7/23/2019 Musitec - abr2013
1/132
udio msica e tecnologia | 1
NOVA IGREJA DA BARRAConhea os projetos
de acstica e sonorizao
CAANDO MITOSNova srie desconstri verdades
absolutas do mundo do udio
HOME STUDIOOs subwoofers e
suas especificaes
Ano XXV - abril/2013 n259 - R$ 13,00 - www.musitec.com.br
MONITORAO AO VIVOTcnicos contam suas experincias e citamo in-ear como a grande mudana dos ltimos 25 anos
As luzes do novo show do Revelao Novalite adquire equipamentos RED LightingRecursos do menu Paint das cmeras de vdeo Iluminando E muito mais!
ESPECIALAM&T 25 anos
Z&CEN
A
7/23/2019 Musitec - abr2013
2/132
2 | udio msica e tecnologia
7/23/2019 Musitec - abr2013
3/132
udio msica e tecnologia | 1
7/23/2019 Musitec - abr2013
4/132
ISSN 1414-2821udio Msica & TecnologiaAno XXV N 259 / abril de 2013Fundador: Slon do Valle
Direo geral: Lucinda DinizEdio tcnica: Miguel RattonEdio jornalstica: Marcio TeixeiraConsultoria de PA:Carlos Pedruzzi
COLABORARAM NESTA EDIOChrist, Cristiano Moura, Daniel Raizer, Enricode Paoli, Fbio Henriques, Farlley Derze,Fernando Barros, Fernando Moura, GlaucoPaganotti, Lucas Ramos, Luciano Alves,Omid Brgin e Renato Muoz
REDAOLouise Palma, Marcio Teixeirae Rodrigo [email protected]@musitec.com.brDIREO DE ARTE E DIAGRAMAOClient By - clientby.com.brFrederico Ado
AssinaturasKarla [email protected]
Distribuio: Eric Baptista
PublicidadeMnica [email protected]
Impresso: Ediouro Grfica e Editora Ltda.
udio Msica & Tecnologia uma publicao mensal da EditoraMsica & Tecnologia Ltda,CGC 86936028/0001-50Insc. mun. 01644696Insc. est. 84907529Periodicidade Mensal
ASSINATURASEst. Jacarepagu, 7655 Sl. 704/705Jacarepagu Rio de Janeiro RJCEP: 22753-900Tel/Fax: (21) 3079-1820 (21) 3579-1821 (21) 3174-2528Banco BradescoAg. 1804-0 - c/c: 23011-1
Website: www.musitec.com.br
Distribuio exclusiva para todo o Brasil pelaFernando Chinaglia Distribuidora S.A.Rua Teodoro da Silva, 907Rio de Janeiro - RJ - Cep 20563-900
No permitida a reproduo total ouparcial das matrias publicadas nesta revista.
AM&T no se responsabiliza pelas opiniesde seus colaboradores e nem pelo contedodos anncios veiculados.2 | udio msica e tecnologia
No sei como algumas pessoas conseguem ouvir msica em volume to alto. Outro dia, fui
conhecer uma casa noturna e quei impressionado com o nvel sonoro do local. No aguen-
tei nem cinco minutos e me afastei, indo para o fundo do lugar. O tcnico de PA da casa me
disse que, depois de ajustar o som, usa protetores auriculares a maior parte do tempo. J
estive em lugares onde os agudos eram to exagerados que me levaram a concluir que o
tcnico estava cando incapacitado para operar o som.
Nas ruas, nos nibus, em toda parte, vemos muitas pessoas com seus fones e aquele zum-
bido caracterstico vazando das suas orelhas, denunciando os danos que viro no futuro.
Conversando recentemente com um mdico otorrino, soube que alguns operadores deudio o consultaram para fazer uma avaliao de seus ouvidos e em todos foi detectada
alguma perda auditiva. So prossionais ainda jovens, que correm um enorme risco de no
conseguirem seguir suas carreiras por muito tempo.
lamentvel que no haja uma conscincia maior no s por parte dos prossionais, mas
tambm do pblico. Na maioria das cidades do Brasil existem leis que estabelecem limites
de nvel sonoro para a comunidade, isto , em reas externas. Uma norma do Ministrio
do Trabalho regulamenta os nveis sonoros mximos aos quais as pessoas podem car ex-
postas. Se medirmos o volume do som nas casas noturnas, concluiremos que no se pode
permanecer l dentro por mais de meia hora.
O ouvido o elo mais valioso no caminho do som, e apesar das pesquisas animadorascom clulas-tronco, ainda so irrecuperveis os danos que a nossa audio sofre quando
submetida a nveis sonoros muito intensos. Cuide bem do seu ouvido, porque ele um
equipamento do seu sistema que voc no poder trocar quando parar de funcionar.
Nasce o caderno Luz & CenaA partir desta edio, o universo do vdeo, da luz e da cenograa passa a ter espao cativo
naudio Msica & Tecnologiacom a chegada do caderno Luz & Cena.
Nele, voc encontrar mensalmente notcias, informaes sobre produtos, matrias, co-
lunas de especialistas e tudo o mais que estava acostumado a ler na revista Luz & Cena.
AM&Te L&Cem um nico veculo? Nada mal!
Boa leitura!
EDITORIAL
7/23/2019 Musitec - abr2013
5/132
udio msica e tecnologia | 3
7/23/2019 Musitec - abr2013
6/132
4 | udio msica e tecnologia
Em Tempo RealGuilherme TettamantiRodrigo Sabatinelli
Notcias do FrontAs partes de um sistema de sonorizao (Parte 1)
Objetivas ou subjetivasRenato Muoz
Em CasaEquipamentos para um home studioSubwoofers: especificaesLucas Ramos
Plug-insEqualizadores Waves: conhecendo os recursos do C1(Parte 1)Cristiano Moura
Caando MitosAs lendas, a atmosfera do vinil e o problema da escadinhaFbio Henriques
holofoteClaudia Caliel, cengrafa e figurinistapor Louise Palma
produtoraTocavideos: iniciativa focada no msico e na msicapor Fernando Barros
mercado
Locadora Novalite investe em movings eribaltas RED Lightingpor Rodrigo Sabatinelli
Monitorando a HistriaOperadores de monitorcontam experincias vividasnos ltimos 25 anosRodrigo Sabatinelli
Revelao 360 GrausEstrutura grandiosa, usada emgravao de DVD, adaptadapara cair na estradaRodrigo Sabatinelli
editorial 2novos produtos 10msico na real 110lugar da verdade 128
Nova IgrejaProjeto de sonorizao remodela templo religioso noRio de JaneiroRodrigo Sabatinelli
udio e AcsticaOndas Estacionrias Axiais: um olhar sobre o tipo
de onda que acontece entre duas paredes paralelasOmid Brgin
Media ComposerTransies: dando os primeiros passosCristiano Moura
Arte EletrnicaProprietrio da brasileira Electronic MusicWorks fala sobre synths da marca, que recriamsonoridades clssicasChrist
Pro ToolsAlgumas dicas para melhorar seu setup de monitoraoDaniel Raizer
SonarNovidades do Sonar X2 e X2a: por dentro do ProChannelLuciano Alves
18
20
28
34
38
92
98
104
106
116
124
notcias de mercado 6review 16ndice de anunciantes 127
P R O D U T O S . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 6
E M F O C O . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 8
O P E R A O D E V D E O . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 8
I L U M I N A N D O . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 6
60
62
70
76
7/23/2019 Musitec - abr2013
7/132
udio msica e tecnologia | 5
7/23/2019 Musitec - abr2013
8/1326 | udio msica e tecnologia
NOTCIASDEMERCADO
A Solid State Logic anunciou o retorno deMax Noach empresa no cargo de gerente
regional de vendas para a Amrica Latina.
Nesta nova funo, ele vai supervisionar as
atividades de venda e de apoio na Amrica
Central e na Amrica do Sul.
Estamos muito emocionados em receber o
Max de volta para a famlia Solid State Logic,
disse George Horton, vice-presidente da Re-
gio Oeste e Amrica Latina da SSL. A Am-
rica Latina tornou-se rapidamente um mer-
cado importante para todas as empresas de
udio, e temos sorte de ter algum com uma
viso to ampla para a regio, acrescentou.
Ao longo dos dez anos em que esteve na
SSL, Max ajudou a desenvolver a presen-
a da empresa no mercado sul-americano
e ocupou vrios cargos, incluindo os de ge-
rente regional de vendas e de chefe de ven-
das da Diviso Ocidental.
Estou muito emocionado e entusiasmado em voltar a trabalhar na SSL, uma empresa que sempre adorei, e com as pessoas que
eu admiro, disse Max. No vejo hora de contribuir para o futuro da SSL, ajudando a alcanar novas fronteiras e desenvolvendo
mercados existentes. Na verdade, me sinto voltando para casa, concluiu.
SSL ANUNCIA NOVO GERENTE REGIONAL DE VENDAS
EQUIPO RECORDISTA DE VENDAS
DA MARCA KURZWEIL
A Equipo foi consagrada com o prmio Sales Record Kurzweil por seu desempenho no
ano de 2012. Distribuidora exclusiva no Brasil da marca especializada em worksta-
tions, pianos e stage pianos, a empresa recebeu a homenagem criada para prestigiar
o distribuidor que mais se destacou em relao s vendas em todo o mundo.
Os diretores da Equipo Everton e Juliano Waldman manifestaram satisfao e orgu-
lho com a conquista. O prmio resultado de um trabalho feito com um planeja-
mento agressivo, objetivos claros, muita dedicao e empenho de toda a empresa,
destacou Everton Waldman. realmente uma honra receber tal premiao de uma
marca conceituada como a Kurzweil. O primeiro passo foi dado, mas h muito tra-
balho a ser feito, armou, por sua vez, Juliano Waldman ao receber a premiao.
A entrega do prmio foi realizada durante o Namm Show, importante feira do setor,
que aconteceu no nal de janeiro de 2013 em Anaheim, na Califrnia.
O diretor Juliano Waldman e o prmio:
desempenho da empresa em 2012 rendeu
homenagem internacional
7/23/2019 Musitec - abr2013
9/132
udio msica e tecnologia | 7
Depois de 13 anos sem registrar crescimento, a receita global da indstria fonogrca com venda de msicas cresceu
0,3% em 2012. Segundo o relatrio da Federao Internacional da Indstria Fonogrca, o mercado faturou 16 bilhes
de dlares devido receita digital, 9% superior do ano passado. Isto no acontecia desde 1999, quando o compar-
tilhamento de arquivos online desestabilizou as estruturas da indstria.
Apesar das vendas digitais totalizarem apenas um tero do total de 5,6 bilhes de dlares da receita, este crescimento
aponta uma tendncia do mercado, que investe cada vez mais na rea digital.
INDSTRIA FONOGRFICA CRESCE PELAPRIMEIRA VEZ EM 13 ANOS
AES BRASIL EXPO
ACONTECE EM MAIOA 17 edio da AES Brasil Expo ser realizada entre
os dias 7 e 9 de maio, no pavilho amarelo do Expo
Center Norte, em So Paulo. O evento uma boa
oportunidade tanto para prossionais quanto para os
interessados nos setores de udio, vdeo e iluminao
e vai contar com mais de 70 expositores no total, en-
globando uma srie de atividades.
