José Pedrosa Ferraz Jr.
A Criação da Orquestra Sinfônica na Ribeirão
Preto dos anos de 1930
Monografia apresentada ao Centro Universitário Barão de Mauá como pré-requisito para obtenção de título de Especialista em História, Cultura e Sociedade, sob orientação da profª Ms Lílian Rodrigues de Oliveira Rosa.
Ribeirão Preto
- 2006 –
2
Agradecimentos
Ao companheiro e amigo Daniel Basso, que acompanhou minha especialização e declinou do meu convívio inúmeras
vezes para permitir minha dedicação ao curso e à monografia
À diretora do Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto, Tânia Registro, e seus funcionários pela gentileza em fornecer material de pesquisa e ajudar na
descoberta de outras referências bibliográficas.
Ao Décio Bellini Jr., presidente da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto e seus funcionários que abriram as portas do acervo documental da Orquestra para
pesquisas.
À Rita Bueno Lodi, filha de José da Silva Bueno, líder do Radio Club de Ribeirão Preto, à Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto, ao MIS, Museu da
Imagem e do Som, pela cessão das imagens que ilustram este trabalho.
Ao filho e neto de Max Bartsch, Henrique e Adolfo, respectivamente, e dr. Luís Gaetani, ex-presidente da Orquestra Sinfônica de 1976-2000,
por colocar suas memórias à disposição desta monografia através de boas entrevistas.
À minha orientadora,
profª Ms Lílian Rodrigues de Oliveira Rosa, com me conduziu de forma brilhante durante toda a monografia e exigiu de
mim sempre o melhor.
Ao coordenador do curso prof. Ms. Carlo Monti,
pela propriedade de realizar o curso que me permitiu aprofundar conhecimentos em diversas áreas do saber.
3
Dedicatória
Dedico esta monografia à memória de Max Bartsch
4
Sumário
Introdução 6 Capítulo 1 – Modernismo - ação e reação 13 1.1. Os programas musicais revelam os gostos da elite 17 1.2. Os imigrantes e o gosto pela música 19 1.3. As várias orquestras sinfônicas 24 Capítulo 2 – Um alemão conquista Ribeirão Preto 26 2.1. Reflexões sobre a popularidade de Bartsch 29 2.2. Longe da política partidária 32 2.3. O gosto pela música 35 2.4. PRA-7 e sua importância na criação da Orquestra Sinfônica 38 Considerações finais 44 Referências bibliográficas 47 Fontes 48
5
Ilustrações
Ilustração 1. 18 Acervo da Orquestra Sinfônica de Ribeiro Preto
Ilustração 2. 30 Acervo da Orquestra Sinfônica de Ribeiro Preto
Ilustração 3. 36 Arquivo pessoal de Rita Bueno Lodi, filha de José da Silva Bueno, líder do Radio Club de Ribeirão Preto
Ilustração 4. 36 Arquivo pessoal de Rita Bueno Lodi, filha de José da Silva Bueno, líder do Radio Club de Ribeirão Preto
Ilustração 5. 37 Acervo do MIS
Ilustração 6. 38 Arquivo pessoal de Rita Bueno Lodi, filha de José da Silva Bueno, líder do Radio Club de Ribeirão Preto
Ilustração 7. 42 Acervo da Orquestra Sinfônica de Ribeiro Preto
6
Introdução
Este trabalho discute o contexto da criação da Orquestra Sinfônica de
Ribeirão Preto (OSRP) no ano de 1938, e de sua entidade mantenedora, a
Sociedade Lítero-Musical, hoje Associação Musical de Ribeirão Preto, através
da análise de aspectos da sociedade ribeirãopretana na época, quais seus
valores culturais e as principais características que permitiram sua criação por
meio da iniciativa do empreendedor alemão Max Bartsch, que tinha uma
atuação destacada nos meios sociais, empresariais e culturais da cidade.
Dentro desta proposta, Bartsch é apresentado como a figura central no
sucesso da iniciativa depois de três outras tentativas infrutíferas de se criar
uma Orquestra.
Em Ribeirão Preto encontram-se as condições favoráveis à iniciativa do
alemão, como a disseminação pelo gosto da música por meio de bandas, uma
característica típica da influência que os imigrantes italianos tiveram na
formação cultural local. Essas particularidades locais são associadas às
próprias características do empreendedor, como seu carisma e sua capacidade
de mobilizar pessoas de prestígio em torno de um projeto comum.
Mas é preciso analisar também a criação da Orquestra Sinfônica inserida
no contexto da Ribeirão Preto nos anos de 1930, período que compreende o
fim do auge do café, pós-crise de 1929. Neste período, a cidade está em
consonância com as mudanças que ocorriam no país na primeira metade do
século passado, quando os ventos da reforma da estrutura da sociedade, que
deixava de ser predominantemente rural e deslocava sua força política e
7
econômica para a urbe, arejavam a pequena cidade do interior paulista, que
era o centro mundial da produção cafeeira.
O Brasil passava por um período de modernização urbana que
compreendeu o final do século XIX e as primeiras décadas do século XX. Essa
modernização foi inspirada por fortes influências européias e esse processo
teve reflexo direto na arquitetura e em diversas áreas artístico-culturais, como a
produção literária, as artes plásticas e a música. 1
A modernização provocou reação de parte dos intelectuais e artistas
brasileiros que defenderam um novo modelo para referência cultural, baseado
na valorização de signos estritamente brasileiros. Esse movimento culminou
com a Semana de Arte Moderna de 22. Na contramão desse movimento,
grande parte das elites valorizou a música erudita e as orquestras sinfônicas
serviam para esse fim.
Para analisar o referido contexto da criação da Orquestra Sinfônica e o
papel de Max Bartsch no seu processo de fundação, foram analisados
documentos nos arquivos da própria Orquestra e no Arquivo Público e Histórico
de Ribeirão Preto. Locais em que foram encontradas poucas referências
alusivas à criação da Orquestra.
Com poucas fontes documentais, buscou-se estabelecer um diálogo entre
estas e a bibliografia regional, analisando, em particular, a obra mais
importante que retrata a OSRP: “50 Anos de Orquestra Sinfônica em Ribeirão
Preto, 1938 – 1988”, de Myrian de Souza Strambi, de 1989. A essa obra foram
confrontados os documentos textuais e iconográficos, além de entrevistas, que
permitiram maior compreensão de como a sociedade se comportava na época,
1 ROCHA, A. Os Quartetos de Cordas de Alberto Nepomuceno. p11
8
quais os seus valores e de como, nesse cenário, Bartsch conseguiu obter
sucesso em sua tentativa de criar e manter a Orquestra.
Dentre as fontes utilizadas, encontram-se os jornais da época, “A Cidade”
e “O Diário”, que ajudaram a compreender a reação da sociedade ao
surgimento da Orquestra. Entrevistas com descendentes de Max Bartsch, com
o ex-presidente da Orquestra, Luiz Gaetani, e com parentes dos primeiros
músicos da Orquestra, foram feitas por e-mail e gravadas. É importante
ressaltar, contudo, que não foi interesse desenvolver um trabalho de história
oral. Longe disso, esses registros orais e referências pessoais buscaram
preencher lacunas no contexto da criação da Orquestra, e foram usados como
fonte complementar no processo de reconstituição da história da Orquestra e
de compreensão da figura de Bartsch.
