DESTAQUES
TOQUE DE SAÍDA
DirectorAlfredo Lopes
Chefe de RedacçãoSoledade Santos
Externato Cooperativo da BeneditaRua do Externato CooperativoApartado 197 2476-901 [email protected]
externatobenedita.net
Em tempo de crise todos os
olhares se voltam para a Econo-
mia. Alguns esperam que a Ciên-
cia Económica produza milagres
sobre a realidade, enquanto ou-
tros acusam os economistas e
os especialistas em política eco-
nómica de nada saberem e nada
fazerem.
É, aliás, muito interessante
a postura das pessoas em re-
lação à Economia. Por um lado
todos damos os nossos palpi-
tes: como no futebol, na Econo-
mia há imensos treinadores de
bancada. Por outro lado, é fácil
ouvir que “disso não sei nada”,
sendo o mesmo que dizer “não
quero saber”, como se se tratas-
se de uma coisa feia, algum pa-
lavrão, ou, então, de uma forma
de conhecimento elitista, quiçá
esotérica, destinada apenas aos
iniciados.
A ironia está em que ambas as
posturas são simultaneamente
verdadeiras e falsas. Ao mesmo
tempo, o cidadão comum sabe
imensas coisas sobre Economia
e dela não sabe nada. Sabe, por
exemplo, como vai o seu salário,
a que nível estão os preços da
habitação ou do bilhete de cine-
ma, se a fábrica aonde trabalhou
trinta anos fechou por causa
da concorrência chinesa, se os
clientes que frequentavam o seu
restaurante deixaram de apare-
cer por ser maior o mês do que
o seu rendimento. Podíamos en-
contrar muitos outros exemplos
do género. O que não percebe é
como os movimentos da Bolsa de
Valores (as OPA´s por exemplo)
influenciam as suas compras do
mês, como os acordos da OMC
influenciam os lucros da em-
presa em que trabalha, o modo
como o investimento tecnológico
feito na Alemanha se repercu-
IT´S THE ECONOMY, STUPID!...
III FESTTEATRO DO ECB
O Centro Cultural Gonçalves Sapinho serviu,
mais uma vez, de palco ao festival de teatro
escolar organizado pelo Externato Cooperativo da
Benedita. A terceira edição do Festteatro realizou-
se nos dias 21, 22 e 23 de Abril, e envolveu muitos
jovens que, como vem sendo hábito, ficaram
alojados em casa de professores e alunos do
Externato.
A abrir o festival esteve o Núcleo de Teatro do
Instituto Educativo do Juncal com a peça O Bosque
Encantado, seguindo-se Alice no País dos Horrores,
pela Oficina de Teatro da Escola Secundária da
Batalha, ambas as peças destinadas a um público
infantil, que encheu o auditório, estimando-se em
cerca de 360 crianças da Pré-Primário, do Centro
Paroquial e do 1.º Ciclo. Às 17 horas foi a vez de
A Dama do Pé de Cabra, pela actriz profissional
Antónia Terrinha do Teatro Chaby Pinheiro da
Nazaré que actuou para uma grande plateia de
alunos do 2.º e 3.º Ciclo. A encerrar a sexta-feira,
o Grupo Gatapum da Escola Secundária de Évora
apresentou os Contos de Gim e Valentim.
No sábado, às 15h30, o Clube de Teatro da
Escola Secundária de Peniche apresentou Portugal,
por favor, seguindo-se a Escola Secundária Alberto
Sampaio de Braga com a peça Frame 7. A noite
acabou com Os Gambuzinos, do ECB, que levaram
à cena Nós te adoramos.
O domingo e último dia do festival foi preenchido
com as peças O Diabo a Quatro e Vanessa vai à
luta, ambas da Escola Secundária da Amadora,
a que se seguiu um lanche / convívio entre os
participantes.
As peças levadas à cena nesta 3.ª edição do
Festteatro revelaram grande qualidade, quer a
nível dos textos, quer do trabalho dos actores,
facto que se manifestou na satisfação do público
em geral, e do Externato em particular, enquanto
entidade organizadora do evento.
A NOSSA EXPERIÊNCIA EM TAIZÉNo dia 25 de Fevereiro, pelas 16
horas, partíamos da Benedita. Es-
távamos todos nervosos e ansio-
sos, afinal a viagem demorava 22h
e íamos estar dez dias sem os nos-
sos pais, num sítio desconhecido.
Página 7
SORRISO AMIGO:DE PROJECTO A ASSOCIAÇÃO
Surgida há seis anos,
a associação, inicialmente um
projecto, teve como fundadores os
alunos do 12º J, do ano lectivo de
2000-2001
Página 8
ENTREVISTAConversa com o Presidente da
Direcção do Instituto Nossa
Senhora da Encarnação,
António Serrazina Mendes.
Página 11
NOITE ESTAPAFÚRDIAA noite em que as estrelas brilha-
ram.
Página 16
MATEMÁTICA“Ó Stôr, mas afinal a Matemática
serve para quê?”
Página 18
GRIPE DAS AVESNova ameaça... com penas.
Página 19
FRIDA KAHLONotícia de uma exposição. Acima
de tudo Frida Kahlo pintou-se.
Como se só ela pudesse ser a me-
dida de si mesma.
Página 24
(Continua na página 17)
Trimestral - Maio de 2006
Ano I - Número 2 - 1,00 €
ANO I - Nº 2TOQUE DE SAÍDA
2
Director do Jornal: Alfredo Lopes
Redacção:
Deolinda Castelhano
Luísa Couto
Soledade Santos (Chefe de redacção)
Teresa Agostinho
Marketing e vendas:
Laura Boavida
Margarida Vinagre
Maria José Jorge
Composição gráfica:
Nuno Rosa
Paulo Valentim
Samuel Branco
Equipa de Reportagem:
Acácio Castelhano
Ana Duarte
Clara Peralta
Fátima Feliciano
Graça Silva
Isabel Paixão
José Carlos Saramago
José Cavadas
Margarida Vinagre
Maria de Lurdes Goulão
Maria José Guerra
Maria José Jorge
Miguel Fonseca
Sérgio Teixeira
Teresa Salgueiro
Impressão: Relgráfica, Lda
Tiragem: 500 exemplares
Preço avulso: 1,00 €
EDITORIALAproxima-se do final um ano escolar ca-
racterizado em todo o país por grandes al-
terações no quotidiano de alunos e profes-
sores, por um clima de afrontamento e de
incerteza, que nos faz olhar o próximo ano
lectivo com alguma apreensão.
No entanto, se o debate – nem sempre
pacífico, nem sempre razoável – acerca do
papel da escola não permitiu construir um
largo consenso, como teria sido desejável,
trouxe para o centro das preocupações pú-
blicas, ainda que tantas vezes de forma de-
magógica, a questão da escola, lugar por
excelência da construção do futuro. Mas…
que futuro? E como pode a escola, esma-
gada sob o peso das cada vez mais nume-
rosas e diversificadas funções que lhe são
cometidas, actuar eficazmente? «Por entre
lutos que será preciso fazer, alegrias bre-
ves que nascem dos olhares dos nossos
alunos, sofrimentos inúteis e forte desgaste
psicológico», como escreve Matias Alves
no Correio da Educação nº 229, regressa-
remos no próximo ano lectivo, respondendo
ao desafio, procurando respostas.
Talvez algumas destas respostas resi-
dam num equilíbrio, que tem vindo a per-
der-se, entre as funções cognitiva e edu-
cativa da escola. É certo que vai longe o
tempo em que o papel desta se esgotava
na instrução do aluno; mas não é menos
certo que, nos últimos anos, sobretudo em
consequência do acesso de todos à escola,
se tem vindo a subalternizar, com pesados
custos sociais, a importância do saber. E
é este equilíbrio que urge recuperar, assu-
mindo-se a escola como agente de educa-
ção, nomeadamente de educação para os
afectos, para a cidadania, para a respon-
sabilidade; mas revalorizando-se também
como espaço de aprendizagem, onde se
desenvolvem as competências cognitivas
dos alunos e se lhes transmitem conheci-
mentos indispensáveis – em colaboração,
naturalmente, com outros agentes, como a
televisão ou a internet, que a escola não
substitui, como não se vê substituída por
eles.
A escola pode ainda – e deve – ter um
papel decisivo na construção de algo que
tem sido injustamente vilipendiado: a cha-
mada cultura geral, esse acúmulo de infor-
mação que não serve para nada nem ocupa
espaço, como dizia o velho aforismo, mas
que é factor indissociável da nossa identi-
dade de seres humanos e de cidadãos.
Parece-nos que é nesta visão de uma
escola abrangente e exigente que projectos
como o de um jornal escolar ganham verda-
deiro sentido.
Soledade Santos
ÍNDICE
Escola vivaQuadro de Mérito 4
Top 10 - livros mais lidos na biblioteca 4
O 12º C em Tancos 5
Campeonato de Jogos Matemáticos 5
A comunidade de Taizé 6
ECB visto por aluna islandesa 6
A nossa experiência em Taizé 7
Sorriso Amigo - de Projecto a Associação 8
Entrevista ao Presidente do INSE 11
Noite Estapafúrdia 16
Notícias da Físico-química 16
Dia da Informática 22
Olhar CircundanteQuotas de mulheres nas listas eleitorais 10
Tolerância multicultural, diversidade ou
uniformização 10
Imigrantes de igual para igual 14
Corrupção - A solução é tapar o fosso? 15
Violência doméstica 15
A eutanásia e sua legalização 15
Ciência, Tecnologia e Ambiente...mas afinal a Matemática serve para quê? 18
Gripe das aves - nova ameaça com penas 19
Desenho técnico 20
Alexander Fleming e a penicilina 21
O que é um virús 21
Arte e CulturaAlunos de Artes visitam Porto e Amarante 12
Sugestão de Leitura 12
Versatilidade no Jazz 13
Retórica e democracia na actualidade 13
Teatro - uma experiência única 13
Frida Kahlo - notícia de uma exposição 24
Recriar o mundoPoemas 9
O Lugar da MemóriaNotícias antigas do ECB 3
Mente Sã em Corpo SãoCampeão Mundial do talento ou dos tal€nto$ 22
Desporto Escolar 23
Xadrez no ECB 23
ACONTECENDO
- A 9 de Maio, no CCGS, e celebrando o
Dia da Europa, colóquio subordinado ao
tema A Cidadania Europeia.
- De 11 a 14 de Maio, também no CCGS, a
4ª Feira do Livro, reunindo 33 editoras,
e integrando vários eventos culturais, en-
tre eles o lançamento nacional, pela Dom
Quixote, do livro A Mulher de Neruda, de
Hugo Santos. A Feira contou ainda com
a participação da Fundação Oriente, da
Delegação Económica e Comercial de
Macau, e do Agrupamento de Escolas da
Benedita.
- Nas mesmas datas, e associadas à Feira
do Livro, comunicações, colóquios e ex-
posições no âmbito da Oficina das Ciên-
cias e Geologia.
- De 15 a 19 de Maio, a Semana das Ar-
tes.
- Nos dias 14 e 15 de Setembro, no CCGS,
I Encontro de Ensino/Aprendizagem da
Língua Materna, destinado a todos os
professores de Português dos concelhos
de Alcobaça, Batalha, Caldas da Rainha,
Nazaré e Rio Maior, encontro organizado
pelo CEFAE, com o apoio dos professo-
res do 8º Grupo do ECB.
O LUGAR DA MEMÓRIA 3
ANO I - Nº 2 TOQUE DE SAÍDA
Visita de estudo
Na passada sexta-feira, 75 alunos da
Escola Industrial e Comercial de Setúbal,
acompanhados de dois professores, vieram
até à nossa terra numa visita de estudo sobre
o desenvolvimento regional e comunitário.
Foram recebidos no Instituto Nª. Sª. da
Encarnação - Cooperativa de Ensino e
Cultura, S. C. R. L., pelo Director, Sr. Dr. José
Gonçalves Sapinho que depois de apresentar
os cumprimentos de boas-vindas, deu a
conhecer todo o desenvolvimento regional
verificado nesta última vintena de anos, numa
palestra que suscitou muito interesse e que foi
pretexto, no final, para um franco diálogo.
Os alunos, em seguida, visitaram não só
aquele estabelecimento de ensino, como
outros locais que atestam o desenvolvimento
regional, mormente unidades Industriais.
Actividades do INSE
O grupo de teatro dos finalistas, que
recentemente deu um espectáculo de teatro
no Salão Paroquial, concorreu a um concurso
nacional de teatro entre estabelecimentos
de ensino, pelo que ainda este mês prestará
provas, repetindo o espectáculo.
Desejamos-lhe o melhor êxito.
— Também no próximo dia 1 de Abril, o grupo
de finalistas promoverá a habitual excursão
de estudo, a qual prevê visitas a Vila Viçosa,
Évora, Grutas de Aracena, Sevilha, etc.
Além da receita adquirida com a realização
de espectáculos e baile de finalistas, cerca
de 35 contos, salientamos ainda a oferta de
3.000$00 do Sr. Tarcísio Trindade, Presidente
da Câmara Municipal.
NA DÉCADA DE 70...NOTÍCIAS DO ECB NO JORNAL ALCOA
22 DE MARÇO DE 1974
Concurso de teatro estudantil
Como já aqui noticiámos, o grupo de Teatro
dos finalistas do I. N. S. E. concorreu ao
concurso de teatro para estabelecimentos de
ensino.
Agora, vimos acrescentar, que o grupo
passou a fase seguinte, pelo que dentro de
breves dias irá a Lisboa disputar mais uma
eliminatória.
Bom êxito, é o que vos podemos desejar.
Visita de estudo
Nos dias 1, 2, 3 e 4, os finalistas do I. N. S.
E. promoveram a tradicional excursão de
fim de ano, a qual, ao contrário do que aqui
dissémos (não por erro de informação, mas
por exigências e dificuldades burocráticas)
não se efectuou até terras de Espanha,
mas somente pelo nosso País. A visita de
estudos às principais cidades e monumentos,
decorreu pelas Beiras, Minho e Litoral Norte.
Relação dos alunos do Externato da Benedita, que
no 1º período do ano lectivo 1971-72 tiveram «jus»
ao Quadro de Honra.
CICLO PREPARATÓRIO
1.º ano
Guilhermina Alves Caetano (12 val.)
João Luís Santos (12 v.)
Maria Dulce Mateus Guerra (12 v.)
Martinho do Carmo Soares (12 v.)
Maria Teresa Rebelo Machado (13)
2.’ ano
Fernando Costa Gerardo (12 val.)
Isidro Franco Belo (12 val.)
Luís Ferreira Gana dos Santos (12)
Luís Maria Gerardo (12 val.)
Tito Pereira da Silva (12 val.)
Jaime Pereira Bento (12 val.)
José Madeira Saraiva (12 val.)
Maria Ascenção Penas Fialha (12)
Inácio Franco Belo (12 vai.)
Maria José Alves da Silva (12 vai.)
Salvador Quitério Fialho (12 vai.)
Joaquim Moreira Paulino (13 vai.)
José António Genovevo Caetano (13
Maria de Lurdes Mar. Vicente (12)
CURSO LICEAL
1.º ano
Helena Maria da Conc. Vicente (13)
2.º ano
Isabel Maria Lopes da S. Marq. (12)
Inácio Marques Serralheiro (13 v.)
5.º ano
Fernando do Couto Ferreira (12 v.)
Fernando Félix Castelhano (12 val.)
Maria Ascensão Bugalho Jorge (12)
CURSO DE FORMAÇÃO DE SERRALHEIROS
2.º ano
António José Morais Pereira (12 v.)
António Ventura Matias (12 val.)
José António Guerra Vitorino (12 v.)
José Caetano Madaleno (12 vai.)
Joaquim Meadas Marques (13 val.)
CURSO DE FORMAÇÃO
FEMININA
4.º ano
Beatriz Jorge Serralheiro (12 val.)
Maria Encarnação Jesus Lour. (12)
Maria do Rosário Max. Vicente (13)
CURSO GERAL DO COMÉRCIO
1.º ano
António Luís da Silva (12 vai.)
Maria da Graça Mar. Vicente (12)
Joaquim Mendes da Silva (13 val.)
José do Couto Jorge (13 val.)
Inácio Marques Raimundo (13 val.)
Rui Ferreira Fialho (13 vai.)
Maria Trindade da Conc. José (13)
TELESCOLA
Ana Paula Lopes Silva Marq. (12)
Libânea Madalena Santos (12)
Maria Filomena Fialho Panas (12)
Maria Isabel Costa ia Silva (12)
Maria Isabel Maximiano Vicent (12)
Amadeu Belo da Silva (12)
Mário Rui Agostinho Ferreira (12)
Rui de Almeida Quitério (12)
Maria Otília Leandro Luís (12)
Pedro Lula Morais (12)
Maria do Carmo Marq. Rebelo (13)
Maria Helena da Silva Couto (13)
Maria Piedade Belo Rufino (13)
Regina Maria da Conc. Serrenho (13)
António Manuel Max. Vicente (13)
Fernando Marques Fialho (13)
Filipe Luís do Coito Ferreira (13)
Rui Quitério Fragulha (13)
Silvino Manuel Nogueira Lopes (13)
Vitor Manuel da Silva (13)
Maria Adelina Violente Ferreira (15)
2.’ ano
Maria Celina Fialho Pimenta (12)
Maria Deolinda Lucindo Isidoro (12)
Maria da Encarnação S. Quitério (12)
Maria Lúcia Rebelo Fialho (12)
Maria Lurdes Rafael M. Santos (12)
José Fernando Coelho Guerra (12)
Lula Manuel Marques Isabel (12)
Maria Fernando Faust. da Silva (14)
Maria Leonor Fialho Gens (14)
5 DE ABRIL DE 1974
15 DE JANEIRO DE 1972
INSTITUTO NOSSA SENHORA DA ENCARNAÇÃOCOOPERATIVA DE ENSINO E CULTURA, S.C.R.L.
