IMPLANTAÇÃO DE UMA PEQUENA USINA DE BIODIESEL.
CARLOS NOGUEIRA DA GAMA JÚNIOR
LAVRAS MINAS GERAIS – BRASIL
2006
CARLOS NOGUEIRA DA GAMA JÚNIOR
IMPLANTAÇÃO DE UMA PEQUENA USINA DE
BIODIESEL.
Monografia apresentada à Coordenadoria de Pós-Graduação Lato Sensu da Universidade Federal de Lavras, como parte das exigências do curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Fontes Alternativas de Energia, para obtenção do Título de especialização.
Orientadores:
Prof. Fábio Moreira da Silva Prof. Nilson Salvador
LAVRAS MINAS GERAIS – BRASIL
2006
CARLOS NOGUEIRA DA GAMA JÚNIOR
IMPLANTAÇÃO DE UMA PEQUENA USINA DE BIODIESEL.
Monografia apresentada à Coordenadoria de Pós-Graduação Lato Sensu da Universidade Federal de Lavras, como parte das exigências do curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Fontes Alternativas de Energia, para obtenção do Título de especialização.
APROVADA em ______de _____________ de _______
Prof. ________________________________________
Prof. ________________________________________
Prof. Nilson Salvador (Orientador)
Prof. Fábio Moreira da Silva (Orientador)
LAVRAS MINAS GERAIS – BRASIL
2006
DEDICATÓRIA
Todas as realizações sempre são dedicadas às minhas amadas Keity e Maria Clara.
Dedico também ao meu querido pai, Sr. Carlos.
AGRADECIMENTOS
Agradeço:
A Deus por ter me presenteado com a faculdade de raciocínio, capacidade
intelectual, oportunidade e coragem para enfrentar o desafio do aprendizado cientifico;
Ao Engenheiro José Dalmo Garcia, por ser um exemplo de profissional
comprometido em fazer das boas práticas de engenharia um mecanismo de
desenvolvimento social, buscando e disseminando o conhecimento científico em seus
projetos.
Ao Dalmo peço que aceite esse voto de gratidão como uma pequena homenagem.
RESUMO
O Biodiesel é uma alternativa real como combustível a ser produzido de forma
sustentável e menos poluente, que será gradualmente incrementado na matriz energética,
conforme estabelece a lei 11097/05: A partir de 2008 será obrigatória mistura de 2% de
Biodiesel no óleo diesel de petróleo e 5% a partir de 2013. O óleo diesel é o combustível
mais usado no Brasil, e, para atender à demanda de Biodiesel, está em formação um
segmento industrial crescente, cuja cadeia produtiva englobará vários setores da economia:
Agricultura, Indústria, Comércio, Serviços, além de centros de pesquisas necessários para
amparar e promover o desenvolvimento tecnológico para o setor. A indústria do Biodiesel
está criando muitas expectativas de desenvolvimento social, existindo inclusive, um
programa governamental que prevê incentivos fiscais para refinarias de Biodiesel que
utilizarem óleo vegetal provenientes da agricultura familiar de regiões carentes do Brasil.
Porém, não existe um modelo muito claro de funcionamento da cadeia produtiva,
dificultando a participação de um número maior de pequenos produtores e pequenas
empresas interessados em ser agentes nesse novo mercado, criando uma tendência de
concentração dos benefícios em grandes empresas e produtores. Utilizando uma
metodologia de pesquisa bibliográfica, meu objetivo é criar um modelo de projeto para
regionalização da produção e comercialização do Biodiesel, a partir de uma pequena
usina, podendo gerar oportunidades reais aos agentes da cadeia produtiva em cada região.
Tomando as Universidades como os centros de pesquisas integrados à cadeia, pode-se
impulsionar o desenvolvimento tecnológico do Brasil no setor, que apresenta condições de
se destacar mundialmente como produtor de energia sustentável e limpa.
7
SUMÁRIO
1 LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... 9
2 LISTA DE TABELAS ................................................................................................ 10
3 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13
3.1 OBJETIVO .......................................................................................................... 13
3.2 METODOLOGIA DE PESQUISA ..................................................................... 13
3.3 BIODIESEL NO BRASIL E NO MUNDO ........................................................ 13
4 MERCADO PARA O BIODIESEL ........................................................................... 16
5 AÇÕES GOVERNAMENTAIS ................................................................................. 20
6 PRODUTORES NACIONAIS DE BIODIESEL........................................................ 22
7 CENÁRIO DE NEGÓCIOS ....................................................................................... 29
8 PRODUÇÃO DO BIODIESEL .................................................................................. 31
8.1 Fluxograma de produção do óleo de mamona .................................................... 34
8.2 Equipamentos necessários para produção do óleo de mamona .......................... 36
8.3 Fluxograma da Usina de Biodiesel ..................................................................... 40
8.4 Equipamentos necessários para produção do Biodiesel ...................................... 41
8.5 Balanço de massas na reação de Transesterificação ........................................... 43
8.6 Produtividade da mamona e potencial de empregos na agricultura familiar ...... 44
8.7 Projeto de implantação da Usina de extração de óleo e refinaria de Biodiesel... 45
8.8 Treinamento, pesquisa e desenvolvimento. ........................................................ 46
9 CUSTO DE IMPLANTAÇÃO ................................................................................... 48
10 CUSTO DE PRODUÇÃO .......................................................................................... 49
11 ANÁLISE FINANCEIRA .......................................................................................... 50
12 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 55
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 58
14 Anexo A – Especificação do Biodiesel ....................................................................... 62
14.1 A.1 Especificação Brasileira ............................................................................... 62
14.2 A.2 Viscosidade e Densidade .............................................................................. 64
14.3 A.3 Lubricidade................................................................................................... 65
14.4 A.4 Ponto de Fulgor ............................................................................................ 65
14.5 A.5 Água e sedimentos ....................................................................................... 65
14.6 A.6 Viscosidade Cinemática a 40oC ................................................................... 66
8
14.7 A.7 Corrosividade ao Cobre ............................................................................... 66
14.8 A.8 Cinzas Sulfatadas ......................................................................................... 67
14.9 A.9 Número de Cetano ........................................................................................ 67
14.10 A.10 Teor de Enxofre ..................................................................................... 67
14.11 A.11 Poder Calorífico ..................................................................................... 67
14.12 A.12 Ponto de Névoa e de Fluidez .................................................................. 68
14.13 A.13 Poder de Solvência ................................................................................. 68
14.14 A.14 Estabilidade e Cetanagem do Biodiesel ................................................. 68
14.15 A.15 Estudos ................................................................................................... 69
15 Anexo B – Informações sobre a mamona ................................................................... 71
16 Anexo C – Rota etílica ................................................................................................ 74
17 Anexo D – Selo social, fonte Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) ........ 75
18 Anexo E – Legislação pertinente ao Biodiesel ........................................................... 79
Lei ............................................................................................................................... 79
Decreto ........................................................................................................................ 79
Portaria ........................................................................................................................ 80
Resolução .................................................................................................................... 80
Instrução Normativa .................................................................................................... 81
19 Anexo F – Informações sobre Lavras/MG, fonte: site www.busolanet.com.br. ......... 82
9
1 LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Matriz energética mundial (Embrapa, 2005)
Figura 2 - Cenário para utilização de fontes energéticas.
Figura 3 - Matriz energética Brasileira
Figura 4 - Matriz de combustíveis veiculares no Brasil
Figura 5 - Plano de trabalho do governo.
Figura 6 - Cadeia produtiva do Biodiesel - Fonte Abiove
Figura 7 - Fluxograma produção do óleo da mamona
Figura 8 – Fluxograma do processo de produção do Biodiesel (Penteado, 2005)
Figura 9 - Balanço de massas na reação de transesterificação (Drummond, 2006).
10
2 LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Resultado dos 4 leilões realizados em 2005 e 2006 (fonte: MME)
Tabela 2 - Quadro tributário para produção do Biodiesel
Tabela 3 - Unidades industriais produzindo em Novembro 2006 – Fonte site
BiodieselBr.com
Tabela 4 - Usinas aguardando liberação para funcionamento em novembro de 2006, fonte
site BiodieselBr.com
Tabela 5 - Usinas em construção ou planejamento em novembro de 2006, site
BiodieselBr.com
Tabela 6 - Usinas em construção ou planejamento em novembro de 2006, site
BiodieselBr.com
Tabela 7 - Usinas em construção ou planejamento em novembro de 2006, site
BiodieselBr.com
Tabela 8 - Descrição dos códigos usados nas tabelas 8, 9, 10, 11 e 12
Tabela 9 – Distribuição da produção de Biodiesel no Brasil, site BiodieselBr.com
Tabela 10 - Crescimento de consumo de Diesel
Tabela 11 - Necessidade de Biodiesel
Tabela 12 – Capacidade Brasileira de produção de Biodiesel conhecida em Novembro
2006
11
Tabela 13 - Especificação geral da Planta industrial
Tabela 14 – Equipamentos para extração do óleo da mamona
Tabela 15 - Equipamentos necessários para produção do Biodiesel
Tabela 16 - Produtividade da mamona em quilos por hectare - Fonte: Conab, 2006
Tabela 17 - Produtividade da mamona em litros por hectare - Conab, 2006
Tabela 18 - Emprego de mão de obra na agricultura familiar
Tabela 19 - Estimativa de insvestimento
Tabela 20 - Custo de produção previsto para planta
Tabela 21 – Premissas para análise financeira
Tabela 22 - Receita projetada
Tabela 23 - Cálculo da depreciação
Tabela 24 - Acréscimo de capital de giro líquido
Tabela 25 - Demonstração projetada de resultado
Tabela 26 - Fluxo de caixa projetado
Tabela 27 - Fluxos totais de caixa
Tabela 28 - Resultados principais para análise financeira
13
3 INTRODUÇÃO
3.1 OBJETIVO
Criar um modelo de projeto para regionalização da produção e comercialização do
Biodiesel, através de uma pequena usina de refino do óleo vegetal, que pode gerar
oportunidades reais aos agentes da cadeia produtiva de cada região. Tomando as
Universidades como os centros de pesquisas integrados à cadeia, pode-se impulsionar o
desenvolvimento tecnológico no setor de fontes alternativas de energia, onde o Brasil
apresenta condições de se destacar mundialmente ocupando posição de liderança.
Entende-se como agente da cadeia produtiva, todos os produtores rurais de
oleaginosas, produtores de óleo vegetal e Biodiesel, governos, investidores, pesquisadores
e outros que se proponham a participar de alguma forma da cadeia de produção.
3.2 METODOLOGIA DE PESQUISA
Foi utilizada a metodologia de pesquisa bibliográfica para coleta de dados que
fundamentam as conclusões desse trabalho. Valendo salientar que a participação em
reuniões e seminários, criou intercâmbio de conhecimento com profissionais e
pesquisadores envolvidos com o desenvolvimento da produção e comercialização do
Biodiesel no Brasil, aumentando a capacidade de vislumbrar a possibilidade da criação de
uma cadeia de produção regionalizada.
3.3 BIODIESEL NO BRASIL E NO MUNDO
O Brasil iniciou pesquisas sobre a produção do Biodiesel no final da década de 60 e
em 1980 foi depositada a primeira patente desse óleo no Brasil pelo Dr Expedito Parente,
porém as pesquisas para utilização desse novo combustível não avançou, deixando o
Brasil atrasado em relação a outros paises. Em 1998 foram retomadas as pesquisas de
desenvolvimento do Biodiesel no Brasil. Em 2003 um decreto do Governo Federal Institui
a Comissão Executiva Interministerial (CEI) e o Grupo Gestor (GG), encarregados da
14
implantação das ações para produção e uso de BIODIESEL. Em 2004 é lançado o
Programa de Produção e Uso do Biodiesel, contendo marcos regulatórios e as metas
físicas do governo federal, cujos principais pontos são: Atribui competência à ANP para
regular cadeia de produção e uso do Biodiesel. Estabelece os percentuais de mistura de 2%
a 5%. Assumi o monitoramento da inserção do Biodiesel no mercado pelo CNPE. Institui
Modelo Tributário, Certificação Social e aproveitamentos dos créditos de carbono (MDL),
publica as resoluções da ANP a cerca do Produtor de Biodiesel, as especificações e regras
de comercialização. Em 13 de janeiro de 2005 é publicada a lei 11.097, que além de dar
incentivo às empresas produtoras de Biodiesel tornou obrigatória a adição de 2% de
Biodiesel no óleo diesel vendido no país a partir de 2008, sendo que em 2013 o percentual
será aumentado para 5%. Entre os anos de 2005 e 2006 aconteceram 4 leilões públicos
para aquisição de Biodiesel com entrega futura, realizado pela ANP, cujos valores estão
descritos na tabela 1.
Tabela 2 - Resultado dos 4 leilões realizados em 2005 e 2006 (fonte: MME)
Volume arrematado (m³) 783.371
Valor comercializado (R$) 1.398.241.396
O Brasil está cotado para ser o líder mundial na produção do Biodiesel, como é
hoje o maior produtor mundial de álcool combustível. Seu clima, sua vocação agrícola e a
disponibilidade de 90 milhões de hectares virgens de terras boas para a agricultura
(IBGE), o credenciam a ser o grande fornecedor mundial desse combustível. Entretanto,
para evitar a concentração de renda e propriedade que aconteceu no Pró-Álcool, e,
beneficiar milhões de agricultores familiares em todo o país, o Brasil deve descentralizar a
produção através da instalação de micro e pequenas refinarias em todos os estados, e em
vários municípios para gerar mais oportunidade para um número maior de pessoas.
Alguns países do mundo estão com programas de produção de Biodiesel mais avançados
que o Brasil. Em governos anteriores não houve interesse pelo processo de produção do Biodiesel,
a nossa patente perdeu a validade e diversos paises europeus começaram a fabricar o Biodiesel no
inicio da década de 90. Na Europa padronizou-se uma mistura de 20% de Biodiesel e 80% de óleo
diesel denominada EcoDiesel que é vendido em postos de abastecimento de veículos automotores.