A análise iconográfica serviu para reforçar o caráter carismático e de
liderança que o alemão exercia na sociedade. Fotografias da época mostram o
perfil do alemão e como a sociedade o respeitava e admirava. Ao analisá-las,
observa-se o seu carisma na sociedade local. As imagens mostram o alemão
invariavelmente cercado de um grande número de pessoas onde ele, na
maioria das vezes, aparece sempre no centro das fotografias. Uma dessas
imagens mostra grande quantidade de cartazes de associações e entidades de
Ribeirão Preto em homenagem ao aniversário do alemão. Todas elas fazem
alusão à importância de suas ações. Essas imagens sugerem, portanto, o
elevado nível do carisma do alemão e que o ajudou a construir as condições
favoráveis para a criação da Orquestra.
Não foram encontrados atas e registros de contratação de músicos no
arquivo da Associação Musical de Ribeirão Preto, entidade mantenedora da
9
Orquestra Sinfônica. O problema se repetiu no Arquivo Público, o que exigiu
que outras fontes fossem pesquisadas.
Nas referências bibliográficas, por sua vez, é possível compreender o
processo de formação cultural da cidade que criou ambiente favorável ao
surgimento da música sinfônica. Tuon aborda as bandas existentes em
Ribeirão Preto e de como elas surgiram em decorrência da chegada dos
imigrantes, principalmente dos italianos que vieram em maior número se
estabelecer na cidade.2
Estabeleceram-se em decorrência do trabalho na lavoura do café, mas
fizeram da vida urbana da cidade um centro de prestação de serviços, de
comércio e de uma indústria que se tornava forte. Gumiero discute como o
capital estrangeiro e os imigrantes que se estabeleceram na cidade,
contribuíram para que Ribeirão Preto desenvolvesse uma atividade econômica
urbana, independente das colheitas que, em 1929, entraram em um processo
de crise iniciado com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York. Ela afirma
que o surgimento de estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços
permitiu a formação de uma economia que amortecesse os efeitos dessa crise
internacional.3
A mudança do eixo social do meio rural para o urbano alterou também o
perfil político. Walker e Barbosa apontam o fortalecimento da sociedade urbana
como um dos responsáveis pela derrubada do poder dos antigos coronéis do
café e que fez surgir uma vigorosa classe política urbana.4
2 TUON, L. I. O Cotidiano Cultural de Ribeirão Preto. p95
3 GUMIERO, E. A. Ribeirão Preto e o Desenvolvimento do seu Comércio: 1890-1937. p14
4 WALKER, T. & BARBOSA, A. S. Dos Coronéis à Metrópole. p85
10
O apogeu do café trouxe para a cidade o empreendedor francês François
Cassoulet que criou cassinos e dinamizou o entretenimento noturno da cidade
com apresentações de coristas, de bandas de música e até mesmo de
prostituição. Silva explica a influência que o capital do café teve na vida cultural
local e de como a cidade se adaptou à crise com o suporte da nova elite
urbana.5
Nos âmbitos social e cultural, o que acontecia em Ribeirão Preto não era
fato isolado. A cidade estava em sintonia com o que se passava nos principais
centros urbanos do país, revelando-se como um caso típico. O processo de
urbanização, a transferência do poder político local dos coronéis para a nova
elite que se firmava nas cidades, era um fenômeno comum no Brasil do final do
século XIX e início do século XX. Rocha mostra como a valorização da música
erudita de Orquestra coincidiu com esse momento de profunda transformação.6
Em Ribeirão Preto, o movimento de valorização da arte e cultura
nacionais como contrapartida à influência de modernização europeizante, que
proporcionou importantes momentos de reflexão, como a Semana de Arte
Moderna de 22, não teve repercussões imediatas.7 Mas o refluxo a esse
movimento nacionalista, por meio da valorização da cultura erudita com criação
de Orquestras e a realização de concertos sinfônicos, encontrou uma aceitação
mais vigorosa com a nova elite disposta a cultuá-la.
5 SILVA, B.L. da. O Rei da Noite na Eldorado Paulista. p142
6 ROCHA, A. Op. cit. p8
7 O Modernismo só chegou com maior intensidade em Ribeirão Preto nos anos 40 e 50 do século passado. Na
dissertação de mestrado em História pela Unesp/Franca (1997), Memória Arquitetônica de Ribeirão Preto, Valéria
Valadão analisa a influência do Modernismo na arquitetura urbana de Ribeirão Preto, e chega a essa conclusão. Nas
artes plásticas, o modernista Francisco Amêndola foi uma das maiores expressões desse movimento em Ribeirão
Preto. Em artigo de Ignácio de Loyola Brandão, O riso mordaz de Amêndola, publicado no catálogo "Francisco
Amêndola - Exposição retrospectiva, de 26 de agosto a 11 de setembro" (1987) faz uma reflexão sobre o modernismo
e suas influências junto aos artistas e arquitetos locais com alguns anos de defasagem em relação à Semana de 22.
11
Machado Neto ilustra como essa espécie de “contracultura” chegou a
Ribeirão Preto aproveitando-se de um caminho já aberto.8 Na contramão do
escoamento do café, por meio da linha de trem que liga Santos à cidade
passando por Campinas. Com as condições extremamente favoráveis, o
imigrante alemão Max Bartsch decidiu ele próprio criar a Orquestra Sinfônica
de Ribeirão Preto, fato discutido por Strambi, que analisou a origem da
Orquestra e as iniciativas de Bartsch para liderar um grupo de pessoas e
mantê-la em funcionamento.9 Apesar do levantamento histórico realizado,
Strambi não contextualiza a criação da Orquestra Sinfônica na Ribeirão Preto
da época.
Contudo, mesmo que não seja o foco da obra e aborde a questão de
forma superficial Strambi faz referência ao carisma que Bartsch possuía e que
conseguia, por intermédio dele, reunir em torno de si e de seus projetos,
pessoas importantes, decisivas para concretizar suas iniciativas. Em todo caso,
trata-se de uma importante obra porque é a primeira que mergulha no universo
da Orquestra Sinfônica, discutindo sua história baseada nos poucos
documentos encontrados.
É, por isso, um estudo mais completo que os realizados por Cione, por
exemplo.10 Memorialista, Cione narra a história da cidade e seus principais
personagens sem a exigência acadêmica, com uma característica quase que
enciclopédica, e cita a criação da Orquestra Sinfônica com base em dados não
documentais.
8 MACHADO NETO, D. A Semana de 22 Por meio de Uma Viagem pelo Interior de São Paulo, p1
9 STRAMBI, M. de S. 50 Anos da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto. p118
10 CIONE, R. História de Ribeirão Preto. p131
12
A análise da obra de Strambi, no que se refere à criação da Orquestra
Sinfônica, torna-se mais consistente porque é possível confrontá-la com
momentos importantes da cidade, nos anos de 1930. Um desses momentos foi
a consolidação da rádio PRA-7. Para a emissora convergia um grande número
de músicos em busca de uma oportunidade de trabalho. Rezende e Santiago
elucidam como foi intenso o movimento artístico em torno da emissora em que
o próprio Max Bartsch chegou a presidente e onde tinha um espaço fixo para
apresentação de seu quinteto musical.11 Esse trabalho vai discutir a
importância da rádio PRA-7 na criação da Orquestra Sinfônica como resultado
de um processo de formação cultural que teve início com a chegada dos
imigrantes, como veremos nos capítulos que se seguem.