Na conveno, os participantes podero assistir a se-
minrios, treinamentos, visitas tcnicas, workshops,
tutoriais, keynotes, lanamentos inditos, minicur-
sos, demonstraes de tecnologias, equipamentos e
debates com importantes nomes nacionais e interna-
cionais do setor.
J o congresso, que chega sua 11 edio, envolvepainis temticos com contedo cientco e tcnico,
apresentao de trabalhos acadmicos nas reas de udio, engenharia, com-
putao, msica e acstica.
Na parte de exposio, os visitantes vo conferir estandes de marcas brasilei-
ras e internacionais nas reas de udio, iluminao, som, vdeo e automao
residenciais e udio e vdeo motor. A rea de demonstrao ser montada ao ar
livre especialmente para sistemas de sonorizao de grande porte, enquanto o
auditrio interno receber sistemas de sonorizao compactos e amplicadores
de instrumentos musicais e uma sala especca ser usada para a apresentao
e demonstrao de mesas de som digitais.
Mais informaes podem ser encontradas no site ocial do evento: www.
aesbrasilexpo.com.br.
7/23/2019 Musitec - abr2013
10/132
8 | udio msica e tecnologia
NOTCIASDEMERCADO
IATEC OFERECE CURSO ITINERANTE DESONORIZAO E PRODUO DE EVENTOSDesde maro o Instituto de Artes e Tcnicas em Comunicao (IATEC) est oferecendo cursos itinerantesde sonorizao e produo de shows e eventos. O BR Tour 2013 vai percorrer nove capitais
brasileiras e cada cidade contar com o corpo docente do instituto, alm de ementa e me-
todologia similares ao que praticado em suas duas unidades no Rio de Janeiro.
A especializao em sonorizao, na qual os interessados sero introduzidos pr-
tica da sonorizao de shows e eventos, aborda temas como alinhamento
de PA, passagem de som e mixagem. O curso passa pelos fundamentos
do udio, os equipamentos necessrios e a especializao em consoles
digitais, e ensina como interligar os equipamentos, realizar a microfonao
conforme a nalidade exigida, trabalhar com software de medio de sistemas e a fazer o
trabalho de roadie. O curso ser ministrado nas cidades de Olinda, Porto Alegre, Fortaleza, So Paulo,
Cuiab, Salvador e Curitiba.
J a especializao em produo de eventos, que visitar as cidades de Porto Alegre, So
Paulo, Goinia, Braslia e Belo Horizonte, rene todo o conhecimento necessrio para produ-
zir shows e eventos com caractersticas e oramentos distintos, para vrios tipos de pblico.
Ele oferece ainda uma explicao sobre as leis de incentivo, projeto e planejamento de infraestrutura e direo de palco, alm de noes
de marketing e assessoria de imprensa.
As aulas possuem foco bastante prtico e orientado para as habilidades mais exigidas no mercado de trabalho. Mais informaes e inscries em
www.iatec.com.br, nos telefones (21) 2493-9628 e 2486-0629 e pelo e-mail [email protected].
MOLECADA NO ROCKBal, jud, natao e futebol so algumas das opes de atividades extracurriculares mais populares
entre a crianada e seus pais. Praticando uma ou outra, os pequenos adquirem hbitos saudveis,
aprendam a trabalhar em equipe e se desenvolvem em diversos aspectos.
No entanto, as crianas tambm esto de olho em outras reas, to positivas quanto o esporte. Uma
delas a msica. Com isso em mente, e buscando fazer do aprendizado uma grande brincadeira, a
Academia do Rock, escola de msica com base em Curitiba, oferece aulas a crianas de cinco a 12
anos. Com o ensino do rock, as crianas, alm de estarem em contato com a msica, seja tocando
bateria, guitarra, teclado, tambm esto se divertindo, conta Marcelo Freitas, diretor da instituio.
Segundo ele, trabalhar com a msica, seja no estilo que for, desenvolve o raciocnio e a criativida-
de, entre outras aptides. A msica desempenha um importante papel na vida recreativa da crian-
a, ao mesmo tempo em que desenvolve a criatividade, promovendo autodisciplina e despertando
a conscincia rtmica e esttica, acrescenta.
Para o pblico pr-adolescente, a Academia do Rock oferece, alm das aulas de instrumentos, a
chance tocar em uma banda de rock. O programa visa ensinar a trabalhar em equipe, estabelecer
metas e conquistar autoconana para apresentar-se em pblico. Ao nal de cada semestre acon-
tece o Rock Hour, um show de rock dos alunos da escola.
Mais informaes sobre a instituio podem ser obtidas em seu site ocial: www.academiadorock.com.br.
7/23/2019 Musitec - abr2013
11/132
udio msica e tecnologia | 9
7/23/2019 Musitec - abr2013
12/132
10 | udio msica e tecnologia
ROLAND LANA APLICATIVO PARACONSOLE M-200I
STEINBERG APRESENTA A INTERFACE UR22
NOVOSPRODUTOS
A Steinberg anunciou o lanamento da UR22, sua mais nova interface de udio digital
e MIDI. A unidade de conexo USB 2.0 trabalha a 24 bits, oferece at 192 kHz de fre-
quncia de amostragem e dispe de dois conectores combo Neutrik para que
instrumento, microfone ou linha sejam a ele ligados. Conta com dois prs
de alta qualidade D-PRE, havendo um pr para a entrada 2, onde se pode
conectar diretamente instrumentos de alta impedncia.
O equipamento dotado ainda de conectores de MIDI In e Out e sadas ana-
lgicas e para fones. Atua com baixssima latncia e vem com o Cubase AI6,
com possibilidade de download gratuito da verso 7 do software to logo o
mesmo seja disponibilizado. A diferena mais importante entre as verses
que a 7 permitir um trabalho no nvel mximo de amostragem da interface.
www.steinberg.net
Divulgao
Durante a BVE 2013, que aconteceu entre 26 e 28 de fevereiro em Londres, a Roland
apresentou seu novo M-200i V-Mixer, um aplicativo para iPad que permite o controle de
todas as principais caractersticas do console M-200i. Com ele, possvel controlar de
qualquer lugar os pr-amps, pan, ltros, PEQ e GEQ. Ele tambm permite que o usurio
salve e carregue as cenas, ajuste compressores e gates, use os sends on faders e realize
edio de efeitos.
A rede sem o criada atravs da conexo entre o roteador e a entrada LAN do M-200i
ou conectando o adaptador Roland Wireless Connect (WNA1100-RL) a uma entrada USB.
O mixer possui 32 canais, com 17 faders motorizados, oito sadas auxiliares, quatro sa-
das Matrix e oito DCAs, junto com 24 entradas e 14 sadas no console em si (expansvel
at 64 x 54 atravs da porta REAC e da tecnologia Roland Digital Snake).
www.roland.com
www.roland.com.br
Divulgao
SOUNDCRAFT SI PERFORMERJ NO MERCADO
J est ao seu alcance a mesa Si Performer, da Soundcraft, primeiro mixer digital a contar com integrao DMX.
O produto dotado de processadores internos Lexicon e equalizador paramtrico de quatro bandas e ofe-
rece diversas opes de sada, roteamento exvel e controle via iPad. Vale destacar que
a integrao entre a porta DMX512 e a interface de controle de iluminao disponibi-
lizam controles nos faders de iluminao e udio, que so combinados em camadas e
permitem o comando evento em pacote nico e compacto.
A Si Performer, em sua verso 3, oferece 32 entradas mono de mic e 30 faders. Na
verso 2 so 24 as entradas mono e 22 o nmero de faders. Nas duas verses h
um equalizador grco BSS de 28 bandas para todas as sadas, um pr-amplicador
da Srie Vi e oito entradas de linha (P10). H capacidade para trabalho com at 20 auxi-
liares (oito mono e seis estreo) e possibilidade de expanso para at 80 canais,
www.soundcraftaudio.com.br
www.harmandobrasil.com.br
Divulgao
7/23/2019 Musitec - abr2013
13/132
7/23/2019 Musitec - abr2013
14/13212 | udio msica e tecnologia
BEHRINGER APRESENTAPAS PORTTEIS
FONES DO AC/DC SO NOVIDADE
DA ON.EARZ
NOVOSPRODUTOS
Como hoje os naming rights vo alm, voc pode, se quiser, andar na
montanha russa do Aerosmith, comprar um caixo do Kiss ou, a sim, tendo
a ver com a msica mesmo, deslar pelas ruas com o nome de sua banda
favorita estampando seu headphone. isso o que a empresa belga On.Earz
acaba de fazer, lanando, por meio de sua linha The Legends, fones dos austra-
lianos do AC/CD.
As caractersticas mais importantes dos fones AC/DC so sensibilidade de 108 dB +/- 3
dB, impedncia de 32 ohm, cabo de 1,2 m, driver de 40 mm dinmico, resposta de fre-
quncia de 20-20.000 Hz e a opo Music Sharing, que permite que outros fones sejam
plugados na concha do aparelho. Socializao musical no nvel mximo.
eu.onearz.com
Trs so os modelos da linha Europort, de PAs portteis da Behringer, anunciados recentemente pela companhia: EPA900 (foto), EPA300
e EPA150. Cada um possui cerca de 100 presets, processador FX 24 bits, sistema antimicrofonia e, sim, um microfone Behringer
XM1800S, podendo ser instalados e acionados de forma rpida e descomplicada. Um aspecto fundamental dos novos sistemas que eles
se tornam seus prprios cases de transporte. Todos os componentes podem ser guardados em uma mala resistente e de transporte fcil.
Entre as caractersticas dos sistemas, destacam-se, ainda, o fato
de que oferecerem 300 watts, mixer de seis canais, woo-
fers de 8, driver de 1.35, equalizador de duas ban-
das, pad selecionvel e LEDs de clip em todos os
canais mono. Mais? Equalizador grco est-
reo de cinco bandas, dois pr-amps com cha-
ve de phantom power +48V e a funo VoiceCanceller, que remove a voz nas gravaes
para que os karaoks no quem limitados
s velhas canes dos velhos catlogos.
www.behringer.com
www.proshows.com.br
Divulgao
Divulgao
7/23/2019 Musitec - abr2013
15/132udio msica e tecnologia | 13
7/23/2019 Musitec - abr2013
16/132
14 | udio msica e tecnologia
NOVOSPRODUTOS
NOISE SUPRESSOR NS1: GUERRA
CONTRA O RUDOA israelense Audio Waves recentemente apresentou ao mercado o Noise Supressor NS1. Trata-se deum plug-in prossional de supresso de rudo indicado para ps-produo, narrao e trabalhos
musicais que se adapta de maneira instantnea ao sinal sonoro para, em seguida, analisar e focar
no primeiro plano e eliminar o rudo de fundo.