15
Hoje, o maior produtor mundial é a Alemanha onde há quase 2.000 postos que vendem
Biodiesel puro e uma produção de mais de 1 bilhão de litros por ano, vindo a seguir a França com
1.500 postos e 500 milhões de litros/ano. Outros paises europeus como Tchecoslováquia, Itália,
Espanha e Holanda estão com programas de implantação em bom estágio de evolução. Nos
Estados Unidos, estados como a Califórnia já têm uma legislação especifica obrigando as empresas
a substituir os combustíveis fósseis por outras fontes menos poluidoras como o hidrogênio, o
álcool e o Biodiesel até 2020. A Marinha americana tornou obrigatório o uso de 20% de Biodiesel
em seus navios em águas americanas, a partir de 5 de junho de 2005. Nos estados rurais do Meio-
Oeste já estão instaladas e funcionando milhares de micro-usinas de Biodiesel para uso próprio dos
fazendeiros ou de cooperativas agrícolas.
O Biodiesel é um combustível destacado no protocolo de Kyoto, juntamente com o álcool,
como preferencial para substituição dos combustíveis fósseis.
16
4 MERCADO PARA O BIODIESEL
Para se avaliar o mercado consumidor para o Biodiesel é interessante fazer uma
abordagem geral sobre matriz energética no mundo, no Brasil e o cenário que se desenha
para os próximos anos.
Uma amostragem da matriz energética mundial é ilustrada na figura 1 - Matriz
energética mundial.
Figura 1 - Matriz energética mundial (Embrapa, 2005)
Observa-se que há uma predominância da utilização do petróleo, carvão e gás
natural. Nenhum desses combustíveis é renovável e as reservas desses recursos na terra já
17
apresentam vestígios de escassez. Na figura 2, é apresentado um cenário atual das fontes
de energia da terra e a tendência de aproveitamento futuro.
Figura 2 - Cenário para utilização de fontes energéticas
O cenário que se desenha é o aumento da necessidade de fontes alternativas e
renováveis de energia com destaque para o aumento da utilização de energia solar e
energia gerada a partir do aproveitamento moderno da Biomassa. Nesse contexto o
Biodiesel assume relevância ao se tornar um substituto viável ao diesel de petróleo, que é
o combustível mais utilizado no mundo, e em especial no Brasil, para abastecimento de
veículos automotores.
18
No Brasil a matriz energética está conforme figura 3.
Figura 3 - Matriz energética Brasileira
A participação do petróleo na matriz energética brasileira é superior à média de
utilização mundial desse mesmo combustível, reforçando a necessidade de substituição
gradual do diesel de petróleo pelo Biodiesel.
A figura 4 mostra a distribuição do consumo de combustíveis automotivos no
Brasil. O Diesel aparece como responsável por uma fatia de 57,7 % do mercado nacional,
sendo o combustível mais utilizado. Com a mistura de 2% de Biodiesel ao Diesel de
petróleo obrigatoriamente a partir de 2008 e 5% a partir de 2013, esse combustível entra
na matriz energética brasileira respondendo por 1,2% e 2,9% do montante,
respectivamente.
19
Figura 4 - Matriz de combustíveis veiculares no Brasil
A previsão do Ministério de Minas e Energia é que o consumo de Diesel no Brasil
chegue a 44 bilhões de litros em 2006. Com a adição de 2%, fica criado um mercado de
880 milhões de litros de Biodiesel. Tomando-se como base os valores médios praticados
no último leilão público para compra de Biodiesel realizado pela Petrobrás, R$ 1,80 por
litro, o potencial do mercado Brasileiro é de R$ 1,58 bilhão de reais na comercialização de
Biodiesel em 2006.
Adotando a média das vendas de Diesel nos postos de abastecimentos de veículos
automotores brasileiros em 2006, o consumo de Diesel de Petróleo chega a 37,66 bilhões
de litros no ano, confirmando ser esse o principal mercado para o Biodiesel, (revista Brasil
Energia, n0 311, outubro 2006, página 127).
Aproximadamente 8 bilhões de litros de Diesel são destinados a outras aplicações
além de abastecimento de veículos automotores, sobretudo na geração de energia elétrica.
No Brasil existem 491 usinas de geração de energia elétrica que usam o Diesel como
combustível, produzindo 3,44 GW de energia (revista Brasil Energia, n0 311, outubro
2006, página 129).
20
5 AÇÕES GOVERNAMENTAIS
O governo federal criou o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel
(PNPB), é um programa interministerial do Governo Federal que objetiva a
implementação de forma sustentável, tanto técnica, como economicamente, a produção e
uso do Biodiesel com enfoque na inclusão social e no desenvolvimento regional, com
geração de emprego e renda.
A Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005, estabelece a obrigatoriedade da adição
de um percentual mínimo de Biodiesel ao óleo diesel comercializado ao consumidor, em
qualquer parte do território nacional. Esse percentual obrigatório será de 5% oito anos
após a publicação da referida lei, havendo um percentual obrigatório intermediário de 2%
três anos após a publicação da mesma, 2008 e 2013 respectivamente.
Subordinado ao Ministério de Minas e Energia, um grupo de trabalho foi formado
com o plano de ação descrito figura 5.
Figura 5 - Plano de trabalho do governo
21
Para estimular ainda mais esse processo, o Governo Federal lançou o Selo
Combustível Social, um conjunto de medidas específicas visando estimular a inclusão
social da agricultura, conforme Instrução Normativa no. 01, de 05 de julho de 2005. Em 30
de Setembro de 2005, o MDA publicou a Instrução Normativa no02 para projetos de
Biodiesel com perspectivas de consolidarem-se como empreendimentos aptos ao selo
combustível social. O enquadramento social de projetos ou empresas produtoras de
Biodiesel permite acesso a melhores condições de financiamento
junto ao BNDES e outras instituições financeiras, além dar direito de concorrência em
leilões de compra de Biodiesel. As indústrias produtoras também terão direito a
desoneração de alguns tributos, mas deverão garantir a compra da matéria-prima, com
preços pré-estabelecidos, oferecendo segurança aos agricultores familiares. Há, ainda,
possibilidade dos agricultores familiares participarem como sócios ou quotistas das
indústrias extratoras de óleo ou de produção de Biodiesel, seja de forma direta, seja por
meio de associações ou cooperativas de produtores.
O quadro tributário federal para produção do Biodiesel é conforme a tabela 2.
Tabela 2 - Quadro tributário para produção do Biodiesel
22
6 PRODUTORES NACIONAIS DE BIODIESEL
Por ser um mercado em formação, os dados sobre produtores de Biodiesel ainda
são passíveis de acompanhamento para consolidação, pois, novos projetos podem surgir a
cada instante. Em Novembro de 2006 vinte e uma plantas industriais estavam produzindo
aproximadamente 232 bilhões de litros de Biodiesel por ano conforme pode ser verificado
na tabela 3. Outras treze usinas estão prontas aguardando autorização para começar a
produzir, o que significa ofertar mais 532 milhões de litros de Biodiesel por ano. Vide
tabela 4. Outras cinqüenta e três unidades estão em fase de planejamento ou construção, o
que significa aumentar mais 3 bilhões de litros de Biodiesel por ano, conforme pode ser
verificado nas tabelas 5, 6 e 7. Caso sejam implantadas as unidades anunciadas, o Brasil
apresenta em novembro de 2006 um potencial para produzir aproximadamente 3,64
bilhões de litros de Biodiesel por ano. Em Minas Gerais o potencial de produção
apresentado até novembro de 2006 é de 267 milhões de litros de Biodiesel por ano.
Das 53 unidades em planejamento ou construção, apenas 25 declararam o
investimento previsto, que totaliza aproximadamente 1 bilhão de reais para 2007 e 2008.
Essas unidades ofertariam aproximadamente 1,4 bilhões de litros de Biodiesel por ano.
Adotando uma análise linear, pode-se estimar que pelo menos outro bilhão de reais,
pode ser investido para implantação das 28 unidades planejadas, cujos investimentos não
foram anunciados.
O somatório de todas as usinas, produzindo, aguardando liberação, planejadas ou
em construção é 87. Dessas apenas 36 declararam a quantidade de empregos diretos e
indiretos que podem ser gerados, 2.606 e 359.661 respectivamente. Essas unidades
ofertariam aproximadamente 1,6 bilhões de litros de Biodiesel por ano. Também por
análise linear, a quantidade de empregos que podem ser gerados para produzir o potencial
brasileiro, 3,64 bilhões de litros de Biodiesel, chegaria a aproximadamente 5.500
empregos diretos e 750.000 empregos indiretos, entendendo que empregos indiretos
referem-se aos produtores rurais.
23
A descrição dos códigos usados nas tabelas 3, 4, 5, 6 e 7 está na tabela 8.
Tabela 3 - Unidades industriais produzindo em Novembro 2006 – Fonte site BiodieselBr.com
Nome Cidade UF Invest.
R$ x
1.000
Capacidade
L/ano x
1000
Matéria
prima
Rota Empregos
D I
FUNTAC Rio Branco AC NI 18 MA, BU E 10 10
IBR Simões
Filho
BA 40.000,00 24.000 MA, SO, DE,
AL, SE
M 40
DNCOS Tauá CE 650,00 864 MA M NI NI
NUTEC Fortaleza CE 1.500,00 720 MA NI NI NI
UFMT Cuiabá MT 2.800,00 525 SO, CP, AM,
BA
M e E NI NI
Adequim Dom
Aquino
MT 3.000,00 6.000 GI, NB NI NI NI
Araguaçu Porto
Alegre do
Norte
MT 8.000,00 15.000 NI NI NI NI
Biocar Dourados MS 5.000,00 9.000 OV, SE M 20
BiodieselBr Araxá MG NI 2.000 OV E e M 4
Moriá Iguatama MG NI 3.000 GI NI NI NI
Soyminas Cássia MG NI 12.000 CA, NF, GI E NI NI
Biolix Rolândia PR 3.500,00 9.000 NF E NI NI
AustenBio Londrina PR NI 360 OV E e M 2 10
Brasil
Biodiesel
Floriano PI NI 45.000 MA, SO, AL,
GI, PI
M 100 20.000
Ponte di
Ferro
Rio de
Janeiro
RJ NI 48.000 SE NI NI NI
Petrobrás Guamaré 1 RN 9.500,00 900 MA NI NI NI
Petrobrás Guamaré 2 RN 9.500,00 NI OV NI NI NI
Biodiesel
Sul
Içara SC NI 800 OF NI NI NI
Granol Campinas SP NI 40.000 SO NI NI NI
Fertibom Catanduva SP NI 6.000 SE E 40
Dhaymers Taboão da
Serra
SP 2.500,00 9.000 OV, SE M 38 68
24
Tabela 4 - Usinas aguardando liberação para funcionamento em novembro de 2006, fonte site
BiodieselBr.com
Nome Cidade UF Invest.
R$ x
1.000
Capacidade
L/ano x
1000
Matéria
prima
Rota Empregos
D I
Brasil
Ecodiesel
Crateus CE NI 120.000 MA, SO, PI,
GI
M 100 50.000
Eco oleo Chapadão do
céu
GO NI 2.640 NI E NI NI
Binatural Formosa GO 6.500,00 12.000 MA, SO, PI,
GI
NI 26 1.200
Agrosoja Sorriso MT 10.000,00 24.000 NI NI NI NI
Salles Rondonópolis MT 1.500,00 30.000 SO NI NI NI
Projebio Jaguari MS NI 4.500 NI NI NI NI
Agropalma Belém PA NI 24.000 AP NI 40 360
Brasil
Ecodiesel
Rosário do
Sul
RS NI 120.000 MA, SO, PI,
GI
M 100 50.000
Biopetrosul Taubaté SP 40.000,00 60.000 SE, SO, AL,
GI
E e M 50 2.000
Innovati Mairinque SP NI 16.800 OV M 12
Biocapital Charqueada SP NI 60.000 EV, SE M 150 12.500
Ponte di
Ferro
Taubaté SP NI 35.000 NI NI 25 15
Daffer Mairiporã SP NI 24.000 SO, GI, SE E e M
25
Tabela 5 - Usinas em construção ou planejamento em novembro de 2006, site BiodieselBr.com
Nome Cidade UF Invest.
R$ x 1.000
Capacidade
L/ano x
1000
Matéria
prima
Rota Empregos
D I
Brastec Murici AL NI 3.000 MA NI 25 800
UFBA Salvador BA 1.200,00 5.000 MA, SO,
DE
E e M 60
Petrobrás Candeias BA 60.000,00 57.000 NI NI NI NI
Crow West
Co
L. E.
Magalhães
BA 40.000,00 76.000 AL, SE NI NI NI
Orbitrade F. Santana BA 19.000,00 90.000 MA NI NI NI
Brasil
Ecodiesel
Iraguara BA NI 120.000 MA, SO,
PI, GI
M 100 50.000
Petrobrás Quixadá CE 71.000,00 57.000 NI NI NI NI
Granol Anápolis GO NI 100.000 SO NI NI NI
Caramuru São Simão GO 30.000,00 110.000 SO M 200
Caramuru Imbiara GO NI 110.000 SO NI NI NI
COOPAGO Acreína GO 135.000,00 110.000 SO, AL NI NI NI
Bio
Orgânicos
Porto Franco MA 40.000,00 33.000 MA, SO,
AL, BA, SE
E 90 2.500
Brasil
Ecodiesel
Itaqui MA NI 120.000 MA, SO,
PI, GI
M 100 50.000
Cooperativa Campos de
Julho
MT 1.600,00 3.000 GI M NI NI
Acácia Comodoro MT NI 3.600 OV NI 10 300
Bio Brasil Barra do
Garças
MT 1.500,00 5.000 NI NI NI NI
Biocamp Campo Verde MT NI 50.000 GI, SE, PI NI NI NI
Friagril Lucas do Rio
Verde
MT 31.000,00 50.000 SO, SE NI NI NI
Archer
Daniels
Midland –
ADM
Rondonópolis MT NI 180.000 SO NI NI NI
Cooperativa Cuiabá MT 30.000,00 105.000 NI NI NI NI
Barrálcool Barra dos
Bugres
MT 27.000,00 57.000 SO, GI E 35 1.200
Bio Mundo Novo Mundo MT 70.000,00 50.000 SO, GI,
MA, PI
M e E NI NI
26
Tabela 6 - Usinas em construção ou planejamento em novembro de 2006, site BiodieselBr.com
Nome Cidade UF Invest.
