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l
A moda e uma im po rtan te a tr,e ade producao e e xp re ss ao d a cultura con-
~~"~~1poranea , Tan to apresen t a r ef lexes e r ef er enc ia s da soci edade quanto dos lJ lSOS
c c os tum e s d o c oti dia no , A d in am ic a da r nod a p erm it e r ef le ti r, c ri ar , p ar ti ci p ar ,
II 1_ cragir e disseminar estes COSH unes, Po ; tanto, 0- d es en vo lv ir ne n t o e ,a expresss 0
~~!! moda ocor re rn a partir. das jnter - re la co es e nt re a criacao, a c uI tu ra e a .'te)CD,O~
I~~ [:ia,.b ern com o d os aspectos h is to ri co s, s oc io pol tt ic os e e co ,om ices,Neste ',e' to nos, re fe r imos il l expressao da moda 1)0 seu sentido 'i ais am-
II [I. lOU. seia, como urn conjunto de fatores que ...•orrem por meio dos 'pro-
.lu to s d es err vo lv id os e elaborados po r designers na mdnstria f da. micr o :a .
!I~ultinacional) ou nos sistemas artesanais de manufatura, Aquinos referimos
I~ '. designer de . moda entendendo este 'COln.O 0 profissional responsavel pela
~I i~I,~ao projeto do produto, pelo desenvolvimento e acompanhamento da
I I'll ~ H . I ~ ' a o , 3 . ' . e a u, ti l iz:a, ,~:aodo produto desenvolvido.
Mas moda C01TIO expressao tambem diz respeito a maneira como as p,e~~l-
II~
~I~ elegi eIn. e utilizam produtos g er ad os p ela industria e pelo mercado de1 1 1 1 , ida OU pelos produtos industrializados e geral, jsto e J . a forma como elas
"'lll~Ll.nizalnif compoem Sf'U,estilo de vida qu e vai alem do sim ples v estir - en-
vnlve a. casa (n d : b [ i t ( . l t ) j as ob jeto s e produtos utilizados, os lugares que fre-
'L 111~l"rnta"mJern (0:000 as op'~5,esculturais que adotam para compor a sua vide
,i lS Sf'U8 referen ciai s i
I " , . . e : , d 1- • d d . .' I ~ . K · -h· C ' ' J I l L E]· 'N I-I '_';,L: a r hgo e ' l ee i ca c .0 ' _e maneira [e.s.pecnl a t re s p es so ss : ,: att 1 1 m' :asti w ~ . o ~ . ~ ·oize r ava on e
H'r.d,do Lima, q ue m e inoentivaram e, de ' certa forma, desafiaram para que ellretomasse estu-
i I I ~ ' .l· Icxtos h a . muieo terneo g ua rd ad os e arouivados. . ~JI
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.' 0 SO p en sa m e n to E : construido a parti r d a c om [ } ec ns a. ~ '.I , " ] nil od a como
urn cam po die conhecimentos no qual 81e entrecruzarn Vi tins relacoes advin-
das de distin ..os saberes, Entao, entre' demos que a t moda pode ser lida e ana-
I is ad a ,a .p ar ti r d e diversos a Ih ar e s, acepcoes QU. conhecimentos ...Neste artigo
trataremos de algumas poss ib i lidades de relacoes constituldas en..I e .' a moda ~
a arte e .0 design; CaDlpOS amplos, complexos e :fe'rteis DO estabelecimento de
cruzamentos e no rompimento de fronteiras, Na . contemporaneidade, estes
c,a.lupos sa.o tao in te gr ad os q u e, POt m . . it as v e ze s, dificuldades se apresentarn
para que: separacoes entrl€ e le s sejam realizadas,
DID sensfvel [80 o;b, je! to idlo cot ldlano
l"'f'! d " da exi d l · id danto a arte quanto .0 ." esign e "a.mot a existern en1 razao ,.-a atrvic a e
humana; da interferencia do con':ecimento humane sobre amateria que, 50 ·=
mada ao universe do s en si ve l e d a estetica, da. forma ao objeto, 0 desi gn. s oma
estas relacoes ao objetivo de um ..t prop osta, por vezes entendida como fUll\30
at ser alcancada ..Mas ,e impo rtante verificar aqui que a. funcao na contempora-neidade nao ,e restrita apen,31S ;a . utilizacao de' u.mobjeto, e tambem relacionada
,3 , satisfacao, it fruicao, a experiencia, ao valor, ,3 ; rea liza,~io de uma ;a~,a:o,.
E s te s t re s c ampos . de ccnhecimento: moda, arte e design referenciam e re-.~.
fletem os fatores culturais de uma epoca, e tambem podem proper ou rep·re-
sentar context os de questionamentos relatives aos valores e forrnas de p'ens,ar
e agir d e : uma cultura num determinado mom ento,
A arte r eg is tr a e r es ga ta 0b ela n o se u se ntid o m ais a mp le (que n ao s e r ef er e
apenas a b ele za ), a p ar tir d o p en sam en to , I ei tu r.a s.o u in te rp re ta co es d e sel l . au or
sabre 0m undo q ue 0r od ei a e d as c er ac te rt st ic a s d o t empo n o qu al : fo ip ro dn z id a ,
o design nao atua diretamente no questionan ento do . belo, como Ie pro-
prio da arte, mas pode tomar como p·8.rtido a . estetica ,quese constitui em uma
epoca ou resgatar as caracteristicas esteticas de 'urn determinado tempo, No
de'sign Gonsiderado m.oder .no, uma. das marinlas. er a que ,0 o bJ e to d e" i ta f ail ar
pOl' s i m le smo e nio tratz,er cla,r,ame'nt,f , t i l identidade de s'e'u autor~P'ore.mj' .0
,desig 'n contem.poraneo , este fa 10 :p.ass,a a . se es tabele,cer mais claIame,n te . .Po=·
demos ildentifica.-Io .nos. trabalhos e :pr ,od.. tos. d. 'e .David. Carson~ N evi.Ue·Brody,
Ph .m l l " S :~ " ...: 'iJ1lPJPf': ta:n;:~"I q : U . € ·sao no'torl'OS nesta. q u e s l a . O . .
81
I I I II I I • III I ' • . l. ." I I ., I ' - - '1
1 \ nUHJ'l, k ~[ SU"l vez, s·-m I.re ~1.~Ln)Uo sem id " d e d ei xa r c ls ro a.marca, 0
II' 11 ' 1 'e~a g ri e· ]a etiqueta do grande criador, do estilista OlL do d.esigner., Atual-
.1 . -ntc, p odemos perceber que h2 1duas t en de nc ia s . .Uma que continua estabele-
~1 , l'! a marca do criador demoda e 0- '1 tra q . re, po t conta da industria' iz ac ao o u
I' II " op~a,) de detern inada marca ou segmento d ie produtos, 0 criador, estilista
I II,~des igner deve ser anon im o , pois 0 (['D.ese destaca e a . marca da ell}p:resa"
Sobre a re'I,a~iomoda, arte e d.•,s·ign
N a tentati va de focar a ampli tude da. relacao moda, a rte e d es ig n d e forma
11 '11'1ouco mais objetiva, propomos neste texto a divisao em cinco t I6 p :~ co s. q u e
II~I: ~arn os seguin ties as p ectos:
I, +. ,0 objeto: moda x arte x.design
2 ~A moda e .0 desig n r a! ar te
3~A . arte na moda e :00 design
4,..A moda -arte
5. 10 design de moda
o "bj-tol: modi 's x a rt: e x de·s'il
,0 objeto, seja el e d e rnoda, de arte, seja de design, pode ser entendido
...,uno 0 reflexo de seu tem. .o e d e sua sociedade, Para construir seu objeto,
estes tres campos d..conhecimento ~.moda, arte e design - trabalham com se-
melhantes elementos basicos da composicao visual: formas, cores, Iinhas vo-
~umes e texturas.A obra d e ar e, assirn como oproduto de moda ..0 - " de design,
resu ta o em urn objeto aberto e snjeito a s diversas interpretacoes, (ecri:~uro,es
ou releituras, tanto do ususriorebservador/espectador qu.anto do interatcr"nos objetos e p,[oc.essos que utilizam tecnologias e s is temas. digitais, virtuais e
~ .A . denominacao receptor , f . : d atad a d e 1 .620 e f 'O] utilizada para. indica r no proces ,so de ' ,0-
n~. J n . i . c a < ; a o 8. 'que] ,e q lIe' receb:ia e: d . e c o d i f i . C ' a · v a a.m.en~agem~Perante as ]1I0V'~;s' l t l 1 . t d · as ~ a ,s tec-
nolo,g"as d e ~·nf.oFma~a.o e o o : m u n . l . c 3 J . c r a o 0 .rece:p~or on ' US - i l l a . r i o aSSU111,eurn. novo ' p~ lp ,e~ 'l 'lUnal
nom.'enciatllra nla:lS abr.~l1.gentepassa aser adotada~a de _tenlt!or" <QU.eja.J aquele qu e n a . O
~.pen.a:s:n~cebe' IOU uH iHza ' 1 J1 11 ,an f o r n l e l l < ; : : a o au 'ptoduto~ ma s ta"mbem age e :in tera.,g...pa[ticipan~
d o d .e f o r :m a a d v~ ,atuan~e.Es:t,e t ,eJr.l110 e cunhado pO l " J ane:t Murr.ay em sua . ()b[3 .Htj:~nlet·0tJ l ~'he
b o . l o , d e c k , dll!: 99 7 J e' disseminado : 1 1 0 0 :BrasU por .Ad.indoMach3.do~ aJ p~r~if'de seu t ex tn , 0 $ujeitn
1'0 db'e-r~pafo~ ' pub 1 ic a .do e 'm 2 002 "
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mobilidade bern .' ,1110 de outros desig .iers au , : 1 . , profissionui s, i'I,"cr! rc , 5/ : dos
'. d' -."' "Il lau; ,. .l .versos se gmentos ,P ro' ISSlOn"al$..
