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Page 1: MÁRCIA NIGIOLELA Mulher tem papel maisimgs.sapo.pt/jornaldeangola/img/1919917190_mulhres.pdfManuela Gomes A mulher desempenha um papel mais activo na socie - dade, embora ainda sofra

Manuela Gomes

A mulher desempenha umpapel mais activo na socie-dade, embora ainda sofracom as heranças históricas.Graças às lutas contínuas, elavem ocupando o seu lugar nasestruturas sociais, abando-nando a figura de mera donade casa e assumindo cargosimportantes em empresas.Também desempenha umpapel importante nos pro-cessos de paz.

Márcia Nigiolela, membrodo Fórum da Mulher Jorna-lista, afirma que o empode-ramento, a igualdade dogénero e os direitos das mulhe-res são essenciais não só paraelas como para toda a socie-dade. Reconhece que a mulherde-sempenha um papel pre-ponderante na construção deuma nova África.

"Sem prejuízo dos homens,o papel da mulher é funda-mental. Por exemplo, o papelreservado à mulher no seio

familiar fá-la uma influen-ciadora de valores e "sonhos”necessários aos africanos",sublinhou.

Márcia Nigiolela frisou quealém das exigências do ser-viço, a mulher é ainda sobre-carregada com o cuidado dosfilhos e da família. "Ela exerceuma grande influência naeducação dos filhos, de modoa torná-los respeitosos e tole-rantes", referiu.

"Estou convicta de queteremos homens mais res-peitadores dos direitos hu-manos na medida em quetivermos mães com capa-cidade de incutir na cons-ciência dos filhos o valordos seres humanos", disse.Acrescentou, para isso, queo modelo de educação nãopode estar assente na des-criminação das meninas, naexclusão de oportunidadese no favorecimento injusti-ficado dos rapazes.

A quota de participaçãoda mulher africana, nos

órgãos de decisão é de 30por cento, mas muitos paí-ses africanos não atingiramesta meta.

A jornalistas considera aocupação de cargos de decisãopor mulheres, uma preocu-pação das sociedades maissensíveis às questões degénero. É também, disse, aconcretização do primeiroprincípio do empoderamentodas mulheres, criado pelaAssembleia Geral da ONU emJulho de 2010, em estabelecerliderança corporativa sen-sível à igualdade de género,ao mais alto nível.

"Neste quesito, no nossocontexto, houve um certo retro-cesso o facto de o Parlamentoangolano ter diminuído o nú-mero de deputadas à Assem-bleia Nacional no início dapresente legislatura em relaçãoa anterior", referiu.

"O caminho se faz cami-nhando e seria bom que aslideranças políticas não per-dessem de vista a represen-

tatividade das mulheres nassuas organizações".

Empoderamento No que toca ao empondera-mento da mulher africana, ajornalista ressaltou alguns dosprincípios estabelecidos pelasNações Unidas, como o trata-mento de todas as mulherese homens de forma justa notrabalho, respeitando e apoi-ando os direitos humanos.

Márcia Nigiolela consideraa educação, capacitação e de-senvolvimento profissional,elementos fundamentais paraa emancipação da mulher.

"Não tenho dúvidas de quea educação das mulheres per-mitirá maior qualificação,mais oportunidade de em-prego e rendimento e, conse-quentemente, menos pobre-za para si e a família".

Márcia Nigiolela felicitouas mulheres de África, semexcluir as que não sendo afri-canas trabalham em prol donosso continente.

Edna Dala

A presidenteda Liga da MulherAngolana (LIMA), Helena Bon-guela Abel, apontou a faltade diálogo e motivação comoos grandes entraves à eman-cipação da mulher em Angola,quiçá em todo o continente.

A líder da organização fe-minina da UNITA, que falavaao Jornal de Angola, por oca-sião do Dia da Mulher Africa-na que hoje se assinala, re-conheceu que já é possívelver algumas mulheres emcargos de direcção e chefia,mas, na sua óptica, o númeroainda é insatisfatória.

Helena Bonguela conside-rou o Dia da Mulher Africanacomo um marco histórico quefaz parte da luta de emanci-pação da mulher. Essa luta,considerou, circunscreve-seà conquista das mulheres paraos lugares de decisão a todosos níveis, onde possam expri-

mir os seus problemas e par-ticipar na solução dos mesmos."Se tivermos em conta a his-tória de outros países, apenaso Rwanda conseguiu atingira paridade. Os outros con-tinuam na luta e procuramatingir, pelo menos, aquiloque as Nações Unidas reco-mendam em termos derepresentatividade de mulhe-res nos lugares de decisão,o que faz com que a mulherdesperte todos os dias, cadavez mais, para essa luta deemancipação", disse.

A líder da LIMA apontoucomo um dos maiores desafiosa necessidade das mulheresincluírem nos seus projectose programas o apoio à mulherjovem e despertar neste sen-tido o gosto e o espírito dapolítica. Só assim, considerou,terão capacidade de analisaros fenómenos e avaliá-los emque pé estão e que objectivospretendem alcançar.