R$ x 1.000
Capacidade
L/ano x 1000
Matéria
prima
Rota Empregos
AGRENCO Rondonópolis MT NI 180.000 SO M NI NI
AGRENCO Maracaju MS NI 100.000 SO M NI NI
Biodiesel
Triângulo
Iturama MG NI 10.000 NI NI NI NI
Biodiesel
Triângulo
Rio Preto MG NI 120.000 PI NI NI NI
Petrobrás Montes
Claros
MG 60.000,00 57.000 NI NI NI NI
Elabora Comendador
Gomes
MG NI NI GI NI NI NI
Bioudi Uberlândia MG NI 20.000 PI, NF, SE E e M 90 3.600
Biominas Itaúna MG NI 12.000 OV E e M 40 400
Biominas Pitangui MG NI 12.000 OV E e M 40 400
Biominas Itatiaiuçú MG NI 12.000 OV E e M 40 400
Fusermann Barbacena MG 10.000,00 7.000 PI, NF, GI E 30 5.000
Bioteo Campina
Grande
PB NI 40.000 MA, SO,
PI
E 300 7.000
Expoglobe Campo Largo PR 13.000,00 30.000 GI NI NI NI
Cocamar Maringá PR NI 30.000 NI NI NI NI
Megabio Tapejara PR 70.000,00 50.000 MA, SO,
PI
NI NI NI
Green Fuel
Energy
Cambira PR 70.000,00 50.000 MA, SO,
PI, GI
NI NI NI
Bioenergia Rolândia PR NI 36.000 OV, SE E 25
AGRENCO NI PR NI 100.000 SO, SE M NI NI
UFPE Recife PE 45,00 60 OF, AL,
PI, MA, SE
NI NI NI
Biovasf Petrolina PE 70.000,00 60.000 MA, SO,
PI
NI NI NI
Granol Cachoeira do
sul
RS NI 40.000 SO NI NI NI
Oleoplan Veranópolis RS 19.800,00 50.000 SO NI NI NI
Tchê
Industria
Taquaruçu do
sul
RS NI 36.000 SO M 134 36.718
BSBios Passo Fundo RS 40.000,00 100.000 SO, GI,
CA, MA
M 110 3.000
27
Tabela 7 - Usinas em construção ou planejamento em novembro de 2006, site BiodieselBr.com
Nome Cidade UF Invest.
R$ x 1.000
Capacidade
L/ano x 1000
Matéria
prima
Rota Empregos
Bioteo São Bento do
Sul
SC 80.000,00 100.000 SO, GI E 300 12.000
Exacta Guarulhos SP NI 15.000 NI NI NI NI
Granol Tupã SP NI 40.000 SO NI NI NI
Bertin Lins SP 40.000,00 100.000 SE M 20 180
Unicamp Campinas SP NI 300 NI NI NI NI
Brasil
Ecodiesel
Porto
Nacional
TO NI 120.000 MA, SO,
PI, GI
M 100 50.000
Biotins Paraiso do
Tocantins
TO NI 8.700 SE, PA, PI NI NI NI
Tabela 8 - Descrição dos códigos usados nas tabelas 8, 9, 10, 11 e 12
CÓDIGO DESCRIÇÃO
MA Mamona
BU Buriti
SO Soja
SE Sebo
DE Dendê
AL Algodão
PI Pinhão Manso
GI Girassol
BA Babaçu
CP Castanha do Pará
AM Amendoin
OV Óleo vegetal
NF Nabo forrageiro
CA Canola
AP Ácido graxo de palma
OF Óleo de fritura
PA Palma
NI Não informado
M Metílica
E Etílica
28
A distribuição da produção de Biodiesel no Brasil, até novembro de 2006,
apresenta o perfil descrito na tabela 9.
Tabela 9 – Distribuição da produção de Biodiesel no Brasil, site BiodieselBr.com
Local Acréscimo de Produção L/ano (x 1000)
Atual Até 2008 Sem previsão
Região Norte 24.018
Região Nordeste 71.484 120.000 343000
Região Sul 10.160 412.000 330.000
Região Centro Oeste 30.525 516.740 898.700
Região Sudeste 120.000 302.800 298.300
Total Brasil 256.187 1.351.540 1.870.000
Minas Gerais 17.000 7.000 243.000
29
7 CENÁRIO DE NEGÓCIOS
A partir de 2008 será obrigatória a adição de 2% de Biodiesel ao Diesel de
petróleo, ficando autorizado adição de 5%, com obrigatoriedade a partir de 2013.
Em 2006 o consumo de Diesel no Brasil é de 44 bilhões de litros (Ministério de
Minas e Energia). Minas Gerais consome 13,44% (Revista Brasil Energia, n0 311, outubro
2006, página 127), ou seja, 5,91 bilhões de litros ao ano. Considerando-se um crescimento
de apenas 2% ao ano, o crescimento de consumo de óleo Diesel será conforme tabela 10.
Tabela 10 - Crescimento de consumo de Diesel
Descrição 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Consumo Diesel L/ano x 106
Brasil 44000 44880 45778 46693 47627 48580 49551 50542 51553 52584
Minas Gerais 5914 6032 6153 6276 6401 6529 6660 6793 6929 7067
Se a adição de Biodiesel obedecer somente o que determina a lei de maneira obrigatória, a
necessidade de Biodiesel será conforme descrito na tabela 11, na descrição realista. Porém,
se a adição de 5% for espontânea a partir de 2008, a necessidade de Biodiesel será
conforme a tabela 11, na descrição otimista.
Tabela 11 - Necessidade de Biodiesel
Realista 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Biodiesel L/ano x 106
Brasil 916 934 953 972 991 2527 2578 2629
Minas Gerais 123 126 128 131 133 340 346 353
Otimista 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Biodiesel L/ano x 106
Brasil 898 2289 2335 2381 2429 2478 2527 2578 2629
Minas Gerais 121 308 314 320 326 333 340 346 353
Considerando a produção de Biodiesel já conhecida no Brasil, ou seja,
desconsiderando as usinas planejadas e sem previsão de instalação, a capacidade de
produção Brasileira será conforme a tabela 12.
30
Tabela 12 – Capacidade Brasileira de produção de Biodiesel conhecida em Novembro 2006
Descrição 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Produção Biodiesel L/ano x 106
Brasil 256,18 256,18 1607 1607 1607 1607 1607 1607 1607 1607
Minas Gerais 17 17 24 24 24 24 24 24 24 24
No cenário chamado realista, observa-se que haverá excedente até 2012 caso a
adição de Biodiesel fique somente no limite previsto em lei, e, dentro da mesma condição,
faltará Biodiesel a partir de 2013, caso nenhuma outra usina entre em operação até essa
data.
No cenário otimista, a adição de 2% a partir de 2007 será espontânea e obrigatória
a partir de 2008, a adição de 5% será espontânea a partir de 2008 e obrigatória a partir de
2013. Nessas condições verifica-se que haverá falta de Biodiesel já em 2007, necessitando
que parte da produção planejada, mas sem previsão de inicio, comece a produzir já em
2008. Porém, nem no cenário otimista, toda capacidade conhecida de produção brasileira
será absorvida nos limites de adição determinados, o que pode significar possibilidade de
exportação.
31
8 PRODUÇÃO DO BIODIESEL
Para definir as etapas de produção do Biodiesel, será proposta a instalação de uma
planta industrial com as características definidas na tabela 13: Especificação geral da
planta industrial.
Tabela 13 - Especificação geral da Planta industrial
DESCRIÇÃO ESPECIFICAÇÃO OBSERVAÇÃO
Produção de Biodiesel 35.000 Litros por dia Ver anexo A para especificações do Biodiesel
Matéria Prima Óleo de mamona Ver anexo B para informações sobre mamona
Rota Tecnológica Etílica Ver anexo C para critério de escolha
Catalizador Hidróxido de sódio NaOH
Obtenção matéria prima 30% agricultura familiar Ver anexo D para selo social
Local de instalação Lavras/MG Ver anexo F para informações sobre Lavras
5.1 Cadeia de produção do Biodiesel
A cadeia produtiva do Biodiesel pode ser ilustrada conforme a figura 6, onde são
descritos os vários setores da economia envolvidos no mercado do Biodiesel.
Figura 6 - Cadeia produtiva do Biodiesel - Fonte Abiove
32
A planta industrial analisada será composta de usinas integradas que farão as etapas da
esfera agroindustrial; extração do óleo vegetal da mamona, e a esfera industrial; refino do
óleo vegetal e produção do Biodiesel.
Os procedimentos para o preparo da matéria prima e sua conversão em Biodiesel,
visam criar condições para a reação de transesterificação com a máxima taxa de
conversão.
Em princípio, é necessário que a matéria prima tenha o mínimo de acidez, o que é
possível submetendo-se a um processo de neutralização, através de lavagem com uma
solução alcalina de hidróxido de sódio e de potássio, seguida de uma operação de secagem
ou desumidificação (Parente, 2003).
A reação de transesterificação é a etapa de conversão, propriamente dita, do óleo da
mamona em ésteres metílicos de ácidos graxos, que constitui o Biodiesel. Caso seja
escolhida uma rota etílica para conversão teremos ésteres etílicos. A reação é apresentada
na equação química que se segue:
Óleo de mamona + metanol Ésteres Metílicos + Glicerol
Os catalisadores mais usados são o hidróxido de potássio (KOH) e o hidróxido de
sódio (NaOH) que será adotado como catalisador especificado para a planta industrial
estudada nesse trabalho.
Após a reação de transesterificação, que converte a matéria graxa em ésteres, a massa
reacional final é constituída de duas fases, separáveis por decantação e/ou por
centrifugação (sendo esta última aplicável, se for desejável agilizar o processo) (Parente,
2003).
A fase mais pesada é composta de glicerina bruta, impregnada dos excessos utilizados
de álcool de água, e de impurezas inerentes ao óleo de mamona. A fase menos densa é
constituída de uma mistura de ésteres metílicos, também impregnado de excessos de
álcool e de impurezas (Parente, 2003).
33
Na fase mais pesada, água, álcool e glicerina são submetidos a um processo de
evaporação, sob baixa pressão, denominada “evaporação Flash” (Macedo, 2004),
eliminando-se, da glicerina bruta, esses constituintes voláteis, cujos vapores são liquefeitos
em um condensador apropriado. Também, pode-se empregar, de forma alternativa, o
processo de destilação. O sub-produto assim obtido será a glicerina bruta (Parente, 2003).
Da mesma forma, mas separadamente, o álcool residual é recuperado na fase mais
leve, liberando os ésteres metílicos (Penteado, 2005).
Os excessos residuais de álcool, após os processos de recuperação, contêm quantidades
significativas de água, necessitando de uma separação. A desidratação do álcool,
normalmente é feita por destilação (Parente, 2003).
No caso da desidratação do metanol, a destilação é bastante simples e fácil de ser
conduzida, uma vez que a volatilidade relativa dos constituintes dessa mistura é muito
grande, e, ademais, inexiste o fenômeno da azeotropia para dificultar a completa separação
(Parente, 2003).
Os ésteres deverão ser lavados por centrifugação, e desumidificados posteriormente,
resultando o Biodiesel, que deverá ter suas características enquadradas nas especificações
das normas técnicas estabelecidas para o Biodiesel, como combustíveis para o uso em
motores do ciclo Diesel. Em alguns casos, utiliza-se água morna para remover resíduos de
catalisador e sabões (Parente, 2003).
34
8.1 Fluxograma de produção do óleo de mamona
Um fluxograma básico do processo de produção do óleo da mamona pode ser
representado na figura 6.
Descascador
Carregamento
Peneiramento
Cozedor
800 C
4% umidade
4 h de cozimento
Prensagem contínua
Filtração de óleo
bruto
Branqueamento
Filtração de oleo
branqueado
Neutralização
Depósito de oleo
refinado
Recebimento e estocagem
de sementes
Moagem
Caldeira
Figura 7 - Fluxograma produção do óleo da mamona
35
O processo se inicia com o recebimento da mamona que será descascada através de
um descascador próprio para essa finalidade. Faz-se então, o carregamento de uma bateria
composta de cinco extratos, dos quais, através de um processo mecânico de peneiramento
as impurezas são retiradas. O material puro é conduzido aos tanques de cozimento, onde
será submetido a uma temperatura de aproximadamente 800
C e umidade de 4%. O
material tem que atravessar o tanque de cozimento perfazendo um total de 4 horas de
aquecimento antes de chegar às prensas. A prensagem é feita em placas mecânicas e o
óleo escorre por canaletas construídas no compartimento de prensagem.
O óleo obtido passa por um processo de esfriamento e filtragem seguindo para o
processo de branqueamento, onde é adicionado o carvão ativado. Na sequência o óleo
segue para os tanques de neutralização, passando antes por mais um processo de filtragem.
Após o processo de neutralização, normalmente adicionando soda, o óleo de mamona está
pronto para ser comercializado e produzir Biodiesel.
Do óleo bruto proveniente da prensagem, retira-se uma amostragem que é
submetida a testes de laboratório para determinação do teor de acidez, grau de impureza,
umidade e cor. Um óleo de primeira qualidade não pode ter grau de acidez maior que 1%,
a umidade deve ser no máximo 0,36%, e, cor 20.0 amarelo e 2.0 vermelho em pigmentos
na escala calorimétrica lovibond. Se o óleo extraído estiver dentro dos parâmetros de
qualidade, faz-se um tratamento químico da torta para extração de óleo residual, que pode
chegar a 11% do óleo existente na baga da mamona.
Não sendo obtido óleo de primeira qualidade no processo de prensagem não é
aconselhável o tratamento da torta, aconselha-se nesse caso, o esfriamento e enfardamento
para comercialização.
Quando as sementes não forem de alto teor de óleo, uma moagem é aconselhável
para facilitar o processo de cozimento e prensagem.
36
8.2 Equipamentos necessários para produção do óleo de mamona
Para produzir o óleo de mamona, conforme fluxograma ilustrado na figura 6, os
equipamentos necessários estão descritos na tabela 14.
Tabela 14 – Equipamentos para extração do óleo da mamona
IT EQUIPAMENTO UND QTE DESCRIÇÃO E FUNÇÃO
1 Descascador de mamona un. 1 Aparelho destinado a descascar a
mamona vinda da colheita, acionado por
motor elétrico.