VISADO PELA CENSURA
ESCOLA VIVA4
ANO I - Nº 2TOQUE DE SAÍDA
7º Ano
Beatriz Mateus Tiago
Daniela Filipa Mendes Francisco
Adriana Couto Caetano
António Serrenho do Carmo
Sofia Ferreira Sebastião
Joana Teresa da Silva Bento
Ricardo Nazaré Serrazina
Rita Isabel Moreira Diniz
Joana Maria dos Santos Boita
Maria Santos Vicente
Isabel Ferreira Tomás
Nídia Quitério Ferreira
7º A
7º A
7ºC
7ºC
7ºC
7ºF
7ºF
7ºF
7ºH
7ºH
7ºI
7ºJ
8º Ano
José Carlos Barreiro Mateus
Miguel Machado Lopes
Laura Catarino Gonçalves
Mariana da Silva Rodrigues
Mónica Daniela Santos Fialho
Vanessa Marques Fialho
Filipa Isabel Mendes M. Serrazina
Rita Marquês Bernardes
Tatiana Marques Ladeira
David Alexandre Rodrig. Susano
Paulo Miguel Vicente Batista
Hugo Miguel Fonseca Rodrigues
Juliana Vieira Belo
Raquel Castelhano Dias
Beatriz Perista Serrazina
Catarina Fialho Perreira
Arlete Sofia Mendes Sineiro
8ºA
8ºA
8ºC
8ºC
8ºC
8ºC
8ºD
8ºD
8ºD
8ºE
8ºE
8ºF
8ºG
8ºG
8ºH
8ºI
8ºJ
9º Ano
Adriana Domingos Policarpo
João Miguel Ramalho Constantino
Marta Conceição Vicente Santos
Miguel Cardoso Vicente
Ricardo Radamanto Rodrigues
Carla Colaço Serralheiro
Francisca Maria Marquês Rebelo
Rita Marques Ferreira
Sofia Silva Lopes Cavadas
9ºA
9ºA
9ºA
9ºC
9ºC
9º E
9ºE
9ºE
9º E
10º Ano
Flávio Daniel Costa Monteiro
Inês Rodrigues Pereira
Marta Bispo Pimenta
Verónica dos Santos Silva
Ana Carolina Pimenta Pedroso
Catarina Alexandra M. Caetano
Élia Filipa Fialho do Carmo
João Gabriel da Cruz Fialho
João Pedro de Sousa P. O. Ribeiro
Luís Daniel Machado Crisóstomo
Sara Maria Pimenta Rebelo
Sara Marques Vicente
Solange Ramalho Pereira
Tiago Mateus Madaleno
Elsa Marques Belo
Joana Isabel Silva Lopes Cavadas
Marina Alexandra Fialho Vicente
André Quitério Ferreira Gerardo
Hélder Ricardo Santos Correia
Marina Alves do Rosário
Flávia Catarina Marques Grilo
Sílvia Filipe Ferreira Matias
Vera Lúcia Delgado da Silva
10º A
10º A
10º A
10º A
10º B
10º B
10º B
10º B
10º B
10º B
10º B
10º B
10º B
10º B
10º C
10º C
10º C
10º D
10º E
10º F
10º G
10º G
10º I
11º Ano
Luís Manuel Ferreira da Silva
Mariana Belo da Cruz
Mauro Guilherme Augusto Luís
Rita Alexandra Silva Cristiano
Ana Isabel Morgado dos Santos
Joana Cardoso Coelho
Luís António Santos Nazaré
Pedro Filipe Alexandre Rodrigues
Pedro Frazão Lopes Vieira Vaz
Vanessa Rocha Ribeiro Faustino
André dos Santos Belo
Ângela Susano Vicente
Carina Costa Borralho
Joana Marques Moreira
Margarida Isabel R. V. da Costa
Ana Isabel Lopes Mateus
Davide Delgado Nunes
Sabrina Maria Ribeiro do Couto
11º A
11º A
11º A
11º A
11º B
11º B
11º B
11º B
11º B
11º B
11º C
11º C
11º C
11º C
11º E
11º F
11º G
11º H
12º Ano
Adriana Lopes Ferreira
Carlos Manuel Silva Lúcio
Filipa Serrenho do Carmo
Inês Correia Pinto de Matos
Joana Filipa Costa Gonçalves
Rodrigo Daniel Feteira Santos
Tânia Costa Mentes
Vítor Hugo Fialho Lopes
David Gabriel Fialho Penas
Isadora Ribeiro Luís
Tiago Marques Félix Castelhano
Henrique Ramalho Machado
Marcelo Almeida Luís
Fábio Veríssimo Santos
Flávio Miguel Gens Ramos
Sandra Lourenço Amaro
Ana Angelina Marques Isabel
Joana Passarinho Santos
João Santos Filipe
Juliana Costa Rufino
Miguel Jorge Fragulha Belo
12º A
12º A
12º A
12º A
12º A
12º A
12º A
12º A
12º B
12ºB
12ºC
12ºD
12ºD
12ºG
12ºH
12ºH
12ºJ
12ºJ
12ºJ
12ºJ
12ºJ
RECORRENTE
Ana Maria Marques Ferreira
Cátia Ferreira Grosa
Joel Jonathan Lameiras Barreiro
Marcos José Ramos Paixão
Pedro Leonel Luís Fialho
Ricardo Filipe Costa Vicente
C.S.H.
C.S.H.
C.S.H.
C.S.H.
C.S.H.
C.T
Os livros mais requisitados na
Biblioteca durante o 2º Período
1º Felizmente Há Luar!
Luís de Sttau Monteiro
2º Os Maias
Eça de Queirós
3º Contos
Eça de Queirós
4º A Viela da Duquesa
Sveva Casati Modgnani
5º As Brumas de Avalon
Marion Zimmer Bradley
6º Porque é que os Homens Mentem
e as Mulheres Choram
Alan Pease
7º Um Momento Inesquecível
Nicholas Sparks
8º A Metamorfose
Franz Kafka
9º O Diário da Nossa Paixão
Nicholas Sparks
10º Sexta-Feira ou a Vida Selvagem
Michel Tournier
Nos dias 3, 4 e 5 de Maio, o ECB participou
no Fórum da Juventude, em Alcobaça, onde
manteve um stand durante os três dias do
evento, que abrilhantou com a participação dos
alunos de Artes e de Ciências, bem como com a
actuação dos Grupos de Hip Hop e de Ginástica
Acrobática.
O cartaz
do Fórum foi
desenhado pela
nossa aluna Sara
Agostinho, do 11º
Ano de Artes, tendo
sido escolhido
num concurso em
que participaram
as várias escolas
participantes.
FORUM DA JUVENTUDE
Integrados na Semana da Juventude,
organizada pela Câmara Municipal
de Alcobaça, decorreram, no Centro
Cultural Gonçalves Sapinho, nos dias 3,
4 e 5 de Maio, workshops de Expressão
Dramática, Produção Musical, Hip Hop,
Capoeira, Inteligência Emocional, Artes
Marciais e Multimédia, destinados à
participação dos alunos do ECB.
WORKSHOPS NO ECB
QUADRO DE MÉRITO
ESCOLA VIVA 5
ANO I - Nº 2 TOQUE DE SAÍDA
O 12ºC EM TANCOS Uma visita de estudo verdadeiramente radical
Finais de Janeiro. Ainda de noite, chegámos à escola, eram mais ou menos sete horas da manhã. Estava escuro, apenas a alegria nos rostos trémulos e embrulhados de frio: a minha turma partia para uma viagem de estudo de dois dias, sexta-feira e sábado. Mas o tempo ia passando, olhávamos o relógio, e o nosso autocarro não aparecia. Amanheceu, e as primeiras carreiras de transporte escolar chegavam com os alunos para as aulas. Espantados com tantas malas e maletas à porta da escola, olhavam para nós, e nós olhávamos para o relógio. Às oito e pouco surge enfi m o nosso transporte, atrasado. Lá nos instalámos e partimos no meio de muita música, brincadeira e expectativa, até que surgiu a placa que indicava Tancos e o quartel dos pára-quedistas: tínhamos chegado à terra prometida!
Descemos do autocarro e fomos recebidos pelo sargento Marinho, que nos deu algumas indicações e esclarecimentos sobre o que iria acontecer. Seguiu-se a visita ao museu dos pára-quedistas, a observação do treino especial
dos cães e das suas instalações. Depois do almoço, fomos às camaratas
equipar-nos para os desejados desportos radicais, que muito gostámos de praticar. Tivemos também oportunidade de conversar com o sargento Marinho acerca das suas missões em cenários de guerra e de pós-guerra, neste último caso participando na reconstrução dos locais atingidos, nomeadamente em Angola, em Timor e no Kosovo.
Terminadas as actividades radicais, dirigimo-nos à piscina, para relaxar. De seguida jantámos e fomos para o gimnodesportivo, onde tivemos aula de orientação e assistimos a treinos de box e karaté com um professor muito interessante.
Recolhemos enfi m, para descansar, e já dormíamos, quando soldados entraram de súbito na nossa camarata, aos tiros! Acordámos estonteadas, em pânico, parecia que estávamos em plena guerra! Mandaram-nos formar na rua, ao frio da noite janeirenta. Depois deram-nos um minuto para trocar de roupa e novamente formar, à frente do primeiro-sargento, que
nos deu indicações para corrermos e nos juntarmos aos rapazes que já estavam à nossa espera. Despassarados e eufóricos, começámos então uma alucinante corrida nocturna, intercalada com fl exões, até que chegámos a um charco muito frio. Parámos, estupefactos, mas mandaram-nos atravessar o charco, com umas fl exões pelo meio, como se fosse muito normal. Todos molhados à frente, mandaram-nos virar de costas. Ensopados e cheios de frio, saímos fi nalmente do charco, para correr mais um pouco, até que parámos para mais umas fl exões e
retomámos a corrida. Corremos, deitámo-nos na areia, fi zemos fl exões, rastejámos. Exaustos, deitámo-nos virados para as estrelas, que não estavam no céu, apenas nuvens, e a nossa cabeça, coberta de medo, não pensava, limitava-se pura e simplesmente a obedecer. Para acabar em bem esta tortura, ainda demos uma volta ao quartel, e tivemos enfi m ordem de ir para o descanso. Agora era necessário tomar pelo menos um duche, de preferência bem quente, e dormir!
Por volta das sete e meia da manhã levantámo-nos, tomámos o pequeno-almoço e, claro, não se falava de outra coisa senão da surpresa que nos tinham preparado naquela noite. Passámos então à prova de orientação, aplicando os conhecimentos que tínhamos adquirido na aula do dia anterior. E só depois de realizada a prova é que teve lugar a visita à sala onde se arejam os pára-quedas e se faz a sua dobragem para serem reutilizados.
A nossa visita de estudo estava a terminar, restava-nos arrumar as malas, almoçar e despedirmo-nos do sargento Marinho e do quartel. De regresso, ainda parámos num dos castelos mais bonitos de Portugal, o castelo de Almourol. E esta foi a última paragem da viagem de estudo mais radical da minha vida.
Marília Ezequiel, 12º C
Decorreu no dia 10 de Março de 2006, na Fábrica da Ciência Viva, em
Aveiro, o 2º CAMPEONATO NACIONAL DE JOGOS MATEMÁTICOS,
que contou com a participação de uma equipa do ECB constituída
por:
Os alunos, acompanhados pelos professores Maria José Ribeiro
e Acácio Castelhano, tiveram um comportamento exemplar e uma
prestação notável no campeonato, tendo-se sagrado Campeã Nacional
de Ouri, 3º Ciclo do Ensino Básico, a aluna Daniela Sousa, do 9º F, e
Vice-Campeão Nacional de Hex do Ensino Secundário o aluno Carlos
Louro, do 12º D.
Os prémios atribuídos foram, respectivamente, um computador e
uma máquina fotográfica digital. De referir que estiveram envolvidas
200 escolas e cerca de 1000 alunos.
Acácio Castelhano, professor
ALUNOS DO ECB NO CAMPEONATO NACIONAL DE JOGOS MATEMÁTICOS
CAMPEÃ NACIONAL E VICE-CAMPEÃO
JOGO CATEGORIA NOME Nº TURMA
OURI 3º Ciclo EB Daniela Sousa 6 9ºF
AMAZONAS 3º Ciclo EB Alexandre Ferreira 3 7ºI
AMAZONAS Secundário Verónica Amado 24 10ºA
HEX 3º Ciclo EB André Costa 1 9ºC
HEX Secundário Carlos Louro 6 12ºD
ESCOLA VIVA6
ANO I - Nº 2TOQUE DE SAÍDA
O que é que eu sinto pela escola? Muita
gente me tem feito essa pergunta e eu nunca
sei o que responder. Sinto que tenho muita
sorte por estar aqui no ECB, a escola é boa,
a minha turma é fantástica e os professores
também são bons. Esta escola é muito diferente
daquela a que eu estava habituada no meu
país. É muito maior, tem aproximadamente
dez vezes mais alunos, e as pessoas falam
português e não islandês... Penso que, apesar
de ainda nem sempre perceber o que se
passa nas aulas, tenho aprendido imenso. A
escola tem um espírito muito aberto e o apoio
aos alunos e entre os alunos é constante.
Nem toda a gente seria capaz de acolher
tão afectuosamente um estrangeiro vindo
dum país algures a meio caminho do fim do
mundo, que não falava uma única palavra da
sua língua, e de, imediatamente, o ajudar e o
fazer sentir-se em casa.
Tenho ainda uma recordação viva do meu
primeiro dia aqui na escola. Eu não conhecia
ninguém e estava absolutamente aterrada,
a escola tão grande... tantas caras... tantos
olhos curiosos... tive vontade de fugir e
esconder-me. Mas agora que já me habituei
aos olhos curiosos e que os olhos curiosos já
se habituaram à minha presença, até gosto
disto e chega a ser uma sensação estranha
pensar na minha escola na Islândia, com
cem alunos e oito salas de aula. Quase nem
acredito que o tempo voou, e que uma boa
parte desse tempo foi passado aqui no ECB.
Esta escola deu-me um apreciável capital
de experiência de vida, no qual se incluem
alguns bons amigos e professores pacientes
e prontos a ajudar, que têm com a minha turma
uma relação afectiva bem visível. Às vezes
dizem ou fazem coisas que nos põem a rir e eu
aprecio esses momentos, embora nem sempre
entenda a piada. A escola também me deu
oportunidade de aprender esta língua difícil
que é o Português, pondo à minha disposição
aulas de apoio, que me têm ajudado bastante.
Tenho consciência do que esta escola tem
feito por mim e considero que, a avaliar pela
minha experiência, qualquer estrangeiro será
aqui bem recebido. Em nenhum momento
senti alguma espécie de discriminação ou
desagrado em relação a mim, nem mesmo no
início, quando todos sentíamos ainda alguma
timidez. Fiz muitos amigos e posso dizer que
alguns deles parecem ter feito sempre parte
da minha vida.
Muitos estudantes de programas de
intercâmbio queixam-se das escolas, da
dificuldade em fazer novos amigos, da falta de
apoio no que se refere à língua, e de outras
situações desagradáveis. Quanto a mim,
não tenho queixas, a não ser ter de apanhar
o autocarro das oito e depois estar noventa
minutos à espera da primeira aula... mas isso
também não é assim tão mau!
Sem dúvida, esta escola tem tido um
enorme papel na minha experiência e é difícil
acreditar que, em breve, deixarei todos os
que me receberam tão amigavelmente e me
têm ajudado nestes últimos sete meses. Tem
sido um lugar fantástico para viver e estudar.
Gostaria de formular um desejo a todos os
estudantes de programas de intercâmbio: que
nas vossas aventuras pelo mundo tenham
tanta sorte como eu estou a ter.
Eva Ösp, 12º J
(aluna islandesa a frequentar o 12º Ano ao
abrigo do Programa Intercultura)
O QUE SINTO PELA ESCOLA
ECB VISTO POR ALUNA ISLANDESA
Em Taizé, no Sul da Borgonha, França,
encontra-se a comunidade ecuménica
internacional fundada em 1940 pelo irmão
Roger. Actualmente, a comunidade
tem cerca de uma centena de
irmãos, católicos e de diversas
origens evangélicas, vindos de
mais de vinte e cinco países. Nesta
vivência em comum comprometem-
se para toda a vida na partilha dos
bens materiais e espirituais, no
celibato e numa grande simplicidade
de vida. Subsistem apenas do seu
trabalho, não aceitando donativos
nem presentes, e alguns dos irmãos
vivem em pequenas fraternidades,
no meio dos mais pobres.
Desde 1950, milhares de jovens
dirigem-se todos os anos a Taizé para
participar nos encontros de oração e
de reflexão que têm lugar semana
após semana. Os irmãos de Taizé
efectuam também visitas a outros
países e continentes: África, América do Sul e
do Norte, Ásia e Europa, animando pequenos
e grandes encontros, que fazem parte de uma
«peregrinação de confiança na terra».
Em Dezembro de 2004, o encontro do
continente Europeu realizou-se em Portugal.
Os jovens que vieram dos vários países ficaram
alojados em casas de famílias de Lisboa e
arredores. Nos cinco dias durante os quais
decorreu o encontro, o clima de anonimato
e de desconfiança da grande metrópole foi
ultrapassado por um ambiente de abertura e
hospitalidade.
Há já alguns anos que alunos do Externato
são acolhidos na comunidade de Taizé,
em França. A viagem é dinamizada pelos
professores de Educação Moral e Religiosa
Católica, e nela participam os alunos inscritos
na disciplina, professores, e até encarregados
de educação. De um domingo até ao domingo
seguinte, cada um é convidado a entrar no
ritmo da vida comunitária: reunir-se com
os irmãos três vezes por dia para a oração,
juntar-se com pessoas de outros países para
os encontros, as refeições, as discussões em
pequenos grupos e diversos trabalhos.
A intensidade das relações e das
amizades que se constroem em Taizé
é tão forte que no dia do regresso
custa-nos sempre deixar para trás
aquele ambiente, os novos amigos
e a cumplicidade que se constrói na
oração comunitária e nas tarefas em
grupo.
Em Taizé, a vivência do silêncio a
meditação interior e o voluntariado
levam-nos a descobrir que podemos
ser sinais de esperança neste mundo
em que a ansiedade e o cansaço
conduzem as pessoas a valorizar os
aspectos que nos tornam diferentes
e a descurar os que nos unem e nos
dão esperança.
Hoje, no mundo inteiro, o nome
de Taizé evoca paz, reconciliação,
comunhão e a espera de uma
Primavera da Igreja: «Quando a Igreja escuta,
cura e reconcilia, ela torna-se naquilo que é
no mais luminoso de si mesma: límpido reflexo
de um amor». (irmão Roger).
Vera Catarino, professora
A COMUNIDADE DE TAIZÉ
Islândia
ESCOLA VIVA 7
ANO I - Nº 2 TOQUE DE SAÍDA
No dia 25 de Fevereiro, pelas 16 horas,
partíamos da Benedita, mas antes fomos à
igreja, fazer uma breve oração. Estávamos
todos nervosos e ansiosos, afinal a viagem
demorava 22h e íamos estar dez dias sem
os nossos pais, num sítio desconhecido.
Ninguém o dizia, mas acho que muitos de nós
estávamos com medo de que Taizé fosse uma
desilusão.
As primeiras horas no autocarro foram
animadas, com a ajuda dos nossos colegas
que já tinham ido no ano anterior, o João
Prisciliano, o Telmo Coito, o Valter Bernardo
e o Alexandre Peralta. Para além da música
e de termos visto vários filmes, também
fizemos uma breve auto-apresentação, pois,
apesar de nos conhecermos quase todos, iam
também connosco seis alunos de Alcobaça.
Mas, passadas algumas horas, já se ouvia:
“Estou cansado! Nunca mais chegamos?”
Até que vem uma paragem e todos, incluindo
os que vinham a dormir, saíram para ir ver
nevar. Estávamos em Espanha, numa área de
serviço muito frequentada por portugueses,
daí que a televisão estivesse sintonizada
na TVI. Mas não ficámos muito tempo. Após
breve descanso, retomámos a viagem e quase
todos adormeceram.
Quando acordámos, de manhã, já tínhamos
passado os Pirinéus e estávamos em França.
Depois de 22 horas de viagem, pensámos
que estávamos quase a chegar, mas logo
nos tiraram essa ideia da cabeça, pois o
Valter informou-nos de que ainda faltavam
duas horas. Toda a gente desanimou e já só
pensávamos em dormir numa cama e tomar
um banho.