Ana Paulo

A secretária Provincial daOMA em Luanda, Eulália daRocha, disse que o Dia daMulher Africana converte-se,todos os anos, numa verda-deira jornada de reflexão sobreo papel da mulher no conti-nente, igualdade de géneroe participação nos processosde desenvolvimento.

Este ano, a organizaçãofeminina angolana come-mora o Dia da Mulher Afri-cana sob o lema" Aumentara Solidariedade com as Mu-lher Refugiadas, Deslocadase Retornadas promovendoos seus direitos e das suasfamílias".

A este respeito, frisou quemais de 700 mulheres refu-giadas residentes na provín-cia de Luanda manifestaramdesejo de regressar aos paísesde origem.

De acordo com a secretáriaprovincial da OMA, a maioriadas refugiadas é provenienteda República Democrática doCongo, Rwanda, da Serra Leoa,

Chade, Libéria, Etiópia, Eritreia,Burundi e Somália.

Eulália da Rocha disse quea maior representação dasrefugiadas está em várias comu-nidades localizadas nos Dis-trito Urbanos do Neves Ben-dinha, da Maianga e no Muni-cípio de Viana.

Acrescentou que a OMAtem trabalhado com as orga-nizações comunitárias res-ponsáveis e com o Governo

no sentido de resolver algunsconstrangimentos que enfren-tam, particularmente no quediz respeito aos documentosde identificação.

No campo da integração,segundo a secretaria geral daOMA, as mulheres refugiadaspretendem enquadrar os filhosno sistema escolar angolano,mas como não dispõe de docu-mentação, não conseguemfazê-lo. Muitas delas, acres-

centou, têm filhos nascidoscá, que não estão registados,nem dispõe de documentospaternais para o efeito. " Comoé um assunto de Estado, comoorganização feminina vamoscolocar as preocupações paraposteriormente ajudarmos noque for preciso.

Emancipação A secretária provincial da

OMA defende que para haveremancipação é necessárioque a sociedade tambémesteja emancipada.

Segundo Eulália da Rocha,a mulher já passou por mo-mentos difíceis, mais hoje asituação é diferente, porquetem conquistado o seu lugarna sociedade.

Até ao momento, disseEulália da Rocha, uma dasgrandes luta é o combate aoanalfabetismo entre as mu-lheres, particularmente nomeio rural.

"Enquanto o analfabetismonão for erradicado será difícilfalarmos de emancipação",sublinhou Eulália Rocha.

Uma jornada de reflexão

Falta de diálogo é um entrave à

emancipação da mulher

O que elas sabem sobre a data

DR

Assinala-se hoje o Dia da Mulher Africana. A datafoi instituída a 31 de Julho de 1962, em Dar-es-Salaam, Tanzânia, por 14 países e oito movimentosde libertação nacional, na Conferência dasMulheres Africanas. A propósito da data, o Jornalde Angola ouviu algumas mulheres. De um modogeral. consideram que hoje, elas desempenhamum papel mais activo.

Quarta-feira31 de Julho de 2019 5DESTAQUE

Bonguela reconhece que há mais mulheres em cargos de chefia

Eulália da Rocha pede mais reflexão em torno do papel da mulher

DR

MÁRCIA NIGIOLELA

SECRETÁRIA PROVINCIAL DA OMA

PRESIDENTE DA LIMAMulher tem papel maisactivo na sociedade

O Jornal de Angola saiu àrua para saber o que as mu-lheres sabem sobre o dia 31de Julho.

Do grupo de 10 mulheresanóminas interpeladas, ape-nas uma jovem conseguiudizer o significado da efe-méride. A maioria mostroudesconhecer a data e o seusignificado.

Joana Zua Muinga, mãede cinco filhos, com o rostoa revelat cansaço em fun-ção da correria diária e comum molho de roupas sobreos ombros, considerou adata importante porque écelebrado o Dia da MulherAfricana.

A jovem, de 29 anos, disseque as mulheres ainda nãosão valorizadas, são sacrifi-cadas todos os dias porqueos homens sempre acharamque elas serviam apenas paracozinhar, lavar e cuidar dascrianças, o que, hoje já nãoé linear. "Hoje, está mais doque provado, a mulher tem

capacidades para fazer tudo,além de cuidar do lar", afir-mou.

Joana Muinga revelou queconcluiu a 6ª classe, quandoengravidou do primeiro filho.Por falta de apoios, teve delargar os estudos para sus-tentar os filhos.

Adelina Sabalo, “cambista”de rua (vulgo kínguila) na Baixade Luanda, disse ter o ensinomédio, mas que, por falta decondições financeiras, não foipossível ingressar no superior.Por isso, além da troca dedinheiro, socorre-se da vendade cartões de recargas dasoperadoras móveis de tele-fonia para ga-rantir a subsis-tência e da família.

Adelina reconheceu quehoje as mulheres são maisvalorizadas comparativamenteao passado. "Hoje já vemossenhoras no aparelho doEstado e não só, dando o seucontributo em sectores-chavecomo a Saúde, Educação eoutros", disse, com orgulho.