Os gl"ao ldes criadores lancam suas cole~oes nas capitais da moda, e 0 es-
tilo lancado, ...urn aspecto proprio ,a _ vanguarda, e revisitadovrecriado, citado
au dilufdo para atender ,ese adaptar aos materiais € i ,s tecnicas e visbilizar a
demanda produtiva, industr ~al e comercial , 0 'ancamento de colecoes e pro-
du'. os de moda industrializados ou manufaturados tambem a tendem a, um ci-
clo, previs 0 ott 0.:),0,. de recriacao Oil. de adaptacoes nao previstas, ou, como
virou chavao atualrnente um processo diecustomizacao, O'Ul podemos dizer de
forma mais abrangente, de individuacao ..A e poderiamos chamar este proces-
so de intera'f.,ai ,o~Q uantas p e : ' r ; . , a s ~ ,s ejam r ou p as, sejam acessorios, sao u ti izadas
dieforma completamente diferente e ate mais ' ir reverente do que sua proposta
inicial e comercial, Pelizmente, as pessoas, num pulsa I de criatividade ou pela
necessidade de distincao de urn grupo" rompem com os padroes ditados pela
industria e recrian '. transformam, defo rmam, subvertem l],SOS,. sebrepoem p,e-
,r:;;;Ji,~ rec 0 ' rtam partes desfi am-. ad aptam e dessa fo rm ' : I I p' 0 ' dem ' ' ' 'O - ' I [ ' ' n ' ~r ;:J 'Pi;;;!iI(");' l,1"11: 1 " ") _ - • " ' 1 tl Ii . - . • _ " ·c ! ! AJ· J,.......,. ":).:.. ~ , it.l, "Q " , " ..;\r., - .J , " Gl I, , Q ! _ ' >, )
perene em sua,cole~aoindividual de costumes,
Os designers normalmente atendem at demandas da industria, do comercio
OU, do setor , d i e services com vistas ,i t solucao de problemas, Atualmente, porem,
cabe ao designer tambern propor solucees inovadoras antes de uma solicitacao
de'demanda, Porque ho j e , mais do 'que em qualquer outro memento d a histo-
ria do design, 0profissional desta, area e aquele que" a partir d e urn panorama
cultural e soe m al, ap resenta propostas visando melhorias da qualidade de'v ida
d '·' se r b ' U· ' a"no",em seus nuclI eos socioci ..tu rais ,a, eco 1 ; " " 0 " micos' I . Js.. '~_ ~ _ ~_J3~, . . ~ ~ ~~,.,.IW" . '." ' Ii w ~ .. J!4 . "".... '."1
Os objetos cr iados no lbnbi.to cia,moda da artie 0u do design, 0.0 entanto, 5 . 0 > - ,
brev iv em em razao de dois caminhos. Urn e 0da inovacao, significacao if expres-sa o ' qu e v a i alem "If ur n estilo, d e u rn ,tempo det erm in a do e das relacoes merca -
do16,gicas~ 0 , ou.tro c am inh o se ' del,e m ,ra .z ao d e u nl c i cui to industrial, e "olnercial~
, en .t endendo a .qu i a . ' re la t; .ao comercial tanlbem como uma, r e : [ 3 J : c ; ao , de serv i t(o s 'que
ate,ndem ,a . den1an.da ,dese'nfr,ea.da t lp ica ,do ca l i ta li .smo e do consumismo..
Ev]df!'nb~m,enteJ p e'n s, an do em O 'u tr ,a vert ,entc) '_c o,demos falar da, ple'~a 'uDi~
C at e , e x c l l i u s i v a em cOlltraposi9io a pey 3l ou .aoo'bjeto reproduzido em serie'~E
neste , a , m l b i t o '.er,lamas a . arte em u,ma e s : £ e r a . , ,amoda ie 0 ,dles'ign e s t t ru . ri a n 1 . , e m
o u t r a " M,as e importa.nt,e de'sta,carmos q : u . r e ,a , questao d a reprodlu'rio d ,a obra
I
40
II I' I . · I ~ )obj -to d e a r tf ' ~ ' . ' L se I C " I IP res n t c h '~ m u w to' m a i s de IJ111 s l e : " ulo. Podernos
IIrllillHU" aqu i0 exemp 0 celebre e classico das ideias e concepcees de Walt,er
[
I' i ; r~ j amin ern seu tex to ,A obra de ar te na e p ,0 ca . d e s u , a. r e p r o d u t -i b il id a d .e ; t e e -
'~~~ ,l porem, devemos lembrar que mui to an tes disso, desde 0, seculo X~, a
~~nl~ca da gravura e da estamparia em papel ja , trazia implicita a questao da
I~1 1 roducao d a abra. no un verso da arte ,
, !! A moda e 0 des i l gn - 1 _ 1 a - I le ~
A moda, 0vestuario, os ambientes e os objetos sempre foram : r e g r u . s t r a , d o s ,
I~i.~obras de arte die diversas civilizacoes, nos diferentes tempos historicos.
I~,~II" t . : D l nto~sao encon trades, podem estar presentes e ser estudados, resga tados
.'l :ii tados a par t ir do universo da arte,
Afrescos, pinturas, gravuras, colagens e esculturas nos inforrnam sobreos
~ t stumes de uma epoca e - assim dedaram 0papel de importancia da I noda e
IL t 1 design, ,Aspinturas apontam ,m u' l t o bem iSSQ"
Escolhemos 'urn exemplo, entre outras tantas diversas possibilidades, da
iii ' " I U 1 1 tura que registra e caracteriza a,moda e 0design de uma determinada ep 0"'"
, ~le g .ru: po soc ia l . .A pintura de Iean-Augus e Dominique Ingres, de,no,minada
A . -ondessa Hanssonville (Fig", J), demonstra 0 l leg '· 's ro d e 'urn deterrninado
...sl ilo de vida p 'or rneio dos detalhes da vestimenta e do am b ie n te Il]c_ e e ' s t i , Q <
I , ' ' ' X pressos " essa obra dy e arte,
F!i,~I _ ,J ean...Augustt '
'Do:min~que I n g J r . , e s
( 1 ' 7 80 -1867 )
'Detalhe do
r ef le x o n o
es,pelh,Q
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,A condessa, de I e lc clara, hlbius rosados OU10S azuis sohrunc . lhas curvili ..
neas e cabelos castanhos, e r"~ratada em um vestido d tecido encorpado, pro-
vavelmente tafeta, a saia justa. na cintura com pregas largas que conferern U1l1
volume que remete ao franzido e"provavelmente, embaixo da saia existam v a , -rios saiotes que reforcam 0seu Formato balao, bern como valorizam os quadris
largos ..A blusa e destacada por volumosas mangas com lacose apresentam urn
recorte pouco abaixo do ombro debruado com detalhe nomesmo tecido, Os
ombros da b lusa , do ve st ido sao ligeiramente caidos, enfatizando a figura curvi-
linea.Ha uma delicada renda sobreposta nas mangas e no decote do vestido.
Os complementos e acessorios tambern nos permitem visualizar a
moda da epoca, A personagern usa joias de ouro - pulseira e aneis com die ..
talhes em pedra preciosa. 10 cabelo e dividido ao rneio e uma grande tranca
forma urn Icoque na altura da nuca, onde ha uma composicao de fitas qu,e
criam uma flor . .
0 ambients, apesar de focado s o em uma pcquena parte" tambem nos
fala dessa epoca, de uma deterrninada classe social, da concepcao de design
daquele memento. Objetos de porcelana de Sevres, vases e anfora dieazul In-
tenso e: caracteristico, Na parte frontal d o vaso de Sevres, em maior destaque
na pintura, ha urn circulo branco com ilustracoes florais e detalhes dourados
que delineiarn e destacam os contornos ... a p',e~aqUlecomporta urn arranjo de
flores naturais,
,0 movel em que a condessa esta encostada e de base retangular Ierevesti-
do de veludo em dois tons de'azul, sendo omais claro utilizado no tampo, que
,e finalizado com tachas douradas, 0tom de'azul mais escuro reveste a parte
frontale as laterais do m6ve I. . Po r todo 0 tecido de' revestimento dessa pecra
encontramos urn delicado bordado ,euma sobreposicao que pende do tampo'adornado por fitas, franjas e cordoes de seda com urn tipo de batao on broche
de ouro e piedras que se apresenta como urn detalhe, 0 movel e ' integrado a
urn grande espelho com moldura dou r a d a contornada porum cordone azul
entremeado porfita de seda,
As paredes do ambiente, pelo menos a area visfvel presente n,,apintura, ena maier parte' na co r violeta, finalizada por faixas bordos e Ulna . especie d ie
botao na terminacao angular. 0 restante da parede, na parte inferior e menor,
e ' pintada na cor branca com detalhes e volumes de geometria retilinea ..
~I:slaobra d ~extreme renlismo PC["I,11,11te 0 envolvllnento do observe-
I".. luzendo que el dcdiquegrande atencao a personagem tema desta
l'inlllra, ao seu reflexo no espelho, bem como aos objetos de moda e.de
II 'sign que tornam visive] a atmosfera desse memento e do estilo de VIda
l,qUli representado. . ..Jaro que podemos dizer que este exemplo e muito simples para se falar
Ih relacao arte, moda e design. Basta considerarmos que as pinturas realistas
Inham como principio 0registro quase fo~grafico de uma composi~ao des-
unada a este fim, em que urn dos principais quesitos era a demonstracao de
una tecnica que buscava a perfeicao, tal qual se apresentava na realidade, ou
ja, urn determi.nado modo de vida tido como a realidade perfeita. No exern-
plo apresentado temos uma modele, condessa ou plebeia (56 lngres sabia da
verdade] posando em urn ambiente construido, formatado para a constitui-
~ ; .1 0 . da imagem pictorica, compostop,ara estc tim.
Mas devemos lembrar que ambientes sao compostos e construidos se-
uundo os desejos ou a forma que as pessoas em diferentes momentos da
historia utilizam para retratar urn universo, real ou nao. E s o observarmosa febre atual do Second Life. 0 mais estranho e pensar que no seculo XXI
ainda as pessoas constroem ambientes que simulam a realidade tal qual ela
c e nao utilizam a possibilidade criativa de construir uma "segunda vida
digital" de modo completamente diferente daquela que existe na realidade
vivida, na "primeira vida"Para continuar a nossa reflexao, vamos tomar agora urn exernplo de pin-
tura nao realista e indicar como em outro memento hist6rico, 0 da pintura
moderna, a moda e 0 design continuam pr,esentes na obra de arte.
A pintura de Henri Matisse, Woman seated in an armchair, de 1940
(Fig. 2), apresenta uma mulher vestida com saia de comprimento logo
abaixo do joelho, em urn tecido que acompanha 0 formate do corpo e
com uma faixa que pende da cintura. Sua blusade decote redondo, man-
gas longas e ombros desestruturados e branca com detalhes florais ~m
preto. Os sapatos sao brancos e de salto alto. 0cabelo curto, logo abaixo
da altura das orelhas, apresenta volumes diversos, provavelrnente resul-
tantes de ondulacao dos fios . .
43
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Fig" 2 - Henri Matisse (1869-1954), Woman seated in an.armchair, 1940~
oleo sobre tela, 54x 65,1em, Colecao Taft Schreiber
0, ambiente destaca diversos objetos ,edetalhes decorativos "A porta e
branca com almofadas evidenciadas por Iinhas de contorno pretas, existem
quadros nas paredes que nos remetem a . pinturas e colagens. Sobre 0movel
de duas portas estao uma fruteira e'urn pate com duas asas, lcmbrando urn
objeto de louca ou porcelana branca, Ainda na parede de fundo, no segundo
plano da pintura, ha urn banquinho, U,Rl tamborete e urn pufe..