O primeiro capítulo, “Modernismo: Ação e Reação” analisa a influência do
padrão francês de cultura na vida brasileira, pelo viés da música, e o
rompimento dessa dependência através do movimento modernista e da
repercussão desse movimento em Ribeirão Preto. O gosto pela música erudita
se consolidou com a chegada dos imigrantes. E a cidade tem uma formação
cultural favorável à criação de bandas culminando com várias tentativas de
criação de uma Orquestra Sinfônica.
No capítulo seguinte, “Um alemão conquista Ribeirão Preto”, o trabalho
discute como um desses imigrantes, o alemão Max Barstch, conseguiu enfim
criar a Orquestra Sinfônica com bases sólidas que permitiram sua existência
até os dias atuais. Para isso utilizou de sua influência e de mecanismos como a
difusão da Orquestra através de apresentações transmitidas ao vivo pela rádio
PRA-7, da qual chegou a ser presidente.
11 REZENDE, A. L. & SANTIAGO, G. A Primeira Rádio do Interior do Brasil. p102
13
Capítulo 1
Modernismo: ação e reação
14
O Rio de Janeiro foi a principal porta de entrada para tudo o que vinha de
fora, principalmente do continente europeu, de produtos a estilo de vida. O
gosto pelo refinamento nos comportamentos sociais ganhou mais ênfase
quando a Corte portuguesa mudou-se para o Brasil e instalou-se no Rio. A
importação tornou-se naturalmente mais intensa, afinal era preciso atender às
necessidades da Corte e a colônia produzia apenas produtos agrícolas e uma
cultura rude, desprezada pela elite. Essas necessidades passavam
evidentemente pelas artes. A música que se ouvia na Corte tinha uma
característica típica do período que foi a criação de grupos musicais, como as
chamadas “formações menores”, para execução de peças eruditas. Essas
formações reuniam os músicos disponíveis e que não existiam em abundância,
por isso eram pequenos grupos, tais como quartetos, quintetos, orquestras de
câmaras.12 Nos salões da sede da Monarquia, os saraus musicais eram
freqüentes. Pessoas se reuniam em torno de pães, doces, chás, guloseimas,
para ouvir apresentações musicais de pequena formação. Entre os mais
famosos salões destacavam-se os de Rui Barbosa, Francisco Pereira Passos e
Violeta Lima e Castro.13 A capital do império sedimentou essa tendência que
logo em seguida se espalharia pelas principais cidades brasileiras da época,
como São Paulo, Recife e Santos.
A preferência por esse tipo de formação musical se deu em grande parte
pela inexistência de uma cultura de orquestras sinfônicas ou filarmônicas.14 A
12 ROCHA, A. Op. cit. p11
13 TUON, L. I. Op. cit. p91
14 Orquestra Sinfônica e Filarmônica não se diferenciam em sua estrutura musical. São compostas basicamente por
quatro tipos de instrumentos: as cordas (violinos, violas, violoncelos, contrabaixos, harpas, piano), as madeiras (flautas,
flautins, oboés, corne-inglês, clarinetes, clarinete baixo, fagotes, contrafagotes), os metais (trompetes, trombones,
trompas, tubas), a percussão (tímpanos, triângulo, caixas, bumbo, pratos, carrilhão sinfônico, etc). A diferença reside
no fato da Orquestra Sinfônica ser mantida por uma instituição pública e a Filarmônica, por instituição privada.
15
europeização foi um processo da importação dos valores culturais e do estilo
de vida francês vigentes. Era a Belle Époque, quando a arquitetura e as artes
tinham destaque. Personagens influentes que transitavam pela elite carioca em
meados do século XIX perceberam que havia uma carência de músicos
afinados com essa perspectiva. Um desses personagens foi Francisco Manuel
da Silva, considerado peça chave do movimento musical do império porque
além de fundador da Sociedade Beneficência Musical, em 1833, esteve
também à frente da Orquestra da Sociedade Filarmônica, a partir de 1834.
Pesquisadores apontam sua atuação como decisiva para a fundação do
Conservatório de Música do Rio de Janeiro, em 1847, que marcou o início do
ensino oficial de música no país. Ficou, então, evidente que o ensino musical
desfrutava de um novo status dentre as instituições de ensino no Brasil.15 Essa
trajetória estava inserida numa referência que seria adotada pela Corte e pela
elite brasileira com base nos valores e ideais franceses, o que provocou uma
forte reação nacionalista nos anos de 1920.
O Modernismo propôs romper com essa estrutura, abandonar o modelo
europeu para criar referências tipicamente nacionais, até mesmo como
processo de auto-afirmação de uma cultura essencialmente brasileira. O
movimento buscava traduzir nas artes os novos tempos, ‘modernos’, que
chegavam a outros setores da sociedade, decorrentes do processo de
urbanização e da influência européia. A nova elite brasileira passou a lidar com
questões inéditas em decorrência do novo social como revolução tecnológica,
direitos trabalhistas, anarquismo, imigração, comunismo etc. Era a ruptura com
15 ROCHA, A. Op.cit, p9
16
antigas instituições. O fenômeno reestruturante, no entanto, era comum na
Europa desde a Revolução Francesa.16
Na contramão do Modernismo as elites urbanas que detinham o
monopólio sobre a música de ‘arte’ em várias cidades, inclusive do interior do
Estado, como Santos, Campinas, Ribeirão Preto, não quiseram abrir mão do
seu status recém adquirido. Era considera música de ‘arte’ a música erudita
tocada nos salões da corte. Em Campinas e Ribeirão Preto o movimento
modernista foi simplesmente ignorado sem nenhuma referência à Semana de
Arte de 22 nos jornais dessas cidades.
16 MACHADO NETO, D. Op.cit, p2.
17
1.1 Os programas musicais revelam os gostos da elite
Machado Neto chega a afirmar que as orquestras criadas em cidades do
interior do Estado de São Paulo, inclusive Ribeiro Preto, todas nos anos 30,
deliberadamente esquivavam-se de executar peças de autores modernistas,
segundo ele simplesmente para atender a uma elite que fazia pouco caso do
movimento.17
De fato, não foram encontradas referências nos jornais de Ribeirão Preto
ou em outros documentos, a respeito do movimento artístico que se
desenrolava na capital do Estado e que culminou com a Semana de Arte
Moderna de 1922. Menções como notícias sobre os eventos alusivos ao
movimento, entrevistas com artistas, manifestações de artistas sobre o grande
movimento nacionalista nas artes. Ribeirão Preto, em relação à Semana de 22,
passou ao largo do movimento, mas não é possível concluir que essa atitude
tenha sido um descaso deliberado das elites locais ao Modernismo.
