Nº 7 Mês: Outubro Ano:2015 Pág. 1
Índice
Artigos de Interesse Especial
Nota de abertura____________1
Destaque do mês:
As Bibliotecas
Escolares___________________2
Memória coletiva:
Pablo Picasso_______________3
Uma proposta de leitura:
Esta distante proximidade _____3
Ideias do mês_______________4
Escrita de palavras___________4
Destaques Individuais
Autor do mês_______________3
Um Poema_________________ 2
Nota de abertura – Os livros
O livro é um dos objetos raros por onde se construíram caminhos, fronteiras que fundaram novas realidades. O livro alimenta a imaginação, cria a fantasia e concede-nos a possibilidade de alimentar novos territórios para uma esperança, feita de mundos alternativos aos critérios da econometria. O livro constrói, no universo das ideias, um realismo superior à realidade, dá-nos as fronteiras ilimitadas da leitura. Embora muitos dispensem esta chave de abrir tesouros e vidas infindáveis, ela é um imenso privilégio. Significa que superámos as mais baixas condições da utilidade dos dias, que já não vivemos num quotidiano de carências, de sobrevivência e de medo. A leitura permite ter acesso a um espaço de recolhimento, nos momentos de lazer e de estudo. O que faz a grandeza do livro é a sua essência, isto é, não a leitura em si, mas a criação das imagens que ela suscita. Podemos dizer que a leitura vale pela sua literacia. O livro é o único suporte de leitura que se basta a si próprio, pelo que só depende do leitor, do seu tempo privado, ao contrário da televisão, ou do cinema. O livro chama-nos, carece do nosso entusiasmo. Ler é, assim, acima de tudo, o momento de construção de imagens, “o levantar a cabeça”, o despertar da imaginação. A leitura, a sua essência, repousa na construção dessa reflexão, nesse tempo individual. A leitura isola o leitor, permite a imobilidade, instala o silêncio e concede-nos um processo de contramovimento em relação à cidade, ao grupo, ao barulho, ao movimento, aos outros, libertando-nos do tempo. Os livros são os elementos de um ritual de silêncio e descoberta, os instrumentos para a construção dum paraíso, essa divindade, a Biblioteca. Com Ela e neles, os livros, vivemos momentos de recolhimento e reflexão. É dos livros e do seu silêncio ordenado, que recebemos essa energia que nos permite descobrir em pouco tempo universos inteiros. É pelos livros, pelas suas palavras, que damos peso, estrutura ao que somos. É na respiração das palavras que anunciamos as formas como vemos o mundo, somos muito “aquilo que as palavras ouvem”, e é por isso que os livros são a mais bela forma de registar o mundo e as suas cores. Os livros convocam as palavras, oferecem-lhes existência, vida, mesmo quando se referem ao que não temos, mesmo que sejam os sonhos antes dos sonhos, a possibilidade de ver o que se ama. Os livros e a leitura confirmam essa possibilidade maior de aceitarmos em partilha as vozes que nos chamam para o reconhecimento múltiplo da humanidade.
Nº 7 Mês: outubro Ano: 2015 Pág. 2
Destaque mensal – As Bibliotecas Escolares
A Biblioteca terá que ser o centro da sociedade. O homem é um animal
leitor, leitor do mundo. Procuramos as constelações da narração: quem
são os outros e onde estamos. Desenvolvemos o poder da imaginação.
Somos capazes de criar o mundo, antes mesmo da criação do mundo. As
bibliotecas são a memória privada e a memória pública. A biblioteca é
autobiografia de cada um. É o rosto de cada um de nós. As bibliotecas
são também a biografia da sociedade, a sua identidade. As bibliotecas
públicas são o rosto da comunidade. Nós somos o que a biblioteca nos
recorda o que somos. Um livro conta a experiência de cada um, onde
estão as paixões mais secretas e os desejos mais íntimos. "Clínica da
alma" é a sua melhor definição. A centralidade da atividade intelectual
está na clínica da alma!" Alberto Maguel, "Reading and Libraries".
