MÚSICA NAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO BÁSICO: UMA REFLEXÃO SOBRE O PAPEL DO PROFESSOR NA ESCOLHA DO MÉTODO E ABORDAGEM DO
CONTEÚDO
Damares de Souza Rolim1
Margaret Amaral de Andrade2
RESUMO
Este trabalho apresenta os resultados de um projeto de Intervenção Didático Pedagógico desenvolvido com alunos dos sextos anos do ensino fundamental, em contra turno. Essa temática justifica-se pela Lei 11.769/2008 que torna obrigatório o ensino de música nas escolas e faz parte do PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional ofertado pela SEED - Secretaria de Estado da Educação do Paraná. É voltado aos professores da rede publica estadual, visando aprimoramento profissional, cujo objetivo é melhorar a qualidade no ensino, tendo como base a socialização de saberes, pela inter-relação com o ensino superior, colegas do programa, demais professores e alunos durante as atividades docentes.” O norteamento do projeto foi pesquisa-ação, que se caracteriza pela interação entre pesquisador e membros das situações investigadas. Os resultados foram parcialmente atingidos, porém com algumas ressalvas.
Palavras-chave: Música no ensino básico; repertório do cotidiano; modelo
CLASP
ABSTRACT
This paper presents the results of a project of Teaching Guided Intervention developed with the students from the 6th year in turn. This theme is justified by the Law 11.769/2008 mandating the teaching of music in schools and is part of the EDP - Educational Development Program offered by SEED - Ministry of Education of Parana. "This program is geared to school teachers publishes state, seeking professional development, which aims to improve the quality of teaching, based on the socialization of knowledge, the inter-relationship with higher education colleagues in the program, teachers and other students during the teaching activities. The guid of the project was action research, which is characterized by the interaction between researcher and members of the situations investigated. The results were partially achieved, but with some caveats.
Keywords: Music in education; repertoire of everyday life; CLASP model
1 Professora da rede Estadual de Ensino do Paraná. PDE- 2010. Formada na Faculdade de artes do
Paraná. 1983 Habilitação específica em música, pós graduada em interdisciplinaridade 2 Professora Orientadora doutoranda em Música UFRGS/Embap, Professora da Embap-PR.
INTRODUÇÃO
O presente artigo relata o processo e resultado de um projeto de Intervenção
didático pedagógico, com o título “Música nas séries finais do ensino básico”, que
teve como objetivo ampliar o conhecimento musical dos alunos, partindo de um
repertório vivenciado no seu cotidiano. De comum acordo, através da escolha de um
repertório conhecido pretendeu-se levá-los ao conhecimento de outros gêneros e
estilos musicais.
O interesse básico foi que, trabalhando na habilitação específica da minha
formação, pudesse vir a contribuir para o enriquecimento cultural e musical do aluno.
Acreditando também que quanto mais cedo o ser humano entrar em contato com a
educação musical, mais contribuições se efetivarão em sua formação em forma de
aprendizado, pois a música está presente no cotidiano; no ônibus, lojas, televisão,
rádio, celulares conectados aos fones de ouvido, na maioria das pessoas, entre os
adolescentes principalmente.
A concepção de ensino em música pertinente a este trabalho segue as
orientações das Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná
(2008), que alertam sobre a necessidade de os educandos adquirirem conhecimento
sobre a diversidade de pensamento e criação artística, para expandir sua
capacidade de criação e pensamento crítico. Com a apreensão deste conhecimento
espera-se que o repertório de algumas músicas que estão na mídia seja apreciado
com ouvidos mais atentos e seletivos.
A implementação do projeto ocorreu no segundo semestre de 2011, com
alunos do sexto ano do ensino fundamental, no contra turno do Colégio Estadual
Protásio de Carvalho em Curitiba, Paraná. A elaboração e a implementação deste
projeto na escola faz parte do PDE - Programa de Desenvolvimento Educacional do
Estado do Paraná, como uma política pública de formação continuada para os
professores da rede pública do Estado do Paraná e as IES- Instituições de Ensino
Superior e da Educação Básica. É um diálogo que se estabelece através de
atividades teórico práticas orientadas por docentes das instituições de ensino
superior com professores do ensino regular, definidas a partir das necessidades
observadas na prática docente, buscando resultados, produção de conhecimento e
mudanças enriquecedoras no ambiente escolar.