Até porque, os programas dos primeiros concertos da Orquestra
Sinfônica de Ribeirão Preto fogem à teoria apresentada por Machado Neto. As
elites locais aplaudiram a execução de peças de Carlos Gomes, que já revelara
em suas composições uma postura de características modernistas por
introduzir elementos brasileiros na obra erudita. A Orquestra, desde o início,
homenageou o compositor por meio de saudações à sua irmã, dona Joaquina
Gomes, a Nhá Quina, que morava na cidade há décadas e dava aulas de
piano.18
17 Idem, p2
18 CIONE, R. Op. cit. p424
18
Ilustração 1 – Capa do programa do concerto inaugural da Orquestra criada por Max Bartsch
Não se pode concluir, no entanto, que o fato do compositor brasileiro
estar representado na programação musical da Orquestra Sinfônica seja indício
de que havia por parte de seus diretores, maestro ou músicos, adesão ou
mesmo uma simples afinidade com o movimento modernista. Ao que se
percebe, a homenagem se deu pelo fato de Carlos Gomes já ser um
compositor brasileiro consagrado mundialmente sem, no entanto, análise do
mérito de sua obra ser ou não modernista. A simples menção, por si só,
bastava para satisfazer a necessidade de “glamour”, de auto-afirmação da elite
ribeirãopretana.
19
1.2 Os imigrantes e o gosto pela música
Ribeirão Preto sentia os efeitos do canal aberto que ligava a cidade ao
mundo por meio da exportação do café. Na medida em que o produto escoava,
trazia como retorno o capital financeiro e humano de diversos países,
principalmente da Europa. Essa irrigação estrangeira de dinheiro e pessoas
moldou um perfil da cidade que a tornou suficientemente forte para superar
sem muitos traumas a crise do café. O comércio já era vigoroso e atendia à
região um grande número de prestadores de serviços e profissionais liberais
que transitava com desenvoltura pela cidade. O imigrante europeu teve papel
fundamental nesse processo porque interagiu decisivamente para a expansão
e diversificação comercial em Ribeirão Preto, com efeitos diretos sobre o
processo de urbanização.19
Os italianos trouxeram na bagagem da imigração o gosto pela música e
difundiram na cidade o hábito de cultuar essa vertente artística. Como
chegavam em pequenos núcleos familiares, os italianos acabavam por formar
entre si pequenas bandas de música. Nos idos de 1880, têm-se os primeiros
registros dessas bandas e em 1910, havia em Ribeirão Preto pelo menos
quatro bandas consolidadas formadas na colônia italiana, a mais numerosa.
São as bandas “Bersaglieri”, a “Banda Progressista”, a “Giácomo Puccini” e a
“Ítalo-Brasileira”. Essas bandas passaram a interferir no gosto musical da
população porque se apresentavam diariamente sempre no final do dia e início
da noite em praças públicas. O jornal da época, “A Cidade”, chegava a publicar
19 GUMIERO, E. A. Op. cit, p13.
20
a programação musical que sempre era voltada para o gosto popular.20 Ofícios
emitidos pela prefeitura nos anos 30, concernentes à contratação de bandas
musicais para apresentações públicas, indicam que a comunidade local era
fortemente influenciada pelos imigrantes europeus, pois já tinha no gosto e nos
hábitos culturais o culto da música.21
É de se destacar, no entanto, que durante anos essas bandas difundiram
obras de compositores eruditos, como Beethoven, Rossini, Verdi, Puccini,
Mascagni, Lehar e Carlos Gomes, e algumas das músicas desses
compositores caíram no gosto do povo, tornado-as mais populares, o que
ajudou a ‘moldar’ o hábito do ribeirãopretano de apreciar a música clássica. O
Hino do Brasil era também comumente executado e, tão era forte a influência
francesa na época que até o Hino da França, a Marselhesa, se ouvia nos
coretos da cidade no final do século XIX e início do Século XX.22
A assimilação do gosto popular pelas bandas foi institucionalizada a tal
ponto que a Prefeitura de Ribeirão Preto abria inscrição para que bandas
fossem contratadas para apresentações públicas em coretos na Praça XV de
Novembro, Praça Sete de Setembro, nos jardins da Vila Tibério e, mais tarde,
no Bosque Municipal. As bandas, ao se inscreverem, apresentavam seus
orçamentos com custos de maestro e músicos e a Câmara de Vereadores
aprovava a contratação das bandas escolhidas.23 Um dos critérios para a
escolha da banda era o número de músicos. Nos contratos assinados com a
Prefeitura, como o de 1933, entre Ignácio Stábile, gerente e maestro da Banda
Municipal e o prefeito André Veríssimo Rebouças, a cláusula 8 é específica ao
20 TUON, L. I. Op. cit, p93
21 Os ofícios encontram-se no Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto
22 Idem Op. cit, p94
23 Ibidem Op. cit. p95
21
afirmar que o maestro Stábile se comprometia a manter sua banda com um
número nunca inferior a 20 músicos, o que abria grandes perspectivas de
mercado de trabalho para esses artistas.24
Há que se ressaltar que a programação musical das bandas era
previamente aprovada diretamente pelos prefeitos, pelo menos nas primeiras
quatro décadas do século passado. Tal fato conferiu grande importância aos
eventos culturais de apresentações públicas das bandas. A preocupação com a
qualidade dos programas fazia os maestros da época incluir nos roteiros
musicais peças eruditas de apelo popular. Um dos programas, aprovado pelo
prefeito André Veríssimo Rebouças, em 1933, e elaborado pelo maestro
Stábile era composto pelo “O Barbeiro de Sevilha”, de Rossini, “Salvator Rosa”,
de Carlos Gomes, e “Fidelio”, de Beethoven, ou seja, três compositores
eruditos com peças que se tornaram populares. Os relatórios dos prefeitos que
sempre aprovavam os programas apresentados eram simples, de uma página
com dois ou três parágrafos escritos em que ratifica a proposta apresentada.
Em nenhum deles, no entanto, foram encontradas referências à política de
difusão cultural da música erudita ou qualquer referência a respeito. O que se
escondia, talvez involuntariamente, por trás da garantia do bom lazer era a
formação do gosto musical do público ribeirãopretano que passava a apreciar a
chamada “boa música”. 25
Strambi26 faz referência à “musicalidade” do povo de Ribeirão Preto e cita
que nas décadas de 20 e 30 do século passado viviam na cidade inúmeros
maestros, como Luiz Delfino Machado, Carlos Vollani Nardelli, Antonio
24
Relatório da Prefeitura de 1933. Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto.
25 Relatório da Prefeitura de 1937. (Fundo?) Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto.
26 STRAMBI, M. de S. Op. cit. p15
22
Giammarusti, Pedro Giammarusti, Ignácio Stábile, Alfredo Pires, Cônego Dr.
Francisco de Assis Barros e Edmundo Russomano, entre outros que
trabalhavam com músicos em diversos locais como confeitarias, cassinos,
cinemas e saraus. Há de se perceber que a maioria dos maestros carrega
nomes estrangeiros, basicamente de italianos.