2 Elevador de Canecas un. 1 Construído em chapas de aço carbono,
com capacidade nominal de 6.000 Kg/h
de mamona. Destinado à alimentação da
peneira de limpeza, acionado por motor
elétrico de 6 CV e transmissão por polias
e correias
3 Peneira de Limpeza un. 1 Construída com estrutura de aço
laminado, com moéga de alimentação
em aço carbono, destinada a separar
impurezas menores e maiores que os
grãos utilizados no processo (para
proteção dos equipamentos) através de
peneiras oscilantes acionadas por motor
elétrico de 4 CV e conjunto vibratório
4 Elevador de Canecas un. 1 Construído em chapas de aço carbono,
com capacidade nominal de 6.000 Kg/h
de mamona. Destinado à alimentação do
aparelho cozinhador vertical, acionado
por motor elétrico de 4 CV e transmissão
por polias e correias
5 Rosca Transportadora un. 1 Construída em chapas de aço carbono,
com capacidade nominal de 6.000 Kg/h
de mamona. Para distribuição da matéria
prima nos aparelhos cozinhadores.
Acionada por motor elétrico de 6 CV e
transmissão por polias e correias
6 Cozinhador Vertical un. 3 Para preparação e condicionamento
térmico da massa a ser prensada, através
de aquecimento por meio de vapor
indireto. Construído com chapas de aço
carbono, com câmara de vapor, estrutura
metálica de sustentação do aparelho e
boca de descarga com regulagem da
alimentação diretamente sobre a prensa.
Acionado por motor elétrico de 15 CV
37
IT EQUIPAMENTO UND QTE DESCRIÇÃO E FUNÇÃO
7 Prensa Contínua un. 3 formada por cesto de barras onde a
massa é comprimida por meio de um
eixo helicoidal com passo e diâmetro
variável. O eixo é apoiado em mancais
que permitem fácil acesso para
manutenção e limpeza, diretamente
acoplado ao conjunto de acionamento
formado por redutor tipo engrenagens
helicoidais, transmissão por polias e
correias. Com motor elétrico de 50 CV
8 Transportador óleo e finos un. 1 tipo rosca transportadora construída em
chapas de aço carbono. Destinado ao
transporte de óleo e finos desde as
prensas extratoras até o aparelho
decantador. Acionada por motor elétrico
de 2 CV
9 Tanque Decantador un. 1 construído em chapas de aço carbono,
forma cilíndrica vertical com serpentina
de vapor destinado a receber óleo da
prensa, promover uma hidratação através
de vapor direto e regularizar o fluxo de
óleo. Equipamento fornecido com eixo
central com paletas para
homogeneização do produto antes da
filtração
10 Bomba de Óleo Bruto un. 2 bomba tipo engrenagens para transporte
do óleo bruto desde o tanque decantador
até o filtro prensa e recirculação no
tanque no tanque decantador. Com
motor de 4 CV, polias, correias e base de
montagem
11 Filtros Prensa un. 2 tipo placas verticais, com 30 placas e 31
quadros em ferro fundido, montados em
estrutura metálica, com bica recolhedora
de óleo e bandeja para retenção de finos
construídos em aço carbono. Sistema de
fechamento hidráulico manual
12 Tanque Pulmão un. 1 Construído em chapas de aço carbono,
forma cilíndrico vertical destinado a
controlar o fluxo de óleo proveniente do
filtro prensa. Com serpentina de vapor
13 Bomba de Óleo Filtrado un. 2 bomba tipo engrenagens para transporte
do óleo filtrado desde o tanque pulmão
até o aparelho branqueador e/ou
recirculação ao tanque decantador.
Acionada por motor de 4 CV, com
polias, correias e base de montagem
38
IT EQUIPAMENTO UND QTE DESCRIÇÃO E FUNÇÃO
14 Branqueador un. 1 aparelho branqueador de óleos vegetais,
capacidade nominal de 10.000 litros de
óleo por carga. Construção cilíndrica
vertical em aço carbono, com câmara de
vapor. Misturador formado por palhetas
fixados no eixo central, com
acionamento por meio de redutor e
motor elétrico de 4 CV Corpo projetado
para operar com vácuo, câmara de vapor
operando com pressão de 4 kg/cm²
15 Resfriador de Gases un. 1 aparelho resfriador tubular, tipo casco e
tubo. Construído com tubos em aço
inoxidável e corpo em chapas de aço
carbono. Para o resfriamento e
condensação dos gases provenientes do
aparelho branqueador, por meio de troca
térmica com água industrial. Completo,
com sapatas de sustentação
16 Bomba de Vácuo un. 2 tipo anel líquido, acoplada a motor
elétrico de 15 CV, destinada à produção
de vácuo no aparelho branqueador
17 Bomba alimentação Filtro
Prensa
un. 2 bomba centrífuga, de rotor aberto,
destinada ao transporte do óleo com terra
de branqueamento desde o aparelho
branqueador até o Filtro Prensa.
Acionada por motor elétrico de 6 CV
Com acoplamento e base de montagem
18 Filtro Prensa un. 1 tipo placas verticais, com 30 placas e 31
quadros em ferro fundido, montados em
estrutura metálica, com bica recolhedora
de óleo e bandeja para retenção de finos
construídos em aço carbono. Sistema de
fechamento hidráulico manual
19 Tanque Pulmão un. 1 para receber o óleo proveniente do filtro
de branqueamento e regularizar o fluxo
para depósito final de óleo branqueado.
Construído em aço carbono
20 Bomba un. 2 bomba tipo engrenagens para transporte
do óleo filtrado desde o tanque pulmão
de óleo branqueado até o neutralizador.
Acionada por motor de 4 CV, com
polias, correias e base de montagem.
21 Neutralizador un. 1 construído em chapas de aço carbono,
forma cilíndrico vertical destinado a
controlar a mistura com soda para
neutralizar a acidez do óleo.
39
IT EQUIPAMENTO UND QTE DESCRIÇÃO E FUNÇÃO
22 Tanque de soda un. 1 construído em chapas de aço carbono,
forma cilíndrico vertical destinado ao
armazenamento de soda.
23 Bomba de soda un. 2 bomba tipo engrenagens para transporte
de soda até o neutralizador. Acionada
por motor de 4 CV, com polias, correias
e base de montagem.
24 Compressor de Um Estágio un. 1 capacidade 40 CFM para operar com
pressão máxima de 8,3 Bar, com
reservatório de 300 litros de ar
comprimido. Acionado por motor de 10
CV Destinado à produção de ar
comprimido a ser utilizado na limpeza
dos filtros prensas e em geral
25 Caldeira un. 1 Usada para geração de vapor saturado a
10 Kg/cm2 para utilização no cozedor e
no decantador.
40
8.3 Fluxograma da Usina de Biodiesel
Figura 8 – Fluxograma do processo de produção do Biodiesel (Penteado, 2005)
Reação de
Transesterificação
Separação de fases
Recuperação do
álcool da Glicerina
Recuperação do
álcool dos ésteres
Destilação da
glicerina
Purificação dos
ésteres
Desidratação do
álcool
Metanol Catalizador
NaOH
ÓLEO DA MAMONA
Fas
e p
esad
a
Fase lev
e
Glicerina bruta Éster bruto
Excessos de álcool recuperado
Decantação e/ou centrifugação
Resíduo
Glicérico
Glicerina
Destilada BBB III OOO DDD III EEE SSS EEE LLL
41
8.4 Equipamentos necessários para produção do Biodiesel
Para refinar o óleo vegetal e produzir o Biodiesel, conforme fluxograma ilustrado
na figura 7, os equipamentos necessários estão descritos na tabela 15.
Tabela 15 - Equipamentos necessários para produção do Biodiesel
IT EQUIPAMENTO UND QTE DESCRIÇÃO E FUNÇÃO
1 Vazo de pressão com normas
ASME /ASTM
un. 1 Recebe o óleo vegetal pronto para o
inicio da reação de transesterificação.
Construído em aço carbono
2 Compressor de Um Estágio un. 1 Capacidade 40 CFM para operar com
pressão máxima de 8,3 Bar, com
reservatório de 300 litros de ar
comprimido. Acionado por motor de 10
CV. Destinado à produção de ar
comprimido para pressurização dos
vasos de pressão e reator e em geral.
3 Tanque de armazenamento de
metanol
un. Construído em chapas de aço carbono,
formato cilíndrico vertical destinado ao
armazenamento de metanol a ser usado
como catalizador na reação de
transesterificação.
4 Tanque de armazenamento de
soda cáustica
un. 1 Construído em chapas de aço carbono,
formato cilíndrico vertical destinado ao
armazenamento de soda a ser usada
como catalizador na reação de
transesterificação.
5 Secadora para produção
contínua padrão ANP
un. 1 Responsável pela extração de água
residual no óleo vegetal
6 Reator de altas capacidades
com sistema de vácuo
un. 1 Construído em aço inox. No reator é que
são misturados o óleo vegetal, o metanol
e o hidróxido de sódio para a reação de
transesterificação.
7 Tanques de decantação un. 1 Construído em aço inox, vai separar o
Biodiesel (no topo) do glicerol (no
fundo).
8 Tanque Lavador de Biodiesel
padrão ANP
un. 2 Construído em aço inox, são importantes
no processo para que os restos de álcool,
glicerol, catalisador, sabões e outras
impurezas sejam retirados no Biodiesel
após a separação por decantação.
42
IT EQUIPAMENTO UND QTE DESCRIÇÃO E FUNÇÃO
9 Tanque de armazenamento de
água industrial
un. 1 Construído em chapas de aço carbono,
formato cilíndrico vertical destinado ao
armazenamento de água industrial a ser
usada no processo de lavagem e outras
necessidades da refinaria.
10 Secadora para produção
contínua padrão ANP
un. 1 Equipamento necessário para retirar
água residual da lavagem. O produto
resultante se diferencia do Biodiesel
retirado dos decantadores por ser mais
puro e ter um ponto de fulgor mais alto.
11 Tanques de armazenamento de
Biodiesel
un. 3 Construído em aço carbono revestido
internamente, formato cilíndrico vertical
destinado ao armazenamento de
Biodiesel pronto para comercialização.
O óleo da mamona é colocado no reator de alta capacidade, aquecido e misturado
com o álcool e a soda cáustica. Depois de aproximadamente uma hora, inicia-se o
processo de decantação pelo qual a mistura separa-se em dois níveis: no topo fica o
Biodiesel e no fundo do recipiente fica depositado o glicerol ou glicerina. Depois de
drenado o glicerol, o Biodiesel puro é “lavado” em uma com água acidulada para remoção
de traços de metanol e outras impurezas. Finalmente o Biodiesel é filtrado e está pronto
para o uso, tanto puro como misturado ao óleo diesel sem necessidade de modificações
nos motores automotivos.
Além do combustível propriamente dito, o processo de transesterificação produz
Glicerol que é uma mistura de glicerina com resíduos de álcool e soda. O sub-produto
bruto pode ser usado como sabão ou desengraxante. Depois de purificada, a glicerina tem
utilidades mais nobres, como nas indústrias de cosméticos e na indústria farmacêutica. O
glicerol é um produto nobre comparável à nafta de petróleo.
43
8.5 Balanço de massas na reação de Transesterificação
A figura 8 mostra o balanço de massas envolvido na reação de transesterificação:
Figura 9 - Balanço de massas na reação de transesterificação (Drummond, 2006)
44
8.6 Produtividade da mamona e potencial de empregos na agricultura familiar
Na tabela 16 observa-se a média de produtividade em quilos por hectare no Brasil,
em São Paulo por ser o estado mais produtivo, e, em Minas Gerais que servirá de
referência para análise.
Tabela 16 - Produtividade da mamona em quilos por hectare - Fonte: Conab, 2006
PRODUTIVIDADE POR HECTARE DE TERRA QUILOS DE MAMONA
BRASIL 738
SÃO PAULO 2060
MINAS GERAIS 1155
A mamona apresenta uma concentração de óleo que varia de 40% a 45% em suas
bagas. Considerando o limite mínimo, a produtividade em litros de óleo por hectare será
conforme a tabela 17.
Tabela 17 - Produtividade da mamona em litros por hectare - Conab, 2006
PRODUTIVIDADE POR HECTARE DE TERRA LITROS DE ÓLEO
BRASIL 295
SÃO PAULO 824
MINAS GERAIS 462
Considerando o balanço de massa apresentado na figura 8 e o aproveitamento de
40% da mamona para extração de óleo, pode-se concluir que serão necessárias
aproximadamente 78 toneladas de grãos da mamona por dia para suprir a produção de
35.000 litros de Biodiesel. Para obtenção do selo de combustível social e fazer jus aos
incentivos governamentais, no mínimo 30% da mamona utilizada deve ser proveniente da
agricultura familiar, o que corresponde a aproximadamente 23,5 toneladas por dia.
Um trabalhador rural tem condições de ser responsável pela produção de 4 hectares
(Ministério do desenvolvimento agrário, 2006). O que em Minas Gerais representa a
45
produção de 4620 quilos de mamona. A tabela 18 descreve o número de trabalhadores que
seriam empregados na produção de 23,5 toneladas de mamona por dia para atender a 30%
da demanda da refinaria de Biodiesel.
Tabela 18 - Emprego de mão de obra na agricultura familiar
DESCRIÇÃO UND QTE
Suprimento necessário para a refinaria por ano t 25740
Quantidade proveniente da agricultura familiar – 30% t 7722
Produtividade média do produtor rural em Minas Gerais t 4,62
Quantidade de empregos gerados na agricultura familiar Um 1671
8.7 Projeto de implantação da Usina de extração de óleo e da refinaria de Biodiesel
Para que a usina de extração de óleo vegetal e a refinaria de Biodiesel sejam
instaladas com sucesso, é imprescindível a elaboração de um projeto executivo que
definirá os requisitos necessários para sucesso do negócio. As etapas do projeto seguem
uma ordem gradativa de desenvolvimento que resultará no detalhamento de construção,
montagem e manutenção dos equipamentos.
As etapas do projeto começam com o projeto conceitual que determina as variáveis
iniciais do empreendimento: Produção estimada, localização de implantação da usina de
extração de óleo, custo estimado, logística, planejamento estratégico, plano de marketing,
estudo de viabilidade econômico financeira. O projeto conceitual ampara e dá subsídios
para a tomada de decisão quanto à implementação, ou não, do empreendimento.