No primeiro plano da pintura, alem da mulhervha a. destaque dapol-
trona na. cor amarela e do pufe, onde repousa uma das pernas da mulher,
Logo abaixo da poltronav um pequeno tapete preto, e no mesmo torn de
vermelho da madeira que compoe os braces dapoltrona h,a uma mesa com
um vase em tons de amarelo Ie detalhcs em marrom e preto com grandes
.flores de formas organicas, bern, destacadas, que nos lembram mobiles ouflores artificiais,
Em contraste com a parede branca acinzentada, uma parede lateral preta
e'0pisotodoem azul que nos fazlembrar urn revestimento, tal como carpete,
com detalhes de linhas diagonais em branco,
Vernos nesta pintura, alem do grande' contraste de' cores e formes), urn
trabalho de"composicao altamente decorative. Observem que ate a faixa da
blusa d a mulher 'tern detalhe em amarel 0" no mesmo tom da poltrona onde
44 ,
I.Ll IL 'slu , sentuda. )s, tons l : k · v _ o r ! ' fI, a/uladn SoC repetem na pintura. Na saia, 11 0
~In~~)vld,:!r n p arte das flores
Basta compararrnos os dois exemplos de pintura; distantes no tempo, no
IN I j 10 e na linguagem auroral, porem ambas apresentam e destacam 0design,
.~moda Ie os modos dieuma determinada epoca, Apesarda diferenca de 9,5.
.mos entre a realizacao de uma obra e de outra, os exemplos selecionados nos
l;lzem perceber como a rnoda e 0 design sao partes determinantes da vida
hurnana, in,depen,dentem,e,nte do tempo. e do espaco.
'. A arte na m od a ,e n :o . d , l e s l i ' g ' n
A arte tem servido como fonte de pesquisa e refe-re'ncia para a criacao
c 0 desenvolvim,ento de projetos e produtos na esfera d a moda O'U do de-
sign. Por sua vez,varios artistas na hist6ria da arte desenvolveram objetos de
1110da ou de design. Talvez tenham utilizado 0 campo do design ou da mo~a
como referencia Oll foram despertados pelo objeto utilitario e de uso coti -
diana para a criacao de obras artfsticas, Estes, fates nao ocorrem ap~nasna
(o'ntemporaneidad,e, e sim desde 0 princlpio dos grupos e corpo~,a,~o,esq'~f'
deram origem ao design. Pelo menos aqueles de que se tern noncia ate hoje
e ja foram hlsroriados. . ..Alia.... .s pare -.-.q...e 0 · . · . · · ·mais con..em· · P . · ' O ' ~ I · ' - ' a . · . · ~ · n · ·o n e s t a q - uestao e a tentanva
1·,·,nos parece' .. ... L(U " -- ....- •.. ... . ... --... , ' " .. . - _. ., -
d .. . dix ..-ao e seoa..a r..... - . - o . · ·n t r e art e e . ' . ' , d . ·e s i g n e e n t r e desig.•.r n e moda.e ' i vi sa o e' "r·' -_ ,y I '.. I., . . c .... . .! l.. - .. . .., ,,, , - ... .
. Sobre a relacao artee design, Villem Plusser, no texto T he s ha p e o f th in gs :
a philosophy of design, apresentou muito bern esta questao afir~ando a visao
cartesiana e a necessid:ade da divisao entre arte, tecnologia e design, conforme
podemos ver na citacao abaixo:
A cultura burgues.amod.erna fez uma divisao entre 0 rnundo dasd .,artes e 0 da tecnologia e maquinas; assim a cul tura dividiu-se em ,,:ois
ramos exclusives: urn cientifico, quantificavel e(d.uI',d~,0- outro estetico,• I .I
avaliavel e ' flexi.v,ef.Essa divisao infeliz comecou a tornar-se irreversrve
no final do seculo dezenove, Na lacuna, a, palavra design formou uma
ponte entre OS dois. Ela p ,6 de : f a ze r i ss o p or q ue expressa a lig.a~3;O interna
entre arte e tecnologia. 3
.3 , FLUSSER, V . T he s ha p e o f th ings : a philosophy of design. Londres: Re'aktion Books, [9'99.
4 5 -
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E sta div isao g ero u no campo do design Lima dis, lISS,\u polariz·](ja. Para
distinguir 0 design da arte, ut iliza-sa a divisao entre 0 objeto om finaHdade
p ra tic a, u tili ta ria , e 0objeto com finalidade estetica N·· ·ste caso..·o ..d es..' '.·.··"-.'o-..,-.- " - " " .. - ... - .' .1 ' ' _, I. 'lgnecom-
p ~sto p o~ objetos do primeiro grupo e a arte por objetos d o se gu nd o g ru po .
C la ro , re sid e ai u ma v isao s im plis ta e u rn tan to eq uiv oca da: objetos utilitarios
nao despertam sensacoes esteticas e a obra d.eartenao tern utilidade,
.0 que diriamos da cadeira de Rietveld? Do vaso de Sparnevai D a poltro-
n a S acc o, d e Gatti, P ao lin i e T eo do ro ? D o p orta-g arrafas d e D u ch am p?
FI.~g.3- Cadeira Red Ye llow and Blue . .de R ie tve1dl19 c·l ° . ' ,1 " ' 1 9 ' · 2 3 " . . acervo...Ri.-....e."ve. . dJS--h. '..-.d.-, th..- c e . . _ , _ " , " .1[,) - ., ' ( ) . . " j "J f I '--__dJlII.CI ro-_erl-IJ_lUS.
, F l .g... ~ 'l.,aso-escultura Orkidea, do designe r Tim o S .oa rn .eva l 9 ,5 --3 : · O - . ilec·a~.· . · · litt 7. 1 .~ - ' , - - _ , o r - I -_ .I~I ."" :_ 1 .-T- · I IJ~I I a , J l , a " ,
F . , ! l g , , , 5 -Poltron.a Sacc-o,de Piero Gatti" Cesare'Paolin] e Franco 'Ieod - 0. ' ['0 -. - ~ ' 9 -, 6 -8 ' . _ Zan 0. ' ttaCollezione, . . ...... ) ! I. . ' - "- ' ,,,I. '. t I,
Fig, 6 , ~ P o r t a ,; o o g a r ra f a s ) de Ma rc el D u ch am - -p - . ' 1 - " - 1 6 ' A j ( ' '' '6 1 6 ' c.'.· m e. d e altura) G--.~,.ll.e . ' ~ S .·.....· h . . ' _ _
- . ., ,) .., "t' ".'- I . . ~ ' . 1 _ d ,: die-rla.C warz ..
Nestes exemplos, as questoes e propostas pfi itkas-utll itarias e estet icas
nao se ~i.sturam? Podemos dizer que estes objetos nao tiveram projetos e
nem objet ivos r A-It- ' S - - ' ' . . ' . , " . ' " . . - O"---'k 1id .. ~ . ..-I I • . , . ._ ' .. _ . . ",~ '" ~o _Tonaacco e 0 vaSO_T. > ea nao podem assumir 0 papel
d~ objeto e~cuItonco? 0 porta-garrafas, superutilitario como urn ready-made,
nao assumru funcao amplamente estetica, inclusive a de questionamento e'de
mudanca da e'na historia d a artei
A o bra d e a r t e , ao a t u a r nasq. uestoes da estetic ' 3 : ; 1 . . . da cI O " " ' n -empla r...-•..·'';fr '.i... '-' ;I . _ . ,, , _ I I . .1, ,,,aoa .rUl-'
cao, DaO teria como finalidade pratica e, ate poderiamos dizer, utllitaria, tor-
~ar 0 ser humano melhor, m ais consdente de seu tempo, da realidade que 0
circunda, de est imular a sua sensibilidadet
Quan ta s p in tur as , e scu l tu ra s , fihnes, contos, musicas nos s a o inesqueciveis ou
. s ao lemb ra da s e re lemb ra da s re la do na da s a momentos m3])cantes de DOI'lSaida.
o nrqui teto e lesign 1 1 1 ; " ~'Imeri .uno Peter Marino diz (lu,e trabalha enquan-
1[0 assiste a urna opera, P lis visualiza ideias, desenvolve projetos e produtos" ".cnquanto escuta musica,
Mas nesta discussao arte c design, design e moda, encontramos facilmen-
h!, discursos puristas que insistem ern apontar linhas de demarcacao entre um
..ampo d e conhecimento e'outro, Uma delas seria a, questao da producao dos
objetos em serie contrapondo-se a peca unica, A outra diz respeito ao fato da
rnoda nao poder ser considerada design, pois estimula 0consume, desenvolve
objetos sazonais e de curta existencia,
Sobre a divisao pe~a unica e peca reprodnttvel Ja falamos anteriormente
neste texto, mas vamos tomar 0 exemplo, no campo da moda (considerando
que moda tambem e design), do vestido de noiva ..
Ha uma industria pOl tras desta peca, como tambem ha 0 discurso e a
pratica da peca unica e exclusiva ....Pois bem, este objeto "vest ido de: noiva"
compoe a imagem de urn memento especffico.um ritual de passagem ..B " na
maioria das vezes, uti lizado uma unica vez, pelo menos e unico a cada casa-
rnento realizado, serve mais como objeto de conternplacao e d e fetiche doque para a finalidade pratica e utilitaria, Afinal, qual a finalidade utilitaria de
um vestido Ide noivai Podemos dizer prontamente: vestir, Ah, entao podemos
dizer qUle vestir ,e igual a.sentar em uma cadeira que e ' igual a utilizar uma ba-
tedeira de bolos? Quantas pe,'tas de roupas sao utilizadas apenas p,ara um mo-
mente, urn evento] 'Qual a finalidade pratica destas roupas ou looks que sao
utilizadosno ambito dos ri tuais depassagemi F'icam aqui estas questoes s o
para pensarmos de forma mais abrangente nas relacoes moda, arte ,edesign .. .I
Quante a s questoes die consumo e sazonalidade que a moda estimula,
vale lembrar q u,e as industrias, Ie0design industrial, nao atuam na fabricacao
de uma linha ou de uma ple\a para, durar para sempre OU para, todos os t iem . .
pos ..A propria historia nos comprova isto,
Projetos da Bauhaus sempre tiveram precos de elite, apesar da proposta
projetual ser popular, Produtos Id e ULM foram desenvolvidos ate a proposta
da escola se dissolver diante da fabricacao d e produtos e geracao de renda,
fato que interessava mais do que ,ensina:r e refletir sobre 0 campo do design.,
IG,eladeiras~ bat,edeiras"liquidificad.ores, m6veis e u,ma lista imensa de
produtos da I c. at ego ri a " .pu ro des ign») fo,ram e sa o desenvolvidos para ter urn
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tempo de vida, para screm sul stitu! ~OS)I reciclados, atualizu los. 'Ia l com o os
produtos de moda l
A questao nao esta apenas no projeto e desenvolvimento de um produto,
esta muito mais no ser social e 0 seu posicionamento perante 0 consume e
o ditame die regras, Romper com estas questoes esta alern do d es ig n, e sta no
papel polftico, criativo e consciente de cadapessoa que forma uma sociedade,
incluindo-se ai (clarol] os proprios designers que podem e devem promover
e st a re fl ex ao e 'acao.