A tradição da cidade em qualidade musical tornou-se um fato. Ela cita,
por exemplo, que a Banda do 3º B.C. – Batalhão de Caçadores de Ribeirão
Preto - era considerada a melhor banda do estado de São Paulo, em 1938, ano
da terceira tentativa de criação de uma Orquestra Sinfônica na cidade. 27
Outro aspecto a se constatar é que a difusão das pequenas bandas pela
cidade evidencia em suas entrelinhas que o foco das elites, portanto das
atividades sócio-econômico-político-culturais, já se consolidara no meio urbano,
deslocando-se definitivamente do meio rural. Período em que o “coronelismo”
perdia forças e o centro do poder passava a ser disputado por outra classe de
políticos, composta pelos profissionais liberais, empresários e comerciantes.28
A vida na cidade tornava-se cada vez mais dinâmica e isso exigia formas de
lazer e entretenimento condizentes com a nova realidade.
A música, naturalmente, ocupou lugar de destaque na preferência dos
habitantes locais. Os músicos conseguiam empregos nos cassinos
popularizados na cidade pelo empreendedor francês François Cassoulet. Os
cassinos que ele dirigiu eram famosos por apresentar um vasto leque de
opções de entretenimento, como de serviços de buffet, exibição de filmes,
27 Idem, Op. cit,. p57
28 WALKER, T. & BARBOSA, A. S. Op. cit, p87
23
reuniões cívicas, espetáculos artísticos, jogos e, naturalmente, show de
coristas e até mesmo a prática da prostituição.29
Essa forma de lazer transfigurou-se na década de 30 devido a uma
combinação de fatores. Por um lado há um recesso econômico decorrente da
crise financeira que tem reflexo no lazer, nas noites de diversão, devido à crise
do café. A cidade que, com 90 mil habitantes nos anos 30, registrava 200
casas de meretrício, via essa atividade diminuir. A chegada do automóvel, o
crescimento da cidade e a diversificação dos locais de entretenimento noturno,
aliado à inserção cada vez maior da figura feminina no seio das atividades
sociais e culturais, trouxeram novas formas de lazer e os espaços para
exibição de música erudita através de pequenas formações musicais ganharam
destaque.30
29 SILVA, B. L. da. Op. cit, p142
30 Idem, p143
24
1.3 As várias orquestras sinfônicas.
A existência de músicos e maestros em grande número na cidade
culminou com três tentativas conhecidas de criação de uma Orquestra
Sinfônica. A primeira foi através da Sociedade de Concertos Sinfônicos de
Ribeirão Preto, criada entre 1922 e 1923, que teve como presidente o professor
Dario Guedes e como regente Luiz Delfino Machado. A Orquestra tinha 31
músicos, conforme esclarece Strambi, incluído o próprio presidente e músicos
como Max Bartsch, Francisco de Biase, José Gumerato, Augusto Gumerato,
entre outros que 15 anos mais tarde formariam a Orquestra Sinfônica da
Sociedade Lítero-Musical de Ribeirão Preto, única que conseguiu permanecer
em atividade até os dias atuais. 31
No entanto, as dificuldades para se manter em funcionamento uma
Orquestra Sinfônica, apenas através de mecenato de empresas e pessoas com
doações voluntárias, inviabilizou a tentativa do professor Dario Guedes. No
entanto, Strambi não entra no mérito das tentativas de manter uma orquestra
que obtiveram sucesso, mas faz um interessante levantamento das iniciativas
que existiram na cidade. A Orquestra da Sociedade de Concertos Sinfônicos,
de acordo com a autora, não resistiu a mais do que cinco ou seis concertos ao
longo de poucos anos.
Strambi aponta ainda que no início da década de 30, surgiu a Orchestra
Simphonica de Ribeirão Preto, com 41 músicos, organizada e regida pelo
maestro Ignácio Stábile que levou para a iniciativa o conhecimento adquirido ao
longo dos anos em que dirigiu a Banda Municipal e teve contratos assinados
31 STRAMBI, M. de S. Op. cit, p15.
25
com a Prefeitura para apresentações públicas. Foi essa Orquestra que
participou da inauguração do Theatro Pedro II, em 8 de outubro de 1930.
Detalhe importante é que no programa de inauguração do Theatro, estava a
obra “O Guarani”, de Carlos Gomes.
Essa Orquestra conseguiu sobreviver por sete anos. Sem enumerar as
causas do fracasso, Strambi alega que elas existiram, foram muitas e que nem
a dedicação quase que integral de personalidades da época, como o maestro
Stábile e Dário Guedes, que também investiu dinheiro na manutenção, foi
suficiente para garantir a permanência da Orquestra. 32
32 Ibidem, Op. cit, p19.
26
Capítulo 2
Um Alemão em Ribeirão Preto
Entre os milhares de imigrantes europeus que contribuíram para a difusão
cultural em Ribeirão Preto, um alemão se destacou em diversos aspectos. Max
27
Bartsch foi trazido, em 1913, aos 25 anos de idade, pelo Coronel Francisco
Schmidt, para fazer o paisagismo da Fazenda Monte Alegre, uma das
principais propriedades do fazendeiro. Era, na verdade, uma excelente
oportunidade para se fugir de uma situação política complicada, uma vez que a
Alemanha estava à beira da primeira guerra mundial. Os movimentos bélicos
se avolumavam na Europa e em 1913, o continente foi palco de conflitos como
a 2ª Guerra Balcânica, em que a Bulgária, aliada e instigada politicamente pela
Áustria-Hungria, atacou a Grécia e a Sérvia. A Romênia, Montenegro e Turquia
uniram-se aos dois países agredidos para derrotar a Bulgária.33
As referências biográficas existentes sobre o Max Bartsch, no entanto,
apontam para a mesma versão sobre sua chegada ao país e nenhuma delas
faz a menor alusão sobre a oportunidade do imigrante de trocar de país por
questões políticas ou mesmo por melhores oportunidades de vida. O fato é que
os primeiros anos de Bartsch no Brasil causaram impacto positivo, enquanto
seu país natal estava no foco da 1ª Guerra Mundial.
Em 1914, Bartsch foi contratado como jardineiro pela Prefeitura da
cidade. Atividade que não lhe causou muitos transtornos uma vez que era
agrônomo de formação. Um loiro, com enxada na mão, ensinava aos colegas a
plantar e adubar o jardim da Praça XV, onde se apresentava a banda “Filhos
de Euterpe”. Desta forma, chamava a atenção do povo que via nas praças
aquele jardineiro culto, musicista e agrônomo de formação.34
Strambi cita o jornal “O Diário”, de 19.07.1970, em que um artigo de
Prisco da Cruz Prates diz que Bartsch era visto todas as tardes caminhando
em frente à portaria da Antarctica, no trajeto entre a Prefeitura e o campo do
33 RIZZI, K. & BALARDIN, R. O fim do (des) equilíbrio europeu (1871-1914). p1.
34 CIONE, R. Op. cit. p428
28
Botafogo, na Vila Tibério, onde estava trabalhava no nivelamento do terreno.
Em uma dessas tardes, ele teria sido parado pelo então gerente da indústria de
bebidas que, percebendo sua “inteligência e sagacidade”, admirou-se ao saber
que era um simples jardineiro e o convidou a trabalhar na empresa.35
Na Cia. Antarctica, enquanto fazia carreira, consolidava o ciclo de
amizades influentes que aos poucos ia enredando. Como gerente, ocupou o
cargo por 12 anos, de 1930 a 1942. Ao mesmo tempo ocupou cargos de
destaque na rádio PRA-7, onde foi presidente no biênio 1934-35, sendo reeleito
consecutivamente para os biênios 1936-37, 1938-39, 1940-41. Passados 25
anos desde sua imigração, a sociedade civil organizada preparou festividades
para comemorar seu aniversário e que duraram quatro dias, de seis a nove de
abril de 1939.