Mas quando chegámos a Cloney voltámos
a animar: já só faltavam 10 km. Finalmente
chegámos. Era um sítio maravilhoso,
sossegado, tão verde, tão bonito, que até
parecia um sonho! Depois de nos informarem
acerca das instalações, fomos para as
camaratas. Estas eram confortáveis e tinham
aquecimento, o que sabia muito bem, pois lá
fora estava frio.
E os dias foram passando, muito rápidos.
Antes de irmos para Taizé, parecia-nos que
a nossa estadia seria longa. Mas lá, os dias
passavam e nós nem dávamos por isso.
Todos os nossos problemas eram esquecidos
e não nos faziam falta coisas que aqui
parecem indispensáveis, como por exemplo
o telemóvel, a televisão, os computadores, a
Internet… Lá não sentíamos a falta deles.
As orações, que toda a gente achava
que iam ser um desperdício de tempo, eram
fantásticas, assim como os cânticos e os
momentos de silêncio que nos faziam reflectir
e nos ajudavam a tomar certas decisões.
Uma coisa muito importante em Taizé é
a união: o facto de ficarmos a conhecer as
pessoas de uma maneira diferente tornava-
nos mais unidos. À noite, normalmente,
fazíamos pequenas festas. As mais divertidas
eram as portuguesas, e isso deixava-nos
alegres, pois era muito bom estar ali a cantar
em português, com os estrangeiros a ouvirem-
nos e a divertirem-se com a nossa música.
Quando saíamos destas festas, muitas vezes,
estava a nevar e travávamos lutas de neve.
Conhecemos também gente de muitos sítios
diferentes, americanos, alemães… E também
criámos laços de amizade muito fortes com
portugueses, pois nesse encontro de Taizé
encontravam-se jovens de outras escolas de
Portugal.
Outra coisa que relembramos é a comida.
Esta não era nada de especial, mas com o
passar dos dias íamo-nos habituando.
Taizé tem sítios fantásticos, por exemplo
o lago do silêncio, onde não se devia fazer
barulho, pois era um lugar de reflexão, e a
cascata, que era a mais bonita que eu já tinha
visto.
O mais complicado dos 10 dias em Taizé
foi a despedida. Estávamos tão unidos e,
para além disso, tínhamos conhecido tantas
pessoas, que a única ideia que nos passava
pela cabeça era que nunca mais as veríamos.
Uma destas pessoas, muito corajosa e
simpática, é a Beatriz, voluntária em Taizé há
8 meses. Tínhamo-la conhecido à noite, num
dos nossos trabalhos de voluntariado.
A viagem para a Benedita foi rápida, mas
sempre que tínhamos paragens tentávamos
esperar pelos autocarros onde viajavam os
nossos novos amigos do Porto, Coimbra e
Lisboa. Até que chegámos à Benedita, onde
nos aguardavam, com cartazes a desejarem-
nos as boas-vindas, as alunas que tinham ido
no ano anterior a Taizé.
Hoje, para recordar Taizé, todas as
segundas-feiras temos orações na igreja da
Benedita, e um irmão português de Taizé já
nos veio visitar. Foi uma viagem espectacular
e por isso, em nome de todos os alunos que
foram agradeço aos nossos professores e à
nossa psicóloga, Dra. Margarida, por nos terem
proporcionado esta viagem inesquecível.
Taizé é um sítio único que todos nós
queremos voltar a visitar!
Tânia Alves, 10º E
A NOSSA EXPERIÊNCIA EM TAIZÉ
Decorreu entre os dias 8 e 12 de Maio
a Semana Missionária Paulista. O Padre
Rui Tereso esteve presente no Externato
Cooperativo da Benedita, apresentando esta
congregação evangelizadora, a qual assume
o exemplo de vida deixado por S. Paulo.
Estes missionários, através dos meios de
comunicação social, apresentam uma nova
forma de transmitir a palavra de Deus,
seguindo os passos do fundador, Padre Tiago
Alberione, utilizando todos os meios para dar
a conhecer Cristo ao mundo.
A temática, trabalhada nas aulas de
Educação Moral e Religiosa Católica, incluiu
uma exposição preparada pelos alunos desta
disciplina.
Vera Catarino, professora
SEMANA MISSIONÁRIA PAULISTA
ESCOLA VIVA8
ANO I - Nº 2TOQUE DE SAÍDA
O Sorriso Amigo é uma Associação de
Solidariedade que se destina a ajudar as
pessoas mais carenciadas da zona da
Benedita, abrangendo, hoje em dia, também
as zonas de Turquel e do Vimeiro.
Surgida há seis anos, a associação,
inicialmente um projecto, teve como fundadores
os alunos do 12º J do ano lectivo de 2000-
2001. A principal motivação destes alunos foi,
como a sua Directora de Turma, a Dra. Ana
Paula Rocha, recorda, o desejo de realizar uma
Área-Escola «em que não se gastasse muito
papel e onde lhes fosse permitido intervir na
sociedade, ajudando os outros». Nasceu assim
o Sorriso Amigo. Sob orientação da Dra. Ana
Paula Rocha, os alunos ergueram um projecto
que tem sido continuado, todos os anos, por
diversas turmas, que se propõem colaborar,
levando por diante esta iniciativa solidária.
Apesar de
se deparar com
d i f i c u l d a d e s ,
a Associação
tem vindo a
d e s e n v o l v e r - s e
através das suas
campanhas, como
a venda de postais
e de canetas para
angariação de
fundos, e da recolha
de alimentos na
época de Natal,
permitindo assim
combater a
pobreza, muita
dela envergonhada
e escondida,
existente na
zona da Benedita.
Actualmente, a Associação ajuda 210 famílias
carenciadas, indicadas pelos coordenadores
de zona ou pelos priores, mantendo-se fiel
aos seus princípios fundadores. Presta auxílio
a nível económico, como no pagamento
de rendas de casa ou de livros escolares,
bem como a nível alimentar, com a habitual
distribuição de alimentos no Natal.
Nada disto teria sido possível sem a ajuda
de parceiros que se unem a esta Associação
para ajudar a erradicar ou diminuir o flagelo da
pobreza. São esses parceiros o Agrupamento de
Escolas da Benedita, o Grupo de Voluntariado
Juvenil e o Centro Paroquial Social.
É importante realçar que existe um padrão
pelo qual a Associação rege toda a sua
dinâmica: maioritariamente, ajuda famílias com
poucos rendimentos, de agregados medianos
ou de extensão significativa; e também, em
número substancial, pessoas idosas que,
vivendo sozinhas, têm poucos recursos e
representam os pontos mais frágeis desta
acção.
Tanto a comunidade escolar como a
comunidade extra-escolar podem e devem
ajudar, pois só com o apoio de todos se
conseguirá acabar com a pobreza.
Texto produzido pelos alunos do 12º J de
2005-2006, no âmbito do seu projecto de
Área-Escola
DE PROJECTO A ASSOCIAÇÃOSORRISO AMIGO
O Dia do Francês realizou-se a 23 de
Fevereiro, na cave do C.C.G.S. e, à
semelhança de anos anteriores, teve como
ponto alto o desfile de personalidades
alusivas à cultura francesa.
Esta actividade esteve aberta
à participação de todos os alunos que
frequentam a disciplina de Francês, quer
no Ensino Básico quer no Secundário,
contando com o empenho de cerca de 100
alunos distribuídos por 16 equipas. Visa,
essencialmente, proporcionar momentos
de descontracção e convívio entre alunos e
professores, promovendo simultaneamente,
e de uma forma lúdica, a divulgação de
aspectos da cultura francesa.
No decurso do desfile, que se
revelou bastante animado, o júri procedeu
à votação, exibindo cartões numerados de
1 a 10. Saíram vencedores «Os mecânicos
da Citroёn», pelos alunos do 7º J, seguidos
dos «21 Dálmatas», pelo 9º B e, em 3º
lugar, classificou-se o costureiro «Jean-Paul
Gaultier», interpretado por alunos do 7º A.
Estas três equipas receberam livros, como
prémios, e a cada participante coube ainda
uma pequena lembrança.
Foram também entregues os prémios
referentes ao concurso inter-turmas da
melhor carta de amor em Francês.
Paralelamente ao desfile, foi
apresentada uma mostra da gastronomia
francesa, com elaboração e venda de
crepes a cargo dos alunos do 7º A e da sua
professora de Francês.
DIA DO FRANCÊS
A 4 de Maio, decorreu na nossa escola o Dia da Informática, que integrou diversas actividades.
O Karaoke teve a participação de alunos de diferentes anos do ECB. As Aplicações Multimédia, realizadas pelos alunos do 12º e do 11º Ano de Informática, bem como os projectos de Área Escola do 12º do Curso Tecnológico de Informática, tiveram como público-alvo alunos de escolas do Agrupamento da Benedita. Estiveram presentes as EB1 da Azambujeira, Benedita, Cabecinha, Louções e Ninho de Águia, bem como as Pré-Primárias da Benedita e Cabecinha. Contámos também com a participação dos meninos mais pequeninos do Centro Paroquial da Benedita e da “Escolinha da Bel”.
Decorreu ainda um colóquio destinado aos alunos do 9º Ano, para divulgação dos novos Cursos Tecnológicos de Informática. Este colóquio teve como dinamizadores os professores Paulo Valentim e Domingos Martinho.
Lina Afonso, professora
DIA DA INFORMÁTICA
Alguns alunos que integravam o 12º J em 2000-2001 (com a directora de Turma)
RECRIAR O MUNDO 9
ANO I - Nº 2 TOQUE DE SAÍDA
NEBULOSAS
Falei na construção de um foguetão de uma nave
espacial falei na energia combustível da antimatéria
nos limites do conhecimento e na extraordinária
viagem através das nebulosas
não tinha experiência suficiente para o projecto
(sempre fora muito agarrado às premissas mínimas do mundo terreno)
mas comecei a juntar parafusos encomendei várias placas
de amianto um amigo emprestou-me o computador de bordo
outro a plataforma de descolagem embora nenhum de nós
soubesse onde obter aquele combustível poderoso
e inconstante
encontrei-o hoje
no peso morto dos teus olhos
nesses olhos fartos de nada em concreto
mas incapazes de ver na poeira das estrelas
algo mais do que destroços
é preciso viajar
dir-te-ia se soubesses ouvir.
Paulo Tavares
Finalista de Línguas e Literaturas Modernas na Universidade Nova de Lisboa
blogue: http://www.atravessandooinverno.blogspot.com/
TRAZENDO NOS PÉS OS CÉUS
Trazendo nos pés os céus
A descida do eléctrico conduzia
aos céus de lisboa
por entre paredes estreitas tão concretas
como a atmosfera, e a noite
terminou num leito de silêncio
e poesia, vagarosamente.
Ao passarmos a pé pelos eléctricos
lado a lado o cheiro antigo
a óleo e metal dizia
a noite é bela
para qualquer direcção.
Levávamos um caminho descendente
empurrados pela força do universo,
atravessados pela linha do tempo,
de lado a lado convergindo
com a procura do próximo solstício,
o anoitecer perfeito
pelos meandros de palavras antigas
rumo ao destino de calçada
escolhido, lá em baixo, na avenida
os joelhos diante da linha tremendo
ou fremindo sobre a própria linha dianteira
do tempo, em expansão, íamos
tão calmamente e
por caminhos paralelos cruzando sem pressa
um sentido qualquer, na pele
em contacto com a noite cálida, em contacto
com os cabelos ao vento de vários tons,
e cabeças diferentes
O mesmo destino, a mesma ilusão
de sono que mergulha, sossegadamente,
na cama
há poesia em silêncio, pesando as pálpebras
(das sombras pupilares emergindo) de so-
nhos:
projectados nos céus de lisboa
sobre a descida da linha férrea
que levávamos nos pés
Luís Lucas, ex-aluno do ECB
O MAR
As ondas do mar
provocam erosões
nas arribas escarpadas
e em muitos corações.
Em mares e oceanos
passam belos navegadores
que têm pressa de voltar a terra
para junto dos seus amores.
De longe vejo o mar
com as suas cores suaves:
nele brincam crianças
e pousam as aves.
Ao passar pela praia
escuto sempre o mar
que no rebentar das ondas
parece estar a cantar.
Joana Couto, 10º F
Fugi.
Segui teus passos por entre a terra
Atravessei vales e oceanos
Para estar junto de ti.
Fugi.
Segui teus caminhos, enfrentei toda esta era
Lutando contra tudo e contra todos
Para estar junto de ti.
Fugi.
Segui teus rastos e acabei por descobrir
Que afinal não és ninguém,
Realmente só queria sair daqui mas não tinha coragem.
Vanessa Quitério, 12ºJ
O TEU MUNDO CHOVE NO MEU
Estou afogado
Na perfeição do passado.
Cobres de gélidas gotas
Cada conquista,
Cada alegria.
Olho para cima.
Ris-te de mim.
Por muito que suba
Não te chego.
Tenho frio.
O passado já não faz mais
Que gelar o novo Eu.
Oh velhas memórias...
Antigo eu distante.
Vieira Mcneal, 12º Ano
O SABOR DOS LÁBIOS
Em maio
comíamos nêsperas maduras
e observávamos o despontar
vermelho dos morangos
as nossas bocas
haveriam de se habituar ao fruto
recém-chegado
(ao processo natural de renovação)
mas jamais perderiam o travo doce
daquele que íamos esgotando.
Paulo Tavares
PARA QUÊ?
tentando
mergulhas no
mar do Nunca Serei,
ou conquistas não mais
que memórias inertes
como tu serás.
Para quê?
com uma mão cheia desse nada
sentes-te bem.
mas até o nada será pó.
corre com calma;
vive sem tempo;
salta mais baixo.
Vieira Mcneal, 12º Ano
OLHAR CIRCUNDANTE10
ANO I - Nº 2TOQUE DE SAÍDA
Quando pretendemos enunciar
os direitos que são garantidos por
cada estado aos seus cidadãos,
falamos de direitos fundamen-
tais, em contraposição com os di-
reitos humanos que são os direi-
tos referentes a todos os homens,
porque são inerentes à condição
humana, válidos para todos os
povos e em todos os tempos, as-
sumindo assim a dimensão de
direitos naturais, e que na sua
essência são os direitos de digni-
dade e de igualdade.
Por sua vez, os direitos fun-
damentais podem ser encarados
numa perspectiva jurídico-consti-
tucional como direitos subjectivos,
ou como o conjunto dos pre-
ceitos normativos que definem
pelo lado positivo o estatuto
dos indivíduos nas sociedades
políticas. Este último sentido,
mais amplo, abrange não só os
direitos reconhecidos aos cida-
dãos, mas também as garantias
institucionais, ou seja, os prin-
cípios de organização social,
económica e política que visam
garantir o gozo efectivo desses
direitos e que, indo ainda mais
longe, incluem princípios e nor-
mas que constituem condições
objectivas de realização desses
direitos.
É com este sentido que deve
ser entendida a lei aprovada re-
centemente no Parlamento Portu-
guês e que introduz as quotas de
mulheres nos actos eleitorais. Ho-
mens e Mulheres, sendo genetica-
mente diferentes, são em termos
jurídico-constitucionais iguais.
- Todos os cidadãos têm a mes-
ma dignidade e são iguais perante
a lei.
- Ninguém pode ser privilegia-
do, beneficiado, prejudicado, pri-
vado de qualquer direito ou isento
de qualquer dever, em razão de
sexo.
- Todos os cidadãos têm o di-
reito de acesso, em condições de
igualdade e liberdade aos cargos
públicos.
É isto que determina a Consti-
tuição da República Portuguesa.
Mas a igualdade perante a lei
não é absoluta nem requer em
todos os casos ou situações tra-
tamento igual. A justiça realiza-se
tratando igual o que é igual e di-
ferente o que é diferente. Daí que
o direito à diferença entre homens
e mulheres, com fundamento na
diferença genética, seja legítimo
e justo e se verifique em vários
preceitos legislativos. Mas o direi-
to à diferença é injusto e ilegítimo
quando se transforma numa dife-
rença de direitos.
A Lei que atribui às mulheres
um determinado número de luga-
res nos actos eleitorais é a ga-
rantia institucional, o princípio de
normatização social, que visa ga-
rantir às mulheres o gozo efectivo
do direito de igualdade entre Ho-
mens e Mulheres, sendo essa lei
o instrumento de materialização
do direito.
Mas será uma lei ilegítima e
ilegal, se se constituir para as
mulheres numa diferença de direi-
tos.
Luís Castelhano, professor
TURQUEL
NA PISTA DO SIGNIFI-CADO DA PALAVRA
T u r q u e l
pode ser a
c o r r u p ç ã o
de Turuquelo
ou Turuquel,
que signifi-
ca pequeno
monte. No
seu livro,
Memorias de Turquel, José Dio-
go Ribeiro descreve a povoação
como «alargando-se (…) pelo dor-
so de uma colina que na sua parte
meridional se eleva em forma de
um cabeço». Assim, as formas an-
tiquadas Turuquelo ou Turuuqel,
designando uma pequena eleva-
ção, poderiam ser diminutivos do
vocábulo céltico Turuco, com o
mesmo significado.
Turquel poderá ser também a
corrupção de Tutur ou Tururquela,
que significa rola, a ave que apa-
rece na mão do menino Jesus, ao
colo da Nossa Senhora da Con-
ceição, padroeira da terra.
Uma outra versão refere que
Turquel poderia derivar das duas
palavras finais da expressão «mia
siora turo quer» (minha senhora
tudo quer). Esta expressão era
atribuída à escrava de uma dama
abastada e muito exigente no ser-
viço que exigia da serva.
Ana Vicente, 12ºJ
Ser tolerante é, não só uma
virtude cívica, mas também um
dos valores fundamentais con-
signados na Declaração dos Di-
reitos do Homem. Não podemos
pôr em causa o direito à diferen-
ça, mas podemos questionar-
nos sobre as consequências da
abertura cultural, da coexistên-
cia de pessoas e tradições pro-
venientes de diferentes culturas
num mesmo espaço físico – o
multiculturalismo. Qual será en-
tão o seu impacto? O direito que
cada um tem à diferença levará
a uma atitude de respeito activo
pela diversidade? Ou pelo con-
trário conduz à globalização de
costumes e à perda de identida-
de cultural?
As novas tecnologias de in-
formação e comunicação le-
vam-nos cada vez mais a viver
na chamada “aldeia global”. O
contacto com outras culturas
vai além do espaço físico, pois
podemos nunca ter visitado um
certo país e termos conhecimen-
to e respeito pela sua cultura e
sofrer a sua influência. Pode-
mos até afirmar que não existe
qualquer região do planeta que
possa fechar-se aos ventos da
internacionalização.
Existem ainda grandes mo-
vimentos migratórios perma-
nentes, os quais modificam
profundamente o perfil étnico e
demográfico de várias nações.
