresentados neste trabalho, como por exemplo: tabelas, cálculo da confiabilidade e análise
fatorial, foi o software estatístico (SPSS) Statistical Package for Social Sciences.
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Fonte: Elaboração própria
6. Resultados
A ferramenta utilizada na coleta de dados consiste em um questionário, tendo como
base o ISE do Bovespa. O questionário é dividido em 3 blocos: dimensão ambiental,
dimensão social e dimensão econômico, cada um composto por 10 afirmativas. As
Análise dos dados
Figura 4 - Metodologia
Elaboração do questionário
Cálculo da confiabilidade do questionário
Revisão bibliográfica
Tabulação de dados
1°
Etapa
2°
Etapa
3°
Etapa
4°
Etapa
5°
Etapa
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afirmativas, que compõem o questionário, foram desenvolvidas visando respostas através da
escala de Likert de 5 pontos de acordo com a figura 5.
Figura 5 - Escala de Likert
Fonte: Elaboração própria
De acordo com Hair (1998), o tamanho amostral mínimo indicado, para que se possa
obter resultados confiáveis, é pelo menos 5 vezes o número de variáveis (questões)
envolvidas.
Utilizando a sugestão dada pelo autor, onde o número de questões por dimensão é 10,
obteve-se que o número mínimo de avaliadores necessários para uma coleta de dados
satisfatória é 50, como mostrado na figura 6.
Figura 6 - Cálculo do tamanho da amostra
Fonte: Elaboração própria
Foi realizado o cálculo do coeficiente de alfa de Cronbach com o objetivo de se obter a
confiabilidade dos dados obtidos no questionário utilizado.
De acordo com o valor encontrado do coeficiente de alfa de Cronbach, pôde-se afirmar
que a confiabilidade do questionário, referente à dimensão social, foi classificada como
moderada. Já para as dimensões ambiental e econômica a confiabilidade pôde ser classificada
como muito alta, ou seja, α >0,90.
Posteriormente, o coeficiente de alfa de Cronbach foi calculado com todos os 123
questionários aplicados, como pode-se observar na tabela 4.
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Tabela 4 - Teste alfa de Cronbach (123 variáveis)
Dimensão
Alfa de Cronbach
Social 0,701
Ambiental 0,917
Econômica 0,715
Fonte: Autoria própria
Após a análise descritiva, realizou-se a Análise Fatorial afim de se obter a correlação
das variáveis (afirmativas) de cada dimensão. O resultado referente a cada dimensão pode ser
observado na figura 7.
Figura 7– Teste KMO e Bartlett
Fonte: Autoria própria
O resultado do teste KMO, para as três dimensões, demonstrou um grau de ajuste
aceitável para a aplicação da técnica multivariada Análise Fatorial, sendo ratificado pelo teste
de esfericidade de Bartlett ao nível de significância 0,000.
A análise inicial das dimensões social e econômica mostrou que 4 componentes de
cada obedeceram ao critério de Kaiser do autovalor maior que 1 e explicaram 68% e 64,5%,
respectivamente, da variância total.
Uma análise dos resultados foi realizada buscando-se cargas fatoriais maiores que 0,50
já que o tamanho da amostra do presente trabalho é 123. O resultado encontrado foi que uma
variável da dimensão social e uma da dimensão econômica possui carga fatorial menor que
0,50. Sendo assim, ambas foram retiradas e novas matrizes fatoriais rotacionadas foram
geradas.
A nova matriz fatorial rotacionada não apresentou cargas fatoriais menores que 0,50,
logo, pôde-se afirmar que as variáveis possuem boas correlações com os fatores.
17
Índices foram criados com o objetivo de determinar os fatores que mais impactavam
suas respectivas dimensões e posteriormente os fatores foram ranqueados para que pudesse
verificar os mais impactantes na avaliação do nível de sustentabilidade da empresa Y.
Estes índices, figura 8, permitem visualizar quais fatores poderiam ser priorizados pela
empresa Y para que melhorasse a percepção de seus funcionários quanto a sustentabilidade.
Figura 8 - Ranking dos fatores
Fonte: Autoria própria
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5. Conclusões
O objetivo principal do trabalho foi a elaboração e validação de um instrumento de
coleta de dados para a análise da implementação da sustentabilidade empresarial em uma
empresa petrolífera. Esta análise foi dada por meio da percepção dos funcionários sobre
diversos aspectos relacionados à sustentabilidade. Com o auxílio da técnica estatística
multivariada, foi possível analisar aspectos subjetivos mas que impactam a implementação,
interna e externa, da sustentabilidade da empresa Y.
Descrever a percepção de um empregado quanto às atividades da sua empresa é uma
difícil tarefa devido à complexidade de se realizar uma medição de um aspecto subjetivo
através de um método objetivo.
Salienta-se que as análises estatísticas mostraram que, para a amostra pesquisada,
dentre todos os fatores, o fator “Capital humano” revelou-se o mais relevante na percepção da
sustentabilidade empresarial. Diante destes resultados, é possível afirmar que os aspectos
subjetivos como investimento em pesquisas e novas tecnologias além da valorização dos
empregados, demonstram ser elementos importantes na formação da dimensão econômica.
Quanto aos fatores menos impactantes, Gestão de riscos e Impacto econômico, demonstram
uma insegurança ou insatisfação dos empregados da empresa Y quanto à importância dada
pela empresa ao feedback do cliente e a inclusão do impacto ambiental no plano de
contingência da organização.
A dimensão ambiental, que consiste em apenas dois fatores, não apresentou os maiores
índices fatorais se comparado às demais dimensões. O fator Política ambiental foi percebido
de forma bastante satisfatória pelo conjunto de respondentes, já que possui o maior índice.
Observa-se que há uma vertente negativa quanto à preocupação da empresa Y se o projeto
desenvolvido por ela apresenta possibilidade de passivo ambiental.
Já a dimensão social demonstra que o fator Incentivo ao investimento é o mais
impactante, a variável que aborda o investimento social privado demonstra um
reconhecimento dos funcionários quanto às atividades sociais da empresa Y. Por outro lado,
os empregados demonstraram-se insatisfeitos quanto a não participação da força de trabalho
nas decisões tomadas pela alta direção em prol da empresa.
19
Vale ressaltar que a amostra utilizada no presente trabalho não reflete o todo, restrito à
alguns setores da empresa Y, porque seus resultados são baseados em percepções individuais
sobre as características específicas de um ambiente específico.
Para que a empresa Y possa melhorar e/ou aprimorar a percepção dos seus
empregados quanto à sustentabilidade, a mesma deverá concentrar seus recursos nas
afirmativas responsáveis pela formação dos fatores que apresentam os maiores índices.
Como proposta para um trabalho futuro, seria de extrema importância uma maior
abrangência do número de setores da empresa Y a participar da pesquisa. Um aumento da
amostra pode significar maior entendimento da percepção dos funcionários o que pode ser de
grande valia para a organização. Outro paspecto a ser aperfeiçoado seria o questionário, o
mesmo poderia sofrer modificações no qual aumentaria o número de afirmativas a fim de
incluir alguns aspectos que não puderam ser abordados devido a algumas limitações.
20
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