35 Ibidem, Op. cit, p117
29
2.1 Reflexões sobre a popularidade de Bartsch
Como ilustra fotografia da época, uma festa organizada para a noite do
dia nove de abril de 1939, no Teatro Carlos Gomes, era a coroação de uma
série de festejos. Na ocasião, nada menos do que 21 entidades manifestaram
suas homenagens ao alemão. Pela disposição dos cartazes, na fotografia da
Ilustração nº 2, percebe-se que a organização da festa teve a preocupação de
padronizar todos eles. Pode-se notar que os cartazes apresentam mesmo
tamanho, formato e até o mesmo tipo de letras.
Muitas das homenagens vieram de entidades as quais era o presidente,
como Sociedade Amiga dos Pobres, Sociedade Musical de Ribeirão Preto,
Rádio Clube de Ribeirão Preto – PRA-7, Clube das Melancias.
Homenagens similares vieram de entidades de naturezas tão díspares,
mas onde atuava como presidente-honorário, a exemplo do Botafogo Futebol
Clube, diretor do C. R. Rio Pardo e Asilo Padre Euclides, sócio da Sociedade.
União dos Viajantes, Creche Santo Antonio.
No período, havia um anseio dos trabalhadores pela legalização de
normas trabalhistas ou mesmo pelo cumprimento das que estavam em vigor, o
que a princípio colocava em lados opostos, patrões e empregados através de
suas respectivas entidades de classes. Max Bartsch, no entanto, conseguiu
reunir em torno de si, homenagens de ambos os lados, como mostram os
cartazes da Associação Commercial, da Associação dos Empregados no
Commércio, Syndicatos Operários de Ribeirão Preto e da S. Auxiliadora dos
Chauffers. A bem da verdade, a ditadura imposta por Getúlio Vargas, dois anos
antes pode ter gerado intervenção federal nas entidades de classes, para que
as reivindicações e os confrontos ideológicos fossem mantidos de forma
30
alinhada com o Governo Federal, como é comum, em regimes ditatoriais,
entidades de patrões e empregados falarem a mesma linguagem.
Homenagens similares vieram ainda do Ypiranga Futebol Clube, Palestra
Itália F. C., A. Portugueza de Esportes, sem contar as que recebeu como
“amigo” da Sociedade Recreativa, o 3º B. C. P., C. A. Sudan, , S. C. Bambas.
Setores da imprensa ribeirãopretana renderam-lhe homenagem como
“jornalista honorário”.
Mostrar área de trabalho.scf
Ilustração 2 – Cartazes das entidades que homenagearam Bartsch em seu aniversário de 51 anos de idade, em 1939.
31
Strambi dá detalhes dessa festa.36 As primeiras homenagens, na quinta-
feira que antecedeu a data, se deram com seu nome sendo citado na
oficialidade do dia do 3º B.C.P e, à noite, a rádio PRA-7 ofereceu um jantar em
sua homenagem. No sábado, os funcionários da Antárctica ofereceram uma
recepção pela manhã, quando também foi homenageado pelos funcionários da
fábrica de cigarros Sudan. Ao meio-dia, um churrasco que a diretoria da
Antárctica ofereceu. À tarde, a disputa da Taça Max Bartsch entre os músicos
da Sociedade Musical e os garçons do Sindicato. À noite, jogo de basquete
entre as equipes da Antárctica de São Paulo e de Ribeirão Preto. No domingo
a festa continuou. A Sociedade União dos Viajantes deu-lhe um distintivo de
ouro, a Prefeitura concedeu o título de “Cidadão Benemérito”. Uma partida de
futebol, entre o Botafogo e a Antárctica Futebol Clube, foi realizada
especificamente para comemorar seu aniversário e à noite, no Teatro Carlos
Gomes, a A. C. Bambas encerrou as homenagens. A mobilização de boa parte
da cidade demonstrou que o alemão conseguiu arregimentar admiradores em
vários setores e camadas sociais.
36 Ibidem, Op. cit, p116.
32
2.2 Longe da política, partidária
Pelo relato das fontes percebe-se que Max Bartsch satisfazia-se em obter
o reconhecimento público por suas ações sem almejar outras formas de poder,
como o que advém da política. Ao longo da vida, o alemão não ocupou cargos
públicos no Legislativo ou no Executivo, mas ocupou cargos executivos na
iniciativa privada que lhe deram visibilidade social e teceu uma rede de
influências, que envolveu personalidades públicas da época, do meio social,
político, financeiro e religioso.
Em 25 anos, construiu uma trajetória de ascensão social que foi de
jardineiro da Prefeitura a presidente da PRA-7, período em que demonstrou
talento para erguer uma base de influência que serviu de respaldo às suas
inúmeras ações. Criou e ajudou a administrar diversas entidades filantrópicas,
artísticas, educacionais e sindicais.37
Não foram encontrados indícios de ligação político-partidária de Max
Bartsch em nenhuma das fontes pesquisadas. Por outro lado, sua popularidade
e livre trânsito em setores distintos da sociedade, como entidades de classes
de trabalhadores e patronais, demonstra que Bartsch de fato preferia ficar de
fora das questões partidárias, o que não significa que ele pudesse manter suas
preferências políticas de forma discreta, não explícita publicamente.
O período era turbulento. Final dos anos 30 do século passado é o
fortalecimento do Estado Novo no Brasil, com a ditadura de Getúlio Vargas e
no mundo, o início da Segunda Guerra Mundial. O nazi-fascismo teve eco no
Brasil com o movimento integralista e, alinhado a outras forças políticas, se
opôs ao comunismo. Em Ribeirão Preto, a PRA-7 liderou movimento de órgãos
37 Ibidem, Op. cit, p118.
33
de imprensa em apoio às políticas de combate ao comunismo e a emissora
abriu espaço para discursos para representantes importantes do integralismo
ribeirãopretano, como Bandeira Larine, que no dia 20 de novembro de 1937,
falou no microfone da PRA-7 para “exaltar a repressão federal ao comunismo”.
No dia seguinte, foi a vez de Antônio Baracchini Júnior ir a PRA-7 falar sobre o
mesmo assunto.38 Esses discursos ocorreram apenas 10 dias após Getúlio
Vargas instituir no Brasil a ditadura do Estado Novo.
Apesar de não terem sido encontradas evidências de qualquer ligação do
alemão com o movimento integralista, o fato de dois representantes do
movimento em Ribeirão Preto comparecer à emissora onde Bartsch era
presidente aponta para uma possível situação de simpatizante com o
movimento, que manteve uma grande repercussão local e nacional com apoio
inicial do próprio Getúlio Vargas. O movimento foi tão forte em Ribeirão Preto
que a cidade foi a oitava no país a receber o título de “cidade integralista”, pelo
chefe nacional do movimento, o gaúcho Plínio Salgado.39 Seria natural,
portanto, que o movimento angariasse, pelo menos e mesmo que
discretamente, a simpatia de um alemão imigrante.