Tomada a decisão de implantação da usina, a próxima etapa é o projeto de
engenharia que determina os parâmetros de dimensionamento das instalações e
equipamentos envolvidos. No projeto de engenharia são definidos o dimensionamento e
locação dos equipamentos, o fluxograma do processo de produção, o fluxograma de
engenharia, o lay-out da planta, a filosofia de controle e automação, o diagrama básico de
46
instalações elétricas e linhas de tubulação, a área necessária para as instalações. Em
seguida são iniciados os projetos de detalhamento de montagem.
Nos projetos de detalhamento de montagem são definidos os parâmetros para
montagem da instalação; são projetados os detalhamentos da construção necessária, civil e
estruturas. São apresentados os esquemas de montagem de todos os equipamentos e
caldeiraria, o dimensionamento das instalações elétricas e tubulação, bem como o
encaminhamento de cabos e tubos. Também é detalhada a montagem de instrumentação
que fará o controle e proteção do processo, e, é definido o esquema de automação a ser
adotado. Outro tipo de documento importante gerado na fase de detalhamento de projeto
são as listas de materiais a serem aplicados na construção e montagem da planta.
8.8 Treinamento, pesquisa e desenvolvimento.
Para que a usina e a refinaria funcionem com os melhores resultados e desenvolva-
se é necessário que os parâmetros de controle de qualidade sejam constantemente
monitorados e avaliados. Será necessário avaliar a qualidade do óleo vegetal e do
Biodiesel para que ambos atendam às especificações das agências reguladoras, em
especial a ANP, Agência Nacional do Petróleo.
Além de garantir os requisitos de qualidade, pesquisas deverão ser desenvolvidas
no intuito de aperfeiçoamento e desenvolvimento de técnicas processuais que tragam
aumento de rendimento e produtividade.
Não deve ser esquecido que o produtor rural é um agente determinante para o
sucesso da produção de Biodiesel, e trata-se de um trabalhador carente de qualificação
profissional e renda. Essas carências devem ser supridas para que esse agente possa
participar de uma maneira mais intensa no desenvolvimento social e distribuição de renda,
possíveis de serem alcançados à medida que o Brasil realmente caminhar em direção a
posição de potencia mundial na geração de energia.
O meio rural não pode mais ser encarado como um simples produtor de bens
primários, mas sim como um gerador de energia, e como tal, deve obedecer à premissa
47
básica de balanço energético, para que tenha viabilidade econômica, social e ambiental
(Alves, 2003). Para isso, será necessário muito treinamento, com o compromisso de
transformar o perfil do produtor rural Brasileiro; de produtor de bens primários, mão de
obra desqualificada, cidadão à margem da sociedade, em produtor de energia, qualificado
e agente integrado ao desenvolvimento social.
As universidades, sobretudo as federais, estão preparadas para amparar o
desenvolvimento tecnológico, refletido em desenvolvimento social. Torna-se necessário
uma maior integração dessas universidades com os agentes envolvidos na produção
regional do Biodiesel, para que seja possível o acesso de produtores rurais, pequenas e
médias empresas ao conhecimento oriundo de pesquisas aplicadas e treinamentos
especializados, cujos custos de mercado são proibitivos. O que condena os pequenos e
médios produtores e empresários brasileiros a trabalharem sem conhecimento, com pouco
valor agregado em suas produções, e, consequentemente pouca remuneração, num ciclo de
pobreza impeditiva ao desenvolvimento.
48
9 CUSTO DE IMPLANTAÇÃO
O custo de implantação sugerido refere-se a uma usina com as características
especificadas no item cinco, integrando numa mesma planta industrial, a extração do óleo
vegetal e produção do Biodiesel. O resumo dos valores necessários para investimento está
descrito na tabela 19, com preços orçados em 30/11/06.
Tabela 19 - Estimativa de insvestimento
IT DESCRIÇÃO UND QTE VALOR UNIT VALOR TOTAL
1 Terreno m² 5.000 R$ 25,00 R$ 125.000,00
2 Equipamentos para extração do óleo da
mamona, capacidade 35.000 litros dia
cj 1 R$ 2.800.000,00 R$ 2.800.000,00
3 Equipamentos para refinaria de Biodiesel,
capacidade 35.000 litros dia
cj 1 R$ 1.600.000,00 R$ 1.600.000,00
4 Tanques para Biodiesel , em aço carbono
emborrachado , diâmetro 7 m e altura 6,4 m
cj 3 R$ 142.023,90 R$ 426.071,70
5 Matéria prima para estoque mínimo de 3
meses
sc 85.800 R$ 32,00 R$ 2.745.600,00
6 Etanol m³ 77 R$ 865,00 R$ 66.605,00
7 Catalisador e Utilidades vb 1 R$ 35.000,00 R$ 35.000,00
8 Projeto vb 1 R$ 76.966,72 R$ 76.966,72
9 Materiais de instalação vb 1 R$ 384.833,59 R$ 384.833,59
10 Construção Civil vb 1 R$ 1.539.334,34 R$ 1.539.334,34
11 Montagem Eletromecânica vb 1 R$ 1.924.167,93 R$ 1.924.167,93
12 Miscelâneos vd 1 R$ 351.707,38 R$ 351.707,38
TOTAL R$ 12.075.286,65
Não estão considerados na estimativa da tabela 19, os valores de investimentos
necessários para promover a agricultura da mamona que será utilizada. Considera-se que
serão utilizados recursos específicos para financiamento ao agricultor e a produção
49
agrícola possui um programa específico. Ao comprar a matéria prima descrita no item 5 da
tabela 19, promove-se a remuneração relativa ao cultivo da mamona.
10 CUSTO DE PRODUÇÃO
O custo de produção para a planta de 35.000 litros por dia está descrito na tabela
20. Não incidem impostos nos custos calculados.
Tabela 20 - Custo de produção previsto para planta
IT DESCRIÇÃO UN QTE VALOR UNIT
R$
VALOR
TOTAL
R$
1 Matéria prima - óleo mamona
Mamona para 35000 litros oleo Kg 78000 0,53 41.340,00
Extração do oleo L 35000 0,11 3.710,00
4 Etanol L 3500 0,87 3.027,50
5 Quimicos Kg 528,5 3,50 1.849,75
6 Utilidades Vb 1 837,00 837,00
7 Neutralização Vb 1 713,00 713,00
Subtotal 1 51.477,25
8 Manutenção % 3,5 514,77 1.801,70
9 Mão de obra % 2 514,77 1.029,55
Subtotal 2 2.831,25
TOTAL GERAL DOS CUSTOS 54.308,50
RECEITA COM VENDA DE SUBPRODUTOS kg 44450 0,38 16.713,20
TOTAL GERAL DOS CUSTOS DEDUZINDO RECEITAS 37.595,30
RENDIMENTO DA PLANTA 90%
PRODUÇÃO DA PLANTA – DIA 31500
CUSTO BIODIESEL POR LITRO 1,19
50
11 ANÁLISE FINANCEIRA
Considerando-se que serão 330 dias produtivos ao ano, haverá uma produção anual
de 10.395 m3 de Biodiesel, que não aumentará nos próximos 10 anos. Para análise
financeira serão adotadas as premissas descritas na tabela 21, e o modelo de tributação
federal que considera a utilização de matéria prima de origem na agricultura familiar. Não
recebe isenção total de impostos federais, por estar em Lavras e esse município não
pertencer ao semi-árido mineiro.
Tabela 21 – Premissas para análise financeira
Investimento R$ 12.075.286,65
Depreciação ao ano 10%
Capital de giro inicial 5%
Custo de oportunidade 21%
Valor residual do investimento 15%
Impostos (IR + ICMS + PIS/COFINS + CPMF) 22,88%
Valor inicial por m³ R$ 1.760,00
Aumento anual do custo de produção 4%
Reajuste anual de preços -2%
A receita projetada para dez anos, com produção anual de 10.935 m³ será conforme tabela
22.
Tabela 22 - Receita projetada
ANOS PREÇO UNITÁRIO R$ PREÇO TOTAL R$
2007 1.760,00 18.295.200,00
2008 1.724,80 17.929.296,00
2009 1.690,30 17.570.710,08
2010 1.656,50 17.219.295,88
2011 1.623,37 16.874.909,96
2012 1.590,90 16.537.411,76
2013 1.559,08 16.206.663,53
2014 1.527,90 15.882.530,26
2015 1.497,34 15.564.879,65
2016 1.467,40 15.253.582,06
51
Na sequência da análise financeira será calculada a depreciação anual na tabela 23.
O acréscimo de capital de giro líquido está tabela 24. Na tabela 25 observa-se a
demonstração projetada de resultado. O fluxo de caixa projetado está na tabela 26, e, os
fluxos totais de caixa são demonstrados na tabela 27.
Finalizando as demonstrações financeiras, na tabela 28 estão o valor presente
líquido VPL, a taxa interna de retorno TIR e o Pay Back.
Tabela 23 - Cálculo da depreciação
ANOS TAXA ( % ) DEPRECIAÇÃO R$ VALOR CONTÁBIL R$
2007 10,00 1.207.529 10.867.758
2008 10,00 1.207.529 9.660.229
2009 10,00 1.207.529 8.452.701
2010 10,00 1.207.529 7.245.172
2011 10,00 1.207.529 6.037.643
2012 10,00 1.207.529 4.830.115
2013 10,00 1.207.529 3.622.586
2014 10,00 1.207.529 2.415.057
2015 10,00 1.207.529 1.207.529
2016 10,00 1.207.529 -
TOTAL 12.075.287
Tabela 24 - Acréscimo de capital de giro líquido
ANOS Receitas Capital de Giro líqido Fluxo de caixa
603.764 (603.764)
2007 18.295.200 914.760 (310.996)
2008 17.929.296 896.465 18.295
2009 17.570.710 878.536 17.929
2010 17.219.296 860.965 17.571
2011 16.874.910 843.745 17.219
2012 16.537.412 826.871 16.875
2013 16.206.664 810.333 16.537
2014 15.882.530 794.127 16.207
2015 15.564.880 778.244 15.883
2016 15.253.582 762.679 15.565
52
Tabela 25 - Demonstração projetada de resultado
ANOS 1 2 3 4 5
2007 2008 2009 2010 2011
Receitas R$ 18.295.200
17.929.296
17.570.710
17.219.296
16.874.910
Custos Variaveis Unitários 1190,00 1237,60 1287,10 1338,59 1392,13
Custo Variável Total 12.370.050
12.370.050
12.370.050
12.370.050
12.370.050
Depreciação 1.207.529
1.207.529
1.207.529
1.207.529
1.207.529
LAJI 4.717.621
4.351.717
3.993.131
3.641.717
3.297.331
IMPOSTOS 1.079.392
995.673
913.628
833.225
754.429
LUCRO LÍQUIDO 3.638.230
3.356.044
3.079.503
2.808.492
2.542.902
Tabela 25 - Demonstração projetada de resultado, continuação.
ANOS 6 7 8 9 10
2012 2013 2014 2015 2016
Receitas R$
16.537.412
16.206.664
15.882.530
15.564.880
15.253.582
Custos Variáveis Unitários 1447,82 1505,73 1565,96 1628,60 1693,74
Custo Variável Total
12.370.050
12.370.050
12.370.050
12.370.050
12.370.050
Depreciação
1.207.529
1.207.529
1.207.529
1.207.529
1.207.529
LAJI
2.959.833
2.629.085
2.304.952
1.987.301
1.676.003
IMPOSTO DE RENDA
677.210
601.535
527.373
454.694
383.470
LUCRO LÍQUIDO
2.282.623
2.027.550
1.777.579
1.532.607
1.292.534
53
Tabela 26 - Fluxo de caixa projetado
ANOS 0 1 2 3 4 5
2007 2008 2009 2010 2011
I - FLUXO DE CAIXA
OPERACIONAL
LAJI
4.717.621
4.351.717
3.993.131
3.641.717
3.297.331
( + ) DEPRECIAÇÃO
1.207.529
1.207.529
1.207.529
1.207.529
1.207.529
( - ) IMPOSTOS
1.079.392
995.673
913.628
833.225
754.429
Fluxo de Caixa Operacional
4.845.758
4.563.573
4.287.032
4.016.021
3.750.431
II - CAPITAL DE GIRO
LIQUÍDO
Capital de Giro Liquido Inicial (603.764)
Aumento do CGL
(310.996)
18.295
17.929
17.571
17.219
Recuperação de CGL
Acréscimos de CGL (603.764)
(310.996)
18.295
17.929
17.571
17.219
III - GASTOS DE CAPITAL
Gasto Inicial
(12.075.287)
Valor residual após impostos
Gastos de Capital
(12.075.287)
Tabela 26 - Fluxo de caixa projetado, continuação
ANOS 6 7 8 9 10
2012 2013 2014 2015 2016
I - FLUXO DE CAIXA
OPERACIONAL
LAJI 2.959.833
2.629.085
2.304.952
1.987.301
1.676.003
( + ) DEPRECIAÇÃO 1.207.529
1.207.529
1.207.529
1.207.529
1.207.529
( - ) IMPOSTOS 677.210
601.535
527.373
454.694
383.470
Fluxo de Caixa Operacional 3.490.152
3.235.079
2.985.107
2.740.135
2.500.062
II - CAPITAL DE GIRO
LIQUÍDO
Capital de Giro Liquido Inicial
Aumento do CGL 16.875
16.537
16.207
15.883
15.565
Recuperação de CGL 762.679
Acréscimos de CGL 16.875
16.537
16.207
15.883
778.244
III - GASTOS DE CAPITAL
Gasto Inicial
Valor residual após IR 1.396.869
Gastos de Capital 1.396.869
54
Tabela 27 - Fluxos totais de caixa
ANOS 0 1 2 3 4 5
2007 2008 2009 2010 2011
I - FLUXO DE CAIXA
OPERACIONAL
4.845.758
4.563.573
4.287.032
4.016.021
3.750.431
ACRÉSCIMO DE CGL
(603.764)
(310.996)
18.295
17.929
17.571
17.219
GASTOS DE CAPITAL
(12.075.287)
- -
-
-
-
FLUXO TOTAL DE CAIXA
PROJETADO
(12.679.051)
4.534.763
4.581.868
4.304.961
4.033.592
3.767.650
FLUXO DE CAIXA
ACUMULADO
(12.679.051)
(8.144.288)
(3.562.420)
742.541
4.776.132
8.543.782
21,00% 0,8264463 0,6830135 0,5644739 0,4665074 0,3855433
FLUXO DE CAIXA
DESCONTADO
(12.679.051)
3.747.738
3.129.478
2.430.038
1.881.700
1.452.592
Tabela 27 - Fluxos totais de caixa, continuação
ANOS 6 7 8 9 10
2012 2013 2014 2015 2016
I – FLUXO DE CAIXA
OPERACIONAL
3.490.152
3.235.079
2.985.107
2.740.135
2.500.062
ACRÉSCIMO DE CGL 16.875
16.537
16.207
15.883
778.244
GASTOS DE CAPITAL - - - -
1.396.869
FLUXO TOTAL DE CAIXA
PROJETADO
3.507.027
3.251.616
3.001.314
2.756.018
4.675.176
FLUXO DE CAIXA ACUMULADO 12.050.809
15.302.425
18.303.739
21.059.757
25.734.933
21,00% 0,3186308 0,2633313 0,2176291 0,1798588 0,1486436
FLUXO DE CAIXA
DESCONTADO
1.117.447
856.252
653.173
495.694
694.935
Tabela 28 - Resultados principais para análise financeira
VALOR PRESENTE LIQUIDO R$ (12.679.051) 16.459.047 3.779.996
TIR 30,37%
PAYBACK 2,83
O valor presente líquido está positivo, indicando que o investimento traria
rentabilidade, sendo a taxa interna de retorno bastante vantajosa. Outro dado importante é
o Payback de 34 meses. Diante desse resultado podemos concluir que o investimento é
viável financeiramente.