O NS1, que possui um medidor de atenuao e compatvel com MultiRack e SoundGrid, con-
trolado por apenas um fader, que determina de que forma, com que intensidade, a supresso de
rudo ser realizado. O Attenuation Meter mostra o total de energia removida do sinal de entrada.
www.waves.com
www.quanta.com.br
MIXAGEM FCIL COM O GEMINI CDMP-6000A ProShows traz ao Brasil o CDMP-6000, da Gemini, equipamento para mix ao
vivo que combina funes de playback e outras caractersticas prossionais
com uma fcil seo de mixagem. Quer se trabalhe com arquivos de udio em
CDs, MP3s ou no formato WAV, ou todos estes ao mesmo tempo, o CDMP-
6000 uma soluo convel e verstil para DJs e instalaes em clubes.
Entre outras caractersticas do produto esto entrada USB, sistema anti-
choque; trs modos de disco selecionveis; inicializao instantnea e Cue
com pr-escuta; leitura de sada do BPM (TAP); funo Pitch Bend via disco
de controle ou botes e controle de Pitch varivel. Na seo de mixagem h um
EQ de trs bandas com controle de ganho, sada de fone de ouvido de , entrada
para microfone XLR e e entradas auxiliares para dispositivos de fone e linha.
www.geminidj.com
www.proshows.com.br
Divulgao
JBL SELENIUM LANA NOVOS
SUBWOOFERS DA LINHA SWA linha SW est crescendo e a JBL Selenium, distribuda pela Harman do Brasil, apresenta o
SW5P, novo integrante da famlia. O produto est disponvel nos modelos de 15 (foto) e 18 po-
legadas e conta com uma potncia ainda maior, de 1200 W RMS. Com performance melhorada,
o equipamento uma boa alternativa queles que buscam mais resposta em sua aplicao.
O lanamento pode ser conferido no estande da Harman na AES Brasil Expo 2013, que ser
realizada entre os dias 7 e 9 de maio, em So Paulo.
www.jblselenium.com.br
www.harmandobrasil.com.brDivulgao
Divulgao
7/23/2019 Musitec - abr2013
17/132
udio msica e tecnologia | 15
7/23/2019 Musitec - abr2013
18/13216 | udio msica e tecnologia
REVIEW Rodrigo Sabatinelli
Caetano Veloso Abraao (Universal Music)
Mariene de Castro Ser de Luz (Uma Homenagem a ClaraNunes) (Universal Music)
Abraao, o novo disco de Caetano Veloso, tem despertado em mim
duas sensaes proporcionalmente distintas: a alegria e a tristeza. A
alegria por ser mais um CD com a esttica que fez de Ce Zii e Zie
trabalhos dos mais bacanas, lanados por ele nos ltimos anos. E a tris-
teza por saber que a trilogia, construda tambm por Pedro S, Marcelo
Calado e Ricardo Dias Gomes a Banda C , agora est completa.
Na verdade, seu m [o da trilogia] no me causa surpresa, conside-
rando, obviamente, que Caetano no um artista de continuidades.
Inquieto e sempre se reinventando, ele at que esteve ainda est,
na verdade por bastante tempo ao lado dos meninos, tambm res-
ponsveis pela grande mudana em seu som, ultimamente recheado
de guitarras distorcidas e batidas pouco ou nada convencionais, mas
parece que agora vai respirar outros ares.
No tal Abraaco, o disco em questo, que tem incrveis composies,
tais como a faixa-ttulo,A Bossa Nova Foda, O Imprio da Lei e Es-
tou Triste, o quarteto fantstico mais uma vez acertou a mo. Espe-
cialmente em faixas bem particulares, como a singela Quando o Galo
Cantoue a prafrentex Parabns, para mim, a mais bacana do disco.
Na primeira, Caetano e seu violo dialogam de forma potica por uma melodia melanclica, at que a guitarra de Pedro e outros instrumentos,
pilotados por Ricardo e Marcelo, invadem a harmonia e o ritmo, transformando por completo a cano. E na segunda, que tem, em sua estru-
tura, inuncias do reggae, do ska e da msica tribal, brinca com os amigos em meio a uma verdadeira farra musical. Valeu, Banda C! Valeu,
Caetano! Obrigado pelo disco! Um abraao a todos.
A nova gerao do samba est muito bem representada por Mariene de Castro, cantora que,
depois de muita batalha, vem conquistando seu merecido espao. As coisas, alis, tm acon-
tecido em maior intensidade para a artista baiana, que recentemente assumiu a responsabi-
lidade de representar ningum menos que Clara Nunes. Em Ser de Luz (Uma Homenagem a
Clara Nunes), trabalho em questo, Mariene visita alguns standards da carreira de Clara,
tentando dar a eles um pouco de sua marca.
Gravado ao vivo no Espao Tom Jobim, no Rio de Janeiro, o DVD conta com Guerreira, MeninoDeus, Coisa da Antiga cantada ao lado de Zeca Pagodinho , Morena de Angola,Juzo Final
com Diogo Nogueira , Corao Leviano, O Mar Serenou, Conto de Areia, , Baianae Portela na
Avenida, entre outras. Do repertrio que Mariene canta no dia a dia da estrada estoA Pureza da
Flor,Amuleto da Sortee a faixa-ttulo, sucesso na voz de Alcione, outra diva do samba.
Embora seja sempre muito perigoso tentar manobras radicais como esta e, tambm, como a
feita por Maria Rita, que recentemente interpretou canes de Elis Regina, sua me , Mariene
prestou tal homenagem sem derrapar. E como cantora de personalidade, fez seu papel: deixou
novas leituras de prolas incontestveis. A j citada Alcione, h alguns anos fez o mesmo com
brilhantismo ainda maior, e, junto a uma competente banda, se deliciou no palco travestida de
Clara, at hoje intocvel e insupervel, diga-se de passagem.
7/23/2019 Musitec - abr2013
19/132
udio msica e tecnologia | 17
7/23/2019 Musitec - abr2013
20/13218 | udio msica e tecnologia
Guilherme Tettamanti comeou a trabalhar com udio
em um estdio construdo na garagem da casa de
seus pais Na poca, diz ele, quase todo mundo tinha
um computador, uma placa de som e um par de microfones,
kit de sobrevivncia para iniciantes na prosso.
Mas o destino reservava ao jovem surpresas muito agradveis.
Com o tempo, Guilherme foi se prossionalizando cursou
Tcnicas Gravao e Produo Fonogrca e fez da prtica
grande aliada para seu crescimento prossional, anal de con-
tas, nada melhor do que o dia a dia dos estdios para evoluir e
conquistar, cada vez mais, o mercado.
Hoje, Guilherme dono do Studio94, projetado pela Walters-
-Storyk Design Group, Inc. (WSDG), de John Storyk, que ele
mantm em parceria com Andr Rafael, do extinto AR Studios.
GUILHERME
TETTAMANTI
GUILHERME
TETTAMANTI
EM TEMPO REAL | Rodrigo Sabatinelli
BATEBOLA
Divulgao
Mesa:SSL Duality. Quem j usou sabe o que estou falando...
Monitor de referncia:Yamaha NS10 e Genelec 1032
Perifricos:Neve 1032, Urei 1176 e SSL X-Rack
Melhor engenheiro de gravao nacional: Acho injusto
escolher um s, pois temos muitas pessoas competentes
aqui no Brasil
Melhor engenheiro estrangeiro: No atuei com nenhum
ainda, mas gosto muito do Moogie Canazio, que, apesar de
brasileiro, trabalha muito l fora
Melhor som de disco nacional:Umbigobunker!?, do Jay
Vaquer
Melhor som de disco internacional:All The Right Rea-
sons, do Nickelback
No estdio, gosto de:Boas energias
Na estdio, no gosto de: Desarmonia
Sonho de consumo profssional:SSL Duality
Dica para iniciantes:Arte no tem limite, mas temos que
ter bom senso. Em uma gravao na qual temos inmeras in-
formaes tcnicas e padres estabelecidos, a msica sempre
tem que prevalecer. No nal, isso o que importa. Todas as
escolhas feitas por mim nas respostas anteriores representam
a minha realidade e meu momento. No querem dizer que
sempre sero essas.
7/23/2019 Musitec - abr2013
21/132
udio msica e tecnologia | 19
7/23/2019 Musitec - abr2013
22/13220 | udio msica e tecnologia
NOTCIAS DO FRONT | Renato Muoz
A partir deste ms escreverei mais detalhadamente sobre todos os
equipamentos de udio que fazem parte de um sistema de sonori-
zao. Alm de abordar a parte tcnica (equipamentos), falarei bas-
tante sobre um lado mais subjetivo (programa, pblico etc.), que,na minha opinio, tambm acaba fazendo parte do que conhecemos
como um sistema de sonorizao.
Tentarei seguir uma ordem cronolgica, considerando os vrios te-
mas (objetivos e subjetivos) que normalmente aparecem quando o
assunto sistema de sonorizao. Ou seja, falarei desde o programa
que ser sonorizado, passando pelos equipamentos que fazem este
trabalho, e chegando s pessoas que so atendidas pelo sistema.
No podemos falar em um sistema de sonorizao (principalmente
os aplicados em shows musicais) sem tocar em outros pontos de
grande importncia, como os equipamentos de udio, o programaque est sendo reproduzido, o local onde est sendo reproduzido e
tambm o pblico para o qual o som est sendo reproduzido. Algum
destes pontos podem parecer meio estranhos para ns, tcnicos, j
que eles so muito subjetivos. Mas acredite: eles so to ou mais im-
portantes do que a parte tcnica dos equipamentos. Como veremos,
se eles no estiverem corretamente colocados na nossa equao -
nal, ser muito difcil termos sucesso no nosso trabalho.
Ns, como tcnicos, que trabalhamos com sistemas de sonorizao, seja
em uma pequena igreja para um pequeno pblico, ou para uma grande
banda e um grande pblico, sempre vamos nos deparar com estes as-
pectos. O que fundamental para um bom resultado sonoro reconhe-cer e saber como trabalhar com todos eles.
AM&T
(Par
te
1)
Para as prximas colunas, tentarei trazer a participao de outros tcni-
cos, que, como eu, esto trabalhando diretamente com sistemas de so-
norizao de grande porte. Assim, poderemos ver como outros prossio-
nais pensam e se comportam em relao a tantos aspectos (novamente objetivos e subjetivos) que fazem parte de um sistema de sonorizao.
Antes de comearmos com partes objetivas e subjetivas, devemos
estabelecer alguns pontos que nos esclaream melhor o que so os
sistemas de sonorizao, quando surgiram, qual o principal objetivo
deles, quais as suas principais atribuies. Desta forma, poderemos
entender melhor de onde tudo isso veio e, principalmente, qual a
melhor maneira de se trabalhar com toda essa informao.
Podemos dizer que um sistema de sonorizao utilizado quandoexiste a necessidade de se levar a um pblico (grande ou pe-
queno) uma informao (programa). Estes sistemas so relativa-
mente novos, principalmente os utilizados para a sonorizao de
eventos musicais. Se pensarmos no incio da dcada de 1960, po-
demos ver como eles eram simplrios. Porm, muito antes disso j
existiam grandes plateias que tinham a necessidade de receber
o programa. Se pensarmos nos antigos anteatros romanos, nas
igrejas catlicas, com seu grande tempo de reverberao, e nos
teatros ingleses, notaremos que estes locais utilizavam de suas
caractersticas acsticas para propagar o programa.