Na construção de universos que as Bibliotecas procuram estimular,
importa destacar dois aspetos, o leitor e a informação. É o campo das
Literacias. A Literacia representa, hoje, num mundo de informação e
de generalizadas fontes e suportes, uma socialização crescente dos
jovens, através dos elementos digitais, apresentando-se como fator
de cidadania e de participação. Marginais ou limitados níveis de
competência de literacia mantêm alguns dos fatores de desigualdade
no Mundo: a pobreza, a desigualdade na repartição da riqueza e o
acesso a empregos precários e mal pagos. A área das literacias deve,
assim, ser promovida por escolas e bibliotecas a fim de proporcionar a
participação da comunidade no seu crescimento cívico e social. Deste
modo, as bibliotecas envolvem leitores no prazer de descobrir
universos imaginados e de construir as ferramentas para ler
criticamente o mundo e nele poder participar.
Um poema – Manuel António Pina (Excertos)
É então isto um livro,
este, como dizer?, murmúrio,
este rosto virado para dentro de
alguma coisa escura que ainda não existe
que, se uma mão subitamente a toca,
se abre desamparadamente
como uma boca
falando com a nossa voz?
É isto um livro,
esta espécie de coração (o nosso
coração)
dizendo ‘eu’ entre nós e nós?
Manuel António Pina, “Os livros”, In Todas as palavras.
Memória coletiva: Picasso
Picasso foi um dos artistas mais inovadores do nosso tempo. Produziu cerca de 30 000 obras, entre pinturas, desenhos e esculturas! A arte de Picasso foi alvo de diferentes metamorfoses, pois passou por contínuas e profundas mudanças. Picasso revelou uma capacidade de invenção de grande significado e a História social do século XX não pode ser estudada sem o recurso aos seus quadros. Picasso criaria com Georges Braque um importante movimento artístico no início do século XX, chamado de Cubismo. Influenciados mutuamente pela sua capacidade nova de interpretar as ideias e as profundas transformações de início do século colaboraram significativamente os dois entre 1908 e 1914. O cubismo representou um corte absoluto com a arte europeia. A obra de Picasso é imensa, o seu prodigioso dom de inventar permanentemente novos modos de expressar na pintura as múltiplas facetas da vida fizeram dele, uma das mais importantes figuras da Arte, no século XX.
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Autor do mês: Mia Couto
"Tudo o que tenho Não tem posse: O rio e suas ocultas fontes, A nuvem grávida de novembro, O estilhaçar do riso em tua boca. Só me pertence O que não abraço. Eis como eterno me condeno: - amo o que não tem despedida." (Mia Couto, "Testamento”. Vagas e Lumes, p. 19) O autor de Terra Sonâmbula, Mar me quer, A
varanda de frangipani ou de Vagas e lumes ou
Tradutor de chuvas construiu um universo de
palavras “abensonhadas”. Com eles, identificou
imagens, faces, olhares que se albergam nos
sentimentos, como formas emotivas de viver o
quotidiano. Em Mia Couto, vemos descrita a
solidão, as possibilidades menos altivas que as
mazelas de alma colocam; vemos surgir esses
olhos da alma para reinventar o corpo, os sonhos.
Mia Couto é, na sua essência, um poeta, constrói
as múltiplas dimensões do ser humano com as
suas palavras, para o encantamento, para o
confronto com a pequena formalidade do medo.
Com Mia Couto, as palavras são instrumentos e
formas de abrir o rosto ao que nos é dado,
construído como elevado ou dolorido, expresso
em lágrimas e intenso como as cores da terra ou a
água que se formaliza em rios contínuos de tempo
e saudade, vida. As palavras são inventadas em
Mia Couto para a ritualização das nossas formas
de vida, o mais profundo amor de estar com os
outros, a poesia dos momentos que inventamos
para nos sabermos vivos. E a força moral da
consciência que se alberga em cada respiração
como uma força de vida. Os nomes e as histórias
conduzem narrativas que descobrem formas de
ser, as divergentes essências de cada um, nos
diferentes tempos em que cada vida se compõe.