55
12 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em virtude do resultado da viabilidade financeira e do potencial de mercado a curto
prazo, a usina especificada será construída propondo integração entre produtores rurais,
produtores industriais e a universidade.
Na esfera da produção rural, a proposta é criar uma rede sistêmica em volta da
cultura da mamona, unindo conhecimento e experiência dos órgãos fomentadores do setor
agrícola, tais como, Emater, Embrapa, sindicato rural e outros. Adicionados aos
treinamentos de gestão e finanças transferidos pela própria indústria e como fator
determinante do sucesso, trazer a participação da universidade para que o sistema obtenha
poder de buscar o desenvolvimento tecnológico e pesquisas aplicadas.
Em convênio com o sindicato dos produtores rurais de Lavras, será formado um
grupo de agricultores familiares interessados em firmar contrato de fornecimento de
mamona para a usina, com preço mínimo garantido e duração de 10 anos. O grupo de
produtores deve totalizar uma força de trabalho capaz de fornecer pelo menos 30% da
necessidade da usina, o que geraria emprego para 1671 pessoas capazes de produzir, em
princípio, 77 sacas de mamona gerando renda extra de R$ 2.464,00. Valendo lembrar que
a mamona pode ser cultivada juntamente com outras culturas.
Também em parceria com o sindicato de produtores, será dado apoio técnico para
preparação de documentos necessários à aquisição de créditos do PRONAF, programa
nacional de agricultura familiar, que seriam usados para financiar o cultivo da mamona.
Os produtores receberiam um planejamento financeiro e treinamentos em finanças para
aumentar a capacidade de gerir os recursos, bem como, aumentar a capacidade desses
trabalhadores em visualizar melhor aproveitamento em seu negócio.
É necessário buscar permanentemente o aperfeiçoamento e melhoria de qualidade e
produtividade da produção rural, que seria uma maneira imediata de aumentar renda, visto
que, se em Lavras a produtividade fosse igualada a do agricultor paulista, o acréscimo de
renda se elevaria para R$ 4.400,00 aumentando em 78%. Basicamente, isso seria possível
com treinamento, visando aperfeiçoar as técnicas de escolha das sementes, plantio,
56
fertilização do solo, colheita e manejo da mamona. A renda extra desses trabalhadores
reflete diretamente no comércio de Lavras, principalmente para os pequenos comerciantes
onde os trabalhadores rurais geralmente realizam suas compras, o que pode significar um
acréscimo de aproximadamente 7,3 milhões reais para o setor, aumentando também a
renda do pequeno comerciante. Se a usina conseguir ser abastecida somente com
agricultura familiar, esse acréscimo pode subir a R$ 24,4 milhões de reais. Para isso
seriam necessários aproximadamente 25 mil hectares de terra.
Na esfera industrial, deve ser criada uma aliança estratégica entre a usina e a
universidade de forma a conseguir ganho de produtividade também nesse setor. A aliança
com a universidade é um fator determinante de sucesso, pois o ganho de produtividade
somente será possível se houver melhoria contínua nos processos industriais, nos
reagentes e catalizadores utilizados, melhoria também da qualidade do óleo produzido e a
inserção de novas tecnologias. Todas as melhorias e desenvolvimento tecnológico somente
serão possíveis com pesquisas. Em geral, no Brasil, a pequena indústria não tem acesso às
pesquisas. Isso por falta de recursos financeiros, por falta de cultura de pesquisa e
desenvolvimento e também pelo distanciamento entre universidades e empresas. Porém,
essas dificuldades devem ser vencidas para que realmente o desenvolvimento de novas
fontes de energia venha trazer desenvolvimento tecnológico e social para o Brasil. Como
os recursos continuarão escassos, a proposta é somar recursos no mesmo objetivo, nesse
caso, com uma aliança estratégica entre a usina de Biodiesel e a Universidade seria uma
maneira de somar e recursos para o mesmo objetivo; A universidade servindo como agente
estimulador e propulsor do desenvolvimento tecnológico aplicado ao mercado nacional e a
usina como fonte geradora de empregos e rendas.
É necessário que a usina de Biodiesel tenha sucesso e se perpetue no mercado,
gerando empregos diretos, e continuar sendo um absorvedor da mamona produzida, com
renda também para o produtor rural. Também servirá de exemplo estimulador a outras
iniciativas de mesma dimensão em outros municípios, de forma a distribuir a produção
desse combustível evitando a concentração em grandes produtores o consequentemente a
concentração de renda, o que tende a impedir o desenvolvimento social.
57
Existem algumas linhas de créditos previstas no programa do Biodiesel para
investidores interessados em implantar uma usina, porém, uma grande dificuldade é
atender à exigência de garantia real de 100% do valor emprestado, o que direciona os
recursos a grandes organizações que operam em escala nacional e em muitos casos em
escala internacional. Obviamente, o Brasil necessita de empresa que sejam grandes
competidores internacionais, mas para o programa do Biodiesel ser propulsor do
desenvolvimento social almejado, é extremamente necessário que a produção do Biodiesel
seja mais distribuída no maior número de municípios possível e com oportunidades para o
pequeno e médio empreendimento.
Existe uma maneira viável do pequeno e médio empreendimento obter crédito; Se a
futura usina tiver um contrato de compra garantida com algum usuário do óleo produzido,
esse contrato servirá como garantia para o empréstimo.
Além dos distribuidores de combustíveis, existe um outro mercado para o Biodiesel
produzido em Lavras, que são as indústrias que consomem grandes quantidades de óleo
diesel, tais como as indústrias cimenteira e de mineração presentes na região. Essas
indústrias são alvos de uma grande vigilância ambiental para que diminuam
constantemente a poluição gerada em seus processos produtivos, e a substituição do óleo
diesel por Biodiesel está em discussão e algumas plantas industriais já estão em fase de
substituição. É bastante viável uma parceria com essas indústrias, uma vez que a usina de
Biodiesel estando próxima diminui consideravelmente a possibilidade desabastecimento.
Dessa parceria pode surgir um contrato de compra, que serviria então como garantia para
obtenção de créditos financeiros necessários para implantação da usina.
A universidade mais uma vez será fator determinante de sucesso, uma vez que
estando aliada estrategicamente com a implantação e operação da usina, transfere ao
empreendimento uma garantia de embasamento técnico, preponderante para se conseguir
uma parceria com as indústrias consumidoras do Biodiesel. Isso possibilitaria a busca de
financiamento para a implantação da usina e conseqüentemente implantar toda a cadeia
produtiva mencionada nesse trabalho, e, a promoção dos benefícios propostos.
58
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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estabelecimento de um plano de ação para o sucesso do programa brasileiro do biodiesel.
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2006)
61
ANEXOS
62
14 Anexo A – Especificação do Biodiesel, fonte site www.biodieselbr.com.
14.1 A.1 Especificação Brasileira
A especificação brasileira é similar à européia e americana, com alguma
flexibilização para atender às características de matérias-primas nacionais.
Esta especificação editada em portaria pela ANP é considerada adequada para
evitar alguns problemas, inclusive observados na Europa.
A especificação européia determina expressamente o uso de metanol para produção
de Biodiesel. A especificação brasileira, como a americana, não restringe o uso de álcool
etílico. O ponto essencial é que a mistura de Biodiesel com diesel atenda a especificação
do diesel, principalmente quanto às exigências do sistema de injeção, do motor, do sistema
de filtragem e de exaustão.
As críticas que eventualmente têm sido feitas a esta especificação referem-se ao
excessivo rigor e à dificuldade de serem avaliados alguns parâmetros. Os valores adotados
pela ANP resultaram de um amplo processo de consulta, com fabricantes de motores e
sistemas de injeção, produtores de Biodiesel e diesel, universidades e centros de pesquisa.
A tecnologia atual de Biodiesel buscou harmonizar os diferentes pontos de vista, sob o
interesse maior do consumidor. Embora os limites propostos possam ser reavaliados, é
importante que determinadas características sejam efetivamente medidas, como é o caso
da estabilidade à oxidação, hoje passível de avaliação apenas em um número restrito de
laboratórios brasileiros. A estabilidade é um parâmetro crítico, sumamente relevante para
o bom funcionamento dos motores e para a correta definição da logística a ser adotada. O
Biodiesel pode ser aditivado com compostos antioxidantes naturais ou artificiais, que
reduzem sua taxa de degradação e mitigam os efeitos do processo de oxidação. Os
parâmetros especificados para o Biodiesel aparecem na tabela abaixo.
63
64
(1) A mistura óleo diesel/Biodiesel utilizada deverá obedecer aos limites estabelecidos
para viscosidade a 40°C constantes da especificação vigente da ANP de óleo diesel
automotivo.
(2) A mistura óleo diesel/Biodiesel utilizada deverá obedecer aos limites estabelecidos
para ponto de entupimento de filtro a frio constantes da especificação vigente da ANP
de óleo diesel automotivo.
(3) LII – Límpido e isento de impurezas.
(4) Temperatura equivalente na pressão atmosférica.
(5) A mistura óleo diesel/Biodiesel utilizada deverá obedecer aos limites estabelecidos
para massa específica a 20°C constantes da especificação vigente da ANP de óleo
diesel automotivo.
(6) Os métodos referenciados demandam validação para as oleaginosas nacionais e rota de
produção etílica.
(7) Não aplicáveis para as análises mono-, di-, triglicerídeos, glicerina livre e glicerina
total de palmiste e coco. No caso de Biodiesel oriundo de mamona deverão ser
utilizados, enquanto não padronizada norma da Associação Brasileira de Normas
Técnicas - ABNT para esta determinação, os métodos: do Centro de Pesquisas da
Petrobrás - CENPES constantes do ANEXO B para glicerina livre e total, mono e
diglicerídeos, triglicerídeos.
Alguns itens possuem a informação anotar, significando que a ANP não
estabeleceu um valor máximo ou mínimo. Nas análises, esses campos devem ser anotados
para referência. Existem vários motivos para a ANP se posicionar dessa maneira, em se
tratando da viscosidade (a mistura B20 deve atender a especificada para o diesel) e do
índice de iodo (indicador do número de ligações duplas e portanto, do nível de insaturação
do Biodiesel). Isto visa não criar obstáculos à utilização de algumas matérias-primas,
como a mamona (alta viscosidade) ou a soja e girassol (alto teor de ácido linoleico,
polinsaturado e, portanto, com alto número de iodo).
14.2 A.2 Viscosidade e Densidade
As propriedades fluidodinâmicas de um combustível, importantes no que diz
respeito ao funcionamento de motores de injeção por compressão (motores diesel), são a
viscosidade e a densidade. Tais propriedades exercem grande influência na circulação e
65
injeção do combustível. Afortunadamente, as propriedades fluidodinâmicas do Biodiesel,
independentemente de sua origem, assemelham–se as do óleo diesel mineral, significando
que não é necessária qualquer adaptação ou regulagem no sistema de injeção dos motores.
14.3 A.3 Lubricidade
A lubricidade é uma medida do poder de lubrificação de uma substância, sendo
uma função de várias de suas propriedades físicas, destacando a viscosidade e a tensão
superficial.
Diferentemente dos motores movidos a gasolina, os motores a óleo diesel exigem
que o combustível tenha propriedades de lubrificação, especialmente, em razão do
funcionamento da bomba, exigindo que o líquido que escoa lubrifique adequadamente as
suas peças em movimento.
14.4 A.4 Ponto de Fulgor
O Ponto de Fulgor é a menor temperatura na qual o Biodiesel, ao ser aquecido pela
aplicação de uma chama sob condições controladas, gera uma quantidade de vapores que
se inflamam. Tal parâmetro, relacionado à inflamabilidade do produto, é um indicativo dos
procedimentos de segurança a serem tomados durante o uso, transporte, armazenamento e
manuseio do Biodiesel. Somente dessa maneira esta propriedade assume importância,
quando diz respeito à segurança nos transportes, manuseios e armazenamentos.
O ponto de fulgor do Biodiesel, se completamente isento de metanol ou etanol, é
superior à temperatura ambiente, significando que o combustível não é inflamável nas
condições normais onde ele é transportado, manuseado e armazenado, servindo inclusive
para ser utilizado em embarcações.
A ANP estabelece um valor mínimo de 100oC para o Biodiesel nacional.