Cidades como Londres, Paris e
Nova York são exemplos gritan-
tes de locais onde convivem dia-
riamente milhares de pessoas
que provêm dos mais diversos
cantos do mundo, pessoas que
se cruzam, genética e cultural-
mente. Estaremos a caminhar
para uma cultura única e global,
onde imperam os mesmos valo-
res? Há muito que se discute a
necessidade de uma ética glo-
balizada, para que se possam
fazer cumprir os direitos funda-
mentais do Homem. Mas isso,
não implicará o desaparecimen-
to das tradições locais ou dos
elementos diferenciadores das
identidades nacionais? Veja-se
o exemplo do papel reservado
à mulher no mundo muçulmano:
tradicionalmente, o sexo femini-
no não possui quaisquer direi-
tos, e isto vai contra aquilo que
nós, ocidentais, consideramos
legítimo. Não será benéfica uma
influência global que possa aca-
bar com este facto? A desculpa
de que se trata de tradições,
culturas ou estilos de vida dife-
rentes não invalida a necessi-
dade de uma mudança. Estaria
um país muçulmano a prescindir
da identidade própria se abris-
se à mulher o direito ao voto?
Se respeitasse a sua dignidade?
Não! Estaria a evoluir. Porque a
cultura não é algo estático, mas
algo a desenvolver, e o contac-
to entre diferentes culturas deve
servir como elemento cataliza-
dor desse desenvolvimento, ou
seja, é precisamente através do
choque de ideias que se gera a
luz necessária para encontrar o
caminho mais correcto.
O argumento daqueles que
defendem que podemos estar a
sofrer uma aculturação, sobre-
tudo americana, pela força que
este país tem em termos econó-
micos, pondo em risco a nossa
própria cultura, não é válido; a
prova reside na racionalidade
do homem, na capacidade crí-
tica inerente a todos, na nossa
condição de seres inacabados,
na capacidade de aproveitarmos
aquilo que cada cultura tem de
melhor, para que nos possamos
construir enquanto pessoas. E é
a partir desta atitude individual
que se podem construir socie-
dades mais justas, com valo-
res universais e, portanto, mais
evoluídas.
Margarida Costa, 11ºE
TOLERÂNCIA MULTICULTURAL, DIVERSIDADE OU UNIFORMIZAÇÃO?
O direito à diferença, a diferença de direitos
QUOTAS DE MULHERES NAS LISTAS ELEITORAIS
ESCOLA VIVA 11
ANO I - Nº 2 TOQUE DE SAÍDA
PRESIDENTE DA DIRECÇÃO DO INSTITUTO NOSSA SENHORA DA ENCARNAÇÃO
Entrevista ao
“…estou ligado a esta instituição desde o seu início, dado que fi z parte da primeira turma de alunos que frequentou o Ensino Nocturno.”
O actual Presidente da Direcção da
Cooperativa é o Sr. António Serrazina Mendes,
natural da Benedita. Foi um dos primeiros
alunos do Externato Cooperativo da Benedita,
e desde então manteve-se sempre ligado
à Instituição. Actualmente desempenha a
profissão de Técnico Oficial de Contas.
Há quanto tempo é membro dos
órgãos sociais da Cooperativa?
Trace-nos um pouco da sua
história enquanto membro.
Antes de responder propriamente
à vossa pergunta, quero referir que
estou ligado a esta instituição desde
o seu início, dado que fiz parte
da primeira turma de alunos que
frequentou o Ensino Nocturno. Mais
tarde, como funcionário, trabalhei
alguns anos na Secretaria, na área
da contabilidade.
Respondendo agora à pergunta,
devo dizer que faço parte dos órgãos
sociais da Cooperativa há já bastante
tempo, colaborando com os restantes
elementos, tendo sido o período mais
intenso aquele em que decorreu o
lançamento e construção do Centro
Cultural Gonçalves Sapinho.
Como se processa a eleição dos
órgãos sociais?
Os órgãos sociais são eleitos
em Assembleia Geral, devidamente
convocada para esse fim, sendo que
na lista dos órgãos da Direcção tem
de constar, pelo menos, 50% dos elementos
que faziam parte da lista anterior.
Quais as funções do presidente?
O presidente da Direcção tem a função de,
em colaboração com os restantes membros,
gerir toda a actividade administrativa da
Cooperativa. Para a execução da sua
actividade, tem uma grande colaboração da
Direcção Pedagógica do Externato, que é
sempre uma presença efectiva e um elo de
ligação entre a área pedagógica e a Direcção
da Cooperativa.
Como se sente neste novo cargo?
O cargo de Presidente da Direcção, que
exerço há cerca de um ano, tem, para mim, um
grande sentido de responsabilidade. Embora
conheça bem a realidade desta instituição,
estou consciente de que, no tempo actual, não
é fácil enfrentar a diversidade de desafios com
que nos deparamos, mas tudo tenho feito e
continuarei a fazer, para levar por diante esta
tarefa.
Quais os principais problemas com que
se tem debatido?
Ao longo deste primeiro ano, não houve
grandes problemas. Além do período de
tempo ser ainda bastante curto, houve sempre
um grande apoio dos restantes membros da
Direcção e de outros órgãos sociais, assim
como da Direcção Pedagógica do E.C.B.
Como vê o futuro da Cooperativa? Que
projectos gostaria de ver desenvolvidos?
Vejo o futuro da Cooperativa com alguma
apreensão porque, cada vez mais, há
concorrência de outras escolas, e a baixa de
natalidade, que se faz sentir no nosso país,
poderá levar a uma considerável redução do
número de alunos, o que certamente não será
bom para a instituição.
Quanto à segunda parte da pergunta,
permita-me que faça minhas as palavras do
Sr. Director Pedagógico, Dr. Alfredo Lopes,
quando, no Editorial do n.º 1 deste jornal,
refere “O projecto educativo do Externato
Cooperativo da Benedita aponta para uma
escola de projectos, muitos deles voltados
para a comunidade.” Estou receptivo a este
tipo de projectos e todos apoiarei dentro das
possibilidades da instituição,
mas o meu maior desejo é que,
para além de todos os projectos
extracurriculares que se vão
desenvolvendo, permaneça
sempre aquele ou aqueles que
conduzam, cada vez mais, a
uma boa qualidade do processo
ensino/aprendizagem, de modo
a que a nossa escola continue
a ser, e se possível a melhorar,
a referência que é na região.
Para tal, continuaremos a
apostar na formação dos nossos
professores.
Como poderá a escola estar
mais ligada ao meio?
Penso poder afirmar, sem
qualquer dúvida, que a nossa
escola esteve sempre aberta ao
meio em que está inserida, embora
consciente das limitações que nos
impedem de dar uma resposta
cabal a todas as solicitações.
Neste ponto, registo com grande
satisfação o lançamento, recente,
deste jornal que tem como grande
objectivo ser um elo de ligação
escola/meio. O nosso Centro
Cultural, que muito nos orgulha, é uma obra
que, desde o início, foi pensada tendo em
conta não só a Cooperativa, como também
todo o meio envolvente, dispondo, entre outros,
de um grande espaço onde são realizadas
diversas actividades de carácter sociocultural,
e uma boa biblioteca que se encontra aberta
ao público.
Como actividades ligadas ao meio, devo
referir o Sorriso Amigo, o Teatro, o Futsal,
o Xadrez, o Judo, a Feira do Livro e outras,
de que fazem parte elementos extra-escola.
Assim, é minha intenção, e de toda a restante
Direcção, manter e continuar a apoiar todas
estas actividades.
Agradecemos a atenção dispensada e
desejamos que neste mandato consiga
concretizar todos os objectivos e todos
os projectos que envolvam a comunidade
educativa.
ARTE E CULTURA12
ANO I - Nº 2TOQUE DE SAÍDA
Os alunos de Artes Visuais do ECB assis-
tiram ao despertar da Primavera no parque
e jardins da Fundação Serralves, no Porto,
contemplando ao mesmo tempo a arquitec-
tura da Casa Rosa, no seu estilo art deco,
da autoria de Jacques Gréber, e o edifício do
Museu de Arte Contemporânea, do arquitec-
to Siza Vieira.
Casa de Serralves
No edifício da Casa da Música, assinado
pelo arquitecto Rem Koolhaas, fizemos uma
visita guiada que nos possibilitou um contac-
to com todos os espaços e uma descrição
minuciosa das escolhas e opções do arqui-
tecto e da sua equipa de trabalho. Esta visita
foi complementada com a participação dos
alunos num workshop de composição musi-
cal e, mais tarde, assistiu-se a um concerto
pela Orquestra Nacional do Porto.
Casa da Música
A Primavera continuou a acompanhar-nos
no Museu Soares dos Reis, onde pudemos
apreciar obras do Romantismo, Naturalismo
e Modernismo Português, ao mesmo tempo
que apreciávamos, através das janelas, o
espectacular Jardim das Camélias.
Já na verdejante cidade de Amarante, ins-
talado no Convento Dominicano de S. Gon-
çalo, encontrámos o Museu Amadeo de Sou-
za-Cardoso. Os trabalhos de Souza-Cardoso
mostram-nos percursos que vão do Cubismo
à Abstracção, passando pelo Futurismo. Ao
observarmos estes desenhos e pinturas, to-
mámos consciência do grande poder criador
e da modernidade da obra deste artista.
Com esta visita, os alunos de Artes estão
agora mais ricos e despertos para valoriza-
rem a cultura e a arte portuguesa.
Museu Soares dos Reis
Jardim das Camélias
Museu de Arte Contemporânea
Os dois livros que aqui se sugerem, A
Pedagogia da Avestruz, de Gabriel Mithá Ri-
beiro, editado em 2003 e O “Eduquês” em
Discurso Directo – Uma crítica da Pedagogia
Romântica e Construtivista, de Nuno Crato,
editado em 2006, ambos pela editora Gradiva,
apresentam-nos um olhar cru mas fundamen-
tado sobre a escola actual e o nosso sistema
de ensino, estruturado em pedagogias desa-
justadas e irresponsáveis que têm revelado
resultados desastrosos na formação dos nos-
sos alunos.
O testemunho do professor Gabriel Mi-
thá Ribeiro retrata a escola, que conhece por
dentro, e a sua passividade perante os pro-
blemas que se lhe vão colocando. Também a
crítica de Nuno Crato à Pedagogia Românti-
ca e Construtivista complementa, de alguma
forma, a visão apresentada por Mithá Ribeiro,
fazendo um diagnóstico bastante detalhado
das doenças que enfermam a escola actual e
sugerindo caminhos alternativos que, de fac-
to, poderiam mudar a escola portuguesa, caso
alguém tivesse coragem de os trilhar.
Pode não se concordar integralmente com
o que estes autores defendem , no entanto, a
leitura destes dois livros poderá ser um ponto
de partida para uma reflexão séria de todos
sobre a escola que temos e aquela que gosta-
ríamos de ter.
Luísa Couto, professora
OS ALUNOS DE ARTES EM VISITA A PORTO E AMARANTE
Gosta de persona-
gens estranhas? Em
apuros? Desconcer-
tantes? Este é o livro
indicado. Numa das
histórias de Contos Va-
gabundos, (Editorial Ca-
minho, 2000), de Mário
de Carvalho, escritor
português que se tem
notabilizado na ficção
contemporânea com
obras tão marcantes
como Era Bom que Trocássemos umas Ideias
sobre o Assunto e Um Deus Passeando na Bri-
sa da Tarde, o narrador senta-se a escrever no
seu computador. De súbito, e vindas do nada,
surgem-lhe três personagens transviadas que
circulam nas imediações do teclado. Quem
são elas? Como emergiram do texto ainda não
escrito? O narrador não sabe, nem sabe como
reagir. O que acontecerá? O desenlace é insó-
lito. Leia e descubra.
Marina do Rosário, 10º F
SUGESTÕES DE LEITURA
A Pedagogia da Avestruz e O “Eduquês” em Discurso Directo
Contos Vagabundos de Mário de Carvalho
Mário de Carvalho nasceu em Lisboa, em 1944. Ad-
vogado e jornalista, publicou o seu primeiro livro,
Contos da Sétima Esfera, em 1981. Mantém, desde
então, um ritmo de publicação regular, e é conside-
rado um dos mais inovadores ficcionistas e drama-
turgos portugueses da actualidade. Entre as suas
obras, podem destacar-se:
- Casos do Beco das Sardinheiras (Contos), 1982
- A Paixão do Conde de Fróis (Romance), 1986
- Água em Pena de Pato (Teatro), 1991
- Era Bom que Trocássemos Umas Ideias Sobre o
Assunto (Romance), 1995
- Se Perguntarem por Mim, Não Estou seguido de
Haja Harmonia (Teatro), 1999
- Fantasia para dois Coronéis e uma Piscina (Roman-
ce), 2003
- O Homem que Engoliu a Lua (Infanto-juvenil),
2003
BIBLIOGRAFIA - MÁRIO CARVALHO
ARTE E CULTURA 13
ANO I - Nº 2 TOQUE DE SAÍDA
Estava a conversar com a minha
amiga Patrícia, quando ela disse que o
professor Saramago a tinha convidado
para participar na representação da úl-
tima peça de teatro d’Os Gambuzinos,
peça que ele próprio tinha escrito. Eu
sempre adorei tudo o que tenha a ver
com teatro, especialmente a represen-
tação! “Colei-me” à Patrícia e fiz-lhe
bastantes perguntas. Queria saber se
precisariam de mais alguém, mas ela
não me soube responder. Pedi-lhe en-
tão que perguntasse ao professor se
me deixava tomar parte na peça. En-
contrámo-nos nesse mesmo dia com
o professor Saramago e, para minha
grande alegria, ele disse que sim, que
precisava de mais alguns actores.
Logo no primeiro ensaio, adorei o
trabalho de representação. Foi como a
descoberta de uma vocação. Os Gam-
buzinos trabalharam muito para que
esta peça fosse o sucesso que foi, e
eu trabalhei como elemento do grupo e
também a sós, esforçando-me, e apren-
di muito naqueles meses de ensaio.
No dia 11 de Março, às 15.30, che-
gavam ao auditório do Centro Cultural
todos os membros do grupo, e o meu
coração começava a bater a mil à hora.
Tudo preparado! São 17 horas e vai co-
meçar – a peça Nós te Adoramos vai
estrear! Era como se tivesse um milhão
de borboletas no estômago. Mas, as-
sim que pisei o palco, uma grande cal-
ma se instalou em mim e tudo correu
muito bem.
Apesar de não ter sido a minha pri-
meira experiência de representação
para um público numeroso, posso dizer
que foi a mais marcante. E espero que
não seja a última, porque adorei e de-
sejo continuar a fazer teatro.
Daniela Santos, 10º F
Herbie Hancock
VERSATILIDADE NO JAZZ
Nascido no ano de 1940, Her-
bert Jeffrey Hancock é, com Chick
Corea e Keith Jarrett, um dos pia-
nistas mais influentes da era pós
Bill Evans.
Começou a estudar piano aos
sete anos de idade, e aos onze já
actuava como solista diante de uma
orquestra sinfónica. Em 1961 toca
com Donald Byrd e assina com a
Blue Note, lançando o seu primeiro álbum a solo em
1962. Em 1963 foi convidado por Miles Davis para in-
tegrar o famoso quinteto do qual participaram também
Ron Carter, Tony Williams e Wayne Shorter.
Em 1964, Miles Davis surgiu com uma formação
inteiramente nova: George Coleman, sax tenor; Her-
bie Hancock, ao piano; Ron Carter no contrabaixo; e
o brilhante adolescente Tony Williams na bateria. Em
1965, a chegada do talentoso saxofonista e composi-
tor Waine Shorter dá ainda mais consistência ao gru-
po. Ao lado de Shorter, Hancock, Carter e Williams,
Miles grava discos como ESP, Miles Smiles e Sorce-
rere Nefertiti; e são feitas gravações notáveis de es-
pectáculos ao vivo no Plugged Nickel Club de Chica-
go (gravações hoje restauradas, constituindo aquilo a
que Richard Cook e Brian Morton chamaram a “Pedra
de Roseta do jazz moderno”).
Hancock continuou com Miles até 1968. Durante
este período, desenvolveu igualmente uma carreira
a solo, compondo temas que fizeram sucesso, bem
como a banda sonora do filme Blow Up, de Michelan-
gelo Antonioni. Também foi passando cada vez mais
para o piano eléctrico e para os teclados electrónicos.
Diz-se que a especial propensão de Hancock para
usar a electrónica na música se deve ao facto de ter
estudado engenharia e de gostar de engenhocas e
botões.
Depois de sair do grupo de Miles, Herbie mergu-
lhou, no início dos anos 70, mais do que nunca no
funk e na música electrónica. Discos como Head Hun-
ters, de 1973, foram sucessos estrondosos. Quem
não se lembra do excelente programa de rádio Pão
com Manteiga, que abria sempre com um tema deste
álbum? No entanto, Herbie nunca abandonou inteira-
mente o jazz acústico. Prova disso é o grupo VSOP
que, no Festival de Newport de 1976, reuniu os in-
tegrantes do quinteto de Miles, tendo Freddie Hub-
bard ocupado o lugar de trompetista. Esta formação
continuou a reunir-se esporadicamente, até à morte
de Williams, em 1997. Em 1978, Hancock fez alguns
duos com Chick Corea, que resultaram no celebrado
disco Corea Hancock.
Durante os anos 80 e 90, o versátil Hancock conti-
nuou a alternar a fusão de influência funk com o jazz
acústico moderno, a fazer bandas sonoras para filmes
(como Round Midnight, de Bertrand Tavernier), aproxi-
mou-se da pop, do R&B e da música africana. Mesmo
em contextos tão diversos, Herbie sentia-se em casa,
e continuava a criar a sua multifacetada música.
Quem pretender ter uma ideia da versatilidade
de Herbie, ouça The Essential Herbie Hancock, um
álbum duplo que recorda 40 anos de música deste
grande pianista. O CD foi lançado em 21 Fevereiro
de 2006!
José Cavadas, professor
A Grécia foi o “berço” da democra-
cia. Aqui nasceu este sistema político,
e aqui entrou em decadência. Contu-
do, muitos séculos mais tarde, “res-
suscitou”, com novos contornos, e foi
ganhando cada vez mais força. O apa-
recimento sucessivo de novos
regimes democráticos e o
consequente respei-
to pelas diferenças
de opinião levou
também a uma
“ressurreição” da
retórica, parale-
lamente utiliza-
da na resolução
de problemas do
dia a dia.
Assim, tendo
em conta que em
regimes democráticos a todos compe-
te a resolução de questões quotidia-
nas, é necessário encontrar formas de
consenso que passam pelo uso da pa-
lavra, ou seja, da argumentação, daí
o facto de a retórica ser actualmente
vista como modelo de resolução de
questões prioritárias.
No entanto, para que a argumen-
tação possa resultar enquanto forma
democrática de resolver problemas,
há que ter em conta certos aspectos:
repudiar o dogmatismo e a aceitação
de verdades únicas, visto que sobre
o mesmo assunto pode haver várias
perspectivas; promover o exercício do
diálogo e a defesa fundamentada das
nossas opiniões; valorizar a racionali-
dade intersubjectiva, reconhecendo o
valor das soluções colectivamente en-
contradas, mas sem perder de vista a
individualidade de cada um; e
instigar à participação
de todos na resolu-
ção dos proble-
mas.