Devemos lembrar que desde 0 inicio do seculo XIX os grupos atuantes
no desenvolvimento do design, em seu sentido mais ample ~ d a arquitetura
aos objetos utilizados pelo ser humano - eram formados por artistasv arte-
saos, designers e arquitetos, Como exemplo, podemos citar: Arts and Crafts
Mouvernent, Art Nouveau, Art Deco, Wiener Werkstatte, Oficinas Dresdener,
Colonia de Darmstadt, Deutscher WeTkbun,d, De Stijl, Royal College of Arts,
'G la sgow Schoo l" School and Guild of Handicraft.
Estes grupos formaram corporacoes, guildas, correntes e escolas que fo-
ram fundamentals para, 0 desenvolvimento e consolidacao do design e atua-vam de forma multidisciplinar, Nao se p:re'ocup avam com as distincoes entre
arte e design on entre moda ,edesign. Organizavam ..se em torno de'ideias, da
concepcao, do projeto e da producao, Fizeram historia c produtos para todos
os segmentos, Geraram bases solidas e fundamentals, porem ,por muitasvezes
8,8.0 esquecidos e ate desconsiderados.
Especialmente na Glasgow School ocorreu a formacao de' urn grupo:)
denominado Sister's Studios, em que mulheres Sf' associavam aos pares em
atelies para 0desenvolvimento Ide pecas do vestuario, entre outros segmentos
deprodutos, sob a esfera do design e da arte,,
A integracao, a multidisciplinaridade, a derrubada de fronteiras entre
campos da esfera die criacao sao fundamentais par,a a ampliacao do pensa-
mento, da reflexao, da as:ao na moda, :no design e em outros campos que
propiciem a interdisciplinaridade ..
A ;arte, seusprinclpios ,e sua Iinguagem sao importantes para a criacao,
seja em qual esfera ocorrer, seja a criacao e,~ moda, seja a criacao em design.
A partir da concepcao, do ato criador, e que 0 projeto se desenvolve e se COf-
p orifica em produto ou p,e' 'f a. .
Uma das formas J ~ pres :n, l : i ,n,:a.,~uoda arte na moda O'U no design ocorre
1")1" rneio das estampas e P'" [ronagens de tecidos, pelo desenvolviment:o de
' ,I ' l . 'c;asOt1 cornplementos do vestuario e da casa. Esses obje tos de moda tanto
podem reproduzir detalhes parciais das obras de arte como podem se desen-
volver a partir das referencias de umpcriodo, estilo oumovimento d e arte, ou
uinda, de urn determinado artista,
omovimento O p A rt, ocorrido na dec a da d ie 60 do seculo XX, apresen-
It ava em suas obras a discussao da visualidade a partir de questoes, efeitos
e ilusoes oticas, As obras eram exibidas em superficies planas, composicoes
abstratas formas seriadas que le'xplor;a,vam a relacao figura e fundo, resultan-
do em padroes obtidos por meio do emprego deluz e sombra e dos contrastes
tonais. Este tipo de' composicao causava no observador a sensacao de :movi..
mento ritmico ,ea pulsacao d a imagem observada,
Este movimento foi significative tanto para a publicidade como para 0
cinema, a televisao, 0 design" e a moda, Disseminado a partir da exposicao
The Responsive Eye , realizada no MOMA, em 1965, influendou e serviu de
referencia para varias colecoes de moda e tambem para padronagens de te...cidos, Vemosum exemplo abaixo, desen.volvidopela d,esignerBarb,ara Bro-
wn em 1'966 ,edenominado Expan s i on lO p A.r t . A estampa traz as mesmas
caracteristicas do movimento citado e seu nome referencia essa corrente da
arte moderna . .
F'ig .. 7 ~ B xp a ns io n O p A rt, de BarbaraBrown, 1966"aJcervo V&A Museum
Da:da a atencao despertada pelos padroes graficos criadospela lO p Art,
ate hoje vemos esta refere~nciavisual ocorrer ern colecoes atuais, como. no.
exemplo apresentado a seguir,
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.Fig~8 ~Catalogo Verao TVZ, toto
de Rogerio Mesquita, modele
Fabiana Tambosi, 2007
Por outro Iado, hiartistas que atuavam tambem como designers no desenvol-
v im ento de tecidos e de pecas d o v es tu ar io , N e st e caso, tem os as russa s Varva ra Ste. . .
panova, Lyubov P op ov a, N atalia G on ch aro va, A le xa nd ra E k ste r e as fra nce sas S on ia
Delaunay e S ho pi e T au be r Arp, e nt re o ut ra s, N o infcio do sec ulo XX , as f rancesas a tu-
ara m so b in th ien cia d o F auv ism o e Orfismo f' a s r us s a s" do Construtivisrno Russo,,
Abaixo, podemos observar algumas, imagens que reproduzem amostras
de tecidos e estampas criadas pOI A le xa nd ra E k ste r, V a rv ar a Stepanova, Sonia
Delaunay, sao exemplos dietecidos desenvolvidos por estas artistas-designers
Fig,..9'....Alexandra Ekster - Amostra de tecido, c..1920...1930"tela com impressao rnecanica,
34,5 x 22 em. Museu Estatal Russo, Sao Petersburgo,
F i, g. 1 0 _ ,V a rv ar a S te pa n o v a _ ,Estarnpa de tecido, ,c .19'20.
Fi~g.11- Sonia Delaunay - Amostra de tecido SD 146 _,1926, algodao, 89x 49 em.
Em todos os exemplos anteriormente apresentados podemos identificar
como a producao para a arte do cotidiano ,e influenciada pelos movimentos
de' arte aos quais estas .a.rtistas-,d,esignersp,erten.ciam ou tinham contato, In~,
fluencias e referencias dos estilos artisticos saonltidas nestes trabalhos pelas
caracterfsticas compositivasvpelas formas e cores,
E ntre us designers 'U a lns v am os d csta ca r S onia Delaunay e V arv ara S te-
I anova p e lo en vo lv imen to I, JU~ tivcrarn COIn 0 mundo da moda, alem do de -
sign textil, e POf' estabelecerem a relacao arte, moda e design de forma tao
integradaas questoes esteticas e funcionais.
Sonia Delaunay, assim como Varvara Stepanova, associou a vanguarda da
.rrte a vida cotidiana, desenvolvendo objetos de uso a part ir da visao poli tica ,e
urtistica dos movimentos e correntes 80S quais pertenciam,
Delaunay teveuma butique denominada "Simultanee' e um estudio dedesign textil onde desenvolveu tecidos que foram produzidos industrialmen-
te, Em razao de problemas politicos e economicos fechou sua butique em
1930 e trabalhou ate o final ·deSU.a 'vida, em 1 9L
79' , .dedicando-se a encomendas
para estamparia de tecidos e ao trabalho com a pintura.
Vemos a. seguir dois trajes criados por Delaunay, Urn vestido de seda no
qual a escala cromatica ·ea composicao geometrica proporcionarn ritmo a
composicao da pe~a e indicam a simultaneidade trabalhada no Orfismo ..0
mesmo ocorre no Robe 'que ,e fei to com pedacos de' tecido, const ituindo urn
p a t chwo rk dinamico pelas formas irregulares empregadas, J a a cartela Ide te
cidos industrializados apresenta uma composicao de movimento rltmico em
diterentes possibilidades ,depadroes de cor, t ipicos do processo de industr ia-
lizacao e de comercializacao,
Fig..12~Vestido de seda, 107'x 80 em, de 1911.
Fiig.13'- Robe sirnultanee, de 1913 - Trabalho ,oom pedacos detecidos.
Filg.l4 ~Amostras de tecidos de SD945, I M 172, de 1930- crepe da China, 25 x 33 em.
Todos de Sonia Delaunay,
omovimento d e arte denominado Orfismo surgiu em Paris p'or volta de
1910 ,etern como caracteristica marcante 0 trabalho com as formas e imagens
abstratas a simulacao de m ovim ento pO l meio Ida aplicacao de estruturas cir-
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cularcs c de tonalidades cromatica diferenciadas em p ,e 'q u "nos (~·pal'f0s.0' tipo
de composicao resultante confere forte prescnca grafica aos trabalhos. Especial-
mente, os trabalhos de Sonia e RobertDelaunay sao marcantes neste sentido.
Estes dois criadores sao considerados os principais artistas deste movimen to.
o Orfismo trabalhava tambem com a proposta conceitual da busca pela
forma pura e a fusao entre asdiversas expressoes de arte, Neste aspecto enten-
de-se perfeitamente a proposta d e Sonia Delaunay ao relaclonar arte e design
e ao empregar a arte na vida cotidiana, em.objetos destinados ao uso somadosa fruicao estetica,
Por sua vez, Stepanova desenvolven roupas e produtos de design grafico
sob at influencia direta do Construtivismo Russo ..Este movirnentopropunha
a arte integrada a vida e ao cotidiano e isto deveria ocorrer pormeio da con-
cepcao construtiva das obras qu,e, pOI sua vez, deveriam ser desvinculadas da
representacao de imagens, No desenvolvimento construtivo aatencao deveria
estar relacionada aos procedimentos, objetivos Ie materiais, Estemovimento
partia dapremissa politica da Revolucao d ie 1917 na geracao de uma nova
sociedade, Portanto, os trabalhos artisticos e criativos deveriam ser funcio-nais e informativos e produzidos em massa pelas industries estatais.porem a
prodncao nunea ocorreu,
Pig, 15 ~Varvara Stepanova (189 ' ·4 ,- 1958) , Russia, 1923,.
guache sobre tela", 30,5 x 22 em, Private Collection 0
Rodchenko & Stepanova Archive
Anteriorm ente, Vlll:1US umu estampa de tecido criada po r Stepan ova ,que apre-
senta as caracterlsticas do onstrutivismo Russo. Os trajes desenvolvidos pOI ela
t amb em s e d es ta cam p el a s imp li ci da de e e co nom ia , t en do como obj et iv o expl:resso
por sua autora a praticidade, Apresentamos tambem a imagem do traje esporte
c ri ad o p or S te pa no va , t an to em c ro qu i d o p ro je to i ni cia l c omo em fo to gr af ia , ,e m
que a propria aurora veste e apresenta 0prototipo (F ig , I.S).