CONVERSA COM A LITERATURA
No exercício da docência em Artes há mais de vinte anos, com habilitação
específica em música, tenho visto a grande dificuldade que se tem em relação aos
conhecimentos sobre o ensino da música no contexto escolar, a qual é trabalhada
brevemente ou nem é explorada como um conteúdo. As causas para esta
dificuldade são várias, como por exemplo, a falta de uma política que reconheça a
importância da educação musical para o conhecimento e desenvolvimento
intelectual e afetivo do aluno e a desvalorização caracterizada por um trabalho
superficial em datas comemorativas e a falta de um professor especializado em
ministrar música como disciplina.
Porém, a importância e necessidade do ensino da música no contexto escolar
foram destacadas na Lei Federal nº 11.769, promulgada em 18 de Agosto do ano
2008, a qual inclui na LDB de 1986, o conteúdo obrigatório de música, mesmo não
sendo exclusivo, no currículo oficial da rede de ensino. Essa lei vem mobilizando
professores especialistas em todo o país, demonstrando que além das mudanças
curriculares, necessita-se também de transformações na forma de como serão
ministrados os conteúdos.
Nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica da Secretaria de Estado do
Paraná, há tabelas com conteúdos de música divididos por série (p 89-91,2008. . E
uma sugestão nas palavras do coordenador da educação básica do referido estado
é a seguinte:
O professor pode trazer uma peça para ser apreciada, depois fazer a
contextualização, mostrar quais instrumentos são utilizados, explicar a
época em que foi composta... depois, na produção, podem-se improvisar
instrumentos musicais e por ai vai.” (CABARRÃO, 2011 in Gazeta do Povo)
Não basta que a educação musical e a cultura nela implícitas, estejam
inseridas nos currículos escolares. É necessária a fundamentação bem elaborada
juntamente com um trabalho de responsabilidade, que justifique a conquista da lei e
se consolide um ensino de qualidade. Mas como criar oportunidades de ensino que
estimulem a apreciação e a execução de repertórios musicais além daqueles
produzidos em massa pela indústria cultural? Como despertar interesse para o
trabalho individual e grupal que de fato se efetive no fazer pedagógico, beneficiando
a todos, alunos, professores e ambiente escolar?
Partindo das questões acima, busquei na literatura subsídios para
desenvolver o meu projeto, iniciando com as músicas do dia a dia dos alunos pois
como fala Galizia (2009)
A maioria das músicas que os alunos vivenciam em seu dia-a-dia não é considerada, pelos professores escolares, “obra de arte” segundo a definição apresentada por Lazzarin (2004), música “séria”, ou ainda, moralmente aceitável para o ambiente escolar. Essas músicas são então, afastadas da prática pedagógica de sala de aula. A justificativa dada para esse afastamento é a lógica da indústria cultural e das tecnologias de massa (p.78).
Para Galizia (2009), esses fatos não justificam a ausência da música do
cotidiano dos alunos não estarem dentro da escola. Elas podem ser úteis em vários
momentos, como também serem ”elementos pedagógicos de motivação ou, ainda,
como exemplo da própria indústria cultural, caso esse seja um assunto trabalhado
em aula”(2009). Outro motivo apresentado por esse autor, pela falta da música do
dia a dia estar fora da escola, é relacionado à formação dos professores de música.
Ainda oriundos de uma formação do estilo Conservatório, que privilegia a música
europeia, o virtuosismo e o estudo da teoria musical, existe ainda dificuldade em
trabalhar com esse tipo de música. Lembra Galizia também, que as músicas atuais
“são produzidas e distribuídas digitalmente (por meio de softwares, instrumentos
virtuais ou sintetizadores e a internet), exigindo dos educadores musicais,
conhecimentos sobre novas tecnologias” (p.77)
Maura Penna, considerando a diversidade de manifestações musicais em
nosso país e também procurando trazer uma concepção “ampla de música e de arte,
capaz de ultrapassar a dicotomia entre popular e erudito...” fala que
Esse processo que envolve massificação, integra o contexto sociocultural em que vivemos, e não cabe negá-lo ou procurar excluí-lo; o fato é que a música da mídia está presente no cotidiano de praticamente todos os cidadãos brasileiros (p.12)
Ao trazer de volta o ensino da música para a sala de aula, é importante
considerar como tornar essas aulas significativas para o aluno. O pensamento de
aliar o cotidiano com a vida escolar é uma das sugestões que já vem sendo
discutida em vários países há mais de 30 anos. Como diz Souza (2000)
Ao tentar se aproximar do “mundo vivido”, o interesse da aula de música não está nas atividades padronizadas, mas, sim, nas experiências musicais que os alunos realizam diariamente fora da escola. O que em outras palavras significa colocar em pauta a relação teoria e prática e o valor do conhecimento musical (p.40).