D e s t a
forma, res-
peitando os
aspectos an-
t e r i o r m e n t e
referidos, as
pessoas po-
dem procu-
rar soluções
através da discussão, assumindo-se
como seres empenhados, tolerantes,
responsáveis e críticos.
Na minha opinião, este é o me-
lhor sistema político entre os que exis-
tem actualmente, o que também se
comprova pelo facto de cada vez mais
nações o terem vindo a adoptar.
Mauro Luís, 11º A
O mehor sistema político
RETÓRICA E DEMOCRACIA NA ACTUALIDADE
TEATRO – UMA EXPERIÊNCIA ÚNICA
OLHAR CIRCUNDANTE14
ANO I - Nº 2TOQUE DE SAÍDA
Hoje, mais do que nunca, os
imigrantes sofrem muitos precon-
ceitos, são tratados com despre-
zo e xenofobia, são acusados de
ocupar os lugares no mercado de
trabalho que deveriam pertencer
aos cidadãos do país de acolhi-
mento. Mas, mesmo que os imi-
grantes ocupem algumas vagas
no mercado de trabalho, estão
no seu direito de tentar mudar
de vida, de recomeçar uma nova
vida em outro país.
Não só deveriam ser tratados
com respeito igual ao que mere-
cem os outros cidadãos, como
deveria ser-lhes reconhecida a
coragem e a dignidade por não
temerem o recomeço, por en-
frentarem a solidão, a saudade,
o desprezo e o preconceito. Por
não recearem conhecer novas
culturas e integrar-se nelas.
Mas a emigração não é só
uma forma de procurar vida me-
lhor, uma maneira de fugir da mi-
séria ou da violência que se sofre
no seu país. Emigrar é também
uma maneira de crescermos psi-
cologicamente, de procurarmos
o desenvolvimento pessoal e de
ganhamos uma grande experiên-
cia de vida.
Posso dar um exemplo na pri-
meira pessoa: Quando tive de
sair do meu país, o Brasil, e vim
para Portugal, era uma menini-
nha mimada e rodeada de ami-
gos “protectores”, sem nenhuma
experiência de vida. Essa experi-
ência adquiri-a quando aprendi o
que era a solidão e a dor de não
ter um familiar ou uma amiga por
perto com quem contar; o que era
andar numa rua e olhar para to-
dos os lados e não ter ninguém a
quem dizer um simples “olá”; ter
de encarar “olhares tortos”, dis-
criminação e pessoas xenófobas;
ouvir “bocas estúpidas” por cau-
sa de atitudes de outras pessoas
provenientes do meu país, mas
com as quais eu não tinha qual-
quer ligação. E levantar a cabe-
ça, enfrentar tudo isto, criar co-
ragem, ter força de vontade para
refazer a minha vida. Não teria
melhor oportunidade do que esta
para aprender a viver.
Sei que muitas pessoas pen-
sam que cada um deve ficar no
país onde nasceu, porque é lá o
seu lugar, está acostumado com
o clima, as pessoas, a manei-
ra de viver. Mas se um cidadão
nunca sair do seu país, não terá
a grande oportunidade de conhe-
cer novas culturas, pessoas com
outro modo de olhar a vida, e,
assim sendo, não alargará o seu
leque cultural, não viverá novas
experiências nem terá a chance
de experimentar outro ritmo para
sua vida.
A emigração é muito mais que
uma maneira de fugir da miséria
ou da violência e tem que deixar
de ser vista com desprezo e xe-
nofobia, para ser encarada com
admiração e respeito.
Já é hora de tratarmos os imi-
grantes de igual para igual!
Caroline Medeiros, 11º I
Corrupção – s.f. acto ou efei-
to de corromper; estado do que
se vai corrompendo; putrefac-
ção; perversão; desmoralização;
adulteração; suborno, dedução
(do latim corruptiône-,“id”). Mais
semelhanças entre a definição e
o estado do nosso país não po-
deremos encontrar: Portugal está
deveras corrupto.
Sabemos nós que os gastos
do Estado são pagos pelos con-
tribuintes e que tais gastos têm
de ter impacto na qualidade de
vida de todos. Mas não é isto que
acontece. Portugal é o país da
União Europeia onde há mais de-
sigualdade entre ricos e pobres.
“Os ricos estão cada vez mais
ricos, enquanto os pobres estão
cada vez mais pobres”, afirmou
para a “Visão” João José Fernan-
des.
É de não esquecer que, em
Portugal, um em cada cinco por-
tugueses vive no limiar da pobre-
za, sendo esta não meramente
falta de dinheiro, mas também
falta de acesso aos bens e ser-
viços que conferem dignidade à
vida de cada cidadão, e que as
cem maiores riquezas portugue-
sas representam 17% do Produto
Interno Bruto, tendo os mais ricos,
também, o controlo de 45,9% do
rendimento nacional.
Assistindo alegremente a este
desfilar de acontecimentos, a
sociedade portuguesa parece
adormecida, mostrando-se in-
consciente de tais factos, sendo
apropriado o ditado: “Quem rou-
ba pão é ladrão, quem rouba um
milhão é bom cidadão”.
Estão ainda presentes na me-
mória casos como o da filha do
ex-Ministro dos Negócios Estran-
geiros, Dr. Martins da Cruz, que
foi favorecida no acesso à Facul-
dade de Medicina, em 2003; mais
recente ainda, é a exploração de
imigrantes ilegais; a tão conhe-
cida “fuga ao fisco” de Isaltino
Morais, presidente da câmara de
Oeiras, entre outros.
A sociedade portuguesa en-
contra-se na situação de um do-
ente conduzido à sala de opera-
ções para uma operação urgente,
quando é informado de que a
equipa operatória é composta
por médicos famosos pela sua
incompetência. Assim, Portugal
está num fosso e é preciso tirá-lo
de lá. Para muitos, a solução é
tapar o fosso.
Carina, 11ºC
Ana Sofia, 11ºC
Vera Lúcia, 11ºC
Um pesadelo para uns, um so-
nho para outros, o “Big Fuck” é
uma enorme estrutura habitacio-
nal inacabada situada a poucos
metros do Externato Cooperativo
da Benedita.
O “Big Fuck”, assim apelida-
do por um jovem de Turquel há
cerca de dez anos, altura em que
pioneiramente começou a ser
utilizado como espaço de lazer
pelos alunos do Externato, foi
também frequentado por toxico-
dependentes. Porém, o edifício
tem hoje uma vida diurna bastan-
te saudável, sendo utilizado pe-
los jovens “skater’s” da Benedi-
ta, que declaram ser o único sítio
onde podem praticar a modalida-
de. Infelizmente, a escassez de
espaços desportivos públicos é
generalizada a nível nacional.
Situado na garagem do edifí-
cio, o espaço conta já com várias
rampas e todo o tipo de acessó-
rios feitos pelos próprios jovens
que, com amor à modalidade,
mantêm o espaço limpo e con-
servado.
O edifício tem tanto de gran-
deza como de contraste. Acima
da limpa cave erguem-se oito
andares onde reina a imundície.
Lixo, águas paradas, animais
mortos, paredes pintadas, portas
caídas, janelas partidas, enfim,
todo o tipo de objectos ou situa-
ções típicas de abandono e van-
dalismo.
Cenário típico dos grandes
centros urbanos, o edifício de
nome um tanto ou quanto obsce-
no, continua a contrastar com a
paisagem beneditense, e conti-
nua e continuará a ser visto pela
maioria das pessoas como um
sítio obscuro e malfadado.
Salvador Palma, 11º E
É HORA DE TRATARMOS OS IMIGRANTES DE IGUAL PARA IGUAL
CORRUPÇÃO – A SOLUÇÃO É TAPAR O FOSSO? SONHO OU PESADELO?
OLHAR CIRCUNDANTE 15
ANO I - Nº 2 TOQUE DE SAÍDA
Considero a vida um bem supremo, mas
quando esta é vivida com muita dor e sofrimen-
to, já não é um bem, é um fardo! Um pesadelo!
Por isso defendo que toda a gente deveria ter
o direito de pôr termo a esse sofrimento, se
necessário recorrendo à eutanásia.
Segundo os princípios éticos, o direito à
vida não é um direito absoluto. Pode ser con-
trariado por um outro, o direito à dignidade
humana. Chamam-se os princípios da bene-
ficência e da não maleficência, ou seja, rea-
lizar uma acção para fazer o bem, ou ainda,
não fazer o mal. Muita gente anda enganada
(e a enganar-se) quando diz que não temos o
direito de pôr termo à vida, que isso é crime.
Maior crime é a distanásia, o prolongar uma
vida de sofrimento e dor, só para que aquela
pessoa não morra, para que não se separe de
nós, para que não fiquemos sem ela...Isso é
egoísmo! É o nosso egoísmo.
Para além disso, ninguém deveria ter
o direito de impedir um doente grave de se
suicidar. Visto que uma pessoa com plenas
condições físicas e mentais tem a capacida-
de e o “direito” de se suicidar. Porque é que
um doente não há-de ter esse direito? Ape-
nas porque está acamado e não se consegue
movimentar? A isto chama-se discriminação.
Se, por vezes, as pessoas se atiram de pre-
cipícios por motivos muito mais insignifican-
tes, as que sofrem de doenças incuráveis que
as impedem de levar uma vida minimamente
“normal” e sem sofrimento, também deveriam
ter esse direito. Se a única forma de o faze-
rem é recorrer à eutanásia, então porque não?
Compreendo que tirar a vida a alguém não é
propriamente um acto que se faça de ânimo
leve, mas não será muito mais cruel ver uma
pessoa sofrer e sabermos que não existe nada
que possa atenuar aquele sofrimento? Basta
pensarmos no sofrimento diário de pessoas
deitadas numa cama durante anos e anos,
sem poderem controlar o corpo, sem pode-
rem sequer controlar as funções mais básicas
como a respiração. Há até mesmo casos em
que, por se ficar na mesma posição durante
tempo indeterminado, é necessário recorrer à
amputação de membros do corpo. Isto sim, é
trágico! Isto sim, é uma tortura que provoca
um sofrimento extremo!
É claro que não se aplicaria a eutanásia em
todas as circunstâncias. Na Holanda, o primei-
ro país, a permiti-la, foi criada uma lei para se
definirem as situações em que se poderia pra-
ticar a “morte assistida”. O paciente deve so-
frer de doença incurável ou estar sujeito a uma
dor ou situação insuportável, que não possam
ser revertidas; deve estar consciente de todas
as opções médicas existentes, e ouvir sempre
uma segunda opinião médica. Segundo a lei
holandesa, o pedido para morrer deve ser fei-
to de forma voluntária, persistente e indepen-
dente. Existe também a hipótese do paciente
deixar o pedido por escrito a um médico, antes
de entrar em coma. Se em Portugal a eutaná-
sia fosse legalizada e fossem estabelecidas
leis semelhantes a esta, a dignidade humana
seria preservada e a eutanásia aplicar-se-ia
apenas em casos muito específicos.
Em suma, não querendo, de forma alguma,
apoiar a prática do suicídio, defendo que a eu-
tanásia deve ser legalizada, para que “a morte
assistida” possa ser praticada de uma forma
correcta e com o mínimo de sofrimento para o
doente, para quem representa a “luz ao fim do
túnel”, pois é a única solução para o libertar
do sofrimento.
Daniela Luís Rebelo, 11ºA
A violência doméstica, fí-
sica ou psicológica, é, em
qualquer situação, um com-
portamento condenável e sem
justificação possível. Atitudes
violentas e intolerantes devem
ser reprovadas socialmente
e desencorajadas, cabendo
a todos nós denunciá-las e
apoiar as vítimas. Vivemos
num mundo onde a violência
é muitas vezes legitimada,
o que acaba por justificá-la.
Mas não se pode justificar o
que não tem justificação!
A violência doméstica é
exercida contra mulheres,
crianças e homens, embora
os grupos que mais a sofrem
sejam os dois primeiros, até
porque a sociedade continua
a ser dominada por uma men-
talidade machista, segundo a
qual os homens detêm o po-
der, quer em casa quer no tra-
balho. E também porque são
fisicamente mais fortes, a vio-
lência é mais frequentemen-
te exercida pelos homens.
Quando são vítimas de práti-
cas violentas, os homens so-
frem-na sobretudo em termos
psicológicos. Ora a violência
psicológica, embora não dei-
xe marcas visíveis, é tão cruel
como a física.
Porque se recorre à violên-
cia para resolver problemas,
quando poderiam ser resolvi-
dos através do diálogo? Por
“incapacidade” de ser tole-
rante e dialogante? Porque é
mais “fácil” usar a violência do
que ser racional? A violência
doméstica, como qualquer ou-
tro tipo de violência, é sempre
uma resposta incorrecta para
a resolução de problemas. É
o abuso de poder dos mais
fortes sobre os mais fracos,
sobre os dependentes (eco-
nómica e emocionalmente),
os que não podem ou não sa-
bem defender-se. Depois da
agressão vem a dor, o medo
e a vergonha, o que impede
muitas vítimas de denunciar
os agressores. É como um
círculo vicioso, quanto maior a
agressão, maior é a vergonha
de a denunciar, e quanto mais
elevado é o nível social, mais
essa vergonha aumenta.
Este problema afecta fa-
mílias de todos os estratos
sociais, não incidindo apenas
em grupos económica e cul-
turalmente desfavorecidos,
como erradamente por vezes
se pensa. As famílias onde
este problema se regista ficam
desfeitas, e as vítimas sofrem
longamente os efeitos, princi-
palmente a nível psicológico.
As crianças – vítimas direc-
tas ou indirectas – tendem a
crescer com desequilíbrios
emocionais, tornando-se, por
vezes, elas próprias, também
violentas.
Embora em Portugal estas
práticas sejam puníveis por
lei, nem sempre as vítimas
sentem que foi feita justiça,
nem sempre as vítimas se
sentem apoiadas. É importan-
te, por isso, que todos nos em-
penhemos para resolver este
problema. Enquanto existirem
vítimas de violência domésti-
ca ao nosso lado, é como se
também nós fôssemos víti-
mas. Temos de ser mais soli-
dários com os outros, até que
estes comportamentos não
sejam mais que a lembrança
triste de uma sociedade retró-
grada e doente.
Rita Castelhano, 12ºH
Violência Doméstica
NÃO SE PODE JUSTIFICAR O QUE NÃO TEM JUSTIFICAÇÃO
A EUTANÁSIA E SUA LEGALIZAÇÃO
LIBERDADE DE IMPRENSA
Os primeiros meses deste ano foram
marcados pela violência e por protestos em
consequência da publicação dos cartoons
de Maomé num jornal da Dinamarca.
Estes cartoons geraram polémica, con-
trovérsia e indignação, pois puseram em
causa a liberdade de imprensa e de expres-
são a que todos nós temos direito. Desen-
cadearam-se centenas de manifestações,
e algumas resultaram em vários feridos
e mesmo em algumas mortes. Em certos
países, cujos jornais publicaram as carica-
turas, os responsáveis foram despedidos
e os dirigentes apresentaram pedidos de
desculpas aos islâmicos, mas nada parecia
acalmar a situação.
A liberdade de expressão é um dos mais
importantes direitos do indivíduo e, embora
certas publicações possam ser ofensivas
para alguns, as pessoas devem recorrer
aos meios legais de que dispõem para pro-
testar. Toda a gente tem o direito de ficar
indignada e de manifestar a sua indigna-
ção, desde que não recorra à violência.
Deveriam os cartoons ter sido publica-
dos? Na minha opinião: Sim. Poderiam as
pessoas mostrar-se indignadas? Sim. É
preciso andar aos tiros por causa disso?
Não!
João Costa, 9ºE
ESCOLA VIVA16
ANO I - Nº 2TOQUE DE SAÍDA
Durante 8 meses, professores e alunos
trabalharam fora do horário de aulas para
preparar este espectáculo. “É o único espec-
táculo que consegue envolver um elevado
número de alunos a participar, bem como
toda a comunidade escolar e da Benedita”,
explica Rita Pedrosa, professora de educa-
ção física, e acrescenta “é uma forma de
mostrar todo o trabalho que é realizado pelo
grupo de Educação Física ao longo do ano
lectivo, os alunos aderem com facilidade às
actividades propostas no início do ano. Des-
de o Desporto Escolar, ao Clube Estapafúr-
dio e às actividades do grupo”.
Para que os alunos possam preparar, du-
rante quase todo o ano lectivo, esta noite,
as famílias também têm de estar disponíveis.
São quase 130 alunos que participam. “As
famílias colaboraram durante o período dos
treinos, estes eram realizados fora do horá-
rio lectivo”, observa Rita Pedrosa. Mas esta
colaboração das famílias é quase inevitável
porque para os alunos “é um orgulho partici-
par. A festa é dos alunos. Há alunos que fa-
zem questão de participar em todas edições
desde que entraram no ECB, é um orgulho
para eles, é a festa deles”, conclui Ângela
Gens, também professora do grupo de Edu-
cação Física do ECB, que organiza a Noite
Estapafúrdia.
Pais e filhos da Benedita colaboram nes-
te sarau desportivo que tem uma dimensão
de espectáculo de luz e som muito grande.
É aqui que o Externato dá uma colaboração
que está para além dos seus professores,
alunos e famílias. “A escola colaborou na
área financeira. Foi preciso contratar empre-
sas de som e luz e comprar materiais. Tam-
bém disponibilizou alguns funcionários para
a montagem do material necessário para a
realização do espectáculo”, informa o grupo
de Educação Física.
Os super-prémios
Os funcionários foram um dos grupos de
profissionais do ECB que recebeu, pela pri-
meira vez, na V edição desta Noite, o Prémio
Estapafúrdio. Esta ideia de entregar um pré-
mio ao Super-Funcionário, ao Super-Profes-
sor e ao Aluno Super-Popular “foi diferente,
mexeu com a escola...”, diz Rita Pedrosa que
explica como surgiu: “Houve a necessidade
de criar um momento diferente…. Qualquer
coisa que inovasse… e depois chegamos à
ideia de criar os prémios. Discutimos as ca-
tegorias, até que chegamos a um consenso:
o super aluno, professor e funcionário. Hou-
ve ainda o prémio de mérito desportivo, me-
lhores atletas e prémio carreira”.
Para votar os prémios de Aluno Super-Po-
pular, Super-Professor e Super-Funcionário
todos os alunos do ensino diurno participa-
ram. A votação foi feita nas aulas de edu-
cação física. E os grandes vencedores da
Noite Estapafúrdia foram: Margarida Vina-
gre, Aluna Super-Popular, José Saramago,
Super-Professor e Rui Ferreira, Super-Fun-
cionário.
Já a escolha dos melhores atletas foi feita
com base nos resultados de condição física.
O André Lourenço e a Joana Policarpo foram
os dois distinguidos, pelo grupo de Educação
Física que assumiu toda a responsabilidade
na atribuição do Prémio Carreira e do Prémio
de Mérito Desportivo. “O de mérito desporti-
vo foi para o João Silva, ex-aluno do ECB…
porque foi descoberto pelos professores de
Educação Física… Depois da professora de
Educação Física Estela Santana ter verifica-
do que nas aulas, no teste de resistência,
ele tinha resultados muito bons… O profes-
sor Joel Machado soube que ia ser feita uma
detecção de talentos e levou-o. O resultado
é que ele hoje está entre os melhores da sua
categoria a nível nacional, no triatlo, e está
no centro de alto rendimento do Jamor, em
Lisboa”.