Podernos ver um exemplo de sua.atuacao como designer grafico. a capa
da revista Sovet skoe Khno. Neste trabalho grafico observamos a limpeza das
formas e da tipografia, a precisao das imagens e das informacoes: o nome da
revista, 0 numero, 0 ano em relacoes horizontais e verticals s , a o informacoes
presentes nos quatro angulos da capa., Sobre e na lateral direita do nome d a
revista faixas em preto destacam as palavras em azul, A faixahorizontal tam-
bern ,e utilizada como base para a imagem figurativa,
Fig, I 6 - ' D es ig n g ra fi co ; capa da Revista
Sovetskoe Knho.ns 1,,1927, fotogravura,
36x 26,7em.
Acervo do Institute Valenciano de Arte
Moderno, Generalitat Valenciana
Outros construtivistas como Nikolai Suetin, EI Lissitzky, Gustav Klut ...
s is (Figuras 17a 20) e Alexander Rodchenko (Fig. 21), desenvolveram varies
produtos de design. .Desde objetos para uso domestico no ambito do design
d e produto ate' objetos informacionais no ambito do design grafico ..
.F'ig~17 ...Nikolai Suetin
Design de produto: logo de cha com
decoracao suprematista e pintura
vidrada sobre porcelana, 1923.
Acervo do Museu Estatal Russo, Sao
Petersburgo
53
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5 - 4 · ·· ··~-
Fi,g..18 _,El L iss i tz ky
Des ign . g r af ico : capa d o li vro Seis con tos com
, f i n . a l feliz, de :UhiEhrenburgj 1922.
Po tog ra v ur a e tipo,gr,afia, 2 1 x l 4 :, 5 cm .Ac er vo do
Institute Valenciano deArteModerno, Generahtat
Valenciana
5S
.Fig.. 19 ~.HI Lissitzky; Design grafico: capa da
Revista Broom, vol, 5 ", nO 4, .novembro de 1 9 2 3 , . ,
R6dche'nko escreveu sobre os trajes de vestuario desenvolvidos por Var-
v a r a Stepanova, (0.111.0 0 macacao abaixo apresentado, Este t ipo de traje,
Rl1(~chenkodenominou como "roupa da producao", considerando que .0 traje
cxpressava a natureza coletiva da sociedade russa e apontava aproposta de
futuro tecnologico do modernismo e da sociedade sovietica . .Estas ideias par-
ticiparam do M a nife sto d e p ro d uc ao , publicado por ele e Stepanova no qual
expressavaln. a rejeicao a tradicao e eram entusiastas pela tecnologia e pela
ideologia comunista,o traje 1 01 projetado em la pesada, e detalhes em COUTO 8,ao encontrados
nos locais onde haveriamaioresdesgastes por causa do uso, Este projetc era
experimental (assim como tantos outros do Construtivismo Russo) e nao foi
produzido ern razao das dif iculdades polit icas e economicas da epoca, Vemos
abaixo .0 croqui do projeto inicial ,e"a seguir, a foto d,eRodchenko utilizando
.0 prototipo da roupa ( P ig , 2 .3 ) . .Xilogravura sobre cartolina, 28 x
Acervo do Institu te Valenciano
Moderno, Generalitat Valenciana
21( l2····c-ml:_(J) '. '._ •
de Arte
Fl~U" " 2'· ~ ; ; : ( ~ R · · . ·O'UP-: l1 da produ cao" V a rv 'a ra_ ~t ~_ " ' _ .Q_ 0 , .•. I . !! ) ' . . "T ....• , Va ..
Stepanova ..C. [9.22..Russia. Tinta e lapis de
cor sobrepapel}J5.5,x33 em.Colecao Par ticular
,0 R od ch en k o e a rq ui vo d e S te pa no va
Fig.~.20 ...Gustav Klutsis
Design grafico: cartaz J Q de mayo, dia de la
solidaridad proletaria intemacional, 1930~
Fotogravura sobrepape], 104,5 x 73em. Acervo
do Institute Valenciano de Art.eModerno,
Generalitat Valenciana ..
F~g. 21 Alexander Rodchenko,
Amincio publicitario da se,~ao de
Gosizd.at (Ilnpr,ens,aEstatal) de '
Leningrado, 1924. Potografia e guache
(original), 20,.4 x 29,2 em. Colecao
particular
Fig~23 ...Potografia de Alexander Rodchenko
com protot ipo da"roupa de producao" C.1925
Na relacao entre 0movimento artistico Construtivismo e .0 design e im-
portante destacar que as propostas deste esti lo fundamentaram a criacao das
"Wchutemas - Altas Oficinas Tecnicas e Artisticas do Estado Sovietico" Esta
escola-oficina tinha como objetivo format artistas ...designers e arquitetos para
"" 1 I I' lP I P I y ll I II I! t
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a industria a pa rtir de fundam ntos arttsticos, artesanais, cconornicos e so-
dais. R6dchenko, Stepanova, El Lissitzky e Kandisnky atuaram como profes-
sores-instrutores desta €scola . .
Vamos encontrar tarnbem na Bauhaus- escola que tinha como proposta a
integracao das artes e ofkios atendendo a industria e ao comercio - run pensa-
mento e uma producao relacionada a arquitetura, ao design e tambem a moda
Por exemplo, Oskar Schlemmer criou roupas de figurino teatral que foram pro-
duzidas em tecidos constituidos por rnateriais como a la, 0 rayon e 0celofane.
A questao da arte na moda e no design tambem se apresenta em dife-
rentes tempos e autores, Ha 0 celebre exemplo de Yves Saint Laurent com 0
vestido "Mondnan" apresentado na colecao outono de 1965, com a referenda
explfcita ao Neoplastidsmo e seu mais importante artista, Piet Mondrian,
11: .
Pig, 24 - Yves,Saint Laurent - Vestido "Mondrian'; 1965
Fig..25 - Piet Mondrian - Compos:i.,s:ao RedBlue Yeilo~1930. Colecao Armand P.Bartos, NY
Retangulos uascores primarias, arnarelo, vermelho e azul, s a o separados POt
fa ix as r et an gu la re s em p re to e c on tra st am com o s r et an g ul os b ra nc os , criando
urn ritmo dinamico, apesar das formas retilineas e aparentemente estaticas. amesmo efei to que ocorre no vest ido - objeto de moda que eita quase li teralmen-
te urn objeto de arte - ocorre na pintura de Mondrian, A C omp o s ifi io R ed B lu e
Yellowe revisitadae tern seus ecos ampliados pelo universo da moda.
1 3 interessante observar que 0pequeno retangulo em amarelo que est! no
angulo inferior direito na obra de Mondrian transformou-se em uma barra
retangular no vestido tubinho de j er se i de YSL. 1 0 10 re ta ng ulo a zu l no angulo
inferior esquerdo da pintura integra 0angulo superior direito do vestido, cons-
tituindo 0 ombro, parte da manga e do decote. As areas maiores da obra sao
compostas pelos retangulos vermelho e branco. Laurent mantem asareas maio-
I{ "~ 1 - 'I t l tubinho em branco e destaca O r r tangulo v errn elh o n a parte superior da
- 'I I" .' m be 11C
"I ' C I . P resen ta to d Ias ~:S divisoes marcadas P..or faixas :r,etangular. es..,em.lllrl~·n.~a11 . ' C; :~ , ~ (L I \ ,. , ,; ;; ! ! . . . I j . , ' '_ . ,' . a '.. . .. ..._
plein c, inclusive. 0 formato estrutural do vestido, urn tubinho, que t:unbemce
utangular, A grande diferenca de composicao entre a obra de'Mondrian e a de
Laurent encontra-se no ritmo diferenciado que 0Ult imo confere a roupa com
IIdeslocamento da faixa retangular na parte superior que quebra com 0padrao
L1 11 '( ' I i ' ITI ' p ·-.osic..3.0 criando assim 11m novo e maisdinamico ritmo a p e ~ : a .h, ...._· .l - ,
·Videntemente que Laurent nao apenas teve contato, mas estudou for-
- - - ] - , . ' t " e :'. .'.h'.c de Mon d · ria n--plara desenvolver este vestido, assim demons-IInLnlen rea 0 I ra 111;. " "_ I ' . ' c "· .. . ' . . . . _
~,·~~do total integracao entre dois universes que l idarn com a producao de
lui! tura: a moda e a arte ,
Outra forma de estabelecer estreita relacao entre a arte e a moda ocorre
q lando urn determinado perlodo historico-artisrico torna-se referen~ia para
, " ~ . i d uc . .- a· "0 ' - 'm m oda 0 Renascimento italiano ja fo i foote de pcsquisapara~ p r .o ' . 'j"..' - •.'. '.._____. .
I I" . . - . . - sos' d - ' . ' . . . . .. ' . ' . . .. ,. d , " ]" ..'mo d a- entre e le s 'C .h:'lr ist ian L a c r o i x " Iq ' lue.na colecao ou-~vlersos ._es,lgne:rs ',1 ,"- , , . .","" - '" I _ _ . ,. _~ _ ~~ _._. __ _. .
iono-inverno 2006/2007 ' ; associa as imagens complexas, as cores e os orna-
mentos do perfodo estabelecendo uma leitura contemporanea do Renasci-
mente no universo da moda,
o desfile de Christian Lacroix ocorreu na Galeria Rafael, do Museu Vile...
i l".. '. . ..... . - .. ' .d A .l -.e .: r- t e - m - -L -nd re s, o nd e o s e sp ectad ores p od ia m ver ao mesmoO!laani .. 1.11
1" I , . .•. . _ •. . , . _ . . "
tempo as pinturas do'mestrle renasccntista e as interpretacoes de Lacroix no
campo da moda ..
Jean Paul Gaultier e outro designer de moda que realiza umintenso tran-
sito entre moda, arte e design. Desenvolve colecoes de moda, figurines para
ine 4 \ ' " · . · t · · . ; ' . · ilos' d e d a' nca e rmssica alem de moveis, denominados deInema e esplea,CU.I_' T_'- .___, . _ _.
""'". ..i ' ."..)!)
S·.····a.s referencias da arte provem especialmente do Surrea li smo,.nven IVOS ., .._... . , ". "._,_ '. __.. ' _. .
do Dadalsmo e do Construtivismo Russo.