Pouca gente sabe que a maioria dos anteatros possua uma cober-tura acima da parte nal da arquibancada. Ela fazia com que o som
As partes de umsistema de sonorizao
OBJETIVAS OU SUBJETIVAS
Divulgao
7/23/2019 Musitec - abr2013
23/132udio msica e tecnologia | 21
7/23/2019 Musitec - abr2013
24/13222 | udio msica e tecnologia
vindo do palco reetisse e voltasse para o pblico. As igrejas usavam
o grande tempo de reverberao para propagar as missas que eram
cantadas, enquanto os teatros eram projetados para que tudo o que
se falasse no palco fosse ouvido em todos os assentos.
Ento, podemos dizer, com uma certa razo, que as condies acsti-
cas de um determinado local podem ter sido desenhadas por seus pro-
jetistas com a ntida inteno de fazer as vezes de um
sistema de sonorizao (quando eles ainda estavam
muito longe de serem inventados). Da a relevncia da
acstica para os sistemas de sonorizao.
Quem trabalha com a instalao e montagem de
sistemas de sonorizao sabe que um dos grandes
problemas que enfrentamos so as salas que foram
projetadas e construdas para ajudarem na propaga-
o do som. O que normalmente acontece que esta
caracterstica acaba prejudicando, e muito, o sistema
de sonorizao, ao invs de ajud-lo.
No importando o seu tamanho e nem a quantidade de
pessoas que ele ir atingir, o principal objetivo de um
sistema de sonorizao fazer com que o seu pblico-
-alvo receba o programa que est sendo executado
com a maior inteligibilidade possvel. Desta ma-
neira, qualquer pessoa, em qualquer parte do
ambiente, se dar por satisfeita.
Por mais estranho que possa parecer, uma das
primeiras perguntas que se deve fazer quando
se est desenhando um sistema de sonoriza-
o se realmente existe a necessidade do tal
sistema para aquele determinado ambiente. O
que se deve procurar entender se o sistema
no ir atrapalhar mais do que ajudar na dis-
tribuio do programa.
Imagine-se em um ambiente com caracters-
ticas sonoras muito adversas, com muitas re-
exes ou rebatimentos, ou em um ambiente
muito pequeno. Nestas duas situaes (que
podem estar at combinadas), a presena de
um sistema de sonorizao mal projetado po-
deria simplesmente no funcionar, o que gera-
ria problemas de entendimento por parte do
pblico. Isto normalmente o que acontece
quando algum tem a brilhante ideia de fazer um show dentro de
um teatro que foi construdo h quase 100 anos e que tem todas
as caractersticas acsticas para fazer com que uma pessoa fale no
palco e seja ouvida na ltima leira de cadeiras. Ou seja, quando
colocamos vrias caixas de um sistema, vocs podem imaginar o que
acontece com o som!
No estou dizendo que quem trabalha com sistemas de sonorizao
deve ser um expert em acstica, porm, extremamente necess-
Reproduo
NOTCIAS DO FRONTNOTCIAS DO FRONT
7/23/2019 Musitec - abr2013
25/132udio msica e tecnologia | 23
7/23/2019 Musitec - abr2013
26/132
NOTCIAS DO FRONT
24 | udio msica e tecnologia
co, se esta pessoa no
souber como o pro-
grama, certamente a
sua mixagem ser pre-
judicada. Imagine um
solo de guitarra: como
o tcnico no sabe que
ali existe o tal solo,
provavelmente a parte
inicial deste movimen-
to ser perdida, e as-
sim por diante.
Quando eu digo que
devemos conhecer o
programa, principal-
mente quando mixa-
mos shows, eu quero
dizer que temos que
saber o momento exato dos solos, de onde esto vindo os sons que
escutamos, quais so as dinmicas da banda para a msica em ques-
to etc. Ou seja, quem est mixando uma banda ao vivo deve prati-
camente fazer parte de sua execuo.
Normalmente, o programa de que tanto falamos pode ser gerado por
uma mquina, como CDs, MP3, computadores ou por instrumentos
musicais, que, por sua vez, nos levam direto ao msico. No meu ponto
de vista, tanto o programa quanto o msico tambm devem ser in-
cludos no que estamos agora tratando como sistema de sonorizao.
Como eu prero car mais focado no lado de sonorizao para sho-
ws, vamos levar em considerao que o msico responsvel direto
pela fonte sonora que captamos. Mesmo antes de pensarmos em um
microfone e em seu posicionamento para determinado instrumento,
Divulgao
rio que se tenha uma
boa noo de alguns
conceitos bsicos,
que podem e devem
ser aplicados durante
todas as etapas de
desenho e montagem
do seu sistema, pois
se alguns cuidados
forem tomados nesta
etapa, problemas fu-
turos sero evitados.
A acstica pode ser
aplicada de diferen-
tes formas: para me-
lhorar o som da sala,
para evitar que sons
gerados dentro desta
sala vazem para o lado de fora ou ao contrrio, fazendo com que
rudos externos no penetrem no ambiente, atrapalhando no enten-
dimento do programa... Ento, quando trabalhamos em uma sala,
devemos levar todos estes aspectos em considerao.
O programa um dos nossos pontos de partida, pois a partir dele
que poderemos montar o nosso sistema de sonorizao. Devemos
lembrar que um programa pode ser extremamente simples, como
apenas um sinal estreo vindo de um CD player, ou muito mais com-
plexo, vindo de uma grande orquestra.
A minha opinio em relao ao programa que ser reproduzido
a de que quem for o responsvel pela sua mixagem dever neces-
sariamente conhec-lo. Nunca pode acontecer de chegar a hora de
algum falar e seu microfone estar desligado, ou comear um vdeo
sem o seu udio correspondente. Coisas bsicas que s so realmen-
te notadas quando ocorrem.
As coisas cam ainda piores com bandas ou orquestras,
pois nessas situaes normalmente encontramos muitos
canais de udio para serem mixados. A enorme quantida-de de canais pode signicar um elevado grau de complexi-
dade para aquele que est atrs do console de mixagem, e
esta outra preocupao que ns, tcnicos, devemos ter.
J escrevi um artigo aqui na revista sobre como se pre-
parar para mixar um programa, porm, sempre bom
dar uma reforada: antes de mais nada, procure saber
do que se trata o programa, como ele ser executado,
quem ir execut-lo; tente assistir a apresentaes an-
teriores ou a ensaios, faa anotaes, que preparado
para tudo o que vai acontecer.
Mesmo se quem est mixando um excelente tcni-
7/23/2019 Musitec - abr2013
27/132udio msica e tecnologia | 25
7/23/2019 Musitec - abr2013
28/132
Divulgao
26 | udio msica e tecnologia
NOTCIAS DO FRONT
iremos depender muito do msico (principalmente
de suas qualidades).
Se voc tiver a chance, faa um teste: pea para
dois msicos tocarem a mesma coisa em um mes-
mo instrumento. Voc certamente notar que
aquele instrumento ir soar diferente para cada um
dos msicos. Alm disso, uma performance ruim
no pode ser corrigida durante a mixagem de uma
banda ao vivo. Ou seja, por melhor que seja seu
sistema, voc ainda vai depender dos msicos.
Imagine que um baterista no consegue fazer as
viradas em seu instrumento no mesmo tempo ou
com a mesma intensidade. O problema da inten-
sidade pode ser resolvido com um compressor,
porm, no temos muito o que fazer em relao
ao tempo ou quanto anao do instrumento,
por exemplo, que devem ser corrigidos pelo msico na fonte, e
no na mixagem.
Aps o msico, temos obviamente o seu instrumento musical, ele (jun-
to com a participao direta do msico) ser a fonte do nosso progra-
ma, dele que captaremos os sons que juntaremos na mixagem nal,
este instrumento pode ser acstico ou eltrico (podemos considerar um
amplicador de baixo ou de guitarra como uma fonte sonora).
Cabe a quem vai fazer a mixagem do programa conhecer muito
bem os sons que esto sendo feitos no palco (pelos msicos,
seus instrumentos e amplicadores), pois o nosso principal ob-
jetivo reproduzir para a plateia exatamente o que est sendo
executado no palco, e se ns no conhecermos o som na fonte,
no saberemos como sonoriz-lo.
Como vocs viram, falar sobre um sistema de sonorizao pode ser
muito mais complexo do que se parece. Podemos e iremos pas-
sar um bom tempo tratando apenas de assuntos subjetivos, como
programa, ambiente e pblico, antes de comearmos a falar, mais
objetivamente, dos equipamentos de udio.
Neste primeiro artigo, z apenas uma introduo dos primeiros tpi-
cos que irei discutir, como o programa, que pode ser considerado o
comeo de tudo. Devemos lembrar que o programa o que deve ser
sonorizado e o que as pessoas tm de entender da melhor maneira.
Por isso a grande importncia de se trabalhar bem com ele.
O principal objetivo de um sistema de sonorizao distribuir para
uma plateia o tal programa com a maior inteligibilidade possvel, e
para isso poderemos ter que enfrentar problemas, principalmente
com condies acsticas desfavorveis. Alm disso, outros proble-
mas podem surgir, como a m instalao do sistema e, principal-
mente, sua m operao.
Mais adiante tambm iremos discutir como a mo de obra funda-
mental em todo este processo. Os sistemas de sonorizao esto cada
vez mais complexos e exigindo bastante conhecimento tecnolgico
para o seu manuseio, porm, nem sempre os tcnicos responsveis
esto se mostrando preparados altura para este tipo de trabalho.
No importa o tamanho do sistema com o qual voc est trabalhan-
do e nem o tamanho do seu pblico: vrios cuidados devem ser
tomados para que tudo funcione da maneira correta e para que o
resultado sonoro nal seja agradvel a todos. Como veremos, um
dos nossos grandes problemas que nunca dependemos somente
de ns para que isso acontea.
Nos prximos artigos continuarei detalhando parte a parte os sistemas
de sonorizao da forma como os entendo, sempre misturando subje-
tividade e objetividade, pois tenho certeza absoluta de que estes dois
pontos devem ser estudados e conhecidos por aqueles que pretendem
ou por aqueles que j trabalham com sistemas de sonorizao.
Renato Muoz formado em Comunicao Social e atua como instrutor do IATEC e tcnico de gravao e
PA. Iniciou sua carreira em 1990 e desde 2003 trabalha com o Skank. E-mail: [email protected]
Divulgao
7/23/2019 Musitec - abr2013
29/132udio msica e tecnologia | 27
7/23/2019 Musitec - abr2013
30/13228 | udio msica e tecnologia
EQUIPAMENTOS PARAUM HOME STUDIO
SUBWOOFERS: ESPECIFICAES
EM CASA | Lucas Ramos
(PARTE 17)
No ms passado ns comeamos a falar sobre subwoofers:
como funcionam, porque utiliz-los em nossos estdios e
como melhor posicion-los. Ento, nessa edio, vamos
seguir com o tema, conhecendo um pouco mais sobre as
especicaes tcnicas que ajudaro na hora de escolher o
melhor subwoofer para o seu estdio. E, para nalizar, va-
mos conhecer tambm alguns modelos populares.