Mas não basta ser um excelente atleta. As
suas qualidades humanas também tiveram
bastante peso na decisão para a atribuição
do prémio. “O facto de ser um atleta com-
pleto a todos os níveis e um aluno exemplar,
levou-nos a pensar que o João era quem de-
veria ser homenageado”, conclui Rita Pedro-
sa.
Já o Prémio Carreira “foi atribuído aos
antigos professores de Educação Física por
toda a disponibilidade que eles tiveram, por
toda a colaboração enquanto trabalharam no
ECB... Como a maioria saiu no ano lectivo
passado, achamos que esta era altura opor-
tuna para os homenagear”.
Todos os premiados receberam uma es-
tatueta elaborada pela turma de Artes do 11º
ano sob orientação da professora Dalila Sou-
sa e um DVD dos quarenta anos do Externa-
to Cooperativo da Benedita, lançado nesta
noite.
Um espectáculo com ritmo
Os prémios salpicaram a noite com mo-
mentos altos, em que, todo o público se en-
volveu. 1500 pessoas esgotaram as banca-
das do pavilhão do ECB. Durante uma hora e
meia, o espectáculo foi crescendo até atingir
o ponto alto da noite: dez minutos de Hip-
Hop que fecharam com muito ritmo a V Noite
Estapafúrdia.
Quando o sino da Igreja tocou, os alu-
nos de Desporto Escolar de Multiactividades
Aventura tinham já as cordas esticadas para
saltar e descer em rapel das bancadas para
o recinto do pavilhão. Deram uma dimensão
de espectáculo a actividades desportivas
que normalmente são praticadas no exterior.
Para além do rapel fizeram slide e escalada,
mas desta vez indoor.
O apresentador da noite, Fábio da Silva,
trouxe, depois, para o palco da Noite Es-
tapafúrdia a Ginástica Artística no Solo, a
Ginástica Acrobática e a Ginástica Rítmica
com Cordas. Apesar de estar lesionada na
noite do espectáculo, a Solange seguiu em
frente e desenvolveu o esquema individual
de Ginástica Artística no solo que andou a
preparar desde o início do ano lectivo. No
início do ano lectivo a Ginástica Rítmica só
tinha 3 candidatas, mas depois o grupo foi
crescendo e na Noite Estapafúrdia encheu o
palco com exercícios e esquemas com cor-
das. Já na Ginástica Acrobática juntaram-se
duas turmas do 10ºano que tinham a Ginás-
tica Acobrática no seu programa curricular.
Para a Noite Estapafúrdia estudaram melhor
esta matéria da disciplina de Educação Físi-
ca. Os alunos dominaram as coreografias ao
ritmo das músicas escolhidas.
“Quisemos ter tudo devidamente prepara-
do dois dias antes, de forma a que pudés-
semos realizar dois ensaios gerais antes do
espectáculo, para que tivéssemos a garantia
de que nada ia falhar”, refere Rita Pedrosa.
Para que nada falhasse, as preocupações
foram muitas: “foram todas as que poderiam
existir, desde as coreografias, à parte multi-
média, às músicas seleccionadas ao som, ao
estudo das luzes, das falas do apresentador,
do programa do espectáculo, ao papel higié-
nico nas casas de banho…”, diz com alguma
graça, mas ao mesmo tempo com o saber de
quem passou pela experiência da organiza-
ção deste espectáculo.
Dos grupos do Desporto Escolar do ECB,
foram ainda iluminados pelas luzes da ribalta
A NOITE EM QUE AS ESTRELAS BRILHAMEram 9 e meia da noite. O sino da Igreja tocou. Deu-se início ao espectáculo. Foi a V edição de uma noite esperada
por todos. No dia 1 de Abril, o Externato Cooperativo da Benedita (ECB) lançou mais uma Noite Estapafúrdia.
ESCOLA VIVA 17
ANO I - Nº 2 TOQUE DE SAÍDA
da Noite Estapafúrdia, os alunos que praticam
actividades tão diferentes como o Xadrez, o
Voleibol ou o Râguebi. O Judo do Clube ECB
mostrou que este desporto não tem idade. Os
praticantes vão desde os meninos que ainda
não andam na escola, passando pelos estu-
dantes do ECB e pelos adultos.
Quase no final da noite, no Trampolim o Ru-
ben fez justiça à sua participação em todas as
edições da Noite Estapafúrdia. Executou uma
sequência de saltos, com mortais pelo meio,
que parecem muito fáceis para quem vê, mas
que exigem a disciplina dos treinos e a dedica-
ção de quem gosta deste desporto. O Trampo-
lim deu o salto para o final da noite que fechou
com Hip-Hop. “O Hip-Hop entrou este ano para
o externato como actividade do Clube Esta-
pafúrdio, houve grande adesão dos alunos, e
as professoras responsáveis puderam contar
com a preciosa colaboração do Fábio da Silva,
do 12º ano, para a realização da coreografia e
para os treinos”, observa Rita Pedrosa.
O Fábio da Silva que também apresentou o
espectáculo, tem 18 anos, e, nos seus 18 anos
trabalhou com os colegas do ECB: “Por vezes,
tornava-se um bocadinho difícil. Havia sempre
alguma brincadeira. Por vezes, ia para lá para
trabalhar um bocadinho mais a sério e eles
iam para lá brincar. Depois fazia ver qual era
o objectivo e eles compreendiam”, confessa o
aluno do ECB que desde os 10 anos se lembra
de por ”o pessoal todo a dançar”.
No ECB, “o grupo já existia, eu apareci lá,
tinha a ideia do que queria e dividi o grupo:
rapazes para um lado, raparigas do 11º ano
para o outro, raparigas do 10º e 9º ano para
outro. Apresentei as músicas e ensaiámos. As
coreografias foram inspiradas nos videoclips.
Depois fiz toda a junção”, explica Fábio da Sil-
va. Apresentar esta coreografia na Noite Esta-
pafúrdia foi um sonho que concretizou.
Para os professores do grupo de Educação
Física “é muito gratificante ver que a popula-
ção continua a aderir e a gostar e que a Noite
Estapafúrdia mobiliza bastante os alunos. Para
quem organiza e participa já é um orgulho…”.
Patrícia Pedrosa, jornalista da RTP
(continuação)
A NOITE EM QUE AS ESTRELAS BRILHAM
te em Portugal de forma diferente do que
se for realizado no Japão. O que o cidadão
não compreende é a relação entre as actu-
ações da distante alta finança e os factos
que afectam o seu dia-a-dia. Ousaria dizer
que a maior parte das vezes nem compreen-
de que age contra si próprio, em benefício
de quem estudou o suficiente para saber de
antemão como vamos reagir em determina-
da situação. Nós não sabemos o que vamos
fazer amanhã, mas os especialistas sabem
e sabem como levar-nos a fazer o que eles
querem – estudaram Economia? Não só.
Também estudaram Psicologia, Sociologia e
muita, muita Matemática.
De facto, o que as pessoas sentem são
os reflexos das movimentações mundiais do
capital – distantes, abstractas, inatingíveis.
Parece ficção científica quando se perce-
be que um operário em Portugal perdeu o
seu emprego porque alguém, sem precisar
de saber que Portugal existe, sentado ao
sol, no seu iate, carregou num botão do seu
portátil e transferiu milhões de dólares de
Frankfurt para Hong-Kong, por exemplo. É o
sentimento que os anglo-saxónicos expres-
sam através da máxima “It´s the Economy,
stupid!...” e que usam, aliás, também nou-
tros campos para explicar o que é aparente-
mente inexplicável.
Vejamos, então, resumidamente, o que
faz a Economia.
A Economia é uma ciência social. Não é,
nem poderá ser uma ciência exacta porque
estuda os comportamentos das pessoas, e
elas são livres. Diria melhor, a Economia
não deverá ser nunca uma ciência exacta
porque tal significaria que as pessoas já não
seriam livres. Entre a certeza e a liberda-
de prefiro a liberdade – são gostos! Outra
discussão, aliás muito interessante, é a dos
limites da liberdade e da racionalidade, tam-
bém esta muito querida dos economistas, fi-
lósofos e políticos.
A Economia, como todas as ciências, par-
te da realidade com a finalidade de a com-
preender e, compreendendo, prever o que
se vai passar, construir cenários e, a partir
deles, intervir com o objectivo de melhorar
as perspectivas, evitando ou provocando
certas acções (este último é o objectivo das
políticas económicas e é neste aspecto que
as escolhas dos partidos políticos se tornam
decisivas e muitas vezes antagónicas).
Claro que esse conhecimento científico
tem aplicações e consequências práticas;
só que elas são tendenciais e não obrigató-
rias; os resultados reais dependem sempre
da maneira como nós os percepcionamos,
e, dessa percepção, depende a nossa reac-
ção. É o caso típico da inflação – se pensa-
mos que a inflação vai aumentar, actuamos
para nos defendermos das suas conse-
quências (aumentamos o preço dos nossos
produtos, compramos já, antes que o preço
suba, exigimos aumentos de ordenado, por
exemplo) e, num paradoxo só aparente, es-
tamos a contribuir para que ela suba ainda
mais. Claro que este é apenas um exemplo
da importância da informação, do conheci-
mento, da interdependência social e, até, da
propaganda.
O mesmo fenómeno se passa com qual-
quer tipo de conhecimento ou de ciência. A
percepção do cidadão comum sobre as do-
enças, os terramotos ou a poluição é sempre
um misto de “refluxo científico” (divulgação,
informação, integração) e de senso comum
(o tal conhecimento tradicional transmitido
pelas gerações anteriores e enraizado nos
nossos modelos mentais).
Então qual é o problema especial da Eco-
nomia? O problema é que ela está nos nos-
sos bolsos, nas férias que podemos fazer,
no nosso estilo de vida, na universidade que
podemos frequentar. A Economia infiltra-se
em todos os interstícios da nossa vida, e,
se olharmos com atenção, talvez possamos
concluir que afinal somos nós que alimenta-
mos o papão.
Maria da Conceição Raimundo, professora
Como forma de dinamizar as Ciências
e de sensibilizar os professores para a
necessidade de incentivar a actividade
experimental, este grupo disciplinar
promoveu no dia 8 de Março uma palestra
destinada a docentes e subordinada ao
tema: O Quê, o Como e o Porquê da Ciência
– perspectiva POER – Prevê, Observa,
Explica e Reflecte, apresentada pela mestre
Isabel Pedroso, da Escola Secundária de
Rio Tinto.
No dia 10 de Março de 2006 teve lugar no
Externato Cooperativo da Benedita o dia da
Físico-Química.
O evento consistiu num Laboratório
Aberto, pelo que as actividades
desenvolvidas se encontravam abertas não
só a todos os alunos da escola, mas também
aos alunos do 1º ciclo do Agrupamento de
Escolas da Benedita.
Entre as experiências realizadas,
contaram-se a habitual simulação do vulcão,
a identificação de impressões digitais e a
destilação de uma bebida alcoólica.
Os laboratórios estiveram abertos das
09:00 às 17:35, e permaneceram quase
sempre cheios de alunos curiosos e ávidos
de experiências.
Decorreram no dia 22 de Abril, no Monte
da Caparica, as Olimpíadas Química
Júnior, nas quais participaram doze alunos
do ECB, do 8º e 9º Anos.
No dia 13 de Maio, decorreu a fase
regional das Olimpíadas de Física, em
Coimbra, com a participação de três alunos
do 9º Ano e um do 11º Ano.
NOTÍCIAS DA FÍSICO-QUÍMICA
(continuação pág. 1)
IT´S THE ECONOMY, STUPID!...
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E AMBIENTE18
ANO I - Nº 2TOQUE DE SAÍDA
Esta pergunta, por vezes, leva os profes-
sores de Matemática ao desespero porque
não há nada que não contenha Matemática,
mas na maioria das vezes a sua utilização
não é visível, e só uma leitura mais profunda
das situações torna evidente a natureza im-
prescindível da Matemática. Como afirmou
Galileu: “O Livro da Natureza está escrito
em caracteres Matemáticos”.
Com este artigo, pretendemos mostrar
uma das utilizações pouco conhecidas de
um dos ramos mais emergentes da Matemá-
tica: Estatística e Probabilidades. Em 1984,
a revista Science levou a cabo um inquérito
entre destacados cientistas americanos, pro-
curando saber quais eram, na sua opinião, as
grandes descobertas e invenções científicas
do século XX. A Estatística e Probabilidades
figura nas cinco primeiras posições.
Quantas vezes nós olhamos para o jor-
nal e lemos, por exemplo, que em Portugal
há 6 milhões de adeptos do Benfica. É fácil
chegar a este resultado através da inferên-
cia estatística, ou seja, pega-se numa amos-
tra representativa da sociedade portuguesa,
pergunta-se qual a preferência clubística e
a seguir aplicam-se os resultados à popu-
lação total do país. Nada de novo, dirá o
leitor. Mas agora imagine que pretendemos
saber a percentagem de homens que sofrem
de disfunção eréctil, ou o número de abor-
tos realizados em Portugal, ou o número de
gays existentes na sociedade portuguesa.
Qualquer uma destas questões “delicadas”
tem de ter uma abordagem diferente. Imagi-
ne o leitor que vai na rua e lhe surge alguém
identificado como sendo do Instituto Nacio-
nal de Estatística e lhe pergunta “O senhor
é gay?”. Ora, mesmo que eventualmente o
fosse, o leitor responderia “Eu? Claro que
não.” É necessário então, por um lado ga-
rantir a confidencialidade dos resultados,
(mas quem confia?) e garantir que, mesmo
falhando a confidencialidade, é impossível
saber a resposta do inquirido. Em alguns
países, entre os quais Portugal, é usado um
método altamente engenhoso que garante
ao inquirido que, mesmo respondendo fora
do anonimato, ninguém conseguirá saber
qual a sua resposta. É esse método que pas-
samos a explicar.
Suponhamos que queríamos saber quan-
tos alunos do Externato Cooperativo da Be-
nedita já experimentaram droga. É entregue
a cada aluno um questionário e um baralho
de cartas usual. No inquérito consta:
Retire uma carta ao acaso do baralho, ve-
rifique a sua cor e volte a colocá-la no bara-
lho. Retire uma segunda carta do baralho e
verifique a sua cor.
Se na primeira extracção sair carta preta,
responda à questão A, se sair carta verme-
lha, responda à questão B.
A. Já alguma vez experimentou droga?
B. Na segunda extracção saiu carta ver-
melha?
Sim # Não '
Imagine que pegamos num questionário
cuja resposta é sim. É impossível sabermos
se o aluno está a responder à questão A ou
à questão B, portanto, depois de lhe ser ex-
plicado o método, o aluno tem a garantia de
que ninguém saberá a sua resposta. Mas
como saberemos então quantos alunos do
ECB já experimentaram droga? Aqui é que
entra a Matemática com as Probabilidades.
Vamos exemplificar, uma vez que são cál-
culos ao alcance de qualquer aluno do 12º
ano.
Suponha que os 1427 alunos do ECB res-
pondiam ao inquérito e eram contados 425
inquéritos assinalados com Sim. Ora eviden-
temente, a probabilidade de obter Sim será
então:
Mas se observarmos a árvore de probabi-
lidades seguinte
em que p é a probabilidade de um aluno
do ECB escolhido ao acaso já ter experimen-
tado droga, a probabilidade p pretendida é
ou seja, 13,2%dos alunos do ECB já te-
riam experimentado droga.
Uma vez que estes dados foram totalmen-
te inventados, não sabemos efectivamente
quantos alunos do ECB já experimentaram
droga, mas sabemos com toda a certeza que
o melhor é não o fazerem.
Acácio Castelhano, professor
P(Sim) = 425 = 0,316
1427
P(Sim) = 1 p + 1 x + 1 = 1 p + 0,25 2 2 2 2
0,316 ~ P(Sim) = 1 p + 0,25 ↔ p ~ 0,132
~ 2
~
Ó STÔR, MAS AFINALA MATEMÁTICA SERVE PARA QUÊ?
EXAMES 2006Estão quase a iniciar-se os exames.
A partir de agora, os alunos devem es-
tar mais atentos do que nunca aos avi-
sos que surgirem afixados nos locais
habitualmente utilizados para esse
fim.
Chama-se a atenção para o facto
de os prazos anunciados não poderem
ser alterados e de o seu incumprimento
poder resultar em consequências gra-
vosas para o sucesso escolar. Estão
à disposição dos alunos pastas para
consulta da Legislação em vigor sobre
exames, e as matrizes dos Exames de
Equivalência à Frequência estão afixa-
das, de acordo com a lei, a partir do
dia 15 de Maio. O Calendário de Exa-
mes está também afixado.
Este ano, teremos exames do 9º
ano de escolaridade, obrigatórios em
Língua Portuguesa e Matemática, com
um peso de 30% na Avaliação; Exames
Nacionais do 12º ano; Exames Nacio-
nais do 11º Ano dos cursos novos, e
Exames de Equivalência à Frequência
para os alunos que reprovem na fre-
quência das disciplinas e queiram uma
oportunidade para ainda transitar de
ano, ou pretendam melhorar as classi-
ficações obtidas na frequência.
Note-se que a inscrição e realiza-
ção de qualquer destas provas é es-
tritamente regulada por lei e os alunos
devem informar-se das condições rela-
tivas ao seu curso e situação escolar
específica. A título de exemplo, lem-
bra-se que, na Língua Estrangeira dos
cursos novos, a oral é sempre obriga-
tória, enquanto nos cursos antigos a
oral só era obrigatória se o aluno obti-
vesse uma classificação de, pelo me-
nos, sete valores na prova escrita.
Este ano, pela primeira vez, os alu-
nos do 11º ano dos cursos gerais vão
também realizar Exames Nacionais:
será o exame da disciplina específica
terminal no 11º ano dos Cursos Cientí-
fico-Humanísticos. Este exame é obri-
gatório e vale 30% da classificação.
Os alunos dos Cursos Tecnológicos só
fazem Exames Nacionais se quiserem
candidatar-se ao Ensino Superior. To-
dos os alunos que frequentam os cur-
sos novos devem informar-se sobre as
alterações nas disciplinas de ingresso,
em vigor a partir do ano próximo ano
lectivo.
Lembra-se que a informação correc-
ta é imprescindível para que a época
dos exames decorra sem percalços.
A escola deseja a todos os alunos o
maior sucesso nesta fase decisiva do
ano lectivo.
O secretariado de exames
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E AMBIENTE 19
ANO I - Nº 2 TOQUE DE SAÍDA
DESENHO TÉCNICO
«Não percebeste, queres que te faça um de-
senho?» Esta frase banal e que é frequentemen-
te usada quando alguém não percebe algo que lhe
queremos transmitir, tem muito que se lhe diga. Por
vezes, um desenho diz muito mais que quaisquer
palavras. Basta um conjunto de traços, sejam eles
rectos ou curvos, paralelos ou perpendiculares,
para se transmitir uma ideia, um sentimento.