I . ~'llm'emos ver a seeui . 1 .-ns exemP1 ' 0 - 5 - ' d e e u a ' s co ecoes, nos q-uais a' '.. ' 1 1 .odemos ver a segulr agun,'" . ,I I . ' ' ~~ , . " . 'T"- . _. _ _
jogo entre 0visivele a. pretensamente invisivel, a relacao corpo, pe l e e tecido,
. , h . . 1 · d · , . .. . . . . - H ~-· .-, s - e - u ' a m · · ~ n t e• , _ ! __ . ' ' . - • - " , : . ' _ " 1 .' r i ' " ',1 ,'1, ', . , " - ' 1 . . , - ~ i . .4 No cinema, JPG desenvolveu os f igurmos de a c o zmn e u o , a .Q ra o , s ua mu~ er ,~ ,', . ", '\ '([ 989)), do diretor Peter Gr.f'enaway~Tambem para os f ilmes Ktka (199'4), dO~l[letor Pedro Al-
modovar, e Qu i n to e lem ent o (1997), do diretor Luc Bresson, entre outro.s_fi1m,e~,~.__.. 1
"
, . '
5 Com relacoes aos espetaculos, alem da danca JPG desenvolveu 0 figu[lI1lo do show Blond}, da
can to r a Madonna ..
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emque 0 corpo C0111pOe , constitui ou contrasta COIn a roupa, de torma decla-
rada pelo sen criador,
Pig, 2,6,.27,28"29 ..Pecas de diferentes colecoes de JPG e traje p~lra 0Ballet L e D,ejile.,
Ainda com relacao a atuacao de Gaultier na criacao de fi,gurinos) destaca-
mos um dos traies do Ballet Le De fi le , de 1'9B5~
Durante os anos 1980 e inicio dos 90 do seculo xx (especificamente de
1983, a 19'9'4) , lean Paul 'Gaultier realizou os traies de varios espetaculos ,d e
danca coreografados por Regine Chopinot, Em 200'7 Gaultier completou 30
anos de criacao em moda e 0 fato foicomemorado pelo Musee de La Mode et
du 'Textile, de Paris, com a exposicao denominada Jean Pau l Gaul t ie r IRe,gine
Chopinot ~ Le De f i le . .O' S trajes desenvolvidos passam a cornpor a colecao do
acervo deste museu e destacam a flexibilidade deste criador, os traces da al ta-
costura edo desenvolvimento de projetos no campo do design de moda ..
Tanto Gaultier quanto Lacroix, Versace, VivienneWestwood, entre outros,
sao designers de moda com espa~os dedicados e abertos a sua producao nos mu-
seus europeus, Assim, tanto 0museu ingt.es V&A - Victoria and Albert - quanto
o frances Musee de La Mode et du Textile; entre outros museus de arte e de de -
sign; tern como pratica a aquisicao de pecas de moda para constituicao de acer-vos.bem como exposicocs, catalogos, serie de eventos dedi cadas , ae st es autores,
117~·2002
~ . 2 1 1 c , " 1 O t ; ! I r : ! ' :2(QJ
A ""'l" rc!~b" . , I I ' ~ _ ~
...~~~v,_.P" o (o !"? wM o >o
~- ~~I_9>A""~~~' - ~I ~' 4 v ~i ~"~ ,
..- ~ b- r<l' 1 o t J ! I • ..,.j r . . n . : r
Fig,30 - Fotografia de Christian Lacroix no Fashion Motion ~·V&A- out 2006
Fig~3:1~.Bann er da Expos i~ oV e rs ao : e a t t h e V& .A - 20 0 2 /0 3 - Versace cole~olpdmal'Vera verao [99 '1
As relacoes arte e'rnoda ficam ai supercomprovadas, na medida em que os
CSPU€iOS institucionalizados da arte e do design (museus e galerias) aceitam e in-
corporaln. as producoes de moda em seus acervos, atividades e programacoes,
mt:nru~Wr'OtWa.M•"",""I.~~ Fig~32 -E mailpost card, Exposicao
Vivviene 'Westwood- V &A - 2004
'1\r de Kenzo" e outro exemplo que aponta arelacao estreita entre arte e moda ...
No Iancamento do perfume, ,e.murn andar da Maison francesa, odores prevale-. ,
ciam propiciandosensacoes, e ampolas de ar eram vendidas aos interessados, Evi-
d en teme nte , a r d e K e nz o e urn pe rf ume. por estemotivo .as relacoes com, odore s
e f ra gr an ci as , P or em , p ro v av elmen te s ua f on te d e r ef er enda f oi Ma rc el D uch amp ,
que em 1919 expos 0r e a d y-m a d e ( ,~0 ccAir de Paris" qu.e e ' uma ampola, como po~
demos vera seguir.Kenzo citou e referenciou Duchamp e entendeu tambem que a
relacao arte e moda tern constituido urn born repertorio de arte moderna,
Fitg~.33 ~ Marcel Duchamp - Ready -made , 5 0 ,cc
Air de :Par is ) ,1 919 . Museu de .Ar te daPhiladelphia,
Colecao Louise and Walter Arensberg'
No Brasil temos varios exemplos de designers demoda que transitam a
partir do universe da arte, Lino Villaventura e um deles e, entre os criadores
mais jovens, temos Ronaldo Fraga.que vern apresentando seguidas colecoes
com transite e as referencias advindas das artes visuals, musica e Iiteratura .
Colecoesque referenciam Arthur Bispo do Rosario, Carlos Drummond de
Andrade, Guimaraes Rosa e Nara Leao,
-
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Fig",34, 3S, 36 e 37 ...Imagens documentais dos desfiles de Ronaldo Praga, na seguinte
- - ' . . ~ . B '· - - dR" -e:.:
n - - d d " - d d . '- .e n e - n C ]a · l -, . -, ' " > [ , _ I ' '1 1 1 -, - 1 ._ , .• - '- " , - - .~ , -, ' - - - - '-' -'- " -
-q . ' .__ . ~~spo: 0.-osanoj , -rummon - '. -eAn ra - '.e, Guimaraes Rosa e'Nara Leao
Alem deatuar com a arte como referencia e repertoriode criacao, alguns
designers lancam mao de verdadeiras performances artisticas, tal como fez
[urn N ak ao ao apresentar a sua "colecao de papel" denominada "Desejos'", em
2004, durante a SP'FW (desfiles verao) em que tonica, foi a da efemeridade.
Outro fato que podemos considerar uma performance artistica e a cole-
c ; : , a o de 2002 de Renaldo Fraga denom inada (" 0 C orpo Cru", na q ual as pe< ;.as
foram apresentadas por bonecos pendurados [em roldanas, ta l como ficam
bois em ummatadouro.Porem, estaperformance tambem sofreu a interven-
,~aodo acaso, A engenhoca quebrou durante 0 desfile e as camareiras entra-ramna passarela carregando os bonecos, Foram muito aplaudidas, talvez ate'
pelo term ino da sensacao de desconforto 'qu,eos bonecos pendurados causa-
vam no publico, afinal havia ali tambem um questionamento sobre a atitude
e a representacaohumana perante a moda ..
A reacao do publico nos faz voltar 8.0 desfile de Nakao, quandoas pes:,as
foram rasgadas e 0 publico invadiu a passarela par,a p'egar um pedacinho do
papel . .No artigo publicado na Revis ta Cult nil82 ha uma refl~xiao sobre 0 ato
fashion performatico: 4 ; « • • • • ) esse desfile materializa muito do que se vern fa -
lando sobre 0 cruzamento de linguagensvuma das grandes questoes da arte
contemporanea. 0estilista e sua equipe conseguiram juntar, num mesmo 10 -
cal, moda, performance, escultura, fotografia video" musica e des ign ,"?
Mas ha u rn b or n t empo n o B r as il, d es de os a no s 1960 (0 que Sf:tern como registro
ate 0mem en to ), a d isc us sa o a rte emo da v er n s en do f om en ta da pe lo s dois campos"
s ej a p e la v e rt en te d o conh ecimen to , s ej a p el a v e rt en te me rc ado lo g ic a e i ndu st ri al .
6 A documentacao desta colecao, bern como 0processo de desenvolvhnento, foi registrado em
livro e D'VD como ntulo A costura do invisivel.
7 A moda como manifesto dearte, Re vi s ta C u l t, nSl 82,julho de 2004. Bregantini; SP~pp. 37-40. ,
,
6.0
Iloi ncssa decada que o Grupe Rhodia chamou artistas visuais para a cria-
I~~aode estampas exclusivas para tecidos de '6 0 sintetico ..[0 objetivo era 0 de
lancamento desse novo prodnto no mercado brasileiro. As estampas desen-
volvidas foram prodnzidas e compuseram a colecao de tecidos,
Na mesma epoca, no . campo da arte brasileira, Helie Oiticica traz a publi-
'0os "Parangoles" e Lygia Clark os "Vestives" Estes obje tos tornaram-se refe-,
n~ncias marcantes, especialmente para as reflexoes sobre at relacao observador
c obra, asquestoes do corpo e do objeto e a.moda. Evidentemente, as propos-tas destes artistas nao eram a de criacao para a moda, mas eles questionavam
c exploravam 0 universe de sensacoes humanas e rompiam com 0 distancia-
rnento entre obra e publico, entre artista e espectador, Desta forma, possibi-
litaram ate 0 que hoje chamamos de principio da interatividade pois desritu-
tram.a condicao de publico espectador e observador instaurando a condicao
interativa entre obra e fruidor ..Podemos dizer que constituiram com estas
pe~as objetos de arte vestivel, prenunciando a Wea ra , b l eA r t no Brasil,
Fig ...38 e 3'9 - Parangoles de Helie Oiticica e Vestiveis de
Lygia Clark ~.c. 1960
Oiticica propunha com os Parangoles a participacao ativa na obra de arte.
0ato de vestir as p ' e < ; : a s possibilitava ao publico-observador essa participacao
ativa perante a obra di e arte. A. pessoa trajada com 00 Parangole passava a ser
parte constituinte da obra, podendo assumir uma nova. e outra atitude ..
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Fig..40 e 41 ...Leonilson - R ata qu em co mp ro u a ver d a d e
. .bordado sobre voi le, 1991 e Arthur Bispo do Rosario
- Manto d a a p re se nta fa o - tecnica mista
Os vestfveis de 'Clark agiam como uma protecao ao mundo exterior, penni-
ti nd o q u: e0ob se rv a do r s c c on ce nt ra ss e n as s ua s s en sa co es e pe rc ep co es que eram
ativadas pelo barulho das conchas e outros objetos colocados dentro do chapeu
nos bolsos dos macacoes, entre outras intervencoes explora.das pela artista,
Ha outros artistas brasileiros, cuja obra pode ser analisada estabelecendo
uma relacao com,a moda, Neste caso, selecionamos Leonilson e Arthur Bispo
do Rosario ..Algumas obras desses artistas, principalmente as que utilizarn te-cidos, p,e,'tas do vestuario, lencois e bordados, sao referencias para a criacao e
-0 desenvolvimento de produtos emmoda,
Salvador Dali tarnbem criou, no ambjto d a arte surrealista, pe~as de vestir..