Ento vamos l!
TAMANHO DO FALANTE/POTNCIA
O tamanho do falante utilizado no subwoofer talvez seja
a caracterstica mais bvia, e ir afetar diretamente duas
especicaes importantes: resposta de frequncia e po-
tncia. Mas, geralmente, a caracterstica mais afetada ser
a potncia. A regra bsica quanto maior o falante, mais
potente ele ser nos graves (mas nem sempre assim).
Porm, se sua sala no for grande, no haver necessidade de
muita potncia. E se a sala no tiver tratamento acstico ade-
quado (especialmente armadilhas de grave), muita potn-
cia nos graves resultar em frequncias sobrando e em um
indesejado excesso de graves (conhecido como room gain).
Por outro lado, se voc costuma ouvir material com muito
grave e em nveis elevados (o que no funcionar bem em
salas pequenas), um subwoofer com maior potncia ser
necessrio para no forar demais o sistema (amplicador
e falante do subwoofer). Nessas condies, subwoofers me-
nos potentes podem distorcer ou at serem danicados.
Outra coisa a se considerar que se voc utiliza um siste-
ma surround (com bass management), o subwoofer ter
de reproduzir os graves dos cinco monitores (ou sete, para
surround 7.1), alm do canal LFE. Isso forar o subwoo-
fer mais que o normal, podendo gerar distores ou at
danic-lo. Por isso, tambm recomendvel utilizar um
subwoofer maior nesse caso.
Geralmente, subwoofers com falante de 8 a 10 polegadas
e potncia entre 100 e 200 watts funcionam bem para a
maioria das salas. Se a sala for grande, ou se voc costuma
ouvir material com bastante grave e em nveis elevados, um
subwoofer com falante de 10 a 12 polegadas e potncia de
200 (ou mais) watts pode funcionar melhor. Se voc utili-
zar um sistema surround, pode ser mais seguro utilizar um
subwoofer maior tambm (de 12 polegadas) para aguentar
os sinais vindo dos cinco monitores.
RESPOSTA DE FREQUNCIA
muito tentador querer um subwoofer que responda o mais
grave possvel. Porm, muitas vezes as especicaes do
DEVOLUO
Assim como com os monitores, a melhor maneira de escolher o subwoofer certo para o seu estdio testando o
mesmo no prprio estdio. Porm, no toda loja que vai deixar voc levar um subwoofer para testar em casa (aqui,
no Brasil, eu no conheo uma). Por isso importante saber quais so as condies para devoluo do subwoofer
que voc escolher. Assim, caso voc decida que, ao testar em seu estdio, aquele subwoofer no o ideal, poder
devolv-lo sem nus. Geralmente, as lojas do 30 dias para a devoluo, mas vale a pena vericar isso antes da
compra, e tambm, se possvel, obter essas informaes por escrito, para garantir.
EM CASA | Lucas Ramos
7/23/2019 Musitec - abr2013
31/132
udio msica e tecnologia | 29
7/23/2019 Musitec - abr2013
32/13230 | udio msica e tecnologia
fabricante podem confundir. Por isso, importante visuali-
zar um grco da resposta de frequncia para ter certeza
que um subwoofer mesmo capaz de responder at certa
frequncia. Muitas vezes um fabricante cita uma resposta
de 25 a 120 Hz mas no especica que em 25 Hz haver
uma queda de 10 dB em relao ao resto.
Em geral, quanto mais grave um subwoofer for capaz de re-
produzir, melhor. Mas, na verdade, isso
tudo vai depender bastante da sala em
si e de sua acstica. Toda sala ter uma
aumento natural nos graves, que de-
pender do posicionamento do subwoo-
fer e da distncia entre as paredes da
sala (especialmente em salas peque-
nas). Por isso, dependendo das dimen-
ses da sua sala, uma resposta de fre-
quncia mais grave pode ser prejudicial.
H clculos que podem ser feitos para
deduzir as frequncias que sero am-plicadas em dada sala, mas so um
pouco complicados e difceis de se
aplicar com preciso. Para no com-
plicar demais, recomendo simples-
mente escolher o subwoofer baseado
nas especicaes e depois test-lo
em seu estdio (utilizando a tcnica
de posicionamento que conhecemos
na edio passada). Se voc sentir
um ganho desproporcional em algu-
mas frequncias, independentemente da
posio na sala, pode ser devido a isso.
Em alguns casos, pode-se minimizar es-
ses problemas utilizando um equalizador
grco, porm, o ideal no utilizar um
equalizador, mas tentar simplesmente
achar uma posio onde no haja esse
problema. Se no houver opo, pode-se
recorrer a um equalizador grco.
FASE
Para prevenir problemas de fase entre o
subwoofer e os monitores, muito impor-
tante que o subwoofer e todos os monitores
estejam mesma distncia do ouvinte. Nateoria, isso garante que os sinais de todos
os falantes cheguem ao mesmo tempo, minimizando, assim,
as interferncias de fase. Para fazer isso, basta medir a dis-
tncia entre os ouvidos do ouvinte e o subwoofer e posicionar
os seus monitores mesma distncia (a distncia entre os
dois monitores deve ser essa mesma tambm). Uma dica que
pode ajudar cortar pedaos de barbante (ou qualquer tipo de
o ou corda) e grud-los no topo dos monitores e subwoofer
(com ta), esticando-os at a posio dos ouvidos. Se estive-
rem posicionados corretamente, os pedaos de barbante de-
vem se encontrar esticados nessa mesma posio.
EM CASA
importante visualizar um grfico da resposta de
frequncia para ter certeza de que um subwoofer mesmo capaz de responder at certa frequncia
Para prevenir problemas de fase entre o subwoofer e osmonitores, muito importante que o subwoofer e todos os
monitores estejam mesma distncia do ouvinte
7/23/2019 Musitec - abr2013
33/132udio msica e tecnologia | 31
7/23/2019 Musitec - abr2013
34/132
Lucas Ramos tricolor de corao, engenheiro de udio, produtor musical e professor do IATEC. Formado em Engenharia de udio
pela SAE (School of Audio Engineering), dispe de certificaes oficiais como Pro Tools Certified Operator, Apple Logic Certified
Trainer e Ableton Live Certified Trainer. E-mail: [email protected]
Alguns modelos
populares de
subwoofers: 1)
Genelec 7020B, 2)
Yamaha HS10W, 3)
Prodipe PRO10S V2, 4)
ADAM Sub8, 5) GeminiSR-10SUB, 6) JBL
LSR2310SP, 7) Dynaudio
BM 9S, 8) KRK 10S, 9)
M-Audio SBX10, 10)
Focal CMS SUB
32 | udio msica e tecnologia
ALGUNS MODELOS
Praticamente todo fabricante de monitores tambm fabrica
um subwoofer. Muitos, inclusive, oferecem mais de um mo-
delo. Porm, no essencial que voc utilize um subwoofer
do mesmo fabricante que os seus monitores. Muitas pesso-
as acabam comprando monitores e um subwoofer da mes-
ma marca, pois s vezes as lojas ou os fabricantes ofere-
cem pacotes de monitorao (com desconto) que incluem
um subwoofer. Entretanto, muito comum a utilizao de
um subwoofer de marca diferente. Basta voc encontrar o
subwoofer que funcione melhor pra voc, independente-
mente do fabricante.
A seguir, temos uma tabela com alguns modelos populares
de subwoofers. Essa lista serve somente para exemplicar,
ento, para no enrolar demais, listei apenas um modelo
de cada marca, e geralmente o modelo mais barato (que
so mais populares nos home studios). Se voc tiver maior
interesse, vale a pena pesquisar esses e outros fabricantes.
Voc, inclusive, poder utilizar as listas de monitores das
ltimas edies como referncia de marcas de monitores,
pois, geralmente, as mesmas tero subwoofers tambm.
Os subwoofers invadiram as casas atravs de home the-
aters e sistemas de som para computadores e carros...
e por isso tambm esto invadindo os estdios. Mesmo
que voc no goste de t rabalhar com
um subwoofer o tempo todo (assim
como eu), essencial que pelo me-
nos oua o seu trabalho em um sis-
tema com um subwoofer para pelo
menos checar como est soando
antes de bater o martelo. Muitas
pessoas utilizam at um sistema
de home theater mesmo, somente
como uma segunda referncia. Seja
qual for a sua preferncia, no se
pode mais ignorar os subwoofers.
Ms que vem tem mais...
At l!
EM CASA
Nome Resposta de frequncia Tamanho do falante Potncia
Genelec 7050B 25 - 120 Hz 8 70 W
Yamaha HS10W 30 - 180 Hz 8 120 W
Prodipe PRO10S V2 30 - 150 Hz 10 150 W
ADAM Sub8 28 - 150 Hz 8 160 W
Gemini SR-10SUB 35 - 200 Hz 10 175 W
JBL LSR2310SP 31 - 150 Hz 10 180 W
Dynaudio BM 9S 29 - 200 Hz 10 200 W
KRK 10S 34 - 150 Hz 10 225 W
M-Audio SBX10 20 - 200 Hz 10 240 W
Focal CMS SUB 30 - 250 Hz 11 300 W
7/23/2019 Musitec - abr2013
35/132udio msica e tecnologia | 33
7/23/2019 Musitec - abr2013
36/132
CONHECENDO OS RECURSOS DO C1 (PARTE 1)
EQUALIZADORES
WAVES
Figura 1 Mdulos do C1
Compressores so equipamentos cercados de mitos e mistrios. Di-
ferentemente da maioria dos processadores de efeito, sua atuao
varia de acordo com o sinal de entrada, e isso faz com que seja
mais complexo aprender a mexer na base da intuio. Simplesmente
rodar os botes e ouvir os resultados no funciona, pois o comporta-
mento do processador depende do sinal que est entrando.
O C1 um dos compressores mais antigos da Waves e acabou per-
dendo espao conforme a empresa lanava suas verses que emula-
vam hardwares analgicos. Porm, o C1 uma ferramenta poderosa,
com recursos nicos, e merece toda nossa ateno.
importante ressaltar que este artigo no se prope a ensinar o
funcionamento dos compressores ou seus parmetros bsicos uni-
versais, como Threshold, Ratio, Attack e Release. O foco ser apenasem torno do C1, sendo apresentada a construo dos mdulos e
alguns parmetros especcos deste plug-in.
Obs.: para ver todos os processadores de dinmica da Waves, acesse
http://tinyurl.com/proc-waves.
O QUE O C1?
A primeira coisa a se entender que o C1 no um simples com-
pressor, mas um compander, ou seja, um processador que possui
mdulos de compressor (g. 1A) e expander/gate (g. 1B), mas o
que h de interessante nele a maneira por meio da qual estes m-
dulos foram implantados, que faz com que o C1 seja uma ferramenta
muito verstil para correo de problemas ou para o uso criativo.
Estes podem atuar separadamente ou em conjunto, e mais que isso,
tambm inclui um terceiro mdulo de ltro (g. 1C) que pode intera-
gir com os dois mdulos ou de forma independente.