O MODELO CLASP
O objetivo principal do projeto em questão foi apresentar partindo das
músicas da mídia, outros gêneros musicais, diferentes interpretes e instrumentos,
ritmos variados como também trabalhos com percussão corporal. Para fundamentar
uma educação musical abrangente (FRANÇA,2002), fiz uso do Modelo C(L)A(S)P,
proposto pelo educador inglês Keith Swanwick (1979), onde as três maneiras de
envolvimento direto com a música – C de Composição, A de apreciação e P de
performance, aparecem entremeadas de outras duas atividades que ele chama de
“suporte” para o ensino da música. São as que aparecem dentro dos parênteses: (L)
de literatura: conhecimento da teoria e da notação musical, “informação sobre
música e músicos e (S) do inglês skill ou seja técnica ou habilidades que irão
informar (ibid.13) as atividades centrais.
Vários autores (Gane 1996), Plummeridge (1997), Leonhard e House (!972) e
outros) compartilham da ideia de que a composição, a apreciação e a execução se
interagem, portanto devem estar presentes no ensino da educação
musical(FRANÇA,2002). Porém, como diz França e Swanwick (2002), “ é preciso
salientar que o Modelo C(L)A(S)P não é um método de educação musical, nem um
inventário de práticas pedagógicas. O modelo carrega uma visão filosófica sobre a
educação musical, enfatizando o que é central e o que é periférico (embora
necessário) para o desenvolvimento musical dos alunos” (p.18).
A composição - C - , é vista nesse modelo como a organização das ideias e
manipulação dos materiais musicais, seja em improviso, ou em uma peça que seja
criada dentro de “regras e princípios estilísticos”. Essas obras desenvolvidas em sala
de aula “variam muito em duração e complexidade de acordo com a sua natureza,
propósito e contexto; pode ser desde pequenas ‘falas’ improvisadas até projetos
mais elaborados que podem levar várias aulas para serem concluídos” (ibid. p.11).
A apreciação musical - A, - “é uma forma legítima e imprescindível de
engajamento com a música. Através dela podemos expandir nossos horizontes
musicais e nossa compreensão [........] é mais facilmente acessível e aquela com a
qual a maioria das pessoas vai se envolver durante suas vidas” (REIMER(1996)
apud FRANÇA e SWANWICK, 2002. A literatura atual apresenta entre outras
sugestões, novas concepções psicopedagógicas para uma audição musical ativa
que poderão auxiliar no desenvolvimento de novas metodologias para alcançar as
metas desejadas. Como dizem Wuytack e Palheiros:
há inúmeras possibilidades para elaborar meios de activação que permitam trabalhar a audição musical de maneira activa. No entanto, o mais importante será sempre conseguir que os alunos desenvolvam o prazer de ouvir música e tenham, face à audição, uma atitude aberta, participada, empenhada e entusiasta (Wuytack e Palheiros. 1995).
E a performance - P - , diferentemente daquela pensada nos conservatórios
musicais, voltada ao virtuosismo, privilegiando (S) técnica, “ abrange todo e
qualquer comportamento musical observável, desde o acompanhar de uma canção
com palmas, à apresentação de uma obra musical para a plateia.” (Swanwick, 1994,
apud FRANÇA E SWANWICK, 2002).
RELATO DAS ATIVIDADES
Na elaboração das práticas de ensino foram usados os seguintes
equipamentos: data show, caixas de som, tevê multimídia, pendrive. Foi
desenvolvido um material didático - Caderno Pedagógico com cinco unidades, que
explica detalhadamente o procedimento de cada aula e respectivas atividades.