Provavelmente influenciadopelo contato com a designer de'moda Elsa Schia-
parelli, com a qual desenvolveu 0chapeu sapato, 0vestido lagosta, a bolsa tele-
fone, Schiaparelli foi profundamente influenciada pelo Surrealismo, atuante e
muito proxima dosparticipantes deste movimento d ie arte.Desenvolveu cole-
~oes cujos sapatos, balsas" vestidos traziam a influencia surrealista,
14 4, ~' ~ "
Fig . .42 , ,,43 , e 44 - E lsa Schiaparelli ~ C h a p eu - s a p a to ; Y e st id o L a g o st a ; M o n k ey S ho e s
6 ,2
! 1, : .1 I1 1 ~ ' 9 5 l , D all criou urn vcstido de festa 1 0 0 1 1 1 saia volumosa, semelhante
!IW ~rad icionais vestidos de festa de debuta:nte~Denorninou esta obra Id e"Roupa
, l i t " Ano 2045' )? e , alem d a composicao em jersei de seda cinzaazulado, a pe<;:aera
i implementada 'por uma :m.u le tave rn lel l ia . , Anos d.epois, em 1965, criou 0 cha-.1 '
1 ~ 1 I .mforma de sapato feminino, 0qual chamou de "Les Souliers de Gala':
o vestido criado por DaB. foi adquirido por Pietro Maria Bardi p'ara 0
1 ,"~II'VO do Museu deArte de Sao P'aulo,ainda na decada de 1950, mesmo mo-
lin' onto de implantacao do lAC s ,~ Institute de' Arte Contempo:ra,ne.a~· sob a
.oordcnacao de Lina Bo Bardi, Provavelmentc, Bardi adquiriu 0vestido cria-
II()' por Dali visualizando amoda corno um campo de producao importante,
Il mde arte e di esign. estariam presentes.
0movimento surrealista nao atuou ,~penas no rompimento de frontei-
rus entre arte e moda, o mesmo ocorreu ,com 0 design, Pecas do mobiliario
l or am , dl es en v ol vi da sp or a rt is ta s q u e i nl 't ,e gr av am esta c orre nt e. N os ex em pl os
.ibaixo, podemos notar a presenca do surrealismo na concepcao de design.
~revemos ,considerar I qu le e st as p e< ; :a .sf or am mar ca nt es p ar a varies designers
nil contemporaneidade e encontramos diversas le:i.turas e interpretacoes des-tcs objetos: 0 sofa de labios, 0 telefone lagosta e a mesa com pes de passaro.
'N 0 an o die 2007, 0 Museu Victoria and Albert apr ,esentouuma exposicao de-
Iicada ao pensamento surrealista presente em varies campos, especialmente
n0 design e na moda.
[!illl
Fig., 45, 46 e 47- Salvador DaHl- Ma e ' we st l ip s sofa e Teleione Lago s t a . Meret Oppenheim
- T ab le' with b i r d s legs
8 0 lAC foi at primeira instituicao formal a tratar 0 ensino do d~si_gnno BrasiL Des,:n.:olvia a
proposta de valorizacao do artesanato brasileiro, da cria,~1lode obietos _~an l uso cO~ld],~no" a
relacao produtiva das pecas desenvolvid.as pelos alunos nos cursosreaJhzados. no . lAC Junto a
industrias, Allem de' cursos;o IACtambem realizava exposicoes .
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Na conternporaneidade nos resta observar de ] 1 10do mais precise e critico
as relacoes da arte e da moda, pois muitas vezesencontramos solucoes em
produtos de modaque apenas transferem aspectosda visualidade d~s ohms
de arte para as estampas dos tecidos ou na composicao das pecas de roupas,
Os exemplos apresentados anteriormente, referentes a criacoes de pecas do
vestuario real izadas por DaB, Oit icica Arthur Bisp · 0 · · . d'0, R · · · ' · o · · ' . ( ' ~ r - C ] · o · ~ taunbe . ..,. " - ,.... .. , .. , .. _ .. ,. ...:1 0 . I . I I " , , , : ; lornp .o. . .-,.. __ ' _ '- ,' , .. - '- . '- ' ., "
d em ser lidos como .0principio de uma expressao denominada Wea ra b l e Art
Em face do desenvolvimento industrial e tecnologico e do movimento
feminista, nos anos 1960; , surge nos EUA a Wearable Art,) ou seja, a arteusavel
vestfvel, oucomo denominou Bardi, a Rouparte. .'
AW e ,a r a b l' e A r t se desenvolve a parti r de criacoes que utilizam 0 corpo
como suporte e apes:a de roupa como obra d e arte, geralmente unica, exclu-
siva..Ca da p,e~atern. 0valor estetico em, simesmae destina-se ao usa e a , con-
t,e~pla'iao. A roupa transforma-se, entao.em velculo de expressao de quem a
CI10U e de quem a veste.,Aspecas deWe,arable Art sao desenvolvidas a partir d a associacao d a ma-
nufatura e do. artesanato, berrt como exploram possibilidades dasmaquinas 'e
equip~~~tos voltados it fa~rica~ao industrial de moda ou, ainda, explorarn
as possibilidudes de determmado ti ipo de tecido, For exemplo, a artista Io i
~ae d~senvolve experimentos com 0 feltro e suas pecas de wearable sempre
sao feitas com a. utilizacao desse tipo de tecido, Alem dos wearables , a artist a
produz tapetes e objetos de feltro,
~
F lg .. 4 8 e 4 !9 ~. Joe Rae - Ca t ch !aU ' in g st a r e
, C o nf et ti w ed d i ng ~ s l d . Co l ec ao particular
I hu l~ucSl:~onanlentoque a ' W C € , l tl . ,b l e ,Ar t traz e a va lor i zacao da individualida ...
1 1 1 1 1 1 ' t ' 1 1 1 1 1 1 t).posilCf.ao;lilllposi~ao de est ilo atraves de cartelas, do ditado dastendencias
1 I I I I I t i t',l~,t~csta~.aoe a valorizacao do consumismo que o m er eado de moda explora ..
I~~,galerias de arte cspecializadas em wearables , da mesma forma" varios
~~11'IIIS,l~US internacionais enacionais dedicam espac;:os para exibicao dessas pe-
~" !l~~nexposicoes de arte . .
1Jill dos estudos brasi leirosmais recentes sobre as relacoes homem- ma-
,[uinu Ieprocesses de comunicacao sensorio-motora encontra-sena tese de,i ~ I~ J i l l I I ~ , ( ) rado c om pu ta do r ve sti c o- evo lu tivo d a designer, professora e pesqui-
· .ulorn Rachel Zuanon, Destacamos aqui a contribuicao fundamental para a,
In~~ dza~ ao deste texto,
10 avanco tecnologico digitale as redes sem 60 tern propiciado 0 desen ..
v~ ~vi : [ 1 1 " e n t o de urn' outro tipo de we,arable,aquele' realizado co m equipamen-
II ~)s c tecnologias moveis ..Nesse universo, celulares, cameras digitais, palms,
I( ; I "S ) M P 3. ) M P ,4 ;! sensores, dentre outros dispositivosc passam a in tegrar 0
vrstuario. ]a com 0 uso do computador direto no corpo, esse wearab le p'as~
~III a condicao Ide wea r a b le ' c omp u te r o uwea n .: omp ou computador vestfvel,
Nesse sentido, vale' destacar 0professor-ciborgue canadense Steve Mann? que'
IIrcorpora a tecnologia vestivel ao seu cotidiano usando, dia enoite, oito mi-
'l rocomputadores, cameras ocultas em oculos escuros e estando quase sempre
t onectado a t, internet por ondas d e radio,
Fig~50·~A e vo lu ca o d os co mp ut ad ore s v es ti ve is d e S te ve M an n
9' S te ve M a nn e p ro fe ss or d o Departamento die Engenhar ia Eletrica e de Computacao, da
LJ niversidade d e T or on to " ' C an ad a, e P hD ' p eloM l' I' ~ Institute d e ' Ie cn olo gi a d e Massachusetts,
I~UA..Desde 1 9 '70 ,Steve Mann dedica-se at itnven.~aode cornputadores vesttveis,
65. • II' I ~ ',r_ ' . .. . -' ! II " . . .. ' "
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Ern Seven m ile b o o ts ; a artista Laura Beloff e scus colul orudores Erich
Berger e Martin Pichlmair desenvolveram urn par de b _ ,as verrnelhas COlD
microprocessador, amplificador, microfone e audio), que propicia ao seu usn-
ario a experiencia d e "caminhar" no espaco digital da internet, navegando
pelos sites, a partir do seu deslocamento 0,0 espaco flsico,
1
f~ )1-. . . . . . . . ,
Fig,51_,S ev en m ile b o ot s '=0projeto e 0 computador vesttvel
EmHenr We[ar - The fash ion o f environmental noise display" Younghui
Kim,e Milena Iossifova Berry propoem reflexoes visuals vestfveis que expres-sam diretamente os niveis de barulho do ambiente onde esta 0 usuario. 0
nivel de-Iuz do computador vestivcl depende donivel de som; quanto mais
alto, rnais 0vestuario se ilumina ..0sistema e cornposto por componentes de
hardware" software-e sensores de som embutidos, Urn microcontrolador ativa
os LEDs e os 6:08 eletroluminescentes ...
Fig, 52...Hear Wea~ rversao 2.1
66
1~[ I [nuft s eco nd s kin dress, de lenny Tillotson, e urn ves ido interativo qu[e
' II I [ [ I a ['(uno un a segunda pele emocional do usuario, perrnitindo ao interator
I t ru r ScU proprio ambiente olfativo.. '0 humor do usuario e percebido pelo
I I ~ . ii[doiuteligente qu e exala fluxes de odores em res po sta ao estad o emocio-
I I I I II~~lxtado. 0 vestivel imita 0 sistema circulatorio corporeo as glandulas
I ~ f~rti,'lS e os sentidos, exibindo-os em sua propria superffcie, ou seja, Smart
I ' ~ C [ tu ! s ki n d re ss apresenta seu proprio. "sistema nervoso" que permite ao in-
II -r.uor controlar suas proprias emocoes reveladas,
F i . g . , 5 .. 3 ~ Smart s ec o nd s ki n d r es s
No Brasil, destacamos ' V e S ' t i s " de Luisa Donati, 'Com ele, a artista busca
(.xperienciar os espacos corporeos nas interacoes entre 0publico e 0 compu-
~ulor vesttvel. 'Vest is responde .3 . aproximacao e ao distanciamento das pessoas
-m torno, movimentando sua estrutura composta por arcos que contraem e
i -xpandem na medida da participacao ,dointerator circundante.
Fig. 54 ..Vest i s ; de Luisa Donati
111 'J II I ' I "1 '111~ 1'1 I r...
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Essas sao apenas algumas dentre inumeras propostas que exploram
a relacao corpo-tecnologia na computacao vestfvel, Todas elas compro-
metidas a minimizar, cada vez mais, os limites entre homem e maquina,
a partir d a pratica transdisciplinar entre design, arte, moda, computacao
e engenharia, .