No entanto, a técnica, quando junta com o de-
senho, faz com que tudo se torne mais simples e
claro, facilitando a leitura do mesmo. Assim, o de-
senho técnico vem da ideia de representar com ri-
gor e precisão os objectos. Com o material adequa-
do e seguindo um conjunto de normas e princípios
bem definidos, consegue-se, de forma espantosa,
a representação quase real de um objecto, espaço,
etc.
O facto de a figura se assemelhar à realidade faz
com que o desenho seja a única linguagem univer-
sal. Para qualquer parte do mundo que viajemos e
em que não conheçamos a língua, basta-nos dese-
nhar aquilo que desejamos para que qualquer pes-
soa perceba.
Como tudo seria diferente se não houvesse
o desenho técnico...
Filipa Isabel Serrazina, 8º D
No seu contexto mais geral, o Desenho
Técnico engloba um conjunto de metodo-
logias e procedimentos necessários ao
desenvolvimento e comunicação de pro-
jectos, conceitos e ideias e, no seu con-
texto mais restrito, refere-se à especifica-
ção técnica de produtos e sistemas.
Não é de estranhar que, com o desen-
volvimento das tecnologias informáticas
e dos sistemas de informação a que se
assistiu nas duas últimas décadas, os
processos e métodos de representação
gráfica, utilizados pelo Desenho Técnico
no contexto industrial, tenham também
visto uma profunda mudança. Passou-se
rapidamente da régua T e esquadro às
máquinas de desenhar, aos programas
comerciais de desenho 2D assistido por
computador e mais recentemente a uma
tendência para a utilização generalizada
de sistemas de modelação geométrica
3D.
Nestas circunstâncias, na organização
do ensino e na elaboração de textos de
apoio na área de Desenho Técnico põem-
se particulares desafios na forma de con-
ciliar, por um lado, o desenvolvimento de
capacidades de expressão e representa-
ção gráfica e a sua utilização em activida-
des criativas e, por outro lado, a aquisição
de conhecimentos de natureza tecnológi-
ca na área do Desenho Técnico.
No primeiro caso procura-se o desen-
volvimento do pensamento criativo e de
capacidades de visualização espacial, de
transmitir ideias, formas e conceitos atra-
vés de gráficos muitas vezes executados
à mão livre. Esta capacidade constitui uma
qualificação de reconhecida importância
no exercício da actividade profissional do
engenheiro.
No segundo caso, trata-se do uso das
técnicas emergentes de representação
geométrica associadas aos temas mais
clássicos da descrição técnica de produtos
e sistemas e suportadas num corpo esta-
bilizado de normalização técnica interna-
cionalmente aceite. A produção de dese-
nhos de detalhe e de fabrico, incluindo as
práticas clássicas de projecções, cortes,
dimensionamento e anotações diversas,
é ainda uma actividade incontornável na
produção de documentação técnica de
produtos e do seu fabrico e constituem,
em muitos casos, o suporte legal e comer-
cial nas relações com fornecedores.
Como tal, na disciplina de Educação
Tecnológica, os alunos têm como base o
princípio de ideias, associadas ao dese-
nho livre, solto e emergente de ideias pré
estabelecidas, ou não. Têm como objec-
tivo final por vezes a “obra”, mas resul-
tando esta do desenho técnico. O texto a
seguir apresentado é bastante elucidativo
das referências e noções que os alunos
absorveram num percurso escolar acerca
do mesmo tema.
Vista superior – Premium em alvenaria
Vista lateral – Premium em alvenaria
Legenda
ACERCA DO DESENHO TÉCNICO
Luís Crisóstomo, aluno do 10º B,
do curso Científico Humanístico,
foi apurado para a fase final das
XI Olimpíadas do Ambiente que
decorreram de 12 a 14 de Maio
na Escola Profissional Agrícola
em Santo Tirso.
XI OLIMPÍADAS DO AMBIENTE
2º LUGAR PARA TURMA DO ECB
CONCURSO
A Turma E do 7º Ano ficou em segundo
lugar no concurso “ Mascote para os
Serviços Municipalizados de Protecção
Civil”, organizado pela Câmara Municipal
de Alcobaça.
O projecto de mascote foi feito pela
Margarida Pereira, sob orientação da
professora de Educação Visual, Dalila
Sousa. O prémio para a turma consiste
uma visita a Lisboa, ao Centro Nacional
de Operações de Socorro, no dia 12 de
Maio.
O Dia da Árvore comemora-se
todos os anos a 21 de Março, visando
essencialmente alertar para as questões
do ambiente e para a preservação dos
espaços verdes.
A área de Formação Cívica/Crescer
para a Vida associou-se a esta iniciativa,
plantando algumas árvores, elaborando
cartazes que foram afixados na Escola,
bem como marcadores de leitura
distribuídos à comunidade escolar,
como forma de sensibilização para a
importância das questões ambientais e
da promoção da qualidade de vida.
DIA DA ÁRVORE
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E AMBIENTE20
ANO I - Nº 2TOQUE DE SAÍDA
Todos os anos, dezenas de milhões de pes-
soas apanham gripe, mas partem do princípio
de que com os cuidados adequados ficarão
curadas. Porém, do sudeste asiático, chegam
notícias de uma gripe que mata: um vírus res-
ponsável pela morte de milhões de galinhas
conseguiu passar das aves para os humanos,
sendo ainda um mistério a forma como o con-
seguiu fazer.
Por três vezes, durante o século XX, um
novo vírus da gripe alastrou pelo planeta, pro-
vocando um número invulgar de mortes, pois
as pessoas não tinham a necessária imunida-
de: a gripe espanhola (1918-19) terá tido ori-
gem em aves, quase toda a população da Ter-
ra esteve em contacto com a doença, metade
da população contraíu-a, e 50 a 100 milhões
morreram em consequência dela; em 1957,
surgiu uma pandemia no Sul da China, quando
os vírus da gripe das aves e da gripe humana
trocaram genes, provavelmente depois de in-
fectarem um porco; em 1968, por um processo
semelhante, em Hong Kong, vírus humanos
e das aves voltam a misturar-se.
Passaram 40 anos, e o receio de nova
pandemia é bem real.
A gripe é um incómodo que temos de
suportar todos os anos. O vírus espalha-se
facilmente. Só nos EUA, 30 a 60 milhões
de cidadãos contraem a doença todos os
anos, registando-se cerca de 36 mil mortes,
sobretudo entre os idosos. A mutação do ví-
rus é tão veloz que ninguém chega a ficar
completamente imune, pelo que é preciso
fabricar uma vacina nova todos os anos.
Isto é o que se passa com a gripe co-
mum. Mas a doença que surge agora do
Sudeste Asiático não é uma gripe comum.
As galinhas foram as suas vítimas principais.
Mais de cem milhões de animais foram mor-
tos pelo vírus, ou no decurso de medidas de
controlo. Não é incomum a gripe afectar as
galinhas, pois os vírus das aves existem em
número muito superior aos vírus humanos.
Porém, este é provavelmente o mais virulento
e patogénico até hoje conhecido.
Até agora, este vírus (denominado H5N1)
não mostra facilidade em transmitir-se das
aves para os humanos, muito menos de uma
pessoa para outra. Consegue dar o primei-
ro passo da transmissão, mas depois não se
dissemina facilmente entre humanos, caso
contrário estaríamos a braços com um enor-
me problema. Talvez o H5N1 nunca consiga
“aprender o truque” para passar rapidamente
de pessoa para pessoa, como acontece com
as gripes mais ligeiras.
Por norma, os vírus da gripe capazes de
infectar as aves não atacam os humanos. Até
há pouco tempo, os cientistas pensavam que
os vírus das aves adquiriam essa capacidade
bastando apenas um processo viral equiva-
lente às relações sexuais. Como os vírus da
gripe são portadores de informação genética
em oito segmentos separados de RNA (ácido
ribonucleico), os vários subtipos conseguem
trocar genes desde que entrem em contacto.
O resultado é uma descendência com novas
aptidões.
Para que os vírus das gripes aviárias e hu-
manas consigam misturar as respectivas in-
formações genéticas, precisam de infectar o
mesmo animal. Muitos cientistas consideram
que o porco é um provável veículo condutor,
pois as células dos suínos possuem moléculas
de superfície que permitem a entrada de vírus
dos dois tipos. É concebível que um porco,
numa mesma exploração agropecuária, possa
contrair a gripe humana de um agricultor e um
vírus de aves dos patos, por exemplo. Os dois
vírus podiam então “recombinar-se”, criando
um híbrido que, na pior hipótese, passaria a
poder infectar células humanas, sendo ainda
portador dos genes do vírus das aves que o
tornariam radicalmente novo para o sistema
imunitário das pessoas que o contraíssem.
O processo descrito serve de explicação às
duas menores pandemias de gripe do século
XX - as de 1957 e 1968. Alguns cientistas crê-
em que algo de diferente se passou em 1918.
Consideram provável que o vírus não tivesse
tido origem num vírus humano que já circulara
previamente. Todos os seus genes o definem
como um vírus animal, puro e simples que, de
algum modo, conseguiu atravessar a barreira
e transmitir-se aos humanos.
Na actualidade, o vírus H5N1 está a com-
portar-se da mesma maneira. Até agora, os
passos dados para atravessar a barreira da
espécie são experimentais, razão pela qual
só causou dezenas (e não milhões) de mor-
tos. No entanto, tal como em 1918, os médi-
cos que comprovaram de perto os seus efeitos
mostram-se abalados. Em 1997, o H5N1 pas-
sou pela primeira vez para os humanos. No
princípio desse ano, um surto do vírus matou
galinhas na zona rural de Hong Kong. Toda-
via, ninguém imaginava que os vírus das aves
pudessem constituir ameaça directa para as
pessoas. Mas este quebrou as regras. Ano
após ano, o vírus foi trocando genes com ou-
tros vírus da gripe das aves, gerando novas
variantes do H5N1.
Por outro lado, ninguém sabe ao certo a
forma exacta como uma pessoa contrai a in-
fecção. Pensa-se que a maioria dos casos diz
respeito a pessoas que, de alguma maneira,
estiveram em contacto com aves de criação
doentes ou mortas.
SERÁ QUE O VÍRUS VAI COMEÇAR A
ALASTRAR COMO A GRIPE HUMANA CO-
MUM?
O vírus poderá adquirir essa capacidade
sozinho, realizando uma mutação, ou trocan-
do genes com um vírus da gripe humana. Isso
poderá acontecer numa pessoa infectada
que também contraia gripe comum, ou en-
tão no porco, o clássico vaso de mistura
dos vírus da gripe. Mesmo assim, ninguém
sabe se a troca gerará um vírus mortífero
ou uma variante inofensiva.
Alguns investigadores esperam conse-
guir descobri-lo com antecedência, criando
artificialmente novos vírus. Em laborató-
rios isolados biologicamente, os cientistas
estão a misturar genes do vírus H5N1 e de
vírus da gripe humana. Em seguida, irão
pôr à prova os híbridos resultantes, com o
objectivo de verificar se alguns deles her-
daram, ao mesmo tempo, a virulência do
vírus das aves e a capacidade de dissemi-
nação do vírus humano. Na prática, estão
a tentar criar uma estirpe pandémica da
gripe em laboratório.
Há vários casos suspeitos de transmissão
homem-homem. No entanto, tudo o que o ví-
rus conseguiu, por enquanto, parece ter sido
dar um único passo além da vítima inicial. Até
agora, a transmissão sistemática (como a dis-
seminação da gripe comum, por reacção em
cadeia) ainda não faz, felizmente, parte do
seu repertório.
Texto adaptado de:
Tim Appenzelle, Prever a Próxima Gripe Letal,
National Geographic, nº 55, Outubro 2005
NOVA AMEAÇA… COM PENAS
Imagem de microscópio electrónico do vírus da gripe
Imagem de microscópio electrónico do vírus da gripe
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E AMBIENTE 21
ANO I - Nº 2 TOQUE DE SAÍDA
Bacteriologista escocês (1881-1955)
nascido em Lochfield e falecido em Lon-
dres. Partilhou o Prémio Nobel da Fisiologia
e da Medicina, em 1945, com o patologista
australiano Howard Florey e com o bioquí-
mico britânico Ernst Chain. Pelo facto de ter
descoberto a penicilina, abriu caminho para
a cura de várias doenças infecciosas, atra-
vés da utilização de antibióticos.
A penicilina é um antibiótico produzido
por um fungo denominado Penicillium cry-
sogenum que pertence à classe dos Asco-
micetes, e forma a maior parte dos bolores
azuis e verdes encontrados frequentemente
nos citrinos, queijos e outros alimentos.
A penicilina marcou o início da era da
produção dos antibióticos. No entanto, o
seu uso numa base de rotina teve de es-
perar até 1944-1945 devido à necessidade
de desenvolver métodos de isolamento, de
purificação e de uma produção em larga es-
cala para o crescimento do Penicillium. Foi
a Segunda Guerra Mundial e a grande ne-
cessidade de antibióticos que levou enge-
nheiros, biólogos e farmacêuticos a realizar
um extenso programa de pesquisa, sendo
um dos programas da mais alta prioridade
em tempo de guerra.
SABIA QUE?
Há três tipos de gripe: A, B e C. Os vírus do tipo C desencadeiam doenças respiratórias ligei-ras e, por vezes, não provocam qualquer sinto-ma. Os vírus tipo A e B, por outro lado, podem causar epidemias em seres humanos. Enquanto os vírus do tipo B são normalmente exclusivos dos seres humanos, os vírus do tipo A podem também ser encontrados em aves, porcos, cava-los, focas, baleias e outros animais
Os vírus de tipo A (o H5N1, por exemplo), re-cebem o nome de duas proteínas que contêm à superfície. O H indica a presença da hemaglu-tinina, que ajuda o vírus a entrar numa célula. O N representa a neuraminidase, que o ajuda a libertar-se. Estas proteínas também actuam como antigénios – se o corpo as reconhecer, o seu sistema imunitário pode desenvolver uma defesa.
Todos os vírus do tipo A atacam as células humanas da mesma forma. Quando o vírus entra no corpo, a hemaglutinina engloba o vírus na su-perfície da célula. Depois, a superfície da célula fecha-se em torno do vírus, que “mergulha” na célula até estar completamente fundido. Como a membrana da célula se enrola para envolver o vírus, cria um pequeno compartimento. Uma alteração do pH neste compartimento muda a es-trutura da hemaglutinina e permite a passagem da substância viral para o líquido interior da cé-lula, ou citoplasma.
Uma vez aí, o vírus tem o caminho livre. O material genético do vírus, que está dividido em oito segmentos diferentes, é copiado para o nú-cleo da célula hospedeira. Depois de serem co-piados, os segmentos regressam ao citoplasma e com a ajuda da neuraminidase, podem voltar a reunir-se, abandonar a célula e atacar novas células.
O QUE É UM VÍRUS?
Embora a célula seja a unidade funda-
mental da vida, há certos “organismos”, os
vírus, que não são células. Não possuem ci-
toplasma, nem organelos, nem membranas
plasmáticas como as células. Um vírus não
é mais que um cristal de matéria orgânica
inanimada. Contudo, uma vez introduzido
numa célula hospedeira, a função biológica
do vírus desperta. O vírus “adquire vida”,
manifestando duas características vitais:
reprodução e hereditariedade. Os vírus al-
ternam entre estados paradoxais – forma
inanimada e forma viva.
Em geral, os vírus são obrigatoriamente
parasitas intracelulares; são incapazes de
metabolismo independente; são mais pe-
quenos que bactérias; possuem um único
tipo de ácido nucleico (ADN ou ARN). Al-
guns vírus podem cristalizar e inactivar a
sua infecciosidade. São inertes no exterior
dos organismos vivos. Existe uma grande
variedade de vírus que infectam plantas,
animais e bactérias.
ALEXANDER FLEMING E A PENICILINA
Solução do problema proposto no número
anterior
“COMO FOI DETERMINADO O RAIO DA TERRA”
P = 800Km X 50 = 40 000Km
Considerando P = 2 ∏ R;
R = P / (2 ∏ )
R = 40 000Km / (2 X 3,14)
R = 6 369,4Km
Raio da Terra
6 369,4Km
Diâmetro da Terra
6 369,4Km X 2 = 12 738,8Km
ENIGMAS
1. Um vagabundo que não tinha
possibilidades de comprar tabaco
coleccionava pontas de cigarro. Como
em tempos tinha sido rico, recusava-se
a fumar as pontas. Juntava-as, e de sete
pontas conseguia fazer um cigarro. Num
dia de sorte conseguiu encontrar 49.
Quantos cigarros completos conseguiu
o homem fumar nesse dia?
2. Um nenúfar transforma-se em dois
nenúfares ao fim de 24 horas. Colocámos
um nenúfar num lago e, 30 dias depois,
o lago estava coberto de nenúfares. Se
tivéssemos posto 4 nenúfares, quantos
dias demorava o lago a ficar cheio?
3. Partindo do seguinte enunciado,
escolha a ou as conclusões certas:
O ROUBO
Se o porteiro era cúmplice, ou a porta do
apartamento estava aberta, ou o ladrão
entrou pela cave. Se o roubo foi à meia-
noite, o porteiro era cúmplice. Pode
provar-se que a porta do apartamento
não estava aberta e que o ladrão não
entrou pela cave.
Conclusões:
a) O porteiro não era cúmplice.
b) O porteiro era cúmplice.
c) O roubo foi à meia-noite.
d) O roubo não foi à meia-noite.
e) Não se pode saber se o roubo foi à
meia-noite.
4. Com seis fósforos construa quatro
triângulos equiláteros sem partir os
fósforos.
5. Os números 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, e
9 deverão ser inscritos nos círculos
brancos, de tal forma
que as somas dos
números de cada lado
do triângulo resultem no
mesmo valor.
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E AMBIENTE22
ANO I - Nº 2TOQUE DE SAÍDA
Para muitos, em Portugal, durante a
maior parte do ano, desporto é sinónimo de
futebol, abrangendo, nalguns momentos,
também outras modalidades como voleibol,
basquetebol, atletismo. Por esse motivo,
decidi escrever uma crónica sobre um tipo
de desporto mais esquecido, ou, se preferi-
rem, mais alternativo: o automobilismo.
O automobilismo é uma categoria do
desporto caracterizada pelas elevadas velo-
cidades atingidas em máquinas que tentam
“desesperadamente” ser as mais rápidas,
proporcionando um magnífico espectáculo
e, por vezes, extraordinários acidentes que
em alguns casos têm fins trágicos, imorta-
lizando pilotos, dos quais Henri Toivo-
nen, Gilles Vileneuve e Airton Senna
são exemplos, pois a história deste
desporto não é só feita de momentos de
glória. Essas máquinas são tripuladas
por pilotos que, como qualquer outro
profissional, necessitam de um grande
talento, mas também de muito sangue-
frio, visto que neste desporto um piloto
tem realmente a capacidade de fazer a
diferença entre uma vitória, um segun-
do lugar, ou o fim de uma corrida fora
de estrada.