Trata-se da produção didático-pedagógica pertinente ao meu objeto de
estudo/problema, devidamente sistematizado no Projeto de Intervenção Pedagógica
na Escola e considerando a área/disciplina de ingresso no Programa. Esta
produção foi fruto da pesquisa e fundamentação teórica “... considerada como
material didático a ser utilizado pelo Professor PDE em situações específicas e
planejadas, como subsídio ao trabalho [ ....] tendo em vista os objetivos aos quais se
destina – a escola” (OGLIARI, 2008).
Unidade 1- APRECIAÇÃO - SERTANEJO UNIVERSITÁRIO
Proposta musical 2 aulas - Público alvo= alunos a partir de 10 anos.
A partir da investigação do gosto musical dos alunos em relação às músicas
que estão nas mídias foi feita a apreciação de um clipe de uma música do gênero
Sertanejo Universitário, muito em voga na ocasião. O termo Sertanejo Universitário é
de origem pantaneira e teve início com a dupla João Bosco e Vinícius, que em 1994,
iniciaram tocando e cantando música sertaneja em ambientes universitários (
Yahho!).
Após assistir parte do vídeo da composição de: Fred, Gustavo, Marco Aurélio
e Márcia intitulada: Amar não é Pecado, interpretação de Luan Santana, foi
iniciada a verbalização da apreciação juntamente com os alunos. A música em
questão é propícia para perceber a pulsação, a instrumentação variada, o timbre
voz do solista. Também foi possível perceber a dinâmica, andamento e forma,
repetições de frases, contraste, diálogo entre instrumento, refrão. Em uma segunda
audição, foi apresentado o vídeo inteiro, quando foi possível perceber a forma da
música, ou seja, forma ternária - ABA.
Antes da segunda vez em que o vídeo foi apresentado por completo, os
alunos foram orientados para observar os instrumentos que acompanhavam a
música e para que os nominassem, bem como a que família pertenciam.
E na última apreciação do vídeo, os alunos formaram grupos entre três ou
quatro componentes para juntos identificarem a altura do som, entre grave, médio e
agudo, e representassem a melodia com grafia não convencional, usando traços,
linhas contínuas que sobem quando a melodia dirigia-se ao agudo e que descem
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quando a melodia vai para o grave, bem como, se este som manteve-se, na mesma
altura.
Unidade 2 - APRECIAÇÃO E PERFORMANCE - MÚSICA CAIPIRA
Proposta musical: 2 aulas Público – alvo: alunos a partir dos 10 anos.
Foi apresentada a música As mocinhas da cidade, de uma dupla caipira
reconhecida em Curitiba, que são Nhô Belarmino e Nhá Gabriela. Foram mostradas
algumas fotografias de ambos, assim como da fonte que encontra-se no centro da
cidade de Curitiba – Rua Cruz Machado - feita em homenagem ao casal pelo então
prefeito Rafael Greca de Macedo, ano de 1996.3
Na primeira audição da música “As Mocinhas da Cidade” que é um xote4, foi
iniciada a apreciação da mesma – A - solicitando que os alunos acompanhassem
com palmas suaves. Agindo assim foi trabalhada também a performance – P - ,
como considera Swanwick (1979)( apud França e Swanwick, 2002). Em outras
audições da mesma música, foi trabalhada a contextualização por meio do L de
Literatura: apresentando como a dupla se formou, questões da forma musical e das
vozes (masculina e feminina) a origem das músicas “caipiras”, atualmente termo
considerado pejorativo, por isto dito Sertanejo de Raiz.5
3 Informação disponível em
<http://www.boamusicaricardinho.com/nhobelarminoenhagabriela_55.html> Acessado em 06 out. de
2011
4 O xote é um ritmo mais lento para se dançar a dois, de origem alemã, mas que se radicou no
Nordeste e mistura os passos de valsa e de polca. Disponível em <http://educacao.uol.com.br/cultura-
brasileira/ritmos-do-brasil-samba-frevo-maracatu-forro-baiao-xaxado-etc.jhtm> acessado em 22 nov.
de 2011
5 Pois remete a terra, plantio, roça, mutirão, amizade, cantos acompanhados de violão e a sanfona,
entre os amigos donos das roças, e mão de obra “emprestada”, em mutirões de preparo e cultivo da terra, festejo e agradecimento. CALDAS, Waldenyr. O que é Música Sertaneja. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 20.