Definir 0design de moda nos parece ate desnecessario neste texto, pois os
exernplose questoes tratadas nos topicos anteriores Ja nos apontam a dimen-
sao d os motivos pelos quais moda tambem e ' design..Dizemos tambem porque
nem tudo 0 que existe no campo da moda pede ser considerado design, Ha
uma serie de questoes mercadologicas, de gestae e de negocios que nao sa o
design de moda sao outros segmentos do campo da rnoda, exigem difercnte
visao e formacao profissional , mas ha uma grande area da moda .quc Ie design.
C ]~ ..aro que os problemas gerados por nomendaturas profissionais existem tan-
to na moda quanto no design.Na moda encontramos asterminologias de criador,
artista, estilista, entre outras que foram, e ainda sao, adotadas em mui tos c a se s , No
campo do design isso tambem ocorreu, os designers eram charnados de artistas,
artistas-graficos, publicitarios, criativos, programadores visuais, Atualrnente, estes
usos cafram por terra porque 0design entrou na moda e caiu no popular,
Considerando que tanto 0 design quanto a moda sao areas recentes em
termos historicos no Brasil e tambem com a mtencao de ajudar a consolidar
polit icas de formacao ,eatuacao profissional, vamos tracar nas proximas li .. .
nhas os motives pelos quais consideramos a criacao e 0 desenvolvimento de
produtos na area de moda como design. Para isto tomamos como referencia
os estudos desenvolvidos por Bonsiepe, Bomfim e Couto,Urn dos problemas decorrentes da nomenclatura e que dificul ta a con-
solidacao desta atividade foi sua adocao mundial em ingles fato que, gerou e
gera confusoes, especialmente no Brasil, ondc a . primeira nomenclatura ado-
tada foi desenho industrial, Outra dificuldade e a utilizacao equivocada que 0
mercadopublicitario e de marketing tern feito nos ultimos anos, corroboran-
do a ideia de que design e apenas imagem, forma, estilo ..E sabemos que este e
urn uso trernendamente equivocado e superficial do termo,
68
Id sube mo s, n .as I 18.0 custa r ele rn bra r, a palavra deriva do l at i:m designo e
:t ~ IIi III .u Iii 1_ ar, designar, marcar, eleger, destinar, empreender, deterrninar ..A
I~v1';] design esta associada a concepcao de produto, ao projeto Ieplaneja-
I Illj',I'II,c),. No Brasil, a. palavra tambem esta associada a . desenho, mas devemos
mpre esclarecer que descnho refcrc-se ,3 . representacao ,de'algo enquanto
II I I ign refere-se a concepcao e dcscnvolvimento de urn projeto que tern como
I~IIIII11 1 idade a realizacao de umproduto ..Claro qu;edesenhar e parte do proces-
I • d,(~criacao no caminho projetual, mas nao define 0 todo do conceito e do
:J n l ) , .c s s o do design.
I}tsde os anos 1580, na Italia, a palavra design (d i segno) to] definida euti ...
IllI,t~~lthl}mas somente 3. partir do fim do seculo X fX , na Europa, que a palavra
~'i~'SOU a ser empregada de forma mais frequente, especialmente vinculada a
~u l ti st r ia textil.
A palavra design esta diretamente relacionada ao processo de configuracao
,II' o bjeto s d e: u so e sis te ma s d a informacao, Bern; 0 que s e faz n a c ria ca o em
I'no' la, 110 desenvolvimento diecolecoes senao 0 fato de configurar objetos de
III·~.)c de erial ' e lid ar, m esm o q ue' indiretamente, com sistemas de inforrnacoesio design eum campo de conhecimento const ituido po:r urn pensamento,
' I " l " Ia concepcao epor uma producao, sendo estes orientados ao cenario futuro
.rl parti r de uma mtencao dest inada a ser real. Fazer design signif ica trabalhar
l un 0 futuro, executandoa concepcao e'0 planejamento daquilo que' vira a
«xistir, anunciando novos caminhos e possibilidades,
Atuar com design de moda e ' trabalhar com asrelacoes acima citadas, A con-
p\ao, projeto e producao estao presentes na industria, seja ela pequena, media
ru grande, 10 1 futuroe uma questao sempre presenteno segmento do design de
Inuda. Trabalha-se hoje com, n,ominimo, urn ano de antecedenciapara 0desen-
volvimento de ' c o le coe s . Se pensarmos na i ndus tr ia t ex t il ou na. industria de fios
t~corantes, a distancia entre 0presente e a. futuro. aumenta consideravelmente ..
Design tambem diz respeito aos atos de-designar, planejar, projetar, ma-
nejar e experimentar a forma, a configuracao, a tecnologia, as informacoes
verbals, visuais, e outros elementos, conforme 0segmentono qual esteja rela-
cionado, visando a melhor e mais adequada aplicacao de urn produto.
No percurso do design de moda encontramos todas estas questoes, .0 que'
ocorre fl uma ampliacao das questoes visuais sobre as verbais e tambem urn
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aprofundarnento maior nas relacoes tateis que o co rr em tU ,I "',a Vl"Sdus texturas,
do. toque e do caimento do. tecido, Tambern as relacoes corn 0 corpo e do,
corpo, a antropometria e a atencao com os volumes ocorrem de forma mais
intensa do. que em outros segmentos do design,
'01 design diz respeito a atuar em. um projeto desde a sua elaboracao, do
desenvolvimento ate .0 acompanhamento de sua aplicacao ..Criar, deserrvol-
ver , implanter urn projeto signifies pesquisar e trabalhar com referencias cul-
turais e esteticas, tecnologicas, interdiscip linares e transdisciplinares, saber
compreender 0 objetivo desse projeto, estabelecendo e determinando 0 sel l .
conceito e a sua proposta,
Viver 0 cotidiano de uma confeccao nosmostra perfeitamente estas rela-
~oesdo design no segmento do design de moda, Urn modele ,e concebido e pro-
jetado, A concepcao vai ser definida a partir de pesquisas e referencias culturais
e estet icas, como tambem pode se dar a . parti r das cartelas de tendencias para a
estacao que se esta projetando ..Trabalha-se 0 conceito e a proposta da colecao
relacionados aestacao do ano on a s fases intermediarias entre estacoes,
o projeto va i se relacionar com 0 tecido escolhido, amodelagem, os de-talhes de aviamentos e ., conforme 0 caso, com oscomplementos. Na fase de
modelagem, 0 projeto pode ainda sofrer alteracoes e adaptacoes necessarias.
E nesta fase que a ergonomia se fa z presente ..Depois disto vern a confeccao
e producao d.ap'e~:aprototipo, na fase de costura.na qual tambem 0 projeto
pode ainda sofrer alteracoes ,eadaptacoes,
Em seguida, entra a fase de prova em urn modele adequado ao tamanho
escolhido para 0prototipo, Finalizada esta primeira parte' do processo do de- I
_sign, de moda, volta-se a modelagem para 0 desenvolvimento da grade de. . . .
numeracao que sera. seguidapelos processos de corte e producao em escala,
o design tambem 'e uma atividade rnulti e interdisciplinar que permeia todo
o processo no desenvolvimento de- um projeto ou de umproduto destinado a
reproducao, 3!O a ce s so o u destinacao a u rn ~ gru po I de pessoas e ,3 . comunicacao,
Da etapa de concepcao e criacao ao relaclonamento com 0 setor de marketing,
d a etapa de desenvolvimento ao setor de p roducao, cabe ao designer buscar a
melhor solucao, inclusive pensar e acompanhar a problematica do. u so , d o des-
c ar te e d a r eu ti li za ca o d os p ro dn to s e s eu s e fe it os n a s oc ie da de . .Tod as a s q u e st oe s
apontadas estao presentes e sao vivenciadas no. design de'moda,
7' 0
}I I I·sign e em sua C'SSl : ncin IIIIll. [TOCeSSo criativo e inovador, provedor de
II 'III II ),·sIra problem as die importancia fundamental para as esferasprodu-
"t. tccnologicas, economicas sociais, ambientais e culturais,
't ) que se c faz no design d e moda atende estas relacoes, ou seja, a . criativi-
II j l , t I,I' 0] inovacao sao questoes sempre presentes, Solucoes ou propostas sao
I ~ ~ ll, llll 1 :1 adas e destinadas a s esfcras produtivas, econornicas etecnologicasvpo-
I II ~ 1 11 I I ~ } I cstabeleccr tambem relacoes sociais, ambientais eculturais, conforme
1 1 1 1 ' uuccito, a proposta e 0 segmento da industria e do mercado de moda paraI 1 1 1 1 1 1' ~ II '0 designer de moda atua,
( ) s' C3 1npp iSde relacao do d es ig n e sta o associados a cultura, a linguagem,
I~1·'lII101.ogia,o mercado e ao usuario, E istose re fere a q ualq uer segmento do
II I II gil], sejano desenvolvimentode produtos, 11.0 design grafico, no design das
Il'h\I.IS 1I111diashipermtdia, digital, games, mobile), se ja no design de moda,
A.icabe a pergunta: P or q ue t an ta duvida ou relutancia em aceitar a termi-
uul;in~.iadesign de modai Sera que a memoria presente das costureiras (exis-
I·I"I~"·'S e presentes em qualquer nivel social) invadiu a areade tal maneira que
l~r ru dificuldades para se construir .0 pensamento de urn profissional que
~ II ~ 1 1 1 1 ·ell'e"projetaprodutos d ie modai Sera que 0 fato d a :moda estar relaciona-
I: I I I , ~ ~ I rotecao, ao be rn . .estar , ao se enfei tar impede que se pense em,urn profis-
'II, 'I'lla1especializado par~ a criacao e 0. desenvolvimento desses produtos! Sera
1 1 1 ' 1 ( ' an cornprarmos U'ID movel, 'urn eletrodomesticovum automovel, temos
1IIIII'Iavisao mais consistente de que por tras do objeto adquirido existem va-
I II ' ) ;' , profissionais e, principalmente, 0pro fissional que projetou 0produto, 0
I 1,~·;,,'i~ner?Porq-u,e?S ao mais complicados, pois vern com manual de uso on
I ~I,irque no cotidiano da maioria das pessoas, 0marceneiro, 0metalurgico nao
I~II~~ ~lguras tao presentes quanto as costureirasi
Afinal, nao e 0 design urn ,campo de conhecimentos e de cultura q u e' a ge
I~ partir d a criacao e desenvolvimento de urn universe material on imaterial,
',i I~1bolico e artificial?
Criar 'e produzir moda, po·rmeio do design, e a criacaodeste universe
ruaterial, simbolico ,eartificiaL Entao, moda tambem e design ..0' design de
ruoda no Brasil 1 1 3 muitos anos ja . passou da infancia, estana fase adulta, so ,
~~~ .Ia assumir 0 seu nome proprio.
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