O único indício de uma ação provocada por questões políticas é apontado
por Rezende & Santiago. Em 1941, quando o Brasil já se posicionava no
cenário mundial contra o nazismo, e as perseguições aos alemães no país se
intensificavam. Em janeiro daquele ano, Bartsch solicita exoneração do cargo
de presidente da PRA-7 e alega que “sua decisão não é oriunda de seu desejo,
mas imposto por medidas que o Governo Brasileiro tem tomado ultimamente
38 CONSOLO, E. Integralismo em Ribeirão Preto (1934-1938) p.23 39 Idem. Opus cit. p.8
34
no louvável intuito de garantir e defender os direitos e a integridade deste
imenso país”. 40 Ele sai de cena lenta e paulatinamente.
Não se trata de mera coincidência desligar-se definitivamente da
emissora PRA-7 e, um ano depois, em 1942, deixar a Companhia Antarctica. A
presidência da Orquestra Sinfônica, que ocupou desde sua criação, em 23 de
maio de 1938, ele abandona em 22 de novembro de 1942 e torna-se
conselheiro até março de 1945. Com fim da guerra, ocupa a vice-presidência
da Orquestra até 1950, quando seu nome sai definitivamente do quadro de
diretores da Sinfônica.
40
REZENDE & SANTIAGO, Op. cit, p. 63-64
35
2.3 O gosto pela música
Amante da música, Max Bartsch, foi exímio tocador de violão, violino e
cítara, seu instrumento predileto desde a juventude na cidade natal,
Nuremberg, na Alemanha, onde nasceu em 9 de abril de 1888. Enquanto
construía uma sólida carreira de executivo na Cia. Antárctica não abriu mão do
hobby de tocar música. Em 1928, uniu-se ao dr. Camilo Mércio Xavier,
Francisco de Biase, Artur Marsicano e Ranieri Maggiori e criou o Quinteto Max.
O grupo reuniu-se com freqüência na casa de um amigo do alemão, José
Cláudio Lousada, um dos mentores da criação da rádio PRAI, que mais tarde
seria a PRA-7. Essa amizade garantiu, entre outras coisas, espaço ao Quinteto
na grade de programação para exibição diária na emissora e em horário
nobre.41
A popularidade associada ao carisma de Bartsch foi responsável pelo
crescimento do Quinteto. Em pouco tempo, muitos músicos foram absorvidos
pelo grupo, como Dario Guedes, fundador da primeira Orquestra Sinfônica,
Carlos Nardelli, Meira Junior, Romano Barreto, Pedro e Antonio Giammarusti,
Zezé Gumerato, entre outros.42 A seqüência de fotos ilustra o crescimento do
grupo que, mesmo com mais de cinco integrantes, continuou “Quinteto Max”.
Na segunda foto vemos dez músicos ligados ao Quinteto.
41 Idem, Op. cit, p101
42 Ibidem. Op. cit, p119.
36
Ilustração 3 – Formação original do Quinteto, com Max Bartsch em pé, ao centro da foto, segurando a cítara
Ilustração 4 – Em pé, da esquerda para a direita, Bartsch é o terceiro. Nessa foto,
aparece com um violino
O Quinteto cresceu e deu origem a outras bandas. Umas delas, como
verão adiante, é a PRA-7 Club Orquestra, considerada o núcleo que originou a
37
Orquestra Sinfônica. A outra banda é a PRA-7 Jazz, que se tornou Jazz Band
Cassino Antarctica, ao se apresentar no maior cassino da cidade. A maioria
dos integrantes do Quinteto estava também na Jazz Band.
Ilustração 5 – Jazz Band Cassino Antarctica surgiu como desdobramento do Quinteto Max
Os músicos que circulavam no meio artístico, eram em grande número,
mas apesar disso foram praticamente os mesmos os que integraram o Quinteto
e a Jazz Band e os que compuseram a base nas três tentativas de criação de
Orquestra Sinfônica.
A diferença substancial é que na terceira tentativa de se criar a Orquestra
Sinfônica da cidade, a emissora de rádio PRA-7 já estava consolidada na
sociedade e, mais do que isto, seu presidente era o mentor da nova iniciativa
de criação da Orquestra. Max Bartsch possuía há 10 anos sua própria banda e
que se apresentava na emissora. O fato de a rádio transmitir programas de
concertos para formações pequenas e shows serviu de chamariz para outros
músicos em busca de espaço para exibição.
38
2.4 PRA-7 e sua importância na criação da Orquestra Sinfônica
De simples colaborador na criação da PRA-7, como fazia com inúmeras
iniciativas, Bartsch chegou a diretor e presidente da emissora. Entusiasmado
com a idéia da radiodifusão, tornou-se um de seus principais idealizadores e
sempre garantiu a exibição de grupos de músicos locais ao vivo nos estúdios
da rádio, o que abriu grandes oportunidades para os artistas e vieram se somar
aos espaços existentes como cassinos, teatros e saraus.
Esses mesmos músicos que “incharam” o Quinteto e originaram a Jazz
Band integraram ainda a primeira orquestra da rádio, a PRA-7 Club Orquestra.
Ilustração 6 – Max Bartsch sentado, ao meio de camisa branca e gravata escura, tem a seu lado os integrantes do Quinteto Max, o maestro Antonio Giammarusti e demais
músicos
Na foto, é possível observar que um músico segura a placa com o nome:
“PRA-7 Club Orquestra”, onde Bartsch aparece cercado de músicos e com o
maestro Giammarusti, todos funcionários da emissora. Dali para a criação da
Orquestra Sinfônica foi um passo. Essa foi, na verdade a base da Orquestra
39
Sinfônica que o alemão criou, inclusive com o mesmo maestro do concerto
inaugural da orquestra.
A participação de Max Bartsch como músico na tentativa anterior de
constituição de uma orquestra serviu naturalmente de aprendizado no que se
refere às necessidades de manutenção de uma organização musical desse
porte que lhes são inerentes. A imprensa da época soube captar esse
momento. A criação da Sociedade Musical de Ribeirão Preto encontrou eco
extremamente favorável nos jornais da época, como a notícia publicada no
Diário da Manhã em 25 de maio de 1938. 43
O filho do imigrante, Adolpho Bartsch, lembra ainda hoje de algumas
dessas reuniões que ocorriam quase que diariamente em sua casa após o
expediente, quando ainda era menino e via os músicos que discutiam e
tocavam instrumentos. Para ele, a música foi a grande paixão do seu pai.
Era a terceira tentativa de se erguer na cidade uma estrutura que
permitisse a existência de uma orquestra de maneira menos efêmera. A
imprensa destacou o evento com uma manchete que reflete bem a questão:
Mais um esforço artístico A Sociedade Cultura Artística de Ribeirão Preto teve vida
ephemera. Entretanto não lhe faltou assistência desvelada de um grupo de seus dirigentes e a boa vontade de um grupo de pessoas inteligentes, capazes de sentir a sublimidade da música.
O dr. Dario Guedes, frente aquella instituição, deu tudo que lhe podia dar. Tempo, dinheiro, intelligência.
... Todos esses esforços foram em vão. ... Quais as causas do fracasso?