Unidade 3 – COMPOSIÇÃO –GRUPO BARBATUQUE- PERCUSSÃO CORPORAL
Proposta 2 aulas. Público- alvo: alunos a partir de 10 anos
Após assistir a um vídeo do grupo brasileiro Barbatuque – que trabalha
basicamente com percussão corporal, foi sugerido aos alunos que formassem seis
grupos de quatro alunos, e que cada grupo escolhesse um tipo de som que o grupo
Barbatuque apresentou. Com som das batidas nas bochechas, e mais três sons
criados por cada grupo, os alunos compuseram uma frase rítmica que deveria ser
apresentada ao grande grupo. É preciso dizer que a apresentação foi extremamente
difícil por sentirem-se envergonhados frente aos demais e só concordaram em
apresentar-se com a professora fazendo parte de cada grupo.
Outra atividade foi desenvolvida com a música - As mocinhas da cidade - que
foi acompanhada com sons de percussão corporal, previamente ensaiado com a
professora. Grupo um: mãos espalmadas; batidas nas bochechas, palma, peito,
batida com os dois pés no chão.
Grupo 2: Batidas nas bochechas com mãos espalmadas, Batidas nas bochechas ,
duas mãos espalmadas batidas no peito, palma, batida com os dois pés no chão.
Grupo Três: Estalos de dedos, palmas batidas no peito, batidas com mãos
espalmadas nas pernas.Grupo cinco: Batidas primeiro pé direito em seguida pé
squerdo bate um de cada vez no chão, com mãos espalmadas batidas nas pernas
ao mesmo tempo, ainda com mãos espalmadas batidas no peito.
Grupo Seis : Assobio, palmas, mãos espalmadas batidas no peito, mãos
espalmadas batidas nas pernas.Por unanimidade, escolheu-se do último grupo, que
ao som da música e comando da professora, Assobio, palmas, batidas no peito e
batidas nas pernas, repetições da professora por três vezes enquanto esta por
último fez a contagem, um, dois, três, quatro, enquanto produziam os sons que
haviam repetido por três vezes. Como estratégia inicial, foi solicitado que os alunos
se espalhassem pela sala e que ao comando da docente executassem a ação,
atentos ao ritmo do comando da professora.
ATIVIDADE 4 - RAP – APRECIAÇÃO – COMPOSIÇÃO e PERFORMANCE
Proposta musical: 2 a 3 aulas - Público – alvo: alunos a partir de 10 anos.
Após apresentar o vídeo da música - Rap da escola - , foi aberto o diálogo
com os alunos. Em seguida foi apresentada uma proposta rítmica para que fosse
desenvolvida por dois grupos, ou seja, a duas vozes, usando percussão corporal.
Depois então os alunos criaram uma base rítmica partindo de ritmos corporais, sons
vocais, instrumentos musicais e sons de celulares, acrescentado à tecnologia usada
por eles no dia a dia. Formaram-se então os grupos e cada grupo criou o seu rap,
que posteriormente foi apresentado à turma. Em acordo com a docente, foi
escolhido um dos raps para ser ensaiado por todos. Foram sugeridos temas como:
paz, respeito, tolerância, amizade, amor, harmonia, meio ambiente e água. Foi
experimentado ainda montar uma base com sons vocais de suspense e de alegria.
Utilizando esses sons na criação de um looping (trecho musical que se repete
durante todo rap). Esse foi um momento de grande dificuldade no entrosamento,
pelo fato de ser em contra turno e não haver amizade entre colegas de outras
turmas, o que dificultou bastante o trabalho.
Só foram feitos dois raps, um gospel feito individualmente e outro por um
grupo. Infelizmente apresentação final não chegou a acontecer por ter tido início na
escola um outro projeto - Mais Educação - no qual essa professora já estáva
comprometida. Projeto esse que traria à escola a oportunidade de aquisição de
intrumentos de percussão. O projeto PDE, foi retomado após 15 dias. Então houve
grande frustração pois no retorno, com mais três aulas, o grupo já estava
heterogênio, com os alunos do projeto Mais educação, que não tinham participado
das aulas anteriores, portanto não sabiam o que já tinha sido feito. Foi então
apresentada a quinta e última atividade, música de concerto.