14.5 A.5 Água e sedimentos
A determinação do teor de Água e Sedimentos em amostras de Biodiesel visa
controlar a presença de contaminantes sólidos e água. Os sólidos podem reduzir a vida útil
dos filtros dos veículos e prejudicar o funcionamento adequado dos motores. A presença
66
de água em excesso pode contribuir para a elevação da acidez do biocombustível, podendo
torná-lo corrosivo.
O ensaio é executado pela centrifugação de um certo volume de Biodiesel em um
tubo adequado. Após a centrifugação, os teores de água e sedimentos são lidos na escala
do tubo de vidro.
A ANP estabelece um valor máximo de 0,050% em volume para o teor de água e
sedimentos contidos no Biodiesel. A figura abaixo ilustra uma determinação desse
parâmetro em um amostra de Biodiesel, através de centrifugação.
14.6 A.6 Viscosidade Cinemática a 40oC
A Viscosidade Cinemática expressa a resistência oferecida pelo Biodiesel ao
escoamento. Seu controle visa garantir um funcionamento adequado dos sistemas de
injeção e bombas de combustível, além de preservar as características de lubricidade do
Biodiesel.
A determinação experimental da viscosidade cinemática é efetuada pela medição
do tempo de escoamento de um volume de Biodiesel, fluindo sob gravidade, através de um
viscosímetro capilar de vidro calibrado, na temperatura de interesse, neste caso 40oC,
conforme figura abaixo.
A ANP sugere que o valor da viscosidade seja anotado, sem estabelecer um valor
máximo ou mínimo.
14.7 A.7 Corrosividade ao Cobre
Trata-se da avaliação do caráter corrosivo do Biodiesel, ou seja, o ensaio de
corrosividade ao cobre indica o grau de corrosividade do produto em relação às peças
metálicas confeccionadas em ligas de cobre que se encontram presentes nos sistemas de
combustível dos veículos e equipamentos, além das instalações de armazenamento.
67
14.8 A.8 Cinzas Sulfatadas
Expressam os resíduos inorgânicos, não combustíveis, resultantes após a queima de
uma amostra do Biodiesel. As cinzas são basicamente constituídas de sais inorgânicos
(óxidos metálicos de sódio ou potássio no caso do Biodiesel) que são formados após a
combustão do produto e se apresentam como abrasivos. A presença de sódio e potássio no
Biodiesel indica resíduos do catalisador utilizado durante a reação de transesterificação e
que não foram removidos na sua totalidade no processo de purificação do Biodiesel.
Teores de cinzas acima das especificadas pela ANP (prejudicam os pistões, anéis, bombas
injetoras e injetores as cinzas podem obstruir os bicos injetores), turbocompressores,
câmara de combustão, etc.
14.9 A.9 Número de Cetano
O índice de o ctano ou octanagem dos combustíveis está para motores do ciclo
Otto, da mesma forma que o índice de cetano ou cetanagem está para os motores do ciclo
Diesel. Portanto quanto maior for o índice de cetano de um combustível, melhor será a
combustão desse combustível num motor diesel.
O índice de cetano médio do Biodiesel é 60, enquanto para o óleo diesel mineral a
cetanagem situa-se entre 48 a 52, bastante menor, sendo esta a razão pelo qual o Biodiesel
queima muito melhor num motor diesel que o próprio óleo diesel mineral.
14.10 A.10 Teor de Enxofre
Como os óleos vegetais e as gorduras de animais não possuem enxofre, o Biodiesel
é completamente isento desse elemento. Os produtos derivados do enxofre são bastante
danosos ao meio ambiente, ao motor e seus pertences. Depreende-se que o Biodiesel é um
combustível limpo, enquanto o diesel mineral, possuindo enxofre, danifica a flora, a fauna,
o homem e o motor.
14.11 A.11 Poder Calorífico
O poder calorífico de um combustível indica a quantidade de energia desenvolvida
pelo combustível por unidade de massa, quando ele é queimado. No caso de um
combustível de motores, a queima significa a combustão no funcionamento do motor.
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O poder calorífico do Biodiesel é muito próximo do poder calorífico do óleo diesel
mineral. A diferença média em favor do óleo diesel do petróleo situa-se na ordem de
somente 5%. Entretanto, com uma combustão mais completa, o Biodiesel possui um
consumo específico eqüivalente ao diesel mineral.
14.12 A.12 Ponto de Névoa e de Fluidez
O ponto de névoa é a temperatura em que o líquido, por refrigeração, começa a
ficar turvo, e o ponto de fluidez é a temperatura em que o líquido não mais escoa
livremente.
Tanto o ponto de fluidez como o ponto de névoa do Biodiesel varia segundo a
matéria prima que lhe d eu origem, e ainda, a o álcool utilizado na reação de
transesterificação.
Estas propriedades são consideradas importantes no que diz respeito à temperatura
ambientes onde o combustível deva ser armazenado e utilizado.
Todavia, no Brasil, de norte a sul, as temperaturas são amenas, constituindo nenhum
problema de congelamento do combustível, sobretudo porque é pretendido usar o
Biodiesel em mistura com o óleo diesel mineral.
14.13 A.13 Poder de Solvência
O Biodiesel, sendo constituído por uma mistura de ésteres de ácidos carboxílicos,
solubiliza um grupo muito grande de substâncias orgânicas, incluindo-se as resinas que
compõem as tintas. Dessa forma, cuidados especiais com o manuseio do Biodiesel devem
ser tomados para evitar danos à pintura dos veículos, nas proximidades do ponto ou bocal
de abastecimento.
14.14 A.14 Estabilidade e Cetanagem do Biodiesel
69
A manutenção da qualidade e integridade do Biodiesel é fator a ser considerado não
somente na molécula, mas no produto como um todo, pois no sistema de tancagem,
transporte, etc, deverá manter-se estável e com qualidade assegurada em limites pré-
estabelecidos. O Biodiesel de forma geral absorve água, que pode provocar a sua
degradação, inclusive por ação de microorganismos, pois também é biodegradável, sendo
necessários estudos complementares para sanar este inconveniente.
A estabilidade, a oxidação e a cetanagem são parâmetros do Biodiesel que
merecem especial atenção, tendo em vista sua importância e a virtual ausência de
disponibilidade laboratorial para sua avaliação no país. A estabilidade, sobretudo em
climas quentes, é relevante para assegurar que mesmo depois de algumas semanas
armazenado em condições normais, o Biodiesel mantenha sua adequada especificação.
Já a cetanagem, medida que assegura a boa combustão em motores de ignição por
compressão, é medida em poucos laboratórios, entre os quais algumas refinarias da
Petrobras, Cenpes e IPT/SP, onde se adota, na falta de medições diretas, uma correlação
com a densidade, expressão naturalmente válida apenas para o diesel mineral.
14.15 A.15 Estudos
Na opinião dos fabricantes de equipamentos de injeção para motores diesel, a
especificação preliminar apresentada pela ANP é adequada. Seu pleno atendimento é
importante para evitar os problemas observados, inclusive na Europa, que se não
eliminados contribuem para a insatisfação do consumidor e podem destruir a imagem
pública positiva do Biodiesel.
Mesmo já estabelecida uma especificação nacional para uso comercial. Aspectos que
necessitam de maiores estudos:
a. Comportamento das misturas (até B20), oriundas de diferentes matérias-primas,
quanto a desempenho e durabilidade, nos motores da frota brasileira.
b. Estabilidade das misturas com os diferentes óleos diesel nacionais, em distintos
períodos do ano.
c. Impactos ambientais, em especial como NOx.
70
d. Viabilidade do processo etílico atingir a especificação do processo metílico, em
particular quanto à viscosidade, teor de glicerina total e estabilidade frente à
oxidação.
e. Possibilidades de simplificação e eventuais modificações nos parâmetros da
especificação, por exemplo, retirando o teor máximo de etanol possível de ser
inferido pelo ponto de fulgor e reduzindo o número de glicérides especificados.
71
15 Anexo B – Informações sobre a mamona, fonte: site www.biodieselbr.com.
A mamona é cientificamente denominada Ricinus communis L., é planta da família
euphorbiáceas. No Brasil, conhece-se a mamona sob as denominações de mamoneira,
rícino, carrapateira, bafureira, baga e palma-criste; na Inglaterra e Estados Unidos, pelo
nome de "castor bean" e "castor seed". O óleo é o mais importante constituinte da semente
de mamona
Tem raízes laterais e uma raiz principal que pode atingir 1,50 m de profundidade.
As variedades cultivadas no Brasil podem ser de porte anão ou baixo (até 1,60 m), médio
(1,60 a 2,00 m) ou alto (acima de 2,00 m).
Há também variedades com frutos deiscentes (quando maduro se abrem, deixando
cair as sementes) e indeiscentes. O fruto é uma cápsula com espinhos, com três divisões e
uma semente em cada uma.
A mamoneira desenvolveu-se nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste do Brasil. Nas
regiões Sudeste e Sul, para se garantir a competitividade com outros produtos concorrentes
tornou-se necessário o desenvolvimento de técnicas que facilitassem a mecanização e o
desenvolvimento de variedades mais rentáveis. Deste modo tornou-se possível cultivar
variedades anãs eindeiscentes, cuja maturação ocorre aproximadamente ao mesmo tempo
em todas as bagas. Isto permite colheita mecânica única anual.
No Nordeste a miscigenação de variedades provocou um hibridismo espontâneo, os
frutos são deiscentes, requerendo múltiplas colheitas por ano, em operação manual.
Mesmo sendo uma cultura tropical equatorial, seu cultivo tem sido intensificado
fora até mesmo dos trópicos e subtrópicos. Nas regiões tropicais, equatoriais, geralmente
cultivam-se variedades arbóreas e nas regiões subtropicais e temperadas, variedades anãs e
precoces.
A mamona hoje, é colocada pelo governo como uma planta de excelente potencial
e está incentivando seu plantio, principalmente nas regiões carentes do Brasil. O governo
brasileiro tornou-se um dos maiores divulgadores e promotores dessa cultura, ao sinalizar
72
que essa deve ser a principal oleaginosa, no ainda tímido, processo de substituição do
diesel brasileiro. A premissa básica do governo é realizar um programa de grande
benefício social, assegurando uma contínua fonte de renda para as famílias de regiões que
estejam à margem do processo de desenvolvimento econômico do país. A mamona se
encaixa nesse programa, pois é um sistema pouco mecanizado, os agricultores utilizam
sementes comuns e não usam insumos modernos, como adubos e agrotóxicos.
Em resposta ao lançamento de diversos programas, no âmbito de diferentes esferas
governamentais, o Brasil conseguiu alcançar uma grande recuperação da produção
nacional de mamona em relação às safras dos últimos dez anos. Mas o aumento ainda é
pequeno, relacionado à ambição do governo, devido a diversos fatores.
A safra de 2004/05 atendeu a demanda de matéria-prima para este ano, das
principais empresas esmagadoras existentes na Bahia, São Paulo e Minas Gerais. Nesse
ponto que está o problema, onde se encontra a falha no programa do governo.
Ao optar pelo plantio da mamona, é extremamente importante procurar agregar
cada vez mais valor a produção, assim deve-se destacar medidas relativas à produção
agrícola, principalmente pelos métodos racionais de cultivo e evolução técnica, pelo maior
emprego de máquinas e plantio de variedades produtivas e de melhor rendimento em óleo.
A torta é um importante co-produto da cadeia produtiva da mamona e a
possibilidade de aumento na produção nacional de mamona faz crescer a necessidade de
agregar-lhe maior valor seja como adubo orgânico controlador de nematóides ou como
alimento animal rico em proteína.
Os maiores entraves à maior agregação de valor, são a inexistência de processos
industriais de custo aceitável, viabilidade operacional e comprovadamente eficazes na
destoxificação e desalergenização, além de tecnologia para acompanhamento da segurança
do produto. Porém, os restos culturais da mamoneira podem devolver ao solo até 20
toneladas de biomassa e as folhas podem servir de alimento para o bicho-da-seda. Assim a
torta como adubo possui hoje no mercado um excelente valor nutritivo e
consequentemente financeiro
73
Realizou-se um balanço energético com base nos princípios da ACV e da Análise
Output/Input, comparando-se a performance energética da mamona com duas culturas
tradicionais na produção do biodiesel, a colza (Brassica napus) na Europa e a soja
(Glycine max) nos Estados Unidos (EUA). O balanço energético (O-I) foi positivo em
ambas as rotas de produção (metílica e etílica) e independente da alternativa de alocação
de uso dos co-produtos. A relação Outuput/Input (O/I) calculada para o biodiesel de
mamona (1,3-2.9) foi superior ao de colza (1,2-1,9) e inferior ao de soja (3,2-3,4),
independente da rota e da alocação de subproduto utilizada. Os dois indicadores sugerem a
viabilidade energética e ambiental do biodiesel de mamona, desde que se garantam
produtividades agrícolas elevadas (acima de 1.500 kg/ha. ano). A potencialização dos
efeitos ambientais e energéticos positivos depende do aproveitamento adequado dos co-
produtos e resíduos do processo, da melhoria da eficiência energética no processamento da
mamona e do biodiesel, e da implementação de manejos eficientes no uso dos insumos
químicos (especialmente o N), responsáveis por até 65% do INPUT total de energia.
74
16 Anexo C – Rota etílica
A rota etílica foi escolhida por dois motivos principais: Primeiro é um combustível
produzido a partir da cana de açúcar, portanto é uma fonte renovável e em segundo lugar o
Brasil já domina a tecnologia de produção do Etanol e a oferta desse álcool se distribui em
todo o território nacional (Penteado, 2005).
A transesterificação etílica é significativamente mais complexa que a metílica, além
de ser mais lenta (Aranda, 2005). Porém, trabalhando-se as quantidades estequiométricas
relativas entre catalisador, álcool e óleo não transesterificado, bem como com outras
variáveis de processo como temperatura, agitação e tempo de reação, é possível atingir
qualidade similar do produto obtido pela rota metílica (Penteado, 2005).
A tabela C1 apresenta uma comparação entre ésteres metílicos e etílicos.