Actualmente vivemos numa socieda-
de capitalista que tende a substituir a
qualidade de tudo o que o ser humano
produz pelo lucro e, como tal. o auto-
mobilismo não foge à regra, sendo um
dos desportos mais degradados por este
fenómeno. O capitalismo reflecte-se em as-
pectos que vão desde a escolha dos países
em que se realizam as importantes provas
mundiais, seleccionadas em conformidade
com a potencialidade de exploração do mer-
cado pelas marcas das viaturas presentes
nas provas, (sendo esta a principal razão,
na minha opinião, que levou o mítico Rally
de Portugal a ser excluído do Mundial, em-
bora oficialmente seja afirmada falta de se-
gurança), até à escolha dos pilotos que irão
representar as equipas, visto que um piloto
com um forte patrocínio, que aumentará o
orçamento da equipa, é uma tentação quase
irresistível nos dias que correm. Para mim,
este é o maior problema, porque actualmen-
te as equipas preferem apostar nos pilotos
com grandes apoios, em vez de apostar nos
talentosos que poderiam realmente acres-
centar espectáculo às pistas ou estradas.
Assim, deixámos de ter os melhores pilo-
tos a conduzir, para termos os que possuem
os melhores apoios, e isto acontece em to-
das as modalidades do automobilismo, des-
de a Fórmula 1, passando pelo Todo-o-Ter-
reno até ao Rally, não faltando exemplos do
que afirmo, nomeadamente no que respeita
aos pilotos portugueses, visto que apesar de
haver alguns com muito talento, vivem num
país economicamente pouco desenvolvido,
o que lhes fecha muitas oportunidades.
Em 2003 Carlos Sousa sagra-se vencedor
da Taça do Mundo de Todo-o-Terreno, con-
duzindo para uma equipa privada. Depois
deste sucesso foi-lhe oferecido, pela equipa
oficial da Mitsubishi, um contrato que o pilo-
to aceitou. Contudo, quando chegou a hora
de escolher os pilotos para representarem
a equipa no Dakar, o piloto português foi
preterido em favor de um piloto que já tinha
vencido um Dakar em motas, e que deseja-
va agora competir em carros numa equipa
oficial. Esse piloto, Nani Roma, “comprou”
o lugar na equipa através do patrocínio da
companhia de combustíveis Repsol.
Já na Fórmula 1, temos o exemplo feliz do
“nosso” Tiago Monteiro que só com o apoio
do Estado Português conseguiu assegurar
um lugar na Midland F1 Racing, pois esta
equipa desejava os serviços do piloto portu-
guês, mas também necessitava de um piloto
que injectasse dinheiro na equipa para
aumentar o orçamento anual da mes-
ma. E mesmo depois de uma época em
que o piloto português foi considerado o
melhor estreante, e na qual demonstrou
uma regularidade invulgar, teve de vol-
tar a pagar pelo lugar na equipa.
Exemplo idêntico, mas com fim e em
modalidade diferentes, aconteceu com
o campeão mundial de rally na catego-
ria grupo N de 1995, Rui Madeira, que
em 1998 viu negada a possibilidade de
conduzir para a equipa oficial da Toyota
por falta de apoios, visto que nesta al-
tura as verbas do Estado estavam todas
a ser canalizadas para a Expo 98, e as
companhias, em Portugal, têm uma vi-
são pouco abrangente do mercado.
Exemplos como estes acontecem em to-
das as épocas, em todas as modalidades
do automobilismo e com pilotos de todas as
nacionalidades porque, para muitos pilotos
talentosos, quando se fecha uma porta fal-
tam verbas para abrir uma janela.
Nestas condições, quando um piloto se
sagra campeão mundial, será que é verda-
deiramente o melhor? Ou é apenas o melhor
entre os que tem os melhores apoios?
João Santos Filipe, 12º J
CAMPEÃO MUNDIAL DO TALENTO OU DOS TAL€NTO$ ?
1. OS BALDES
Uma resposta:
Encher o balde de 11 litros e despejar o que couber no de
6 litros. Ficarão 5 litros no de 11. Despejar o de 6 litros
e deitar o conteúdo do de 11 no de 6. Encher novamente
o de 11 litros e deitar o que couber no de 6 litros. Ficam
10 litros de água no de 11 litros. Despejar o de 6 litros
e deitar neste o conteúdo do de 11, que ficará com 4 li-
tros. Despejar o de 6 litros e deitar neste os 4 litros que
estavam no de 11. Voltar a encher o de 11 e vazar no de
6, ficando com 9 litros no de 11. Despejar o de 6 litros e
deitar o conteúdo do de 11 litros até encher o de 6, fican-
do 3 litros no de 11, que se volta a deitar no de 6 litros
depois de o despejar. Finalmente, encher o de 11 litros e,
com este, encher o de 6 litros que já tinha 3 litros, ficando
portanto 8 litros no balde de 11 litros.
2. 10 SACOS
Resposta:
Começa-se por numerar os sacos de 1 a 10. De seguida,
retira-se uma moeda do saco número um, duas moedas
do saco número dois, e assim sucessivamente, até retirar
dez moedas do saco número dez. No total temos 55 mo-
edas. Ao colocar as moedas na balança, se estas fossem
todas verdadeiras, deveríamos ter um peso de 550 gra-
mas. Basta agora verificar quantos gramas faltam para
os 550. Se faltar 1 grama, existe uma moeda falsa na
balança, logo, o saco com as moedas falsas é o saco
número um. Se por exemplo faltarem 7 gramas, existem
na balança 7 moedas falsas, logo, o saco com as moedas
falsas é o saco número sete, e assim sucessivamente.
3. NO MURO DE BERLIM
Resposta:
O absurdo da história consiste no simples facto de Niet-
zsche ter morrido muito antes de o muro de Berlim ainda
ter sido construído.
4. AS IDADES.
Resposta:
Comecemos por construir todos os ternos cujo produto dá
36 e indicar a sua soma:
(36,1,1) Soma igual a 38 (18,2,1) Soma igual a 21
(9,2,2) Soma igual a 13 (9,4,1) Soma igual a 14
(3,2,6) Soma igual a 11 (6,6,1) Soma igual a 13
(4,3,3) Soma igual a 10 (12,3,1) Soma igual a 16
Como os amigos trocavam correspondência, o Arnesto
tem necessariamente que saber o número da porta do
Bicente, logo, se o número da porta fosse 38, 21, 14, 11,
10 ou 16 (não se repetem), esse o número bastaria para
o Arnesto saber as idades. Mas como o Bicente diz que o
número da porta não é suficiente, o número da porta terá
de ser 13. Como na opção (6,6,1) não há o elemento mais
velho, a resposta terá de ser (9,2,2).
5. A CORDA
Resposta:
A distância entre os postes terá de ser zero, ou seja, os
postes terão de estar juntos.
RESPOSTAS AOS ENIGMAS DO PRIMEIRO NÚMERO
Carlos Sousa
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E AMBIENTE 23
ANO I - Nº 2 TOQUE DE SAÍDA
R e a l i z o u - s e ,
nos dias 5, 12 e 26
Março, na sede da
Academia Xadrez
da Benedita, com
o apoio da Fecosil
Lda, a Fase Preli-
minar do Campe-
onato Distrital Ab-
soluto. Os jogos tinham o ritmo de 90 minutos
com acréscimo de 30 segundos por lance, por
jogador e por partida, em sistema suíço de 6
sessões. A arbitragem foi de Júlio Flores e a
direcção da prova de Mamede Diogo.
Esta fase, na qual se inscreveram 36 joga-
dores, dos quais 28 terminaram o torneio, ti-
nha o objectivo de apurar seis jogadores para
disputarem uma fase final no Sistema de To-
dos contra Todos. Juntar-se-á, para disputar
esta fase final, o Campeão Distrital da época
transacta, António Mamede Diogo (Casa do
Povo do Bombarral) e o jogador com melhor
Elo FIDE da lista de Janeiro 2006, neste caso
Carlos Quaresma (Sport Operário Marinhen-
se). Na eventualidade de qualquer impedi-
mento, serão substituídos pelos jogadores
classificados imediatamente a seguir.
Fizeram bloco FIDE os seguintes jogado-
res: José Bray (Sport Operário Marinhense)
– 1952; Dimitri Scoropad (Academia Xadrez
Benedita) – 1907; Rafael Correia (Xeque Mate
S. Martinho Porto) – 1905; Mariana Silva (Aca-
demia Xadrez da Benedita) – 1769.
Mais informações
www.axleiria.pt ou http://axbenedita.no.sapo.pt
Disputaram-se em Portimão, en-
tre 2 e 7 Abril 2006, os Campeonatos
Nacionais Jovens, com a presença de
350 jogadores, distribuídos por vários
escalões: Sub8, Sub10, Sub12, Sub14,
Sub16 e Sub18. Sistema suíço de 7
sessões em ritmo de 90 minutos por
jogador e por partida. Só nos escalões
Sub8 e Sub16 o distrito de Leiria não
teve um jogador no pódio.
OS JOGADORES DO PÓDIO
Sub10
Vasco Elvas (Sport Operário Mari-
nhense), Vice-Campeão Nacional
Sub12
Daniel Bray (Sport Operário Marinhen-
se), Vice-Campeão Nacional
Sub14
Mariana Silva (Academia Xadrez da
Benedita), Vice-Campeã Nacional Fe-
minina.
Sub18
Pedro Rodrigues (Academia Xadrez
da Benedita) – 3º classificado
JOGADORES DO DISTRITO DE LEI-
RIA
Sub8
Francisco Cavadas (Academia Xadrez
da Benedita) – 13º classificado entre
27 participantes.
Sub10
Vasco Elvas (Sport Operário Mari-
nhense) – 2º classificado, entre 83
inscritos
Sub12
Participaram 77 jogadores:
Daniel Bray (Sport Operário Marinhen-
se) – 2º classificado;
João Martins (Atlético Clube Sismaria)
– 18º classificado;
Mariana Borges (Xeque Mate S Marti-
nho Porto) – 35ª classificada;
Rui Lopes (Grupo Juvenil Frei António
Brandão – Benedita) – 42º classifica-
do;
Rodolfo Silva (Xeque Mate S Martinho
do Porto) – 54º classificado;
Mariana Lucas (Associação Pais de
Évora de Alcobaça) – 64º classifica-
do.
Sub14
Participaram 74 jogadores:
Mariana Silva (Academia Xadrez Be-
nedita) – 9ª classificada;
José Manuel Rocha Pereira (Xeque
Mate S Martinho Porto) – 16º classi-
ficado;
Rafael Correia (Xeque Mate S Marti-
nho Porto) – 21º classificado;
Mário Carvalho (Sport Operário Mari-
nhense) – 32º classificado;
João Silva (Xeque Mate S Martinho
Porto) – 56º classificado;
Lídia Ferreira (Academia Xadrez Be-
nedita) – 63º classificada.
Sub16
Participaram 58 jogadores:
Tiago Ferreira ( Academia Xadrez Be-
nedita) – 16º lugar;
Ricardo Rodrigues (Núcleo Xadrez Ex-
ternato Cooperativo da Benedita), 50º
classificado;
Raquel Inácio ( Academia Xadrez Be-
nedita) – 53º classificado.
Sub18
Participaram 36 jogadores:
Pedro Filipe Rodrigues (Academia Xa-
drez Benedita) – 3º lugar; não perdeu
nenhum encontro;
David Rashidi (Atlético Clube Sisma-
ria, Leiria), 10º lugar.
Distrito de Leiria brilhou
XADREZ - CAMPEONATOS NACIONAIS JOVENS
Jorge Bastos - Academia Xadrez Da Benedita - 1º Lugar
FASE PRELIMINAR DO CAMPEONATO DISTRITAL ABSOLUTO DE LEIRIA
DESPORTO ESCOLAR
Realizou-se no dia 26 de Abril de 2006 a fase local
do Compal Air 3X3 (basquetebol). A competição teve
lugar na Escola EB 2,3 de Santa Catarina, e as equipas
apuradas na nossa escola tiverem uma prestação aci-
ma do esperado, uma vez que todas elas passaram às
finais, ficando apuradas, para a fase regional a disputar
em Alcobaça, cinco equipas nos diversos escalões:
O Grupo/Equipa de voleibol no escalão de Infantis
Masculinos esteve presente em mais uma concentra-
ção, na Escola Secundária Josefa de Óbidos, no dia
16 de Março de 2006. E, mais uma vez, o ECB esteve
bem representado, levando quatro duplas e conseguin-
do estar presente em quatro finais, das quais ganhou
três. Nada mau para uma escola que, há cinco anos,
simplesmente não tinha o voleibol representado ao ní-
vel do Desporto Escolar.
EM VELOCIDADE
As turmas do 10º e do 11º Anos do Curso Tecnológi-
co de Desporto estão a organizar a “Mega Marcha” e o
“Mega Sprint”, a realizar, respectivamente, nos dias 8
e 16 de Junho do corrente ano. A “Mega Marcha” tem
por objectivo promover a actividade física e o convívio,
sendo dirigida a todas as pessoas que estiverem inte-
ressadas em participar. Por sua vez o “ Mega Sprint”
dirige-se apenas a alunos do 7º e do 8º Ano e, para
além do convívio sempre presente nestas actividades,
procura também recolher os melhores tempos, introdu-
zindo desta forma o factor competição e tornando esta
actividade mais atractiva para quem a realiza e para
quem assiste.
Escalão Nomes Ano/Turma
Juvenis
Masculinos
Filipe Vicente
Tiago Madaleno
João Fialho
Tiago Rocha
8º B
Juniores
Masculinos
José Luís
Diogo Rafael
Bruno
11º I
Iniciadas
Femininas
Catarina Pereira
Mariana Madaleno
Daniela Passarinho
Daniela Franco
10º B
Juvenis
femininas
Sandra Guerra
Sara Vicente
Cátia Feliciano
Catarina Caetano
10º B
Juniores
Femininas
Cristina Mendinhas
Cristiana Lopes
Filipa
Andreia
12º D
12º C
ANO I - Nº 2TOQUE DE SAÍDA
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“Pensaram que eu era Surrealista, mas
nunca fui.
Nunca pintei sonhos, só pintei a minha
própria realidade.”
Esta foi a resposta que Frida Kahlo deu
ao poeta André Breton quando este, em
1938, a considerou uma pintora surrealista.
Porque Frida Kahlo pintou a própria vida.
Nascida em 1907, em Coyohacán, Méxi-
co, cedo conviveu com a doença e o sofri-
mento. A poliomielite que a atacou aos seis
anos e que lhe provocou a atrofia do pé es-
querdo e o encurtamento e estreitamento
da perna direita, e sobretudo o acidente de
autocarro que sofreu em 1925 e que a obri-
garia a usar corpetes ortopédicos até ao fim
da vida, marcá-la-iam para sempre. Desde
então e até à morte, em 1954, aos 47 anos,
Frida Kahlo deixou-nos um vasto conjunto
de obras impregnadas da sua visão do Mé-
xico, da cultura Tehuana e da sua própria
vida: os longos meses imobilizada na cama,
as sucessivas operações cirúrgicas à colu-
na, a amputação da perna direita, a paixão
por Diego Rivera, as gravidezes mal suce-
didas.
Quando se pensa na obra de Frida Kahlo,
imediatamente é o seu rosto que nos vem
à mente: o perfil bem definido, as sobran-
celhas marcadas e unidas por um só traço
(como uma andorinha que levanta voo), a
boca sensual, o buço e o olhar profunda-
mente triste. Porque, acima de tudo, Frida
Kahlo pintou-se. Como se só ela pudesse
ser a medida de si mesma. O assombro da
obra da artista, profusamente policromá-
tica e autobiográfica, não deixa ninguém
indiferente. Exibindo as suas dores físicas
e emocionais, a pintura de Kahlo, demasia-
do “forte” ou “berrante” para uns, chegando
mesmo a raiar a violência, demasiado naïf
ou onírica para outros, não é fácil de ins-
crever numa qualquer corrente artística do
século XX. As cores utilizadas são as cores
do próprio México e as da alma atribulada
de Kahlo. A sua identificação com o México
era tão forte que escolheu para data de nas-
cimento o ano de 1910, data da Revolução
Zapatista.
Entre 24 de Fevereiro e 21 de Maio, o
Centro Cultural de Belém, em Lisboa, apre-
sentou a primeira exposição desta pintora
em Portugal, com obras provenientes do
Museu Dolores Olmedo, no México, e cuja
colecção é considerada a maior e mais im-
portante que existe sobre Frida Kahlo.
Intitulada Vida e Obra 1907.1954, a Ex-
posição encontra-se organizada em quatro
núcleos que acompanham todo o percurso
biográfico e artístico de Kahlo: Infância/Ju-
ventude; Paixão por Diego Rivera; Casa
Azul; Diário/Morte.
Além de 26 obras da pintora, a Exposição
apresenta ainda uma colecção de fotogra-
fias e de objectos pessoais, como um con-
junto de trajes de Tehuana (vestuário que
Frida habitualmente adoptava, numa atitude
que pretendia marcar o ressurgimento das
manifestações culturais pré-colombianas)
e um espaço intitulado Altares dos Mortos,
retirado da tradição de colocar oferendas
aos mortos (roupas, armas, jóias, alimen-
tos, água, incenso) e cuja origem remonta
ao período pré-colombiano; a oferenda que
se apresenta inclui peças de arte popular
mexicana reunidas por Dolores Olmedo.
A Exposição termina com a mostra de
páginas do Diário que Frida Kahlo mante-
ve entre 1944 e 1954. Este não se constitui
apenas como um registo do seu dia a dia,
antes se enche de reflexões, poemas, car-
tas para Diego e amigos, um caderno de de-
senhos e esboços, o relato das suas origens
e um registo de seu estado de saúde.
Entre as 26 obras expostas, destaca-
se O autocarro (1929), uma das suas pri-
meiras realizações, e que nos apresenta o
sentido de humor negro com que a pintora
retratou o que o destino lhe reservou. Sem
nunca ter tido a coragem de representar o
acidente numa pintura, nesta obra de Frida
podemos observar as pessoas que viajavam
neste tipo de transportes: uma mulher indí-
gena descalça, um operário, um burguês e
uma jovem que poderia ser a própria artista.
Um rapaz olha pela janela uma paisagem
na qual se destaca uma loja chamada La
risa (O riso), pormenor significativo do que
seria o momento imediatamente anterior ao
acidente.
A Coluna Partida (1944) foi pintada pou-
co depois de Frida ter sido submetida a uma
intervenção cirúrgica à coluna vertebral,
substituída no quadro por uma coluna jónica
totalmente fracturada e cujo capitel susten-
ta o resto da artista. Os pregos que cravam
o seu corpo simbolizam a dor constante:
os maiores, na coluna, marcam os danos
físicos que o acidente de 1925 provocou,
enquanto os que se encontram no seio es-
querdo, sobre o coração, se reportam à dor
emocional e à sua solidão.
Um dos seus últimos trabalhos, O Círcu-
lo, trabalhado em formato redondo e onde
se observa apenas o tronco de um corpo
feminino, sem cabeça nem braços ou per-
nas, mostra o grau de destruição a que o
seu corpo tinha chegado.
“Espero que a saída seja feliz e espero
nunca mais voltar.” É a última frase do seu
Diário.
Teresa Agostinho, professora
FRIDA KAHLO – NOTÍCIA DE UMA EXPOSIÇÃO