Isso signica que unindo o conhecimento tcnico com a arte, pos-
svel usar o C1 de diversas formas.
PLUG-INS | Cristiano MouraPLUG-INS | Cristiano Moura
34 | udio msica e tecnologia
7/23/2019 Musitec - abr2013
37/132udio msica e tecnologia | 35
7/23/2019 Musitec - abr2013
38/132
Gustavo
Pessoa
e
Guta
Stresser
PLUG-INS
PREVENDO O FUTURO...
Como dito no incio do artigo, o funcionamento do C1 e de qualquer
processador de dinmica est diretamente ligado ao sinal de entra-
da. A funo Look Ahead (g. 2) permite que o C1 faa uma leitura
antecipada do sinal e isto resulta numa maior preciso tanto na hora
de comprimir quanto na hora de cortar o sinal com noise gate. Esta
uma funo s possvel num ambiente de gravao em que o sinal
j tenha sido gravado, anal, a tecnologia j evoluiu muito, mas no
ao ponto de ter algum poder de adivinhao.
lor em milissegundos para estes casos. Podemos entender comouma segunda opo para o release.
Um exemplo: digamos que o release esteja regulado para 100 e
o PDR esteja regulado para 10. Isto signicado que em ataques
curtos (um som de caixa) o release ser de 10 ms, porm, se o
perodo de compressor for longo (voz), o release ser de 100 ms.
CONCLUSO
O C1 um processador de muitas facetas. O recurso de side-
chain, por exemplo, foi projetado para ser usado de diversas
formas, e vale a pena um artigo especco para tratar deste
assunto. Outros assuntos, como a possibilidade de comprimir
nveis mdios sem afetar os sinais mais altos e mais baixos,
equalizao dinmica e opes para trazer nitidez em passagens
de pouco volume sero abordados nas prximas edies.
Abraos!
Cristiano Moura produtor musical e instrutor certifica-
do da Avid. Atualmente leciona cursos oficiais em Pro
Tools e treinamentos em mixagem na ProClass-RJ.
Por este motivo, compressores em hardware no possuem esta
funo, e caso o usurio queima emular o comportamento de um
hardware, pode desativar esta funo.
No entenda a funo Look Ahead como algo melhor ou pior. Ape-
sar de fornecer uma deteco antecipada e mais precisa, isso no
quer dizer que sonoramente ser o resultado mais interessante.
Por exemplo, transientes tendem a car mais brilhantes com a
funo Look Ahead desligada, pois o atraso na deteco acaba
contribuindo para preservar os picos.
AUTO GAIN E AUTO RELEASE
O C1 possui algumas caractersticas conhecidas, porm disfaradas
com outro nome. Logo o primeiro boto, em que est escrito Low
Reference (g. 3A), indica que o compressor est congurado para
o funcionamento convencional, onde sinais mais altos so atenuados
a partir do threshold e espera-se que o usurio faa a compensao
desta atenuao usando o controle de ganho. Porm, ao clicar neste
boto, o C1 entra no modo Peak Reference (g. 3B), e, neste caso, o
ajuste de ganho ser feito pelo prprio sistema.
A mesma questo se aplica ao parmetro PDR (Program Dependent
Release). Para evitar que uma compresso se prolongue demais em
sinais com transientes curtos (bateria e percusso, por exemplo), ousurio pode utilizar este parmetro e estipular neste campo um va-
Figura 2 Look Ahead
Figura 3A
Low Reference
Figura 3B
Peak Reference
36 | udio msica e tecnologia
7/23/2019 Musitec - abr2013
39/132udio msica e tecnologia | 37
7/23/2019 Musitec - abr2013
40/13238 | udio msica e tecnologia
AS LENDAS, A ATMOSFERA DO VINIL E O PROBLEMA DA ESCADINHA
CAANDO MITOS | Fbio Henriques
ode-se notar hoje em dia dois movimentos muito for-
tes no udio. Por um lado, o conceito muito difundido
de que quanto mais alta a sample rate, melhor, e, deoutro, a ideia de que as gravaes em vinil e em ta so mais
is. Independentemente da veracidade destas armaes,
sobre as quais falaremos mais adiante, existe, antes de tudo,
uma questo que precisa muito ser abordada. Maior do que
qualquer mito tcnico, existe no s uma lenda urbana, mas
uma verdadeira crena quase religiosa na dissociao entre
o carter matemtico e fsico e o emocional e espiritual
da msica e do udio. Toda vez que qualquer assunto tcnico
vem tona, l vm os romnticos a criticar a frieza dos
nmeros e defender o lado potico da coisa.
bvio que o udio atua profunda e decisivamente no cre-bro humano. Desde nosso lado mais primitivo, pr-histrico
mesmo, que se beneciou de nossa habilidade de distinguir
sons repentinos em meio a rudos de fundo de nvel mais
ou menos constante (costumo sempre citar a situao hi-
pottica em que nosso ancestral homindeo salvo de um
ataque de urso por conseguir distinguir o som de um gra-
veto quebrando e determinar sua direo, mesmo estando
margem de um rio barulhento), at os setores mais evo-
ludos, que conseguem captar a beleza de estruturas mel-
dicas e harmnicas de uma sinfonia. Agora, pressupor que
isso conita com qualquer anlise cientca , no mnimo,
ofender sculos de cincia muito bem feita.
Aproveitando o gancho da msica clssica, j ouvi gente
dizendo coisas do tipo como ser possvel descrever mate-
maticamente uma obra de Bach?. Esta pessoa esquece que
a anao temperada usada por Bach em O Cravo Bem
Temperado nada mais do que a matemtica e a fsica a
servio do pragmatismo musical. E se levarmos nosso racio-
cnio bem mais para trs, teremos as primeiras investiga-
es de Pitgoras (h meros 2.500 anos) quanto questo
das consonncias e dissonncias. Tudo cincia.
Talvez o problema central esteja nesta falsa ideia de que a
cincia algo que no contempla o lado mais espiritual dascoisas. Como cita um enftico leitor em comentrio no meu
blog: Fico me perguntando por que ningum tenta explicar
nossas emoes de forma matemtica. A ele, o que res-
pondi que isto no verdade de modo algum. Alm do
fato de existirem j esforos no sentido de se descrever ma-
temtica e sicamente o processo emocional humano (j se
consegue mapear as emoes atravs de tomgrafos, por
exemplo), j at comeamos a esboar alguns pequenos
resultados nesta direo, como nas j existentes cadeiras
de roda movidas por comandos mentais.
7/23/2019 Musitec - abr2013
41/132udio msica e tecnologia | 39
Disco em que Wanda Landowska interpreta O Cravo Bem
Temperado, de Johann Sebastian Bach: afinao temperada a
matemtica e a fsica a servio do pragmatismo musical
fundamental que a gente no confunda a complexidade de
algo com a nossa incapacidade absoluta de entendermos ou
descrevermos e estudarmos cienticamente. Como diria Ar-
thur Clarke, qualquer tecnologia sucientemente avanada
indistinguvel de magia. Vai tentar explicar um iPhone
para um pigmeu que nunca teve contato com nossa civili-
zao... Ento, s porque algo ainda complicado demais
para a gente entender ou descrever no quer dizer que seja
impossvel para sempre.
Alguns podem argumentar que, por exemplo, nossos mo-
delos cientcos so pobres. E, de fato, preciso concordar.
Voc pode passar horas alinhando a sala de um estdio
apenas pelo grco de um analisador de espectro, mas en-
quanto no ouvir efetivamente a sala, no h como saber
se o resultado est agradvel. Este no um problema de
impossibilidade, mas de grau de complexidade, tal como
vimos acima. Para lidar com coisas muito complexas, o que
a gente tem feito desde que inventamos a roda at colo-
car 32 satlites a 2 mil km de distncia da Terra, que nos
permitem achar nossa posio com um GPS comprado por
menos de R$ 300, o processo sempre foi mais ou menos
o mesmo: a gente quebra algo bem complicado em pe-
WikiImages
7/23/2019 Musitec - abr2013
42/13240 | udio msica e tecnologia
daos menores, para que
possamos descrev-los
com preciso, e a par-
tir da montamos nossa
tecnologia. Anal, se ide-
ologicamente a cincia
busca o entendimento e
a descrio da realidade,
em termos de engenha-
ria s importante que
as descries cientcas
funcionem (a descrio
do real reside em outro
campo). Pergunte a um
doutor em fsica qunti-
ca se ela a verdade
e provavelmente ele vai
responder que isso ele
no sabe, mas
sabe que as equa-
es que a consti-
tuem funcionam.
Sendo assim, por mais que um sinal de 1 kHz ou um rudo
rosa sejam uma plida amostra do que a maravilha da infor-
mao musical pode atingir, isto no quer dizer que a este-
jamos resumindo atravs deste tipo de simplicao. Este
apenas um jeito simples de lidar com coisas complexas para
que seja possvel trabalharmos com elas. Imaginem se para
alinhar um PA precisssemos car esperando a chegada de
um superaudilo para julgar se o calor, a envolvncia e a
expressividade do ambiente da micareta esto ok. Por outro
lado, ainda , sem dvida, necessria uma boa dose de ava-
liao intelectual do tcnico de PA, que vai alm dos meros
testes que os aparelhos fornecem. Escolher as tintas e os pin-
cis apenas uma etapa para se conseguir uma bela pintura.
Tomemos um caso bem simples. Em um dos posts mais po-
lmicos de meu blog, eu fazia uma comparao tcnica entre
LPs e CDs, e este foi um caso emblemtico nesta questo de
que tratamos. No texto, eu, antes de mais nada, deixo cla-
ro que discuto apenas aspectos tcnicos, pois no acho que
contribua em nada, pelo menos neste tipo de discusso, dar
uma mera opinio. Dizer ao leitor o que eu gosto ou prero
no o ajudar em nada, mas fornecer-lhe dados palpveis e
verdicos pode ser uma ferramenta bem til.
Um dos problemas que levantei no tal post foi o da velocida-
de angular constante do LP versus velocidade linear constan-
te do CD. Esta uma questo importantssima na compara-
o destas mdias, mas
confesso que nunca vi
ningum levant-la.
Explicando, um LP gira
a uma velocidade cons-
tante de 33,333333rotaes por minuto,
e esta sua chama-
da velocidade angu-
lar. A agulha l suas
informaes de for-
ma linear, em crculos
concntricos, a partir
da borda da bolacha,
caminhando em dire-
o ao centro. Fazendo
um paralelo, algum j
reparou que,numa corrida
de 400 me-
tros rasos,
quanto mais
interna a raia, mais para trs o corredor larga? Isto lhe d
uma desvantagem? claro que esta diferena entre os cor-
redores visa compensar o fato de que quem faz a curva
por fora corre uma distncia maior do que o que est por
dentro. No caso do LP acontece algo semelhante. Como a
velocidade de rotao constante, a velocidade linear da
borda da bolacha maior do que perto do centro. E como o
disco leva sempre os mesmos 1,8 segundos para dar umavolta, o incio da primeira faixa percorre uma distncia bem
maior que o nal da ltima faixa.