Tabela 3 – Comparação entre esteres metílicos e etílicos (Macedo, 2004)
Propriedade Éster metílico Éster etílico
Conversão (óleo – Biodiesel)
97,5% 94,3%
Glicerina total no Biodiesel
0,87% 1,4%
Viscosidade 3,9 a 5,6 cSt @ 40’C 7,2% superior ao éster
metílico
% potência frente ao diesel
2,5% menor 4% menor
% consumo frente ao diesel
10% maior 12% maior
Apesar de o metanol apresentar vantagens frente ao etanol para a reação de
transesterificação, o etanol será adotado, pois usar o metanol é contrariar a primeira
finalidade de produção do Biodiesel que é substituir um combustível não renovável e
menos poluente.
75
17 Anexo D – Selo social, fonte Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA)
O Selo Combustível Social é um componente de identificação concedido pelo
Ministério do Desenvolvimento Agrário aos produtores de Biodiesel que promovam a
inclusão social e o desenvolvimento regional por meio da geração de emprego e de renda
para os agricultores familiares enquadrados nos critérios do Pronaf.
Por meio dele o produtor de Biodiesel terá acesso a alíquotas de PIS/PASEP e
COFINS com coeficientes de redução diferenciados, acesso às melhores condições de
financiamento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social –
BNDES e suas Instituições Financeiras Credenciadas, ao Banco da Amazônia S/A –
BASA, ao Banco do Nordeste do Brasil – BNB, ao Banco do Brasil S/A. Ou outras
instituições financeiras que possuam condições especiais de financiamento para projetos
com selo combustível social. O produtor de Biodiesel também poderá usar o selo para fins
de promoção comercial de sua produção.
O produtor de Biodiesel terá que adquirir da agricultura familiar pelo menos 50%
das matérias-primas necessárias à sua produção de Biodiesel provenientes do Nordeste e
semiárido. Nas regiões Sudeste e Sul, este percentual mínimo é de 30% e na região Norte
é de 10%. Os percentuais mínimos são das compras da agricultura familiar em relação às
compras totais e devem ser calculados com base nos preços de aquisição.
Segue abaixo uma compilação dos artigos definidos em lei para a agricultura
familiar e selo social.
CRITÉRIOS DO SELO COMBUSTÍVEL SOCIAL DEFINIDOS POR LEI
Aquisições da agricultura familiar
Art. 2º - Os percentuais mínimos de aquisições de matéria-prima do agricultor familiar,
feitas pelo produtor de Biodiesel para concessão de uso do selo combustível social, ficam
estabelecidos em 30% (trinta por cento) para as regiões Sudeste e Sul. Para o Nordeste
são 50% (cinqüenta por cento) e para o Norte e Centro Oeste são 10% (dez por cento).
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Parágrafo 1º – O percentual mínimo de que trata este artigo é calculado sobre o custo de
aquisição de matéria-prima adquirida do agricultor familiar ou sua cooperativa
agropecuária em relação ao custo de aquisições anuais totais feitas no ano pelo produtor de
Biodiesel.
Art. 3º - Parágrafo 2º - A documentação comprobatória das aquisições feitas do agricultor
familiar ou de sua cooperativa agropecuária deverá conter, no campo de informações
complementares, o número da DAP do agricultor, quando da compra individual, ou da
cooperativa agropecuária, quando da compra grupal ou coletiva.
Art. 4º - Sem prejuízo dos prazos decadenciais previstos em Lei, a Cooperativa
Agropecuária do Agricultor Familiar que vender ao produtor de Biodiesel com concessão
de uso de selo combustível social, deverá manter, por um período de no mínimo 5 (cinco)
anos a documentação comprobatória das aquisições totais anuais e das realizadas junto aos
agricultores familiares.
Parágrafo único – A documentação comprobatória das aquisições realizadas junto aos
agricultores familiares será a nota do produtor ou da cooperativa para o produtor, na qual
deverão constar os preços recebidos pelos agricultores, as quantidades e o número da DAP
do agricultor familiar.
Contratos com a Agricultura Familiar
Art. 6º - Para concessão de uso do selo combustível social, o produtor de Biodiesel deverá
celebrar previamente contratos com todos os agricultores familiares ou suas . de quem
adquira matérias primas.
Parágrafo 1º - As negociações contratuais terão participação de pelo menos uma
representação dos agricultores familiares, que poderá ser feita por:
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I. Sindicatos de Trabalhadores Rurais, ou de Trabalhadores na Agricultura
Familiar, ou Federações filiadas à Confederação Nacional dos Trabalhadores
na Agricultura- Contag;
II. Sindicatos de Trabalhadores Rurais, ou de Trabalhadores na Agricultura
Familiar, ou Federações filiadas a Federação dos Trabalhadores da Agricultura
Familiar – Fetraf;
III. Sindicatos de Trabalhadores Rurais ou de Agricultores Familiares ligados à
Associação Nacional dos Pequenos Agricultores – ANPA; e,
IV. Outras instituições credenciadas pelo MDA.
Parágrafo 2º - Os contratos celebrados entre as partes deverão conter minimamente:
I. o prazo contratual;
II. o valor de compra da matéria-prima;
III. os critérios de reajustes do preço contratado;
IV. as condições de entrega da matéria-prima;
V. as salvaguardas previstas para cada parte; e
VI. a identificação e concordância com os termos contratuais da representação do
agricultor familiar que participou das negociações comerciais.
Prestação de serviços de assistência técnica e capacitação aos agricultores familiares
Art. 7º - Para concessão de uso do selo combustível social, o produtor de Biodiesel
assegurará a assistência e capacitação técnica a todos os agricultores familiares de quem
adquira matérias-primas.
Parágrafo 1º - A prestação dos serviços de assistência técnica e de capacitação dos
agricultores familiares poderá ser desenvolvida diretamente pela equipe técnica do
produtor de Biodiesel ou por instituições por ele contratadas.
Parágrafo 2º - O produtor de Biodiesel deverá apresentar um plano de prestação dos
serviços de assistência técnica e capacitação dos agricultores familiares, compatível com
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as aquisições feitas da agricultura familiar e com os princípios e diretrizes da Política
Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural do MDA, que deve conter, pelo menos:
I. a descrição do quadro de profissionais da assistência técnica, com seus
respectivos currículos e funções;
II. quando terceirizada, apresentar também cópia dos contratos com a instituição
que prestará este serviço;
III. a identificação da área de abrangência da assistência técnica, indicando o (s)
Estado (s) , município (s) , comunidades, vilas ou assentamentos, se for o caso;
IV. identificação do número de agricultores assistidos; e
V. descrição da metodologia a ser empregada e as atividades a serem
desenvolvidas junto aos agricultores familiares.
Art. 1º - Definições:
Declaração de Aptidão ao Pronaf – DAP: é o instrumento que identifica os
beneficiários do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf,
conforme o estabelecido na Portaria no. 75, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, de
17 de setembro de 2004;
Agricultor Familiar: definido como beneficiário do Pronaf, conforme
estabelecido no art. 5º do Decreto no. 3.991, de 30 de outubro de 2001 e possuidor da
DAP;
Cooperativa Agropecuária do Agricultor Familiar: cooperativa em que 70%
(setenta por cento) da matéria prima a beneficiar ou industrializar, no mínimo, seja
originária da produção própria ou de associados/participantes e que no mínimo 90%
(noventa por cento) dos participantes ativos de seu quadro social seja composto por
agricultores familiares, que seja possuidora da DAP, conforme estabelecido na Portaria no.
75, de 17 de setembro de 2004, em seu art. 2º, parágrafo 1º, inciso V, e no Manual de
Crédito Rural – MCR, capítulo 10.
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18 Anexo E – Legislação pertinente ao Biodiesel
Lei
Lei nº 11.116, de 18 de maio de 2005:Dispõe sobre o Registro Especial, na Secretaria da
Receita Federal do Ministério da Fazenda, de produtor ou importador de biodiesel e sobre
a incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins sobre as receitas decorrentes da
venda desse produto; altera as Leis n os 10.451, de 10 de maio de 2002, e 11.097, de 13 de
janeiro de 2005; e dá outras providências.
Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005: Dispõe sobre a introdução do biodiesel na matriz
energética brasileira; altera as Leis 9.478, de 6 de agosto de 1997, 9.847, de 26 de outubro
de 1999 e 10.636, de 30 de dezembro de 2002; e dá outras providências.
Decreto
Decreto Nº 5.457, de 06 de junho de 2005: Reduz as alíquotas da Contribuição para o
PIS/PASEP e da COFINS incidentes sobre a importação e a comercialização de biodiesel.
Decreto Nº 5.448, de 20 de maio de 2005: Regulamenta o § 1 o do art. 2 o da Lei n o
11.097, de 13 de janeiro de 2005, que dispõe sobre a introdução do biodiesel na matriz
energética brasileira, e dá outras providências.
Decreto Nº 5.298, de 6 de dezembro de 2004: Altera a líquota do Imposto sobre Produtos
Industrializados incidente sobre o produto que menciona.
Decreto Nº 5.297, de 6 de dezembro de 2004: Dispõe sobre os coeficientes de redução das
alíquotas de contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, incidentes na produção e na
comercialização de biodiesel, sobre os termos e as condições para a utilização das
alíquotas diferenciadas, e dá outras providências.
Decreto de 23 de dezembro de 2003: Institui a Comissão Executiva Interministerial
encarregada da implantação das ações direcionadas à produção e ao uso de óleo vegetal -
biodiesel como fonte alternativa de energia.
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Decreto de 02 de julho de 2003: Institui Grupo de Trabalho Interministerial encarregado
de apresentar estudos sobre a viabilidade de utilização de óleo vegetal - biodiesel como
fonte alternativa de energia, propondo, caso necessário, as ações necessárias para o uso do
biodiesel.
Portaria
Portaria MME 483, de 3 de outubro de 2005: Estabelece as diretrizes para a realização
pela ANP de leilões públicos de aquisição de biodiesel.
Portaria ANP 240, de 25 de agosto de 2003: Estabelece a regulamentação para a utilização
de combustíveis sólidos, líquidos ou gasosos não especificados no País.
Resolução
Resolução CNPE n º 3, de 23 de setembro de 2005:Reduz os prazos para atendimento do
percentual mínimo obrigatório de adição de biodiesel ao óleo diesel, determina a aquisição
do biodiesel produzido por produtores detentores do selo "Combustível Social", por
intermédio de leilões públicos.
Resolução ANP nº 42, de 24 de novembro de 2004: Estabelece a especificação para a
comercialização de biodiesel que poderá ser adicionado ao óleo diesel na proporção 2%
em volume.
Resolução ANP nº 41, de 24 de novembro de 2004: Fica instituída a regulamentação e
obrigatoriedade de autorização da ANP para o exercício da atividade de produção de
biodiesel.
Resolução BNDES Nº 1.135 / 2004 Assunto: Programa de Apoio Financeiro a
Investimentos em Biodiesel no âmbito do Programa de Produção e Uso do Biodiesel como
Fonte Alternativa de Energia.
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Instrução Normativa
Instrução Normativa nº 02, de 30 de setembro de 2005: Dispõe sobre os critérios e
procedimentos relativos ao enquadramento de projetos de produção de biodiesel ao selo
combustível social
Instrução Normativa nº 01, de 05 de julho de 2005: Dispõe sobre os critérios e
procedimentos relativos à concessão de uso do selo combustível social.
Instrução Normativa SRF nº 526, de 15 de março de 2005: Dispõe sobre a opção pelos
regimes de incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, de que tratam o art.
52 da Lei nº 10.833 , de 29 de dezembro de 2003, o art. 23 da Lei nº 10.865 , de
30 de abril de 2004, e o art. 4º da Medida Provisória nº 227 , de 6 de dezembro de 2004.
Instrução Normativa SRF nº 516, de 22 de fevereiro de 2005: Dispõe sobre o Registro
Especial a que estão sujeitos os produtores e os importadores de biodiesel, e dá outras
providências.
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19 Anexo F – Informações sobre Lavras/MG, fonte: site www.busolanet.com.br.
Bandeira de Lavras
A antiga povoação - Lavras do Funil -, que deu origem à atual cidade, surgiu por
volta de 1729, com a chegada dos bandeirantes em busca de ouro. Os moradores
obtiveram, em 1751, a permissão para construir uma capela dedicada a Santa Ana. O
povoado que se desenvolveu em torno da capela cresceu rapidamente, tendo em 1760 mais
habitantes que Carrancas, a sede da freguesia. A vila de Lavras do Funil foi criada em
1831 e em 1868 foi elevada à categoria de cidade, já com o nome atual.
O Lavrense, formal periódico local, é publicado desde os tempos do Império.
Também o processo de industrialização ali tem início ao tempo da monarquia, e hoje é
considerável o número de suas empresas dedicadas á confecção de roupas, brinquedos,
metalurgia e laticínios. A agricultura, com o cultivo de café, feijão, arroz, milho e frutas
cítricas, vem em segundo lugar no quadro da economia, seguida de perto pela pecuária
leiteira.
Lavras está localizada na região Sul de Minas Gerais, a 240 Km de Belo Horizonte.
Alguns de seus municípios limítrofes são Nepomuceno, Carmo da Cachoeira e Perdões.
O clima de Lavras apresenta verões brandos e chuvosos. A temperatura média
anual está em torno de 19,3º centígrados, com máximas de 27,8º e mínimas de 13,5º
centígrados. O relevo tem colinas, com altitudes que variam entre 822 e 1.259 metros,
sendo o ponto mais alto a Serra do Campestre (Bocaina).
Lavras é destacada também pelo turismo e pela cultura. O visitante pode conhecer a
Ponte do Funil, situada a 10 Km do município para praticar a pesca. A cidade conta com
61 estabelecimentos de educação, passando pelo ensino básico, fundamental, médio, e os
cursos técnicos e de nível superior.
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Outras atrações é a casa de cultura e o Instituto Gammon, um dos principais centros
da cultura do município, fundado por missionários norte-americanos. É em Lavras que
também está o Campus da Escola Superior de Agricultura de Lavras (ESAL), atualmente
Universidade Federal de Lavras (UFLA), a terceira e mais antiga instituição de ensino
agropecuário do País, com 500 hectares de área e um museu que possui um acervo de
peças regionais de valor histórico e cultural, sendo avaliada como a terceira melhor
universidade do Brasil.
Segundo estimativas do IBGE em julho de 2005, Lavras tinha uma população de
86.841 habitantes, um PIB de aproximadamente 532 milhões de reais, renda per capta de
6,1 mil reais e um índice de desenvolvimento urbano (IDH) de 0,81.