ATIVIDADE 5 - MÚSICA DE CONCERTO – LITERATURA - BIOGRAFIA DE
WOLFGAN AMADEUS MOZART.
Proposta musical: 2 aulas - Público alvo: alunos a partir de 10 anos.
Música: Variações sobre o tema “Ah! vous-dirai-je, Maman”6-. tradicional Francesa.
Após uma primeira escuta com apenas o tema da música, foram feitas
perguntas sobre a música e sobre a instrumentação. Foi solicitado aos alunos que
fizessem uma representação gráfica da mesma.
Foi explicado que esse era um tema e que Mozart fez 12 variações sobre ele.
Houve uma explicação sobre o que é variação, e então i feita uma segunda audição,
apresentando a música toda. Formaram-se pequenos grupos para criar variações
rítmicas sobre o tema, com percussões corporais anteriormente trabalhados.
No outro encontro, assistimos trecho do filme “Amadeus”, que trata da
vida de Mozart. Após foi comentado sobre a importância e necessidade de criação,
descoberta e organização de ideias sonoras, mesmo com anotações não
convencionais, que são diferentes maneiras de grafar a música antes do
aprendizado da grafia tradicional, para que seja possível reproduzir a música em
todo e qualquer tempo.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Projeto foi realizado tendo como foco abordagens democráticas, atentas e
flexíveis, buscando mudanças de atitudes necessárias nas atividades pedagógicas
com música, com intuito de gerar modificações benéficas na cultura escolar, criando
gosto pela investigação, que de acordo com Pimenta (2008), causa uma “re-
significação do conceito de professor, de aluno, de aula e de aprendizagem”. Foi
importante partir do gosto musical dos alunos, valorizando-se suas escolhas e
respeitando-se o gosto musical destes. Também foi uma oportunidade para que os
discentes apresentem o conhecimento sobre as mídias e a manipulação de
modernos softwares o que muitas vezes é novo para o professor. A música da
cultura de massa está no cotidiano dos nossos alunos, tornando-se imperioso ao
professor que se aproprie do conhecimento destas e apresente novas atitudes
6 No Brasil conhecida como “Brilha, Brilha, Estrelinha”
metodológicas inserindo-se nestas questões de músicas de cultura de massa e uso
das tecnologias.
A Secretaria de Educação do Estado do Paraná é pioneira em reconhecer a
importância do professor e permitir-lhe voltar ao meio acadêmico, em contato com as
IES - Instituições de Ensino Públicas e conceder-lhe tempo, tirando-o da sala de
aula para buscar conhecimento também das novas tecnologias, oferecendo cursos
de manipulação de computadores para trabalhar à distância, e aprimorar suas
práticas pedagógicas pois no exercício da docência , não há tempo para leituras e
reflexões de outras práticas pedagógicas que permitam saberes mais elaborados. E
se na busca de melhoria na educação está a capacitação do docente de maneira
mais sólida, permitindo-lhe participar de palestras, seminários e cursos com
importantes docentes do meio acadêmico, inserindo-o no contexto teórico e prático,
tão necessários na mediação do conhecimento em sala de aula, é certo que se
busca qualidade, partindo de melhor preparo e valorização do quadro de docentes
que fazem parte da rede de educação .
A educação apresenta-se como desafio á escola atual com tantas questões
de pilares básicos outrora fortalecidos pelas tramas cuidadosamente tecidas no dia-
a-dia nas relações familiares. Com o tempo elas foram lentamente se desgastando,
no contexto diário da luta pela sobrevivência em que o sagrado pão sobre a mesa
tem sido por vezes profanado, pela falta do básico. Em relação às possibilidades e
limites para a conservação dos valores no contexto familiar, muitas vezes são
gerados conflitos que refletem-se na escola e interferem no ensino-aprendizagem.
Com o retorno do ensino da música nas escolas e um professor valorizado e melhor
preparado é possível contar com uma maior possibilidade de alcance à busca da
sonhada educação de qualidade.
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