Nas sobras dos sonhos imaginados, levantam-se
memórias e palavras. É nelas que obtemos esse
corpo balançado entre as nossas pequenas
grandezas e as nossas mais imperfeitas
contradições. A interminável forma das aves que
se desenha sobre a terra, o nosso caminho.
Uma proposta de leitura: Esta distante proximidade
Tudo está na nossa HISTÓRIA? As histórias são bússolas
e arquitectura; navegamos por elas, construímos os
nossos santuários e as nossas prisões com elas, e não ter
uma história é estarmos perdidos na vastidão do mundo
que se espalha em todas as direções como a tundra
ártica ou o mar de gelo. Amar alguém é pormo-nos no
seu lugar, dizemos, que é pormo-nos na sua história, ou
descobrirmos como contar a nós próprios a sua história.
O que significa que um lugar é uma história, e as
histórias são geografias, e empatia é antes de mais nada
um ato de imaginação, uma arte de contar histórias, e
ainda um modo de viajar e um lugar para o outro. (…)
Contamos histórias a nós próprios a fim de vivermos, ou
justificarmos tirar vidas, mesmo a nossa, pela violência
ou indiferença e a incapacidade para viver; contamo-nos
histórias que nos salvam e histórias que são areias
movediças onde esbracejamos e o poço onde nos
afogamos, histórias de justificação, de maldição, de
sorte e de amores infortunados, ou versões envoltas em
cinismo que por vezes é uma roupagem bastante
elegante. (…) A tarefa de aprender a ser livre exige
aprendermos a ouvir as histórias, a fazer pausas e a
ouvir o silêncio, a saber o seu nome, e depois tornarmo-
nos contadores de histórias.
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Nº 6 Mês: maio/junho Ano: 2015
BIBLIOTECAS ESCOLARES
Biblioteca Escolar| ESRDA
Rua Jau – Alto de Santo Amaro
Telf. 213 616 060
Blogue
Biblioteca Rainha
Redes Digitais
Diigo
Redes Sociais
Ideias para o mês
Destacamos como autor do Mês, na Biblioteca,
Mia Couto. No blogue, tem sido feita referência
ao seu testemunho como escritor e sobre ele foi
construído um Boletim Bibliográfico e
apresentada uma pequena mostra de livros. No
espaço de leitura informal, já se iniciou o
destaque aos livros do mês. Nos acontecimentos
do mês, importa assinalar:
- Dia 16: Dia Mundial da Alimentação;
- Dia 25: Nascimento de Picasso;
- Dia 26: Dia das Bibliotecas Escolares.
Escrita de Palavras – Nós somos feitos de átomos ou de
histórias?
Nós somos constituídos por átomos e por histórias, Os átomos são
os constituintes de toda a matéria e também nos constituem a nós.
Porém, uma pessoa sem histórias, sem memórias, não pode ser
feliz. As nossas histórias completam-nos, fazem de nós o que
somos. Como? Temos de passar por experiências que marcam a
nossa vida, só assim poderemos aprender e compreender o mundo
e a humanidade (o que pode ser uma missão impossível!). Com as
experiências, reconhecemos erros, a nossa ignorância, as nossas
incapacidades. Esta compreensão leva à correção, à melhoria, ao
saber, à interrogação. Somos sempre feitos de átomos e de
histórias, constituintes da nossa humanidade, da nossa vida.
| Catarina Ventura| 10.º C1 |
|Escola Secundária Rainha Dona Amélia|2015/2016|
Biblioteca Escolar
Escola Secundária Rainha Dona Amélia| |Lisboa
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