Vejamos um exemplo. Tomemos o LP Time Further Out,
do The Dave Brubeck Quartet, lanado em agosto de 1961
(curiosamente, o ms e ano em que nasci), que ainda tenho
em minha coleo de vinis sagrados. O incio da primeira
msica do lado 1, Its a Raggy Waltz, est a 14,5 cm de dis-
tncia do centro do disco, e o nal da ltima faixa deste lado,
Far More Blue, est a 6,5 cm. Poupando os leitores do deta-
lhe do clculo (inserir qualquer conta com o nmero Pi aqui
no seria muito amigvel), para tocar o primeiro 1,8 segundo
de msica a agulha teve a felicidade de percorrer uns 91 cm
de vinil. Quase um metro para uns dois compassos.
Pois bem. Para executar a ltima volta do LP no nal de Far
More Blue, a agulha teve apenas 41 cm. Ou seja, para o
mesmo 1,8 segundo de msica, menos da metade do vinil.
O resultado disso que a qualidade do udio substancial-
mente menor perto do centro do que perto da borda. Mal
comparando, seria diminuir a sample rate de uma gravao
digital pela metade (para os mais cticos, uma senide de 1
CAANDO MITOS
LP Time Further Out, do The Dave Brubeck Quartet: como em todo vinil,
primeiras msicas de cada lado tm mais qualidade sonora que as ltimas
7/23/2019 Musitec - abr2013
43/132udio msica e tecnologia | 41
kHz na borda tem um comprimento fsico de 0,5 mm, e, no centro, 0,2 mm).
Isto algo frio e tcnico que transcende qualquer necessidade de recorrer-
mos a aspectos mais nobres da sensibilidade humana. Antigamente, quando
a gente denia a ordem das msicas de um LP, obviamente havia a preocu-
pao esttica, mas o segundo fator mais importante era justamente quais
msicas mereciam mais qualidade e quais as que podiam se contentar commenos. E ento havia o dilema de que a segunda melhor msica em termos
de qualidade tcnica seria a primeira do lado B, mas, em compensao, o
ouvinte seria obrigado a virar o disco aps ouvir a primeira do lado A.
No caso do CD, h duas diferenas importantes. A primeira no to relevan-
te, que o fato dele ser lido do centro para a borda, ao contrrio do LP. Mas
a segunda fundamental. No CD, a velocidade angular varia no sentido de
que a velocidade linear de leitura seja constante. O CD roda mais rpido nas
primeiras msicas do que nas ltimas. Isso garante que, pelo menos neste
aspecto, a qualidade da decodicao ser a mesma ao longo de toda a au-
dio. Somando a isso o fato de que no preciso virar o CD, nossa nica
preocupao na hora de denir a ordem das msicas a artstica.
Voltando ao nosso ponto de discusso, depois que eu apresentei essa e ou-
tras importantes desvantagens do LP, choveram comentrios falando da im-
possibilidade do CD captar a atmosfera que o LP capta, e coisas do gnero.
Percebem a mudana de foco? Enquanto um medidor de distoro nos daria
uma ideia bem precisa do prejuzo sofrido na ltima msica, um atmosfe-
rmetro algo que ainda no existe. O problema focar no que se mede.
E pra quem deseja argumentar que o crebro o nosso atmosfermetro, o
mnimo que posso dizer que todos precisaramos receber uma calibragem
cerebral do Inmetro para que pudssemos comparar nossas opinies.
Pedindo licena aos leitores para emitir, agora sim, minha opinio, acho umabsurdo eu ter que ouvir Far More Blue com a metade da qualidade de Its a
Raggy Waltz. Fim da opinio.
Vejamos um caso muito interessante e que parece ser o assunto do momento
no meio do udio prossional. Mas, antes disso, permita-me apresentar-lhes
uma entidade que ser a base de toda a nossa discusso: a senide.
Senide
7/23/2019 Musitec - abr2013
44/132
7/23/2019 Musitec - abr2013
45/132
7/23/2019 Musitec - abr2013
46/13244 | udio msica e tecnologia
Verso em portugus: imaginemos a simplicao em que
temos uma bela senide de 1000 Hz. Se anotarmos o valor
de sua amplitude 2000 vezes a cada segundo, estaremos
determinando exatamente esta onda, pois nesta funo
simples no temos nenhuma frequncia acima de 1000 Hz.
Vejam que interessante: ele arma (e prova esse pessoalda comunidade cientca faz uma certa questo disso) que
se eu anotar uma srie de nmeros como acima, serei capaz,
em outra oportunidade, de recriar esta onda exatamente
como ela era apenas atravs destes nmeros. Ningum na
comunidade cientca reclamou que ele estava transforman-
do a senide em escadinha (voltaremos a isto mais adiante)
e que por isso ela estaria muito longe da realidade.
Mas reparem que o texto diz que deve haver uma frequn-
cia mxima (B) na tal funo para que se possa estabelecer
a frequncia de amostragem correta. Assim, se temos uma
onda mais complexa e admitimos que ela tem uma frequn-cia mxima, amostr-la no dobro desta frequncia capta to-
das as informaes a respeito de seu contedo harmnico.
Pois bem, a gente no precisa se preocupar em acreditar
em Nyquist e Shannon, j que desde 1949 ningum os des-
mentiu, ento vamos admitir que o teorema verdadeiro
(alis, qualquer coisa em matemtica que tenha o nome
de teorema j implica em ser uma verdade comprovada
e comprovvel; para um exemplo interessante, vale pes-
quisar a questo da Conjectura de Fermat, que s virou
teorema aps 358 anos, quando nalmente foi provado).
Assim sendo, se a gente conseguir garantir (na medida do
possvel) que haja uma frequncia mxima em um sinal
de udio a ser digitalizado, amostr-lo no dobro desta
frequncia nos dar delidade absoluta com relao aos
harmnicos que o constituem. E o tal sinal nem precisa
ser peridico, na verdade. Mais adiante veremos como
conseguimos esta garantia.
Por enquanto, vejamos a questo da escadinha. Outro diavi um importante cantor dando uma entrevista. Nela, ele
disse que preferia o vinil, pois o digital transformava o udio
numa escadinha, e que isso era antinatural. Perdeu uma
excelente oportunidade de car em silncio.
Vejamos por que.
Se a gente tem um sinal original senoidal, por exemplo, en-
trando em um equipamento ou processo, se a onda sai com
a sua forma (mesmo que muito levemente) alterada, signi-
ca que ela sofreu uma distoro, e essa mudana na forma
da onda na verdade foi o resultado de termos acrescentado
harmnicos a ela (ou de termos alterado a intensidade dos
seus harmnicos originais).
O processo de amostragem, em um dado momento, re-
almente transforma o sinal numa escadinha, que tem
uma certa semelhana com a onda original porque tem
a mesma frequncia fundamental. S que isto se d in-
ternamente. Antes do sinal ser mandado para a sada,
ele passa por um ltro que elimina todos os harmnicos
acima daquela tal frequncia mxima B que vimos ante-
riormente. Assim, como a diferena entre a escadinha e
a onda original eram os harmnicos extras que entraram
para montar os degraus da escada, se a gente manda
estes harmnicos embora, o que temos justamente a
onda original. Apesar de ter havido a tal escada, no era,
de modo nenhum, antinatural.
Como exemplo, temos as guras presentes nesta pgina.
Na do alto na tela temos uma onda quadrada com frequn-
cia de 100 Hz. Este o pior caso de escadinha possvel, em
que a senide original foi toda transformada numa grande
escada. Na segunda, aplicamos um ltro passa-baixas (l-
tro de agudos) em 200 Hz, eliminando os harmnicos acima
deste valor. O resultado justamente a senide original de
100 Hz. Para os que quiserem vericar, estou disponibilizan-
do uma sesso de Pro Tools que demonstra isso em http://
tinyurl.com/sessao-protools.
Repare que o som da onda quadrada tem um zumbido e
que a senide fundamental tem um som puro. O conjunto
dos harmnicos acima dos 100 Hz o responsvel pelo zum-
Conhecido como o pai da teoria da informao, Claude
Shannon complementou o trabalho de Nyquist
WikiImages
CAANDO MITOS
7/23/2019 Musitec - abr2013
47/132udio msica e tecnologia | 45
bido (outra coisa que se pode notar ao lado do length l em
cima no contador de samples que uma oscilao completa
tem exatamente os 441 samples que uma onda de 100 Hz
tem por segundo, pois cada oscilao desta frequncia tem 1
centsimo de segundo). A concluso a que chegamos que
alegar que o problema do digital a escadinha no procede.
Ms que vem prosseguiremos falando sobre mitos, focando
justamente no que est mais na moda hoje em dia: o udio
de alta denio.
Fbio Henriques engenheiro eletrnico e de gravao e autor dos Guias de Mixagem 1, 2 e 3, lanados pela editora Msica &
Tecnologia. responsvel pelos produtos da gravadora Cano Nova, onde atua como engenhei ro de gravao e mixagem e produtor
musical. Visite www.facebook.com/GuiaDeMixagem, um espao para comentrios e discusses a respeito de mixagens, udio e m-
sica. Comente este artigo em www.facebook.com/GuiaDeMixagem.
De quadrada a senide
7/23/2019 Musitec - abr2013
48/132
7/23/2019 Musitec - abr2013
49/132udio msica e tecnologia | 47
Dando continuidade s matrias especiais que tm como
objetivo relatar as principais mudanas ocorridas no udio
prossional nos ltimos 25 anos, nesta edio sairemos da
house mix [j que nossa ltima capa tratava da evoluo dos
sistemas de sonorizao] e, literalmente, subiremos ao palco. Agora, nosso
personagem o operador de monitor, responsvel por assegurar boa parte
da qualidade de um show ao vivo. Anal de contas, todo e qualquer artista
que se preze depende diretamente do trabalho deste prossional.
A exemplo do que ocorreu l na frente, no PA, que, com o passar dos
anos, foi elevado ao modo y e, ainda, ganhou com os avanos no que
diz respeito disperso sonora e processamento, entre outras questes,
na monitorao ao vivo as inovaes tambm no foram poucas. A come-
ar pelo tamanho destes equipamentos, que, todos sabemos, passaram a
existir em formatos de fones auriculares, possivelmente sua mais repre-
sentativa mudana e, por que no dizer, evoluo?
Para contar um pouco dessa histria, convocamos alguns nomes que, de
forma natural ou no , encararam as mudanas ocorridas neste setor
da sonorizao. Paulo Farat, Luizinho Mazzei, Lzzaro de Jesus, Edvar Fer-
rari Cunha (o Batata) e Jos Luis Carrato (o Z Heavy) so alguns dos que
lembraram, com saudosismo e uma certa dose de bom humor, a forma
curiosa com que comearam a trabalhar com caixas de cho e, anos de-
pois, com que receberam a chegada dos in-ears.
H 25 ANOS
H 25 anos, a chamada monitorao de shows ao vivo era feita com caixas de
cho e side lls. Por muito tempo, diga-se de passagem, foi com essa congu-
rao que artistas do mundo inteiro subiam ao palco para suas apresentaes.