43 “Temos acentuado por diversas vezes, a necessidade de contar a nossa cidade com uma entidade musical que
reunindo todos os profissionaes locaes, possa attestar com firmeza o elevado grau artístico-musical de nossa terra,
que, pela falta maior união, não tem lá fora a repercussão que era de se esperar, nesse terreno. Agora, por iniciativa
dos srs. Max Bartsch e Francisco De Biasi acaba de ser fundada a Sociedade Musical de Ribeirão Preto em reunião
effectuada, do dia 22 do corrente, na residência do Sr. Barstch”.
40
São múltiplas e não vale a pena esmiuçá-las, mesmo porque, esta é uma nota de registro à margem da fundação da Sociedade Musical de Ribeirão Preto, que se apresenta, pelo seu programa, e pelas pessoas que estão à sua frente, com credenciaes para constituir uma explendida realidade.
A Sociedade Musical pretende: a) reunir todos os profissionaes, na sociedade que será
syndical; b) o bem-estar dos músicos; c) realizar pelo menos 6 concertos annuaes.
44
De fato, Bartsch trabalhou no sentido de garantir a sobrevivência da
Orquestra.45 Pragmático, costurou alianças em torno da idéia comprometendo
personalidades que garantiriam o sucesso da iniciativa depois de duas
fracassadas tentativas. Colocou na diretoria pessoas de inteira confiança, como
dois dos primeiros integrantes do Quinteto Max: Francisco de Biase, como
primeiro secretário, e Camilo Mércio Xavier, como primeiro tesoureiro. Na
Assembléia Constitutiva, realizada em 23 de maio de 1938, conseguiu quorum
para conceder a sra. Joaquina Gomes, irmã do compositor Carlos Gomes, e
que morava em Ribeirão Preto, o título de sócia-honorária.
A Prefeitura Municipal, principal subvencionadora das bandas que se
apresentavam nas praças públicas não poderia deixar de ser envolvida no
projeto. O prefeito Fábio Barreto foi eleito presidente de honra da Orquestra
Sinfônica. Um vereador de destaque na época, Joaquim Camillo de Mattos, foi
eleito orador oficial da Orquestra. O programa de estréia da Orquestra
Sinfônica fez questão de citar a relação de personalidades que compunham a
diretoria.
Para garantir a preservação da Orquestra era preciso criar a figura
mantenedora, no caso, a Sociedade Musical de Ribeirão Preto, que seria a
pessoa jurídica responsável pela manutenção físico-financeiro-administrativa
44 A CIDADE, capa, 24 de maio de 1938
45 STRAMBI, M. de S. Op. cit, p119 e 126
41
da Orquestra. Com as alianças que fazia no meio político, empresarial e social,
Bartsch sentiu-se à vontade de imprimir novos hábitos na cultura local.46
Foi assim que ele conseguiu sensibilizar as empresas locais a fazerem
doações para as instituições filantrópicas, artísticas e educacionais.
Evidentemente a Orquestra Sinfônica se enquadraria nesse critério. Foi ele
quem difundiu a prática do mecenato. Por outro lado, ele era ciente do poder
de articulação que possuía. Como presidente da PRA-7 a partir de 1934
realizou a “Campanha dos 2.000 Sócios” para que a emissora conseguisse
manter no ar programas de qualidade. A PRA-7 virou uma rádio-clube. 47
46 Ibidem. Op. cit, p119.
47 REZENDE, A. L. & SANTIAGO, Gil. Op. cit, p101.
42
Ilustração 7 – Verso do programa do primeiro concerto da Orquestra Sinfônica da Sociedade Musical de Ribeirão Preto, em que são apresentados os nomes da diretoria
Considerada um sucesso, a campanha garantiu a manutenção de um
cast considerável. Em 1936, a emissora se orgulhava de exibir em campanhas
publicitárias que possuía Orquestra de Salão, Orquestra Típica, Orquestra de
Cordas, Conjunto da Madrugada, Quinteto Max, Trio Original, Quarteto PRA-7
e Grupo Regional, além de um quadro de cinco solistas fixos: Edu Rangel e
Geraldo Mendonça (piano), José Gumerato (violino), Caetano Lania (flauta) e
Manoel Silva (violoncelo).
43
Na “Campanha dos 2.000 Sócios”, Bartsch conseguiu demonstrar um
poder de mobilização social muito grande que incluiu até a imprensa local na
convocação da população para aderir à causa. Não haveria porque a nova
Orquestra Sinfônica não dar certo.
O tamanho da influência de Bartsch foi tão grande que garantiu a
transmissão ao vivo do Theatro Pedro II, na noite de 22 de setembro de 1938,
pela PRA-7, do concerto de estréia da Orquestra, incluindo o discurso do
orador Camilo de Matos. As condições com que Bartsch conseguiu embasar o
surgimento da “sua” Orquestra Sinfônica imprimiu à iniciativa características
únicas que os antecessores, por mais engajados que fossem nas atividades
sociais como eram Dario Guedes e Ignácio Stábile, não dispunham para
garantir o sucesso de suas respectivas iniciativas.
44
Considerações Finais
45
Político sem ser partidário, nunca ocupou cargo nos governos municipais
ou foi eleito para o Legislativo. No entanto, seu poder era grande. Seu carisma
foi ressaltado em inúmeras fontes, mas em nenhuma delas, houve indícios de
um homem que tivesse qualquer desavença pessoal, profissional ou mesmo
política que comprometesse suas ações. Nos processos trabalhistas da época,
que integram o acervo do Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto, não
constam ações contra Max Bartsch, apesar de suas inúmeras ocupações como
diretor em diversas entidades.
Gerente da maior empresa privada da cidade na época, a Cia. Antarctica
de Cerveja e ao mesmo tempo presidente da PRA-7, soube como ninguém
tecer uma rede de influências que envolvia políticos, artistas, religiosos,
empresários, fazendeiros, administradores, etc. Revestiu essa habilidade de
um ar carismático, próprio de um talentoso articulador. Como músico aprendeu
a conhecer os bastidores de uma orquestra sinfônica ao participar da
Sociedade Cultura Artística de Ribeirão Preto e viu de perto os problemas que
eram preciso enfrentar para manter uma orquestra em atividade constante.
Ao aliar essas duas características, Max Bartsch criou a Sociedade
Musical de Ribeirão Preto e consolidou uma estrutura que lhe permitiu manter
em funcionamento a Orquestra, diferentemente das duas tentativas anteriores.
Reunir músicos à sua volta nunca foi problema. Instrumentista talentoso,
Bartsch criou o Quinteto Max que, em dez anos de atuação, conseguiu
aglomerar em torno de si uma dezena de músicos ansiosos para participar do
grupo ou mesmo de se apresentar na rádio PRA-7, onde o Quinteto tinha
horário cativo e de onde era presidente. Soube, então, aproveitar as condições
46
favoráveis para criar a Orquestra e o fez com maestria, garantindo inclusive
transmissão ao vivo de seu primeiro concerto pela emissora de rádio.
47
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48
Fontes - Jornais: A Cidade – Ribeirão Preto, 1938. O Diário – Ribeirão Preto, 1938. - Arquivos: Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto - Entrevistas: BARSTCH, Adolfo. Filho de Max Barstch, fundador da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto. BARSTCH, Henrique. Neto de Max Barstch. GAETANI, Luis. Presidente da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto no período de 1976-2000.