Divulgao
7/23/2019 Musitec - abr2013
50/132
7/23/2019 Musitec - abr2013
51/132udio msica e tecnologia | 49
Com alguns anos a mais de estrada que os ami-
gos, Paulo Farat lembra com saudosismo dostempos em que a monitorao ao vivo era feita
somente por caixas de som. Ainda que tenha
acompanhado a evoluo e seja, h tempos,
usurio de sistemas hbridos de monitorao, ele
defende os grandes elementos, que, para mui-
tos, poluam os palcos visual e sonoramente.
Mixar monitores de cho de qualidade era
extremamente graticante. Esse papo de que
eles atrapalhavam os PAs pura lenda. Quando
operados com discernimento e concepo, tudo
saa perfeitamente bem. Eu e Roberto Marques[na poca, tcnico de PA] zemos por muito
tempo o som do Milton Nascimento e ele nunca
teve problemas operacionais [no PA] por conta
das minhas caixas, salvo em alguns velhos tea-
tros da Europa, que, denitivamente, no foram con-
cebidos para grandes shows amplicados, defende.
Para Batata, a chegada da Clair ao Brasil promoveuevoluo na qualidade da monitorao em shows aovivo. At o Rock in Rio, o que se encontrava na estradaeram monitores de qualidade sofrvel, recorda
Arquivopessoal
7/23/2019 Musitec - abr2013
52/132
CAPA
Paulo Farat defende o uso dos side fills: para ele,que trabalha com sistema hbrido, as caixas podemser teis num momento de pane dos ear phones
50 | udio msica e tecnologia
COM OU SEM SIDE FILL?
At hoje, muito discutido sobre a real importncia dos side
lls na monitorao ao vivo. Alguns defendem o uso desses ti-
pos de caixas, enquanto outros condenam ou, simplesmente,
preferem no us-las, casos como os que veremos a seguir.
Paulo Farat, que, na es-
trada com o RPM, usa umsistema hbrido, compos-
to por monitores de cho,
sides e in-ears, garante
que, se usados da forma
correta, os side lls so
bastante teis, pois ofe-
recem, segundo ele, um
colorido ao palco.
Mesmo na era dos ears,
um bom side, mixado
com discernimento, podenos ajudar, e muito, es-
pecialmente em casos
de pane na transmis-
so ou na recepo dos
nossos bravos racks
de fone. No RPM, por
exemplo, eu utilizo mo-
nitorao hbrida e os
sides tm suas funes
especcas, explica.
Luizinho Mazzei conta que, certa vez, num showrealizado em pleno vero, para 100 mil pessoas,
no aniversrio de uma cidade paulista, foram eles,
os sides, que salvaram a apresentao. Segundo
o tcnico, durante o show, soldados do Corpo de
Bombeiros jogavam gua no pblico para mini-
mizar o calor. Uma das mangueiras estava dire-
cionada para uma rea prxima a house mix...
O tcnico de PA comeou a acenar para que
no fosse jogada gua ali, mas o bombeiro
entendeu errado e foi com a ducha dire-
to na mesa, que parou na hora. Naquele
momento, veio a ordem da house: vire os
sides para a plateia e faa uma mixagem com o progra-
ma musical completo. No show seguinte, j mudaram as
vias do multicabo e o PA comeou a ser feito da mesa de
monitor, entrando direto no processador, conta.
Meu primeiro parceiro foi Marcelo Cuinha. Trabalhamos
juntos em aproximadamente 15 gigs e o considero um dos
melhores seno o melhor tcnicos de PA do Brasil. Foi
ele quem me disse, l atrs,
para no prejudicar o som do
PA com os sides, usando ne-
les somente o necessrio, e
no fazer as vontades malu-
cas dos msicos. Me mostrou
a importncia de fazer uma
mixagem de disco para o
palco, mantendo o som igual
em toda a sua rea, dica que
sigo at hoje, completa.
Lzzaro tambm utiliza side
lls no palco de Ivete. Porm,
por muito tempo o tcnico foi
contra lanar mo desse tipo
de caixa no complemento da
monitorao da cantora. Os
sides so um complemento do
PA para o cantor e sua ban-
da. Neles, coloco elementos
no-acsticos, como teclados
e trilhas. Na verdade, j fui
radicalmente contra seu uso,
porm hoje em dia convivemos
de forma pacca, explica.
Divulgao
O uso dos side fills na monitorao algoque, at hoje, divide opinies. Tcnicos dizemque caixas deveriam ser utilizadas somentecomo complemento, e no como monitores
7/23/2019 Musitec - abr2013
53/132udio msica e tecnologia | 51
7/23/2019 Musitec - abr2013
54/132
CAPA
52 | udio msica e tecnologia
Lzzaro lembra que, na Bahia, o primeiro ar-
tista a utilizar um equipamento do gnero foio cantor Netinho. Ivete Sangalo, outra pioneira
no uso dos ears, adquiriu o seu logo em se-
guida. Composto por um sistema Garwood +
Aphex Dominator II com fones Future Sonics,
o kit da cantora parou nas mos do tcnico,
que, na ocasio, mal sabia o que fazer com ele.
A produo me entregou [o kit] e disse:
Toma a! Agora ela vai usar isso como mo-
nitor. Eu nem sequer sabia que aquele tipo
de coisa existia e muito menos como utiliz-
-lo. Quem me socorreu foi Carlos Correia,na poca, tcnico da Banda Eva. Ele me
presenteou com dois exemplares da Mix
[revista estrangeira, referncia em udio
prossional] que contavam o bsico sobre o
sistema e davam dicas sobre compresso e
cuidados com suas transmisses, lembra.
Para Farat, que estreou no universo dos
ear phones em 1998, quando trabalhava
com o cantor Mauricio Manieri, a no absoro imediata
desta tecnologia foi algo totalmente natural. Artistas e
tcnicos precisaram de um tempo para se adaptar aos
ento novos equipamentos, que, da noite para o dia, in-
vadiram o show business do pas.
Voc no podia chegar para um artista e dizer: Olha, coloque
o fone a! O som vai legal. Com certeza, de incio, a grande
maioria deles detestaria. Na verdade, migrar dos monitores
para os fones no foi algo to simples assim. Exigiu, de tcni-
cos e artistas, bons ensaios e muita conversa sobre a concep-
o das mixagens, entre outras coisas, justica. E, no incio,
muita gente usava os fones de maneira errada. Era bastante
comum ouvir uma mix desequilibrada, com a voz extrema-
mente alta e efeitos equivocados, completa.
Quem no sofreu nem um pouco nas mos da tecnologia em
questo foi Z Heavy. A rpida adaptao ao meio, diz ele, se
deu em funo do largo conhecimento que tinha sobre gra-
vaes em estdio. Vim de estdio. Isso me ajudou muito.
Os tcnicos de monitor que, na poca, sacavam de estdio,
tiveram muito mais facilidade para encarar essa transio.
Eles entenderam, de imediato, que as mixagens cariam mais
denidas, que seriam mais criteriosas, explica.
Quem tambm acredita que preciso ter muita ateno com
os sides Z Heavy. Segundo ele, as caixas poluem o palco,
especialmente por no serem usadas como complementares.
Muitos artistas pedem aos tcnicos que coloquem os sides
num volume alto, cheios de coisas penduradas, e isso atra-
palha o trabalho. Se fosse usado corretamente, seria, sem
dvida, uma boa ferramenta, mas infelizmente isso no
o que vemos por a. Os sides tm, por conceito, o papel de
reforar os espaos de ausncia de udio no palco, explica.
A CHEGADA DOS IN-EARS
No Brasil, os monitores de cho desempenhavam seu papel
sem serem assombrados por qualquer tipo de concorrn-
cia. At que, em meados dos anos 1990, l por 1995, 1996,
chegaram ao pas os primeiros sistemas in-ear, causando al-
voroo e, ao mesmo tempo, estranhamento a tcnicos e ar-
tistas, que, em sua maioria, precisaram de um tempo para se
adaptarem novidade, tida como revolucionria no meio.
Quando viu o primeiro ear phone em sua vida,Lzzaro sequer sabia que a tecnologia existia: quemme socorreu na poca foi o Carlos Correia, lembra
Arquivopes
soal
Divulgao
7/23/2019 Musitec - abr2013
55/132
7/23/2019 Musitec - abr2013
56/132
CAPA
54 | udio msica e tecnologia
muda e se voc no se preocupar com isso, o msico tende
a errar tempo, se perder em harmonia e, consequentemente,
prejudicar a todos, principalmente o pblico. Vejo inmeros
prossionais falando que trabalhar com fone legal, fcil,
simples, mas acho justamente o contrrio, completa Mazzei.
Para Farat, a opo pelo bsico e bem feito ainda a gran-
de sada em busca de uma boa mixagem de monitores,
sejam eles de cho ou in-ears. Segundo o tcnico, com
a chegada dos monitores pessoais, o modo de mixar no
mudou. No palco, o microfone continua sendo o primeiro
a ser ouvido. Ningum faz som... O melhor adotar o
procedimento correto com o material tcnico e artstico
que se tem nas mos. Simples assim, explica.
Segundo Batata, que admite no ser o maior dos fs dos in-
-ears, a tecnologia, que veio para car, trouxe vantagens e
desvantagens. Ele arma que os fones, apesar de excelentes
para os artistas, no so capazes de reproduzir o chama-
do som do palco. Eles [os fones] so necessrios, claro,principalmente se considerarmos que, hoje, com monitores
pessoais, em qualquer canto do Brasil o artista ter o mes-
mo som de monitorao, no dependendo mais da qualidade
dos equipamentos das locadoras que os atendem. Mas tem
esse fator, a frieza do meio digital, completa.
COMO SER O FUTURO?
Para Lzzaro, no futuro haver uma grande evoluo no con-
ceito de monitorao pessoal. Segundo ele, entre as inova-
es estar o fato de os consoles
digitais passarem a permitir ocontrole remoto e sem os dos
elementos da mix, e o conceito
de controles via IP, que atual-
mente funciona usando cabos
de rede, ser feito via wireless.
Os bodypacks iro incorpo-
rar microfones de ambincia,
que permitiro aos msicos
dosarem o quanto de am-
biente querem ouvir sem
ter que tirar os fones. Sensores de movi-mento, parecidos com os utilizados nos celu-
lares, vo controlar o pan dos instrumentos
na mix, criando uma coerncia entre o que
o msico v e o posicionamento dos instru-
mentos nela [a mix], aposta.
Mazzei vai alm e sonha em, um dia, poder trabalhar de
casa. Mas como assim? Gostaria de poder operar meus
shows sentado em uma cadeira de couro, no ar-condicio-
nado, com uma cmera visualizando tudo o que acontece
l no show, sem ter que viajar, passar frio, calor, enfrentar
chuva etc. At acredito que um dia isso ser possvel, mas
precisamos nos preparar muito para quando chegar esse
momento. Acho que j terei me aposentado quando isso se
tornar realidade, diverte-se.
Dono de extremo bom humor, Farat diz que hoje no pos-
svel especular sobre qual ser o futuro da monitorao ao
Top Related